Uma Aplica¢ao Comparativa de
Métodos de Avalia¢ao das
Condi¢oes Superficiais de Estrada
Nao-Pavimentada
RESUMO
Este trabalho analisa méto-
dos de avaliacdo das condicdes
superficais na geréncia de manu-
tencio e conservario de estradas.
ndo-pavimentadas, que represen:
‘tam 90% da malha rodovidria brasi
leira, com maisde 1,5 milho de km,
sendo 0s municipios responsaveis
pela manutencdo e conservacao
por, praticamente, esta totalidade,
‘Qs métodos estudados, analisados
« aplicados em campo foram GPM
~ Gravel Paser Manual, com meto:
dologia subjetiva; URC ~ Unsurfo
ed Read Condition Index; RSMS —
Road Surface Management System;
ERCI ~ Earth Road Condition index,
€ 0 RCS/DVI ~ Road Condition
Survey/Detailed Visual Inspection,
‘com metodologia objetiva. Foi rea-
lizada andlise comparativa pratica
centre 05 métodos. A analise prati-
@ foi realizada mediante a5 clas-
sificacdes apresentadas por cada
método nas avaliacdes de campo,
‘em um trecho de estrada nao-pavi-
mentada, em dois periodos distin-
tos, sendo o primeiro em condicdes
Fabio Mutti Ferreira
Cassio Eduardo Lima de Paiva
limaticas favoraveis, enquanto 0
segundo foi realizado em condicdes
desfavordveis, Concluiu-se que os
métodos apresentam consisténcia
‘em suias metodologias, com valo-
res de correlacées elevados e, pela
analise prética, apresentam tota
lizagdo de parametros adequados
as condicées das estradas ndo-pa-
vimentadas brasileiras para serem
utilizados na geréncia de manuten-
«oe conservacdo sem adaptacies
especificas.
INTRODUGAO.
As estradas ndo-pavimentadas
vvém sofrendo ao longo de décadas
da falta de investimento e de est
dos mais abrangentes na area de
geréncia de conservacdo e manu-
tencao, apesar de alcancarem mais
de 1,5 milhao de km, que represen:
tam cerca de 90% de toda a malha
rodoviaria brasileira, A responsabil
dade pela construcao, manutencao,
recuperacdo e reconstrucao das
estradas nao-pavimentadas ficam
a cargo dos municipios, que nao
possuem, em sua grande maioria,
pessoal técnico especializado para
execucdo de tdo importante tarefa
Por este motivo, varios procedimen-
tos tecnicos vim sendo usados equi
vocadamente, pois, em muitos ca
505, atinica forma de manutencioe
conservacdo trata da raspagem su
perficial, mas quando este proceso
no supre mais as necessidades das
condicées superficiais da estrada,
optam pela pavimentacdo, princi
palmente, aqueles que tm recursos
financeiros e vontade politica para
tal, sem considerar a hipétese mais
econémica da aplicacao do revesti
mento primétio
0s procedimentos técnicos, que
devem e podem ser empregados na
estratégia de manutencao de uma
estrada ndo-pavimentada, séo, em
muitos casos, definidos por meio de
métodos de avaliacdo das condicées
superficais,
0s métodos de avaliacio deft
nem as classificacdes da condicao
superficial nas classes de excelen-
te, boa, regular, 1uim e falida, cor
respondendo a procedimentos de
rmanutencao, respectivamente, daEvEREIRO
seguinte forma: sem manutencéo; 2. METODOS DE AVALIAGAO de Cascalho) (2); URC! ~ Unsurfa
rmanutengao de rotina realizada por DAS CONDIGOESSUPERFICIAISDE ced Road Condition Index (Indice
meio das técnicas de reqularizacdo, ESTRADAS NAO-PAVIMENTADAS de Condicdo de Estrada Nao-pavi-
reconformacdo mecanizada e/ou No Bras, ndo existe metodalo- mentada); (3) e RSMS ~ Road Sur
‘manual, patrolamento € remendos; gia que avalie a5 condicdes das es- face Management System (sistema
peridica ou programada por meio tradas naopavimentadas. Mas em de Gerenciamento de Superticie de
de recascalhamento, restauracdo € outros paises, principalmente, nos Estrada) (4,5).0 ERCI - Earth Road
reconstrucao. Estados Unides da América (EUA), Condition Index (Indice da Condi¢do
