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Estado de Mato Grosso do Sul


Poder Judiciário
Campo Grande
2ª Vara do Tribunal do Júri

Ação Penal: 0057794-49.2012.8.12.0001


Parte Autora: Ministério Público Estadual
Parte Ré: Wesley Graciano do Nascimento
Vítima(s): Martinalle Francisco de Souza

Vistos etc.
O Promotor de Justiça João Meneghini Girelli denunciou WESLEY
GRACIANO DO NASCIMENTO no art. 121, §2º, incisos II e IV c/c o art. 14,

Este documento foi liberado nos autos em 20/04/2016 às 13:15, é cópia do original assinado digitalmente por ALUIZIO PEREIRA DOS SANTOS.
inciso II, ambos do Código Penal, porque no dia 6 de maio de 2012, por
volta 0h52m, na rua Diogo Álvares, n. 1273, jardim Tijuca, nesta capital,

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desferiu golpes de faca contra Martinalle Francisco de Souza, causando-lhe
ferimentos, mas não a morte, pois recebeu socorro médico.
A denúncia descreveu que WESLEY agiu por motivo fútil, pois
praticou o crime em razão de uma discussão tida anteriormente com
Martinalle.
Dissertou ainda que WESLEY usou de recurso que dificultou a
defesa da vítima, porque agiu de inopino, tentando matar a vítima
enquanto dormia e estava desarmada, tendo invadido a residência no
repouso noturno.
Por isso, pediu a condenação (f. 2-4).
Recebida a denúncia em 8-10-2014 (f. 90-1), foi citado (f. 100-1)
e apresentou Defesa Escrita (f. 103), por intermédio do Defensor Público
Ronald Calixto Nunes, que o acompanhou até o final.
Durante a formação da culpa, inquiriram-se a vítima e 3 (três)
testemunhas: Martinalle Francisca de Souza (f. 142-6), Roberto Guimaraes
Vieira (f. 135-7), Edgar de Almeida (f. 138-9) e Adriana Graciano do
Nascimento (f. 147-53).
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Modelo 1016503 - Endereço: Rua da Paz, 14, 1º Andar - Bloco I, Jardim dos Estados - CEP 79002-919, Fone:
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Depois, interrogou-se WESLEY (f. 154-62).


Nas alegações finais, o Promotor de Justiça Allan Thiago Barbosa
Arakaki pediu a pronúncia nos termos da denúncia (f. 166-83).
Na sua vez, WESLEY GRACIANO DO NASCIMENTO, assistido pelo
referido Defensor Público, alegou ausência de elementos idôneos para
subsidiar a pronúncia, mas se esse não for entendimento do juízo, reserva-

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se o direito de debater o mérito por ocasião do julgamento em plenário (f.
185-6).

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É o relatório. Decido.

Preliminarmente, salienta-se que nesta fase processual, o juízo é


de probabilidade e não de certeza. Portanto, concorrendo a materialidade
e indícios suficientes de autoria, deve a causa ser submetida a julgamento
(art. 413 do CPP).
Pois bem.
No que pertine à materialidade, o laudo de exame de corpo de
delito atesta que Martinalle Francisco de Souza sofreu "Lesão Corporal
Grave," f. 21-4.
Na senda dos indícios de autoria, reputo-os presentes e
suficientes.
WESLEY, nas oportunidades em que foi ouvido [Delegacia (f.
15-6) e Juízo (f. 154-62)], a sua maneira, confessou de forma qualificada,
ou seja, alegou ter agido em legítima defesa.

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Não bastasse sua confissão, a vítima Martinalle (f. 142-6) e as


pessoas ouvidas, por exemplo, Roberto Guimarães Vieira (f. 135-7), Edgar
de Almeida (f. 138-9) e Adriana Graciano do Nascimento (f. 147-53)
apontam WESLEY como o pretenso autor do injusto penal apurado neste
feito.
Dessa forma, há justa causa (elementos quanto à materialidade e

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aos indícios de autoria) que viabiliza a remessa do caso a julgamento
popular, sendo tal medida de rigor.

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Por oportuno, a tese de legítima defesa alegada em sede de
autodefesa do acusado, confunde-se com o mérito e deve ser apreciada
pelo Conselho de Sentença. De igual modo, a possível tese de ausência da
vontade de matar, mormente, diante das possíveis circunstâncias alheias à
vontade do agente, ou seja, interferência de terceira pessoa na sua ação e
socorro médico prestado à vítima, também deve ser avaliada pelos
Jurados.
Em prosseguimento, quanto às qualificadoras devem, por ora, ser
mantidas. Explica-se.
A peça acusatória imputa a WESLEY o motivo fútil assim descrito:

"Conforme investigado, o denunciado agiu impelido por motivo fútil, vez


que tentou matar a vítima em razão de uma discussão tida anteriormente."

