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QUEM É NEGRO NO BRASIL?

UM PROBLEMA DE PESQUISA SOBRE AÇÕES


AFIRMATIVAS

Bruno de Oliveira Ribeiro1


ribeiro.brunodeoliveira@gmail.com

RESUMO

Este artigo é fruto de um projeto de doutoramento que visa analisar as políticas de ações
afirmativas raciais focando, principalmente, o critério de definição do pertencimento racial.
Dentre as políticas a serem analisadas evidenciamos as de acesso ao ensino superior nas
universidades estaduais. É uma proposta de analise documental e entrevistas, com a base
teórica dos estudos Pós-Coloniais e dos autores nacionais que debatem a questão racial.
Trazemos a hipótese de que as políticas afirmativas do século XXI, não trazem um regime de
verdade único ou estável, sobre os critérios de pertencimento racial, além de revelarem
aspectos da forma como se compreende a desigualdade e, principalmente, a diferença racial.
Evidenciando a dificuldade de fixar identidades, altamente potencializada, no Brasil, pela
grande interiorização do mito da democracia racial e sua chave-mestra, o mestiço, como ponto
de equilíbrio entre as multiplicidades raciais, assim como, da ideologia do branqueamento.
Nesse artigo pretendemos delinear a trajetória da nossa problemática de pesquisa e, ressaltar
a relevância social do problema de pesquisa sob análise.

Palavras-chave: Pertencimento racial. Identidade. Políticas afirmativas. Diferença cultural.


Desigualdade social.

INTRODUÇÃO
As ações afirmativas passam a ser discutidas incisivamente entre 2002 e 2012, durante
esse período, um importante debate público se estabeleceu sobre a necessidade ou não, de
efetivação dessas políticas, sobretudo para acesso ao Ensino Superior público, assim como
dos critérios que seriam adotados para ampliação dos direitos ao Ensino Superior. A questão
racial tornou-se o critério mais amplamente questionado sobre tais políticas, afinal, estaríamos
estabelecendo uma diferenciação racial juridicamente sancionada pelo Estado brasileiro.
Em 2010, o Supremo Tribunal Federal (STF) teve que julgar tal constitucionalidade,
ou não, das políticas afirmativas (arguição de descumprimento de preceito constitucional
186). A aprovação dessa Corte inválida um dos principais argumentos dos depreciadores das
políticas afirmativas. Finalmente, em 2012, a partir da Lei Federal 12.711 o Governo, adota
políticas afirmativas de acesso ao ensino técnico e superior em território nacional. Até esse

1
Ex-aluno do Instituto Luther King –MS e mestre em Ciências Sociais (UEL) e doutorando em Ciências Sociais
(UNESP-Marília). Professor na Universidade de Rio Verde (UniRV).
momento, o protagonismo das políticas afirmativas centrava-se nas Universidades Estaduais
que desde 2003 já adotavam seus próprios modelos de ações afirmativas, influenciados por
suas realidades locais (RIBEIRO, 2013).
A partir de 2012, passamos, cada vez mais, a nos distanciar do debate público sobre a
necessidade ou validade de tais políticas para, pouco a pouco, sobretudo nos nichos
acadêmicos analisar os resultados de tais políticas. Deixamos a polaridade do, a favor ou
contra de tais medidas, para observá-las como políticas públicas, avaliando resultados,
políticas de permanência, assistência estudantil, taxa de sucesso, etc.
Nos propomos a analisar o critério de definição do pertencimento racial normatizado
pelas Instituições estaduais de Ensino Superior do Centro-Oeste2. Tendo como categoria
central a diferença cultural e sua relação com a desigualdade social para a elaboração dos
critérios de definição do pertencimento racial nos processos de seleção dos estudantes por
ação afirmativa.
Estas políticas raciais, assim como outras políticas públicas, passam por um processo
de discussão na esfera pública, até chegar a compor a agenda estatal. A partir desse momento,
há o reconhecimento por parte do Estado da questão como sendo um problema social,
portanto, passível de intervenção. Ocorre que as políticas afirmativas são reveladoras de
processos tanto de desigualdade social, como falta de reconhecimento da sua diferença
cultural. Julgamos que por meio do estudo dos critérios que determinam quem poderá usufruir
o direito as ações afirmativas poderão abstrair, algumas percepções sobre o racismo no Brasil
e as melhores formas para se combatê-lo, de acordo, com os elaboradores de tais políticas.
Cabe salientar, que a problemática insere-se no âmbito da percepção da diferença e da
desigualdade racial no Brasil. E essa polaridade incide sobre a forma como se pensa a
finalidade das ações afirmativas. Ou seja, tais políticas se constituem enquanto instrumentos
de reparação histórica e de promoção do reconhecimento do negro na sociedade ou, visam
combater as desigualdades raciais diagnosticadas socioeconomicamente, por órgãos como o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA)? Mesmo não sendo excludentes elas são parâmetros para construção dos
critérios de determinação dos sujeitos de direito das políticas de ação afirmativa.
A definição daqueles que por direito podem usufruir das políticas afirmativas de
acesso as Universidades Estaduais seguem legislação estadual e destoam, de estado para
estado, por isso o recorte dessas Universidades. Podemos supor que, ao observar os critérios
2
UEMS, UNEMAT e UEG. De maneira mais profunda analisar os casos da UEMS, instituição cujo pesquisador
tem maior inserção.
de definição dos sujeitos de direito, podemos também, compreender um modelo de combate a
diferenças que inferiorizam ou descaracterizam e, também, de ações de redução das
desigualdades sociais, isso no que tange ao papel da Universidade na produção, reprodução e
desconstrução dessas lógicas sociais.

