Você está na página 1de 11

Universidade Federal de Alagoas

Campus Arapiraca – Ciências Agrárias


Curso Agronomia/Zootecnia

PRINCIPAIS SISTEMAS DE PREPARO DO SOLO1

INTRODUÇÃO

Sob condições de uso agrícola adequado do solo, a implantação dos cultivos deve ser feita
dentro de manejos de solos adequado às características próprias de cada solo, uma vez que o manejo
incorreto pode causar a degradação de suas características físicas.
O manejo do solo consiste num conjunto de operações efetuadas no próprio solo com o
objetivo de propiciar condições favoráveis à semeadura, germinação e desenvolvimento das culturas.
Tais operações envolvem, de uma maneira geral, trabalhos de preparo de solo, semeadura,
fertilização, aproveitamento de resíduos culturais, controle de invasoras e outros tratos culturais. Um
dos trabalhos de manejo mais importante é o preparo do solo.
A eficiência do preparo do solo tornou-se maior à medida que os problemas de erosão 2
foram se agravando devido ao manejo intensivo do solo, a ponto de extensas áreas tornarem-se
inaproveitáveis. Para tanto, fez-se necessário o conhecimento das propriedades físicas do solo, para
um melhor entendimento das atividades agrícolas como: fertilização, drenagem, irrigação, conservação
do solo e da água e o manejo dos resíduos culturais.
O preparo do solo é definido como a manipulação física, química ou biológica do solo, com
o objetivo de otimizar as condições para a germinação e emergência das sementes, assim como o
estabelecimento de plântulas. Em outras palavras, o preparo do solo compreende o conjunto de
operações realizadas com o uso de implementos agrícolas, com a finalidade de preparar o leito para as
sementes e raízes das plantas, controlar as ervas daninhas (plantas invasoras), arejar o solo e
provocar uma decomposição mais rápida da matéria orgânica do solo. O preparo do solo é um aspecto
do manejo do solo, requerendo mais força e energia do que qualquer outra operação de campo.
OBJETIVOS DO PREPARO DO SOLO

O preparo do solo é realizado numa área agrícola, com a finalidade de:


a) Modificar a estrutura do solo, facilitando a absorção, armazenamento e transmissão de água e,
conseqüentemente, fornecendo um bom leito para semeadura e germinação da semente e, um
ambiente favorável às raízes das plantas;

1
Material da Disciplina Manejo e Conservação do Solo do Curso de Pós-Graduação em Manejo de Solo e Água
– UFPB, ministrada pelo Professor Ivandro de França da Silva.
2
2

b) Proporcionar condições adequadas à cultura a ser implantada, uma vez que a maioria dos
agricultores não podem trabalhar em terras não lavradas, face a presença dos resíduos
culturais;
c) Eliminar as ervas daninhas, diminuindo a competição por água, nutrientes e luz.

CATEGORIAS DE PREPARO DO SOLO

Existem três categorias de preparo do solo: preparo primário, preparo secundário e cultivo
do solo após plantio.

PREPARO PRIMÁRIO – O preparo primário do solo compreende aquelas operações mais profundas e
grosseiras que visam eliminar ou enterrar as ervas daninhas estabelecidas, assim como, restos de
culturas e também, soltar o solo. Ele é a primeira e principal operação utilizada na mobilização do solo,
constituindo-se de seguidas operações de aração, onde o solo é trabalhado na profundidade de 15 a
20 cm.
Este sistema de preparo do solo é utilizado com os seguintes objetivos:
a) Iniciar a preparação do leito de semeadura através da desestruturação e pulverização do solo;
b) Destruir ou eliminara as ervas daninhas (inços) ou vegetação indesejável e minimizar a
competição com a cultura implantada;
c) Enterrar parcial ou completamente os resíduos culturais ou esterco e incorporar ou misturar
estes materiais com o solo;
d) Misturar ou incorporar calcário e fertilizantes ao solo;
e) Controlar ou destruir insetos, seus ovos, larvas e locais de cruzamento;
f) Afrouxar o solo para uma melhor aeração e retenção de água;
g) Reduzir a erosão eólica e hídrica através da exposição de uma superfície rugosa;
Os instrumentos básicos utilizados nas operações de preparo do solo que constitui o preparo
primário, são: arados de aiveca; arados de discos; arado escarificador (tipo chisel); grades de disco
pesadas; enxadas rotativas; rolo-faca.
De um modo geral, as condições físicas da camada arada quando preparada com o preparo
primário, são as seguintes: elevada rugosidade superficial; pouca pulverização (presença de torrões de
grande porte); solo praticamente descoberto; elevada capacidade de armazenamento de água;
superfície do solo desfavorável ao plantio e; superfície do solo favorável à redução da enxurrada e
erosão.

