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OLINIW VE VLIVEIKA ie = 0 ae Pe ea "Todos nos temos algo de Deus que nos foi dado para usar no Reino. Com certeza, Peon Cie chamado de Deus.” Gears Seem tec Meti Ic Mesos lca) ere sfc BC Ie IE eee Ferien ata some ROU C fermi = Moeicd chamado e, juntamente com Pre yeere cae eed Senhor pregando o Pete us(el eM encod Pe ee kena ms soe) década de 80. Fazendo uso de suas experiéncias pessoais, bem como de diversas passagens biblicas, 0 autor procura Metco cl ec iclaC Ly Re CE Oe LCM me Re MM SI) mesmo em sua cidade local, No final de cada capitulo, hd textos adi ; - (afl Tees recursos para pequenos grupos de estudo. Olinto Furtado de Oliveira 1 Edigao CRD Rio de Janeiro 2020 Todos os direitos reservados. Copyright © 2020 para a lingua por- tuguesa da Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina. Preparagio dos originais: Miquéias Nascimento Revisio: César Moisés Carvalho Capa: Joab Santos Projeto grafico ¢ editoragao: Anderson Lopes CDD: 266 - MissGes ISBN: 978-65-86146-53-0 As citagdes biblicas foram extraidas da wersao Almeida Revista e Corrigida, edigdo de 2009, da Sociedade Biblica do Brasil, salvo in- dicagao em contrario. Para maiores informagées sobre livros, revistas, periddicos ¢ os tiltimos langamentos da CPAD, visite nosso site: https://www.cpad.com.br SAC — Servico de Atendimento ao Cliente: 0800-021-7373 Casa Publicadora das Assembleias de Deus Av. Brasil, 34.401, Bangu, Rio de Janeiro - RJ CEP 21.852-002 1? edigdo: 2020 Tiragem: 1.000 A meus pais, Olinto Marques de Oliveira e Adélia Furtad de Oliveira (in memorian), por terem dedicado 0 unico filho a trabalho de Missdes. ‘ A minha querida e amada esposa, Dalziléa, bem como z meus filhos Deborah e Olinto Junior, por juntos caminharmos . © na mesma visdo a caminhada santa de uma vida de servicgo nos Campos Missionarios do Sudeste da Asia. ee ih Apresentacao a da Primeira Edigdo No ano de 1983, conheci o missionario Olinto de Oliveira asua esposa Dalziléa. Naquela ocasiao, eles apresentaram-m o Senhor Jesus e encaminharam-me nos primeiros passos da fé : crist. Ao longo dos anos, tenho acompanhado ¢ observado a» © vida familiar e ministerial deste irmao em Cristo queétaorico em testemunho da evidéncia do poder de Deus. Recomendo com prazer esta obra ac Ieitor. Ela ¢ frato de uma vida dedicada & obra missiondaria. Gilmar Nunes Pimenta Empresario Hong Kong, Setembro de 2003 Apresentacao _ da Segunda Edicao Antes de qualquer palavra, escrevo na voz de um discipulo que faz um prefacio para o seu mestre. Tenho acompanhado o trabalho do pastor Olinto entre os chineses hd mais de 30 anos ¢ tenho-o como mentor, inspiragao eexemplo. Aadmiragiio que tenho por ele ¢ pelo seu ministério levou- -me a visité-lo recentemente na Asia, Sem duvida alguma, 0 que tem sido realizado por meio da sua vida e da sua familia testifica sobre como o Senhor Deus tem-no usado no campo transeultural. Devo minha permanéncia como missionério na Africa por 20 anos, primeiramente, & graga de Deus e, em segundo lugar, por ter o pastor Olinto como mentor e modelo de como fazer Missdes. Sinto-me honrado ao recomendar 0 livro A Hora Chegou —um chamado para Missées, Este exemplar é fruto de uma experiéncia ampla e profunda de como praticar Miss6es. Misses: a Hora Chegou Tenho certeza de que a leitura e a aplicagao deste livro ira impactar sua vida e seu envolvimento com Missées. Um conselho? Faga Missdes! Jodo Aratjo Presidente da Missao Kairos. Sido Paulo - SP Agosto de 2019 Meu desejo é que © exposto nos capitulos deste trabalho venha mudar ou reforgar seu modo de viver e praticar Missée: Ao final da leitura, vocé comprovard que MissSes precisa ser a prioridade da Igreja. E, portanto, como vocé é membro da Igreja do Senhor Jesus, MissGes precisa também ser pricridade em sua vida. Considero como alcangado 0 objetivo deste livro. Ao escrevé-lo, 0 desejo foi de ser bengao para sua vida. Es- pero ser bem-sucedido. Juntos em MissGes... Rev. Olinto F. de Oliveira Macau, Setembro 2003 Apés a boa recepgio e criticas favoraveis & primeira edigao, entendi que precisava trabalhar na formatagao de uma segunda que seria revista, atualizada e ampliada, Para este trabalho, tive a fabulosa ajuda da competente amiga Luciane Leitio, cujo apoio técnico nesta produgao foi extraordinario. Entre muitas, uma novidade € 0 “seguimento” inserido no final de cada capitulo para ser usado em discussa0 em grupos. Estou certo de que isso facilitara o desenvolvimento do assunto promovendo uma dinamica saudaével na argumentagao em grupos sobre os temas abordados. Este livro é dedicado a vocé que quer saber mais sobre Mis- sdes e que busca manciras praticas e biblicas de envolver-se neste trabalho tao importante para o Reino de Deus. A palavra-chave em Missoes ¢ exvolvimentol Vocé esta com a ferramenta certa em maos porque este livro busca motiva-lo a fazer justamente isto: envolver-se seja a que nivel for. MissGes: a Hora Chegou Mau desejo é que vacé consiga colocar em pratica as pro- postas apresentadas. Tenha uma boa leitura! Rev. Olinto de Oliveira Macau, China — Janeiro 2019 Apresentagiio da Segunda Edigao .... .. .. Prefacio da Primeira Edigao . Prefacio da Segunda Edigio . PRIMEIRA PARTE - MOTIVADOS Capitulo1 Missiondrio! Bu? .. o.oo ee ce ee ee ene en re en ee ee te ae Capitulo 2 Uma Formula Especial 00.2. ee Capitulo 3 Quem Esta na Chuva para se Molhar ...... = Capitulo 4 Surpresa no Caminho .. one 19 47 61 Missées: a Hora Chegou Capitulo 5 Um Passeio no Parque SEGUNDA PARTE - HISTORIA Capitulo 6 Perseguidos «0. ccs cesses ee seis eet c cece eee OL Capitulo 7 Uma Afirmacao Tola .. . 103 Capitulo 8 ONatal na China... eects 117 Capitulo 9 Futebole Miss6es 0... ee « 127 Capitulo 10 Por que Sofrem os Missiondrios? . 0.0.0.4... 137 TERCEIRA PARTE -A HORA CHEGOU Capitulo 11 Como Esta seu Vocabulario? «0.0... oe ee ee 158 Capitulo 12 Janeiro — Més de Inicios ou de ReflexGes ............ 161 Capitulo 13 Trés Palavrinhas oo... 00 ee eee ee 169 Capitulo 14 Os que Ele Enviou -Foram! wo. 179) Capitulo 15 Quando o Avivamento Chega wo. 191 Referéncias . - 197 16 Primeira parte MOTIVADOS “Portanto, meus amados irm4os, mantenha-se firmes, ¢ que nada os abale. Sejam sempre dedicados a obra do Senhor, pois vocés sabem que, no Senhor, o trabalho de vocés nao sera imuitil” (1 Co 15.58, NVI). “E verdade que a grande maioria dos cristaos, por moti- vos varios como, geograficos, satide ou financeiros, nunca visitard um Campo Missionério, Mas isso nao deve deter-nos ou nos entristecer porque podemos manter uma presenga bem mais acentuada e constante fazendo visitas regulares através da oracao [...]. Um Amigo Leal Era uma batalha decisiva em uma dessas guerras registra- das na Historia Moderna. O pelotao, que tinha como ordem prioritaria defender e manter a sua posigdo contendo 0 avango do inimigo, estava sofrendo baixas enormes, Durante uma das investidas decisivas, tanto os oficiais como os comandados Missi . Hora Chegou estavam fazendo © possivel para manter pelo menos o status qtto, buscando, ao mesmo tempo, preservar as suas vidas. Em um momento intenso durante a batalha, um dos soldados falava alta para o seu superior na intencao que a sua voz alta abafasse o barulho da artilharia que repercutia bem perto deles: — Meu amigo nao veltou do campo de batalha, senhor! Soli- cito permissfo para buscd-lo! — disse o soldacio ao seu tenente. — Permissao negada! — replicou o oficial. — Nao quero que arrisque sua vida por um homem que provavelmente esta morto! O soldado, ignorando a proibicio, saiu e, uma hora mais tarde, regressou mortalmente ferido, transportando 0 cadaver do seu amigo. O oficial estava furioso: — Eu nao ja tinha te dito que ele estava morto?! Agora eu perdi dois homens! Diga-me: valeua pena ter ido ld para trazer um cadaver?! E 0 soldado responden tentando abafar a dor que sentia devido aos ferimentos que tinha recebido: — Claro que sim, senhor. Pois, quando eu o encontrei, ele ainda estava vivo e pode me dizer: “Tinha certeza de que vocé virial”. O verdadeiro amigo é aquele que vem quando todos vao embora! IISSIONARI Um pensador cristio disse certa vez: “Muitos crentes consa- grados jamais alcangarZo os campos missiondrios com os seus préprios pés, mas todos poderao fazé-lo com os seus joelhos”. Um pensamento muito importante! O propésito deste livro é apresentar experiéncias ¢ informa- ¢des que venham motivd-lo a refletir em maneiras criativas e inovadoras para fazer avangar a obra missionaria. Por exemplo: Vocé ja pensou em si mesmo como um missionario? (Missio- nario nao necessariamente no sentido tradicional, como aquele que esta em um pais estrangeiro, mas na posicao de alguém comissionado pelo Senhor no trabalho de ganhar almas). Temos uma Ordem a Cumprir No Evangelho escrito por Mateus no capitulo 28, a ordem dada pelo Mestre aos discipulos — e, consequentemente, a sua Igreja — é a de ir e conquistar as nagoes. Misses: a Hora Chegou Isso é 0 que o Senhor espera que fagamos além do exercicio de qualquer outro ministério, Anunciar 0 evangelho éafungio do pove de Deus. Nosso dever é buscar as almas perdidas, estejam elas em solo brasileiro, estejam em outro continente. Cada cristdo tem a obrigaciio de ser um evangelista, exercitando com sabedoria ¢ diligéncia os talentos que o Senhor da seara tem dado a cada um. Pois sera como um homem que, ausentando-se do pais, chamou os seus servos e Ihes confiou os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro, dois ¢ a outro, um, a cada um. segundo a sua propria capacidade; e, entao, partiu. O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar cam eles e ganhou outros cinco. Do mesmo modo, 0 que recebera dois ganhou outros dois. Mas o que recebera um, sainda, abriu uma cova ¢ escondeu o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos ¢ ajustou contas com eles. Entao, aproximando-se 0 que recebera cinco talentos, entregou outros cinco, dizendo: Senhor, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei. Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. E, aproximando-se também © que recebera dois talentos, disse: Senhor, dois talentos me confiaste; aqui tens outros dois que ganhei. Disse-The © senhor: Muito bem, servo bom ¢ fiel; foste fie] no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. Chegande, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo queés homem severo, que ceifas onde nao semeaste e ajuntas onde ndo espalhaste, receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu, Respondeu-lhe, porém, 0 senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde nao semeci ¢ ajunto onde nao espalhei? Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros, ¢ eu, a0 voltar, receberia com juros o que é meu. Tirai-lhe, pais, o talento ¢ dai-o.ae que tem doz. Porque a todo o que tem se lhe dard, e 20 Missionario! Eu? terd em abundancia; mas ao que nao tem, até o que tem Ihe seré tirado. E 0 servo intitil, langai-o para fora, nas trevas. Ali havera choro e ranger de dentes. (Mt 25.14-30, ARA). Infelizmente, generalizou-se a ideia de que, para alguém pregar o evangelho, precisa de uma formacie biblica qualifi- cada. E por isso que muitos se acham inadequados e buscam estudos formais em Teclogia focando principalmente numa graduagao, entendendo que, potencialmente, tal qualificagio dara melhor habilidades para o testemunho cristo, Com toda certeza, o estudo teolégico é muito valido para a vida crista e até indispensavel para o desenvolvimento de um ministério eclesidstico. Todavia, o ato de pregar o evangelho é, na sua esséncia basica, compartilhar 9 que Deus fez e esta fazendo principalmente na vida de quem estd pregando. O conhecimento biblico formal é valida e essencial — até quando este compartilhamento deixa de ser evangelistico e torna-se doutrindrio. Nesta fase, 0 ensino formal e metédico das disci- plinas teolégicas tomam-se indispensaveis. Quando o Senhor Jesus comissionou os seus discipulos, a intengao era que, ao sairem, pudessem vibrantemente compar- tilhar aquilo que viram ¢ experimentaram durante os dias em que estiveram com o Mestre, ou seja, 0 que vivenciaram nos seus dias gastos na companhia do Senhor Jesus. E isso que 0 Senhor espera que vocé e eu fagamos hoje. Complicamos as coisas quando teologizamos a mensagem simples do evangelho. Em certa ocasifo, eu conversava com uma crista que apre- sentava as suas desculpas ¢ frustrages por nao se achar capaz de compartilhar o evangelho com outras pessoas. Basicamente, ela defendia a posic¢ao de que nao tinha o preparo necessario e, portanto, nao se achava capacitada. Ela ia adiante defenden- do a postura de que, por ser o evangelho coisa santa, apenas pessoas com treinamento apropriado ¢ portadoras do devido eredenciamento ministerial expedido por uma igreja ou de- nominacdo deveriam pregar o evangelho. Com isso, segundo ela, seria evitado uma série de problemas e de mal-entendidos. 2] Missdes: a Hora Chegou Entendi o que ela quis dizer e até concord em parte por que o exercicio formal de um ministério realmente exige no s6 uum chamado vocacional da parte de Deus, como também um preparo formal técnico-teolégico para a execugao deste trabalho. Mas o que Jesus pede que os seus seguidores facam é anunciar. Esse antincio, na realidade, torna-se bem mais eficaz quando a experiéncia pessoal com a fé é compartilhada. Para isso, o que precisamos é ter uma experiéncia de vida com Jesus. Numa outra ocasiao, um jovem disse para mim: — Missiondrio, eu gostaria tanto de pregar o evangelho, mas nao sei como fazer. Novamente, a questiio do treinamento formal estava nublan- do a raziio daquele jovem. Entao, eu disse para ele: — Vamos fazer uma experiéncia. Se cu te perguntasse agora: “Qlha, eu preciso achar um bom médico, porque nao estou me sentindo bem e preciso ser medicado. Vocé ja foi a um médico que gostou? Poderia me dizer onome eonde fica o consultério?”. O rapaz respondeu: — Sim, conhego. Isso é muito facil porque ¢ o médico da minha familia. Gostamos € confiamos muito nele. Entao, eu disse para ele: — Vocé viu? Ficou tao facil para vocé falar¢ indicar alguém que vocé conhece. Agora, pense na questao espiritual. O que vocé precisa fazer com o evangelho éa mesma coisa, ou seja, é falar para as pessoas que vocé conhece Jesus ¢ que Ele é 0 Todo-Poderoso, Que nae apenas resolve situagdes de ordem fisica e emocional, mas também, e principalmente, aquelas de ordem espiritual. © que precisamos apresentar as pessoas 0 que © proprio Jesus dispés-se a fazer: Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimi- dos, ¢ eu vos aliviarei. Tomai sobre vés a meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coragdo, ¢ encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. (Mt 11.28-30) 22 Missiondrio! Eu? Pregar ocvangelho é, principalmente, apresentar a afirmativa de que Jesus ¢ 0 caminho, a verdade ¢ a vida e que ninguém pode chegar a Deus se no for por Ele (Jo 14.6). Um Testemunho Eficaz Ele [Jesus] chegou a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, que ficava perto das terras que Jacé tinha dado ao seu filho José. Ali ficava 0 poco de Jacd. Era mais ou menos meio-dia quando Jesus, cansado da viagem, sentou-se perto do poco. Uma mulher samaritana veio tirar agua, e Jesus Lhe disse: — Por favor, me dé um pouco de agua. (Os discipulos de Jesus tinham ido até a cidade com- prar comida.) A mulher respondeu: — Osenhor éjudeu, ¢ cu sou samaritana. Entéo como € que o senhor me pede agua? (Ela disse isso porque os judeus nfo se dic com os samaritanos.) Entao Jesus disse: — Se vocé soubesse o que Deus pode dar e quem é que esta lhe pedindo agua, vocé pediria, e ele Ihe daria aagua da vida. Ela responder — Osenhor nao tem balde para tirar 4gua, ¢ 0 pogo é fundo, Como é que vai conseguir essa 4gua da vida? Nosso antepassado Jacé nos deu este pogo. Ele, os seus filhos e os seus animais beberam dgua daqui. Sera que o senhor é mais importante do que Jacé? Entio Jesus disse: — Quem beber desta dgua teré sede de novo, mas a pessoa que beber da agua que eu Ihe der nunca mais tera sede. Porque a Agua qtie eu Ihe der se tornard nela uma fonte de agua que dara vida eterna. 23 Missées: a Hora Chegou Entdo a mulher pediu: — Por favor, me dé dessa agua! Assim eu nunca mais terei sede e ndo precisarei mais vir aqui buscar agua. — Va chamar o seu marido e volte aqui! — ordenou Jesus. — Eu nao tenho marido! — respondeu a mulher. Entao Jesus disse: — Vocé esta certa ao dizer que nao tem marido, pois ja teve cinco, ¢ este que vocé tem agora nao é, de fato, seu marido. Sim, vocé falou a verdade. A mulher respondeu: — Agora eu sei que o senhor ¢ um profeta! Os nossos antepassados adoravam a Deus neste monte, mas voc8s, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde devemos adoré-lo. Jesus disse: — Mulher, creia no que eu digo: chegard o tempo em que ninguém vai adorar a Deus nem neste monte nem em Jerusalém. Vocés, samaritanos, no sabem o que adoram, mas nés sabemos o que adoramos porque a salvacio vem dos judeus, Mas vird o tempo, e, de fato, ja chegou, em que os verdadeiros adoradores vao adorar o Pai em espirito e em verdade. Pois sao esses que 0 Pai quer que o adorem. Deus é Espirito, e por isso os que o adoram devem adora-lo em espirito eem verdade. A mulher respondeu: — Eu sei que o Messias, chamado Cristo, tem de vir. E, quando ele vier, vai explicar tudo para nds. Entao Jesus afirmou: — Pois eu, que estou falando com vocé, sou o Messias. Naquele momento chegaram os seus discipulos e ficaram admirados, pois ele estava conversando com uma mulher, Mas nenhum deles perguntou 4 mulher o que ela queria. E também nao perguntaram a Jesus por que motivo ele estava falando com ela. 24 Missiondrio! Eu? Em seguida, a mulher deixou ali o seu pote, voltou até a cidade e disse a todas as pessoas: — Venham ver o homem que disse tudo o que eu tenho feito, Sera que ele é o Messias? Muitas pessoas sairam da cidade e foram para o lugar onde Jesus estava. Enquanto isso, os discipulos pediam a Jesus: — Mestre, coma alguma coisa! Jesus respondeu: — Eu tenho para comer uma comida que vocés nio conhecem. Entao os discipulos comegaram a perguntar uns aos outros: — Serd que alguém ja trouxe comida para ele? — Aminha comida — disse Jesus — é fazer a vontade daquele que me enviou e terminar o trabalho que ele me deu para fazer. Vocés costumam dizer: “Daqui a quatro meses teremos a colheita.” Mas olhem e vejam bem os campos: 0 que foi plantado jA esté maduro pronto para a colheita. Quem colhe recebe 0 seu salario, e o resultado do seu trabalho é a vida eterna para as pessoas. E assim tanto 0 que semeia como o que colhe se alegrarao juntos, Porque é verdade o que dizem: “Um semeia, e outro colhe.” Eu mandei vocés colherem onde nao trabalharam; outros trabalharam ali, e vocés aproveitaram o trabalho deles. Muitos samaritanos daguela cidade creram em Jesus porque a mulher finha dito: “Ele me disse tudo o que eu tenho fei- to.” Quando os samaritanos chegaram ao lugar onde Jesus estava, pediram a ele que ficasse com eles, e Jesus ficou ali dois dias. E muitos outros creram por causa da mensagem dele. Eles diziam a mulher: — Agora néo é mais por causa do que vacé disse que nds crenios, tas porque nds mesmos o ouvimos falar. E sabemos que ele é, de fate, o Salvador do mundo. (Jo 4.5-41 NTLH, sem énfase no original). 25 Misses: a Hora Chegou Essa é uma historia muito conhecida para aqueles que leem o Novo Testamenta. Preciso de sua atengao para alguns pontos que fazem desse episodio acontecido entre Jesus e uma senhora algo muito relevante quando também visto na otica da pratica da pregacdo do evangelho. Em primeiro lugar, temos que observar a atitude de Jesus no compartilhar as Boas Novas. Ele quebrou propositalmente uma barreira cultural e social ao abordar aquela senhora para pedir agua. O texto é bem claro e, creio eu, autoexplicativo. Por isso, gostaria de prender-me apenas a alguns pontos para salientar o efeito da iniciativa do anunciar o evangelho, bem come os resultados provenientes dessa iniciativa. Assim como nosso Mestre, também temos que “cavar” oportunidades para apresentar a mensagem das Boas Novas. Infelizmente, na vasta maioria das situagdes, espera-se que as pessoas necessitadas de ouvir sobre o evangelho venham até nds, apresentem-se e digam: “Por favor, me fale de Jesus!”