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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. INSTITUTO DE GEOCIENCIAS DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA DISSERTAGAO DE MESTRADO ESTUDO DOS ISOTOPOS DE CARBONO E OXIGENIO E CARACTERIZAGAO PETROGRAFICA EM CORPOS DE MINERIO DA MINA CUIABA, QUADRILATERO FERRIFERO, Me. | AUTOR: Marcos Natal de Souza Costa | ORIENTACAO: Prof. Dra. Lydia Maria Lobato [nes2 ] BELO HORIZONTE DATA (30/05/2001) Voce acha que ha lugar para a flosofia no mundo de hoje? (Claro, mas 36 se for baseado no atual estado de conhecimento¢ realizagao cienificos[...] (0s filsofos nao podem isolar-se contra ciéneia. Ela no apenas ampliow e transformou enormemente nossa vio da vide e do universo: também ‘revolucionow as regras segundo as quais opera o intlecto. Claude Lévi-Strauss (1988) A Blaine e Marcos Vinicius AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer a todas as pessoas, InsttuigSes e Empresas que, de alguma forma, colaboraram para a realizagaio desta dissertagéo, em especial + AMINERAGAO MORRO VELHO, especialmente aos colegas Ediiberto Biasi, Paulo de TTarso ©, em particular, a0 amigo Frederico Wallace Reis Vieira pela gentileza, apoio © ‘eterna disposigao no esclarecimento de questdes afeitas a esta dissertacdo. Ao Técnico de Minerago Geraldo Guihherme, a0 desenhista Rodson e & equipe de amostragem, pelo companheirismo © simpatia durante as etapas de campo. Ao colega Tassiano polo fempenho na confecco das laminas e sessées polidas. "A meus orientadores Doutora Lydia Maria Lobato e Doutor Luis Cléudio Ribeiro Rodrigues pela atenco, orientagdo, incentivo @ pelas iniimeras e incansdveis discussées do cunho cientifico. "Ao colega e gesiogo Rodrigo Martins pela amizade e companheirismo em todas as tapas desta pesquisa * AO PADCT pelo apoio financeiro na realizagsio dos trabalhos de campo. *Aos professores e funcionérios do Instituto de Geociéncias da Universidade Federal de ‘Minas Gerais - IGC/UFMG pela acolhida durante o curso de Pés-graduacao. ‘Ao colega Franciscus J. Baars pelo companheirismo e incentivo durante as descrigées Potrograticas, * Aos gedlogos © amigos: Mauricio, Elaine, Mércio, Sonia, Marcos Campelo, Lticio, Fernando Rosa, pela amizade e pelo estimulo A minha esposa Elaine Marcia © meu fiho Marcos Vinicius pela paciéncia e Compreenso nos momentos de difculdades, OUTS DES UFSSSRDIRELULLULULUDU SIRI T IIIT + A minha familia, em nome de minha mée Sara e de minha imma Tania pelo indispensavel apoio e incentivo. + Finalmente expresso minha gratidéo a todos aqueles que indiretamente tomaram possivel a realizagao desta dissertacao. BOOT D DPT F FASS SSS SSH SP SESS SESS SSS SSSI ISIS ES PREFACIO (0s terrenos do tipo Gresenstone Belts so importantes hospedeiros das mineralizag6es de ouro no mundo e tem sido objeto de incanséveis estudos por intimeros pesquisadores, No Brasil, o exemplo mais notério & o Greenstone Belt Rio das Velhas, situado na porga0 central do Estado de Minas Gerais ¢ inseride no conjunto litolégico do Quadrilatero Fertfero, sem divida a maior provincia mineral do Estado e uma das mais importantes do Pals. ‘As maiores concentragées de ouro no Greenstone Bell Rio das Velhas encontram-se no Grupo Nova Lima, totalizando mais de meia centena de depésitos e ocorréncias miner grande parte dos quais ja exauridos ou no explorados economicamente. ‘AWMina Cuiaba ¢ hoje 0 maior produtor de ouro do Estado e um dos malores deposites de ure em formagao ferrifera bandada (FFB). Produz cerca de 45.000 toneladas de mminériofmés a um teor médio e 8,40 g Ault (in situ), com reserva estimada de cerca de 70 t de Au (Toledo, 1997). Embora investigada por indmeros pesquisadores e constitua objeto de estudos avancados em nivel de Mestrado e Doutorado, 0 depésito apresenta variagSes estuturals,texturais € ‘geoquimicas em seus niveis mais profundos que dificultam a correta projegao dos corpos Imineralizados @ o desenvolvimento dos processos de lavra, extrac e beneficiamento. Neste sentido, através da caracterizago petrogréfica dos compos Balancio e Serrotinho no Nivel 11 @ do estudo de isétopos estaveis, o presente trabalho espera contribuir para 0 melhor entendimento destas relagbes, fomecendo dados para uma correlagio mais segura com os niveis superiores. A pesquisa esté inserida em um projeto mais amplo denominado “Caracterizagao de Depésites Auriferos em Distritos Mineiros Brasileiros’ @ “Epocas e Provincias Metalogenéticas Brasileras e Is6topos Estaveis’ coordenado pelos Drs. C. Schobbenhaus (Departamento Nacional da Produgao Mineral-DNPM) e J. Onikdo Marini (Agencia para Desenvolvimento Tecnolégico da Indistria Mineral Brailera-ADIMB) através de convénio DNPMIADIMB e associados. Recebe financiamento do Programa para 0 Desenvolvimento tfco © Tecnolégico (PADCT) do Ministerio da Ciéndia Tecnologia, através da FINEP, tendo co-patrocnio © suporte financeiro adlcional do NPM, Docegeo/GVRD, ‘Anglo Gold, BHP, Rio Tinto © Geoso. 0 projeto prevé o estudo dos seguintes depésitos brasileiros: Mina de Fazenda Brasileiro (Bahia), Depésitos Igarapé-Bahia, Alemao e Gameleira (Carajés, Para), Depésito de CCuiaba (Minas Gerais), Minas Ill e Nova (Goiés). Quanto ao depésito de Cuiaba, coube & Prof. Lydia Lobato a coordenagao e acompanhamento dos trabalhos, BESESSESEESECESESSSSSSSCE SS ESETSE RESUMO [A Mina Cuiabé localiza-se na porgo nordeste do Quadiilatero Ferrifero, estado de Minas Gerais, Brasil e est contida numa sequéncia de rochas Arqueanas denominadas Greenstone Belt Rio das Velhas. ‘A area de estudo pertence & Unidade Inferior do Grupo Nova Lima, porgao basal do Supergrupo Rio das Velhas. Consiste de rochas vulctnicas, vulcanocidsticas e sedimentares clsticas e quimicas metamorfisadas na facies xisto-verde. As caracteristicas minerogrificas e texturais dos corpos Balancao e Serrotinho esto, em grande parte, relacionadas ao seu posicionamento na estrutura da grande dobra Cuiabé. Zonas rmuito deformadas, adjacentes a extenso falhamento de empurrao, favoreceram, no Corpo de Minério Balancio taxas de fuido elevadas e altas razoes fluidolrocha, resultando a suifetagzo pervasiva da formagao ferrifera bandada (FFB) e desenvolvimento de rminério com estrutura maciga. No Corpo de Minério Serrotinho, situado na aba normal da dobra Cuiaba, taxas de fluido menores favoreceram a sulfetagdo seletiva da FFB e desenvolvimento de minério com estrutura bandada. A pirta 6 0 sulfeto mais comum @ 0 principal hospedeito das particulas de ouro, respondendo por aproximadamente 70% do ndmero de particulas nos corpos estudados. Sogue-se a pirrotita, arsenopirita e calcopirita. Esfalerita e galena aparecem como minerals tragos. © estudo dos isdtopos de carbono e oxigenio indica assinaturas isot6picas distintas em locais especificos dos halos hidrotermais. A presenga de material carbonoso nos metabasaltos © na FFB 6 fator relevante na evolugao da composigae isotépica dos carbonatos hidrotermais. Em particular, a consisténcia dos dados isotbpicos de oxigénio (60) entre os niveis 5 © 11 da Mir variagses drdsticas de temperatura ao longo dos condutos hidrotermais. Cuiabé sugere regime térmico uniforme sem PUSPPPTPSSPELE LES ERORERER REE EE DEES HERE EE ABSTRACT “The Cuiaba Mine is located in the northem part of the Quadiilétero Ferrifero, Minas Gerais, within a sequence of Archean rocks refered as Rio das Velhas Greenstone Belt ‘The study area is sited in the Lower Unit of the Nova Lima Group forming the base of the Rio das Velhas Supergroup, Comprise voleanic, chemical e clastic sedimentary rocks metamorphosed in the greenshist facies. ‘Textural and minerographics characteristics of the Serrotinho and Balancao orebodies are related to its position to the Cuiaba fold structure. Intense deformation zones associated 10 extensive thrusth faulting and ductile to ductle-brittle shear zones, favored high fuid-flow ‘and high fluid/rock ratios in the Balancdo orebody, resulting in the pervasive sulfation of the BIF and formation of recristalized- massive pyritic ore. In the Serrotinho orebody, sited of the Cuiaba fold, minor fluld‘low favored seletive BIF suifidation and In the normal development of banded ore. Pyrite is the most comom sulfide and the main host of the gold grains with, atleast, 70% in volume of the grains in the estudied orebodies, Pirrotite, arsenopyrite and chalcopyrite is less common, Sphalerite and galena appears just as trace minerals. ‘The study of carbon and oxygen isotopes indicated distinct isotopic signature in especifics zones of hydrothermal halos, The presence of carbonaceuos material in the metabasalt ‘and BIF are important aspects in evolution of isotopic composition of hydrothermal carbonates. Particularly, the consistence of oxigen isotopic dates for about 450 m between the number 5 and number 11 level of the Galinheiro Footwall orebody sugest uniform thermic regime whithout strongs changes in temperature along hydrothermal conducts. PEDRUGRERULLULLEDD SUMARIO PREFACIO RESUMO ABSTRACT 4. INTRODUGAO 1.1. Localizagao e Histérico 12. Objetivos 1.3. Métodos de Trabalho 2. GEOLOGIA REGIONAL 24. Situago Tecténica 2.2. 0 Greenstone Belt Ric das Velhas — GBRV 2.2.1, Aspectos Gerais 2.2.2. Mineralizages 2.2.3. Geologia Estrutural e Evolugto TectOnica 3. GEOLOGIA DA MINA CUIABA 3.1. Historica 32, Estratigrafa 3.3, Geologia Estrutural 3.4, Mineralizagéo 4. CARACTERIZAGAO PETROGRAFICA 4.4. Introdugso 42. Aspectos Descritivos dos Corpos Balancio e Serratinho 43. Esirutura, Minerografia e Texturas 4.81. Caracterizagéo Minerogréfica 4.32. Caracterizagso Textural 4.33. Caracterizagso dos Gréos de Ouro 10 18 19 20 29 32 35 a 56 66 STF TUTTE SEES SESE STE SEEE EEE ETESSIIELELLE 5. 6 it 4.4. Sucessdo Paragenética dos Minerais-Minério 4.8. Discussao GEOLOGIA DOS ISOTOPOS DE CARBONO E OXIGENIO 5A, Introdugto 5.2. Procedimento Analiico 5.3, Zonamento Hidrotermal das Segées Estudadas 5.4, Resultados Analiticos 55. Discussao CONCLUSOES REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ANEXOS ANEXO 1: Relacdo das amostras estudadas na Mina Cuiaba, 75 78 83 85 89 96 107 110 123, 124 SEERELEDELEL SOUbSedesegee Figurastt: Figura. 2.1: Figura 2.2: Figura 2.3: Figura 2.4: Figura 2.5: Figura 3.1: Figura 3.2: Figura 3.3: Figura 3.4: Figura 4.1: Figura 4.2: INDICE DE FIGURAS Localizagao e acesso para a Mina Culabéi Sittagao geotecténica do OF. (Extraldo de Marshak et al. 1992) Mapa Geoligico do Quadritétero Ferrifero Coluna estraigrafica do Quadrilétero Ferrifero segundo Zuchetti & Baltazar, 1998 Divisdo estratigrafica do Greenstone Belt Rio das Velhas segundo Pinto & Silva, 1996, ‘Compartimentacao tectonica do Greenstone Belt Rio das Velhae eegundo Correa Noto & Baltazar, 1995, Mapa Geolégico da Mina Cuiabé, Nivel 3 (Simpliicado de Vial, 1980). Coluna estratigréfica da drea da Mina Cuiabaé segundo Vial (1980). Coluna estratigréfica da area da Mina Culabé segundo Vieira (1992) Coluna estratigtrfica da rea da Mina Cuiaba segundo Ribeiro-Rodrigues (1998). Localizacao dos corpos de minério Balancao (CMB) ‘Serrotinho (CMS) em relagao ao Nivel 3 da Mina Cuiabé. (Modificado de Toledo, 1997. Mapa geoligico simplificado dos corpos Balancio oeste centro, Nivel 11 (Fomecido pela Equipe de Geologia da " 16 23 24 28 36 37 SSSSSSESESESSSSEESEEAEEESS LIES E ‘Minerago Morro Velho). Figura 4.3: Mapa geolégico simplificado do corpo Balancao leste, Nivel 14 (Fomecido pela Equipe de Geologia da Mineragao Morro Velho), Figura 4.4: Mapa geolégico simpliicado do corpo Serretinho, Nivel 11 (Fomecido pela Equipe de Geologia da Mineragéio Morro Velho). Figura. 4.5: Distribuigko dos grdos de ouro segundo faixas granulométricas. CMB, Nivet 11 Figura. 4.6: Distibuigso de frequéncia do diémetro equi de ouro. CMB, Nivel 11, lente dos gros Figura. 4.7: Distibuigéo da freqoéncia acumulada versus diémetro cequivalente dos graos de ouro. CMB, Nivel 11 Figura, 4.8: Porcentagem em peso de ouro em fungo do diametro equivalente. CMB, Nivel 11, Figura 4.9: Representago dos graos de ouro segundo o mode de ocorréncia, CMB, Nivel 11 Figura 4.4 tribuigao dos grdos de ouro segundo modo de ocorréncia. CMB, Nivel 11, Figura 4.11: Distribuigao dos gros de ouro segundo faixas granulométricas, CMS, Nivel 11 Figura 4.1 Distribuigao de frequéncia do diametro equivalente dos gros, de ouro. CMS, Nivel 11. 38 40 69 69 70 72 eet e eet e eee aia ys Figura 4.13: Distribuigso da freqdéncia acumulada versus diametro equivalente dos graos de ouro. CMS, Nivel 14 Figura 4.14: Porcentagem em peso de ouro em funcao do diémetro equivalente. MS, Nivel 11. Figura 4.15: Representagao dos gros de ouro segundo 0 mado de ocorréncia, CMS, Nivel 11. Figura 4.16: Distibuigao dos grdos de ouro segundo 0 modo de ocorréncia. CMS, Nivel 11 Figura 4.17: Sucessio paragenética dos minerais-minério observada nos compos Balancéo © Serratinho, Nivel 14 Figura 4.18: Campo de estabilidade de éxidos e sulfetos de ferro em funcao de LogfO; ¢ Loga®s para depésitos de ouro arqueanos metamorfisados na facies xisto-verde. (Modificado de Mikucki & Ridley, 1993). Figura 6.1: Representagao das zonas proximal, itermediria e distal do Perfil 5, Corpo Fonte Grande Sul, Nivel 7 Figura 5.2: Perfil esquemdtico dos valores de 6"°O e 8"°C em metabasaltos alterados hidrotermalmente. Corpo Galinheiro Footwall, Nivel 11 Figura 6.3: Perfil esquemdtico dos valores de §"*O e &"°C em metabasaltos alterados hidrotermalmente. (A) Corpo Galinheiro Footwall, Nivel 5; (8) Corpo Balancao Footwall, Nivel 8 Figura 6.4: Perfil esquemético dos valores de 50 e sC em FFB do Corpo Fonte Grande Sul, Nivel 7. 74 75 76 80 87 95 Figura 8.5: Figura 5.6: Figura 5.7: Figura 8.8: SSSSSALEELESELD Perfil esquematico dos valores de 8"*O e °C em FFB do 96 Representagao de 50 versus 3"°C em perfs de alteragso, 99 ‘no metabasalto e na FFB. Fragdio molar de HCOxa») (em relagdo ao carbone total) e contornos 101 de 61°C em fungdo de (0. e pH (Modificado de Ohmoto 1972). Valores médios de 5"°C de diferentes reservatérios e estilos de 104 alterago associados aos depésites de ouro do Bloco Yilgarn, Australia (Modificado de McNaughton ef al, 1990), INDICE DE TABELAS Tabela 2.1: Sintose dos modelos tecténicos propostos para o Quadiltero Ferrero, 18 Tabela 3.1: Sintese da evolugto estrutural da Mina Culaba segundo Viel (1988), 30 Vieira (1992), Toledo (1997) ¢ Ribeiro-Rodrigues (1998), ‘Tabela 3.2: Area e teores dos corpos de minério hospedados em formagio 33 ferrfera bandada na Mina Culaba, Tabola 4.1: Classificagao dos gros de ouro em funcao do mineral hospedeiro, 71 CMB, Nivel 11 ‘Tabela 4.2: Classificagao dos graos de ouro em fungao do mineral hospedeiro, 75 (CMS, Nivel 14 ‘Tabela 4.3: Feigdes dominantes e proporgao modal aproximada dos 78 miinerais-minério dos corpos Balancao e Serrotinho no Nivel 11 da Mina Cuiaba, ‘Tabela 6.1: Composi¢o modal aproximada dos minerals essenciais das zonas 91, proximal, intermediaria ¢ distal da FFB do Corpo Fonte Grande Sul, Nivel 7 Tabola 5.2: Composigao isotépica de carbono e oxigénio em amostras de 92 ‘metabasaltos dos corpos Galinheiro Footwall e Balanco Footwall ‘Tabela 6.3: Composiga0 isotépica de carbono e oxigénio em amostras da 96 FFB dos corpos Fonte Grande Sul, Serrotinho e Balancao. Tabela 6.4: Composigao isot6pica de-carbono e oxigénio em carbonatos da 100 Mina Cuiabé comparados com outros depésitos arqueanos, BULLER EEEESECEEEITSE PRANCHA 4, PRANCHA 4.2; PRANCHA 4.3: PRANCHA 4.4: PRANCHA 4.5: PRANCHA 4.6: PRANCHA 4.7: PRANCHA 4.8: PRANCHA 4.9: PRANCHA 4.10: PRANCHA 4.11: INDICE DE PRANCHAS Caracteristicas das corpos de minério Tipos de pirita Caracterstcas da pinta Modos de ocorréncia da pirrotta Minerais-minério Minério magnetitico Texturas de deformacdo Texturas de deformagdo TTexturas de substtuiga0 ‘Texturas de substiuigao ‘Modo de ocorréncia das particulas de ouro capITULO 1 INTRODUGAO 4. INTRODUGAO 1.1. Localizagao e Histérico ‘A Mina Cuiaba localiza-se na poreao nordeste do Quadrilétero Ferrifero, a sudeste da Serra da Piedade, distando 6 km de Sabaré e 40 km de Belo Horizonte. O acesso ¢ feito através da Rodovia MG-05 que liga a capital até a cidade de Caeté, passando-se por Sabaré (Fig. 1.1) Flg-14: Locaizagdo e acesso para 2 Mina Cuiab 0s primeiros trabalnos mineitos datam de 1740. Em 1877, 0 depésito fo adquirdo pela St. ‘ohn Del Rey Mining Co. © estove em operacdo até 1910. Entre 1910 a 1940 ocorreram petiodos espordidicos de operagao © produgéo até que, por ocasiéo da Segunda Guerra Mundial, a8 atividades foram suspensas © 0 depésito permaneceu paralizado até 1976 Em 1977 os trabalhos de avaliagdo foram retomados pela Mineragso Morto Velho através BESSSSAIDDEELRER DRED DDD CAPITULO 1 INTRODUGAO de mapeamento geolégico de detalhe (Vial 1980a) ¢ desenvolvimento do Nivel 3, Em 1985 teve reinicio a lavra sistematica 4.2, Objetivos ‘S80 dois 08 objetivos do estudo da Mina Cuiabé: Caracterizagao Petrogréfica dos corpos Balancdo e Serrotinho no Nivel 11 ¢ Estudo de Isétopos Estéves. +A caracterizagao petrogréfica trata da desctieso da textura, grau de cristalizagao & relagdes geométricas entre os constituintes minerais dos corpos supracitados. ‘Trabalho semelhante foi efetuado por Vieira (1988) para o Corpo Galinheiro Extensao pen Pit e por Vieira (1992) para os niveis 03 ¢ 04 da Mina Cuiaba, Para o Nivel 11, 08 trabalhos ainda so preliminares. Neste nivel, so observadas diferengas nos aspectos texturais, nas relagées estruturais e na compasigiie dos constituintes ‘minerais, tais como maior enriquecimento do minério pirrotitico em relagae ao minério pirtco e a presenga de hematitalmagnetita em algumas assembléias minerals, +O estudo de isétopos estaveis tem sido largamente utlizado nas principais provincias auriferas do mundo fornecendo informagdes valiosas sobre a origem dos fluidos mmineralizantes seus constituintes (solutos) e sobre suas _propriedades termodinamicas, principalmente temperatura, Para 0 Greenstone Bell Rio das Velhas as informagses ainda so preliminares & tratadas nos trabalhos de Ladeira (1980, 1988), Godoy (1994), Fortes of al, (1994), Ribeiro-Rodrigues (1998) e recentemente, Xavier et al. (2000). Neste trabalho, 0 estudo de isétopos estaveis tem como objetivo a determinago do ‘comportamento isot6pico de carbono (3'°C) e oxigénio (5'%O) em halos de alteragao hidrotermal de modo a se obter informagdes sobre a evolugso e composiglo isolépica dos fluidos mineraizantes. al al al al Lal -~ al oo eal all a a ~ io rT rT ~ al ~ al ~ al rs a cAPITULO 1 INTRODUGAO 3 4.3. Métodos de Trabalho Com vistas a alcancar os objetivos propostos, o estudo foi dividido nas seguintes etapas: Pesquisa Bibliogréfica, Amostragem dos Corpos de Minério, Estudos de Laboratorio, Integracdo e Interpretagio dos Dados. + Pesquisa Bibliogréfica —teve como finalidade a atualizagao dos conhecimentos sobre ‘as mineralizagses de ouro em formagao ferrifera bandada e sua contextualizacao com referéncia ao Groensione Belt Rio das Velhas. A ullizagao dos isbtopos estéveis no estuxdo @ evolugao dos depésitos minerals (no caso do ouro) € os procedimentos, ‘éenicas © métodos analiticos mais utlizados nas determinag6es isotépicas também foram abordados. + Amostragem dos Corpos de Minério — constou inicialmente da determinagao dos locais a serem amostrados de modo a se obter maior representalividade dos corpos estudados. A amostragem utlizou bases geolégica/topograticas na escala 1:100 m da Minerago Morro Velho e consistiu na coleta de amostras orientadas, seguida de descrigaio macroscépica, determinagao dos elementos estruturais e documentagao das Observagées através de desenhos, croquis e fotograflas. No total, foram coletadas 93 ‘amostras de rocha nos niveis §, 7, 8¢ 11 da Mina Cuiaba. + Estudos de Laboratério ~ para a caracterizacao petrogréfica utiizaram-se técnicas & ritios tradicionais de petrografia através da andlise ao microscépio Sptico de 6 laminas delgadas, 17 laminas polidasidelgadas © 42 seges polidas. Atencao especial foi concedida as determinacées mineralégicas, microtexturais e das relagées entre ‘seus constituintes minerais, ‘A caracterizagao_isotépica de carbono (5%C) @ oxigénio (6'%0) em carbonats ‘oi fetuada em 47 amostras do minéro @ suas encalxantes através de ports transversais as zonas de alteragdo hidrotermal_ nos nives 5,7, 8¢ 11 da mina. capitulo 1 INTRODUGAO 4 + Integragao e Interprotagao dos Dados — consistiu na disposigao e tratamento dos dados obtidos © sua representagdo em mapas, perfis, grificos, tabelas € blocos diagrama, de modo a ilustrar os resultados © as conclusdes alcangadas nas etapas anteriores, = = = J - ~~ _ -~ - a ~ — = al a — Lt ~ -~ Le -m -~ | ~ ol Lal ~ -~ Lal ~ a a all = | ~ ~ Lal al ~ ~~ ~ al al ~ - cAPITULO 2 GEOLOGIA REGIONAL 6 (0 Quathilétero Fertifero, situado na sua porgao extremo sul do Craton, consttui uma érea de exposigéio deste embasamento @ tem como substrato rochas do embasamento cistalino & um greenstone belt arqueano denominado Supergrupo Rio das Velhas. ‘AMina Cuiabé, éea objeto deste estudo, esta contida na Unidade Inferior do Grupo Nova Lima (Vieira & Oliveira 1988), situado na porgo inferior do Greenstone Belt Rio das Velhas. 