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CADERNO DE SUBSÍDIOS PARA

LIDERANÇA 1

COMO ORGANIZAR A IGREJA LOCAL DE


ACORDO COM DONS E MINISTÉRIOS

Material produzido pela Igreja Metodista


na I Região Eclesiástica
em 1991

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APRESENTAÇÃO

Considerando a dificuldade que algumas igrejas locais da I


Região Eclesiástica da Igreja Metodista estão encontrando para se
organizarem de acordo com os princípios bíblicos dos DONS E
MINISTÉRIOS, foi preparado esse material de apoio, baseado em
palestra proferida no Curso para Evangelistas com Nomeação
Pastoral pelo saudoso Dr. Elizeu Constantino.

As considerações aqui colocadas têm por objetivo mostrar


como surgiu a possibilidade das igrejas locais se organizarem de
maneira diferente da tradicional, passando da ultrapassada
estrutura de cargos e funções para a novidade dos Dons e
Ministérios. Mostrar também os passos a serem seguidos para se
conscientizar a comunidade da melhor organização a ser escolhida e
o porquê dessa escolha.

Objetiva ainda, esclarecer pontos causadores de dúvidas, como


os que se referem às eleições, duração de tempo de serviço, relação
entre os Dons e Ministérios e o tipo de atividades que alguns
ministérios, dados como exemplos, podem desenvolver.

Espera-se que cada igreja local se aproprie da grande


oportunidade de fazer o melhor que puder para a expansão do Reino
de Deus, de maneira livre e desburocraizada.

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COMO ORGANIZAR

A IGREJA LOCAL

SEGUNDO OS DONS E MINISTÉRIOS

1. – INTRODUÇÃO

O Concílio Geral da Igreja Metodista de 1987 cristalizou


uma discussão de vários anos sobre a necessidade da Igreja,,
no Brasil, desburocratizar-se e de optar por novas formas de
trabalho.

Esta discussão significava que as diversas maneiras da


Igreja se organizar e trabalhar já não satisfaziam a grandes
parcelas de seus membros, frustrados com o pouco
crescimento numérico e a falta de modernização da
organização burocrática, inflexível, emperrada e alienada do
contexto da igreja local, que vinha sendo repetida há vários
anos.

2. – A SOLUÇÃO

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Tornou-se evidente o anseio da Igreja de trabalhar de
maneira mais livre, solta, dinâmica e ajustada às necessidades
de cada igreja local. Esse anseio, germinado pelo Plano de Vida
e Missão, encontrou fundamentos bíblicos nos princípios dos
DONS E MINISTÉRIOS. Por eles, cada um dos membros da
Igreja, sem exceção, é potencialmente portador de, pelo
menos, um dom, outorgado pelo Espírito Santo. Dom esse, que
deve expressar concretamente na comunidade de fé e na
sociedade em geral (ver I Coríntios 12:7; Efésios 4:7 – 16).

A compreensão dessa maneira de ver a vida e obra da


Igreja, levou o Concílio Geral a introduzir profundas
modificações na organização das igrejas, fundadas na
LIBERDADE DE ORGANIZAÇÃO que cada uma podia adotar.

Com toda medida inovadora, essa também trouxe alguns


perigos. O maior deles, é o da simples troca de rótulos
desacompanhada de modificações reais, solidificando ainda
mais, alguma coisa que se combatia e que se quer ver alterada
em favor de uma Igreja que funcionasse a partir de um modelo
bíblico.

O segundo perigo é o imobilismo das igrejas, causado


pela perplexidade diante da inédita autonomia, nunca antes
registrada na história da Igreja brasileira.

As igrejas mostraram-se confusas e inseguras quanto às


modificações a serem feitas, mas a partir da compreensão dos
DONS E MINISTÉRIOS, o trabalho das igrejas locais poderá
ser mais dinâmico e apresentar melhores resultados.

Nós estamos conscientes que DONS E MINISTÉRIOS é


uma caminhada na qual apenas iniciamos..