PREPARO SECUNDARIO – Como preparo secundário do solo podem ser definidas todas as
operações superficiais subseqüentes ao preparo primário que visam: nivelação do terreno,
3

destorroamento, incorporação de herbicidas, eliminação de ervas daninhas no inicio do seu


desenvolvimento, e que permitam a fácil colocação da semente no solo, assim como, a sua cobertura
com terra, produzindo um ambiente favorável ao desenvolvimento inicial da cultura implantada. Este
sistema de preparo do solo é realizado numa área, com os seguintes objetivos:
a) Desenvolver o leito de semeadura pela pulverização dos torrões do solo;
b) Firmar o solo superficial para um melhor movimento da umidade do solo e contato da semente
com o solo, para favorecer a germinação;
c) Fragmentar resíduos culturais e misturar material vegetal ou outros na camada superficial;
d) Destruir ou controlar as plantas invasoras.
As características da camada arada no preparo secundário do solo variam com o tipo de
equipamento. As mais comuns são as seguintes: baixa rugosidade superficial; torrões do solo de
pequeno tamanho (alta pulverização superficial); solo descoberto na maior parte dos casos; baixa
capacidade de retenção e armazenamento da água superficial; superfície do solo favorável ao plantio e
superfície do solo altamente desfavorável ao controle de erosão.

CULTIVO DO SOLO APÓS O PLANTIO – Entende-se por cultivo do solo após o plantio, toda
manipulação do solo após a cultura ter sido implantada, visando entre outras coisas eliminar as ervas
daninhas que concorrem com a cultura implantada, principalmente em água, nutrientes e luz. Em
outras palavras, o cultivo do solo após o plantio é representado pelas capinas ou limpas realizadas
durante o ciclo vegetativo da cultura.

SISTEMAS DE PREPARO DO SOLO

Os sistemas de preparo do solo variam em profundidade de preparo, quantidade de pulverização


do solo e quantidade de restos culturais deixada sobre a superfície do solo. Observa-se que esses
fatores influenciam a eficiência de controle da erosão dos diversos sistemas. Os sistemas de preparo
podem ser classificados em sistemas com aração (preparos convencional e reduzidos) e sistemas sem
aração (preparo mínimo e plantio direto).
Os diferentes sistemas de preparos dizem respeito aos vários modos como podem ser realizadas
as operações de preparo do solo, semeadura, fertilização, controle de invasoras e outros tratos
culturais. Entretanto, os aspectos mais importantes que caracterizam os diferentes sistemas de preparo
estão relacionados ao tipo de solo e ao tipo de aproveitamento dos restos culturais. A agricultura
tradicional é realizada através da utilização de aração, gradagem, além das operações normais de
plantio e tratos culturais, enquanto que a forma de plantio utilizada atualmente, denominada de plantio
direto na palha, caracteriza-se pela não remoção da terra, de onde se obtém aumento de produtividade
sem entretanto ocorrer problemas com erosão.
4

PREPARO OU CULTIVO CONVENCIONAL – O preparo ou cultivo convencional caracteriza-se


por envolver as operações combinadas de preparo primário (aração – uma ou mais operações) e do
preparo secundário (gradagem – uma ou mais operações), normalmente realizadas no preparo do leito
de semeadura para uma determinada cultura em uma área agrícola. Em outras palavras, o preparo
convencional consiste na realização do preparo do solo com uma ou mais arações seguida de duas ou
mais gradagens. Nesse sistema de cultivo, os restos culturais são queimados ou incorporados ao solo
Durant as operações de preparo e as invasoras são controladas pelo uso de capinas mecânicas ou
através da aplicação de herbicidas.
A superfície do solo preparado convencionalmente, caracteriza-se por apresentar uma camada
intensamente revolvida até a profundidade de 20 cm, finamente pulverizada, de baixa rugosidade
superficial e praticamente desprovida de cobertura vegetal morta. É comum a eliminação da resteva
(restos culturais) pela queima, a qual antecede as operações de preparo do solo. No caso dos restos
culturais não serem queimados, as operações de aração e gradagem enterram quase que
completamente os resíduos culturais da cultura anterior, bem como as invasoras (inços), deixando a
superfície do solo descoberta e altamente favorável à erosão.
O cultivo convencional por utilizar, na maioria das vezes, as operações de aração e gradagem de
forma excessiva e, por utilizar operações mecanizadas, nos plantios, os tratos culturais vem
contribuindo para o surgimento de camadas compactadas, logo abaixo da camada arável. Essa
camada compactada limita o crescimento das raízes, deixando a cultura susceptível ao estresse
hídrico, durante as épocas em que há retardamento na precipitação de chuvas naturais.
As vantagens desse sistema de preparo do solo são: a eliminação das invasoras e dos possíveis
focos de algumas moléstias e, proporcionar um leito de semeadura uniforme e bem preparado.

