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Argumentos Teístas Contra o Ateísmo CIENCIA DA RELIGIÃO IKTUS
Argumentos Teístas Contra o Ateísmo CIENCIA DA RELIGIÃO IKTUS
ateísmo moderno
Módulo 3
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INTRODUÇÃO
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que ele chama de “a dessecularização da academia que se
desenvolveu nos departamentos de filosofia desde o final dos anos
de 1960”. Ele se queixa assim:
Smith conclui: “Deus não está ‘morto’ na academia; ele voltou à vida
no fim da década de 1960 e agora está bem vivo em sua última
fortaleza acadêmica, os departamentos de filosofia”. [4]
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Teístas se queixam que os argumentos habituais contra a
existência de Deus não passam na inspeção filosófica. Uma das
justificativas mais comumente proferidas do ateísmo é a chamada
“presunção do ateísmo”. À primeira vista, esta é a afirmação de
que, na ausência de provas da existência de Deus, devemos
presumir que Deus não existe. Assim entendida, tal suposta
presunção parece confundir o ateísmo com o agnosticismo. Quando
se atenta mais de perto para como protagonistas da presunção de
ateísmo utilizam o termo “ateu”, no entanto, descobre-se que eles
por vezes estão redefinindo a palavra para indicar apenas a
ausência de crença em Deus. Tal redefinição banaliza a alegação
da presunção do ateísmo, pois nesta definição o ateísmo deixa de
ser uma um ponto de vista, e até mesmo bebês contam como
ateus. Ainda seria necessário justificativa a fim de saber que Deus
existe ou que Ele não existe.
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sem contar todos os outros argumentos da teologia natural. [6] À luz
disso, a presunção do ateísmo parece deveras presunçosa!
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A (IN)COERÊNCIA DO ATEÍSMO
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claramente engrandecedores. Caso se verifique que certas noções
como onipotência ou onisciência sejam inerentemente paradoxais
em determinadas definições, que nenhum ser pode ter todos os
poderes, digamos, ou saber todas as verdades, esta conclusão,
enquanto de interesse acadêmico considerável, no final, será de
pouca significação teológica, uma vez que o que Deus não pode
fazer ou saber segundo tais explicações é tão recôndito que
nenhuma incompatibilidade é, assim, demonstrada com o Deus
descrito na Bíblia.
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e logicamente possível para alguém que compartilha o mesmo
passado forte com S para realizar em t? Parece que não. Pois
suposições acerca de ações livres suscitam outro problema. A
pessoa tem controle sobre suposições acerca das próprias decisões
livres, mas não sobre suposições acerca das decisões livres de
outros. Isto implica que uma definição adequada de onipotência não
pode requerer que S seja capaz de realizar estados de coisas
descritos por suposições acerca das decisões livres de outros
agentes, pois isso seria requerer o logicamente impossível de S.
Devemos dizer, então, que S é onipotente em um tempo t se, e
apenas se, S pode em t realizar qualquer estado de coisas que seja
de modo amplo logicamente possível para S realizar, dado o
mesmo passado forte em t e as mesmas suposições verdadeiras
sobre as ações livres dos outros? Isto parece quase certo. Mas está
aberto a críticas que, se S é essencialmente incapaz de qualquer
ação em particular, não importa quão trivial, então a inabilidade
de S realizar aquela ação não conta contra sua onipotência.
Portanto, precisamos deixar a definição mais ampla a fim de
requerer que S realize qualquer ação que qualquer agente em sua
situação realizaria. A análise a seguir pareceria satisfatória: S é
onipotente em um tempo t se, e apenas se, S pode em t realizar
qualquer estado de coisas que não seja descrito por suposições
acerca das ações livres de outros e que seja ampla e logicamente
possível para alguém realizar, dado o mesmo passado forte em t e
as mesmas suposições verdadeiras acerca das ações livres de
outros. Tal análise estabelece bem os parâmetros da onipotência de
Deus sem impor nenhum limite ilógico em Seu poder.
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totalidade de todas as verdades, mas meramente com quantificação
universal com respeito a verdades: Deus conhece cada verdade.
Além disso, a definição padrão não busca nos dar o modo do
conhecimento de Deus, mas meramente seu escopo e precisão.
Teólogos cristãos tipicamente não pensam no conhecimento de
Deus como proposicional por natureza, mas como uma intuição
sem divisão da realidade, que nós, conhecedores
finitos, representamos a nós mesmos a partir de proposições. Nós
expressamos proposicionalmente o que Deus sabe não-
proposicionalmente. Nesta visão, não há, de fato, um número
infinito de proposições, mas somente tantas proposições quanto
seres humanos têm tido conscientemente. De fato, se alguém é um
ficcionalista com respeito a objetos abstratos como proposições,
então proposições são simplesmente ficções úteis que nós
empregamos para descrever os estados de crença das pessoas, e
o tapete é puxado de baixo de quaisquer objeções formuladas com
base nas presunções platonistas com respeito à realidade de
proposições. Finalmente, definições adequadas de onisciência
divina ficam a nosso dispor que não fazem menção a qualquer
proposição. Charles Taliaferro propõe, por exemplo, que a
onisciência seja entendida a partir do poder cognitivo máximo, isto
é, uma pessoa S é onisciente se, e somente se, é metafisicamente
impossível haver um ser com um poder cognitivo maior do que S e
este poder ser completamente exercido.
O PROBLEMA DO MAL
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investida neste problema, tendo como resultado genuíno progresso
filosófico quanto à velha questão.
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B. A quantidade e os tipos de sofrimento no mundo existem.
O que faz que este seja um problema externo é que o teísta não
está comprometido em sua cosmovisão com a verdade de (2). O
teísta cristão está comprometido com a verdade de que O mal
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existe, mas não que O mal gratuito existe. Assim, o ateu alega que
o sofrimento no mundo, aparentemente sem sentido e sem
necessidade, constitui prova contra a existência de Deus.
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chegar a um único evento histórico — digamos, a promulgação da
política “Lend-Lease” pelo congresso americano antes da entrada
dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Nós não temos
ideia dos males naturais e morais que podem estar envolvidos para
que Deus organize as circunstâncias e seus agentes livres
necessários para tal evento. Certamente muitos males nos parecem
sem sentido e desnecessários — mas nós simplesmente não
estamos numa posição para julgar. Dizer isso não é apelar ao
mistério, mas, sim, mostrar as limitações cognitivas inerentes que
frustram tentativas de dizer que é improvável que Deus tenha
razões moralmente suficientes para permitir algum mal em
particular.
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2. O TEÍSMO CRISTÃO IMPLICA DOUTRINAS QUE AUMENTAM A
PROBABILIDADE DA COEXISTÊNCIA DE DEUS E DO MAL.
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profundo e salvífico de Deus. Para ir adiante com seu argumento, o
ateu deve agora mostrar que é possível que Deus crie um mundo
em que a mesma quantidade de conhecimento de Deus é
alcançada, mas com menos mal — o que é mera especulação.
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Estas quatro doutrinas cristãs aumentam a probabilidade da
coexistência de Deus e dos males no mundo. Elas, portanto,
servem para diminuir qualquer improbabilidade que estes males
possam lançar sobre a existência de Deus. A fim de sustentar seu
argumento, o ateu terá de mostrar que estas doutrinas são em si
improváveis.
3. O universo existe.
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deste princípio. Pois (1) meramente requer que
qualquer coisa existente tenha uma explicação para sua existência.
Esta premissa é compatível com a condição de que
haja fatos brutos sobre o mundo. O que ela impede é que existam
coisas que simplesmente existem sem explicação. Este princípio
parece bastante plausível, pelo menos mais do que o seu contrário.
Pode-se pensar na ilustração de Richard Taylor de encontrar uma
bola translúcida enquanto se caminha pela floresta. A declaração de
que a bola simplesmente existe sem explicação seria bastante
bizarra; e aumentar o tamanho da bola, até torná-la coextensiva
com o cosmo, não faria nada para deixar óbvia a necessidade de
uma explicação para sua existência.
Por último, (3) afirma o óbvio, que existe um universo. Segue que
Deus existe.
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Temos, pode-se dizer com segurança, uma forte intuição da
contingência do universo. Um mundo possível em que nenhum
objeto concreto existe parece certamente concebível. Geralmente
confiamos em nossas intuições modais em outros assuntos
familiares; se vamos fazer o contrário com respeito à contingência
do universo, então o ateu precisa propor alguma razão para tal
ceticismo além de seu desejo de evitar o teísmo. Além disso, como
veremos abaixo, temos boas razões para pensar que o universo
não existe por uma necessidade de sua própria natureza.
