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Oliveira, R Introdugdo a andlise funcional / César R. de Oliveira. Rio de Janeiro : IMPA, 2010 257 p. (Projeto Euclides) ISBN 978-85-244-0311-8 1 Anélise funcional. L-Titulo. II. Série. CDD-510 césar r. de oliveira introdugao a analise funcional impa ES INSTITUTO NACIONAL. DE MATEMATICA PURA E APLICADA Copyzight © 2010 by César R. de Oliveira Impresso no Breil / Printed in Brazil Capa: Sérgio R. Vaz Projeto Euctides ‘Comissio Balto lon Lages Lima S. Collies Coutinho Paulo Sed ‘Titulos Publicados: ‘© Curso de Andlise, Volume 1 - Bion Lages Lima ‘Media e Intepragio » Pedro Jesus Fernandez “Aplicagses da Topologia Andlise ~ Chaim Samuel Honig _Espagas Métricos -Blon Lages Lima ‘Andlise de Fourier e Equagdes Diferenciais Purcizs - Djairo Guedes de Figueiredo Introdusio aos Sistemas Dinimicos - Jacob Falis Junior e Wellington C de Melo Intcodusdo A Algebra Adilson Gonealves Aspects Tedricos da Computago - Cio L Lucchesi, Imre Simon, ntyan Simon, Janos Simon ¢ Tomasz Kowaltowsk ‘Teoria Geométrca das Folheagbes - Alcdes Lins Neto e César Camacho Geometria Riemanniana - Mavjredo P. do Carmo LLigdes de Equagdes Diferenciais Ordiniras -Jorge Sotomayor robabilidade: Um Curso em Nivel Intermedirio- Barry R. James Curso de Anélise, Volume 2 Elon Lages Lima ‘Teoria Ergbica - Ricardo Maié ‘Teoria dos Nimeros Algbricos - Otto Endler I Operadores Auto-Adjuntos e Equayées Diferenciais Parisi - Javier Thayer guages Diferencisia Parcias: Uma IntrodugSo - Rafael Iério Jr. e Valéia lio ‘Algebra: Um Curso de Introdugio - Arnaldo Leite P. Garcia e Yves Albert E. Lequain ‘Grupo Fuadazieatal¢ Expasos de Recobrimento - Elon Lager Lina FFungdes de uma Varidvel Complexa - Acces Lins Neto Elementos de Algebra ~ Arnaldo Garcia e Yves Lequain Introdugio & Geomettia Analtiea Complexa - Marcos Sebastiani ‘Curso de Teoria de Medids - Augusto Armando de Castro Jinior Introdugio & Teoria da Medida - Carls Ionard ‘ntrodagio & Teor de Controle e Programagio Dintmica -Johann Baumeister e Antonio Leitto Homologia Bisiea- Elon Leges Lima ‘+ Teoria das Nameros: um Peseio com Primos ¢oures NimerosFuilares pelo Mundo Ineo - Fabio Brochero Martinez, Carlos Gustavo Moreira, Nicolau Saldanha e Eduardo Tengan 4+ Introdupfo a Anzlise Funcional ~ César R. de Oliveira Distribuigho: IMPA Estrada Dona Castorina, 110 22460-320 Rio de Janeto, RT e-mail: ddic@impa br ploy. be Para Pi, Bichao e Ferinha Prefacio Andlise Funcional 6 uma disciplina semestral obrigatéria para 0 Dou- torado e optativa para o Mestrado em Matemética da Universidade Fe- deral de Sé0 Carlos. Este texto foi escrito para contemplar esta disci- plina, e com uma proposta muito objetiva. A idéia é que cada unidade corresponda, a uma aula, tentando facilitar o preparo da mesma pelo professor e tornar mais prética a primeira leitura de cada tema pelos alunos. Este ¢ um ponto importante no qual este texto diferencia-se dos demais sobre o mesmo tema. Para atender tal intuito foi necessério manter muito rigida a quantidade de material a ser coberto em cada Capftulo, evitando ultrapassar os limites esperados de uma aula. Isto tornou necesséria a selegio de temas com omissbes de tépicos ¢ aplica- es interessantes. Talvez a principal omissio sejaa dos espacos vetoriais topotégicos. Este texto nasceu de notas ce aulas ministradas pelo autor no se- gundo semestre de 1999; j4 com o intuito de preparar o texto, o material de cada Capitulo foi sendo montado e testado, com adaptagies para se encaixar em cada aula, num toval de trinta aulas. Parte dos assun- tos tratados segue, naturalmente, a orientagio do préprio programa de Pés-Graduago e 0 gosto pessoa’ do autor; a énfase é na Anélise Fun- cional Linear e o indice resume os tépicos apresentados. O texto foi originalmente publicado pelo IMPA e passou por corregies € pequenas adaptagSes com o tempo; assim, espera-se que o mesmo esteja mais ‘maduro e melhor concatenado. 0 resultado final é esta versio do livro. Pretende-se que este texto transmita uma visdo geral de linhas b4si- cas da Andlise Funcional e, apés segui-lo, que os estudantes estejam preparados para consultar textos mais abrangentes, particularmente de t6picos que aqui nao foram cobe:tos. A maioria dos exercicios original- mente propostos na sala de aula esta presente no texto, embora a lista PREFACIO| final de exercicios tenha sido sensivelmente ampliada. No final do livro foram inclusas solugées de alguns exercicios propostos, particularmente daqueles cujas conclusées so, em algum momento, usadas no texto; nio houve regra clara na selecdo das outras soluges. Foram inclusas Notas na maioria dos Capftulos, as quais objetivam apresentar alguns comentdrios que normalmente ficam restritos & sala de ala, alguns dados histéricos e comentar extensGes e aplicagBes que no foram tratadas no texto, principalmente devido ao espftito pragmatico aqui adotado. Com as observagies histéricas pretende-se, também, lem- rar aos leitores que cada drea da Matemética se desenvolve com 0 auxilio de muitos pesquisadores; por exemplo, deixar claro que a prépria definigao e principais propriedades dos espacos de Hilbert: néo surgiram em uma tarde inspirada de David Hilbart, Essas Notas foram escritas de maneira informal e sem pretensdes de trazer quaisquer apresentacées ou referéncias completas, ‘Supée-se que os leitores tenham familiaridade com Algebra Linear (varios resultados em espagos vetoriais de dimensio finita so propostos como exercicios), Topologia Geral (inctaindo espagos métricos) e resul- tados basicos de Fungdes de Uma Varidvel Complexa e de Medida e Integragio; 6 suposto que esses assuntcs sejam tratados em disciplinas especifieas. Resultados como os Teoremas de Stone-Weierstrass e Riesc- Fischer podem ser usados livremente. A bibliografia contém os textos que 0 autor consultou com maior frequéncia durante a preparagio des- tas notas, além de alguns considerados clissicos, com omissio clara de textos consagrados; certamente os interessados no encontrardo dificul- dades em localizé-los, além de textos complementares, principalmente com o atual grau de informatizagéo de nossas bibliotecas, Alguns pontos de notagio e nomenclatura merecem destaque. Os simbolos V, B, H so usados para desigrar espagos normados, de Banach e de Hilbert, respectivamente, sem mengéo explicita toda vez que sio usados. Deve-se inferit do termo “néo-P” que o objeto em questo “nao satisfaz. a propriedade P”, evitando assim algum actimulo desnecessério de definigdes. O termo enumeravel é usado para designar a cardinalidade Xp do conjunto dos nifmeros naturais N, enquanto contdvel se refere a finito (incluindo zero) ow enumerdvel; assim, ndo-contédvel indica que & infinito e com cardinalidade superior a Np. Quando um subconjunto {6)} 6, em particular, uma sequéncia, na maioria das vezes optou-se por destacar essa propriedade através da notagio (&,). O simbolo := aponta PREFACIO uma nova indicagdo. Também como usual, um espago vetorial é dito trivial se contém apenas o elemento nulo, O simbolo m indica o final de uma demonstrago, enquanto « indica o final de um exemplo. A pégina da internet http: //www.dm.ufscar.br/“oliveira/AFEuclides html estard associada a este texto, em particular com uma eventual “Errata”; toda contribuigao dos leitores ser muito bem-vinda. Gostaria de agradecer ao Prof, Pedro L. A. Malagutti por ter (co- rajosamente!) seguido de perto a primeira versio do texto em uma turma de Anélise Funcional; isto possibiiitou a corregio de varios erros tipograficos e imprecisées. Os agradecimentos se estendem aos alunos ¢ colegas que colaboraram corn diversas sugestoes desde a primeira versio do texto. Finalmente, gostaria de regisirar a acolhedora sugestao, do Prof. Elon Lima, para que este livro fosse considerado para publicacio no Projeto Euclides. Sao Carlos, setembro de 2010. César R. de Oliveira Contetido 1 Espagos Normados 2 Compacidade e Completamento 2.1 Compacidade e Dimensio : 2.2 Completamento de Espacos Normados 3. Espacos Separéveis 3.1 Espagos Separaveis, 3.2 Operadores Lineares 4 Operadores Limitados e Espago Dual 5 Ponto Fixo de Banach 6 Teorema de Baire 7 Princfpio da Limitagao Uniforme 8 Teorema da Aplicagdo Aberta 9 Teorema do Gréfico Fechado 10 Teorema de Hahn-Banach 10.1 Lema de Max Zorn 10.2 Hahn-Banach 11 Demonstragao de Hahn-Banach 12 Aplicagées de Hahn-Banach 10 10 ty 16 16 19 24 33 41 49 35 62 68 68 70 76 83 18 Operadores Adjuntos em Nv 14 Convergéncia Fraca 15 Topologias Fracas 15.1 Topologias Fracas 15.2 Teorema de Alaogla 16 Espagos Reflexivos e Compacidade 17 Espagos de Hilbert 17-1 Produto Interno 17.2 Ortogonalidade 18 Projecdo Ortogonal 18.1 Lei do Paralelogramo . 