3. – O QUE É NECESSÁRIO FAZER


PARA ORGANIZAR

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A IGREJA LOCAL EM DONS E
MINISTÉRIOS
Toda novidade traz, em si, alguma dificuldade. Com
método, entretanto, essas dificuldades podem ser
superadas.
Vejamos:

a) Se a organização deve basear-se nos DONS E


MINISTÉRIOS, é preciso que TODAS AS PESSOAS DA
COMUNIDADE de fé (e não só os pastores e lideranças)
tenham bom conhecimento bíblico dessa realidade.

Os estudos bíblicos sobre o assunto não devem ser só


teóricos, mas realizados à luz da vivência de cada igreja
local, de forma prática. De tal maneira que, ao final, a Igreja
tenha consciência dos dons existentes e dos ministérios que
a comunidade de fé quer exercer.

Para um estudo mais profundo e sem o risco de se perder


em discussões, devem ser utilizados os ESTUDOS
BÍBLICOS preparados pelo Bispo Paulo Lockmann.

b) O objetivo dos estudos bíblicos é levar à


compreensão que, na prática, os dons são habilidades
dadas pelo espírito Santo às pessoas para realizarem um
serviço proveitoso.

c) As condições da concessão desses dons pelo


Espírito Santo independem da vontade humana por que:

 ELE OS DÁ A QUEM QUER


 PELO TEMPO QUE QUER
 PARA A REALIZAÇÃO DO SERVIÇO
QUE ELE QUER.

O Espírito Santo não aprisiona e não se deixa aprisionar


por quaisquer condições.

d) O Espírito Santo não concede dons para proveito


próprio de quem os recebe. É sempre para a realização de
um serviço que atenda as necessidades do PRÓXIMO.

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e) Para a organização da Igreja Local é fundamental que
se identifique QUEM é o próximo e quais são suas
necessidades.

O próximo não é só o companheiro de fé, mas todo


aquele que precisa de nós. Identificar o próximo é
encontrar-se com aquele que tem uma necessidade para
atendida e precisa da nossa ajuda.

f) A colocação em prática dos dons que uma pessoa


possui leva-a a executar serviços. Esses serviços são os
ministérios.

Os Dons estão ligados diretamente aos Ministérios nos


quais se colocam em prática as habilitações de cada uma
para o atendimento das necessidades do povo.

g) Para que uma Igreja Local seja organizada


formalmente de acordo com os Dons de seus membros e as
necessidades da comunidade e para que dê bons resultados,
devem-se observar algumas outras condições:
.
 MENTALIDADE ABERTA PARA NOVAS
EXPERIÊNCIAS (práticas espirituais);
 DESEJO DE AVANÇAR MAIS NA OBRA
MISSIONÁRIA;
 CONHECIMENTO DAS CONDIÇÕES DA IGREJA;
 CONHECIMENTO DAS NECESSIDADES A
SEREM ATENDIDAS NO BAIRRO OU CIDADE
(necessidades de cunho espiritual e material).

h) Cinco pontos devem ficar bem claros:

1º - é preciso ter consciência de que a nova


organização não é mais por cargo (que normalmente
representava poder), mas tipos de serviços que a Igreja
vai executar (os ministérios);

2º - é preciso conhecer quais as necessidades mais


prementes da comunidade e que a Igreja Local possa
atender ou participar de seu atendimento;

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3º - é preciso que a Igreja Local determine suas
prioridades e permita que surjam os ministérios que
possam ser implantados e dinamizados. Por exemplo:
serviços nas áreas da família, da juventude, da
evangelização, etc.;

4º - esses serviços podem ser organizados como


atividades ou projetos com a finalidade de melhor
metodizar o seu trabalho;

5º - tudo isto surge de duas condições básicas:

 Sensibilidade à ação e orientação do Espírito


e;
 Olhos abertos para a realidade em torno de
nós, com a qual devemos trabalhar.

4. - RELAÇÃO ENTRE DONS E


MINISTÉRIOS

Os estudos bíblicos realizados, como primeiro passo,


devem levar as pessoas a distinguirem com clareza os Dons
e Ministérios. Até aqui há certa confusão a esse respeito.

É comum se ouvir alguém falar sobre o dom da Oração,


enquanto um outro alguém fala sobre o ministério da
Oração. Afinal, Oração é dom ou ministério? E a Palavra? E
a Música?

