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Código de Segurança Contra Incêndio e

Pânico do Corpo de Bombeiros

Ivan Ricardo Fernandes, Eng. Civil, Me.


ivan.r@pucpr.br

CÓDIGO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO


Disposições Preliminares

Artigo 1º - Este Código dispõe sobre as


medidas de segurança contra incêndio nas
edificações e áreas de risco, atendendo ao
previsto no artigo 144 § 5º da
Constituição Federal, ao artigo 48 da
Constituição Estadual e ao disposto na Lei
Estadual nº 16.575 de 28 de setembro de
2010.

Artigo 2º - Os objetivos deste Código são:


I - proteger a vida dos ocupantes das edificações e áreas de risco, em caso
de incêndio;
II - dificultar a propagação do incêndio, reduzindo danos ao meio ambiente
e ao patrimônio;
III - proporcionar meios de controle e extinção do incêndio;
IV - dar condições de acesso para as operações do Corpo de Bombeiros;
V - proporcionar a continuidade dos serviços nas edificações e áreas de
risco.

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Definições
I - Altura da Edificação: para fins de exigências das medidas de segurança
contra incêndio, é a medida em metros do piso mais baixo ocupado ao piso
do último pavimento; para fins de saída de emergência, é a medida em
metros entre o ponto que caracteriza a saída do nível de descarga ao piso
do último pavimento, podendo ser ascendente ou descendente.

Artigo 19º – Para fins de aplicação deste Código, na mensuração da altura


da edificação, não serão considerados:
I - Os subsolos destinados exclusivamente a estacionamento de veículos
desde que possuam sistema de exaustão de fumaça o qual deve ser
executado, no mínimo, em conformidade com o item 13.2 da NPT-015 (6);
II - subsolos destinados exclusivamente a vestiários, instalações sanitárias
e áreas técnicas sem aproveitamento para quaisquer atividades ou
permanência humana;
III - pavimentos superiores destinados,
exclusivamente, a áticos, casas de máquinas,
barriletes, reservatórios de água e assemelhados;
IV - mezaninos cuja área não ultrapasse a 1/3
(um terço) da área do pavimento onde se situa;
V - o pavimento superior da unidade duplex do
último piso de edificação de uso residencial.
VI - acessos ou níveis superiores exclusivos para
maquinários e/ou equipamentos industriais.

XI - Compartimentação de áreas (vertical e


horizontal): Medidas de proteção passiva,
constituídas de elementos de construção corta-
fogo, destinadas a evitar ou minimizar a
propagação do fogo, calor e gases, interna ou
externamente ao edifício, no mesmo pavimento
ou para pavimentos elevados consecutivos
dentro de uma área máxima de
compartimentação pré-estabelecida.

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XIII - Edificação antiga: edificação que comprovadamente foi construída
anteriormente ao ano de 1.976, desde que mantidas as mesmas áreas e
ocupações da época de sua construção.

XIV - Edificação existente: edificação que comprovadamente tenha sido


construída anteriormente a 08 de janeiro de 2012, desde que mantidas as
áreas e ocupações constantes do respectivo alvará.

Artigo 33º – As edificações e áreas de risco consideradas antigas ou


existentes na data da publicação deste Código devem ser adaptadas
conforme exigências específicas da tabela 4 deste Código.

XXXI - Plano de Segurança contra


Incêndio e Pânico: é a
documentação que contém os
elementos formais exigidos pelo
CBMPR na apresentação das
medidas de segurança contra
incêndio de uma edificação e áreas
de risco que devem ser projetadas
para avaliação do Serviço de
Prevenção de Prevenção Contra
Incêndio e Pânico – SPCIP.

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Aplicação
Artigo 4º – Ao Corpo de Bombeiros Militar do Paraná, por meio do Serviço
de Prevenção contra Incêndios e Pânico, cabe regulamentar, analisar e
vistoriar as medidas de segurança contra incêndio e pânico nas edificações
e áreas de risco, bem como realizar pesquisa de incêndio.

Artigo 5º – As exigências de segurança previstas neste Código se aplicam


às edificações e áreas de risco no Estado do Paraná, devendo ser
observadas, em especial, por ocasião da:
I - construção de uma edificação ou área de risco;
II - reforma de uma edificação;
III - mudança de ocupação ou uso;
IV - ampliação de área construída;
V - aumento na altura da edificação;
VI - regularização das edificações ou áreas de risco.

