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Emoções

As emoções são de importância fundamental na terapia cognitivo-


comportamental (TCC). Afinal, o objetivo principal do tratamento é
ajudar os clientes a se sentirem melhor reduzindo a emoção
negativa e aumentando a emoção positiva. A emoção negativa
intensa é dolorosa e pode ser disfuncional se interferir na
capacidade do cliente de pensar com clareza, resolver problemas,
agir com eficiência ou obter satisfação – tudo isso podendo servir
como obstáculo para atingir seus objetivos. Clientes com um
transtorno psiquiátrico em geral vivenciam uma intensidade de
emoções que pode parecer excessiva ou inadequada à situação.
Abe, por exemplo, sentiu uma enorme culpa e depois tristeza
quando esqueceu de ir a um jantar na casa de sua filha. Ele
também se sentiu muito ansioso ao ligar para o banco para retificar
um erro. No entanto, a intensidade e a qualidade das emoções de
Abe fizeram sentido quando reconheci o quanto ele acreditava
fortemente em seus pensamentos automáticos e crenças e o
quanto mantinha firmemente certos valores.
Além disso, é importante reconhecer as funções positivas da
emoção negativa. A tristeza pode ser um sinal para suprir o que
você percebe que está faltando na vida. A culpa pode motivá-lo a
fazer o que é verdadeiramente importante para você. A ansiedade
pode lhe dar ânimo para lidar com um desafio. A raiva pode
fornecer energia para fazer a coisa certa na forma certa a serviço
dos seus valores.
Este capítulo responde as seguintes perguntas:
Como você identifica e fortalece emoções positivas?
Como você ajuda o cliente a nomear suas emoções
negativas?
Como você orienta o cliente a avaliar a intensidade das
suas emoções?
Em que aspectos os pensamentos automáticos são
diferentes das emoções?
Como o conteúdo dos pensamentos automáticos se
encaixa na emoção?
Quando é aconselhável intensificar a emoção negativa?
Como você pode identificar e ajudar o cliente a testar
suas crenças sobre emoções negativas?
Que técnicas são úteis na regulação emocional?
IDENTIFICANDO E FORTALECENDO
EMOÇÕES POSITIVAS
As emoções positivas promovem uma sensação de bem-estar
(tanto em termos psicológicos quanto físicos) e resiliência, ambas
importantes durante o tratamento e depois que o tratamento
terminou. Quando o cliente tem uma emoção negativa, ele
frequentemente restringe sua atenção e experimenta excitação
autonômica. Emoções positivas ampliam sua atenção, cognições e
tendências comportamentais e diminuem sua excitação
(Fredrickson, 2001). Recordar lembranças positivas de como lidou
com dificuldades no passado permite que o cliente enfrente melhor
o presente (Tugade et al., 2004).
Você trabalhará ativamente para identificar e aumentar as
emoções positivas do cliente na sessão e durante a semana

discutindo seus interesses, acontecimentos positivos que ocorreram durante


a semana e lembranças positivas;
criando Planos de Ação que visam à intensificação das emoções positivas,
por exemplo, engajando-se em atividades sociais, prazerosas, significativas
e produtivas e dando o crédito a si mesmo; e
ajudando o cliente a tirar conclusões adaptativas sobre suas experiências,
por exemplo, perguntando:
“O que essa experiência lhe mostra?”
“O que diz a seu respeito o fato de você ter [feito __________]?”
“Como você acha que __________ o vê [como resultado dessa experiência
positiva]?”
“Acho que esta [experiência] indica __________ sobre você. Será que estou
certo?”

Também é útil fazer o cliente especificar suas emoções positivas


perguntando:
“Como você se sentiu quando fez __________ [ou quando __________
aconteceu]?”
“Como você se sentiu depois disso?”

