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“A dissertagio de Maria Idalina aborda tuma temética das mais importantes da Historia Regional —a conquista € povoamento do Agreste € do Sertio Compreende trés cap tulos principais: no pri- meiro a autora revé 0 problema da expansio da pecudtia, entre nds, e como a marcha das boiadas devassou e fi- xou o homem na inter- india; 0 segundo tenta uma visdo sintética, a luz dos estudos mais re- centes, do que foi a rea- io do indigena, vendo Suas terras taladas € a propria espécie conde- nada ao exterminio, nu- ‘ma guerra que, pouco pouco, vai revelando sua face etnocida; e, por fim, os conflitos inter- nos da nova sociedade que ocupava o semi- rido devastado ¢ impu- nha padrées culturais novos, ela mesma vit ‘ma de dilaceramentos € Ascvedo Fenanatee sasvonin- UF fenoreseo Projeto Grafica [NUCLEO DE PROGRAMACAO VISUALFUNDARPE DULCE LOB TUIZ ARRATS caparare + PETRONIO CUNHA 22> apuroros SOSSARA GRUBER Revise CABRAL DA ROCHA, TAMARTINE MORALS. CCopyith (©) MARIA IDALINA DA CRUZ PIRES Direitos desta digo reservados 8 Secretaria de Edseeio, Chitra e Esporces) Funda do Patani Hisreoe Arico : Pernambuco — FUNDARPE ‘Run Beni, 133 — Madalna 50720 — ReciePE, Impress no Bras — 1980 [MARIA IDALINA DA CRUZ PIRES GUERRA DOS BARBAROS RESISTENCIA INDIGENA E CONFLITOS NO NORDESTE COLONIAL Base soeredo Fermanies fhevonn Govetno do Estado de Pernambuco Secretaria de Educa, Cultura ¢ ExportesUNDARPE (Companhia Editors de Pernambuco — CEPE Recife, 1990 GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO. Gorernados do Estado ‘CARLOS WILSON DE QUEIROZ CAMPOS Secreto de Tum, Cultura e Esportes FERNANDO ANTONIO VIEIRA GONGALVES Eundosio do Farina Hitrico © Atisico de Pernambuco FUNDARPE LEDA'ALVES — Ditton Presidente Compania Etrs de Pecnambueo — CEE RICARDO CARVALHO ~ Ditton Present CONSELHO EDITORIAL DA FUNDARPE FERNANDO ANTONIO VIEIRA GONCALVES — Presidente EEDA ALVES ~ Vice Preticnte IVANILDO VILA NOV JOAO CAMARA FILHO. LULZ MARINO NAGIB JORGE NETO NELSON SALDANHA PAULO CAVALCANT POTIGUAR MATOS RAIMUNDO CARRERO IVAREZ CORREIA Secretixo Execuivo SERGIO MOACIR DE ALBUQUERQUE — Asesor LAMARTINE MORALS Assesor Catalogacio na Fonte BIBLIOTECA PUBLICA ESTADUALIDPTD 667g Pres, Maria alin da Cruz ‘Guerra dos Barbaros" resstcia indie 1a. confltos no Nordeste colonial. Rect FUNDARPE, 1990 414 p. — (Biblioteca Comunittia de Per- rambuco! Ensio 04) 1, BRASIL — HISTORIA — GUERRA DOS BARBAROS, SECULOS XVII XVIII 2. BRASIL (NORDESTE) HISTORIA 3. IN DIOS Da AMERICA DO SUL BRASIL (NOK. DESTE) — HISTORIA 4, ENSAIOS BRASILEL ROS 1. Titulo I. Titulo: Resistencia indigena cont tos no Nordeste colonel PeR-BPE ISBNS e054 cpu ~ 951 cpp 981 NOTA BIOGRAFICA a oy oi rine lee ihe Cy fs nn ‘em 1982, a monografia “Manuel Alvares de Moraes Navarro ¢ sabe ii ckemeentcneree erie tet eee et grea Gacue, ores te, hah Eo caatestercstien topes reece ale pe ogee te on eae nt ee heramnnremnrs lice foie Em duns comunicagbesc em 1990, fol Encontro Eetaiel de DEDICATORIA ‘A meméria de minhae avis, milla Lopes Encarnaeso da Cruz Para Cieuino, Idalina © meus pals AGRADECIMENTOS Desojo agradecer a todos aqueles que con- ‘correram, de muitas maneiras para a reall- ‘ago deste trabalho. De forma especial 20 professor MARC JAY HOFFNAGEL, pela orlontaga0 critoriosa segura e 2 amizade que demonstrou. Dur Fante todo 0 processo de discussdo inteleo- tual, soube ‘estimular~ 0 apertelgoamento desta “diszertagao,. inclusivs, amenizanco momentos do tensio © angustia com absor- vvacdes e comentarios, muitas vezes, reches- ‘os de humor Fol igualmenta importante a parlcipacao do protessor MARCO ANTONIO DE OLIVEIRA PAES, 0 primeio a ser escolhido para orien tar esta pesquise.. Tendo visjado para reall Zar 0 #00 Curto de Doutoramanta no Exte- ior, ndo péde prosseguir com a orientagao. ‘Adistancla, porém, estimulou a contlnuagao ‘deste tabaino. Nao poderia deixar de ressaltar a colabora- (G40 da professors ENILDA REGINA DA SIL- VA. com quem discuti a maior parte do te fo. Recebl dela preciosas \Informacces uanto @ abordagem analiica além de de icagto ilimitad ‘A sluda da professora CLEONIA XAVIER DA GRAGA COSTA fal imprescindivel. Ela co- dou a maior parte dos documentos manus. i frilos utllzades. na pesquisa, Incluelve jé transcritos, o que adiantou 0 servigo de lel lura paloograticn ‘A querida amiga LAIS MARQUES, px Pla desses documentos, ‘Muito devo & professora ADAIR PALACIO, or esclarecimenios presiados 9 indleacdes Bibtogratioas 6 Registro o meu agradecimento ao protessor SEVERINO VICENTE, que me permitia 0 uso do livres seus. ‘Ag amigo @ professor ANTONIO MONTENE- GRO, pala stencdo compre encorajadoura, ‘Ao amigo © professor JOSE NIVALDO JO- INIOR, pelo intressa @ as palavras da Incen- two. ‘A MARLI, MARIA @ D. EMILIA, funcionérias do Mestrado de Histéria, pelo stendimento sempre genti A ANGELA, ELCIA © EMILIA, cologas do Mestrado, com quem comparithel alegrias © Instezas, num convivio tea © gratiicante ‘Ao GNPq — Consslho Nacional de Desane volvimento Cienttico — pela concessao do boise nos primairos anas'do Curso de hos trado om Hist ‘A MARCELO MARIO MELO, pelo servico de loxto € a ANITA, por ter callogratado com ‘arinho © dedicacao este trabalho ‘os cologas do trabalho e dietores do CEN- ‘TRO JOSUE DE CASTRO, Que perniiram's meu afastamonto tempordrié dee alvsedos Bara ‘conclu esa dissertagio. Dastaca’s p0i0 eatciane do ELI, LUCILIA, FABICLA, GRISTINA“s,particularmente, VERONILOA que moniou'eomiga 2 Bolograta ‘A PAULO MEDEIROS o VERA FERNANDES, {que lWveram, cada um a seu modo, um pe pel relevanie para quo eu conseguisse levar fdlante esta tarefa Dosiaco @ prosenca constante © estimulante e todos aquotes amigos que souberam es. ular com afeto os mevs desabatos nos mo- Mentos alticeis. les estiveram sempre na torcida e vibrando comigo a cada etapa ven. cig Reserva um momento de ateneto aos meus {ueridos sabrinhos DANIEL, MARCELA, RA- FAEL, RAQUEL © MARIA EDUARDA, A ria de té-os por perto ajudou a suavizar as Sifiouldades cesta tarata Sou muito grata as minhas irmas CLAUDIA, FATIMA @ IZABEL, ‘pola compreensio ea aciéncia, © aos meus cunhades MAUR Flo, JOGA, principalments, ANDRE, que me ‘emprestou grande quantidade o ivios de sua biblioteca, Agradeco, acima de. tudo, aes maus pols CLAUDING © IDALINA pelo amor que Serm- pre me transmiliram. Durante 0 tempo apa- Fentemonte interminavol da elaboragao ces. te trabalho, veio doles a forca, a coragem @ determinacao que ‘me sustentaram nos momentos msie difeals. A oles dedien cate trabaiho APRESENTAGAO No ano de 1812 Tecumseh, chelo dos _ Indios Shawnee, declarou guerra contra o governo dos Estados Unidos da América Ao convocar seus guerreires & Iu- fa proferiu o seguiste élecurso: ‘Onde est8o hoje o¢ Pequot? Onde esto os Narragensett, ot Mohican, os Pokanoket, © Imultas outras poderosas| tribos de nosso pals? Elae. desaparoceram face a avidez € Spressio do Homem Branco, como a neve ‘exposta 20 sol do verso. Serd que permitiremos eer destruidos sem lular, entregar nossos lares, nosso pais que nos fol dado pelo Grande Espirito, as covas dos noseos mortos e tudo que para nés 6 caro e sagrado? Eu sel que voces gritardo ‘comigo, "Nunes! Nuneal™ Estas palavras eloqUentes, pronuncladas mats de {rés séculos apes o primeira contato entre europeus © (03, habitantee do. Novo Mundo exprimem decidida © Valente resisténcia dos Indios das Americas & coblea vider do colonizador branco, © & este espiito de lute que conelitit um dos principals temas do livro de Max ‘fa Idalina da Cruz Pires, "Guerra dos Barbaras"” resie- téncla indigena e conflitos no Nordeste colonial Griginalmente apresantado como. disseriagS0, no Gurgo de Mestrado em Historia da UFPE — Univarsida- de Federal do Pernambuco, 0 trabalho de Marla Idaing ‘chega em boa hors. Num momento em que o Velho @ © (0) — Bes Brown. Suny My Hear st Woundod Knee. Near Yor, 107 pt " Nove Mundo se preperam para comemorar os S00 anos 2 descabrimento de América, “Guerra dos Basser ‘ealaténeisindigona e conftes no Nordeste colonel oe Gonvida uma refexdo sobre a naleze ¢ aigntense siesta deacoberta Nao hé como nager que pany mene 3 naigenas co 'nowso. continents o fala det eo descobero" consti ama tragecla dp grandes" pro. poreées. Do Canadé & Patagonia, o conta nite of ioe Ais eo colonizador branea desencadool unr proseeco de exploracdo, espatiagao e goronido. Mar &hetne dest ‘sescabert/conaisia € tambon a Netéra ae ke les evades pelos paws do Novo’ Mundo conta soce opressoras © fo etidar 0 conju de wiblovacbes aes Indles Teptya do sertto nordestno, Maria Weling soe [Bus resgaiar um importante, mas quase sequecldo, cant ‘ule desta fonge o trolen historia de cone ¢ ence ‘8rcie Nas o mito do seu trabalho nto se resinge a ‘sta reconstrugo hstvea de guerra entra os Taney § a8 ‘colonizadores do Nordeato brasiro, Na Bene de uma rica documentagdo a autora procure desvorder oe ries contitos que surgram ante os ductans naantce 4a colorzacto due partciparam na eonulots Soe tee Biya. Estes confitos nao apenas refltiam esisisles dvergontes para a dominagao dos indlon mas seneoes 8 Nalidadts Para cargos © posses uc aval ee Batllbantes'da Guerra. A scminsasto dester mcs éncias @ rvalidades pelo estado. pamiguée enehees outro importante tema abordado pels Joven hiker es Bamambucana..Assumindo 0 que aostontava weg eee elo mbioua, » Coron portugiosa habildesensn se ae. tnlbuiu benesses efavores aos grupos antagomion > oo, sim consoguiumanter a unidade dee forges oneoa ‘9fades na lute contra oe Tapiya, A publcasto de "Guerra dos Birbaros: resistin. 28 Indigona © contitos no Wordesto colonial, ice eetoamento de varios anos do esludos de ane ee fedora cujo trabalho serve nara eniguocet a Rte, fia da nossa regido. . * MARC JAY HOFFNAGEL Recife, 29 de outubro de 1900 12 ABREVIAGOES AHU — Arquivo Histérico Utramarino DH — Documentos Histérices da Biblioteca Nacional do Rilo de Janeco UFPE — Universidade Federal de Pernambuco OPESO — Prieta para Assuntos de Pesausa © ie Pés-Graduagto “Geta regido ingrata, [o sertio} para a qual ‘0 proprio. tupi inna um terma sugestivo PORA-PORA-EIMA(H), remanoscente ainda ane (Borborem), idos pelo portugués, pelo negro pelo tupl Coligatos,refulndo ante 0 numero, 08 indO- fnitos CARIRIS encontraram protecdo.singu~ Tar naquele colo duro da terra, escslavrado plas formentas, endurado pela ossamenta Figida das pedras, rossequido pelas soalhel- ‘as, esvurmando espinhelras e ceatingas: smorteciam, ezindo no vacuo as cha- ppadas, onde a fmostravam dos minétios epetecidos, 03 a Temessor das BANDEIRAS. A TAPULRETA- mmo do missiondrio. As suas veredas. muti- vias. longas, reiratavam a marcha lenta, Torlurante 'e dolorosa ‘dos apéstolos. As bandeitas que a alcencaram, decampavar Togo, seguindo, répldas, fugindo, buscando ‘ules paragens,” (qilos do autor) ‘Euclides da Cunha (1) ~ Luger depovend, ent (2) — Teputretama, roi do Tapla rr mnoDUGAO No intuito de recuperar um dos principals. confl- tos entre europeus ¢ indigenes na sociedade colonial bra- Silera, esta disserlacao ‘bjetiva, primordiaimente, anall- Sar 2 "Guorra dos Bérbaros", luia ravada entre colonos “Tapliya, ineerindo-a no contexto da expansao a pecus- fia nos seftdes nordestinos durante a segunda metede Go S8culo XVII infetes do século XVI Buscamos resgalar a histéria da colonizagto & ‘ocupagdo do eer, rossaltando que este teritario 60 fol fassegurado pelos. colonizadores. apés a guerra que se moveul contra os “barnaras”, sto 6, 08 indigenas Tapdys habitantes da roaldo. (Cabo ressaliay, entrlanto, algumas consideracbes. 