EM DEFESA DE UMA PROBLEMÁTICA SOCIAL


As ações afirmativas para acesso de negros ao ensino superior no Brasil iniciaram em
2003, os primeiros alunos cotistas do país tiveram seu ingresso em 2003, nas seguintes
Universidades: Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ, Universidade Estadual da
Bahia – UNEB e em junho de 2003 e a Universidade de Brasília – UNB, criou seu programa
de cotas, que foi implementado em 2004.
Observava-se que a questão racial, nesse momento, era parte de uma agenda pública
governamental. Outras políticas de recorte racial nasceram no então Governo Lula, eleito em
2002, destaca-se políticas como o ProUni3, a criação da Secretaria Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade racial – SEPPIR4, a aprovação da Lei 10.639/035 que dispõe sobre a
obrigatoriedade do ensino de História e cultura Afro-brasileira e Africana na Educação
Básica, assistimos a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial6 e, a declaração por parte do
Supremo Tribunal Federal – STF, da Constitucionalidade das Cotas, negando assim uma
medida encaminhada pelo DEM7 ao STF e por fim, a aprovação da lei de cotas para
Universidades e Institutos Federais8.

3
O Programa Universidade Para Todos foi criado por meio da Medida Provisória n° 213, em 10 de setembro de
2004, e institucionalizado pela Lei 11.096, no dia 13 de janeiro de 2005. Dispõe sobre a concessão de bolsas
integrais, parciais e complementares, nos cursos de graduação e sequenciais de formação específica das
instituições privadas de educação superior, para os estudantes de baixa renda oriundos da rede pública de ensino
ou de instituições privadas, na condição de bolsista integral e que tenham prestado o Exame Nacional do Ensino
Médio. (MARQUES, 2010, p.94-95).
4
A Medida Provisória nº 111 de 21 de março de 2003, cria a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial.
5
A lei foi alterada para 11.645/08 acrescendo a cultura indígena no corpo da lei.
6
Lei nº 12.288 de 20 de julho de 2010, em meio a outros avanços na promoção da igualdade racial o Estatuto da
Igualdade Racial é aprovado. O projeto é do Senador Paulo Paim – PT.
7
“O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) considerou constitucional a política de cotas étnico-raciais
para seleção de estudantes da Universidade de Brasília (UnB). Por unanimidade, os ministros julgaram
improcedente a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186, ajuizada na Corte pelo
Partido Democratas (DEM)”. In: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=206042
8
A Lei nº 12.711/2012, sancionada em agosto deste ano, garante a reserva de 50% das matrículas por curso e
turno nas 59 universidades federais e 38 institutos federais de educação, ciência e tecnologia a alunos oriundos
integralmente do ensino médio público, em cursos regulares ou da educação de jovens e adultos. In:
http://portal.mec.gov.br/cotas/perguntas-frequentes.html
Se assumirmos que as ações afirmativas não se destinam apenas aos seguimentos
racializados socialmente, mas visam corrigir desigualdades e diferenciações nocivas, vamos
observar que tais políticas antecedem o ano de 2003 e que, asseguram os mesmos objetivos
com relação a outros grupos sociais. Para tal, é necessário definir o conceito de ação
afirmativa, e para isso seguimos o de Munanga (2006).
[...] um conjunto de políticas, ações e orientações públicas ou privadas, de caráter
compulsório (obrigatório), facultativo (não-obrigatório) ou voluntário que tem como
objetivo corrigir as desigualdades historicamente impostas a determinados grupos
sociais e/ou étnico/raciais com um histórico comprovado de discriminação e
exclusão. Elas possuem um caráter emergencial e transitório. Sua continuidade
dependerá sempre de avaliação constante e da comprovada mudança do quadro de
discriminação que a gerou (MUNANGA, 2006, p.186).
A definição de ações afirmativas permite observar que elas não se restringem a
políticas raciais. A vinculação histórica que permite tal percepção social advém,
principalmente, da aproximação cultural e política das demandas de ações afirmativas
estadunidense, sobretudo dos anos de 1960, com nosso contexto nacional. Ao longo do
período em que as ações afirmativas eram objetos de disputa do debate público, foi
reiteradamente, afirmada a distinção da formação cultural e racial dos dois países. Com tais
distinções queríamos assinalar que as políticas de ação afirmativa era, de fato, um remédio
para o contexto estadunidense e, o mesmo não seria válido para o Brasil.
A inconsistência do argumento residia no fato das ações afirmativas possuírem uma
historicidade bem maior que a consolidada no contexto estadunidense. Os pesquisadores da
área se referem comumente à Índia que, desde 1948, possui políticas diferenciadas as castas
inferiores, os intocáveis, principalmente no parlamento, no ensino superior e no
funcionalismo público, como sendo o primeiro país a estabelecer medidas de ação afirmativa.
Dessa forma, seria fácil elencar uma série de países que fazem uso dessas políticas na
tentativa de promover maior igualdade e/ou reconhecimento de certos grupos em seus
territórios nacionais9.
Ao retornarmos o contexto nacional, podemos apontar que as políticas de ação
afirmativa foram utilizadas em nossa história recente. Em 1968, através da Lei ordinária
5.465, que dispõe sobre o preenchimento de vagas nos estabelecimentos de ensino agrícola de
ensino médio, e também, de ensino superior, Agricultura e Veterinária e, propõe uma reserva