. E assim que alguns pensam que deve acontecer. Essa, porém, nao é a tealidade que vivemos e também nao foi a realidade que Jesus viveu. Como Jesus, precisamos também ser proativos buscando oportunidades para apresentar as Boas-novas para as pessoas. (Concordo que, esporadicamente, alguém chega até nés apresentando as suas necessidades espirituais ¢ pedindo para ser orientada a achar Jesus, Isso ja aconteceu comigo algumas vezes. Apesar de ser raro, é maravilhoso quando acontece!). Chama-me muito a atencao a reacado daquela senhora ao ser confrontada com a mensagem. Ela foi impactada, e diz o texto que "[...] a mulher deixou ali o seu pote, voltou até a cidade e disse a todas as pessoas: — Venham ver o homem que disse tudo o que eu tenho feito [...].” Elanao tinha mais nada para falar a nao ser o que lhe causou maior impacto ao encontrar Jesus. Essa éachave que diferencia 9 testemunhar sobre Cristo: a experiéncia pessoal! Contra fatos nao ha argumentos, ¢ foi por isso que o teste- munho apresentade por ela foi tao forte entre aqueles que a conheciam. O resultado foi surpreendente: “Muitos samaritanos 26 Missiondrio! Eu? daquela cidade creram em Jesus porque a mulher tinha dito: “Ele me disse tudo o que eu tenho feito.” Espero que vocé consiga ver 0 efeito crescente e sequencial desse testemunho que impactou uma pessoa. Pelo fato de essa pessoa resolver fazer da sua experiéncia um testemunho publico, acoisa simplesmente “viralizou”. Contudo, agora tomando uma direcao muito distinta, porque, neste estagio, ja ndo é mais 0 fator humano que coordena os resultados, mas, sim, o Espirito Santo de Deus: “Agora nao é mais por causa do que vocé disse que nds cremos, mas porque nds mesmos o ouvimos falar. E sabemos que ele é, de fato, o Salvador do mundo”, Precisamos entender que a pregacao do evangelho tem o seu inicio em nés, mas 0 continuar do processo é a mao de Deus em acio. © apéstolo Paulo entendeu isso muito bem ao afirmar: A minha palavrae a minha pregacio nao consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstragio do Espirito ¢ de poder, para que a vossa fé nio se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. (1 Co 2.4-5) Temos uma ordem a cumprir e precisamos cumpri-la com todo 0 zelo, entendendo também que existe urgéncia na realiza- sao dessa tarefa, E necessario acordar para a grande realidade que usamos um tempo finito que limita nossas vidas aqui na terra para tratar de assuntos de natureza eterna. Pense nisto Porque nossa vida terrena ¢ limitada: Portanto, prestem atengado na sua maneira de viver. Nao vivam como os ignorantes, mas como os sabios. Os dias em que vivernos séo maus; por isso aproveitem bem todas as oportunidades que vocés tém. Nao ajam 27 Missdes: a Hora Chegau como pessoas sem juizo, mas procurem entender o que oSenhor quer que vocés fagam. (Ef 5.15-17, NTLH) Orar E Importante Uma pesquisa realizada pelo Instituto americano Barna apre- senta que pouco mais de 4 entre 5 adultes nos Estados Unidos da América (84%) admitem ter orado na semana anterior, mas sem uma referéncia clara quanto a regularidade ou quanto tem- po gastou em oragao. Essa parece ser a pratica naquela nagao desde que 0 Barna comecou a rastrear a frequéncia da oragao em 1993. (Ridgaway, T., 5 de Maio de 2011). Obviamente, deve ser levado em considerag&o 9 compro- metimento com Deus, etc., mas nao deixa de ser uma tealidade surpreendente! Nao sei quanto tempo o leitor gasta diariamente em oracao diante do Senhor, mas um ponto precisa ficar claro: Se nés, como igreja, quisermos ver 0 trabalho missionario avangar, evidenciar missiondrios permanecendo no campo e sendo frutiferos na obra e se quisermos presenciar um numero maior de igrejas envolvidas de forma ativa e produtiva no trabalho missiondrio, precisamos separar e dedicar mais tempo em oracao, tanto no formato individual como no coletivo para que isso aconteca. Certa vez, um jornalista perguntou ao conhecide evangelista americano, pastor Billy Graham, qual seria a tazo do sucesso dag suas campanhas evangelisticas. Ao que o doutor Graham respondeu: “Oracio, oragdo e mais oragéo!”. A isso ele com- pletou: “E simples: muita oracao, muita bengao! Pouca oragiaio, pouea bengao! Nenhuma ora¢ao, nenhuma ben¢ao!”. Creio que woo’ concorda comigo entendendo que 0 orat ja nao to facil assim e que 0 orar por Missoes é bem mais dificil. Com certeza, a pratica do orar é bem simples e descomplicada, pois se trata de falar com nosso Pai Celestial, Quando vista desse dngulo, orar nao ¢ dificil. No entanto, o exercicio da oragao eficaz torna-se dificil devido 4 complexidade que um assunto pode ter. Por qué? 28 Missiondrio! Eu? Uma intercessao feita da maneira correta precisa ser inten- cional e totalmente desprendida de interesses prdprios. Ela tem que ser baseada em conhecimentos sobre o assunto que esta sendo tratado com Deus. E por isso que orar por Missdes necessita de mais tempo e de interesse muito mais agugado por parte do intercessor. Quase sempre somos “ralos” quando tratamos de assuntos missiondrios. Sabemos de alguns fatos ¢ acontecidos e por esses oramos. Entretanto, para praticar uma rotina de intercessio eficaz por Missées, temos que estar em contato ¢ atualizados com 0 missiondrio e o seu trabalho. Felizmente, nos dias atuais, isso é muito simples de fazer porque temos a nosso dispor um pequeno arsenal de servicos disponiveis de acesso ao missiondrioe ao seu campo de trabalho via rede sociais ou web. A grande verdadle é que uma grande maioria nao est engajada numa rotina de intercessdo mais eficiente por Missées por falta de interesse em usar o tempo e os recursos que temos para isso. Quando sentirmos 100% a necessidade real de estarmos engajados em salvar vidas do Inferno, daremos prioridade a fazer o que Jesus sugeriu que fizéssemos em nossos momentos de intercessao: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vé o que estd oculto; e teu Pai, que vé 0 que esta oculto, te recompensara. E, orando, no useis de vas repeticGes, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serao ouvidos” (Mt 6.6-7). Ele deixou bem claro que nao precisamos ficar desesperados porque temos promessas dEle em responder-nos: “Pegam e vo- cés receberao; procurem e vocés acharao; batam, e a porta sera aberta para vocés. Porque todos aqueles que pedem recebem; aqueles que procuram acham; ¢a porta sera aberta para quem bate” (Mt 7.7-8, NTLH). Precisamos, sim, de objetividade, interesse e envolvimento pessoal quando oramos em geral e, principalmente, quando intercedemos por Missées. E verdade que a grande maioria dos cristios, por motivos varios como, por exemplo, geogrificos, de satide ou financei- 29 Missoes a Hora Chegou ros, nunca visitarao um campo missiondrio. Isso, no entanto, nao deve deter-nos ou nos entristecer, pois podemos manter uma presenca bem mais acentuada e constante fazendo visitas regulares mediante a orac3o. A propésito, s6 para refletir: “Hoje, vacé ja orou por MissGes?” TEXTOS ADICIONAIS PARTE I - “MISSIONARIO! EU?” Depois da corrupgao da Homem, o mundo tornou-se um caos: as pessoas lutam por poder, ¢ existem poucas expressies de amor ¢ misericérdia uns para com os outros. A Biblia diz que nossa identidade é ser luz e sal onde estivermos. Nem todo cristéo tem condigdes de estar em outra nacio. para pregar o evangelho, mas, independentemente de onde estivermos, Deus deu-nos como responsabilidade pregar e marcar pessoas com amor, graca, bondade, generosidade, paz. em nosso trabalho, em nossa comunidade, familia, entre amigos. * Vocé jd esteve numa situagao onde alguém o(a) aben- oou com uma palavra de animo, como, por exemplo, um conselho, com uma ajuda financeira ou servico? Como foi? * Como e quando foi a tiltima vez que vocé abencoou alguém e¢ fez Jesus ser glorificado por meio da sua vida? RECURSO PARA GRUPOS PEQUENOS Parte I Com o intuito de trazer MissGes para perto, de mostrar que nao é preciso estar em outra nag&o para ser um missionario e anunciar Cristo, apresente algumas imagens que retratem os seguintes ambientes/situagdes aos participantes da equipe: a. Uma pessoa irritada no trabalho; b. Alguém que sofre com depressao; 30 Missionario! E c. Uma pessoa verbalmente agredida no colégio/ faculdade. Pergunte se cenas como essas sao. comuns a eles e leia o texto: Vocés so o sal da terra. Seo sal perder o seu sabor, como © recuperard? Serd lancado fora ¢ espezinhado como coisa sem valor. Vacés 830 a luz do mundo. Uma cidade construida no topo de um monte, toda a gente a v8, Nao se acende um candeeiro para o pér dentro do armario. Nao ocultem a vossa luz; deixem que ela brilhe diante de todos. Que as vossas boas obras brilhem também para serem vistas por todas, de tal maneira que louvem © vosso Pai celestial. (Mt 5.13-16, O Livro) Pergunte para o grupo: “Onde Jesus esta em cada uma dessas situagdes?”. QUERIDO LEITOR, Apés as respostas, lembre-os de que Jesus Cristo esta onde nés estamos! Ele ama, cuida e também abencoa as pessoas por intermédio de nossas vidas. Incentive-os para que, a partir de agora, sempre que se depa- rarem com uma situacdo diffcil, eles orem a Deus, perguntando: “Como posso fazer o Senhor conhecido e engrandecido nessa circunstancia?”