Você está na página 1de 24
A peRCEPCAO DO CONDENADO SoBRi A MULHER: A DOMINACA NA cuy qT THE CONVICTS PERSPECTIYE gy Dor THE DOMINATION In Genp Pés-Graduanda Doutora em Sociologia Politica ; moos pela Universidad Direito pela Universidade da California/Davis (2008) ae Programa de Mestrado em Direito do Instituto Brasfense de ‘ses v0 Dero: Penal fiswo:Avioléncia contra a mulher ainda € uma ‘edidade brasileira, apesar das conquistas legais. Apartirde levantamento de dados quantitativos eaualitativos na Vara de Execugdo Penal do Tri- tunal de Justiga do Distrito Federal Territorios, presente artigo propde uma leitura sobre a ‘arssio a partir da violencia simbélica. A vio- lint de género denuncia a relacao de subor- Sinaéo e dominacao, ¢ uma dindmica de poder ‘de cumprimento de papeis que ndo so ques- pe mesmo quando o agressor esté cum- 08 pena, o que demanda novas abordagens "2 efetividade da pena. Mestre em Communica Unicagdo pete Univers Pelo Instituto Brasilense de Dieta pos ast = Un 005) EA yl HOLENCIA cor UR INTRA \ DE GENERO MESTIC VioLenc ER CULTURE lara RaBéto ve Souza Prblico -IDP (2018). Advogada, iarars@gmailcom JuuA Maurmann Ximenes Brasilia (2007). Pés-Doutora em fessora do Corpo Permanente do Direito Piblico - 1DP. Advogads. juliaximenes@idpedu.br ‘Autoras convidadas Asstract: Violence against women is still a Bra- zilian reality despite legal achievements. From a quantitative and qualitative data collection in the Court of Criminal Execution of the Federal District Court and Territories, this article pro- poses a reading about the aggression from the symbolic violence. Gender violence denounces the relationship of subordination and domina- tion, and a dynamic of power and fulfilment of roles that are not questioned even when the offender is serving the sentence, which de- mands new approaches on the effectiveness of punishment. Violence against women - Gender - ' : SARS-CVEs Viol istica—Genero- Ken : we a doméstica - Gen Effectiveness of punishment mann rade geet Swen, Julia MAUI 55 ng cult 2018. Atemenes. + Sou, lar Rabel a ml 2.075 pale. Fae Digitalizado com CamScanner ncIAS da Periha. 3. Violencia dq 1a of CHEN 374 Revisté BrasiLethé a ato 23M sintativa © andlise de seni sede egg sugdo, 2. Violen oyso. a 1 Inoue isa ANC fn Sa jominac 3 Teer 4.2. Pesquisa quantita - a violencia contr 1. ItropucAo jemand 0h" an conta ay . a Pena (Lei 11.34Q/99,.* 7 >i Maria ¢ 200 a cars: ale apesar da relevancia q.)* ! antes Ie ci vado, apesar dat televancia gy. ther com dus HP 13.108/2019) Com mira a mulher oa ‘ a Lei do Feminicidio (Ls , violencia ¢ eres an ind dos sobre # WOEENE Tre 0 assunto: de 1980 a atos normativos, 05 ¢ rev amcas SODTE 0 1080 39 as pesquisis 880 pjcidio (Visivel 20 Invistvel, 2917 lade de continua - ytimas morreram 106.093 mulheres, vim Pelos dados do Relatorio da lencia fisica € a mals frequente, P ddulta nas etapas jovem ¢ 4 pecial incidéncia ide atendi ie 60% do tota representar perto di eam 23% dos ate leéncia psicoldgica, presen! mente da jovem em vi mulher, principal : —_ et Bnet a 11,9% dos atendimentos, eer tre as criancas até 11 anos de idade (29% dos atendime! . adolescentes (24,3%). Assim, tem-se que 3,7 milhées de pessoas, com 18 anos ou mais, 59. freram agressao de alguém conhecido. Os ntimeros apresentados nos relatorios citados acabam por desencadear um crescente mimero de processos judiciais. De acordo com o site do TJDFT, ‘Turante o ano de 2016, foram ajuizados 34.071 novos processos relatives i violencia doméstica, dos quais 12.702 foram pedidos de medidas protetivas do, foram realizadas 22.502 audiéncias e profe- de urgéncia. No mesmo perio ridas 16.416 sentencas com base na Lei Maria da Penha. O ntimero de proces- sos distribuidos em 2016 foi maior que no ano anterior, quando os Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher receberam 33.539 novos violencia (2015), € possivel verificar que a yi, yn 48,7% dos atendimentos, com