18.2 Projegdo Ortogonal 19 Representacao de Riesz em 1 19.1 Representacio de Riesz 19.2 Adjunto de Hilbert e Lax-Milgrem 20 Operadores Auto-Adjuntos 21 Bases Ortonormais 22 Séries de Fourier 22.1 Séries de Fourier 5550 22.2 Integracio em Espagos de Hilbert, 23 Operagées em Espagos de Banach 23.1 Soma Direta cee 23.2 Bspago Quociente . 24 Operadores Compactos 25 Operadores Compactos em 1. 26 Operadores de Hilbert-Schmidt 27 Espectro CONTEUDO, 90 97 104 104 108 113 119 119 122 126 - 126 129, 135 - 135 . 137 143, 150 158 158 - 161 166 166 169 175 184 190 197 conTevoo 28 Classificagao Espectral 29 Espectro de Auto-Adjuntos 30 Espectro de Operadores Compactos 30.1 Operadores Compactos 30.2 Operadores Normais Solugdes de Exercicios Selecionados Bibliografia indice Remissivo = 222 206 214 220 220, 229 249 253 Capitulo 1 Espagos Normados Grosso modo, a Anélise Funcional é uma rica fusio de conceitos de Algebra Linear, Anélise e Topologia, com dostaque para espagos vetoriais de dimensio infinite. Partindo de um espaco vetorial, introduz-se uma nogéo abstrata de comprimento de vetor, mais conhecida como norma. Associada a cada norma introduz-se uma distincia entre velores, ou seja, uma métrica, 0 que torna 0 ‘espaco vetorial num espago topolégico naturalmente compativel com a estru- turs linear. Neste primeiro Capitulo sio introdusidos a definigéo de norma, alguns exemplos bésicos ¢ vérias notagées usadas em todo 0 texto. Seto considerados espagos vetoriais tanto sobre o corpo dos niimeros reais R como sobre o corpo dos niimeros complexos C. A parte real de ‘um mimeto complexo z seré denotada por Re z ¢ a imagindria por Im z Em muitas situagdes nao ha necessidade de especificar 0 corpo, assim é conveniente indicar por F ou C ou R. Em geral os espagos vetoriais serio denotados por X,Y, Z,---, enquanto seus elementos por €7,6,+++; 08 escalares, ou seja, elementos de F, por a,3,A,-+ ,oua,b,¢,-+ . Recorde que um subconjunto A de um espaco vetorial X é linearmente indepen- dente se qualquer combinacao linear finita de elementos &; € A resul- tando no vetor mulo, ou seja, 5%. aj€; = 0, 86 ocorre se aj = 0, para todo j (0 é linearmente indeperdente; verifique!). Se a € F, a notagao a > 0 indica que a € R e é estritamente positivo; ainda, a > 0 sera também referenciado por “a 6 positivo” (analogamente para negativo ¢ estritamente negativo). Seré usado, muitas vezes, 0 fato do conjunto dos mimeros racionais Q ser derso em F (com a topologia usual), sendo que no caso de F = C entende-se por racionais ntimeros da formar +is, com 7,s€Q 2 CAP. ESPACOS NORMADOS Definigdo 1.1. Uma norma num espago vetorial X (real ou complexo) € uma aplicagéo || - |] : X + R que satistaz i, [lll 2 Opara todo € € X, e ||] = Ose, esomente se, £ = 0 (comprimento positivo). ii, llagl| = lal Ig||, para todo € € X e qualquer a € F (dilatacio), i IE +n] $ Nél| + lin], para todos €,n = X (desigualdade triangular) Se na definigio de norma a condiglo |[é|] = 0 => € = 0 for retirada, diz-se que | - || € uma seminorma. E um exercfcio simples verificar que cada norma define, ou induz, uma métrica dem X por d(é,n) = fll. O par (X,||- l) € chamado de espago rormado; aqui, N,Ni,N2,--, sempre denotarao espagos normados (com (N, || - ||) quando se quer es- Pecificar a norma). Se nao for fornecida outra topologia, fica implicito que em AV’ a topologia é a induzida pela norma, E conveniente introduzir mais algumanotacao. Se (X, d) é um espago métrico e r > 0, entio B(fo;r) = Bx (Eoir) = {€ € X : d(fo,€) 1 iaxa 0 com |j)|leo < Alvi: para toda # € Cla, 8]? Exemplo 1.3. Denote por € = (:,£,-») um ponto genérico de Fy ou seja, a8 soquéncias em F indexades por N. Para 1 Sp < 00 soja PON) = (EE PY: ely = (CPG) “” <0} e, ainda, MN) = (Ee BY: |[€loo = supicjcoo fj] < co}. E uma abordagem padrao verificar que I?(N), para 1

0 de forma que Allglln $ (fll: $ BU, VEE X. EXERC{CIO 1.6. a) Verifique que normas equivalentes num espago veto- tal geram a mesma topologia (iétrica) e possuem as mesmas sequéncias de Cauchy; portanto, se um desses espagos métricos for completo, entéo © outro também serd. b) Mostire que se duas normas geram a mesma topologia, entio elas so equivalentes, Exemplo 1.6. As normas |j - ||. € || - ||1 no espago vetorial dos po- lindmios em [0,1] ndo sio equivalentes, pois se py(t) = t"-1, tem-se IPnlloo = 1, para todo n > 1, enquanto |[palli = 1/n, que converge a zero quando n-+00. EXERCICIO 1.7. a) Mostre que num espago normado de dimensio fi- nita um conjunto é compacto se, e somente se, ele é fechado e limitado (lembre-se que num espago métrico todo compacto é limitado e fechado).. b) Seja Ex = (bng)§21, sendo 5; = Ose i # ke dex = 10 “6 de Kronecker”. Use essa sequéncia para mostrar que em (P(N), I

ase de X, de forma que todo €€ X pode ser decomposto ‘aye. Basta mostrar que qualquer norma ||| em X 6 equivalente a ich SPs |ay|. Uma desigualdade segue diretamente da estimativa Saye; 7 em que B = maxi 0 com Allé|l < |, para todo € € X. Assim, para todo N € N existe Ev € X com |Iléwill = 1e 1 = [llévlll > Niléwil- Como S(0;1) 6 compacta (dimensio finita), existe uma subsequéncia, (Exy,) de (Ew) convergindo a & em (X, || - ||); pela continnidade da norma, vyem que [|g = 1. Assim, usando a des gualdade obtida acima, isl = < Lal (gay tol) ell = 2 Uigoll = [N€o — Syl + Hiv] < B Igo ~ Esl + * que converge @ zero para j — 00, ou seja, |[éo|) = 0 go = 0. A contradigio com fal] = 1 termina a demonstragio. m Corolério 1.8. Todo espago normado de dimensao finita X é Banach (assim, wm subespaco de dimenséo finita num espago normado € fe- chado). Demonstragao. Seréo aproveitadas as notagées utilizadas na demons- tragéo do Teorema 1.7, Como todas as normas so equivalentes, basta considerar ||| - || (veja 0 Exercicio 1.6). Seja & = Dj. afe; uma se- quéncia de Cauchy em (X, [| - |) Como Died - ofl = lke — él, fat 7 vem que, para todo 1 [ely + Illy se 0 < p <1, ou anja a desiguakiade triangular nfo & respeitada. EXPRO{CIO 1.18. Seja ge = (1/n,1/m,--- 1/m0,0,---),eom as n primeiras entradas iguais a 1/n (u(t) = Xonlt)/m sendo xa a fungio caratersica do conjunto A), uma sequéncia em 14(N) (L'(R)). Mostre que fu — 0 (¥ 0) uniformemente, mas no converge ex (8%) (L'(R). Adapte para P(N) (L°(R)),

0. Use isto para mostrar a desigualdade de Holder | J vodul < J Wpldu < lvlllelle para v € LE ey € Lf. Bscolhendo ip = vr" /IB!*, mostre entéo que [lly = suPyyy na f v|ds, verifique a desigualdade de Minkowski [Wx + valy < Ibdillp + [Walle €que [lp & uma norma, L? completo pelo teorema de Riesz-Fischer. Adapte para I” Capitulo 2 Compacidade e Completamento em Espagos Normados Neste Capitulo so tratadas duas propriedades sobre espacos normados. A primeira 6 que a bola unitéria fechada em 47 6 compacta se, e somente se, a dimensio de AV’ 6 Gnita (lembre-se que A’ sempre denota um espago normado) A segunda 6 que todo espago normado “pod ser completado” mum espago de Banach. 2.1 Compacidade e Dimensio soguinte lema é a ferramenta chave para se construir sequéncias limitadas, que no possuem subsequéncias convergentes, em espagos NV de dimensio infinita, Embora certamente com a intuigéo prejudicada, pela auséncia explicita de ortogonalidade, uma interpretagio geométrica, de seu enunciado é importante para tornar natural sua. demonstracéo, Lema 2.1 (Lema de Riesz). Sejam X um subespaco vetorial fechado préprio do espago normado (N,|| \). Entéo, para cada 0 0. Assim, para todo d> c existe w € X come < |l(-wl] < ISEC, 22: COMPLETAMENTO DE ESPACOS NORWADOS i 4. O votor € = ((—w)/II¢ wl pertence a N\X e [lf] = 1. Além disso, para todo n € X tem-se 1 [roa @ +1 - ot | = eG le nl Portanto, para 0 < a < 1 dado escolhese d = c/a € segue 0 resultado desejado infyex fn] 2a. Teorema 2.2. A bola fechada B(0;1) em um espaco vetorial normado N € compacta se, ¢ somente se, dimN < co. Demonstragéo, Se dim < oo, sabe-se que B(0; 1) é compacta (veja © Bxercicio 1.7). Se dimA’ nfo é fnita, seré usado o Lema de Riesz para construir uma sequéncia em B(0;1) que néo possui subsequéncia convergente, Seja & € N, |[fil|=1. Pelo Lema de Riesz existe f € N, com Ull=1, € l\éa — &l| > 1/2 (escolhende a = 1/2 no Lema de Riesz) O espaco vetorial Lin({€1,€2}) é fechado, pois é de dimenséo finite. Novamente pelo Lema de Riesz, existe & € NV, com [fall = 1, [fo — Gil] > 1/2 e llés — | > 1/2. Desta forma, constrdi-se uma sequéncia (G)E1, lal = 1, para todo n, e [gj - &ll > 1/2 para todos j # k. Esta sequéncla nao possui subsequéncia convergente e, portanto, a bola unitéria fechada B(0;1) nfo 6 compacts. Exencicio 2.1. O que se pode dizer se B(0;1) for eubstituida por S(0; 1) no Teorema 2.2? EXERCICIO 2.2. Dé exemplos de subespagos de [2(Z), 1°(2) e L1(R) que nao sio fechados. 