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Renan Lotufo Giovanni Ettore Nanni Coordenadores Teoria Geral do Direito Civil Alberto Gosson Jorge Junior Antonio Carlos Morato Artur Marques da Silva Filho Carlos Alberto Ferriani Carlos Alberto Goulart Ferreira Carlyle Popp Claudio Luiz Bueno de Godoy Diogo Leonardo Machado de Melo Erik Frederico Gramstrup Fabricio B Polido Fernando Rodrigues Martins Francisco Eduardo Loureiro Gabriel Seijo Leal de Figueiredo Giovanni Ettore Nanni Hamid Charaf Bdine Jiinior Hordcio Vanderlei N. Pithan IDP - Instituto de Direito Privado ‘SAO PAULO EDITORA ATLAS S.A. - 2008 Autores Itamar Gaino José Eduardo da Costa Leonardo Avelino Duarte Luciano de Camargo Penteado Luis Renato Ferreira da Silva Marcelo Benacchio Maria Alice Zaratin Lotufo Maristela Basso Ménica Aguiar Nelson Rosenvald Rafael Marinangelo Ragner Limongeli Vianna Renan Lotufo Roxana Cardoso Brasileiro Borges Rubens Hideo Arai Silvio Luis Ferreira da Rocha 14 Dos Fatos Juridicos e do Negocio Juridico Claudio Luiz. Bueno de Godoy Juiz de Diteito. Mestre e Douor em Dieito Givi pela PUC-SP Profes sor dos Cursos de Rs Graduaco da Riseratiase Meee Funda 40 Getulio Vargas (convidado). Professor do Curso de Graduac Co Gevallo Varsns ressor do Curso Preparatoro para Concursos (CPC), Sumdrio: 1, tntroduio; 2. Fat jridico: a base da divisio orginica do Livto I; 3. Neyécio jriico; 3.1. Definico; 3.2. Ogee rts ao institut; 3.3. Classifica; 4 Pressuposts de exstncia do nego Cio jrdico; 5. Requisits de vlidade do negéciojuridco 5.1. Agente capaz (ams. 104, le 105); 52. Objet Ico, possvel,determinado ou determine (arts. 104, Ile 106); 5.3. Forma prescrita ou nao defesa fem lei (arts, 104, Ill, 107/109 e 111); 6. Reserva mental 1 Introdugio naugura, ¢ tal como ja sucedia No Livro IIt da Parte Geral, cujo exame ora se inaugt of sucedin no anterior Gdigo, 0 atual Cio Civil se deca ao regramento, aie lise, da relagiojurdica, Ou sea, na estruuracao ongnica da Parte Geral, cones, In Lissica do direito subjetivo, a nova legislacao, depois ste & divisao el os eines ‘a0 objeto (bens), ocupa-se em estabele regras atinentes ao sujeito (pessoas) & Dos Ftos Suridco © do NegiieJcico 385, breceitos que cuidam, na sua divisdo classica, do terceiro elemento integrativo do direito subjetivo, isto 6, a relagao juridica, Verdade, porém, que, a0 fazé-lo, 0 CC/02 laborou em sistematizagdo mais técnica do que aquela contida no Cédigo Bevilaqua. 14 se introduzia o tema, a pani do artigo 74, e até o artigo 80, com chamadas Disposicées Preliminares, de todo abandonadas pela atual normatizagio. E, com efeito, mével da supressio, naqueles dispositivos havia, mais do que regras, propriamente, simples exortagées doutrindrias a respeito da aquisicao, modificacio e perda de direitos, matéria de certo estranha ao que é um corpo de normas e, a rigor, mais adequada ao campo da doutrina. Veja-se, por exemplo, logo o artigo 74, sempre muito ctiticado, e nao sem razao. Nele se estatula que os diteitos podem ser adquiridos por ato proprio ou por intermédio de outrem, ou ainda que os direitos se adquirem para si ou para terceiro. Evidente nao s6 a inutilidade, mas a inadequagao de previsio dessa espécie ao préprio escopo de uma regra juridica, de uma lei, como 6 0 Cédigo Ci- vil. Da esi forma 0 inciso Iie 0 parigrato Gnico do mesmo preceito, quando tratavam do que consideravam ser direito adquirido, futuro e deferido, inclusive criando contradicéo com o art. 62, § 2°, da Lei de Introducao." Nos artigos 75 e 76, o anterior Cédigo dispunha que a todo direito deve eor- responder uma aco que o assegure, bem assim que para propé-la é preciso de- monstrar legitimo interesse, nada diferente do que ja se contém no artigo 3° do Codigo de Processo Civil. Mas, de novo, algo que se ostenta estranho a previsio de um Cédigo Civil Por fim, a Parte Geral do CC/16, nessas denominadas “Disposigées Prelimi- nares". particularmente nos artigos 78 a 80, determinava que © perecimeity do objeto acarretava a perda do direito, em preceito ocioso se, afinal, nao ha direito sem objeto, depois dando-se a elencar manifestacées do perecimento e erigindo tesponsabilidacle afeta a quem se tivesse incumbido de conservar o mesmo objeto, todavia deixando-o perecer Como se disse, essas previsdes introdutérias do Livro Ill, no Cédigo anterior, Indo se compadeciam com a finalidade normativa de uma legislagio. Tratava-se de verdadeiros assentamentos doutrinatios, e nao raro fonte de contradigao, razaio de 0 novo CC as ter suprimido. A opcio do legislador de 2002, como se vera no item seguinte, foi a de dividie 6 Livro Ill, a0 menos em seus t1és primeirostitulos, de acordo com as formas pelas 4quais se pode manifestar um fato que tenha conseqiiéncias juridicas, sem qualquer previsao de disposigdes preliminates. Em outras palavras, 0 novo CC dedicouse, ba estrucuracao do Livro Ill além do titulo, que também havia no CC anterior, atinente & prescrigdo, agora regrada ainda a decadéncia (Titulo IV), ademais de Fara aprofundaro exame desta contradicio, er: LIMONGI FRANGA, A retroatvidade das lets eo dette adgurid, . 