es. dda vida da mulher, quando chegs mentos. Em segundo lugar, a vig, ndimentos em todas as etapas q, diante. Em terceiro lugar, a vig. m maior incidéncia en. processos. De acordo com 0 relatorio do Visivel ao Invisivel (2017), quando se observ gilocal ae aconteceu a agressao, considerando a violéncia mais grave softi- = pagar 12 meses, a casa responde por 43% dos casos, seguida pelarua, ae jutros ambientes ptiblicos, como local de trabalho e bar/balada, pondem por 5% cada um, e a escola/faculdade por 3%. A causa da violénci . i vitima ainda ¢ ti E ne Tece 0 Mapa da Violéncia de 2015 ainda € tida como a culpada. E 0 que A Souza, lara Ri Arcepro do conderado sobre a wasces x5 Jlla Maurmann. Digitalizado com CamScanner - —SSSIE ESpE SPECIAL: "Ga, slidade da viol wi « pormatidade da violencia cont g iti a mul at ‘Mtoriza’ que her dle prunir © cortigit com oho portan Sposa € de don no ustifica, © mesmo, oh calis™°. fina poste ado de mae, mem Mentos de cag ncia, com A(WAtG ansgridem o t mulher € considera Ee ada a a culpa rn Dada peta vioteng culpase ay itima Pela agressao sof hie MO Solric rico que The foi atributdo, seja p puts 00 HOS METOS de transport, itnta (Ibidem, p. 75) ida 5 vor SR POF nto eu Provocar” 4 ay cio do a agressia ¢ DOr exibit o seu on Papel domes s homens nay ve corpo PO, Ot vestir-se como go conatio que provocou a problemat tic: sot “aida as penas impostas pela Lei Presenta i 8 PS h ee Lei Maria da Penha ieee 7: ey presente na violé é a Sica veo presente a violencia de genero? O objetiv, alcancam a cultura de ‘0 €analisar a ar a percepcao jm a violéncia cometida a partir legoria teéri violencia i sobre a viol se ia cometida a partir da categoria t tedrica de violénc ‘aa epoca -ahipotese apresentada € que a percepcao do apenado sobi joreflete wma naturalizacao da violéncia simbélica vai eda te um z . luzida nj a _sibardinacae de género ¢ que a criminalizacao nao alcanca a 5 meet a ‘omplexidade para comprovar a hipotese, apresentaremos reflexdes tedricas sobre a vio: lencia doméstica & de género, especialmente a categoria tedrica de dominacdo sphabitus (BOURDIEU, 2002). pees 1, *Para tanto, ¢ adotando aqui a perspectiva tedrica do estruturalismo construtivista desenvolvida por Pierre Bourdieu, em um primeiro momento ¢ nnecessiirio recons- tnir oespaco objetivo de posigdes socizis € de relacoes ents eS posigdes que 0s diferentes agentes ocupam € mantém em funcio da estrutura de distribuicio das diferentes espécies de capital ou de poder, pelas quais competem nos diferentes cam- pos sociais, Em um segundo momento, 312s de incorporar as tepresentagdes que inf_luem e determinam também reciprocamente 2 ‘condicoes objetivas” (AZEVEDO, 2010, p. 27). “A violencia simbolica, doce € rmascarada, se exerce com # cumpli- cidade daquele que a sofre, das suas vitimls Ftd presente no discurso do mest ra autoridade do burocrata, na atitude do intelectual, Por exerplo,&S pesqis a opinio constituem uma violencia simbélics pela qual ninguém € si aia Lul.De forma que a dominacao nao ¢ feito direto de 7 ina comples dominante’ versus ‘classe dominada’, mas o resultado-de Um CON Gominan- + infraconseiente, de cada um dos agen "es sobre todos os demais [.~]” (THIRY HERQUE! Ks ura degree Saar ato ds eM a ong ast 2078 Avert do condenado sores wolenc 9 9, wygea6 si Pale Aaa Digitalizado com CamScanner ig ¢ RBC vy rn, ays 207 yes cri 376 Revsta Brasitina or CHN aaicamente das rehacée poner 20 roma objet 5 um = pierre Bout’ sistema objetivo de don’ Os estos de PET ze Te ono c Comin como relagdes de poder 4 " produc dessa Logica de qe iy poe ! to subjetiviclad oy js, mas se inscreve lomin, imeriorizado enquant ia es sta tambon F ges sociais de diversos S campy apenas asi ngindo Fe oe resent restrit profundos, at cional, ‘rtistic - finguistice (ORTIZ, 1983). Nese umpo juridico © para a presente pesquisa, hr vidas nas cfereNCAS € esigyayg. eiegais que busqem diminuir gs es ntamento de dadlos emp niveis mais como politico, educa tido, a sua relevancia para o as relacoes de poder ¢ arretar ferrament aremos 2q reflexdes sobre sociais, que podem a i jum leval t be iti, gdes de dominagao. Apresent arate ae mae Jo agressor sobre a violencia cometid, que busca refletir sobre a percepeao do ag! tide en, quanto relacao de dominacao. 