§ 1º - Estão excluídas das exigências deste Código:


I - edificações de uso residencial exclusivamente unifamiliares;
II - residências exclusivamente unifamiliares localizadas no pavimento
superior de ocupação mista com até dois pavimentos, e que possuam
acessos independentes.

Artigo 34º – As áreas descobertas destinadas ao armazenamento de


materiais sólidos combustíveis, independente do uso da edificação, são
consideradas áreas de risco, devendo ser fracionadas em lotes e possuir
afastamentos dos limites da propriedade, bem como corredores internos
que proporcionem o fracionamento do risco, de forma a dificultar a
propagação do fogo e facilitar as operações de combate a incêndio,
conforme exigências da tabela 6J.

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Artigo 21º – Para fins de aplicação deste Código, no cálculo da área a ser
protegida com as medidas de segurança contra incêndio, não serão
computados:
I - telheiros, com laterais abertas, destinados à proteção de utensílios,
caixas d’água, tanques e outras instalações desde que não tenham área
superior a 10,0 m²;
II - platibandas e beirais de telhado até 3 metros de projeção;
III - passagens cobertas, com largura máxima de 3 metros, com laterais
abertas, destinadas apenas à circulação de pessoas ou mercadorias;
IV - as coberturas de bombas de combustível, praças de pedágio, terminais
de passageiros e de quadras poliesportivas desde que não sejam utilizadas
para outros fins e sejam abertas lateralmente;
V - reservatórios de água;
VI - piscinas, banheiros, vestiários e assemelhados, no tocante a sistemas
hidráulicos, alarme de incêndio e compartimentação;
VII - escadas enclausuradas, incluindo as antecâmaras;
VIII - dutos de ventilação das saídas de emergência.

Serviço de Segurança Contra Incêndio e Pânico


Artigo 6º – O Serviço de Prevenção contra Incêndios e Pânico – SPCIP,
compreende o conjunto de unidades do CBMPR, que têm por finalidade
desenvolver as atividades relacionadas à prevenção e proteção contra
incêndio nas edificações e áreas de risco, observando-se o cumprimento
das exigências estabelecidas neste Código.

Artigo 7º – É função do Serviço de Prevenção Contra Incêndio e Pânico:


I - realizar pesquisa de incêndio;
II - regulamentar as medidas de segurança contra incêndio e pânico;
III - credenciar seus oficiais e praças;
IV - analisar o plano de segurança contra incêndio e pânico das edificações
e áreas de risco;
V - realizar vistoria nas edificações e áreas de risco;
VI - expedir LVE, CVE, RE;
VII - cassar LVE e CVE;
VIII - emitir consultas técnicas;
IX - emitir pareceres técnicos.

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Responsabilidades
Artigo 16º – Nas edificações e áreas de risco a serem construídas cabe aos
respectivos autores e/ou responsáveis técnicos, o detalhamento técnico
dos projetos e instalações das medidas de segurança contra incêndio,
objeto deste Código, e ao responsável pela obra, o fiel cumprimento do
que foi projetado e das normas técnicas pertinentes.

Artigo 17º – Nas edificações e áreas de risco já construídas, é de inteira


responsabilidade do proprietário ou do responsável pelo uso, a qualquer
título:
I - utilizar a edificação de acordo com o uso para o qual foi projetada;
II - tomar as providências cabíveis para a adequação da edificação e das
áreas de risco às exigências deste Código, quando necessário.

Da Ocupação e da Carga de Incêndio


Artigo 22º – Para implementação das medidas de segurança contra
incêndio, a ocupação a ser considerada deve ser definida conforme incisos
XXIV ao XXVIII do artigo 3º.

XXIV - Ocupação Principal: é a principal ocupação para a qual a edificação


ou parte dela é projetada e/ou utilizada, devendo incluir as ocupações
subsidiárias. Atividade ou uso principal exercido na edificação.

XXV - Ocupação Mista: Para que a ocupação mista se caracterize é


necessário que a área destinada às ocupações secundárias seja superior a
10% da área total da edificação.
Caracteriza-se também como ocupação mista as edificações que possuam
em qualquer pavimento ocupações secundárias estabelecidas em área igual
ou maior a 90% do mesmo pavimento.
Não se considera como ocupação mista, o local onde predomine uma
atividade principal juntamente com atividades subsidiárias, fundamentais
para sua concretização.

