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Professora Me. Fernanda Tiosso Sampaio
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Olá aluno (a), parabéns por ter chegado até aqui, a partir de agora iremos iniciar uma
nova jornada juntos. Iniciaremos, desbravando os conceitos fundamentais sobre o universo
dos materiais que estão disponíveis para utilizarmos em nossos projetos de design, ou seja,
vocês conhecerão o conceito de ciência dos materiais, a classificação dos materiais e suas
propriedades, assim servindo de base para que façam melhores escolhas de aplicação dos
materiais em seus projetos.
A partir da Unidade II, começaremos a aprofundar o estudo sobre cada categoria
de material, iniciando pelo estudo dos materiais naturais. Nesse momento iremos explorar
as categorias de materiais naturais orgânicos e inorgânicos que são as bases fundamentais
para compreender a importância dos materiais e suas diversas aplicações.
Já na Unidade III, vamos ampliar nosso estudo sobre os materiais e iremos conhecer
as propriedades, fabricação e aplicação de materiais produzidos industrialmente como as
cerâmicas, vidros e polímeros.
Depois, na Unidade IV, fechamos a disciplina com o estudo do universo dos
materiais metálicos, aqui vocês conhecerão as propriedades, características e aplicações
dos materiais metálicos ferrosos e não-ferrosos, bom como, conhecerão as formas de
produção para obtenção das peças metálicas, e ainda traremos algumas questões sobre
os materiais compostos chamados compósitos
Vamos juntos percorrer essa jornada de muita descoberta e curiosidades sobre o
infinito universo dos materiais, uma vez que seria impossível a disciplina esgotar todos os
materiais existentes então aqui proponho que você aluno (a) como futuro designer aprenda a
pesquisar e aplicar os materiais mais adequados para seus projetos, assim, eu acredito que os
conhecimentos aqui propostos, irão contribuir muito para seu crescimento pessoal e profissional!
Bons Estudos!
SUMÁRIO
UNIDADE I....................................................................................................... 4
Ciências dos Materiais
UNIDADE II.................................................................................................... 25
Tipologia e Propriedades dos Materiais Naturais
UNIDADE III................................................................................................... 48
Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos
UNIDADE IV................................................................................................... 72
Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos
UNIDADE I
Ciências dos Materiais
Professora Me. Fernanda Tiosso Sampaio
Plano de Estudo:
● Introdução à ciência dos materiais;
● Classificação dos materiais;
● Propriedades dos materiais;
● Os materiais no projeto de design: critérios de escolha e delimitação conceitual.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer e conceituar a ciência dos materiais;
● Compreender as propriedades dos materiais;
● Aprender a classificação dos materiais;
● Entender a seleção dos materiais nos projetos.
4
INTRODUÇÃO
Você já parou para pensar que a evolução da humanidade caminhou junto com a
evolução da utilização dos materiais disponíveis? O ser humano foi capaz de utilizar todo
tipo de material natural disponível para construir utensílios úteis para a sobrevivência na
Terra, depois com a descoberta dos materiais artificiais e com o desenvolvimento industrial
diversos materiais foram e continuam sendo criados diariamente.
Nessa primeira unidade vamos nos familiarizar com os conceitos de ciência dos
materiais, conhecer e compreender as propriedades dos materiais e como elas serão
importantes para o design de produtos, também iremos avançar e conhecer a classificação
dos materiais e finalizados essa unidade com reflexões e ferramentas sobre a escolha dos
materiais na delimitação conceitual e projetual dos produtos.
Aproveite!
Podemos dizer que existem por volta de 100 mil materiais diferentes disponíveis
para utilização (ASHBY e JOHNSON, 2011). Porém para fazer escolhas acertadas, o
designer deve refletir quanto às questões estéticas, funcionalidade, recursos naturais e
propriedades dos materiais que irão compor seu projeto final, portanto, conhecer permite
inovar, nesse sentido ensinam Ashby e Johnson:
Materiais não são apenas números em uma planilha de dados. E design
não é um exercício de estética sem sentido nem uma exploração isolada
da tecnologia. O que importa é o processo de achar soluções que sejam
significativas para as pessoas, que proporcionem novas experiências
e inspirem e criem impacto positivo na sociedade e em nossa vida diária
(ASHBY e JOHNSON, 2011, p. 04).
Um dos maiores questionamentos dos (as) alunos (as) de design é sobre qual
material eu devo utilizar no meu projeto? Essa é uma pergunta que não possui uma única
resposta correta, uma vez que não existe material certo ou errado, o que existe é material
bem ou mal utilizado.
Dessa forma, é possível perceber que os estudos dos materiais é uma área muito
abrangente, ao fazermos o levantamento bibliográfico que têm como foco o estudo dos
materiais, encontramos diferentes formas de classificação dependendo do enfoque dado.
Para os estudos de Shackelford (2008, p. 03), ele distingue “cinco categorias que
compreendem os materiais disponíveis aos engenheiros praticantes: metais, cerâmicas e
vidros, polímeros, compósitos e semicondutores”. Já para Lesko (2012), limita seus estudos ao
que ele chamada de materiais de engenharia (metais, plásticos, borrachas e elastômeros e os
materiais de engenharia sendo: cerâmicas de engenharia, vidro, carbono manufaturado, metais
duros e refratários, e exclui os materiais naturais). A classificação dada por Lima (2006) é uma
das poucas que incluem os materiais naturais em sua classificação dos materiais.
Para fins didáticos, optamos por fazer uma classificação dos materiais de forma
que visa atender as necessidades dos designers, compreendendo as seguintes famílias
de materiais que estão apresentados no Quadro 01, sendo: Materiais naturais: orgânicos
de fonte vegetal, orgânicos de fonte animal e inorgânicos; e os Materiais de engenharia:
cerâmicos, polímeros, metais e os compósitos.
SAIBA MAIS
Em São Paulo, é possível visitar a Primeira Biblioteca de Materiais, chamada BA-Z, que
está localizada no núcleo de Design da Belas Artes. A Biblioteca BA-Z é um laboratório
de educação, desenvolvimento e pesquisa de materiais. Para o público é possível
agendar visitas, que tal montar um grupo e fazer uma excursão para conhecer esse
incrível acervo com mais de 5.000 tipos de materiais.
