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Revisão de Texto: Os autores

DOI: 10.31012/ 978-65-5861-746-4

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Bibliotecária: Maria Isabel Schiavon Kinasz, CRB9 / 626
Barella Netto, Alberto
B248i Identidade UNIRV: nossas raízes nutridas pela extensão universitária/
Alberto Barella Netto – 1.ed. - Curitiba: Brazil Publishing, 2021.
[recurso eletrônico]

ISBN 978-65-5861-746-4

1. Ensino superior. 2. Extensão universitária. 3. Universidade de Rio


Verde (UniRV) – Extensão universitária. I. Título.

CDD 378.1554 (22.ed)


CDU 378.38

[1ª edição – Ano 2021]


www.aeditora.com.br
CAPÍTULO 10 – UNIRV DIVERSIDADE – A
CONCEPÇÃO DE UM PROJETO QUE VISA
CRIAR E FORTALECER AÇÕES E POLÍTICAS
QUE COMBATAM O PRECONCEITO
E A DISCRIMINAÇÃO

Elton Brás Camargo Júnior 1

Mariana Paz Rodrigues Martins 2

Eliene Aparecida de Moraes 3

Bruno de Oliveira Ribeiro


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Palavras-chave: Diversidade. Preconceito. Discriminação.

A DIVERSIDADE NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO

De acordo com a Política de Extensão da Universidade de


Rio Verde (UniRV), as ações inclusivas e de diversidade são ini-
ciativas que podem ser desenvolvidas e/ou aplicadas junto à co-
munidade externa. Além de promover alternativas para a inclusão
social, essas ações buscam reduzir a vulnerabilidade social, forta-
lecer as discussões acerca de questões etnicorraciais, de gênero,
sexualidade e inclusão da pessoa com deficiência, oportunizando
melhoria das condições de vida.
A diversidade é vista pela UniRV como uma fonte de inova-
ção que sustenta o intercâmbio de experiências, ideias e debates,

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IDENTIDADE UNIRV: NOSSAS RAÍZES NUTRIDAS PELA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

e da qual todos os membros da universidade se beneficiam. Nesse


cenário, objetiva-se trabalhar a diversidade enquanto construção no
espaço cultural, como um modelo dinâmico e transversal que possi-
bilita recortes sociais e subjetivos para os indivíduos, a partir do qual
pontuam-se discussões e intervenções de diversos setores, assim
como de diferentes campos de conhecimento (SILVA; SOUZA, 2017).
O processo social pelo qual as culturas são reproduzidas por
meio de gerações, sobretudo sobre influência socializante de grandes
instituições. Essa violência simbólica se dá de forma subjetiva e nas
representações socioculturais. O fundamento da violência simbólica
reside nas disposições modeladas pelas estruturas de dominação
que a produzem e a mantêm viva, para o que podemos destacar a
sociedade, a família, a escola e a igreja. Nessa premissa, a universi-
dade como instituição de ensino potencializa desníveis sociais entre
os discentes de origens distintas, porque o conhecimento, embora
transmitido e avaliado de forma homogênea, tende a encontrar assi-
milações diferenciadas entre os acadêmicos (BOURDIEU, 2003).
Para que o compromisso com a igualdade na diversidade
resulte em mudanças reais no desenvolvimento individual e insti-
tucional, entende-se que discutir esses temas é importante, uma
vez que os próprios estudantes demandam essas discussões no
ambiente acadêmico pela necessidade de entender o processo de
aceitação de contradições e contrastes sociais, uma vez que cada
vez mais há contato entre diversas culturas. A maturidade do aca-
dêmico no ensino superior deve ser entendida e desenvolvida para
superar as barreiras dos preconceitos.
Rocha e Moreira (2017) afirmam que “Sociedade e universi-
dade podem estreitar suas relações de modo que a primeira seja
um escudo de proteção para a segunda”.
Diante do exposto, o presente programa visa promover mo-
mentos de sensibilização e diálogo para influenciar na construção
de valores e atitudes favoráveis pautadas na convivência com a di-

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IDENTIDADE UNIRV: NOSSAS RAÍZES NUTRIDAS PELA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

versidade e no respeito às diferenças, bem como realizar pesquisas


relacionadas à cultura, diversidade cultural e inclusão social.