4 respeito. das diiculdades em recuperar a historia. da Guerra, goo © ponto Ge vista desses Tapuya. Primelran Mente, hd uma” auséncia de depoimentos’ sous, com 0 fagravante do torem sido exlinias 2 maioria das suas tii bos, apds © conflte armado. £0 caso, por exomplo, dos ‘Jandut, uma das maie combstentss 2 a que mals resi {éneia demonsirou ante o8 colonizadores. Complementando esta cbsorvacbes, ressaltamos que a8 poucas Informactes sobre o grupo Tapia expl am, ainda, pelo fata dos éronistas antigos, colonizado- 3s, terem se dedioada mals 20 estuda co opo"Tup, prendend aut “ingun gore, un ver ae im estes of primeiree a cofviverem com 03 colonize ‘Sore, porave Hablavem o ioral. Em conttaparga, 08 Tepiya, habltando, principalmente, o interior da regiéo © falando divereos idiomas, tveram menos contato com os feuropeus durante, praticamente, os dols primelros ascu- fos de colonizagso. Assim, o3 colonizadores ndo se inte- ressaram em comproendé-ioe, desprezando suas linguas 7 g,seus costumes. Deste modo, muitas das tribos nko so identiicdvels, “havendo.dificuidades em inclaclas gag eterminada iamilia linguistica ou mesmo aponttes dont eo de suas caracterieices soclo-culter Aposar da auséncie da ceconsiuigto da “Guerra dos Bérbaros” a part da realdade dos Taptys: oags apreender algumas formas de resistencia Jessen eines fas @ a8 repercuseoes do mesma conifo smaca sages ua cociedace Cutro panto aue merece destaque relere-se aoe cbsideulosenfentados quando. Suscaines waerreae Histeia do sertdo nordestino, una ver que'a Recrera fia tela! wansmita’ uma iadia einocéninea, «eae Ro. Ease expaco Vario isa jusiea? © meee icat es fate pelos colonzadores. Desea false inane nan to vezi, nasce out: a de que os nablanies do sort Indlsrroblema’ em contaposigae tcuclt dere consierados “indie bona" Doras ee dente Vilar mate facimente. A maciéa om que as tape noo Yam @colonzapto, passerem a er vice gorse Gat Goetas.e selvagens taney cops uger, muitos ators tonderam » on latizar a histia 300 a parapeciva co europe, Guano abordam a questio do poveamento, por eeemil nee Bardce um procesto“siole. greg, uma adi fre SresBva © protonsamante homagenee do cease fF Por uhmo, minimizam as agoes Gos cotberadeles contra 08 Tapiya na medida em Guo a haa peace so — as guorres de conquita © © sxcrminie fe ies Sa, prtcaments; coguests, ‘carter tdelégica da Nstoriograta pode ser de fectado, ainda, na. abordagem a eouture sorties Colonia. ‘Privieglanda oscar de provuste Serene <0 acucarviro ~ © secundarizando: ot domaie nan ino caso de pocuiia, dur a cormproeneae eieba eae conomia colonial pore a expica Sob a ered eau Ya da produgao para a exponagas. Como sabomes tah ra produedo na quel a metOpcle ewe Glestor ase iantestiinam maior intresse, 18 Por este prisma, a sociedade nordestina passou @ er vista sob 0 Binomo Senhor-do-engenho vareus escra: vos, relegando-sea um segundo plano as relag Be eslabeleceram no serldo pecuiro. Este explicagio Geer a realade a Medda om aus mio om llica 0 carater especifice da socledade sertaneja, Pne® Finalmente, sallentamos 2 inclinago. dos estudos fm veriicar, apenas, as contradigoes gorais exietentes tnire. as clagses ominantes © dominadas, esquecendo- Se de analisar os oonfiias no interior da propria classe Gominants. No Nordeste, ses. confitos 86 aparecem quando se enfoce a lula que se travou entre portugueses E Rolandeses, dexando-se de lado oulras nuances que provocaram conftos entre o8 proprias colonizacores No 450, entre os luso-brasleiros “Tentando superar algumas dessas distorebes his- toriogréticas © ampliar a analico ga vida econémica © 80. Sue 0 seri, dominadar Assim, ouseamos identiear se prneipas te bos que habtavam a ropléo 0 as quo partiparam Guerra, exponco slgunas formes de uta Quo sxeratram Eonia'o branes eonqusidor. Ao mass tempo, procu- ‘amos fistonaro provesso do conqusta Go cont pele Solnizadore, aberdando ts orincipls midaness atone. ‘micas ovordas naqela ocslgo 8 identi specu ‘ia'como.atvdade economica que perm 0 poven ‘mento Jaques rise Posternmente, no. segundo capitulo, buscames doimar 0 processa do uta armada Guo se avon ane Selorizadores eindigenas, woneando as princpals Saueas desse confto'sexaminando, croolgiea goo. Sratlesmonts, quando © onoe avotreram. of princes Somoates, Sutto aspect vantage por ns rolerese oo carter uaa dora con fara ar ‘radon perpetradas pelos colonagores conta © I na de feo. Procuramas Gomonstar © elnocile So: ‘Totso por eles na mediés om Que nao aperay ann ram 0 “genio, mes também’ destrem as sian bases Sulrais om o'aldeamento © escrevizacto Cos eobre: siventes Enfim, no terceiro capitulo, protendemas apresen: Contracigdes intornas ovistantes entre os préprios olonizaderes que. participaram deste conflta armado. Buscamos os motivs que causaram esses contradicaes luma vez que exprimiam, nao apenas, rixae pessoal, mas também dvergencias @ nivel seondmico, politico, soci fe Ideolégico. Além disso, procuramas evidenciar 9 dis: Senso que siguns cesses elemontos. socials tWveram com Felagdo 20 projeto de colonizacao, ja que. demanstrarant Siferentes formas de atuagaa quania A wllizagzo ds mao- Ge-obrae a ocupacso da terra Sobre essa questi, cabe destacar algumas refle~ 00s febricas que, por certo, ajudaréo @ elucidar as nos 28 inlerpratacdas.Ao longo da andlise dos eventos em Slscussto, constatamos a existéncia de classes ou fra- {gbes de classe que, muito embors tenham so allado na luta contra os Tapiya, tenderam a se divicir em torno da manera pola qual esta lula’ deveria ser conduc, ‘bem como no qua diz respeito & reparticho. doe benef. cies acerretados pela viloria sobre os indiganas. Neste Sonido, procuramos entender as relagoes complexes QUE Se esiabelocoram entra az clasess ou tracdes ve classe, tengo om mento a cooxisténcia de unidade © contradi: es dentro da socleaade colonial. € 0 que podemos! oncluir da andlise fella por Décio Sees: ) dado quo as classes proprietaias ou fragGes destas possuem, a0 lado de um in leresse politico comum que a3 tnifie, Ino esses econéimicos parteulares em contlto, Ga luta entre esses Ineresses resulta, A CA: DA MOMENTO, A PREPONDERANCIA vvantagem, © no aniquilagio) do um interes: ‘ropretéria ou fra: is inferesses.oc0- ‘clases proprietaria. Esta pres { econamico de clas 0 desta sobre os er amieos pecilico, constitul a hegamonia ‘de uma classe dominate (ou fraeso desta) fo elo das classes dominates." (gion fo autor Fo A nosso ver, porém, a questo undade contac gio nao ae ita apenas ts iagbes ca classe propriate fs! Como se omara claro ao ongo dene wabain, ei tlm também, momentos ce uniase e confit ene pro: pritanos e ao-pepretres ve tara que se engsaram fa ita contra oo Taptye ‘Assim, buscamos delinasr, 90 decorrr da “Guer 1a dos Barbaros™, 09 momentos sm gue ce colonzadoras {etavar ondoe pelo Ineresse com da laa corte os epiye. ‘ko. mesmo. Tompo, procuraios eater oe rlagonismos que loram sondo geracon ene os grupos fceisie durante 90 quase sessonla"anes de cone a= ado. No inulto do caractonzar o papel da. metrpole no conteto da Guerta dos Serboros onium sehae Carer principas Imiagoes a auw adiistegae, doe ‘aos contigs em question 6 o confito ent 28 Co- lanoe ¢ Tapia © agueles gue sroiaram ene ce propicn Colanizadores no perogo estudaco Notas 1 — TELS, Norma, imagem do ilo wa leo dts: eave. 5 enganaoa. In SILVA, racy Lopes da (org). sto ide. na na als de nue; sel pore proeecorer de 12 ¢ 2” gate 2 — SAES, Dicio._A Formacio do Estado Birguts no Sat: #880. {101, Rlo de sane, Pua vera, 1865 [Eetuso ravleon,v- ) . 88. A andive dene utr Daeis-se ncinee de Bloc de por for que Poulrzs desenaiveu dentro ce sma tera oo Estado Ce Palit, Sobvo esto assunt var ne aba cepecimerte 0 eal Iie"A fase enon do Estado excovietsmedarna na Brac (resdos fo aula DV ae 1808 oo be goer ee a CAPITULO ‘A EXPANSAO DA PECUARIA F 0 POVOAMENTO Do SERTAO A histéria da conquista dos sertdes nordestines 0, consequentemente, a nisiéria da expanséo da pocuaria, fem sido até hoje contada numa dtica euroventrista. Par {indo das concapeaes do’ colonizador @ do missionaro, oproduzidas através da. historiogratia. oficial, temos a lmpressao de que o sertéo era um eepaco vazlo a expe fa'desses conqulstadores. A omissdo da histéria das nu- fmorosas tibos que la habitavam(t) conduz a idéla de ue a ocupacio da rogido se dev pacificamente, Na realidade, a ocupacio deste terrtério ee pro: cessou de maneira extremamente violenta, tendo como Fesultado 0 genocidio, o cativairo¢ o aldeamento de cen- fenas de tribos indigenas. Elas resistiram tenazmente aos colonizadores através de fugas @ escravidso, quer thas, aliangas entre tnbos ¢ éiversas guerras. Chogaram, Inalsive, a formar contederagses ‘Assim, antes mesmo de narrar as primeleas pene trageee do colonizador nos seftéesnordestinos, faz 25 hnacessério tragar alguns aspecios da vida desses indigo has e tecer consideracses a respelto das relacoes que Se estabeleceram desde 0 inicio, enlre eles @ 2 colon adores. Encontrando & nova terra “descoberta’ j& habita- dda, os portugueses, quando acul chegaram, cividiram os indigenas em dois grandes grupos: 0s Tupl, que falavamn 4 “lingua gerel"(2), © os Tapdya, que falavam a "lingua travada", isto 6, outros idiomas que eles no compreen diam Segundo Hordcio de Almeids, “Tapiya era a de rnominagae que 08 povoe da raga Tupl davam aoe ini {908 vencidos e que foram corridos para as chapacOes 4o interior, 0 que vale dizer, barbaros™.(3) Esta denom- ‘hacdo raflete nao apenes o preconcelio dos Tupl Com ro. lage aos Tapoya, mas também exprime 0 deeprezo. dos colonizadores com relacko 2 este ultimo grupo indigena 25 Isto 20 exotica 4 enirarem em ue se encontavam mals cater ae Was S282 a0 teram tanta conviencia com Soe ice sso ie 98 primeiros. séculos. de" colon| tes pe esd colonizacao. Yoram poco A procatiedade das informagses sobre o Tepuya tomecidas pelos cramstes antes, soles es E,Pincipamente missionrio, resulted na sane eee ade de uma real cacsifcagao Gesses oven oe critérios lingdisticos e culturais. fetes Melati consiaiou que a classifcagao que ‘rupee incigenas em Tupl s Tapuya, 8*"° We divide ox 9204 por multo tempo ats que Von Mar tn no sbeulo assnd semonata\ a lingua Tap nso tormanes at rest roginoo." Agim, ele destacoy 00, dss ingian Tapia stamtla J'ai ig ate qu Se eter tne eet cnt ns acta, tnd ie Ua sie cenafan Yo sos Bio, evando ‘um menor conte ay Brimeto século da colontzagao, °°" © P0!0Mzador no ‘Quanto & localizagao dos Tapoya, Posi ta nos da o seguinte relato: Heer nae 2s “..originalments dominaram © Sul do Bra- ai, at€ que expulsos pelos Tupi, ficaram to- dos ocupando 0 vaste teritério que se. 68. tendo desde a foz do Blo So Francieoo at © Flo Cricaré, chamado depois de Sto Ma- {eus, no Eslado da Bahia, ate que passaram 2 ocupar a zona serlansja 0, desde a margem esquerda do S80 Francis: 0, eslendendovse polo interior, principal mente, até 0 Piaui.”9) De maneira mais genérica, Almeida Prado nos diz aque: “antes que as migracdes do Sul viessem alterar a localizagaa dos selvagens na tempo da deecoberta, ocu param os Tapiya 0 Centro, 0 Norte e Nordeste do Bra- sil".(10) Dentre os grupos genericamente chamados de Ta paya, um merece destaque por terem sido seus membros 08 principals protagonistas ca "Guerra. dos Barbaros" Os Kariri ou Kiri quo, iicialmonte, habitaram o ioral nordesting na regido que compreendia desde o Rio lap ‘curu, no Maranho, até o Sul da Bana, De la foram ex. pulsés pelos Tupinikim 2, posteriormanta, pelos Tupinar: a. Quando alcangaram o interior, dividiamse em diver- 828 tribos da Borborema, na bacia superior, acime de ‘Taporos, tinnam © nome de Sucurus” No fnédio Paraiba foavam os Bultrins, que fo- fam sldeados ‘on Campina Grande. 03 Ars, os Pegas, 0s Panalis © Coremas ocu- avam 0 sertio de além Borborema, com enetragio pelo Rio “Grande do. Noris parle do ‘Cearé. Os Palacus iam do Itorel do Gears, vizinnangs Ieés, no vale do Rio do Pelxe. E em dreas ‘do bem definidas havia ainda os Pajokes (08: Aponorijons."(11) a ‘Quase todos os antigas cronistas tiveram uma ime presséo de extrema “primitiidade” dessee Tapiya. Des- Grevendo seus costumes, Brandao relata “irazem 0s. cabelos crescidos como o de ‘mulheres, com serem goralmente 120 temic ddos que & bastante um sé tapuia para fazer {ugir muitos, 0 assim entram mui poucos pot grandes aldelas ‘mul confiados, © dels to- mam tudo © que querem, sem'ninguém the Ip }mdo, e-anda a propriae mulheres Ihe deixam ievar,, tio. grandissimo medo thes tam cobrado."(12) Soares de Sousa descreve-os como “gente brava, allvest, indomita”.(13) Para Guiherme so eram Tero: 22s, truculentos, com ritos inteiramente ferino3". © Joan NNieuht julgavards “piores que todos o¢ outros ‘bresle ros".(18) Como estas representacdes demonstram, 0 concei- tecanmti emregido elo clonzador “eizado ae flere aquoles Indios culo nivel de organizagao social mostave| maior capecidade de resistincia & submissae Os partcipantes da “Guerra dos Barbaros”, da mesma forma quo os antigos eronietas, tranomitim tam ém essas representacoes. © 0 que nos prova 0 Trecho 40 dacumenio daiado, provavelmente, de 1690, no qual 0 milter Gregor Varela Barreto Pereira relate “So estes Tapuias uns slerves criados nas fominenciae daquolos "serie nno seu trato e @ tao ristlea a lingua de que UUsem, que ninguém tha entende, muito fero- 265 no semblante, multo corpulentos, que 0 tomarem qualquer pessoas 3 méos, 2 h de despedacar.” (5) Na prética, o relacionemento entre os Tapuya © (8 portugueses fei constitulde na base desea imagem, de forma que o termo "Guerra. dos Barbara” nBo apenas 23 exptimiu a nogdo de valentia com que estes indios reek tiam 25 incursées portuguesas, mas transmit a ldgia fue Gua “primitvigade” — em outras palavras, sua nao Submissae ao colonizador — justifiearia seu extermini. VVarias foram as tribos que Iutaram contra 0 avan~ {ga dos colonizadares. Multas combateram Isoladas ou fliadas a outras. Existram, ainda, aquelas que so volta- fam contra "seus proprias parentes e culras diversas na- (oes barbaras". eombatendo. a. favor dos colonizado- fee. (16) Quando alladas, entrotanto,tveram sua resisten- fia ampliada, chegando alguns aulores a denominar de "Gonteseracéo. dos Carls" a referida guerra, demons- trando a allanga que eo estabeleceu entra essas nacoes Tapiya. Citande Borges de Barros, Taunay constata “que. do tal Confederacéo fizeram parte as seguintes tribos: Sucurus, Paiacus, lobe, Teosinhos, Bulbuis, Aris, Areas Pegas, Ca raeds, Canindés, Coremas, Caracaras," Bri xara, Indios estes de. Alagoas, Pernambu- 0, Paraiba, Rio Grande do Norte e Cearé ‘0s brancos por sua vez combatendo-os com (08 seus proprios iemios mobilizaram contra ‘les tropas de Mongruzes, Guapuris, Tocs- fubas, Paraciconhas, Balbés, Carimbbs, Ta- ‘mangul Como veremos, era uma prética comum 0s cole rizadores aprovoilarom-so das diacércias no sclo da ¢0- Gledades Indigenas, exaltando as divergéncias entre sous principals, anfraquécendo a resistencia das tibos Indigo Fat e dividindo-ae para comind-lae A inimizace reinen- te entre algumas trlbos ajudou, sobremodo, a ocupacdo 0 teriterio pelos. colonizadores.Exemplo_signfativo Seorreu entre’ of Paiacu © Jancis tibos inimigae trad Clanais. Os combatentes portugueses exarcebaram a vio- fonoia entre elas, desmobiizando-as da luta para melhor ‘subordine-ias ‘Gonvém cessaltar que os Indios n&o eram um todo hhomogénea, como quiseram demonstrar os europeus, de- 29 ominado assim todos aqueles que, 28 encontavam na Amerie, na epoca da “descobera”. Os inigenas’ nfo $2 consiuram numa unidade, a0 contro, ram varies Nacbes dierentes uma das uivas, tanto no’ seu aspocto tsteo, qugnte ne sua vice econdmies, pollen, socal 8 Gullufal” Doste modo, & isla voculada pela hstoriogra: fa oficial de que estas nape Iutaram conta 8. pro= pros parents" ou "seus proprios los" denota © pre- oneelto do branco com relagao a esses derece grupos inalgenas Na realdade, as ras ente a8 tiboo sto agrave- das pelos brancos,, mas estes nko slo a0 causes doo ntencimentos, uma vez que eles exatiam antes mesmo de enrada co solonizader "na regleo. Apeser doseas rns terem sido uaa contra ‘as propas bos, Yerlfleames que em mutos. momentos. da "guera dos Birbareg” 2a" eiscdrdas 280" amonizades, unindo-ce 03 ‘Tupos inaigenas om confeseragoes confa os Branco, Sous matoresnimigos Yiviam estes povos quase que exclusivamente da ccaga © da coleta 0, Sagundo atesta Stuart B. Senwarts, “sua concepeso de ullizacéo dlreta dos bens ¢ uma’ parca cultura material que thes. Permitia grande mobilidade torneva-s0_ pa {icularmente inaptos para contatos do nat reza paciica com 0 portugues.” dan ASQin, “8 eserviio na tavoura tae: tne edo ainda mas insupertvel para eases, poven do que. para os Tupinambss” (18) Ete ato talvz exohaue a Dooce: ‘lo de Taunay de que a penetragso do colonzado nos Sertoes do Nordoste fo! onta, se. compared a outraa graces @ grande” recistonea, dos, Infos ‘repaya.09) 6 alo dos Tapiva terem permenecido, durante um longo tempo, slastados do colonizador © corsitunds te bos diversas que multas veges so puereavam, expla’ s Susencia’ do comanco entre eles, om varias ceasioes da “Guerra” dos. Barbaros". Cabo cesoatar,porem. que a mmairia des vozes ge niram conta 0 inimigo invasar co tonizador 30 Apesar da derrota dos Taptya, a "Guerra dos Bar bros” fol_a. mals prolongada.resisténcia indigena. da Space, durando desde 0 final de" expuleao dos holando- bes até 2 segunda decade do século XVIl, podendo ser Eonsiderada simbolo da maior empeciiho & Sxpansso da pecueria no “hinterland” Jo Noraeste ‘As penelracdes para 0 interior realizadas pelos colonizadores e misslonarios tiveram malor Incentva, so breludo, a partir do periodo Filipino. Al'se marcou a 1up- {ure da linha de Tordesiihas — ainda que, oficiaimente, tenha sido manlida ‘om vigor — motivandd @ ocupecto os eertbes' do Nordeste, 0 Incremento da oxpanséo da pecuaria @-o Impulso do bandeiismo. Além disso, a 90~ [iota espanhola na Europa, particularmente com relacao 2 Holanda @ a Franga, provocou as Invasées do Brasil por eseas nagoes. Estas invasées, por sua vez, ingent’ Varam toda uma paltiea, nao s6 de reconquista des areas btacadae, como de uma eleva ocupaczo do Interior, 25> Segurando a posse da Colénia. Em tormos de_conjuntura’ econémica, ocorreram moditicagaes signifialivas na rogiao Nordeste. Ap6s. 2 ‘expulsao. Gos flamengos, 0 mercado do aclcar desoraa nizou-se, geranda a quede de preco do prosulo. Some. Se ainda a’ mudanca do pélo econdmico colonial para a regido das Minas. Esse processo repercutlu substancial- mente no sistema da crlacdo de gado, alividade econ. mica que permanecera, durante quase dois séculos do ‘olonizagie, como subsidiatia da lavours canavieira, for- hecendo slimentagdo, energia animal e transporte. (20) [A pocuéria foi paulatinamente condo levada para 0 interior da regio, espalhando-se pelo agreste e alcan- Gando 0 serito. Em primeira lugar, porque o lioral e=- {ava praticamonie ocupado © era local de monocultura da lavoura canavieira gozando da protec por parte da me- ‘rdpole, por ser, apesar dos abalos, atvidade mais lucra- tiva, Em segundo lugar esté fato' do essa atividade ser 4o tipo ‘extonsiva, o-que exigla grandes espacos para a altura do gado. Por sua vez. 0 gado eriado solto causa ‘Ya grandes estragos as planiacdes, ocasionando rej Zos pera os senhares de engenho. Assim, om 1701, uma Genta régla de D. Pedro Il proibia a criagdo de gado @ ‘menos de 10 léguas do literal. (21) a Fompendo os lacos eoondmices exclusive Moral, a pecuaria amplia seu mercado @ assume carac- terfeticas propries regionals. a "epoca do Coure™, co- mo algsia Capistrano de Abreu, relevando com a deno- Iminagao © desenvolvimento desea atividade e, em con- sequéncia, ¢ ulleaeao do. couro coma materia‘prima pa. ‘a confecgao de acessorios para a regiéo produtora “De couro ora a porta das cabanas, 0 rude do 6, ou alforje para levar comida, a mala ps ‘guardar roupa, 2 mochila para minor €3. , a pela para prondé-to om viagom, as Danhas de face, as bruacas e surrdes, @ roupa ée entrar no mato, os bangles para ‘curlume ou para apurar eal; para os agudes, ‘0 material de aterro. era levado om cours ppuxados por juntas de Dols que caleavam a {erra com seu peso; om couro pisavarse ta Dace para 0 nariz"(22) AA pecuéria do Nordesto vai contribuir para alimen- tar a regiao das Minas, del ter havido um grande desio- camento de boiadas para essa regiao, Isso motivou i ‘lusive, uma preocupacao da Corea no sentigo de. Im- pedir quo, através de uima Inversto desse caminha, sale- Se 0 Ouro das Minas pelos portos do Nordeste ‘Acrescentamos ainda o fato da pecudria tomar-se uma atividade com vistas & exportacae, como nos con: firma André loge Antonil, demonsirande. a. importancia deste tipo de comércio naquela ragiao “Para que se faga justo concsite das bola das. que se tiram cada ano dos currale do Brasil, basta advertr que todos os rolos de fabaco que se embarcam para qualquer pat- te vao encourados. E sendo do cada um de oto arrobas, « 08 da Bahia, como vimos om ‘seu lugar, ordinariamento’ cada ano pelo menos vinie e cinco mil, os das Alagoas de 2 Pernambuco dous mil ¢ quinhentos, bem so ve quanlas roses 80 necessérias par ‘courar vinte'® sate © quinhentos roles.”” continua: “Atom dit, vio cada ano da Bahia ara.e a frelro (ndo asi ee computando os que vinham ‘da nova colénia ou 56 os do mesmo Rio © ‘uiras cepltanias do Sul) até vinte mi, que ‘Yom a ser, pot todos, canto e dez mil (3) A parti do século XVI, pecuéria incentive no Recife toda Uma atividade de beneficiamento do couro, fom inumeras oticinas ce curtumos © atanades, canst! {uingo-se, para o8 colonos, um negésto de bons lucros. Sobre ‘este assuino’ Gonsalves de Mello faz clau- mas consideragbes. Para ele a poovaria permitlu a as- Gensio econtimica e social de alguns habitantos daque- la regléo. “Nessa classe média alta estio incuidos tune raros. homens de negécio que compu: ham um ndcleo de empressriog industrials, finda por esludar; oram os propretaioe de faioas ue atnados w curumes, tide fo comeca a florescer no Rec! {arece no inicio do século XVII ‘margem esquerda do Rio Capibaribe (...). Em 1710 j6 esta mencionado um curtume lo- ‘calizado na ha do Nogueifa ‘20 nome do ‘seu, propriotiria Antonio Nogueira. de Fi- uciredo, que. fol vereador do Recife em 721. Un levantamento dos bens forciros 2 ‘Camara de Olin, felto no primeiro quartel {do eeoulo XVII, menciona a existencia na Boa Vista de varios curlumes; esses exta- 38 Delecimentos esto relacionados antes do ‘1749 om nimero de ‘cinco fabrieas de ale rnados © dezolto curtumes. ‘Da importancis dessa plonoira atividade industrial ‘do. Reel= fe (que © capltalismo comercial permite e=- {abelecer) nos da Indieacso a rolagao da ccarge wllosa do coures © stanados embar- ada aqui nos navios das frotae com dest ‘no a metrépole."