In casu, há elementos nos autos que indicam que tal


circunstância possa ter ocorrido, ou seja, existem vetores apontando que o
móvel do delito seria uma discussão anterior existente entre denunciado e

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vítima, cuja origem seria uma dívida, veja f. 135, f. 137, f. 139, f. 145, f. 147.
Seguindo, a denúncia atribui a WESLEY o recurso que dificultou a
defesa da vítima nos seguintes moldes:

"Ademais, utilizou-se de modo que dificultou a defesa da vítima, na


medida em que agiu de inopino, tentando matá-la enquanto dormia,
invadindo sua residência no repouso noturno, bem como estava

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desarmada."

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Na hipótese, cumpre consignar que há plausibilidade de que tal
circunstância tenha ocorrido, basta olhar depoimento de f. 142-3.
Logo, tais circunstâncias devem ser valoradas pelo Juiz Natural,
qual seja, o Conselho de Sentença que possui assento de estatura
constitucional.
Posto isso, com esteio no art. 413, do CPP, pronuncia-se WESLEY
GRACIANO DO NASCIMENTO [brasileiro, nascido aos 14.11.1981, natural de Campo Grande-
MS, filho de Severino Marcolino do Nascimento e Rosemary Graciano do Nascimento] no art. 121,
§2º, incisos II e IV c/c o art. 14, inciso II do Código Penal.
Por oportuno, este juízo, para fins de facilitação e otimização do
procedimento que ocorre em Plenário do Júri, tem por hábito traçar a
chamada "causa de pedir" em suas decisões de pronúncia.
Trata-se de item não obrigatório, conforme doutrina majoritária,
de modo que serve tão somente como instrumento para orientar e facilitar
a realização da quesitação aos jurados.

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Dessa forma, justamente por não constar no dispositivo da


sentença, não é objeto de trânsito em julgado, portanto, não vinculativo da
decisão judicial.
Assim, repito, trata-se tão somente de um padrão sugestivo de
quesitação, não vinculando o juiz aos seus termos, mormente diante do
que dispõe a parte final do parágrafo único do art. 482, do CPP, in verbis:

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"Art. 482. O Conselho de Sentença será questionado sobre matéria de fato e se o

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acusado deve ser absolvido. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em proposições afirmativas, simples
e distintas, de modo que cada um deles possa ser respondido com suficiente
clareza e necessária precisão. Na sua elaboração, o presidente levará em conta os
termos da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a
acusação, do interrogatório e das alegações das partes."

Ressalva feita, passo a fixar a causa de pedir.


Segundo consta, no dia 6 de maio de 2012, por volta 0h52m, na
rua Diogo Álvares, n. 1273, jardim Tijuca, nesta capital, MARTINALLE
FRANCISCO DE SOUZA foi atingido por golpes de faca, os quais lhe
causaram os ferimentos descritos no laudo de exame de corpo de delito de
f. 21-4, mas não a morte por circunstâncias alheias a sua vontade, pois
recebeu socorro médico.
Deduz-se, em tese, que WESLEY GRACIANO DO NASCIMENTO é o
autor dos golpes de faca contra Martinalle Francisco de Souza.
Supõe-se, em princípio, que WESLEY GRACIANO DO NASCIMENTO
agiu por motivo fútil, porque praticou o fato em razão de discussão tida
anteriormente com Martinalle.

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Infere-se, "in thesis," que WESLEY GRACIANO DO NASCIMENTO


usou de recurso que dificultou a defesa de Martinalle, porque agiu de
inopino, tentando matá-lo enquanto dormia e estava desarmado.
Poderá aguardar o julgamento em liberdade, pois assim
permaneceu durante toda a instrução e, por ora, estão ausentes os
requisitos da prisão preventiva.

Este documento foi liberado nos autos em 20/04/2016 às 13:15, é cópia do original assinado digitalmente por ALUIZIO PEREIRA DOS SANTOS.
Contudo, intime-se o acusado de que deverá comparecer
trimestralmente (a cada 3 meses) em juízo para atualizar o seu endereço até

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o julgamento final deste processo.
ATUALIZEM-SE OS ANTECEDENTES, do acusado e vítima, de forma
circunstanciada [se há inquérito policial, qual a infração e fase; se ação penal, qual a infração, em
que está incurso, qual a fase processual se em andamento, se já houve sentença (absolutória,

condenatória, etc), se há Guia de Recolhimento, etc].

Preclusas as vias recursais, abra-se vista às partes para se


manifestarem na fase própria, nada requerido, venham conclusos para
observar o que determina o art. 423 do CPP.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Cumpra-se.
Campo Grande, 19 de abril de 2016.

Aluizio Pereira dos Santos


Juiz de Direito

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