RAÇA, RIO VERDE E UNIRV

A cidade de Rio Verde, em Goiás, tem sua história e identi-


dade regional marcada por lembranças e esquecimentos comuns
produzidas por uma grande pedagogia do social (ANDERSON,
2008). Dentre esses esquecidos, encontra-se a história dos negros
na região. A narrativa local de surgimento de si conta com a clássica
figura do Pioneiro, ainda no início do século XIX. No site da prefeitura,
encontramos um exemplo adequado: “José Rodrigues de Mendon-
ça e sua família transferiram-se de Casa Branca, São Paulo, para
terras às margens do rio São Tomás, onde tomaram posse delas e,
assim, começaram a escrever a história de Rio Verde” (PREFEITURA
DE RIO VERDE, 2021).
Esse esquecimento consciente se expande a grupo racia-
lizados, como negros e comunidades quilombolas, mas também
a indígenas, camponeses, entre outros povos subalternizados. Da
presença negra, em Goiás, sabemos ter chegado de diferentes re-
giões do país, acompanhando os Bandeirantes nas suas buscas por
ouro e por escravos indígenas da região (SILVA, 1974). Desse modo,
fica fácil afirmar que há muitas histórias a serem escritas sobre o
surgimento de Rio Verde. 
A cidade se estrutura entre a crise de exploração do ouro, no
século XIX, e uma acomodação da nova estrutura produtiva, voltada
para agropecuária, marcando o início de uma vocação ainda con-
temporânea. O grande desenvolvimento econômico da região se dá
a partir de 1970, com a expansão, de um agronegócio modernizado
para a região de cerrado do Sudoeste goiano. A cidade é um impor-
tante polo agroindustrial para o país (UHLMANN SOARES, 2020).

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IDENTIDADE UNIRV: NOSSAS RAÍZES NUTRIDAS PELA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

A Universidade de Rio Verde, cuja origem remonta 1973, com a


Faculdade de Filosofia, possui em 2021 um perfil de cursos mais técni-
co-científicos, centrados nas áreas agrárias, tecnológicas e de saúde.
No entanto, busca manter compromissos sociais, por meio, especial-
mente, de seus projetos de extensão, nas mais diversas faculdades. 
Um exemplo desse compromisso social é a política de ação
afirmativa. A partir do vestibular de 2019/1, a UniRV conta com aca-
dêmicos cotistas, “candidatos egressos do Sistema Público de Edu-
cação Básica, negros indígenas, portadores de deficiência” (UNIRV,
2018). Esse mesmo documento aponta para alguns compromissos
institucionais, em especial, no segundo artigo:

II – Promover a diversidade ético-racial [sic] e social no


ambiente universitário;

III – Apoiar estudantes, docentes e técnicos-adminis-


trativos para que promovam, nos diferentes âmbitos da
vida universitária, a Educação das relações étnico-ra-
ciais (UNIRV, 2018).

Na prática, a políticas de ação afirmativa aplica-se aos cursos


de Medicina, mas a implementação dessa política faz com que a
instituição assuma compromissos políticos mais amplos: de demo-
cratização do ensino superior, com uma educação para as relações
etnicorraciais e com a diversidade como princípio institucional. A
criação e existência do UniRV-Diversidade pode ser pensada como
um dos reflexos desse compromisso ainda recente. Certamente,
novas demandas, projetos e ações serão desenvolvidas na tentativa
de suprir lacunas históricas e preencher esquecimentos sociais que
naturalizamos na historiografia local e nas práticas sociais.
Apesar do caráter municipal da UniRV e, na prática a políticas
de ação afirmativa restringir-se aos cursos de Medicina a imple-
mentação dessa política faz com que a instituição assuma compro-

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IDENTIDADE UNIRV: NOSSAS RAÍZES NUTRIDAS PELA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

missos políticos mais amplos, com uma educação para as relações


etnicorraciais, cuja existência do UniRV-Diversidade pode ser pen-
sada como um dos reflexos desse compromisso ainda recente. Cer-
tamente, novas demandas, projetos e ações serão desenvolvidas
na tentativa de suprir lacunas e preencher esquecimentos sociais
que naturalizamos na historiografia local e nas práticas sociais. 