224-226, 1386 Teta Geraldo Diet Ct + Lofoe Nanet autonomizada a matéria da prova do negécio jurdicoem ula prépro (Tule, intes estava em capitulo, o quarto, do titulo do ato juriico - dire 3 Sus do far jurde,logo dando-se atratar do negocio juridco (Titulo D, ato juridico licito (Titulo M1) e do ato ilfeito (Titulo tt). i ‘Tudo, sempre, a partir da nogao genérica de tato juridico, entao cuja auslise ‘ora se impoe. 2. Fato juridico: a base da divisio organica do Livro IIT Como se vem eafimar no tem anterioso Lito da Parte Gerald Cin rior, se ocupa de tragarregras acerca da rel Civil, tal como se dava no CC anteriot, s¢ ocup: ras aceea elect eujo suport caja origem enfim esténo fato, em um ae re one efeitos jurdizs, a chamado fat urd. ene cimento da vida, que alteraa real i bem de ver, porém, que nem todo acontecimento 7 — dode gra onesie juris Pr ots ne oto in onsen ‘a modificagio ou a extingo de uma relacio juridica, como Porexempo simples Car cl chuva, um simples acear de mos; o que significa dizer qu 0 favo pode ou nao ser juidico. Sera juridico desde que preencha os requ dev noma que Ine empresa feos juris, on 2 utidico é aquele que se in entido, observa Renan Laufo? que o fata jroo €aquele que se in- com una esta normative corteponde a um meso conigrado po sina norma que nde, confrindo he fete jure. Tens, portant, ver deiro mével de atuagso do dro, Otto judi, aguete que pons slevancia ao direto plas consequénciasdesa expécie que éapto a gear a rigor encera 0 Ssuposto de atuagaoconeteta da prevsioabsttata da hipsesenormatva, hay reas ipdvese de ineidéncia. Pois € do fatojurdico que se ocupa o regrame do Livto Il da Parte Geral do novo CC. a ucede que, por sua ver, 0 fata jriico, aquee acontecinento da vida qu prod eonseqéncas uric, porquant conforms wma previ normal Como tal recone peo dete objetivo, pte uo depender do aunt ito subjervo, do homer. Em diversas fermos, ea despeito das crt dare eee eteeng teaional nao rao se Tanga a urdco pod > AMARAL, Fancsco, Dito ci: nou p. U7 > eit cme 268 sessatents note, + Renan Low embraces uta ea dio asad a ota: por Sse ato juin apenas ar acotecients eros 2 sto, cumando denne jr, coon on onda humans He PO ‘aheeas (c Cleertnc 25,Ei Bet na, at ao a mor eevanci da sont, quando dada de consents 8 prod por iso critcada, preferindo reservar a ot Fates aries edo Negi Jusdiey 387 ser voluntério ou involuntario, nesse segundo caso exemplificando-se com fatos naturais como 0 nascimento, a morte (nao provocada), a queda de frutos, todos acontecimentos dotados de aptidio a provocar efeitos juridicos, mas independen. temente de manifestagio de vontade, de conduta voluntéria da pessoa, “34 porém, se 0 fato € juridico, apto a induzir efeito desta ordem, e decorre de conduta humana, diz-se entdo que ele é um ato juridico. E aqui uma substan. ial alteragao do novo CC em relacio ao que se continha no anterior. No Cédigo Bevilaqua preceituava-se, depois da previsao das Disposigées Preliminares do ro Il, assim logo na abertura do Titulo I, que o ato juridico era todo aquele que tivesse por fim imediato adquitir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos (art. 81). Ou seja, nao se diferenciavam espécies diversas, e nem sempre com mesmo regramento, a rigor contidas no genero ato juridico em sentido am_ plo, sindnimo de fato juridico voluntério. Com efeito, casos ha em que 0 fato juridico é voluntério, mas nio teu por fim imediato adquiri, modificar ou extinguir um direito. Pense-se, por exemplo, em alguém que, de forma licita, em local ptiblico e permitido, se dedica & pesca, tia, por simples lazer. Trata-se, quando se fisga o peixe, de um fato, sem duivida voluntitio, ¢,frise-se, que produz conseqiiéncias juridicas, afinal ai revelando-se uma das formas de aquisicao da propriedade mével, por ocupacao (arts. 599/602 do CC/16, nio reproduzidos de modo especifico no novo CC porque legada a mia {éria a lei especial, de toda sorte valendo remissio a regra geral do art, 1.263) Importante notar, todavia, que, no exemplo dado, o pescador em mo pretendia, com seu ato, adquirir a propried: esse efeito se dest Port conhece efeitos ju mento algum lace do peixe pescado. Mesmo assim fanto, uma conduta voluntéria a que v diteito objetivo re- licos 08 quais, entretanto, nao constituiam a finalidade a que se voltava aquele comportamento, quer sob a perspectiva de quem agia, quer do quanto socialmente se enxerga naquele agit ais hipéteses sao costumeiramente denominadas de ato juridico em sentido estrito, malgrado a divergéncia nao sé terminolégica, como, ainda, de contetido Que a respeito grassa. Com efeito, alguns autores preferem distinguir situagdes em que, na conduta externada, falta intengdo ou const éncia acerea das conse Go de urn resultado juridico (ato juridico) ou. a eevés. quan se valociaa no © comportament ‘humano em si mas 0 resultado, a modifcagao objerva que ele provoca em uma situagay anterior {ato juridico em sentido strc). Sustenta © autor que a pura adstrigao 4 vontade podria lever lum mesmo evento, coma a morte, a ser considerado ora at, ota fata jutiico (Teor general del negocio guridico, p14), * Attonio Junqueira de Azevedo (Nexécio jriic: exstincia, validade ¢ eficécta,p. 9) observa ‘ue, tomade aind 1.0 mesmo exemplo da pesca ou, na sua Kigio, da caca. pode se ate admitir que o Pescador ou 0 cacador queiram com seus tos tamém a aquisigio da propriedade do objeto con {udo, nem por iss0, praticando ato