Muitos clientes têm um vocabulário limitado para as emoções


positivas. Pedir-lhes que identifiquem todas as emoções positivas
que experimentaram em uma situação pode aumentar sua
habilidade de nomear essas emoções e também melhorar seu
humor, sobretudo se você lhe der a lista mostrada na Figura 13.1.
Caso a lista seja uma sobrecarga para o cliente, reduza-a ou
apresente uma múltipla escolha: “Quando seu amigo finalmente
ligou, você se sentiu feliz? Aliviado? Grato?”; “Quando viu seu neto
marcar um gol, você se sentiu feliz? Orgulhoso? Entusiasmado?”.
Para aumentar a força das suas emoções positivas na sessão,
peça que o cliente imagine a situação como se ela estivesse
acontecendo agora, e veja se ele consegue vivenciar novamente
essas emoções.
NOMEANDO EMOÇÕES NEGATIVAS
Quando o cliente tem dificuldade para identificar suas emoções
negativas, você pode lhe oferecer uma múltipla escolha curta
(“Você estava se sentindo feliz, triste, ansioso, com raiva...?”). Ele
também pode consultar uma lista de emoções negativas (Fig.
13.2). Se o cliente ainda tiver dificuldade para diferenciar suas
emoções negativas, você pode ajudá-lo a criar um quadro (Fig.
13.3). Você pedirá que o cliente liste situações atuais ou prévias
em que ele sentiu uma emoção particular.

Reconhecido, ousado, afetuoso, aceito, agradável, impressionado, divertido,


compreensivo, maravilhoso, benevolente, abençoado, corajoso, calmo, capaz,
centrado, animado, confiante, contente, criativo, curioso, encantado, dinâmico,
empolgado, eufórico, empoderado, energizado, entusiasmado, excitado,
afortunado, livre, amigável, realizado, generoso, grato, feliz, útil, esperançoso,
respeitoso, no controle, perspicaz, inspirado, inteligente, interessado, alegre,
bondoso, leve, amoroso, motivado, aberto, otimista, apaixonado, pacífico,
brincalhão, agradavelmente surpreso, radiante, orgulhoso, tranquilizado, aliviado,
resiliente, respeitado, reverente, seguro, satisfeito, protegido, sereno, sincero,
estimulado, apoiado, carinhoso, agradecido, emocionado, tranquilo, compreendido,
valioso, vibrante, virtuoso, importante, sensato, merecedor, jovial, engraçado.

FIGURA 13.1 Lista de emoções positivas.

Triste, abatido, solitário, infeliz, Envergonhado, embaraçado,


deprimido humilhado
Ansioso, preocupado, receoso, Desapontado, desencorajado,
assustado, tenso, com medo, sem esperança
desconfiado, estressado, Ciumento, invejoso
inseguro, em pânico Culpado
Com raiva, furioso, irritado, Magoado
incomodado, frustrado, Desconfiado
incompreendido, ressentido,
enganado
FIGURA 13.2 Lista parcial de emoções negativas.

JUDITH: Eu gostaria de usar alguns minutos para falarmos sobre


diferentes emoções para que possamos entender melhor como
você se sente em diferentes situações. OK?
MARIA: Sim.
JUDITH: Você consegue se lembrar de alguma vez em que sentiu
raiva?
MARIA: Hummm, sim... Quando minha amiga cancelou os planos
para irmos àquele show; agora não me recordo qual era, mas
eu realmente queria ir. De qualquer maneira, em vez disso, ela
me disse que ia sair com uns outros amigos.
JUDITH: E o que estava passando pela sua mente?
MARIA: Quem ela pensa que é? Eu não faria isso com ela. Ela
deveria me tratar melhor.
JUDITH: E você se sentiu...
MARIA: Furiosa.

FIGURA 13.3 Amostra do quadro de emoções de Maria.