EQUIDADE DE GÊNERO NA UNIRV

A luta das mulheres contra a opressão sempre esteve pre-


sente na sociedade, porém, o feminismo, como movimento social
organizado, nasce com a luta das mulheres pelo direito ao voto. A
partir disso, várias reivindicações foram incorporadas nessa luta,
por exemplo, a oportunidade de educação, o acesso a certas pro-
fissões e a igualdade salarial (COSTA, 1997; QUEIROZ et al., 2001).
As feministas buscaram e buscam trazer a visibilidade àquelas que,
ao longo da história, foram ocultadas, segregadas socialmente e
politicamente, tidas como não sujeitos, ou, como disse Simone de
Beauvoir, tidas como “o outro”. Passando o gênero a ser visto e tra-
tado como um produto social, aprendido, representado, transmitido
e institucionalizado ao longo da história (SORJ, 1992).
A inserção da mulher no mercado de trabalho vem carre-
gada de fatores que contribuem para a sua condição subordinada,
por exemplo, mulheres ganhando salários menores que os homens
exercendo a mesma atividade, dificuldades em galgar cargos de
chefia, alocação das mulheres em ocupações menos privilegiadas
no mercado de trabalho, não reconhecimento de competências
da mão de obra feminina, dentre outras condições desvantajosas.
Pensar as mulheres no mercado de trabalho nos leva a pensar em
sua qualificação e na sua relação com a educação. A universidade
se apresenta como um campo de luta feminista, pois, por meio de

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IDENTIDADE UNIRV: NOSSAS RAÍZES NUTRIDAS PELA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

suas representações e práticas, reproduz os estereótipos femininos


e as diferenças de gênero, o que contribui para a manutenção das
desigualdades entre homens e mulheres.
Em 2005, do total de inscrições em cursos superiores, 55,5%
eram mulheres. No mesmo ano, as mulheres que concluíram o
ensino superior totalizaram um percentual de 62,2% contra 37,8% de
homens que concluíram o ensino superior no mesmo período. Esses
dados podem passar uma sensação de evolução contínua, igualitária
e democrática de acesso das mulheres nas universidades, mas não
é bem assim. Em 2009, por exemplo, as mulheres representavam
maior porcentagem nas áreas consideradas “tipicamente femininas”
como ciências sociais, negócio e direito, educação, humanidades e
artes e serviços (SOUZA, 2020). 
O ensino no Brasil tem suas bases na sociedade patriarcal,
escravocrata e, desde o início, exerceu uma ação distintiva, com
múltiplos mecanismos classificatórios, de ordenamento e de hie-
rarquização, que excluem a maioria das mulheres e outros grupos
minoritários. Em 2021, as mulheres ainda representam uma parcela
reduzida da comunidade científica acadêmica. A desigualdade de
gênero nas universidades não envolve somente as estudantes: em
2005, as docentes do ensino superior que tinham titulação de dou-
torado somavam um percentual de 39,9%, enquanto os docentes
com a mesma titulação eram de 60,1% (SOUZA, 2020). 
A desigualdade de gênero dentro das universidades pode ser
notada por meio dos assédios morais, assédios sexuais, da menor
ocupação de professoras nos cargos de poder e conselho específi-
cos, nas piadas de conteúdo misógino ou machista em salas de aula,
como as que afirmam a menor capacidade intelectual das mulheres,
no medo internalizado de investidas sexuais indesejadas e, que mui-
tas vezes, são banalizadas e naturalizadas (D’OLIVEIRA, 2019).
Com o propósito de debater e trazer as estudantes da
UniRV a tomarem seu lugar de fala para relatar suas vivências e

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IDENTIDADE UNIRV: NOSSAS RAÍZES NUTRIDAS PELA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