2.2 Completamento de Espacos Normados Definigio 2.8. Dois espagos métricos (Xd) e (¥, D) sio ditos isomeétri- cos se existe uma isometria x : X — ¥ bijetora (Iembre que « é uma isometria se D(x(€),(n)) = d(€,7), pars quaisquer &,1) € X,e que toda isometria é injetora), EXERC{cto 2.3, Mostre que um espago métrico isométrico a um espago miétrico completo também & completo. 12 [CAP. 2: COMPACIDADE E COMPLETAMENTO Definigdo 2.4. Dois espagos noumados Ne No so isomorfos se existe uma isometria linear bijetora x : Ni + Nj (ou seja, «(af +n) = an(6) + k(n), para todo £,n € Nia € Fe wé sobrejetora). A aplicagio « é chamada de isomorfismo entre esses espagos normados. § ‘Teorema 2.5. Se (X,d) € um espago métrico, entio ele € isométrico a ‘um subconjunto denso de um espaco métrico completo (X,d); tal X é chamado de completamento de X. Além disso, quaisquer dois comple- tamentos de X séo isométricos. Demonstragio. Seré construido o completamento de forma similar & construgéo de Cantor dos niimeros reais; cada ntimero real pode ser identificado com as sequéncias de Cauchy, de ntimeros reais ou apenas racionais, que convergem ale. Nao sero apresentados todos os detalhes técnicos da demonstragéo, pois embora ela envolva varios passos, cada uum deles ¢ simples. Seja X 0 conjunto das classes de equivaléncia de sequéncias de Cau- chy em X, em que duas dessas sequéncias (f) ¢ (£4) so equivalentes se limy.soo (Eq, €j,) = 0. Usando a desigualdade triangular segue que esta relagéo realmente define classes de equivaléncia e, ainda, que se &,} ¢ X, cento o limite lim a(t) existe © ndo depende dos representantes (En); (rin) de € © 7, respecti- vamente) utilizados, e detine uma métrica em X. Para se concluir que © limite existe, considere d(En, 1) S U(En,m) + d(Ems Mm) + Ams Mn)s implicando em. ld(Eas 1h) ~ (Gras Mh)! S (Ens &m) + (thas Mr) e sendo (E,), (Ms) sequéncias de Cauchy conctui-se que (d(Eu,"))a & Cauchy em R, e portanto convergente. A independéncia dos represen- tantes mostra-se de forma similer. Defina x : X + x(X) CX, de forma que (€,€,¢,-+-) é um represen- tante de (é); entdo « é uma isometria cuja imagem é densa em (X, d) De fato, se (q) 6 um representante de € € X, entdo dado ¢ > 0 tem-se dé, (Em) = littn-o0 d(Eq,€m) < € para m suficientemente grande, j4 que (£,.) 6 Cauchy; disto segue « densidade. Utilizando esta isometria, a densidade e novamente a desigualdade triangular, mostra-se que (X,d) € completo. De fato, se (G.) CX é [SEC. 22: COMPLETAMENTO DE ESPACOS NORMADOS 13 uma sequéncia de Cauchy, para cada n escotha ty € X de forma que (En, (Mn) < 1/n; assim, (Mn), (Tm) S Ad((rn)s Sn) + A Ens $m) + AEs (Em) 1 ze 1 < gt tends to, mostrando que (1(n,)) € Cauchy e, por isometria, (7,) 6 Cauchy em X e, logo, representa algum ij € X. Usando a desigualdade triangular segue que d(n,7) < d(Ens 6(tn))+ dst), 79) < 1/ n+ litt soo dns tim) mostrando que, para n— co, (&) converge a ff; assim X é completo. Se existe outra isomettia sobrejetora » : (X,d) + (W,D), com W denso no espago métrico completo (Z,D), entio a composicio 10 n°): 5(X) — W 6 uma isometria bijetora, a qual tem extensio tinica para uma isometria entre os fechos desses espagos, ou seja, entre (X,d) e (Z,D); portanto quaisquer dois completamentos de (X,d) sao iso- métricos. Frequentemente identifica-se o espago métrico X com 1(X) ou K(X). om Exercicto 2.4. Preencha os detalhes da demonstracio do ‘Teorema 2.5. Exercicto 2.5. Qual o completamento de um espago com a métrica discreta? B dos nimeros racionsis com a métrica usual? préximo resultado mostra que a construgdo realizada para o com- pletamento de um espaco métrico pode ser transiadada a espagos nor- mados mantendo a estrutura linear. Teorema 2.6. Se (N,|l-||) € um espago normado, entdo ele é isomorfo a ‘um subespago denso de um espaco de Banach (B, |l - ||); tal B é chamado de completamento de N’. Além disso, quaisquer dois completamentos de N’ sio isomorfos. Demonstragéo. Serio utilizadas as notagées introduzidas no Teo- rema 2.5 © em sua demonstragéc. Basta mostrar que, neste caso, (X,d) um espago vetorial com d gerado por una norma compativel com «(V). A estrutura linear em X é definida naturalmente pela classe de equiva- lencia de soma pontual de representantes das parcelas envolvidas, assim definindo ¢ = € +, e 0 produto por escalar af pela classe de equivalén- cia da qual (agn) & um representante ((,) sendo um representante de 14 [CAP. 2: COMPACIDADE & COMPLETAMENTO 8), Agora, a isometria « induz uma norma, [] em «(M) com [x(€)] = (If e, novamente por ser isometria, a métrica correspondente é a restrigio de da n(N). Estende-se esta norma a X definindo-se {I|é|l| = 4(0,€), de forma que (X,d) é um espaco normado; como também é completo, & um espago de Banach. my EXERCicIO 2.6. Preencha os detalhes dz demonstragio do Teorema 2.6; em particular, mostre que jf [| é uma norma. Osservagio 2.7. Hi ainda um anélogo desses completamentos para espagos com produto interno (veja o Teorema 17.15). Outra demons- tragdo do Teorema 2.6 ser proposta quando forem discutidos detalhes dos espagos duais de espagos normados; veja 0 Exercicio 12.6. OnservagAo 2.8. Em geral, diferentes normas num espago vetorial po- dem levar a diferentes completamentos; por exemplo, se no espaco ve- torial das sequéncias em F com apenas um mtimero finito de entradas néo-nulas for considerada cada norma | -llp,1 < p < 00, entio 0 com- pletamento é isomorfo ao correspondente (P(N). Notas AA idéia de completamento de espagos métricos é muito importante; varias ope- ragGes e conceitos #6 tomam uma forma satisfatéria apds algum tipo de extensio ou completamento, Por exemplo, a integral de Lebesgue pode ser definida via extensio da integral de Riomann a certo completamento do eapsgo daa fungSea continuas; com. 's transformada de Fourier ocorre algo similar sendo L*(R) seu espaco natural. E fundamental em Anélise Matemética, particularmente para a teoria de equagées ¢ operadores diferenciais, que hi subespacos de fungGes reais infinitamente diferencis veis cujos completamentos (com topologias adequadas) resultam em L?(R). Embora 0 completamento de espagos normados possa ser demonstrado de forma clogante usando espagos duais (veja o Exercicic 12.6), a demonstragio aqui discutida traa uma construgio transparente @ intuitive; por isso foi inclusa, ‘Note ainda outra caracteristica particular de espagos notmados de dimensio infi- nita: pode haver dois subespagos vetoriais denms cuja interseego 6 apenas o zero, de ‘maneira que a soma de operadores definidos ers cada um desses subespacos est, em ‘principio, definida apenas no zero! Por exemplo, tome em L*(R) o espago de Schwara (fangées infinitamente diferencidveis deesindo rapidamente no infinita) © o espago das, FungGes simples. ‘O importante Lema de Riese 2.1 foi publicado por F. Riesz em 1918, num trabalho ceujo principal tema eram os operadores comoactos em espagos de Banach e seus spectros; veja também as Notas nos Capitulos 24 e 30. [SEC. 22: COMPLETAMENTO DE ESPACOS NORNADOS: 15 Exercicios Adicionais Exsncicto 2.7. Mostre que em NV de dimensic infinita, qualquer subconjunto que contém um aberto (no-vazio) no 6 compacto. Conclua que espacos normados de dimensio infinita ndo possuem subconjuntos localmente compactos. Exencicio 2.8. Uma sequéncia (fx): aum espago normado AV é absolutamente somavel se S~°.,||fnl| < o0. Mostre que A’ é um espaco de Banach se, e somente se, toda sequascia absolutamente somvel¢somavel (se, 2 Gx converge) em NV. ExeRcicio 2.9. Sejam y:.Ni — Ns uniformemente continua e 1; Ns 08 completa- rmentos de Ni_¢ Na, respectivamente. Mostre que a aplicagio possul uma tnica extensio 1.7, a uniformemente continua (svidentemente cada espago normado est sendo identificado com um subespago denso em seu completamento). Exeacicio 2.10. Construa uma sequéncia de fungées tn : [0,1] + R de forma 4que valle = 1, «qual converge & nero em L7(,] para todo 1 <'p- N. Definigio 3.2. Um espago métrico ¢ separdvel se existe um subconjunto contavel denso nesse espago. Exemplo 3.3. Um espaco com a métrica discretia é separdvel se, ¢ somente se, é contavel. « Proposigao 3.4. a) Todo espago normade N que possui uma base de Schauder é separdvel. }) Um espaco normado N € separdvel se, e somente se, existe um subconjunto contdvel total linearmente independente em N. Demonstracao. a) Se (En) € uma. base de Schauder, entdo 0 conjunto das combinagées lineares da forma ri ++++-+Ta€m, com ry um mimero racional para todo j, é contdvel e denso em NV’. Portanto NV é separdvel. 