PREPARO OU CULTIVO REDUZIDO – O preparo reduzido do solo consiste na diminuição das


operações de aração e gradagem em relação as utilizadas tradicionalmente no preparo convencional,
ou até mesmo a eliminação completa de uma dessas operações. Normalmente, no preparo
convencional, são realizadas uma ou duas arações e duas a quatro gradagens. No preparo reduzido,
este número é reduzido ao mínimo necessário, ou mesmo efetuada a semeadura das culturas sem
fazer a aração ou gradagem anterior.
O preparo mínimo surgiu da constatação de que em lavouras mecanizadas, o constante
revolvimento do solo pelas operações de aração e gradagem, tende a pulverizar o solo, além de
provocar problemas de compactação ou adensamento de camadas sub-superficiais, que favorecem a
ocorrência da erosão, alem de reduzir a capacidade de infiltração de água no solo. Em conseqüência
disso, a capacidade produtiva do solo vai diminuindo gradativamente e, a cada ano, o agricultor vai
5

obtendo menores rendimentos. Por outro lado, tem sido observado que nem sempre é preciso revolver
o solo com arações e gradagens, destorroa-lo e afofa bem ara que as sementes germinem e as plantas
se desenvolvam bem.
As sucessivas lavras e gradagens usadas no preparo do solo, degrada a sua estrutura e contribui
para compactar o solo. A resistência do solo à penetração de raízes é basicamente função de seu grau
de compactação, textura e teor de umidade e, a exposição da superfície preparada do solo ás
condições climáticas por longos períodos, sofrem efeitos conjugados das chuvas, dos ventos e das
mudanças de temperatura, degradando a sua estrutura e acelerando a decomposição da matéria
orgânica. O uso também de equipamentos cada vez mais pesados e com freqüência tem contribuindo
para degradar de forma mais rápida as áreas agrícolas.
Diante dessas inconveniências, foram conduzidos experimentos controlados sobre preparo de solo,
durante alguns anos por pesquisadores de paises de agricultura desenvolvida, onde chegaram a
conclusão de que se tem registrado exageros na pratica de preparo do solo e, que o mais importante
fator a levar em consideração quando das operações de preparo do solo, estava na eliminação e
controle das invasoras. Face a essas constatações, surgiram os outros tipos de preparo do solo, como:
preparo reduzido, preparo mínimo e sem preparo.

PREPARO OU CULTIVO MINIMO – O preparo mínimo representa a mínima manipulação do solo


necessária a produção da cultura ou para satisfazer os requisitos de preparo sob existentes condições
de solo e clima. Diferencia-se do preparo reduzido por suprimir a aração (preparo primário) e por
permitir uma considerável quantidade de resíduos culturais sobre a superfície do solo, tornando dessa
forma, um sistema recomendado para o controle da erosão 2.
Na implantação do preparo mínimo, é necessário que na colheita de uma cultura, a palha ou resto
cultural seja picado e distribuído sobre a superfície do solo. Dessa forma, o único preparo do solo para
semeadura da cultura seguinte, consiste na passagem de uma grade leve ou escarificador sobre os
restos culturais distribuídos sobre o solo. Essa gradagem serve apenas para realizar uma pequena
mobilização do solo, alem de promover algum controle das plantas invasoras e efetuar a incorporação
parcial dos restos culturais.
O preparo mínimo do solo, combina a mínima mobilização do solo com o aproveitamento integral
dos restos culturais. A passagem de grade leve ou escarificador sobre a superfície do solo, serve pra
destruir possíveis crostas superficiais do solo, e isto servirá para favorecer a infiltração de água no solo,
como também para controlar em parte, o desenvolvimento das invasoras e semi-incorporar os restos
culturais. Assim, maior arte dos restos culturais permanecerão sobre a superfície do solo, e isto servirá

2
É o processo de desprendimento e arraste acelerado das partículas do solo causado pela água e pelo vento
(Bertoni e Lombardi Neto, 1990).
6

de proteção ao solo contra o impacto direto das gotas de chuva, reduzindo a ocorrência da erosão
hídrica.

