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ORGANIZAÇÕES

ORGANIZAÇÕES

A REPUTAÇÃO DO GESTOR INFLUENCIA


O DESEMPENHO EMPRESARIAL?
DOES CEO REPUTATION INFLUENCE CORPORATE PERFORMANCE?

Ana Jeniffer Rebouças Maia Alessandra Carvalho de Vasconcelos


Universidade Federal do Ceará Universidade Federal do Ceará

Francisca Everlene Nogueira Pessoa


Universidade Federal do Ceará Data de submissão: 01 fev. 2018. Data de aprovação:
03 jul. 2018. Sistema de avaliação: Double blind review.
Emanoel Mamede Sousa da Silva
Universidade Federal do Ceará Universidade FUMEC / FACE. Prof. Dr. Henrique Cordeiro
Martins. Prof. Dr. Cid Gonçalves Filho.
Márcia Martins Mendes De Luca
Universidade Federal do Ceará

RESUMO

Este estudo investiga a relação entre a reputação de líderes e o desempenho,


sob quatro dimensões (inovadora, internacional, operacional e de mercado), nas
companhias abertas brasileiras. Para tanto, a pesquisa descritiva, quantitativa e
documental, reúne uma amostra de 34 empresas cujos líderes participaram do
ranking Merco Líderes 2016. Foram aplicados testes de diferenças entre médias,
correlação de Spearman e regressão linear múltipla. Os resultados indicam que há
diferença entre o desempenho de mercado nas empresas com líderes de maior
reputação e o daquelas com líderes de menor reputação. Ressalta-se que, à luz da
Teoria da Economia dos Custos de Transação e da Teoria da Agência, a reputação
do gestor, percebida pelos stakeholders, ajuda a reduzir os custos de transação e
de agência, podendo, portanto, influenciar o desempenho empresarial. Entretan-
to, contrariando as teorias adotadas no estudo, conclui-se que a reputação dos
líderes não é capaz de influenciar o desempenho multidimensional das empresas.

PALAVRAS-CHAVE

Reputação. Reputação pessoal. Desempenho empresarial. Teoria da economia


dos custos de transação. Teoria da agência.
ANA JENIFFER REBOUÇAS MAIA, FRANCISCA EVERLENE NOGUEIRA PESSOA, EMANOEL MAMEDE SOUSA DA SILVA,
MÁRCIA MARTINS MENDES DE LUCA, ALESSANDRA CARVALHO DE VASCONCELOS

ABSTRACT

In this descriptive and quantitative desk study, we evaluated the association between CEO
reputation and four aspects of corporate performance (innovative, international, opera-
tional, market) in Brazilian public firms. The sample consisted of 34 firms managed by
CEOs listed on the 2016 Merco Líderes ranking.The findings were submitted to testing of
differences between means, Spearman correlation analysis and multiple linear regression.
Good CEO reputation was found to have a significant impact on corporate performance. In
light of Economic Transaction Cost Theory and Agency Theory, good CEO reputation, as per-
ceived by stakeholders, may be expected to reduce transaction and agency cost and thus
improve corporate performance. On the other hand, contradicting the theories adopted in
the study, CEO reputation had no influence on multidimensional corporate performance.

KEYWORDS

Reputation. Personal reputation. Corporate performance. Economic transaction cost theory.


Agency theory.

INTRODUÇÃO Nesse contexto,Younes (2009) destaca que


A separação entre propriedade e gestão a reputação corporativa está no centro das
faz emergir os custos de transação e os atenções no cenário organizacional e res-
custos de agência, sendo que os primeiros salta a importância das pessoas que fazem
advêm da utilização do mecanismo de mer- parte da organização, bem como a sua repu-
cado (COASE, 1937), enquanto os custos tação, especialmente no caso dos gestores.
de agência são incorridos para alinhar os Bromley (2001) sugere que a identida-
interesses dos gestores aos dos investido- de de uma organização é infundida com os
res. Considerando-se a busca pela redução atributos pessoais de seus líderes. Assim, a
de tais custos, insere-se como fator redu- reputação pessoal, definida como uma iden-
tor a reputação corporativa (MIRANDA, tidade perceptiva que reflete a combinação
MENDES, SOUZA et al., 2010). complexa de características e realizações
A reputação corporativa é constituída notáveis, comportamento demonstrado e
por um conjunto de atributos organizacio- imagens apresentadas durante algum pe-
nais, desenvolvidos ao longo do tempo, que ríodo (FERRIS, BLASS, DOUGLAS et al.,
influenciam a forma como as partes inte- 2003), influencia os resultados obtidos no
ressadas percebem a empresa (ROBERTS; trabalho e a própria reputação corpora-
DOWLING, 2002). Assim, tem sido consi- tiva (ZINKO, FERRIS, HUMPHREY et al.,
derada um dos aspectos de mais alto valor, 2012). Destarte, De Luca, Góis, Almeida et
haja vista a possibilidade de propiciar um al. (2017) afirmam que a reputação do ges-
importante diferencial competitivo no atu- tor está associada à reputação da empresa,
al cenário de concorrência acirrada (CAI- que, por sua vez, pode afetar o desempe-
XETA, LOPES, BERNARDES et al., 2011). nho corporativo.

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A REPUTAÇÃO DO GESTOR INFLUENCIA O DESEMPENHO EMPRESARIAL?

