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Juízo de Direito da 10ª Vara Criminal da Capital


Av. Presidente Roosevelt, 206, Fórum Desembargador Jairon Maia Fernandes, Barro Duro - CEP 57045-

Para conferir o original, acesse o site https://www2.tjal.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0726119-88.2021.8.02.0001 e código 5FED83A.
900, Fone: 3218-3537, Maceió-AL - E-mail: vcriminal10@tjal.jus.br

Autos n° 0726119-88.2021.8.02.0001
Ação: Ação Penal - Procedimento Ordinário
Autor: Ministério Público Estadual 10ª Vara Criminal
Réu: Jamerson Pereira dos Santos e outro

SENTENÇA

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por GEORGE LEAO DE OMENA, liberado nos autos em 07/10/2022 às 09:36 .
I – RELATÓRIO
O Ministério Público do Estado de Alagoas, com base no Auto de Prisão em
Flagrante nº 9323/2021 – DERC, ofereceu denúncia em face de CARLOS
ALBERTO SILVA SOUZA, brasileiro, nascido em 16/12/1994, CPF nº
112.548.104-80, RG nº 33477043 SSP/AL, filho de Joselito Souza Davi e de
Edirlene dos Santos Silva Souza, e JAMERSON PEREIRA DOS SANTOS,
brasileiro, nascido em 27/08/1988, CPF nº 085.070.764-16, filho de Maria de Jesus
Pereira dos Santos, atribuindo-lhes a autoria do crime previsto no art. 157, caput, do
Código Penal (roubo simples), narrando a conduta delitiva nos seguintes termos:
Consta dos autos do Boletim de Ocorrência n.º 99467/2021 – Central de
Flagrantes, em anexo, que, no dia 23 de setembro de 2021, por volta das
19h30, na Rua Pedro Domingos da Silva, Tabuleiro dos Martins, os
autores Carlos Alberto Silva Souza e Jamerson Pereira dos Santos,
mediante grave ameaça, portando simulacro arma de fogo, subtraíram os
aparelhos celulares da vítima Beatriz Kaline Pereira da Silva e de uma
prima desta, não identificada nos autos. Conforme o procedimento
investigativo, após a prática delitiva, os denunciados empreenderam
fuga em um Ford Fiesta Sedan de placa NMO-2383, tendo a placa
repassada para a polícia, que localizou o veículo de posse de Carlos
Alberto Silva Souza. Este indicou a pessoa de Jamerson Pereira dos
Santos, tendo a polícia localizado em sua residência os celulares das
vítimas e um simulacro de arma de fogo. Desta forma, os autores do fato
receberam voz de prisão em flagrante.

Os acusados foram presos em flagrante no dia 24/09/2021, tendo o Juízo de


Direito da Central de Audiência de Custódia homologado a prisão em flagrante e
concedido a liberdade provisória ao acusado Carlos Alberto Silva Souza. Em relação
ao réu Jamerson Pereira dos Santos, a prisão em flagrante foi convertida em
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preventiva (fls. 53/59).


Auto de Prisão em Flagrante nº 9323/2021 – DERC às fls. 121/160.
A denúncia foi recebida no dia 03/11/2021 (fls. 114/116).
Os acusados apresentaram resposta à acusação às fls. 171/175, tendo este
juízo apreciado-as na decisão de fls. 184/186, determinando a designação da
audiência de instrução.
Em audiência de instrução no dia 08/03/2022 (fls. 223/229), foram

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inquiridas a representante da vítima, Carmen da Silva Souza, a testemunha de
acusação Carlos Alberto Eugênio dos Santos e a testemunha de defesa Karolayne
Alves dos Santos. Em seguida, procedeu-se ao interrogatório dos réus Jamerson
Pereira dos Santos e Carlos Alberto Silva Souza.
A prisão preventiva do réu Jamerson Pereira dos Santos foi mantida às fls.
276/277.
Em audiência de continuação da instrução no dia 19/07/2022 (fls. 310/312),
foi inquirida a testemunha de defesa Leonardo da Silva.
Em sede de alegações finais, o Ministério Público destacou a existência de
provas que consubstanciam a acusação do réu Jamerson Pereira dos Santos, como
prova da materialidade delitiva e dos depoimentos colhidos em sede de prova
testemunhal. Desse modo, requereu sua condenação nos termos do art. 157, inciso
II, do Código Penal. Por outro lado, pugnou pela absolvição do réu Carlos Alberto
da Silva Souza, com base no art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal (fls.
315/319).
Por sua vez, a Defensoria Pública apresentou alegações finais em favor do
réu Jamerson Pereira da Silva, requerendo a declaração de nulidade da prova
consistente nos reconhecimentos por meio de fotografia, bem como as derivadas.
Subsidiariamente, requereu a aplicação da pena mínima (fls. 336/341).
A defesa do acusado Carlos Alberto Silva Souza requereu a improcedência
das acusações ventiladas na denúncia, com o reconhecimento da total insuficiência
de provas, levando à absolvição do réu (fls. 342/344).
É o relatório. Passo a decidir.
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II – FUNDAMENTAÇÃO
Trata-se de ação penal pública incondicionada, objetivando-se apurar a
responsabilidade criminal de CARLOS ALBERTO SILVA SOUZA e
JAMERSON PEREIRA DOS SANTOS, já qualificados, pela prática do crime
previsto no art. 157, caput, do Código Penal (roubo simples).
O processo não ostenta vícios e restou concluído sem que fosse verificada,
até o presente momento, qualquer eiva de nulidade ou ilegalidade que pudesse

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obstar a análise de seu mérito. Encontram-se presentes as condições da ação, bem
como os seus pressupostos processuais.
O crime de roubo majorado trazido na denúncia está descrito no Código
Penal:
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante
grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de
quatro a dez anos, e multa.

O sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa, sendo qualificado como
crime comum. Da mesma forma, o sujeito passivo poderá ser qualquer pessoa,
sendo proprietário, possuidor ou mero detentor da coisa, bem como a pessoa quem
se dirige a violência ou grave ameaça, ainda que desligada da lesão patrimonial.
A conduta típica do delito consiste em apoderar-se o agente, para si ou para
outrem, de coisa alheia móvel, tirando-a de quem a detém (diminui-se o patrimônio
da vítima) mediante grave ameaça ou violência, ou ainda por ter reduzido a
capacidade de resistência da vítima. O delito pode ser identificado como roubo
próprio, quando a violência é empregada antes ou durante a subtração, ou impróprio,
quando aplicada após.
Por sua vez, o objeto material, é a coisa móvel, mas também a pessoa
humana contra quem se endereça a violência ou a grave ameaça.
Analisado o tipo penal, passo a avaliar as declarações das pessoas ouvidas na
instrução como meio de formar meu convencimento a respeito da materialidade e da
autoria.
1) A representante da vítima, Carmen da Silva Souza, afirmou perante a
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autoridade judicial (fl. 223):


que estava na porta de casa com sua prima, na calçada, quando notou
que um carro branco estava subindo e descendo muitas vezes; que
acharam que o carro estava procurando alguma coisa; que estavam
comendo e conversando, quando viu um cara estranho, que nunca tinha
passado na rua, entrar; que falou para sua prima desligar o celular e
entrar dentro de casa; que ele pegou uma folha do lado da sua casa e
começou a desfiá-la; que ele veio pedir informação, perguntando para
sua prima, em tom de deboche, se havia perninha machucada; que se
levantou assustada, enquanto ele se encostou na parede da vizinha e
disse ‘se correr’, momento em que gritou e saiu correndo; que sua prima

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ficou lá sentada; que sua primou ficando puxando o celular de um lado,
enquanto ele puxava do outro; que no short da sua prima havia o celular
dela, ele viu e pediu para ela passar; que ele puxou com toda a força e
saiu correndo; que começou a gritar e estava passando um motoqueiro
na hora, perguntando o que havia ocorrido, e sua vizinha da frente viu
que o carro estava dando seta e disse ter sido aquele; que o motoqueiro
conseguiu gravar a placa e conseguiram acionar a polícia; que ele só
chegou e puxou o celular; que ele veio andando da esquina, ficando o
carro à distância; que dava para ver o carro na esquina da sua casa; que
viu as fotos dos dois na delegacia; que não viu a pessoa do carro pois o
vidro estava fechado, mas o que veio pegar o celular delas estava de
boné e o seu cabelo era vermelho; que os celulares roubados foram
recuperados; que os aparelhos foram encontrados com o motorista,
porque o carro era alugado e a mulher que alugou disse onde o carro
estava; que acharam o seu celular com ele (motorista) e o da sua prima
com o que abordou-as; que a sua prima tem a mesma idade que ela; que
o policial lhe informou que um dos celulares foi encontrado com o
motorista.

2) A testemunha de acusação Carlos Alberto Eugênio dos Santos afirmou


perante a autoridade judicial (fl. 223):
que estava fazendo rondas naquela região, quando foram abordados por
pessoas informando que um carro, descrevendo modelo e placa, havia
acabado de assaltá-los; que o fato tinha ocorrido há cerca de cinco a dez
minutos; que começaram a fazer diligências com a informação da
direção em que eles tinham ido; que o carro foi encontrado na Chã da
Jaqueira salvo engano; que encontraram o veículo e o abordaram; que só
tinha um indivíduo no carro, e ele informou que havia cometido esse
assalto junto ao seu companheiro; que ele sabia onde o companheiro
morava e foram até a casa desse indivíduo; que pediram permissão a
mulher desse indivíduo para entrar na casa; que entraram na casa e o
abordaram, e ele já foi dizendo que lá estava o material, os dois celulares
e um simulacro; que ele havia cometido um assalto com esse mesmo
indivíduo que estava no carro; que levaram os mesmos para a delegacia
e lá foi feito o procedimento; que o indivíduo que estava no carro disse
inicialmente ser uber e ter sido forçado a isso, no entanto, depois de
conversarem com ele, ele confirmou que realmente fez esse crime junto
com o outro indivíduo; que os bens da vítima só foram encontrados com
o outro indivíduo; que o outro indivíduo confessou ter cometido o crime
junto com o outro (motorista); que ele não tentou isentar o motorista;
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que não foram encontrados celulares com o motorista.

