Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Raquel Costa - MariadaConceiçãoPonenciaUYOutubro2022
Raquel Costa - MariadaConceiçãoPonenciaUYOutubro2022
Doutora em Sociologia
Doutora em Sociologia
Considerações parciais
Referências
Introdução
Apresentamos os principais aspectos que contribuíram para os propósitos deste estudo1
que busca compreender a relação trabalho e formação humana, a partir do impacto da
revolução técnica e científica no contexto do capitalismo periférico, especificamente no
Em meados dos anos 1970, exilado no México, junto a Divisão Superior de Economia
da UNAM (Universidade Nacional de Mexico) decorre o período em que se desenvolve
com mais força o núcleo de preocupações teóricas na obra de Theotônio, através do
estudo sistemático da Revolução Científico Técnica (RCT), como um aspecto central
que vai marcar o desenvolvimento das forças produtivas em nível global, e, que se
mantém até o atual momento. Nesta nova etapa, a produção está cada vez mais
determinada pela invenção, inovação e planificação, exigindo novos procedimentos de
administração das relações sociais. Em consequência, se expandem as atividades de
pesquisa e desenvolvimento nas empresas, como principal instrumento de
competitividade. Ao mesmo tempo, se ampliam fortemente as estruturas universitárias
e de pesquisa para a produção de conhecimento e formação de cientistas. O
conhecimento passa a ocupar um lugar central na economia e na vida social, política e
cultural.
Braudel propõe uma análise histórica em três níveis, que implicam durações diferentes:
na superfície, uma história episódica ou dos acontecimentos, que se inscreve no tempo
de curta duração. É o tempo breve que mede a vida dos indivíduos e a vida cotidiana,
e pode ser a duração temporal mais enganosa ao mostrar os processos históricos no
sentido contrário a suas tendências mais gerais. Com uma profundidade média, o tempo
da conjuntura, que tem um ritmo mais amplo e mais lento. E um terceiro nível, o tempo
da estrutura, que determina séculos inteiros. O tempo da conjuntura surge a partir da
história econômica, que requer uma análise que transcenderia a visão do tempo do
acontecimento para pensar a economia como ciclos e interciclos de diferentes durações,
entre 50 e 70 anos. A título de exemplo, cita os ciclos hegemônicos formulados por
Giovanni Arrighi, ou os ciclos da economia mundial, que tiveram uma de suas
elaborações mais importantes na obra do economista russo Nicolai Kondratiev.
O autor dialoga com a tese de André Gunder Frank, que analisa o sistema mundial
através de um horizonte temporal milenário. A tese principal de Frank é que o sistema
mundial tem uma história de, ao menos cinco mil anos e que a subida e a posição
predominante da Europa e do ocidente neste sistema mundial configuram-se como um
acontecimento recente. O economista alemão estabelece um debate interessante com
Immanuel Wallerstein e outros demais formuladores da teoria do sistema-mundo.
Temos que considerar como um aspecto determinante na evolução das forças produtivas
contemporâneas o que ciência (ou o conhecimento cientificamente organizado e
sistemático da natureza) deixou de cumprir como um papel auxiliar , e tornou-se
crescente na produção. As atividades produtivas são campos aplicados de conhecimento
científico e não uso parciais deste conhecimento. A energia nuclear, a aviação
ultrassônica, a petroquímica, a informática e a eletrônica são campos aplicados do
conhecimento científico. Novos materiais, a biotecnologia, a engenharia genética, a
fusão nuclear, a supercondutividade, o laser e a tecnologia espacial, é, todavia, mais
intensa e está umbicalmente ligada à evolução e a aplicação direta do conhecimento
científico.
Este impulso inusitado ao conhecimento científico e a sua assimilação na produção teve
consequências também no surgimento de uma nova atividade econômica ligada a
formação não só de quadros científicos nas universidades e centros de investigação, de
outra forma também dos profissionais associados ao uso dos resultados desse
conhecimento. O auge da educação universitária no Pós-guerra foi a consciência dessas
mudanças, e com ele, a enorme expansão dos serviços associados a educação, saúde e
habitação das novas massas de trabalhadores urbanos.
Nesse sentido, essa nova divisão de trabalho se configura nos países que estão na ponta
do sistema produtivo mundial e tende a estender-se ao plano internacional. Os efeitos
são o aumento da preocupação ambiental nas sociedades dos países dominantes, que
tendem a deslocar as indústrias de maior índice de população em direção aos Network
Information Centers (NICs). Os países de menor desenvolvimento tendem a isolar-se e
marginalizar-se desse sistema, sofrendo ainda o dumping de uma produção agrícola e
industrial com alta densidade tecnológica contra a qual não podem competir, isto é, os
países ricos enchem o mercado dos países pobres com produtos altamente qualificados.
O impacto destas transformações da RTC é bastante peculiar num Terceiro Mundo, onde
convivem formas de trabalho arcaicas e modernas articuladas por sistemas de produção
baseados na sobrexploração da força laboral, e onde a liberação da mão de obra agrícola
ocorre em escalas colossais, lançando essas massas a uma economia urbana e industrial
que gera cada vez menos empregos proporcionalmente em relação ao quantitativo
populacional. Isso acarreta multidões marginalizadas e semi-marginalizadas, cujas
precárias condições de vida se vem atenuadas apenas pela expansão de uma economia
informal cada vez mais gigantesca. A associação dessa economia informal com a
criminalidade organizada conduz esses países a uma situação explosiva.
Considerações parciais
O autor insiste, mais uma vez no papel decisivo das relações sociais de produção, a
educação e o treinamento sob a direção de um projeto econômico e social libertário e
progressista. A proposta de uma integração latino-americana possui uma larga história,
mas também a hostilidade total dos Estados Unidos, que sempre se opôs, por considerá-
la uma ruptura de unidade americana maior.
Referências: