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Materiais e Processos

de Acabamentos
Professora Me. Fernanda Tiosso Sampaio
2022 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2022 Os autores
Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

S192m Sampaio, Fernanda Tiosso


Materiais e processos de acabamentos / Fernanda Tiosso
Sampaio. Paranavaí: EduFatecie, 2022.
93 p. : il. Color.

1. Ciência dos materiais. 2. Engenharia dos materiais.


II. Centro Universitário UniFatecie. III. Núcleo de Educação
a Distância. IV. Título.

CDD : 23 ed. 620.11


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

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Educação à Distância
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Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Caroline da Silva Marques
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Jéssica Eugênio Azevedo
Kauê Berto

Projeto Gráfico, Design e


Diagramação
André Dudatt
Carlos Firmino de Oliveira
AUTORA

Professora Mestre Fernanda Tiosso Sampaio


● Mestre em Design de Moda pela Universidade da Beira Interior Covilhã/Portugal,
com revalidação no Brasil pela USP no programa de Moda e têxtil;
● Especialista em Arte Educação pela Unesp - Presidente Prudente/São Paulo;
● Graduada em Bacharelado em Design de Moda pela Uniesp/Fapep;
● Graduada em Bacharelado em Direito pela UniToledo, Presidente Prudente/São
Paulo;
● Possui diversos cursos livres nas áreas de Design de produto, modelagem e
costura;
● Atuou como docente nos cursos superiores de: Tecnologia em Design de Moda
na UTFPR Campus de Apucarana/PR, Bacharelado em Moda na UEM Campus de
Cianorte/PR, Bacharelado em Design de Moda na FACEC na cidade de Cianorte/Pr;
● Lecionou disciplinas na Pós-graduação lato sensu em “Design de Moda: Gestão
e Desenvolvimento de Produtos” na UNOESTE de Presidente Prudente/SP.

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/3961379489546082


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo (a)!

Olá aluno (a), parabéns por ter chegado até aqui, a partir de agora iremos iniciar uma
nova jornada juntos. Iniciaremos, desbravando os conceitos fundamentais sobre o universo
dos materiais que estão disponíveis para utilizarmos em nossos projetos de design, ou seja,
vocês conhecerão o conceito de ciência dos materiais, a classificação dos materiais e suas
propriedades, assim servindo de base para que façam melhores escolhas de aplicação dos
materiais em seus projetos.
A partir da Unidade II, começaremos a aprofundar o estudo sobre cada categoria
de material, iniciando pelo estudo dos materiais naturais. Nesse momento iremos explorar
as categorias de materiais naturais orgânicos e inorgânicos que são as bases fundamentais
para compreender a importância dos materiais e suas diversas aplicações.
Já na Unidade III, vamos ampliar nosso estudo sobre os materiais e iremos conhecer
as propriedades, fabricação e aplicação de materiais produzidos industrialmente como as
cerâmicas, vidros e polímeros.
Depois, na Unidade IV, fechamos a disciplina com o estudo do universo dos
materiais metálicos, aqui vocês conhecerão as propriedades, características e aplicações
dos materiais metálicos ferrosos e não-ferrosos, bom como, conhecerão as formas de
produção para obtenção das peças metálicas, e ainda traremos algumas questões sobre
os materiais compostos chamados compósitos
Vamos juntos percorrer essa jornada de muita descoberta e curiosidades sobre o
infinito universo dos materiais, uma vez que seria impossível a disciplina esgotar todos os
materiais existentes então aqui proponho que você aluno (a) como futuro designer aprenda a
pesquisar e aplicar os materiais mais adequados para seus projetos, assim, eu acredito que os
conhecimentos aqui propostos, irão contribuir muito para seu crescimento pessoal e profissional!

Bons Estudos!
SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 4
Ciências dos Materiais

UNIDADE II.................................................................................................... 25
Tipologia e Propriedades dos Materiais Naturais

UNIDADE III................................................................................................... 48
Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos

UNIDADE IV................................................................................................... 72
Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos
UNIDADE I
Ciências dos Materiais
Professora Me. Fernanda Tiosso Sampaio

Plano de Estudo:
● Introdução à ciência dos materiais;
● Classificação dos materiais;
● Propriedades dos materiais;
● Os materiais no projeto de design: critérios de escolha e delimitação conceitual.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer e conceituar a ciência dos materiais;
● Compreender as propriedades dos materiais;
● Aprender a classificação dos materiais;
● Entender a seleção dos materiais nos projetos.

4
INTRODUÇÃO

Olá aluno (a)!

Você já parou para pensar que a evolução da humanidade caminhou junto com a
evolução da utilização dos materiais disponíveis? O ser humano foi capaz de utilizar todo
tipo de material natural disponível para construir utensílios úteis para a sobrevivência na
Terra, depois com a descoberta dos materiais artificiais e com o desenvolvimento industrial
diversos materiais foram e continuam sendo criados diariamente.
Nessa primeira unidade vamos nos familiarizar com os conceitos de ciência dos
materiais, conhecer e compreender as propriedades dos materiais e como elas serão
importantes para o design de produtos, também iremos avançar e conhecer a classificação
dos materiais e finalizados essa unidade com reflexões e ferramentas sobre a escolha dos
materiais na delimitação conceitual e projetual dos produtos.

Aproveite!

UNIDADE I Ciências dos Materiais 5


1. INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DOS MATERIAIS

Podemos dizer que existem por volta de 100 mil materiais diferentes disponíveis
para utilização (ASHBY e JOHNSON, 2011). Porém para fazer escolhas acertadas, o
designer deve refletir quanto às questões estéticas, funcionalidade, recursos naturais e
propriedades dos materiais que irão compor seu projeto final, portanto, conhecer permite
inovar, nesse sentido ensinam Ashby e Johnson:
Materiais não são apenas números em uma planilha de dados. E design
não é um exercício de estética sem sentido nem uma exploração isolada
da tecnologia. O que importa é o processo de achar soluções que sejam
significativas para as pessoas, que proporcionem novas experiências
e inspirem e criem impacto positivo na sociedade e em nossa vida diária
(ASHBY e JOHNSON, 2011, p. 04).

Quando pensamos em materiais para o design, é interessante lembrar que a


evolução da humanidade sempre esteve atrelada ao nível de desenvolvimento tecnológico
e de manipulação de materiais para a criação de diversos utensílios necessários para a vida
cotidiana, basta lembrar da classificação da antiga era das sociedade como a Idade da Pedra,
que datava de 2,5 milhões de anos, a Idade do Bronze, que datam de 2000 até 1000 a.C. e a
Idade do Ferro, definido como o período de 1000 até 1 a.C. (SHACKELFORD, 2008).

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A ciência dos materiais é nome dado ao campo de estudo que surge da combinação
dos estudos científicos fundamentais e dos estudos das engenharias, assim, surgiu a ciência
dos materiais para “incluir contribuições de muitos campos tradicionais, como metalurgia,
engenharia de cerâmicas, química de polímeros, física de matéria condensada e físico-
química” (SHACKELFORD, 2008, p. 03).
Portanto, são os estudos da ciência dos materiais que nos fornecem as bases para
os estudos dos materiais e dos processos de acabamentos que estão disponíveis para o
designer utilizar em seus projetos da maneira mais acertada possível.

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2. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS

Um dos maiores questionamentos dos (as) alunos (as) de design é sobre qual
material eu devo utilizar no meu projeto? Essa é uma pergunta que não possui uma única
resposta correta, uma vez que não existe material certo ou errado, o que existe é material
bem ou mal utilizado.
Dessa forma, é possível perceber que os estudos dos materiais é uma área muito
abrangente, ao fazermos o levantamento bibliográfico que têm como foco o estudo dos
materiais, encontramos diferentes formas de classificação dependendo do enfoque dado.
Para os estudos de Shackelford (2008, p. 03), ele distingue “cinco categorias que
compreendem os materiais disponíveis aos engenheiros praticantes: metais, cerâmicas e
vidros, polímeros, compósitos e semicondutores”. Já para Lesko (2012), limita seus estudos ao
que ele chamada de materiais de engenharia (metais, plásticos, borrachas e elastômeros e os
materiais de engenharia sendo: cerâmicas de engenharia, vidro, carbono manufaturado, metais
duros e refratários, e exclui os materiais naturais). A classificação dada por Lima (2006) é uma
das poucas que incluem os materiais naturais em sua classificação dos materiais.
Para fins didáticos, optamos por fazer uma classificação dos materiais de forma
que visa atender as necessidades dos designers, compreendendo as seguintes famílias
de materiais que estão apresentados no Quadro 01, sendo: Materiais naturais: orgânicos
de fonte vegetal, orgânicos de fonte animal e inorgânicos; e os Materiais de engenharia:
cerâmicos, polímeros, metais e os compósitos.

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O Quadro 1 ilustra a classificação dos materiais que iremos utilizar no estudo desta
disciplina, cada categoria de material será estudada no decorrer das próximas unidades,
em que iremos conhecer suas características, propriedades e detalhes para utilização.

SAIBA MAIS

Em São Paulo, é possível visitar a Primeira Biblioteca de Materiais, chamada BA-Z, que
está localizada no núcleo de Design da Belas Artes. A Biblioteca BA-Z é um laboratório
de educação, desenvolvimento e pesquisa de materiais. Para o público é possível
agendar visitas, que tal montar um grupo e fazer uma excursão para conhecer esse
incrível acervo com mais de 5.000 tipos de materiais.

Acompanhe esse projeto pelo link: https://www.belasartes.br/baz/

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QUADRO 1 - CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS

Fonte: Adaptado de Lima (2006).

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3. PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

Da mesma forma que já dissemos não haver material certo ou material errado, mas
sim material bem ou mal utilizado, também devemos refletir sobre a impossibilidade de um
designer conhecer detalhadamente todos os materiais disponíveis, e estar acompanhando
todas as inovações tecnológicas que surgem diariamente.
Portanto, para buscar a melhor utilização dos materiais, o designer deve ter
conhecimento sobre as propriedades dos materiais que são os princípios gerais que governam
o funcionamento da matéria, por isso é importante o estudo das propriedades dos materiais.
Todo material que existe no planeta terra é constituído por agrupamentos de átomos,
que organizados, formam moléculas e que variam na configuração e na quantidade, é
essa variação na forma em que estão dispostos que irá determinar o comportamento da
matéria (LIMA, 2006).
Os materiais devem ser estudados e analisados quanto às suas propriedades,
estas podem ser físicas, que incluem as propriedades mecânicas, térmicas, elétricas óticas
e estabilidade dimensional; químicas ou físico-químicas, conforme descrito no Quadro 2.
“As propriedades físicas avaliam o comportamento do material sob ação de esforços
mecânicos, do calor, da eletricidade ou da luz” (LIMA, 2006, p. 06). Já as propriedades
químicas estão relacionadas com o “desempenho/comportamento do material quando em
contato com a água, ácidos, bases, solventes, etc” (LIMA, 2006, p. 07).

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QUADRO 2 - PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
PROPRIEDADES FÍSICAS

1 - PROPRIEDADES MECÂNICAS

Módulo de elasticidade Resistência à tração Resistência ao impacto


Alongamento na ruptura Resistência à fricção Resistência à abrasão
Resistência à fadiga/flexão Resistência à compressão Resistência à flexão
dinâmica
Dureza

2 - PROPRIEDADES TÉRMICAS

Calor específico Fusão cristalina


Condutividade térmica Temperatura de distorção
ao calor
Transição vítrea Expansão térmica

3 - PROPRIEDADES ELÉTRICAS

Rigidez dielétrica Fator de potência Constante dielétrica


Resistividade volumétrica Resistência ao arco

4 - PROPRIEDADES ÓPTICAS

índice de refração transparência


5 - ESTABILIDADE DIMENSIONAL

6 - DENSIDADE

PROPRIEDADES QUÍMICAS

Fonte: Adaptado de: Lima (2006, p. 06).

Para um material ser avaliado em suas propriedades físicas, químicas e físico-


químicas é necessário que seja realizado um ensaio laboratorial, que é feito segundo normas
que estabelecem as condições pré-determinadas de temperatura ambiente, posição do
material, tamanho da amostra do material, etc (LIMA, 2006).
Essas normas são estabelecidas por organizações como a “internacional ISO
(International Organization for Standardization) e, no Brasil pela ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas)” (LIMA, 2006, p. 07).
Para os conhecimentos necessários para o designer não cabe aqui estender demais
sobre os pormenores das propriedades e dos ensaios, uma vez que a literatura técnica é
focada nas áreas da química, física e engenharias, iremos descrever algumas propriedades
mais interessantes sobre as características dos materiais que interferem diretamente nas
escolhas projetuais.

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3.1 Propriedades físicas - propriedade mecânica de resistência à tração
A propriedade de resistência à tração (ou tração na ruptura, tenacidade) refere-se
à carga aplicada a um determinado material de forma que exerçam forças coaxiais opostas
(Figura 1), tendendo a esticá-lo, essa carga será calculada por unidade de área no momento
da ruptura do material (LIMA, 2006).

FIGURA 1 - PROPRIEDADE DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO

Fonte: A autora (2022).

Na imagem abaixo, (Figura 2) podemos observar uma prática de atividade física


com elásticos sendo tensionados, aqui o material deve ser submetido aos testes de tração,
uma vez que a utilização de material inadequado poderá causar acidentes com o usuário.

FIGURA 2 - RESISTÊNCIA À TRAÇÃO DOS ELÁSTICOS

A grande maioria dos materiais quando modificados para sua forma fibrilar “como
cordas, cabos de aço, tecidos, tendem a aumentar seu desempenho quando submetidos a
esforços de tração” (LIMA, 2006, p. 08).

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3.2 Propriedades físicas - propriedade mecânica de resistência
à compressão
A propriedade de resistência à compressão “corresponde a tensão máxima que um
material rígido suporta sob compressão longitudinal” (LIMA, 2006, p. 08) isto é, são forças
que convergem de forma coaxial sob um material tendendo a amassá-lo, como na Figura 3:

FIGURA 3 - RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Fonte: A autora (2022).

Na Figura 4, podemos ver um teste laboratorial de resistência à compressão feita


em materiais de construção, além disso, vemos o momento exato da ruptura do cubo de
concreto, como exemplo de materiais com grande resistência à compressão podemos citar
“os materiais metálicos como aço e alumínio [...] assim como algumas resinas termofixa”
(LIMA, 2006, p. 08).

FIGURA 4 - TESTE DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO EM MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

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3.3 Propriedades físicas - propriedade mecânica de resistência à flexão
A propriedade de resistência à flexão (também chamada de dobramento) refere-
se a tensão máxima que um material suporta o ser submetido à forças coaxiais opostas
que levam ao seu dobramento como na Figura 5, os vidros são um exemplo de material
que apresenta baixa resistência à flexão enquanto que outros materiais como a resina de
poliéster com fibra de vidro apresenta uma capacidade alta de resistência à flexão, ou seja,
esse material é bastante flexível e tem a capacidade de dobrar-se sem se partir.

FIGURA 5 - RESISTÊNCIA À FLEXÃO

Fonte: A autora (2022).

3.4 Propriedades físicas - propriedade mecânica de resistência ao impacto


Essa propriedade de resistência ao impacto refere-se à capacidade que um mate-
rial apresenta de resistir ao impacto de um outro corpo em alta velocidade, sem partir-se,
esfarelar ou quebrar, conforme Figura 6. Dois exemplos de materiais com bons níveis de
resistência ao impacto são o aço e o policarbonato (LIMA, 2006, p. 09).

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FIGURA 6 - RESISTÊNCIA AO IMPACTO

Fonte: A autora (2022).

3.5 Propriedades físicas - propriedade mecânica de Dureza


A Propriedade física de dureza refere-se à resistência que a superfície de um material
apresenta ao risco, isto é, quando um material consegue riscar, criar um sulco, na superfície
de outro material, este é considerado com maior dureza em relação ao primeiro (LIMA, 2006).
Quando comparamos a dureza de dois materiais “podemos usar uma escala de 0
a lO. O valor 1 (um) corresponde ao mineral menos duro conhecido pelo homem, o talco.
Por sua vez, o valor 10 é a dureza do diamante, o mineral mais duro” (LIMA, 2006, p. 08)
Na Figura 7, podemos ver um teste laboratorial de resistência ao risco de um polímero
utilizando uma esfera de aço.

FIGURA 7 - TESTE DE DUREZA EM POLÍMERO

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3.6 Propriedades físicas - propriedade térmica de condutividade térmica
A Propriedade térmica de condutividade térmica refere-se à capacidade do
material ser bom condutor de calor ou não, essa propriedade é obtida ao medir-se a
“quantidade de calor transferida, em determinado período de tempo, por unidade de área
do material” (LIMA, 2006, p. 10).
Como exemplo de materiais com excelente capacidade de condução do calor, podemos
destacar o alumínio e como maus condutores temos a madeira e a cerâmica (LIMA, 2006).

3.7 Propriedades físicas - propriedade óptica de transparência


A propriedade óptica de transparência corresponde “à quantidade de luz visível
que passa pelo material de um meio para o outro”. (LIMA, 2006, p.11) Para saber qual a
transparência de um material é feita um cálculo entre a quantidade de “luz que atravessa o
meio e quantidade de luz que incide paralelamente à superfície” (LIMA, 2006, p. 11) sendo
esse resultado expresso em percentual (%)
Há materiais com maior índice de transparência que outros, como é o caso, por
exemplo do acrílico e do policarbonato que apresentam índices acima de 90%, já o vidro
comum tem seu índice em torno de 70% a 80% (LIMA, 2006). Na Figura 8 podemos ver a
utilização de acrílico em projetos de carteiras para de sala de aula com divisórias.