9
Praticamente todos os países do “Terceiro Mundo”– com exceção dos da América Latina – em um dado
momento, aplicaram políticas públicas de ação afirmativa para resolver graves problemas internos decorrentes da
marginalização seletiva do segmento dominado e de privilégios herdados do passado colonial ou milenar
(WEDDERBURN, 2005, p.307).
anual de 50% de vagas para agricultores e seus filhos. Este possui um critério muito próximo
ao utilizado nas políticas afirmativas a partir de 2003.
Outro exemplo que antecede, temporalmente, é da Lei 5.452, de 1943, presente na
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que cria uma reserva de no mínimo 1/3 para
trabalhadores brasileiros na indústria e no comércio, num período de grande fluxo de
imigrações. A constituição de 1988, quando reserva um percentual dos cargos e empregos
públicos para portadores de deficiência (art. 37) ou, quando através da Lei 9.504, de 1997,
obriga os partidos políticos a terem percentuais de no mínimo 30% para cada sexo nas
candidaturas.
Estes destaques nos ajudam a compreender que, as ações afirmativas se tornam uma
problemática social quando visam ampliar direitos cujos critérios assentem-se na raça, dessa
forma, o debate público tinham como pano de fundo nossa formação social e a maneira com
que, culturalmente, enxergamos nossa identidade, especialmente a nacional. A grande
problemática revela-se ser uma velha conhecida, desde a chegada do conhecimento científico
no país ao longo, principalmente, da década de 1870, podemos, seguramente, afirmar que, a
Ciência nacional sempre se preocupou com a questão racial na construção do sujeito nacional
e dos destinos da nação.
Nossa construção nacional em torno da diferença racial é marcada por fronteiras,
ambiguidades e hierarquizações, que superam a mera mensuração da desigualdade social e
produzem uma diferenciação cultural de difícil objetivação. No cerne de nossos pressupostos
encontra-se um entrave quanto às discussões sobre identidade. A aproximação ou
distanciamento entre os critérios de definição do pertencimento racial das políticas
afirmativas, com os discursos de identidade negra das teorias sociais e do movimento negro,
são objetos/sujeitos em conflito, que surgem como consolidados nos critérios de definição do
pertencimento racial definidos pelas Universidades, estas definiram seus critérios, muitas
vezes, em diálogos com os movimentos negros locais. Olhar para o critério é, a possibilidade
de ver objetivada a definição de quem é negro no Brasil, segundo uma instituição que possui a
parte hegemônica da elite pensante nacional, nossos intelectuais.
Os critérios, nas universidades públicas, ainda apontadas como as melhores do país10,
são formulados pela própria Universidade, de modo geral, elas possuem autonomia para
regulamentar suas políticas afirmativas. Desses espaços de saber científico hão de surgir as