negocial, negocio juridio, propriamtent, d le que ¢ pressupost, seu ver, uma declaraio de vontade socialmente vista como voltada 4 obtengio de unr dadoefer ideo, o que ndo se entrevé na conduea do peseadot ou do cagador 388 Teora Geral do Dirt Cnt + Loufo eNanat aiiéncias jurdicas respectivas, todavia previstas pelo ordenamento, havendo apenas dima vontade natural voltada a alterag6es no plano fisico das coisas ~ chamadas latos-fatos, atos exteriores, atos materiais ou atos reais, de que seriam exemplo o tesouto, a posse € mesmo a ocupacio ~ de outros casos em que até se manifesta lima vontade dirigida a obtengio de efeitus juridicos, 03 quais, porém, decorrem ‘automatica ¢ completamente da lei, sem espaco para a auto-regulamentagao ou em que a lei se preocupe especialmente com a intengao do agente para atribuir tfeitos ao ato, tomado apenas em sua voluntariedade ~ chamados atos quase-ne- gociais, como a interpelacdo, a notificagéo ou a revogacio,® para parte da dou. trina uma espécie, ao lado daqueles atos materiais, de ato juridico em sentido testrito” De qualquer maneira, so sempre fatos juridicos que, posto voluntérios, ‘nao configuram, propriamente, um negécio juridico, e sim, tal como a matéria se ‘ontém no artigo 185 do novo CC, lé intitulados atos juriicos licites (Titulo Il do Livro IID), a cujos comentarios ora se remete o leitor. Mas ainda aqui cabem duas ressalvas. ‘Uma primeira e especial observagio que a propésito se impoe ¢ exatamente ade que 6 novo CC, a semelhanga do Cédigo Civil portugues (v, arts. 217/294 & fart. 295), separou o tratamento desses atos nao negociais do chamado negécio juridieo. Conforme acentua 0 Ministro Moreira Alves", afinal, o autor do antepro~ jeto na parte geral, pretendeu-se substituir a expressio genética ato jurico, que estava no artigo 81 do CC/16, pela designacio especifica negécio juridico, mas dele diferenciando-se outros atos juridicos licitos em que, no seu dizer, nio ha uma vontade qualificada a que 0 ordenamento confira maior relevo na producio de efeitos juridicos (pesca ou caca), ou mesmo em que ha mero ato material inclusi- ve desprovido de intengao especifica (tesouro). De outra parte, ¢ wiuls a realgar 2 tais atos no negociais ou atos juridicos licitos que nao sejam negécio juridico, 6 novo CC, em preceito proprio (art. 185), dispds somente aplicaveis, mo que cou- © Ver por exemplo: MOTA PINTO, Carlos Albert. Ces de contrat, p. 384-355, Pontes de iranda (Tratado de dreto privado, 2, pars. 209 e 227, p.372 e 446), muito embora negando.2 distingio prnanejuridicos nao negociais em fungio de sua eficicia ex-oluntatee xleg, separa 0 que, com acc na dourtina alema, chama de ato-faro, do que considera ser ato jurdico em sentido estito, ease re qouengoes,interpelages,rensincia, revogaqao etc. Ja para Antonio Junqueirade Azevedo aegiow price: existenct,validade e eficcia, cit, p. 7),a denotar a divergencia sobre o ema, Raana re Se negneisic porquanto haveriadeclaraco de vontade scialmente considerada como st dan abtengie deeleitosjuridicos, pouco importando que de todo previstos em le, sem espayy para auto-regulamentacao. esse sentido: SANTOS CIFUENTES, Negéci juridico, p. 117 € 120-121. Para 0 autor, 08 atos ratenaiseo que chama de atos semelhantes a neg6ciosformam o genero ato juridico em sentido etnno, de eds maneia no negocias porque a intencio, mesmo existente naquela segunda especie, ‘hao tomada pelo ordenamento como ftor de atribuigao de eieiajuridica, para o que apenas se cea volumariedade da conduta, De seu turno, Werner Flume acrescenta a essas especies de atos Juridicos em sentido esto oat iio, em que também os efeitos impostos pelo ordenamenta so tadependenes da vontade, de queré-los ou ndo o agente (in Et negocio jurcico, p. 139) + parte gerl do projeto de Cédigo Cel brasileiro, p, 102-103) os fates Jurseor edo NepcioJuriico 389 ber sears cons nos pects antecedents, relatives a0 nei ju, © ave, € bom no asda ni representa mera citing acadmica ou teériea, implicando em profundasconseqiéncias de orem pris, Por exemplo basta lembrar como também o faz Morera Alves? e com respi regis atinente, he nego ayia ono de um menor qe, dass ou , 1 negocialinlido, mas que, no campo do ato juridico cit, ta qual nominado pelo novo CC, se rorna dono do peixe peseado. dearer cae remo so exam do argo 185, pra aprotundamena te relativa aos atos jutidicos ictos, nfo negociais, a 3 , ciais, agora im neste estudo, o exame, especifcamente, doneg&ciojuidieo, 3. Negécio juridico A partir do artigo 104, e até o artigo 184, o Cédigo Civil fixa regras acerca do nnegécio juridico, 0 que consttuio primeira titulo do Livro Il da Parte Geral. Po outa, trata-se do titulo inicial que cotresponde, como jé se vit nos tens antrio. tes a uma das manifstagdes de um fatojuriic, desde logo, entio,asentado que 0 negécio juridico ¢ espécie do género fato juridico e, fat jurdico Leta e voluntério, nana De toda uida-se de designaga no a to sorte cuia-se de desgnacio que pretendeusubstituiraqulacontida no atgo 81 do CC/16, qual nauguravao regramento do que se denominava won ma diferenciacio que, hoje, o novo CC estabelece entre duas de suas especies: 0 negcio juriie ¢o ato jurdkco lito (ato no negocal, ato juridico in sentido estrito ou ato-fato, conforme no item antecedente se mencionou) sigs do ame iso, importante ¢realgar que no CC/02.0 negécio juridico possi steniiagio¢ estrutua propria, 8 quai 0 dstinguem de ousos aos juriics ua discplina, por conseguinte, a essa outas expresses de fats juris mesmo voluntérios, nao se aplica senio quando cabi nto sendo quando cabivel (lembre-se do exemplo da regra de capacidade, citado no item 2). Dress exe Pois adiante, além dessa defini ainda se oder como ni aro efetvament sf. Por fi au classificagio lem, p. 102, nota em astersco. 