XXVI - Ocupação Predominante: é a atividade ou uso principal exercido na


edificação.

XXVII - Ocupação Subsidiária: Atividade ou dependência vinculada a uma


ocupação principal, correlata e fundamental para sua concretização, sendo
considerada parte integrante desta para a determinação dos parâmetros de
proteção contra incêndio.
Caso a dependência seja depósito, esta não poderá exceder 10% da área
total (limitada a 1.000m²) para que seja caracterizada subsidiária.

XXVIII - Ocupação Secundária: atividade ou uso exercido na edificação não


subsidiária ou correlata com a ocupação principal.

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Classificação das Edificações e Áreas de Risco
Artigo 25º – Para efeito deste Regulamento, as edificações e áreas de risco
são classificadas conforme segue:
I - quanto à ocupação: de acordo com a tabela 1 em anexo.
II - quanto à altura: de acordo com a tabela 2 em anexo.
III - quanto à carga de incêndio: de acordo com a tabela 3 em anexo.

Medidas de Segurança contra Incêndio


Artigo 26º – Constituem medidas de segurança contra incêndio das
edificações e áreas de risco:
I - acesso de viatura na edificação e áreas de risco;
II - separação entre edificações;
III - resistência ao fogo dos elementos de construção;
IV – compartimentação;
V - controle de materiais de acabamento;
VI - saídas de emergência;
VII - elevador de emergência;
VIII - controle de fumaça;
IX - gerenciamento de risco de incêndio;
X - brigada de incêndio;
XI - brigada profissional;
XII - iluminação de emergência;
XIII - detecção automática de incêndio;
XIV - alarme de incêndio;

XV - sinalização de emergência;
XVI – extintores;
XVII - hidrante e mangotinhos;
XVIII - chuveiros automáticos;
XIX – resfriamento;
XX – espuma;
XXI - sistema fixo de gases limpos e dióxido de carbono (CO²);
XXII - sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA);
XXIII - controle de fontes de ignição (sistema elétrico; soldas; chamas;
aquecedores etc.).

§ 1º - Para a execução e implantação das medidas de segurança contra


incêndio, devem ser atendidas as NPTs elaboradas pelo CBMPR.

§ 2º - As medidas de segurança contra incêndio das edificações e áreas de


risco devem ser projetadas e executadas visando atender aos objetivos
deste Código.

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Do Cumprimento das Medidas de Segurança Contra Incêndio
Artigo 27º – Na implementação das medidas de segurança contra incêndio,
as edificações e áreas de risco devem atender às exigências contidas neste
capítulo e nas tabelas de exigências anexas a este Código.
Parágrafo único – Consideram-se obrigatórias as medidas de segurança
assinaladas com “X” nas tabelas de exigências, devendo ser observadas as
ressalvas, em notas transcritas logo abaixo das referidas tabelas.

Artigo 28º – Cada medida de segurança contra incêndio, constante das


tabelas 4, 5, 6 (6A a 6M), 7, deve obedecer aos parâmetros estabelecidos
na NPT respectiva.

Disposições Finais
Artigo 35º – Este Código entra em vigor 90
dias após sua publicação, ficando
revogadas as disposições em contrário.

Curitiba, Pr, 08 de outubro de 2014.

ivan.r@pucpr.br

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TABELA 1 - Classificação das edificações e áreas de risco quanto à ocupação

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TABELA 2 - Classificação das edificações quanto a Altura

TABELA 3 - Classificação das Edificações e Áreas de Risco quanto


a Carga de Incêndio

TABELA 5 – Exigências para Edificações


RL - ÁREA MENOR QUE 1.500m2 E/OU ALTURA IGUAL OU INFERIOR A 9,0m
RM / RE - ÁREA MENOR QUE 1.000m2 E/OU ALTURA IGUAL OU INFERIOR A 6,0m