Para os fins da organização, que exigem certa visão


prática, vamos caracterizar como DONS, entre outros, os da
Oração, da Palavra, do Ensino do aconselhamento, da
Música, da Diaconia, da Misericórdia e outros que possam
se aplicados na execução de serviços ( Romanos 12: 4 -8 ; I
Coríntios 12:4 – 11; Efésios 4:11-12.

Vamos entender, também, que Ministérios vão


corresponder, entre outros, aos SERVIÇOS de: Apoio
Pastoral, Capacitação de Pessoas, Expansão Missionária,
Apoio Administrativo, Solidariedade Humana, Louvor,

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Serviços do Santuário. Ministérios (serviços) estes, que são
conseqüência de uma capacitação dada pelo Espírito de
Deus, que é o Dom Espiritual, conforme os textos
mencionados.

INSTRUMENTO
SERVIÇO

Dom
Ministério

Cada um desses Ministérios tem sua área de trabalho


bem definida. Bem como objetos e metas a alcançarem
previamente estabelecidos. Por exemplo:

 MINISTÉRIOS DE APOIO PASTORAL – ajuda o


pastor ou pastora nas tarefas pastorais usando para isso
os Dons da Palavra, Oração, do Aconselhamento, da
Visitação e outros.

 MINISTÉRIO DA EXPANSÃO MISSIONÁRIA – é


o da linha gente. Vai realizar serviços de propagação da
fé, de Evangelização, destinados a garantir o crescimento
da Igreja. Usará os Dons já mencionados e operará com o
apoio de todos os outros Ministérios.

 MINISTÉRIO DA SOLIDARIEDADE – realiza os


serviços compreendidos na esfera da promoção humana

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e na ação social. Usará os Dons da Palavra, da Oração, da
Diaconia, entre outros.

 MINISTÉRIO DE APOIO ADMINISTRATIVO –


realiza os serviços de apoio material aos demais
Ministérios, usando o Dom da Direção, da
Administração, da Diaconia, entre outros.

 MINISTÉRIO DO SANTUÁRIO – realiza as tarefas


ligadas ao culto, em particular. Como a preparação dos
elementos dos Sacramentos, a ornamentação, as ofertas,
a recepção aos visitantes, etc; usando os Dons de
Comunicação (Simpatia, receptividade), Oração e outros.

 MINISTÉRIO DE LOUVOR – cuida da parte musical


e artística da igreja, bem como dos momentos de louvor.
Usará os Dons ligados à arte de um modo geral.

Estes Ministérios básicos, que podem ter nomes


diferentes destes apresentados, correspondem às
atividades regulares das igrejas locais. Estes Ministérios
básicos, entretanto não esgotam todos os serviços
executados nas igrejas. E não se constituem um modelo
de organização.

Recapitulando...

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A QUEM SÃO DADOS A QUEM O
OS DONS O ESPÍRITO QUER

PARA QUE SÃO PARA REALIZAÇÃO


DADOS OS DONS DE SERVIÇOS

QUE SERVIÇOS AQUELES QUE O


(MINISTÉRIOS) ESPÍRITO ACHA
NECESSÁRIOS

NECESSÁRIOS A QUEM ? AO PRÓXIMO

MAS, QUEM É 0 É AQUELE QUE


PRÓXIMO PRECISA DE NÓS

4. – E AS ELEIÇÔES

Dentro da nova maneira de se organizar os trabalhos


nas igrejas locais, as eleições são realizadas para a escolha

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do Tesoureiro (a) da Igreja Local, do Secretário (a) da Igreja
Local e dos Membros dos Conselhos Diretores das
Instituições Locais, se houverem. Para estas eleições é
preciso movimentar a Comissão de Indicações e seguir todo
o processo que a Legislação canônica estabelece.

Para a composição dos Ministérios Locais, entretanto,


é suficiente apenas que o Concílio Local reconheça que as
pessoas que se prontificaram a trabalhar num deles tenham
dons e que estejam aptas para isso. Mais o isso será
burocratizar e voltar à organização anterior.

O Concílio Local deve aprovar a organização Local,


criando os Ministérios e outros órgãos locais, quando for o
caso, como, por exemplo, as sociedades, a Escola dominical,
etc., sem a preocupação pelo seu tempo de duração.

A dinâmica exigida pelo trabalho da igreja local impõe


que essa organização possa ser alterada a qualquer
momento, em razão de novas necessidades ou da
inoperância de alguma área, que, a exemplo da videira deve
ser podada porque não há frutose desgasta as energias do
conjunto.

Deve-se ressaltar que a vinculação das pessoas a um


Ministério não está presa a mandato ou a tempo
determinado. O vínculo é seu trabalho: quando deixar de
apresentar resultados ou se desinteressar, o seu
desligamento se dará naturalmente. A vinculação da pessoa
a um ou outro ministério também não se dá por designação
pastoral. Mas tão somente como resultado da consciência
que se tem de seu Dom Espiritual. Daí vincula-se a pelo
menos um ministério, para desenvolver o Dom (Romanos
12: 4-8).
Cada igreja local deve examinar a si e a sua
comunidade, para depois optar por uma organização
adequada às suas necessidades.

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Qualquer organização que venha a ser escolhida pela
igreja local deve refletir o seu Programa de Trabalho. Como
vimos esse Programa de trabalho estabelece quais os
serviços que a igreja pretende realizar com o objetivo de
atender às necessidades de sua comunidade.

Oração
(Os Intercessores) O Evangelista
( Os Pregadores)

Programa
de
Trabalho

Classes de Igreja.
Discipulado (Congregação em geral)
(crianças, jovens,
adultos)

Veja agora como pode ser simples


A organização da igreja local

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RECONHE CONCÍLIO LOCAL
ESTRUTURA ------ - - - - - - - - - - - - -------------
FORMAL
CIMENTO.
__________
PASTOR

SECRETARIA
DONS TESOURARIA

ORAÇÃO
PALAVRA MINISTÉRIOS
ACONSELHAMENTO
ENSINO PROCLAMAÇÃO INSTRUMENTOS
MÚSICA DA PALAVRA.
OUTROS
MINISTÉRIOS
APOIO
PASTORAL
CAPACITAÇÃO PROJETO
SOLIDARIEDAD
E
LOUVOR PLANO
SANTUÁRIO DE AÇÃO
APOIO ADM DA IGREJA
REALIZAÇÃO E OUTROS
ATRAVÉS DOS
======================
ESTRUTURA DE EXECUÇÃO
INFORMAL.

5. RECAPITULANDO

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Para a organização da igreja Local segundo os Dons e
Ministérios, devem ser vencidas as seguintes etapas:

1. Discussão aprofundada dos Dons e Ministérios,


através de estudos bíblicos, objetivando sua correta
aplicação na igreja local;

2. Levantamento das necessidades espirituais e


materiais da comunidade de fé e na comunidade
onde a igreja está situada;

3. Definição dos serviços que a igreja local pode


realizar para o atendimento das necessidades
levantadas;
4. Escolha da organização compatível, que garanta a
execução dos serviços;

5. Recrutamento das pessoas que desejam aplicar seus


dons dentro dessa organização (Ministérios).

6. Levantamento dos recursos necessários;

7. Avaliação periódica dos resultados alcançados;

8. Introdução das modificações que corrijam defeitos


da organização e que viabilizem novas conquistas.

6. – CONCLUSÃO

A igreja local é soberana em sua liberdade de


organizar-se de acordo com as necessidades e desafios
que experimenta no lugar onde está.

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A igreja local precisa ser sábia em escolher a
melhor maneira de realizar seus fins, garantindo a
conquista de novos membros, novos serviços e novo
posicionamento na sociedade.

Para isso há que ser submissa à ação do Espírito


Santo e corajosa em agir.

SUBSÍDIOS PARA LIDERANÇA

O OBJETIVO

Visa alcançar as pessoas que desejam se preparar para um


desempenho mais significativo na Missão.

Esta série SUBSÍDIOS PARA LIBERTAÇÃO será publicada


bimestralmente com artigos e estudos bíblicos-teológicos, e de
outras áreas, que sejam relevantes para desenvolver e estimular
todos aqueles que atuam nos diversos ministérios da Igreja.

MINISTÉRIO Regional de Publicações – 1ª Região Eclesiástica


– Sede Regional

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