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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.318.315 - AL (2011/0136153-5)

RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES


RECORRENTE : ANITA NUNES PEREIRA E OUTROS
ADVOGADOS : ANTÔNIO NABOR AREIAS BULHÕES E OUTRO(S)
SÉRGIO LUDMER E OUTRO(S)
JOAO HUMBERTO DE FARIAS MARTORELLI E OUTRO(S)
RECORRIDO : UNIÃO
EMENTA

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. VIOLAÇÃO AOS ARTS.


458, II, E 535, II, DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. EMBARGOS À
EXECUÇÃO. AUDITOR FISCAL. REAJUSTE DE 28,86% SOBRE A
RAV. INCIDÊNCIA NA FORMA INTEGRAL. LIMITAÇÃO TEMPORAL
DO PAGAMENTO. MEDIDA PROVISÓRIA N. 1.915/99. EXECUÇÃO
INDIVIDUAL DE SENTENÇA PROFERIDA EM AÇÃO COLETIVA.
ACORDO EXTRAJUDICIAL. HOMOLOGAÇÃO. DESNECESSIDADE.
1. Não se verificou, na hipótese, a alegada ofensa aos artigos 458, inciso II, e 535,
inciso I, ambos do CPC. É que o Tribunal de origem abordou, de forma
fundamentada, todos os pontos essenciais para o deslinde da controvérsia, conforme
se pode verificar do acórdão de fls. 134/148-e, bem como na decisão dos aclaratórios
acostada às fls. 79/92-e dos autos.
2. Por outro lado, o Poder Judiciário não está obrigado a emitir expresso juízo de
valor a respeito de todas as teses e artigos de lei invocados pelas partes, bastando
para fundamentar o decidido fazer uso de argumentação adequada, ainda que não
espelhe quaisquer das linhas de argumentação invocadas.
3. Sobre a controvérsia em exame, o Tribunal de origem considerou que, por ocasião
da entrada em vigor da Lei 8.627/93, o maior vencimento básico da tabela de Auditor
Fiscal da Receita Federal era o da Classe "B", Padrão VI, cujos ocupantes, em razão
da alteração legislativa, tiveram progressão remuneratória no percentual de 26,66%.
Para fundamentar tal entendimento, o voto condutor do acórdão faz referência a
julgado desta Corte Superior, proferido nos autos do AgRg no AgRg no REsp n.
800.007/RS, (Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, julgado em 06/06/2006, DJ
14/08/2006, p. 349).
4. Por sua vez, a parte recorrente alega que, à época da edição da Lei 8.627/93, o
topo da carreira dos Auditores Fiscais era a Classe "A", Padrão III, e não a Classe
"B", Padrão VI, o que, inclusive, já teria sido reconhecido por documento da
Coordenação-Geral de Recursos Humanos do Ministério da Fazenda, juntado aos
presentes autos. Sendo assim, os servidores que já estavam posicionados naquela
classe/padrão não obtiveram o incremento de 26,66% em seus vencimentos.
5. A Lei 7.711/88 instituiu a Retribuição Adicional Variável - RAV, então calculada
mensalmente com base na arrecadação, sem qualquer correlação com as verbas
remuneratórias percebidas pelos servidores do cargo de Auditor Fiscal do Tesouro
Nacional, para os quais era conferida uma pontuação decorrente de sua
produtividade fiscal. Sendo assim, por ser uma vantagem decorrente da produtividade
do servidor, sobre tal gratificação não incidia o percentual de 28,86%.
6. A partir da edição da Medida Provisória nº 831, de 18 de janeiro de 1995
(sucedida pela Medida Provisória nº 1.480-32 e reedições), posteriormente
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convertida na Lei 9.624, de 02 de abril de 1998, promoveu-se uma alteração da
sistemática de retribuição da RAV, a qual passou a ser paga em valor fixo,
correspondente ao seu teto de oito vezes o valor do maior vencimento da tabela da
carreira de Auditor Fiscal do Tesouro Nacional
7. In casu, o acórdão do Tribunal de origem seguiu orientação que estava
sedimentada na jurisprudência das Turmas da 3ª Seção, a qual, com todas as vênias,
deve ser revista.
8. Não há que se confundir o pagamento do reajuste de 28,86% sobre o vencimento
básico de um determinado Auditor Fiscal (o que é compensável pelo
reposicionamento promovido pela Lei 8.627/93) com o pagamento do mesmo reajuste
sobre a RAV, em que a base de cálculo é sempre o maior vencimento básico da
respectiva tabela (= padrão A-III) multiplicado por oito, independentemente do
padrão ocupado por este mesmo Auditor Fiscal.
9. No caso do Auditor Fiscal reposicionado do padrão B-VI para o A-III pela Lei
8.627/93 (utilizado como parâmetro pelo acórdão do Tribunal de origem para se
chegar ao resíduo de 2,2%), há uma coincidência no fato deste padrão A-III surgir
duas vezes no cálculo do reajuste de 28,86%: (i) está no vencimento básico deste
Auditor Fiscal (aí sim, o reajuste de 28,86% sofrerá compensação pelo
reposicionamento, o qual resultou em aumento de 26,66%); e (ii) está na base de
cálculo da RAV (que, como visto, é sempre oito vezes o valor pago ao padrão A-III,
independentemente do padrão ocupado pelo Auditor Fiscal). Ora, é situação que não
se repete nos reposicionamentos dos Auditores Fiscais que estavam em outros
padrões. Por exemplo, quem foi reposicionado do padrão B-V (Cr$-6.888.069,00 -
Anexo II da Lei 8.622/92) para o A-II (Cr$-8.915.940,00 - Anexo II da Lei
8.622/92) por força do art. 3º, II, da Lei 8.627/93, beneficiou-se de outro percentual
de reajuste no que se refere ao vencimento básico (29,44%), o qual deve ser
considerado no pagamento dos 28,86% sobre esta verba; porém, o índice de 28,86%
incide normalmente sobre a RAV.
10. É de se ressaltar que o padrão A-III, já se encontrava como o mais alto
vencimento básico previsto pela Lei 8.460/92 (Anexo II), não tendo relevância a
existência ou não de servidores ocupando padrões da classe A; e o aumento de valor
promovido pelos arts. 1º e 2º da Lei 8.622/92 - de 100%, somado ao valor de
Cr$-102.000,00 (cento e dois mil cruzeiros) - não é compensável no pagamento do
reajuste de 28,86% sobre a RAV porque é reajuste de natureza diversa daquela
constatada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RMS 22.307/DF, que
reconheceu revisão geral de vencimentos no reajustamento a maior de 28,86% no
mais alto soldo pago aos militares.
11. Por outro lado, por força do princípio do non reformatio in pejus, não há como
determinar no caso a compensação do reposicionamento da Lei 8.627/93 no
pagamento do reajuste de 28,86% sobre o vencimento básico do Auditor Fiscal.
12. Discute-se também a ocorrência ou não de violação frontal ao alcance da coisa
julgada material na fase executória do título judicial produzido nos autos da Ação
Ordinária n. 97.0003486-0, no qual se reconheceu o direito dos servidores públicos da
carreira da Auditoria Fiscal do Tesouro Nacional de ter acrescido em seus
vencimentos o percentual de reajuste de 28,86%, determinando a incidência do
reajuste inclusive sobre a Retribuição Adicional Variável - RAV.
13. A matéria referente à compensação de reajustes em sede de execução foi posta
a julgamento pelo rito previsto no art. 543-C do Código de Processo Civil, momento
em que a Primeira Seção, em acórdão relatado pelo Ministro Castro Meira nos autos
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do Recurso Especial n.1.235.513/AL consignou que, após o trânsito em julgado da
sentença do processo de conhecimento, acaso não haja previsão de qualquer
limitação ao reajuste pelo índice de 28,86% em sua integralidade, é inviável
promover, na fase executória, a compensação de valores já recebidos com base na
Lei 8.627/93.
14. A interpretação a contrario sensu dessa orientação conduz à conclusão no
sentido de que, havendo previsão no título executivo de exclusão de percentuais já
concedidos, a mencionada imposição, em sede de embargos à execução, não importa
violação da coisa julgada.
15. Na hipótese em análise, a edição da Medida Provisória n. 1.915, de 30.7.1999,
promoveu uma reestruturação da Carreira Auditoria do Tesouro Nacional, alterando
a sua nomenclatura para "Carreira Auditoria da Receita Federal", além de reajustar a
remuneração, conceder aumento de um padrão para cada classe dos servidores em
questão e extinguir a Retribuição Adicional Variável - RAV, que foi substituída pela
Gratificação de Desempenho de Atividade Tributária - GDAT (art. 7º), calculada no
percentual de até cinquenta por cento, incidente sobre o vencimento básico do
servidor.
16. Destarte, é cabível a limitação ao pagamento do reajuste de 28.86% à data de
reestruturação da carreira promovida pela Medida Provisória n. 1.915/99, a fim de
que o percentual em comento seja absorvido pelos novos padrões remuneratórios
estabelecidos. A ausência desse limite temporal, para se permitir a continuidade do
pagamento do reajuste de 28,86%, resultaria num desbordamento desse percentual, o
que sim representaria desrespeito à garantia da coisa julgada.
17. O acordo administrativo firmado por servidor que tenha ação em curso para se
discutir a percepção das diferenças de vencimento somente surtirá efeitos sobre a
lide quando homologado judicialmente. Entretanto, na hipótese dos autos, há uma
peculiaridade que não pode ser desconsiderada, eis que houve exequente que fez
acordo administrativo, mas não ajuizou individualmente ação de conhecimento, ou
seja, não postulou, concomitantemente, tanto na esfera administrativa quanto na
judicial, a percepção do reajuste em tela.
18. Desta feita, é despicienda a homologação judicial do termo de transação
extrajudicial, posto que inviável a execução de tal providência, diante da inexistência,
à época da celebração do acordo, de demanda judicial entre as partes transigentes.
Precedentes: EREsp 1082526/RS, rel. Ministro Felix Fischer, Terceira Seção, DJe
12/03/2010; AgRg no REsp 1232758/RS, rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima,
Primeira Turma, DJe 26/05/2011; AgRg no REsp 1221248/RS, rel. Ministro Hamilton
Carvalhido, Primeira Turma, DJe 26/04/2011; AgRg no REsp 1219171 / RS, rel.
Ministro Benedito Gonçalves,DJe 25/03/2011.
19. Recurso especial parcialmente provido. Acórdão submetido ao regime do art.
543-C do CPC e da Resolução STJ n. 8/08.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos esses autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da PRIMEIRA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade
dos votos e das notas taquigráficas, o seguinte resultado de julgamento:
"Prosseguindo no julgamento, a Seção, por unanimidade, deu parcial provimento ao
recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator."
Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves (voto-vista), Sérgio Kukina, Ari Pargendler,
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Eliana Calmon, Arnaldo Esteves Lima, Humberto Martins, Herman Benjamin (que se declarou
habilitado a votar) e Napoleão Nunes Maia Filho votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Castro Meira.
Brasília (DF), 11 de setembro de 2013.

MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES , Relator

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO

Número Registro: 2011/0136153-5 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.318.315 / AL

Números Origem: 00040276420114050000 200480000082921

PAUTA: 28/11/2012 JULGADO: 12/12/2012

Relator
Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. WALLACE DE OLIVEIRA BASTOS
Secretária
Bela. Carolina Véras

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANITA NUNES PEREIRA E OUTROS
ADVOGADOS : ANTÔNIO NABOR AREIAS BULHÕES E OUTRO(S)
SÉRGIO LUDMER E OUTRO(S)
JOAO HUMBERTO DE FARIAS MARTORELLI E OUTRO(S)
RECORRIDO : UNIÃO

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Servidor


Público Civil - Sistema Remuneratório e Benefícios

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Retirado de Pauta por indicação do Sr. Ministro Relator."

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO

Número Registro: 2011/0136153-5 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.318.315 / AL

Números Origem: 00040276420114050000 200480000082921

PAUTA: 27/02/2013 JULGADO: 27/02/2013

Relator
Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MOACIR GUIMARÃES MORAES FILHO
Secretária
Bela. Carolina Véras

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANITA NUNES PEREIRA E OUTROS
ADVOGADOS : ANTÔNIO NABOR AREIAS BULHÕES E OUTRO(S)
SÉRGIO LUDMER E OUTRO(S)
JOAO HUMBERTO DE FARIAS MARTORELLI E OUTRO(S)
RECORRIDO : UNIÃO

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Servidor


Público Civil - Sistema Remuneratório e Benefícios

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Retirado de Pauta por indicação do Sr. Ministro-Relator."

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.318.315 - AL (2011/0136153-5)

RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES


RECORRENTE : ANITA NUNES PEREIRA E OUTROS
ADVOGADOS : SÉRGIO LUDMER E OUTRO(S)
JOAO HUMBERTO DE FARIAS MARTORELLI E OUTRO(S)
RECORRIDO : UNIÃO
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES(Relator):

Trata-se de recurso especial interposto por Anita Nunes Pereira e outros que, nos autos
de embargos à execução de sentença que reconhecera o direito dos Auditores Fiscais da Receita
Federal de percepção do reajuste de 28,86%, questionam (i) a impossibilidade de compensação
do reajuste de 28,86% com outros títulos de natureza diversa do reajuste previsto pela Lei n.
8.627/93, sob pena de ofensa à coisa julgada; (ii) a incidência do mencionado percentual sobre a
Retribuição de Adicional Variável - RAV, cuja base de cálculo é o maior vencimento básico da
carreira; (iii) a fixação da vigência da Medida Provisória n. 1.915/99 como limite temporal à
incidência do reajuste de 28,86%; e (iv) a necessidade de homologação judicial para validar os
acordos extrajudiciais celebrados para percepção das vantagens, na forma do art. 7º da Medida
Provisória n. 2.169/2001.

Em sede de apelação, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região posicionou-se nos


termos da seguinte ementa:
EMBARGOS À EXECUÇÃO. 28,86%. INCIDÊNCIA SOBRE A RAV.
POSSIBILIDADE DE DEDUÇÃO DOS AUMENTOS DECORRENTES DO
REPOSICIONAMENTO DETERMINADO PELA LEI Nº 8.627/93. 1. Ofício
expedido pelo Ministério da Fazenda, em resposta a Carta do Sindicato
Embargado, que não se encaixa no conceito de "documento novo", acolhido pelo
ordenamento jurídico pátrio, eis que se reporta à situação pretérita e que deveria
ter sido apresentado junto com a inicial, ou, ainda, demonstrados os motivos
impeditivos de se apresentá-lo em momento anterior, nos termos do art. 517, do
CPC. 2. Prejudicados os Agravos Retidos interpostos pelas partes, uma vez que a
matéria neles versada foi absorvida pelas razões da apelação, podendo ser,
portanto, apreciadas no mérito. Demais preliminares rejeitadas por ausência de
plausibilidade dos fundamentos apresentados. 3. O magistrado a quo, ao sanear o
processo, estabeleceu os critérios a serem observados pelo Vistor oficial,
delineando as cautelas e os detalhes a serem seguidos na elaboração das planilhas
de cálculos. Entretanto, considerou que os Auditores Fiscais posicionados no
Padrão "A", Nível "III", da respectiva carreira, não obtiveram qualquer
reposicionamento por força do art. 3º, da Lei nº 8.627/93, posição esta contrária a
que vem sendo sufragada pelo colendo Superior Tribunal de Justiça. 4. Com o
advento da Lei nº 8.627/93, os auditores fiscais posicionados no fim da carreira
(classe "B", padrão "VI" - antiga classe "E", padrões "II" e "III"), passaram a
integrar a classe "A", padrão "III". 5. A Lei nº 8.640/92, ao reestruturar a carreira
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da Auditoria do Tesouro Nacional, reposicionou os servidores que se
encontravam no fim da carreira -classe "E", padrões "II" e "III", na classe "B",
padrão "VI", deixando em aberto a classe "A" e respectivos padrões, que só veio a
ser preenchida quando do reposicionamento determinado pela Lei nº 8.627/93. 6.
Com a edição da Medida Provisória n° 831, de 1995, posteriormente convertida
na Lei n° 9.624/98, a RAV passou a ser calculada sobre o maior vencimento
básico da carreira, que, no caso dos Auditores Fiscais, era o correspondente ao
Padrão A, nível III. 7. Sendo devido o percentual de 28,86% sobre a RAV,
tem-se que, do cálculo do referido percentual, deve ser deduzido o aumento
resultante do reposicionamento estabelecido pela Lei nº 8.627/93. 8.
Impossibilidade de se acolher os cálculos embasados na decisão saneadora, uma
vez que neles foram aplicados integralmente o índice de 28,86%,
desconsiderando-se o valor acrescido em razão dos citados "reposicionamentos"
legais. 9. Os Exeqüentes/Embargados devem arcar com os ônus da sucumbência,
eis que decaíram da maior parte do pedido, a teor do disposto no parágrafo único,
do art. 21, do CPC. Honorários fixados em 1% (um por cento) sobre o valor da
Execução. Agravo Retido prejudicado. Preliminares rejeitadas. Apelação dos
Embargados improvida. Apelação da União provida, em parte.

Opostos embargos de declaração, estes foram acolhidos, sem efeitos infringentes, para
declarar a possibilidade da Unafisco Sindical promover a execução dos honorários advocatícios
da ação de conhecimento.

Em suas razões recursais, fundadas nas alíneas "a" e "c" do permissivo constitucional, os
recorrentes defendem, em preliminar, a nulidade do acórdão proferido pela origem por violação
dos arts. 458, inciso II, e 535, inciso I, do CPC, sob o argumento de que não foram sanadas as
obscuridades elencadas nos embargos de declaração.

No mérito, os recorrentes aduzem que o acórdão recorrido infringiu o disposto nos arts.
468, 468 e 474 do CPC, pois, ao reduzir o reajuste incidente sobre a Retribuição Adicional
Variável - RAV de 28,86% a apenas 2,2%, e limitar o dies ad quem à data da edição da Medida
Provisória n. 1.905/99, desconsiderou os próprios fundamentos da coisa julgada, que reconhecera
a implementação do reajuste remuneratório de 28,86% e confirmou a sua incidência sobre a
Retribuição Adicional Variável - RAV, apenas determinando a compensação desse reajuste com
reajustes porventura já deferidos pela Lei 8.627/93.

Discorrem sobre a infringência do disposto nos Anexos I, II e VIII, da Lei 8.460/92,


arts. 2º, inciso II, 3º e 6º, e Anexos I, II e V, da Lei 8.622/93, arts. 2º, inciso II, e 3º, inciso III,
Anexo I, da Lei 8.627/93, artigo 8º da Medida Provisória n. 831/95 e suas posteriores reedições
até a conversão na Lei 9.624/98, além da Medida Provisória n. 1.915/99, na medida em que o

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acórdão de origem considerou o maior vencimento da Tabela da Carreira da Auditoria Fiscal da
Receita Federal (base de cálculo da RAV) o relativo à Classe/Padrão B-VI, cujos ocupantes, em
razão da citada Lei n. 8.627/93, sofreram evolução funcional percebendo ganho remuneratório
em 26,66%.

Salientam, no ponto, que a própria União reconheceu, no âmbito administrativo, que "no
momento da edição da Lei 8.627/93, havia vários Auditores Fiscais ocupando a Classe/Padrão
A-III, que representava a última Classe/Padrão possível da carreira" (e-STJ fl. 45).

Por outro lado, apontam como afrontados os arts. 104 e 166 do Código Civil e o art. 7º
da Medida Provisória n. 2.169/2001, porquanto o Tribunal a quo reconheceu a validade de vários
acordos firmados entre a União e agentes públicos federais da carreira, inobstante não terem sido
homologados judicialmente.

Os recorrentes trazem à colação diversos precedentes favoráveis às teses ora


defendidas, além de invocar a Súmula 672/STF, que, no seu entender, veda a compensação do
reajuste com outros títulos de natureza diversa dos reajustes previstos nas Leis 8.622/93 e
8.627/93.

Em contrarrazões de fls. 67/75-e, a União defende o não conhecimento do apelo, pois:


(i) não restou demonstrada, de forma inequívoca, a violação de dispositivo de lei federal; (ii) a
ausência de cotejo analítico entre os acórdãos confrontados impede o conhecimento do recurso
pela alínea "c" do permissivo constitucional; (iii) o Tribunal de origem não emitiu qualquer
pronunciamento acerca dos dispositivos indicados como violados, o que impõe o não
conhecimento do recurso pela ausência de prequestionamento; e (iv) a discussão acerca da
ausência de reposicionamento na carreira da Auditoria do Tesouro Nacional, de forma a se
demonstrar a necessidade de aplicação integral do índice de 28,86% sobre a RAV, sem qualquer
compensação, requer o reexame do acervo fático-probatório dos autos, o que faz incidir o óbice
da Súmula 7/STJ.

Quanto ao mérito, afirma que "a incidência do reajuste de 28,86% sobre a RAV exclui o
período de vigência da Lei n. 7.711/1988 e sobretudo, que não deve importar bis in idem, posto
que se com a Lei n. 9.624/1996 a RAV passou a ser paga em valor fixo - correspondente ao seu
teto, de oito vezes o valor do maior vencimento da respectiva tabela de vencimentos -, compondo,

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por isso, os vencimentos, tal gratificação passou a ser base de incidência do índice de 28,86%,
desde que o referido reajuste não tenha incidido também no maior vencimento da tabela, que é a
base de cálculo da vantagem, sob pena de duplicidade" (e-STJ fl. 71).

Destaca que somente deve ser pago o resíduo para a integralização do percentual, ou
seja, 2,2%, tendo em vista o percentual de majoração do vencimento (26,66%) então concedido
por ocasião das Leis 8.622/1993 e 8.627/93.

Acrescenta que a Medida Provisória n. 1.704, de 30.6.98, atual Medida Provisória n.


2.169, de 24.8.2001, estendeu o reajuste de 28,86% aos servidores do Poder Executivo que ainda
não houvessem sido beneficiados pela Lei n. 8.627/93.

Recurso especial inadmitido na origem, com posterior provimento de agravo de


instrumento (e-STJ fls. 1.672/1.673).

Por decisão de fls. 1.700/1.701 e-STJ, determinei o processamento do presente apelo de


acordo com o regime previsto no art. 543-C, § 1º, do CPC, por considerá-lo representativo de
controvérsia, eis que a questão nele debatida tem sido discutida em multiplicidade de recursos
com fundamentação idêntica.

Às fls. 1.706/1.709, a União apresenta requerimento pela desafetação do presente


recurso como repetitivo, tendo em vista que o Recurso Especial n. 1.285.398/AL, que trata de
questões idênticas, já ter sido recebido como emblemático da controvérsia.

Por parecer de fls. 1.716/1.724-e, o Ministério Público Federal opinou pelo parcial
conhecimento e, na parte conhecida, pelo não provimento do recurso especial.

É o relatório.

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458, II, E 535, II, DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. EMBARGOS À
EXECUÇÃO. AUDITOR FISCAL. REAJUSTE DE 28,86% SOBRE A
RAV. INCIDÊNCIA NA FORMA INTEGRAL. LIMITAÇÃO
TEMPORAL DO PAGAMENTO. MEDIDA PROVISÓRIA N. 1.915/99.
EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA PROFERIDA EM AÇÃO
COLETIVA. ACORDO EXTRAJUDICIAL. HOMOLOGAÇÃO.
DESNECESSIDADE.
1. Não se verificou, na hipótese, a alegada ofensa aos artigos 458, inciso II, e
535, inciso I, ambos do CPC. É que o Tribunal de origem abordou, de forma
fundamentada, todos os pontos essenciais para o deslinde da controvérsia,
conforme se pode verificar do acórdão de fls. 134/148-e, bem como na decisão
dos aclaratórios acostada às fls. 79/92-e dos autos.
2. Por outro lado, o Poder Judiciário não está obrigado a emitir expresso juízo
de valor a respeito de todas as teses e artigos de lei invocados pelas partes,
bastando para fundamentar o decidido fazer uso de argumentação adequada,
ainda que não espelhe quaisquer das linhas de argumentação invocadas.
3. Sobre a controvérsia em exame, o Tribunal de origem considerou que, por
ocasião da entrada em vigor da Lei 8.627/93, o maior vencimento básico da
tabela de Auditor Fiscal da Receita Federal era o da Classe "B", Padrão VI,
cujos ocupantes, em razão da alteração legislativa, tiveram progressão
remuneratória no percentual de 26,66%. Para fundamentar tal entendimento, o
voto condutor do acórdão faz referência a julgado desta Corte Superior,
proferido nos autos do AgRg no AgRg no REsp n. 800.007/RS, (Rel. Ministro
Hamilton Carvalhido, julgado em 06/06/2006, DJ 14/08/2006, p. 349).
4. Por sua vez, a parte recorrente alega que, à época da edição da Lei
8.627/93, o topo da carreira dos Auditores Fiscais era a Classe "A", Padrão III,
e não a Classe "B", Padrão VI, o que, inclusive, já teria sido reconhecido por
documento da Coordenação-Geral de Recursos Humanos do Ministério da
Fazenda, juntado aos presentes autos. Sendo assim, os servidores que já
estavam posicionados naquela classe/padrão não obtiveram o incremento de
26,66% em seus vencimentos.
5. A Lei 7.711/88 instituiu a Retribuição Adicional Variável - RAV, então
calculada mensalmente com base na arrecadação, sem qualquer correlação
com as verbas remuneratórias percebidas pelos servidores do cargo de Auditor
Fiscal do Tesouro Nacional, para os quais era conferida uma pontuação
decorrente de sua produtividade fiscal. Sendo assim, por ser uma vantagem
decorrente da produtividade do servidor, sobre tal gratificação não incidia o
percentual de 28,86%.
6. A partir da edição da Medida Provisória nº 831, de 18 de janeiro de 1995
(sucedida pela Medida Provisória nº 1.480-32 e reedições), posteriormente
convertida na Lei 9.624, de 02 de abril de 1998, promoveu-se uma alteração da
sistemática de retribuição da RAV, a qual passou a ser paga em valor fixo,
correspondente ao seu teto de oito vezes o valor do maior vencimento da
tabela da carreira de Auditor Fiscal do Tesouro Nacional
7. In casu, o acórdão do Tribunal de origem seguiu orientação que estava
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sedimentada na jurisprudência das Turmas da 3ª Seção, a qual, com todas as
vênias, deve ser revista.
8. Não há que se confundir o pagamento do reajuste de 28,86% sobre o
vencimento básico de um determinado Auditor Fiscal (o que é compensável
pelo reposicionamento promovido pela Lei 8.627/93) com o pagamento do
mesmo reajuste sobre a RAV, em que a base de cálculo é sempre o maior
vencimento básico da respectiva tabela (= padrão A-III) multiplicado por oito,
independentemente do padrão ocupado por este mesmo Auditor Fiscal.
9. No caso do Auditor Fiscal reposicionado do padrão B-VI para o A-III pela
Lei 8.627/93 (utilizado como parâmetro pelo acórdão do Tribunal de origem
para se chegar ao resíduo de 2,2%), há uma coincidência no fato deste padrão
A-III surgir duas vezes no cálculo do reajuste de 28,86%: (i) está no
vencimento básico deste Auditor Fiscal (aí sim, o reajuste de 28,86% sofrerá
compensação pelo reposicionamento, o qual resultou em aumento de 26,66%);
e (ii) está na base de cálculo da RAV (que, como visto, é sempre oito vezes o
valor pago ao padrão A-III, independentemente do padrão ocupado pelo
Auditor Fiscal). Ora, é situação que não se repete nos reposicionamentos dos
Auditores Fiscais que estavam em outros padrões. Por exemplo, quem foi
reposicionado do padrão B-V (Cr$-6.888.069,00 - Anexo II da Lei 8.622/92)
para o A-II (Cr$-8.915.940,00 - Anexo II da Lei 8.622/92) por força do art. 3º,
II, da Lei 8.627/93, beneficiou-se de outro percentual de reajuste no que se
refere ao vencimento básico (29,44%), o qual deve ser considerado no
pagamento dos 28,86% sobre esta verba; porém, o índice de 28,86% incide
normalmente sobre a RAV.
10. É de se ressaltar que o padrão A-III, já se encontrava como o mais alto
vencimento básico previsto pela Lei 8.460/92 (Anexo II), não tendo relevância
a existência ou não de servidores ocupando padrões da classe A; e o aumento
de valor promovido pelos arts. 1º e 2º da Lei 8.622/92 - de 100%, somado ao
valor de Cr$-102.000,00 (cento e dois mil cruzeiros) - não é compensável no
pagamento do reajuste de 28,86% sobre a RAV porque é reajuste de natureza
diversa daquela constatada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do
RMS 22.307/DF, que reconheceu revisão geral de vencimentos no
reajustamento a maior de 28,86% no mais alto soldo pago aos militares.
11. Por outro lado, por força do princípio do non reformatio in pejus, não há
como determinar no caso a compensação do reposicionamento da Lei 8.627/93
no pagamento do reajuste de 28,86% sobre o vencimento básico do Auditor
Fiscal.
12. Discute-se também a ocorrência ou não de violação frontal ao alcance da
coisa julgada material na fase executória do título judicial produzido nos autos
da Ação Ordinária n. 97.0003486-0, no qual se reconheceu o direito dos
servidores públicos da carreira da Auditoria Fiscal do Tesouro Nacional de ter
acrescido em seus vencimentos o percentual de reajuste de 28,86%,
determinando a incidência do reajuste inclusive sobre a Retribuição Adicional
Variável - RAV.
13. A matéria referente à compensação de reajustes em sede de execução foi
posta a julgamento pelo rito previsto no art. 543-C do Código de Processo
Civil, momento em que a Primeira Seção, em acórdão relatado pelo Ministro
Castro Meira nos autos do Recurso Especial n.1.235.513/AL consignou que,
após o trânsito em julgado da sentença do processo de conhecimento, acaso
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não haja previsão de qualquer limitação ao reajuste pelo índice de 28,86% em
sua integralidade, é inviável promover, na fase executória, a compensação de
valores já recebidos com base na Lei 8.627/93.
14. A interpretação a contrario sensu dessa orientação conduz à conclusão
no sentido de que, havendo previsão no título executivo de exclusão de
percentuais já concedidos, a mencionada imposição, em sede de embargos à
execução, não importa violação da coisa julgada.
15. Na hipótese em análise, a edição da Medida Provisória n. 1.915, de
30.7.1999, promoveu uma reestruturação da Carreira Auditoria do Tesouro
Nacional, alterando a sua nomenclatura para "Carreira Auditoria da Receita
Federal", além de reajustar a remuneração, conceder aumento de um padrão
para cada classe dos servidores em questão e extinguir a Retribuição Adicional
Variável - RAV, que foi substituída pela Gratificação de Desempenho de
Atividade Tributária - GDAT (art. 7º), calculada no percentual de até
cinquenta por cento, incidente sobre o vencimento básico do servidor.
16. Destarte, é cabível a limitação ao pagamento do reajuste de 28.86% à data
de reestruturação da carreira promovida pela Medida Provisória n. 1.915/99, a
fim de que o percentual em comento seja absorvido pelos novos padrões
remuneratórios estabelecidos. A ausência desse limite temporal, para se
permitir a continuidade do pagamento do reajuste de 28,86%, resultaria num
desbordamento desse percentual, o que sim representaria desrespeito à
garantia da coisa julgada.
17. O acordo administrativo firmado por servidor que tenha ação em curso
para se discutir a percepção das diferenças de vencimento somente surtirá
efeitos sobre a lide quando homologado judicialmente. Entretanto, na hipótese
dos autos, há uma peculiaridade que não pode ser desconsiderada, eis que
houve exequente que fez acordo administrativo, mas não ajuizou
individualmente ação de conhecimento, ou seja, não postulou,
concomitantemente, tanto na esfera administrativa quanto na judicial, a
percepção do reajuste em tela.
18. Desta feita, é despicienda a homologação judicial do termo de transação
extrajudicial, posto que inviável a execução de tal providência, diante da
inexistência, à época da celebração do acordo, de demanda judicial entre as
partes transigentes. Precedentes: EREsp 1082526/RS, rel. Ministro Felix
Fischer, Terceira Seção, DJe 12/03/2010; AgRg no REsp 1232758/RS, rel.
Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 26/05/2011; AgRg no
REsp 1221248/RS, rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Primeira Turma, DJe
26/04/2011; AgRg no REsp 1219171 / RS, rel. Ministro Benedito
Gonçalves,DJe 25/03/2011.
19. Recurso especial parcialmente provido. Acórdão submetido ao regime do
art. 543-C do CPC e da Resolução STJ n. 8/08.

VOTO
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Superior Tribunal de Justiça

O SENHOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES(Relator):

Inicialmente, tenho como prejudicado o requerimento formulado pela União às fls.


1.706/1.709, haja vista que foi cancelada a afetação do Recurso Especial n. 1.285.398/AL a
julgamento da Primeira Seção sob a sistemática do art. 543-c do CPC.

Ainda às fls. 1727/1729 e-STJ, a União requer a afetação do presente recurso especial
à Corte Especial para a apreciação da matéria, tendo em vista que, não obstante a alteração
regimental acerca da competência interna desta Corte Superior para julgamento das questões
referentes a servidor público, há processos sobre o mesmo tema que remanesceram nas Turmas
integrantes da Terceira Seção.

Penso, todavia, não ser o caso de submeter o tema ora em julgamento à Colenda Corte
Especial.

Isto porque, a partir da Emenda Regimental 11/2010, foi transferida para a Primeira
Seção do STJ a competência para os feitos relativos a servidores públicos, ficando mantida,
todavia, na Terceira Seção, a mesma competência apenas em relação aos feitos a ela
anteriormente distribuídos. Ou seja, a competência para o julgamento da matéria pela Primeira
Seção, a partir da edição da referida Emenda Regimental, está bem delineada, não havendo
conflito.

Sendo assim, indefiro o pedido, e, de imediato, passo ao exame da irresignação recursal,


tendo em vista que estão preenchidos os requisitos constitucionais e legais exigidos para a
admissão do recurso especial.

1) Da negativa de prestação jurisdicional:

Não procede a alegada ofensa aos artigos 458, inciso II, e 535, inciso I, ambos do CPC.
É que o Tribunal de origem abordou, de forma fundamentada, todos os pontos essenciais para o
deslinde da controvérsia, conforme se pode verificar do acórdão de fls. 134/148 e-STJ, bem
como na decisão dos aclaratórios acostada às fls. 79/92 e-STJ dos autos.

Por outro lado, o Poder Judiciário não está obrigado a emitir expresso juízo de valor a
respeito de todas as teses e artigos de lei invocados pelas partes, bastando para fundamentar o
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decidido fazer uso de argumentação adequada, ainda que não espelhe quaisquer das linhas de
argumentação invocadas.

Neste sentido, o seguinte precedente:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ÁGUA E ESGOTO. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO. OFENSA AO 535 DO CPC QUE NÃO SE VERIFICA.
LEGITIMIDADE PASSIVA. FUNDAMENTO INATACADO. SÚMULA
283/STF. INEXISTÊNCIA DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO E DANOS
MORAIS CONFIGURADOS. ACÓRDÃO RECORRIDO FUNDAMENTADO EM
FATOS E PROVAS. REVISÃO DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7 DO STJ.
1. Tendo a Corte de origem examinado todas as questões de relevo pertinentes à
lide e fundamentado suas conclusões, inexiste violação ao art. 535 do CPC.
2. Conforme asseverou o acórdão recorrido, a legitimidade passiva foi decidida
em outros autos, fundamento que não foi impugnado nas razões do Recurso
Especial, atraindo a aplicação, por analogia, da Súmula 283 do Supremo Tribunal
Federal.
3. A conclusão assumida pelo Tribunal de origem, quando reconheceu a ausência
da prestação do serviço e a responsabilidade da recorrente frente ao dano
suportado pela parte recorrida, bem como sua legitimidade para figurar na
presente demanda, resultou da análise dos fatos e provas anexadas aos autos, e só
com o reexame desse conteúdo seria possível alcançar provimento judicial
diverso, finalidade a que não se destina o recurso especial. Inteligência da Súmula
7/STJ.
4. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 179.684/RJ, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/06/2012, DJe 22/06/2012)

Por tais motivos, rejeito a preliminar suscitada.

2) Da incidência do reajuste de 28,86% no cálculo da Retribuição Adicional


Variável - RAV percebida pelos Auditores Fiscais:

Passo ao exame da questão relativa à incidência do reajuste de 28,86% no cálculo da


Retribuição Adicional Variável - RAV.

O Tribunal de origem considerou que, por ocasião da entrada em vigor da Lei 8.627/93,
o maior vencimento básico da tabela de Auditor Fiscal da Receita Federal era o da Classe "B",

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Superior Tribunal de Justiça
Padrão VI, cujos ocupantes, em razão da alteração legislativa, tiveram progressão remuneratória
no percentual de 26,66%.

Para fundamentar tal entendimento, o voto condutor do acórdão faz referência a julgado
desta Corte Superior, proferido nos autos do AgRg no AgRg no REsp n. 800.007/RS, (Rel.
Ministro Hamilton Carvalhido, julgado em 06/06/2006, DJ 14/08/2006, p. 349).

Por sua vez, a parte recorrente alega que, à época da edição da Lei 8.627/93, o topo da
carreira dos Auditores Fiscais era a Classe "A", Padrão III, e não a Classe "B", Padrão VI, o
que, inclusive, já teria sido reconhecido por documento da Coordenação-Geral de Recursos
Humanos do Ministério da Fazenda, juntado aos presentes autos.

Sendo assim, todos os servidores que já estavam posicionados naquela classe/padrão


não obtiveram o incremento de 26,66% em seus vencimentos.

Pois bem.

O Supremo Tribunal Federal, pelo teor da Súmula 672, firmou o seguinte entendimento:

O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas leis 8622/1993 e


8627/1993, estende-se aos servidores civis do poder executivo, observadas as
eventuais compensações decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos
pelos mesmos diplomas legais.

Um dos precedentes relacionados à edição desta súmula do STF é o RMS 22.307/DF,


cujos embargos de declaração contra ele opostos foram acolhidos nos termos da seguinte
ementa:

EMENTA: ADMINISTRATIVO. SERVIDORES DO MINISTÉRIO DA


PREVIDÊNCIA SOCIAL. REAJUSTE DE VENCIMENTOS DE 28,86%,
DECORRENTE DA LEI Nº 8.627/93. DECISÃO DEFERITÓRIA QUE TERIA
SIDO OMISSA QUANTO AOS AUMENTOS DE VENCIMENTOS
DIFERENCIADOS COM QUE O REFERIDO DIPLOMA LEGAL
CONTEMPLOU DIVERSAS CATEGORIAS FUNCIONAIS NELE
ESPECIFICADAS. Diploma legal que, de efeito, beneficiou não apenas os
servidores militares, por meio da "adequação dos postos e graduações",
mas também nada menos que vinte categorias de servidores civis,
contemplados com "reposicionamentos" (arts. 1º e 3º), entre as quais
aquelas a que pertence a maioria dos impetrantes. Circunstância que não

Documento: 1201841 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/09/2013 Página 16 de 8
Superior Tribunal de Justiça
se poderia deixar de ter em conta, para fim da indispensável compensação,
sendo certo que a Lei nº 8.627/93 contém elementos concretos que
permitem calcular o percentual efetivamente devido a cada servidor.
Embargos acolhidos para o fim explicitado.
(RMS 22307 ED, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão:
Min. ILMAR GALVÃO, Tribunal Pleno, julgado em 11/03/1998, DJ 26-06-1998
PP-00008 EMENT VOL-01916-01 PP-00016 RTJ VOL-00167-01 PP-00109)

Por sua relevância, merece transcrição trecho do voto do Min. Ilmar Galvão, Relator
p/Acórdão neste julgado:
(...)
Na verdade, como se recorda, para chegar-se ao índice de 28,86%, que foi
tido como correspondente ao reajuste geral concedido a todo o funcionalismo,
civil e militar, e, como tal, aplicado aos servidores do Poder Legislativo, do Poder
Judiciário, dos servidores do Tribunal de Contas da União e do Ministério Público
Federal, considerou-se a média percentual resultando da adequação dos postos e
gradações dos servidores militares.
Melhor exame da Lei nº 8.627/93, entretanto, revela que não apenas os
servidores militares resultaram por ela beneficiados, por meio da "adequação dos
postos e graduações", mas também nada menos que vinte categorias de
servidores civis, contemplados pelo eufêmico "reposicionamento" previsto
em seus artigos 1º e 3º, entre elas a dos "servidores do Plano de
Classificação de Cargos das Leis nº 5.645/70 e 6.550/78".
Assim, conforme enfatizou o em. Ministro Octavio Gallotti, quando do
julgamento ora embargado, "não houve ... uma singela extensão, a servidores
civis, de valores de soldos de militares", o que a jurisprudência do STF não
tolerava, mas a extensão de reajuste concedido aos militares e a numerosíssimas
carreiras do funcionalismo civil.
Trata-se de circunstâncias que não se pode deixar de ter em conta,
quando se cuida de estender o percentual de 28,86% às categorias
funcionais que restaram excluídas da revisão geral. (...) (sem destaques no
original)

Como visto, para o STF, o reposicionamento determinado pela Lei 8.627/93 deve ser
observado para fins de compensação do reajuste de 28,86%.

Na espécie, conforme já relatado, o acórdão do Tribunal de origem determinou a


compensação do reajuste de 28,86% sobre a RAV com o percentual de 26,66% correspondente
ao impacto remuneratório sofrido pelo Auditor Fiscal que foi reposicionado do padrão VI da
Classe B para o padrão III da Classe A, nos termos do art. da Lei 8.627/93.

O aresto recorrido assim decidiu tendo como base a orientação firmada pela 6ª Turma
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no AgRg no AgRg no REsp 800.007/RS.

Trata-se de entendimento que estava sedimentado no âmbito das Turmas da 3ª Seção, a


exemplo dos seguintes julgados:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO.


DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. OFENSA. IMPOSSIBILIDADE.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ART. 535 DO CPC. AFRONTA
INEXISTENTE. ART. 476 DO CPC. DECISÕES PROFERIDAS EM ÓRGÃOS
DIFERENCIADOS NO TRIBUNAL. VINCULAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
REAJUSTE. 28,86%. INCIDÊNCIA. RAV. DESCABIMENTO. QUANDO O
ÍNDICE TIVER SIDO APLICADO AO VENCIMENTO-BÁSICO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA. FAZENDA PÚBLICA
VENCEDORA. DESTINAÇÃO. FALTA DE INTERESSE E LEGITIMIDADE.
I – As violações a dispositivos constitucionais não podem ser objeto de recurso
especial, porquanto matéria própria de apelo extraordinário para a Augusta Corte.
II – Não ocorre ofensa aos arts. 458 e 535 do CPC, tampouco recusa à
apreciação da matéria, se o e. Tribunal de origem fundamentadamente apreciou a
controvérsia.
III – Os julgados realizados em Turmas não se vinculam às decisões proferidas
pelas Seções de um mesmo Tribunal. Ademais, os recorrentes não demonstraram
a divergência entre os julgados apontados como conflitantes.
IV - A RAV (Retribuição Adicional Variável), em conformidade com a Lei
nº 9.624/98, tem como base-de-cálculo o vencimento-básico. Sendo assim, o
percentual de 28,86% sobre ela incidirá tão-somente quando o índice não
tiver sido anteriormente aplicado no vencimento utilizado na conta, sob
pena de bis in idem.
V - Quanto ao período em que vigia a redação original da Lei nº 7.711/88, não
cabe a incidência do percentual de 28,86% sobre a RAV, uma vez que, nesse
interregno, ela era calculada mensalmente a partir da arrecadação, não tendo
correlação com as parcelas que integravam habitualmente a remuneração.
VI - O termo 'retribuições', expresso na sentença condenatória, detém um caráter
genérico, devendo ser empregado em relação às parcelas remuneratórias
relacionadas com as tabelas de vencimentos e gratificações.
VII - Ocorre ofensa à coisa julgada em relação ao período posterior à edição da
Lei nº 9.624/98, visto que a RAV passa a ter como base-de-cálculo o
vencimento-básico, situação que se insere no sentido do termo 'retribuições',
expresso na sentença.
VIII – Os honorários advocatícios devem ser suportados pela parte sucumbente,
a teor do art. 20 do CPC. No entanto, a parte vencida carece de interesse e
legitimidade para suscitar questão relativa à destinação que a Fazenda Pública
conferirá a essa verba.
Recurso parcialmente conhecido e, nessa extensão, provido.
(REsp 627.008/RS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado
em 06/05/2004, DJ 02/08/2004, p. 562)

RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL.


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ART. 535, II, DO CPC. OMISSÃO NÃO
CARACTERIZADA. COMPENSAÇÃO. LEIS NºS 8.622/93 e 8.627/93.
REVISÃO. SÚMULA 7/STJ. REAJUSTE DE 28,86% SOBRE A RAV
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Superior Tribunal de Justiça
SOMENTE QUANDO O ÍNDICE NÃO TIVER SIDO APLICADO AO
VENCIMENTO-BÁSICO.
Não há omissão a inquinar de nulidade a decisão vergastada se os fatos relevantes
ao deslinde da causa foram enfrentados, não se exigindo do órgão julgador que
discorra sobre todos os dispositivos de lei suscitados para cumprir com plenitude
a devida prestação jurisdicional.
O aresto hostilizado não negou o mister da compensação do reajuste pelas Leis
nºs 8.622/93 e 8.627/93, mas somente ressaltou que a União não contrastou a
contento as contas apresentadas.
A análise da conformação do pagamento do índice devido demandaria exame
fático-probatório, o que extravasa a competência desta Corte em autos de
Recurso Especial, a teor da Súmula 7/STJ.
O percentual de 28,86% deve incidir sobre a RAV (Retribuição Adicional
Variável) somente quando o índice não tiver sido anteriormente aplicado
no vencimento utilizado na conta, sob pena de bis in idem. Precedente.
Recurso parcialmente provido.
(REsp 538.620/RS, Rel. Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA, QUINTA
TURMA, julgado em 02/06/2005, DJ 01/08/2005, p. 512)

PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL.


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.
INEXISTÊNCIA. ART. 476 DO CPC. DECISÕES PROFERIDAS EM ÓRGÃOS
DIFERENCIADOS NO TRIBUNAL. VINCULAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE
PREVISÃO LEGAL. REAJUSTE DE 28,86%. LEIS 8.622/93 E 8.627/93.
PERÍODO POSTERIOR AO ADVENTO DA LEI 9.624/98. INCIDÊNCIA
SOBRE A RAV SOMENTE QUANDO O ÍNDICE NÃO TIVER SIDO
APLICADO AO VENCIMENTO BÁSICO. ARTS. 741 E 743 DO CPC.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. RECURSO
ESPECIAL CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Conforme previsto no art. 535 do CPC, os embargos de declaração têm como
objetivo sanear eventual obscuridade, contradição ou omissão existentes na
decisão recorrida. Não ocorre omissão no acórdão recorrido quando o Tribunal
de origem pronuncia-se de forma clara e precisa sobre a questão posta nos autos,
assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisão.
2. Inexiste disposição legal que vincule as Turmas de um tribunal às decisões
preferidas pelas Seções da mesma corte. Ademais, na hipótese, a divergência
suscitada pelos recorrentes não foi devidamente demonstrada.
3. O Superior Tribunal de Justiça já decidiu no sentido de que, tendo a
Retribuição Adicional Variável – RAV, nos termos da Lei 9.624/98, o
vencimento-básico como base de cálculo, o reajuste de 28,86% referente às
Leis 8.622/93 e 8.627/93 somente incidirá sobre ela quando o índice não
tiver sido anteriormente aplicado no vencimento utilizado na conta, sob
pena de bis in idem. Precedentes.
4. É indevida a incidência do reajuste de 28,86% sobre a RAV no período de
vigência da Lei 7.711/88, pois ela era calculada mensalmente a partir da
arrecadação, não tendo correlação com as parcelas que integravam a remuneração
do servidor.
5. A RAV se insere no sentido do termo "retribuições" expresso na sentença
exeqüenda. Assim, no período posterior ao advento da Lei 9.624/98, ocorre
ofensa à coisa julgada a não incidência do reajuste 28,86% sobre a RAV, exceto
nos casos em que o índice estiver sendo aplicado ao vencimento-básico do
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Superior Tribunal de Justiça
servidor.
6. O Superior Tribunal de Justiça firmou posicionamento no sentido de que os
servidores que ingressaram no serviço público após 1993 possuem legitimidade
para pleitear o reajuste de 28,86%, que refere-se ao vencimento básico da
categoria e não ao servidor individualmente.
7. As matérias de que tratam os arts. 741 e 743 do CPC não foram devidamente
prequestionadas no acórdão recorrido, sendo o caso de incidência do disposto na
Súmula 211/STJ.
8. Recurso especial conhecido e parcialmente provido.
(REsp 626.478/RS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA
TURMA, julgado em 06/09/2005, DJ 10/10/2005, p. 415)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO


FEDERAL. REAJUSTE DE 28,86%. LEIS 8.622/93 E 8.627/93. PERÍODO
POSTERIOR AO ADVENTO DA LEI 9.624/98. INCIDÊNCIA SOBRE A RAV
SOMENTE QUANDO O ÍNDICE NÃO TIVER SIDO APLICADO AO
VENCIMENTO-BÁSICO. PRECEDENTES. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO.
I - Consoante entendimento deste Superior Tribunal de Justiça, tendo a
Retribuição Adicional Variável – RAV, nos termos da Lei 9.624/98, o
vencimento-básico como base de cálculo, o reajuste de 28,86% referente às
Leis 8.622/93 e 8.627/93 somente incidirá sobre ela quando o índice não
tiver sido anteriormente aplicado no vencimento utilizado na conta, sob
pena de bis in idem. Precedentes.
II - É indevida a incidência do reajuste de 28,86% sobre a RAV no período de
vigência da Lei 7.711/88, tendo em vista que era calculada mensalmente a partir
da arrecadação, não tendo correlação com as parcelas que integravam a
remuneração do servidor.
III - A RAV se insere no sentido do termo "retribuições" expresso na sentença
exeqüenda. Assim, no período posterior ao advento da Lei 9.624/98, ocorre
ofensa à coisa julgada a não-incidência do reajuste 28,86% sobre a RAV, exceto
nos casos em que o índice estiver sendo aplicado ao vencimento-básico do
servidor.
IV - Agravo interno desprovido.
(AgRg no AgRg no REsp 491.880/RS, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA
TURMA, julgado em 02/02/2006, DJ 06/03/2006, p. 427)

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CONSTITUCIONAL.