Aqui fiz Maria recordar um acontecimento específico em que ela
sentiu uma determinada emoção. Segundo a descrição, parecia
que ela havia identificado sua emoção corretamente. Como eu
queria me assegurar, pedi que ela identificasse seus pensamentos
automáticos. O conteúdo dos pensamentos automáticos realmente
combinava com sua emoção declarada. Em seguida, pedi que
Maria preenchesse um quadro com outras situações em que ela se
lembrava de ter ficado furiosa, triste e ansiosa. Pedi que
consultasse o quadro durante a sessão e em casa sempre que
estivesse tendo dificuldades para dar nome ao que estava
sentindo.
CLASSIFICANDO OS GRAUS DE
EMOÇÃO
Algumas vezes, você pedirá que o cliente não somente identifique
sua emoção, mas também quantifique o grau da emoção que está
experimentando. Por exemplo, avaliar a intensidade com que o
cliente sente uma determinada emoção antes e depois de uma
intervenção terapêutica o ajuda a decidir se usa intervenções
adicionais, de modo que você pode evitar passar prematuramente
para outra cognição ou problema. Ou pode ocorrer o oposto – você
continua a discutir uma cognição ou problema, não percebendo
que o cliente não está mais angustiado com ele. Por fim, avaliar a
intensidade de uma emoção em uma situação particular ajuda você
e o cliente a determinarem se tal situação justifica uma análise
mais aprofundada. Pode ser menos útil discutir uma situação
menos carregada emocionalmente do que uma mais angustiante
para o cliente, quando crenças importantes podem ter sido
ativadas. A maioria dos clientes aprende a julgar a intensidade de
uma emoção com relativa facilidade.

JUDITH: Como você se sentiu quando sua amiga disse: “Desculpe,


mas eu não tenho tempo agora”?
MARIA: Muito triste, eu acho.
JUDITH: Se 10 for o mais triste que você já se sentiu e 0 for
completamente não triste, o quanto você se sentiu triste quando
ela disse: “Desculpe, mas eu não tenho tempo agora”?
MARIA: Uns 7 ou 8.

Alguns clientes têm dificuldade ou não gostam de atribuir um


número específico para a intensidade da emoção. Você pode então
pedir que eles classifiquem se experimentaram a emoção
“levemente”, “moderadamente” ou “intensamente”. Se mesmo
assim for difícil, desenhar uma escala poderá ajudar.
JUDITH: Como você se sentiu quando sua irmã lhe disse que não
viria visitá-la no final das contas?
MARIA: Triste.
JUDITH: O quanto você se sentiu triste, de 0 a 10?
MARIA: Não tenho certeza. Não sou muito boa com números.
JUDITH: Você acha que se sentiu um pouco triste?
Moderadamente triste? Intensamente triste?
MARIA: Quais eram as opções mesmo?
JUDITH: Aqui, deixe-me desenhar uma escala. Em relação à sua
tristeza – você diria (apontando para a escala) que estava só
um pouco triste, meio triste, muito triste ou completamente
triste?
MARIA: Oh, muito triste; acho que 8.
JUDIT: OK, temos nossa escala agora. Vamos ver o quanto ela é
útil. Você ficou triste alguma outra vez esta semana?
MARIA: Sim, ontem à noite, quando Tanisha não retornou a minha
ligação.
JUDITH: Você pode usar esta escala como um guia? O quanto se
sentiu triste?
MARIA: Uma quantidade média – talvez 6.
JUDITH: Bom. Agora, você acha que poderia usar esta escala
como um guia sempre que estiver tentando identificar o quanto
está angustiada?
MARIA: Sim, posso fazer isso.
DIFERENCIANDO PENSAMENTOS
AUTOMÁTICOS DE EMOÇÕES
É importante que os clientes reconheçam (e nomeiem) suas
emoções negativas, sobretudo quando elas representam um
obstáculo para dar os passos necessários em direção aos seus
objetivos. Não queremos eliminar a emoção negativa. As emoções
negativas fazem parte de uma função tanto quanto uma dor física,
frequentemente nos alertando para problemas potenciais aos quais
precisamos dar atenção.
Mas queremos reduzir a emoção negativa excessiva. Não
avaliamos, desafiamos ou contestamos as emoções do cliente. Em
vez disso, reconhecemos, empatizamos e validamos suas
emoções e então colaborativamente decidimos se avaliamos as
cognições que originaram seu sofrimento – ou se intervimos de
outra maneira, como com a solução de problemas, voltando a
atenção para outra coisa, aceitando a emoção negativa ou usando
outras técnicas de regulação emocional.
Você não vai discutir todas as situações em que o cliente se
sentir disfórico – mas usará a sua conceitualização do cliente para
colaborativamente decidir que situações são mais importantes de
abordar, em que objetivos trabalhar e que obstáculos podem se
colocar no caminho. Com frequência, os maiores obstáculos estão
associados a altos níveis de estresse ou disfunção.
No começo do tratamento, muitos clientes não entendem
claramente a diferença entre seus pensamentos e suas emoções.
Você, de forma contínua e sutil, ajuda o cliente a ver suas
experiências através do modelo cognitivo. Quando o cliente
descreve um problema ou obstáculo, faça perguntas para
organizar o material em categorias do modelo cognitivo: situação,
pensamento automático e reação (emoção, comportamento e
resposta fisiológica).
Uma razão para que os clientes confundam pensamentos e
emoções é que eles algumas vezes usam a palavra “sentir” para
indicar uma emoção (“Eu me sinto ansioso”). Outras vezes, usam a
palavra “sentir” quando relatam uma cognição (“Senti como se não
pudesse fazer isso”; “Me senti um fracasso”; ou “Me senti sem
valor”). Nesses momentos, com base no fluxo da sessão, de seus
objetivos e da força da colaboração, você pode decidir

