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AUDITORIA NO

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE


AULA 2

Profª Eliana Fortunato Reynaldo


CONVERSA INICIAL
A regulação em saúde é importante tanto para os municípios pequenos
quanto para o Ministério da Saúde, pois ela é o sistema que gerencia o
atendimento aos usuários do SUS. Desde consultas, exames e internamentos
simples a atendimentos especializados e de alta complexidade, os quais podem
necessitar ser realizados em outros municípios ou até em outros estados.

CONTEXTUALIZANDO
O sr. Luiz, paciente de uma cidade do interior, busca atendimento
ambulatorial, e é atendido na Unidade Básica de Saúde. O médico solicita alguns
exames, aos quais o sr. Luiz se submete e retorna com os resultados à unidade
de saúde. Ao analisar os resultados, o médico observa a necessidade de
atendimento especializado e exames mais específicos para o diagnóstico,
tratamento e possível internação. Os exames e o atendimento especializado
necessários não estão disponíveis no município. Como o sr. Luiz vai resolver o
seu problema já que ele não tem condições financeiras de custear as despesas?

TEMA 1 – CONCEITOS E DIRETRIZES


Tudo se inicia com a Constituição Federal de 1988: “Saúde é direito de
todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
Em 2006 houve um pacto no campo da gestão do sistema e da atenção à
saúde entre o Ministério da Saúde (MS) o Conselho Nacional de Secretários de
Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde
(Conasems) e os três gestores do SUS, que se uniram e criaram o documento
intitulado “Pacto pela Vida”.
De acordo com a Portaria 399/2006:
A implantação desse Pacto, nas suas três dimensões - Pacto pela Vida, Pacto de
Gestão e Pacto em Defesa do SUS - possibilita a efetivação de acordos entre as
três esferas de gestão do SUS para a reforma de aspectos institucionais vigentes,
promovendo inovações nos processos e instrumentos de gestão que visam alcançar
maior efetividade, eficiência e qualidade de suas respostas e ao mesmo tempo,
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redefine responsabilidades coletivas por resultados sanitários em função das
necessidades de saúde da população e na busca da equidade social.

O que nos interessa neste assunto é o “Pacto de Gestão”, que de acordo


com a Resolução nº 399/2006, em seu anexo II, é definido da seguinte maneira:
Estabelece Diretrizes para a gestão do sistema nos aspectos da Descentralização;
Regionalização; Financiamento; Planejamento; Programação Pactuada e Integrada
– PPI; Regulação; Participação Social e Gestão do Trabalho e da Educação na
Saúde.

Do pacto de gestão o que nos interessa é a regulação, então vamos a ela.


“Regular” pode ser definido como:
Sujeitar às regras; dirigir; regrar; encaminhar conforme a lei; esclarecer e facilitar
por meio de disposições; regulamentar; estabelecer regras para; regularizar;
estabelecer ordem, parcimônia; acertar; comparar; estar conforme; trabalhar ou
funcionar com acerto, precisão, regularidade; servir de regra; dirigir‐se, guiar‐se,
orientar‐se.

No sistema de saúde, a regulação é definida como, “regulamentação,


fiscalização e controle da produção de bens e serviços em setores da economia,
incluindo a saúde. ”
Para que possamos entender melhor o assunto, algumas definições são
necessárias. Elas foram retiradas do material do Ministério da Saúde, o Pacto
pela Saúde, volume 1, de 2006. São elas:
Regulação da Atenção à Saúde - tem como objeto a produção de todas as ações
diretas e finais da atenção à saúde, dirigida aos prestadores de serviços de saúde,
públicos e privados. As ações da Regulação da Atenção à Saúde compreendem a
Contratação, a Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial, o
Controle Assistencial, a Avaliação da Atenção à Saúde, a Auditoria Assistencial e
as regulamentações da Vigilância Epidemiológica e Sanitária.
Contratação - conjunto de atos que envolvem desde a habilitação dos
serviços/prestadores até à formalização do contrato na sua forma jurídica.
Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial - conjunto de
relações, saberes, tecnologias e ações que intermediam a demanda dos usuários
por serviços de saúde e o acesso a estes.
Complexo Regulador - estratégia da Regulação Assistencial, consistindo na
articulação e integração de Centrais de Atenção Pré-hospitalar e Urgências,
Centrais de Internação, Centrais de Consultas e Exames e Protocolos Assistenciais
com a contratação, controle assistencial, avaliação, programação e regionalização.
Os complexos reguladores podem ter abrangência intramunicipal, municipal, micro
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ou macrorregional, estadual ou nacional, devendo esta abrangência e respectiva
gestão, serem pactuadas em processo democrático e solidário, entre as três esferas
de gestão do SUS.
Auditoria Assistencial ou Clínica – processo regular que visa aferir e induzir
qualidade do atendimento amparada em procedimentos, protocolos e instruções de
trabalho normatizados e pactuados. Deve acompanhar e analisar criticamente os
históricos clínicos com vistas a verificar a execução dos procedimentos e realçar as
não conformidades.