Da mesma forma que já dissemos não haver material certo ou material errado, mas
sim material bem ou mal utilizado, também devemos refletir sobre a impossibilidade de um
designer conhecer detalhadamente todos os materiais disponíveis, e estar acompanhando
todas as inovações tecnológicas que surgem diariamente.
Portanto, para buscar a melhor utilização dos materiais, o designer deve ter
conhecimento sobre as propriedades dos materiais que são os princípios gerais que governam
o funcionamento da matéria, por isso é importante o estudo das propriedades dos materiais.
Todo material que existe no planeta terra é constituído por agrupamentos de átomos,
que organizados, formam moléculas e que variam na configuração e na quantidade, é
essa variação na forma em que estão dispostos que irá determinar o comportamento da
matéria (LIMA, 2006).
Os materiais devem ser estudados e analisados quanto às suas propriedades,
estas podem ser físicas, que incluem as propriedades mecânicas, térmicas, elétricas óticas
e estabilidade dimensional; químicas ou físico-químicas, conforme descrito no Quadro 2.
“As propriedades físicas avaliam o comportamento do material sob ação de esforços
mecânicos, do calor, da eletricidade ou da luz” (LIMA, 2006, p. 06). Já as propriedades
químicas estão relacionadas com o “desempenho/comportamento do material quando em
contato com a água, ácidos, bases, solventes, etc” (LIMA, 2006, p. 07).
1 - PROPRIEDADES MECÂNICAS
2 - PROPRIEDADES TÉRMICAS
3 - PROPRIEDADES ELÉTRICAS
4 - PROPRIEDADES ÓPTICAS
6 - DENSIDADE
PROPRIEDADES QUÍMICAS
A grande maioria dos materiais quando modificados para sua forma fibrilar “como
cordas, cabos de aço, tecidos, tendem a aumentar seu desempenho quando submetidos a
esforços de tração” (LIMA, 2006, p. 08).
O nosso mundo é cercado por materiais, dos mais diversos, rodeiam nosso cotidiano
participando de todas nossas funções, essa é a principal característica da humanidade a sua
capacidade de produzir objetos, criar, projetar e também de dar significado aos materiais
além da sua aparência física, também atribuindo sentidos, simbolismos e sentimentos.
Assim, o projeto de design deve agregar diversas etapas para sua delimitação, mas
sempre lembrando que o importante é “achar soluções que sejam significativas para as
pessoas, que proporcionem novas experiências e inspirem e criem impactos positivos na
sociedade” (ASHBY e JOHNSON, 2011, p. 04).
No projeto de design, os materiais desempenham dois papéis que se sobrepõem:
o de proporcionar funcionalidade técnica e o de criar personalidade para o produto (ASHBY
e JOHNSON, 2011, p. 05). Portanto, o ideal é que as análises quanto às escolhas dos
materiais sejam feitas de forma global no projeto onde as decisões quanto ao design do
produto estejam interligadas às decisões técnicas dos materiais.
Segundo Ashby e Johnson (2011) o projeto técnicos dos produtos envolve a
análises dos materiais quanto às suas propriedades, ou seja, descreve-se como o material
funciona e como é feito, e o projeto de design leva em conta outros atributos dos materiais
que serão utilizados nos produtos, como, por exemplo, as sensações táteis, percepções
visuais, aspectos simbólicos e referências estéticas, e etc… que são atributos relacionados
à personalidade do produto.
LIVRO
Título: Cinquenta Cadeiras que mudaram o mundo
Autor: Design Museum, tradução Elisa Nazarian (Tradutor).
Editora: Autêntica.
Sinopse: Este livro apresenta cinquenta design de cadeiras e
seus criadores, explorando as questões que deram um status
diferenciado para esse produto e um lugar na história do design.
FILME
Título: Kinky Boots - fábrica de sonhos
Ano: 2005.
Sinopse: Nesta extravagante comédia, Charlie Price (Joel
Edgerton) herda uma fábrica tradicional de calçados que está falida,
na sua tentativa de reerguê-la conta com a ajuda de Lola (Chiwetel
Ejiofor), um transformista de cabaré. Esta inusitada parceria será
fundamental para mostrar como surge uma oportunidade de
negócio, as dificuldades em inovação e também será uma aula
sobre processo de design e escolha adequada de materiais.
Plano de Estudo:
● Introdução aos materiais naturais;
● Materiais naturais orgânicos de fonte animal;
● Materiais naturais orgânicos de fonte vegetal;
● Materiais naturais inorgânicos.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer e conceituar os materiais naturais;
● Conhecer e analisar a aplicabilidade dos principais materiais
naturais de origem animal, vegetal e inorgânicos.
25
INTRODUÇÃO
Aproveite!
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e Propriedades
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1. INTRODUÇÃO AOS MATERIAIS NATURAIS
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e Propriedades
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Material natural é todo aquele extraído pelo homem da natureza, de forma
planejada ou não, sendo que para a sua utilização artesanal ou industrial
não tenha havido modificações profundas em sua constituição básica. Um
material natural pode ser orgânico se obtido de um animal ou de um vegetal
ou inorgânico se obtido de um mineral.
Portanto, os materiais naturais são aqueles que podem ser utilizados da forma mais
próxima da qual é encontrada na natureza e dividem-se em materiais orgânicos de fonte
animal, materiais orgânicos de fonte vegetal e materiais naturais inorgânicos.
Já os materiais que passam por processos industriais de transformação são
chamados de materiais artificiais, materiais industriais ou materiais de engenharia, como
por exemplo os plásticos, os vidros e as ligas metálicas.
REFLITA
“Os materiais naturais – pedra, tijolo e madeira – deixam que nossa visão penetre em suas
superfícies e permitem que nos convençamos da veracidade da matéria. Os materiais
naturais expressam sua idade e história, além de nos contar suas origens e seu histórico
de uso pelos humanos. Já os materiais industrializados atuais – chapas de vidro sem
escala, metais esmaltados e plásticos sintéticos – tendem a apresentar suas superfícies
inflexíveis aos nossos olhos sem transmitir sua essência material ou sua idade.”
Fonte: PAIVA, R. B. F. Design e emoção: conceitos fundamentais. p.25 In: Design, artefatos e sistema
sustentável / organização de Amilton J. V. Arruda, Paulo Cesar Machado Ferroli, Lisiane Ilha Liberlotto.
São Paulo: Blucher, 2018.
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2. MATERIAIS NATURAIS ORGÂNICOS DE FONTE ANIMAL
2.1 A seda
A seda é originalmente da China e cultivada há mais de 5 mil anos, há indícios da
sua aparição na Europa no Século VI a.C., o seu comércio deu origem a uma das primeiras
companhias globais do mundo.
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De suas origens, no coração da “rota da seda”, ela emergiu recentemente como
um material renovável com bastante potencial além da indústria do vestuário (LEFTERI,
2017, p. 58).
A seda é um material orgânico de origem animal, produzido a partir da secreção
do bicho-da-seda (bombyx mori), a lagarta do bicho-da-seda, Figura 01, possui pequenas
aberturas em sua cabeça que soltam dois finos fluxos de um líquido viscoso, que em contato
com o ar se solidificam formando os filamentos do fio da seda, dessa forma o bicho-da-seda
produz seu casulo, que é possível ver ao fundo da Figura 01, onde irá completar o seu ciclo
de vida de larva para pupa e depois em mariposa.
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2.2 A lã
A domesticação de animais como carneiros e a cabras data de aproximadamente
9.000 a.C., porém filamentos de tecidos primitivos feitos de lã foram descobertos na região
da Turquia e indicam datar de 9 milhões de anos atrás. (CHATAIGNIER, 2006). Assim,
podemos perceber que a relação dos humanos com a tecelagem dos pelos de animais
é algo que data de milhões de anos e, por isso, podemos encontrar a utilização desses
materiais nos mais diversos ambientes, produtos e equipamentos.
A lã é um uma fibra de origem animal que pode ser obtida dos pelos de diversos
animais, entre eles, podemos citar as várias raças de carneiros, (Figura 02) que são mais
comuns e o maior fornecedor de material para lã. Também obtemos lã de outros animais
como a alpaca, guanaco, lhama e vicunha (naturais da América do Sul), de cabras (oriundas
da Ásia são as mais utilizadas para produção de cashmere, mohair e angorá), coelhos da
Europa, e ainda camelos e dromedários da Ásia e da África (CHATAIGNIER, 2006).
No vestuário, a lã é amplamente utilizada, desde peças básicas até vestuário pesado
de inverno, e nos mais diversos acessórios como meias, luvas, echarpes, etc. A lã também
é muito utilizada em produtos para cama, mesa e decoração, tendo seu “principal emprego
na tapeçaria, tanto para forrar o chão como para ornar paredes em forma de paneau [...]
encontra-se nas tramas de veludos que forram cadeiras e afins” (CHATAIGNIER, 2006, p. 36).
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2.3 O Couro
Quando pensamos em objetos de couro, tanto em acessórios como bolsas até em
estofados, a imagem que nos vem à mente é de elegância, poder e luxo, isso acontece
porque temos vínculos emocionais com as superfícies (Figura 02), e como ensina Lefteri
que o couro é “o” material sensorial uma vez que “ele tem um cheiro próprio, quente, com
uma superfície que apresenta texturas individuais, e chega até a emitir um som quando é
rasgado” (LEFTERI, 2017, p. 62).
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Outro destaque é sobre o couro de peixe que apresenta a característica de ser
um material forte “Isso é devido à sua estrutura de fibras cruzadas, diferente do couro
bovino, no qual as fibras se alinham em uma mesma direção. Esse padrão natural de fibras
cruzadas torna o couro de peixe mais forte que outros couros” (LEFTERI, 2017, p. 64),
por ser um mercado muito lucrativo devemos ter preocupações quanto às questões de
sustentabilidade e preservação ambiental, nesse sentido salienta Lefteri:
Para assegurar que as espécies não corram risco de extinção como resultado
dos negócios envolvendo o couro de animais exóticos. assim, o couro de
peixe deve ser fornecido por fontes certificadas, e a espécie animal não pode
estar ameaçada. de acordo com os produtores, nenhum dos peixes usados
para a obtenção do couro está na lista de espécies ameaçadas. eles podem
ser encontrados nas peixarias (LEFTERI, 2017, p. 64).
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3. MATERIAIS NATURAIS ORGÂNICOS DE FONTE VEGETAL
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3.1 O Algodão
“O Algodão é a fibra mais usada no mundo, cerca de três quartos da população
mundial a utiliza no vestuário” (CHATAIGNIER, 2006, p. 39), só essa informação já é
suficiente para entender a importância dessa fibra natural para o design de produtos, porém
suas aplicabilidades vão muito além do vestuário, servindo desde telas de pintura até à
encadernação de livros.
As fibras de algodão que são utilizadas para fiação, tecelagem ou malharia são
extraídas das flores do algodão (Figura 4) e apresentam-se “em diversas cores, dependendo do
clima e da espécie: branca, azulada, rosada, amarelada” (CHATAIGNIER, 2006, p. 41), por isso
encontramos algodão orgânico colorido, que não passa por processos químicos de coloração.
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A aplicabilidade do algodão é bastante vasta devida às suas características e
propriedades, como por exemplo a sua resistência, ela é a “fibra mais resistente, podendo
ficar séculos com conservação razoável e é menos vulnerável a traças, mofos e fungos
(CHATAIGNIER, 2006, p. 40), assim encontramos o algodão sendo utilizado em todos os
ramos do vestuário, indo desde roupa para bebês até vestidos de noiva, passando pela
produção do jeans e até roupa de cama, mesa e banho, redes, almofadas e tapetes.
SAIBA MAIS
3.2 A Cortiça
A cortiça é um material natural extraído da casca subcutânea do carvalho-corticeiro,
a “colheita da cortiça sempre acontece no verão, quando a casca se expande e solta do
tronco interno da árvore” (LEFTERI, 2017, p. 72) esse material apresenta vá curiosidades
interessantes, como por exemplo o fato de que “as árvores de cortiça absorvem até cinco
vezes mais Co2 do que as outras árvores” (LEFTERI, 2017, p.72) e é um dos muitos
recursos naturais rapidamente renováveis.
Mesmo parecendo um material simples e antigo, a cortiça ainda ocupa um papel
importante no design de produtos, inclusive ela é utilizada em ônibus espaciais ela “protege
os tanques de combustível na reentrada da atmosfera terrestre, por causa dos 40 milhões
de bolhas de ar contidas no espaço de 1 cm de cortiça.” (LEFTERI, 2017, p. 72), e como
podemos ver na Figura 05 sua aplicação em objetos de fisioterapia.
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FIGURA 5 - PRODUTOS DE FISIOTERAPIA DESENVOLVIDOS EM CORTIÇA
3.3 O Bambu
O Bambu é outro material natural de origem vegetal que merece destaque,
segundo Ashby e Johnson (2001) e Lefteri (2017) o bambu é uma dádiva da natureza para
o design porque ele é um tubo natural, forte e é um dos materiais de construção mais leve
da natureza, ainda apresenta propriedades estruturais, nutricionais e medicinais, cresce
com muita rapidez, podendo chegar a 15 metros de altura, sem contar com seu apelo
sustentável, uma vez que “é um material tão propalado pelo movimento “verde” que nos
leva a crer que tudo o que é feito de bambu parece ser ecologicamente correto (LEFTERI,
2017, p. 74). Nesse sentido, Librelotto e Ferroli (2017), explicam:
Tido como um material alternativo inovador o bambu está, de modo quase
consensual, classificado nesta modalidade junto a outros materiais, que
englobam, por exemplo, fibra de coco, casca de árvore, couro de peixe,
junco, cânhamo, palha de trigo e fibras de cenoura (para citar alguns). Estes
materiais recebem essa denominação de alternativos porque, ao contrário dos
chamados materiais tradicionais (ou convencionais), estão em processo de
experimentação ou ainda não possuem normas técnicas nacionais correntes
que orientem seu uso (LIBRELOTTO e FERROLI, 2017, p. 193).
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Com todas essas características, o bambu é considerado um dos mais “versáteis
dos materiais, pode ser fracionado em tiras, que podem ser entrelaçadas para gerar
cestos e móveis” (LEFTERI, 2017, p. 74). Também sendo muito usado em “construção
e andaimes, para telhados e assoalhos, para tubos, baldes, cestas, bengalas, varas de
pescar, venezianas, tapetes, flechas e móveis” (ASHBY e JOHNSON, 2011, p. 257).
Por seu apelo de material sustentável e ecológico, o bambu é uma fonte inesgotável
de possibilidades para o designer, seja em sua aplicação na arquitetura, conexões estruturais
(engenharia), móveis até nos objetos mais simples do cotidiano e, atualmente está sendo
muito utilizado para o design de objetos como utensílios de cozinha (Figura 06) e muitos
outros como as escovas de dentes e armações de óculos, como assegura Lefteri que se o
bambu tivesse sido inventado pelo homem ele “teria a conotação de material-maravilha, no
mesmo nível do Teflon e do Velcro” (LEFTERI, 2017, p. 74).
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e Propriedades
Materiais dos Materiais Naturais 38
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre o Bambu e suas propriedades maravilhosas, aplicações no design
e teste de sustentabilidade, leia o artigo “Materiais e sustentabilidade: aplicações do
bambu em arquitetura, design e engenharia”, apresentado no Capítulo 8 do Livro: Design,
Artefatos e Sistema Sustentável. Disponível no acervo virtual da “Minha Biblioteca”
Fonte: ARRUDA, A. J. V.; FERROLI, P. C. M.; LIBRELOTTO, L. L. Design, Artefatos e Sistema Sustentável.
Editora Blucher, 2017. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580392982/.
Acesso em: 16 mar. 2022.
3.4 As madeiras
As madeiras são materiais naturais de origem vegetal e registra-se como sendo
o material mais antigo utilizado pela humanidade para desenvolver objetos e habitações,
(LIMA, 2006; ASHBY e JOHNSON, 2011) sendo até hoje amplamente explorada pela
facilidade de obtenção e, se aliada às práticas de renovação de reservas florestais “por
meio de manejos adequados, permite considerarmos este grupo de materiais praticamente
inesgotável, se explorada de forma consciente” (LIMA, 2006, p. 86).
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De forma geral, as madeiras apresentam algumas características e propriedades
em comum, como por exemplo: baixa densidade, “boa resistência à flexão, à tração e ao
impacto, sendo também, bons isolantes térmicos e elétricos, [...] um material combustível
e, sem os devidos tratamentos, é sensível à umidade e vulnerável ao ataque de fungos e
bactérias” (LIMA, 2006, p. 86).
Pela diversidade natural da vegetação, as madeiras apresentam uma grande
gama de cores, desenhos e texturas, a madeira também é “fácil de usinar, esculpir e
unir e, quando laminada, pode ser moldada em formas complexas. E é esteticamente
agradável, tanto em cor quanto em toque, e associada com artesanato e qualidade.”
(ASHBY e JOHNSON, 2011, p. 258).
Sendo utilizadas em uma enorme variedade de projetos de design desde estruturas
para construção civil até outros campos como o mobiliário, utensílios domésticos, decoração
e revestimento (ASHBY e JOHNSON, 2011).
No campo do design de móveis o trabalho de Joaquim Tenreiro é excelente exemplo
de aplicação da madeira de forma inovadora e com reconhecimento artístico. No cenário
atual há vários designers brasileiros com grande prestígio no cenário moveleiro, como:
Gustavo Bittencourt, Rodrigo Simão, Guga Casari.
SAIBA MAIS
Conheça o trabalho da BVRio, associação civil sem fins lucrativos, que atua no sentido
de desenvolver e propor soluções de mercado para diferentes tipos de ativos ambientais.
Em parceria com o manejo florestal comunitário COOMFLONA e designers brasileiros,
desenvolveram uma série documental.
A iniciativa Design & Madeira Sustentável promove a união entre design e responsabilidade
socioambiental, levando designers brasileiros de renome internacional diretamente ao
coração da Amazônia. Para saber mais sobre o trabalho da BVRio
Acesse: https://www.bvrio.org/pt/design-sustainable-wood
UNIDADE II
I Tipologia
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Materiais dos Materiais Naturais 40
3.4.1 A produção da madeira
As madeiras maciças são extraídas dos troncos das árvores, podem ser do tipo de
árvores “exógenas que compreendem as coníferas (gimnospermas - sem frutos para geração
de sementes) e as folhosas ou frondosas (angiosperma - sementes nos frutos)” (LIMA,
2006, p. 86). Os troncos cortados em secção transversal irão apresentar características
sempre semelhantes, compostos por círculos que são: a casca, o alburno, o cerne e a
medula, conforme Figura 8:
Segundo Lima (2006), a casca tem a função protetiva, contra agentes externos e
parasitas, exceto raras exceções como é o caso da cortiça, a casca não é aproveitada, a
medula é a parte central do tronco e tem a estrutura esponjosa e geralmente é rejeitada, já
a parte aproveitada comercial leva o nome de lenho e é formado pelo alburno e pelo cerne.
O alburno “é responsável pelo transporte de seiva cerne da árvore viva sendo, em
muitos casos, a região que apresenta uma coloração levemente mais clara da secção do
tronco” (LIMA, 2006, p. 87) e o cerne “tem função de sustentação estrutural da árvore. É a
região constituída por células mortas da árvore e no qual podemos encontrar os anéis de
crescimento do vegetal. Em termos comerciais, é a região mais apreciada” (LIMA, 2006, p. 87).
A produção da madeira passa por diversas etapas iniciando pela derrubada da
árvore, que será obtido o troco (Figura 7) que posteriormente passará por diversas etapas de
processamento onde será possível obter a madeira maciça, e também outros produtos como
o papel, papelão, aglomerado, MDFs, laminados e compensados, entre outro (LIMA, 2006).
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I Tipologia
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e Propriedades
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A primeira etapa da produção é a toragem, que corresponde ao corte em peças
com comprimento em torno de 6 mm, posteriormente, já nas serralherias, as toras podem
ser submetidas ao fraquejo e ao desdobro, como no exemplo da Figura 08, que são cortes
para obtenção da madeira maciça, porém podem ser submetidas à outros processos para
obtenção de materiais diversos, como “torneamento (produção de chapas para compensado),
faqueamento (produção de folhas para revestimento), descascamento (produção de cavacos
para fabricação de aglomerados, MDFs, papelão etc.) (LIMA, 2006, p. 89).
Segundo Lima (2006) as madeiras maciças podem ser divididas em dois grupos,
que são as economicamente reflorestáveis e as nativas, que são obtidas por exploração
de florestas naturais, e devem ser utilizadas apenas aquelas com uso recomendado pelo
Laboratório de Produtos Florestais do IBAMA. Para fins didáticos torna-se impossível explicar
as características e aplicações de todas espécies de madeiras, porém esse conhecimento
é fundamental para o designer, que deve buscar em publicações especializadas do setor.
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e Propriedades
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SAIBA MAIS
Fonte: RIZZINI, C. T. Árvores e madeiras uteis do Brasil (2nd edição). Editora Blucher. 1978. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788521216629. Acesso em: 10 mar. 2022.
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4. MATERIAIS NATURAIS INORGÂNICOS
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I Tipologia
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e Propriedades
Materiais dos Materiais Naturais 44
Portanto, esses materiais para serem considerados materiais naturais são aqueles
que podem ser encontrados ou extraídos prontos para o uso, não passam por nenhum
processo de transformação, apenas passando por processos de acabamentos como:
“lavagem, polimento, redução de tamanho, flambagem, apiloamento, jateamento (com areia)
e/ ou espelhamento (polimentos sucessivos com equipamento especializado e utilização de
abrasivos)” (ABITANTE e LISBOA, 2017, p. 01-02).
Segundo Abitante e Lisboa (2017) algumas pedras com o granito, o basalto, o
diorito, a ardósia, o arenito, o calcário e o dolomito, a gnaisse, o mármore e o quartzito, são
as mais utilizadas na construção civil, porém, elas podem ser utilizadas de diversas formas
no design de produtos, temos hoje no Brasil vários designers de mobiliário e decoração
que utilizam pedras naturais de formas inovadoras, como por exemplo os trabalhos de Etel
Carmona e Ivan Rezende e Natalia Scarpati.
SAIBA MAIS
UNIDADE II
I Tipologia
Ciências dos
e Propriedades
Materiais dos Materiais Naturais 45
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE II
I Tipologia
Ciências dos
e Propriedades
Materiais dos Materiais Naturais 46
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Diamante: a pedra, a gema, a lenda
Autor: Mario Luiz de Sá Carneiro Chaves e Luís Manuel Chambel
F. Rodrigues Cardoso.
Editora: Oficina de Textos.
Sinopse: O livro tem seu enfoque na Mineração do Diamante no
Brasil, falando sobre o futuro da mineração e dá destaque especial
para os depósitos em Minas Gerais. O livro está disponível em sua
Biblioteca virtual Parsons.
LIVRO
Título: Inovação nas Técnicas de Acabamentos decorativos em
Sementes Ornamentais Brasileiras: design aplicado a produtos
com perfil sustentável
Autor: Lia Paletta Benatti.
Editora: Blucher.
Sinopse: A pesquisa apresenta as sementes ornamentais
brasileiras e sua relação com a moda, a joalheria e o mercado
das biojoias. Observando os produtos no mercado e os trabalhos
mais diferenciados presentes nos ramos de moda e joalheria,
descobriu-se um campo aberto para o foco da presente pesquisa.
O livro está disponível em sua Biblioteca virtual Parsons.
FILME/VÍDEO
Título: Enquanto o Trem não Passa
Ano: 2013.