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NOTAS ESPECÍFICAS:
1 - Exigido para lotação superior a 100 pessoas.
2 - Exigido para lotação superior a 200 pessoas.
3 - Exigido para lotação superior a 500 pessoas. Devendo ser executado, no
mínimo, em conformidade com o item 13.2 da NPT 015, parte 6
4 - Exigido para lotação superior a 1000 pessoas para Divisão F-6. Devendo ser
executado em conformidade com a NPT-015.
5 - Exigido para lotação superior a 500 pessoas.
NOTAS GERAIS:
a) Para o Grupo M (especiais) ver tabelas específicas;
b) Para a Divisão G-5 (hangares): prever sistema de drenagem de líquidos nos pisos
para bacias de contenção à distância. Não é permitido o armazenamento de líquidos
combustíveis ou inflamáveis dentro dos hangares;
c) Para a Divisão L-1 (Explosivos), atender a NPT 030. As Divisões L-2 e L-3 somente
serão avaliadas pelo CB mediante Comissão Técnica;
d) Para subsolos ocupados ver Tabela 7;
e) As instalações elétricas e o SPDA devem estar em conformidade com as normas
técnicas oficiais;
f) Observar ainda as exigências para os riscos específicos das respectivas NPTs;
g) Depósitos em áreas descobertas, observar as exigências da Tabela 6J;
h) No cômputo de pavimentos, desconsiderar os pavimentos de subsolo quando
destinados áreas técnicas sem aproveitamento para quaisquer atividades ou
permanência humana.

TABELA 6D – Exigências para Edificações do Grupo D


RL - ÁREA IGUAL OU SUPERIOR A 1.500m 2 E/OU ALTURA SUPERIOR A 9,0m
RM / RE - ÁREA IGUAL OU SUPERIOR A 1.000m 2 E/OU ALTURA SUPERIOR A 6,0m

NOTAS ESPECÍFICAS:
1 - Pode ser substituída por sistema de chuveiros automáticos;
2 - Pode ser substituída por sistema de detecção de incêndio e chuveiros automáticos;
3 - Pode ser substituída por sistema de controle de fumaça, detecção de incêndio e chuveiros
automáticos, exceto para as compartimentações das fachadas e selagens dos shafts e dutos de
instalações;
4 - Edificações acima de 60 metros de altura;
5 - Deve haver Elevador de Emergência para altura maior que 60 m;
6 - Pode ser substituída por sistema de detecção de incêndio e chuveiros automáticos, exceto
para as compartimentações das fachadas e selagens dos shafts e dutos de instalações;
7 - Deve haver controle de fumaça nos átrios, podendo ser dimensionados como sendo
padronizados conforme NPT 015;
8 - Pode ser substituída por sistema de controle de fumaça, detecção de incêndio e chuveiros
automáticos, até 60 metros de altura, exceto para as compartimentações das fachadas e selagens
dos shafts e dutos de instalações, sendo que para altura superior deve-se, adicionalmente,
adotar as soluções contidas na NPT 009.

NOTAS GERAIS:
a) As instalações elétricas e o SPDA devem estar em conformidade com as normas técnicas
oficiais;
b) Para subsolos ocupados ver Tabela 7;
c) Observar ainda as exigências para os riscos específicos das respectivas NPTs.

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TABELA 6E – Exigências para Edificações do Grupo A
RL - ÁREA IGUAL OU SUPERIOR A 1.500m2 E/OU ALTURA SUPERIOR A 9,0m
RM / RE - ÁREA IGUAL OU SUPERIOR A 1.000m2 E/OU ALTURA SUPERIOR A 6,0m

NOTAS ESPECÍFICAS:
1 - A compartimentação vertical será considerada para as fachadas e selagens dos
shafts e dutos de instalações;
2 - Pode ser substituída por sistema de controle de fumaça, detecção de incêndio e
chuveiros automáticos, até 60 metros de altura, exceto para as compartimentações
das fachadas e selagens dos shafts e dutos de instalações, sendo que para altura
superior deve-se, adicionalmente, adotar as soluções contidas na NPT 009;
3 - Deve haver Elevador de Emergência para altura maior que 60 m;
4 - Acima de 60 metros de altura.

NOTAS GERAIS:
a) As instalações elétricas e o SPDA devem estar em conformidade com as normas
técnicas oficiais;
b) Para subsolos ocupados ver Tabela 7;
c) Os locais destinados a laboratórios devem ter proteção em função dos produtos
utilizados;
d) Observar ainda as exigências para os riscos específicos das respectivas NPTs.

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