2.2. © GREENSTONE BELT RIO DAS VELHAS - GBRV 2.2.1. Aspectos Gorais 0 GBRV esté situado na porgdo centro-meridional do Estado de Minas Gerais ocupando uma rea de aproximadamente 4.000 km? e integra parte do conjunto litolégico do Quadilétero Farrifero (Figs. 2.22.3) Consiste de rochas vulcanicas, vulcanociésticas e sedimentares clésticas e quimicas metamorfisadas na facies xisto-verde, As rochas vulcanicas séio de cariter méfico- Lltraméfico e incluem Komatitos e basaltos toleticos (cf. Schorsher 1978, Schorscher et a 1982, Noce et al. 1990), com vulcdnicas félsicas e vuicanoclésticas subordinadas (cf. Ladeira 1980, Oliveira ot al, 1983, Vial et a, 1987, Noce ot al. 1992). Formagao ferrifera bandada, clotita-xistos, quartzitos e conglomerados constituem as rochas sedimentares uimicas e clasticolquimicas (Dorr 1969, Ladeira 1980). Datagdes U-Pb em zircdes de vulcdnicas félsicas da base da seqiiéncia indicam idades de ‘aproximadamente 2.776 Ma para a sua deposi¢ao (Machado ef al. 1992), enquanto que, Idades U-Pb em zircoes detrticos e monazitas da unidade sedimentar de topo indicam ‘uma idade méxima de 2.857 Ma (Schrank & Machado 1996b), Os terrenos granite-gndissicos que envolvem 0 GBRV apresentam caracteristicas Quimicas das suites do tipo TTG (Cameiro 1982, Noce 1995) com idades arqueanas Variando entre 3.380 Ma e 2.860 Ma (Machado ef al. 1992, Machado & Cameiro 1992b, (Weel) eu9I80u)8 UP SfewWeYD BP opeDYROW) csejLIe, CINEILDEND op coxBo}0e6 edeW :2°Z Bun 49g euojsuse.6 [I wr ednsnens | 9 GEOLOGIA REGIONAL wwiss4o7s ‘onoa CAPITULO 2 "CAPITULO 2 GEOLOGIA REGIONAL |SUPERGRUPO| ESPINHAGO Rochas Sedimentares Marinhas Clasticas GRUPO ITACOLOMI Rochas Sedimentares Continentals ISUPERGRUPO| MINAS Rochas Sedimentares Continentais 'e Marinhas Ciasticas © Quimica [2266 FORMAGAO CASA FORTE. Rochas Sedimentares “Marinhas e Costeiras FORMAGAO PALMITAL Rochas Sedimentares Continents ‘ASSOCIAGRO RESSEDIMENTAR Rochas Sedimentares Marinhas ‘ASSOCIAQAO VULGANOGLASTICA Rochas Vuleanoclésticas SUPERGRUPO RIO DAS VELHAS "ASSOCIAGOES SEDIMENTARES, CLASTICAS-QUIMICAS E ‘VULCANICAS Lavas Komatiticas e Toletcas. Basaltos ‘com rochas Sedimentares Quimicas GRUPO NOVA LIMA | GRUPO MAQUINE ‘ASSOCIACAO VULCANICA MAFICA-ULTRAMAFICA Lavas Komatiticas ¢ Toelticas {<2.78 Gal &, %) % er ¢ Zucchetti& Baltazar, 1998. Granito-gnaisses TT <32Ga Figura 2.3: Coluna estratigrafica do Quadflétero Ferrifero segundo CAPITULO 2 GEOLOGIA REGIONAL Noce 1995, Teixeira et al. 1996). Foram a drea-fonte provavel de material terrigeno para 08 sedimentos do GBRV (Machado ef al. 1996). Herz (1970) define para a regio os seguintes complexos graniticos: Complexo Belo Horizonte a norte do Quadlétero Ferifero, Complex Caeté a nordeste, Complexo Bonfim a oeste © Complexo Bago no centro. Seus contatos com o GBRV sao geralmente tectBnicos e marcados por cavalgamentos ou falhas normais. Entre 2.760 © 2.600 Ma um diapirismo granitico de composigao intermedia teria afetado (0 GBRV resultando em uma estruturagao do tipo domo e bacia (Alkimim & Marshak 1998). Sobrepondo 0 GBRV em nitida discordancia angular erosiva, encontram-se 0s metassedimentos do Supergrupo Minas (Dorr 1969). Representa uma bacia sedimentar desenvolvida no Paleoproterozéico, cuja evolugao ocorreu em dois periodos tecténicos (Machado & Noce 1983, Renger et al. 1994, Machado ef al. 1996): = © mals antigo relaciona-se & deposigéo dos sedimentos clésticos e cléstico-quimicos dos grupos Caraga e Htabira (Dorr 1969) entre 2.612 e 2.420 Ma (Nove 1995, Babinsk €et al. 1993). Idades Pb-Pb em zirctes detriticos indicam a proveniéncia destas rochas da eroséo de uma fonte arqueana com idade minima de 2.650 Ma (Noce 1995, Carneiro of al. 1995; Renger ot al, 1994; Machado & Noce 1993, Machado ef al, 1996) = 8 sedimentos superiores foram depositados em periodos de intensa atividade tectonica promovida pela reativagao e soerguimento de blocos do embasamento, com 2 deposigao dos sedimentos tipo flysch da Formagao Sabaré. DatagSes U-Pb de Zirobes contidos em metatufos do Grupo Sabara indicam uma idade de 2.125 Ma, que Machado ef al. 1989, 192 interpretam como idade aproximada para a deposigao desta unidade, Em 1992, através de convénio entre 0 Departamento Nacional da Produgso Mineral (ONPM), a Companhia de Pesquisa dos Recursos Minerais (CPRM) e um grupo de empresas de mineragao, teve inicio o Projeto Rio das Velhas com o propésito de efetuar 0 capiTULO2 GEOLOGIA REGIONAL 10 levantamento geolégica e geofisico da porgéo do GARV aflorante na parte interna do Quadrlétero Femrfero, Em decorréncia deste projeto, a regiao foi dividida em quatro dominios tectono-estratigréficos: Dominios Nova Lima, Caeté, Santa Barbara e Sdo Bartolomeu, Pinto & Silva (1998) propéem um esquema estratigréfico para o GBRV em que 0 Grupo Nova Lima é caracterizado na base por rochas vulc&nicas e pluténicas de composi¢#o toleitica a Komatitica sobrepostas por intercalagbes de rochas vulcainicas com sedimentos quimicos exalativos e rochas vulcanoctisticas e/ou epiciésticas. No topo da seqiiéncia estéo depositados sedimentos marinhos derivados de éreas fontes diversas (Fig. 2.4). 