A pressão competitiva tem levado as guinte questão de pesquisa: Qual a relação


empresas a sofisticar seus sistemas de me- entre a reputação do líder e o desempe-
dição de desempenho (MARTINS, 2006). nho empresarial nas companhias de capital
Martins (2006) afirma que existe um amplo aberto brasileiras?
universo para a medição de desempenho Considerando-se que a reputação do lí-
nas organizações, mas não há unanimidade der está intimamente ligada à reputação da
entre os autores indicando um mais eficaz. empresa (MURRAY;WHITE, 2005), em que
Assim, o desempenho organizacional pode uma boa reputação funciona como um ímã,
ser tratado sob várias dimensões. Dentre ajudando a organização a atrair recursos
as dimensões do desempenho, destaca- (YOUNES, 2009), e a reputação do gestor
se a inovação, no sentido de que quanto teria uma correlação direta com o desem-
maior for a capacidade de inovação, maior penho da empresa (DE LUCA, GÓIS, AL-
é a propensão ao desempenho superior. MEIDA et al., 2017), como evidenciado em
Por sua vez, a internacionalização, carac- algumas pesquisas anteriores (FOMBRUN;
terizada pela realização de operações in- SHANLEY, 1990; FRANCIS, HUANG, RAJ-
ternacionais (RUTIHINDA, 2008), tem sido GOPAL et al., 2008; ROBERTS; DOWLING,
analisada pela ótica do desempenho inter- 2002), levanta-se a hipótese geral de que há
nacional. Outras duas dimensões referem- uma relação positiva entre a reputação do
se ao desempenho operacional, geralmente líder e o desempenho corporativo nas em-
mensurado pelos indicadores financeiros presas de capital aberto listadas na Bolsa
tradicionais; e ao de mercado, que se ba- de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&-
seia no comportamento ou percepção do FBovespa), atualmente denominada B3 S.
mercado (BASSO; KRAUTER, 2003). A. Brasil, Bolsa, Balcão (nova razão social
Levando-se em conta que o gestor é o desde junho de 2017).
principal responsável pela adoção das políti- A partir da problemática levantada, a
cas que regem as atividades da organização pesquisa tem como objetivo geral investi-
(HAMBRICK; MASON, 1984), e que, em suas gar a relação entre a reputação de líderes
decisões, em que traz consigo um grande brasileiros e o desempenho empresarial
conjunto de dados (HARVESTON; KEDIA; multidimensional nas companhias de capital
DAVIS, 2000), devido a um componente aberto listadas na B3 S. A. Adicionalmente,
comportamental (MARCH; SIMON, 1976), objetivou-se identificar as diferenças e as
as características pessoais podem influenciar semelhanças entre o desempenho das em-
sua propensão relativa para tomar certas presas com líderes de maior reputação e o
decisões (YOUNG; CHARNS; SHORTELL, daquelas com líderes de menor reputação.
2001), podendo, assim, afetar o desempenho Para o alcance desses objetivos, a pes-
empresarial. Isto porque o desempenho da quisa, descritiva, documental e quantitativa,
empresa é impactado pela forma como os usou como amostra o grupo de empresas
executivos administram o negócio (BEU- listadas na B3 S. A. cujos líderes fizeram
REN; SILVA; MAZZIONI, 2014). parte do ranking Merco Líderes 2016. Ade-
Diante do exposto, ao se considerar a mais, foram aplicados testes de diferenças
possível influência da reputação do gestor entre médias, correlação de Spearman e
no desempenho da empresa, emerge a se- regressão linear múltipla.

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A pesquisa justifica-se tanto no contex- e o oportunismo, que se relaciona com a


to acadêmico nacional, haja vista a escassez procura pelo autointeresse por parte dos
de estudos acerca do tema reputação de agentes, que buscam vantagens particula-
líderes e sua correlação com o desempe- res, através da adoção de comportamentos
nho empresarial (TRES, 2014); quanto no oportunísticos (ZYLBERSZTAJN, 1995).
contexto empresarial, considerando-se a Nesse contexto, em meio à conexão de
relevância do desempenho para a conti- contratos que constituem uma firma, sur-
nuidade, bem como a busca por aspectos gem as relações de agência, especialmente
que possam explicar a conquista de melhor em decorrência da separação entre pro-
desempenho, em que se insere a reputa- priedade (principal) e controle (agente)
ção de líderes (DE LUCA, GÓIS, ALMEIDA nas organizações de grande porte (JEN-
et al., 2017). Destaca-se, ainda, como dife- SEN; MECKLING, 1976). Nessa relação,
rencial da pesquisa, a utilização de várias se principal e agente forem maximizadoras
dimensões do construto desempenho em- de utilidade, acredita-se que o gestor nem
presarial. Julga-se relevante a análise mul- sempre agirá de acordo com os interes-
tidimensional do desempenho, em virtude ses do proprietário (JENSEN; MECKLING,
de suas medições serem essenciais para 2008), surgindo os problemas ou conflitos
a atividade empresarial (LUZ; SELLITTO; de agência (ALCHIAN; DEMSETZ, 1972).
GOMES, 2006); e da ampliação do conceito Com base nos pressupostos da Teoria
de medição de desempenho, buscando-se da Economia dos Custos de Transação e da
a melhoria contínua e a conquista de di- Teoria da Agência, um dos mecanismos que
ferenciais competitivos (MARTINS, 2006). podem ser utilizados, buscando a minimiza-
ção de tais custos, tem como base o perfil
REFERENCIAL TEÓRICO dos gestores, levando-se em conta a ava-
Reputação pessoal e desempenho liação da sua reputação (DE LUCA, GÓIS,
empresarial ALMEIDA et al., 2017). Assim, Miranda,
Coase (1957) introduziu na literatura Mendes, Souza et al. (2010) encontraram
econômica o termo custo de transação, indícios de que a reputação favorável reduz
definido como o custo de utilizar os mer- os custos inerentes às transações, por mi-
cados para efetivar os contratos e as tro- nimizar os riscos contratuais, sendo reco-
cas no âmbito corporativo. Dessa forma, nhecida como estratégia de adição de valor
Williamson (1975) considera que as ins- por parte do fornecedor e de minimização
tituições econômicas do capitalismo têm de custos por parte do contratante.
como principal função, embora não exclu- Consistindo nos atributos organizacio-
siva, reduzir os custos de transação. nais conquistados ao longo do tempo pela
Dois pressupostos fundamentais para a organização, e que refletem a forma pela
Teoria da Economia dos Custos de Transa- qual os stakeholders percebem a empresa
ção são a racionalidade limitada, segundo a (ROBERTS; DOWLING, 2002), a reputação
qual os agentes adotam um comportamento corporativa está atrelada a uma percepção
otimizador, porém, apresentam restrições das pessoas ou empresas, que influenciam
cognitivas para o processamento das infor- ou são influenciadas pelas ações da organi-
mações disponíveis (WILLIAMSON, 1985); zação, sobre o seu comportamento (CRUZ;