PLANTIO DIRETO OU SEM PREPARO – O sistema de plantio direto ou sem preparo, consiste na
semeadura das culturas sem preparar o solo, isto é, sem que haja mobilização do solo por arado, grade
ou qualquer tipo de implemento. O único tipo de preparo do solo que pode ocorrer no plantio direto é
uma faixa estreita, aberta no solo com o propósito único, para colocação do adubo e a semente nas
linhas de semeadura. Este sistema de cultivo é também denominado de plantio na palha.
A característica notável desse sistema de preparo, é que a superfície do solo fica totalmente
coberta pelos restos culturais, tornando-o mais eficiente no controle da erosão do solo, e
conseqüentemente na redução das perdas de solo e água por erosão, a pratica do plantio direto
consiste em associar a manutenção dos restos culturais sobre a superfície do solo com a semeadura
das culturas sem o revolvimento do solo. A eliminação das ervas daninhas, tanto pode ser feita com
aplicação de herbicidas, quanto por capinas manuais ou qualquer outro meio manual ou mecânico.
Sob o ponto de vista de desenvolvimento de uma agricultura sustentável, o plantio direto além de
aliar produtividade às técnicas que permitam a exploração racional do solo, também depende da
reestruturação da maneira de pensar do produtor, na medida em que isso representa a manutenção da
capacidade produtiva da terra.
A importância desse sistema de cultivo frente aos agricultores está condicionada à formação de
uma boa cobertura do solo, que o proteja das variações de temperatura, de ação do vento e do impacto
erosivo das gotas de chuva, melhorando conseqüentemente, a capacidade de retenção de água e a
estruturação natural do perfil. Dessa forma, as condições químicas e físicas do solo são preservadas e
a atividade biológica do solo favorecida.
Um aspecto importante no plantio direto, diz respeito ao tipo e características do solo a ser
cultivado. Não se recomenda introduzir o plantio direto em solos que sofreram erosão severa ou em
solos compactados, degradados fisicamente. Nesses casos, antes de ser introduzido o plantio direto,
deve-se controlar a erosão, descompactar o solo, tornando-o mais fofo e recuperar as características
físicas do solo.
Quando se utiliza o plantio direto numa área continuamente, a cada 4 ou 5 anos, recomenda-se
efetuar uma aração profunda seguida de uma a duas gradagens niveladora, com a finalidade de
incorporar corretivos e adubos ao solo, uma vez que estes são aplicados superficialmente. Nesse caso,
além de incorporar o calcário e os adubos corretivos, estará também incorporando os restos culturais
acumulados sobre a superfície do solo e quebrando o encostamento superficial que se formou durante
esse tempo.
7