390 Teri Geral do Diese iil Loco Non 3.1 Definigao Ja assentada sua distingéo em relagdo ao que o novo CC considera ser ato ju- ridico licito (art. 185), consoante se acaba de expor, 0 negécio juridico se define we assim desde os trabathos preparatirios do GC aleméo, de cuja doutrina, como se verd no subitem seguinte, se origina a figura, inclusive, tal qual observa Werner Flume, de acordo com o que constou da exposicéo de motivos do primeiro projeto de BGB ~ como uma declaragio de vontade privada, dirigida 4 produgéo de um resultado juridico, que tem lugar conforme o ordenamento juridico."? Em diversos termos, entio, conceitua-se o negécio jurfdico como sendo a ma- nifestagio de vontade voltada & obtencio de efeitos juridicos previstos no orde- namento, Ou seja, cuida-se de o sujeito declarar uma vontade consciente € qua- lificada, por isso que se destina, tem por objetivo alcangar determinados efeitos jjuridicos relacionais, de aquisicao, modificacio ou extingio de direitos. Ou, mesmo ‘admitido, como quer parte da doutrina, que o sujeito tencione verdadeiramente alcangar efeitos praticos, trata-se de vontade externada de maneira tal que 0 of- denamento faz atuar efeitos juridicos exatamente correspondentes ao querer do declarante. Por outra, uma manifestagao de vontade diretamente voltada a um fim pritico e que 0 ordenamento tutela enquanto expressio da autonomia do sujeito, de auto-regulamentagao de seus interesses.'" Se possivel imaginar sua decomposigao esquematica, seria de se afirmar que co negocio juridico se integra por uma declaragao de vontade mais um efeito nor: mnativo que por ela se tenciona obter. Tem-se, entdo, uma declaracio de vontade externada com finalidade jutiica especifica, diferentemente, como se vin, do cha mado ato juridico em sentido estrito, em que, mesmo havendo vontade, ela no se {qualifica pela sua finalidade juridica, constitutiva de diteto. Dai costumeiramente dizer-se que, no negécio juridico, a0 contraio do ato juridico em sentido estrito, fou ato juridico licito, a vontade é qualificada, particularizada pelo seu objetivo de produzir efeito juridico. Certo que, no Cédigo Bevikiqua, malgrado tratado o ato juridico de maneira unificada, sem a distingao que hoje se contém no artigo 185, a conceituagdo que para ele se reservava, particularmente no artigo 81, coincidia com essa idéia de vontade manifestada de forma a atingir determinados efeitos juridicos, tal como hoje se caracteriza 0 negocio juridico, Mas isso fundamentalmente a um presst posto tedrico diverso, Projetado no final do século XIX e, por isso, herdanclo, como todos 05 Cédigos a ele contemporaneos, da familia romano-germanica do direito, clara influéneia do CC francés de 1804, 0 CC/16 sempre se assentou ~ coeren- te com o reclamo, da época, de valorizagao dos direitos individuals, de primeira 19 ELnegocio juridico cit p48. 1 por dos: CARIOTA FERRARA, Lait fnegorio giuridico nel dirt proato altars. p. 76. os Fetes Src do Negi Jsico 391 sear, cde un fimo em ace da auaco defer do pli, do ste ~ sob a perspectiva individualista do titular do direto, f p ite, o que significava, no "eso uc, adit como um ato devote, ina exprente da vontade Jugena, por is au cape, ela pp, de erat o eft ures qurs. io voluntarista ou subjetiva do nego, que fuziarepousar sobre vontade os seus fe jurigeos, como sea vontae nao precise, para aleangar esses efeitos, sex decarada de modo consonant com as exigénciasvalorativas do lenamento. Ou como se a vontade fosse valorada juridicamente sem qu e enquanto declarada.!? awene oy ‘naan bare se hd de refutar tese oposta, que consagra a chama- cae oes bjetiva ~ segundo a qual o negécio juridico encerra uma tern juia coneea, um presto cone, um oman obo a qe oo = presta eficdcia jurigena portanto dele emanada, desprezando-se le todo o papel motriz. que ainda se deve reconhecer a vontade -. hoje impi entender © ney ji, nel enfeiano se vontade ele, como expresso de uma autonomia, éo pur, da vontade, mas o que se vem denominande de a tonomia rvada, em que vontdeexprine un ato de nati todavia some merecedor de tutela e, assim, de efeitos juridicos, caso atenda a interesses coe senciascspostos no ordenamento, antes de tudo na propria Consttuigao Federal, ee erga arc sts amo od die psn Mana Cat 1, do sldarsmo e jatign na reago entre as pesos (art, de sorte ao que se tornard no desenvolvimento do subitem seguinte. ae amt sae de never, subjacent ao nego utc, uma eda de fundamental qu gant a invuos, de regular sus interests, dees + relagdes jutidicas mediante constituicio ou modificagao de direitos tal como preceituarem, mas com forca vineulativa conferida pelo ordenamento desde aue ates valores por le dspostos =a ida, no diner de Li en, de a liberdade, nao natural, porém