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LIMA, 2010). Assim, a reputação corporati- na formação da identidade da organização,


va emerge como um fator importante para haja vista que os acionistas e executivos
a continuidade e o desenvolvimento da preferem fazer negócios com empresas
empresa, e a sua preservação deve estar que possuem gestores com boa reputação.
entre as estratégias organizacionais (CAR- A reputação, assim, caracteriza-se como
DOSO; DE LUCA; GALLON, 2014). E tor- um elemento da confiança reflexiva, por
na-se relevante explorar os benefícios que gerar expectativa sobre o comportamen-
uma reputação superior pode representar to do parceiro, ao tornar a ação coopera-
para uma empresa (BARAIBAR-DIEZ; SO- tiva mais atraente do que a oportunística
TORRÍO, 2018; ZAVYALOVA; PFARRER; (REYES JÚNIOR, 2014).
REGER et al., 2016), como desempenho fi- A partir dessa abordagem, depreende-se
nanceiro, lucros, interesse do cliente e sta- que a reputação possibilita a escolha dos
tus (GEORGE; DAHLANDER; GRAFFIN melhores parceiros (REYES JÚNIOR, 2014),
et al., 2016; HOGARTH; HUTCHINSON; e que há a expectativa de que o comporta-
SCAIFE, 2016; SCHNIETZ; EPSTEIN, 2005). mento oportunístico e a reputação do ges-
Vale ressaltar que uma organização é tor se correlacionem de forma inversa, re-
feita de pessoas, cuja reputação, especial- fletindo na redução dos custos de transação
mente do seu gestor, vem ganhando im- (DE LUCA, GÓIS, ALMEIDA et al., 2017).
portância na mesma proporção (YOUNES, Ademais, De Luca, Góis,Almeida et al. (2017)
2009). Assim, todos os membros de uma aduzem que, diante da possibilidade de ge-
organização têm uma contribuição a dar renciamento do quadro de gerentes pelos
para a construção e manutenção da sua acionistas, espera-se que os gestores de alta
reputação (MURRAY; WHITE, 2005), e a reputação possuam maior alinhamento com
reputação do gestor influencia a reputação os interesses do principal, reduzindo, assim,
corporativa (YOUNES, 2009). os conflitos de agência.
A reputação pessoal pode ser definida Quando os recursos humanos são geri-
como um consenso coletivo criado a par- dos de forma adequada, combinando pro-
tir da percepção de outros, que é o reflexo cessos internos exclusivos com oportunida-
da combinação das principais características des e necessidades ambientais, a reputação
pessoais, realizações, comportamentos de- pessoal tem o potencial de ser uma fonte de
monstrados, em que se formam imagens ao vantagem competitiva para a empresa (FER-
longo do tempo, que podem ser observadas RIS, PERREWÉ, RANFT et al., 2007).
diretamente ou relatadas a partir de fontes Neste estudo, tem-se que a vantagem
secundárias (FERRIS, BLASS, DOUGLAS et competitiva tem impacto no desempenho
al., 2003). Ferris, Perrewé, Ranft et al. (2007) empresarial, que, segundo Younes (2009),
apontam que, quando os stakeholders bus- resulta das decisões estratégicas dos al-
cam informações sobre um indivíduo, a re- tos executivos. A primeira questão a ser
putação pessoal é invocada para preencher levantada quando se trata de desempe-
as lacunas de informações, sendo, assim, se- nho é a sua dimensionalidade (GLICK;
melhante à reputação corporativa. WASHBURN; MILLER, 2005). Partridge e
Younes (2009) relata que a reputação Lew (1997) consideram que um sistema de
do gestor desempenha importante papel administração de desempenho precisa es-

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tabelecer blocos de interesses, ligando os ticas que regem as atividades da organiza-