. Parte II Ainda sob a perspectiva de que todos somos missionarios, faca um levantamento das necessidades sociais da regiao. Pega aos participantes para que falem sobre 0 que eles pre- senciam quando est4o naquele local — moradores de rua, casas em situagoes cle riseo, criangas carentes, desemprego. Apés discorrer sobre as necessidades locais, incentive-os a tracar um Plano de Acdo. 31 Missdes: a Hora Chegou E importante que seja algo possivel, simples e objetivo, pen- sado a Pattir dos recursos que serao destinados (habilidades pessoais e profissionais de cada um dos integrantes, tempo, investimento financeiro) e na data que sera efetuada. O objetivo é responder a uma pergunta muito simples: “O. que podemos fazer para que as pessoas dessa comunidade sintam-se amadas e cuidadas por Deus?” Torne o Plano de Ago em um ato missionario e, depois de concluido, pega a cada participante para compartilhar como foi a experiéncia. Tenho certeza de que Deus fara grandes coisas atrav: vocés! s de 32 UMA FORMULA ESPECIAL Vocé jd ouviu sobre a formula “A+A= Perfeicio”? "MissSes esta no coracao de Deus!”, afirmava o mensa- geiro da noite ao pregar com muito entusiasmo o seu sermao missionario. A congregacdo ouvia atenta e sentia-se inspirada pela mensagem desafiadora apresentada por aquele pregador. A aplicagao clara da sua mensagem era: “Por Missécs estar no coragio de Deus, deve, de igual modo, dominar nosso co- ragao”. Aquele pregador estava correto! Em toda a Escritura Sagrada, tanto no Antigo como no Novo Testamentos, a visio que é apresentada do Deus Eterno e de todos aqueles que estio registrados nas Escrituras trabalhando para Ele é uma imagem de conviccao ¢ persisténcia de propdsite focado em um alvo concreto que, em sintese, pode ser resumido como o de salvar a humanidade dos seus pecados. Do inicio de todas as coisas ao final do que conhecemos como céus e terra e tudo o queneles ha, a prioridade divina tem sido uma so: agir para alcangar e levar a todos ao conhecimento do Messias de Deus, Jesus, 0 Cristo. Missdes: a Hora Cheyou Minha experiéncia pessoal a essa mensagem salvadorae de cunho missiolégico é muito interessante. Nasci em 1958, cresci num lar evangélico e numa igrcja que sempre pregou a Palavra e exercitava os dons espirituais. No entanto, durante minha infancia, ouvi muito pouco do trabalho missionario. Minhas memérias de infancia na igteja ena participagéo em cultos, por exemplo, fazem-me lembrar de reunides avivadas onde pregadores inspirados eram usados pelo Espirito Santo. Havia conversées, vidas eram transformadas de forma dramética, doentes eram curadas, profecias e outras atuacdes do Espirito Santo de Deus eram comuns quando 0 povo santo reunia-se para a adoragao eo estudo da Palavra de Deus. Mesmo. com tudo isso, poucas foram as vezes em que fui exposto ao ensino biblico sabre Missdes em minha infancia, e raras foram as vezes, talvez duas no maximo, em que encontrei pessoalmente ‘um missiondrio vindo de outras terras. (Em tempo, é bom dizer que esta foi uma realidade minha, pessoal e que nfo representa necessariamente outras partes do Brasil). Mesmo com toda essa auséncia de exposicao ao trabalho missionario, preciso registrar que, ainda quando eu era muito pequeno (estava eu entre 0s 8 e 9 anos de idade), tive uma experiéncia muito forte com o Senhor Deus em um de nossos cultos, quando um missionario brasileiro que trabalhava entre os indios na Amazénia veio visitar-nos para apresentar o seu testemunho sobre 0 seu tra- balho missionario. (Quanto a esta minha experiéncia pessoal, compartilharei com detalhes noutra oportunidade). Os anos de minha adolescéncia apresentaram outra realida- de. Ja se ouvia bastante sobre Miss6es! Nada comparado com os dias atuais, é claro, mas lembro-me de que nosso grupo de jovens participava de Conferéncias Missionarias e até organi- zava eventos missiondrios em nossa igreja local. Como resultado, a chama missiondria ardia e crescia em mi- nha vida. Eu ouvia muitos afirmarem que “amavam Missdes”, mas paravam ali, isto ¢ ficavam 36 nas palavras, tornando esse “amor” ilusdrio e infrutifero. Lembro-me claramente que ficava 34 Uma Pérmuta Especial a pensar comige mesmo sobre a veracidade daquele “amor por MissGes” que eu estava acostumado a ouvir de varios amigos e de algumas liderancas. O que me incomodava mesmo era 0 fato de nao presenciar nada de concreto, palpavel e que evidenciasse aquelas afir- macées que 0 amor tem que ser acompanhado por aco, pois amor sem acdo leva 4 frustracio. Entendamos que o trabalho missionario é aviltado quando é tratado de forma filoséfica e abstrata. Fazer Missées é, acima de tudo, um ato de fé. O apéstolo Tiago exorta-nos que “também a fé, se nao tiver as obras, é morta em si mesma” (Tg 2.17, ACF, sem énfase no original). Dizer que amamos Missées sem nao estarmos envolvidos na pratica do trabalho missionario ou na tarefa que fazer Missdes exige pode ser comparado ao sonho de casar-se sem, no entanto, querer assumir as devidas responsabilidades de uma vida a dois. Seo amor por Misses esta em nosso coragdo como no cora- do do Pai — que, em resposta 4 necessidade espiritual do ser humang, “amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito, para que todo aquele que nele cré nao perega, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16) —, precisamos, entao, encarar a realidade de nossos dias e lancar-nos a pratica desse amor que, na sua forma original, vem de Deus e que pode ser exercitado de varias formas para chegar ao corac3o daqueles que precisam ouvir as Boas-Novas. Precisamos ser realistas e fazer uma autocritica positiva da teologia missionaria a que somos expostos, bem como buscar reacoes construtivas quanto ao envolvimento missiondrio, pois o ato de falar apenas de amor missiondrio ou que se ama Missées nao é suficiente! Esta E a Formula Especial O amor tem que ser acompanhado por agao para gerar a perfeicao. Coloquemos em pratica a férmula “AMOR+ACAO = PERFEICAC”. E verdade que precisamos ser realistas e conside- 35 Misses: a Hora Chegou tar os problemas e dificuldades, mas nao podemos esquecer a promessa registrada em Romanos 8.31, que diz: “Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nds, quem sera contra nds?”. Fazer Missoes ¢ algo dificil tanto para os que vao quanto para os que enviam. Tedavia, é preciso existir em ambas as partes, entre muitas outras qualidades, uma que é indispensavel: a consisténcia. ‘Creio que, por mais que fagamos nosso melhor, nunca alcan- caremos a “perfeicdo”. Esta, porém, nao deve ser a preocupa- <0 ou a motivagdo maior em nosso engajamento no trabalho missiondrio, até porque a pratica do amor, numa qualidade biblica, implica em entrega total, pois mesmo se alguém falasse as linguas dos homens e dos anjos e nao tivesse amor, seria como ¢ metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios ¢ toda a ciéncia, e ainda que tivesse todaa fé, de maneira tal que transportasse os montes, endo tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuisse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse 0 meu corpo para ser qucimado, endo tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; 0 amor nao é invejoso; 0 amor nao trata com leviandade, nao se ensoberbece, nao se porta com indecéncia, ndo busca os seus interesses, no se irrita, ndo suspeita mal; nao folga com a injustica, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo cré, tudo espera, tudo suporta. (1 Co 13.1-7) Que este amor divino que esta em nosso coragao nos motive aagir como Jesus agiu: “E, vendo [Jesus] a multidao, teve gran- de compaixéo deles, porque andavam desgarrados e errantes como ovelhas que nao tém pastor” (Mt 9.36, ARC). Precisamos viver essa realidade. Nao podemos ser apaticos & necessidade espiritual deste mundo que caminha a passos largos para longe da tnica salvacao verdadeira ¢ duradoura. 36 Uma Formula Especial ‘O mundo em que vivemos € tao complexo que as necessi- dades que enfrentamos sao estarrecedoras. Existem as ques- tes sociais, raciais e de género que tanto se propagam e que precisam ser consideradas ¢ trabalhadas pela cristandade. Entretanto, todas essas (e mencionei s6 algumas), apesar de serem importantes, estao ligadas a existéncia finita do ser humano, Se possivel, devemos estar engajados em projetos que erradiquem ou, pelo menos, minimizem essas dreas de caréncia. Mas, acima de tudo, esta 0 cuidado com nossa vida espiritual: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?” (Mt 16.26). O Senhor Jesus entendia que os seus contemporaneos bus- cavam a salvagao, s6 que a maioria nao queria reconhecé-la nEle ou, ent&o, achavam que nao valeria o sacrificio de deixar tudo para consegui-la — por sinal, um quadro que também é vivido em nossos dias quando a maioria ignora o conselho deixado por Cristo: Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espagoso, o caminho que conduz a perdiciio, ¢ muitos 840 08 que entram por ela; E porque estreita ¢ a porta, @ apertado, o caminho que leva a vida, e poucos ha que a encontrem. (Mt 7.13,14, ARC) Foio amor de Deus que fez Jesus prosseguir na sua missao. Ele via que a maioria do povo nao estava interessada nos va- lores elernos. Mas 0 amor usado por Jesus foi somado por uma acdo des- prendida de qualquer interesse proprio ao ponto de Ele dizer aos seus discipulos: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4.34), Jesus terminou com perfeicao a sua missao de salvar o mun- do quando disse “Tudo esta completado!” (Jo 19.30, NTLH) na cruz do Calvario, no seu ultimo momento com vida e, depois, baixou a cabeca ¢ morreu. 37 Missé a Hora Chegou Aprendendo com o Apéstolo Paulo © apdstolo Paulo deixou-nos um exemplo magnifico de vida, que foi fazer a vontade do seu Mestre. Ele buscava por todos os meios cumprir o que apresento neste livro como uma “férmula especial” como ilustragao para facilitar a compreensao de um processo que nao é complexo, mas que necessita de ter uma continuidade caso pretendamos alcangar bons resultados para o Reino de Deus, Nao havia duvidas na mente do apéstolo de que, para fazer um trabalho com perfeigao, ele precisava de todo o amor e agdo que fossem necessarios para alcangar aqueles a quem ele planejava apresentar o evangelho. Para um estudo sucinto sobre essa figura biblica extraordi- naria, nao hd a necessidade de fazer pesquisas extra-biblicas, ja que, através dos relatos registrados nos livros dos Atos das Apéstolos e na literatura sagrada da sua propria autora, con- seguimos extrair o suficiente para entender bastante sobre a sua genealogia, formacao, personalidade e desafios na vida. Essas informagées desenham a vida deste grande apdstolo de uma forma muito simples, especial e interessante. Paulo foi preparado para ser um mestre do farisaismo. Ele era de uma familia judia da cidade de Tarso, uma cidade comer- cial que ficava no Mediterraneo. Localizada na Asia Menor, a cidade foi extremamente influente no comércio especialmente durante o reinado de Alexandre, o Grande, Paulo, como fari- seu (e filho de fariseu) que era, estudou com o grande mestre farisaico Gamaliel, que pede ter sido neto de Hilel, 4s vezes também conhecido como um dos grandes “proto-rabinos”, ou seja, os frequentemente chamados de “sabios” ou “mestres” do primeiro século a.C, Isso significa que Paulo estudou com uma das mais respeitadas linhagens de ensino no final do pe- riodo do Segundo Templo. Tudo aponta que ele deve ter sida preparado além dos ensinos da Tord como cra o costume, mas os seus estudos também incluiam uma compreensio profunda dos profetas e da literatura classica e filoséfica. 