ignorar a confusão;
abordá-la na hora (de forma sutil ou explícita); ou
abordá-la posteriormente.

Na maior parte do tempo, nomear um pensamento como um


sentimento não tem muita importância em um determinado
contexto, e você pode fazer uma correção sutil.

JUDITH: Você mencionou, quando definimos a pauta, que queria


falar sobre a conversa ao telefone que teve com seu irmão,
certo?
ABE: Sim. Eu liguei para ele algumas noites atrás e ele me
pareceu um pouco distante.
JUDITH: Quando ele pareceu distante, como você se sentiu?
ABE: Eu senti que ele não queria conversar, como se na verdade
ele não se importasse se eu telefonasse ou não.
JUDITH: Então quando você teve os pensamentos: “Ele na
verdade não quer conversar. Ele não se importa que eu tenha
telefonado”, como se sentiu emocionalmente? Triste? Irritado?
Ansioso? Alguma outra coisa?

Em outra sessão, considerei importante a confusão, pois eu


queria ensinar a Abe como avaliar seu pensamento usando um
Registro de Pensamentos (pp. 264-265). Deliberadamente decidi
distinguir pensamentos de emoções. Eu não queria que ele
achasse que eu estava questionando o que ele via como uma
emoção. Também julguei que a interrupção não afetaria
indevidamente o fluxo da sessão e que ele não se esqueceria de
dados importantes.

JUDITH: Houve alguma vez esta semana em que você pensou em


ir ao cinema?
ABE: Sim, algumas vezes.
JUDITH: Você consegue se lembrar de uma, especificamente?
ABE: Ontem depois do almoço, eu estava fazendo a limpeza... Não
sei.
JUDITH: Como você estava se sentindo emocionalmente?
ABE: [expressando pensamentos] Oh, eu estava sentindo que não
adianta nada, que assistir a um filme provavelmente não vai
ajudar.
JUDITH: Esses são pensamentos importantes. Vamos voltar a
avaliá-los em um minuto, mas primeiro eu gostaria de revisar a
diferença entre pensamentos e sentimentos. OK?
ABE: Certo.
JUDITH: Sentimentos são o que você sente emocionalmente – em
geral eles são uma palavra, como tristeza, raiva, ansiedade, etc.
(pausa) Pensamentos são ideias que você tem; você pensa em
palavras ou em quadros ou imagens, como: “Não adianta nada.
Isso provavelmente não vai ajudar”. (pausa) Entende o que eu
quero dizer?
ABE: Acho que sim.
JUDITH: Então vamos voltar a ontem quando você pensou em sair
para uma caminhada. Que emoção estava sentindo?
ABE: Triste, eu acho.
JUDITH: E seus pensamentos eram: “Isso não adianta nada.
Nunca vou melhorar”?
ABE: Sim.