FIGURA 8 - CARTEIRAS COM DIVISÓRIA EM ACRÍLICO

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3.8 Propriedades físicas de estabilidade dimensional
Essa propriedade avalia a capacidade do material em manter suas dimensões originais
quando submetido a agentes externos como umidade, calor e etc. Essa propriedade é muito
importante para aplicação dos materiais em projetos, uma vez que existem matérias que
apresentam baixa estabilidade dimensional, o que compromete a qualidade final dos produtos.
Podemos ver na Figura 9 uma placa de madeira compensada, muito utilizada em
móveis para casa, ela apresenta baixa estabilidade dimensional, ao estar em contato direto
com água perde suas características originais causando um estufamento.

FIGURA 9 - CARTEIRAS COM DIVISÓRIA EM ACRÍLICO

3.9 Propriedade de Densidade


A propriedade de densidade refere-se “a massa por unidade de volume de um
material” (LIMA, 2006, p. 10), essas unidades podem ser medidas em g/cm3 ou kg/m3, isso
acontece porque temos matérias quando pesamos um centímetro cúbico de cada material
e você verá que há materiais mais pesados que outros, este são mais densos.
Segundo Lima (2006), o conhecimento sobre a densidade dos materiais, é muito
importante para o designer pois isso afeta em aspectos ergonômicos do produto, como
também no transporte e na economia.

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4. OS MATERIAIS NO PROJETO DE DESIGN: CRITÉRIOS DE ESCOLHA
E DELIMITAÇÃO CONCEITUAL

O nosso mundo é cercado por materiais, dos mais diversos, rodeiam nosso cotidiano
participando de todas nossas funções, essa é a principal característica da humanidade a sua
capacidade de produzir objetos, criar, projetar e também de dar significado aos materiais
além da sua aparência física, também atribuindo sentidos, simbolismos e sentimentos.
Assim, o projeto de design deve agregar diversas etapas para sua delimitação, mas
sempre lembrando que o importante é “achar soluções que sejam significativas para as
pessoas, que proporcionem novas experiências e inspirem e criem impactos positivos na
sociedade” (ASHBY e JOHNSON, 2011, p. 04).
No projeto de design, os materiais desempenham dois papéis que se sobrepõem:
o de proporcionar funcionalidade técnica e o de criar personalidade para o produto (ASHBY
e JOHNSON, 2011, p. 05). Portanto, o ideal é que as análises quanto às escolhas dos
materiais sejam feitas de forma global no projeto onde as decisões quanto ao design do
produto estejam interligadas às decisões técnicas dos materiais.
Segundo Ashby e Johnson (2011) o projeto técnicos dos produtos envolve a
análises dos materiais quanto às suas propriedades, ou seja, descreve-se como o material
funciona e como é feito, e o projeto de design leva em conta outros atributos dos materiais
que serão utilizados nos produtos, como, por exemplo, as sensações táteis, percepções
visuais, aspectos simbólicos e referências estéticas, e etc… que são atributos relacionados
à personalidade do produto.

UNIDADE I Ciências dos Materiais 19


Portanto, o projeto de design de produto deve ser compreendido como um projeto
global, que seja a “síntese do projeto técnico e do design industrial” (ASHBY e JOHNSON,
2011, p. 29), sendo possível a criação de produtos de sucesso.
Nós sabemos que o projeto de produto envolve diversas etapas e delimitações,
dependendo dos autores utilizados, podendo ser mais complexa ou mais sintética, porém
independente da metodologia utilizada, em linhas gerais os projetos iniciam com o Briefing
e finaliza-se com a ficha técnica final do produto.
De forma bastante abrangente podemos concordar com Ashby e Johnson (2011)
que defendem que todo projeto se inicia pela constatação de uma necessidade de
mercado ou uma ideia inovadora que cria uma nova necessidade, por isso “é essencial
definir a necessidade com precisão, isto é, formular uma declaração de necessidade, [...]
acompanhada de uma lista de requisitos do produto, ambiente esperado de utilização e
possíveis consumidores (ASHBY e JOHNSON, 2011, p. 33 -34).
Dessa forma, iremos propor um modelo de processo de desenvolvimento do
projeto que envolve decisões tanto quanto aos aspectos técnicos dos materiais quanto
aos aspectos gerais da função do produto de design como propõe Lobach (2001) que
além, das funções práticas, os produtos também devem ser projetados com estudos das
funções estéticas e simbólicas. Nessa perspectiva o modelo é proposto em 3 etapas gerais,
conforme Quadro 03: “design conceitual, desenvolvimento do projeto e projeto detalhado”
(ASHBY e JOHNSON, 2011, p. 34).

QUADRO 3 - MODELO DE PROJETO PARA TOMADA DE DECISÕES NA UTILIZAÇÃO


DOS MATERIAIS

Fonte: A autora (2022).

UNIDADE I Ciências dos Materiais 20


A Etapa 1, etapa do Design conceitual, o designer deverá buscar soluções de
como o produto atenderá a necessidade, ainda deixando sem resposta a maior parte das
decisões sobre os materiais que serão utilizados. Estas soluções devem estar preocupadas
com as questões estéticas, simbólicas, comportamentais, sensoriais, e quanto às questões
técnicas deve-se delimitar os atributos que devem estar presentes no produto, como por
exemplo as questões mecânicas, térmicas e etc.
Portanto, na Etapa 1 é necessário que o designer amplie as opções de utilização
dos materiais, aqui todas as opções devem estar em aberto, neste momento não deve
existir julgamento pois “um polímero pode ser a melhor escolha para um conceito e, um
metal para outro, ainda que a função requerida seja idêntica.
A Etapa 2, etapa do Desenvolvimento do projeto deve estar focada na análise e
exploração, ou seja, considera cada conceito promissor definido na etapa anterior e explora-
se as opções de materiais disponíveis, suas propriedades e processos de fabricação,
principalmente nos quesitos de densidade, reação às forças externas e etc. E ainda são
exploradas “formas, cores e texturas alternativas procurando formas de criá-las” (ASHBY e
JOHNSON, 2011, p. 34).
Na Etapa 2, há a necessidade de um maior aprofundamento no estudo dos materiais
possíveis, suas propriedades, características e produção, para isso é necessário explorar
coleções de amostras, buscar manuais técnicos dos fabricantes e modelar o desempenho
técnico desejado para poder avaliar os resultados.
A Etapa 3, é a do Projeto detalhado, nesta fase é feita a seleção final dos materiais
e dos processos, de fabricação cria-se protótipos de trabalho, tanto virtuais quanto reais,
para isso, é necessário um nível maior de detalhamento e da precisão do material, para
assim, ser possível realizar testes com os protótipos e com os materiais de forma que que
o produto final atenda às expectativas técnicas e estéticas (ASHBY e JOHNSON, 2011).
Para a finalização é executada a especificação técnica completa do produto,
nesta fase são criadas especificações para cada componente; componentes críticos são
submetidos a análises mecânicas ou térmicas precisas, o resultado desse estágio é uma
especificação detalhada do produto (ASHBY e JOHNSON, 2011).
Esse modelo de processo de design proposto é um método bastante intuitivo, fácil de
ser aplicado aos mais diversos tipos de projeto que envolva o pensamento projetual em design
quando necessitamos fazer escolhas e adequação de materiais, ele não é um modelo fixo, nem
rígido e pode ser adequado e utilizado em conjunto com demais metodologias de design.

UNIDADE I Ciências dos Materiais 21


REFLITA

Você já parou para pensar como os grandes designers da história manipulam os


materiais e com isso criaram produtos que entraram para a história. No acervo virtual
Cooper Hewitt você pode acessar milhares de imagens de produtos de design que estão
espalhados pelos museus e observar os materiais empregados nas criações.

Acesse o Acervo virtual em: https://collection.cooperhewitt.org/

UNIDADE I Ciências dos Materiais 22


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade apresentamos os principais conceitos relacionados à ciência dos


materiais, a classificação dos materiais que são pertinentes para todo projeto de design e
uma introdução nos conceitos das propriedades do material.
No último tópico desta unidade vimos um estudo sobre metodologia de projeto, no
qual fizemos uma proposta de método que auxilia o designer na delimitação conceitual e na
tomada de escolha dos materiais que irá utilizar no projeto.
Acredito que até aqui você já pode perceber que a ciência dos materiais é um
universo muito vasto e intrigante, e que este conhecimento te auxiliará no seu percurso
para ser um designer com excelência.
Por isso, na sequência iremos aprofundar o estudo sobre cada categoria da
classificação dos materiais, compreendendo suas características, a forma de produção e
as mais diversas utilizações.
Antes de avançarmos convido você a refletir sobre os materiais que estão à sua volta
neste momento, você consegue identificar os diferentes tipos de materiais que compõem
os seus objetos de uso. Além das funcionalidades, você consegue identificar objetos nos
quais, os materiais escolhidos também transmitem sensações diferentes uns dos outros.

UNIDADE I Ciências dos Materiais 23


MATERIAL COMPLEMENTAR


LIVRO
Título: Cinquenta Cadeiras que mudaram o mundo
Autor: Design Museum, tradução Elisa Nazarian (Tradutor).
Editora: Autêntica.
Sinopse: Este livro apresenta cinquenta design de cadeiras e
seus criadores, explorando as questões que deram um status
diferenciado para esse produto e um lugar na história do design.


FILME
Título: Kinky Boots - fábrica de sonhos
Ano: 2005.
Sinopse: Nesta extravagante comédia, Charlie Price (Joel
Edgerton) herda uma fábrica tradicional de calçados que está falida,
na sua tentativa de reerguê-la conta com a ajuda de Lola (Chiwetel
Ejiofor), um transformista de cabaré. Esta inusitada parceria será
fundamental para mostrar como surge uma oportunidade de
negócio, as dificuldades em inovação e também será uma aula
sobre processo de design e escolha adequada de materiais.

UNIDADE I Ciências dos Materiais 24


UNIDADE II
Tipologia e Propriedades
dos Materiais Naturais
Professora Me. Fernanda Tiosso Sampaio

Plano de Estudo:
● Introdução aos materiais naturais;
● Materiais naturais orgânicos de fonte animal;
● Materiais naturais orgânicos de fonte vegetal;
● Materiais naturais inorgânicos.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer e conceituar os materiais naturais;
● Conhecer e analisar a aplicabilidade dos principais materiais
naturais de origem animal, vegetal e inorgânicos.

25
INTRODUÇÃO

Olá aluno (a)!

Você já parou para pensar na grande quantidade de materiais que podemos


encontrar na natureza e utilizá-los em nossos projetos? Esses materiais são chamados
de materiais naturais porque a sua utilização é muito próxima do estado bruto em que é
encontrado, esse é o universo dos materiais que são cultivados ou extraídos das rochas,
das plantas e dos animais
Nessa segunda unidade vamos conhecer e analisar o cultivo e a extração dos
principais materiais naturais de cada categoria, sendo de fonte animal, vegetal e mineral,
exemplificando suas principais características e aplicabilidade em projetos, claro que
sempre lembrando que quando falamos de materiais naturais devemos sempre pensar com
foco na responsabilidade ambiental e sustentabilidade.

Aproveite!

UNIDADE II
I Tipologia
Ciências dos
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1. INTRODUÇÃO AOS MATERIAIS NATURAIS

A evolução da humanidade sempre caminhou junto com o desenvolvimento dos


meios de produção e criação de utensílios, “por razões óbvias, os materiais naturais
acompanham toda trajetória da humanidade desde os primórdios até hoje sendo que, com
o advento dos materiais sintéticos são cada vez menos consumidos” (LIMA, 2006, p. 05).
São diversos os fatores que levam à substituição dos materiais naturais por material
sintético, mas entre eles o mais importante é sobre os custos de produção, isso porque a
produção de materiais sintéticos tem um valor mais baixo em relação aos materiais naturais e
quando pensamos em produção em grande escala essa diferença é ainda maior (LIMA, 2006).
Porém, para a prática do Design, “sendo essa atividade projetual interdisciplinar e
integrada” (PLATCHECK, 2012, p. 04), não devemos apenas pensar nos custos da produção,
mas levar em consideração outros fatores como sustentabilidade, inovação, desperdícios,
recursos humanos e etc.; para a escolha dos materiais que serão utilizados no projeto,
como ensina Lefteri que “as novas demandas “eco chic” exigem que os bens maiores, como
os mobiliários e os produtos da indústria automobilística, incorporem materiais gerados de
forma ética e que sejam rapidamente renováveis” (LEFTERI, 2017, p. 64).
Como nos ensina Lefteri, “o mundo da inovação dos materiais passa por muitas
áreas, e uma delas se preocupa em buscar alternativas sustentáveis para os materiais
existentes e outros que estão desaparecendo rapidamente” (LEFTERI, 2017, p. 64).
Assim, iniciamos nosso estudo sobre materiais introduzindo o conceito de material natural
trazido por Lima (2006, p. 05):

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Material natural é todo aquele extraído pelo homem da natureza, de forma
planejada ou não, sendo que para a sua utilização artesanal ou industrial
não tenha havido modificações profundas em sua constituição básica. Um
material natural pode ser orgânico se obtido de um animal ou de um vegetal
ou inorgânico se obtido de um mineral.

Portanto, os materiais naturais são aqueles que podem ser utilizados da forma mais
próxima da qual é encontrada na natureza e dividem-se em materiais orgânicos de fonte
animal, materiais orgânicos de fonte vegetal e materiais naturais inorgânicos.
Já os materiais que passam por processos industriais de transformação são
chamados de materiais artificiais, materiais industriais ou materiais de engenharia, como
por exemplo os plásticos, os vidros e as ligas metálicas.

REFLITA

“Os materiais naturais – pedra, tijolo e madeira – deixam que nossa visão penetre em suas
superfícies e permitem que nos convençamos da veracidade da matéria. Os materiais
naturais expressam sua idade e história, além de nos contar suas origens e seu histórico
de uso pelos humanos. Já os materiais industrializados atuais – chapas de vidro sem
escala, metais esmaltados e plásticos sintéticos – tendem a apresentar suas superfícies
inflexíveis aos nossos olhos sem transmitir sua essência material ou sua idade.”

Fonte: PAIVA, R. B. F. Design e emoção: conceitos fundamentais. p.25 In: Design, artefatos e sistema
sustentável / organização de Amilton J. V. Arruda, Paulo Cesar Machado Ferroli, Lisiane Ilha Liberlotto.
São Paulo: Blucher, 2018.

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2. MATERIAIS NATURAIS ORGÂNICOS DE FONTE ANIMAL

Os materiais naturais orgânicos de fonte animal são aqueles extraídos de peles,


pelos ou secreção. Neste grupo merecem destaque: a seda e a lã, que têm constituição
fibrilar (fibras), o couro e a pérola, polímero natural, considerada uma gema.
Neste grupo de materiais naturais temos os materiais orgânicos de origem animal
de constituição fibrilar, que são: lã, seda, coelho, angorá, cashmere, mohair, lhama, alpaca.
As fibras possuem características de serem fortes e flexíveis, podendo serem fiadas como
cordas ou tramadas como tecidos, em ambas situações, elas apresentam as mesmas
propriedades (ASHBY e JOHNSON, 2011).
As fibras e as peles apresentam grande aplicação nos produtos em geral, elas “nos
vestem, nos acarpetam, nos envolvem em almofadas, nos mantêm aquecidos e protegidos”
(ASHBY e JOHNSON, 2011, p. 255).
Assim, podem ser usados nos mais diversos produtos, desde os mais tradicionais
como os produtos têxteis lar, cama mesa e banho, tapetes, cortinas, até em objetos de
decoração e mobiliário. Aqui citaremos alguns exemplos de materiais de origem animal,
que em razão de suas características apresentam grande utilidade em projetos.

2.1 A seda
A seda é originalmente da China e cultivada há mais de 5 mil anos, há indícios da
sua aparição na Europa no Século VI a.C., o seu comércio deu origem a uma das primeiras
companhias globais do mundo.

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De suas origens, no coração da “rota da seda”, ela emergiu recentemente como
um material renovável com bastante potencial além da indústria do vestuário (LEFTERI,
2017, p. 58).
A seda é um material orgânico de origem animal, produzido a partir da secreção
do bicho-da-seda (bombyx mori), a lagarta do bicho-da-seda, Figura 01, possui pequenas
aberturas em sua cabeça que soltam dois finos fluxos de um líquido viscoso, que em contato
com o ar se solidificam formando os filamentos do fio da seda, dessa forma o bicho-da-seda
produz seu casulo, que é possível ver ao fundo da Figura 01, onde irá completar o seu ciclo
de vida de larva para pupa e depois em mariposa.

FIGURA 1 - LAGARTA DO BICHO-DA-SEDA E CASULOS

Para compreender a utilização da seda nos projetos é necessário pensar seu


potencial além das tradicionais associações ao luxo, em suas propriedades básicas, a
seda, reúne fatos incríveis, como: sua resistência, já que é a mais forte das fibras naturais,
apresenta grande elasticidade, quando esticada volta ao tamanho original, alta capacidade
de refletir a luz, isso acontece porque apresenta uma formação em prisma triangular, e, é a
única fibra de filamento atualmente em uso, o casulo é feito inteiro com um único filamento
que pode atingir um quilómetro de extensão (LEFTERI, 2017; CHATAIGNIER, 2006).
Além dessas características surpreendentes, a seda é um material sustentável,
biodegradável, biocompatível e de alto rendimento (LEFTERI, 2017) e que segundo Lefteri
(2017) ela ainda deve ser pensada além, do vestuário, tendo diversas outras aplicações
dependendo da forma como ela é manipulada, podendo ser como “nanopartículas,
esponjas, filmes, fibras ou blocos [...], incluindo impressão 2D e 3D a jato de tinta,
eletrofiação, litografia óptica, moldagem, micromanipulação com lasers e deposição
rotativa (spin coating)” (LEFTERI, 2017, p. 58).

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2.2 A lã
A domesticação de animais como carneiros e a cabras data de aproximadamente
9.000 a.C., porém filamentos de tecidos primitivos feitos de lã foram descobertos na região
da Turquia e indicam datar de 9 milhões de anos atrás. (CHATAIGNIER, 2006). Assim,
podemos perceber que a relação dos humanos com a tecelagem dos pelos de animais
é algo que data de milhões de anos e, por isso, podemos encontrar a utilização desses
materiais nos mais diversos ambientes, produtos e equipamentos.