Princípios do SUS – diretrizes previstas no artigo 198 da Constituição Federal e


obedecem aos seguintes princípios:
I - universalidade - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os
níveis de assistência;
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das
ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada
caso em todos os níveis de complexidade do sistema - Engloba ações de promoção,
proteção e recuperação da saúde
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e
moral;
IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer
espécie;
V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua
utilização pelo usuário;
VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação
de recursos e a orientação programática;
VIII - participação da comunidade;
IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de
governo:
a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;
X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e
saneamento básico;
XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços
de assistência à saúde da população;
XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e
XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios
para fins idênticos.

De acordo com o SUS de A a Z do Ministério da Saúde:

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O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierarquizado, que integra o
conjunto das ações de saúde da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, onde
cada parte cumpre funções e competências específicas, porém articuladas entre si,
o que caracteriza os níveis de gestão do SUS nas três esferas governamentais.

Ou seja, cada uma das três esferas do SUS – federal, estadual e municipal
– é definida por um representante: ministro da saúde, secretário estadual e
secretário municipal da saúde.

TEMA 2 – REGULAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE


Conforme vimos na definição, a Regulação da Atenção à Saúde tem como
objeto a produção de todas as ações diretas e finais da atenção à saúde, dirigida
aos prestadores de serviços de saúde, públicos e privados. As ações da
Regulação da Atenção à Saúde compreendem a Contratação, a Regulação do
Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial, o Controle Assistencial, a
Avaliação da Atenção à Saúde, a Auditoria Assistencial e as regulamentações
da Vigilância Epidemiológica e Sanitária.
De acordo com a Diretoria de Regulação Sanitária (DIREG):
A atividade de Regulação da Atenção à Saúde, explicitada nas diretrizes de
Universalidade, Integralidade e Equidade da Atenção, consiste em uma organização
de estruturas, tecnologias e ações dirigidas aos prestadores privados, gerentes e
profissionais, de modo a viabilizar o acesso do usuário aos serviços de saúde,
adequando à complexidade de seu problema aos níveis tecnológicos exigidos para
uma resposta humana, oportuna, ordenada, eficiente e eficaz.

Dirigindo-nos às diretrizes do SUS encontramos que todo cidadão


brasileiro tem o direito à saúde de maneira universal, com integralidade e
equidade. Em outras palavras, todos podem ter acesso à assistência à saúde,
em todos os níveis de complexidade, desde a atenção básica, para que as
enfermidades não se estabeleçam, até a cura, tratamento e recuperação quando
a doença já se estabeleceu. E para que isto ocorra de maneira igual em um país
tão grande, deve haver a descentralização dos serviços de forma regionalizada
e hierarquizada.
A estrutura institucional e decisória do SUS é realizada por gestor,
comissão intergestores e colegiado participativo. Nacionalmente é realizado pelo
Ministério da Saúde, pela Comissão Tripartite e pelo Conselho Nacional. Nos
estados, é responsabilidade da secretaria estadual, do Conselho Bipartite e do
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Conselho Estadual, e nos municípios é gerido pela secretaria municipal, pelo
Conselho Bipartite e pelo Conselho Municipal.
A Portaria nº 1.559, de 1 de agosto de 2008, do Ministério da Saúde, que
institui a Política Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde – SUS, em
seu art. 2º, inciso II, sobre a Regulação da Atenção à Saúde, estabelece:
II - Regulação da Atenção à Saúde: exercida pelas Secretarias Estaduais e
Municipais de Saúde, conforme pactuação estabelecida no Termo de Compromisso
de Gestão do Pacto pela Saúde; tem como objetivo garantir a adequada prestação
de serviços à população e seu objeto é a produção das ações diretas e finais de
atenção à saúde, estando, portanto, dirigida aos prestadores públicos e privados, e
como sujeitos seus respectivos gestores públicos, definindo estratégias e
macrodiretrizes para a Regulação do Acesso à Assistência e Controle da Atenção
à Saúde, também denominada de Regulação Assistencial e controle da oferta de
serviços executando ações de monitoramento, controle, avaliação, auditoria e
vigilância da atenção e da assistência à saúde no âmbito do SUS; [...]