4) Um argumento similar ac usado na demonstragao do item a) mos- tra que se existe um subconjunto contével {€,} total em A, entiio esse espago normado é separével, pois o conjunto das combinag6es lineares mii +++ + Tag, Com rj racionais, é contével e denso em NV. ‘Supondo agora que WV é separdvel, seja (€,)%2) uma sequéncia densa em N. Defina a sequéncia total (n,) pela seguinte indugéo: m 6 0 primeiro elemento nao-nulo de (€,)%24; escolhidos (mu)_1, nj41 6 © primeiro elemento de (En)$2.j41 de modo que (7n)/,*} seja linearmente independente (se esse elemento nao existir a sequéncia termina). Por construgéo, (,)22,1 € 0 conjunto (n)22-1 geram o mesmo espago vetorial, e esta tiltima é contével e linearmente independente, ‘Todo espago normado que possui uma base de Schauder é separdvels, contudo, numa construcio elaborada, P. Enflo apresentou um exemplo de espago de Banach separével que nfo possui base de Schauder; veja as, Notas, Muitas aplicagdes e resultados requerem que o espago normado em questo seja separdvel. A presenga de um conjunto contével denso pode simplificar consideravelmente algumas demonstragdes. ExeRcicto 3.1. Mostre que un subconjunto E de um espago normado 6 separével <=> Lin(E) é separdvel. Exemplo 3.5, Pela densidade dos mimeros racionais.em R, segue que também F” 6 separdvel. Outra forma de se verificar isto é observar que 1a base candnica de F" & uma base de Schauder. « 18 CAP, 3: ESPAGOS SEPARAVEIS Exemplo 3.6. [?(N) é sopardvel para 1 < p < co, pois sua base candni- ca (ou usual) en = (ng)$21 (6 de Kronecker) é uma base de Schauder, ‘Aqui também pode-se usar a densidade Jos racionais nos reais, de forma, que a familia dos elementos de /?(N) com entradas apenas racionais é enumervel e denso em [?(N). # Exemplo 3.7. |*°(N) nao é separdvel. De fato, dada €" = (EF) uma soquéncia em [°°(N), defina o vetor £ = (E492, cujas entradas so & = 0 se [el] > Le & = G +1 90 [ef] < 1; assim, [Ellen < 20 IE — loo 21 para todo n, Portanto, néo existe sequéncia densa em [°°(N). Por que {en}, como acima, nio 6 base de Schauder de ["°(N)? « ExeAcicto 3.2. Mostre que IP(J), 1

LR(), (Mev SUH), PETE, 6 urn operador linear para qualquer 1 < p< co. Note que (Mgi)) € L2, para eLz. « 20 ICAP. 3: ESPAGOS SEPARAVEIS Exemplo 3.12. Sejam X e ¥ espagos métricos compactos eu: ¥ +X continua, Entéo Ty, : C(X) > C(Y), (Ta¥)(y) = Y(u(y)), 6 um operador linear. ¢ Exercicio 3.6. Seja T : dom TC X — Y um operador linear. Verifi- que os seguintes itens: a) A imagem de T, img T:=T(dom T) ¢ Y, € 0 nticleo de T, N(T):= {€ € dom T': Té = 0}, sto subespagos vetoriais. b) Se dim(dom T) = n < 00, ento dim(img T) < n. c) O operador inverso de T, T+: img T — dom T, existe se, e somente se, TE = 0 + € = 06, existindo, é um operador linear. d) Se T, S sio operadores lineares invertiveis, entdo (T'S)~! = S-\T-* (supondo, logicamente, que és operagdes tém sentido). Uina rica teoria é obtida quando se fundem os operadores lineares com a topologia natural gerade por normas. O préximo resultado é um. exemplo disto, pois mostra que se um operador linear & cont{nuo em falgum ponto de seu dominio, entéo ele 6 uniformemente contfnuo em todo dominio, Teorema 3.13. Seja T : Ni — Ng um operador linear entre espacos normados. Entdo as seguintes proposigdes sao equivalentes: (3) supygyer IVE < co; 0M Sef, @ imagem da bola undtdria é limitada (ii) Existe 0 > 0 de modo que \\T§|| < Clif], para todo € € Ni, (iti) T é uniformemente continuo. (iv) T é continuo. (v) T € conténuo em zero. Demonstragio. (i) (ii) Soja. C = supyeycr ITEl- Se 0 # € € Ni, entio ATE/leI)|l SC, on seja, [Ell < CIE, VE EMA. (ii) (iii) Se En € Ni, ento ||TE — Trl] = T(E -n) I] < Cllé - all. (iti)=> (wv) e (iv)=> (v) sao dbvios. (v= (i) Como T é continuo em zero existe 6 > 0 em que ||T€—TOl] = TEL <1 se IE — 0] = lll < 4. Assim, se |[€|| <1, verm que I]5E|| <5 \IT(6E)|| < 1s portanto, ||TE| < 1/4, (i) vale. | | | | ISEC. 32: OPERADORES LINEARES 2L Definigdo 3.14. Um operador linear continuo é também chamado de limitado, e 0 conjunto dos operadores limitados de NV; em N seré deno- tado por B(Ni,N2). Serd também usada a notagio B(M) como abre- viagdo de BU, V) (note o uso distinto do termo linear limitado compa- ado ao uso em aplicacdo limitada em geral, ou seja, em que a imagem 6 limitada; neste tltimo sentido toda aplicagio linear (nio-nula) nao é limitada, verifique!. Exemplo 3.15. O operador T,, do Exemplo 3.12 é continuo, pois para todo y € O(X) tem-se IZvvlloo = sup [4(u(t))| < sup [¥(4)| = [lvlloos te tex e Ty é limitado pelo Teorema 3..3/ii). « ExeRcicto 3.7. Sejam X e Y espaos vetoriais de dimensio finita e T:X + um operador linear. Escolha bases em X e ¥ e mostre que T pode sor representado por uma matriz, e diseuta como muda a matriz que representa T se outras bases forem consideradas. Discuta o anélogo de tais resultados no caso em que X e/ou ¥ possui/possuem dimensio infinita; qual o papel da base de Schauder nesta. questo? Proposig&o 3.16. Se T': Ni + No é linear e dim}, < 00, entéo T & limitado. Demonstragéo. Considerando em Nj a norma |llé\l| = {\é||1 + ITEll2, segue que existe C > 0 de forma que [él < Cilélj: para todo ¢ € Mi, pois estas normas sio equivalentes (Teorema 1.7). Assim, ||Télj2 < WEI < Cligh eT élimitado. om Exemplo 3.17. Seja T : {(En) € P(N) : Dp |n°alP < cof > P(N), com 1 < p < 00, T(Eq) = (n%q); este operador linear, mas nao 6 continuo, pois se {en}z21 € a base candnica de J°(N), entio en/n — 0, enquanto Te, nio converge @ zero, Um outro argumento: T' nio 6 limitado pois |len||p = 1e ||Ten|ly . Exemplo 3.18. [Shifts] O operador deslocamento, ou shift, & direita (cesp. esquerda) em I*(Z), 1 < p < 00, é definido por Sq : 1?(Z) + P(Z) (resp. Se). 7 = Saf (resp. 1 = Sef), com nj = &-1 (resp. mj = E+), J € Z. Note que o operador shift em 1?(Z) 6 uma isometria bijetora 22 ICAP. 3: ESPACOS SEPARAVEIS e, portanto, limitado. Definem-se também os shifts em [?(N) de forma, andloga, mas se 1) = Su€ define-se m = 0; estes também so limitados, mas Sq em [?(N) néo é sobrejetor, embora seja isométrico, « EXERCicTO 3.8. Use bases de Hamel (veja as Notas para comentério sobre a existéncia dessas bases) para mostrar que se todo operador linear T:N ~N for continuo, entéo dimN < co. Notas ‘Todo espaco vetorial admite uma base de Hamel (veja a Proposigéo 10.9); de- ‘monstra-se isto com o auailia do Lema de Zorn, o qual seré discutido em Capitulos sobre 0 Teorema de Habn-Banach. Em 1973 Per Bniflo (Acta Math. 180, 309-317) ‘apresentou um exemplo de espago de Banach separdvel que nio possui base de Schau der; voja também os trabalhos de A. M. Davie, Bull. London Math. Soe. 5, (1973) 261-266 e J. Apprex. Theory 18, (1975) 392-394, para simplificagées téenicas,e P. R. Halmos, Amer. Math Monthly 85, (1978) 256-257 em que o problema & destacado, Nas Notas do Capitulo 25 aparecem outros detalhes sobre a construgio de Eno. ‘As condigées para que LPN) seja separsvel dependem tanto de propriedades de © quanto de medida yi; por exemplo, basta que j seja o-finita © tenha base contével. (Os operadores lineares tm sido amplaments estudados, pois além de uma teoria bastante desenvolvida, sio importantes em apicagdes a diversas éroas da ciéncia, Para citar apenas alguns exemplos: oscilagées, difusio, Teoria Ergédica, Mecinica ‘Quéntica, Eletromagnetismo, estudos de bifureagées, ete, Uma das téenicas mais utilzadas em Andlise e aplicagies é 8 aproximasio de operadores gerais por lineares. ‘Um operador linear & 8 gonoraliaasén ca matris am eapagos da dimensio infnita. Esta idéia surgiu claramente quando Volterra, baseando-se na construgdo da integral to Cileulo, nsou discrotigacdes para encontrar solugées aproximadas de uma equagio integral, » vltando num sistema linear de equagées (Bnito). A solugdo do problema original ~rin abtida no limite de um némero infinito de variéveis, ‘A Algebra Linear foi desenvolvida no sécule XIX na ordem l6gice reversa do que 6 apresentada em textos atualmente, ou soja, sargiu via equagées lineares, determi- ‘nantes, matrizes e, finalmente, espagos vetorias (de dimensdo finita); isto é natural, pois em geral parte-se de um problema particular para a formulagio abstrata futura. Seria esperado que tal desenvolvimento desse indicagSes preciosas sobre os problemas fem Anilise Funcional, contudo, @ prépria Algebra Linear teve pouca infludncia so- bre a ordem em que a Andlise Funcional se desenvolveu, nio otimizando 0 processo, Bntende-se isto a0 se notar que até os primeiros anos do século XX, o8 espagos veto- riais sempre eram associados a alguma base fica e, consequentemente, os operadores Jineares apareciam sempre através de suas representagSes matricials