3) A declarante Karolayne Alves dos Santos afirmou perante a autoridade


judicial (fl. 223):
que Carlos Alberto é motorista de aplicativo há cerca de quatro a cinco
anos; que ele sempre trabalhou certinho, levando alunos para a escola;
que ele também faz transporte escolar da sua prima e de outros alunos;
que nesse dia em específico ele saiu para trabalhar de uber; que quando
ele chegou em casa a tarde, a polícia chegou na casa do dono do carro a
noite; que o dono do carro ligou pedindo para ele (Carlos) ir lá; que a

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polícia foi inicialmente na casa do dono do carro, para depois ir à casa
de Carlos Alberto; que nada foi encontrado na casa de Carlos Alberto;
que ele (Carlos) foi na casa do dono do carro para resolver o documento
do carro; que quando ele chegou lá, a polícia já estava lá; que ficou
sabendo através do tio dele que ligou para ela; que depois foram na sua
casa com ele já preso; que perguntaram se havia algo na sua casa,
momento em que respondeu negativamente; que ele não era amigo do
Jamerson; que no domingo passado ele recebeu a chamada no aplicativo
e foi o Jamerson, perguntando se ele fazia corrida particular; que ele
disse que fazia, pedindo o seu número; que nesse dia estava fazendo a
unha no salão, deixou ele com seus três filhos em casa; que ele roda pelo
Indriver e pelo 99; que ele ligou para ela, perguntando se ela poderia
ficar com os meninos pois havia recebido uma chamada para fazer uma
corrida particular; que o carro que ele pegou não estava liberando no
aplicativo por causa do documento; que ele costuma explicar quando faz
uma corrida particular; que ele já estava há três dias com o carro
alugado.

4) O réu Jamerson Pereira dos Santos afirmou perante a autoridade


judicial (fl. 223):
que o fato não é verdadeiro; que foi preso no dia e está até hoje; que não
participou desse fato; que conhece o Carlos de tempo, pois já estudou
com ele na escola Sérgio Luiz Pessoa Braga da primeira até a quarta
série; que sua família inteira é da Chã da Jaqueira; que conhece o tio
dele, Marcelo, que chegou no dia da ocorrência, vindo lhe agredir
afirmando que só ele (Jamerson) tinha feito essas coisas, mas não é
verdade; que sua filha estuda na escola Batista Moriá e o seu sogro é
Major do Corpo de Bombeiros; que sua filha é criada com ele; que paga
pensão para sua filha; que ele (Carlos) levava sua filha para escola, para
desafogar seu sogro um pouco e descontar na pensão; que foi aí que
pegou o contato dele, onde tudo apareceu; que ele lhe levou três vezes
para a praia de Pajuçara, levando e trazendo também sua esposa e seu
cunhado; que ele fazia essas corridas; que sobre o roubo não tem nada a
ver, pois estava em casa tomando um café quando, aproximadamente
17:30h, o portão abriu e os policiais invadiram sua casa sem pedir
autorização nenhuma; que Carlos já havia chegado na sua casa,
vendendo um celular por R$ 350,00; que depois dele ter ido embora,
depois de 30 a 40 minutos, os policiais invadiram a sua casa; que quando
os policiais invadiram a sua casa, imediatamente falou para eles que
estava lá, falando a verdade; que os policiais começaram a lhe ameaçar,
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querendo lhe agredir; que não foi o policial que deu o depoimento; que
ele estava na guarnição, mas foi o outro que entrou na sua casa e
também agrediu a sua esposa, pegando o dinheiro do seu aluguel; que
eles roubaram o dinheiro do seu aluguel; que foi ameaçado quando
entrou na viatura, e os policiais colocaram 1,5 kg de maconha em sua
perna, uma faca e uma arma, dizendo que se ele não entregasse a pessoa
que fez o furto, ele se ferraria; que ficou com medo e começou a chorar,
se desesperando; que disse a ele para pegar mais leve pois sua esposa
estava grávida, mas ela não estava grávida; que já foi preso e sabe como
são essas coisas de cabueta, pois essas pessoas não tem convívio ao
chegar na cadeia; que o telefone já tinha sido resetado, estando
praticamente novo; que foi colocado na mala e foram até a casa da

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vítima, chamando essas pessoas para irem à Central de Polícia; que ao
chegar na Central de Polícia, o tio do Carlos que é policial, Marcelo,
começou a lhe pressionar afirmando que ele era errado e etc.; que os
policiais colocaram o simulacro para ele, mas não tem nada a ver; que o
Carlos disse ter sido ameaçado por ele (Jamerson) com uma arma, mas
não procurou uma guarnição para lhe denunciar, indo apenas para sua
casa com a polícia para lhe prejudicar; que ele está mentindo; que foi
ouvido na delegacia, mas falou pressionado, pois estava com medo de
que eles colocassem mais drogas para ele; que é mentira; que não estava
no veículo em nenhum momento nesse dia; que só não fala quem estava
com ele no carro, porque o rapaz ficou no carro e só ele entrou na sua
casa; que conhece Karolayne, esposa do Carlos, há muitos anos; que
Carlos mora na Rua do Arame, próximo ao mini pronto-socorro e em
frente a uma associação; que Carlos Alberto tem três filhos, sendo
menino e menina; que Marcelo, tio do Carlos, lhe falou na delegacia que
ele (Jamerson) era um maloqueiro, já estava acostumado a praticar esses
atos e forçou o seu sobrinho a fazer isso; que ele também falou para os
policiais que ele (Jamerson) era o errado e o seu sobrinho (Carlos) não
tinha feito aquilo; que Marcelo falou com os policiais da guarnição para
intervir nessa situação.