No art. 4º da mesma portaria, encontramos:


Art. 4º - A Regulação da Atenção à Saúde efetivada pela contratação de serviços
de saúde, controle e avaliação de serviços e da produção assistencial, regulação
do acesso à assistência e auditoria assistencial contempla as seguintes ações:
I - cadastramento de estabelecimentos e profissionais de saúde no Sistema de
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - SCNES;
II - cadastramento de usuários do SUS no sistema do Cartão Nacional de Saúde -
CNS;
III - contratualização de serviços de saúde segundo as normas e políticas
específicas deste Ministério;
IV - credenciamento/habilitação para a prestação de serviços de saúde;
V - elaboração e incorporação de protocolos de regulação que ordenam os fluxos
assistenciais;
VI - supervisão e processamento da produção ambulatorial e hospitalar;
VII - Programação Pactuada e Integrada - PPI;
VIII - avaliação analítica da produção;
IX - avaliação de desempenho dos serviços e da gestão e de satisfação dos usuários
- PNASS;
X - avaliação das condições sanitárias dos estabelecimentos de saúde;
XI - avaliação dos indicadores epidemiológicos e das ações e serviços de saúde
nos estabelecimentos de saúde; e
XII - utilização de sistemas de informação que subsidiam os cadastros, a produção
e a regulação do acesso.

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Vídeo
Assista ao vídeo “Simpósio acadêmico em saúde – São Paulo com Dr. Arthur
Chioro Reis”. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=sJui3nLrfdU&list=PLGSJM4lvyfwg9xzdNi
fOqCMc9PduXJqKb>.

TEMA 3 – REGULAÇÃO DE SISTEMAS DE SAÚDE


Os sistemas de saúde existem desde que quando se buscou formas de
proteção e tratamento de doenças.
Sistema de Saúde, de acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS) é: “Um conjunto coerente de diversos componentes inter-relacionados
seja setorial ou intersetorial, que produzem um efeito na população. A
configuração do sistema de saúde é influenciada por seus objetivos e seus
valores fundamentais”.
Os Sistemas de Serviço de Saúde são definidos pela OMS da seguinte
maneira:
Os Sistemas de Serviços de Saúde podem ser compreendidos como uma
combinação de recursos, organização, financiamento e gerência que visam oferecer
serviços de saúde para uma população. Desta forma os Sistemas de Serviços de
Saúde são sistemas sociais que se propõem e se organizam com o intuito de prestar
assistência à saúde a uma população definida.

De acordo com estas definições, percebemos que os Sistemas de Serviço


de saúde estão inseridos nos Sistemas de Saúde.
De acordo com a Portaria nº 1.559/2008, art. 2, inciso I:
Regulação de Sistemas de Saúde: tem como objeto os sistemas municipais,
estaduais e nacional de saúde, e como sujeitos seus respectivos gestores públicos,
definindo a partir dos princípios e diretrizes do SUS, macrodiretrizes para a
Regulação da Atenção à Saúde e executando ações de monitoramento, controle,
avaliação, auditoria e vigilância desses sistemas [...]

No art. 3º, encontramos a Regulação de Sistemas de Saúde efetivada


pelos atos de regulamentação, controle e avaliação de sistemas de saúde,
regulação da atenção à saúde e auditoria sobre sistemas e de gestão contempla
as seguintes ações:

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I - Elaboração de decretos, normas e portarias que dizem respeito às funções de
gestão;
II - Planejamento, Financiamento e Fiscalização de Sistemas de Saúde;
III - Controle Social e Ouvidoria em Saúde;
IV - Vigilância Sanitária e Epidemiológica;
V - Regulação da Saúde Suplementar;
VI - Auditoria Assistencial ou Clínica; e
VII - Avaliação e Incorporação de Tecnologias em Saúde.