38 Uma Formula Especial Otrabalho de Paulo como fazedor de tendas mostra que ele também era cuidadoso com aquilo que fazia come profissional. Aprendemos que, depois da sua conversao, Paulo linha como colegas Priscila e Aquila, que também exerciam a mesma ati- vidade profissional (At 18.3). Na carta escrita por Paulo aos Galatas no capitulo 1, ele dis- corre sobre a sua transformagao de um homem judeu sem Deus, cujo alvo de vida era perseguir os que criam no evangelho, para um judeu que segue Jesus como Senhor. A data estimada desse evento transformador, ou conversio, é geralmente atribuido entre 31 ¢ 36 d.C. Paulo também menciona essa dramatica ex- periéncia em 1 Corintios 15.8, quando defendeu a ressurreicio dos mortos, observando que Jesus havia aparecidoa ele “como para alguém nascido fora de tempo”. A grande mensagem de vida foi justamente essa mudanga de perseguidor para perseguido; de um anunciador de morte para um proclamador de vida. E verdade que ele, como pessoa, ja adquiria um estilo pré- prio em que tudo 0 que fazia ja carregava a intengao de uma boa conclusao. Ele jA tinha como habito a pratica do inicio, meio e fim aplicados aos projetos em que se envolvia. A missao entregue a ele pelos seus lideres religiosos de perseguir os cristios da sua €poca foi abragada com ardor, e foi com essa postura de vida de conclusao de alvos que ele, Saulo aprovou a morte de Estévao. Naquele mesmo dia aigreja de Jerusalém comecou a sofrer uma grande perseguigaa. E tados os cristios, menos os apéstolos, foram espalhados pelas regides da Judeia e da Samaria. [...] Porém Saulo se esforgava para acabar coma igreja Ele ia de casa em casa, arrastava homens e mulheres e os jogava na cadeia. (At 8.1,3, NTL) A grande licfio que aprendemos da vida desse apéstolo, en- tre muitas, é como o Senhor Deus pede transformar uma vida, 39 Cie ik BR ggg ce Missa a Hora Chegou nunca nos esquecendo, porém, dé observar que o elemento participative nosso precisa continuar forte. Deus mudou os projetos de vida do apéstolo Paulo, mas sé este ndo colocasse em acdo ¢ com muita presteza este novo plano para a sua vida, nao o teria concluido com sucesso. Existe um equivoce por parte de muitos neste cristianismo pds-moderno que é praticado em nossos dias. Muitos entendem ou preferem ver a vida como se fosse um percurso de teleférico planejado por Deus e que nao é necessario nenhuma partici- pagao nossa, a nao ser a postura de sentar-se e deslumbrar-se com a paisagem, porque o que Deus determinou, segundo esse pensamento, ira acontecer. Tenho uma ética contraria a essa posicio. Certamente, ¢ Deus quem coloca em nossas mos coisas para serem realizadas. En- tendo que, junto a esses projetos, também estao as dificuldades naturais da vida, incluindo nossas proprias deficiéncias, que precisarao ser trabalhadas durante a realizado desses projetos de Deus para nossas vidas. Essa é uma das ligdes deixadas pelo apdstolo Paulo. Além da grande obra que tinha para fazer, ele também precisava estar constantemente observando a sua propria vida. Nos, assim como ele, também precisamos crescer enquanto realizamos a vontade de Deus para nossas vidas. Isso comega acontecer quando seguimos o conselho do experiente apdstolo: E verdade que alguns proclamam Cristo por inveja e rivalidade, mas outros o fazem de boa vontade. Estes o fazem por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho; aqueles, porém, pregam Cristo por interesse pessoal, nao de forma sincera, pensando que assim podem aumentar meu sofrimento na pri- sao. Mas que importa? Uma vez que, de uma forma ou de outra, Cristo esta sendo pregado, seja com fin- gimento, seja com sinceridade, também com isto me alegro; sim, sempre me alegrarei. (Fp 1.15-18, NAA) 40 Uma Formula Especial Ha muitos exemplos nos relatos biblicos de homens e mu- lheres que cumpriram, e outros, infelizmente, que falharam no cumprimento dos designios divinos para eles. As ordens foram dadas e entendidas, e emogGes foram en- volvidas neste processo. Alguns colocaram em agao e conseguiram o resultado pela pratica, enquanto outros ficaram apenas nas emogdes, vislum- brando o que seriaa satisfagao de ter a tarefa concluida, porém nunca sairam da teoria. Odono da seara, nosso Deus, nao usa maquinas para fazer 9 seu trabalho. O trabalho missionario nao ¢ algo robotizada! Este tem uma identidade prépria, e a encarnagao de Jesus é a maior prova disso. Nosso Mestre Jesus chamou obreiros que encarnem, a exemplo dEle, a necessidade de viver uma vida neste mundo, porém separada dele. Nac ameis o munda, nem o que no mundo ha. Se al- guém ama o mundo, o amor do Pai nao esta nele. Por- que tudo o que ha no mundo, a concupiscéncia da carne, a concupiscéncia dos olhos e a soberba da vida, nao é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, ¢ a sua concupiscéncia; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre. (1 Jo 2.15-17) Amado leitor, em um relacionamento afetivo, tudo comega com amor, porque ¢ 0 que permanece. A paixae, no entanto, é quase sempre marcada por sentimentos fortes, explosivos, mas tem um periodo determinado e extingue-se com 0 passar do tempo, pois, diferentemente do amor, a paixdo nao consegue entender que a realidade mostra que as situagdes mudam. Se quisermos ser usados por Deus e atender ao chamado do Senhor Jesus, temos de faz8-lo por amor, pois esse é 0 exemplo que Ele deixou para ser seguido. Nao se faz. misses por outro motivo a nao ser o amor pela mensagem da cruz, cujo resultado traz cura e libertagao: “E conheccreis a verdade, e a verdade vos libertara” (Jo 8.32). 4l Missées: a Hora Chegon Mesmo em meio a todas as dificuldades e fraquezas, & possivel fazer a obra de Deus e terminar bem como Ele espera que termine: “Tendo por certo isto mesmo: que aquele que em vés comecou a boa obra a aperfeigoard até ao Dia de Jesus Cristo” (Fp 1.6) Vez por outra, em minha participago como palestrante em eventos de cunho missioldgico, sou confrontado com uma pergunta: “Vocé no cansa de fazer 0 trabalho missiondrio?”. Existem duas respostas para essa pergunta. Uma esta apoiada na plataforma fisica e pessoal, e outra se ampara na esfera espiritual A que diz respeito a area fisica estd relacionada ao trabalho totineiro que envolve a esfera funcional do exercicio da fungao missiondria. Esta gera o cansago porque é trabalho. Nao ha duvidas de que, depois de uma viagem de horas de énibus ‘ou outro(s) meio(s) de transporte visitando pessoas, comendo comidas totalmente estranhas ao paladar do brasileiro ou o simples fato de estar exposto a um clima que, vez por outra, exige um esforco fisico maior para adaptagao, o tempo provoca ‘0 desgaste fisico c mental. Inclusive, saliento que tal efeito nao esta presente apenas entre os brasileiros, sendo também uma questao que atinge o contingente missionario internacional que desenvolve projetos transculturais. Sim! Se for observado apenas nesse aspecto, o trabalho mis- sionario é cansativo, assim como o trabalho de uma dona de casa, de um professor, do médico, do pedreiro, do pastor, ete. Qutra resposta transcende ao fisico. E a de ordem espi tual. Minha esposa e eu estamos no campo missionario desde 1981. Qu seja, ja estamos ha quase 40 anos servindo ao Senhor como missionarios. Nesses anos de trabalho missiondrio, ja fomos expostos a varias situacdes. Algumas boas, outras nao. Entretanto, a pergunta permanece: “Existe cansago ou nio?”. A nivel pessoal, o que nos revigora a cada dia nesse traba- Tho de MissGes é ver vidas sendo transformadas. Nao ha nada mais gratificante do que olhar nos olhos de alguém que vivia preso pelo pecado ¢, quando encontra Jesus, a Luz do Mundo, arrepende-se e chega-se para Deus. 42 Uma Férmuda Especial O que se vé no rosto de uma pessoa que se transforma da noite para o dia, das trevas para a luz, é algo indiscutivel, e, nesse aspecto, o trabalho missionario nunca ¢ cansativo. Muito pelo contrario! Nao importa quantos quilémetros sao percorridos para alcancar alguém; nao se leva em consideragao 0 tempo ou. as dificuldades pessoais. Quando se testemunha a mensagem do evangelho produzin- do frutos, é como se fosse as dores de parto: acabam-se quando a ctianga vem ao mundo, sendo substituida pela grandeza de uma nova vida que chegou ao mundo. Asalvacio de uma vida é um momento indescritivel. E sao esses lindos momentos que fazem de minha vida uma vida alegre e renovada para continuar esse trabalho. Nessa esfera, 9 trabalho missionario nao é cansativo. Pelo contrario! Chega a ser energizante e motivador. Outro Bom Exemplo de Amor e muita Acdo Mary Slessor (1848-1915) Cresceu nas favelas de Aberdeen, Escdcia, com um pai alcodlatra e com pouquissima esperanga de mudar as suas circunstancias, nao sendo um comego promissor para ninguém. Todavia, para Mary Slessor, a sua infancia ensinou-Ihe uma tenacidade e uma forca que Ihe serviriam muito bem durante 08 anos em que passou morando na Nigéria. Mary cresceu ouvindo a sua mae muito fervorosa e amante de missies ler o jornal da missio todo més. No seu coragao, eresceu o desejo de compartilhar Jesus com 0s