5) O réu Carlos Alberto Silva Souza afirmou perante a autoridade judicial


(fl. 223):
que o assalto é verdadeiro, mas não nada a ver, pois ele (Jamerson)
armou isso; que quando ele entrou no carro, dizendo que tinha feito isso,
ele lhe ameaçou para deixá-lo em seu local; que ele só pegou o seu
contato porque a ex-esposa dele entrou em contato com ele (Carlos) para
adicionar a filha dele no transporte escolar; que lhe explicou toda a
situação, de quanto é o valor e de quanto custa para levar e buscar; que
ela disse que, por ser separada do marido, ela teria que passar as
informações para ele, e ele entraria em contato para acertar o transporte
dos alunos; que o conhecia de bairro, pois sempre o via; que estudou na
escola Ségio Luiz Pessoa Braga, na Chã da Jaqueira, mas não tem 100%
de lembrança dele na escola; que lembra dele da escola, mas não nunca
teve convívio; que teve contato com ele cerca de cinco dias antes do
fato; que o ex-sogro dele, avô da menina, é do bombeiro; que estava
com o Fiesta branco há três dias porque precisava levar os alunos, pois já
estava certo e pago, não podendo deixá-los na mão; que o veículo só
estava liberando no aplicativo chamado Indriver, pois ele pegar qualquer
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carro não importa o ano; que quando se pede uma corrida nesse
aplicativo, ele disponibiliza imediatamente um número de contato, mas
ele já tinha o contato lá; que ele acionou a corrida da Chã da Jaqueira,
mais especificamente na Rua São Benedito, nº 224, localizada próxima à
casa do proprietário do Fiesta branco que estava rodando; que quando
viu na tela, foi a única corrida próxima a ele; que aceitou o valor, que
estava dando quatorze reais, para ir ao Tabuleiro, Salvador Lyra; que
quando chegou próximo viu que era ele, explicando que estava rodando
pelo Indriver porque o Uber e a 99 não haviam liberado o carro ainda;
que havia um problema com o documento do carro; que Jamerson
afirmou que ia nesse bairro e, desse bairro, iria ao Village Campestre,
onde ficava a casa da atual mulher dele; que ele lhe perguntou se fazia

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da Jaqueira para o Salvador Lyra, e, do Salvador Lyra, ele falou que
pegaria uns pertences na casa de uma pessoa conhecida dele; que era só
parar e esperar uns dez minutos que ele pegaria os pertences e voltaria;
que ele lhe afirmou que a casa abordada era de um conhecido dele, onde
pegaria umas coisas com uma menina e de lá iria ao Village Campestre;
que pediu a ele trinta reais ao todo; que parou na esquina e viu a menina
na porta, quando ele entrou e saiu com os pertences na mão; quando ele
entrou no carro, foi que ele disse que se tratava do assalto, pois ele
conhecia o pessoal da casa e já estava marcando de fazer isso; que ele
(Jamerson) usou de má-fé com ele (Carlos); que sem ação e sem saber o
que fazer, pegou o carro e correu; que ele chegou no terminal do
Village, descendo do carro e o mandou ir embora; que ele lhe mandou ir
embora e fingir que nada havia acontecido, do contrário, as coisas
ficariam pesadas para o seu lado; que desceu para a Rua do Arame, onde
estava morando, não demorando nem uma hora de relógio; que a todo
momento ele (Jamerson) lhe ameaçava; que ele lhe disse na viatura para
assumir tudo, mas disse a ele que não faria isso; que os policiais tiraram
fotos sua e do Jamerson, mostrando à vítima; que um dos policiais lhe
disse que a vítima não teve recordação dele; que o policial disse que a
vítima reconheceu o Jamerson, pois ele estava com o cabelo pintado de
vermelho no dia do ocorrido; que ele não estava de boné.

6) A testemunha de defesa Leonardo da Silva afirmou perante a


autoridade judicial (fl. 310):
que conhecia Carlos de vista; que conhece o tio dele; que não teve
problema com o aluguel do carro com ele, pois lhe pagou; que alugou o
carro a ele por dois dias, para que ele trabalhasse com aplicativo; que
passaria o documento para ele; que quando chegou do trabalho viu a
polícia na sua porta; que nesse dia Carlos informou que pegaria sua
sobrinha no colégio; que ele trabalha com transporte escolar; que a
guarnição lhe procurou; que o carro está no nome da pessoa de quem
comprou o carro; que ligou para ele vir pegar o documento, e os homens
o abordaram; que a guarnição ficou aguardando na sua casa; que já o viu
passando com crianças escolares; que não conhece Jamerson.