TEMA 4 – REGULAÇÃO DO ACESSO À ASSISTÊNCIA


A Lei nº 8080/1990 “tem como uma das diretrizes fundamentais a
descentralização de ações e serviços de saúde”. A gestão descentralizada de
ações de serviços em saúde deve ser capaz de garantir o acesso aos pacientes
em todas as esferas e níveis de atenção.
A regulação do acesso remete diretamente às diretrizes do SUS, e é
definida, pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde, no livro Regulação
em Saúde, da seguinte maneira: “Estabelecimento de meios e ações para a
garantia do direito constitucional de acesso universal, integral e equânime,
independente de pactuação prévia estabelecida na PPI e/ou da disponibilidade
de recursos financeiros”.
De acordo com a Portaria nº 1.559/2008, art. 2º, inciso III:
III - Regulação do Acesso à Assistência: também denominada regulação do acesso
ou regulação assistencial, tem como objetos a organização, o controle, o
gerenciamento e a priorização do acesso e dos fluxos assistenciais no âmbito do
SUS, e como sujeitos seus respectivos gestores públicos, sendo estabelecida pelo
complexo regulador e suas unidades operacionais e esta dimensão abrange a
regulação médica, exercendo autoridade sanitária para a garantia do acesso
baseada em protocolos, classificação de risco e demais critérios de priorização.
Art. 5º - A Regulação do Acesso à Assistência efetivada pela disponibilização da
alternativa assistencial mais adequada à necessidade do cidadão por meio de
atendimentos às urgências, consultas, leitos e outros que se fizerem necessários
contempla as seguintes ações:
I - regulação médica da atenção pré-hospitalar e hospitalar às urgências;
II - controle dos leitos disponíveis e das agendas de consultas e procedimentos
especializados;
III - padronização das solicitações de procedimentos por meio dos protocolos
assistenciais; e
IV - o estabelecimento de referências entre unidades de diferentes níveis de
complexidade, de abrangência local, intermunicipal e interestadual, segundo fluxos

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e protocolos pactuados. A regulação das referências intermunicipais é
responsabilidade do gestor estadual, expressa na coordenação do processo de
construção da programação pactuada e integrada da atenção em saúde, do
processo de regionalização, do desenho das redes.

TEMA 5 – COMPLEXOS REGULADORES E CENTRAIS DE REGULAÇÃO


De acordo com a Portaria nº 1.559/2008, art. 7º:
A área técnica da regulação do acesso será estabelecida mediante estruturas
denominadas Complexos Reguladores, formados por unidades operacionais
denominadas centrais de regulação, preferencialmente, descentralizadas e com um
nível central de coordenação e integração.

Pela definição do Ministério da Saúde, no Livro 10: Regulação em Saúde,


temos que:
Os complexos reguladores são considerados uma das estratégias da regulação de
acesso, consistindo na articulação e na integração de centrais de Atenção às
Urgências, centrais de internação, centrais de consultas e serviços de apoio
diagnóstico e terapêutico, implantadas sob a orientação de protocolos clínicos e
linhas de cuidado previamente definidos.

Estes complexos reguladores realizam a logística da rede de Atenção à


Saúde, garantindo a racionalização dos fluxos, contra fluxos de informações,
produtos e usuários nas Redes de Atenção à Saúde.
A abrangência destes complexos reguladores pode ser municipal, micro
ou macrorregional, estadual ou nacional, sendo que tal abrangência e sua gestão
dever ser pactuadas nas três esferas de gestão do SUS, de maneira solidária e
democrática.
A implantação destes complexos reguladores busca formar uma rede
integrada de informações, a fim de facilitar e agilizar o atendimento à população,
principalmente em situações em que há risco iminente de morte. O objetivo
destes complexos é a melhoria no atendimento e controle no serviço que vem
sendo prestado.
Os objetivos dos complexos reguladores, de acordo com Ministério da
Saúde no Livro 10: Regulação em Saúde, são:
a. organizar e garantir o acesso dos usuários às ações e serviços do sistema de
saúde mais adequado e oportuno, com base nos protocolos clínicos e linhas de
cuidado;

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b. organizar a oferta de ações e serviços de saúde e adequá-la às necessidades e
demandas da população;
c. oferecer a melhor alternativa assistencial disponível para as demandas dos
usuários, considerando a disponibilidade assistencial do momento;
d. otimizar a utilização dos recursos disponíveis;
e. subsidiar o processo de controle e avaliação;
f. subsidiar o processo da Programação Pactuada e Integrada (PPI).

Dentro dos Complexos Reguladores do Livro 10: Regulação em Saúde


temos ainda:
 Regulação das Referências: em que é papel do gestor estadual identificar
o usuário, monitorar o cumprimento dos termos pactuados, identificar
pontos de desajuste, intermediar processos regulatórios, prestar apoio
técnico e intermediar acordos entre os gestores municipais.
 Centrais de marcação de consultas e serviços de apoio diagnóstico e
terapêutico: avaliam a necessidade do usuário no atendimento
especializado.
 Central de internação hospitalar: deve visualizar os leitos oferecidos pelas
unidades executantes e gerenciar a disponibilidade de vagas.
 Unidade solicitante: são as unidades que executam procedimentos de
especialidades; podem ser hospitais, clínicas ou centros especializados.
 Reguladores: são coordenadas pelas secretarias municipais ou estaduais
de saúde e fazem a interface entre a rotina clínica e a gestão dos serviços,
 Gestores: deve ser estabelecido quem fará a gestão, que pode ser
realizada pela secretaria municipal ou estadual de saúde ou até por
ambas trabalhando em conjunto.
 Coordenadores: devem ser designados pelo gestor; são profissionais
responsáveis pela administração da central de regulação, o que inclui
desde a negociação com os prestadores de serviço e a relação com os
profissionais de saúde, até aspectos epidemiológicos da sua região.