10
De acordo com o ranking universitário da Folha, as dez melhores Universidades do país são públicas. In.
http://ruf.folha.uol.com.br/2014/ Acessado em setembro de 2014.
formas pelas quais a diferença racial, e o racismo são percebidos socialmente, de acordo, com
as instituições de ensino superior do país.
Esta pesquisa não poderá atestar sobre a forma como o Brasil percebe seus critérios de
pertencimento racial, ou como isso afetará futuramente as construções em torno das
diferenças raciais (culturais), mas poderá analisar uma das principais instituições nacionais, as
Universidades. Produtoras de certas “verdades” sobre os sujeitos e de políticas (FOUCAULT,
2008), afinal, as políticas afirmativas têm a finalidades de combater a desigualdade ou; de
promover um reconhecimento da diferença cultural mais equânime, ou ainda, as duas
finalidades. Estes aspectos podem ser evidenciados nos seus critérios de definição do
pertencimento racial nas políticas afirmativas e, materializa a importância de uma pesquisa
com tal propósito.
Destarte, a finalidade de observar as políticas raciais selecionadas, é uma forma de
refletir sobre o pensamento racial nacional, sobre a forma como a ciência se apropria e é
apropriada na relação com Estado e com a Sociedade Civil. O pertencimento racial, enquanto
critério de política pública traz a possibilidade dessas articulações. Nossa problemática se
insere em meio à definição da identidade racial, pauta de longa data nas Ciências Sociais
brasileira, mas ainda é uma área conflituosa quando pensamos as ações afirmativas, e de
forma mais cabal, o critério de definição dos sujeitos que poderão usufruir desse direito
social.
Esta pesquisa traz como potencial, a possibilidade de fortalecer a pauta em torno da
importância da diferença cultural nas relações sociais. A diferença cultural, quando adquire
contornos de problema social é, de compreensão pública mais complexa. A necessidade de
recorrer a questões factuais, concretas para exemplificar a importância da diferença cultural
nas relações sociais depõe a favor dessa hipótese. A compreensão das ações afirmativas como
política de combate as desigualdades raciais limita, nas Universidades, a continuidade de
políticas de permanência, pois a dimensão do da inferioridade proporcionada pela diferença
cultural não é parte da agenda pública em muitas instituições.
O problema de pesquisa situa-se, na maneira como a desigualdade/diferença racial é
percebida pela Universidade. Melhor dizendo, as políticas afirmativas pensadas nesses
espaços de saber científico, visam remediar um problema diagnosticado como: questão racial.
Que no Brasil opera em diversos prismas, acreditamos que os dois principais seriam: o da
desigualdade social, genericamente tratado como sendo da desigualdade no âmbito do projeto;
e o da diferença cultural, ressaltado tanto pelas escolhas teóricas quanto por políticas que
trazem em si uma reivindicação de maior representação ou reconhecimento. Encarar essa
problemática como sendo acadêmica, mas também de políticas públicas é, necessário nesse
cenário de avaliações dos processos de implantação da ação afirmativa no Brasil, que já
possuem mais de 10 anos desde a primeira instituição a adotar tal política.

DELINEAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS


Trata-se de uma pesquisa qualitativa que, “é uma atividade situada, que localiza o
observador no mundo. Consiste em um conjunto de práticas materiais e interpretativas que
dão visibilidade ao mundo” (DENZIN; LINCOLN, 2006, p.17). Desta forma, pretendemos
dar visibilidade as formas de pertencimento racial utilizadas nas políticas raciais de acesso as
instituições citadas. Assim sendo a pergunta básica seria: Quem é o negro que acessa essas
políticas? Ou como é que se define quem é negro para tais políticas afirmativas?
É necessário retomar aspectos bibliográficos e documentais. Os aspectos
bibliográficos nos leva as pesquisas das Ciências Sociais em torno da definição do
pertencimento racial. Os debates da ciência em torno da definição do negro. Evidentemente,
essa discussão não é nova no Brasil, ela nos leva ao próprio início da Ciência no Brasil, assim
como aos Homens de Ciência, ainda do século XIX (SCHWARCZ, 1993; 1999).
Através dos dados documentais será possível fazer um inventário dos modelos de
critérios para definição do pertencimento racial nas políticas afirmativas das Universidades
públicas estaduais. Quanto aos documentos, eles seriam majoritariamente as leis, editais e
regulamentações das políticas afirmativas implementadas. A pesquisa documental permite dar
um caráter mais macrossocial a pesquisa, pois abrangeria todas as Universidades estaduais
com ação afirmativa de recorte racial (LE GOFF, 1990; SÁ-SILVA, ALMEIDA,
GUINDANI, 2009).
Após inventariar esses critérios, passaríamos a classificá-los em categorias analíticas,
para enfim, traçar interpretações sobre os dados que tratam o pertencimento racial no Brasil.
Por focar nas políticas públicas de promoção da igualdade racial, elas terão normatizações
jurídicas que facilitam a acesso e servirão de base para categorização dos critérios de
definição do pertencimento racial para cada política.
Como a pesquisa não se limitará a discussão teórica e conceitual, com base na análise
dos documentos e leis que regulamentam as políticas afirmativas nacionais. Nos propomos
também, que sejam realizadas algumas entrevistas com os partícipes desses processos,
sobretudo com os avaliadores ou mediadores do processo. O objetivo seria verificar, com
maior proximidade, como se resolve os casos de ambiguidade ou dúvida durante o processo
em seu desenvolvimento, e não apenas no texto frio, e por vezes distante do social que, não
raramente, representam as leis.
De fato, a abrangência do discurso documental se chocará, com a limitação que
representa algumas entrevistas que vão compor uma parcela muito específica e, portanto,
limitada na capacidade de explicar o aspecto macrossocial que abrange o recorte dessa
pesquisa. No entanto, as entrevistas possibilitarão uma melhor apreensão do processo, ou da
aplicação da lei enquanto procedimento técnico, e talvez, revelará aspectos problemáticos da
execução da lei, ou quanto os critérios de pertencimento racial. A entrevista, segundo Marconi
e Lakatos (2008: p.82-83) “é uma forma de poder explorar mais amplamente uma questão” e
é através dessa técnica de coleta de dados que pretendo cumprir parte dos objetivos propostos.
As Universidades que pretendemos fazer as entrevistas serão escolhidas conforme os
primeiros resultados obtidos da pesquisa documental. Portanto, o enfoque será dado nas
diferentes formas de determinação do pertencimento racial utilizado pelas Instituições de
ensino superior estadual, e na busca pelos “motivos” que fez com que, o processo seletivo
optasse por tal modelo de definição do pertencimento racial.
Nosso recorte temporal é a partir de 2003, momento onde se inicia as políticas
afirmativas em Universidades públicas. De acordo com o censo da educação superior de 2013,
o Brasil possui 119 Universidades estaduais, 106 federais e 76 municipais em um total de 301
Universidades públicas no país. Focaremos nas estaduais, pois, as federais seguem,
majoritariamente, a lei federal 12.711/2012 que, dispõe sobre o ingresso nas universidades
federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio.
Dentre as categorias analíticas cabe um destaque as de desigualdade e diferença, por
permitirem além da articulação teórica uma dimensão prática e analítica, quando olharmos
para as políticas afirmativas.
Partindo de pressupostos Pós-Coloniais e as interpretações dos intelectuais nacionais,
pretende-se empreender em um estudo sobre a construção da desigualdade e da diferença
racial no Brasil em suas especificidades. Quanto aos Estudos Pós-Coloniais, Sérgio Costa
(2006) aponta que, a teoria considera três blocos interligados de questões: “a crítica ao
modernismo, enquanto teleologia da história, a busca de um lugar de enunciação “híbrido”