DA MATERIALIDADE E DA AUTORIA
A materialidade e a autoria do delito foram evidenciadas pelas provas
fls. 362

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produzidas no processo. Na fase inquisitorial, as provas do delito restaram


demonstradas por meio do depoimento dos policiais responsáveis pela prisão em
flagrante (fls. 122/123), das declarações da vítima (fl. 127) e do auto de exibição e
apreensão / termo de entrega (fls. 128/129). Em juízo, a prova da materialidade e da
autoria do crime foi evidenciada em sede de audiência de instrução (fls. 223/229;
310/312).
Com efeito, a vítima Beatriz Kaline prestou esclarecimentos em juízo,

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descrevendo detalhadamente a empreitada criminosa. Na espécie, a vítima declarou
estar na companhia de sua prima, tendo esta última sido abordada por um assaltante,
enquanto seu comparsa aguardava no interior do carro. A vítima prosseguiu
afirmando que, não obstante tenha havido resistência, o acusado logrou êxito em
subtrair os seus celulares, empreendendo fuga por meio de um veículo Fiesta sedan
placa NMO-2383, cuja placa conseguiram anotar.
Efetuadas as diligências pelos policiais militares, estes conseguiram
identificar um dos acusados, Carlos Alberto Eugenio dos Santos, como o motorista
do veículo que participou da ação criminosa. Segundo os policiais militares, ora
arrolados como testemunhas de acusação, o acusado Carlos Alberto confessou a
prática delituosa perante os agentes de segurança e, além disso, delatou o seu
comparsa, o ora acusado Jamerson Pereira dos Santos. Em diligência na residência
de Jamerson, os policiais afirmaram ter encontrado a res furtiva, quais sejam os dois
celulares das vítimas (fls. 128/129).
Desse modo, não obstante a tese de negativa de autoria dos autuados, as
provas demonstram, de modo firme e seguro, a participação destes na ação
criminosa. O convencimento deste juízo foi formado, além dos elementos já citados,
com base nos argumentos que passa-se a expor. O réu Carlos Alberto declarou em
juízo, nestes termos:
que o veículo só estava liberando no aplicativo chamado Indriver, pois
ele pegar qualquer carro não importa o ano; que quando se pede uma
corrida nesse aplicativo, ele disponibiliza imediatamente um número de
contato, mas ele já tinha o contato lá; que ele acionou a corrida da Chã
da Jaqueira, mais especificamente na Rua São Benedito, nº 224,
localizada próxima à casa do proprietário do Fiesta branco que
fls. 363

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estava rodando; que quando viu na tela, foi a única corrida próxima
a ele; que aceitou o valor, que estava dando quatorze reais, para ir
ao Tabuleiro, Salvador Lyra; que quando chegou próximo viu que era
ele, explicando que estava rodando pelo Indriver porque o Uber e a 99
não haviam liberado o carro ainda (fl. 223). (grifou-se)

Cumpre esclarecer a divergência encontrada no depoimento do réu Carlos


Alberto, eis que, na fase policial, sustentou que “(…) hoje, 23/09/2021, por volta das
17h00, JAMERSON ligou para o autuado para então fazer uma corrida até o

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Salvador Lyra para buscar umas roupas” (fls. 131/132). Ao comparar os
depoimentos prestados na delegacia e em juízo, nota-se que o acusado Carlos
Alberto apresentou duas versões, sendo a primeira delas na fase policial, ocasião em
que afirmou que o acusado Jamerson lhe telefonou e solicitou uma corrida; a
segunda versão foi apresentada em juízo, momento em que sustentou ter aceitado
uma corrida pelo aplicativo Indriver e, ao se deparar com o passageiro, percebeu que
se tratava do acusado Jamerson Pereira. Percebe-se, desse modo, a dissonância entre
ambas as versões apresentadas, pois Carlos Alberto ora afirma que Jamerson lhe
telefonou solicitando a corrida, ora afirma que a corrida foi solicitada pelo aplicativo
Indriver.
Outro fato que chama a atenção é a discordância existente entre o
depoimento da vítima e do acusado Carlos Alberto. O acusado Carlos Alberto
declarou em juízo que apenas cumpriu a corrida solicitada por Jamerson, dirigindo-
se à casa de uma pessoa supostamente conhecida por Jamerson. Destacou que parou
no local e aguardou o retorno de Jamerson no carro. No entanto, diferente do
alegado por Carlos Alberto, a vítima Beatriz Kaline declarou “que estava na porta de
casa com sua prima, na calçada, quando notou que um carro branco estava subindo e
descendo muitas vezes; que acharam que o carro estava procurando alguma coisa”
(fl. 223). Portanto, as versões se mostraram conflitantes, vez que, enquanto o
acusado Carlos Alberto declarou ter ido diretamente ao destino solicitado, qual seja
a casa de uma pessoa supostamente conhecida por Jamerson, a vítima declarou, em
sentido oposto, que o veículo utilizado na ação criminosa passou diversas vezes por
sua rua, concluindo esta que os integrantes do veículo procuravam alguma coisa.
fls. 364

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Vale destacar ainda que o réu Carlos Alberto sustentou desconhecer a ação
criminosa, bem como ter sido surpreendido após o retorno de Jamerson ao veículo.
Prosseguiu aduzindo que foi ameaçado por Jamerson após o fato, a fim de que não o
denunciasse. Carlos Alberto alegou ainda em juízo que, após ter sofrido as ameaças
e deixado o acusado Jamerson em seu destino, foi à sua própria residência e
começou a lavar o carro. Tal justificativa não se mostrou crível, vez que diante das
gravíssimas circunstâncias relatadas, esperava-se ao menos que Carlos Alberto fosse