No exemplo anterior, Abe inicialmente nomeou pensamentos


como sentimentos. Às vezes, os clientes fazem o inverso: isto é,
nomeiam uma emoção como um pensamento.

JUDITH: Quando você entrou no seu apartamento vazio, Maria, o


que passou pela sua mente?
MARIA: Eu estava triste, solitária e muito deprimida.
JUDITH: Então você se sentiu triste, solitária e deprimida. Que
pensamento ou imagem a fez se sentir assim?
COMBINANDO O CONTEÚDO DOS
PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS
COM AS EMOÇÕES
Você continuamente conceitualiza os problemas do cliente e os
obstáculos que interferem na realização dos objetivos. Você tenta
entender sua experiência e ponto de vista e como suas crenças
subjacentes dão origem a pensamentos automáticos específicos
em uma situação específica, influenciando suas emoções e
comportamento. A conexão entre os pensamentos, a emoção e o
comportamento do cliente deve fazer sentido. Você irá investigar
quando ele relatar uma emoção que não parece combinar com o
conteúdo de seus pensamentos automáticos.

JUDITH: Como você se sentiu quando percebeu que não recebeu


um retorno do seu antigo chefe?
ABE: Fiquei triste.
JUDITH: E o que estava passando pela sua mente?
ABE: Eu estava pensando: “E se ele não quiser me dar uma boa
recomendação? E se eu não conseguir o emprego?”.
JUDITH: E você se sentiu triste?
ABE: Sim.
JUDITH: Estou um pouco confusa, pois esses se parecem mais
com pensamentos ansiosos. Havia mais alguma coisa passando
pela sua mente?
ABE: Não tenho certeza.
JUDITH: E que tal se fizermos você imaginar a cena? [ajudando
Abe a recordar vividamente a cena na forma imaginária] Você
disse que estava em casa, procurando possibilidades de
emprego on-line. Consegue se ver? Onde você está?
ABE: Na minha escrivaninha.
JUDITH: E você está pensando: “E se ele não me der uma boa
recomendação? E se eu não conseguir o emprego?” Você está
se sentindo...
ABE: Nervoso, eu acho.
JUDITH: O que mais está passando pela sua mente?
ABE: Acho que estava me lembrando de quando meu chefe me
disse que eu estava sendo demitido. Eu estava me sentindo um
fracasso.
JUDITH: E como você estava se sentindo emocionalmente?
ABE: Triste. Muito triste.

Esta interação começou com uma discrepância. Eu estava alerta


e por isso fui capaz de identificar uma inconsistência entre o
conteúdo do pensamento automático de Abe e a emoção
associada a ele. Então pude ajudá-lo a recuperar uma imagem
importante (uma lembrança) e um pensamento automático
essencial usando a recordação do imaginário. Se eu tivesse
optado por focar nos pensamentos ansiosos, teria deixado passar
uma cognição importante.
AUMENTANDO A EMOÇÃO
NEGATIVA
Algumas técnicas são na verdade concebidas para aumentar o
afeto negativo. Isso é importante quando os clientes precisam

obter maior acesso aos seus pensamentos;


mudar suas cognições no nível emocional;
aprender que emoções não são perigosas; e/ou
examinar as desvantagens ou consequências de algum comportamento mal-
adaptativo.

Você pode usar o imaginário, exposição ou foco nas sensações


somáticas para aumentar a intensidade da emoção negativa do
cliente.
TESTANDO CRENÇAS SOBRE
EMOÇÕES NEGATIVAS
Alguns clientes possuem crenças disfuncionais sobre a experiência
de uma emoção (Greenberg, 2002; Hofmann, 2016; Linehan,
2015), conforme ilustrado com Maria, a seguir.