7 todologicas. As reflexdes sob, Te 05 mas observacoes met s erpalige Critica do Discurso (ACD) ~ a partrg erpretar os impactos da pristo a longo £ ei é irracional quando fracassa em a nto humano. Assim, as respostas dos ois nao sao praticas sociais “nary. do lugar e das distribuicoes de Antes de iniciar, algun dados tém como premissa discurso dos apenados, busca-se int zo. Na linha de Azevedo (2008), uma propésito de influenciar 0 comportamel 10 consideradas como habitus, p ariam através do tempo, apenados sa rais”, mas sociais — v poder (WACQUANT, 2007). O presente estudo foi realizado a partir da coleta de dados primarios, no es. copo de uma pesquisa quantitativa, com aplicacao de questionarios. Os entre- diencias de sursis € prisdo domiciliar semanais vistados foram apenados nas au na Vepera, tendo sido entrevistados todos os apenados que compareceram is audiencias nas sextas-feiras no periodo de 10.02.2017 a 24.03.2017. Jaa cole- ta de dados qualitativos ocorreu na reuniao com a assistente social que com- poe um dos requisitos de cumprimento da pena, cujo procedimento detalhado apresenta-se no item 4 deste artigo. — atureza da Pesquisa e da dificuldade de controle das audiéncias ¢ 0s ee a Lei Maria da Penha, nao ha possibilidade de influénciae eis, 0 que i: i i que caracteriza esta pesquisa como correlacional. 2. Nallinha de F; método que aa sae ieee 4 Anilise Critica do Discurso - ACD; ©" entre semioses, “A semione sender as priicas socias a partir das elasdes aialtie® gens, linguagem conporal ent (042s a8 formas de construgio de sentides = in autorrepresentacdo de prt PrOpria lingua” (p. 308). “A semiose na representadie® sentagdes da vida social” (Faron ostitut os discurs go as varias ™ IRCLOUGH, 2012p. 310), 0 A nenenesin cin nant... 90 lta Rabel dia Digitalizado com CamScanner — POSSI Espey ‘Gene RO € Sisteny, Puntivo" 377 co foram 05 apenados da nivel a Vepera? na Vepera’, de todas ul Let one Lei Mari, jodie qa wil | 38 claggea Penh ait! esqquisa wtilizada foi asses i gue de pest ada foi quantitativa yo Ite ; iais 1 Lei Maria da Penh, sentaram a em con Banos. A com ape- ‘4 OU inicio do aclos apenados Pesauisa foi apenas T).A amostra total be va deen mais de dos Penal igde. on met da pena em prisao domicilian © oe nes da progressao de regime 4 apices progr 10 de regime, 4M entrevist vepers do Tribunal de Justica do Oe rangencia da strito F, la je 60 questionarios. Federal (yp 4 pen; oi foe e® condenacao de um agressor “resolve” oblematizando 0 controle a Pe lidade nao ‘€ (nao ‘ole € a dominacao exercidos paren ate ae Be -gorimina ae existe em sie per si), ef cidos pelo sistema penal ge (ANDRADE, + P- 181, grifos no original), ‘4° socialmente construi- Oabjetivo € refletir sobre a tutela penalea “eitura violénci : ech 008) da violencia de genero, especialmente a violen, alin da legitimidade da demanda social por mais se; cia domést ie da mulher, € precio tefletir também sobre as ee impactos nas praticas sociais.* itégias © conflix nets 0 a desi fe” (AZEVEDO, tica e familiar: Tespeito aos di- adotadas e seus 9, Vouéncia DoMESTICA E Le! MARIA DA PENHA ‘ALei Maria da Penha, Lei 11.340/2006, pode ser considerada um paradigma aprotegao da mulher. Para Ribeiro (2013), a Lei tem como objetivo resguardar e 3, Resolugio n. 15/2015 ~ Tribunal Pleno do TJDFT. Art. 2° Compete Vara de Execusdes das Pentas em Regime Aberto ~ Vepera: I~ aexecugaio de penas restritivas de libe ia, da suspensio \dicional, srdade em regime aberto provenientes de sentenca penal condenatori ‘condicional da pena eo regime aberto em pristo domiciliar e livramento com Il-fixar