juridiea, social, intrinsecamente limitada cles logon or lors solos no ren eo an dimentocondiciona a aleance ds efeitos juridcos buscaos or quem nesse sen ido manifestou von: Als, é por essa idéntica densidad que a lado da tale, 0 ordenamento ostenta no negécio jurdico que alguns autores chegam Nese send, observa Caron Nese senio obser Gra Ferra i eraimen, dean de vont ¢ no 8 onde em io eemeno bis do ego Fara 0 aor orden ana ona - a dese ue ere) manifestada (in Negozio giuridico, cit, p. 67). = ra Cro era rin nei ey xt 56 mad, dem A s let autoriza a autonomia privada, tornando possivel que o negécio produza efeit os juris malta 0. de eficacia (in I negozio givridico, cit., p. 61). meen pie Le euonomia prada, 245.299 "5 Examinet com maior detathamento 0 conecito ape de autonomia privada em capitulo préprio de 392 Teova Geraldo Diet Cl + Lara e Nase nomia, para sus- até mesmo a recusara nogio de que ele exprima um ato de autonomia, pa tena extn, ma su forma, de una ea eteonom en i mais ainda, o negécio juridico, definido, a Junqueira de Azevedo, mais ainda, co defini, ra atoameate pel sua génese (cola volunarsta), nem pea sn fo Cori objetv) ~malrado indicative de daos no dsprezados na sun como Sito assim pls ruta, deve sex compreeci como dara de Vontade cercada por eicunsténcias snepoiis que a faa ser it sae Como destnada &obtengo de efeitos juris. Nas sus pals forando 0 ue consider serum eno xual socal do nego uric, estes de fine, enguanto categoria urd, portant em asta, como “wna mania de vontaecereada de certs cicunstncas que fsen cm qu soilmente sm rife vita crn dria produ de fests Acres 0 rcretamente, 0 negéciojuridico se constitu d ; eet tesa soni con desta profi dceminadoefos {ueridos, mas @ que o ordenamento por so mesmo empresa caster juridico€ ‘inculante, Ouse, a sua visio a correxpondéeiaenteos efeitos querdos € 0 Te Se eects ial, porque reconhece a especificidade da dectaracio | condi ea fica soiment vista como desinada3 produ de fests priedade da coisa cagada, por isso que sem configurar nego j mentos que nele se contém.'? saao, como f no subitem segu ia se circunscreva apenas a rela- 4 no sut seguinte, 0 ato de autonomia se circt 5 rrncipio geral de liberdade, se desse apenas pela garantia da ie nite Nee ti RADURUH, Gat lof de, 9.286, © Net ovis abe ee 2 gsi andes os 2828 smo que septa dum modelo ji onezondee od tae oro om aa te ose sot suena mea meg, do yom dt tres (to Jaen pas). 0 ister oni ants hc desde que cnforme uma fungi econdmico soi que arate dd negocio gra, ot. 5435) 3 cidgo Cv comenad, ci. p.277 r Dos Fao dures edo Neg Juridce 393 da personalidad, como as de disposicio do préprio corpo, direito de imagem, ou ainda no campo do direito de familia, como num acordo sobre separacio ou guarda, valendo acrescentar o proprio testamento, que o novo CC explicitou poder se reconduzir apenas a disposigdes nao patrimoniais (art. 1.857, § 29), repreaentam, todas, veitladeiro negécio juridico, de disposigao sobre 0 De qualquer maneira, a real diferenga que no atual tratamento do negécio juridico se encontra, com especial interesse no novo CC, est no abandono de sua consideragao a partir, exclusivamente, da vontade que, manifestada, movimenta a sua formagao. Nao se ocupa inclusive olegislador apenas e téo-somente de regrar © negécio a partir da perspectiva de quem declara a vontade. Preocupa-se tam bém a legislacao, meroé da imposicio de exigéncias valorativas diversas, em que avulta a protecio da confianga do destinatario, como jé se disse, com a situagao dos terceiros que recebem a manifestacao qualificada de vontade do individuo, ‘Aquem declara a sua vontade, assim, porque cria expectativa para os que a rece. bem, deve-se reconhecer uma responsabilidade pela sua atuagao. Dai, igualmen. te conforme jé acima mencionado, a chamada teoria da auto-responsabilidade dar substrato ao regramento, no novo CC, do negécio juridico. Ou, como ja de ha ‘muito observava Cariota Ferrara, a responsabilidade de quem declara a vontade ¢ ctia situagio de confianga a terceiros que deve também ser preservada.2" Nem 860 predominio da vontade, nem s6 da declaragao. O que, enfim, acaba t em intimeras passagens da nova lei, como no tratamento do erro, cujos te de anulabilidade foram sempre elencados do ponto de vista do declarant essencial, real ¢ escusavel), mas agora a exigir ainda a sua cognoscibilidade pelo declaratario (erro perceptivel). Nada diferente do que se evidencia, também, na swova redagto do artigo 112, quando determina que, na interpretagao subjetiva, se atenda menos ao sentido literal das palavras e mais a intengao do declarante, todavia segundo 0 quanto consubstanciado na declaracdo. Tudo acerca do que, todavia, se remete aos comentarios dos capitulos préprios, fevelado -quisitos te (erro 3.2. Origem e critica ao instituto Atribui-se 0 desenvolvimento de um conceit trabalhos dos pandectistas alemak Renan Lovute to genético de negécio juridico aos ies, no século XVII, particularmente, como lembra partir da obra de Savigny e com especial relevo a formulacao de luma categoria geral, abstrata, de todo compativel com a parte geral que se inseria no BGB, o Cédigo Civil alemao que entio se elaborava. Com efeito, trarou-se da formulacao de uma enquanto manifestacdo de vontade dirigida teoria geral do