Este trabalho, baseado em dis- muito se vem fazendo para esta de Estrada de Terra) (6) eo RCS/
sertardo de mestrado(1), objetiva questo, Devido aisso, varios méto- DVI - Road Condition Survey — RCS
apresentar uma analise tedrica e dos de avaliacdo e classficacdo de (Avaliacdo da Condicao da Estrada)
pratica entre métodos de avaliac3o estrada nao-pavimentada so origi-e DVI - Detailed Visual Inspection
das condicdes superficiais de estra- ndrios daquele pais. Neste trabalho, — DVI (Inspecdo Visual Detalhiada)
das ndo-pavimentadas pesquisados selecionaram-se os seguintes méto- (7,8)
e selecionados, analisando as suas dos: GPM - Gravel Paser (Pavement Os conceitos basicos que dife
rmetodologias através de um estu- Surface Evaluation and Rating) Ma- _renciam um método do outro esto
do comparativo e seu resultado em — nuaf (Manual de Avaliacdo e Classi-apresentados de forma concisa na
tuma aplicacdo de campo. ficardo da Superficie de Pavimento Tabela 1
Tabela 1. Analise comparativa entre os métodos selecionados
Te foo
Origen cpm Rcs/ovL ret vrei SMS
Metodologia BUA Europa Esito BUA BUA
Defeitos Avaliados | subjetva Objet
Nivels de Severidade | VerTabela 1
Forma de Mediedo da | Pare algumas | paire. Medio, Alto |Suave e Grave | Baixo, Médio, Alto | Baixo, Médio, Alto
Deridade Clases,
scala 135 135 02100 03100 0100
‘ncaa Taio auto | Falidoa Pesinoa
Clasicagdo | aoa txcelete | Exlet Folio | 8 io Ese
Parca mia
Minne
Sectes Tedotecwo | Felomemms5 | tiny oe
Sites [imho mena as.
a subsegdes
subsecses Moconsa _oSasoum — |10%6dasarao|1352200m% | Miine
Experimento: n° de
Neeeeettense |5/1Km{média) | 5/500m 5/100m 5/300m2 5/1 km (i)A tabela 2 apresenta os defeitos considerados na avaliacao de um segmento de estrada nao pavimentada
pelos métodos estudados.
‘Tabela 2. Defeitos avaliados de cada método selecionado
Prey
Pad
wax poe
mae be bee bebe
oan
Marco PRC33-km2 | Km2-km3 Km3-km4 Kmd-km KmS-SPO63
Extensio fa) 2000 1000 1000 1000 [600
Largura da Plataforma-m [60 60 50 50 60
Hevea rete (Cascalho* Cascalho* Leitenatural | Cascalho* Leite natural
*trecho ingreme
Velocidade média km/h | 30-40, <40 =30 <40 30-40
veD. =50) 50 50.100 50.100 50-100
CPM Trechotodo | Treciotodo | Trechotodo | Trechotodo | Tiecho todo.
ma m3 ka kms:
Res/DvI_ }04.500m
ea 250m 250m 250m 250m
Amostral [ERCI [0+ 100m km2+100m ——[km3+100m —[km4+100m _—_[kmS-+ 100m
URCI 50+ 50m kon + 50m n+ 60m end + 6Om knS.+ 50m
RsMs—_|Trechotodo | Trechotodo _[Trechotodo | Tiechotodo | Trecho todo
Ccupardolindeira Sitios Sitios, loteamentos, olarias
Sendo na Tabela 2: STI - seco - Falha no muro de contencio; ALS _sidade dos defeitos.
transversal inadequada; BUR -bura- — altura da superficie Ell—estrutura
os; ATR —afundamento de tilhade legal de iigacdo; PSE — plantas na 3. ANALISES E RESULTADOS DO
toda; OND ~ ondulacies: DLI - dre- _superficieda estrada:e OSE-ocupa- _EXPERIMENTO DE CAMPO
nagem lateral inadequada;SEA-se- cdo da superficie da estrada. Para 0 experimento de campo,
‘gregacio de agiegados; POE —poei- Osmétodos de avaliardoestuda- selecionouse a estrada PRC 331
ra; ESC —espessura de cascalho;SUS dos apresentam em suas metodolo- onde PRC € abreviatura de Pira
~ superficie saturada; FEA - Falha —gias procedimentos diferenciados caia/SP e 331 € a numeracao dada
«€ erosao de aterro na estrada; FMC para medicao da severidade e den- pela prefeitura do municipio paraFigura 1. Histograma comparativo dos métodos de avaliagao das notas dos valores gerais
homogeneizados — estacao seca e chuvosa,
‘Métodos de Avaliacio: Notas dos Valores Gerais
Homogeneizados - Estacao Seca e Chuvosa
aa
26
22
18
Notas homogeneizadas
os
on
crm
a estrada, que tem caracteristicas
principais apresentadas na Tabela
3, para cinco subsecées estabelec.
das para efeito de comparacao en
tre os métodos.
