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114 J.L, Moreno sua vide, Ble se vé e talvez se ache estranhe, A técnica the dé a possibilidade de se ver como no espelho, de perceber seu comportaments ¢ daf retirer proveito tcrapéutico. A técnica do espetho viu-se enriquecida em possibilidades, através do registro e audigdo de discos. O paciente ouve sua prpria voz e fica admirado que ela soe wo diferente da que ouve quando fel. 3. © préximo passo, a etapa do conhecimento do “tu”, do outro, fo’ pesquisado através do método da troca ¢e papéis. Ns admitimos, simbolicamente, que a ctianga sc tora capaz de sair de i mesma exe colecar no papel de sua mic, e que a mae se sinta no papel de seu filo, O gue é vivenciado intaitivamente, neste periodo do desenvolvimento infantil, & pesquisado, concretamente, em problemas semelhantes, pelo método experimental datroca de papéis sobre a cena psicodreméica, Resumindo, pode-se dizer que as técnicas do duplo, método do espetho ede roca de papéis correspondem as trés fases mais precoces do desenvolvimento da crianga, A técnica do duplo corresponded fase de identidade de crianca, o tempo er que ela vivencia © mundo inteiro como uma wnidade, A técnica do espelho corresponde a fase em que é experimentada uma gractual separagéo entre o eno tu Eo tempo em que acrianga seconhece a simesma como individwo separaco de outros individuos. Através da troca de papéis, aproxima-se, progressivamente, do mundo real do tu, Esses trésmStodos sio, assim, profundamente ligados as forgas dindmicas docrescimentohumano epodem, porisso, serfratiferamente utilizadosnotratamento de doentes mentais em todosos relacionamentos humanas(2) © METODO PSICODRAMATICO © método psicodramético & praticamente ilimitado em sua ufilizagac. O niicleo do métdo permanece, entretanta, sem mudanges. No curse das anos, esenvolven uma série de formas de wilizaca a} 0 psicodrama terapéutico, b)o psicodrama e ©)o psicodrams analf )o hipnodrama, €) 0 sociadrama.e 0 jogo de papéis. DTT MORENO. “spon Fy Theory of Chie Develops Pstcoterapia de Geupo ¢ Psicodrama AS PRIMEIRAS EXPERIENCIAS DA CRIANCA, As experiéncias © formas de compreeasio que terminamos de descrever esto em estreita relagéo com 0 primeiro desenvolvimento dacriange. As fases mais inaporiantes sio: 1, Btapa de identidade, do ev com o tu, do sujeito com os abjetos circunvizinhos, 2. Btapa do reconhecimento do eu, de sua singularidade como pessoa. 3. Etapa do reconhecimento do tu, do reconhecimento «tos outros. Essas otapas de identidade existencial podem, no plano do adulio, ser esquisadas com 0 auxilio do método do dupto. 1, Por exemplo: Apresenta-se no cenério psicodramético uma paciente Dsiodtica. Encontra-se em tal estado psfquico que uma compreenséo € muito dificil; nem omédico, nem aeafermeira conseguiramestabelecercontato com cla. Elajé nia tem também comunicacdo perceptive! com seu marido ¢ filhos, pais e imfos. Se pudesse, catretanto, falar consigo mesma, com a pessoa mais prOxima dela ¢ que a conhece meltor, entio teria alguém com quem poderia entender-se. Para tomar isto possivel reproduzimos para ela, 0 cenério, seu “dupio”, com quem pode mais focilmente se identificar, com quem pede conversar ¢ com query pode atwar conjuntamente. Este & 0 sentido do métoéo do duplo em psicadrama, A. idgia do duplo € io antiga quanto a civilizacao. Enconiramo-ia nas (Ses. Pensei, frequentemente, que Deusnos deve ter criado duas vezes, ands, para vivermos neste mundo, e outra pare Ele mesmo. uma Que se consegue com essa media terapéutica? Temos diante de nés dois individuos, que, psicologicamente, parecem ser uma e # mesma pestoa, © duplo psicodramatizo € uma imitagao do duplo “verdadeiro”. Um dos individuos seré 0 ‘nosso (erapeuta auxiliar, que procura imitar o pacicate como se fosse uno com ele. ‘Sco pacienteestica obrago,o ego-auxiliarfazo mesmo, seabaixa acabega,omesmo fazo ego-auniliar, se fixa 0 olhar num copo sobrea mesa e caminhe em sua direcéo, com o desejo de agarrd-io ¢ quebré-io, 0 ego-auniliar atua e sente exatamente como © paciente, O dupio psicodramético é uma pessoa auxiliar queesté en: condigoes dese sentir na slwagio do paciente e representar @s mesmas agdes, sentimentios ¢ pensamentosdo pacionte, inclusive através da mesma manifestagéo corporal que-cle 112 ALL. Mereno mostra, Queconceites eéricos sie necessirios para fazer do dupio um instsumente terepeutico? Pode-se veraqui um paralelismo enue a idéia do dupio € o relacionamento ‘entre a mac € [iTho antes © depois do nascimento. Depois éa concepgio estéo unidos mac € filho; dividem entres! alimentos co lugar até o momento do nascimento da crianga, Nao sabernos quase nada sobre © estado psiquico da crianga no ventre materno; sabemos apenas que a mie tem a crianga e a carrega dentzo de si como ser fisica ¢ psiquico: a erianga esté