Na criação do sistema de plantio direto ou semeadura direta, o maior obstáculo não foi a fabricação
de máquinas capazes de plantar em áreas cujo solo não tivesse sido preparado. O problema inicial era
a eliminação das plantas invasoras das áreas agrícolas. O herbicida era a alternativa, porém estes à
época, ou eram seletivos ou tornavam o solo inútil para a agricultura face o seu efeito residual.
Somente em 1956 é que o impasse do herbicida foi solucionado por pesquisadores, através da
elaboração de um composto químico (herbicida) denominado “paraquat”. Este produto era capaz de
eliminar a vegetação verde, porém era desativado assim que entrava em contato com o solo. Dessa
forma foi possível pulverizar a resteva de uma cultura para eliminar as ervas daninhas e, efetuar
imediatamente o plantio da cultura desejada.
O plantio direto fornece ao produtor diversas vantagens: a) maior controle da erosão; b) melhor
manutenção da unidade do solo; c) manutenção da matéria orgânica do solo; d) manutenção e
melhoria da estrutura do solo; e) melhoria da germinação das sementes; f) melhor desenvolvimento das
plantas; g) menor trabalho e menor custo de produção; h) aumento do tempo de vida útil das máquinas;
i) minimizar a necessidade de replantio; j) minimizar as perdas de insumos pela enxurrada; l) reduz a
temperatura do solo; m) proporciona maior atividade biológica; n)melhora a fertilidade do solo e a
reciclagem de nutrientes; o) diminui a lixiviação de nutrientes, entre outras.
Nesse sistema de cultivo, observa-se que a distribuição de adubos na superfície do solo concorre
pra elevar os teores de nutrientes numa camada superficial de no máximo 5 cm de espessura e, logo
abaixo dessa camada, ocorre deficiência dos nutrientes aplicados na adubação. Observa-se ainda, que
o favorecimento da camada superficial em nutrientes e umidade, contribui para que as plantas
desenvolvam seu sistema radicular superficialmente, contribuindo conseqüentemente, para facilitar o
tombamento das plantas, como também torná-las vulneráveis a qualquer deficiência hídrica, por menor
que seja o período de falta de chuva.
A adoção do plantio direto ocorre através de quatro etapas: a) eliminação ou redução do preparo
do solo; b) utilização de herbicidas dessecantes; c) obtenção de cobertura morta e; d) utilização de
plantadeiras especifica.
Para se ter uma idéia do número de passagem de máquinas sobre a superfície do solo submetido
aos diferentes sistemas de preparo do solo, no Quadro 1, é mostrado o transito de máquina nos
principais sistemas de preparo pra as condições do Sul do Paraná. Dos dados, verifica-se que no
cultivo convencional, numa utilização por dez anos, o número de passagem de máquina sobre o solo
seria muito elevado, chegando a um total entre 150 e 160 passagens. O problema da excessiva
passagem de máquinas sobre o solo agrava-se ainda mais, uma vez que atrelado ao trator nas
operações de cultivo, estarão: arado, grade, adubadeira, semeadeira, pulverizador e colheitadeira, o
que certamente exigirá da maquina, maior potencia para execução dessas operações.
8

Quadro 1. Transito de máquinas sobre o solo em diferentes sistemas de preparo, nas culturas
de trigo e soja.
Sistema de Operações
Preparo
Cultura Aração Gradagem Plantio Aplicação/herbicida Colheita Total
Convencional Trigo 1 3 1 1 1 7
Soja 1 4 1 1-2 1 8-9
Mínimo Trigo 0 2-3 1 1 1 5-6
Soja 0 2-3 1 1-2 1 5-7
Plantio Direto Trigo 0 0 1 1 1 3
Soja 0 0 1 1-3 1 3 –5
Fonte: Ramos M. – EMBRAPA/PONTA GROSSA- PR.

O plantio direto ou semeadura direta é mais recomendável no caso de solos com baixa
susceptibilidade à compactação e à formação de crostas superficiais, boa drenagem interna, alta
atividade biológica, consistência friável sob diversas condições de umidade, altas taxas iniciais de
infiltração e superfície rugosa ou então, com argila que forme um tipo de cobertura morta. Este sistema
é menos adequado para solos altamente degradados ou para aqueles que endurecem muito durante a
estação seca. Nesses tipos de solos, a aração é necessária para criar uma área favorável à infiltração
da água, ao estabelecimento das lavouras e à penetração de raízes. Este sistema, apesar de todos os
benefícios conferidos ao solo, e de resultar numa agricultura mais ecológica, requer um nível razoável
de tecnificação e gerenciamento da fazenda ou propriedade, com um sistema de manejo de pragas
mais integrado.
Nessa filosofia, o produtor rural deve ter uma visão global da propriedade e entender o sistema
produtivo como um negócio, no qual, preservação do meio ambiente, redução de custo e aumento de
produtividade assumem papel fundamental.
Acrescenta-se ainda, que o plantio direto começou a ser utilizado nos Estados Unidos, em meados
da década de 60, quando um grande programa de conservação de solo foi lançado pelo governo
daquele país, preocupado com a erosão crescente das áreas agricultáveis. No Brasil, o movimento em
direção a um sistema de cultivo mais ecológico, começou em 1970, na região Sul, como alternativa
para solucionar os problemas de erosão e conservação do solo. Nas culturas de verão do ano agrícola
1996/1997, foram dois milhões de hectares utilizados com plantio direto no Rio Grande do Sul,
trezentos mil hectares em Santa Catarina, um milhão e meio de hectares no Paraná e dois milhões e
duzentos mil hectares no estado de São Paulo.
Na época de implantação do plantio direto no Sul do país, o maior entrave foi a carência de
produtos capazes de combater pragas e ervas daninhas. A indisponibilidade de maior variedade de
9