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a uma delegacia prestar queixa do ocorrido. No entanto, Carlos Alberto não só
deixou de ir a uma delegacia, mas também, quando questionado pelo promotor de
justiça em audiência, declarou que sequer ligou para seu tio que é policial militar.
Portanto, a versão apresentada por Carlos Alberto se mostrou frágil e inconsistente.
Com efeito, as provas demonstraram que houve a efetiva participação do
acusado Carlos Alberto na ação criminosa, sendo um dos autores do crime de roubo,
pois participou ativamente do crime ao dar cobertura à fuga do comparsa. Além
disso, Carlos Alberto foi localizado pela autoridade policial logo após o crime, em
razão da placa do veículo utilizado ter sido anotada pela vítima, sendo ainda
comprovado que este veículo foi alugado pelo acusado.
Por outro lado, os policiais militares afirmaram que a res furtiva, quais sejam
os dois celulares subtraídos, foram encontrados na residência do acusado Jamerson
Pereira. Ademais, a vítima declarou em juízo que “(…) o que veio pegar o celular
delas estava de boné e o seu cabelo era vermelho” (fl. 223). Tal informação foi
corroborada por Carlos Alberto em juízo ao declarar “que o policial disse que a
vítima reconheceu o Jamerson, pois ele estava com o cabelo pintado de vermelho no
dia do ocorrido” (fl. 223).
Vale ressaltar que o depoimento do policial militar Carlos Alberto Eugênio
dos Santos em juízo se mostrou verossímil, vez que foi ao encontro daqueles
prestados na fase investigativa – conforme se verifica nas fls. 122/123 e 252/259 –,
gerando uma narrativa uníssona e harmônica de toda empreitada criminosa.
Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a consumação do
crime de roubo se dá com a inversão na posse do bem, ainda que por breve tempo,
fls. 365

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sendo dispensável a posse mansa e pacífica1. No caso dos autos, restou clara a
inversão na posse do bem, dado que a vítima e as testemunhas de acusação
afirmaram que houve a efetiva subtração dos celulares das vítimas, tendo os bens
sido posteriormente recuperados e devolvidos.
Desse modo, as provas existentes apontam de maneira segura e firme a
materialidade e a autoria dos denunciados no crime de roubo. Repise-se que o
depoimento da vítima na delegacia e em juízo, o depoimento das testemunhas de

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acusação na delegacia e em juízo, trazem a este julgador o firme convencimento de
que os acusados praticaram o crime em espeque. Portanto, considerando tudo o que
foi explicitado, entende este juízo que estão presentes a materialidade e a autoria dos
acusados no crime de roubo em comento.
Merece aplicação a causa de aumento de pena relativa ao concurso de duas
ou mais pessoas, prevista no inciso II do § 2º do art. 157 do Código Penal, uma vez
que a vítima foi enfática ao atestar a presença de 2 (duas) pessoas no dia do fato. De
igual modo, as testemunhas de acusação efetuaram a prisão dos dois acusados,
ressaltando a confissão destes perante os próprios agentes de segurança pública.
Portanto, reconheço a causa de aumento disposta no inciso II do §2º do art. 157 do
Código Penal em relação aos acusados.
Vale ressaltar que o réu se defende dos fatos trazidos na exordial acusatória e
não do enquadramento jurídico-normativo, de modo que não há que se falar em
prejuízo aos acusados quando o magistrado procede à nova definição jurídica do
fato. Com efeito, em casos como esse é imperiosa a aplicação do instituto da
emendatio libelli, previsto no art. 383 do CPP, a fim de dar nova capitulação ao
crime, qual seja a inclusão da causa de aumento de pena relativa ao concurso de
pessoas, prevista no inciso II do § 2º do art. 157 do Código Penal.
É importante ressaltar que o juiz não está vinculado ao parecer do Ministério
Público em suas alegações finais, de modo que pode o magistrado proferir juízo
1 Súmula 582 do STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante
emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição
imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica
ou desvigiada.
fls. 366

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condenatório mesmo diante de pedido de absolvição pelo órgão ministerial, nos


termos do art. 385 do CPP, c/c a jurisprudência do STJ2.
No que concerne aos antecedentes criminais, conclui-se que o réu Carlos
Alberto Silva Souza é primário. Noutro sentido, o acusado Jamerson Pereira dos
Santos possui as seguintes condenações transitadas em julgado (fls. 353/354):
1) pela prática do crime previsto no art. 157, § 2º, incisos I e II, do CP,
com trânsito em julgado em 16/06/2014 (autos nº
0003282-61.2013.8.02.0001); 2) pela prática do crime previsto no art.

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157, caput, c/c art. 14, inciso II, do CP, com trânsito em julgado em
22/05/2012 (autos nº 0097942-23.2008.8.02.0001); 3) pela prática do
crime previsto no art. 14 da Lei nº 10.826/03, c/c art. 69, e art. 311,
caput, ambos do CP, com trânsito em julgado em 06/06/2012 (autos nº
0030269-08.2011.8.02.0001).

Desse modo, quanto a réu Jamerson Pereira dos Santos, considerando que o
período depurador de 5 (cinco) anos não restou configurado na condenação
constante no item “1”, reconheço a agravante da reincidência prevista no inciso I do
art. 61 do Código Penal. Ademais, considerando as demais condenações transitadas
em julgado, a pena-base será agravada na primeira fase de dosimetria da pena.