nessas bases, Re- sumindo, a idéia de vetor como uma n-upla foi abandonada relativamente tarde, pelo ‘menos em termos do desenvolvimento da Andlise Funcional abstrata. SEC. 32) OPERADORES LINEARES 23 Exercicios Adicionais EXERCicIo 3.9. Seja A um subconjunto linearmente independente do espago ve- torial X. Mosire que A é uma base de Hamel de X se, e somente se, para todo vetor § € X existe n € N de modo que € pode ser escrito na forma € = D7. a6, com € € Aas EF, 15 j Na ser continuo basta satisfazer S(€ +n) = S(€) + S(n), Vé.7 €.Ni, e ser continuo em algum ponto de Aj, EXERCicIo 3.16. Seja Py o espaco normado dos pelindmios p: [1,1] + R de gran menor ou igual a N, com a norma da convergéncia uniforme |-lo- Seia D : Py —> Pw © operador derivada (Dp)(t) = p(t). Mostre que D é limitado. Escolha uma base de Py e encontre a matriz que representa D (considerando a fangso nula um pelinémio). Exencicio 3.17. Sejam X e ¥ espagos vetoriais de dimensio finita, Se § € X 6 tal que TE =0 para todo operador linear T : X —+ Y,, pade-se concluir que € = 0? Note que esta questio é equivalente a: dados €,7 € X, € 4 9, existe TX —¥ linear com TEATH Exsrcicio 3.18. Sejam X e ¥ espacos métricos compactos, u : ¥ —+ Xuma aplicagio continua, e considere © operador linear limitado Ty : O(X) > C(¥), (Lav) = W(uly)} (veja o Exemplo 3.15). Mostre que: (2) Ty € uma isometria so, ¢ somente se, v é sobrejetora, (b) Ta é sobrejetor se, e somente se, w € injetora, Capitulo 4 Operadores Limitados e Espaco Dual Neste Capitulo introduz-se uma norma em B(N;,.N2), apresentam-se alguns ‘exemplos, e ¢ definido o espago dual de um espago normnado, Comenta-se ‘0 que é sim esparo reflexivo, embora a definigo precisa aparega somente no Capitulo 12. Note que B(N1,N2) 6 um espago vetorial com operagies pontuais, € decorre que \/Pils= sup [TEI fon, test é uma norma em B(Nj,.N2). De fato, se T € BIN, No), entao ||T) se, e somente se, TE = 0, pars todo £ € Nj, ou seja, T = 0; a propriedade \JaT'| = |a|||T| é imediata; se S € B(N;,N2), entdio P+ SI] = sup TE + SE] < sup (IITEl] + SEI) < ITI + ISI els els Se néo for fornecida explicitamente uma topologia em B(Ni,.Na), 6 su- posto que se trata da topologia induzida por esta norma. EXERcicto 4.1. a) Se T € B(M,,N), verifique que Tél IT = int {C > 0: |ITS|] < Cell} = sup ITEl| = sup “St ITH = nf ( liZsi| < Ciel wet ll see Te 25 b) Se T e S sao operadores lineares limitados e T'S (a composicéo, mas geralmente chamada de produto de operadores) est definida, mostre que TS é limitado e |TS|| < [IT |S]. Portanto, se T” (n-ésimo iterado de T) ests definido, entio ||T"I] < IT" Exemplo 4.1. O operador nulo 0 tinico operador cuje norma é zero, © para o operador identidade ter-se |/1||=1 (supondo que N'#{0}). € Exemplo 4.2. Sejam dom D o espaco vetorial dos polinémios em C[0, 1) © D: dom D — C(0, 1] o operader derivada (Dp)(t) = p(t), p € dom D. Este operador linear no é limitado, pois denotando por p,(t) = 1, para todo n > 1, vem que (Dpn)(t) = nt}, |Ipnlloo = 1, enquanto [Dall =n. © Exemplo 4.3. 0 operador Mg, com $ € L2°() (veja o Exemplo 3.11) 6 limitado em LE(Q),1

[9(¢)| > 8 para todo t € A. Assim, xa, a fungdo caracteristica de A, pertence alfa) e Moxallp = [ior rcatrante = lial. seguindo que ||.Mgl| > 8 e, portento, || Mg|| = [[dlloo. = Exemplo 4.4, Seja K : (9, A, ) x (Q,A,u) + F mensurdvel (espaco @-finito) e suponha que exista C > 0 com [isCenldute) L9(0,1), as fungées Yn(é nao é limitado. sen(nat) e conclua que D EXERCfcIO 4.4. Mostre que o operaior detivada D : O™[a, b] > niio é limitado para qualquer norma em C™(a,b} © préximo resultado responde, de forma simples, uma questo im- portante. Sob quais condigdes B(N;, Na) é um espago de Banach? (Veja também a Proposigao 12.6.) 27 Teorema 4.5. Se N’ é um espago normado eB um espaco de Banach, entéo BWV, B) é Banach. Demonstragio. Soja (Tn)%1 uma sequincia de Cauchy em B(N’, B). Como para cada € € NV’ tom-se |Tn€ - Tal < [Zn — Tel fl, segue que (Inf) 6 Cauchy em B e converge a € B. Defina T : N+ B por TE =n, © qual é claramente linear. Ser4 mostrado que este operador é limitado eT, T em BIN, B) Dado ¢ > 0 existe N(c) de maneirs que, se n,k > N(¢), entiéo Tn — Tel] <¢. Pela continuidade da norma segue que [Zug - TE] = Jim |!Tné—- Tell < ellgll, 2 2 N(C), © (Tn ~T) € BIN, B) com ||T, ~T\| <=, Como BWW,B) é um espaco vetorial, eT = T, + (T —Tp), segue que T € B(N,B). A desigual- dade ||T, ~Tl| < ¢ para todo n > N(e) mostra que T, + T em BW, B) ©, portanto, BIW, B) é completo. Exsrcicio 4.5. Suponha que Ty + T em B(N) ef, em N. Mostre que TrEm — TE. EXERCICIO 4.6. Seja T € B(B). Mostre que, para todo t € F, 0 opera- dor e' definido pela série pertence a B(B) e jje""|| < ell Exercfcto 4.7. Seja T € B(B), com ||T| < 1. Mostre que o operador definido pela série $ = DP9T? pertence a B(B) e que § = (1~T)-!, Funges uniformemente continuas em espagos métricos podem ser estendidas continuamente ao fecho de seu dominio; no caso de opera- dores lineares ha um resultado anélogo, 0 que é uma consequéncia da ‘continuidade uniforme dos operadores limitados (Teorema 3.13) Definic&o 4.6. Sejam f : X + Ze g:¥ + Z aplicagées entre conjun- tos. f 6 uma extensao de g, on g é uma restrigdo de f, se ¥ CX e para todo t € Y tem-se f(t) = g(t). Denota-se fly = 9. 28 CAP. &: OPERADORES LIMITADOS € ESPACO DUAL ‘Teorema 4.7. Seja T : domT CN — B, com dom T denso em N, ‘um operador linear timitado. Entéo T possui uma tinica extensio T € BU, B). Além disso |\T\| = II). Demonstragéo. Sejam € € Ne &, + & com (fq) C dom T. Como (TEn—TE ml] $ TINE vem que (TS) é uma sequéncia de Cauchy ‘em B, logo convergente. Defina n=TE = lim Ten Deve-se mostrar que T est4 bem-definido e que |\T\| = ||Ti|- Se &, — &, (€) ¢ dom 7, entio 2 sequincia &,£{s62,€5)-- > € e, pelo mesmo argumento usado acima, T&1,T¢1,T€2,T&,--+ , converge a 1. Como (Eq) 6 subsequéncia dessa tltima, tem-se que = 1r/,eT : N — B est& bem-definido. T'é evidentemente linear ¢ uma extensio de T, pois se £ € dom T considere a sequéncia:constante €,£,£,---, e TE = limT TE. . ‘Agora, para € €N,, usando a continuidade da norma, WPell = Link WEN < Lim |THNGell = TINE, de forma que |[T'| < Tl. Por outro lado, r= sup, IPEl < sup WTeN = I ee Portanto, |i] = |[T||. Suponha que S € B(NV,B) é uma extensiio de T e seja € € NV; entao para toda sequéncia (&,) C dom T, f, — &, tem- se Té = Sé e, por contimidade, TE = SE. Portanto S$ ="Tea extenséo é nica. EXERcicto 4.8. Seja T € B(N,B). Mostre que T possui uma ‘nica extensio T € BIW, B), sendo A 0 completamento de N, ¢ ||P] = || (veja também o Exercicio 2.9). Definigio 4.8. Se A’ é um espago normado, ento 0 espago de Banach BON, F) seré denotado por .V* e chamado de espago dual (ou espago ‘conjugado) de NV, Cada elemento de V* é chamado de funcional linear continuo em N (Por que A" é completo?). 29 Exemplo 4.9. A integral sobre Cla, bj é um elemento do dual de C{a, 6), Jd que b+ JOy(t) dé é linear e continuo. De fato, toda medida (com- plexa) boreliana finita x em (a, ] define um elemento do dual de Cla, b) através da intogral yn» Jo W(e)ath: | vlad] F, fv) = ¥(0) Fscolha uma fungio # € C[-1,1] com #(—1) = (1) = Oe H(0) # Para cada n > 2, defina y(t) = (nt) se |t] < 1/n, e igual a zero de outra forma, Note que [lYnll1 =f", [alt)| dt = ljplli/n, 0 qual converge 8 ero para n — co. Contudo, f(a) = (0) # 0 para todo n, e f nia é continuo, ¢ Exemplo 4.11. Este exemplo é interessante pela simplicidade. A norma, ‘em MV’ é um funcional nfo-linear, « Exemplo 4.12. Sejam 1 < p < oo ¢ I/p+1/q = 1. Cada ¢ € LA() define um elemento do dual de Lf(2), pois pela desigualdade de Hélder 0 produto dy € Li(®), para toco € Lf), e a aplicagio ves f ood é linear e limitada com norma < ||}\|q (novamente por Hilder). As- sim, L}(Q) ¢ LE()*. Encontra-se em livros de Teoria de Integragio a demonstragao de que LE ()* = U2(0), para 1 < p < oo e, se a medida 4 6 o-finita, também vale 11(9)* = Lg(M). © OsERVAGKO 4.13. O dual dos espagos /” seré discutido no Capftulo 13. Note que, para