Sinopse: Essa produção é um documentário em curta-metragem
produzido pelo coletivo Mídia NINJA em parceria com o Comitê
Nacional em Defesa dos Territórios Atingidos pela Mineração. Tra-
ta dos impactos sociais e ambientais das atividades mineradoras
sobre as comunidades próximas a suas áreas de atuação.
UNIDADE II
I Tipologia
Ciências dos
e Propriedades
Materiais dos Materiais Naturais 47
UNIDADE III
Tipologia e Propriedades dos
Materiais Não Metálicos
Professora Me. Fernanda Tiosso Sampaio
Plano de Estudo:
● Cerâmicos;
● Vidros;
● Polímeros Sintéticos.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer e conceituar os materiais cerâmicos;
● Diferenciar os materiais cerâmicos e os vidros;
● Descrever os materiais polímeros;
● Analisar a aplicabilidade dos principais materiais não metálicos.
48
INTRODUÇÃO
Aproveite!
Lefteri (2017) assegura que as cerâmicas apesar de ainda terem muita relação com
a arte e a porcelana, elas passaram por grandes transformações industriais nos últimos 40
anos e agora há uma nova geração de cerâmicas técnicas avançadas.
Essa nova geração de cerâmicas são as chamadas cerâmicas especiais, cerâmicas
avançadas ou cerâmicas de engenharia (LEONEL, 2020; LESKO, 2012) que compreende
algumas cerâmicas com aplicações focadas em suas propriedades elétricas, magnéticas e
ópticas, como por exemplo os chamados semicondutores, e muitos outros que são usados
como “ferramenta de corte, válvulas, mancais e em equipamentos de processos químicos.
Na indústria de eletrônicos, os materiais cerâmicos são usados em chips, supercondutores,
ímãs, capacitores e transdutores” (LESKO, 2012, p. 312).
Um exemplo desses novos materiais é a alumina e a zircônia, duas das cerâmicas
avançadas mais usadas, “elas estão ajudando a transformar a definição de cerâmica em
um material de tecnologia avançada e luxo, quando aplicado ao design voltado para o
consumidor” (LEFTERI, 2017, p. 221).
A seguir, conheceremos as principais matérias-primas, suas propriedades e os
principais tipos de fabricação e acabamentos.
SAIBA MAIS
Nesta pasta pode ser adicionado outros materiais cerâmicos como por exemplo o
feldspato, o chamote, o caulim, e o quartzo. O quartzo, por exemplo, é “uma variedade cristalina
da sílica, age como um antiplástico reduzindo encolhimento das peças moldadas durante a
secagem e evitando a formação de rachaduras e deformações” (LEONEL, 2020, p. 177).
Etapa 04: Nesta etapa são feitas as operações de conformação, ou seja, são feitas
as operações de dar forma às cerâmicas que, basicamente, são de três tipos:
moldagem, extrusão e prensagem (LESKO, 2012; LEONEL, 2020).
Etapa 05: Depois dos processos de conformação passa-se para operações de
secagem e queima. As peças de cerâmica devem secar lentamente, porque, nesse
processo, elas perdem água, podendo encolher até 20% do tamanho úmido, “nesse
processo pode haver retratação desigual entre as diferentes partes levando ao
trancamento e a consequente perda da peça” (LEONEL, 2020, p.185).
Na fase final do processo produtivo da cerâmica, ocorre a queima, cozimento ou
sinterização, “a peça é sujeita a uma temperatura em ambiente controlado o que lhe confere
resistência e dureza” (LESKO, 2012, p. 318). Em olarias pequenas, com a produção mais
artesanal, os fornos são à lenha e nas produções em grande escala há outros tipos de
fornos industriais (ABITANTE e LISBOA, 2017).
SAIBA MAIS
A palavra “polímero” deriva do termo grego que significa “muitas partes”, “o termo
polímero é usado para descrever materiais com moléculas grandes compostas de muitas
unidades repetidas que foram ligadas quimicamente em grandes cadeias” (LESKO, 2012,
p. 172).
De maneira generalizada, um sinônimo comum, e também comercial, para polímeros
é plástico, porém o grupo dos polímeros é muito maior, os polímeros podem ser orgânicos
ou inorgânicos, naturais ou sintéticos, por exemplo,
A lã, a borracha de seringueira bem como a celulose são polímeros orgânicos
naturais, já o polietileno, o poliestireno e o ABS são polímeros orgânicos sintéticos.
Por sua vez, o grafite é um polímero inorgânico natural (LIMA, 2006, p. 147).
REFLITA
O Canal ONU Brasil do Youtube disponibiliza um mini documentário sobre o plástico, chamado:
“ONU: o plástico está cobrindo e destruindo nosso planeta”, faz a seguinte reflexão: “Plástico
é uma invenção maravilhosa porque dura bastante e uma invenção terrível pelo mesmo
motivo. Mais de 300 milhões de toneladas serão produzidas este ano. A maioria nunca é
reciclada e permanece em nossa terra e nos nossos mares para sempre.”
3.2 Termofixos
Os termofixos, também chamados de termoestáveis, termorrígidos ou
termoendurecíveis, “destacam-se em relação aos termoplásticos pelo desempenho
substancialmente superior em aplicações críticas que demandam resistência ao calor. aos
raios UV, a intempéries, a produtos químicos, entre outros” (LIMA, 2006, p. 166).
Os produtos produzidos a partir destes polímeros não amolecem e nem se fundem
após serem aquecidos, por isso apresentam as características de serem mais rígidos e
apresentam excelente estabilidade dimensional, “em contrapartida são mais caros, mais
agressivos ao meio ambiente (especialmente durante o processamento) e não permitem
reciclagem” (LIMA, 2006, p. 166).
Os termofixos são também, divididos em categorias e são chamados de resinas
termofixas, assim, os principais termofixos são: Resinas fenol-formaldeído (Resina fenólica
- Baquelite - PR), Resina ureia-formaldeído (UR), Resinas melanina-formaldeído (MF),
Resina epoxídica (Epóxi - ER), Resina poliéster insaturada (PPPM), Poliuretano (PU),
Espuma moldada rígida integral (Poliuretano rígido), Espuma moldada flexível (Poliuretano
flexível), Espuma moldada semiflexível integral (Poliuretano pele integral), Espuma rígida.