as condicoes do regime aberto em IIL colaborar com a Vara de Execucoes Penais na IV decidir pedidos de unificacdo das penas ni hipoteses V~inspecionar os estabelecimentos onde se efetive 0 cump i ‘ .herto provenientes de sentenga penal vas de liberdade em regime al | Namesma linha, Mello (2010, p- Penal que a mulher encontrard a provecio & tamento.e de mentalidade vem através da 00007 que foi colocado no presente artigo, Test# 2 °°. familia Tao é, em absoluto, 0 sequado para dirimit conflitos prisio domiciliar descentralizaca previstas no inciso I rimento de penas restiti condenatéria. através do Direito ‘mudanga de compor- 10 de suas atividades; .e; “Por fim, n30 protecao ‘Mat Tama lara Rabelo ea dominate £6 Rage Digitalizado com CamScanner ye CIENCIAS. Cri de natureza fisieg ap Rewsta BrasiteiRa Ot 378 encia yiolenci®s , ado tis Io ser cntendida cc ie mulher comet Jo UF ‘asim poder ’ >mo un amparar at Je moral: / ta dont fang 24 va, sexual, parrimonin © ade ok Mag ica, sent Mayor da mlict orcas ct CEASE May anata em favor rent ac pelo ee Mac ory 0 esta divel jatas dispar arido, 9 5, A Lei 11.340 as ene a 983, levou um om quanto dormia € acabe ie nha que, em 1 083, I Antonio iterredia, one peeeneanie U Dor fi, » Marco Ante ata-la, AD Du cle ‘ sor universitario Mare iene nately rca sgica, Na segunda tent : paraplégica. Na ria da Penha stim ce violencia domestica € psicoly Bicg ra que Visse SCU Agressor yy, por anos, Maria da Pena f01 YT st write décadas sua bata’ eee 7 e sents date cds ST igados 8 volenc come tino-Americano € do Caribe py. ra ando a militar em MO" lo Cladem Mulher) € pe (Comité La , To Cejil (Centro pela Justica e 0 Direito Inte % na OEA (Organizacdo dos Estados ‘os casos de violéncia domes la propria Maria da Penh” pas Assim, apoiada pel Defesa dos Direitos da : : nacional), foi feita a dentincla do Bras ee ricanos) pelo descaso, tolerancia e mis ea contra a mulher. A dentincia foi feitaem Pp : = Comissa0 Interamericana publicou o R latérig Devido a dentincia, @ I 54/2001, que fomentou as discussoes sobre o tema no Pais. O Brasil, coin membro da Convencao Interamericana (ratificada em. 1992) eda Convengig esta comprometido com a comunidade de Belém do Para (ratificada em 2005), _ internacional para 0 cumprimento de tratados € suas san¢goes. Condenado, o Pais foi obrigado a cumprit recomendacoes e alterar sua le. gislacao para a prevencdo € a protecao da mulher em situacao de violéncia do- méstica, com a puni¢do do agressor, 0 que ocorreu em agosto de 2006, coma publicacao da nova Lei. Em seu texto, a lei cria mecanismos para coibir a violéncia doméstica e fx miliar contra a mulher, nos termos do art. 226 da Constituicéo Federal, da Convencao sobre a Eliminagao de Todas as Formas de Discriminagao contra as Mulheres e da Convencdo Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violencia contra a Mulher; dispée sobre a criacao dos Juizados de Violéncia Caer sere ain 2 Mulher; altera 0 Codigo de Processo Penal, 0 Zu (cdo Penal; e da outras providéncias. «i Para Ribeiro (2013), a Lei tem por objetivo erradicar ou minimizar a violé™ ia domestica e familiar contra a mulher, De acord violencia prevista na Lei abrange outras formas difei eae apes : oral. Conforme o art. 7, abrange a violéncin os nae da violencia apenas comp’ A Lei ainda prevé diversos inst Pon Pano sca ie tra a mulher, desde as sancoes strumentos para 0 combate a violénci o Penais, mas também sancdes com aspec Sou A peepeie do condenado sree ate de; Xie, Jul Maurmann sir de Cgncios Criminals en coMt"@ a mulher: a dominagao na culture de gene’, rad mulher: ture aE Digitalizado com CamScanner Dossig Ges cos. civil, penal ¢ try SISTEMA Pun i giratiY : ' iL tabalhista 379 ga pena T mn Mlagrante-e prea tide 4 10 5 protetiva CMtivs ei tam fais protetivas, iva pay Ibe or 4 Agresey an oe ora haa 1 Let de Ambit Fa determir pin ja cla Fisica, psicolipicn, een Pata leg - ati ito distante de fornceer a