F o funcional linear continuo f(y) = (0), para y € C{=1,1] (verifique que |[fl] = 1), ¢ F : L”[-1,1] —+ F uma extensio de f linear continua (tal extensio existe; veja o Capftulo 10, em particular 9 Corolério 10.15). Suponha que exista uma fungio $ € L'[-1,1] de modo que F() = J’, dv dt, para toda v € L®[-1, 1}; a sequéncia de fangSes continuns ¥n(t) =e"! satistaa [Wallac = 1s F(¢n) = FCW) 1, mas F(n) = J) dyn dt converge a zero (por convergéncia, domi- nada). Portanto, nao existe uma fungéo ¢ € L[-1,1] representando F €L®[-1,1]*. Conclui-se que L' em geral nao é reflexive. « Exemplo 4.15. Este exemplo € importante e geral, e certamente de- vido a tais adjetivos, de demonstragiio longa; assim, serio apresentadas referéncias para, sua demonstracéo nas Notas, TEOREMA DE Rins%-MARKOV Sejam X um espago topoldgico com pacto de Hausdorff e M(X) 0 conjunto das medidas complexas boreli- anas (finitas) sobre X com a norma |i) = |y\(X), # € M(X). Entio, C(X)* = M(X); mais especificamente, a aplicagéo M(X) + C(X)*, A G, com G00) = fn Ww € C(X), 6 uma isometria linear sobrejetora. Destaca-se que a qualquer elemento positive f € C(X)* (positivo significa que se y > 0, entéo f(¥) > 0) estd associado uma tinica medida positiva boreliana finita jr sobre X. Exercicto 4.9. Mostre que se f € C[a,b]* e f(é") = 0 para todo inteiro n > 0, entéo f = 0. O que dizer se a medida boreliana finita y em (a, satisfaz f (dy(4) = 0, para todo n > 0? conceito de dual tornou-se uma ferramenta importante na teoria de Equagées Diferenciais Parciais, Teoria Ergédica e em vérios ramos da Fisica-Matemética, e seré explorado com mais detalhes em Capitulos posteriores. Notas © conceito de dualidade em espacos vetor.ais surgiu apenas por volta de 1900, ‘mesmo assim para espagos de dimensio finita e, como ji observado anteriormente, ssurgia compre associado @ n-uplas de miimeros. Hd 0 concvito de dual algébrico de ‘um espago vetorial X, denotando o conjunto dos funcionais lineares sobre X (sem topologia), Contudo, em espacos normados de dimensio infinita pode-se construir 31 exemplos de funcionsisIneates,ndo-nulos, qu se aaulsm suum subconjunto dens; 8 exigéncla da continuidade exci tais patologins Os dois dusis coincidem se, © Somente se, dimensso do espage notmado for ina (vejao Exeretco 423), ‘A igualdade entre espagos normiados deve sempre ser interpretada como iden- ticagdo vin isomorfamo {aplcagio Hiner iaométrcn), por exomlo, em La, 6)" ‘L*(a, 5] (para p,q # 1); esta relacéo foi demonstrada por F. Riese por volta de 1910, generalizando seus préprios resultados j4 obtidos para !?(N) e Cla, |; foi o primeiro fexemplo de espagosceflexivendistintos de anus duis. Contd, Riese nfo ava ex: Plicitamente oconcsito de espago dual, qual fo ntrodurido formalmente por Hahn, por volta de 1925. O fato de que L'(a,8]* = L*(a, 6] foi demonstrado por H. Steinhans fn 1910; para a carateriagéo de L(A)" no caso gera, veja o trabalho original J. Schwartz, Proc. Amer. Math, Soe. 2, (1951) 270-215. A caracteringio de L3(0)", com elementos representados por integrals em rela & medidas fnitamenteadtivas, pode ser encontrada no §20 de & Hewitt e K. Stombers, Real and Abstract Analy. sis, GTM 25, Springer Verlag, Nova Toraue, 1975; outrarepresentacio esse espago ode ser btida a partir da Proposigao 1.11 se for possivel encontrar 0 C(X) que Ii parece; notando-se que L* 6 uma C'-Algebra comutativa com identiade, podese contrat C(X) via tranformada de Gelfand [Rudin (1973) © 0 importante Teo- rema de Gelfand-Naimark, e entdo usar Riesz Mentor. Para uma earactrizagio do segundo dual de C(X), ou seja, M/(X)*, veja [Conway (1985)], pégina 79. ‘Todo espago de Hilbert é reflexvo, como demenstrado n0 Capitulo 19. 16 algumas varintes do enunciado do Teorema de Riese-Marlo aq apreson- tado; por exemplo, pode-se adaptélo para espages topotigicos X localmente com: pactos. Para a demonstragio veja A. A. Castro Jt, Curso de Teoria da Medids, Rio de Janeiro, Projeto Bucldes-CNPa, 200, ou H. L, Royden, Real Analysis, Londres, Macmillan Company, 1968. No caso particular de Cla," (como j& comentado, 0 caso originalmente tratado por F,Riesa)hi-demonstragios espectcas, por exemplo mn (Kreyseig (1978) Exercicios Adicionais EXERCICIO 4.10. Mostre que se T € B(Ni,N2) seu micleo N(T) é um subespago vetoril fechado, Verifique que $: I'(N) —, (SE)n = f/m 6 limitado mas img $ no 6 fechado, e que seu operador inverso S~! : img § + 1!(M) existe e nio é limitado. EXeRcfcto 4.11. Soja f um funcional linear sobre N. 1) Mostre que f € A se, © somente se, existe C' > 0 com [f(€)| < C para todo em alguma bola B(y;r). Generalize para operadores lineares entre espacos normados. 1) Mestre que / € N20, ¢ somente se, N(f) &fechado (embora posse parecer, no 6 trivial). Isto pode ni valer para operadores lineres; veja 0 Bzerecio 9.12. EXERC{CIO 4.12. Discuta se 0 micleo do functonal f : (2(N), [|= leo) —+ Fs definido por f(Eis€a,--+) = D2 & fechado, 32 [CAP 4: OPERADORES LIMITADOS E ESPACO DUAL Exenoicto 418. Se §,7° ¢ B(B), com T invertivel em B(B),¢ I — Si] < 1/2, adapte o Bxercicio 4.7 para mostrar que $ 6 invertvel. Conciaa que 0 conjunto dos operadores invertiveis em BB) ¢ aberto. PxeRcicio 4.14. Se T € B(G), we sires pora defnir op operadores son T e cos T™ em BB) Exrcicto 4.15. Complete a dersonstragio no Exemplo 43 para o caso p Bxencicio 4.16. Mostre que 0 operador I defnido por (Iy)(t) = fW(s) ds, ¥ Cia, }, pertence a B(Cia,f)- Mostee também que este operador no possul autovalo- reo, on Seja, que nfo exister 1 Fe 0 # 1 € Cle,b] de forme que 1) = Exencicio 4.17. Seja T: Ni ~+ Na um operador linear (imitado ou no). Mostre que se o seu opetador inverso T— exita e pertence & B(s,.Vi), entio existe C > D de forma que [él S CTEI| para todo € € Ni Exencfoto 418. Pora cada a € R consdere o funcional em C{-1,1] dado por sole) = [0 +090, Mostre que f, & um elemento do dual de C{-1, 1] e que [fell = 2+ lal. Exencicio 4.19. Seja A = (9 € C[0,1] : 0) = 0}. Moctre que AV é completo, analis para quals valores de r >-C0 funcional linear pen f° pertence a Ae caleule sua norma nesnes casos, Exzrcfoto 4.20. Seja X um subespago vetorial fechado proprio de W. Se para T © BW) tense que (1~T)N’ CX, mostre que para cada 0 (1) < 0, e existe ty € (0,1) com (ty) = 0, ou seja, (ty) = ty fica demonstrado que yp ‘possui um ponto fixo. Exercicto 5.1. Encontre os pontos fixos das aplicagdes $ : R +, (1) = BeT: C*(R) —, (TH(t) = v(t). Bd ICAP. 5: PONTO FIXO DE BANACH Exemplo 5.2. A busca de solugies difsrencisveis em (to — @,to + a] (a > 0) da equagio diferencial em R, y(t) = F(t,¥(#)), com a condigao inicial (tp) = Yo, sendo F consinuamente diferencidvel numa. vizinhanca de (to, ¥o), se teduz, via o Teocema Fundamental do Célculo, a encontrar todos os pontos fixos do seguinte operador ® : Cte ~ a, total (®0)(t) = vo +f F(s,W(s)) ds, + € [to —a,t9 +a). Isto seré discutido mais adiante. © Dada uma aplicagéo A de um espaco métrico (X,d) nele mesmo, uma tentativa para se obter pontos fixos é partir de um ponto qualquer & € X e aplicar A, sucessivamente, obtendo-se € = A(Ea), 2 = A(&.), “+s &x = AlGn-1) ¢, tomar o limite n — 00. Se easa sequéncia Ey converge a algumn Ce A é contfnua, entfio realmente obtém-se um ponto fixo, pois C= im & stim, AGx-1) = A(Jim &-2) = A()- Esta idéia é chamada de método das aproximagdes sucessivas. No caso de espagos métricos completos, uma condigfo que garante a convergéncia, desses iterados aparece na Definigao 5.3. Sejam (X,d) e (Y, D) espagos métricos. Uma aplicacio A: X — Y 6 uma contragéo se existe uma constante 0 < a < 1 de modo que, para todos §,9 € X, D(A(§), A(n)) < ad(é,n). EXERC{CIO 5.2. Constate que toda contragio entre espagos métricas é uniformemente continua. Exercicio 5.3. Seja ¥ : RR uma fimelo derivavel de forma que, para todo ¢ € R, |y/(t)| < a < 1. Mostre que # é uma contragao. Generalize para aplicagées de R" em R™. ‘Teorema 5.4 (Ponto Fixo de Banach). Seja R um subconjunto fechado do espaco métrico completo (X,d). Se a aplicagéo A: R—+ R é uma contragdo, entéo A possui um, e somente um, ponto fizo em R. Demonstracao. Se 6 e (2 sao pontos fixes de A em R, ento (C1, 62) = HACC), ACG) < ad(Gr, 2), 35 ou seja, (1 — @)d(¢1,¢2) < 0; como a < 1 segue que d(G,Gq) =Oea contragéo A no possui pontos fixos distintos em R. Para mostrar que existe um ponto fixo basta mostrar que, dado € € R, asequéncia (f, = A(E))%2.o (A°(E) = €) € de Cauchy, j4 que toda contrago € continua. Usando indugio obtém-se d(fi,£2) < ad(é, £1), A(E2,&) < ad(&i,é2) < aPd(E,é) ©, de forma geral, d(E,En+1) < afd(é,é1), n EN. Assim, para todos n,m € N AGus8im) S_ alGn,Grsa) + dlGnsts Sosa) +* + dlGotnats€nin) S a®(lLtatatt-- tal) d(€,&) < yaa. Ina Como a” 0 para n —> 00, segue que (Eq) é sequéncia de Cauchy em R, © A possui um ponto fixo na regio fechada R. O préximo resultado é uma consequénca da demonstragio do Teo- rema do Ponto Fixo de Banach. Corolario 5.5. Usando a nolagio do Teorema 5.4, com A: RR ‘uma contragéo, entéo para qualquer € € R a sequéncia (f = A"(£))%.0 converge ao tinico ponto fizo ¢ de Ae com erro (e “velocidade de con- vergéncia”) no n-ésimo iterado estimado por a én. €) S dle fs). Demonstracao, Basta tomar m — oo na expressio (Es 61) om dn btm) <7 e usar a continuidade da métrica. Exemplo 5.6. A aplicagéo 1: R + R, #(:) = 