FIGURA 2 - TOSQUIA DA LÃ DE CARNEIRO

A lã é um uma fibra de origem animal que pode ser obtida dos pelos de diversos
animais, entre eles, podemos citar as várias raças de carneiros, (Figura 02) que são mais
comuns e o maior fornecedor de material para lã. Também obtemos lã de outros animais
como a alpaca, guanaco, lhama e vicunha (naturais da América do Sul), de cabras (oriundas
da Ásia são as mais utilizadas para produção de cashmere, mohair e angorá), coelhos da
Europa, e ainda camelos e dromedários da Ásia e da África (CHATAIGNIER, 2006).
No vestuário, a lã é amplamente utilizada, desde peças básicas até vestuário pesado
de inverno, e nos mais diversos acessórios como meias, luvas, echarpes, etc. A lã também
é muito utilizada em produtos para cama, mesa e decoração, tendo seu “principal emprego
na tapeçaria, tanto para forrar o chão como para ornar paredes em forma de paneau [...]
encontra-se nas tramas de veludos que forram cadeiras e afins” (CHATAIGNIER, 2006, p. 36).

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2.3 O Couro
Quando pensamos em objetos de couro, tanto em acessórios como bolsas até em
estofados, a imagem que nos vem à mente é de elegância, poder e luxo, isso acontece
porque temos vínculos emocionais com as superfícies (Figura 02), e como ensina Lefteri
que o couro é “o” material sensorial uma vez que “ele tem um cheiro próprio, quente, com
uma superfície que apresenta texturas individuais, e chega até a emitir um som quando é
rasgado” (LEFTERI, 2017, p. 62).

FIGURA 3 - AMOSTRAS DE PEÇAS DE COURO

O couro é um material natural orgânico de origem animal que é obtido a partir da


curtição da pele de animais, que envolve três etapas, sendo: “retirada e preparação da
pele, curtimento com tanino e acabamento, também conhecido como crusting.” (LEFTERI,
2017, p. 58) é um processo que pode durar “semanas ou meses, o que os torna flexíveis e
resistentes à deterioração” (ASHBY e JOHNSON, 2011, p. 257).
O couro apresenta como principais características ser “excepcionalmente duro
e resiliente, e ainda assim flexível e – como a camurça – é macio ao toque” (ASHBY e
JOHNSON, 2011, p. 257) além disso, “vários acabamentos podem ser aplicados para
melhorar a consistência do couro. a adequação da textura pode ser feita com a aplicação
de padrões artificiais para intensificá-la” (LEFTERI, 2017, p. 58).

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Outro destaque é sobre o couro de peixe que apresenta a característica de ser
um material forte “Isso é devido à sua estrutura de fibras cruzadas, diferente do couro
bovino, no qual as fibras se alinham em uma mesma direção. Esse padrão natural de fibras
cruzadas torna o couro de peixe mais forte que outros couros” (LEFTERI, 2017, p. 64),
por ser um mercado muito lucrativo devemos ter preocupações quanto às questões de
sustentabilidade e preservação ambiental, nesse sentido salienta Lefteri:
Para assegurar que as espécies não corram risco de extinção como resultado
dos negócios envolvendo o couro de animais exóticos. assim, o couro de
peixe deve ser fornecido por fontes certificadas, e a espécie animal não pode
estar ameaçada. de acordo com os produtores, nenhum dos peixes usados
para a obtenção do couro está na lista de espécies ameaçadas. eles podem
ser encontrados nas peixarias (LEFTERI, 2017, p. 64).

A aplicação do couro no design de produtos é extremamente ampla, sendo usado


em bolsas, malas, calçados, tapeçaria, estofados, revestimentos internos de automóveis,
vestimenta e etc.

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3. MATERIAIS NATURAIS ORGÂNICOS DE FONTE VEGETAL

Os materiais naturais orgânicos de fonte vegetal apresentam alguns materiais


bastante conhecidos e que são amplamente usados em projetos de produto e são utilizados
em forma de fibras, fios ou tecidos sendo muito importantes para indústria têxtil, entre elas,
podemos citar: as extraídas de sementes e frutos como o algodão e o coco, de caules como
cânhamo, juta, linho, malva, rami, e as extraídas de folhas como o sisal.
Ainda nesse grupo temos as madeiras e seus principais “subprodutos, bem como
os materiais compostos destes obtidos como o aglomerado e o MDF e o Arboform, um
polímero a base de celulose” (LIMA, 2006, p. 86).
Há também muitos outros materiais interessantes de origem vegetal como a cortiça,
o bambu, que pode ser utilizado na sua forma maciça ou em fibras, além dos polímeros
como o látex empregado na fabricação de luvas e materiais cirúrgicos e o âmbar, gema de
natureza orgânica vegetal que é utilizado na joalheria (LIMA, 2006).
Aqui iremos conversar sobre alguns desses materiais naturais, seria impossível
a explanação sobre todos, ainda que seja de grande importância para o designer adquirir
esse conhecimento.

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3.1 O Algodão
“O Algodão é a fibra mais usada no mundo, cerca de três quartos da população
mundial a utiliza no vestuário” (CHATAIGNIER, 2006, p. 39), só essa informação já é
suficiente para entender a importância dessa fibra natural para o design de produtos, porém
suas aplicabilidades vão muito além do vestuário, servindo desde telas de pintura até à
encadernação de livros.
As fibras de algodão que são utilizadas para fiação, tecelagem ou malharia são
extraídas das flores do algodão (Figura 4) e apresentam-se “em diversas cores, dependendo do
clima e da espécie: branca, azulada, rosada, amarelada” (CHATAIGNIER, 2006, p. 41), por isso
encontramos algodão orgânico colorido, que não passa por processos químicos de coloração.

FIGURA 4 - RAMOS DE ALGODÃO E TECIDOS

O algodão é um vegetal bastante interessante que tem outros derivados que


produzem materiais para diversos fins, como por exemplo o Línter que é uma penugem
que fica presa aos caroços ele tem várias utilidades tais como estofos de travesseiros,
almofadas e estofamentos, e depois de beneficiamentos pode entrar em composições
mistas e ser utilizadas em: “plásticos, filmes fotográficos, papel e embalagens para produtos
alimentícios” (CHATAIGNIER, 2006, p. 41) e os “refugos da fiação’’ é usada na produção de
estopas e barbantes’ (CHATAIGNIER, 2006, p. 40).

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A aplicabilidade do algodão é bastante vasta devida às suas características e
propriedades, como por exemplo a sua resistência, ela é a “fibra mais resistente, podendo
ficar séculos com conservação razoável e é menos vulnerável a traças, mofos e fungos
(CHATAIGNIER, 2006, p. 40), assim encontramos o algodão sendo utilizado em todos os
ramos do vestuário, indo desde roupa para bebês até vestidos de noiva, passando pela
produção do jeans e até roupa de cama, mesa e banho, redes, almofadas e tapetes.

SAIBA MAIS

Você sabia que o site da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária


Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) fornece todas as informações sobre
o cultivo do algodão, inclusive sobre o cultivo dos algodões coloridos.

Para saber mais sobre o cultivo de algodão acesse: https://www.embrapa.br/cultivar/algodao

3.2 A Cortiça
A cortiça é um material natural extraído da casca subcutânea do carvalho-corticeiro,
a “colheita da cortiça sempre acontece no verão, quando a casca se expande e solta do
tronco interno da árvore” (LEFTERI, 2017, p. 72) esse material apresenta vá curiosidades
interessantes, como por exemplo o fato de que “as árvores de cortiça absorvem até cinco
vezes mais Co2 do que as outras árvores” (LEFTERI, 2017, p.72) e é um dos muitos
recursos naturais rapidamente renováveis.
Mesmo parecendo um material simples e antigo, a cortiça ainda ocupa um papel
importante no design de produtos, inclusive ela é utilizada em ônibus espaciais ela “protege
os tanques de combustível na reentrada da atmosfera terrestre, por causa dos 40 milhões
de bolhas de ar contidas no espaço de 1 cm de cortiça.” (LEFTERI, 2017, p. 72), e como
podemos ver na Figura 05 sua aplicação em objetos de fisioterapia.

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FIGURA 5 - PRODUTOS DE FISIOTERAPIA DESENVOLVIDOS EM CORTIÇA

Entre suas características e propriedades é interessante saber que a cortiça


apresenta uma “estrutura celular composta de até 80% de ar em volume. Quando seca, a
cortiça é leve, porosa, fácil de comprimir e elástica” (ASHBY e JOHNSON, 2011, p. 257).
Por isso ela é considerada uma espuma natural, sendo à prova d’água e apresenta “um
coeficiente de Poisson zero, o que, em outros termos, significa que não se estreita quando
esticada, ao contrário da maioria dos materiais elástico” (LEFTERI, 2017, p. 72) e apresenta
baixa condutividade térmica.
Por apresentar essas características interessantes como a sua capacidade de
isolamento, controle de vibração e flutuadores, a cortiça é usada para diversas finalidades,
entre as mais comuns podemos lembrar das rolhas das garrafas de vinho, que podem
durar até 30 anos sem estragar nem contaminar a bebida. Mas, também são muito usadas
para “isolamento de tetos e paredes contra calor e som, embalagens para transporte de
frutas. Em forma prensada, é usada para gaxetas, retentores de óleo, rodas de polir e como
componente do linóleo.” (ASHBY e JOHNSON, 2011, p. 257).

3.3 O Bambu
O Bambu é outro material natural de origem vegetal que merece destaque,
segundo Ashby e Johnson (2001) e Lefteri (2017) o bambu é uma dádiva da natureza para
o design porque ele é um tubo natural, forte e é um dos materiais de construção mais leve
da natureza, ainda apresenta propriedades estruturais, nutricionais e medicinais, cresce
com muita rapidez, podendo chegar a 15 metros de altura, sem contar com seu apelo
sustentável, uma vez que “é um material tão propalado pelo movimento “verde” que nos
leva a crer que tudo o que é feito de bambu parece ser ecologicamente correto (LEFTERI,
2017, p. 74). Nesse sentido, Librelotto e Ferroli (2017), explicam:
Tido como um material alternativo inovador o bambu está, de modo quase
consensual, classificado nesta modalidade junto a outros materiais, que
englobam, por exemplo, fibra de coco, casca de árvore, couro de peixe,
junco, cânhamo, palha de trigo e fibras de cenoura (para citar alguns). Estes
materiais recebem essa denominação de alternativos porque, ao contrário dos
chamados materiais tradicionais (ou convencionais), estão em processo de
experimentação ou ainda não possuem normas técnicas nacionais correntes
que orientem seu uso (LIBRELOTTO e FERROLI, 2017, p. 193).

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Materiais dos Materiais Naturais 37
Com todas essas características, o bambu é considerado um dos mais “versáteis
dos materiais, pode ser fracionado em tiras, que podem ser entrelaçadas para gerar
cestos e móveis” (LEFTERI, 2017, p. 74). Também sendo muito usado em “construção
e andaimes, para telhados e assoalhos, para tubos, baldes, cestas, bengalas, varas de
pescar, venezianas, tapetes, flechas e móveis” (ASHBY e JOHNSON, 2011, p. 257).

FIGURA 6 - TALHERES DE BAMBU ECO FRIENDLY COM CONCEITO DE DESPERDÍCIO ZERO

Por seu apelo de material sustentável e ecológico, o bambu é uma fonte inesgotável
de possibilidades para o designer, seja em sua aplicação na arquitetura, conexões estruturais
(engenharia), móveis até nos objetos mais simples do cotidiano e, atualmente está sendo
muito utilizado para o design de objetos como utensílios de cozinha (Figura 06) e muitos
outros como as escovas de dentes e armações de óculos, como assegura Lefteri que se o
bambu tivesse sido inventado pelo homem ele “teria a conotação de material-maravilha, no
mesmo nível do Teflon e do Velcro” (LEFTERI, 2017, p. 74).

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Materiais dos Materiais Naturais 38
SAIBA MAIS

Para saber mais sobre o Bambu e suas propriedades maravilhosas, aplicações no design
e teste de sustentabilidade, leia o artigo “Materiais e sustentabilidade: aplicações do
bambu em arquitetura, design e engenharia”, apresentado no Capítulo 8 do Livro: Design,
Artefatos e Sistema Sustentável. Disponível no acervo virtual da “Minha Biblioteca”

Fonte: ARRUDA, A. J. V.; FERROLI, P. C. M.; LIBRELOTTO, L. L. Design, Artefatos e Sistema Sustentável.
Editora Blucher, 2017. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580392982/.
Acesso em: 16 mar. 2022.

3.4 As madeiras
As madeiras são materiais naturais de origem vegetal e registra-se como sendo
o material mais antigo utilizado pela humanidade para desenvolver objetos e habitações,
(LIMA, 2006; ASHBY e JOHNSON, 2011) sendo até hoje amplamente explorada pela
facilidade de obtenção e, se aliada às práticas de renovação de reservas florestais “por
meio de manejos adequados, permite considerarmos este grupo de materiais praticamente
inesgotável, se explorada de forma consciente” (LIMA, 2006, p. 86).

FIGURA 7 - TORAS DE TRONCOS DE ÁRVORES

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Materiais dos Materiais Naturais 39
De forma geral, as madeiras apresentam algumas características e propriedades
em comum, como por exemplo: baixa densidade, “boa resistência à flexão, à tração e ao
impacto, sendo também, bons isolantes térmicos e elétricos, [...] um material combustível
e, sem os devidos tratamentos, é sensível à umidade e vulnerável ao ataque de fungos e
bactérias” (LIMA, 2006, p. 86).
Pela diversidade natural da vegetação, as madeiras apresentam uma grande
gama de cores, desenhos e texturas, a madeira também é “fácil de usinar, esculpir e
unir e, quando laminada, pode ser moldada em formas complexas. E é esteticamente
agradável, tanto em cor quanto em toque, e associada com artesanato e qualidade.”
(ASHBY e JOHNSON, 2011, p. 258).
Sendo utilizadas em uma enorme variedade de projetos de design desde estruturas
para construção civil até outros campos como o mobiliário, utensílios domésticos, decoração
e revestimento (ASHBY e JOHNSON, 2011).
No campo do design de móveis o trabalho de Joaquim Tenreiro é excelente exemplo
de aplicação da madeira de forma inovadora e com reconhecimento artístico. No cenário
atual há vários designers brasileiros com grande prestígio no cenário moveleiro, como:
Gustavo Bittencourt, Rodrigo Simão, Guga Casari.

SAIBA MAIS

Conheça o trabalho da BVRio, associação civil sem fins lucrativos, que atua no sentido
de desenvolver e propor soluções de mercado para diferentes tipos de ativos ambientais.
Em parceria com o manejo florestal comunitário COOMFLONA e designers brasileiros,
desenvolveram uma série documental.
A iniciativa Design & Madeira Sustentável promove a união entre design e responsabilidade
socioambiental, levando designers brasileiros de renome internacional diretamente ao
coração da Amazônia. Para saber mais sobre o trabalho da BVRio

Acesse: https://www.bvrio.org/pt/design-sustainable-wood

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Materiais dos Materiais Naturais 40
3.4.1 A produção da madeira
As madeiras maciças são extraídas dos troncos das árvores, podem ser do tipo de
árvores “exógenas que compreendem as coníferas (gimnospermas - sem frutos para geração
de sementes) e as folhosas ou frondosas (angiosperma - sementes nos frutos)” (LIMA,
2006, p. 86). Os troncos cortados em secção transversal irão apresentar características
sempre semelhantes, compostos por círculos que são: a casca, o alburno, o cerne e a
medula, conforme Figura 8:

FIGURA 8 - CASCA, ALBURNO, CERNE E MEDULA

Fonte: A autora (2022).

Segundo Lima (2006), a casca tem a função protetiva, contra agentes externos e
parasitas, exceto raras exceções como é o caso da cortiça, a casca não é aproveitada, a
medula é a parte central do tronco e tem a estrutura esponjosa e geralmente é rejeitada, já
a parte aproveitada comercial leva o nome de lenho e é formado pelo alburno e pelo cerne.
O alburno “é responsável pelo transporte de seiva cerne da árvore viva sendo, em
muitos casos, a região que apresenta uma coloração levemente mais clara da secção do
tronco” (LIMA, 2006, p. 87) e o cerne “tem função de sustentação estrutural da árvore. É a
região constituída por células mortas da árvore e no qual podemos encontrar os anéis de
crescimento do vegetal. Em termos comerciais, é a região mais apreciada” (LIMA, 2006, p. 87).
A produção da madeira passa por diversas etapas iniciando pela derrubada da
árvore, que será obtido o troco (Figura 7) que posteriormente passará por diversas etapas de
processamento onde será possível obter a madeira maciça, e também outros produtos como
o papel, papelão, aglomerado, MDFs, laminados e compensados, entre outro (LIMA, 2006).

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Materiais dos Materiais Naturais 41
A primeira etapa da produção é a toragem, que corresponde ao corte em peças
com comprimento em torno de 6 mm, posteriormente, já nas serralherias, as toras podem
ser submetidas ao fraquejo e ao desdobro, como no exemplo da Figura 08, que são cortes
para obtenção da madeira maciça, porém podem ser submetidas à outros processos para
obtenção de materiais diversos, como “torneamento (produção de chapas para compensado),
faqueamento (produção de folhas para revestimento), descascamento (produção de cavacos
para fabricação de aglomerados, MDFs, papelão etc.) (LIMA, 2006, p. 89).

FIGURA 9 - EXEMPLOS DE CORTES EM MADEIRA MACIÇA

Segundo Lima (2006) as madeiras maciças podem ser divididas em dois grupos,
que são as economicamente reflorestáveis e as nativas, que são obtidas por exploração
de florestas naturais, e devem ser utilizadas apenas aquelas com uso recomendado pelo
Laboratório de Produtos Florestais do IBAMA. Para fins didáticos torna-se impossível explicar
as características e aplicações de todas espécies de madeiras, porém esse conhecimento
é fundamental para o designer, que deve buscar em publicações especializadas do setor.

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Materiais dos Materiais Naturais 42
SAIBA MAIS

Há uma grande diversidade de material específico para estudar sobre as madeiras,


características e aplicação no design, entre eles temos, por exemplo, o Livro “Árvores e
madeiras úteis do Brasil: manual de deontologia brasileira’’, Carlos Toledo Rizzini.

Fonte: RIZZINI, C. T. Árvores e madeiras uteis do Brasil (2nd edição). Editora Blucher. 1978. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788521216629. Acesso em: 10 mar. 2022.

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Materiais dos Materiais Naturais 43
4. MATERIAIS NATURAIS INORGÂNICOS

No grupo dos materiais inorgânicos estão os materiais conhecidos por serem


materiais naturais não-renováveis, ou seja, eles são obtidos através da extração de fontes
que são finitas.
Neste grupo dos materiais inorgânicos temos os minerais que podem ser minerais
metálicos e não-metálicos (os minerais metálicos são submetidos a processos diferentes,
portanto serão tratados separadamente).
Já entre os minerais não-metálicos, temos as pedras naturais, que apresentam
vasta utilização para o design, entre elas temos como exemplo os mármores e granitos,
que são amplamente utilizados na construção civil, e as pedras preciosas como a água
marinha, a ametista, a safira, o topázio, que são geralmente utilizadas pelas indústrias de
joias, porém também apresentam outras aplicações industriais e de design (LIMA, 2006).

4.1 Materiais naturais inorgânicos: Pedras naturais


“A mineralogia é a ciência que estuda os minerais: o que são, como são formados e
onde ocorrem” (FREITAS et al., 2021, p. 11-12) Assim, é a partir dos estudos da mineralogia
que o designer irá buscar informações sobre propriedades e características dos minerais
que podem ser utilizados em projetos.
Dentre os minerais, temos as pedras naturais que são “associações compatíveis e
estáveis de um ou mais minerais. Sua formação se dá nos ambientes geológicos geradores,
que variam pelos elementos atuantes de pressão, temperatura ou composição química”
(ABITANTE e LISBOA, 2017, p. 01-02).

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Materiais dos Materiais Naturais 44
Portanto, esses materiais para serem considerados materiais naturais são aqueles
que podem ser encontrados ou extraídos prontos para o uso, não passam por nenhum
processo de transformação, apenas passando por processos de acabamentos como:
“lavagem, polimento, redução de tamanho, flambagem, apiloamento, jateamento (com areia)
e/ ou espelhamento (polimentos sucessivos com equipamento especializado e utilização de
abrasivos)” (ABITANTE e LISBOA, 2017, p. 01-02).
Segundo Abitante e Lisboa (2017) algumas pedras com o granito, o basalto, o
diorito, a ardósia, o arenito, o calcário e o dolomito, a gnaisse, o mármore e o quartzito, são
as mais utilizadas na construção civil, porém, elas podem ser utilizadas de diversas formas
no design de produtos, temos hoje no Brasil vários designers de mobiliário e decoração
que utilizam pedras naturais de formas inovadoras, como por exemplo os trabalhos de Etel
Carmona e Ivan Rezende e Natalia Scarpati.

SAIBA MAIS

No Brasil temos a ABRIROCHAS, Associação Brasileira de Rochas Ornamentais, que


fornece vários materiais interessantes sobre rochas, estudos sobre o setor, guias de
utilização, e também promove a Brazilian Stones Original Design que é uma exposição
de designer e arquitetos expoente no Brasil.

Para saber mais sobre a ABRIROCHAS acesse: www.abirochas.com.br

UNIDADE II
I Tipologia
Ciências dos
e Propriedades
Materiais dos Materiais Naturais 45
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, apresentamos os principais conceitos relacionados com o universo


dos materiais naturais e suas características, de forma geral, os materiais naturais são
aqueles que podem ser cultivados ou extraídos passando apenas por processos de
acabamentos, e a sua utilização é muito próxima da forma natural em que é encontrado.
Também analisamos que os materiais naturais podem ter várias fontes sendo: os
de origem vegetal, que são os extraídos de folhas, sementes e caules das mais diversas
vegetações, os de origem animal, que são extraídos de pelos, secreção e peles de animais,
e os de origem mineral que são encontrados nas diversas formações rochosas, assim,
cada um possui suas características e propriedades e podem ser usados em uma grande
variedade de projetos desde aplicados em revestimentos da construção civil, como em
mobiliário, objetos de decoração e objetos de moda.
Dessa forma, avançamos o estudo sobre os materiais e acabamentos disponíveis
para o designer utilizar em seus projetos, e percebemos que esse universo é bastante vasto
e impossível de ser esgotado neste estudo, por isso, trazemos informações sobre alguns
dos principais materiais e esperamos que sua curiosidade seja aguçada e te incentive a
buscar novas fontes de informações
Antes de avançarmos para a próxima unidade convido você a refletir sobre o universo
dos materiais naturais, olhar a sua volta e perceber como estão presentes em nossos
ambientes, vamos juntos pensar sobre as sensações e emoções que esses materiais nos
remetem, você, aluno (a) futuro (a) designer precisa se familiarizar com essas sensações e
começar a colocar em prática em seus estudos projetuais.

UNIDADE II
I Tipologia
Ciências dos
e Propriedades
Materiais dos Materiais Naturais 46
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Diamante: a pedra, a gema, a lenda
Autor: Mario Luiz de Sá Carneiro Chaves e Luís Manuel Chambel
F. Rodrigues Cardoso.
Editora: Oficina de Textos.
Sinopse: O livro tem seu enfoque na Mineração do Diamante no
Brasil, falando sobre o futuro da mineração e dá destaque especial
para os depósitos em Minas Gerais. O livro está disponível em sua
Biblioteca virtual Parsons.

LIVRO
Título: Inovação nas Técnicas de Acabamentos decorativos em
Sementes Ornamentais Brasileiras: design aplicado a produtos
com perfil sustentável
Autor: Lia Paletta Benatti.
Editora: Blucher.
Sinopse: A pesquisa apresenta as sementes ornamentais
brasileiras e sua relação com a moda, a joalheria e o mercado
das biojoias. Observando os produtos no mercado e os trabalhos
mais diferenciados presentes nos ramos de moda e joalheria,
descobriu-se um campo aberto para o foco da presente pesquisa.
O livro está disponível em sua Biblioteca virtual Parsons.

FILME/VÍDEO
Título: Enquanto o Trem não Passa
Ano: 2013.
Sinopse: Essa produção é um documentário em curta-metragem
produzido pelo coletivo Mídia NINJA em parceria com o Comitê
Nacional em Defesa dos Territórios Atingidos pela Mineração. Tra-
ta dos impactos sociais e ambientais das atividades mineradoras
sobre as comunidades próximas a suas áreas de atuação.

UNIDADE II
I Tipologia
Ciências dos
e Propriedades
Materiais dos Materiais Naturais 47
UNIDADE III
Tipologia e Propriedades dos
Materiais Não Metálicos
Professora Me. Fernanda Tiosso Sampaio

Plano de Estudo:
● Cerâmicos;
● Vidros;
● Polímeros Sintéticos.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer e conceituar os materiais cerâmicos;
● Diferenciar os materiais cerâmicos e os vidros;
● Descrever os materiais polímeros;
● Analisar a aplicabilidade dos principais materiais não metálicos.

48
INTRODUÇÃO

Olá aluno (a)!

Você já parou para pensar na grande quantidade de materiais que podemos


desenvolver industrialmente, a partir de fontes tanto naturais quanto sintéticas, e assim
teremos uma infinidade de opções para utilizar em nossos projetos?
Esses materiais são conhecidos como materiais industriais não metálicos, esse
é o universo dos materiais chamados de cerâmicas, vidros e os polímeros sintéticos, que
comercialmente podemos chamar de plásticos.
Nesta terceira unidade vamos conhecer e analisar os métodos de obtenção e
produção dos principais materiais de cada categoria, exemplificando suas principais
características e aplicabilidade em projetos, claro que sempre lembrando que quando
falamos em materiais industriais devemos sempre pensar com foco na responsabilidade
ambiental e sustentabilidade.

Aproveite!

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 49


1. CERÂMICOS

“A palavra cerâmica vem do grego Keramikos e quer dizer matéria-prima queimada”


(LEONEL, 2020, p. 163) o que faz todo sentido, uma vez que as cerâmicas são obtidas através
de “misturas de matérias-primas naturais, como argila, caulim, feldspato, quartzo, etc., e
sintéticas como a alumina” (LIMA, 2006, p.126) em altas temperaturas, entre 1400º a 1800ºC.
Esse grupo de materiais chamados de cerâmicas, engloba diversos produtos
conhecidos como: “louças, porcelanas, vidros, esmaltes, refratários, cimentos, abrasivos e
materiais de construção civil como tijolos, telhas e azulejos” (LEONEL, 2020, p. 163). Lima
(2006) cita que a Associação Brasileira de Cerâmica faz uma classificação das cerâmicas
quanto a aplicação final, separando esses materiais da seguinte forma: cerâmica vermelha,
materiais de revestimentos, cerâmica branca, refratários, isolantes térmicos, cerâmicas
avançadas, fritas e corantes e o grupo dos vidros (cimento e cal e abrasivos) que por
motivos didáticos serão tratados em separado dos cerâmicos.

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 50


TABELA 1 - CLASSIFICAÇÃO DAS CERÂMICAS QUANTO À APLICAÇÃO
CERÂMICAS VERMELHAS Tijolos, telhas, encanamentos e correlatos.
MATERIAIS DE REVESTIMENTO Louças sanitárias e as porcelanas.
Blocos, tijolos, argamassas e argilas isolantes de
REFRATÁRIOS
elevada resistência ao calor.
ISOLANTES TÉRMICOS Fornos industriais, proteção de motores e altos-fornos.
Materiais sintéticos de elevada pureza são destinados
CERÂMICAS DE ALTO DESEMPENHO a aplicações muito restritas como para indústria
aeroespacial biomédica, eletrônica, entre outros.
Revestimento de peças cerâmicas formando
sobre estas uma fina camada vítrea. Já, em
FRITAS E CORANTES (VIDRADOS)
peças metálicas estes produtos são chamados de
esmaltes cerâmicos (enamels).
VIDROS Copos, garrafas, janelas, telas de eletrônicos, etc.

Fonte: Adaptado de: Lima (2006).

Lefteri (2017) assegura que as cerâmicas apesar de ainda terem muita relação com
a arte e a porcelana, elas passaram por grandes transformações industriais nos últimos 40
anos e agora há uma nova geração de cerâmicas técnicas avançadas.
Essa nova geração de cerâmicas são as chamadas cerâmicas especiais, cerâmicas
avançadas ou cerâmicas de engenharia (LEONEL, 2020; LESKO, 2012) que compreende
algumas cerâmicas com aplicações focadas em suas propriedades elétricas, magnéticas e
ópticas, como por exemplo os chamados semicondutores, e muitos outros que são usados
como “ferramenta de corte, válvulas, mancais e em equipamentos de processos químicos.
Na indústria de eletrônicos, os materiais cerâmicos são usados em chips, supercondutores,
ímãs, capacitores e transdutores” (LESKO, 2012, p. 312).
Um exemplo desses novos materiais é a alumina e a zircônia, duas das cerâmicas
avançadas mais usadas, “elas estão ajudando a transformar a definição de cerâmica em
um material de tecnologia avançada e luxo, quando aplicado ao design voltado para o
consumidor” (LEFTERI, 2017, p. 221).
A seguir, conheceremos as principais matérias-primas, suas propriedades e os
principais tipos de fabricação e acabamentos.

1.1 Matérias-primas das cerâmicas


O uso das matérias-primas para cerâmicas é milenar, tendo sido utilizadas desde os
inícios das civilizações humanas, inicialmente eram aplicadas para construção de moradias,
tijolos, vasos e utensílios para armazenar e cozer alimentos (LIMA, 2006; LEONEL, 2020).
Atualmente, existe uma infinidade de outras aplicações para as cerâmicas como
em turbinas de motores, próteses dentárias e componentes para indústria aeroespacial,
essas aplicações só são possíveis por causa das diferentes composições das cerâmicas
que podem variar na quantidade de elementos como também nas formas de tratamentos
térmicos (LIMA, 2006).

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 51


Para a produção das cerâmicas são combinados, basicamente, dois tipos de
materiais: plásticas e não plásticas.
As matérias-primas chamadas de plásticas são aquelas que proporcionam
maleabilidade à pasta (mistura), elas propiciam melhor facilidade para a conformação da
massa, bem como para o desempenho da resistência mecânica da peça antes e durante a
queima, e são as argilas e os caulins (LIMA, 2006).
Já as matérias-primas chamadas de não-plásticas são aquelas com função de
garantir impermeabilidade e acabamento à cerâmica e atuam na fase final da secagem e
da queima das peças auxiliando nos processos de transformação que as peças passam
nessas fases (que iremos ver no próximo tópico) essas matérias-primas são os filitos,
feldspato e o quartzo (LIMA, 2006).
Dependendo do tipo de mistura de matérias-primas, a cerâmica será considerada
natural quando sua pasta for se formada por argilas, dolomita, feldspato, filito, grafita e quartzo,
por exemplo, mas será considerada um material sintético quando formada por materiais como
a alumina e seus derivados, carbeto de silício, magnésia e óxido de zinco (LIMA, 2006).

SAIBA MAIS

A argila é encontrada abundantemente na natureza, nas margens dos rios e manguezais.


É barata e fácil de manipular. É reciclável e se conserva ao longo dos anos somente
exigindo um pouco de cuidado e umidade. A argila se origina da desagregação de
rochas que comumente contém feldspato, por intemperismo. O intemperismo é a ação
física e química do ambiente sobre as rochas. A ação química caracteriza-se pelo
ataque químico que é feito, por exemplo, pelo ácido carbônico presente na atmosfera
e outros elementos agressivos de chuvas e águas. A ação física se refere à erosão,
aos vulcanismos, à pressão, à descompressão, entre outros. No final, parte da rocha é
transformada e fragmentada em partículas muito pequenas, chamadas de argilominerais
(ABITANTE e LISBOA, 2017, p.30).

Fonte: Abitante e Lisboa (2017, p.30).

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 52


1.2 Propriedades dos materiais cerâmicos
Cerâmicas são materiais inorgânicos não metálicos, como as cerâmicas são formadas
por misturas, as suas composições químicas e estruturais também variam fazendo com que as
propriedades desses diversos materiais também sejam diversas (ABITANTE e LISBOA, 2017).
Mesmo apresentando essas variações, de forma geral as cerâmicas apresentam
algumas características em comum, como dureza, inércia e resistência e por isso vem ganhando
novas utilidades e com tal força que vem “invadindo o território dos metais. Por exemplo, as
facas de cerâmica não perdem o fio tão facilmente quanto os metais” (LEFTERI, 2017, p. 221).
As cerâmicas apresentam a propriedade da plasticidade, que é a propriedade que
um material tem de se deformar sob a ação de uma força e de manter essa deformação
após cessar a força que a ocasionou (ABITANTE e LISBOA, 2017). Ou seja, a plasticidade
da cerâmica está presente quando este material é capaz de tomar forma quando está
úmido e manter esse formato após secar.
Apresentam a propriedade de alta resistência ao desgaste e a corrosão química,
tanto em temperatura ambiente quanto em temperaturas elevadas, como também alta
resistência a temperaturas elevadas, por isso são química e termicamente mais estáveis, e
são péssimos transmissores de calor e eletricidade.
Quanto às propriedades mecânicas, as cerâmicas apresentam elevada dureza e
boa resistência à compressão, permitindo que sejam utilizadas como materiais abrasivos,
ferramentas de corte e situações de carregamento compressivo.
Um dos maiores pontos negativos das cerâmicas é sua alta fragilidade, apresentando
baixa resistência a impactos.

1.3 Processos de fabricação e obtenção de cerâmicas


Para o processo de fabricação de cerâmicas, de forma geral há cinco (05) etapas
básicas, sendo:
Etapa 01: O processo de fabricação das cerâmicas inicia-se com a extração do material
de “jazidas previamente selecionadas com base na análise da composição do solo
que, em última instância, determinará a serventia do material” (LIMA, 2006, p.124).
Etapa 02: Redução do tamanho da partícula da matéria-prima, ou seja, deve-se
esmagar ou moer, ou combinar outros métodos como “compressão, impacto, abrasão
e raspagem” (LEONEL, 2020, p. 176) para que o tamanho das partículas da matéria-
prima esteja de acordo com o produto e o método de conformação que será utilizado.
Etapa 03: Preparação da pasta cerâmica, nesta etapa mistura-se a matéria-prima
com aditivos ou outros materiais cerâmicos para obter as características desejáveis:

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 53


Aditivos tais como aglomerante, lubrificante de desmoldar, um agente
umidificador para melhorar a mistura, um plastificante para tornar a mistura
mais plástica e deformável e desfloculador para mudar a carga elétrica de modo
que as partículas afastem-se em vez de atraírem-se. (LESKO, 2012, p. 315).