outros. Ela tinha 27 anos quando David Livingston, o conhecido missionario que trabalhou na Africa, faleceu, ¢ ela decidiu que iria continuar 0 seu trabalho para aleangar toda a Africa. O trabalho de Mary comecou em Calabar, e ela viveu ¢ trabalhou em lugares onde nenhum europeu jamais esteve. Mary enfrentou doengas ¢ dificuldades com risco de vida, mas a “Poderosa Mary”, como era carinhosamente chamada pelos que a conheciam, nao considerou desistir. Ela viveu por 15 anos com as pessoas de 43 Missdes: a Hora Chegou Okoyong e Efik, aprendendo as suas linguas ¢ ajudando-as a resolver disputas; trabalhando incansavelmente para educar e superar as superstigGes daqueles povos, como o assassinato de gémeos e os direitos das mulheres. Ela conquistou o seu amor e respeito e, como resultado, conseguiu espalhar o evangelho para areas que nenhum outro missionario poderia ofere Vamos juntos e com muito amor dar passos concretos (acao), em favor de projetos missionarios para que, com o pouco tempo que ainda nos resta, venhamos aleancar resultados, buscando sempre a perfeigio de Deus para nossas vidas. Reflita nisto: “Alguém pode dar sem amar mas nao pode amar sem dar.” (Amy Carmichael) TEXTOS ADICIONAIS “UMA FORMULA ESPECIAL” QUERIDO LEITOR, As musicas, os programas de televisiio, as poesias, muitas vezes levam-nos a pensar no amor como algo abstrato, como um sentimento profunde e bonito, mas Jesus ensinou-nos que oamor é, antes de tudo, uma atitude. O perdio, a generosidade e o service sao atitudes de amor. Vocé jd observou o quanto seus pais doaram-se para que vocé pudesse ter um futuro bom, uma vida agradavel? Eles, nossos pais, nao precisam falar o tempo todo que nos amam, pois as suas acdes j4 demonstram isso. Da mesma forma, um bom amigo demonstra o seu afeto mudando a sua agenda s6 para ouvir-1os quando precisamos. Qual foi a ultima atitude que vocé fez em favor de outra pessoa por amor a Deus? RECURSO PARA GRUPOS PEQUENOS Muitas vezes, pensamos no amor de um modo abstrato, como um sentimento muito dificil de ser definido, nao é? Mas a Biblia ensina-nos que amar é uma escolha, uma a¢io. 44 Uma Formula Especial Entao, os justos Ihe responderao, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E, quando te vimos estrangeiro e te hospedamos? Ou nu ¢ te vestimos? E, quando te vimos enfermo ou na priséo ¢ fomos wer-te? | E, respondendo o Rei, Ihes dird: Em verdade vos digo que, quando @ fizestes a um destes meus pequeninos irmaos, a mim o fizestes. (Mt 25.37-40) | DINAMICA Organize a equipe para uma tarefa pratical! Promova um dia de limpeza na igreja ou uma visita a um lar de idosos ou de criangas. Coloquemem pratica oato de “servir a Deus servindoaoautro”. Apés a experiéncia, compartilhem sobre como foi executar essas tarefas e como foi tornar 0 amor em uma atitude pratica. QUEM ESTA NA CHUVA E PARA SE MOLHAR As Leis Naturais foram estabelecidas por Deus, 0 Supre- mo Criador dos céus, da terra e de tudo o que neles existem, “porque nele foram criadas todas as coisas que ha nos céus e na terra, visiveis ¢ invisiveis, sejam tronos, sejam dominacdes, sejam principados, sejam potestades: tudo foi criado por ele € para ele.” (Cl 1.16, ARA) Essas leis existem para cumprir uma fungao, pois nada acontece por acaso. E verdade que podem ser alteradas, mas ha sempre prejuizo para a prépria natureza ou para aqueles que dependem dela quando isso acontece. Vive-se hoje, infelizmente, uma série de desastres naturais que poderiam ser evitados se essas leis fossem obedecidas. O avango fenomenal de regides habitadas de muitas cidades e o descaso com o cuidado oua preservacao apropriada de regides florestais tem sido apon- tados pelos especialistas como os pontos cansadores, que sa0 taxados por muitos como os maiores descontroles climaticos que o mundo ja experimentou. Miss6cs:. a Hora Ghegou Achuva, por exemplo, é um dos fendmenos naturais mais comuns ¢ frequentes. Gedlogos afirmam que, entre outras fun- Ges para a chuva, uma das principais é a de regar 0 solo de nosso planeta e influenciar a qualidade do ar que respiramos. As estagdes das chuvas promovem o equilibrio da temperatura quente de uma regiao, ocasionands, assim, 0 descanse do solo e dos que vivem dele. Ea problematica das enchentes? Enchente nao é causada por leis naturais, e sim pela administracao publica ou pela popu- lagdo que nao prepara ou preserva a infraestrutura da regiao. Quando crianga, lembro-me de que gostava de voltar da escola em dia de chuva. Meus colegas e eu corriamos pela rua a fora sentindo o vento ¢ a chuva que as vezes caia forte. Era novidade, era diferente. Era a chuva que trazia uma mudanga na rotina do dia. Em_uma visita que fazia a Israel, numa estagio considerada das secas, quando estava chegando ao hotel depois de um dia gasto em atividades ao ar livre, comegou a chover para surpresa nossa. Era uma chuva “timida” porque era bem fina e sem muita expressao. Mesmo estando na categoria de chuva fraca, aquela chuvinha surpreendeu a todos por ser inesperada. No entanto, o mais surpreendente estava para acontecer. E o grande pasmo nao veio com a chuva, mas, sim, com a reacdo exposta pelos israelenses que estavam no local. Eles comecaram a aplaudir ea dar gritos de felicidade pela experiéncia de sentirem e ex- perimentarem aquela chuva. Em uma conversa que mantive com algumas daquelas pessoas durante ¢ depois da experiéncia com a chuva, eles disseram-me que a sensagéo de alegria era em relagdo a escassez de chuvas em Israel. Eles afirmavam-me com niuita veeméncia: “Em Israel, toda chuva é bem-vinda. E béncdo ¢ significa abundancia!” Fazendo um paralelo com nossos dias e usando a chuva como uma ilustragaéo para mostrar a provisio divina 4s ne- cessidades para a realidade espiritual que se vive atualmente, ereio que nao nos faria mal termos uma forte e refrescante chuva espiritual para tirar-nos da rotina, para alertar-nos 48 Quem Esta na Chuva £ para se Molhar quanto as necessidades de missGes e, acima de tudo, deixar bem convincente a realidade do poder maravilhoso de nosso Deus. Trata-se de uma “chuva espiritual”! Uma chuva serédia é semelhante a descrita no livro do profeta Oseias no capitulo 6 verso 3: “Conhecamos 0 Senhor; esforcemo-nos por conhecé-lo. Tao certo como nasce 0 sol, ele aparecera; vird para nds como as chuvas de inverno, como as chuvas de primavera que regam a terra” (NVI). Precisamos de ventos fortes e de muita “agua” celestial para encharcar nosso cora¢ao ¢ fazer-nos acordar para a realidade de que os campos estdo brancos para a ceifa, O Brasil ja é conhecido e reconhecide como uma poténcia evangélica mundial, tendo um numero impressionante de milhées de fidis espalhados entre as varias denominagées. Sao igrejas vibrantes que crescem em numero e em qualidade e, por vezes, crescem tanto que acabam até se dividindo.., Na realidade, a chuva do Espirito Santo ja tem regado nosso. Brasil de forma muito generosa. Temos visto colhcitas belissimas por geracGes. Nossa hora ja chegou, ¢ creio ja estar até passan- do. Precisamos usar nossa “terra regada” pelo Espirito Santo para servir de base em outras terras que ainda nao provaram € esperam pata experimentar o mesmo mover de Deus. Despertados para a Realidade Seria bom demais sea lideranga e os liderados — todos nds na realidade — cristéos no Brasil féssemos desafiados por Jesus nos moldes como Ele fez com o apéstolo Pedro: E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simao Pedro: Simao, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E cle respondeu: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros. Tornau a di- zer-lhe segunda vez: Simao, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Disse-lhe terceira vez: 49 Missdes; a Hora Chegou Simao, filho de Jonas, amas-me? Simo entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu t@ amo. Jesus disse-Ihe: Apascenta as minhas ovelhas. (Jo 21.15-17) Precisamos reagir 4 conivéncia com o bem-estar de um viver acomodado com as béncSos que recebemos constantemente. E hora de levantar e reconhecer as béngaos que desfrutamos em nossas comunidades eclesidsticas ¢ resolver agir usando como estrutura a experiéncia pessoal de ter sentido o poder de Deus de forma real. Isso vai alterar a forma como vive- mos porque essa resolugdo pessoal alterara também a forma como vemos a vida. Quando isso acontecer de uma forma generalizada entre nés, entao frutos em abundancia brotarao dessa “terra” molhada pela chuva do Espirito Santo. Hoje certamente j4 vemos sinais disso, porém precisamos pela f¢ cumprir nossa parte sabendo que o Senhor fara brotar uma grande colheita em resposta a cada decis4o pessoal feitaem favor da grande Seara. Em termos puramente fisicos, saber que nossa regiao éaben- coada por chuvas constantes é muito gratificante. Mas, para um equilibrio global, o ideal é ter 0 mesmo fenémeno aconte- cendo em outras partes do planeta, O mesmo precisa acontecer na propagacio do evangelho da paz. Que a chuva espiritual que temos recebido em nosso solo patrio venha nos motivar a mostrar a outras partes do mundo a necessidade de buscar ao Senhor enquanto ha tempo, que parece termos em grande quantidade, mas que, na realidade, diminui a cada minuto. Pelo que diz: Desperta, 6 tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerd. Portanto, vede prudentemente como andais, ndo como néscios, mas como sabios, remindo o tempo, porquanto os dias sao maus. Pelo que nao sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor, E nao vos embriagueis com vinho, em que ha contenda, mas 50 Qhem Esté na Chuva E para se Melhar enchei-vos do Espirito, falando entre vos com salmos, ehinos, e canticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coragao, dando sempre gragas por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. (Ef 5.14-20) Milhares de pessoas morrem diariamente sem ouvir ou ou- ‘em com ¢lareza sobre esta “chuva” maravilhosa. Precisamos sair de nossa rotina, de nossa zona de conforto e mover-nos ao encontro daqueles que necessitam das Boas Novas. Que tenhamos coragem