(24) Continuande a tratar da questio, Gonsalves de Mello exemplitica a participaceo aliva nesta atividade a dois vereadores, os irmdoe Jodo e Lula da Costa Mont Fo. Eslo é para nos exemplo significative, uma ‘Joao era de origem humide, mas, apos servi ni ra dos Barbaros” desde 1607, abtove seamarias no Gea. 4 em 1708 6 1782. Postericrmente, tomou-se fomece- dor de gado para Peramouc, Sendo propritaria da um os mais importantes curtumes e de ‘ébriess de alana. fs do Recite. (25), ‘A partir do sxemplo podemos conclu nfo apen que a pecuiria permitis melnorar as condigdes de vida de siguns habitantes, mas também que a “Guerra Gos Barbaros” ara um meio para aleangar este intent, pote, através dola, conquistava-co 0 deta a sesmari, cor digdo essencial para a montagem de uma fazanda de 9} fo. 0 exempio demonstra ainda que a resistencia indi ‘g0ra foi, realmente, «maior bareeira & expansto da. pa Cuatia, pois ela 66 se desenvolveu, amplianda o seu mar ado, ap6s 0 final do confit, quando as terras eslavam impas”” dos indigenas \ ‘Assim, 0 processo da expansio da \pecuéria foi fundamental na formseao @ na oeupagio, pelo colonize dor, do sertéa nordestino. E multo embors a afirmagdo de Caio Prado Jinior do que “basteria 8 pecuaria 0 que Fealizou na conqulste do torréria para a Brasil a finde Colocé-la entra os mela importantes capitulos da nossa historia"(20) @ fundamental se tar am mente que ise0 56 fol possivel depots do ganociio indigena no territri. Segundo 0 estudo clissica de Capistrano de ‘Abreu, a fazendas de gado difunciram-se, primeiramen- te, pari da Bahia. Apés a conquista de Sergipe, ex se pandiram-se até @ Rio Sto Francisco, ocupande © que Brautor chamou de "seriao de dentro". Para. o Nort, pelo Vaza-Barns, aingiram 0 ltapicury € dal Toram dos: Bravando 0 Sul do Pisul e do Maranhao, do onde ‘ating ram 0 Ceara A segunda frente difusora do pastoreio provelo de Pernambuco @ acupau os chamados “sertOes. do fora”, Situados mals proximes do lifral. Os colonizadores con: fuistaram a costa da Parada e Rlo Grande do Norte e, Sepals, o interior, alingindo o Ceard, Sobre esta segunda corrente de povoamento, Jo ‘9 Antonio Gonsalves ce Mello revela algumas falhas de onelusdo de mesire Capistrano. Divulgando alguns do: Gumentoe referentes a roteiros. da "penstraggo pernam. bucana até-o extreme limita, a sudoeste, do territoio da Capitania”, datados da primeira metade do século XVII ddorruba a tose do mostre que afifmava ndo torem 0s per hambueanos uitrapassado quinze léguas 20 sertao, alé Segunda metede do relerido século (27) Esses documen- fos indieam um maior sloance ca penetragao pernambu- teana num tempo anterior ao revelado por Capistrano de ‘Abreu! ‘Apecar dessa reesalva, podemos atirmar que estas correntes de povoamento (perambucane © bahiana) aca: bam confluindo no Ceara e, no final do século XVI, 0 ser- tio encontrava'se intoicamonto ‘devassado © ocupade, femora com uma rala populagao, distibuida de forma ‘continua, apesar de haver uma concentrag8o melor ao Tonge dos os. (28) 2 elsposigao das fazendas de gado segula sempre fas margens dos rios, uma vez que esia era a dnica for mma 'de garantir égUa—~ slamento indispensavel 2 acupa- (Glo da regla0. 0 Sao Francisco 0 Parnalba cram os fios perenes em cujas margens se juntavam as. popule: (goes, Outros ainda irigavam 2 reglzo, centro os quals Gestacamas 0 Jaguarbe ©, sobretudo, © Agu, por ter 8 fo as suas margens que dcorreram a principals hosti- dade, Alguns autores dencminaram a "Guerra dos Bal- arose’ de "Guerra do Agu", espacialmente.aqueles que ‘aboréaram o canfits no Rio Grande do Norte Garacterizado como uma rea semi-arida, 0 sertzo nordestino presenta temperaturas elevadas, chuvas ire- 3 gulares @ escassas com taxas pluviométricas baixas. A Yegetagdo prodominanta é 2 caatinga, constituida por a bustos.espinhentos, retorcides poles cactacaas, eo. A fausencia de chuvas constantos eas eecae periodioas ‘fetaram sobremodo a vida dos colonos ©. prneipalmen- te, a dos indigenas. Ha registto de varias Seca acorr- {ee nos seculos Xvi, XVII XVII (29) Segundo Joaquim Anes, ‘examinando-se 0 quatro das secas que dvasiaram os sertSes do Nordeste aq les tempos, veriicamos. a incidéncia das ‘mesmas nos periodes de maior intensidade ‘das depredacoes dos indios."(20) © autor justifica este fato dizendo: “Os Indios, habituados & caca, faltando es- ta no riger das secas, recorrem a0 gade s0l- to nos campos. Néo possuindo uma con copego de direitos semelhante & dos colo- fizadores, admitiam que 0 gado salto. era bropriedade comum 2 todos os Individuos a ‘ribo que os apanhasse.."(31) Meroce destaque a seca de 1602, acorriéa nos ser= 180s da Paraiba, do Flo Grande do Norio @ do Cearé, in- formadas por Irineu Jotfily ‘em 1892 08 indigenas foragidos polas se ras reunirdo-se em numerosos grupos e eal tam sobre as fazendas dee ribelrss, devas {ando tudo, "(32) estacamos esta data porque ela marcou o prime! 0 “Tratado de Paz" da historia do Brasil, asvinado pelo Fel de Portugal © 0 Chefe Caningé, os Jandul. Pro- vavelmonte seca, aliada a outros faiores — alminuigao opulcional indigena, eseravizagao @ aldeamento ~~ con fribulu para ofirmamento deste Tralado, uma vez qua {do Isto sjudava a tragllzar a resistencia’ desses Taplya 2 opressoes dos invasores. 8 Apesar de a seca dificultar a facdo do gado na- quela reglao, 0 seu relevo, geraimente pouco scidenta: do, © 2 presenga de barreiros naturais de salinas ao lon- {9 de todo o serido — sasenclals para 8 alimentagao do Gedo — faciitaram a penatragao, Mals do que as razses de ordem geogrética, po- tém, as de ordem econdmioa foram as que male impul- Sioneram a expansio da pocudria, sallontando-ee nda, que 0 gado era um produto que se autotransporiava até (8 centros consumidores. ‘A abundéncia de torres @ a facilidade ae se abter sesmarlas. consilturam-se num dos principals incentives ocupanso daquele erigrio. A expansso da. pecuar atendeu tanto abs interesses das classes dominanies da Spoca quanto aos do préprio Estaco. Em primero lugar, © serio era rea menos valorizada, por estar mais sfac” {ada da lavoura canavieira aividade mals lucrativa para 26 classes dominantes. Em segundo luger, oferecia opor- {unldade aqusles que néo diepunham do capital para montar engenhos, apaziguanco os possvels confitos na Classe propritaria. Em toroeiro lugar, 0 Estado promo- yeu a ocupagio do sertao como forma de garantir a s0- ‘uianga da Colonia & luz de novos ateques esirangelros, Gomo ocorreu nas invasoes holandases. por ultima, pelo préprio produto em si, quando a criagao de gado co" mega a se tomar atividade com Vistas & exporiacso, ‘Como aoontecau na zona da mala, a grande pro- priedade predominou no agreste e no serido, uma vez ue uma fazenda padrao possula tr léguas, tendo uma Tegua de terra devoluta soparando-a da outa, pols nao ‘existiam coreas de arame farpado naquela ocasiao. (33) ‘Ats.0 final do. saculo XVII no oxisty fscalizagdo regular e igida para a concessio de sesmarias. Era mut fo comum a pritica das doagoes repstidas de cesmarias. Agune governadores, desconhecende concessbes feltas or seus pradecassores, repetiam doagdes de torres fruites lattundidrios quo, aproveitando-se dessa falta de Fiscalizagdo, lam aumentando suas possessbes ‘Somemos a Isso ainda 0 fato de nao naver rte fio de ascendéncia do fidalguia para a doacao de sesma: fia, mas sim condigdes para que a terra produzlsse num tempo previamente determineda. Até meados do século 37 XVI, quem recebla sesmaria devia-registréa. nos livros fa Provedoria. Depols desea época, impds-se a obriga. ferledade da confirmagao ese institu @ nulidade de oagdo, ‘caso nfo fossem cumpridas todas as exigén- lee. (84) A dosedo de sosmaria boneliciava aqueles cuje fuagao eeondmica era estivel pols teriam do arcar com 5 onus ca produgio. Dai oe primeiros seemelras terem Sido 06 Senhores de angenho da zona da mata,(95) pois im os que podiam tomar mals rapidamente vidvel a ‘montagem de ma Tazenda de gado. Assim efirmava KOSTER: “alguns donos vivem em suas torras mas a mslorla dag fazendas que vill, @ propre. ado do homens do. ampla prospertdede © ‘que residem nas. cldades ordneas onde S20 Igualmente plantadores de cana do aed. ar."(36). Cabe ressaltat, pordm, que os primsiros ocupado- res do sertéo nordestino nao foram os donos das sesma- fas, @ sim o8 seus eseravos ou prepostes. (87) 0 grande Seemelro quase nunea morava na fazenda’ deixava parte de sua propriedade aos culdados de alguns vaqueiros ‘A maior parte de suas torras era arrendada @ moradores {que pagavam um fore de 108000 por ano para all coloca- fem 0 seu gado. Estes serianisiae que nao tiveram re- ‘cursos para se estabelecer no tora enfrentaram a fle ‘Soe da ‘conquisla, fomando-ee criadoree do ged na re ‘ldo. AS cartas de doagto demanetram que multos dos Agu! estabelecidas “encontravam-so no. sortéo a servico de seus patréos". Alguns allrmavam ngo.possulrem ter- fas “onde situar seus gadoa" Outros diztam quo "unhare S0us gados no sertdo pagando arrendamento de torras porque nao eram propfetirios, © absentelsmo imperava na regiéo, isto 6, 08 pro- pritarios arrondavam ou aforavam boa parte de aus to Fas, ganhando dinhelro a8 custas do seriansta andnimo, (que Ado passava de simples precarisia explorado polo done. (88) Merece mencao.o caso de Garcia D'Avila, so hor da Casa da Torre, que possula duzentas e seienta 8 equas de terras na margem esquerda, pemambucana do fio Sio Francisco e male’ otenta.leguee entre 0 Sao Francisco o Parnaib ‘A necessidade de pequeno capital para instalacéo de uma fazende, 20 contfario do que sucedia como en ‘genho de agdcar, ajudou também a expansto da pecud- fia. A montagom de uma fazenda era normalmente MU to simples. “Levantada huma osza coberta pela maior parie de pains, feilos huns curracs, © intro- Guzidos os gados, estzo povosdas trés Ie. ‘902s do terra o eslabolecida huma fazen- a."(@3) Acrescente-se o fato da pecudria exigir uma redu- zida mao-de-obra produllva “dez ou doze homens constituem o pessoal necessario: recrutam-oe entre Indios e mes- igas, bem como foragides dos centros po- Nioiados do itera: criminosos escapos'da Justiea, escravos om fuga, aventureltos de {oda erdem que logo abundam numa regizo Um $6 vaquelro, por exemplo, podia conduzir so- inho at'250 cabeges do gado. (#1) ‘Segundo depoimento de KOSTER, “as pessoss que tomam conta do gado © v- ‘vor nesses dominios 'sfo chamadas "VA- QUEIROS’. Tém uma parte dos bezerros © -s galinhae que erlam no campo, © quanto aos emeios, porcos, cabras, otc, nao prestam ‘coniae 20 propristario. grossa da mana” dade gado 6 contada desculdadamento, ‘sendo evidentemente, lugares aceltavels 2, mas oe deveree e80 pesados, ext gindo coragem considerdvel, grande forea {isles allvidage. (02) Fy © sistoma da quarta — forma de pagamento a0 ‘vaquolte pelo propritario da fazenda — cortespondia a lum quarto ds produgao, Isto 6, de cada quatro vacas nas- Cldas apenas uma periencia ao vaqueiro. Essa. remune- facia ea dada apde cinco anos de serico. Findo esse period, pocia-se vender ov animals de que o vagueire t ‘ha posse. Em algumas fazendas existia a prética da di- Visio da quaria entre dois ou tres vaquatros. (43) ‘A relagdo que so estabelecia entre 0 proprietério 0 vaquelto ora, normalmente, & soguinte:o primairo en- ‘carregave-se de entrar coma torre, um certo ndmero de Yecas © algune avalos.” O segundo, como ja vimos, irava a fazenda, portanto, entrava com 0 traba tho! “A vida do vaquelto nfo era nada fécl Passava o dia ocupado am amansar ¢ fear bezerros, queimar os campos na ostagso propria, matar”oncas, cobras, morcegos, bri eacimbes e bebedoures, marcar vacas ens, ‘matar”verejelras, reunir’ 2 bolad, correr ‘tras. do. gado treemalhado, prepar fudimentar nas vazantes."(48) Para fazer todo este servo, nas grandes fazen- ddas, 0 vagueito era auxiliado por alguns “Tabricas”, que tanto podiam ser escravos como assalariados. Estes Ul timos, além da casa © comida, rocebiam uma’ remuner go pecunlaria por més ou por ano(4s), aga pelo va uel. © vaqueiro, pode-se dizer, ora um associado do proprietério 2, algumas vezes, quando de uma elevada produgso, pocla-se transformar num fazendairo. Ha. ne- Eessicads de malores estudos respeita, nfo ve poden- fo, ainda, afimmar que \sto ocorresse com freqdancla, hi Ja Vista, Gola monos no Nordeste, o dominio da ecanomia da pecuatia fear nas mos dos absentalstas, benefician- 6, lavariavelmente os fazendeiros mals loos da regi ‘Governoe analicar esto sistema ce pagamento com certa precaucao, pois, mulles autores conclulram, aqul- 40 vosadamente, ter o sortie consttuido um espago mais ‘emocratica quo ag demale rogioes, por apreventar oste tipo diferente de relagao de proaugae. Segundo Goren- sr “o sistema brasileiro da quarta represent va contrato andlogo de_parcoria, uma RE- LAGKO PRE-CAPITALISTA e néo mais do fe Isto, pols por ela raeme, no ee carac- eeilee. Caractorizs- {a passivel de enquadramento. om diferen- tes modos de produgio. No caso do Bras, fenquadrou-se no mode de producio escra- Vista colonial © sobrevivou a ele.(46) Baseado no estudo deste autor, constatamos que 12s relacbes do producto estabelecidas na pecusrla, pelo ‘menos no Nordeste, basearem-se tanto no trabalho livre ‘como no trabalho escravo, em proporsdes mais ou me- hos equivalentes, A leilura de “Roteiro do. Maranhao Confira eua afirmagto: “Em cada uma tezenda destas nfo 80 ocu- pam mais do daz ou dazo eecravos, e.na fal {a deles os mulatos o pretos forros, raca de que abundam os sertées da Bahia, Per Buco e Ceara prineipalmente pelas vizinhas do Rio de Sio'Francisco."(47) Contradizendo a tose. de Nelson Wesneck Sodré de que existia Incompallidade da pecudrla com a es: ‘ravidao, Gorender demonstra, através do exemplos sig hiicatves, nfo s6_a presenca de. escravos om diversas Tazendas de gado, como também do Teor escravo, 0 que leva @ concur eer Improcedente a idéla de que @ pecué- ria nfo. so coagdunava ‘com a escravidao por dificultar a villancia sobre os escravos Bessa vigllincia se encerrogavam, om vé- flos casos, no os proprietéris, porém fei- {ores escravos."(48) a“ Asm dos escraves, “Yébricas” © vaqueiros, exis liam ainda os foreiros. & 6 que nos confirma Antoni “E nestas torres parle os donos delas ttn ‘curra's préprios, ¢ parle 80 dos que arren- dam silos delas, pagando por cada sitio, que ordinariamente 6 de uma légua, cada ‘ano, dez mil réis do foro."(48) Gorender calouiou que esto foro de dez mil réis equivaloria a, eproximadamente, 4.5% © 3.6%. da produe fo folal das fazendas, o que nao privava 0 foreio de Eonservar uma parte do excadente- Conclil 0 autor gue *... n0 quadro da expioragio do trabalho escravo e da Correlagao enire oferta e damanda de terrae para atren- amenio, 0. Toro. representava uma renda escravista da terra” (60) Sor foreiro, portanto, represontava uma for ‘ma de ascensio social para’ alguns slementas. daquela Sociedade Buscando alcangar 0 lirito de se tornarem eae- Ieiros, apesar das dlifculdades, os vaquelros ¢ foreitas vo" ocupando 0. serldo. Os entraves causedos pola “Guerra dos Barbaros", porém, impediram 0 ineremento este avanco, Sentindo que precisavam constitulr uma forea do repressdo mals preparada para a luta contra 08 indige- nas, a8 autoridades coloniais e/ou fazendelros, com 0 apolo da Metrépale, chamaram os paullatas, Estee, quan- ‘do contratados, recobiam terras, indios @ eacravos, além de privlégios ¢ honrarias. Assim, a maiorla deles stingy fo -"slalus” de sesmelros, tomando- 25 1 — MEDEIROS FILO, Ole do. Indios do Agu « Sarl. Bri, 15 — MELLO, Jogé Anténlo, Genesis de. -Pernaniuad ao tempo {4 govena de Camara Coutinso (169-007: Revise do Instuto Ar- ‘uoigco, Histirics © Ceapiico Perumbicao, Roo 955, 190. 18 — A tans de Foroso Gado ra eb de PRADO, Joo Feranto do Aimoda. Op. tp. 10 17 — TAUNAY, Affonso de E. “A Gua doe Satara> aiite do Arava. So, Pana, 22) 30, 1888, 18 — scHWARTz, Swart B, Op. et. p. 13 — TAUNAY, Affonso E.On, of Presb 120 — 0 mais etigo reisvo do wisténca do gado bovna nas to ao beans deta co 1834, quando D. Ang imental, epost de Nati Afoneo de Sauie, situ inedveto. dete reba 3 Capt do S80 Verne. Desta Captania, posterornarte alata: par ovbar ropes. Em Pernambuco, por exarpla 0 Torah do Clie 1587 mancina e-Virea ds Vaca e-0 “Coral de Vs oar ini da gio fe fae robes dee esta Soca. Tete n= tik lade Je que © Cavernder Tora de Sout om 1550 recebeu ‘acs pra mente o abe ha ldo endo 60 Perambuco. Sobre SINONSEN, Rober C. Metin economics do Brat 150-100, Sh. 98 Sko Pads. £4. Navona 178. (raion, 10) FORTO, Casta. O Estado sobre sisteme sesmersl. Reco, inpron- 21 — BRIO, soso Rodigues de. Caras Eesnbmico-Plieas tne agers »'0 Goméelo da Bahia. Lisbon. =e ts26.p- 20 46 22 — ABREU, Jo$o Capistrano de. Capituloe de Nara cole {S0i-tma 2 Os cominhos anigos © nove do Brea. Sasa ds Univereade de Brolin #002. p15. 123 ANTON, Andct Jo. Guus © oplécia do Be oa Harz, Ed. Hatila/Ed. da Universidade do Sto 124 — MELLO, Jos Antnio Goneaves de. cebros © Mest: na Camara do ec sta ds vita Int Ae (onelcn, Mtorioa Caogeten Permambucane, #9: 120 18 25 — 180M, p. 195-186 ‘8 — PAADO JUNOR. Calo. Farmagio do Brasil Contemparine: Cone, 1 ed. S80 Paulo, G8. Graeme, #001. p. 310 2 — MELLO, Joab Amina Gonaives de. Tet Rote do Pons- Treo do Tero Pormambueana (1720-602). Ros, Insitute do Cenc do Homer, Dido de Hitl/Imprenea Unverss, 188 eB. imenograti, 3). 121 — HOLANDA, Sérlo Burque de (Oa.) Hlstiia Gara da Cie eso Brae. Tomo 1 A epoca colon. & ed. Rl do Jon, DIFEL tt. v2. p. 22 20 =. ate XVI 156.88; poten XV, a rato de ee anos de 16, 1692) no edulo XViD 170-1, T2827, 136-7, rate, 175, 77, 175-93 @ sora grande)...” MARCIGO, Mars LU. 20 eerto provi na oacn cla in SILVA Severo Vi oie da (org). A le © 2 guesto agra no Norse: sxbedine Nistrtens Ho Palo Poulos, 185, p12 20 — ALVES, Joaguim. Matis d'sea — sal XVI a XK 2. a Moser, Fandarto Guimaras Dogue/Cacole Supror da Agheutrs Monoro, 1082. p. 29, {Mossoroense, 225) 3) — sbew, . 38. 22 — De,» 26. 88.— PRADO JUNIOR, Calo. 9p. cit. p. 102 © ABREU, Jobo Cops. tra de. Op. it. p. 138 a 31 — PORTO, Costa, Op. tt. 9. 62 {35 — MEDEIROB, Marla do\Céu. Os Oratoranos do Pernambuco: ns Conorepegto <0 srvige” do Esato poruputs. Rosf. E61. p12 Disertag apasentade ao Curso do Metrado om Hsia do UFFE 56 — KOSTER, Hony. Viogene so Nordeste do Brasil. Rene, Se. cratare do Educapto «Calta do Govere do Estado de Perma ‘co/Depatamento de Cultura, 1878.9. 162. (Oerambucana. v.17. {1 ABREU, Jose Capietrana de. Op. tp. 13. 58 = PORTO, Costa, Op. ot, 87 32 HOLANOA, Ségio Borge do. Op. et. p. 22. “20 — PRADO JUNIOR, Co. Mista Eeondmlea do Brasil. 21. ed ‘ia Palo. Cd. Sasente, 182. p. |) — MARCILIO, ars ues. Op. ak. p18 42 — KOSTER, Henry, Op, lt. p18 48 — PRADO JONOR, Calo. Op. ct. 192 44 = MARCILIO, Macs Len. Op. ot. p20 46 — PRADO JUNIOR, Caio. Op. tp. 12 1 — GORENDER,Jecob. 0 eeeravisma enon. 5. ed. So Paula, 1d, As, 198. p. 498. Cencis, 28) 47 — 108M, 9. 22 49 — ANTONI, Anité Jo80. Op. et. 9. 20. 50. GORENDER, cab. Op. ot. p. state ‘51 — ABREU, oto Copletrano do. Op. ofp. $18 £2 — MOORNAERT, Ear. ot it. tila Ire wo Bras Taro I/t. 3. ed, Ptrpotn, Ed. Pulae/Vozs, 1862p. 53 — vem. p, 11 54 = taoem, 9. 55 — IDEM, p, 6-70, Sabre oe Oratorings ver! MEDEIROS. Mera do Giu. Op. . CAPITULO (© CONFLITO ARMADO © conflto entre Taptya © colones, canhecido gone ricamente como a "Guerra. dos Barbaros", teve como espondia em termos.atuals a (oe sertdes nordestinas, desde i$ © Maranhdo.!” Esta guorra representou a mals longa resisténcie indigena, durando desde 0 sltimo Guartel do século XVII até a segunda déceda do século Seguinte, quando os indigenas foram morios, escraviza- {dos ou reduzidos em missece. Nesta apresentacdo ndo_focalizamos @ guerra de rmaneira integral. Limitamo-nos as areas dos serides de Fodelas, "om Pernambuco; da ribelra do. Agu, no Rio ibeira do Jaguaribe, no Card, além ‘da Paraiba. E importante rogistrar que as principals informacoes que apresentamos provém de caras @ ordens régias, orrespondéncia entre as autoridades colonials, edtais 6 foie, porlanto, transmitem a viséo dos _vencedaros ddosta gliora.Inielzmente nos Taltou a descrieao caque- Tee que foram as sues maiores ultimas: os Taplys Embora as causas Imedlatas desta guerra possam ser atrbuidas a tentativas da populace Indigena de Impedir 0 avanco dos portugueses nos sertdes do. Nor- este — avango que se tornou mals agressivo a partir do final do sécuo XVII ~ ¢ importante inser 0 conflto no contexto doe qui ules:de contatos entre indlos Inicialmente, na face de reconhecimento, quando os pportugueses ainda no haviam.transformada a “desco- borta® num projeto de empresa mercantil_ baseado na ‘ocupacdo da terra e na montagem da acroinddstia acu- ‘area, existia uma relativa coexisténcia pacifica, Assim ‘atiemava a carta do Pero Vaz do Caminna, dando conte Rei “das criaturas de cor parda, gente boa e de bos simplicidade Durante @ periodo em quo a princioal atividade oco- nomica dos portugueses girava em toro da extragéo € Comercializagaa do pau-brasil, a cosxisténcia pacifica Chive colonizador ¢ Indios ofa até essencial pars 0 Su- Senso dose empreencimente, Aravés de um sistema de locas (escambo), 08 natives Wocaram, multas vezes, Seu trabalho por instrumentos e objetos’ de uso pessoal Sferseides pelos colonas. Enflm, permutaram-se presen {es buscando-se, compre, um entencimento. Tal Coex!s- {éncia fol possibiltada pelo fato de que a extragio do paucbrasil poderia eer enquacrada, pelo menos do inicio hos padres sécio-culturais das comunidades indigenas. Esla'situaeao, porem, sofreu mudangas quando a ativ- Gade de extracso fol substtuida pela implantagto de ima economia complemantar na base da agriculture 60 fexportagde, que desencadeou um longo processa de x ferminio, cujae caractersticas © manifestagdes inciulam ‘Secraviea, servilsmo, desaculturagao, Neste sentico, @ “Guerra doe Birbaros” pode ser vista como um embors fo mals dramélico de uma longa série de eplsddion a Inigm resultar na virtual siminagao da populagao indigena ha egido Nordest. Em 1590 0 governo portugues enviou ao Brasil a pri- ‘colonizadora, cheflada por Martim Uma das metas ora livrar & costa bras Sileira dos navies francoes ¢ estabelecer as bases para 2 produggo eo. agucar, uma vez que. foram. trazides Tnades de cana, além de pertos na manufatura do agi ‘car, entre os eolonos vindos com ele.) Na montagem da ‘eo. aciiear, 0. escambo val. sor substituldo idfo, no eentido de sssogurar a mao-de-obr para o plantio @ benelciamento da cana!® "€ por I890 ‘us, no "mesmo ano, ocorre @ primoira grande iuta arma- dda ene Tupi e portigueses na Capltania de Pernam- biico, marcando 0. Infelo dos alitos. Esta luta/simolo Fesultou na Tunéaeso da Vila Igarassd — = mais antiga tidade do Bras. ‘A partir 66 entéo, os conflitos entre brancos @ Indios nfo cessaram © 08 assaltos e investidas passaram a ser Constantes © duradoures. Segundo Domingos de Loreto Couto. 08 indigenes ee aperceberam do "que o8 port 56 ‘queses prelendiam, com aperéncias de amigos, néo $6 poderarse de suas” terras” mals violentarnes 8 Miberdede" (Com a chegada dos donstérias o8 contatos paciticos foram substituldos pela’ agressividade, Desde 1834, a0 berem doadas as torras a esses donatari, temas regis- ‘Wo de que ora permitige “cativar gentios para seus ser vigos e de seus navios", além de "mancar dees s vonder 2 Lisboa até trinta @ nove (avuns mais que a outros) cada fno, Ihres da sisa que pagavam todos os que enlra- Yam’. A partir deste. fato ae animosidades entre 08 frupes se acirram. € 0 inicio da coloniza Nos primsiros dols séculos de colonizacao, o8 Tupl- Guarani Ou Tupinambé que habitavam a orla” maritime faram os primeiros grupos alingidos pela ccupacto ter- ritorat dos portugueses. Travaram-se vérias Wigs contra fseeas comunidades inoigenas que tentaram muitas vezes ‘acelerada do colon oo 28 mals lorizadas, pols nesta rogiso que se praticava a mals Tendoea atvidade da economi maneira cada vez mals voloz, & base da exterminio das tiibos que representavam a maior barreira. a efetivagao doste procesto. ‘08 Kasté, os Tobalira, os Amoipira e os Potiguara so exemplos'das principals tribos Tupl-Gusrani que en- ttaram em conflite com europeus na costa Braslera, nos séculos XVI @ XVIL ‘As tribas sobreviventes deste choque, sentindo-se ‘acuadas, desprovicas de armas capazes de conter 0 fvarga desees colanos, Indo. se. dealgcar para o interior {da togito, retirando-se aprescadamente do litoral. A BE melts: manitestacso deste proceso ocorreu entre. 