2.2.2. Mineralizagbes ‘Sem divida, 0 Grupo Nova Lima é o principal hospedeiro das mineralizagées de ouro do Quadrilétero Ferrifero estando a maior parte dos depésitos distribuidas entre os municipios de Nova Lima, Sabard e Caeté. Estes depésitos ocorrem como corpos sulfetados hospedados em sedimentos quimicos (formagéo ferrifera bandada) como os de Raposos, Cuiabé, S40 Bento, Faria, Lamego © ‘Santa Quitéria ou, subordinadamente, como veios de quartzo encaixados em rochas meta- rméficas como os de Juca Vieira, Bela Fama ¢ Paciéncia. Os depésitos de Morro Velho, Bicalho © Bela Fama esto hospedados em rochas constituidas por ankertafferro- dolomita, quartzo e sericta. Ladeira (1980, 1988) define estas rochas como sedimentos quimicos impuros (Formagao Lapa Seca) e Vieira (1988) como alteracao hidrotermal de rochas meta-méficas. A génese dos depésitos hospedados nas formacdes ferriferas bandadas tem sido alvo de ‘muitos debates, estando polarizada entre os modelos singenético e epigenético. Ladeira (1980) descreve as formagbes ferriferas, a Formagao Lapa Seca e as zonas ricas tem sulfetos macigos portadoras de ouro como corpos estratiformes e estratéfilos, SSSDSPDSEESSSREDEREEBEDD CAPITULO 2 GEOLOGIA REGIONAL =o, —eEerer EFA OO maroronine WM comsoensre comin sera asa 7 sto munsovose Figura 24: Dvisto esratigrfica do Greenstone Bol Ro das Vlhas segundo Pinto & Siva, 1996, 2), Dominios esratgrficos. 8), Mapa geoktgic simpkficado, CAPITULO 2 GEOLOGIA REGIONAL 12 resultantes da precipitagao quimica no assoalho oceanico, através da mistura de fluidos termals ascendentes @ gua do mar (modelo singenético exalative). Em particular, @ Formacao Lapa Seca se constituria em um metachert carbonatico impure formado por sadimentos quimico-carbonéticas ¢ sllico-carbonaticos misturados, em varias proporsées, ‘com detritos vulcanogénicos. Vieira (1988, 1991a,b), com base no forte controle estrutural e nas paragéneses de substituigéo mineral, opta por um modelo epigenético onde a mineralizagaio estaria condicionada & processes de alteracao resultantes da circulagao de fluidos hidrotermais ‘em zonas de cisalhamento. Estes processos propiciariam a formagéo de halos concéntticos e simétricos em relage a formagaio ferrifera bandada, sendo definidos pelas zonas de cloiizagdo (externa), carbonatagdo (intermediaria) e serictizagao (interna). O ‘ouro setia transportado na forma de tiossulfetos e precipitaria em fungao de variagdes do pH, da fugacidade de oxigénio @ da presenca de minerais de ferro. O resultado seria @ formagao de sulfetos e ouro a partir da substituicao dos minerais ricos em ferro presentes na rocha hospedeira Recentemente, Schrank & Machado (1996) mencionam a existéncia de sistemas hidrodinamices nos depésitos de Culabé (GBRV) e Passagem de Mariana (Supergrupo Minas) relacionados a uma deformago réptil anterior & instalagao da deformagao duct 0s autores sugerem que as mineralizagbes de ouro sejam contemporaneas a um evento de descompressao adiabstica ocorrido durante a orogenia Transamaz6nica, na qual teria havido intensa introdugée de fluidos na crosta, levando assim a formagao dos sistemas hidrodinamicos. ‘As primeiras tentativas de datagdo das mineralizagdes foram feitas por Thorpe ef al (1984) através de andlises Pb/Pb em galenas de diversos depésitos do GBRV. A idade ‘mais antiga (2.710 Ma) fol obtida para o depésito de Bela Fama ¢ interpretada como idade de formagéio das galenas. ldades variando de 2.675 a 2.495 Ma foram encontradas para os depésitos de Bicalho, Cuiabé © Esperangs. Para o depésito de Bela Fama obteve-se também idade de 1.835 CAPITULO 2 GEOLOGIA REGIONAL 8 Ma. Estas idades foram relacionadas a processos de remot ‘Arqueano e tardi-Transamaz6nico. 1980 crustal do final do Determinag6es Pb/Pb em sulfetos (arsenopitita e piritas) dos corpos mineralizados do depésito de Sao Bento obtiveram idade minima de 2,65 Ga, caracterizando portanto uma idade Arqueana (De Witt ot a. 1994). 2.2.3. Geologia Estrutural e Evolugao Tecténica ‘Aevolugao tectonica do GBRV faz parte do contexto maior de evolugao crustal que afetou ‘as rochas do Quadtilétero Ferrifero. Em fungo de sua complexidade estrutural, tem atraido a atengéo de indmeros pesquisadores @ suscitado uma gama variada de Interpretagbes. Na década de 1960, o trabalho pionsiro da equipe do Unites States Geological Survey - USGS contribuiu grandemente para o entendimento de sua evolugéo estrutural. Na sintese de Dorr (1969), s80 admitidos trés periodos principais de deformagao: os dois primeiros @ mais obscuros seriam entre as Séries Rio das Velhas e Minas e Minas © ltacolomi © tltimo e mais evidente, envolveu todas as rochas metassedimentares pré- cambrianas e seria pés-Itacolomi. Nos anos da década de 1980 novos paradigmas sao utiizados para a evolugao tectonica do Quadiilétero Ferrifero. Estes baseiam-se em modelos polifésicos definidos por conjuntos de elementos estruturals e diferenciados pela observagaio da superposigao de cestruturas @ da andlise de interferéncia em modelos tridimensionais. Com base na existéncia de grandes dobras associadas aos metassedimentos Minas e na auséncia destas entre as unidades arqueanas subjacentes, Schorscher (1982) adota uma corigem aléctone (nappes de descolamento) para o Supergrupo Minas. Ladeira & Viveiros (1984), baseados no estilo de dobras e na orientagéo de seus_planos axiais, descrevem seis eventos deformativos para os supergrupos Rio das Velhas e Minas. CAPITULO 2 GEOLOGIA REGIONAL 4 segundo 08 autores, apenas o primeiro evento estaria impresso no Grupo Nova Lima enquanto os demais teriam afetado as unidades proterozdicas sobrejacentes. Vieira & Oliveira (1988), em sintese da geologia do distito de Nova Lima, apresentam quatro eventos deformatives para as rochas da regio. Os dois primeiros estariam associados a dobras isodlinais e ao desenvolvimento de foliagdo tectOnica relacionada a0 metamorfismo. Os dois times estariam representados por dobras suaves ¢ clivagem de crenuiagdo discreta desenvolvidas em niveis crustais mais rasos, Belo de Oliveira & Teixeira (1990) dividem 0 Quadrilétero Ferrifero em trés dominios tectBnicos: um oriental, deformado no Ciclo Brasiliano, um mediano, com uma deformagao principal no Transamazénico © outra no Brasiiano © um ocidental com deformagso principal Transamazénica e evidéncias de uma deformagao arqueana afetando somente o ‘Supergrupo Rio das Velhas. Na titima década, um grande acervo de dados geolégico-estruturais e geocronolégicos foram acrescentados @ evolugao tectOnica do Quadtilétero Ferrifero, permitinéo novas ‘abordagens e a utlizagao de modelos estruturais mais simples, mais fundamentados na andlise descritva e cinematica das estruturas, Coube @ Marshak & Alkimim (1989) proporem o primeiro modelo de evolupdo teotbnica baseado em regimes extensionais. Segundo os autores, a evolugao da poréo meridional do Craton do Sao Francisco se procedeu em quatro estagios. Os dois primeiros representam movimentos compressivos relacionados a encurtamentos crustais de idades ‘Transamaz6nica e Unuaguana. 