ADMINISTRATIVO. LEIS NºS 8.622/93 E 8.627/93. REAJUSTE DE 28,86%.
INCIDÊNCIA SOBRE A RAV. CABIMENTO APÓS A ENTRADA EM VIGOR
DA MP Nº 831/95. CARREIRA DA AUDITORIA DO TESOURO NACIONAL.
REPOSICIONAMENTO. 26,66%. RESÍDUO.
1. Esta Corte Superior de Justiça pacificou já entendimento no sentido de ser
indevida a incidência do reajuste de 28,86% sobre a RAV no período de vigência
da Lei nº 7.711/88, em que a vantagem não compunha os vencimentos, porque
era calculada mensalmente, variando segundo a arrecadação.
2. Em vigor a Medida Provisória nº 831, de janeiro de 1995, que foi
convertida na Lei nº 9.624/98, a RAV passou a ser paga em valor fixo -
correspondente ao seu teto, de oito vezes o valor do maior vencimento da
respectiva tabela de vencimentos -, compondo, por isso, os vencimentos,
em razão do que passou a ser base de incidência do índice de 28,86%, se
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Superior Tribunal de Justiça
dito reajuste já não houver incidido também no maior vencimento da tabela
- base de cálculo da vantagem -, pena de bis in idem.
3. O maior vencimento da tabela da Carreira de Auditoria do Tesouro Nacional,
base sobre o qual era calculada a RAV, por força da Lei nº 8.627/93, foi majorado
em 26,66%, em decorrência do "reposicionamento" do último nível da Carreira,
que passou da Classe B, Padrão VI para a Classe A, Padrão III.
4. Já efetuado "reposicionamento" que importou em majoração de 26, 66% no
valor do "maior vencimento da respectiva tabela", base de cálculo da vantagem,
somente é devido o resíduo de 2,2% sobre a RAV.
5. Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 760.579/RS, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, SEXTA
TURMA, julgado em 06/06/2006, DJ 14/08/2006, p. 347)

AGRAVOS REGIMENTAIS. RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO.


REAJUSTE DE 28,86%. PERÍODO POSTERIOR AO ADVENTO DA MP Nº
831/95. INCIDÊNCIA SOBRE A RAV QUANDO O ÍNDICE NÃO TIVER SIDO
APLICADO AO VENCIMENTO-BÁSICO. SUCUMBÊNCIA MÍNIMA.
1. No período posterior à Medida Provisória nº 831/95, convertida na Lei nº
9.624/98, quando a Retribuição Adicional Variável - RAV passou a ter como
base de cálculo o vencimento básico, a não incidência do reajuste de
28,86% sobre a RAV, que se insere no conceito de retribuições e integra a
remuneração, incorreria em ofensa à coisa julgada, exceto se o índice tiver
sido anteriormente aplicado no vencimento utilizado na conta apresentada.
2. Se os exeqüentes decaíram em parte mínima do pedido, não há que se falar em
ocorrência de sucumbência recíproca, devendo ser mantida a condenação da
União ao pagamento das custas e despesas processuais, bem como dos
honorários advocatícios.
3. Agravos regimentais improvidos.
(AgRg nos EDcl no REsp 466.316/RS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 17/03/2009, DJe 30/03/2009)

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. SERVIDOR PÚBLICO. REAJUSTE


DE 28, 86%. AÇÃO CIVIL PÚBLICA N.º 97.0012192-5. SENTENÇA
EXEQÜENDA. INCIDÊNCIA SOBRE O PRÓ LABORE. CABIMENTO.
LIMITAÇÃO À MEDIDA PROVISÓRIA N.º 831/95. AGRAVO CONHECIDO
PROVIDO PARA DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL.
1. Evidenciando o manifesto caráter infringente dos presentes embargos,
recebo-os com agravo regimental, em atendimento aos princípios da economia
processual e da fungibilidade recursal, pois o resultado pretendido pelo ora
Embargante não se coaduna com a finalidade dos declaratórios de sanar omissão,
contradição ou obscuridade que, porventura, existam na decisão recorrida.
2. Conforme já asseverado na decisão agravada, de acordo com o
entendimento pacífico desta corte, se, de acordo com a jurisprudência desta
Corte a RAV – a partir da edição do acima citado diploma legal – tem como
base de cálculo o vencimento-básico, o mesmo tratamento deve ser
dispensado ao Pró labore e, por conseguinte, o reajuste de 28,86% incidirá
sobre a indigitada parcela, apenas quando aquele índice não houver sido
anteriormente aplicado no vencimento utilizado na conta.
3. Portanto, as diferenças do reajuste de 28,86% incidem sobre o Pró Labore
apenas a partir da edição da Medida Provisória n.º 831/95 – convertida na Lei n.º
9.624/98 –, desde que já não tenha incidido, na conta apresentada, sobre o
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Superior Tribunal de Justiça
vencimento básico.
4. Embargos de declaração conhecidos como agravo regimental, ao qual se nega
provimento.
(AgRg no Ag 1207323/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA,
julgado em 04/02/2010, DJe 01/03/2010)

Na mesma linha já decidiu as Turmas da 1ª Seção, após a alteração da competência


para processar e julgar feitos relativos a servidores civis e militares (Emenda Regimental
11/2010):
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.
AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DOS ARTIGOS 458 E 535 DO CPC.
VERIFICAÇÃO DO TÍTULO E A REVISÃO DOS CÁLCULOS DA
CONTADORIA. PREMISSA DO TRIBUNAL QUE DEMANDAM A ANALISE
DOS ASPECTOS FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. SÚMULA N. 7/STJ.
REAJUSTE DE 28,86%. BASE DE INCIDÊNCIA. REMUNERAÇÃO. NÃO
INCIDÊNCIA SOBRE A RAV.
1. A violação dos artigos 458, inc. II, e 535, inciso II, do CPC, não se efetivou no
caso dos autos, uma vez que não se vislumbra omissão, contradição ou
obscuridade no acórdão recorrido capaz de tornar nula a decisão impugnada no
especial. A Corte de origem apreciou a demanda de modo suficiente, havendo se
pronunciado acerca de todas as questões relevantes. É cediço que, quando o
Tribunal a quo se pronuncia de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos
autos, não cabe falar em ofensa dos dispositivos legais.
2. Alterar a conclusão do acórdão a quo a fim de verificar os termos constantes
do título executado, e de desconstituir a validade dos cálculos apresentados pela
Contadoria Judicial, são situações que demandam a apreciação dos aspectos
fáticos-probatório constante dos autos, inviável de reanálise em sede
extraordinária. Incidência do enunciado Sumula n. 7/STJ.
3. O reajuste de 28,86% não pode incidir diretamente sobre a Retribuição
de Adicional Variável (RAV), pois tais gratificações, com o advento da
Medida Provisória n. 831/95, possuem o vencimento dos servidores como
base de cálculo, de tal forma que já recebe indiretamente a incidência desse
percentual, sob pena de incorrer em bis in idem.
4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, não provido.
(REsp 1220233/PR, de minha relatoria, julgado em 17/02/2011, DJe 10/03/2011)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO


AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. REAJUSTE DE
28,86%. INCIDÊNCIA SOBRE A RAV. ACATAMENTO DA PLANILHA
OFICIAL DE CÁLCULOS. REFORMA DO JULGADO. REVOLVIMENTO DE
MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA 7/STJ.
1. Cinge-se a controvérsia acerca da incidência do reajuste de 28, 86% sobre a
RAV, postulando a União que o referido índice seja compensado com o aumento
de 26% concedido na tabela anexa da Lei n.
8.627/93, em relação ao maior cargo da carreira de Auditor Fiscal, que é a base
de cálculo da citada gratificação.
2. A jurisprudência desta Corte firmou o entendimento de que, tendo a
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Superior Tribunal de Justiça
Retribuição Adicional Variável - RAV, nos termos da MP 831/95,
posteriormente convertida na Lei 9.624/98, o vencimento básico como base
de cálculo, o reajuste de 28,86% somente incidirá sobre ela quando o índice
não tiver sido anteriormente aplicado no vencimento utilizado na conta, sob
pena de bis in idem. Precedentes do STJ.
3. No caso dos autos, a Corte de origem assentou que "nos moldes da remansosa
jurisprudência do STJ, não havendo a incidência sobre o salário-base, o reajuste
de 28,86% deve incidir sobre a RAV, sob pena de afronta direta ao princípio da
isonomia".
4. Agravo regimental não provido.
(AgRg no Ag 1291585/AL, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 03/02/2011, DJe 10/02/2011)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO.


REAJUSTE DE 28,86%. INCIDÊNCIA SOBRE A RAV. DECISÃO MANTIDA
POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.
- O v. aresto recorrido pronunciou-se de forma clara e precisa sobre as questões
postas, especialmente em relação ao cerceamento de defesa e aos honorários
advocatícios, não havendo omissão a ser sanada.
- No mérito, o Tribunal de origem firmou convencimento no mesmo sentido da
jurisprudência desta Corte, segundo a qual, com o advento da Medida Provisória
n. 831/95, convertida na Lei n. 9.624/98, a RAV foi incorporada aos vencimentos
do servidor, passando a ser, portanto, parcela de valor fixo, pelo que é devida a
incidência do percentual de 28,86% sobre ela [a RAV], desde que o referido
índice não tivesse sido anteriormente aplicado na base de cálculo utilizada
na conta, sob pena de bis in idem.
Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 1211137/RS, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, SEGUNDA
TURMA, julgado em 14/12/2010, DJe 18/02/2011)

Ocorre que o entendimento acima demonstrado, com todas as vênias, deve ser
revisto.

Explica-se.

A Retribuição Adicional Variável - RAV foi instituída, como indica o próprio nome,
como retribuição "variável", pela Lei 7.711/88, que assim dispôs, em seu art. 5º, verbis:
Art. 5º. Para o melhor desempenho na administração dos tributos federais, fica
instituída retribuição adicional variável aos integrantes da carreira de que trata o
Decreto-Lei n. 2.225, de 10 de janeiro de 1985, prevalecentes os quantitativos
previstos em seu Anexo I, para o atendimento de cujas despesas serão também
utilizadas recursos do Fundo referido no artigo anterior.
§ 1º O pagamento da retribuição adicional variável prevista neste artigo somente
será devida relativamente aos valores de multas e respectiva correção monetária
efetivamente ingressados, inclusive por meio de cobrança judicial.
§ 2º A retribuição adicional variável será atribuída em função da eficiência
individual e plural da atividade fiscal, na forma estabelecida em regulamento.
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Superior Tribunal de Justiça

Extrai-se do referido dispositivo que, no período de vigência da Lei 7.711/98, a RAV era
calculada mensalmente com base na arrecadação, sem qualquer correlação com as verbas
remuneratórias percebidas pelos servidores do cargo de Auditor Fiscal do Tesouro Nacional, para
os quais era conferida uma pontuação decorrente de sua produtividade fiscal. Por óbvio, por ser
uma vantagem decorrente da produtividade do servidor, sobre tal gratificação não incidia o
percentual de 28,86%.

Durante a vigência da Lei n. 8.477/92, a RAV passou a ser calculada pelo soldo do
Almirante-de-Esquadra, o qual foi reajustado pela Lei n. 8.627/93 no percentual de 28,86%, o que
afasta a incidência do reajuste sobre a RAV nesse período, sob pena de incorrer em bis in idem.

Sob a vigência da Medida Provisória nº 831, de 18 de janeiro de 1995 (sucedida pela


Medida Provisória nº 1.480-32 e reedições), posteriormente convertida na Lei 9.624, de 02 de
abril de 1998, promoveu-se uma alteração da sistemática de retribuição da RAV, a qual passou a
ser paga em valor fixo, correspondente ao seu teto de oito vezes o valor do maior vencimento da
respectiva tabela da carreira de Auditor Fiscal do Tesouro Nacional. É a seguinte a redação do
art. 11 da Lei 9.624:
Art. 11. A Retribuição Adicional Variável - RAV e o "pro labore", institutos pela
Lei 7.711, de 22 de dezembro de 1988, a Gratificação de Estimulo à Fiscalização e
Arrecadação - GEFA, instituída pela Lei 7.787, de 30 de junho de 1989, a
Retribuição Variável da Comissão de Valores Mobiliários - RVCVM e a
Retribuição Variável da Superintendência de Seguros Privados - RVSUSEP,
instituídas pela Lei nº 9.015, de 30 de março de 1995, observarão, como limite
máximo, valor igual a oito vezes o do maior vencimento básico da respectiva
tabela.

O ponto nodal da questão para o desenlace da controvérsia está em aferir se sobre o


reajuste de 28,86% incidente sobre a RAV, no período posterior à Medida Provisória n. 831/95,
ou seja, a partir da data em que o pagamento da vantagem passou a ser calculada sobre teto
vinculado à tabela de vencimentos básicos, deve ser compensado com o acréscimo
remuneratório outorgado aos auditores fiscais com base na Lei 8.627, de 19.2.93.

De fato, o entendimento constante da Súmula 672 do STF é no sentido de compensar o


reajuste de 28,86% com os aumentos concedidos pelas Leis 8.622/92 e 8.627/93.
Documento: 1201841 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/09/2013 Página 24 de 8
Superior Tribunal de Justiça

Assim, no caso do Auditor Fiscal do Tesouro Nacional (denominação alterada para


Auditor da Receita Federal somente depois, pela MP 1.915, de 29/06/1999, art. 2º), o índice de
28,86% incide sobre o vencimento básico e demais parcelas que não o tenham como base de
cálculo.

No que se refere ao Auditor Fiscal que saiu do padrão B-VI para o A-III, o reajuste
deve observar o reposicionamento promovido pela Lei 8.627/93 (situação que resultou, no
particular, em reajuste de 26,66%); daí a diferença de 2,2% para completar o reajuste de 28,86%.

