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Interface linguagem e EMU PEM as Qe) Mailce Borges Mota fer (Orgs.) Universidade Federal de Santa Catarina ee Reitor A Ubald César Bahar Pro-Reitora de Pés-Graduagao (PROPG) pena Gisiane Dera ryanizadoros Mallee Borges Mota Arseiagio ‘As contibuiges da Picolinguistca para 0 conhecimento sobre a interface entre linguagem e cognicéo 7 B Matee Borges hoe Ghana t ino |~ Aguisigio da linguagem "EU FABRA) Aquisicéo da linguagem como processamento de informago nas interfaces 3 Leticia Maria Sicuro Correa Projeto grafico e diagramagao i ciMal Fundamentos da aquisicdo da sintaxe 41 ae Marina RA. Augusto Editore Copiart Perspectiva multimodal da aquisicdo da linguagem o Rodovia Norberto Brunato, 2818 Marianne Carvalho Berera aD ee eres Fino II Processamento linguistco Dimensdes do processamento sintatico 89 vol Marcus Maia Aescrita como processo ns Erica dos Santos Rodrigues Formacao de professores para o ensino da compreensao leitora na escol 3 ‘Wannmacher Pereira Interfaces entre cognicao social e cogni representacao e processamento de infor Mercedes Marcilese Guimardes CRB-18071 Aquisigao da linguagem como processamento de informacao nas interfaces Leticia Mari 1. Introducao desperta ques {Wes das mais instigantes no estudo da cogni umanos. Como esse processo transcorre? O faz. inico na espécie humana? além desse tipo de descrigio, proven ‘mento de aquisigdo que possa ex a caracterizagio de um procedi 10 informagio relevante para la dos dados que norteado a pesquisa XX, e também ser obt aquisicio de uma (ou mais) se apresentam a crianga. A segunda perg Linguistica Gerativist lo tem como foco a primeira questdo, sob a perspecti- vva do processamento de informagao - um dos conceitos fundamentais da pesquisa psicoli a conte! tende-se porinea.' Nesse contexto, " Entende se por pesquisa pscoinguisticacontemporanea aque toms forma em meados o século XX no contesto da chamada revolugsocognitiva (cf CORREA, 20063; FRANCA, FERREIRA: NAIA 201 4 que a atividade cognitiva envolve o tratamento de dados (informagdo de qualquer natureza) captados perceptualmente, ou gerados na mente! cérebro, 0s quais so submetidos a operagdes mentais, que acarretam sucessivas mudangas de estado (diferentes representagies). Modelos (teorias) da atividade cognitiva visam, entao, a explicitar o que é toma- do como dados, 0 tipo de operagdes necessirias, os tipos de represen. tagio mental obtidos e o modo como as sucessivas mudangas de estado transcorrem, No caso da aquisigio dla linguagem (AL), um modelo as ibiente linguistico, ¢ como esse € processado de forma a re Neste i em conhecimento linguistico. tulo, apresentamos o esbogo de um procedimento de AL? Este distingue-se, no contexto da pesquisa psi ica, por tomar como referéncia a concepgio de no Programa Minim: Assim sendo, 0 ‘otras questies ac idas & de interesse na presente discussio. De acordo com o PM, o ser humano é dotado de uma faculdade de linguagem que possibilita a criacao/aquisigdo de linguas/graméti- cas, em decorréncia do processo de evolugio biol6gica que resultou na espécie a que pertencemos. As linguas criadas espontancamente em comunidades humanas ¢ adquiridas naturalméente por qualquer cri ‘a sio vistas como produto de um processo evolutivo que resultou em tuma faculdade de linguagem ta na cognigdo hu- mana. Desse modo, as que podem ser naturalmente adquiridas tém de ser compativeis com as propriedades de todo o aparato envol- vido no processamento linguistico humano, A LG expressa esse tipo de restrigio, propondo que as expressoes linguisticas que resultam de uma bem-sucedida derivagao por meio de uma gramitica gerativa’ esto na interface entre a lingua interna (compete (gem) que se apresenta (a partir de CHOMSKY, 