Patria Sobte a violencia d " iy ini ricia de an ‘i UUM efor al, se Ha dificuldades de cumprimeny pitivo acesgn 9 MOM, 0 Brasil cs ; oda 50 A just yey suliciente de delega aS Medic ica para as m ut legac de gets previa ee Cres, 4s em lei, desde continge ’ ‘ A Vara de ea ete ar ait Oe medidas protetivas e progr é : Mara cump Ff exe cticdes pri amas ¢ a S sufic como se pode verificar no tpt x ae soft quantidade de profission ha te pa Penais que te aogico ¢ Me pata faze ue te jc008 r €F 0 trabalho social ¢ pe acardo com Maria Berenice Dias (20) ncia domeéstica nao guarda come pildeaa, dla vigencia da no seas A881 jee om exchsividadd ttt Pes ae violencia doméstica. Com a nova Lei foram essa FRE 88 o> Quanto i icional di 2 suspensdo condicional da pent, ¢ PORT Dias (2012 Tos casos de Lei Maria da Penha. Para Maria Berenice sae tenca condenatoria, se a pena fixada for inferior — NS como a + Por parte do hy © subordinar a P ' sis. lesencadeador de a mem, dle que a vio- Assim, nessa primeira andlise, verifica-se a comprovagao da ci ao da hij i yantada~ 2 execucao da pena nao tem reflexo andi no ia Pe itus do agres- le ensio da violéncia de género. or na compre 4), Pesquisa quantitativa Para 0 tratamento estatistico dos dados foi criada uma mascara especifica pao recebimento dos dados no questionério, digitados utilizando um formu- lario desenvolvido propriamente para 0 trabalho no Google Docs. O objetivo desse método ¢ facilitar a organizacao da informacao e gerar resultados fidedig- nos e precisos acerca dos questionarios aplicados. evante decorre da andlise de duas afirmacoes em re- lagio ao fato da condenacao, €m que 0 apenado deveria marcar um X entre as oprdes que variavam de “discordo totalmente” 4 “concordo totalmente sobre “Voce nao fez nada de errado” € “Voce nao fez nada de ilegal/ilicito”. Oprimeiro resultado rel 4o, no plano dos saberes ¢ ‘ais, E se isso repercute publica, @ construgio de 1B, “Bevidente a alianga, no plan’ das praticas, promovida entre sani os servicos de saude, na educagao ow a assisténcia soci referencias interdisciplinares, de solidariedade entre as disciplinas v.14) ee nénero. Digitalizado com CamScanner 1 ético-politico, jal, na pro’ bases fundamen TRAIBER, DOLIVEIRA, CO INAIS 388 Rewsta Brasiuelna OF Crencras CAM —— la fez de cerrado ‘Afirmativa: Nadi pee concorde cannons SEE concord rset a 7 Discordo parettmente | Indiferente NR Grafico 1 ~ Distribuigao dos apenados sobre a percepcao do cometimento de um erp, Afirmativa: Nada fez de ilegaV/ilicito Concordo parcialmente 91% Concordo totalmente 400% Discordo parclalmente 18,2% Discordo totalmente 18,2% Indiferente 9,1% NR 55% Grafico 2 — Distribuica Pistbuicio dos apenados sobre a percepgio do cometimento de W™"* ilicito. 5012 lara Rabelo de; Yves, Julia Maurmann. andl Avvercencia da rrndens Digitalizado com CamScanner D Ossie ESPECIAL: m NERO & S) NOE Sistenyg Puutne" —— 3g9 o aafirmativa de cometimento de erro, 9 arnt: c 0, a OU Seja. 9 quam” jomestica COMO UM erro, APenas 36,4, gl © eMtendimento Qu, dow ee 6.4% disco | da gt ce da afirmativa, reconhecend gue houve yet totalmente ou ni radio. Em contrapartida, 50,09, dos apen, 1a. COMPortaMento con. p ado 7 i S Apenad, ae n Fpl? jda de cerrado. Diante dessa Petspectiva, sone’ CoPsideram que nao oa deram indiferente o com is \lo-se 08 73% daque- le um crto, observa-se le violencia domés fe. consi cLimento oy que vy, dos apenados nao considey Wg 2% 32% Tam a pritica d aio He qmento crrad. ca um a ‘a de que a ratica ‘10 €indiferente exe ti domestica legal do up SS ~ © €S84 questo, para 58,2% dos sot ga pratica de violencia doméstica nag © considerada um ato ilegal ou eas 18,2% dos apenados discordam totalmente. de ond se pode in- iv H apenas estes consideram que a Pratica da violencia doméstica foi um (en! "Srsierado ilegal \s quantitativos também apresentam o habitus da dominagio masculina osdado a a violencia simbélica impregnada na propria dominagao