pós-colonial, a crítica à concepção de sujeito das ciências sociais (p.85)”. Estes pontos
encontram-se, na maior parte das vezes em estreito contato, no entanto sua separação permite
uma compreensão mais ampla do Pós-Colonialismo em suas principais críticas.
Além dos três eixos levantados por Sergio Costa (2006), ainda podemos apontar
outros pontos comuns aos teóricos Pós-Coloniais, que convergem com tais pontos. De modo
geral, teríamos a oposição West/Rest, como alegoria para a relação entre Ocidente e o resto do
mundo, este seria um pressuposto presente no discurso desses autores, assim como a
centralidade da cultura em suas construções teóricas.
A oposição West/Rest, seria por excelência uma construção moderna, que pauta alguns
essencialismos, a produção do conhecimento cientifico e algumas formas de intervenção
política, pautadas em raça, classe, gênero, nação, etc. Portanto, esta polaridade seria algo a ser
desconstruído, para que outras histórias possam ganhar seu espaço na narrativa da
modernidade, ou seja, novos sujeitos, novas formas de modernidade, novas culturas e assim
por diante, sendo assim, uma ampliação da narrativa moderna (BHABHA, 2010; FANON,
2008; GILROY, 2001, 2007; HALL, 1997, 2003, 2005; SAID, 1990).
A centralidade da cultura é objeto de um texto de Stuart Hall (1997), associando a
expansão da importância da cultura a partir da II Guerra Mundial. Aos poucos se consolida o
que Hall trata por virada cultural ou revolução cultural, entre as décadas de 1960 e 1970, que
fundamenta a centralidade substantiva da dimensão cultural na vida dos sujeitos, mas também
alterando o peso epistemológico do discurso sobre cultura para o conhecimento cientifico das
Ciências Sociais. Outros textos trazem discussões importantes quanto à dimensão cultural, no
entanto estamos limitados nesse momento.
Cabe um importante destaque ao conceito de diferença, dentro da teoria Pós-Colonial.
O Conceito é de difícil sistematização, mas abaixo segue uma das possíveis:
A diferença é construída no processo mesmo de sua manifestação, ela não é uma
entidade ou expressão de um estoque cultural acumulado, é um fluxo de
representações, articuladas ad hoc, nas entrelinhas das identidades externas
totalizantes e essencialistas – a nação, a classe operária, os negros, os migrantes, etc.
(COSTA, 2006, p.92).
Homi Bhabha colabora na busca de uma definição quando aponta que a teoria Pós-
Colonial teria como uma de suas finalidades “reconstituir o discurso da diferença cultural”,
fato este que, demanda uma “rearticulação do “signo” no qual se possam inscrever
identidades culturais” (BHABHA, 2010, p.240). Traça importantes ligações entre identidade
cultural e identidade política.
A perspectiva pós-colonial nos força a repensar as profundas limitações de uma
noção “liberal” consensual e conluiada de comunidade cultural. Ela insiste que a
identidade cultural e a identidade política são construídas através de um processo de
alteridade (BHABHA, 2010, p.244).
O conceito de diferença se fortalece na ideia de cultura, que possibilita que essa
diferença seja, portanto, base para relações de alteridade. Traz um dialogo estreito com as
formas de produção do conhecimento cientifico e de um discurso sobre a identidade nacional,
e assim, o conceito teria uma finalidade distintiva. De modo que, represente uma fuga dos
essencialismos identitários e das metanarrativas da modernidade. Dessa forma, encontramos
no discurso da diferença cultural, a articulação necessária aos demais elementos teóricos
apresentados, o que faz desse conceito central dentro da teoria, e também no cotidiano, pois a
partir daí traçamos as peculiaridades em torno dos ideários de raça, cor, racismo,
desigualdade, etc.
A estes pressupostos Pós-Coloniais deve somar análises da questão racial nacional,
que nesse momento, será apontada em sua principal característica, na figura do mestiço. O
discurso sobre miscigenação no Brasil é uma das chaves interpretativas da questão racial
nacional, no século XIX era tencionado entre a degeneração e o branqueamento.
Desta tensão, Ortiz (2003) define que o Brasil decidiu construir seu discurso de
nacionalidade pautado em um futuro, estruturado em um pretenso branqueamento da nação,
aguardado para esse futuro (HOFBAUER, 2006). Tal período veio acompanhado de políticas
eugênicas, higiênicas e de imigração (FREIRE COSTA, 1989; FELIPE; TERUYA, 2007).
Este discurso se operacionalizou, num discurso de identidade nacional, com a guinada
interpretativa dada ao mestiço pela análise empreendida por Gilberto Freyre em 1933, com
Casa Grande & Senzala. Nessa obra, entre outros resultados há uma canonização da
identidade brasileira na figura emblemática do mestiço, aquele que quebra as polaridades
raciais do Brasil (FREYRE, 2003).
O mito da democracia racial e a ideologia do branqueamento são ambas, ideologias