Todavia, no que interessa à solução da presente controvérsia, verifica-se que a base de


cálculo da Retribuição Adicional Variável -RAV não é o vencimento básico de cada Auditor
Fiscal, e sim aquela estabelecida pela Medida Provisória nº 831, de 18/01/1995, conforme seu art.
8º (convertido na Lei 9.624/98, art. 11 - acima transcrito)- valor igual a oito vezes o do maior
vencimento básico da tabela referente aos Auditores Fiscais.

Nesses termos, relativamente a um determinado Auditor Fiscal reposicionado do padrão


B-VI para o A-III (o que foi utilizado como parâmetro pelo acórdão do Tribunal de origem para
se chegar ao resíduo de 2,2%), há uma coincidência no fato de o padrão A-III surgir duas vezes
no cálculo do reajuste de 28,86%: (i) está no vencimento básico deste Auditor Fiscal (aí sim, o
reajuste de 28,86% sofrerá compensação pelo reposicionamento); e (ii) está na base de cálculo
da RAV (que é de oito vezes o valor do mais alto vencimento básico da respectiva tabela, que é
o padrão A-III), e esta verba recebe o reajuste de 28,86% sem desconto por não ter como base
de cálculo o vencimento deste específico servidor, não tendo relevância, no ponto, o
reposicionamento determinado pela Lei 8.627/93.

Ora, a coincidência acima é situação que não se repete nos casos de reposicionamentos
dos Auditores Fiscais que estavam em outros padrões, promovidos pela Lei 8.627/93.

Por exemplo, quem foi reposicionado do padrão B-V (Cr$-6.888.069,00 - Anexo II da


Lei 8.622/92) para o A-II (Cr$-8.915.940,00 - Anexo II da Lei 8.622/92) por força do art. 3º, II,
da Lei 8.627/93, beneficiou-se de outro percentual de reajuste no que se refere ao vencimento
básico (29,44%), o qual deve ser considerado no pagamento dos 28,86% sobre esta verba;
porém, o índice de 28,86% incide normalmente sobre a RAV (pois, repita-se, tem como
vencimento básico o valor pago ao padrão A-III, multiplicado por oito, independentemente do

Documento: 1201841 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/09/2013 Página 25 de 8
Superior Tribunal de Justiça
padrão do Auditor Fiscal reposicionado).

É de se ressaltar que o padrão A-III já se encontrava previsto pela Lei 8.460/92 (Anexo
II) como o vencimento básico mais alto, não tendo relevância a existência ou não de servidores
ocupando padrões da classe A; e o aumento de valor promovido pelos arts. 1º e 2º da Lei
8.622/92 - de 100%, somado valor de Cr$-102.000,00 (cento e dois mil cruzeiros) - não é
compensável no pagamento do reajuste de 28,86% sobre a RAV porque é reajuste de natureza
diversa daquela constatada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RMS 22.307/DF,
que reconheceu revisão geral de vencimentos no reajustamento a maior de 28,86% no mais alto
soldo pago aos militares.

Em resumo, não há que confundir o pagamento do reajuste de 28,86% sobre o


vencimento básico do Auditor Fiscal (o que é compensável pelo reposicionamento) com o
pagamento do mesmo reajuste sobre a RAV, cuja base de cálculo é sempre o padrão A-III
multiplicado por oito, cujo reajuste pelas Leis 8.622/92 e 8.627/93 não justifica compensação, à
luz do entendimento do STF no RMS 22.307/DF e da Súmula 672.

Este é, portanto, o entendimento a ser aplicado no caso dos autos.

É de se frisar que no caso não há como determinar a compensação do


reposicionamento da Lei 8.627/93 no pagamento do reajuste de 28,86% sobre o vencimento
básico do Auditor Fiscal, sob pena de reformatio in pejus.

3) Da limitação temporal do reajuste de 28,86% à data da reestruturação da


carreira da Auditoria do Tesouro Nacional promovida pela edição da Medida Provisória
n. 1.915/1999:

Em suas razões, defende a parte recorrente que houve violação frontal ao alcance da
coisa julgada material, pois, na fase executória, determinou-se a compensação do reajuste de
28,86% com quaisquer vantagens já auferidas pelos servidores, inobstante à ausência de previsão
no título executivo produzido nos autos da Ação Ordinária n. 97.0003486-0, no qual se
reconheceu o direito dos servidores públicos da carreira da Auditoria Fiscal do Tesouro Nacional
de ter acrescido em seus vencimentos o percentual de reajuste de 28,86%, determinando a
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Superior Tribunal de Justiça
incidência do reajuste inclusive sobre a Retribuição Adicional Variável - RAV, sem restrições.
Excluiu-se, na decisão em comento, apenas os percentuais concedidos aos substituídos
processuais da UNAFISCO em virtude da Lei 8.627/93.

No pertinente à alegação de ofensa à coisa julgada em face da compensação dos


reajustes já percebidos pelos servidores, cabe trazer à baila os fundamentos do acórdão proferido
em sede de embargos de declaração (fls. 85/86 e-STJ):
Afirmou-se, ainda, que o v. acórdão contrariou os limites objetivos da coisa
julgada ou a eficácia preclusiva da norma declarada no título judicial como
previsto nos artigos 468, 474 e 471, do CPC, ao instante em que declarou que
certos índices deveriam ser deduzidos ou compensados, por conta da declaração
contida no título judicial exequendo.
O Superior Tribunal de Justiça - STJ já assentou que só configura ofensa à
coisa julgada, a subtração de índices posteriormente concebidos, do cálculo dos
28,86%, se a sentença exequenda não houver estabelecido a compensação de tais
valores. Confira-se:
DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. SERVIDOR
PÚBLICO FEDERAL. REAJUSTE DE 28,86%. EXECUÇÃO.
COMPENSAÇÃO. COISA JULGADA. ALEGAÇÃO GENÉRICA DE
OFENSA AO ART. 535 DO CPC. SÚMULA 284/STF. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. RECURSO ESPECIAL
CONHECIDO E IMPROVIDO.
1. A indicação genérica de ofensa ao art. 535, II, do CPC, sem
particularizar qual seria a suposta omissão do Tribunal de origem que
teria implicado ausência de prestação jurisdicional, importa em
deficiência de fundamentação, nos termos da Súmula 284/STF.
2. O Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal têm
entendido que, não sendo determinada, na sentença exeqüenda, a
compensação do reajuste de 28,86% (vinte e oito vírgula oitenta e seis
por cento), devido aos servidores públicos, com os valores pagos a
título dos reposicionamentos previstos nas Leis 8.622/93 e 8.627/93, tal
questão não pode ser discutida na execução, em respeito à coisa julgada.
3. Para comprovação da divergência jurisprudencial, cabe ao recorrente
provar o dissenso por meio de certidão, cópia autenticada ou pela
citação do repositório, oficial ou credenciado, em que tiver sido
publicada a decisão divergente, mencionando as circunstâncias que
identifiquem ou assemelhem os casos em confronto, nos termos dos
arts. 541, parágrafo único, do CPC e 255, §§ 1º e 2º, do Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça.
4. Hipótese em que a parte recorrente apenas transcreveu ementas dos
arestos paradigmas, deixando de realizar o necessário cotejo analítico
entre os julgados tidos por divergentes, pelo que não restou
demonstrado o dissídio jurisprudencial suscitado.
5. Recurso especial conhecido e improvido.
Não é essa, contudo, a situação que se configura nos autos. É que a
sentença proferida na ação de conhecimento foi alterada, por ocasião do
julgamento do recurso de apelação neste Tribunal, para se fazer excluir do
reajuste de 28,86% os percentuais porventura já concedidos (fl. 183, dos autos
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Superior Tribunal de Justiça
da execução em apenso).

Da leitura atenta do trecho acima transcrito, percebe-se que o Tribunal de origem


afirmou que o acórdão que resolvera o processo de cognição fez alusão expressa à exclusão do
reajuste de 28,86% dos percentuais porventura já concedidos. A partir dessa premissa, decidiu
que não resta configurada qualquer mácula à coisa julgada quando, na fase executória, há a
subtração de índices já concedidos do cálculo realizado para a concessão do reajuste de 28,86%,
na hipótese em que a própria sentença exequenda prevê a eventual compensação dos reajustes
já concedidos à categoria.

Sobre o tema, cumpre salientar que o Supremo Tribunal Federal, em ação na qual se
questionou a contrariedade à coisa julgada, reconheceu existir óbice na compensação de
reajustes já percebidos pelos servidores públicos, contemplados com reposicionamentos, no
cálculo do reajuste de 28,86%, na hipótese em que o título executivo não faz ressalva à
possibilidade de abatimento sobre as parcelas a serem pagas.

Nesse sentido, cumpre citar o seguinte julgado:

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. REVISÃO


DE VENCIMENTOS: 28,86%. Lei 8.627/93. COMPENSAÇÃO. EMBARGOS À
EXECUÇÃO. COISA JULGADA. I. - Tendo o acórdão exeqüendo não
determinado a compensação do reajuste de 28,86% com os valores já recebidos
com base na Lei 8.627/93, proferido em data anterior ao julgamento do EDRMS
22.307/DF pelo Supremo Tribunal Federal, descabe, em fase de liquidação,
promover a compensação de valores, sob pena de ofensa à coisa julgada. II. -
Agravo não provido (AgRg no AI 448.845, Rel. Min. Carlos Velloso, Segunda
Turma, DJ 25.11.05).

Nesta Corte Superior, a matéria referente à compensação de reajustes em sede de


execução foi posta a julgamento pelo rito previsto no art. 543-C do Código de Processo Civil,
momento em que a Primeira Seção, em acórdão relatado pelo Ministro Castro Meira nos autos
do Recurso Especial n.1.235.513/AL consignou que, após a última oportunidade de alegação de
objeção de defesa no processo cognitivo (marco temporal que pode coincidir com a data da
prolação da sentença, o exaurimento da instância ordinária ou mesmo o trânsito em julgado,
conforme o caso), acaso não haja previsão de qualquer limitação ao reajuste pelo índice de
28,86% em sua integralidade, é inviável promover, na fase executória, a compensação de valores

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Superior Tribunal de Justiça
já recebidos com base na Lei 8.627/93. É a seguinte a ementa do julgado em referência:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL
REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC E
RESOLUÇÃO STJ N.º 08/2008. SERVIDORES DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DE ALAGOAS-UFAL. DOCENTES DE ENSINO SUPERIOR. ÍNDICE DE
28,86%. COMPENSAÇÃO COM REAJUSTE ESPECÍFICO DA CATEGORIA.
LEIS 8.622/93 E 8.627/93. ALEGAÇÃO POR MEIO DE EMBARGOS À
EXECUÇÃO. TÍTULO EXECUTIVO QUE NÃO PREVÊ QUALQUER
LIMITAÇÃO AO ÍNDICE. VIOLAÇÃO DA COISA JULGADA. ARTS. 474 E
741, VI, DO CPC.
1. As Leis 8.622/93 e 8.627/93 instituíram uma revisão geral de remuneração,
nos termos do art. 37, inciso X, da Constituição da República, no patamar médio
de 28,86%, razão pela qual o Supremo Tribunal Federal, com base no princípio
da isonomia, decidiu que este índice deveria ser estendido a todos os servidores
públicos federais, tanto civis como militares.
2. Algumas categorias de servidores públicos federais também foram
contempladas com reajustes específicos nesses diplomas legais, como ocorreu
com os docentes do ensino superior. Em razão disso, a Suprema Corte decidiu
que esses aumentos deveriam ser compensados, no âmbito de execução, com o
índice de 28,86%.
3. Tratando-se de processo de conhecimento, é devida a compensação do índice
de 28,86% com os reajustes concedidos por essas leis. Entretanto, transitado em
julgado o título judicial sem qualquer limitação ao pagamento integral do índice de
28,86%, não cabe à União e às autarquias federais alegar, por meio de embargos,
a compensação com tais reajustes, sob pena de ofender-se a coisa julgada.
Precedentes das duas Turmas do Supremo Tribunal Federal.
4. Não ofende a coisa julgada, todavia, a compensação do índice de 28,86% com
reajustes concedidos por leis posteriores à última oportunidade de alegação da
objeção de defesa no processo cognitivo, marco temporal que pode coincidir com
a data da prolação da sentença, o exaurimento da instância ordinária ou mesmo o
trânsito em julgado, conforme o caso.
5. Nos embargos à execução, a compensação só pode ser alegada se não pôde
ser objetada no processo de conhecimento. Se a compensação baseia-se em fato
que já era passível de ser invocado no processo cognitivo, estará a matéria
protegida pela coisa julgada. É o que preceitua o art. 741, VI, do CPC: "Na
execução contra a Fazenda Pública, os embargos só poderão versar sobre (...)
qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como
pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que
superveniente à sentença".
6. No caso em exame, tanto o reajuste geral de 28,86% como o aumento
específico da categoria do magistério superior originaram-se das mesmas Leis
8.622/93 e 8.627/93, portanto, anteriores à sentença exequenda. Desse modo, a
compensação poderia ter sido alegada pela autarquia recorrida no processo de
conhecimento.
7. Não arguida, oportunamente, a matéria de defesa, incide o disposto no art. 474
do CPC, reputando-se "deduzidas e repelidas todas as alegações e defesas que a
parte poderia opor tanto ao acolhimento como à rejeição do pedido".
8. Portanto, deve ser reformado o aresto recorrido por violação da coisa julgada,
vedando-se a compensação do índice de 28,86% com reajuste específico da
categoria previsto nas Leis 8.622/93 e 8.627/93, por absoluta ausência de
previsão no título judicial exequendo.
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9. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao art. 543-C do CPC e à
Resolução STJ n.º 08/2008.