0 terosiro envolve processos extensionais responsdveis, pelo desenvolvimento do rift Espinhaco e de estruturas distensivas no Quadrilétero Ferrfero (diques € falhas normals), Finalmente, o quarto estagio, também compressivo, resuitou na estruturagao da Cordilheira do Espinhago durante o Ciclo Brasiiano, Para Chauvet of al. (1994), teria ocorrido durante 0 Ciclo Transamaz6nico reativagao do embasamento arqueano com plutonismo e formagao de dobras de grande escala como anticinal de Mariana € o sinclinal de Dom Bosco. O evento posterior, compressivo, seria CAPITULO 2 GEOLOGIA REGIONAL 15 responsével pela formago dos cinturdes de empurrdio durante © Ciclo Brasiliano. Num ‘evento posterior, distensivo, teria ocortido relaxamento e reajuste da pilha de empurrtic formada no evento anterior. Chemale Jr. ef al. (1994) descrevem a evolugéio do Quadriltero Ferrlfero em dois eventos tecténicos: um transamazénico e distensivo, relacionado & morfologia em domo e bacia, ¢ um mais recente e compressive associado a0 fechamento do cinturdo Brasiliano/Pan- Atticano, Corréa Neto et al, (1994) sugerem que a evolugao estrutural do GBRV esti associada a dois eventos deformacionais compressivos: 0 primeiro (0), exclusive do GBRV, originow obras isoclinais recumbentes com eixos E-W © empurtées com vergéncia para sul ou sulsudoeste; 0 segundo, (Dn), impresso também no Supergrupo Minas, formou ‘empurrées com vergéncia para oeste, associados a dominios de rampa frontal e obliqua, Correa Neto & Baltazar (1995) definem quatro dominios estnuturais para 0 GBRV: D1, D2, D3 D4 (Fig. 2.5). No dominio D1 predominam as estruturas mais antigas, (arqueanas), orientadas aproximadamente segundo E-W, representadas por falhas de empurréio com vergéncia para sul, lineagao de estiramento Ix: € foliagao S;, A estruturago dos dominios 2 e D8 resulta da reorientagéo da trama S; arqueana ao redor do Complexo Bago, durante um segundo evento deformativo, provavelmente relacionado & ascensao de domos e formacao de sinclinais marginals, Segundo estes autores, estas estruturas so relacionac extensional, previamente proposto por Chemale Jr. ef al. (1992) e Chauvet et al. (1994), ‘As estruturas mais recentes esto associadas a0 dominio D4 e sio caracterizadas por uma foliago S2 orientada segundo NE, NS ou NW. Neste dominio, rampas frontais obliquas ou laterais so determinadas em fungéo das relagSes entre a lineagao de estiramento Lx e a diregao de mergulho de Sz, delimitando sete sub-dominios (D4A a 49) a0 evento Transamazénico Para Baltazar & Zuchetti (2000), os eventos D1 e D2 séo arqueanos, compre: CAPITULO 2 GEOLOGIA REGIONAL Batazar, 1995; = ot = — = —= = = = = a a a 7) (Bi cooerruns rrovenonseas amacromaess lerctisroneserrao os vaous EB rsronaoees (remevoscnatroctissece luurececomives armmms EJs eornsroata.sace FE enor snenone Zl ramcemimnato en Figura 2.5: Compartinentario tectinica do Greenstone Balt Rio dae Velhas segundo Correa Neto & a | CAPITULO 2 GEOLOGIA REGIONAL 7 sgeraram dobramentos e falhamentos orientados segundo E-W © SW, respectivamente. O evento D3, Transamazénico e extensional, foi responsavel pelo soerguimento do Complexo Bago e estaria relacionado a evolugao de estruturas do tipo metamorphic core complex. O iltimo evento, D4, de caréter compressivo deu origem aos sistemas de ‘empurrao com vergéncia para W desenvolvidos no Ciclo Brasiiano, Alkimim & Marshak (1998), caracterizando a orogenia Transamaz6nica na poreo sul do Graton do Sao Francisco, reconhecem dois eventos tect6nicos principais. O mais antigo (0)), desenvolvido em cerca de 2.125 Ma, de caréter compressive e vergéncia para NW, ? \GEEOOGOGEE | Figura 21: Mapa Geoligca da Mina Cuiabd, Nivel 3 (Simglifcade de Vial (19804) in Viera (1808. cAPITULO 3 GEOLOGIA DA MINA CUIABA 23 | pon) suite 8) etpaiton) [ota] meno ioe 18) spin) PP rae comes to) Zana de cette 2) 222) ered serczate 92 manne sien Zor 6 oiteete iene) Zane de lies rare Figura 32: Coluna estratirica da area da Mina Gulab segundo Vil (19808), ‘Subordinadamente, ocortem clorita, feldspato, moscovita, opacos, sericita, clortdide e mmatéria carbonosa. Quartzo e carbonato sto de granulagao fina e textura laminada a granoblastica No interior da formacao ferrifera, Vieira (1992) descreve um horizonte de cerca de 15 em de filto comumente cisalhado e sulfetado, ocorrendo de forma concordante ou obliqua a0 bandamento e apresentando ramificagdes em padiéio anastomosado. Este horizonte é interpretado como uma importante zona de cisalhamento seccionando a formagao ferrfera ‘em duas porgdes: uma externa, fortemente cisalhada e marcada pela obliteragao do “CAPITULO 3 __GEOLOGIA DA MINA CUIABA _ 24 PRE-HIDROTERMALISMO —_ POS-HIDROTERMALISMO Pelitos <2] Metapettos (x1) 8 “Tufts fsios Metatuttos fsicos (xs) 3 g Potos 23] aetapettos oc 5) [EEAES) Tos ftsioos KET} Metautnsrsoos SES) pettos 22] Metapatitos 0X1 IX, %| 2: clotizacto (mbax) asatoe 2 caonatsto (2c) | sercizagdo 02) i re Varrcuces g Petes eralados RE 2 carbone cho 0p 5 com metabesatos Ses cotta 2 3 oestonince [AEX] Z cnet moan PERI, etapsatosandesios ar) Petos Ferre] Metapetos ot Basatesandestos Bek) 2 cortzaco (mbox bee) Figura 33: Cuma esatgfca da tea da Mina Gulab segundo Vira (192) bandamento, e uma interna, menos deformada, ¢ portanto mais preservada, Segundo Ribeiro-Rodrigues este horizonte se refere a um nivel de rocha metavulcanica mafica cisalhada e sulfetada, Toledo (1997), com base na composi¢ao mineralégica, descreve trés tipos de formagéo ferrifera: Tipo 1, caracterizada pela alternancia de bandas brancas, negras © ocres, ‘ocorrendo com frequéncia fora dos corpos mineralizados e apresentando baixos teores de GEOLOGIA DA MINA CUIABA, 25 SSUPERGRUPO RIO DAS VELHAS “ MN eIse7 oFOUEFeG odLog oP openyIcus CoFaIOeD BdEN ey EMBL CAO PETROGRAFICA ‘OFBHNO soon] CARACTERIZA¢ LE ISAIN 21897 ogouejeg odi0g eaeino euIN, CAPITULO 4 rants © CAPITULO 4 CARACTERIZACAO PETROGRAFICA 39 Considerando seu posicionamento basal em relagdo as frentes de empurrdo da fase D2 (ver 3.3), © corpo encontra-se extremamente deformado © com secao estratigréfica invertida sendo limitado na capa por metabasaltos alterados (manx) e na lapa por fiito carbonioso (Fg). contato com o metabasalto é normalmente abrupto e regular, localmente desenvolvendo intensa foliagdo com lenticulatizagéio e boudinagem. J 0 contato com o filto carbonoso é marcado por forte cisalhamento e presenga de abundantes veios de quartzo rotacionados elou boudinados, com segmentagaio local dos corpos de minério, Nao rara a presenga de boudins com mais de 2 m de espessura (Prancha 4.1c), ‘Aspecto caracteristico do corpo Balancao é a intensa deformacao de suas rochas. Dentre as felgdes proeminentes destaca-se o desenvolvimento de uma foliagao milonitica nao pervasiva relacionada a fase Ds, representada por zonas de cisalhamento frontais, em padréo anastomosado, paralelas ou transpostas ao bandamento original e a