negécio juridico 4 formagao de determinada relacio 2 Negosio giurten, cit, p. 75. * Codigo Ci comentads, cit. p. 268 pea connect + Le i que, cotificad, mm modelo sistematico de direito civil ea a : a yma parte geral, contemplativa de st erase a abt i sente-se, Tndinta, Algo, aces oe . oer rams ara ‘o pandectismo, a cee ota qe se conn, pore adem io que matearay mt st a a suport vio da cates juridica, bem ao sabor Jevou-a ao assentament situs regrados de forma abs melhante, a despeito da retor tia do direito romano, ou do nego! smo € ca a caracteristica de pragmatism « ®as4 mais ligado, consoante lembra Pontes Ge NS ia juridica, ou seja, & atividade neg ria juridica, 5 A idéia, no direito alemio, 4 A na esteita ‘contrario, se punha na. nso aot generics, coneebios do das diversas ocorréncias do m\ ia jurédicas estrucurais, iar un cone ger de nego ii, “ta construco ce um sistema juridico dog eo, ‘teed strata, para subsungao indist “do fatico. Foi mesmo um trabalho de se erigirem undo fatico. Jevadas, no BGB, a uma parte geral que ae atjos os livros di parte especial dan ere riat i ‘Amaral que esse ie, em espectro mals amplo, lembra’ ae eo cho civil. Certo ai es antes de juridicas,filoséficas, pot ine esac Fa Sha -antir; politicas porque assegure : oa a etait ‘desde o feudalismo, com os privilégic beer 3 's burguesas de comércio, a categori s nnava espraiasse suas regras cinta até ent eins Bes por ele criadas, asi m coe ito de igualdade também na época a afr & arr prcesoo de desenvolvimento das aividades PTET sae ee autonornia dos individuos de regular ess Seer assentadas na au ce nesa concepgo estrutural abserat ings e-generien do nea Mt ecentes,pasaram ase concenttay e658 SM to, ral como desde 2 orig ves constituiram mével a obser Uae izacio das relagoes cio juridico seria serra Cae Tema, dogma, absrata do regia que ua categoria Jia mos do que fsse o contd normative fe WT ero inset as reclamos #640 ue ae meso com a prop i coi gust nl pe eral gsi cil cacao, aera gerca de instittosrpies, aque Se Tors Dee finda aa rabalhos de elaboracio do pojero do CO Atte Ne foi onto sensive no Orlando Gomes de CC havi sup que, por exemplo, 0 ceussio sobre a cic, pa 249.0. 1p 4 76.377 Trade de de pra Pantene HPT sng rguet 0 Progen de igo CP Me ci roster, cP + " io REN i & t parte Geral de Projeto de 17, MOREIRA ALVES, Jos Dos Faos Jd edo Negi ritico 395, de resto ausente em varios e recentes Cédigos estrangeiros, italiano, de 1942. Ademais, é costume salientar que a concepgio tradicional do negécio juridi- co atendew a um modelo juridico ultrapassado (Estado Liberal), de especial va. lorizagio da vontade ¢ de su preservacao enquanto manifestagio de um ato de liberdade do sujeito de direito, particularmente no campo econémico, longe da interferéncia estatal. Ou seja, um momento em que, ao cabo do feudalismo e do absolutism, importava era garantir a gama de direitos subjetivos individuais, privados, chamados de primeira geragao. Um tempo em que a classe social que ascendia dependia de instruments juridicos que Ihe permitissem 0 mais livre desenvolvimento de sua atividade mercantil e a concebido genericamente como um auto-regulamentagao dos interesses, ‘que formal, deferida. Averdade porém é que, como por exemplo que convinha 0 negécio juridico Primado da vontade individual com forga de @ todos, afinal dotados de igualdade, posto conforme se entende, se em nosso sistema positivo, {@o recentemente reformado, se optou pela manutencio de uma parte geral, com categorizacio dogmética das diversas especies de fatos juridicos, entao coerente a. admissio mesmo de um conceito genérico para 0 negécio juridico. E nao é sé. Se essa foi a escolha do legislador, tem-se que talvez o instante seja, nao mais de discutir a utilidade ou necessidade do instituto, mas o de recompreendé-to a luz de um novo ‘modelo juridico, de um sistema com novos imperativos axiolégicos, Ou seja, um negécio juridico cujo contetido nao se esgote na v jurigena prépria e suliciente, antes admitida a sua coessencial mento que Ihe empresta efeito modo conforme as exigéncias v ‘ontade com fora lidade ao ordena. ico apenas se desde o inicio manifestada de ‘alorativas por ele estabelecidas, assim recusada a idéia da existéncia de um espaco residual de autonomia completamente infenso a incidéncia normativa. Uma vontade avaliada e interpretada pelo que na respec. tiva declaragao consubstanciado, ponderada com a necessidade da protec da ‘onfianga do destinatirio, portanto entrevendo-se uma responsabilidad, além de luma prerrogativa, do sujeito de quem provinda essa mesma declaraciio. Trata-se, enfim, de reconhecer no negécio juridico, posto que ainda concebido e regrado dde maneira genérica, contetido valorativo coerente com um novo sistema jurd £0 moldado, acima de tudo, pela prépria Constituigao Federal, eal como, no item anterior, a que ara se remete, se expendcu nomia privada, acerca do significado atual da auto- 3.3 Classificagio ‘Sempre lembrando que a classifieagi vidualidades, a partir de um eritério alterado o eritério, alteram-se as di ‘do implica em um agrupamento de indi previamente estabelecido, e que, portanto, visdes dos grupos, pelo que as classificacses 1396. Teovn Geraldo Diet Cl + Lota e Nal nao podem ser confundidas, baralhadas, como