A interpretação a contrario sensu dessa orientação conduz à conclusão no sentido de


que, havendo previsão no título executivo de exclusão dos percentuais já concedidos, a
mencionada imposição, em sede de embargos à execução, não importa violação da coisa julgada.

Na hipótese em análise, a edição da Medida Provisória n. 1.915, de 30.7.1999,


promoveu uma reestruturação da Carreira Auditoria do Tesouro Nacional, alterando a
nomenclatura para "Carreira Auditoria da Receita Federal", além de reajustar a remuneração,
conceder aumento de um padrão para cada classe dos servidores em questão e extinguir a
Retribuição Adicional Variável - RAV, que foi substituída pela Gratificação de Desempenho de
Atividade Tributária - GDAT (art. 7º), calculada no percentual de até cinquenta por cento,
incidente sobre o vencimento básico do servidor.

Dessa feita, é cabível a limitação ao pagamento do reajuste de 28.86% à data de


reestruturação da carreira promovida pela Medida Provisória n. 1.915/99, a fim de que o
percentual em comento seja absorvido pelos novos padrões remuneratórios estabelecidos. A
ausência desse limite temporal, para se permitir a continuidade do pagamento do reajuste de
28,86%, resultaria num desbordamento desse percentual, o que sim representaria desrespeito à
garantia da coisa julgada.

Afasta-se, nesse ponto, a alegação de violação do disposto nos arts. 467, 468 e 474 do
Código de Processo Civil.

4) Da homologação judicial do acordo administrativo firmado para a percepção


das diferenças de vencimento:

Melhor sorte não assiste aos recorrentes no pertinente à alegação de que, a teor do
previsto no artigo 7º da Medida Provisória nº 1.704/98, a comprovação da homologação judicial
do acordo administrativo é medida imprescindível para o aproveitamento da transação como
óbice à pretensão executória.

A Medida Provisória 1.704, de 30 de junho de 1998, estendeu aos servidores públicos


civis da Administração direta, autárquica e fundacional o reajuste de 28,86%, já reconhecido pelo
Supremo Tribunal Federal nos autos do RMS 22.307/DF, destacando, em seu art. 6º, a
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possibilidade de celebração de acordo administrativo firmado individualmente para percepção de
valores retroativos (1º/1/93 a 30/6/98). Estipulou, ainda, que, em relação aos servidores em litígio
judicial, a opção para recebimento das diferenças remuneratórias na esfera administrativa
dependeria de homologação pelo juízo competente. É o que se extrai do disposto no art. 7º da
mencionada norma, in verbis:

Art. 7º Ao servidor que se encontre em litígio judicial visando ao pagamento da


vantagem de que cuida esta Medida Provisória é facultado receber os valores
devidos até 30 de junho de 1998, pela via administrativa, firmando transação, até
30 de dezembro de 1998, a ser homologada no juízo competente."

É certo que, segundo a dicção do dispositivo legal em comento, o acordo administrativo


firmado por servidor que tenha ação em curso para se discutir a percepção das diferenças de
vencimento somente surtirá efeitos sobre a lide quando homologado judicialmente.

Ocorre que, na hipótese dos autos, há uma peculiaridade que não pode ser
desconsiderada. No caso, houve exequente que fez acordo administrativo, mas não ajuizou
individualmente ação de conhecimento, ou seja, não postulou, concomitantemente, tanto na esfera
administrativa quanto na judicial, a percepção do reajuste em tela. Todavia, tal exequente foi
beneficiado pela sentença proferida em ação de conhecimento coletiva que condenou a União no
pagamento de valores devidos a servidor pela Administração Pública (reajuste de 28,86%).

Desta feita, é despicienda a homologação judicial do termo de transação extrajudicial,


posto que inviável a execução de tal providência, diante da inexistência, à época da celebração do
acordo, de demanda judicial entre as partes transigentes.

Nessa linha de compreensão, é a jurisprudência dominante nesta Corte Superior,


bastando citar os seguintes julgados:

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.


ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. REAJUSTE DE 28,86%.
ACORDO ADMINISTRATIVO. HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL.
IRRELEVÂNCIA NO CASO.
I - Conforme orientação jurisprudencial pacificada no âmbito desta e. Terceira
Seção, o termo de transação extrajudicial relativo ao reajuste de 28,86% firmado
em data anterior à edição da Medida Provisória nº 2.169/2001 deve ser levado à
homologação judicial.
II - Todavia, tal providência é inexequível quando a transação administrativa é
celebrada sem que houvesse entre as partes demanda judicial em curso.
III - In casu, após celebradas transações administrativas nos idos de 1999,
somente no ano de 2006 as exequentes vieram a dar início à execução de título
oriundo de ação coletiva proposta pelo sindicato da categoria.

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Embargos de divergência acolhidos. (EREsp 1082526 / RS, rel. Ministro Felix
Fischer, Terceira Seção, DJe 12/03/2010)

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO


RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO. REAJUSTE DE 28,86%.
EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA PROFERIDA EM AÇÃO
COLETIVA. ANTERIOR ACORDO EXTRAJUDICIAL. HOMOLOGAÇÃO.
DESNECESSIDADE. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. Inexistindo prévia ação entre as partes, é válido e eficaz o termo de transação
extrajudicial relativo ao reajuste de 28,86%, sendo desnecessária sua
homologação em juízo (EREsp 1.082.526/RS, Rel. Min. FELIX FISCHER,
Terceira Seção, DJe 12/3/10).
2. No caso, trata-se de execução individual de título judicial oriundo de ação
coletiva que reconheceu a servidores públicos federais o direito ao reajuste de
28,86%. Não há notícia de que tenha sido movida ação de conhecimento pela
própria parte exequente. Por conseguinte, não se mostra necessária prova da
homologação judicial do acordo firmado na esfera administrativa.
3. Enquanto não for rescindida ou declarada nula, a transação extrajudicial,
porque põe termo ao litígio, impede que se promova execução do título judicial
oriundo de ação civil pública ou qualquer outra ação coletiva com o mesmo
objeto.
4. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1232758 / RS, rel. Ministro
Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 26/05/2011)

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO.


SERVIDOR. 28,86%. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.169/2001. ACORDO
ADMINISTRATIVO. HOMOLOGAÇÃO. DESNECESSIDADE.
PRECEDENTES.
1. Esta Corte Superior de Justiça firmou já entendimento no sentido de não se
exigir homologação de acordo de transação, firmado em data anterior à Medida
Provisória nº 2.169/2001, quando não há demanda judicial individual entre o
servidor e a Administração. Precedentes.
2. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1221248 / RS, rel. Ministro
Hamilton Carvalhido, Primeira Turma, DJe 26/04/2011)

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO


RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO. REAJUSTE DE 28,86%.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA
INFRACONSTITUCIONAL APONTADA COMO VIOLADA EM TORNO DOS
ARTIGOS 741 DO CPC E 46 DA LEI 8.112/90. SÚMULA 211 DO STJ.
INCIDÊNCIA.
1. O acórdão Regional, mesmo com a oposição de embargos declaratórios, não
teceu juízo interpretativo acerca da matéria dos artigos 741 do CPC e 46 da Lei
8.112/90. Aplicação da Súmula 211 do STJ.
2. "Não se exige a homologação do acordo quando este é celebrado no momento
em que não há demanda judicial entre o servidor e a Administração." (AgRg no
REsp 1.137.368/RS, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe de
10/05/2010)
3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1219171 / RS, rel. Ministro
Benedito Gonçalves,DJe 25/03/2011)

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Também nesse ponto não é possível acolher os argumentos de que o acórdão de origem
infringiu dispositivos de leis federais - arts. 104 e 166 do Código Civil e ao art. 7º da Medida
Provisória n. 2.169/2001, visto que foi seguida a jurisprudência prevalente nesta Corte Superior
ao afastar a necessidade de homologação judicial do acordo celebrado na esfera administrativa.

Pelas considerações expostas, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso especial


para determinar o pagamento do reajuste de 28,86% sobre a Retribuição Adicional Variável -
RAV na forma integral.

Os ônus sucumbenciais fixados pela sentença devem ser restabelecidos.

Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ n. 8/08.

É como voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO

Número Registro: 2011/0136153-5 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.318.315 / AL

Números Origem: 00040276420114050000 200480000082921

PAUTA: 10/04/2013 JULGADO: 10/04/2013

Relator
Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. FLAVIO GIRON
Secretária
Bela. Carolina Véras

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANITA NUNES PEREIRA E OUTROS
ADVOGADOS : ANTÔNIO NABOR AREIAS BULHÕES E OUTRO(S)
SÉRGIO LUDMER E OUTRO(S)
JOAO HUMBERTO DE FARIAS MARTORELLI E OUTRO(S)
RECORRIDO : UNIÃO

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Servidor


Público Civil - Sistema Remuneratório e Benefícios

SUSTENTAÇÃO ORAL
Sustentaram oralmente o Dr. ANTÔNIO NABOR AREIAS BULHÕES, pela recorrente e o Dr.
ALEXANDRE ALVES FEITOSA, pela recorrida.

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Após o voto do Sr. Ministro Mauro Campbell Marques dando parcial provimento ao
recurso especial, pediu vista o Sr. Ministro Benedito Gonçalves.
Aguardam os Srs. Ministros Sérgio Kukina, Ari Pargendler, Eliana Calmon, Arnaldo
Esteves Lima, Humberto Martins e Napoleão Nunes Maia Filho.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Herman Benjamin.

Documento: 1201841 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/09/2013 Página 34 de 8
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO

Número Registro: 2011/0136153-5 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.318.315 / AL

Números Origem: 00040276420114050000 200480000082921

PAUTA: 26/06/2013 JULGADO: 11/09/2013

Relator
Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. WALLACE DE OLIVEIRA BASTOS
Secretária
Bela. Carolina Véras

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ANITA NUNES PEREIRA E OUTROS
ADVOGADOS : ANTÔNIO NABOR AREIAS BULHÕES E OUTRO(S)
SÉRGIO LUDMER E OUTRO(S)
JOAO HUMBERTO DE FARIAS MARTORELLI E OUTRO(S)
RECORRIDO : UNIÃO

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Servidor


Público Civil - Sistema Remuneratório e Benefícios

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo no julgamento, a Seção, por unanimidade, deu parcial provimento ao
recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator."
Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves (voto-vista), Sérgio Kukina, Ari Pargendler, Eliana
Calmon, Arnaldo Esteves Lima, Humberto Martins, Herman Benjamin (que se declarou habilitado a
votar) e Napoleão Nunes Maia Filho votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Castro Meira.