III – DISPOSITIVO
Diante do exposto, JULGO PROCEDENTES os pedidos constantes na
denúncia para condenar os réus CARLOS ALBERTO SILVA SOUZA e
JAMERSON PEREIRA DOS SANTOS, já qualificados, nas sanções previstas no
art. 157, inciso II, do Código Penal (roubo majorado pelo concurso de pessoas).
IV – DOSIMETRIA DA PENA
Em atendimento ao preceito constitucional de individualização da pena, bem
como o disposto no artigo 59, do Código Penal, passo a dosar-lhe a pena. A sanção
em abstrato é de reclusão de 04 a 10 anos, e multa.
A) RÉU CARLOS ALBERTO SILVA SOUZA
1ª FASE:
Na fixação da pena-base, é necessária a análise das circunstâncias judiciais,
previstas no artigo 59, do CPB.
2 (HC n. 623.598/PR, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em 5/10/2021, DJe de
1/2/2022.)
fls. 367

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Verifico que a culpabilidade, que é o grau de reprovabilidade da conduta,


restou provada, porém, inerente ao tipo; Os antecedentes, que representam as
atitudes anteriores praticadas pelo réu, em especial as que exigiram a atuação de
autoridades públicas, revelam que o acusado é primário; A conduta social, que é o
comportamento do agente em seu meio social, em família, no serviço, não ficou
demonstrado nos autos; Quanto à personalidade do agente, que são os atributos
pessoais, as qualidades morais do indivíduo, entendo não haver provas nos autos

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para valoração; Os motivos determinantes, ou seja, a fonte propulsora do delito, foi
o lucro fácil, inerente ao tipo; As circunstâncias, ou seja, a forma como transcorreu
o fato delituoso, o modus operandi empregado na prática do delito, inerente ao tipo;
As consequências do crime, que representam os efeitos decorrentes da conduta,
diferentes do resultado naturalístico integrante do tipo penal, ou seja, a maior ou
menor danosidade decorrente da ação, inerente ao tipo; O comportamento da
vítima, que constitui a conduta adotada por esta no momento da execução do delito
e a sua concorrência para o mesmo, evidenciam que esta não contribuiu para a
consumação do crime.
Feitas tais ponderações, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos de reclusão.
2ª FASE:
Inexistem atenuantes ou agravantes, razão pela qual mantenho a pena
anteriormente fixada.
3ª FASE:
Não há causas de diminuição de pena. Por outro lado, há a causa de aumento
de pena prevista no inciso II do § 2º do art. 157 do CP, no patamar de 1/3 (um
terço). Por conseguinte, majoro a pena em 01 (um) ano e 04 (quatro) meses, fixando-
a definitivamente em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de reclusão.
Aplico-lhe também a pena de multa, fixando-a em 87 (oitenta e sete) dias-
multa, proporcionalmente à pena privativa de liberdade aplicada e, considerando as
condições econômicas do acusado, fixo o dia-multa à razão de 1/30 (um
trigésimo) do salário-mínimo vigente à época do fato delituoso, devidamente
fls. 368

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atualizado pelos índices legais.


Quanto à fixação do regime, fixo inicialmente o regime semiaberto, com
base no art. 33, § 2º, alínea “b”, do Código Penal. De acordo com as alterações da
Lei nº 12.736/12, a qual criou o instituto da detração para o juiz sentenciante,
verifico que o tempo da prisão provisória de 23/09/2021 à 24/09/2021, equivalente a
02 (dois) dias, não altera o regime fixado, motivo pelo qual mantenho o regime
semiaberto, restando a cumprir a pena de 05 (cinco) anos, 03 (três) meses e 28

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(vinte e oito) dias de reclusão.

B) RÉU JAMERSON PEREIRA DOS SANTOS


1ª FASE:
Na fixação da pena-base, é necessária a análise das circunstâncias judiciais,
previstas no artigo 59, do CPB.
Verifico que a culpabilidade, que é o grau de reprovabilidade da conduta,
restou provada, porém, inerente ao tipo; Os antecedentes, que representam as
atitudes anteriores praticadas pelo réu, em especial as que exigiram a atuação de
autoridades públicas, revelam que o acusado é reincidente, possuindo diversas
condenações transitadas em julgado. Desse modo, uma das condenações será
utilizada para fins de reincidência, enquanto as demais serão utilizadas para valorar
negativamente a presente circunstância; A conduta social, que é o comportamento
do agente em seu meio social, em família, no serviço, não ficou demonstrado nos
autos; Quanto à personalidade do agente, que são os atributos pessoais, as
qualidades morais do indivíduo, entendo não haver provas nos autos para valoração;
Os motivos determinantes, ou seja, a fonte propulsora do delito, foi o lucro fácil,
inerente ao tipo; As circunstâncias, ou seja, a forma como transcorreu o fato
delituoso, o modus operandi empregado na prática do delito, inerente ao tipo; As
consequências do crime, que representam os efeitos decorrentes da conduta,
diferentes do resultado naturalístico integrante do tipo penal, ou seja, a maior ou
menor danosidade decorrente da ação, inerente ao tipo; O comportamento da
fls. 369

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vítima, que constitui a conduta adotada por esta no momento da execução do delito
e a sua concorrência para o mesmo, evidenciam que esta não contribuiu para a
consumação do crime.
Feitas tais ponderações, fixo a pena-base em 04 (quatro) anos e 06 (seis)
meses de reclusão.
2ª FASE:
Inexistem atenuantes. Há a agravante prevista no inciso I do art. 61 do

