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Temas Transversais

Texto autoral

Aluna: Mylena Ramos - 190600070


Professor: Obertal
Turno: Noite
“– É preciso saber o estado de humor, da classe, a estação do ano, o clima
da sala e perguntar sempre se está bem, ou está acontecendo algo.” –
Hooks, 2013. Pag. 211.

Como mulher, me conheço desde sempre. Como mulher lésbica, demorou


um pouco mais. Como mulher negra, afrodescendente, demorou mais de
19 anos. Hoje, aos 24, entendo um pouco do que é lutar por diversas
causas, por direitos meus e dos meus. E nessa etapa da vida, descubro o
que é lutar por uma sala de aula, pela partilha do conhecimento, e ainda
assim, ter sensibilidade para com tantas vidas.
O lecionar crítico e a educação de liberdade são as bases desse cenário
que demonstra a importância da educação como prática social
humanitária. A falta do compromisso, a repressão que a educação impõe é
visível, e nem sempre os alunos e estudantes conseguem reconhecer a
repressão, eu não conseguia. A realidade educacional no Brasil, por muitas
vezes, desinforma.
E, como uma boa parte dos sistemas educacionais são excludentes,
principalmente aqui no Brasil, onde herdamos os padrões europeus e
norte-americanos que menosprezam os negros.
Da mesma maneira que enxergo a sala de aula como uma fonte de
constrangimento, vejo uma fonte potencial de libertação, tendo em vista
que hoje em dia temos professores que usam o controle e o poder, e
temos alunos e professores que sofrem opressão.
Essa é a realidade do Brasil, onde 56.1% é o índice de pessoas
autodeclaradas negras e 16% é o percentual de docentes negros nas
universidades. Ainda são minoria. Ainda são mais da metade da população
que vive em condições de extrema pobreza. Ainda são os que morrem
todos os dias, então, que dizer de mulheres, não é?
Digo, que são mulheres negras que morrem todos os dias, vítimas de
feminicídio no Brasil, o índice é de 9 em cada 10. E com tudo isso, com
tantas informações na minha cabeça, dados, estudos e vivências, eu ainda
me questiono; que tipo de educadora eu quero ser?
Irei ensinar sobre corpos, sobre natureza, sobre história, doenças, e como
falar sobre tudo isso com tanto sendo violados? Me pergunto se devo ir
mais fundo, se devo ser algo a mais do que uma professora de biologia.
Bom, essa resposta eu ainda vou descobrir.

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