Documento: 1201841 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/09/2013 Página 35 de 8
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RECURSO ESPECIAL Nº 1.318.315 - AL (2011/0136153-5)

RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES


RECORRENTE : ANITA NUNES PEREIRA E OUTROS
ADVOGADOS : ANTÔNIO NABOR AREIAS BULHÕES E OUTRO(S)
SÉRGIO LUDMER E OUTRO(S)
JOAO HUMBERTO DE FARIAS MARTORELLI E OUTRO(S)
RECORRIDO : UNIÃO
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL.
SERVIDOR PÚBLICO. REAJUSTE DE 28,86% SOBRE RAV. INCIDÊNCIA
SOBRE A FORMA INTEGRAL. VIOLAÇÃO À COISA JULGADA. NÃO
OCORRÊNCIA. LIMITAÇÃO TEMPORAL DO PAGAMENTO. MEDIDA
PROVISÓRIA 1.915/99. EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA
PROFERIDA EM AÇÃO COLETIVA. ACORDO EXTRAJUDICIAL.
HOMOLOGAÇÃO. DESNECESSIDADE.
1. Analisa-se no presente feito, como tema central, a possibilidade ou não da
compensação do reajuste de 28,86% sobre a Retribuição de Adicional Variável - RAV
com o percentual de 26,66% correspondente ao reajuste salarial dado à categoria dos
Auditores Fiscais de Receita Federal com o reposicionamento do padrão VI da Classe
"B" para o padrão II da Classe "A", nos termos da Lei 8.627/93.
2. Não há falar em ofensa à coisa julgada, pois a sentença proferida na ação de
conhecimento foi alterada, por ocasião do julgamento do recurso de apelação, em que se
fez constar a exclusão do reajuste de 28,86% sobre "os percentuais porventura já
concedidos" (fl. 1.335-1.346).
3. O termo de transação extrajudicial, relativo ao reajuste de 28,86%, firmado em data
anterior à edição da MP 2.169/2001, dispensa a homologação judicial. Dentre os
precedentes, destaco: AgRg no REsp 1264567/RS, Rel. Ministro Benedito Gonçalves,
Primeira Turma, DJe 26/02/2013.
4. No caso dos autos, conforme bem observado pelo Ministro Relator, há exequentes
que fizeram acordos administrativos, mas não ajuizaram ação de conhecimento, ou seja,
não postularam, concomitantemente, o recebimento da referida vantagem na esfera
administrativa e judicial. Desta forma, não é necessária a homologação judicial do termo
de transação extrajudicial, posto que é inviável a execução de tal providência, diante da
inexistência, à época da celebração do acordo, de demanda judicial entre as partes
transigentes.
5. Quanto à incidência ou não dos 28,86% sobre a RAV no período posterior à MP
831/95, também acompanho o ilustre Relator para determinar o pagamento do reajuste
de 28,86% sobre a Retribuição Adicional Variável - RAV na forma integral, à luz do
entendimento do STF no RMS 22.307-DF e da Súmula 672/STF, pois "não há que
confundir o pagamento do reajuste de 28,86% sobre o vencimento básico do
Auditor Fiscal (o que é compensável pelo reposicionamento) com o pagamento do
mesmo reajuste sobre a RAV, cuja base de cálculo é sempre o padrão A-III
multiplicado por oito vezes"
6. Recurso especial parcialmente provido, acompanhando o relator.
VOTO-VISTA

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O SENHOR MINISTRO BENEDITO GONÇALVES: Senhor Presidente,


considerando que o presente feito está sendo julgado pelo rito do art. 543-C do CPC pedi vista dos
autos.

Para melhor compreensão da demanda, é necessário que se faça um retrocesso dos


acontecimento.

No processo de conhecimento, o Tribunal de origem, em apelação, proveu parcialmente o


recurso da Fazenda para, ajustando-se à decisão do STF, "excluir do reajuste de 28,86% os
percentuais porventura já concedidos" (fl. 1335-1346).

No curso da execução, a Corte local considerou que, por ocasião da entrada em vigor da
Lei 8.627/93, o maior vencimento básico da tabela de Auditor Fiscal da Receita Federal era o da
Classe "B", Padrão VI, cujos ocupantes, em razão da alteração legislativa, tiveram progressão
remuneratória no percentual de 26,66%.

No presente recurso especial, os recorrentes, em síntese, questionam:

(i) a impossibilidade de compensação do reajuste de 28,86% com outros títulos de natureza


diversa do reajuste previsto na Lei n. 8.627/93, sob pena de ofensa a coisa julgada, e também a
fixação da vigência da Medida Provisória n. 1.915/99 como limite temporal à incidência do reajuste
de 28,86%;

(ii) a necessidade de homologação judicial para validar os acordos extrajudiciais celebrados


para percepção das vantagens, na forma do art. 7º da Medida Provisória n. 2.169/2001;

(iii) a incidência do mencionado percentual sobre a Retribuição de Adicional Variável -


RAV, cuja base de cálculo é o maior vencimento básico da carreira.

DA OFENSA A COISA JULGADA (ARTS. 468, 474 E 471 DO CPC)

Filiando-me às conclusões do então Relator, entendo que a tese de ofensa à coisa julgada
não merece guarida, pois a sentença proferida na ação de conhecimento foi alterada, por ocasião do

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julgamento do recurso de apelação, em que se fez constar a exclusão do reajuste de 28,86% sobre
"os percentuais porventura já concedidos", in verbis (fl. 1335-1346, sem grifos no original):

7. Apelação e Remessa oficial parcialmente providas, para, ajustando-se à


decisão do Supremo Tribunal Federal, suso-referida, excluir do reajuste de
28,86% os percentuais porventura já concedidos.
Nesse sentido, transcreve as razões do voto do Ministro Mauro Campbell Marques (sem
grifos no original):

Na hipótese em análise, a edição da Medida Provisória n 1.915, de 30.7.1999,


promoveu uma reestruturação da Carreira Auditoria do Tesouro Nacional,
alterando a sua nomenclatura para "Carreira Auditoria da Receita Federal", além
de reajustar a remuneração, conceder aumento de um padrão para cada classe
dos servidores em questão e extinguir a Retribuição Adicional Variável - RAV,
que foi substituída pela Gratificação de Desempenho da Atividade Tributária -
GDAT (art. 7º), calculada no percentual de cinquenta por cento, incidente sobre o
vencimento básico do servidor.
Destarte, é cabível a limitação ao pagamento do reajuste de 28,86% à data
de reestruturação da carreira promovida pela Medida Provisória n
1.915/99, a fim de que o percentual em comento seja absorvido pelos
novos padrões remuneratórios estabelecidos. A ausência desse limite
temporal, para se permitir a continuidade do pagamento do reajuste de 28,86%,
resultaria num desbordamento desse percentual, o que sim representaria
desrespeito à garantia da coisa julgada.
DA NECESSIDADE DE HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL PARA VALIDAR OS
ACORDOS EXTRAJUDICIAIS CELEBRADOS PARA PERCEPÇÃO DAS
VANTAGENS, NA FORMA DO ART. 7º DA MEDIDA PROVISÓRIA N. 2.169/2001

O termo de transação extrajudicial, relativo ao reajuste de 28,86%, firmado em data


anterior à edição da MP 2.169/2001, dispensa a homologação judicial. Dentre os precedentes,
destaco: AgRg no REsp 1264567/RS, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe
26/02/2013.

No caso dos autos, conforme bem observado pelo Ministro Relator, há exequentes que
fizeram acordos administrativos, mas não ajuizaram ação de conhecimento, ou seja, não postularam,
concomitantemente, o recebimento da referida vantagem na esfera administrativa e judicial.

Desta forma, não é necessária a homologação judicial do termo de transação extrajudicial,


posto que é inviável a execução de tal providência, diante da inexistência, à época da celebração do

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acordo, de demanda judicial entre as partes transigentes.

DOS 28,86% SOBRE RETRIBUIÇÃO ADICIONAL VARIÁVEL - RAV


PERCEBIDAS PELOS AUDITORES FISCAIS

Passo à análise da principal questão trazida nos presentes autos.

Conforme bem delimitado pelo Ministro Relator, o ponto nodal da questão para o desenlace
da controvérsia está em aferir se sobre o reajuste de 28,86% incide sobre a RAV, no período
posterior à Medida Provisória nº. 831/95, ou seja, a partir da data em que o pagamento da vantagem
passou a ser calculada sobre o teto vinculado à tabela de vencimentos básicos, devendo ou não ser
compensado com o acréscimo remuneratório outorgado aos Auditores Fiscais com base na Lei
8.627, de 19.2.1993.

A Corte local, ao prover o recurso fazendário, determinou a compensação do citado


reajuste (28,86%) sobre a RAV com o percentual de 26,66% correspondente ao impacto sofrido
pelo Auditor Fiscal que foi reposicionado do padrão VI da Classe "B" para o padrão III da Classe
"A", nos termos da Lei 8.627/93, tendo como base a orientação firmada pela 6ª Turma no AgRg no
REsp 800.007-RS.

No período que interessa à presente demanda, ou seja, na vigência da Medida Provisória


831, de 18 de janeiro de 1995, posteriormente convertida na Lei 9.624, de 2 de abril de 1998,
promoveu-se alteração sistemática na retribuição da RAV, que passou a ser paga em valor fixo,
correspondente ao teto de oito vezes o valor do maior vencimento da respectiva tabela da carreira
de Auditor Fiscal do Tesouro Nacional, in verbis:

Art. 11. A Retribuição Adicional Variável - RAV e o "pro labore", institutos pela Lei nº
7.711, de 22 de dezembro de 1988, a Gratificação de Estímulo à Fiscalização e
Arrecadação - GEFA, instituída pela Lei nº 7.787, de 30 de junho de 1989, a
Retribuição Variável da Comissão de Valores Mobiliários - RVCVM e a Retribuição
Variável da Superintendência de Seguros Privados - RVSUSEP, instituídas pela Lei nº
9.015, de 30 de março de 1995, observarão, como limite máximo, valor igual a
oito vezes o do maior vencimento básico da respectiva tabela. (grifos nossos)

Assim, deixou-se de levar em consideração a produtividade, para se ter como parâmetro o


valor fixo, estabelecendo como limite máximo, valor igual a oito vezes o do maior vencimento
básico da respectiva tabela.

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É por isso que encampo as razões jurídicas do voto do Ministro Mauro Campbell Marques
no sentido de que:

A base de cálculo da Retribuição Adicional Variável - RAV não é o vencimento


básico de cada Auditor Fiscal, e sim aquela estabelecida pela Medida Provisória n.
831, de 18/01/1995, conforme seu art. 8º (convertido na Lei 9.624/98, art. 11 -
acima transcrito) - valor igual a oito vezes o do maior vencimento básico da tabela
referente aos Auditores Fiscais.
Nesses termos, relativamente a um do determinado Auditor Fiscal reposicionado do
padrão B-VI para o A-III (o que foi utilizado como parâmetro pelo acórdão do
Tribunal de origem para se chegar ao resídio de 2,2%), há uma coincidência no fato
de o padrão A-III surgir duas vezes no cálculo do reajuste de 28,86%: (i) está no
vencimento básico deste Auditor Fiscal (aí sim, o reajuste de 28,86% sofrerá
compensação pelo reposicionamento) e (ii) está na base de cálculo da RAV (que é
de oito vezes o valor do mais alto vencimento básico da respectiva tabela, que é o
padrão A-III), e esta verba recebe o reajuste de 28,86% sem desconto por não ter
como base de cálculo o vencimento deste específico servidor, não tendo relevância,
no ponto, o reposicionamento determinado pela Lei 8.627/93.
Ora, a coincidência acima é situação que não se repete nos casos de
reposicionamento dos Auditores Fiscais que estavam em outros padrões, promovidos
pela Lei 8.627/93.
Por exemplo, quem foi reposicionamento do padrão B-V (Cr$6.880.069,00 - Anexo
II da Lei 8.622/92) para o A-II (Cr$ 8.915.940,00 - Anexo II da Lei 8.622/92) por
força do art. 3º, II, da Lei 8.627/93, beneficiou-se de outro percentual de reajuste
no que se refere ao vencimento básico (29,44%), o qual deve ser considerando no
pagamento dos 28,86% sobre esta verba; porém, o incide de 28,86% incide
normalmente sobre a RAV (pois, repita-se, tem como vencimento básico o valor
pago ao padrão A-III, multiplicado por oito vezes, indpendentemente do padrão do
Auditor Fiscal reposicionado).
É de se ressaltar que o padrão A-III já se encontrava previsto pela Lei 8.460/92
(Anexo II) como o vencimento básico mais alto, não tendo relevância a existência
ou não de servidores ocupando padrões da classe "A"; e o aumento de valor
promovido pelos arts. 1º e 2º da Lei 8.622/92 - de 100%, somado valor de
Cr$102.000,00 (cento e dois mil cruzeiros) - não é compensável no pagamento do
reajuste de 28,86% sobre a RAV porque é reajuste de natureza diversa daquela
constatada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RMS 22.307/DF, que
reconheceu revisão geral de vencimentos no reajustamento a maior de 28,86% no
mais alto soldo pago aos militares.
Em resumo, não há que confundir o pagamento do reajuste de 28,86% sobre o
vencimento básico do Auditor Fiscal (o que é compensável pelo reposicionamento)
com o pagamento do mesmo reajuste sobre a RAV, cuja base de cálculo é sempre o
padrão A-III multiplicado por oito vezes, cujo reajuste pelas Leis 8.622/92 e
8.627/93 não justifica a compensação, à luz do entendimento no RMS 22.307/DF e
da Súmula 672.
Por tudo isso, acompanho o ilustre Ministro Relator para determinar o pagamento do
reajuste de 28,86% sobre a Retribuição Adicional Variável - RAV na forma integral, à luz do
entendimento do STF no RMS 22.307-DF e da Súmula 672/STF.

Documento: 1201841 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/09/2013 Página 40 de 8
Superior Tribunal de Justiça

Diante do exposto, acompanho, na íntegra, o voto do ilustre Ministro Relator, no


sentido de prover parcialmente o recurso especial para:

(i) afastar ofensa à coisa julgada;

(ii) considerar desnecessária a homologação judicial para validar os acordos


extrajudiciais celebrados para percepção das vantagens, na forma do art. 7º da Medida
Provisória n. 2.169/2001;

(iii) determinar o pagamento do reajuste de 28,86% sobre a Retribuição Adicional


Variável - RAV na forma integral, à luz do entendimento do STF no RMS 22.307-DF e da
Súmula 672/STF.

É como voto.

Documento: 1201841 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/09/2013 Página 41 de 8

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