1995), ie vem sendo trazida pela LG as duas 10 de res a form ricadamente ins iguistica ou Apresenta-s aqui uma sintese de eas em torna de um modelo procedimental de aqui sigdo da linguagem, que vem sendo deserwolvidas nos trabalhos aqui tados, pat mente em CORREA, 20099, 2014 © 2018 * Para uma intiodug3oa esse conceito, ver AUGUSTO, presente volume. € 8 articulaglo na fala (por meio vocal, de sinais de natureza gestual, ou uma interface ampla, Na lingua em uso, 0 falante parte de uma intengao de fala na cos possiveis alternativas para a expresso do pensamento) determinados contornos prosédicos). O inte de modo tal que os elementos do ido amente, A representagio léxico sejam reconhecidos e anal decorrente di do léxico organizados sinta com o falante a ideia gramatic lagi entre os elementos terpretagio semai amente pern sentagdo semintica, ou & medida que essa é processada, derd identificar os referentes pretendiclos pelo falante, inferie possi intengdes fala ¢ conduzir outros processos de natureza cogniti sirios 4 compreensio de enunciados linguisticos em um dado context © processamento linguistico transcorre de te, Podemos dizer, ‘ouvinte como informagao proveniente das interfaces fonica e semanti “tnerface elemento que proporciona uma ligacio fica ou loka ente dois sistemas fu partes de um sistema que nao poderlam ser conectados dretaments. Em um mode- de gramatica, concebido no contexto do Programa Minimalist, as expressbes factrizadas como um par forma fondtica (FF) e forma lgica FL), as quasconsttuem niveis de interface com os ‘hamador sistemas de desempenho, 2 soci, po possivelmente 'd0s7 anos por «¢, posteriormente, ambiente a sua vol representagio do c ser humano t as na LG e na Psicoling, uais, a nosso ver, comegam a convergi Nese quadro, um procedimento de aqui mmo argumentado na segao 5. 2. Alinguagem da crianga como campo de investigagao teresse na AL como obj igacao toma forma no fem estudos voltados para a ontogénese de comportamen- es da cognigio humana, conduzidos por meio de re- ios de observagdes comport em geral dos de inv | pauiicaode BLUMENTHAL, 1972; GOUVEA, 2008; LE. na época,a influéncia de Charles Darwin* inguagem poderia ser um obj VELT, 2013). Foi significa no entendimento de que volvimento, baseado em registros filho, Preyer focaliza dos primeiros desenvolvimento da fala a luz das entio recentes com observagbes $0. lenges da crianga, contextos de fala e modos de interagio) ymo um campo diferenciado maneira de explicar esse processo, A controvérsia res quanto atribuir ao desenvolvimento de um plano biol aprendizagem dependente da exper a ontogénese replica a filogénese, © que sofia, Nesee a0 da inguagem da clanga. 0 proprio Darwin pubicou observacéesdiras do desenvolw ‘mento de ex iho, incluindo o desenvolvimento da inguagem The mind ofthe chil, 1881 (ct The Project Gutenberg eBook of The Mind ofa Chi Part by. Preyer- htps//www.gutenberg.orgifies/19548/19548-n/19549-h humttec_99) Tee conhecida como lel de Haeckel (Est Haeckel, bidlogo, 1834-1919): as mudancas {ualtativas observadas no desenvolvimento do embriso refltirom as etapasevolutvas 7 POR; PENA, 2008; WEISS; NEWPORT, no quanto ha de especifico do dominio da ‘mesmo no quanto uma especializagao por dominios seria produto da experiencia (KAMILOI 1992). No que concerne a evolugio dda linguagem, tem-se hoje o interesse renovado, tanto no contexto da Psicologia comparada quanto orientado pela perspectiva biolinguistica, como meio de explicar 0 que torna a linguagei seres humanos (cf, BERWICK; CHO! 2016; TRETTENBREIN, 2017). io do sé XX caracterizou-se por intensa coleta de da angas e pouco avanco tebrico, destacando-se, a experiéncia linguistica (ef, BLUMENTHAL interesse na AL passa, contudo, por certo dec! metade