impede 4 menciona He reeba que cometeu um erro ou até mesmo um crime. Essa per ie 0 dae ao discurso salientado anteriormente: “foi s6 uma ameaca”. C7 forma de analise da percepco sobre o fato a partir do apenado A Ee sobre o papel da vitima: a mulher teve culpa? A mulher ‘ando pen ; «aa decer 4 vontade dos homens? de firmativa: A minha companheira deu motivo a situacao Afirmati sto 109% = pardalmente Ba 545% concordo totalmente % Discordo parcialmente 55° 164% Discordo totalmente Indiferente eh Soa lara Rabelo de XANES Anwtranata ta aeadanadn eahre 2 Vile Digitalizado com CamScanner «7018 © RBCCAIY 146 \ Revista BRASILEIRA DE Ciencias Crain 390 sJacao a violencia solrida, te} ae em relacdo , temas Quanto & culpa da v fee deu motivo & situaga We 6 dos apenados acreditam que 4 yitima de ar ICAO. Desteg 555. acreditam que a vitina [ol ompletamente Fespons Por dar motiy, 4% apenas 21,9% 140 acreditam que a vitima tena Jaa Me lag“ lo ty , léncia doméstica. E ther: 05 homens est2o “ayy tivo a situa O alto per a manter a relacao de isto, precisem utilizarse Contudo, os resultados de duas © reconhecimento sobre a igual a: A mulher deve ser © Td, eo “dominacao-exploracde das mulheres mesmo de sua forca fisica” (SAFFIOTI, 2001, p, 12} Ne, me utras afirmacoes trazem elemen, o nivel de Idade de género. 10S soy Afirmativ: homens bediente as decisoes e necessig, i sidades ls Concordo pardalmente 16,4% 10,9% Concordo totalmente Discordo parcialmente 10,9% Discordo totalmente ai 1% Indiferente Grafico 4 Distribuigdo da avalia devem obedecer a vontade dos rea Peete ee oe No que a i ae fs : concent ee de obediencia das mulheres em relacio ® ee a los homens, tem-se que 60% dos apenados acredita® 27,3% dos apenados ae de chet Niel scl 1 Be eee de as Hoven se, obedientes 5 Digitalizado com CamScanner tive? E preciso respeit. or 2 mente rdo total cont 782% arcialmente | 1,8% | yseordo Pe a | | pyscordo totalmente I 18% Indiferente 5 5 _Distibuicao dos apenados em relagao percep do ape jenespeito is mulheres PeHo dos apenados sobre a neces- Gris iad Na mesma linha, na afirmativa relativa 4 necessidade de respeito as mulhe- tem-se que 85,5% dos homens acreditam que é preciso respeitar as mu- % acredi Iheres, e apenas 3,6% acreditam que nao seja preciso ter respeito em relacao res, jsmulheres. Esses percentuais trazem uma aparente contradicao: aparente porque o re- conhecimento da igualdade de genero existe no ordenamento e ¢ reconhecido. Nuverdade, ele corrobora nossa hipotese: a igualdade formal, prevista em Ie, rio muda a realidade por si s6. Apesar de ser notoria, essa afirmativa precisa sereonsiderada também no papel da pena nas relacdes sociais, as injusticas de reconhecimento de Fraser (2001): Certamente, uma caracteristica principal de injustiga de genero € 0 andro- centrismo: a construcao autoritaria de normas que privilegiam 0 sexismo Cultural: a desvalorizagao de depreciacao aguda de coisas vistas como “fe- mininas”, paradigmaticamente — mas nao apenas - da ae ioe de- preciagto é expressada em um rol de punigoes sofrdas pelas mul ere, incluindo agressao sexual, explorac4o sexual e violencia ee zagio, coisificagao e humilhagao estereotipica nis Laan t Lan molestamento ¢ depreciagao em todas as esferas de vida quotidian; sue lo a normas androcéntricas na quais aS mulheres aparecem como m rman ‘de; Xnents, Julia ‘Mat de género. Aper Sou ara Rabelo des Xmen dominagao 9 Cut __ berspit do condenada sobre a ns 2078 ae, 73-96 50 FONE oP ost 2018 Digitalizado com CamScanner 392 Re SiLEIRA OI cr eee avcias CRIMINA'S csra Baasitea OF CIENCIS IM ui para prejudi ¢ cont _ sont esate oe OO imsinaca; discrimingey importantes ee a ACO gh aansencia de da aacao enn esters RASER yee tivo exes on mane cay en onecoes als (FRASER, 2004 ra wo de plenos direitos . sessidade de respeito podem ser analisados ely ), anecessida tica nao € considerada wm dee Os dados sobre apritica dl encia dom > violencia do onesies . posto de que fe vioTenetfjoe mais acurada € NCCESSETIO com, or, Para uma analis uracae nee : to contra a mulher. P Pere conceito de respeito tae = profundamente a representati me fator identificado na pesquisa assoctado a vigig,, ie puther diz respeito a um ambiente familiar coy, violencia presenciada ou sofrida na infancia, © qual pode abri, - eas rt reato viotento. Fambém indica a vulnerabilidad qy ara o comportal Seer i Pa cmente relacionada com a violencia sofrida na vida aduta, Coy . vel constatar que, se esses pactroes de violencia a fam nisso, é possiv ; 1 : juzir através de outras geracoe: 7 forem cessados, poderao se reprodi geracdes (7, ANCA WASSERMANN, LIMA, 2013, p. 74). la dy Outro importa ist, méstica contra No que concerne & avaliacdo da pena, para Bittencourt (2014), 7 tog lo da prevencao geral positiva, ha trés efeitos principais: €m primeiro lugar efeito da aprendizagem, que consiste na possibilidade de recordar ao Sui as regras sociais basicas cuja transgressao ja nao é tolerada pelo Direito p : em segundo lugar, o efeito de confianca, que se consegue quando o cidadio y3 que 0 Direito se impée; e, por fim, o efeito da pacificagao social, que se Produz quando uma infracao sofre a intervencao do Estado, o que pode ser considera. do como forma de restabelecer a paz juridica. Diante dos dados apresentados, fica claro que os agressores nao se perce: bem como culpados pela realizacao da violéncia contra a mulher. Assim, po- deria se concluir que a funcao da pena como meio reparador ou inibidor da violéncia contra a mulher resta-se prejudicada. Portanto, a questéo que permanece é a necessidade de mais pesquisas'*e de maior reflexo sobre o papel da pena na violencia de géenero!®. O habitus ¢0 14, “ : ae por ete Plural que violencia significa, quer pela radical experiencia huma™ Presenta, na anulacéo de sujeito, quer, ainda, pela exposi¢ao de es? apron ldatiedad oe sensi is aproximagio cientiiea, “ beige € nao suas competicdes, ¢ exist in oh DOLIVEIRA, COUTO, 2096, a Tesla se combina com ética” (SCH! — )). Digitalizado com CamScanner —___D055t especi. Sten 9 Sie Puno 393 5 no podem set considerados ¢ joo sonar eid, Con, ic JF 05 ge esse € 0 grande mé do fe ‘for ee Wid METHO de pesquy. us On vidos na violencia de Ssas que piemte ddoméstico € sua complexidade ten *™ TMinantes No sent 4 ena, sentido de Por si s6 n; que nao 2 mo consegue es analisam a per ‘ a A percepca erbalizacio da apres agressdo, cansieRacots FINAIS dos dados apresentados, levantam. “se al pian 49 dos apenad Igumas ¢ ¢ 65 penados acreditam que a Sumas consideracdes impor- vitit ma dleu causa a violencia, 6 0, cl ai ine eq, sob a percepsao do agressor, elemento: hag ori = 1S imy nao houve crim‘ iportantes Lannie e, nado houie'a pietidittade Nessa ouve, si 5 h m, apenas a defesa de sua integridad ee nao le fisica. eco” pes owe gem a pet a com a VE ese vei causa a violéncia. ctl culpa eet i compreensto do mal causado, 0 apenad cance , 0 apenado na - tin rma a ter uma mudanga de comportamento Sane jot .s dados encontrados quando a par. ‘os da nos d: q feita a pergunta sobre se a p: cei det Assit, denuncia a rel: mento d avioléncia de genero, especialmente a violéncia doméstica e fa acd C i A a acto de subordinagao e dominacio, e uma dinamica de po- tt, Je papéis que nao sio questionados. dere de cwmpri Apesat das: eiMaria da Penha ¢ suas punicoes, dangas comport amentais necessarias. jampanhas informativas de comunicacio e o conhecimento da esses nao sao fatores efetivos para as mu- — 15, Aqui outta ¥ eeber relagde: dualista, que nao contribu analisada no presente trabalho ~ a de clase, “Co * interpessoais separadamente da estruturs de classes representa visio para esclarecer porque @ ssociedade comporta violencia Perceber as diferenciagdes stafamiliar, domestica, contra mulheres € de genero. c internas da sociedade significa enorme ontibuiao. Sob pena de e perder visto da sociedade como totalidade, nao se podem separar relagoes interpessoais © estruturais (SAFFIOTI, 2001, p- 136). 