As centrais de regulação agem sobre os recursos disponíveis, como


consultas de apoio diagnóstico e terapêutico, quando não há agenda ou
recursos, mas há a necessidade de atendimento. Há ainda a central de
internações, que age nos casos de internações de urgência, e também a central

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de regulação de urgência, que age nos casos de intervenção imediata que
necessitem de atendimento ambulatorial ou de internação.
Existe a Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC)
que busca atender os usuários em serviços não oferecidos em seu município ou
estado. O atendimento realizado por estados diferentes da origem do usuário é
financiado pelo Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (Faec).

FINALIZANDO
Com a regulação, o SUS permite que os usuários sejam atendidos de
acordo com seus princípios e diretrizes, ou seja, universalidade, integralidade e
equidade. Todos os níveis de atendimento são unificados para oferecer
qualidade em serviço contratada desde o primeiro atendimento, seja na Undade
Básica ou na Unidade de Urgência/Emergência, até o internamento e
procedimentos de alta complexidade, tudo sob monitoramento em todas as fases
e esferas envolvidas.

NA PRÁTICA
Vamos retornar ao relato apresentado na seção “Contextualizando”, no
início desta aula:
“O sr. Luiz, paciente de uma cidade do interior, busca atendimento
ambulatorial, e é atendido na Unidade Básica de Saúde. O médico solicita alguns
exames, aos quais o sr. Luiz se submete e retorna com os resultados à unidade
de saúde. Ao analisar os resultados, o médico observa a necessidade de
atendimento especializado e exames mais específicos para o diagnóstico,
tratamento e possível internação. Os exames e o atendimento especializado
necessários não estão disponíveis no município”.
Como o sr. Luiz vai resolver o seu problema já que ele não tem condições
financeiras de custear as despesas? Assinale a alternativa correta.
(As respostas com comentários estão na próxima página).

1. O sr. Luiz deve conversar com o médico e pedir para que este o trate em sua
cidade mesmo, pois não tem condições de buscar atendimento especializado em
outro município.

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2. O sr. Luiz desiste do atendimento, afinal de contas já está idoso e não acredita
que possa haver solução para o seu problema. Mesmo assim, busca se informar
sobre o atendimento, e o posto de saúde o atende, porém, não dá muita atenção,
afinal, ele mesmo disse que acha que não adianta.
3. O sr. Luiz, após conversar com o médico, é instruído pelos atendentes do
posto de saúde a aguardar informações sobre sua consulta. O médico faz uma
solicitação, a qual é encaminhada à Central de Regulação, que procura qual
município oferece os exames e o atendimento especializado. Os procedimentos
são agendados e o sr. Luiz é levado por condução da prefeitura para realizar seu
tratamento.

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Respostas
Comentários:
1. Resposta incorreta. De acordo com a Constituição Federal “saúde é direito de todos e dever
do Estado”, o município tem obrigação de atender o sr. Luiz em suas necessidades de saúde.
Podemos ainda nos basear em algumas diretrizes do SUS: a universalidade de acesso aos
serviços de saúde em todos os níveis de assistência, e a integralidade de assistência, que
engloba ações de promoção, proteção e recuperação da saúde.
Deve haver um contrato com a Secretaria Estadual de Saúde para encaminhamento, via
Central de Regulação, para outros estabelecimentos de saúde que possam oferecer apoio
diagnóstico e terapêutico ao sr. Luiz.
2. Resposta incorreta. Novamente citamos a Constituição Federal: “saúde é direito de todos e
dever do Estado”, o município tem obrigação de atender o Sr. Luiz nas suas necessidades de
saúde.
3. Resposta correta. O município, por meio da Central de Regulação, irá buscar locais que
possam atender o sr. Luiz a fim de oferecer apoio diagnóstico e terapêutico.

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Poder executivo, Brasília, DF, 2 out. 1995. Disponie em:
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Executivo, Brasília, DF, 29 jun. 2011. Disponível em:
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<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/curso_regulacao_SUS_1ed_eletro
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