1500 1580 quando leves do grupo Tupl-Guarani no rumo da este do Maranho avangaram para o Norte. Embora as aces dos Tupi conetituam um capttulo lmportante na historia da resleténcia incigena, é 0 com fronto entre portuguese @ 08 Tapiya que fornece © exemple male maroante dos confitos entre europeus Indigenas durante 0 periodo colonial 5% No periodo subsequente a invassio batava, esses inx digenas haviam se aliado 20 inimigo invasor, lutendo to haumente contra os luso-brasilelras nas. diversas éreat ‘om que se travou @ guerra contra os flamengos, Segundo Barleaus "é eélobre no Brasil holandés o nome Tapiyas multe comum a idle de que os holandeses tiveram melhor relaclonamento com os ingigenas do que os por Ugueses®” Devers, porém, minimizar esta afirmagso, luma vez que @ partir de andlise do José Antonio Gonsa- Wes de Mello sobre ae relagdee entre cles, na obra “Tem os dos Flamengos", constatamos que, epesar da alianca fue fizeram com os holandeses, pouso tinka mudaco @ Situsco dos incigenas, ja que estes viviam naquele po- flodo tambam em regime Je quase, escraviddo, senda explorades, maltrtados, mal pagos”.°) Pouca sabemos sobre a origem dossas nagdes Te puya. Multas ram provententes co litoral tinam em frada para o interlar como forma de fugir da exploragao Iimposta polos colonos da regigo agucareira_ou mesmo ‘or terem 8ido expulsas por outrastibos indigenas, como foi 0 caso dos Kari, de que falamos no primelro capl- tule, Outras, porem, encontravam-se no sertéo desde © cio da colonizacdo. Por estarem mais. distante desta zona, local da principal atividade econdmica da época, permaneceram, praticamont, durante primeiro século {de colonizagio, sem eontate com 0 colonizador. No ine flo do eécuio seguinte, porem, "vlo se chocar com 08 Colonoe que comegam a penstrar a regiso Nao podemos precisar com exatidao o inicio da guerra, uma vez que a documantaeao diverge a oste res- Bite, Mas, 0 primeira registro de confitos quo. encon- {ramos data de logo apés a expulsio. dos flamengos, {quando 2 penstragie promovida pelo colonizador comect ter mator impulse. or forca da erdem régia assinada por 0. Jodo IV 12 29.de abri de 1854," concedendo sesmarias aos sol Gados @ ofieiais que haviam lutado na Guerra da Restau- fagdo, © povoamento torna-se mals intensivo nas areas sertanelae 56 No mesmo ano, 292 25 de juno, D. Jogo IV assina avard concedendo a Jose Fernandes Vieira, comandan- fe'da guerra dos luso-brasleiros contra os flamengt 3 localizadae no gertao de Pomambuco. Nas. fcadas seguintes recebeu ele outras, no apenas em Per- fnambuco, come também no Rio Grande do Norte © Pearatba.0 Entre og anos de 1655-1057. Jodo Fernandes Vieirs governol a Paraiba e, per esta époce, cometeu uma série te cruezas contra o8 Jandul. Por terem esses inaigenas Se aliado aos. holanceses, mandov ums. tropa contra flee, relendo @ ferros dois flhos dos principals e pren- Sando quatro outros que remeteu & Lisboa, como presente f20 Rel do Portugal" Por causa cessas agreasSes sotridas, os Jandul fo- ram 0 primsire grupo a se por em pé de guerra contra os beolonizadores. Asem, ca década de sessena, encontra- Se 0 documento do Arquivo da Marinha © Ultramar, a- taco de 105%, onde o Governador da Paralba, Mathias de ‘Albuquerque Maranho, dé ciéncia a Sua Majestade de “como og indios barbaros Janduins residentes no dis-\~ trielo e certao ca capltania estavam rebellados © decla- ado inimigos"."9 3 ‘Gomacem os primeitos confliis entre os Indigenas colonizadores, que se aafavam com as doagbes das Drimelras sesmarias ‘Assim, nos anos de 1664, os Oliveira Ledo vio re- ‘querer seemarias na regido do Flo Grande do Nort, local ‘onde habitavam 08 Jandul, garando novos confitos. “Temerosos do quo os siaques Indigenas se alastras- sem, vdo ser Tormedas cuas bandelras na décad de 60, para conguistar © sertgo da Paraiba. A primeira celas foi Bomandada por Theodéela de. Oliveira’ Lede, que lutou tcontra.os Sucuru entra‘ rlachao Timbeuba eo de Santa Glara, A bandeira avancou desde a Borboremna até 0 Rio Piranhas."™ Infelizmente, nfo podemos indiear com pre- isto s data esses acontecimentas, tampouco narrat ‘08 principals fatos da outra bandeira, comandada por Coir Soares. Na década seguinte, encontramos outros focos de rebelito indigena, agora hos sertOes de Rodeles, em Pet~ ambuco. Comandados palos Kari, os Tapiyas entraram sr ‘em_confronto armado durante trés anos, cont portugueses, “alé que, em gesto ousado, o chefe uso Manuel deAraujo. val em pessoa, sozinho com sua {6, procurar os chefes da CONFE- DERACAO © proporihes paz, antes que se exlerminassem todos os brancos do sertéo, ‘culo numero { era bastante avultado". "7? Conconitantomonte, correram novas sublovegdes indigenas no torta do Pau Francico Dlas Go Av 2 Domingos Afonso Matnse, por esta époea, Tacobe fom terrae ne regi, doades polo Governeser Fema Gout. estan seumelro chegou a tndar ate frinta fazondas pastoris Seoundo Inielo Accloll, nese parcurso de explore to. de torat co. Pav, Domingos. atonso. Matence, fmoem chamedo Domingos Avonso S aquole terrtério, ‘onde ainda no constava haver alguém en frado, © polas boas informagdes que de sous exploradores, tornou com va pessoas a prosseguir na descoberla, pene- rando a despoite das repatidas oposieses dos indigenas em uma das quals fol grave- monte ferido, pello mesmo continente, onde Jf encontrou o paulista Domingos ‘Jor {ue havia sahido de S. Paulo a descobie Com grande sequito de Indios e outros do- tmesticos e, reunidos ambos, continuardo na Conquista, sequindo:se pouco depots 0 es- {abolecimento’ de multas fazendas de gado por sesmarias, a diversas. pessoas _parl- Ellas pelos goveradores de. Peman= Quanto & primazia da conqulsta das terras plauien- es por esses dois sertanistas, 0 assunto 6 polemico. Poreira da Costa, Affonso de Taunay e Inacio Accioll de- fendom, oniro outros, tor sido Domingos Jarge VelRo 0 58 primeiro conguistador das torras do Piaul, Jé outros, Game Varnhagem e Rodolo Garcia, “alirmam que 0 des- bravedor do Plaut foi Domingos Afonso Matrense (...) © que Domingos Jorge Valho somente teria all surgldo’em Seer" (0 fato 6 que, reagindo & invasio desses colonizado- res, 08 Gurgueia etacam, matanda © sfugentando o gado periencente 2 esses colonos. Mals tarde os indigenas véo Ser reprimidoe pelo pauiisia EstevEo Ribeiro Baido Parente. "AS hostlidades entre indigenas e colonizadores se ‘acirram na docada ce oltenta, em face do Incremento da ‘Ztvlgade eviatora © do conseqdente aumento populacio- fal, Principalmente na ribelra do Agu, no Alo Grande Go Norte, o povoamento ee fazia de manelra cada vex mais rapioa. A parr de 1676 aparecem na regio as primeires Joageas Ge. seamarias'®” Em soguida a essas conces- SSes.irromperam os malores levantes indigenas, fezendo a regiao a mais. importante, em termes de contito armado. “Ss colonos invadiam o teritlo indigena buscando no apenas expandir sus criagdo de gado, mas tambem vitar'o comercio dos. "gentios” com os contrabandistas, fue multas vezes cediamInes armas de fogo, Assim, n fibeira. do Agu, segundo carla datade de 6 de fevereiro ‘de. 1688, 0 Governador relata: ‘cinco anos ha que essa guerra se como~ {gou e uma que @ ldo depera e viva como Vi'Morcé ve e dé mull que culdar traze- yom os bérbaros armas de fogo © nao thes {altar polvora, quando eles a nio fabricam. Vosea' meres’ com todo 0 siléncio, examine onde the vem ¢ quem. tha da'e com 0 mesmo segrédo clareza que esta matéria pede, me aviee."=) Segundo documenta datado, provavelmente, de 1690, sorta pelo milter Gregério Varela de Berrado Pereira, ue pertencia & "guarda” da residéncia do Governador Ge Pemambuco, Camara Coutinho, as hestlidades come- {garam da. seguinte forma: 39 hha doz anos, pouco mais ou menos, que s¢ comecaram a descobrir estes cam. pos, © qual é todo habitado de Tapia Bat- bbaros (...) foram para elo alguns vaquel- ros com gado, de que febriearam alguns currais, © estavam vivendo com os Tapiva com muita paz e amizade pelo interesse quo tinham de Ihe darom ferramonta de macha- ddos e foices (...) @ estando vivendo com festa unido se atcou uma divida entre eles © os vaqueiros, de que resultou matarem- plained eat muito pouca razso de nossa parle, que ¢° logo se acudira a esta desordem com 0 dis- Péndio de pouco cabedal, que erao que ‘les pretendiam (...) © deste desculdo ee atcou tal desordem que os Tapiia, assa- ‘nhado por verem 9 pouco caco que se fez 0 que cles requerlam, degolou todos 0s vaquelros que all havia'e thes tomou a8 at- ‘mas @ 0 gado e se pos em campanha & cara escoberta, que fol necessario levar este fo por armas, por thes no dar usa dia 2 s0 no virem hia do Rio Grande. felts eo documenta anterior, pouco sabe- mos dessa lute no Rio Grande do Norte, nos. seus pri- moiros anes. Porém, no final da déeada de itenta. mals Drecisamente a partir de 1687, quando o confit assumiu roporedes mais graves para os colonos, comegam a ¢® fornar mais treqUentes os documentos (cartas régiae, a- This, etc...) que abordam esta questéo, princi= nte no que se Yefero aos ectragos feltos polos In- ion. Some-se a isso ‘0 fato de que, Por esta epoca, 8S doagses de sesmarlas aumentam significalwaments, Baseado nestos documentos, Pedro Carilho de An= trade historia. os acontecimentos dlzendo que 08 indigen wo fe Apodl, em os anos de 1687 pa fando a toda = cousa viva a0\depols qusl- mando e abracando. Wide néo deixando, avy nam pedra sobre peda. de que ainda hoje aparecem as ruinas Esse lovante assumiu tamanha proporeéo que che- sgou 4 capital na qual os Incios matavam "toda couse ‘va que encontravam° Avmedica, que 02 colones avangavam para ocupar sseamarias, 08 Taplyas lutavam para se defender contra os invasores, E por sarem multos ¢ conhecerem melhor 0 terreno, o inicio da guorra progrecia a seu favor, Os Co- Tonos, que enfrentavam eériae perdas © danos, comecam 4 pressionar es autoridades para que preparem exoedl- ‘G00, militares contra oss0e “genta Para atender a esias solictagbes e garantir a segu- ranga dos eortdes, 28 autoridades da Capllania procuram formar varias Companhias de Terco chofladas’ por um f-campo que comendava alguns Capities da In- 08 soldados © uma certa quantidade de indios armados, relirados das aldclas missiondrias. Era comum, também, a partieipagae ce criminosos @ degredados nesses tergds, pois receblam perddo do crime se fossem lutar contra os "barbaros™ 2) ‘0 fato da uilizarom Indios, degredados, criminosos até negras como. combatentes nas Companhias de ‘Tergo, revela & dlfculdade da populacéo portuguesa em formar tropae regulares, pela pequena densidade popu facional da regina ¢ também porque os colonizadores ho estavam proparados para.aquele tipo de lula que os Ingles condusiam no sortéo. Isso talvoz explique, em Darte, porque a guerra fol tao prolongada. Mais tarde aulistas, que possulam malor experiénela em te tipo do uta “Avsituagso Geral dos serldes tornave-se cada vez male dramstiea para o¢ colonlzadores, pols as forcas de Topressio, aié aquele momento, haviam demonstrado ser Ineapezes de conter os ataques incigenas, que usavam ‘2 emboscada como sua principal taica de lute armada. fanuel de Abreu Soares, por exemplo, nara uma desses ot armadihas; sfrldas na ribeira do Acu por parte desses Ingigenas. que mataram ‘dez ou doze homens e os despiram ¢ des ppojaram levando-hes as. armas sem toco {Je gente os podorem livrar nem sacorrer, or que @ guerra daqueles barbaros. as autoridades prepararam-se pa guerra ofensiva ¢ sem misericordia. € Isso que nos cOn- firma 2 carta datada de 14 de marco de 1688 na qual Mathias da Cunha, Governador Garal do Brasil, ordena ‘49 Capitdo-mor Manoel de Abreu Soares que “Vossa Mereé dirja a entrada © guerra que had fazer aos barbaros como. ontender que possa ser mals ofensiva degolando-os, @ seguindo-os até os extingulr, de maneira {que fique exemplo deste castigo a todas 26 mals nacdes que conlederadas com eles fo tomiam as armas’ de Sua Magestade {que considero vtoriosas indo a cargo de V. Merc, e de todos os sucessos que V. Merc {iver me va dando conta com toda @ parte Série de prvidgioe aoe. parlcipantes “daa oxpedlgdes militares. © assim sogue a carta “"E como eu declaret em Junta Goral que fiz, que 08 prisloneiros nesta" guerra seviam cravos daqueles que os cativassem, sim este 6 um grande estimulo para 0 gosto dos soldados, @ multo importante 0 reparo (que Vossa Wiercé deve fazer em no. con tir que. delxem ‘de. dogolar os bérbaros ‘grandes $6 por os cativarem, 0 que princi- Palmento fargo aos poquenos © as mulheres fe quem néo podem haver perigo que ou fujam, ou se tevantem.""" 2 Em fung8o desses privlégios, cometeram-se vérios crimes contra os inaigenas com a clencia das autorida- fos 6 da metropola. Pelo menos 6 0 que Se deprocnde ida carla régia dalada ce 31 ce janetro de 100%, diiglda 2D. Féllx Machado, governador da Capitania’ de Per- hambuco, na qual 0 Rt fica informado "da causa que t- ‘Yera 0 Capitto-mor Manuel de Abreu Soares em degolar alguns dos cabos principals dos barbaros". & sobre este ‘asgunto 0 Monatea tomard uma atitude de repreensio “e mo que respeita 20 excesso com que s howe Manuel de Abreu S¢ ‘els multo paricularmante ‘se mandar proceder com el ‘Apesar desta repreensio, nfo tomos noticia de que fosee cumptiga qualquer forma de punigao a esto Capitse-meor. Por esta mesma época em que atuou nos serves Manusl de Abreu Soares, outros Capitaes-mores e Mes- fres-de-campo foram chamados pare combater os Indios febolados, uma vez que o lovanta alastrou-se por outros SertGes mais distantes. Fortalecidos pelas vitrias alcan- tadse plas dandul no Rio Grande, entraram na ta oS Balacé, Cratid, c6, Sucuru, Pega, Panatl, Curema, lco- zinho @ outros, que habitavam os sertdes'do Ceard, Pa- falba, Pernambuco, Plaul e Rio Grande do Norte.) De fato, para 0 colonizador, a guerre ascumiy pro- porgdes perigosas e desastrosas, Uma carta do Senado a Camara de Natal, dstada de 23 de feversiro de 1687, ‘irigida 20 Governador de Perambuco, Joo da Cunha Souto Malor. dava conta que 26 no Agu os Tapia ‘Ja tinham morto perto de cem pessoas, fescalando os moradores, @ destruindo 08 ‘gados @ lavouras, de modo que, [8 ndo eram Bias os senhores daquelas paragens, que a fortaleza se achava sem guarniego, néo dis- Pulnha de recursos necessérios para acu 8 pantos stacados."" 8 Cente da necessidade de reforgar a defesa desta frea, em Setembro do mesmo ano, 0 Governador de Per~ ambuco, Jogo da Cunha Souto Mlor, a pedido de Ma- thigs da Cunha, Governador Geral do Brasil, enviou para 2 Capitania do Alo Grande duas Companhlas. de Tarco, comandadas por Camaro e Henrique Dias. © mesmo Governador escreveu ao Capitéo-mor da Parafba, Amaro Velho, para prestar socorra nesta expedieao. Parti tam bém com © mesmo objetivo 0 Tereo comendado pelo co- fone! Antonio de Albuquerque de Cémara, que chegou Na Fegiao no ano de 1684/0 onde recebeu relareo da tropa irigida pelo capit2o Jorge Luls Borges.° Soguiu ainda, hho ano de 1687, Anionio Pereira Lomos, acompantiado bor um grupo reunido por Carlos da Cunhe, Capitdo-mor esta tropa. Indleador da sevaridade da resistencia indigena 6 0 fato do que, aldm das jd citadas Companhias de Terco formadas para prestst Socorro aos moradores, pediu-se ausilio 20 paulista Domingos Jorge Velho, que se encon- {rava.nos Palmares fezendo guerra aos auilombas. Havia fle assinado contrato com o Govemader de Pernambuco, ‘Jogo da Cunhe Souto Malar, @ 3 de marco de 1687, em tinea, para extingdo do quilombo dos Palmares, @ a 15 {e satamore a mesmo ano é solleltado para participar fa "Guerra doe Barbaros", © Governador Geral do Brasil, Mathias da Cunha, ordenou que ele marchasse: pelo sertio. “com trezentos homens bem municlados que dols eapitdes-mores. da. Jurisdiglo de Pernambuco, que estavam para ir aos Pal- ‘maros, igualmente partissem com solecen- {os homens, a fim de guerrearem cada wm por sua vez a esses barbaros." Fol na qualidade de sertanista, isto &, de conhoce- dor dos perigos do sertao também das tloas das utes lusadas polos nativos, que este bandeirante fol procurado. Inicia-se a fase do bandelrismo ou sertanismo de con- trato, em que os bandelrantes eram contratados pelas au- toridades ou fazondoires para sulocar rebeliées negras © indigenas. Sua fama de excelentes militares, astucion 66 0s, tenazes, risti¢os ¢ selvagens, esté ligada as condi- ges evondmicas da Capitania de SA0 Vicente, centro frrediador do bandelrismo, Sendo uma das Capitanias mais pobres da época, os seus moradores sobreviviam, Dasicamente, da aga 40 Indio, que se constitule em "um remédio para a eua pobreza". Essa experiéncia adquirida ha terra natal e transportada para os sertdes nordestinos baueou uma modilicagao no rumo da guerra, favorecendo bs colonizadores apos o Ingresso dos paullstas, Devemos acrescentar o fato de que os repetidos 1 ccassos das expedicoes locals convenceram as autor ‘des de que apenas 8 pauistas seriam capazes de deter {resistencia indigena. Em sotembro do 1686, Mathies da Gunna recede noticias da derrota que sofreram o coronel ‘Antonio de Albuquerque eo Capitéo de Infantaria André Pinto, 0 que o faz emitir conceitos destavoravels aoe pernambucanos, chamando-os de tracos e covardes: sta no me diminuiu o sentimento de tra- queza ‘que 0s pemambucanos tinham mos- ttado antes tanto contra a -opinizo de cou “antigo valor, fugindo dos bérbaros, que en- ando a-campanha quasi 800 homens, se hilo acheram seus cabos com 200, endo ‘motive para'o medo, néo tanto o superior oderes dos indios, como pela divisio de fossa desobediéncia de um capitéo de in- {antaria chamade Anténio' Pinto.” Na mesma carta 0 Governador Mathias da Cunha ‘com alegria, a vitéria aleangada pela pauliste Do- mingos Jorge Velho, que estava no Plo Grande do Norte ‘desde 1887, © dou conta “da felicidade que com sia, gen hava tido pelejando quatro dias com os mesmos bar ros, depoie de 0 aver seguida pelo sertto intrior"°™ Cente do despreparo miltsr das Infantaras jocals, 0 Govemadar Mathias da Cunha val contratar um Terco de paulitae com a eaporanca de por um “fim total da extin- (980 dos barbaroe"°™ Assim esclaroce: 6s E suppostos que para este genero de gue ra, nem a infantatia paga nem a da orde- ‘anga se achou nunca ser capaz: do quo & po dade, nunca se consegulu feito algum: Sempre os moradores do Reconeavo pade- cceram sem remédio, mals repelides est ‘90s om suas vides, e fazendas ald mandar ‘lo governo vir os paulistas."") Preacupade com 0 andamento da guerra, © Gover= nnador Geral do Brasil apressa-so om escrever aos afilals dda Camara da Vila de S8o Paulo, solicitanda que viessem ‘mais urgente possivel os pauilsas, para socorter of Tmoradores no Alo Grande. E essim opinava: “por achar quo esta quorra esta desacredi- tada de ganhio nosso, mesmo com 0 socorre ‘que mandel Ir da Bahia, acho. que a anlca Solueao so os. paulstae que 0 tveram 2 ‘léria de vencer © 56 para eles esta ‘ado 0 triunfo dos do Rio Grande. sJustiticando a sua carta, solicita aqueles oficils que fem seu nome “persuadam ae pessoas qua V. Moros ps recarem de maior reputagao a quererem vir a esta om presa com todo 0 malor poder e maior brevidade que s@ possa’ ‘Como recomponsa assegurave aos paricipantes toda uma sorte de honras e privilgios, permitindo, por exon lo, eatvar ngios em "guerra ust se 08 paulistas 280 tio acostumados a penetrar os serides para cativar indios con- Ira as provisées de 8. Magestade que o pro! ‘bom, tenho por certo que o podem fazer em sevico de seu rel como leait vacealoe zeus, ‘em tio piblico beneticio 4 jas, 0 fardo com maior polo crélto da. sua fama, Femuneracso que hi mas tambem pela ‘esperanca da ter 0 que obrarom lade" dos Barbaroe {que prisionarem, que Justamente sao catle ‘Yos nas formas das lela Del-Rei meu Sr, © ‘esolugso tomada na Junta Goral dos Te6- logos © Canonistas, que sobre esta, gue fe fez para se declararem, por tacs. A legellzacéo do cativeiro indigena assagurou a per manéncia dos paulstas na “Guerra dos Barbaros” e, 2: mesmo tempo, abrlu broches. para toda uma sorte de atrocidades cometidas contra os indigenas, |ustiicadas ‘sempre pala “guerra-usta” ‘Também 0s moradores, preocupados em assegurar suas torcas, conciamam a prosenca dos paulistas na ‘uerra. Temos registro de que moradores do Agu sol Cltam por requerimento ao Rei © auloridades @ perma hnéncia de Domingos Jorge Volho nos sertdes daquela Togido, Tres dias depois, esse Mestre-de-campo tespon- de 30 requerimente, accitando-o e prometendo “peres- ‘ur go gentio barbaro estroindo, e degolando athe final mente 0 acabar" "= De fato, 08 stos de selvageria cometidos pelos pau- listas ehegaram 2 impresslonar as proprias autoridades. Sobre Domingos Jorge Velho, D. Francisco de Lima, blapo de Pemambuc, escrevendo so Rel, emite o seguinte concelto: “Este homem é um dos maiores selvagens. ‘com quem tenho topado: quande se avictou ‘comigo trouxe consigo lingua (isto ¢, inte prete), porque nem falar sabe, nem se dife- Fenga’ do male barbato Tapula mais que em dizer que 6 Cristio, © ndo obstante o haver- ‘20 casado do pouco, Ie assistem sete india ji ge pode Inferir como vue a er Nao muito diferente eram os outros paulistas. qué vinham eombater 08 Tapuya nos sertdes do. Nordeste Imagens como squela relralada pelo Bispo reforeavam fa'idela das autoridades de que apenss um outro "bar- bara” paderia dar fim aos "barberos gantios” ‘Apesar do bom éxito de Oomingos Jorge Velho na eampanha contra 08. "bérbaros", a guerra prossegula finda favorével s esses ultimos. O confit, consolidace fio. Acu, [a se alastrava em” quase todas "as dlrectes, Seeds 6 Rio Grande do Norte, passando polo Ceara, Pa: ‘alba e Pernambuco, até chegar ao Plaut (Os meses finals ce 1688 foram dos mals difcoie para. se autoridades colonials, As Parendas Reais. das Gapitanias so achavam incapazes de fazer cumprr a3 espesas oriundas da guerra. Além disso, por essa, épo- 2 falece 0 Governador Geral do Bras, Mathias ca Cunha, sssumindo 0 Arcebispo Frei Manuel da Ressur- ‘que logo relata a0 Fel a precariedade em quo so ‘encontrava 0 sertSo nordestino dominado pelos barbaros: “endo entio mu erusie ‘aqueles moradores ps malor 0 aperto em que hi Aatraias, por ser Incomparavelmonte malor 0 ‘dos Barbaros que o das nossas ar- Mas: pols pelos limos avisos que agora tivo daquola fronteira nao s0 se ndo atte: vem 08 nossos a invest-los nas suas aldelas, mas antes chegaram oles a vir cercar of hnossos quartéle, condo Governador de. um les Domingos’ Velho, @ do outro Antonio ‘Albuquerque da Camara ot quale pole: jando 4 i ‘munigges so reliraram aos quarisie do que hostiidades que ‘Todos os eslorcos eram feltos para mobilizar o8 co- lonos a combatorem os Tapuya rebsiados, Inlmeras car~ tas conclamam a participagéo mais efetiva dos paulists, ‘ulras tantas prociamam pordao dos crimes aqueles cr Iminosos que se allstassem nas campanhas contra 02 in- tigenas. Aumanta o numero. de soliciiagaes. de aula 6 | | para 2s Companhias de Torco Jé formadas. Mas a falta {de recursos cria entraves a uma mobllizagéo dae foreae {ses europeus, como ocorreu a Antonio de Albuquerque {a Camara, citado no caso anterior. ram inimeras as queisas dos comibatentes, que ro- clamavam da falta de maniimentos, munigbes, armas, fardes, soldos o farinhas. Assim, numa carta de 21 de argo’ de 1689, Froi Manuel da Rescurreiggo, era Inor- mado pelo Cepitéc-mor Aranha Pacheco de. que ela NRO ‘conseguir reunir soldades para a expedlgdo contra 08 ings, alegando as péssimas condicdes. oferecidas @ {esse combatentes, como @ falta de mochilas e eatanas, aldm da recusa de’ multos capittes-mores em aceitar 2 pateniss, por ndo serem de infantaria page." A falta de recursos @ a grande resisténcla Indigena motivava multas deserebes, principalmonta ‘nos Tercos locals. Pareceu ao governo que o conilita armado 6.te tia fim se reunidas om um s6 comando todas es tropas de combats, Assim, © Governador ‘Geral do Brasil, em carta datads do cla 14 do marco de 1688, enviada a0’ Go- vernador de Pernambuco odo da Cunha Sout, Malor, Fecolveu reunir, sob 2 chefla do paulista Watios Cardoso Ge Almelda, os Torcos de Domingos Jorge Velho e Ande’ Pinto, © aus “cada um pela sua parle tacam pelos set- tes Rilo. Grande Sear 20 entradas com que ento- ‘dom podem afingir male viva, © damnosa- mente aos birbaros.""5) © comite feito a Matiee Cardoso de Almeida foi con- firmado a 4 de marco de 1680, por Frei Manus da Ree- sureiedo, Governador Goral, naquela ooaslao. Afrmmou ele quo “parecou a principle que. sendo a guerra ‘Go irregular convinha ‘dividir-ee também 2 nossa oposieio, o encerregar-se a tes ca" bos independenies uns dos outros com Su- bbordinacao 20 caplite-mor da mesma ca: ‘Segundo ele, “tem a experiéneia mostrado que ainda que ‘todas obrarem com grande velor, © 28 fe primi 0 furor dos barbaros, © enfraqueceu Ge elgum modo a unio des vérise nacdes {que ee haviam consplrado a ruina dos mo- fadores, © gados daquela capltenia” Aoreditave que 0 mative que fez reverter 0 processo de “ropetiaos sstragos™ que faziam os bérbaros aos mo- fadoree daqueles capitanias era 2 atuacso dos paulstes ““gonte acostumada a ponstrar sertdes, e 10- lorar as fores, eedes.@ inclemencias dos ‘mas, 2 dos tompos de no tém uso algum ‘8 infantes, nom og mllcianos, a que falta faquela disciptina e consiancia.” Enfim, achou que deveria dlssolver todos os outros tercos, conservanda apenas 0 de Domingos Jorge Velho, lima vez que "fez um particular serigo a Sua Magestode! Sevido a'sue parlicipagéo nos Palmares e na “Guerra or Barnaros” Por Isso poderia ele “sequir com 0 sou _regimento, @ todos 08 ccepiiies, e msis offclals, e soldados bran- ‘208, 0 indlos que consigo trouxe de S60 Paulo went o lire se. fieigto, do et Imestre Ge campo Matias Cardoso, com 0 ‘quel se poders alustar no caso que nio te- nha poder bastante pera conseguir o sot intento ne forma que a ambos parecer Matias Cardoso de Almeida organizou seu Tergo em 20 Paulo 6 fol om marcha pelo serizo até chegar sum fugar chamado Remanee. pera nogoclagdes com 0 go- ‘vero sobre munigoes, soldos © manlimentos. Seu reg Inento fol formado pelos tr89 Capitdes Amaro Homem de Rimeide, Diogo Rodrigues da Siva e Jodo Froire Farto, ‘dm ee alguns alferes, insios armades © muitos cxime 70 noses, quo feriam, como recompense, o seus crimes perdoados.“® : Iniclamente, no eno de 1680, Matios Cardoso de Aimelda instalase no sertio do Jaguaribe. Porém, a pe- ido do Capitzo Agastinho César, mudou seu arralal pare © Agu, em novembre do ano seguinto, onde travou nume- roses combstes contre os Taptya da regiso. ‘A necessidade da vinda dos pauistas to o coman- do de Maties Cardoso ¢ evidenciado pela “Instrucso © Mernorial" eneaminhada 80 fel pelo Senado da Camara de Natal, onde ve dava conta da situagdo em que 80 en Contrava aquola Capitania © dos estragos que os gentios faziam, matando “mais de duzentos homens © em perio de trnta mil cabegas de gado grosso e mals de mil oa Valgadures eas runes. dos martimentos @ Tavouras” Pedia-se 0 mals urgente possive! que no faltassem com socorra e que se ordenesse "20 Mestre de Campo dos paulistas @ © go- sistam no dito eertdo.e dle so ndo rotirem 16 com ofelto se destrlr ¢ arruinar todo © enllo, fleando estes sertdes tvres para co- Tonizadores, por ser esta casts de gente mais ‘conveniente para aquela assisténcla por sor ia, conand, acta © ape feza dos monfeso capaz de seguir ogonto Deo conro dos series efazom monoe des esas a Real fazonda.” Mais uma vez erazoa 2 arszowve-se a pretenca combativa dos Tercos na campanha contra os Ebarbaros”, no intul- to'de eliningios e-assim, permit 2c Go ocupagao do toritovo por parte dos cloros. Ri fe, ainda, que nfo se dove fazer paz com "gent vee que \debalxo de paz o maior amizade 6 quo nos fazem 0 maior dano (...) © sera isto cause de nunca so povoar 0 sertéo, (.--) © no ‘50 povoando perde S. Majesiade conside- n ravel fazenda noe seus resis dizimos, moradores az conveniénciss da crlacéo de seus gades, 0 quo 96 ce conseguirs des- ttuindo-ce éste gentio, ¢ querreando-se com fle ato do todo se acabar"™2) ‘A boa aluacio do Tereo dos paulistes na guerra, se ‘comparada & dos Tergos locals, levou mals uma voz 2s autoridedes a prillegiarem esces bandolrantos om detr- fmenta dos domals, cedendo a elas mais regalias. Em (rta dalada do 24 de mato de 1689, D. Frei Manuel da Reesurreigae, sucessor do Governador Mathias da Cunha, esoreveu 20 Capitzo-mor Padro Arantia Pacheco decre- tando que 86 daria patonto paga aos postes de Infante. Fia'a quom tivesse "ao menos 10 anos eletivos de servico" texcetvando 2 paulistas Lustiticando este privilagio, sontenciou que ‘ge ¢u 98 conced! sos paullstas fol por aquele incomparével servico quo fizeram Sig em vir de S30 Paulo, digo $50 Vieen- te, a sus custs tantas contonas de léquas por esses sertGee em multea partes estérols Sem agua e sem nonhum gnero de c2ea, ‘uatentando-co do rafzes para @ empresa dos Palmares tio invencivels soe pernambuce- fos. E 0 governo pedlu e les vollarem as frmas & guerra do Flo. Grendo com culos Dérbaros peleleram tantas vezes, fazendo wusriag 28, Mg.” Conelui: “E bastou eeu valor ¢ fama para que os barbaroa pardescem a Ineoloncia e tomar a guerra outro ‘semblante”. Quanto aos capitaes que reciamavam paten- tes pagas, iecau a seguinte opinige: "Esses capltées no do bons portugueses, 86 quorom precisar boa convenl- éncia sem nao passarem periga”. Crlticou ainda com Severidade @ athude de André Pinio Correla quo deixou de mandar Socorro ao Rio Grande, © que representou “idescredito © opinifo de fraqueza que mestou", acres- ‘centande que "nda lleard som a demonctagao do’ castigo ‘que merece” 2 Finalizou julgando que “se ello se dechonrou por nfo_guardar = cordem que prometeu seguir, © 08 paulisias ‘ganharam tania honra na guerra s que fo- Yam, obedecendo ss deste govsrno conculta Vill., ¢ consuitem esses capitis, e mora dores'de ue, e outre parte da ribeira desse fio qual esta methor a seu crodito, se coguir ‘exomplo dos pauistas, e 0 de Andre Pinto Corea") AA partir deste documento podemos perceber que, para ae autoridades © o8 moradores, 08 paullstas ropre- Sentavam a dnica forga militar capsz de por fim aos "bar- Datos” uma vez que ersm conhecedores Intimos dos sertbes © das tatioas incigenas, resistontes & fome e 208 Stagues esses "gntios™ No" dizer de. Dacia Freitas, “quate néo howe no Brasil rebellao indigena, granda ov ppeauena, que no tenha sido reprimide por eles". Tnumeroe convites io enviados aoe paulsias pars ‘combatarem oe "barbares”. Em carta datada do 31 d: agosto do 1689, enderecada aos oficiis da Cémara da Vila do Sto Paulo, 0 Afceblspo « Governador Geral do Brasil, Frel Menusi da Ressursioso, reltera a urgéncia ese por fim & guerra, Elogla mais uma vez a aluaczo dos: peulstas pelas vitae. slcancadas contra os "bar beros” @ julga que sles devem servi de exemplo a todos ue estevam para irs este servicn > ‘A cada sucasso sleancado pelos pauiletas, mals om- penho as autoridades tinham’ para os conservar na ‘guerra. Convencaram, inclusive, © proprio Monarca, de Recessidade do incentivar a présenca desses paul'stas na referida guerra. Assim, em 27 de novembro deste mesmo ano, © Rel ordena que o Provedor da Fazenda de Pernambuco, Joo do Rego Barros, mandasse 0 mais breve possivel “todo 6 dinhelro necessario para o paga- mnto dos soldos do coronel dos paullstas e. dos mals Oficais que asiavam assistindo na dita guerra” Provavelmenta decarrente "da agdo dos paullstas contra os “barbaros", a quorra parecta der os primeiros Sinals de seu destecho. Multas tiboe haviem sido. chae n «© outras tantas, dosgastadas com a guerra mos~ travam cansego da lula, A 29 de junho de 1690, po! ‘exemple, 0 Capitiormor do Flo Grande Agostinho César ‘do Andrade. “da conta a V. ligde. em como no passado © fizora do estado om quo se achava 2 ‘querra com o gentio rebelde © do melhora- ‘mento quo nola se havia experimentado parao e por bem. "conserver na_ribeira do uartéis com 150 homens 40 infantes @ 03. male indios domésticos". Estes quarigis tisha sido deserdados por falta do farithas @ mantimontos qua no haviam ehegado de Pernambuco como tinha sido prometide. 0 Capito Manuel de Abreu Soares, quo acompanhava seus homens neste quartel, se viu “obrigado a descer com todos, dei- xando uma pega, de ariharla de bronze enterrada”.50 Esta atitude, porém, fol multo cttlcada pelas autoridades. De fato, a falta de recursos contrbuly, signficaiva- ‘mente, pare © prolengamento do contlta, Por volta. dos anos 80, 0 Caplio Afonso de Albertim, que acompanhou Manuel de Abreu Soares no Arralsl do\ Apu, onde fez Var rlas jornadas contra os Tapdya tobelados rotrou-se para "cenit do serldo”. Por falta de recurees, esteve 0 AI rail por vezes abandonado, preparando os Tapiya varios ataques ao quartl, onde ocorreram diversos choques om mortes de um e outro lac, Assim, 08 paulistas vo a0 encontro desses Taptya, havendo nesta regio “uma bom renhida pelea” na qual mataram multos e retlraram “duzentas eriaa @ 0 mais til- ther, donde entraram trés principals também prisionel- ros, com 0 tftulo del Por essa época “chega aviso do. lugar chemado ‘Orobé”, no qual os Taptya estavem fazendo dano 20 gado. Oidena-se, “Imediatemente, 20. Tenente Coronal das Ordenancas, Bernardo Vieira de Melo, ” “marchasee, © que fez com 100 homens de ‘pb 0 G0 do cavalo, = expulsar esto inimigo ‘Bnies que se vieste apossado dos currais ‘que havia pars balxo. Malaram quase lodos 2s Tapuye, cativando crias e mulher, com ‘© que se rolirou Bemardo Vielra truntante pare o seu Arraial."° ‘A "Guerra dos Gérbaros" parecia caminher, cada vez mals para o fim, Sentindo-ce derrotades, os Jendul Uecidem acatar a0 "Tratado de Paz" assinado polo Rel {de Porlugal e 0 chefe Canindé desta tibo: “Por esse. tratado, tirmado em 1692, 08 Jandu, entéo avaliados em 12.2 13 mil ine ‘ioe, prometiam 5 mil guerroiros para lutar ‘20 lado dos porluguoses contra invasores fstrangetros ou tribos hosts; roceblara @ ‘garantie de ume érea de 10 loguas quadra- {as em torno de suas aldelas; seriam con- ‘iderados livres, mas. toriam de. fomecer luma quota de trabalhadores para as fezon- ‘das de gado. Aos Jandul, vieram juntar~ por presse dos porlugueses, subgrupos Karis, como os leb'e Palacu, "9 ‘Tudo leva a orer, porém, que esse acordo formal de paz nio fol cumprido pelos colonizedores, uma vez 4) Continuaram sondo formedas, neste mesmo ano, Compa: nhias de Tergo para o combate aos Taptyas.0” trineu ‘affilyconfirm que no ano de 1602, ocasizo de grande 30a, 08 indios reuniram-se em grupos 0 devastaram varias fazendas.°® Em 1683 08 106.¢ Karir, que j&_estavam aldeacos, staceram algumas fazendas de criar, matando alguns rancoe, Movidos por essa revolta, og Jandul e Pslacu, ‘aglutinados a outras trlbgs, etoram ao combate. No Rio Grande do Norte a resisténcla indigena, jé bastante enfraquecids, sofreu’um golpe severo a partir da chegada do pauilsia Manus! Alvares de Moraes Na- ‘yarre, Desde 1698 ole oferecia sous préstimos na guerra, "6

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