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Para termos “chegado” ao hoje, a existência temporal, por assim
dizer, atravessou um número infinito de eventos anteriores. Antes
de se chegar ao evento presente, no entanto, seria preciso chegar
ao evento imediatamente anterior; e, antes de se chegar a esse
evento, seria preciso chegar ao evento imediatamente anterior a
ele; e assim por diante ad infinitum. Não se poderia chegar a
nenhum evento, uma vez que antes dele aparecer sempre haveria
mais um evento que teria de acontecer primeiro. Assim, se a série
de eventos passados fosse sem começo, não se poderia ter
chegado ao evento presente, o que é absurdo.
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universo. O modelo padrão do Big Bang não descreve a expansão
do conteúdo material do universo num espaço vazio pré-existente,
mas, sim, a expansão do próprio espaço. Isso tem a implicação
surpreendente de que, quando se extrapola de volta no tempo, a
curvatura do espaço-tempo se torna cada vez maior até chegar a
uma singularidade, na qual a curvatura do espaço-tempo se torna
infinita. Constitui, portanto, uma borda ou limite para o próprio
espaço-tempo.
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confortavelmente dentro da corrente principal científica ao afirmar a
verdade da premissa (2).
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dos cosmólogos concorda com o físico P. C. W. Davies que,
gostemos ou não, parece que somos forçados a concluir que a
condição de baixa entropia do universo simplesmente foi “inserida”
como condição inicial no momento da criação. [11]
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2. Ela não é devida à necessidade física ou ao acaso.
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negar a possibilidade, pois tais universos são irrelevantes ao seu
argumento. Tudo o que ele precisa mostrar é que, entre universos
possíveis regidos pelas mesmas leis (mas tendo valores diferentes
das constantes e quantidades) do universo real, universos propícios
à vida são extraordinariamente improváveis.
Por vezes, físicos falam de uma Teoria de Tudo (TDT) ainda a ser
descoberta, mas tal nomenclatura é, como tantos dos nomes
pitorescos dados a teorias científicas, bem ilusória. Uma TDT na
verdade tem o objetivo limitado de propor uma teoria unificada das
quatro forças fundamentais da natureza, mas nem mesmo tentará
explicar literalmente tudo. Por exemplo, nos candidatos mais
promissores a uma TDT até hoje, a teoria das supercordas ou
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teoria-M, o universo físico deve ser endecadimensional (ou seja,
possuir onze dimensões), mas por que o universo deve possuir
exatamente esse número de dimensões não é explicado pela teoria.
A teoria-M simplesmente substitui ajuste fino geométrico por ajuste
fino de forças.
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A hipótese dos muitos mundos é uma explicação tão boa
quanto a hipótese do projeto?
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Em quarto lugar, se nosso universo é somente um membro de um
infinito conjunto de mundos de universos aleatoriamente variados, é
surpreendentemente mais provável que nós devêssemos estar
observando um universo muito diferente do que aquele que de fato
observamos. Roger Penrose calcula que a chance da condição de
baixa entropia do universo ser obtida apenas pelo acaso é da
ordem de 1:1010(123), um número inconcebível. Em comparação, as
chances de nosso sistema solar ser formado instantaneamente por
colisões de partículas aleatórias é, de acordo com Penrose, de
cerca de 1:1010(60), um número vasto, mas inconcebivelmente menor
do que 1:1010(123). Se nosso universo fosse apenas um membro de
uma coleção de mundos aleatoriamente ordenada, é muito mais
provável que devêssemos estar observando um universo muito
menor. Adotar a hipótese dos muitos mundos para descartar o
ajuste fino, então, resultaria num ilusionismo bizarro: é muito mais
provável que todas as nossas estimativas de idade astronômicas,
geológicas e biológicas estejam erradas e que a aparência do
nosso universo grande e antigo seja uma enorme ilusão. Ou, então,
se nosso universo é apenas um membro de um conjunto de
mundos, deveríamos estar observando eventos muitíssimo
extraordinários, como cavalos vindo à existência e deixando de
existir por colisões aleatórias, ou máquinas de movimento perpétuo,
uma vez que estes são muito mais prováveis do que todas as
constantes e quantidades da natureza, estando por acaso na
extensão praticamente infinitésima que é propícia à vida. Universos
observáveis como aqueles são muito mais abundantes no conjunto
de universos do que mundos como o nosso e, portanto, deveriam
ser observados por nós se o universo fosse apenas um membro de
um conjunto de mundos. Uma vez que nós não temos tais
observações, este fato solidamente invalida a hipótese do
multiverso. No ateísmo, pelo menos, é muitíssimo provável que não
exista tal conjunto de mundos. Penrose conclui que explicações
antrópicas são tão “impotentes” que é, na verdade, “equivocado”
apelar para elas a fim de explicar as características especiais do
universo. [13] Assim, a hipótese dos muitos mundos fracassa como
explicação plausível para o ajuste fino cósmico.