que marcaram profundamente nossa cultura política, surgem e se fortalecem a medida que,
saindo do período escravocrata avançamos no sentido de produzir uma sociedade nacional,
cujo entrave racial seria o maior empecilho. As teorias importadas do século XIX,
Evolucionismo, Darwinismo social e Positivismo, sofreram uma releitura nacional,
justamente, em seus aspectos raciais, visando a produção do cidadão nacional moderno
(SCHWARCZ, 1993). A especificidade dessas teorias em nossa realidade nacional é,
justamente, pensar “possibilidades” de um processo civilizatório nos trópicos, Guimarães
(1995).
Essas, as principais ideologias disseminadas na nação, representam, justamente, a
grande influencia da instituição da escravidão na maior parte das outras instituições sociais
nacionais e, além disso, permite a construção de uma ideologia que possibilite uma
“comunidade imaginada” nacional, em vias de consolidação e desenvolvimento.
O discurso foi assimilado e disseminado pelo Estado brasileiro, sobretudo no período
Vargas, a partir da década de 1930 e, pela retomado pela Ditadura Civil Militar iniciada em
1964 e encerrada em 1985, ou seja, bem próximo, historicamente e, ainda existente hodierno.
Apesar da interiorização do discurso, conhecido como democracia racial, há denuncias a essa
ideologia desde 1950, principalmente através das pesquisas vinculadas ao Projeto UNESCO11.
A forte influência do pensamento marxista e da Escola de Chicago predominava em parte da
Academia, e dessa influência temos, principalmente, a tese de Ianni (2004) na qual a questão
racial estaria associada à questão social, portanto, ambas solucionáveis através de uma
revolução social e/ou combate as desigualdades12.
Dessa forma, ainda sintetizada, podemos encontrar resquícios desses autores e suas
teses, em nossa contemporaneidade. Possivelmente, essas compreensões, ou parte delas,
possam ser analisadas a partir da definição dos critérios que determinam objetivamente o
pertencimento racial nas políticas afirmativas das Instituições. Como apontado em outros
momentos, esses critérios dizem respeito à forma como o racismo e suas consequências, deve
ser combatido na sociedade brasileira.
Evidentemente, temos outras formas de compreensão do racismo à brasileira, optei
pelas formas mais clássicas e que foram bases para alguns argumentos com relação às ações
afirmativas enquanto esteve em pauta na esfera pública nacional. Primeiro, buscando a
definição de um Brasil mestiço, o que por lógica inviabilizaria políticas afirmativas no Brasil,
argumentos estes trazidos da tese freyriana. O segundo, apesar de reconhecer a desigualdade
racial, a reduz, sob a proeminência do social, por vezes até negando a necessidade de políticas
raciais, sendo as sociais, as únicas políticas válidas para combate a desigualdade.
Ao observar as ações afirmativas raciais, sobretudo após a virada para o século XXI
no Brasil, pode-se verificar que, tais políticas possuem diferentes formas de comprovação do
pertencimento racial, e acreditamos, que em alguns desses critérios seja possível, identificar
resquícios de formas hegemônicas de definição racial. Ou seja, cremos que os argumentos
mobilizados para definição do pertencimento racial possam estar atrelados a uma visão de
identidade racial, vinculada a classe social, ou mesmo a uma ideia fenotípica, como nas
políticas afirmativas do Mato Grosso do Sul (MS).
Os critérios de pertencimento racial adotados nestas políticas afirmativas sintetizam, a
maneira como a diferença e/ou a desigualdade racial são percebidas nessas políticas públicas.
As afirmações aqui retratadas quanto às influências do pensamento racial brasileiro sobre a
construção de políticas públicas afirmativas traz, apenas o caráter de interrogações e hipóteses
11
MAIO, Marcos Chor. O projeto UNESCO e a agenda das ciências sociais no Brasil dos anos 40 e 50. In:
RBCS Vol. 14, nº 41, 1999.
12
O Marxismo, enquanto perspectiva teórica possui várias vertentes e possibilidades, não sendo, dessa forma um
bloco homogêneo. Ver CHADAREVIAN, P.C. Os precursores da interpretação marxista do problema
racial. In: Crítica Marxista, Rio de Janeiro, n.24, 2007.
que não se sustentam sem que sejam realizadas pesquisas direcionadas. As
interrogações/hipótese não surgiram, de reflexões bibliográficas, mas sim, de algumas
questões advindas do processo de construção da dissertação, portanto, da realidade sul-mato-
grossense, e suas políticas afirmativas13.
O caso de MS nos aponta que, no estado são considerados negros para as políticas
raciais aqueles que se autodeclaram enquanto negros e são assim legitimados por uma
bancada composta pelo Governo, funcionários da Universidade e pela Sociedade Civil. O
conhecimento de outras formas de definição desse pertencimento racial trouxe a interrogação