2t, nao é uma contragio em qualquer aberto da reta, mas possui um tinico ponto fixo. ¢ Exemplo 5.7. Permitindo-se @ = 1 néo se tem, em geral, existéncia nem unicidade de pontos fixos. Considere, na reta real, a aplicagio ‘dentidade (com infinitos pontos fixes) e a translagio TE = €+1 (a qual niio possui pontos fixos). « 36 ICAP. 5: PONTO FIXO DE BANACH Exemplo 5.8. A uniformidade na contragio, caracterizada por 0 < a < 1, pode ser essencial para a existéncia de ponto fixo. Isto é bem exemplificado por , @ : (1,00) —, v(t) = t+ 1/t, o() =t +e, que satisfazem [p(t) — ¥(8)| < |t— s|, |#(t) — 4(s}| < |t — s|, para todos 4,8 € (1,00), # #8, mas nfo fossuem pontos fixos. Corolirio 5.9. Sejam R um conjunto fechado do espaco métrico com- pleto (X,d) eA: R— R. Se eviste m € N de maneira que A™: RR # uma contragdo, entéo A possui um, e somente um, ponto fizo em R. Além disso, para todo € € P. a sequéncia (A"(E))2.o converge a esse ponto fizo. Demonstrago. Denote ®:= A™, o qual possi umn tinico ponto fixo € R, pois é uma contragio, Como todo ponto fixo de A é ponto fixo de ®, apenas ¢ pode ser ponto fixo de A em R. Usando que Ae & comutam entre si, vera que ®(A() = A(®(C) = AO, out seja, A(C) 6 um ponto fixo de &; por unicidade A(C) = ¢, 0 ¢ 60 ‘inico ponto fixo de A em R. Dado € R, para mostrar que AY(€) converge a ¢ quando n — 00, sejam M = maxock 0. Se y € C{a, 6], a equacao integral no-linear de Fredholm v= f K(t.s,¥(s)) ds+lt), €€ lab), possui uma tinica solugdo w € Cla, b] se L(b—a) <1. « Demonstragéo. Basta verificar que sob tais condiges o operador . S:Cladl—, (SUK) = f Ks, 8G)) de+ 000, 6 uma contragéo em Cla, b]. Sev, ¢ € Cla,B], para todo a , SE = TE +n tem-se que 1S¢— Soll < TINE - el, para todos €,w € B, o qual é uma contrago cujo tinico ponto fixo ¢ é a solugfio procurada. ¢ 38 ICAP. 5: PONTO FIXO DE BANACH Exercicto 5.6. Mostre que no Exemplo 5.12 tem-se ¢ = S029 Tin Exemplo 5.13. (Teorema de Picard] Dada a fungio F : U — R conté- nua em U = (to ~ byt +8] x Blyoir) C R?, r,b > 0, e satisfazendo a condigao de Lipschitz, FG) - FE nl 0, para (t,€), (ts) €U, denote por M = maxj,gey |F(t,6)]. O Problema de Cauchy a FO =F), Wo) = WER, possui uma soluco tinica diferencidvel y : I + R, sendo o intervalo T= [to a,t0 +a) com 0 0. Se € Clo,X}, define-se a equacio integral nio-linear de Voter Sy = em que (sp) = [ K(ts, wa) as+ 9), t€ [a,6) © Exercicto 5.16, Verifique que, para a'> 0, a aplicagso Y(t) = 40 CAP, 5: PONTO FIXO DE BANACH ‘Use indugdo pars mostrar que pars todo n tense rea" Fee iy dle, e que para n sucientemente grande S$” 6 uma contragéo. Conclua que ess equacio Integral nfo linear de Volterra por une Snicaslugio a Cl,8) KS" - SOLOS Exencfcio 5.12. SejaT € B(B). Se existe n com 7") < 1, mostre que, dado n € B, a equagia € ~ Té = 7 possul uma tinica solugio. Exencfcto 8.13. Mostre que o problema de Cauchy dy/dt = 3y*!, y(0) infinitas solugbes diferenciéveis distintas em qualquer vizinhanca da origem. Exercicto 8.14, Mostre que ¥(t) =e, €€ R, nio é uma contragio, mas y= vow uma contragdo, Use isto pars cancluir que # equagio t + Int ==0 possui uma tiniea solugio real Bxercicto 6.15. Sejam X um espago méteico completo e f :R x X -» X continua; para cada a € R denote por fa: X + X a aplicagéo fa(€) = f(a,€). Suponha aque exista 0 < a < I de forma que f soja uma contragio com constante a (como neste Capitulo) para todo a € RB, e denote por f seu tinico ponto fixe. Mostre que ‘a aplicagio ar G4 & continua, ou seja, que 0 ponto fixe depende continuamente do perdmetro a, , possul +0/i)/,0¢tER, ppossui como pontos fixos -+/a. Em quais regides essa aplicagao é uma coutragao? * Compare com o Exemplo 6.8. Analiso também y(t) = (t-+a/t")/2, «2 0. Exencicto 5.17, Seja ¥: [a8] ~ de classe CP. Ser [a8] € uma rai simples de, -mostre que a sequéncia (tn) obtid do método iterativo de Newton n= ty), OTB Oo, converge a 7 se a condigo iniial tp estiver suficientemente préxima dessa rai Bxencio1o 8.18. Verifique que 7: (0,1/2] 2, (Fw)(®) = #(1-+ 4A) possui um Tinico ponto fixo, Encontre esse ponto fixo dirutamente da equagio resultant e, também, pelo métoda das aprexinagSes sucesivas, Exenoforo 6.19. Sejam (X,d) wm espago métrico compacto © A: X +2 de modo due, para todos 69 € X, € # 9, alAlG),A(y)) < d{G\n). Defina f + X —> RB por J(@) = a(A(@).€). Mostre que f assume um valor mfnimo e que esse valor & zero, Gonelua,entfa, que A poss um tinico ponto fixe. Mostre, também, que para ‘qualquer € € X, a sequéncia (A*@y21 converge a ese ponto fx. ExeRofc1o 6.20, Verifique que Ta : C[0,1] =, (rv) B85 [y(o00(ne/2)¢s, to 6 na contragho se 2/8 < a < 4/(3/3), mas T2 & Conclue que Ts pos wm Galea ponto fz pore ese valve do pardmet 0 Capitulo 6 Teorema de Baire HE diferentes maneiras de se quantificar um conjunto. A primeira delas 6 simplesmente a cardinalidade, e certa propriedade P seria robusta (ou seja, ndio é desprezivel, levando em consideragao esta discussto intuitiva) se vale num conjunto de grande cardinalidade. Mas essa caracterizagSo 6 demasiacemente simples para aplicagées importantes em Anélise Fun- ional; isto ¢ claro ao se considerar, por exemplo, que tanto o conjunto dos mimeros primos, 0 conjunto {10" : n € N}, bem como Z, posse ‘8 mesina cardinalidade, mas hé diferengas sensfveis se uma propriedade de nétaeros inteicos valer (apenas) em cada um desses conjuntos. Uma vantagem da classificagio através de cardinalidade é que ela pode ser utilizada em qualquer conjunto. Restringindo-se somente & conceitos topolégicos, um aberto, ou um conjunto com interior nio-vazio, traz a idéia de algo robusto, bem como a nogo de conjunto denso. A fusio desses dois conceitos seria um con- Junto aberto denso, algo realmente robusto, que excluiria patologias de certa propriedade; o Teorema de Baire diz que em espacos métricos completes, ou topolégicos localmente compactos, a densidade é mantida apés intersecgdes enumerdveis de abertos densos, e uma propriedade que vale num tal conjunto é chamada de genérica, Assim, se Py e P2 sio pro- priedades genéricas, entao o conjunto em que ambas valem é denso; note que a densidade se estende para um conjunto em que valem um niimero contével de propriedades genéricas! Lembre-se que @ intersecgio de dois conjuntos (apenas) densos pode ser vazia. © Teorema de Baire e algumas de suas consequéncias em Andlise Funcional (Principio da Limitagio Uniforme, do Gréfico Fechado, ete.) 42 CAP. 6: TEOREMA DE BAIRE silo os assuntos tratados neste e nos préximos Capitulos. (Hé também a idéia de conjunto robusto via conjuntos de certa medida boreliana total, medida de Lebesgue em subconjuntos de F", mas hé casos em que estas duas nogdes, medida de Lebesgue total e ser genético, no coincidem; veja o Exercicio 6.13.) Definicao 6.1. Um subconjunto de um espaco topolégico X é i.) raro em X se o interior de seu fecho for vazio. i.) _magro (ou de primeira categoria) em X se ele esté contido numa ‘unio contével de conjuntos ratos. ‘ii,) niio-magro (ou de segunda categoria) em X se ele ndo € magro em X. Exemplo 6.2. O conjunto dos racionsis Q é magro em R, pois cada ponto é um conjunto raro em R com a topologia usual. EXERcictO 6.1. Quais os subconjuntos magros num espaco com a mé- trica discreta? Encontre um subconjunto magro e denso em C. EXERCicTO 6.2. Critique a seguinte frase: “Cla, d] é magro em L*(a, 8.” Note que subconjuntos de um conjunto raro sio raros, ¢ a unio de um niimero finito de conjuntos raros também é um conjunto raro. Contudo, um conjunto magro néo € necessariamente raro; veja as equi- valéncias que seguem, bem como a Definigio 6.4 Proposigéo 6.3. Se X é um espago topolégico, entéo as seguintes afirmagées so equivalentes: a) A unido enumerével de conjuntos fechados raros em X & um conjunto com interior vazio, ou sefa, a unido enunerdvel de fechados com interior vazio resulta num. conjunto também com interior vazio. b) A intersecedo enumerdvel de conjuntos abertos densos em X é um conjunto denso em X. ¢) Todo conjunto magro em X contém interior vazio. 