sempre dentro dela, Apesar de nio ter, aparentemente, qualquer drefio especiat de “compicensio” com a crianga, exerce enorme influéncia sobre ela. Depois que a criangasesepara dame pelonascimento, inicia-seuma nova fasedorelacionament: © periodo de “identidade”. Apesar de separados fisicamenie, mae € {iho f ainda umas6 pessoa na experiéncia da crianga, Ninguém jamais conversoucors uma ccrianca imediatamente apés 0 parto, porque sho hd possibitidade de extendimento I6gico. A crianga “experimenta” — se se quer chamar de experiéacia — uma identidade consigo mesma ¢ todas as pessoas ¢ ddjeins de seu ambiente através da mae como iniermediaria, seja através do peito ou da mamadeira (ou de qualquer contato direto estabetecido com ela), Em outtas palavras:0 corpo o eunde existe ainda para a crianga como algo separado € distinto, Ainda nao hd eu, nao ha uma pessoa separada dactianga. Ha apenas oacontecimenio ea vivencia de identidade(), Identidade néio deve ser confundida com identilicagio. Identificagto é um conceito totalmente diferente e € importante manter clara a distingdo. identificagio supdea existéncia de um ewestruturado que tenta encontrar sua identidade com um outro eu igualmente estruturado. Identificaga pode produzir-se apenes depois que accrianga crescen ¢ desenvolven sua cxpacidade de se distinguir de outras pessoxs. Referimos, pois, identidade & fase mais precoce do desenvolvimento da crianga. Todos os movimentos, experigncias, atos ¢ interagées que ligam a mie a ccrianga podem ser comparados com o fenimeno do duplo. Tudo oque a mae fazé, para acriance, como que uma porch seucujamicéumego: da criance; cla é um caso particular de sua vida inconsciente. Poder-se-ia dizer que no relacionamento entre mae e filho a natareza repete a experigneia ¢o dupio. Acontega © que acontecer mais tarde, durante 0 crescimente da criang cexperifnela prececede identidade modetaoseudestine. A ctiangaemeorgs te esta or TREND, “spontaneity Theory of Cis Developmen”, Bee Psicoterapia de Grupo e Psicodrama 13 mais complicade, no qual oeuse separa do tu, das pessoas ¢ dos objetos. A hipdiese da identidade postula que unidade e integracio existem de inicio em nivel elementar, anles que exisia diferenciacio. Quande tems, pois, uma paciente cuja capacidade de entendimento esteja especificamente prejudicaca por uma psicose, entao imitamoso método da natureza durante as primeirassemanas de vida éa crianga eutilizamos o métedo do dupla com ego-auxiliares treinados. & terapia pelo duplo pode ser utitizaca em qualques lugar onde o paciente se encontre, O paleo € apenas Um insteumento particularmente Gil, para tornar esse procedimento comprecasfvel @ todo un grupo de pacientes em. tratomenio. © cenério tom a vantagem de poder apresentar uma situagio em res dimensies, enquanto 2 poltronaous divatradicionaisnao oferecem essa possibilidade 2. Alase do*reconhecimentogoeu” corresponde av métods psicodramético do espeito, Todos conhecemas « persistente sdmiragio de criangas quando se vem ‘num espeiho, De infcio a crianga nao fem consciéncia de que vé no espetho uma imagem de si mesma, Mas 0 que vé a atrai € para se convencer de que tudo & verdadero pie a lingua de fora au fazuma carets. Quando, finatmente, percede que a imagem no espelho € dela pripria, € porque surgi em seu crescimento um ponto critico, um progresso importante em sua compreensao de si mesma. Hid outras teorias psicoldgicas a respeito da criange pequena, mas o psicodrama teveo mériioparticularde deseavolverumméiado depesquisaaproximedc. {0g processo natura do autoconneetme: Quando usamioso méedo doespelho em sessbes psicodraméticas,tangamos rio das experiéacies fundamentais G2 crianca. Quandoacrianca cihapele primeira ver na gua, ou em um espellw, endo sade que cla se ve asi mesma, acredita ser um. outro rosto € ters med, tnlvez levada per um presventimento; no correr do tempo podemosver grandes alterscdes em sua expresso, em seus gesios, quande sedeiém ante do espelho, Ela analisa 0 rosto ¢ percebe que a imagem do espelho repete “seus” movimentos, ri, chora ¢ dangacom ela. Quando se eproxinia maise mais do bém 2 outta, a imagem especular, se aproxima, aié que ambas se na superlicie do espeilo. Recorde-mede wm menina que, summa si somelhante, bateu na imagem especular equebreis0¢9p' heviaatsi cae 0, peis queria sabero que io espetho. Essa vivéncia infantil tem paraielo na técnica psicodramética do espelno; apenas nlo temos um espethe real, mas o paciente se w, v8 set psiquismo, come mar -auxiliat que 0 observou euidadssamente, represenia-ono cenirio. O paciente mesmo se senta no lugar dos espectadores € ve uma o6pia de si mesmo, como se comporta quando kevanta pela mani, como briga, ‘com 4 mic, como toma seu café de manha e como se conduz em situagoes tipicas de

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