e desprendimento para fazer os que os primeiros discipulos fizeram. E Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu dois irméos, Simao, chamado Pedro, ¢ André, os quais lancavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde apds mim, ¢ eu vos farei pescado- res de homens. Entao, eles, deixande logo as redes, seguiram-no. E, adiantando-se dali, viu outros dois irmaos: Tiago, filho de Zebedeu, e Joao, seu irmao, num barco com Zebedeu, seu pai, consertando as redes; e chamou-os. (Mt 4.18-21) Parece simples romantizarmos de vez em quando © aconte- cido narrado nos evangelhos. Todavia, cologuemos a mesma situacao dentro de nossa realidade de vida e imaginemos um homem vindo até nés com palavras persuasivas e mostrando- -nos que ha um caminho melhor a seguir e, consequentemente, éssemos a nao so concordar com Ele, como também acredi- tar nEle. Imaginemos também que, depois dessa experiéncia, este homem fizesse um convite para segui-lo — simplesmente abandonar tudo e segui-lo. Vocé estaria disposto a fazer o que os primeiros discipulos fizeram? Eles simplesmente deixaram tudo para seguir a Jesus! ‘Omesmo chamado para seguir a Jesus ainda continua aser feito por Ele. O chamado do Senhor ainda é valido hoje! Ele Sl Missdes: a Hora Chegou precisa buscar discipulos que se disponham a fazer 0 mesmo, ou seja, priorizar a miss’o de proclamar o evangelho. A grande e vasta maioria nfo precisara fazer o que minha esposa e eu fizemos em 1981, quando partimos do Brasil em rumo & distante e desconhecida nagio chinesa. Essa é uma realidade presente na vida que todo missionario transcultural precisa fazer, que é deixar o seu pais, asua familia, os seus lagos afetivos com amigos ¢ tudo o que possui no seu pais de origem para ir a outra nace ou a outra cultura para fazer o trabalho de proclamacdo do evangelho. Esse é um chamado especifico que milhares de cristios cumprem. Em tempo, ¢ oportuno esclarecer que, em nossos dias, com a globalizacao, esse trabalho torna-se mais facil devido a migrag&o entre povos. Hoje, sem deixar o Brasil, o brasileiro tem contato com dezenas de povos e etnias que migraram para nossa nacao. Felizmente, para aqueles que nao se sentem vocacionados para o trabalho transcultural feito fora do seu pais de origem, que envolve principalmente aprender uma nova lingua e cul- tura, estes podem permanecer nas suas patrias. Nao precisa- rao deixar a casa, a familia ou o ambiente social em que estao familiarizados. Nesses casos, onde esta a diferenca? Nao existe diferenga! O cerne do chamado continua sendo o mesma. O grande desafio éa tomada pessoal de uma decisiio de deixar para tras os seus proprios interesses pessoais, os seus proprios descjos e planos para vida. Buscando Ser como o Mestre Noexercicio de uma vida crista comprometida em ser como o Senhor Jesus, nao existe dicotomia de propdsites, ou seja, nio existe o que é meu e o que é do Senhor. Tudo é dEle ¢ para Ele! “Porque dele, e por ele, e para ele sao todas as coisas; gloria, pois, a ele eternamente. Amem!” (Rm 11.36). Quando encarnarmos essa realidade na sua totalidade, entao viveremos uma vida completamente dedicada 4 obra de pro- clamagao do evangelho. Essa foi a li¢lo de vida deixada pelo 52 Quem Esti na Chuva E para se Molhar Senhor Jesus a ser seguida, como também os seus apdstclos e todos aqueles que serviram a Deus por fé antes do Novo Tes- tamento a espera da chegada do Messias. Quando vivermos nessa novidade de vida, j4 nao estaremos mais preocupados com nossos projetos, nossa igreja, nossa denominagao, nosso nome ou reputagao. Viveremos sé para Ele! Nossa prioridade de vida sera Ele! Entendo que desejos € anseios pessoais, bem como a identificagdo denominacio- nal, sao de extremo valor e importancia (por favor, nao me entenda mal), mas essas coisas nao podem tomar o lugar de prioridade em nossa vida. Creio que o ensino do apdstolo Pedro também pode ser aplicado a essa necessidade de assumir wma nova postura de vida quando ele exorta: [..] come filhos obedientes, nio vos conformando com as concupiscéncias que antes havia em vossa ig- norancia; mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vds também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito esta: Sede santos, porque eu sou santo, (1 Pe 1.14-16) Venha comigo agora para rever um dia na vida de Jesus. Foi um dia muito especial marcado por um numero significativo de pessoas que estavam presentes e muito alegres: E, quando ja chegava perto da descida do monte das Oliveiras, toda a multidaéo dos discipulos, regozijan- do-se, comecou a dar louvores a Deus em alta voz, Por todas as maravilhas que tinham visto, dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e gloria nas alturas! (Le 19.37,38) Este foi um dia na vida de Jesus que é conhecido como “A Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém”. Tal evento marcava um ato profético a respeito de Cristo, apesar de muitos que 53 Missiies: a Hora Chegou estavam envolvidos na celebragao ainda no entenderem a sua total significdncia. Ao continuar a caminhada, em um certo momento, "[...] vendo a cidade, chorou sobre ela” (Le 19.41) O significado espiritual daquele choro, daquela expressio emotiva feita em publico, foi enorme. Muites que estavam presentes provavelmente nao observaram a realidade espiritual que Jesus via e que ninguém podia ver naquele momento. Foi isso que o fez sentir uma angyistia muito grande por aquela cidade. Ele explicou: Ah! Se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que a tua paz pertene Mas, agora, isso esta encoberto aos teus olhes. Porque dias virao sobre ti, em que os teus inimigos te cercarao de trincheiras, é te sitiardo, e te estreitarao de todas as bandas, e te derribarao, a tie a teus filhos que dentro de ti estive- rem, e nao deixarao em ti pedra sobre pedra, pois que nao conheceste o tempo da tua visitagio. (Le 19.42-44) Na Biblia, temos registradas trés ocasiées em que Jesus chorou: Jesus chorou quando Lazaro morreu (Jo 11.33-35; Jo 11.38), enquanto orava a Deus (Hb 5.7-9) ¢ na ocasiao distinta da sua visita a cidade de Jerusalém (Lc 19.41-44), Esses fatos registrados apresentam a humanidade de Jesus mostrando a sua sensibilidade com o natural e, especialmente, o invisivel, o transcendente. Na questao de Jerusalém, Jesus avistou a tragédia e os horrores que viriam sobre aquela amada cidade, que, por ser tGo estimada por Deus, foi escolhida para receber, acolher e conhecer em pessoa o salvador da humanidade. G fato de Jesus chorar pela cidade do rei Davi, entre outros pontes, estava no fato de esta ter recebido tamanha oportuni- dade e privilégio e nao saber aproveitar, o estar tio perto da salvagao e ignorar essa possibilidade, o que, como resultado, infelizmente, traria consequéncias enormes para aquele lugar ea sua populagao, 54 Quem Esté na Chuva E para se Molhar Jesus cherou porque era humano! Jesus chorou porque sentiu a dor daqueles que nao estavam vendo o que Ele via. Se queremos ser como Jesus, também temos que ser sensiveis como Ele fai Somos diariamente bombardeados com um pacoldo de no- ticias ¢ informagoes. Essa é a marca de nossos dias, em que a midia invade nosso espago privado trazendo para nés aquilo que permitimos, aquilo que pedimos ou até aquilo que nos enviam mesmo sem nossa permissao prévia. Essa enxurrada de informages a que somos expostos diariamente por varios meios de comunicagao sao, quase sempre, acompanhadas por imagens, outras com audio e/ou efeitos especiais. Por tornar-se um fendmeno social comum e repetitivo, essa pratica tem desenvelvido na populaggo mundial uma dormén- cia de sentimentos, ou seja, uma “dessensibilizagio” para os eventos que acontecem préximos ou distantes de n Se aspiramos a ser como Jesus, nado podemos estar dessen- sibilizados com a situacdo daqueles que vivem sem conhecer o verdadciro evangelho. Creio que, hoje, o Senhor Jesus ainda “chora”, porém pela igreja contemporanca. A razao provavelmente estaria ligada a atitude egocéntri- ca ec indiferente dessa igreja moderna. Fazem-se programas ¢ grandes eventos com agrupamentos marcados, em alguns casos, por milhares de participantes com o objetivo nobre de louvar, aprender, ter um momento especial de elevo espiritual e experimentar a comunhiio abencoada entre os irmaos, etc. Tudo isso é muito importante, correto e necessario, mas, infelizmente, na maioria das ocasides, esses eventos também sao mareados pela auséncia do “choro de Jesus” pelos perdidos. Se queremos ser parecidos com o Senhor Jesus, temos que cultivar essa sensibilidade de sentir com o sentimento de Deus a necessidade que o mundo vive de conhecer a verdade que liberta. Quando esse sentimento for para nds 0 que foi em Jesus, estaremos totalmente absorvidos pela missao de anunciar a todos a mensagem salvadora da cruz 55 Missiies: a Hora Ghegou Se Estamos na Chuva, Vamos nos Deixar Molhar Deixemos para tras tudo o que venha dificultar o estar “en- charcado” das béncaos celestiais. A experiéncia de tornar-se e manter-se encharcado pelo Espirito Santo sera incémoda (porque questionara nossa maneira de viver), sera arriscada, e, possivelmente, seremos mal entendidos e até ridicularizados, mas, ao fazé-lo, ficaremos mais cheios de animo para continuar acaminhada executando principalmente aquilo que é prioritario & causa do Reino de Deus. Uma vez mais, os conselhos do velho apéstolo Pedro aju- dam-nos a refletir sobre a importancia do estar em Cristo, Deixando, pois, toda malicia, e todo engano, e fingi- mentos, e invejas, ¢ todas as murmuragées, desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, © leite racional, nao falsificado, pata que, por ele, vades crescendo, se é que ja provastes que o Senhor & benigno. (1 Pe 2.1-3) A decisao continua sendo sua e minha. © inicio é sempre a nivel pessoal. Ao decidir que vamos andar em Cristo para fazer Missdes como Ele fez, precisamos enfrentar primeiramente nossas proprias batalhas. Com um olhar critico-construtivo, devemos iniciar com uma autoandlise de nossa condigao espiritual e ter acoragem do