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Parece, portanto, que o ajuste fino do universo não é com nenhuma
plausibilidade devido nem à necessidade física, nem ao acaso. A
menos que seja possível demonstrar que a hipótese do projeto é
ainda mais implausível do que suas concorrentes, segue que o
ajuste fino é devido ao projeto.
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pressões sociobiológicas, evoluiu no homo sapiens um tipo de
“moral de rebanho”, que funciona bem na perpetuação da nossa
espécie na luta pela sobrevivência? Não parece haver, porém, nada
no homo sapiens que torne essa moralidade objetivamente
obrigatória. Se o filme da história evolutiva fosse rebobinado e
filmado novamente, criaturas muito diferentes com um conjunto de
valores muito diferente poderiam muito bem ter evoluído. Com que
direito podemos considerar nossa moralidade como objetiva, em
vez da deles? Conforme expressa o filósofo humanista Paul Kurt, “a
questão central quanto a princípios morais e éticos diz respeito a
seu fundamento ontológico. Se eles não são derivados de Deus
nem ancorados em algum fundamento transcendente, será que eles
são puramente efêmeros?”. [14]
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estabelece a objetividade de valores e deveres morais, o que
simplesmente é a premissa (2) do argumento moral.
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Em terceiro lugar, é fantasticamente improvável que exatamente
este tipo de criatura que corresponde à esfera de valores morais,
existindo de forma abstrata, emergiria do processo evolutivo cego.
Essa parece ser uma coincidência completamente incrível quando
se pensa a seu respeito. É quase como se a esfera
moral soubesse que nós estávamos chegando. É muito mais
plausível considerar tanto a esfera natural quanto a esfera moral
como se estivessem debaixo da hegemonia de um criador e
legislador divino do que pensar que estas duas ordens da realidade,
completamente independentes calharam de se enredar.
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tampouco Deus está sujeito a deveres morais, visto que Ele não dá
ordens a Si mesmo. As ordens de Deus também não são
arbitrárias, já que se tratam de expressões necessárias de Sua
natureza.
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[7] Daniel Howard-Snyder, “Introduction”, em The Evidential
Argument from Evil, ed. Daniel Howard-Snyder (Bloomington, Ind.:
Indiana University Press, 1996), p. xi.
[8] Ibid. O cristão teísta insistirá, portanto, que ao avaliar o problema
externo do mal, consideremos não somente o mal no mundo, mas
todas os indícios relevantes à existência de Deus, incluindo o
argumento da contingência a favor de uma Razão Suficiente para o
porquê de alguma coisa existir, em vez de nada, o argumento
cosmológico a favor de um Criador do universo, o argumento
teleológico a favor de um Arquiteto inteligente do cosmo, o
argumento axiológico a favor de um Bem último e pessoal, o
argumento não-lógico a favor uma Mente última, o argumento
epistemológico a favor de um Arquiteto de nossas faculdades
cognitivas guiadas pela verdade, o argumento ontológico a favor de
um Ser Maximamente Grande, assim como indícios relacionados à
pessoa de Cristo, a historicidade da ressurreição, a existência de
milagres e, além disso, experiências existenciais e religiosas.
[9] A história do Hotel de Hilbert está relatada em George
Gamow, One, Two, Three, Infinity (Londres: Macmillan, 1946), 17.
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verdade. O pressuposto crucial de que verdades necessárias não
podem entrar em relação de prioridade explanatória uma com a
outra não é apenas não evidentemente verdadeiro, mas parece
simplesmente falso. Por exemplo, a proposição Uma pluralidade de
pessoas existe é necessariamente verdadeira (num sentido lógico
amplo) porque Deus existe é necessariamente verdadeira e Deus é
essencialmente uma Trindade. Para dar um exemplo não-teológico,
em cenário não-ficcionalista, 2+3=5 é necessariamente verdadeira
porque os axiomas de Peano para aritmética padrão são
necessariamente verdadeiros. Ou ainda: Nenhum evento precede a
si mesmo é necessariamente verdadeira porque Tornar-se temporal
é característica essencial e objetiva do tempo é necessariamente
verdadeira. Seria completamente implausível sugerir que a relação
de prioridade explanatória obtida entre as proposições relevantes é
simétrica.
fim
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