experiências como mulheres estudantes, trabalhadoras e donas de


casas, foram promovidas rodas de conversas nos intervalos de aula
durante o primeiro semestre do ano 2019. Utilizando de caixa de
som e microfone e criando um espaço no próprio ambiente escolar,
os mediadores e mediadoras iniciavam as conversas por meio de
explicações sobre a diferenciação do feminismo e o machismo, e
convidando as estudantes para falarem sobre suas experiências e
suas percepções sobre o machismo vivenciado nos diversos am-
bientes em que frequentam.
Foram realizadas três rodas de conversas em prédios di-
ferentes para envolver todas as estudantes dos diversos cursos.
Surpreendentemente, não só as estudantes aderiram às falas, mas
os estudantes tomaram o microfone para expor suas experiências
como homens que vivenciam suas parceiras, irmãs, mãe, colegas,
amigas e outras, expostas ao sexismo e misoginia rotineiras, tanto
no trabalho, quando na família e na universidade.
Centenas de estudantes, homens, mulheres, trans e não
binários participaram das rodas de conversa, ressaltando a impor-
tância desse tipo de debate no ambiente acadêmico. As rodas de
conversa cumpriram sua finalidade em esclarecer sobre diversos
temas dentro dos feminismos existentes, reconhecer e ouvir as
diversas e distintas experiências e vivências dos mais diferencia-
dos(as) estudantes. Ainda, coletamos reivindicações e sugestões
de temas para futuras rodas de conversas.
Debater a equidade de gênero nas universidades se faz ne-
cessário enquanto as desigualdades persistirem. Dar voz a grupos
descriminalizados e oprimidos é dever daqueles que dirigem am-
bientes que promovem a educação e incentivam e fazem ciência.

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IDENTIDADE UNIRV: NOSSAS RAÍZES NUTRIDAS PELA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

DIVERSIDADE SEXUAL E DIÁLOGOS NO


AMBIENTE UNIVERSITÁRIO

A UniRV possui mais de seis mil estudantes divididos entre


os municípios de Rio Verde, Caiapônia, Aparecida de Goiânia, Goia-
nésia e Formosa, abrangendo uma diversidade de pessoas com
suas particularidades e subjetividades. Nesse contexto, existe a
necessidade de criar estratégias que vão em direção à democra-
tização do acesso e permanência no ambiente universitário de
grupos populacionais historicamente segregados e marginalizados
em virtude do seu ser.
A população LGBTQI+, refere-se, em sua primeira parte, à
orientação sexual da pessoa – “lésbicas, gays e bissexuais” – e, em
sua segunda parte, caracteriza o gênero – transexuais, travesti e
transgênero, como também queers, intersexuais e o “+”, que sim-
boliza todas as demais características diversas. Assim, destaca-se
a diversidade de indivíduos que podem estar inseridos, mesmo
com características epidemiológicas de subrepresentatividade, nos
espaços universitários. 
Nas últimas décadas, observa-se um aumento notório da
demanda em torno das discussões que permeiam o campo de
estudos sobre gênero e diversidade sexual, que surge partir dos
novos arranjos sociais e principalmente das reivindicações partidas
dos movimentos sociais, o que permite o subsídio a processos
de enfrentamento ao preconceito e violência (PISCITELLI, 2008).
Trata-se de compreender como se produz um espaço social que
limite o menos possível as formas de viver e existir no mundo, pois
a imposição de uma heteronormatividade impossibilita a expressão
e vida de muitos (BUTTLER, 2004), de forma que os efeitos da
homofobia determinam sofrimento psíquico, isolamento social e
vulnerabilidade (SEARS, 2005).

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IDENTIDADE UNIRV: NOSSAS RAÍZES NUTRIDAS PELA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

A realidade demonstra que ainda existe dentro de ambientes


universitários comportamentos que contribuem para a exclusão da
população LGBTQI+, como a prática de bullying homofóbico, que
acarreta consequências significativas para os/as estudantes, afe-
tando diretamente a saúde mental dessa população, o que pode
resultar em abandono dos espaços universitários. 
Convicta da responsabilidade enquanto ambiente de re-
flexão e transformação social, a UniRV desenvolveu, por meio do
programa UniRV Diversidade, ações que tem o objetivo de trazer
reflexão sobre a diversidade sexual para a comunidade acadêmica
da instituição. O programa oferta possibilidade de espaços de escu-
ta e fala em debates sobre gênero e diversidade sexual tanto para
os discentes como também para os docentes da universidade.
As ações são realizadas por meio de um cronograma de de-
bates sobre a diversidade sexual utilizando apresentações teóricas,
imagens, vídeos e situações problematizadoras por meio de parti-
cipação efetiva dos integrantes, com foco nas reflexões acerca da
intersexualidade nas universidades. Os convites são realizados aos
estudantes e professores por meio das redes sociais e em grupos
de mensagens ressaltando a temática que será discutida em cada
encontro. As questões norteadoras dos debates perpassam desde
os entraves vivenciais na sociedade entre o grupo LGBTQI+ até as
particularidades de saúde suscitados dessa população. 
Além disso, as redes sociais têm sido uma importante fer-
ramenta para trazer as questões relacionadas à diversidade sexual
para um número significativa de pessoas que acompanham os con-
teúdos postados digitalmente. Rotineiramente, conteúdos gráficos
são produzidos com temas pertinentes à comunidade LGBTQI+,
com o intuito de possibilitar a reflexão das questões que influenciam
diretamente a vida dessa população. 
Outro aspecto importante que merece destaque na luta pela
democratização do espaço universitário para acolher a diversidade