MARIA: Acabei não telefonando para minha mãe neste fim de


semana.
JUDITH: O que [obstáculo] atrapalhou?
MARIA: Não sei. Acho que fiquei nervosa.
JUDITH: Você fez uma previsão sobre o que aconteceria caso
ligasse?
MARIA: Só pensei que eu ficaria muito incomodada.
JUDITH: E então o que poderia acontecer?
MARIA: Tive medo de não conseguir aguentar. Se ela me deixasse
perturbada, eu poderia começar a chorar e não pararia mais.

Como Maria, alguns clientes acreditam que emoções negativas


são perigosas: “Se eu ficar perturbada, ___________”, por
exemplo, “tudo vai ficar cada vez pior e não vou conseguir
suportar, vou perder o controle, isso nunca vai passar, ou vou
acabar no hospital”. Esses tipos de crenças podem interferir no
trabalho em busca dos seus objetivos. O cliente pode evitar
situações em que prevê que ficará abalado. Ele pode evitar falar a
respeito ou até mesmo pensar em problemas estressantes.
Quando o cliente tem cognições disfuncionais sobre experimentar
emoção negativa, ele pode não fazer muito progresso no
tratamento. Você pode usar as técnicas-padrão de reestruturação
cognitiva para ajudar o cliente a avaliar suas crenças. Realizar um
experimento comportamental usando mindfulness (pp. 275-276) é
especialmente efetivo. Quando o cliente consegue se desligar de
um processo de pensamento como preocupação, você pode guiá-
lo na mudança das suas cognições de “A preocupação é
incontrolável” para “Posso escolher me desligar da preocupação
quando eu notar que ela começou”.
TÉCNICAS PARA REGULAR A
EMOÇÃO
Ao longo deste livro, você aprenderá técnicas para ajudar os
clientes a regularem suas emoções. Por exemplo:

Solucionando problemas Fazendo relaxamento,


Avaliando e respondendo aos imaginação guiada ou exercícios
pensamentos negativos respiratórios
Engajando-se em (e estando Engajando-se em atividades
plenamente consciente das) tranquilizadoras (caminhar na
atividades sociais, prazerosas ou natureza, tomar um banho,
produtivas abraçar outra pessoa ou um
Exercitando-se animal de estimação, ouvir
Aceitando a emoção negativa música suave)
sem críticas Focando nos próprios pontos
Usando mindfulness (para se fortes e qualidades positivas, e
desligar de pensamentos dando o crédito a si mesmo
perturbadores)

Em Linehan (2015), você pode encontrar uma extensa descrição


das técnicas de regulação emocional e tolerância ao estresse.
Mais técnicas e metáforas úteis para ajudar o cliente a aceitar a
emoção negativa podem ser encontradas em Hayes e
colaboradores (1999).
RESUMO
As reações emocionais sempre fazem sentido, considerando-se o
que o indivíduo está pensando. Você irá procurar promover
emoções positivas dentro e fora das sessões. Quando os clientes
expressam emoção negativa significativa, você irá conceitualizar
de acordo com o modelo cognitivo e frequentemente abordará as
cognições associadas. Alguns clientes precisam modificar crenças
disfuncionais sobre experimentar emoção negativa. É importante
que o cliente diferencie entre seus pensamentos e suas emoções e
entre as diferentes emoções. Somos empáticos com as emoções
do cliente e não as avaliamos. Quando é preciso, o ajudamos a
aceitar suas emoções negativas sem críticas. Inúmeras técnicas
ajudam o cliente a regular suas emoções negativas e, quando
necessário, desenvolvemos maior tolerância a elas.

PERGUNTA PARA REFLEXÃO


Que papel as emoções desempenham no tratamento com TCC?

EXERCÍCIO PRÁTICO
Faça uma dramatização em que você identifica uma crença
disfuncional do cliente sobre experimentar emoção negativa. Além
disso, ajude o mesmo cliente a experimentar emoção positiva na
sessão.

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