foliagSo S:, Junto as zonas mais deformadas, os corpos de rinério encontram-se rompidos e as vezes verticalizados. O bandamento é parcial ou totalmente obliterado, com desenvolvimento de intensa sulfetagaio e recristaizagao. Corpo Serrotinho © Corpo Serrotinho esta situado na aba sul da Dobra Cuiaba ocupando uma area de 1.855 m? com segao horizontal orientada segundo EW (Figuras 4.1 e 4.4). De maneira (eral, 0 corpo esté pouco deformado sendo, possivel observar as relagdes do bandamento ‘com a foliago, embora localmente possam ocorter pores cisalhadas @ muito dobradas. E comum a presenga de dobras mesoscépicas com eixos variando em torno de 122° /25° (Prancha 4.1a, b). Estas dobras so de dimensbes centimétricas a métricas, podendo ser simétricas ou assimétricas, abertas a isoclinais. As dobras assimétricas variam na escala do centimetro, Normalmente os flancos inversos ou até mesmo os dois flancos encontram- ‘se rompidos e adelgagados. As dobras abertas ou fechadas de dimensbes sub-métricas a ‘métricas apresentam foliagao plano axial paraleta a foliagdo S; e leques de ‘OuisA ouoW\oRSes0UN opundos S| __eBojoa0 “opnyse eiseu sopensowe sowed sop ogSeopu WD LE IeAIN ‘ouURaWeS odi05 op opeayidivs o216}086 BEN :P'y BINBI | —_— 8 Z| 8 8 2 G 3 com| 8 a @ Bl zs 8 ° expoapdopemoue enue somnieouns emis ory SE somes ops eng opie SE HL I®AIN ‘oyunoues odio g Crewe A eaeing UI Z| : (poo pane wet EE ; a\ E é 3 © CAPITULO 4 CARACTERIZACAO PETROGRAFICA SESS SSSR TSS U SSPE E RE foliagao na regido de chameira Considerando sua posigao estratigréfica normal, o corpo esta limitado na capa por filito carbonoso (Fg) © na lapa por metabasaltos alterados (manx), 0 contato ocorrende de {forma abrupta e regular. ‘Aspecto caractertstico do Corpo Serrotinho no Nivel 11 6 a presenga de formagao ferrifera bandada com magnetita, ocorrendo na capa e abaixo do Flito carbonoso (Fa). A passagem para a formagao ferrfera sulfetada se dé, tanto vertical quanto lateralmente, através do aumento gradativo de sulfeto ao longo das bandas. 4.3, Estrutura, minerografia e texturas ‘A mineralizagao de ouro predominante nos corpos Balancéo e Serrotinho & do tipo stratabound e relacionada a sulfetaggo da formagao fertifera bandada. Os corpos caracterizam-se pela altemancia de bandas carbondticas escuras contendo siderita, ankerita e matéria carbonosa finamente disseminada, bandas quartzo-carbonaticas de cor bege a branca (chert) © bandas mais ou menos continuas de sulfetos de granulagao variada e espessura de alguns millmetros a varios metros, ‘Macroscopicamente, apresentam estrutura macica ou bandada (cf. Toledo 1997), as quais variam em cada corpo em fungdo da atuagio diferenciada dos processos de \deformagao/alteragao hidrotermal (Pranchas 4.1d, 4.1). Esta classiicagao nao é de toda Tigorosa uma vez que so cornum gradagdes entre as estruturas maciga e bandada, ‘Aestrutura maciga, mais comum no CMB, esté associada as porgbes mais deformadas da FFB. A sulfetagao ocorre de forma pervasiva resultando na transgressio e obliteragao do bandamento e na formagao de extensos halos de carbonatagtio e espessas bandas de Suifeto macico, Feigdes marcantes so 0 rompimento e boudinage dos corpos de minério. ‘A estrutura bandada, mais comum no CMS, se restringe as zonas menos deformadas ou fracamente mineralizadas. A sulfetagao 6 do tipo seletiva, ocorrendo normalmente ao. CAPITULO. __CARAGTERIZACAO PETROGRAFICA 2 PRANCHA 41: CARACTERISTICAS DOS CORPOS DE MINERIO. (A) Concentragao de pirrota em chameira de dobra isoclinal do Corpo Serrotinho; (8) Dobramento caracteristico da formagde ferifera bandada do Corpo Serretinho; (C) Aspecto da deformago do Corpo Balancéo mostrando oudinage e segmentagdo da formagao ferrfera bandada; (0) Amostra {de mao do Corpo Serrotinho mostrando a estrutura bandada da formagao feriferasutfetada; | (© Amostra de mao do Corpo BalancSo mostrando a estrutura maciga da formagaoferrifera sulfetada, © cAPITULO 4 CARACTERIZAGAO PETROGRAFICA 43 Jongo das bandas. Nas bandas mais escuras a sulfetapo 6 mais intensa desenvolvendo niveis de sulfeto macigo, enquanto que nas bandas mais claras o sulfeto ocore como messas discretas ou mesmo como cristais isolados. Ao contrério da estrutura maciga, formam leitos com espessura variando de alguns millmetros a varios centimetros. [A transigo entre os corpos de minério e a formagdio ferrifera no mineralizada se dé através do aumento gradativo de sulfetos ao longo das bandas ou pela interdigitacao de formagao ferrifera muito sulfetada com formagao ferifera pobre em sulfetos. Aspecto diverso se observa no CMB onde a delimitagao e individualizagao dos corpos & do tipo tectonica e relacionada a cisalhamentos © boudinage. 43.1, Caractorizagao Minerogrifica 0s sutetos mais impotares que compters & paragtneses mineris dos corpse Balanco e Serrofinho 80: pirta, pirtita, arsenopita e calcopirta, nesta order. Esfalerita © galena ocorrem como fases subordinadas, geralmente associadas a pita e pirrotita, Magnetita e hematita ocorrem isoladamente no CMS constituindd fases importantes associadas a pirta, Os minerais principais da ganga sao quartzo e carbonato ‘que, em conjunto, compdem cerca de 90% em volume, Os restantes 10% correspondem a lotta, serictae residuos de matéria carbonosa, Pirita A pirita (FeS.), 0 mais comum e mais abundante sulfeto da cresta terrestre, normalmente ‘constitu o principal mineral metélico dos depésitos minerais (Craig & Vokes 1993) Algumas de suas caracteristicas fisicas sao: tendéncia marcante a se comportar de forma ‘pti! durante a deformagto e o metamorfismo (Vokes 1989, 1971, Sarkar ef al. 1980, Cox 1987), coesto interna das ligagSes na rede cristalogréfica e propenstio a formar cristais idiomérficos (Craig & Vokes 1993). Ao microscépio, € facilmente identificada por seu sistema cristalino isométrico, habito cibico, isotropia & luz polarizada e cor amarela palida. Trata-se do sulfeto dominante nos corpos estudados, constitvindo de 45% a 95% em Volure dos minerais metalicos no CMB (média de 87%) @ 5 a 65% em volume no CMS. CAPITULO 4 CARACTERIZACAO PETROGRAFI (média de 52%). Varia amplamente tanto em abundancia como no tamanho e na forma dos gros, ocorrendo como agregados macigos ou de forma disseminada na formagao ferrifera. E sem duvida o principal hospedeiro dos grdios de ouro, Da andlise granulométrica sto identificadas trés populagdes de pitta: pirta fina com cristais de até 300 um, pirita grossa variando de 300 um a 1,0 cme pirita muito grossa porfiroblastica com cristais acima de 1, 0 om (Prancha 4.2). Pirta fina - ocorre em agregados ou massas de cristais idioblésticos com granulagao média de 120 pm. Nas porgdes escuras da formacao ferrifera forma bandas sulfetadas continuas e bem definidas enquanto que nas porgdes mais claras ou niveis de chert corre como idioblastos isolados na matriz quartzo-carbonatica. 