herbicidas para resolver de forma efetiva o controle das espécies invasoras comuns nas áreas de
cultivo, refletiu-se no lento crescimento de utilização desse sistema, na fase inicial de implantação no
Brasil. A introdução de herbicidas mais eficientes finalmente viabilizou o sistema.
O plantio direto também pode ser implantado com o uso de tração animal, ou mesmo por serviços
manuais. No comércio, existem máquinas e equipamentos desenvolvidos para as diferentes operações
exigidas pelo sistema.
O crescimento de utilização do plantio direto, desencadeou um processo de modernização da
atividade agrícola que resultou num sistema avançado e barato de manejo das plantas daninhas. Esse
crescimento trouxe consigo, na década de oitenta, excessiva dependência dos meios químicos para
controle das espécies invasoras, com possíveis conseqüências para o homem e o meio ambiente.
Diante da situação, a forma utilizada para tornar o sistema mais sustentável foi a rotação de
culturas. Essa pratica reduziu o uso de agroquímicos e a pressão exercida pelas pragas e doenças,
permitindo um controle mais efetivo das invasoras, uma melhoria nas propriedades físicas, químicas e
biológicas do solo, um menor risco econômico devido à diversificação e uma maior eficiência no uso de
água e nutrientes.
Nos anos noventa, a evolução do plantio direto mostra uma tendência, representada pelo emprego
reduzido devido a pressão econômica imposta aos produtores e pelos excelentes resultados
alcançados com a integração da agricultura e pecuária. A combinação de culturas extensivas com a
produção de carne ou de leite, além de representar uma cobertura morta mais variada e acrescida dos
benefícios agregados a esse tipo de exploração, significa ainda garantia da estabilidade da renda do
produtor rural e alternativa de retorno à situação do equilíbrio natural.

RESUMO

As operações motomecanizadas de preparo do solo, dependendo do teor de umidade podem levar


o solo à compactação. O termo compactação refere-se à compressão do solo não saturado durante o
qual existe um aumento da densidade do solo, conseqüência da redução do seu volume.
A compactação do solo por sua vez pode limitar a adsorção e/ou absorção de nutrientes,
infiltração3 e redistribuição de água, trocas gasosas e desenvolvimento do sistema radicular, resultando
conseqüentemente, em decréscimo da produção, aumento da erosão e da potencia necessária para o
preparo do solo. Na camada compactada, as raízes sofrem uma série de modificações, tanto de ordem
morfológica como fisiológica, afetando seu desempenho e por conseguinte, o da planta.
O plantio direto dentre os demais sistemas de cultivo, destaca-se como um sistema efetivo para o
controle das perdas de solo e água sob as diferentes condições climáticas, melhor interação entre o

3
É o movimento da água dentro da superfície do solo (Bertoni e Lombardi Neto, 1990).
10

homem e a natureza; preservação de solos produtivos e recuperação de recursos hídricos; proteção


da biodiversidade; diminuição da utilização de combustíveis fósseis e maior facilidade e flexibilidade
operacional para superar as irregularidades climáticas. Entretanto, alguns impedimentos podem
interferir no potencial produtivo das áreas que o utilizam. A compactação superficial do solo, motivada
pela ausência de revolvimento, e a freqüência de trafego, constitui um dos principais problemas.
Por fim, recomenda-se movimentar o menos possível a camada superficial do solo, conservar por
maior prazo de tempo possível a camada orgânica superficial do solo e evitar a utilização da prática da
queima da resteva.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. São Paulo: Ícone, 1990355p.

CASTRO, O.M. Manejo e preparo do solo e erosão. In: Aspectos de manejo do solo. Campinas:
Fundação Cargill, 1985, 97p.

CASTRO, O.M.; LOMBARDI NETO, F.; DECHEN, J.C.F. Sistemas de preparo do solo para a cultura
do milho e as perdas por erosão. Encontro Nacional de Pesquisa sobre Conservação do Solo IV.
Campinas, 1982. (Resumos).
COGO, N.P.; CABEDA, M.S.V.; CASSOL, E.A. Conservação do solo. Porto Alegre: FA/UFRGS, 1982,
183p. (Apostila)

MONDARDO, A. e outros. Controle da erosão no Estado do Paraná. 2. ed. Londrina, 1977, 70p.
(Circular nº 3).

RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Agricultura. Manual de conservação do solo. Porto Alegre.
1979, 135p.
11

Você também pode gostar