rei Davi quando entendcu as suas necessidades, Tem misericérdia de mim, 6 Deus, segundo a tua be- nignidade; apaga as minhas transgressoes, segundo amultid3o das tuas misericérdias. Lava-me comple- tamente da minha iniquidade e purifica-me do meu pecado. Porque eu conhesgo as minhas transgressbes, eo meu pecado esta sempre diante de mim. [ | Nao. me lances fora da tua presenga ¢ nao retires de mim o teu Espirito Santo. Torna a dar-me a alegria da tua 36 Quem Esta na Chuva B para se Molhrar salvagdo e sustém-me com um espirito voluntario Entao, ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores a ti se converterao. (SI 51.1-3,11-13) O que gostamos de guardar em nossa “bagagem” que nao pode estar ld precisa ser deixado para tras. Entenda-se que bagagem, aqui, sao os costumes e as tradigdes e, novamente, aqueles anseios pessoais. Para atender ¢ cumprira ordem do Senhor Jesus em nossas vidas, precisamos entender 0 que Ele disse: “[...] Se alguém quiser vir apés mim, renuncic-se asi mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me” (Mt 16.24). A ordem é morrer para nés mesmos e carregar nossa cruz porque, dessa forma, estaremos na dependéncia total do cuidado do Senhor. Lemos em Génesis 17 sobre o momento do chamado de Abra&o. Quando o Senhor Jeova enviou Abraao para a sua missao, Ele alertou-o quanto 4 obediéncia. Veja: Sendo, pois, Abrao da idade de noventa ¢ nove anos, apareceu o Senhor a Abrav e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda em minha presenca e sé perfeito. E porei o meu concerto entre mime tie te multiplicarei grandissimamente. (Gn 17.1-2) Abrado estava sendo lembrado de que precisava obedecer! Nao ha como esconder-se do olhar de Deus. Nunca podere- mos fugir ou nos esquivar do olhar do Senhor. Mas, além de exorta-lo a andar na “presenga dEle”, vale observar que, para Abrado, Deus também disse “e s8 perfeito”. Acho interessan- tissimo porque aqui esté acentuado o fator humano, ou seja, precisamos fazer nosso melhor para estarmos enquadrados da melhor maneira possivel naquilo que o Senhor tem para nds. O apéstolo Paulo, quando enfrentava os seus prdoprios de- safios, disse aos filipenses: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.13). Belissimas palavras de Paulo, pois ele nao exime a sua responsabilidade pessoal deixando tudo na 57 Missfies: a Hora Chegou mao de Deus. Muito pelo contrario! Ele coloca a si mesmo como executor daquilo que Deus tem ordenado. O “tudo posso” nao retira a importancia do atuar divino porque Paulo, nessa pas- sagem, esta enfatizandoa forca que o fortalece, que 6 0 proprio Senhor Jesus Cristo. Esta deve ser nossa esperanca: Sair! Estar exposto as situagdes. Aceitar desafios do Senhor sem saber para onde exatamente estamos indo, porém crendo, significa ter fé de que nosso Mestre que nos orienta tem tudo sobre o seu controle. Amigo leitor, vocé estd pronto para seguir incondicional- mente aquilo que Deus tem para sua vida? A hora chegou, eo chamado para Missdes ja foi feito. O que falta é apenas decidir se vocé vai cumpri-lo e como vai fazé-lo. Nao ha mais tempoa perder. Milhares de almas sao acrescentadas 4 perdig&o eterna a cada minuto que passa. Deus espera que o seu povo faga alguma coisa a mais para mudar esse quadro. Ele ainda chama como chamou 9 profeta Isaias: “A quem enviarei e quem ha de ir por nés?” (ACF). A resposta a esse chamado precisa ser definido de forma urgente, contundente, consciente € irreversivel. Amigo leitor, qual sera sua resposta? Que ela seja semelhan- te A do profeta quando afirmou: [...] cis-me aqui, envia-me a mim’ (Is 6.8). “Oh Deus! Que exista no coragao dos lideres e liderados em nossas igrejas uma gratidao pela chuva espiritual experimentada em nossa terra. Ajude-nos, Senhor, a compartilhar com outros povos esta maravilha”. Isso é fazer Miss6es! TEXTOS ADICIONAIS “QUEM ESTA NA CHUVA EPARA SE MOLHAR” QUERIDO LEITOR, Seja sincero, vocé ama Miss6es? Sua alma clama para que vidas sejam salvas? O que passa dentro de vocé quando assiste noticias e ouve sobre pessoas que morreram sem nunca terem comhecido Jesus? 58 Quem Esti na Chuva E para sc Molhar A Palavra de Deus incentiva-nos a pregar a tempo e fora de tempo: "[...] pregues a palavra, instes a tempo ec fora de tempo, tedarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (2 Tm 4.2). Vocé tem falado para as pessoas sobre Jesus? Tem orado por elas? RECURSO PARA GRUPOS PEQUENOS Deus chamou a cada um de nds para ser resposta e conforto para aqueles que estao perdidos e/ou desanimados. Por causa do amor que temos por Deus, somos chamados a amar outros e a fazer diferenga na vida deles, assim como uma pessoa oferece aguas limpas a alguém que esta sedento. Nossa meta ¢ criar oportunidades para sermos abencoadores. Apés a introducao a respeito do presente capitulo, pergunte ao grupo: * Quais ambientes vocé frequenta? * As pessoas que convivem com vocé sabem que vocé & cristéo? Apds as respostas, baseado no texto de 2 Timéteo 4.2, incen- tive-os a criar oportunidades para falar das Boas Novas, para falar sobre quem € Jesus Cristo e sobre a salvacdo e liberdade que Ele conquistou para todos nds na cruz. DINAMICA Vamos Orar pela Salvacao de nossa Cidade? Separem um tempo de orac&o em favor da cidade onde moram para que Deus levante cada um da equipe como um evangelista — cada um ao seu modo e no ambiente onde esta e/ou frequenta. Orem também por mais oportunidades de anunciar as Boas Novas de Cristo. SURPRESA NO CAMINHO Vocé conseguiria lembrar-se de um episddio em sua vidaem que teve uma grande surpresa? Surpresas normalmente chegam até nds em dois formatos que sao distintos e antagGnicos. Elas sao classificadas como “boas” ou “desagradaveis”. Tanto minha vida privada quanto a ministerial tém sido marcadas por muitas surpresas. Felizmente, a maioria delas é muito boa. As desagradaveis preciso vivé-las e superé-las e, vez por outra, lembrar-me delas e usa-las como ligdes de vida que precisam ser revistas para tornarem-se em pontos positives que me ajudarao no futuro proximo ou distante. Nas Escrituras, encontramos tanto no Antigo quanto no Novo Testamentos algumas situagGes envolvendo surpresas. Particularmente, gosto muito da narrativa descrita no capitulo 24 do Evangelho de Jesus escrito por Lucas, onde apresenta 0 acontecido a caminho da cidade de Ematis. Missdest a Hora Chegou Os dois Discipulos no Caminho de Emats Eeis que, no mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia que distava de Jerusalém sessenta estadios, cujo nome era Emaus. E iam falando entre si de tudo aquilo que havia sucedido, E. aconteceu que, indo eles falando entre sie fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou ¢ ia com eles. Mas os alhos deles estavam como que fechadas, para que o nao conhecessem. E ele Ihes disse: Que palavras sio essas que, caminhando, trocais entre vés e por que estais tristes? E, respon- dendo um, cujo nome era Cleopas, disse-Lhe: lis tu 36 peregrino em Jerusalém e nao sabes as coisas que nela tém sucedido nestes dias? E ele Ihes perguntou: Quais? E eles Ihe disseram: As que dizem respeito a Jesus, 0 Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palayras diante de Deus e de todo o pov; e como os principais dos sacerdotes e os nossos principes o entre- garam a condenacao de morte e o crucificaram. E nés esperdvamos que fosse ele 0 que remisse Israel; mas, agora, com tudo isso, é ja hoje o tereviro dia desde que essas coisas aconteceram. E verdade que também algu- mas mulheres dentre nés nos maravilharam, as quais de madrugada foram ao sepulero; endo achando a seu corpo, voltaram, dizendo que também tinham visto uma visio de anjos, que dizem que ele vive. E alguns dos que estavam conosco foram ac sepulero e acharam ser assim como as mulheres haviam dito, porém, nio oviram. Eele hes disse: © néscios ¢ tardos de coraga para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, nao convinha que o Cristo padecesse essas coisas € entrasse na sua gléria? E, comecando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. E chegaram a aldeia para onde iam, e¢ ele fez como quem ia para mais longe. E eles o constrangeram, dizenda: Fica conosco, porque ja ¢ 62 Surpresa no Caminko tarde, e ja declinou o dia. E entrou para ficar com eles. E aconteceu que, estando com eles a mesa, tomando o pao, o abengoou e partiu-oe Iho deu. Abriram-se-lhes, ento, os olhos, eo conheceram, ¢ ele desapareceu-lhes. E disseram um para o outro: Porventura, nao ardia em nds 0 nosso coragao quando, pelo caminho, nos falava e quando nos abria as Escrituras? E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém e acharam congregados os onze ¢ os que estavam com eles, o5 quais diziam: Ressuscitou, verdadeiramente, o Senhor e jd apareceu a Simao. E eles lhes contaram o que lhes acontecera no caminho, e como deles foi conhecido no partir do pao. (Lc 24.13-35) Fico imaginando a grande surpresa que os discipulos tive- ram quando reconheceram Jesus. No verso 32, eles afirmam: “Porventura, nao ardia em nés o nosso coragéo quando, pelo caminho, nos falava e quando nos abria as Escrituras?”. Foi no momento da surpresa agradabilissima de saber que © Senhor estava vivo — ¢ nao morto como julgavam — que os discipulos mais uma vez foram expostos 4 ministragio do Mestre, pois, “comegando por Moisés e por todos os profetas, explicava-Ihes 0 que dele se achava em todas as Escrituras”, Jesus estava revelando-lhes o que as Escrituras apresentavam sobre Ele, 0 Cristo, e a sua missiio. Tente colocar-se na posi¢io daqueles discipulos. Foi um momento de muita alegria, mas, ao mesmo tempo, de constran- gimento, pois eles foram relembrados pelo Senhor de que nao precisavam estar tristes e magoados com toda aquela situagao, pois as Eserituras ja haviam revelado o que aconteceria. Uma Grande Revelagao Nao pode ser ignorado o sentimento gerado pela presenga e ensino do Senhor Jesus na vida daqueles dois discipulos: “nao nos ardia o coragéo quando falava conosco?”. Sem sombra de 63

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