05 limites dos graos so retos, formando &s vezes cubos perfeitos, contudo, em zonas de cisaihamento, como no CMB, s80 comuns gros idiomérficos com faces cortoidas © textura porosa. ‘As inclus6es so raras no CMB e mais comuns no CMS restrigindo-se normalmente a0 niicleo dos cristais. Os minerais inclusos mais comuns s8o quartzo, carbonato e pirrotta. raramente so encontrados nédulos de arsenopirita ou gras submicroscopicas de calcopirita e ouro. Pinta grossa - ocorre como cristais idiobldsticos a xenoblésticos com granulagao média de 600 jum. Forma-se alravés da recrstalizagao da pirta fina ou através da aglutinagao e amélgama de agregados piritosos. Esté normalmente associada a pirita fina, mas pode ocorrer como agregados mono-a Poliminerdlicos associados & massas de pirrotita, exibir padres de intercrescimento complexos com a matriz quartzo-carbondtica ou ainda ocorter como ciistais individuais iSolados na matriz. PRANCHA 4.2: TIPOS DE PIRITA. Folomicrografias A, 8, ©, D,E em luz refit. (A) Banda de pirta fina em matrz quertzocarbondtea (CU11S-8);, (@) Agregados de pita arsenicalbordejando borda de crescimentoeinclusdes de pro enoblasica com inclusbes de calcopirta hematta nas bordas (CUTIS-9) (E) Porfroblasto de pinta faturado com inclusBes de quartzo (GUT1E-), () Nudleagae de porfroblasios de pinta na FFE (CUTIE-8). Py - pia, Pyas ~ pita frsenical Po-pirotta, Asp-arsenopinta, Ccp-calcopinta, em-hematta, i-quartzo, CARACTERIZACAO PETROGRAFICA ‘Quando idioblasticos, os gros desenvolvem faces rotilineas formando cubos perfeitos. {Quando hipidioblésticos a xenoblésticos, exibem faces serilhadas, lobadas © em ctispide, ocorrendo também como cristais alongados paralelamente a foliagzo, Aspecto notavel € 0 desenvolvimento de textura poiguloblastica com niicleos ricos em inclusées © bordas de crescimento limpidas. Nas regides menos deformadas, onde os ctistais $80 pouco tensionados, observam-se zonamentos perfeitos enquanto que nas regides sujeltas a deformacao cisalhante, 6 comum a ocorréncia de bordas de crescimento ‘com textura porosa, vértices arredondados e faces irregulares (serrilhadas ou lobadas), Os padrbes de inclusdes na pirita grossa so de forma e composigao variada podendo ser agrupadas em és categorias: (1) aleatoria, (2) semicircular ¢ (3) orientada (Prancha 4.34, 2, . © padrao aleatério é encontrado nos cristals idlomérficos @ xenomérficos enquanto que o padrao semicircular & muito comum nos grdos com textura poiquiloblastica bordas: de crescimento. Alguns gros de pirita contém inclustes orientadas de forma coneordante 04 discordante em relacao a foliagdo da rocha hospedeira. ‘As inclusées mais comuns so de ganga, com largo predominio de quartzo. Seguem-se inclusées de pirrotita, arsenopirita, calcopirta, ouro e mais raramente esfalerita e galena. HA de se notar que a abundancia destes minerais como incusdes € normalmente compativel com sua abundancia na matriz, Os habitos mais comuns relacionados as inclus6es de ganga sao arredondados, angulosos (pontiagudos), embainhados ou dispostos segundo uma direedo preferencial ‘As inclusdes de pirotita e calcopirita sao arredondadas ou lobadas enquanto que as de arsenopirita tendem a formar cristais idiomérficos (romboedros). Alguns cristais de pirita no CMB e principalmente no CMS apresentam, a0 micriscépio 6tico, manchas imegulares de composico arsenical. Estas podem evoluir para inclusSes idiomérficas ou substitu parcial ou totalmente os cristais de pirta, Neste trabalho, graos de pirita com estas caracteristicas so definidos como pirita arsenical (Prancha 4.38). SSSR S SITS S TES GAPITULO4 __CARACTERIZAGAO PETROGRAFICA PRANCHA 4.3: CARACTERISTICAS DA PIRITA. Fotomicrografa luz efltida. (A) Pinta arsenical. Substiuicdo pseudomérica de pitta por arsenopiita (CUN1B-5b): (B) & (C)Agregacos de pista cimentados om massas pirtosas (lextura amlgama) (CU11B-1), (©) Padrao concenivco de incus6es em pita, As incusses nas bordas sao de hematta, (CUTIS-<8):(E) Padrao orientado de inclusdes em pita grossa (CU1B-10),(F) Pacrao irregular de incusdes om pla grossa (CUTIES). Py - pita, Po - piri, Asp = arsenopiia, Cop-Calcopirta,Hem-hematita,Qt-quarza 47 CAPITULO 4 CARACTERIZAGAO PETROGRAFICA 48 Nuitos gros de pirita mostram inclusdes polimetilicas. As associagdes mais comuns S80 pirotita + calcopirita, pirotita + arsenopirita, piotita + ouro e arsenopirita + ouro. Pirte porfroblastica - ocorre tanto no CMB como no CMS. Aparentementte nao se observa renhuma distribuigao definida dentro dos corpos de minérios, ocorrendo como bandas ou lentes de até 20 om de espessura. 0s cistais so idioblésticos embora localmente se observem formas hipidioblésticas ou xenoblésticas, Quando abundantes, tendem a desenvolver suturas ou fraturas devido a interferéncias mituas durante o crescimento ou a deformagao. Quando isolados, tendem a formar cubos perfeitos. Da mesma forma que na pirlta grossa, a textura poiquiloblastica € muito comum, com bordas de crescimento muito limpas e faces bem terminadas. Os padres de inclustes também sao semelhantes aos da pirita grossa sendo mais comuns 0s padrées alealsrio e semicircular. As inclusdes mais comuns sdo de quartzo, carbonates, pirrotita, arsenopirita, calcopirta e ouro. Esfalerita e calcopirta ocorrem como rmicro-inclusées, preenchendo fissuras ou nos intersticios dos gracs. Pirrotita A Pirrotita (Fe1,8) € um mineral muito comum nos depésitos vulcanogénicos de sulfeto macigo, ocorrendo também em muitos depésitos auriferos como parte integrante dos minerais de minério. Ao microsc6pio, suas caracteristicas marcantes so 0 médio a baixo poder refletor, a anisotropia a luz polarizada e a cor marrom palida, No sistema Fe-S a pirrotita apresenta composi¢ao e estrutura que variam em fungao da temperatura e da porcentagem atémica em ferro, sendo reconhecidas as formas hexagonal e monoclinica. A pirrotita hexagonal é estavel em temperaturas acima de 250°, ‘com 47,3% de Fe em peso atémico. Ja a pirrotita monoctinica ¢ estavel a temperaturas mais baixas e apresenta 46,9% de Fe em peso atdmico (Yund & Hall 1969, Kissin & Scott 1982). CARACTERIZAGAO PETROGRAFICA __ 49 CAPITULO 4 ‘Trata-se do segundo sulfeto mais comum nos corpos estudados, constituindo de 1 a 50% fem volume dos minerais metalicos no CMB (média de 9,7%) e de 3 a 90% em volume no (OMS (media de 40,5%), De maneira geral, forma massas monominerdlicas de cristais xenoblasticos por vezes intercrescidos com os demais sulfetos. Ocorre de forma dominante em zonas de

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