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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro


Disciplina: Fundamentos da Educação III

Avaliação a Distância 2 – AD2 (2021 - II)

Polo: São Fidélis Curso: Licenciatura em Ciências Biológicas

Aluno (a): Gutembergue dos Santos Alves Nota: _______

RAMEH, Letícia. Método Paulo Freire: uma contribuição para a história da educação
brasileira. In: V Colóquio Internacional Paulo Freire – Recife, 19 a 22-setembro 2005, p.1-15.

A autora Letícia Rameh em seu trabalho expõe uma análise do Método Paulo Freire com
objetivos certificá-lo para as diversas áreas de ensino do país em que o mesmo foi utilizado. O
texto se inicia demonstrando como o método surgiu em um período tão conturbado
socialmente e politicamente na historia do Brasil. O método contribui para a sociedade,
segundo a autora, porque ele não impõe pré-conceitos sobre ela, mas a questiona sobre o que
pensa haja vista os vários modelos – educacionais anteriores que se fundamentavam e
“congelavam” em momentos do passado de forma a criar uma forma de educar autoritária e
mística.

As idéias de Paulo Freire são apresentadas como o resultado de uma observação atenta aos
problemas vigentes e da busca de intelectuais da época por uma solução para o problema da
educação. O professor coordenava um projeto de educação de adultos que acabou por formar
outros em que eram debatidos uma variedade de assuntos referentes à política, sociedade etc.
E foi daí que surgiu a idéia de encontrar um método ativo, dialogal, participante que fosse
capaz de tornar os homens críticos e desses resultados iguais na alfabetização, aos que vinham
obtendo na análise de aspectos da realidade brasileira. (FREIRE, 1963). E foi com a
importante colaboração de um estudante universitário, sua esposa, amigos professores e
membros do Serviço de Extensão Cultural do Recife, que o método foi construído. A
aplicação do método teve início com um pequeno grupo, de apenas cinco participantes
completamente analfabetos, vindos da zona rural em Recife, e que teve sucesso, embora dois
tenham desistido. Com a eficiência revelada nesse primeiro momento, outros grupos foram
selecionados, projetos foram aflorando sob a supervisão do SEC.

Para Rameh, o freianismo foi influenciado pelo método de Dewey, que “propõe um método
em aberto, que pode partir de qualquer problema surgido do relacionamento do educando com
o meio. A partir do problema, professor e aluno procuram os dados para resolvê-lo”. Assim,
também Eurice Cardoso (1963) vem dizendo que o sistema de Paulo Freire de alfabetizar vem
por causa da conscientização, vem através do diálogo e do respeito às culturas dos
analfabetos. O texto também retrata a opinião de Brandão a respeito de Freire, dizendo que
esse último revolucionou a educação na parte de alfabetização, pois utilizava de situações do
cotidiano com sua criatividade. Freire criticou a forma de ensino da época, por isso defendia
os meios pelos quais ensinava.
Rameh também traz a perspectiva de Maciel (1963) sobre o sistema Paulo Freire de
Educação, separada em seis importantes e aprofundadas etapas, seguirá os níveis popular,
secundário, pré-universitário e universitário, e que ainda traz, na última etapa, a realização de
uma intensa transação com os países subdesenvolvidos, no esforço de integração do chamado
Terceiro Mundo. Sendo assim, a educação não e a única área de atuação do Método.

Além de tudo, a autora afirma em seu texto que a metodologia, além da educação, pode ser
vinculada a um modelo de desenvolvimento socioeconômico específico. Isso se explica
porque “o fio condutor do processo da alfabetização de Freire é a conscientização”. O método
consiste, enfatiza Freire, em unir o conteúdo de aprendizagem ao processo de aprender,
tornando, assim, o sujeito como foco, não o conteúdo e o professor o mediador desse trâmite.

O texto também traz a proposta de Freire aplicada no Chile e em regiões da África, onde
certamente o método ganhou visibilidade, teve sucesso e contribuiu consideravelmente para a
educação nessas localidades.
Para Rameh, “o Método Paulo Freire foi um dos mais usados e eficazes, não só pela rapidez
da leitura em tão poucos dias, mas também pela conscientização contra a alienação e
massificação”. Embora as expectativas fossem, em alguns casos, uma nova utopia pedagógica
– pois se achava que, em um passe de mágica o problema do analfabetismo seria resolvido –,
a realidade que se manifestou na aplicação do método revelou seu verdadeiro propósito:
conceder caminhos para que indivíduos alienados e submissos às imposições da vida
pudessem se tornar protagonistas de sua própria história e autores de novos caminhos
conduzidos por sua consciência.
Então, com a poesia Canção para os Fonemas da Alegria, de Thiago de Mello (1965), através
da qual descreve a alfabetização dialógica e conscientizadora freireana com eficiência, o texto
é pré-finalizado.

Por fim, Rameh traz sua experiência com o Método Paulo Freire e o explica detalhadamente.
Assim, como nos anos 60, em Brasília, a primeira palavra escolhida tenha sido TIJOLO, por
ser uma cidade em construção, ela decide escolher a palavra SEVERINO, o nome do aluno
mais velho da turma em que lecionava no Programa da Alfabetização Solidária com a
Faculdade Decisão e os trabalhadores rurais de um Município de Pernambuco. A partir dessa
palavra, surgiu todo um diálogo que provocou nos alfabetizandos um “questionamento sobre a
subjetividade das coisas, da razão de ser delas, de suas finalidades, do modo como se fazem,
começam também a se questionar”. A palavra geradora, dividida em “pedaços” (sílabas) traz a
noção de família fonêmica e foi a partir daí que o ensino e a aprendizagem se deram. Diz o
texto: “este conjunto das ‘famílias fonêmicas’ da palavra geradora foi denominada, segundo
Freire de ‘ficha de descoberta’, pois propiciam ao sujeito fazer dessas sílabas novas
combinações fonêmicas, formando novas palavras da língua portuguesa. […] Dessas novas
palavras surgirá um novo texto”. A eficiência e aplicabilidade da metodologia, portanto, se
evidencia a partir do momento em que, questionados os alunos
se aprenderam algo, a professora recebeu a resposta de alguém que se sentia um verdadeiro
“doutor” e que não se sentia mais perdido no mundo, mas um ser humano livre e
independente.
Entende-se, portanto, a partir do texto, que todo o método, bem como a visão de Letícia
Rameh sobre o mesmo é que a necessidade urgente da sociedade, em especial dos analfabetos,
era sua tomada de consciência, a fim de que, por meio de um exercício crítico, o homem
(iletrado) compreendesse e se inserisse na “construção da sociedade e na mudança social”.

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