Para fins didáticos, iremos caracterizar e exemplificar apenas algumas das principais
categorias de termofixos, conforme tabela abaixo:
3.3 Elastômeros
Os elastômeros, popularmente conhecidos como borrachas, destacam-se dos
termoplásticos e dos termofixos principalmente pelo seu comportamento mecânico relativo
a elevada capacidade de estiramento e resiliência, que é a capacidade de retornem às
dimensões originais quando submetidas a forças de tração.
LIVRO
Título: Polímeros - Conceitos, Estrutura Molecular, Classificação
e Propriedades
Autor: Edilene de Cássia Dutra Nunes e Fábio Renato Silva Lopes.
Editora: Érica Ltda.
Sinopse: Este livro aborda a tecnologia dos polímeros, dando
enfoque na parte química, física e tecnológica. Traz informações
sobre o histórico dos polímeros, os fundamentos da química or-
gânica e os conceitos fundamentais. Esta obra está disponível na
sua Biblioteca Virtual.
FILME/VÍDEO
Título: A Química do Fazer: Vidro
Ano: S/A.
Sinopse: A química do fazer é uma produção audiovisual Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro para o Projeto Condigital,
uma realização conjunta do FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvi-
mento da Educação, Ministério da Ciência e Tecnologia e Ministério
da Educação. Nessa produção explica-se de forma didática o histó-
rico do vidro e algumas curiosidades sobre esse material. Disponível
no Canal do Youtube: Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro para o Projeto Condigital, uma realização conjunta do FNDE
- Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, Ministério da
Ciência e Tecnologia e Ministério da Educação.
Plano de Estudo:
● Introdução aos materiais metálicos;
● Materiais metálicos ferrosos;
● Materiais metálicos não-ferrosos.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer e conceituar os materiais metálicos;
● Analisar a aplicabilidade dos principais
materiais metálicos ferrosos;
● Entender a aplicabilidade dos principais
materiais metálicos não-ferrosos.
73
INTRODUÇÃO
Você já parou para pensar na grande quantidade de materiais metálicos que nos
cercam, com certeza você já observou a presença de pregos e parafusos, maçanetas das
portas, bem como embalagens de alimentos e outros elementos de decoração e de mobiliário.
Esses materiais são chamados de materiais metálicos podendo ser ferrosos ou
não ferrosos, alguns são utilizados em seu estado puro e outros constituem ligas que são
formadas pela combinação de elementos.
Os materiais metálicos são muito importantes para o desenvolvimento da construção
civil, automobilística, aeronáutica e naval, os metais são a maioria dos elementos químicos
que estão presentes na tabela periódica, por isso podemos perceber como eles são
importantes para a vida no planeta Terra.
Nesta quarta e última unidade vamos conhecer e analisar os principais materiais
metálicos, suas relações com os minérios presentes na crosta terrestre e suas principais
aplicações.
Aproveite!!
REFLITA
A produção primária de metais faz uso intensivo de energia. Muitos, entre eles alumínio,
magnésio e titânio, exigem no mínimo duas vezes mais energia por unidade de peso
(ou cinco vezes mais por unidade de volume) do que os polímeros comercializados.
Porém, em geral podem ser reciclados, e a energia exigida para tal é muito menor do
que a exigida para a produção primária. Alguns são tóxicos, em particular os metais
pesados – chumbo, cádmio, mercúrio. Entretanto, alguns são tão inertes que podem
ser implantados no corpo humano: aços inoxidáveis, ligas de cobalto e certas ligas de
titânio, por exemplo.
SAIBA MAIS
“O aço inoxidável é um aço com liga de cromo, níquel e outros elementos. Ele deve sua
propriedade “inoxidável” ao crômio, que cria uma camada invisível, resistente e auto
regenerante de óxido metálico em sua superfície, a qual pode ser melhorada ainda mais
com molibdênio” (LEFTERI, 2017, p. 198).
“O molibdênio (Mo) é um metal que quase sempre está presente em uma liga. [...] A
característica de desempenho mais notável do molibdênio é o fato de ter o ponto de fusão
mais elevado de todos os metais e, juntamente com o carbono, de ser um dos elementos
mais efetivos para tornar as ligas de aço mais duras” (LEFTERI, 2017, p. 196).
Fonte: LEFTERI, C. Materiais em design: 112 Materiais para Design de Produtos. São Paulo: Editora
Blucher, 2017. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521209645/. Acesso
em: 07 mar. 2022.
O grupo dos materiais metálicos não ferrosos, como o próprio nome sugere, é
formado pelos os elementos metálicos que são comercializados puros (exceto o ferro),
como por exemplo o alumínio, o cobre, o titânio, o magnésio e o zinco, e também incluem
as ligas metálicas que não apresentam o ferro como seu elemento principal, como por
exemplo a liga que conhecemos com bronze, que é formada por cobre e estanho e
outros elementos em pequenas quantidades como o zinco, chumbo, fósforo, níquel e
ferro (LIMA, 2006; LEFTERI, 2017).
Abaixo veremos algumas aplicações e as características de alguns dos principais
metais puros e algumas ligas não ferrosas.
3.1 O Alumínio
O alumínio é um dos materiais metálicos não ferrosos que merece destaque, a
sua presença na nossa vida é notória, por sua aplicação em latas de bebidas, embalagens
para alimentos, e utensílios doméstico, porém a aplicação do alumínio é muito mais
extensa, podemos citar por exemplo: radiadores, componente de computador, estruturas
de bicicleta e motocicleta, rodas especiais para automóveis, para aviões, perfis extrudados
para construção civil, carroceria em geral entre outros (LIMA, 2006; SANTOS, 2015).
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=4mI9e3_nYg0
3.2 O Cobre
Outro importante metal não ferroso é o cobre, que é considerado por muitos como
o primeiro metal mineração e manufatura pelo homem, além do ouro, é o único metal que
apresenta coloração, sendo de um tom amarelo-avermelhado, tem uma grande aplicação na
área da transmissão elétrica, sendo muito utilizado para fabricação de fios de eletricidade,
conexões hidráulicas, tubulações de água quente e também é utilizado para formação
da liga de bronze (estanho) e de latão (zinco) e de ligas com metais nobres visando a
fabricação de joias e soldas.