Nesta pasta pode ser adicionado outros materiais cerâmicos como por exemplo o
feldspato, o chamote, o caulim, e o quartzo. O quartzo, por exemplo, é “uma variedade cristalina
da sílica, age como um antiplástico reduzindo encolhimento das peças moldadas durante a
secagem e evitando a formação de rachaduras e deformações” (LEONEL, 2020, p. 177).
Etapa 04: Nesta etapa são feitas as operações de conformação, ou seja, são feitas
as operações de dar forma às cerâmicas que, basicamente, são de três tipos:
moldagem, extrusão e prensagem (LESKO, 2012; LEONEL, 2020).
Etapa 05: Depois dos processos de conformação passa-se para operações de
secagem e queima. As peças de cerâmica devem secar lentamente, porque, nesse
processo, elas perdem água, podendo encolher até 20% do tamanho úmido, “nesse
processo pode haver retratação desigual entre as diferentes partes levando ao
trancamento e a consequente perda da peça” (LEONEL, 2020, p.185).
Na fase final do processo produtivo da cerâmica, ocorre a queima, cozimento ou
sinterização, “a peça é sujeita a uma temperatura em ambiente controlado o que lhe confere
resistência e dureza” (LESKO, 2012, p. 318). Em olarias pequenas, com a produção mais
artesanal, os fornos são à lenha e nas produções em grande escala há outros tipos de
fornos industriais (ABITANTE e LISBOA, 2017).

FIGURA 1 - QUEIMA DAS CERÂMICAS

Após a queima (Figura 1) podem ser feitas operações de acabamentos adicionais,


como aplicação de esmalte que confere um revestimento brilhante tornando-o impermeável,
os materiais cerâmicos também podem passar por “retificação, polimento e usinagem
química, ultrassônica ou por descarga elétrica podem ser usadas para dar a uma peça sua
forma e tolerâncias finais, além de remover defeitos de superfície e melhorar o acabamento”
(LESKO, 2012, p. 318).

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 54


1.4 Processos de conformação das cerâmicas
A moldagem plástica é um dos métodos mais antigos para conformação de argilas, e
é muito utilizada na fabricação de louças, pode ser feita manualmente no caso de cerâmicas
artesanais ou pode ser feita com a utilização de tornos automáticos para obtenção de peças
redondas em que já é possível alguns tipos de automação (LEONEL, 2020).
A moldagem também é muito utilizada para a fabricação de tijolos, telhas, lajotas
e ladrilhos, tendo processos diferentes, por exemplo, para azulejos, pisos, tijolos e telhas,
molda-se com prensas, já vasos, potes, molda-se em formas de madeira ou torno de oleiro.

FIGURA 02 - PROCESSO DE MOLDAGEM DA CERÂMICA

No caso de porcelanas, louças sanitárias e peças de formato complexo executa-se


outro método chamado de suspensão por fundição ou colagem de barbotina (Figura 03),
onde são utilizadas formas porosas de gesso e uma solução que contém argila, nesse
processo a água da suspensão é gradualmente absorvida pelo molde e, depois de seca, a
peça descola desta. (LEONEL, 2020; ABITANTE e LISBOA, 2017; LESKO, 2012).

FIGURA 03 - PROCESSO COLAGEM DE BARBOTINA

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 55


A técnica chamada de extrusão utiliza-se a cerâmica em estado plástico, nesta
técnica é utilizada uma máquina chamada Maromba, nesta máquina o material cerâmico
é movimentado por uma rosca e é forçado através de uma matriz formando uma coluna
contínua que pode ser cortada nas dimensões desejadas são obtidos tijolos vazados tubos
blocos cerâmicos e azulejos (LEONEL, 2020).
Esta técnica também “pode ser uma etapa intermediária na formação de produtos
cerâmicos seguida por prensagem no caso de telhas ou torneamento no caso de xícaras e
pratos” (NORTON, 1973; ABCERAM, 2020, apud LEONEL, 2020, p. 179).
O terceiro tipo de conformação de cerâmicas é a prensagem, que pode ser
prensagem a seco, prensagem úmida e prensagem a quente ou sinterização por pressão.
Na prensagem a seco é utilizada uma prensa “hidráulica mecânica ou mista onde
aplica-se pressão sobre um molde que contenha um material cerâmico granulado com
baixo nível de umidade [...] deste modo pode obter-se ladrilhos azulejos telhas placas de
materiais refratários” (LEONEL, 2020, p. 181), a “prensagem úmida é usada para fabricar
formas cerâmicas complexas e pequenas sob elevada pressão em prensas hidráulicas ou
mecânicas” (LESKO, 2012, p. 317). E, no caso da prensagem a quente ou sinterização por
pressão, pressão e temperatura são aplicadas simultaneamente, o que reduz a porosidade,
tornando a peça mais densa e resistente (LESKO, 2012).

SAIBA MAIS

No Brasil, a atividade do setor cerâmico é bastante expressiva, haja vista a abundância


de matéria-prima, a presença de fabricantes de materiais sintéticos (com destaque para
alumina e a disponibilidade de energia demandada pelo setor. Neste âmbito destacam-se
as indústrias de cerâmica vermelha, materiais de revestimento, louças sanitárias, louças
de mesa, cerâmicas artísticas (decorativa e utilitária), cerâmicas técnicas e isolantes
térmicos. A maioria concentrada nas regiões Sudeste e Sul.

Fonte: Lima (2006, p. 124).

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 56


2. VIDROS

A utilização do vidro para desenvolvimento de objetos, segundo evidências, inicia-se


no Egito por volta de 7.000 a.C, com a fabricação de amuletos e outros objetos pequenos,
posteriormente, por volta de 1.300 d.C, as peças de Murano eram vendidas à preço de ouro
por toda Europa, mas foi a partir do Séc. XX que a utilização do vidro cresceu sendo muito
utilizado pela construção civil (ABITANTE e LISBOA, 2017).
Segundo Lefteri (2017) o vidro é um material que também contribuiu para a revolução
da Informática, que por ficar escondido nos equipamentos não percebemos a sua grande
aplicabilidade em muitas tecnologias como telas de telefones celulares, computadores,
cabos de fibra óptica e etc.
“Os vidros são substâncias inorgânicas consideradas como líquidos super-
resfriados” (LIMA, 2006, p. 129), é interessante saber que o vidro parece ser sólido, porém
a sua estrutura interna apresenta-se como um arranjo de um líquido que está abaixo do
seu ponto de congelamento (ABITANTE e LISBOA, 2017), ou seja, o vidro é uma mistura
extremamente viscosa “composta de óxidos metálicos, geralmente de silício, sódio e cálcio,
que se comportam como sólidos à temperatura ambiente” (LIMA, 2006, p. 129).

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 57


De forma geral, podemos elencar algumas propriedades e característica comuns
ao tipos de vidros, como sendo maus condutores de calor e de eletricidade, portanto são
bons isolantes térmicos e elétrico, geralmente apresentam alto grau de transparência
(embora existam vidros translúcidos e opacos) é inerte (não reage quimicamente com
outros elementos, exceto ácido hidrofluoríco), são impermeáveis, não sendo porosos
nem absorventes (ambas características que ainda colaboram para o seu emprego em
embalagens), alta durabilidade, alta rigidez e são 100% recicláveis. (ABITANTE e LISBOA,
2017; LEFTERI, 2017; LIMA, 2006).
Como pontos negativos, o vidro apresenta baixa resistência ao choque, sendo
quebradiço, não apresenta a mesma resistência à elevadas temperaturas como as
cerâmicas, resiste em torno de 300 a 400°C, e também não resiste à choques térmicos,
a sua fraca resistência, pode ser melhorada pela têmpera, que também colabora para o
aumento de sua resistência mecânica. (LIMA, 2006).
Quanto à questão da coloração dos vidros, eles podem ser coloridos a partir da
inclusão de substâncias na massa vítrea, como por exemplo o bióxido de manganês que é
indicado para obtenção da cor preta, óxido de cobalto para obtenção da cor azul, porém esses
processos dependem da composição química dos vidros e de seus processos de fabricação.
No tópico seguinte iremos ver a grande variedade de vidros existentes, suas
características e aplicações.

2.1 Tipos de vidros


Os tipos de vidros e suas aplicações são definidos pela natureza e proporção
dos óxidos metálicos que são empregados na sua composição, também podendo ser
classificados como vidros moles, vidros duros e super-duros, como veremos a seguir.
Os vidros moles são os que amolecem ou fundem a temperaturas relativamente
baixas, e são os vidros soda-cal e o chumbo-alcalino.
O vidro soda-cal representa cerca de 90% de todo o vidro produzido, por ser barato são
utilizados em embalagens em geral, garrafas, copos, e lâmpadas, nesta categoria estão os vidros
planos que são utilizados nas indústrias automobilística, construção civil e de eletrodomésticos
(ABITANTE e LISBOA, 2017). Esse tipo de vidro “não é muito resistente a temperaturas altas,
mudanças abruptas de temperatura e a produtos químicos” (LESKO, 2017, p. 321).

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 58


Os vidros chumbo-alcalinos, também chamados de plumbados ou ao chumbo,
são formados por sílica e têm presença de óxido de chumbo, esse material contribui para
aumentar a sua funcionalidade proporcionando alto índice de refração o que lhe permite
apresentar brilho e boas propriedades óticas, também facilitando a obtenção de formatos
elaborados, é considerado um vidro nobre que é aplicado na fabricação de taças e copos,
peças artesanais, lentes e prismas ópticos, indústria eletroeletrônica e ótica, também são
chamados de cristais. (ABITANTE e LISBOA, 2017; LESKO, 2012; LIMA, 2006). Nesta
categoria ainda encontramos vidros que a proporção de chumbo pode atingir até 90% da
sua composição, estes são destinados para aplicações em campos radioativos.
Os vidros ao chumbo apresentam propriedades elétricas boas, sendo bons
isolantes elétricos, embora apresente baixas propriedades mecânicas, tendo pouca
resistência a temperaturas elevadas e choques térmicos. (ABITANTE; LISBOA, 2017;
LESKO, 2012; LIMA, 2006).
A segunda categoria de vidros, são os vidros duros, que são aqueles que amolecem ou
funde a temperaturas relativamente altas, sendo os vidros boro-silicato e vidro alumínio-silicato.
O vidro borossilicato (borossilicato) foi inventado por Otto Schott e batizado de
Pyrex® e foi o primeiro a ser resistente ao choque térmico e temperaturas elevadas, e por
causa dele é que foi possível o desenvolvimento do bulbo das lâmpadas incandescentes
uma vez que, para sua produção era necessário “um vidro capaz de suportar a variação
de temperatura, de um ambiente interior bastante quente para o exterior às vezes
congelante” (LEFTERI, 2017, p. 234).
Os vidros de borossilicato, são formados principalmente por sílica (70% a 80% do
material) e por óxido de boro (7% a 13%) e por outras pequenas quantidades de outros óxidos
que vão fornecer melhoramento adicional para facilitar a moldagem durante o processo, como
por exemplo óxidos de sódio e potássio e óxido de alumínio. (LEFTERI, 2017; LIMA, 2006).
Como principais características e propriedades, o vidro borossilicato apresenta a
alta capacidade de resistir à choques térmicos, apresenta boas resistências mecânicas,
elétricas e alta resistência a ácidos e ataques químicos, é muito utilizado para utensílios
de laboratório químico, isolantes térmicos e utensílios domésticos. (ABITANTE e LISBOA,
2017; LEFTERI, 2017; LESKO, 2012; LIMA, 2006).
O vidro alumínio-silicato (aluminossilicato) é um tipo de vidro que está relacionado
com as tecnologias de smartphones, por ser “mais duro e mais resistente ao risco que o
policarbonato e por isso está sendo usado cada vez mais para criar painéis de monitores
com tecnologia sensível ao toque” (LEFTERI, 2017, p. 238), como exemplo desse material
podemos destacar o produto chamado comercialmente de Gorilla® Glass produzido pela
Corning Glass®, esse material também é utilizado em “aplicações de alto desempenho, tais
como termômetros para altas temperaturas, janelas de veículos espaciais e resistores em
circuitos eletrônicos” (LESKO, 2017, p. 320).

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 59


A última categoria de vidros são os vidros muito duros que são aqueles que
amolecem ou funde a temperaturas muito altas, sendo os vidros de sílica fundida (ou sílica
vítrea) e vidros de sílica a 96%.
O vidro de sílica fundida (ou sílica vítrea) foi desenvolvido em 1952, é o mais caro
de todos os vidros porque é formado por areia de sílica pura e funde-se a temperatura
maiores que 1725°C; possui máxima resistência ao choque térmico entre todos os vidros,
podendo operar a temperaturas de 900°C por longos períodos de tempo, apresenta baixo
coeficiente de expansão térmico (estabilidade dimensional) e alta resistência a choque
térmico. Utilizada na produção de fibras óticas, espelhos astronômicos, janelas de veículos
espaciais (ABITANTE; LISBOA, 2017; LESKO, 2017).
O vidro de sílica a 96%, desenvolvido em 1939 e é altamente resistente ao calor, e sua
principal vantagem é que pode ser conformado mais facilmente em mais formas do que a sílica
fundida. “Suas propriedades são semelhantes às da sílica fundida e, às vezes, ele é usado
como substituto em componentes ópticos e janelas de espaçonaves” (LESKO, 2017, p.321).

2.2 Conformação e fabricação dos vidros


O processo de fabricação de produtos em vidro com formatos específicos ou planos
inicia-se, segundo Lima:
Com a fusão das matérias-primas que ocorre em fornos de cadinho em
argila, mais caros e indicados para produções especiais (e reduzidas) ou
em fornos-tanque contínuos (produção automatizada em alta escala) ou
descontínuos (LIMA, 2006, p. 138).

Existem processos de conformação do vidro em estado líquido e em estado


plástico e são destinados para fabricação de materiais diferente, conforme tabela a abaixo,
mostraremos alguns desses processos:

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 60


TABELA 2 - PROCESSOS DE CONFORMAÇÃO DE VIDROS
CONFORMAÇÃO DE VIDRO EM ESTADO LÍQUIDO
Chapas e placas com superfícies rugosas. As
duas superfícies precisam ser lixadas e polidas ou
Laminação texturizadas por rolos.
A chapa ou placa plana é conformada em uma
máquina na qual o vidro derretido é passado por
uma série de rolos.
O vidro derretido é colocado em um banho de
estanho derretido sob atmosfera controlada.
Flutuação O vidro flutua no banho de estanho e, depois, é
passado por rolos para um forno onde é polido por
chama e solidifica.
CONFORMAÇÃO DE VIDRO EM ESTADO PLÁSTICO
A primeira etapa do processo é iniciada com a
conformação do “esboço” que corresponde a uma
Sopro pré-forma da peça desejada, que é alimentada por
uma gota de vidro em fusão. Com o fechamento do
molde dá-se a ação do sopro para conformação final
do frasco e seu resfriamento.
A partir de sua fusão, o vidro passa pelo chamado
“alimentador de gotas”, por meio do qual são obtidas
gotas de vidro com peso e formato uniformes, as
quais são depositadas sobre um molde (fêmea) com
Prensagem
temperatura controlada e recoberto de lubrificantes.
É iniciada, então, a compressão pela ação do molde
(macho) que é empurrado por um pistão. Completada
a compressão, dá-se o resfriamento da peça e a
retração do pistão. Finalmente, a peça é retirada.

Fonte: Adaptado de: Lesko (2017) e Lima (2006).

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 61


3. POLÍMEROS SINTÉTICOS

A palavra “polímero” deriva do termo grego que significa “muitas partes”, “o termo
polímero é usado para descrever materiais com moléculas grandes compostas de muitas
unidades repetidas que foram ligadas quimicamente em grandes cadeias” (LESKO, 2012,
p. 172).
De maneira generalizada, um sinônimo comum, e também comercial, para polímeros
é plástico, porém o grupo dos polímeros é muito maior, os polímeros podem ser orgânicos
ou inorgânicos, naturais ou sintéticos, por exemplo,
A lã, a borracha de seringueira bem como a celulose são polímeros orgânicos
naturais, já o polietileno, o poliestireno e o ABS são polímeros orgânicos sintéticos.
Por sua vez, o grafite é um polímero inorgânico natural (LIMA, 2006, p. 147).

Os polímeros são os materiais industriais mais versáteis à disposição do homem,


“eles formam a base de uma série de grandes indústrias, entre elas as de pinturas, adesivos,
borrachas e plásticos de maneira geral” (SANTOS, 2014, p. 47). O que neles mais fascina
os profissionais de projeto é a facilidade de transformação, em especial a capacidade de
adquirir diferentes formas, texturas e cores.
Seria difícil imaginar o nosso mundo sem a existência dos polímeros. Hoje eles
são parte integrante do estilo de vida de todos, com aplicações que variam de
artigos domésticos comuns, instrumentos científicos e médicos sofisticados,
partes componentes de nave espaciais, próteses humanas e muitas outras
aplicações. Hoje em dia, os designers e os engenheiros facilmente escolhem
os polímeros nas suas aplicações, porque eles oferecem combinações de
propriedades e facilidade de processamento que não estão disponíveis em
qualquer outro material (LIMA, 2006, p. 147).

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 62


O desenvolvimento de polímeros sintéticos e o crescimento dessa indústria durante
dos últimos 80 anos tem sido impressionante, e é fruto das pesquisas da indústria química que
em um curto espaço de tempo veio desenvolvendo diferentes tipos de polímeros conforme,
por exemplo, ocorreu na década de 30 com o lançamento do Acrílico, Poliestireno, Nylon e
Polietileno (GUEDES, 1997, apud LIMA, 2006).
Para obtenção dos polímeros sintéticos é necessário a síntese artificial de materiais
que “é um processo que requer tecnologia sofisticada, pois envolve reações de química
orgânica, ciência que só começou a ser totalmente desenvolvida a partir da segunda
metade do século XIX” (SANTOS, 2014, p. 08). E, é em 1909 que surge o primeiro polímero
sintético que ganha real credibilidade, aplicação e produção industrial, que é a Baquelite.
Atualmente, existe uma grande quantidade de polímeros desenvolvidos e a disposição
do designer para aplicação em projetos, em decorrência dessa grande quantidade de matérias,
os polímeros sintéticos podem ser classificados de diversas formas, podem ser classificados
pela sua estrutura química, pelo seu método de preparação, por seu tipo de cadeia polimérica
e por seu comportamento mecânico. Porém a forma mais geral de classificação utilizada
pela indústria de transformação é sua divisão em três categorias principais: termoplásticos,
termofixos e elastômeros (borrachas) (LIMA, 2006; SANTOS, 2014).