objetivos estratégicos a fatores de sucesso ção, e que, como tal, tem a autoridade para
e a indicadores-chave de desempenho, que decidir pela adoção de práticas de gestão
devem refletir um spectrum total e ser mul- inovadora (HAMBRICK; MASON, 1984), as
tidimensionais. características desse gestor podem afetar
as práticas inovadoras da organização. You-
Hipóteses da Pesquisa ng, Charns e Shortell (2001) relatam ainda
Dentre as dimensões do desempenho que os principais gestores de algumas orga-
consideradas neste estudo, destaca-se a nizações podem ter maior propensão para
inovação, que representa o aperfeiçoamen- a inovação do que os de outras. A exposi-
to ou a criação de novos produtos, pro- ção anterior de um gestor a uma inovação
cessos ou serviços na empresa que utiliza também pode ser um indicador de sua pro-
recursos tecnológicos diferentes (FREIRE, pensão para adotar essa inovação no futu-
2002). A elaboração de uma estratégia de ro (YOUNG; CHARNS; SHORTELL, 2001).
inovação inclui a definição de objetivos, Assim, formula-se a primeira hipótese:
domínios desejáveis e produtos, e somen- H1: Há relação positiva entre a reputa-
te uma gestão integrada ao processo de ção do líder e o desempenho empresarial
inovação pode assegurar o sucesso da em- inovador.
presa, transformando ideias em novas ca- A atuação no ambiente internacional
tegorias de produtos e garantindo novos tem sido uma estratégia difundida entre
mercados e novos modelos de negócio empresas de diferentes portes e setores
(GOMES; KRUGLIANSKAS, 2009). Go- da economia, vislumbrando o alcance de
mes e Kruglianskas (2009) asseveram que diversos benefícios (ROCHA, CAMARGO,
a gestão do processo de inovação, mais do KNEIPP et al., 2013). Assim, o desempe-
que o desenvolvimento interno, deve visar nho internacional compreende a natureza
à captura de valor, sendo essencial a men- das atividades internacionais da organiza-
suração do desempenho. ção, sejam de gestão ou de operações, e
O resultado das inovações pode vir o resultado dessas atividades (GARRIDO,
em forma de preços mais baixos ou atri- SOUZA,VASCONCELLOS et al., 2015).
butos que não existiam anteriormente, As principais teorias que explicam a in-
assim como afetar a imagem da corpora- ternacionalização das empresas têm suas
ção (SANTOS; ZILBER, 2006). Clementino raízes na economia, começando com a Te-
(2015) constatou que as empresas com oria da Vantagem Específica da Firma, de
abordagens inovadoras têm respondido Hymer (1976), que explicou o que possi-
pela melhoria da reputação corporativa, na bilita que as empresas realizem operações
medida em que melhoraram a motivação e internacionais. Essa teoria sugere que, de-
retenção dos empregados, alcançaram mais vido às desvantagens que enfrentam nos
apoio dos stakeholders e ganharam mais mercados estrangeiros, as empresas só po-
respeito e reconhecimento dos consumi- dem ser bem-sucedidas se tiverem alguma
dores e da sociedade. vantagem superior em relação às empresas
Levando-se em conta que o gestor é o locais estrangeiras (RUTIHINDA, 2008).
principal responsável pela adoção das polí- Garrido, Vieira, Slongo et al. (2009) afir-

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mam que a forma mais comum de men- O desempenho operacional e o de mer-


suração de performance internacional foca- cado são outras duas dimensões do de-
liza os resultados financeiros decorrentes sempenho empresarial, em que indicado-
da exportação, e os estudos que adotam res operacionais possibilitam ao investidor
essa visão geralmente medem-na com in- observar que o valor de retorno e o de
dicadores expressos em vendas externas, mercado se baseiam no comportamento
crescimento das vendas externas, lucros ou percepção do mercado, podendo de-
das exportações e intensidade exportado- monstrar o valor agregado (BANDEIRA,
ra. Entretanto, como no desempenho ino- GÓIS, DE LUCA et al., 2015).
vador, devido a um componente compor- Sendo considerada um recurso estraté-
tamental, as escolhas estratégicas refletem gico que possibilita obter benefícios merca-
as idiossincrasias dos gestores (MARCH; dológicos, a reputação influencia o desem-
SIMON, 1976). penho financeiro da organização (CAIXETA,
Assim, a mentalidade e as atitudes do LOPES, BERNARDES et al., 2011; ROBERTS;
gestor desempenham papel relevante na DOWLING, 2002). Assim, uma alteração
determinação da extensão da dedicação da da reputação tem a capacidade de alterar a
empresa a atividades internacionais (HAR- performance empresarial, podendo limitar o
VESTON; KEDIA; DAVIS, 2000). Cavusgil desempenho futuro da organização, devido
e Knight (1997) apontaram a existência à diminuição da competitividade, fator fun-
de relação positiva entre as disposições e damental de sobrevivência em um ambiente
competências dos gerentes de empresas de competição acirrada (BANDEIRA, GÓIS,
globais e o seu desempenho de exporta- DE LUCA et al., 2015).
ção. Assim, Kobrin (1994) aduz que os ge- Conforme argumentam Fombrun e
rentes com mentalidade mais geocêntrica Shanley (1990), a reputação corporativa
são mais propensos a entrar rapidamente pode percorrer um longo caminho na de-
em mercados internacionais. terminação do desempenho financeiro da
A experiência internacional do gestor empresa. O estabelecimento de uma repu-
desempenha papel central na explicação da tação corporativa positiva pode beneficiar
internacionalização dos negócios (CUI, LI, a empresa de várias maneiras: afetando as
MEYER et al., 2015) e, consequentemente, escolhas feitas pelo cliente na seleção de
no desempenho internacional da empresa. um produto (DOWLING, 1986), limitando
O responsável por funções no exterior, os potenciais movimentos competitivos de
consequentemente, gerenciando a experi- rivais (CAVES; PORTER, 1977) e garantin-
ência de trabalho internacional, tende a es- do um certo status social dentro de uma
tar mais familiarizado com as condições e indústria (SHRUM; WUTHNOW, 1988).
oportunidades do mercado externo do que Como resultante desses benefícios, é pro-
os gerentes sem essa experiência (HARVES- vável que a empresa aumente a rentabilida-
TON; KEDIA; DAVIS, 2000). Diante do ex- de, a participação no mercado e fortaleça
posto, formula-se a segunda hipótese: sua vantagem competitiva (HALL JR.; LEE,
H2: Há relação positiva entre a reputa- 2014).
ção do líder e o desempenho internacional Horiuchi (2010) testou empiricamente
da empresa. a correlação entre reputação corporativa