necessária para construção desse projeto de pesquisa.
Vários estudos já existem sobre as políticas afirmativas (WEDDERBURN, 2005;
SANTOS, 2007; VIEIRA, 2012; et.al.), mas ainda não há uma sistematização de caráter
nacional sobre, uma das dimensões mais debatidas no período em que as políticas de ação
afirmativa estavam entrando na agenda pública do Estado. Como definir quem é negro num
país marcado por grande processo de miscigenação14? Essa interrogação é respondida de
maneiras diferentes pelas Universidades estaduais, devido à autonomia universitária e,
acreditamos que seja por terem, também, uma compreensão diferente da melhor maneira de
comprovar quem teria direito as políticas afirmativas. E em busca dessas respostas surge esse
projeto.
Essa identificação do outro como negro, traz em si, novas problemáticas. A primeira
seria assumir o fenótipo como critério básico para definição do pertencimento racial, como na
UEMS. Desta forma acabamos por atestar que o racismo brasileiro seria caracterizado,
majoritariamente, como racismo de marca (NOGUEIRA, 1955). E credenciamos ao “outro” a
autoridade final para definição da identidade racial.
A segunda, visível, sobretudo nas discussões sobre a implementação de políticas de
cotas, se relaciona com algumas características do racismo à brasileira. Uma sociedade de
matriz escravista e patriarcal, marcada por um processo de hierarquização social profunda e
pautada em elementos personalistas e subjetivos (DAMATTA, 1997; FREYRE, 2003;
HOLANDA, 1995), esse tipo de sociedade demonstra formas variáveis de classificação dos
sujeitos, sendo que um negro ao enriquecer pode sair da sua condição de negro perante os
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No caso de MS, é possível verificar, nas políticas raciais na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
(UEMS) e de acesso à burocracia estadual, ambas tem critérios que se baseiam no fenótipo, no entanto a UEMS
soma, ao critério racial, o social. A proposta teve participação e protagonismo do movimento negro quanto a essa
definição de política de ação afirmativa (RIBEIRO, 2013).
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Munanga afirma que, a mestiçagem é para designar a generalidade de todos os casos de cruzamento, e a
miscigenação é entre populações biologicamente diferentes. A mestiçagem supõe um hibridismo cultural de
maior assimilação e a miscigenação o intercurso sexual entre estes diferentes (MUNANGA, 2006).
demais sujeitos que o classificam. Dessa maneira, torna-se premente a forma com que se
define quem é negro para as políticas afirmativas raciais.
No desenvolvimento dessa segunda questão, possíveis legados das teorias raciais
podem ser rastreados nos prováveis argumentos que comporão a resposta a pergunta: Quem é
negro para essa política afirmativa? A título de hipótese ou interrogações, talvez, possamos
encontrar argumentos que prezem pela dificuldade da definição do negro, devido seu alto grau
de miscigenação, transformada em mestiçagem no pensamento freyriano (FREYRE, 2003);
Ou ainda, encontrar uma menor aversão a essas políticas afirmativas ao atrelá-las a questão
social, ou seja, de classe social.
Creio ser importante destacar outro ponto, o Brasil não se construiu via a oposição
binária entre negros e brancos, sua percepção da identidade racial sempre foi marcada por
ambiguidades, exemplificada na analise do mestiço enquanto sujeito social (MUNANGA,
2006). Evidenciamos assim, que um dos grandes problemas da definição do pertencimento
racial foi que, nossa construção nacional da ideia de diferença cultural torna-se muito mais
fluida, devido à dimensão de nossa pluralidade cultural.
Esta dimensão relacional da diferença racial foi, diagnosticada de forma mais
aprofundada pela Antropologia, ciência de vinculo umbilical com o “outro”, com a alteridade
(PEIRANO, 1999). Essa dimensão da diferença conflui para uma discussão em torno do
próprio conceito de diferença, como teorizado pelos Pós-Coloniais, onde a dimensão da
diferença se mistura em meio a relações assimétrica de poder, e não há delimitação de uma
coesão e homogeneidade como teorizado na Antropologia (HOFBAUER, 2011; KUPER,
2002). Desta forma, o próprio conceito de diferença torna-se um objeto da problemática da
pesquisa, visto que sua dimensão teórica gira em torno de percepções nativas e outras
politizadas e, a dimensão antropológica e a Pós-Colonial devem ser necessárias para análise
dos resultados.
Possivelmente, ambas as dimensões do conceito de diferença, da Antropologia e dos
Pós-Coloniais, será útil para compreender as formas nativas e objetivas da produção dessa
diferença cultural, no caso específico, como as Universidades Estaduais estão pensando e
objetivando a diferença racial.

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