REFLITA

O Canal ONU Brasil do Youtube disponibiliza um mini documentário sobre o plástico, chamado:
“ONU: o plástico está cobrindo e destruindo nosso planeta”, faz a seguinte reflexão: “Plástico
é uma invenção maravilhosa porque dura bastante e uma invenção terrível pelo mesmo
motivo. Mais de 300 milhões de toneladas serão produzidas este ano. A maioria nunca é
reciclada e permanece em nossa terra e nos nossos mares para sempre.”

Para saber mais acesse: https://www.youtube.com/watch?v=3dmZrzeg2e0

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 63


3.1 Os termoplásticos
Os polímeros classificados como termoplásticos “destacam-se em relação aos ter-
mofixos por inúmeras razões: são mais baratos, mais leves e recicláveis, ambientalmente
mais limpos e etc” (LIMA, 2006, p. 152) “Assim, diz-se que um polímero termoplástico pode
ser mecanicamente reciclado ou pode passar por um processo de reciclagem primária. O
polietileno é o mais comum dos termoplásticos” (SANTOS, 2014, p. 67).
Para melhor compreensão dos tipos de termoplásticos, suas principais características
e aplicações, eles são separados em grupos, sendo: Polietileno de Baixa Densidade
(PEBD), Polietileno de Alta Densidade (PEAD), Polietileno de Baixa Densidade Linear
(PELBD), Polipropileno (PP), Etileno-Vinil Acetato (EVA), Poliestireno (PS), Poliestireno
Alto Impacto (PSAI), Poliestireno Expandido (EPS), Acrilonitrila Butadieno Estireno (ABS),
Estireno Acrilonitrila (SAN), Policloreto de Vinila (PVC), Acrílico (Polimetacrilato de Metila
- PMMA), Politereftalato de Etileno - (PET), Poliamidas (PA), Policarbonatos (PC), POLI
(Óxido de Fenileno - PPO), POLI (Óxido de metileno - Poliacetal - POM), Poli-Sulfona (PSF),
Poliamidas Aromáticas (PPTA), Poli (tetrafluor-etileno - PTFE), porém, para fins didáticos
iremos caracterizar apenas algumas das principais categorias, conforme tabela abaixo:

TABELA 3 - CATEGORIAS DOS TERMOPLÁSTICOS


TERMOPLÁSTICO CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES
Características: atóxico, de fácil pigmentação e
processamento, baixo custo, pintura/ impressão e
colagem difíceis.
Propriedades genéricas: boa flexibilidade,
excelente resistência ao impacto, bom isolante
elétrico, excelente resistência ao ataque de produtos
químicos. Como limitações, apresenta pouca
resistência à tração e aos raios ultravioletas, além de
Polietileno de baixa densidade - PEBD ser permeável a gases.
Processos mais indicados: extrusão de laminados
e trefilados, sopro, injeção e rotomoldagem.
Aplicações: Eletrônicos - isolante de fios, pequenas
peças. Embalagens - sacos, garrafas, tampas,
bolsas, Tetrapak. Construção civil - tubulações,
mangueiras, tela de sombreamento. Agricultura:
película de revestimento, tubos de irrigação.
Características: atóxico, baixo custo, permite fácil
pigmentação e processamento, pintura/ impressão e
colagem difíceis.
Propriedades genéricas: propriedades mecânicas
superiores ao PEBD embora apresente menor
resistência ao impacto e permeabilidade a gases.
Polietileno de alta densidade - PEAD Suas propriedades químicas são superiores
às apresentadas pelo PEBD. Apresenta pouca
resistência à tração, permeabilidade a gases,
dificuldade de colagem normal ou por ultrassom.
Processos mais indicados: extrusão de laminados
e trefilados, sopro, injeção e rotomoldagem.

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 64


O material é difícil de ser usinado e, em virtude de
sua superfície parafinada, tanto a pintura quanto a
colagem devem ser feitas com o auxílio de calor.
Aplicações: Embalagens - bolsas, garrafas, caixas,
embalagens de alimentos para compostos químicos,
frascos, rolhas, tampas, cápsulas. Eletrônico -
isolante de fios, alambrados, bobina, suporte de
lâmpadas, aparas, monofilamentos. Automobilístico
- tubos, mangueiras, conexões, recipientes de
combustível. Outros - correias, bandejas, material de
pesca, tapeçaria, sacos. Tubulação, filmes, copos,
isolamento elétrico e embalagens em geral.
Características: atóxico, permite fácil pigmentação
e processamento, baixo custo, possibilidade de obten-
ção de brilho, pintura/impressão e colagem difíceis.
Propriedades genéricas: propriedades físicas e
químicas similares ao PEAD, apresentando, contudo,
menor resistência ao impacto, maior resistência
térmica (em torno 80°C sob solicitações mecânicas),
maior resistência à flexão prolongada.
Processos mais indicados: extrusão de Iaminados
e perfilados, sopro, injeção e rotomoldagem e
termoformagem. Da mesma forma que o PEAD ou
Polipropileno (PP) polipropileno necessita que tanto a pintura quanto a
colagem sejam feitas com o auxílio de calor.
Aplicações: Embalagens - películas de embalagens
de alimentos, ráfia, embalagens industriais, sacolas.
Medicina: seringas, material hospitalar esterilizável.
Outros - papel fotográfico, papel cartão, pasta
de celulose. Brinquedos. Automobilístico -
revestimento interno de veículos, freios, eixos de
transmissão, para-choques e paralamas, painéis
de instrumentos. Eletrônicos - placas de produtos
eletrônicos. Outras - palhas, latas, assentos.
Características: difícil de queimar, dependendo
dos aditivos aplicados pode apresentar-se flexível,
semirrígido ou rígido, fácil pigmentação e pintura,
custo relativamente baixo.
Propriedades genéricas: suas limitações
são: sensibilidade aos raios UV; é solúvel em
hidrocarbonetos aromáticos e clorados, cetonas e
ésteres.
Processos mais indicados: extrusão/calandragem
de laminados/filmes e perfilados, sopro, injeção e
rotomoldagem. Facilidade de pintura sem prévio
tratamento, difícil de usinar.
Policloreto de vinila (PVC) Aplicações: Embalagens - películas, laminados,
garrafas, caixas de alimento. Calçados - tênis,
sapatos, solas, sandálias. Eletrônicos: cabos,
revestimento de fios, monofilamentos.
Construção civil - pisos, tubos, varas, bastões,
revestimento de pavimentos, chapas, janelas,
portas. Medicina - seringas, cânulas, cateteres,
eletrocardiógrafos, agulhas e outros aparelhos de
diagnóstico. Outros - componentes de borrachas
escolares, revestimento de latas, garrafas,
tintas, aparas, fitas cassete, cartões magnéticos.
Tubulação, filmes, luvas, mangueiras. Revestimento
de tecidos.

Fonte: Adaptado de: Lima (2006) e Santos (2014).

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 65


Características: Considerados plásticos de
engenharia merecem destaque pela capacidade
de auto lubrificação e o inconveniente de serem
instáveis dimensionalmente em função da
hidroscopia (o que pode ser minimizado com a
aplicação de material de reforço).
Propriedades genéricas: as poliamidas apresentam
alta resistência à tração, à abrasão, ao calor e ao
impacto repetido e razoáveis propriedades elétricas.
São inertes à amônia, álcalis e ácidos orgânicos e
muito atacadas por ácidos fórmico e acético. Por
serem hidroscópicas, podem ter suas propriedades
elétricas e estabilidade dimensional alteradas.
Poliamida (PA – náilon) Embora apresentem considerável resistência a
intempéries, a exposição à luz solar (com elevação
da temperatura) pode provocar oxidação progressiva
destes materiais.
Processos mais indicados: extrusão de Iaminados
e perfilados, injeção e sopro, usinagem. A pintura é
desaconselhável
Aplicações: Fios têxteis, parafusos, engrenagens,
mancais, buchas, utensílios de cozinhas industriais,
engrenagens, cremalheira, roscas sem-fim, roldanas,
polias, chavetas, anéis de vedação, gaxetas, roletes,
sapatas, lâminas reparadoras, chapas de desgastes,
placas deslizantes, bases de corte.

3.2 Termofixos
Os termofixos, também chamados de termoestáveis, termorrígidos ou
termoendurecíveis, “destacam-se em relação aos termoplásticos pelo desempenho
substancialmente superior em aplicações críticas que demandam resistência ao calor. aos
raios UV, a intempéries, a produtos químicos, entre outros” (LIMA, 2006, p. 166).
Os produtos produzidos a partir destes polímeros não amolecem e nem se fundem
após serem aquecidos, por isso apresentam as características de serem mais rígidos e
apresentam excelente estabilidade dimensional, “em contrapartida são mais caros, mais
agressivos ao meio ambiente (especialmente durante o processamento) e não permitem
reciclagem” (LIMA, 2006, p. 166).
Os termofixos são também, divididos em categorias e são chamados de resinas
termofixas, assim, os principais termofixos são: Resinas fenol-formaldeído (Resina fenólica
- Baquelite - PR), Resina ureia-formaldeído (UR), Resinas melanina-formaldeído (MF),
Resina epoxídica (Epóxi - ER), Resina poliéster insaturada (PPPM), Poliuretano (PU),
Espuma moldada rígida integral (Poliuretano rígido), Espuma moldada flexível (Poliuretano
flexível), Espuma moldada semiflexível integral (Poliuretano pele integral), Espuma rígida.
Para fins didáticos, iremos caracterizar e exemplificar apenas algumas das principais
categorias de termofixos, conforme tabela abaixo:

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 66


TABELA 4 - CATEGORIAS DOS TERMOFIXOS
TERMOFIXOS CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES
Características: atóxico, geralmente é misturado
com cargas como negro de fumo e serragem, baixo
custo, limitado a fabricação econômica de peças
escuras (preto/marrom).
Propriedades genéricas: dotado de elevada
rigidez, excelente resistência ao risco, estabilidade
Resinas fenol-formaldeído (Resina fenólica - dimensional (podendo inchar em contato permanente
Baquelite - PR com água e álcoois), não inflamável. Excelente
resistência térmica e química (atacada por ácidos
oxidantes e álcalis quentes).
Processos mais indicados: moldagem por
compressão
Aplicações: cabos de panelas, circuitos impressos,
interruptores e artigos elétricos em geral,
compensados, colas e adesivos.
Características: altamente adesivo.
Propriedades genéricas: estabilidade dimensional,
resistência à abrasão. Quando não curada é atacada
por álcoois, dioxanos, ésteres e cetonas.
Processos mais indicados: laminação,
Resina epoxídica (Epóxi - ER) enrolamento, calandragem.
Aplicações: Revestimentos, adesivos, matriz de
compósitos reforçados com fibras de vidro para
aplicação em peças eletroeletrônicas, materiais de
construção civil e engenharia.
Características: processamento fácil e econômico.
Propriedades genéricas: resistência a intempéries,
elevada dureza, boa estabilidade dimensional, sendo
normalmente necessária a aplicação de material de
reforço (aramide, fibra de vidro, fibra de carbono
etc.) para melhorar sua flexibilidade, resistência a
impactos e redução de peso. Esta resina é sensível
ao álcool benzílico, fenóis e hidrocarbonetos nitrados.
Processos mais indicados: laminação manual
Resina poliéster insaturada (PPPM)
(hand-up) ou pistola (spray-up), RTM (transferência
de resina por pressão), TRV (transferência de resina
a vácuo), moldagem por compressão, pultrusão,
injeção.
Aplicações: carrocerias de automóveis especiais,
caminhões e ônibus, carenagem de motocicletas,
casco de embarcações, coberturas, materiais
esportivos, painéis, placas de sinalização, “orelhões”,
perfis, moldes etc.

Fonte: Adaptado de: Lima (2006) e Santos (2014).

3.3 Elastômeros
Os elastômeros, popularmente conhecidos como borrachas, destacam-se dos
termoplásticos e dos termofixos principalmente pelo seu comportamento mecânico relativo
a elevada capacidade de estiramento e resiliência, que é a capacidade de retornem às
dimensões originais quando submetidas a forças de tração.

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 67


Alguns elastômeros são de natureza termofixa, como os: SBR. Borracha (NBR).
Borracha (EPDM). Borracha (IIR) Policolopreno/neoprene (CR); e há outros de natureza
termoplástica, como os: Poliuretano termoplástico (TPU), SEBS, SBS; há ainda outros
como os: Silicones (SI), Elastômeros termoplásticos (TPES), estireno - etileno - butadieno
- estireno SEBS - TRE, (LIMA, 2006) e, assim sendo, apresentam semelhanças aos
respectivos grupos de materiais, tanto no processamento ou na reciclagem, ou seja,
“não podem ser reprocessados e sua reciclagem mecânica não é possível, podendo ser
recicladas quimicamente e energeticamente” (SANTOS, 2014, p. 70).
Vejamos na tabela abaixo, algumas categorias dos principais elastômeros e suas
características:

TABELA 05: CATEGORIAS DOS ELASTÔMEROS


ELASTÔMEROS CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES
Características: substituto da borracha natural - NR
- em situações em que a mesma seja inadequada.
Seu custo elevado sugere uma análise antes da
especificação do produto.
Propriedades genéricas: excelente resistência
à tração, ao rasgo, à flexão, abrasão, à chama,
intemperismo, ao ozônio e à impermeabilização aos
gases. É dotada de boa resiliência. Temperatura de
Policolopreno/ neoprene - CR trabalho entre -20° a 120° C. Sua resistência química
em geral é boa sendo atacada apenas por cetonas e
solventes de esmalte.
Aplicações: correias transportadoras, mangueiras de
combustível de motos (e aplicações que requeiram
elevada resistência ao calor e gasolina e outros
produtos químicos), guarnições, dutos, mangueiras,
gaxetas, anéis, juntas, sanfonas, perfis, fios, produtos
que requeiram contato com a água do mar etc.
Características: copolímero de acrilonitrila e
butadieno empregada para contato intenso com
petróleo e derivados.
Propriedades genéricas: excelente resistência à
abrasão. Resistência regular à tração, ao rasgo, à
flexão, à deformação permanente, ao intemperismo,
Borracha - NBR ao ozônio, à impermeabilização aos gases e
resiliência. Seu desempenho como isolante elétrico
é péssimo.
Aplicações: guarnições, dutos, mangueiras,
gaxetas, anéis, juntas, sanfonas, perfis, fios, etc.,
que requeiram contato com óleos e gasolina.

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 68


Características: primeiro elastômero termoplástico,
possibilidade de obtenção de diferentes
desempenhos de acordo com a base química que
pode ser: poliéster, poliéster ou copolímeros. Pode
ser combinado com outros plásticos.
Propriedades genéricas: alta elasticidade mesmo
em temperaturas baixas. Alta resistência à tração
e rasgamento; excelente resistência a abrasão;
elevada resistência ao impacto; excelente para
Poliuretano termoplástico - TPU amortecer vibrações; elevada resistência a óleos e
combustíveis.
Aplicações: mangueiras e cabos, correias
transportadoras, brinquedos, solas, elementos
estruturais e outros, componentes para calçados
(chuteiras, sapatos, tênis etc.), rodas para diversas
aplicações, elementos funcionais e de vedação
automotiva, filmes, revestimentos de fios e cabos,
equipamentos médicos.

Fonte: Adaptado de: Lima (2006).

3.4 Processos para obtenção de peças em polímeros sintéticos


Existe uma vasta gama de processos possíveis para se produzir uma peça a partir
de um material polimérico, são processos bastante complexos e outros são muito parecidos
com os processos já descritos nos tópicos dos materiais cerâmicos e vidro, e por esse
motivo iremos apenas citar os principais processos de produção de forma resumida.
Alguns dos processos de fabricação envolvendo termoplásticos e elastômeros, são
chamados de: laminação, extrusão, termoformação, injeção, extrusão-sopro, injeção-sopro,
rotomoldagem. Já os processos envolvendo termofixos, são: compressão, laminação, RTM,
pultrusão, moldagem por injeção e reação (RIM),

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 69


SAIBA MAIS

Para conhecer e estudar, detalhadamente, os processos de fabricação dos polímeros,


recomendamos a leitura dos seguintes livros, todos disponíveis em sua plataforma virtual:

NUNES, E. C. D.; LOPES, F. R. S. Polímeros - Conceitos, Estrutura Molecular, Classificação e


Propriedades. São Paulo: Editora Saraiva, 2014. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.
br/#/books/9788536520506/ Acesso em: 14 abr. 2022.
SOUZA, W. B. D.; ALMEIDA, G. S.; GAUDÊNCIO, D. Processamento de Polímeros por Extrusão e
Injeção - Conceitos, Equipamentos e Aplicações. São Paulo: Editora Saraiva, 2015. Disponível em: https://
integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520513/ Acesso em: 14 abr. 2022.

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 70


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, apresentamos os principais conceitos relacionados com o universo dos


materiais não metálicos, que são conhecidos como materiais cerâmicos, vidros e polímeros
sintéticos, de forma geral esses materiais são obtidos através de processos de transformação
da matéria-prima, não sendo possível a sua obtenção sem processos químicos e físicos.
Também analisamos que os materiais não metálicos estão em constante
desenvolvimento devido ao crescente desenvolvimento tecnológico e científico, o que
possibilita novas combinações de materiais químicos e novos processos de fabricação
dando origem a materiais altamente tecnológicos com aplicações diversas em projetos de
produtos que vai desde a criação de utensílios domésticos até motores de espaçonaves.
Dessa forma, avançamos o estudo sobre os materiais e acabamentos disponíveis
para o designer utilizar em seus projetos, e percebemos que esse universo é bastante vasto
e impossível de ser esgotado neste estudo, por isso, trazemos informações sobre alguns
dos principais materiais e esperamos que sua curiosidade seja aguçada e te incentive a
buscar novas fontes de informações
Antes de avançarmos para a próxima unidade convido você a refletir sobre o
universo dos materiais cerâmicos, vidros e polímeros sintéticos (plásticos e borrachas),
olhar a sua volta e perceber como estão presentes em nossos ambientes, vamos juntos
pensar sobre as sensações e emoções que esses materiais nos remetem, você aluno(a)
futuro(a) designer precisa se familiarizar com essas sensações e começar a colocar em
prática em seus estudos projetuais.