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Código Penal, no patamar de 1/6 (um sexto). Desse modo, agravo a pena em 09
(nove) meses, fixando-a provisoriamente em 05 (cinco) anos e 03 (três) meses de
reclusão.
3ª FASE:
Não há causas de diminuição de pena. Por outro lado, há a causa de aumento
de pena prevista no inciso II do § 2º do art. 157 do CP, no patamar de 1/3 (um
terço). Por conseguinte, majoro a pena em 01 (um) ano e 09 (nove) meses, fixando-
a definitivamente em 07 (sete) anos de reclusão.
Aplico-lhe também a pena de multa, fixando-a em 185 (cento e oitenta e
cinco) dias-multa, proporcionalmente à pena privativa de liberdade aplicada e,
considerando as condições econômicas do acusado, fixo o dia-multa à razão de
1/30 (um trigésimo) do salário-mínimo vigente à época do fato delituoso,
devidamente atualizado pelos índices legais.
Quanto à fixação do regime, fixo inicialmente o regime fechado, com
base no art. 33, § 2º, alíneas “a” e “b”, do Código Penal, sobretudo em razão do
estado de reincidência do sentenciado. De acordo com as alterações da Lei nº
12.736/12, a qual criou o instituto da detração para o juiz sentenciante, verifico que
o tempo da prisão provisória de 23/09/2021 à 06/10/2022, equivalente a 01 (um) ano
e 13 (treze) dias, não altera o regime fixado, motivo pelo qual mantenho o regime
fechado, restando a cumprir a pena de 05 (cinco) anos, 11 (onze) meses e 17
(dezessete) dias de reclusão.
V- SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
fls. 370

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Na análise das circunstâncias judiciais do sentenciado (requisitos subjetivos


e objetivos), tenho por impertinente a substituição prevista no art. 44 do CP, bem
como a suspensão condicional da pena do art. 77 do CP, vez que a ação criminosa
foi praticada mediante grave ameaça a pessoa.
VI - DA PRISÃO PREVENTIVA
Concedo o direito do réu Carlos Alberto Silva Souza recorrer em liberdade,
eis que inexistentes os requisitos autorizadores da prisão cautelar. Noutro sentido,

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relativamente ao acusado Jamerson Pereira dos Santos, a manutenção da prisão
cautelar é medida que se impõe.
Jamerson é triplamente reincidente, sendo ainda reincidente específico no
crime de roubo por duas vezes. Há a presença da prova da existência do crime e de
sua autoria, conforme amplamente demonstrado nos autos. Ademais, é flagrante o
perigo pelo estado de soltura do réu, sobretudo em razão da sua contumácia,
circunstância que possibilita a aferição de sua periculosidade, consoante pacífica
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.
O acusado, mesmo estando em cumprimento de pena perante o Juízo das
Execuções, retornou à prática criminosa, demonstrando a insuficiência na imposição
de medidas cautelares que já se mostraram ineficazes. Assim, inexistindo cautelar
menos gravosa a ser aplicada ao caso, a fim de resguardar a ordem pública, a
manutenção da prisão cautelar do acusado Jamerson Pereira dos Santos é medida
necessária, nos termos dos arts. 312 e 313 do Código de Processo Penal.
VII - FIXAÇÃO DO VALOR INDENIZATÓRIO
Deixo de aplicar o disposto no art. 387, inciso IV, do CPP, sob pena de
violar a ampla defesa e o contraditório, visto que não foi requerido pela acusação e
pela vítima.
VIII- DEMAIS PROVIDÊNCIAS
1. Quanto ao réu Carlos Alberto Silva Souza, após o trânsito em julgado,
remetam-se os autos à Contadoria Judicial Unificada para elaboração da conta de
custas finais, nos termos do art. 33 da Resolução TJ/AL nº 19/2007.
fls. 371

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2. Nos termos do art. 44, inciso V, da Resolução TJ/AL nº 19/2007, isento o


réu Jamerson Pereira dos Santos do pagamento de custas, uma vez que a defesa
técnica foi promovida pela Defensoria Pública do Estado, por ser beneficiário de
assistência judiciária gratuita. Registre-se no SAJ.
3. Após o trânsito em julgado, adote a Escrivania as seguintes providências:
a) Expeça-se a necessária guia de execução definitiva à 16ª VCC com as
cautelas legais de praxe, nos termos das Resoluções CNJ 113/2010 e 251/2018, bem

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como art. 706 do Provimento CGJ/AL nº 15/2019.
b) Oficie-se ao Instituto de Identificação, informando sobre a existência de
sentença condenatória transitada em julgado em desfavor dos réus.
c) Oficie-se ao TRE, informando a existência de sentença condenatória com
trânsito em julgado em desfavor dos réus, em atenção à restrição imposta pelo inciso
III do art. 15 da Constituição Federal, fazendo constar no ofício os seguintes dados:
número da ação penal, data do trânsito em julgado da sentença condenatória, nome
completo, filiação e data de nascimento dos condenados.
4. Atualize-se o histórico de partes, mencionando a sentença condenatória.
Publique-se. Registre-se. Intime-se.

Maceió, 06 de outubro de 2022.

George Leão de Omena


Juiz de Direito

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