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e valor de mercado nas companhias com ranking. O estudo considerou, ainda, a de-
ações negociadas no mercado acionário fasagem temporal usualmente adotada nos
brasileiro, encontrando que as empresas estudos sobre reputação corporativa. Des-
com melhor reputação corporativa obtêm tarte, verifica-se se o ranking divulgado em
maior avaliação pelo mercado de ações. Em 2016, construído com base em dados refe-
estudo similar, Hall Jr. e Lee (2014) verifica- rentes a 2015, impacta o desempenho do
ram a correlação entre reputação corpo- exercício subsequente (2016).
rativa e desempenho empresarial nos con- Os dados referentes ao desempenho,
textos estadunidense e japonês, obtendo em suas dimensões inovadora, internacio-
como resultado uma correlação positiva nal, operacional e de mercado, atinentes ao
entre a reputação corporativa e o desem- exercício findo em 31/12/2016, bem como
penho empresarial operacional e o de mer- as variáveis de controle, foram extraídos
cado em ambos os contextos. da base de dados Economática®.
Especificamente no tocante à reputação Antes de atender aos objetivos propos-
pessoal, De Luca, Góis, Almeida et al. (2017) tos no estudo, aplicaram-se a estatística
encontraram que a reputação do diretor descritiva e o teste de correlação de Spe-
-executivo influencia, positiva e significativa- arman para se observar as características
mente, o desempenho de 46 empresas lati- das variáveis utilizadas. Para alcance do
no-americanas listadas na bolsa de valores objetivo adicional, de identificar a existên-
de Nova Iorque, em 2013. Diante do expos- cia de semelhanças ou diferenças entre o
to, formulam-se a quarta e a quinta hipótese: desempenho das empresas com líderes de
H3: Há relação positiva entre a reputa- maior reputação e o das empresas com lí-
ção do líder e o desempenho operacional deres de menor reputação, foram aplicados
da empresa. testes de diferenças entre médias, conside-
H4: Há relação positiva entre a reputa- rando-se cada dimensão do desempenho
ção do líder e o desempenho de mercado. nas empresas.
Foram considerados líderes de maior
METODOLOGIA reputação aqueles que obtiveram pontu-
A população da pesquisa foi constituída ação igual ou superior à mediana (4.427
pelas empresas cujos líderes participaram pontos) no ranking Merco Líderes 2016,
do ranking Merco Líderes 2016. Como o atribuindo-se menor reputação àqueles
ranking reúne 100 líderes, mas algumas em- com pontuação inferior, e maior reputação
presas possuem mais de um líder na lista, aos demais. Assim, utilizou-se uma dummy
a amostra ficou definida em 78 empresas. para operacionalização da reputação de lí-
Na composição da amostra, foram selecio- deres, atribuindo-se o valor 1 aos líderes
nadas dentre essas 78 empresas, as 35 lis- considerados com maior reputação e o va-
tadas na BM&FBovespa. Como uma dessas lor 0 aos líderes com menor reputação.
empresas foi excluída devido à indisponi- Para a análise da relação entre a reputa-
bilidade de dados, a amostra ficou definida ção do gestor e o desempenho empresa-
em 34 empresas, reunindo 50 líderes. rial, aplicou-se a regressão linear múltipla,
Quanto à reputação dos líderes, foi con- cujo resultado embasou a análise da influ-
siderada a pontuação apresentada pelo ência da reputação pessoal em cada uma

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A REPUTAÇÃO DO GESTOR INFLUENCIA O DESEMPENHO EMPRESARIAL?

das quatro citadas dimensões do desempe- O Quadro 1 apresenta as proxies, as res-


nho. Os modelos de regressão são obtidos pectivas fontes de dados e a operacionali-
por meio das equações 1, 2, 3 e 4: zação das variáveis utilizadas na regressão
linear múltipla.
DES_INOi = α + β1RPEi + β2IDAi + β3IMCi A aplicação dos testes estatísticos foi
β TAMi + εi
+ 4
(1) procedida com o auxílio do aplicativo Sta-
DES_INTi = α + β1RPEi + β2IDAi + β3IMCi + tistical Package for the Social Sciences (SPSS),
β4TAMi + εi (2) versão 22.
DES_OPEi = α + β1RPEi + β2IDAi + β3IMCi
β TAMi + εi
+ 4
(3) ANÁLISE DOS RESULTADOS
DES_MERi = α + β1RPEi + β2IDAi + β3IMCi Com a finalidade de se observar as ca-
β TAMi + εi
+ 4
(4) racterísticas das variáveis utilizadas, a Ta-

QUADRO 1 – Variáveis utilizadas no modelo de regressão


Variável Operacionalização Fonte Fundamentação
Participação do valor das Demonstrações Santos e Zilber (2006);
Desempenho
DES_INO marcas e patentes no valor Financeiras Pa- Young, Charns e Shortell
inovador
total dos intangíveis dronizadas (2001)
Demonstrações
Financeiras Pa-
Participação do valor do dronizadas
Cui, Li, Meyer et al. (2015);
Desempenho faturamento das exporta-
DES_INT Harveston, kedia e Davis
internacional ções no valor do fatura-
Dependente (2000); Stal (2010)
mento total
Formulários de
Referência
Desempenho Dani, Santos, Kaveski et al.
DES_OPE Lucro Operacional / Ativo Economática®
operacional (2017); Hall Jr. e Lee (2014)
(Valor de Mercado – Patri- Bandeira, Góis, De Luca et
Desempenho
DES_MER mônio Líquido) / Patrimô- Economática® al. (2015); Miranda, Men-
de mercado
nio Líquido des, Souza et al. (2010)
Pontuação obtida pelos
Reputação Ranking Merco
Independente RPE líderes no ranking Merco Garcia (2015)
pessoal Líderes 2016
Líderes 2016
Adams, Almeida e Ferreira
Ln (2016 – ano de Formulário de (2005); De Luca, Góis,
Idade IDA
constituição) Referência Almeida et al. (2017); Tres
(2014)
Idade no Ln (2016 – ano de Almeida, Santos, Ferreira
Formulário de
De controle mercado de IMC entrada no mercado de et al. (2010); Assunção, De
Referência
capitais capitais) Luca e Vasconcelos (2017)
Adams, Almeida e Ferreira
(2005); De Luca, Góis,
Tamanho TAM Ln do valor do Ativo Economática®
Almeida et al. (2017); Tres
(2014)

Fonte: Elaborado pelos autores.