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 71


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Polímeros - Conceitos, Estrutura Molecular, Classificação
e Propriedades
Autor: Edilene de Cássia Dutra Nunes e Fábio Renato Silva Lopes.
Editora: Érica Ltda.
Sinopse: Este livro aborda a tecnologia dos polímeros, dando
enfoque na parte química, física e tecnológica. Traz informações
sobre o histórico dos polímeros, os fundamentos da química or-
gânica e os conceitos fundamentais. Esta obra está disponível na
sua Biblioteca Virtual.


FILME/VÍDEO
Título: A Química do Fazer: Vidro
Ano: S/A.
Sinopse: A química do fazer é uma produção audiovisual Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro para o Projeto Condigital,
uma realização conjunta do FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvi-
mento da Educação, Ministério da Ciência e Tecnologia e Ministério
da Educação. Nessa produção explica-se de forma didática o histó-
rico do vidro e algumas curiosidades sobre esse material. Disponível
no Canal do Youtube: Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro para o Projeto Condigital, uma realização conjunta do FNDE
- Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, Ministério da
Ciência e Tecnologia e Ministério da Educação.

UNIDADE III Tipologia e Propriedades dos Materiais Não Metálicos 72


UNIDADE IV
Tipologia e Propriedades
dos Materiais Metálicos
Professora Me. Fernanda Tiosso Sampaio

Plano de Estudo:
● Introdução aos materiais metálicos;
● Materiais metálicos ferrosos;
● Materiais metálicos não-ferrosos.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer e conceituar os materiais metálicos;
● Analisar a aplicabilidade dos principais
materiais metálicos ferrosos;
● Entender a aplicabilidade dos principais
materiais metálicos não-ferrosos.

73
INTRODUÇÃO

Olá aluno (a)!

Você já parou para pensar na grande quantidade de materiais metálicos que nos
cercam, com certeza você já observou a presença de pregos e parafusos, maçanetas das
portas, bem como embalagens de alimentos e outros elementos de decoração e de mobiliário.
Esses materiais são chamados de materiais metálicos podendo ser ferrosos ou
não ferrosos, alguns são utilizados em seu estado puro e outros constituem ligas que são
formadas pela combinação de elementos.
Os materiais metálicos são muito importantes para o desenvolvimento da construção
civil, automobilística, aeronáutica e naval, os metais são a maioria dos elementos químicos
que estão presentes na tabela periódica, por isso podemos perceber como eles são
importantes para a vida no planeta Terra.
Nesta quarta e última unidade vamos conhecer e analisar os principais materiais
metálicos, suas relações com os minérios presentes na crosta terrestre e suas principais
aplicações.

Aproveite!!

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 74


1. INTRODUÇÃO AOS MATERIAIS METÁLICOS

Considera-se que a humanidade começou a utilizar os metais por volta de 5.000 e


4.000 a.C, tendo destaque a utilização do ouro e do cobre porque podiam ser encontrados
mais facilmente, porém com a descoberta do bronze, que é uma liga de cobre e estanho,
foi o que possibilitou os maiores avanços no processo de fundição e metalurgia, esta época
por volta de 3.000 a.C ficou conhecido com a idade do Bronze.
Os metais são tão importantes para a humanidade e o desenvolvimento tecnológico
que podemos perceber que na tabela periódica cerca de três quartos dos elementos
químicos são metais e metade deles possuem relevância comercial, sendo que já foram
desenvolvidas pelo menos 10 mil diferentes variedades de ligas (LEFTERI, 2017).
Já a “Idade do Ferro”, considerada de 1.000 a.C a 1620 d. C, com o desenvolvimento
do ferro fundido em 1620, estabeleceu o domínio dos metais na engenharia (LIMA, 2006;
ASHBY e JOHNSON, 2011), “e o desenvolvimento dos aços (de 1850 em diante), ligas leves
(década de 1940) e as ligas especiais então consolidaram sua posição. Na década de 1960, a
expressão “materiais de engenharia” significava “metais” (ASHBY e JOHNSON, 2011, p. 196).
Os metais são extraídos da crosta terrestre, em regiões parecidas com o que podemos
ver na Figura 2, em algumas regiões que existem os chamados depósitos de minerais, a
extração do minério de um metal constitui o campo de estudo da Metalurgia Extrativa, na
Figura 1, abaixo, podemos observar todas as etapas do processo para obtenção dos metais.

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 75


FIGURA 1 - FLUXOGRAMA DO PROCESSO SIDERÚRGICO PARA OBTENÇÃO DE METAIS

Fonte: Adaptado de: Santos (2015).

O minério é extraído de forma primária, ou seja, grosseiro e impuro, e necessita


ser refinado, esta atividade constitui o campo de estudo da Metalurgia do Refino, o refino é
“um conjunto de operações, cujo número e complexidade dependem do minério e do metal”
(SANTOS, 2015, p. 97) estas duas metalúrgicas, a extrativa e a de refino, juntas formam
a área de atividade denominada de Siderurgia, esses processo de extração e refinamento
até a obtenção do material/produto metálico pode ser resumido no fluxograma da Figura 1,
estas etapas são necessárias porque:
O ferro, o alumínio, o cobre, o titânio e muitos outros metais se encontram
na condição de minério na natureza, e necessitam de beneficiamento e de
outras tecnologias de processamento até chegarem à condição de metal
comercialmente puro ou à condição de liga metálica (SANTOS, 2015, p. 97).

FIGURA 2 - ÁREA INDUSTRIAL DE EXTRAÇÃO DO MINÉRIO DE FERRO

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 76


O ferro sempre foi um material primordial para o desenvolvimento da humanidade,
porém sempre houve esforços para buscar seu melhoramento, com a evolução das técnicas
de metalurgia possibilitou-se o desenvolvimento do aço, que é resultado da combinação
de ferro com pequeno percentual de carbono, o que confere propriedades superiores às
do ferro, em especial quanto a dureza e resistência à corrosão, segundo Ashby e Johnson
(2011, p.204) “são responsáveis por mais de 90% de todos os metais consumidos no mundo.”
O aço, portanto, é um exemplo de liga metálica ferrosa mais conhecida e utilizada,
nesse caso, podemos perceber que “as ligas metálicas são materiais metálicos compostos
de dois ou mais elementos dos quais pelo menos um é um metal” (SANTOS, 2015, p. 14).
Os metais apresentam importantes propriedades que, de forma geral, possibilitam
que eles satisfaçam uma ampla variedade de requisitos de projetos, como por exemplo:
“são dúcteis, o que permite que sejam conformados por laminação, forjamento, repuxamen-
to e extrusão; são fáceis de usinar com precisão e podem ser unidos de muitas maneiras
diferentes” (ASHBY e JOHNSON, 2011, p. 204), estes exemplos de características foi o que
sempre permitiu que os metais fossem usados em uma extensa gama de projetos, que só
atualmente vem sendo substituídos por polímeros (ASHBY e JOHNSON, 2011; SANTOS,
2015).
Como características e propriedades gerais dos metais podemos citar fusibilidade,
maleabilidade, plasticidade, condutibilidade, resistência à tração, elevada dureza.

REFLITA

A produção primária de metais faz uso intensivo de energia. Muitos, entre eles alumínio,
magnésio e titânio, exigem no mínimo duas vezes mais energia por unidade de peso
(ou cinco vezes mais por unidade de volume) do que os polímeros comercializados.
Porém, em geral podem ser reciclados, e a energia exigida para tal é muito menor do
que a exigida para a produção primária. Alguns são tóxicos, em particular os metais
pesados – chumbo, cádmio, mercúrio. Entretanto, alguns são tão inertes que podem
ser implantados no corpo humano: aços inoxidáveis, ligas de cobalto e certas ligas de
titânio, por exemplo.

Fonte: ASHBY, M. F.; JOHNSON, K. Materiais e design: arte e ciência da seleção de


materiais no design de produto. Rio de Janeiro: Editora: Elsevier, 2011.

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 77


2. MATERIAIS METÁLICOS FERROSOS

O ferro (Fe) é um dos elementos mais abundantes no planeta, e é um dos materiais


mais antigos ainda produzidos e que continua sendo muito usado pelo homem, o ferro constitui a
base de todos os materiais conhecidos como metálicos ferrosos (LIMA, 2006; LEFTERI, 2017).
O ferro marcou o seu ponto na história quando a exploração de suas
propriedades dúcteis permitiu o desenvolvimento de novas ferramentas que
iriam transformar o mundo. Contudo, além de seu uso como a base do aço,
hoje existe um número limitado de aplicações em que o designer o aproveitaria
na forma bruta (LEFTERI, 2017, p. 194).

O ferro é obtido a partir dos seguintes minérios: hematita, limonita, magnetita ou


siderita, “nesses minérios, aparecem como ganga (impurezas) o quartzito, o fósforo, o
arsênio etc” (SANTOS, 2015, p. 101).
No Brasil, a obtenção de aço e de ferro fundido se dá por meio da extração da
hematita que é o minério de ferro mais abundante no Brasil, essas reservas situam-se entre
as mais importantes do mundo (LIMA, 2006; SANTOS, 2015).
Para obtenção das matérias primas industriais como o ferro fundido e o aço, é
necessário que a hematita (ou outros minérios) seja submetida ao processo siderúrgico que
apresenta o alto-forno (Figura 03) como seu principal aparelho, onde ocorre a transformação
do minério em uma liga ferrosa, que é o ferro-gusa ou ferro fundido de primeira fusão.

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 78


“O ferro-gusa é um produto primário, obtido no estado líquido, que pode ser definido
como a forma intermediária do ferro utilizado na produção de aço e também empregado nas
fundições para produção de ferro fundido” (SANTOS, 2015, p. 103).

FIGURA 3 - AUTO-FORNO DA INDÚSTRIA METALÚRGICA

Os alto-fornos são reatores de estrutura de aço e cilíndricos revestidos com material


refratário, com uma cuba de altura, em média de 30 a 80 m, com diâmetro de 10 a 14
m. No alto-forno são colocados os seguintes materiais: o minério que será transformado
(hematita, limonita, magnetita ou siderita), os fundentes (calcário e dolomita) que irão
auxiliar no processo de remoção das impurezas da mistura e o carvão destilado e livre dos
componentes voláteis, que é responsável pela combustão e a redução do minério, segundo
as fases descritas no fluxograma abaixo (Figura 4):

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 79


FIGURA 4 - FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE OBTENÇÃO DO FERRO-GUSA

Fonte: A autora (2022).

O ferro fundido segue para a produção dos lingotes destinados às indústrias de


fundição onde serão misturados outros metais para obtenção de diferentes ligas de ferro. já
para a produção do aço, o ferro-gusa é encaminhado para a aciaria, onde ocorre diversos
processo de refinaria por meio de queima de oxigênio auxiliado pela adição de sucatas
de ferro e aço dentro de equipamentos específicos como os conversores de oxigênio, e
posteriormente são produzidos lingotes em moldes adequados, esses lingotes são peças
sólidas e limpas, prontas para serem trabalhada (LIMA, 2006; SANTOS, 2015).
Os ferros fundidos são comercializados em duas formas: fundidos e forjados
(podendo também ser encontrado na forma de pó), os lingotes de ferro fundido não ligados,
são fundidos com outros materiais metálicos e não metálicos para obtenção de ligas com
propriedades desejadas, essas ligas podem ser feitas com os seguintes elementos: silício,
carbono, enxofre, manganês e fósforo (LIMA, 2006). É a partir da fundição do ferro com
esses outros elementos que são obtidas as ligas metálicas.
Algumas das principais ligas de ferro são: o ferro fundido branco, o ferro fundido
cinzento, ferro fundido maleável, ferro fundido com grafite compactado, ferro fundido dúctil-
nodular, aço, aço carbono e os aços especiais.

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 80


Veremos abaixo, nos exemplos de ferro fundido, que é “um dos aditivos-chave usados
para mudar as propriedades do ferro é o carbono. Ele é usado na fabricação do aço. Como
regra, quanto maior o teor de carbono, mais quebradiço é o aço” (LEFTERI, 2017, p. 194).
O ferro fundido branco leva esse nome porque após os processos de resfriamento ele
fica com um aspecto esbranquiçado, apresenta carbono entre 1,8 e 3,6%, é formado por silício
1%, enxofre 0,02 - 0,25%, manganês 0,2 - 1% e fósforo 0,002 - 1%, apresenta elevado grau de
dureza e por isso é muito frágil, é utilizado em placas de revestimento e anéis para moagem.
O ferro fundido cinzento apresenta teor de carbono entre 2,5 a 40% e é formado
por outros materiais como silício 1% a 3%, enxofre 0,02 a 0,25%, manganês 0,2 a 1% e
fósforo 0,002 a 1%, apresenta baixa dureza, boa resistência a abrasão e à compressão,
é utilizado em peças que exijam boa absorção de vibração como bloco de motor, bloco de
pistão cilíndricos, cabeçotes, etc.
Ferro fundido maleável, apresenta teor de carbono entre 2,2 a 2,9% e é formado por
outros materiais como silício 0,9 a 1,9%, enxofre 0,002 a 0,2%, manganês 0,15 a 1,2% e fósforo
0,02 a 0,2%, apresenta maleabilidade, elevada ductilidade e elevada resistência mecânica, é
utilizado em tubos e acessórios para tubulação de baixa pressão e ferragens em geral.
O aço (Figura 5) é um material que leva esse nome quando a liga de ferro e carbono
apresenta um percentual de carbono que não ultrapassa o limite de 2%, é muito interessante
saber que apenas 10% do aço comercializado é fabricado a partir do ferro-gusa, a maioria
do aço encontrado em produtos é oriundo de um processo de reciclagem no qual “as
empresas coletam sucatas que, depois de um processo de separação, são destinados aos
chamados fornos a arco eletro-voltaico” (ABITANTE e LISBOA, 2017, p. 59).

FIGURA 5 - ESTRUTURAS DE PONTE DE AÇO

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 81


Existem diversas ligas de aço chamadas de aços especiais que são destinadas
a aplicações específicas, porém o aço mais comum é o chamado aço carbono que é
dividido em três grupos básicos de acordo com o teor de carbono, sendo: baixo carbono,
médio carbono, alto carbono, já os aços especiais são obtidos a partir da adição de outros
elementos em suas ligas, os principais tipos de aços especiais são: aço cromo, aço boro, aço
inoxidável. Na tabela abaixo descrevemos os principais tipos de aço, suas características e
aplicações, conforme Quadro 1, abaixo:

QUADRO 1 - TABELA DOS TIPOS DE AÇOS


AÇO CARBONO
Compreende o grupo de aços extradoces a doces
com teor de carbono até 0,30%.
Características: tenacidade, soldabilidade,
BAIXO CARBONO conformabilidade, baixa temperabilidade.
Aplicações: chapas, tubos, tarugos etc. para
construção civil, construção naval, estruturas
mecânicas, caldeiras etc.
Compreende o grupo de aços meio doces a meio
duros com teor de carbono de 0,30% a 0,50%.
Características: conformabilidade, soldabilidade e
temperabilidade médias.
Aplicações: chapas, tubos, tarugos etc. para
MÉDIO CARBONO aplicações que requeiram processabilidade com
dureza e resistência à temperatura mais elevada
do que o grupo anterior, para construção civil,
construção naval, tubos em geral, estruturas
mecânicas, caldeiras.
Compreende o grupo de aços duros e extraduros
com teor de carbono de 0,50% a 0,70%.
Características: péssimas conformabilidade e
ALTO CARBONO soldabilidade, ótimo comportamento em altas
temperaturas e resistência ao desgaste.
Aplicações: chapas, perfilados, tarugos etc.
produtos ferroviários (trilhos, rodas de trens etc.),
implementos agrícolas, parafusos especiais etc.
AÇOS ESPECIAIS
É formado pela combinação do aço carbono (0,15 a
0,30%) com o cromo, na proporção variando entre
2 a 4%.
AÇO CROMO Características: excelente estabilidade
dimensional, alta resistência à oxidação e dureza,
Aplicações: confecção de moldes, ferramentas e
instrumentos abrasivos.
É formado pela combinação do aço carbono com
pequenas quantidades de boro da ordem de
0,0015%.
Características: bom desempenho para ser temperado
AÇO BORO
e conformado mecanicamente, boa soldabilidade
e fácil usinagem, e excelente estabilidade após ser
submetido a um esforço de estiramento.
Aplicações: de perfilados com ou sem costura.

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 82


É formado pela combinação do aço carbono (0,03 a
0,15%) com o cromo na proporção de 11 a 20%
Características: alta resistência à oxidação.
Aplicações: O aço Inoxidável pode ser encontrado
em três famílias distintas:
Martensíticos - adequados às indústrias de cutela-
ria, instrumentos de medição, correntes, lâminas de
turbinas e facas.
Ferríticos - fabricação de utensílios domésticos,
balcões frigoríficos, produtos que serão submetidos
ao contato com ácidos (inclusive ácido nítrico) etc.;
AÇO INOXIDÁVEL Austeníticos - com 7% de níquel é largamente
utilizado por indústria de alimentos, aeronáutica,
componentes para carrocerias e trens, com 8% de
níquel é muito utilizado pela indústria naval, de pa-
pel, química, farmacêutica, equipamentos cirúrgicos
e odontológicos.
Indicado tanto para estampagem Profunda como
para estampagem geral. com 9% de níquel é
adequado a todas as aplicações citadas ante-
riormente que não permitam tratamento térmico
após a soldagem com 12% de níqeul apresenta a
maior resistência à corrossão sendo indicado para
aplicações que requeiram contato com cloreto

Fonte: Adaptado de: Lima (2006) e Lefteri (2017).