3.3 O Titânio
O titânio, também é um dos metais mais abundantes na crosta terrestre, e é
encontrado principalmente na forma de óxidos, ou seja, ele não é encontrado na sua forma
elementar, mas sempre ligado a outro elemento, os principais minérios para sua extração
são o rutilo e a ilmenita, encontrados nas areias de praia e nos fundos dos vales de
determinados rios. O Brasil, a Austrália e a Índia são os principais países onde é encontrado
o titânio (LIMA, 2006; SANTOS, 2015)
3.4 O Zamac
As ligas Zamac foram desenvolvidas na década de 1960 e possuem o zinco como
elemento base, e outros elementos como alumínio (entre 3,5 a 4,5%), cobre (1%) e magnésio
(até 0,006%) entre outros elementos em quantidades mínimas.
A Presença de magnésio e de cobre, confere fundibilidade, estabilidade e
propriedades mecânicas á esta liga, o que a torna totalmente direcionada para utilização
em fundição injetada, que são fundições feitas em moldes destinadas para a produção em
massa de componentes para a indústria automotiva e equipamentos, por essa característica
permite-se obter peças com formatos complexos, com elevada precisão dimensional,
riqueza de detalhes e ótimo acabamento superficial (LIMA, 2006; SANTOS, 2015).
3.5 O Latão
O material conhecido como latão é uma liga metálica não ferrosa, formada
basicamente de cobre e zinco em diversas proporções, podendo apresentar outros elementos
em baixa quantidade, ou ainda ser adicionado outros elementos para obtenção de melhorias
de algumas propriedades, como é o caso do latão chumbado e o latão estanho (LIMA, 2006).
SAIBA MAIS
Para saber as últimas notícias sobre o setor de metalurgia e mineração conheça o site
da ABM - Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração.
LIVRO
Título: Princípios dos processos de fabricação utilizando metais e
polímeros
Autor: Valdemir Martins Lira.
Editora: Blucher.
Sinopse: Este livro aborda a tecnologia dos processos de fabricação
de metais e polímeros, traz um conteúdo bastante rico para o aluno
que deseja informações mais detalhadas dos processos.
FILME/VÍDEO
Título: Mestres do Ferro
Ano: 2021.
Sinopse: Esta série em formato de Reality show mostra uma
competição entre mestres da arte de trabalhar o aço temperado.
está disponível na plataforma de streaming da Netflix.
FILME/VÍDEO
Título: Telecurso 2000 - Processos de Fabricação
Ano: s/a.
Sinopse: Nesta série em formato de aula, você poderá assistir
a todos os processos de fabricação dos principais materiais
trabalhados neste módulo, ao todo são 26 vídeos disponíveis na
plataforma virtual do Youtube
CHATAIGNIER, G. Fio a Fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das Letras
Editora, 2006.
LEFTERI, C. Materiais em design: 112 Materiais para Design de Produtos. São Paulo:
Editora Blucher, 2017. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788521209645/. Acesso em: 07 mar. 2022.
LIMA, M. A. M. Introdução aos Materiais e Processos para Designers. São Paulo: Editora
Ciência Moderna Ltda, 2006.
SHACKELFORD, J. F. Ciência dos Materiais. São Paulo: Pearson Practice Hall, 2008.
Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/424/pdf/0?code=shU-
ZJzFxe79xjnsdUJRlaITxxszHh3dNahFJAw0bBVxJvo3xbE2PlkrvrdrU4i51k7ClbDVVdP-
F+HRO7tXXooA==. Acesso em: 12 fev. 2022.
VAN VLACK, L. Princípios de Ciência dos Materiais. São Paulo: Edgar Blucher, 3ª Edição,
2000. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/176565/pdf/0.
Acesso em: 12 fev. 2022.
Neste material, busquei trazer para você os principais conceitos sobre o universo dos
materiais de design, suas características e aplicações gerais em projetos de design. Acredito
que foi possível apresentar a importância desses conhecimentos para o desenvolvimento
de bons projetos, e mais que isso, destacar para vocês a relevância de manter-se atualizado
e sempre curioso em busca de novas informações sobre o desenvolvimento de materiais
inusitados, sustentáveis e diversificados, de forma que esses conhecimentos te auxiliem na
caminhada como um bom e criativo designer.
Lembre-se que inicialmente apresentamos os conceitos sobre a ciência dos materiais,
pois este universo é regido por algumas propriedades e classificações, conhecimentos que
irão te possibilitar lidar e analisar qualquer material que esteja a sua disposição. Na sequência
apresentei os principais materiais de design de cada categoria, sendo: materiais naturais,
materiais cerâmicos, materiais poliméricos e materiais metálicos. Então lembre-se de dedicar
um tempo para pesquisa de fornecedores, características, propriedades e novos materiais.
Apresentamos os principais e mais conhecidos materiais de cada grupo para que
você tenha uma visão geral dos materiais, porém lembre-se que esse universo não foi
esgotado aqui nesse material, os materiais estão sempre em desenvolvimento, seja pelo
crescimento tecnológico, seja pelas necessidades ecológicas e de sustentabilidade, lembre-
se que os chamados materiais alternativos, reciclados ou de reaproveitamento também
possibilitam um vasto universo a ser explorado pelos designers.
Dessa forma devemos pensar que os projetos de design de produtos, sejam eles
quais forem, necessitam de muita pesquisa e estudo. Sugerimos que você, aluno (a) comece
a fazer seu próprio banco de dados sobre materiais, propriedades, fornecedores, para que
fique cada vez mais fácil a aplicação desses princípios na hora da tomada de decisão sobre
quais materiais utilizar em um determinado projeto. A partir de agora acreditamos que você
já está preparado para seguir em frente desenvolvendo ainda mais suas habilidades para
criar e desenvolver projetos de produto com sucesso.
94
+55 (44) 3045 9898
Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro
CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR
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