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ANA JENIFFER REBOUÇAS MAIA, FRANCISCA EVERLENE NOGUEIRA PESSOA, EMANOEL MAMEDE SOUSA DA SILVA,
MÁRCIA MARTINS MENDES DE LUCA, ALESSANDRA CARVALHO DE VASCONCELOS

bela 1 apresenta uma análise descritiva de apresentam desempenho de mercado su-


cada variável dependente. perior, diante da criação de valor.
Na Tabela 1, observa-se que tanto o Ao se comparar os resultados das em-
desempenho inovador quanto o desem- presas com líderes de maior e menor re-
penho internacional apresentaram valor putação, nota-se que o desempenho ino-
mínimo 0, indicando que nem todas as vador é menor nas empresas com líderes
empresas contabilizaram gastos com mar- de maior reputação; os desempenhos in-
cas e patentes, e que nem todas exporta- ternacional e de mercado são similares nos
ram no período. dois grupos; e o desempenho de mercado
Verifica-se, ainda, que o desempenho apresenta média superior nas empresas
operacional apresenta média baixa (0,07) com líderes de maior reputação.
em relação aos valores mínimo e máximo Na Tabela 2, são apresentados os resul-
(-0,03 e 0,20, respectivamente), bem como tados da análise descritiva de cada variável
o desempenho de mercado, que assinalou de controle utilizada.
média 1,52, enquanto os valores de mínimo A partir da variável idade, identificam-se
e máximo correspondem a -1,40 e 8,94.As- empresas jovens, com apenas oito anos de
sim, infere-se que as empresas apresentam constituição, bem como empresas antigas,
comportamento bastante heterogêneo. constituídas há 109 anos, resultado seme-
Destaca-se que o desempenho de mer- lhante àquele encontrado por De Luca,
cado é o que apresenta a maior dispersão, Góis, Almeida et al. (2017) e Góis (2014). O
com desvio-padrão 2,45 para o grupo de tempo de inserção da empresa no merca-
empresas com líderes de maior reputação do de capitais variou de menos de um ano
e 1,83 para o grupo com líderes de menor até 58 anos, resultando em uma média de
reputação, indicando que enquanto algu- 23 anos.Verifica-se que as empresas são de
mas empresas apresentam desempenho de grande porte, haja vista que o valor do Ati-
mercado, medido pelo MVA, negativo, ou vo registrou uma variação de 711 milhões a
seja, em que o valor foi destruído, outras 1,4 trilhão de reais, com uma média de 135
TABELA 1 – Estatística descritiva das variáveis dependentes
Nº de em- Coeficiente de
Variável Grupo Mínimo Máximo Média Desvio-padrão
presas variação (%)
Menor reputação 15 0,00 0,84 0,11 0,22 2,06
DES_INO Maior reputação 19 0,00 0,29 0,05 0,09 1,75
Total 34 0,00 0,84 0,08 0,16 2,11
Menor reputação 15 0,00 0,90 0,23 0,34 1,48
DES_INT Maior reputação 19 0,00 0,92 0,25 0,32 1,25
Total 34 0,00 0,92 0,24 0,32 1,33
Menor reputação 15 0,00 0,18 0,06 0,05 0,74
DES_OPE Maior reputação 19 -0,03 0,20 0,07 0,05 0,73
Total 34 -0,03 0,20 0,07 0,32 4,63
Menor reputação 15 -1,40 6,22 0,66 1,83 2,75
DES_MER Maior reputação 19 -0,30 8,94 2,20 2,45 1,11
Total 34 -1,40 8,94 1,52 2,30 1,51

Fonte: Elaborada pelos autores.

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A REPUTAÇÃO DO GESTOR INFLUENCIA O DESEMPENHO EMPRESARIAL?

TABELA 2 – Estatística descritiva das variáveis de controle


Nº de em- Coeficiente de
Variável Grupo Mínimo Máximo Média Desvio-padrão
presas variação (%)
Menor
15 9 75 36,2 24,9 0,7
IDA reputação
Maior re-
19 8 109 49,8 26,9 0,5
(anos) putação
Total 34 8 109 43,8 26,5 0,6
Menor
15 3 45 22,3 12,1 0,5
IMC reputação
Maior re-
19 - 58 23,4 16,1 0,7
(anos) putação
Total 34 - 58 22,9 14,3 0,6
Menor
15 711.099,0 804.945.000,0 89.542.142,5 203.782.076,0 2,3
TAM reputação
Maior re-
19 1.528.691,0 1.425.638.779,0 170.964.303,6 407.392.856,4 2,4
(R$ mil) putação
Total 34 711.099,0 1.425.638.779,0 135.042.761,9 331.406.194,7 2,5

Fonte: Elaborada pelos autores.

bilhões de reais. Nota-se que as variáveis grupo a média do valor do Ativo é inferior.
de controle apresentam homogeneidade, A Tabela 3 apresenta a distribuição
com exceção do tamanho, que assinalou quantitativa e proporcional das empresas
coeficiente de variação 2,45. por setor econômico e grau de reputação
Observa-se, ainda, que as empresas com dos líderes.
líderes de menor reputação são relativa- Na Tabela 3, verifica-se que os seto-
mente mais novas do que as demais; en- res consumo cíclico e financeiro e outros
tretanto, não apresentam muitas diferenças apresentam alta proporção de empresas
em relação ao tempo no mercado de capi- com líderes de maior reputação (66,7%),
tais. As empresas com líderes de menor re- seguidos de consumo não cíclico e mate-
putação são menores, haja vista que nesse riais básicos (60%). Nos setores bens in-

TABELA 3 – Reputação pessoal das empresas por setor e grau de reputação dos líderes
Grau de reputação dos líderes Menor reputação Maior reputação
Total
Setor Nº de empresas Proporção (%) Nº de empresas Proporção (%)
Bens industriais 3 50,0 3 50,0 6
Consumo cíclico 3 33,3 6 66,7 9
Consumo não cíclico 2 40,0 3 60,0 5
Financeiro e outros 1 33,3 2 66,7 3
Materiais básicos 2 40,0 3 60,0 5
Petróleo, gás e biocombustíveis 2 100,0 - 0,0 2
Tecnologia da informação - 0,0 1 100,0 1
Telecomunicações 1 100,0 - 0,0 1
Utilidade pública 1 50,0 1 50,0 2
Total 15 44,1 19 55,9 34

Fonte: Elaborada pelos autores.