4d) O complementar de todo subconjunto magro em X é denso em X. ¢) Todo conjunto ndo-vazio e aberto em X'€ ndo-magro em X. 43 Demonstracéo, Basta. considerar os complementares dos respectivos conjuntos para concluir que a) ¢ 6) so equivalentes. c) é claramente equivalente a d) eae). Agora, a) ed) so equivalentes pela definigao de conjunto magro. = Definigdo 6.4. Um espago topolégico no qual sao satisfeitas as condi- es na Proposigio 6.3 & chamado de espaco de Baire. Um subconjunto de um espago topolégico & um Gs se ele é a intersecgéo contavel de con- Juntos abertos; é um Fy se ele € a unio contével de conjuntos fechados. Um subconjunto é genérico ou residual se ele é um Gs denso. Portanto, num espaco'de Baire X todo Gs obtido pela intersecgiio contavel de abertos densos também é denso, ¢ se X é a uniéio conté- vel de conjuntos Hp, entéo o fecho de pelo menos um desses Hy, tem interior nfo-vazio. Somente a partir de seu enunciado, dificilmente o(a) Ieitor(a) poderé apreciar o alcance desta ferramenta. que é o Teorema de Baire; veja as aplicagdes apresentadas nas Proposigées 6.9 ¢ 6.11, além das Notas. ‘Teorema 6.5 (Teorema de Baire). Todo espaco métrico completo é um espaco de Baire. Demonstragio, Ser demonstrada a cordigio b) da Proposigéo 6.3. Sejam X um espago métrico completo ¢ A = [f2., An, com An aberto donso am X para.toda n. Seré mostrado cue A’é denso em X, om sea, se By representa uma bola aberta qualque: em X, entio ANB; # 0 Claramente A, Bi # 0 e € aberto, logo esta interseccdo eontém o fecho B, de uma bola aberta Bz de raio menor do que 1/2. Novamente, existe uma bola aberta By de raio menor do que 1/3 de modo que seu fecho By esteja contido em Ag™B2. Desta forma obtém-se uma sequéncia, de bolas abertas By de raio menor do que 1/n, satisfazendo (AN Bi) 3 B2 DBs 2+, ecom By+1C An MBp. A sequéncia formsda pelos centros dessas bolas 6 de Cauchy e, como X 6 completo, existe um tinico € € Xem que {6} = Mize Bas segue quefE ANB 40 44 ICAP. 6: TEOREMA DE BAIRE EXERCicIO 6.3. Adapte a demonstragio do Teorema 6.5 para verificar que todo espago topoldgico de Hausdorff localmente compacto é um espaco de Baire (lembre-se que tais espagos so regulates). Proposig&o 6.6. Se X um espaco de Baire, entéo todo aberto nio-vazio em X ¢ todo subconjunto genérico em X so espacos de Baire Demonstragio. Soja UC X um conjunto aberto; se [7 nao é um espaco de Baire, existe uma sequénsia de abertos Uy C U densos em U cuja interseccao nao 6 densa em U. Assim, se J denota o fecho de U, 08 Va = U,U(X\) séo abertos densos em X cuja intersecgaio néo 6 densa em X. ‘A contradigio com o fato de X ser espaco de Baire demonstra que U também 6 un espaco de Baire, Considere ums sequéncia (A,) de subconjuntos abertos ¢ densos em X cuja intersecgéo G = (), An é densa em X, ou seja, @ é um conjunto genérico em X. Se (Bj) é uma sequéncia de subeonjuntos abertos ¢ densos em G, existem C; abertos e densos em X de forma que By = Cj NG. Assim, f); By =Nj(C;NG) = Nn Ci An € denso em Xe, portanto, denso em &. Isto mostra que G também ¢ um espago de Bair. Proposigao 6.7. Se H ¥ um subconjunto magro de um espaco de Baire X, entdo seu complementar X\H € um espaco de Baire Demonstragdo. Como H é magro em X, 0 conjunto X\H contém um subconjunto genérico G em X. Se (Aq) 6 uma sequéncia de conjuntos abertos e densos em X\H, entdo A, MG é aberto e denso em G para todon. Como G é denso em X, a instersecgao (),(An MG) = (My AnJNG é densa em Ge em X\\H. Isto mostra que o conjunto X\H é um espago de Baie. OnseRvagio 6.8, Como o Exercicio 6.3 € a Proposigio 6.6 indicam, © Teorema de Baire é um feto topoldgico, e ndo apenas métrico. Por exemplo, R & um espago (métrico completa) de Baire, homeomorfo a0 intervalo (—1,1), 0 qual é de Baire, embora néo seja um espago métrico completo. EXERcicto 6.4. Mostre que o conjunto R\Q é genérico em R. 45 Em outros Capitulos aparecem aplicagdes do ‘Teorema de Baire & Analise, com énfase & teoria de operadores lineares. O préximo resultado traz um exemplo padréo, respondendo a seguinte pergunta: Hs fungées continuas que no possuem derivada em todos os pontos do dominio? Se sim, so muitas? Proposigéo 6.9. Seja B = C0, 1] real. Bntdo 0 conjunto das fungies em B que no possuem derivada (finita) em qualquer ponto de (0,1) genérico em B. Demonstragio. Sejam I = (0,1), w(t, h) (para pe Be(t+h)ele iw(t + h) — ¥(8)| — nlh An = {W EB: WEE I existe h com uj(t,h) > 0}. Se WEP, An; entio yp niio possui derivada ein qualquer ponto de (0, 1). Como B'é mn espago métrico completo, pelo Teorema de Baire basta mostrar que cada A, é aberto ¢ denso em B. Se p € Ap existe ¢ > 0 de modo que para todo t € I existe h = h(t) com w3(t,h) > ¢. De fato, se tal e > 0 néo existe, entéo para cada j ¢N existe ty com u3(tj, lh) < 1/7 para todo A admissivel. Como I é com- pacto, a sequéncia (t;) possui ura ponto de acumulagéi ty e ui} (to, h) <0 para todo h, contradizendo wp € An, Logo, a afirmagao esté verificada. Agora, se @ € B, entio etnlil < WEF) -vOl S WE +h) — of +B) + 6+) — SOI + 16) - VOL de forma que se ||y — llc < €/2, segue que ug(t,h) > 0 para todo t€ [0,1], ou seja, 6 € An. Portanto An & aberto. Para mostrar que An é denso em B, sero usados dois fatos. Note ‘que qualquer fungéo continua em (0,1), constituida por um méimero finito de partes lineares, cujo médulo da inclinagio de cada parte 6 maior do que n pertence a An. O outro fato é que toda fungéo # € C[0,1] é uniformemente continua; assim, dado © > 0, existe d(e) > 0 de modo que se t,s € [0,1] e |t ~ s| < 6(¢), entao |y(t) — ¥(s)| 0; mas isto 6 impossivel pois o vetor (1-+rena1/2) esté nesta bola mas néo pertence a Eym. Tal contradig&o mostra que uma base de Hamel de B nao pode ser contével. Notas © trabatho de Baire sobre o teorema aqui discutido foi publiesdo em 1899, tratava de R™ (note que Osgood apresentara uma versio desse resultado para R etn 1897); a demonstragéo original de Baire adaptos-se para eepacos métricos completos, essa verso mais goral foi publicada indepencentemente por Kuratowski e Banach em 1930 (esses trabalhos apareceram um seguindo 0 outro na revista Fund. Math.) Base resultado ganhou projecio particularmente quando foi utilizado por Banach ¢ Steinhaus para dar uma nova demonstragéo do Prineipio da Limitagéo Uniforme. A nnomenclatura de conjuntos de primeira e segunda categorias é devida no proprio Bale, ‘mas atualmente & pouco utilizada; por isso o Teoroma de Baire aqui apresentado 6 ‘muitas vezes chamado de Teorema de Categoria de Baire. aT © Teorema de Baire aparece em diferentes conextos: 6 umn resultado bisico na teoria de sistemas dinamicos, garantindo que eertas propriedades sao genéricas; pode ser usado para mostrar que o conjunto ternario de Cantor nfo 6 enumeravel; que dado lum ponto na reta real, existem fungSes continuss cujas séries de Fourier divergem nnesse ponto (veja 0 Ceroléio 7.6); que a convergéncia simples de fungdes reais nao métrica; aplicagSes dos Teoremas do Griico Fechado e da Limitagio Uniforme. Para discusses interessantes sobre o Teorema de Baive, sugerem-se os textos da Colegio Projeto Euclides: C. S. Hénig, Aplicagdes da Topolagia & Andlise, 1976, e E. L. Lima, Espagos Métricos, 1983. Conjuntas robustos dos pontos de vista topolégico e de medida de Lebesgue no coincide, necessariamente; veja o Exercicio 6.13, © primeiro exemplo publicado de fungio real continua, mas nio-diferenciévet fem todo ponto, foi de Weierstrass, em 1872 (embora B. Bolzano parecia conhecer tum exemplo 40 anos antes). A existéncia de fundes reais contimas apenas nos irracionais (Exercicio 6.7) foi desooberta por K. J. Thomae em 1875; dado qualquer subeonjunto F, de R, em 1903 W. H. Young mos:rou como construir uma fungéo descontinua exatamente nesse conjunto. Exercicios Adicionais EXexofo10 6.5. Mostre que um espaco topolégico homeomorfo a um espago de Baire 6 também um espago de Baie. Exencfoto 6.6. Mostre que todo conjunto enumerdvel & num espaco métrico X 6 ‘magro se, e somente se, E ndo possui pontes isolados em X. Exanc{e1o 0.7, Mostre que Q ndo 6 um conjunto Js em Re que, pas cada fungbo J: RR, o conjunto de pontos de continidade de f 6 um Gy. -Concua que ‘no existe uma tal fungdo continua apenas em Q. Por outro lado: se Q = {p/q} (rede, com q € Ne p © 2), veiique ques foagio 9: R—~ R, 9(0) = 9(p/q) = 1/9, ¢ nula em R\Q, é continua apenas nes irracionais. Exercicio 6.8. Mostre que a fronteira de um conjunto aberto (ou fechado) num ‘espago métrico é um conjunto raro, Exercfc1o 6.9. Se X 6 um espago métrico completo e existe uma sequéncia de fechasios (Fp) cuja undo & X, mostre que UnintF, 6 um aberto donso em X (intFy Indica o interior de Fy). Exenc{cto 6.10. Mostre que o conjunto das fangSes reais em Clo,#] que possuem, derivada & esquerda (8 direita) em algum ponto de (ab (de [a,8)) & wm subconjunto rmagro em Cla, 5} EXBRCICIO 6.11. Seja y: R + (0,00). Mostre que existem um intervalo nfo-vazio (4,0) eno €N de modo que {t € (a,6): wit) > L/na} 6 denso em (a8) BxeRcicio 6.12. Um homeomorfismo fs: X.-s, no espago métrico separével e com- pleto X, transitivo se existe € € X cuja drbita O(€) = {hM™(E) im € Zé densa em X. Mostre que se h é transitivo, ent&o o conjun:o de pontos cujas Srbitas nao so ddensas é um Fy magro.

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