16 “As publicages sobre violencia domésti como sujet de Sees ro no possuer, na AmeTiC LA cada nas investigagdes focadas na portunidade aos homens de verbal ¢ texto do lar, Esses fatos propiciaram este estudo, (ue or BOING, OLIVERA: {que contextualiza a violéncia no a™ on COELHO, 2009, p. 250)- RE are Tala MaviTIN. ng cultura $0.9, Digitalizado com CamScanner ariavel que nio foi pesquisa o casal plitude identili- ido dada a 1146 amass 2018 ® RBC 394 Revssta Brasiteina oe CXENCS c sos, no que concernie & VHOIENCIa cong vistas ha le; fa previstas na legislacag pre’ 40 bras 5 pen vem qualquer me ke io >: Pois «, nte dos dados discutid fe salientar que a pratica d fom tm TiN vein 0 desenvolvimento de mento psicossocial dos apres» ao de consttucao de espagoy yh ea gn cural essenciais 2 muda ayy Mey ce cenlatizar 0 MCCESSATIO apereigen ahalhat 6 modo como o apr" ress Di no DE ¢ important tem o condao de fre or ¢ percebida ¢ a violencia mente sequ Outro ponto de grande possibilitem 0 aco de forma estruturada, como uma ope relev mpanhi blicas que ¢do continus ca. Todavia, nito se pode de politicas educacionais, as quais dever 1 potencial agressor se relaciona socialmente, ¢ PATa tanto, € crucial az cao da academia com pesquisa rt Proxin, s interdisciplinares. Essas priticas sito primordiais para a constricio de um cenatio ¢, te a violéncia contra a mulher, em que haja a diminuicao da Prt Comb, sa, mas que também possibilite a reinser¢a0 social do agressor, mitign efeitos da condenacao e do potencial encarceramento Enfim, transfo, — 6s sociedade em um ambiente em que a violéncia contra a mulher nao ae Ung pratica recorrente. ‘A relevancia dos dados apresentados e sua andlise sob a perspectiva 4 lo ha. bitus € crucial para compreender como 0 ator da violéncia se percebe em cdo aos atos cometidos. Esses resultados sao fundamentais para o foment = politicas publicas e campanhas sociais de mudanga de comportamento, oe Gando mudancas culturais para a diminuigdo dos indices de violencia an a mulher no Brasil. on A tutela penal por si s6 nao resolve conflitos interpessoais complexo mo a violéncia de género, especialmente no espaco doméstico e tamil pesquisas sociojuridicas como a aqui apresentada podem contribuir i senvolver mecanismos alternativos para a administracao de conflitos ee ma tureza. 6. RererEncias AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhell ae Gen eee da dea ale forms Sermon; ‘ex Sociol. Pol., Curitiba, v. 19, n. 40, p. 27-41, out 2011 Rodri 3 : , P- , ie ite sedoliides " Tea de. Sistema penal e violencia de gener: 8% PLSL35 jemcabe 3068 ae © Bslade. Breet. 2B,m ds BITENCOURT, ( » Cezar R.Thutado de dieto penal: parte geal. 4. ed. tel Paulo: Saraiva, 2014. v. 1 Digitalizado com CamScanner ~ Gener ENERO E Sis : EM Puyo" dominacao mascutin m8 ue 2 ed. Rig cf, Leila Patt; BOING, Antonio F “ SELHO, Elza Berger Salem: 4 " a. A dinar; optic dos disses da aie Te palo. ¥ 18,9. 2p. 248-258, 2996 as: Naa Berenice A Lei Maria d, DIN 30/2006 dle combate a viol : Ponka n a . 7 lénci; Justica: g go Paulo: Ed. RT, 2012 Teta domestica efamitay ne , Nar contra a mulh er GH, No} , oe Neu Discurso emudanca social 2 , Norm Al Ps - ‘) eae man. Anais rica do discus of Brasilia: Un, 2016 soc gua, n. 25 (2), mo métod : +P: 307-32 lo em pesquisa 7 : 9, pRASER, Nancy Da redistribuicao ao reconhecim: 2012. a pos-socialista. In: SOUZA, Jessé (Org) lento? Dilemas da justica na : Dem i teoria democratica co ‘A ocracia hoje para a ntemporanea. Brasil oie: novos desafios - Brasilia: UnB, 200 * UnB, 2001 RIBEIRO, Dominique de Paula. Violencia contra a mi questoes priticas da Lei n, 11.340/2006. Brasitia bead aspectos gerais e eee ae azeta Jurid Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de a: dica, 2013. |, 30. ed. rev. e atual. Sao Paulo: Atlas, 2013. ireito penal: parte MIRA geral

Você também pode gostar