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dustriais e utilidade pública, registra-se segundo grupo apresentaram média supe-


uma distribuição paritária entre empresas rior. Assim, os desempenhos inovador, in-
com líderes de maior e menor reputação. ternacional e operacional são semelhantes
Enquanto isso, nos setores petróleo, gás e nas empresas com líderes de menor e de
biocombustíveis e telecomunicações, todas maior reputação, enquanto o de mercado
as empresas são geridas por líderes de me- mostrou diferenças entre os dois grupos.
nor reputação. Antes de se realizar a regressão linear
Para atender ao objetivo adicional, ou múltipla, procedeu-se à correlação de Spe-
seja, verificar se há semelhanças ou dife- arman, para se verificar as primeiras correla-
renças entre a reputação do líder e o de- ções entre as variáveis de estudo (Tabela 5).
sempenho multidimensional, foi aplicado o Na Tabela 5, observa-se que as variáveis
teste de diferenças entre médias. Assim, re- desempenho de mercado (DES_MER) e
alizou-se antes o teste Kolmogorov-Smir- idade (IDA) apresentaram correlação po-
nov para testar a normalidade dos dados sitiva com a variável reputação (RPE). Vale
e identificar o teste de médias adequado a ressaltar que o desempenho de mercado
ser aplicado. A Tabela 4 mostra os resulta- foi a única dimensão a apresentar médias
dos da aplicação do teste de médias, para estatisticamente diferentes entre os gru-
dois grupos independentes: empresas ge- pos de empresas com líderes de menor e
ridas por líderes com maior reputação e maior reputação.
empresas geridas por líderes com menor Nota-se, ainda, que o desempenho de
reputação. mercado (DES_MER) apresentou correla-
Na Tabela 4, observa-se que não há di- ção positiva também com o desempenho
ferenças significantes entre as empresas operacional (DES_OPE). A variável ida-
com líderes de menor e aquelas com líde- de no mercado de capitais (IMC), por sua
res de maior reputação, haja vista um ní- vez, apresenta correlação negativa com o
vel de significância de 10%, no que tange desempenho de mercado; ou seja, quanto
aos desempenhos inovador, internacional e mais tempo no mercado de capitais, menor
operacional. Já o desempenho de mercado o desempenho de mercado. Ademais, a va-
apontou diferenças significantes entre os riável idade no mercado de capitais (IMC)
grupos de empresas com líderes de menor também apresenta correlação positiva
e de maior reputação, haja vista que as do com a idade da empresa (IDA), sendo que
TABELA 4 – Teste de diferenças entre médias
Grau de reputação dos Ranking Soma dos
Variável Nº de empresas Mann-Whitney U Sig
líderes médio rankings
Menor 15 18,8 282,00
DES_INO 123,00 0,52
Maior 19 16,5 313,00
Menor 15 17,1 256,00
DES_INT 136,00 0,84
Maior 19 17,8 339,00
Menor 15 16,2 243,00
DES_OPE 123,00 0,52
Maior 19 18,5 352,00
Menor 15 12,6 189,00
DES_MER 69,00 0,01
Maior 19 21,4 406,00

Fonte: Elaborada pelos autores.

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A REPUTAÇÃO DO GESTOR INFLUENCIA O DESEMPENHO EMPRESARIAL?

TABELA 5 – Correlação de Spearman


Variável RPE DES_INO DES_INT DES_OPE DES_MER IDA IMC TAM
RPE 1,00              
DES_INO -0,07 1,00            
DES_INT 0,09 0,09 1,00          
DES_OPE 0,04 0,13 -0,14 1,00        
DES_MER 0,39** 0,15 -0,19 0,62*** 1,00      
IDA 0,34* 0,00 0,26 -0,09 -0,09 1,00    
IMC 0,04 -0,15 0,07 -0,10 -0,42** 0,66*** 1,00  
TAM -0,06 -0,43** 0,19 -0,20 -0,24 0,12 0,11 1,00

Nota: (*) Significante ao nível de 10%; (**) Significante ao nível de 5%; (***) Significante ao nível de 1%.
Fonte: Elaborada pelos autores.

esse resultado já era esperado. O tamanho nho operacional, já que os pressupostos da


(TAM) apontou correlação negativa apenas regressão não foram atendidos.
com o desempenho inovador (DES_INO). A Tabela 6 mostra os resultados dos
Para atender ao objetivo geral, na sequ- dois modelos cujos pressupostos foram
ência, aplicou-se a regressão linear múlti- atendidos, apontando a relação entre a re-
pla. Para tanto, foram realizados os testes putação do líder e os desempenhos inova-
dos pressupostos das regressões (ausência dor e de mercado.
de independência dos resíduos, multicoli- Conforme Tabela 6, quanto ao Modelo
nearidade, normalidade dos resíduos e ho- 1, verifica-se que não há relação significati-
mocedasticidade), verificando-se o atendi- va entre elas. Portanto, como não se pode
mento de tais pressupostos apenas para os inferir que haja uma relação positiva entre
Modelos 1 e 4 (desempenhos inovador e essas duas variáveis, rejeita-se a hipótese
de mercado, respectivamente). Assim, não H1. Observa-se, ainda, que apenas a variá-
puderam ser testadas as hipóteses H2, de vel tamanho apresenta significância com o
que havia correlação positiva entre a repu- desempenho inovador, e assim mesmo ne-
tação do líder e o desempenho internacio- gativa, indicando que as empresas maiores
nal; e H3, de que havia correlação positiva apresentam menor desempenho inovador.
entre a reputação do líder e o desempe- Concernentemente ao Modelo 4, nota-se

TABELA 6 – Regressão linear múltipla


Variável Modelo 1 Modelo 4
Constante 2,06(*) 9,71
RPE -0,19 -0,69
IDA 0,10 1,25
IMC -0,04 -1,89(*)
TAM -0,04(*) -0,08
R² 0,25 0,27
R² ajustado 0,15 0,17
Teste F 2,47(*) 2,67(*)
Durbin-Watson 1,90 2,36

Nota: (*) Significante ao nível de 10%.


