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jon originale de cet ouvrage a paru sous le titre , Mélanges J. Hamel, 1961. p. 33; R. SAVATIER, La iécersté de Venseignement d'un droit économique. D., 1967. Chron, p. 215; K. SVOBODA, La notion de droit économique en France et dans les pays setae [Naney, Centre européen univesitaie, 1966; R. SAVY, -La notion de droit économique fen droit francais, A.J. A., 1971, . 132 ) Na literatura portuguesa, vid. por todos, Simies Paxicio, Invedugio ao Direito Econémico, CTF a 125, Lisbon 1982 18 Direito Piiblico Econdmico O direito econémico concebido como o direito da economia. — Podemos, em primeiro lugar, conceber 0 direito econémico como o direito aplicével a todas as matérias que entram direito privado e do direito p economia: € 0 direito da economia. Ja nesta primeira acepgio, embora simples, as fronteiras do direito nem sempre sio claras, ressentindo-se das incertezas que 2 propria nocao de economia pode conhecer. Com efeito, se admi tirmos ver na presenga de riquezas ou, mais precisamente, segundo a definigao classica, nos factos de producio, reparticao, troca, ‘consumo das riquezas, os critérios da economi: critérios nao dispensa o ter que se escolher entre as definigées mais ‘ou menos extensivas do direito da economia ¢ levanta a questio de saber até_onde se pode razoavelmente alargar a concepgio deste direito. No que respeita ao dircito privado, por exemplo, ir-se-4 a0 Ponto de nele incluir, no seu conjunto, os regimes da propriedade, dos privilégios e hipotecas, das transmissoes de bens, questdes essas ‘onde se pode muito bem ver aspectos econdmicos do direito civil e, NO que respeita ao direito pablico, far-se-A figurar no dircito econémico 0 regime dos bens das administragées (dominio), das obras piblicas ¢ da expropriagio? Uma representagio do direito econémico que englobasse estas questies nao mereceria, evidente- mente, ser acusada de heresia cientifica; no entanto, ela seria de tal modo exagerada que hesitamos em alargar a esse ponto a nogao de direito da economia. Um outro motivo de perplexidade diz respeito a distingao do ‘econémico de nogées préximas, em particular o social & 0 finan- ceiro: E ficil observar que, na denominagao das instituigdes juridicas, © econdmico esti hoje em dia, cada vez mais frequentemente, ligado a0 social. O Conselho Econémico das 3." e 4.* Repiiblicas tornou-se hoje no Conselho Econémico ¢ Social. O Plano de Equipamento e de Modemizagio de 1947 tornou-se Plano de Desenvolvimento Econémico ¢ Social. A lei de 5 de Julho de 1972, que criow as regides, instituiu em cada uma delas um comité econdmico e social Os predmbulos das Constituigées modemas proclamam «direitos econémicos e sociais». E 0 fenémeno ultrapassa os direitos nacio- Generalidades sobre o direito iblico econdmico 19 nais (cf. 0 Conselho Econémico e Social da O.N.U., 0 Comité Econémico e Social da C.E.E.). A partir deste momento nio podemos deixar de perguntar se se deve enquadrar no direito econdmico ou no direito social instituicées desta ordem; é 0 caso, para dar apenas um exemplo, das instituicdes e regimes da politica do emprego (Conselho Superior, Agéncia Nacional, Fundo Nacional de Emprego). Do lado do financeiro a perplexidade é ainda maior. Aqui ja nao se trata verdadeiramente apenas de pontos de jungio, Nao é verdade que € todo o direito financeiro (por exemplo, no que Tespeita ao direito publico financeiro, o orgamento, os impostos, os ‘empréstimos piiblicos) que é na realidade econémico? Este encontro do econémico ¢ do financeiro, que nao é estranho as dificuldades, de que daremos conta, encontradas para separar 0 Mini Economia do Ministério das Financas (enquanto que os Ministérios Sociais sio sempre distintos deles) junta-se, assim, as incertezas das fronteiras do direito econémico, mesmo se nos contentarmos em concebé-lo da maneira mais simples, isto ¢, como o direito da economia. Mas novos objectos de hesitagdo surgem se passarmos a ‘segunda maneira de conceber a definigéo do direito econémico. 6. —O direito econémico concebido como uma nogao dis- tinta da do direito da economia. — Considera-se hoje, frequente- mente, que direito econémico nao é sinénimo de direito da eco- nomia, como alids parece sugeri-lo uma dualidade terminolégica que encontramos noutros paises (em italiano diritto economico e diritto dell’ economia, em alemio Oekonomischesreckt e Wirtschafisrecht), que © direito econémico é, mais que um cruzamento, um direito de Teagrupamento, que cle nio se reduz & justaposicdo descritiva dos Capitulos do direito piblico e do direito privado respectivamente relativos ais matérias econémicas, que ele & caracterizadi to objecto_em que assenta, mas pelo seu conteido, isto é, pela originalidade e a especificidade das suas regras. ‘Mas quais so entio os aspectos do direito da economia que so marcados por esta especificidade e merecem constituir 0 direito econdmico? Para os identificar e, relago ao direito da economi . definir 0 ireito econémico em esbarramos com dificuldades que 20 Direito Piblice Econémico provocam novas incertezas. Somos levados, com efeito, a procurar a ideia_geral que € susceptivel de fundamentar e explicar a especi- ficidade do direito econdmico ¢ de fomecer deste modo 0 seu ‘eritério. Nesta procura, as posigdes cientificas sio diversas e até hi um autor que ndo hesita em falar de um «arco-iris de concepgdes» (Cl. Champaud, op. cit.). Apenas nos limitamos aqui a evocar-as principais: Alguns descobrem no direito econémico sobretudo uma extensio do direito comercial e, deste modo, inclinam-se a fazer dele uma matéria principalmente centrada_no direito_privado ¢, nomeada- mente, representada pelo «direito dos negocios» (!). Outros, pelo contririo, véem 0 direito econémico mais voltado, peso dio ‘piblico, pois o consideram, essencialmente, como 0 forneceria 0 factor de agrupamento e o critério do direito econd- mico. A este respeito, muitos sio seduzidos pela nogio de empresa ‘€ véem no direito econémico um direito tendo por objecto funda- mental «a Empresa» (estruturas e funcionamento intermos da ‘empresa, relagdes desta com as outras empresas € com 0 poder piblico) (°). Mas ha também quem nao se contente com esta nogio central ¢ que, sem a pdr de lado, a ache demasiado estreita ou demasiado precisa para poder englobar tudo o que parece dever entrar no ambito do direito econémico. Apela-se, enti, para servir de critério, a nogdes mais vastas, como a de

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