SAIBA MAIS

“O aço inoxidável é um aço com liga de cromo, níquel e outros elementos. Ele deve sua
propriedade “inoxidável” ao crômio, que cria uma camada invisível, resistente e auto
regenerante de óxido metálico em sua superfície, a qual pode ser melhorada ainda mais
com molibdênio” (LEFTERI, 2017, p. 198).
“O molibdênio (Mo) é um metal que quase sempre está presente em uma liga. [...] A
característica de desempenho mais notável do molibdênio é o fato de ter o ponto de fusão
mais elevado de todos os metais e, juntamente com o carbono, de ser um dos elementos
mais efetivos para tornar as ligas de aço mais duras” (LEFTERI, 2017, p. 196).

Fonte: LEFTERI, C. Materiais em design: 112 Materiais para Design de Produtos. São Paulo: Editora
Blucher, 2017. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521209645/. Acesso
em: 07 mar. 2022.

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 83


3. MATERIAIS METÁLICOS NÃO FERROSOS

O grupo dos materiais metálicos não ferrosos, como o próprio nome sugere, é
formado pelos os elementos metálicos que são comercializados puros (exceto o ferro),
como por exemplo o alumínio, o cobre, o titânio, o magnésio e o zinco, e também incluem
as ligas metálicas que não apresentam o ferro como seu elemento principal, como por
exemplo a liga que conhecemos com bronze, que é formada por cobre e estanho e
outros elementos em pequenas quantidades como o zinco, chumbo, fósforo, níquel e
ferro (LIMA, 2006; LEFTERI, 2017).
Abaixo veremos algumas aplicações e as características de alguns dos principais
metais puros e algumas ligas não ferrosas.

3.1 O Alumínio
O alumínio é um dos materiais metálicos não ferrosos que merece destaque, a
sua presença na nossa vida é notória, por sua aplicação em latas de bebidas, embalagens
para alimentos, e utensílios doméstico, porém a aplicação do alumínio é muito mais
extensa, podemos citar por exemplo: radiadores, componente de computador, estruturas
de bicicleta e motocicleta, rodas especiais para automóveis, para aviões, perfis extrudados
para construção civil, carroceria em geral entre outros (LIMA, 2006; SANTOS, 2015).

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 84


FIGURA 06 - ALUMÍNIO EM PROCESSO DE RECICLAGEM

As aplicações do alumínio são devidas as suas propriedades, a mais lembrada é


sua baixa densidade, é um metal leve e maleável, apresentando boa elasticidade, com
média a fraca resistência à tração, boa a elevada condutibilidade elétrica e térmica, não
é magnético, alta refletividade de luz e calor, quimicamente é atacado por álcalis (LIMA,
2006; SANTOS, 2015).
O alumínio é um metal que apresenta muitas vantagens, porém apresenta um
processo complexo e muito consumo de energia para sua obtenção. Apesar de ser um dos
elementos mais abundantes na crosta terrestre a sua extração a partir de alguns minerais
é inviável é inviável economicamente, por isso o principal minério que é utilizado para a
extração do alumínio é a bauxita que é composta por óxidos hidratados de alumínio. Para
a obtenção do alumínio, é necessário que a bauxita asse por diversos estágios de reações
químicas, que segundo Lima (2006) podem ser resumidas nas seguintes etapas:
Moagem, mistura com soda cáustica para transformação em uma pasta que,
por sua vez, é aquecida sob pressão e, novamente misturada com soda
cáustica sendo dissolvida e filtrada (para eliminação total de impurezas).
Por conseguinte, o material resultante passa por nova reação química em
precipitadores para que, finalmente, seja possível a obtenção do material
básico para produção do alumínio: a alumina em forma de pó de coloração
branca (LIMA, 2006, p. 50).

No Brasil a extração da bauxita ocorre, principalmente, em Poços de Caldas e


Saramenha (Ouro Preto), ambas no estado de Minas Gerais, estas reservas de bauxita
estão entre as maiores do mundo (SANTOS, 2015).

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 85


SAIBA MAIS

Para saber tudo sobre o alumínio, diversas curiosidades, propriedades e aplicações,


assista ao documentário do Canal Discovery Channel chamado “Como tudo funciona -
Alumínio”, estes vídeos estão disponíveis na plataforma virtual Youtube.

Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=4mI9e3_nYg0

3.2 O Cobre
Outro importante metal não ferroso é o cobre, que é considerado por muitos como
o primeiro metal mineração e manufatura pelo homem, além do ouro, é o único metal que
apresenta coloração, sendo de um tom amarelo-avermelhado, tem uma grande aplicação na
área da transmissão elétrica, sendo muito utilizado para fabricação de fios de eletricidade,
conexões hidráulicas, tubulações de água quente e também é utilizado para formação
da liga de bronze (estanho) e de latão (zinco) e de ligas com metais nobres visando a
fabricação de joias e soldas.

FIGURA 7 - INDÚSTRIA DE CABOS DE COBRE

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 86


As principais propriedades do cobre são a sua excelente condutibilidade elétrica e
térmica, elevada ductilidade, flexibilidade e maleabilidade, elevada resistência à corrosão,
sendo atacado por ácido nítrico.
Na natureza, o cobre é encontrado na forma de sulfetos, óxidos e hidrocarbonatos
e é obtido por um processo de eletrolise, alguns dos principais minérios que são extraídos o
cobre são, por exemplo a cuprita (88,8% de Cu), a calcocita (79,8% d Cu), a covelita (66,5%
de Cu), entre outras (LIMA, 2006; SANTOS, 2015)

3.3 O Titânio
O titânio, também é um dos metais mais abundantes na crosta terrestre, e é
encontrado principalmente na forma de óxidos, ou seja, ele não é encontrado na sua forma
elementar, mas sempre ligado a outro elemento, os principais minérios para sua extração
são o rutilo e a ilmenita, encontrados nas areias de praia e nos fundos dos vales de
determinados rios. O Brasil, a Austrália e a Índia são os principais países onde é encontrado
o titânio (LIMA, 2006; SANTOS, 2015)

FIGURA 8 - TITÂNIO EM ESTADO BRUTO

O titânio é um metal leve que apresenta as propriedades de maleabilidade, baixa


toxicidade, excelente resistência à corrosão por isso é aplicado nos setores de petroquímicos
e o aeronáuticos, possibilita um grande espectro de cores e por isso começou a ser usado
na joalheria, porém apresenta alto grau de fusão, entre l.648-1.704°C, por isso é um material
que não pode ser facilmente soldado (LIMA, 2006; SANTOS, 2015).

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 87


“O titânio é um metal com custo mais elevado de obtenção comparado ao ferro,
alumínio, cobre, zinco e magnésio” (SANTOS, 2015, p. 129), a metalurgia do titânio utiliza
o processo Kroll para sua obtenção.

3.4 O Zamac
As ligas Zamac foram desenvolvidas na década de 1960 e possuem o zinco como
elemento base, e outros elementos como alumínio (entre 3,5 a 4,5%), cobre (1%) e magnésio
(até 0,006%) entre outros elementos em quantidades mínimas.
A Presença de magnésio e de cobre, confere fundibilidade, estabilidade e
propriedades mecânicas á esta liga, o que a torna totalmente direcionada para utilização
em fundição injetada, que são fundições feitas em moldes destinadas para a produção em
massa de componentes para a indústria automotiva e equipamentos, por essa característica
permite-se obter peças com formatos complexos, com elevada precisão dimensional,
riqueza de detalhes e ótimo acabamento superficial (LIMA, 2006; SANTOS, 2015).

FIGURA 9 - ACESSÓRIOS FEITOS EM ZAMAC

Na indústria da confecção e acessórios o zamac é muito utilizado para o


desenvolvimento de peças de metais personalizadas, como ponteiras de cordões, fivelas,
botões, passadores, etc.

3.5 O Latão
O material conhecido como latão é uma liga metálica não ferrosa, formada
basicamente de cobre e zinco em diversas proporções, podendo apresentar outros elementos
em baixa quantidade, ou ainda ser adicionado outros elementos para obtenção de melhorias
de algumas propriedades, como é o caso do latão chumbado e o latão estanho (LIMA, 2006).

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 88


O latão apresenta uma aparência de coloração avermelhada, por causa do cobre e
a proporção que se aumenta a quantidade de zinco sua cor tende ao amarelado, diminuindo
também os custos e alterando as propriedades.
Quanto maior for a presença de zinco na liga do latão, maior será a flexibilidade, a
resistência à corrosão e a dureza, porém terá menor ponto de fusão, menor densidade, menor
condutibilidade térmica e elétrica, baixa resistência à compressão e a altas temperaturas.
Para a indústria brasileira, a liga de latão está entre as principais ligas utilizadas
em diversos segmentos, são utilizados em arames, parafusos, torneiras, válvulas, tachos e
panelas, instrumentos médicos e odontológicos, instrumentos musicais, joias e bijuterias.

FIGURA 10 - FRUTEIRA FEITA EM LATÃO

SAIBA MAIS

Para saber as últimas notícias sobre o setor de metalurgia e mineração conheça o site
da ABM - Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração.

Para saber mais acesse: https://www.abmbrasil.com.br

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 89


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, apresentamos os principais conceitos relacionados com o universo


dos materiais metálicos ferrosos e não-ferrosos, e suas características, de forma geral os
materiais metálicos são encontrados na crosta terrestre em formato de minérios e passam
por processos de extração e de refinamento, essas duas áreas juntas chama-se siderurgia.
Analisamos e conhecemos que os metais se dividem em duas categorias: os metais
ferrosos e os metais não-ferrosos. Os metais ferrosos, é um grupo que inclui o próprio
ferro e outros metais que são feitos em formas de ligas e possuem o ferro como principal
elemento da sua composição, o principal exemplo desse tipo é o aço.
O outro grupo de metais, os não-metálicos, que é o grupo formado pelos metais
encontrados e seu estado puro como o ouro, a prata, o alumínio, o cobre e o titânio, também
se incluem nessa categoria outras ligas metálicas que não apresenta o ferro como seu
principal elemento constituinte.
Dessa forma, avançamos o estudo sobre os materiais e acabamentos disponíveis
para o designer utilizar em seus projetos, e percebemos que esse universo é bastante vasto
e impossível de ser esgotado neste estudo, por isso, trazemos informações sobre alguns
dos principais materiais e esperamos que sua curiosidade seja aguçada e te incentive a
buscar novas fontes de informações
Aqui encerramos essa Unidade IV e eu convido você a refletir sobre o universo
dos materiais metálicos, olhe a sua volta, e perceba como estão presentes em nossos
ambientes, vamos juntos pensar sobre as sensações e emoções que esses materiais nos
remetem, você aluno (a) futuro(a) designer precisa se familiarizar com essas sensações e
começar a colocar em prática em seus estudos projetuais.

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 90


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Princípios dos processos de fabricação utilizando metais e
polímeros
Autor: Valdemir Martins Lira.
Editora: Blucher.
Sinopse: Este livro aborda a tecnologia dos processos de fabricação
de metais e polímeros, traz um conteúdo bastante rico para o aluno
que deseja informações mais detalhadas dos processos.

FILME/VÍDEO
Título: Mestres do Ferro
Ano: 2021.
Sinopse: Esta série em formato de Reality show mostra uma
competição entre mestres da arte de trabalhar o aço temperado.
está disponível na plataforma de streaming da Netflix.


FILME/VÍDEO
Título: Telecurso 2000 - Processos de Fabricação
Ano: s/a.
Sinopse: Nesta série em formato de aula, você poderá assistir
a todos os processos de fabricação dos principais materiais
trabalhados neste módulo, ao todo são 26 vídeos disponíveis na
plataforma virtual do Youtube

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 91


REFERÊNCIAS

ABITANTE, A. L.; LISBOA, E. S. Materiais de Construção. Porto Alegre: Grupo A, 2017.


Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595020092/. Acesso
em: 10 mar. 2022.

ABITANTE, A. L.; LISBOA, E. S. Materiais de Construção. Porto Alegre: Sagah, 2017.


Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595020092/. Acesso
em: 10 mar. 2022.

ASHBY, M. F.; JOHNSON, K. Materiais e design: arte e ciência da seleção de materiais no


design de produto. Rio de Janeiro: Editora: Elsevier, 2011.

CHATAIGNIER, G. Fio a Fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das Letras
Editora, 2006.

FREITAS, A. A. G. D.; NORMANDO, L. C.; BARBOSA, N. A. et al. Caracterização


tecnológica dos minérios. Porto Alegre: Sagah, 2021. Disponível em: https://integrada.
minhabiblioteca.com.br/#/books/9786556902951/. Acesso em: 10 mar. 2022.

LEFTERI, C. Materiais em design: 112 Materiais para Design de Produtos. São Paulo:
Editora Blucher, 2017. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788521209645/. Acesso em: 07 mar. 2022.

LEONEL, R. F. Polímeros e cerâmicas. Curitiba: InterSaberes, 2020 (Série Panorama da


Química). Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/185126/
pdf/0?code=iyM6PORZzRKnxiaa0NrtduLMrxzpX4xeqHG8/6gde2rghvPKoNY5MV70g3Zd/
Wdyn7Xkh2G7gDO86yju5Uj2Sw==. Acesso em: 23 mar.2022.

LESKO, J. Design Industrial – Guia de Materiais e Fabricação. São Paulo: Editora


Blucher, 2012. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/
books/9788521206576/pageid/17/. Acesso em: 12 fev. 2022.

LIBRELOTTO, L. I.; FERROLI, P. C. M. Materiais e sustentabilidade: aplicações do bambu


em arquitetura, design e engenharia. In: ARRUDA, A. J. V.; FERROLI, P. C. M; LIBRE-
LOTTO, L. I. Design, Artefatos e Sistema Sustentável (3rd edição). Editora Blucher, 2017
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788580392982. Acesso
em: 10 mar. 2022.

LIMA, M. A. M. Introdução aos Materiais e Processos para Designers. São Paulo: Editora
Ciência Moderna Ltda, 2006.

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 92


LIMA, M. A. M. Introdução aos Materiais e Processos para Designers. Editora Ciência
Moderna Ltda, 2006.

LIMA, M. A. M. Introdução aos Materiais e Processos para Designers. Rio de Janeiro:


Ciência Moderna Ltda, 2006.

LOBACH, B. Design Industrial. Bases para a configuração dos produtos industriais.


Editora Edgard Blücher Ltda, 2001.

PLATCHECK, E. R. Design Industrial: Metodologia de Ecodesign para o Desenvolvimento


de Produtos Sustentáveis. São Paulo: Editora Atlas, 2012. Disponível em: https://
integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522490165/. Acesso em: 07 mar. 2022.

SANTOS, G. A. Tecnologia dos Materiais Metálicos - Propriedades, Estruturas e


Processos de Obtenção. São Paulo: Editora Saraiva, 2015. Disponível em: https://
integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536532523/. Acesso em: 02 mai. 2022.

SANTOS, Z. I. G. Tecnologia dos materiais não metálicos, classificação, estrutura,


propriedades, processos de fabricação e aplicações - 1ª edição. São Paulo:
Editora Saraiva, 2014. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788536530826/ Acesso em: 13 abr. 2022.

SHACKELFORD, J. F. Ciência dos Materiais. São Paulo: Pearson Practice Hall, 2008.
Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/424/pdf/0?code=shU-
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VAN VLACK, L. Princípios de Ciência dos Materiais. São Paulo: Edgar Blucher, 3ª Edição,
2000. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/176565/pdf/0.
Acesso em: 12 fev. 2022.

UNIDADE IV Tipologia e Propriedades dos Materiais Metálicos 93


CONCLUSÃO GERAL

Prezado (a) aluno (a),

Neste material, busquei trazer para você os principais conceitos sobre o universo dos
materiais de design, suas características e aplicações gerais em projetos de design. Acredito
que foi possível apresentar a importância desses conhecimentos para o desenvolvimento
de bons projetos, e mais que isso, destacar para vocês a relevância de manter-se atualizado
e sempre curioso em busca de novas informações sobre o desenvolvimento de materiais
inusitados, sustentáveis e diversificados, de forma que esses conhecimentos te auxiliem na
caminhada como um bom e criativo designer.
Lembre-se que inicialmente apresentamos os conceitos sobre a ciência dos materiais,
pois este universo é regido por algumas propriedades e classificações, conhecimentos que
irão te possibilitar lidar e analisar qualquer material que esteja a sua disposição. Na sequência
apresentei os principais materiais de design de cada categoria, sendo: materiais naturais,
materiais cerâmicos, materiais poliméricos e materiais metálicos. Então lembre-se de dedicar
um tempo para pesquisa de fornecedores, características, propriedades e novos materiais.
Apresentamos os principais e mais conhecidos materiais de cada grupo para que
você tenha uma visão geral dos materiais, porém lembre-se que esse universo não foi
esgotado aqui nesse material, os materiais estão sempre em desenvolvimento, seja pelo
crescimento tecnológico, seja pelas necessidades ecológicas e de sustentabilidade, lembre-
se que os chamados materiais alternativos, reciclados ou de reaproveitamento também
possibilitam um vasto universo a ser explorado pelos designers.
Dessa forma devemos pensar que os projetos de design de produtos, sejam eles
quais forem, necessitam de muita pesquisa e estudo. Sugerimos que você, aluno (a) comece
a fazer seu próprio banco de dados sobre materiais, propriedades, fornecedores, para que
fique cada vez mais fácil a aplicação desses princípios na hora da tomada de decisão sobre
quais materiais utilizar em um determinado projeto. A partir de agora acreditamos que você
já está preparado para seguir em frente desenvolvendo ainda mais suas habilidades para
criar e desenvolver projetos de produto com sucesso.

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigada!

94
+55 (44) 3045 9898
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