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IDENTIDADE UNIRV: NOSSAS RAÍZES NUTRIDAS PELA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

de alunos que compõem a nossa universidade se refere à iniciativa da


Reitoria da UniRV em implementar banheiros unissex nos prédios da
instituição. A implementação dos banheiros unissex ocorreu em 2017
e sofreu algumas críticas com teores conservadores e moralistas. No
entanto, a administração da UniRV resistiu às críticas infundadas e
manteve a possibilidade de utilização de espaços que possam ser
acolhedores para a diversidade de estudantes que estão realizando
o sonho da formação do ensino superior em nossa universidade. 
Sendo assim, a UniRV, por meio do programa UniRV Diver-
sidade, denota como importantes ferramentas para acolhimento a
reflexão e diálogo entre diferentes sujeitos que compõem as po-
pulacionais minoritárias sexualmente, mas também indivíduos que
não estão inseridos nesses grupos populacionais, mas que necessi-
tam de estímulos para mudança de concepção frente a diversidade
sexual existente na humanidade. 

AS PERSPECTIVAS DO UNIRV DIVERSIDADE

Ainda há muito que ser feito para que conseguimos efetivar


as ações do UniRV Diversidade. No entanto, é importante ressaltar
que o programa serve como um canal de diálogo para a comuni-
dade acadêmica, possibilitando aos mesmos debater as questões
pautadas no campo da diversidade e dos direitos humanos, a partir
de um olhar reflexivo que proporciona experiências no ensino, na
pesquisa e na extensão a partir de um trabalho desenvolvido no
campo da educação, movimentos sociais, direitos humanos, rela-
ções étnico-raciais, gênero e diversidade sexual. 
Estamos trabalhando constantemente para que ocorra a
interação dialógica entre os movimentos sociais para participação
nas atividades preconizadas no cronograma tendo em vista a parti-
cipação ativa de membros externos à UniRV.

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IDENTIDADE UNIRV: NOSSAS RAÍZES NUTRIDAS PELA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

A participação nesse campo constitui experiência transfor-


madora, pois potencializa um olhar humanizado para o outro, provo-
cando o sujeito a pensar acerca de um conjunto de questões sociais,
culturais e políticas e desencadeia um processo de emancipação,
a partir de uma perspectiva crítica, reflexiva e também humanizada.
Nesse sentido, o outro é compreendido, enquanto um sujeito de
direito, mas também enquanto um agente de transformação, que
deve estar preparado para atuar como atores de transformação
social ancorada na prática da cidadania, democracia e justiça social.
O programa ainda permite a atuação junto à comunidade e
movimentos sociais da região, contribuindo para uma maior apro-
ximação da universidade com as demandas apresentadas pela
população local.
O grupo de professores que assina esse capítulo está con-
victo da importância do apoio institucional para a concretização
das ações propostas, tendo em vista a responsabilidade da UniRV
em formar profissionais com considerável conhecimento técnico,
mas também com reflexão nas questões que envolvem a vida das
pessoas. Temos a certeza de que teremos um importante caminho
ainda a trilhar e estamos motivados em continuar contribuindo para
a reflexão dos aspectos que permeiam as vidas da comunidade
acadêmica da Universidade de Rio Verde.

REFERÊNCIAS

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nacionalismo. São Paulo: Companhia da Letras, 2008.

BOURDIEU, Pierre. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico.
São Paulo: Editora UNESP, 2003.

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COSTA, Ana Alice. O Feminismo acabou? Trajetórias e perspectivas para o milênio. Bahia
Análise & Dados, Salvador, v. 7, n. 2, set. 1997.

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IDENTIDADE UNIRV: NOSSAS RAÍZES NUTRIDAS PELA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

D’OLIVEIRA, Ana Flávia. Invisibilidade e banalização da violência contra as mulheres na uni-


versidade: reconhecer para mudar. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, [s. l.], v. 23, p.
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PISCITELLI, A. Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes


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