Duas avaliagdes de cada método
foram realizadas em periodos dis
tintos: a primeira entre os dias 10
€ 16 de agosto: a segunda entre os
dias 11 e 20de dezembro do ano de
2003, denominadas como avaia
fo na estacao seca e chuvosa,
Apés a tealizacao das vistorias
realizadas por F. FERREIRA (1) para
DVI DVIr_—ERC_—ERCIr
Métodos
mSeca OChuvosa
avaliacao das subsecées, obtendo
0s dados de levantamento de cam-
0 €0s respectivos céleulos de cada
rmétodo para determinar a nota €
classificacao de cada subsecdo e do
trecho experimental todo (Geral),
homogeneizou-os em relacao a es-
cala geral adotada e esses resulta-
dos comparados encontram-se no
agraficoda Figura 1 para a avaliacao
na estacio seca e chuvosa
Outro ponto analisado foi a com:
paracdo entre 05 valores das sub-
seobes e gerais da estacao seca em
URCI SMS
relacdo aos da estacdo chuvosa em
que se teve uma diminuicdo do pr
meio em relacdo ao segundo para
todos.os métodos, confirmandoa de
terioragdo da estrada pela presenca
agua, principalmente, aquelas
que apresentam secao transversal
drenagem lateral inadequadas, A
comparacdo esta representada na
Figura 1
Pode-se observar, pelo histogra
ma da Figura 1, que URCI tem,
praticamente, o mesmo valor eclas:
sificacdo:ruim, com variagao de 0.1«¢ os demais apresentam pequenas
vatiacées que, para o GPM, ERCIre
SMS, estabelecem a mesma clas-
sificago para condicéo regular
Porém, 0 DVir tem classificacbes
diferentes, sendo para avaliacao na
estacdo seca ~ condicao regular, ¢
pata a estacao chuvosa — condicao
ruim, apesar de apresentar diferen-
‘@ na ordem de 05, demonstrando
‘uma maior sensibilidade nos seus
caitérios de avaliacao.
4, CONCLUSAO
Neste trabalho, os métodos de
avaliaco empregados na_gerén-
cia de manutencao, apresentados,
analisados e aplicados, tiveram as
vantagens e desvantagens ponde-
radas dentro das limitacdes impos-
tas pelas circunstancias intrinsecas
‘eextrinsecas,tantomna an:
‘a de sensbilidade como no exper
mento de campo.
Na aplicacao de campo, 05 mé-
todos GPM, DVIr e ERCIr € 0 RSMS
apresentaram resultados proximos
‘ea mesma classificardo das condi
‘bes superfciais para otrecho expe-
rimental (PRC 331}, apesar de que
as subsecées tiveram resultados di-
ferentesentre eles. OURCI apresen:
tou resultados abaixo e o ERCI aci
rma dos demais na avaliacao final do
trecho experimental, bem como nas
subsecies em ambas avaliacbes
essa forma, nao se tém para
metros gerais que os definam como
‘um método ideal 8s condicées das
estradas nao-pavimentadas brasile-
ras, que poderiam ser utilizados pela
ise ter
geréncia de manutenco e conserva
«Bo na aplcacao das estratégias pro-
postas por cada qual, de acordo com a
lassificacdo avaliada, principalmen-
te, das subsecdes. Para este fim, have-
tia necessdade de realizar pesquisa,
aplicando as estratégias propostas
pelos métodos que a avaiacao indica,
verificando @ sua eficiéncia entre ou-
‘os experimentos de campo.
Numa aplicacdo em estradas,
1ndo-pavimentadas no Brasil, 0 mé:
todo mais indicado € 0 RCS/DVIr,
por avaliar os defeitos mais préxi-
mos daqueles existentes em campo,
bem como pelos resultados apre
sentados neste trabalho. Contudo, 0
mesmo pode e/ou deve seralterado
‘em alguns de seus pardmetros, para
tomné-lo mais adequado as condi
Bes das estradas nao-pavimenta-
das brasileras
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FabioMu Fee ¢Engeneio Gi Mest,
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