Fonte: Elaborada pelos autores.

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MÁRCIA MARTINS MENDES DE LUCA, ALESSANDRA CARVALHO DE VASCONCELOS

que não há relação significativa entre ambas, sempenho inovador é inferior nas empre-
rejeitando-se, portanto, a hipótese H4. Ape- sas com líderes de maior reputação; que os
nas a variável idade no mercado de capitais desempenhos internacional e de mercado
apresentou correlação com o desempenho são similares nos dois grupos, enquanto
de mercado, o que já era esperado, já que apenas o desempenho de mercado apre-
ambas estão alinhadas. Esse resultado diver- senta média superior nas empresas com
ge daqueles encontrados por Hall Jr. e Lee líderes de maior reputação. Em relação às
(2014) em relação à reputação corporativa, variáveis de controle, verificou-se que as
os quais apontaram uma correlação positiva empresas com líderes de menor reputa-
entre a reputação corporativa e o desem- ção são relativamente mais novas que as
penho de mercado nos contextos estadu- demais, embora com idades próximas de
nidense e japonês; e por Horiuchi (2010), participação no mercado de capitais; bem
que constatou uma relação positiva entre como que as empresas com líderes de me-
reputação corporativa e valor de mercado nor reputação apresentam tamanho infe-
nas companhias abertas brasileiras. rior ao das demais.
Devido à ausência de significância dos O teste de diferenças entre médias, que
modelos de regressão testados, verifica-se procurou atender ao objetivo adicional,
que não podem ser aceitas as hipóteses evidenciou que não há diferenças estatisti-
propostas neste estudo segundo as quais camente significantes entre o desempenho
havia relação positiva tanto entre a repu- inovador, o desempenho internacional e o
tação do líder e o desempenho inovador desempenho operacional, na comparação
(H1) quanto entre a reputação do líder e o entre as empresas com líderes de maior
desempenho de mercado (H4). reputação e aquelas com líderes de menor
Assim, rejeita-se a hipótese geral, de que reputação. Por outro lado, verificaram-se
a reputação do líder está relacionada com diferenças estatisticamente significativas no
o desempenho multidimensional nas em- desempenho de mercado na comparação
presas, divergindo dos achados de De Luca, entre as empresas com líderes de maior re-
Góis, Almeida et al. (2017), Milbourn (2003) putação e aquelas com líderes de menor re-
e Tres (2014), que encontraram uma rela- putação, apontando que as do primeiro gru-
ção positiva entre a reputação do diretor po geram maior desempenho de mercado.
-executivo e o desempenho empresarial. A análise da correlação indicou que o
desempenho de mercado e a idade apre-
CONCLUSÃO sentaram correlação positiva com a re-
A pesquisa investigou a relação entre putação. A correlação encontrada entre o
a reputação de líderes e o desempenho desempenho de mercado e a reputação do
multidimensional nas companhias abertas líder corrobora o resultado do teste de di-
brasileiras. Para tanto, foram coletados da- ferenças entre médias.
dos referentes à reputação de líderes e ao Os resultados da regressão revelaram
desempenho corporativo nas 34 empresas que não se podem realizar inferências
cujos líderes participaram do ranking Mer- acerca da relação entre a reputação do
co Líderes 2016. líder e os desempenhos internacional e
A análise descritiva indicou que o de- operacional das empresas. Em relação ao

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desempenho inovador e ao de mercado, os limitados à amostra e ao período analisado.


resultados não demonstraram correlação A contribuição da pesquisa reside em
significante entre a reputação do líder e es- colaborar para enriquecer o estudo da cor-
sas duas dimensões de desempenho. relação entre a reputação pessoal e o de-
Infere-se, portanto, que a reputação do sempenho empresarial, já que o tema ainda
líder não exerce influência sobre o de- é pouco explorado no contexto nacional, e
sempenho inovador e o de mercado nas os resultados encontrados em outros paí-
empresas; ou seja, tal aspecto necessário ses não necessariamente se aplicam à re-
à sobrevivência da empresa – o desempe- alidade brasileira (TRES, 2014). Ademais, a
nho empresarial – não é influenciado pela utilização das quatro dimensões do desem-
reputação dos líderes, o que diverge dos penho possibilitou a análise da correlação
achados de De Luca, Góis, Almeida et al. entre a reputação pessoal e os desempe-
(2017), Milbourn (2003) e Tres (2014), que nhos inovador, internacional, operacional e
apontaram uma relação positiva entre a re- de mercado, haja vista que cada uma dessas
putação do diretor-executivo e o desem- quatro dimensões contribui para a obten-
penho empresarial. ção de diferenciais competitivos.
Levando-se em conta os preceitos da Assim, os resultados encontrados podem
Teoria da Economia dos Custos de Transa- subsidiar as decisões dos investidores que
ção e da Teoria da Agência, esses resultados visam a um gerenciamento do quadro de
significam que nas empresas a reputação gestores, baseados na reputação pessoal,
dos líderes não foi utilizada com vistas à buscando incrementos no desempenho da
minimização dos custos de transação e de organização; e na análise da modelagem de
agência.Vale ressaltar que os resultados são gestão empregada nas empresas brasileiras.

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MÁRCIA MARTINS MENDES DE LUCA, ALESSANDRA CARVALHO DE VASCONCELOS

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