daquele século." Observa-se, nesse sentido, que a aquisica0 da nio foi problematizada por pesquisadores tais como Jean Piaget (1896-1980) e Lev S. Vygotsky (1896-1934), que se destacaram a0 ir além de observagbes de cariter nat tivo" Ja a do desenvolvimento cogni contexto da Psicologia norte-americana, a orientacio com " Acontinuidade da pesquisa em AL na primeira metade do século XX foi prejudicada pelo {advento de duas gueras no territéro europe. Houve ainda ums reacao ao “bilogismo" 10 inicio do culo na Psicologia € nos desdobramentos do estruturalismo na Europa do 'P6s-guerra, que vieram a priorizar questies relatives linguayem em uso. Para Piaget, inguagem seria uma particular manifesta da fungdo simbolica ou se Imitica que resultaia da formacio de esquemas de aga0 20 longo do vida estdgo sensério motor) Tal como a imitasao defer eo fa-de 2 crianga ira da experiéncia presente, e via permit a expresso do pensomente, A sescober rove da ore o ds ess desa0 da tanga sore © mundo feo EL NMELDER 1976). a inguagem uma bate belies espece co desenvolvimento corer 0 desenolmento cacao mas ompl ao longo de ve que ete desenohimentaspessassom» cone io > ingun sui (ou maa a stumenalao pean San oem so pensmento vera A AL como funcamenta pao planer do ®coes de erma mals amp pata desensvmentdas unas cogntnessuperes (WoT, 52 tm ambos Os oon oto de a crane ada conecmente ope [Aexisd0 aati portamentalista (ou behaviorista) predominante dew margem & proposta de que a aprendizagem de uma dada lingua poderia ser enter formagio de habitos por condicionamento, al como no condicionamen- to de animais (cf. FINGER, 2008).” Tem-se, assim, na primeira metade do século XX, pouco progresso no diz respeito a uma teoria da AL. O in- teresse no tema viria a ressurgir de forma intensificada diante do impacto ‘causado pela formulacio explicita do problema no ambito da LG 3. A formulacao do problema da aquisigao da linguagem lo XX trouxe a ideia jcas de linguas natu A revolugio cognitiva de meados do sé de que processos mentais, assim como gram mais,” poderiam ser caracterizados em termos de um proce explicito, ou algor ‘gramética gerativa apresentaria, assim, para a geragio das sent lingua, podendo ser entao concebida como modelo (represe te6rica) do conhecimento linguistico do fa foi entendida como um problema de iden beria & crianga identificar a(s) gramatica(s) responsi as sentencas da lingua a que ¢ exposta, © que desafiava a ideia de um procedimento geral de aprendizagem aplicado & AL Osargumentos razidos pela LG sio hojeampk (CHOMSKY 1965; 1986; GROLLA; FIGUEIREDO SILVA, 2014), Nao 860 nlimero de possiveis combinagdes dos elementos d tados em sequéncia em sentengas da lingua seria muito grande, como haveria sempre mais de uma gramitica compativel com 0 subconjunto das sentencas geradas pela gramstica da lingua em aquisigio a que a yento 1a dad ‘ico da gramatica de uma dada lingua no fol posto em questda.Conrentes do estudo da inguagem da cranca vilam posteriormente abordar 3 aqusigao da pati da perspectva desses pesquisadores (cf. SINCLAIR, 1976; KARMI FIGUEIRA; CASTRO, 2006), Nese contextadestaca-se a critica de Chomsky em A Review of Skinner Verbal eho 5 i também possuirem lima gramitica, que pode ser descrita por meio de uma gramatica geratva Agu ‘guagens de programas executados em computador, por exe 20) smo suposto na proposta comportamentali {questionavel (2) A mamie disse [que vai pegara fralda [que esti no arma do 0 papai {que foi trabalhar] chegar] |. [quan- ea professora a colega [que a diretora que [(..) pesquisa ling, (concebido em ingua interna) da crianga ou mudangas de estado no desenvoh "0 terme aquiskdo engloba 0 desenvalvimento de um cronograma matuac

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