nao raro se procede em relagao as diversas espécies de bens, ot as modalidades das obrigacdes, varias so as formas pelas quais se pode classificar 0 negécio juridico ‘Tomada como critério a necessidade, ou nao, para sua conformagio juridica, de mais de uma manifestagio de vontade, 0 negécio Juridico porte ser unilateral ‘ou bilateral. & a distingdo releva sobretudo para que o termo negécio nao induza to erro de supor sempre indispensavel a dupla manifestacao de vontade. Com éfeito, negécios juridicos ha que se aperfeigoam tio-somente com uma declaragao Ge vontade, certo que revestidas dos requisitos de validade que no item seguinte serio examinados, Pense-se, por exemplo, nos titulos de crédito ou no testamen- to, que se consumam, do ponto de vista de sua conformacéo juridiea, apenas com ‘uma declaragio de vontade, do testador ou de quem, aids em qualquer condicio, ide sacador, emitente, sacado, avalista, endossante, subscreve um titulo de crédi- to, abrigando-se ~ e esse 0 efeito juridico perseguido ~ t0-56 por esta unilateral Ueclaracao de vontade. Ao revés, negécios outros existem que pressuptew dupla manifestagao de vontade para que se aperfeigoem. E se os contratos sio 0 mais Comum exemplo, ndo custa lembrar da novacio, ou mesmo da remiss, que 0 novo CC exige que seja aceita (art. 385). Muitos ainda referem o negécio juridico Conjunto, que exige mais de uma declaragio de vontade, todavia ndo provindas Ge dois centros de interesses opastos, propriamente ~ malgrado o dever de cola boracio e lealdade dimanado da boa-fé objetiva ~, tal como nos negécios bilate rais, mestno que sendo varios, para imaginar um contrato de venda e compra, 0s Vendedores e os compradores (negécio bilateral pluripessoal). Sao negécios em Jue as vontades sao ndo s6 convergentes, mas coincidentes, desde a origem. S3 declaragdes como que paralelas, seja permitida a figuragao, qual se da mos au» ‘constitutivos de pessoas juridicas ou em uma convencio de condominio. {Jd se 0 critério for a vantagem econdmico-patrimonial que suscitam, também 0 declarante ou somente ao declaratatio, os negécios juridicos podem ser one osos ou gratuites. Por exemplo, uma locacao ou o transporte (alids aqui com in portante conseqiiéncia em cermos de responsabilidade do transportador gratuito, hoje assentada extracontratual, se afnal o transporte por cortesia ou amizade niio configura contrato ~ art. 736) sio negocios juridicos onerosos. De seu turno, a doacao, a remissdo, o comodato, ou mesmo o reconhecimento de fll ~ e se me fora demonsurar indiferente se o negécio é unilateral ou bilateral, porque sito cr: érios diversos de classificagio, como atris se disse - encerram negocios juridicos gratuites, Tudo a suscitar conseqiiéncias pripras, como por exemplo no campo da interpretacio, jé que negécios benéficos se interpretam de maneira retrtiva (art 114), Ow ainda na seara da responsabilidade, cis que somente por dolo ou culpa grave, que a0 dolo se equipara, responde aquele que consuma negécio gratuito Benéfico exclusivamente a outrem (art. 392, e com reflexo claro, no caso citado do transporte, para a respectiva responsabilizagéo, se se considerasse, como antes indo raro se sustentava, que 0 transporte gratuito pudesse ser contrato). 1 €o Nepiio rise 397 acs Timbémconfomeotempo de gro do es din pote asia. aca pode 150s contrat, no prmete caso temse oo testament, no segundo. Iago, uns com outos, os negéios poem ser priipas ou aoe cestro, 0 que releva dada a regra de que, em geral, esses iltimos seguem a sorte daqueles, rc eral, Bt iqueles, pectivos efeitos o negécio jurt: inter vivos ou causa mortis. Ci- Por fim, de acordo com a sua forma, € informais ou nao solenes, : anal, a forma pode consti 4s fo, 8 nes podem se formas ou sles ‘ fo que no item seguinte se examinard s lr requisito de validade do negécio juridico, 4 Pressupostos de existéncia do negécio juridico Compreendido 0 negs obeenemendido o negéri jridico como a decaragiu de vontad Sirecto de determinado efiojuridico perseguido pelo declarane, forges hear pra qe ‘alse dé, exigea lio atendimentoa determinados requ SiG Por ef Impostos, Dito de outa manera, a declaracio de vontade so hoon gent 0 feito jridico dsejado se ela se mostrar conson me on ostos pela lei. Tem-se ai o plano do negéto ride, ae no tem segue ser examinada, “2 alae do negsciojuriico, Ocorre é que, antes me: ee antes mesmo de se invadir a lidade, evidencia-se plano lgico precedent a existéncia do negocio juri ‘4 ‘campo da validade, de vista juridico, qui apreciagao desses requisitos de nts, que se be na verficaco sobre i jin ara que o negécio juridico penetr pene yr dem gin gu ante, ee est sob ponte Eee Forme enquano fate dorado de ees jriicos mblemética exemplificagao de Anténio Junqueit tinge os laos da exc, vlad efeia do negsewrerce mento nao existe enquanto se limita fo d mento no exit en cogitagao do testador, quand {2.8 ite com ania, parents ou advogaon ov memo quan cepa, {iZer um rascunho, Apenas depois de se materializar uma declaragao de vontate a testa na vst do suo salient recone como vols sole ee cos queridos é que se pode falar em testamento existente, E36 entin, ‘copia da vlad do negio, bserados os rqusios ie cadens plano togio posterior. Sem contr, or fim, que, mesmo re tamento ainda em instante su eu os cca oe dado com a morte do testador. ico. Ou seja, « que dis. lo negocio juridico, um testa feitos ju se pode. alidade, todavia : do, oes d pervenente ue se pom operar no exelo Ja desde os estudos de Z: . a tudos de Zacchai Civil francés de 1804, particul Partiejpacio de Bonaparte, tud rie, e por ocasiio da elaboragao do Cs aie po 0 do igo mente de seu antigo 146, resultado dade acerca de vcios que no casamento,inpedian * Negéciojuridco: existéncia,v aldade e efciia, cit p. 32. {398 Teoria Geral do Deck Gt + Lotto Nana mesmo se 0 pudesse considerar existente, antes de nulo, vishumbram-se hipéte- es em que sequer se forma o negécio juridico enquanto tal. As siutagoes alvitra das no casamento eram aquelas em que se uniam pessoas de mesmo sexo ~ hoje mais uma questo de opgao legislativa ~, em que ausente manifestagao de vor lade dos nubentes, por exemplo quando se apresentava procurader sem poderes, portanto néo uma vontade manifestada, posto que de mancira viciada, ¢ em que Pasente celebragao, como quando alguém sequer investido da funcio de juiz de asamento presidisse 0 ato, destarte nao o juiz incompetente em razo do Iugas Gquestio de validade, e ademais hoje ressalvada, no CC brasileiro, a possibilidade Ge casamento existente, valido e eficaz celebrado por autoridade apenas aparen- te, nas condicoes do artigo 1.554. Tais casos todos seriam de casamento mais do ‘gue invalido, inexistente mesmo, o que parte da doutrina, preferindo a tpifica- Glo genérica da nulidade, sempre recusou, até em face, no nosso sistema, ia ay sencia re previsio a respeito, como ha, por exemplo, no Cédigo Civil portugués (art, 1.628), mas, vale o realce, cujo reconhecimento fez ¢ faz.enorme difereny Basta pensar que o casamento nulo pode gerar efeitos, inclusive diretos, haven: do putatividade, a par da necessidade de agio para invalidé-to e se permitir novo tcasamento dos conjuges. Se se admite a inexisténcia, entdo nao se concebe, nesse taso_o casamento putativo, nfo hi a necessidade de qualquer sentenca judicial © ove enlace, porquanto a rigor nao havido, do ponto de vista juridico, matrimonio Interior, pode livremente se realizar, de resto conforme explicit no artigo 1.630 do Cédigo Civil portugués. ‘Da mesma maneira, no negécio juridico em geral, destarte nao s6 no direito matrimonial, faz toda a diferenga admitir se o plano da existéncia, antes de se Cogitar da validade, O negéeio juridico inexistente, por exemplo, no suscitaria conversio substancial (art. 170 do CC/02), um efeito indireto da nulidade. A ine Sisténcia, como regra, salvo casos de aplicacéo da teoria da aparéneia, nenhum feito pode suscitar. Portanto, nao cabe sustentar que hipéreses de inexisténcia poderiam bem se compreender no regime das nulidades. E mesmo na elaboracéo dg projeto do atual CC brasileiro, obtemperou o Prof. Cl6vis do Couto e Silva que 4 organizagio do regramento do negocio juridico deveria arender A triple div ao de seus planos logicos, da existéncia, da validade e da eficécia, mesmo que ddesnecessiria fosse a expressa alusdo aos pressupostos de existéncia." Pois costumeiramente tais pressupostos so identficados peta existencta la dectaracio de vontade e do objeto ao qual ela se volta."* Veja-se, como ja se disse Sobre cosas diseusso esobrea opco adorada pela Comissf0, partir de manifestagio do Min Morin Aes responsavel pela elaboragao, no anteprojet, Pate Geral, sem propriamente tes35 aoe areca dn exténeia, ver de autora dst tim: A Pare Gera do Projet de Cig Co brasileiro, cit, p. 45-47. 2 Nesse sentido, ver, por todos: SILVA PEREIRA, Caio Mario. Insticuges de direto civil. «1 P 648. " PuosJrieos ede NegécaJuridce 399 © pressuposto é a existéncia de uma declaragio de vontade, com que manifestada, raagsaat ne © que ja fere o plano da valid 6 om if r la validade do ne; sim, xemplo, faltaria delaragao de vontade se praicado 0 newt por pene desta de ule at so ocao derepreetso apaene, cle qed say ssa d algun odo tee conruid pasa despa ceacvengetanrecs enna ae ts ce oe e la vitima e rabisca uma assinatura. Si a dea eno de eto de drat de vorate. Dares forma en ego avobjen leno no contnd ocho qeinexte com aie srl ob to devise ino juin, que feta questo de validade do negécio a AntOnio Junqueira de Azevedo,2? Baas ae ae here, em clasiicago mais ampla, todo ne ascii ostos, por ele chamados elementos de existé eras eque esto consubanciads forma que a delarago toma, no cbs ‘ago toma, no objeto Ae se vols (eu ented e nas cca aes ot ou eon nels negoci ue Ine empress fsontecinet Sod deur Ma segs 0 an snl ts que devon de cteoriis deteriandos pl ote jin conforme copii de eco ju. in, no sex exemple nes da compa eet ee ine coisa € o prego, Por fim, identifica os elementos ei 7 rel la vontade das partes. oe Enfim, a despeito da opea a despeito da ope do CC/02 por omitie qua a « tema ao plano da exci do nico Maes légica, ele se impde. Na observacio de Portes de Mirand preliinar sobre ose ou now, pote women sae ¢ pois somente 0 que é orginia tems que, por dem a, trata-se de questio Perspectiva de sua aptidao ae Geis wae aptidao ao alcance da finalidade juridica almejada, u tt clos ea pri di opcam. Bn erm ets, sme 0 qc existe poe t eficaz. O que, de resto, e como atras: = 5

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