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SÚMULA N~ 122

Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos cri-


mes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra
do art. 78, II, a, do Código de Processo Penal.

Referência:

- Cód. de Pro Penal, art. 78, II, a, e UI.

CC 258-0-SP C3!ô S 17.08.89 - DJ 18.09.89)


CC 2.196-0-PR C3!ô S 03.10.91 - DJ 21.10.91)
CC 2.691-0-SP C3!ô S 03.12.92 - DJ 17.12.92)
CC 3.210-5-DF C3!ô S 20.08.92 - DJ 08.09.92)
CC 7.354-5-PB C3!ô S 04.08.94 - DJ 29.08.94)
HC 1.944-0-SP C5!ô T 21.06.93 - DJ 23.08.93)

Terceira Seção, em 01.12.94.

DJ 07.12.94, p. 33.970
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CONFLITO DE COMPETÊNCIA N~ 258-0 - SP
(Registro n~ 89.0007904-2)

Relator: O Sr. Ministro José Cândido


Autora: Justiça Pública
Ré: Lúcia Helena Alves do Nascimento
Suscitante: Juízo Federal da 12 q Varal SP
Suscitado: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Advogado: Basileu Borges da Silva

EMENTA: Conflito de competência. Justiça Federal. Crime de uso


de documento falso envolvendo serviços e interesse da União. Car-
teira de Trabalho e Previdência Social - CTPS. Cartão de Identi-
ficação do Contribuinte. CIC. Inscrição no CPF. Crime conexo com
tentativa de estelionato.
A constituição vigente é expressa ao definir a competência dos juí-
zes federais para processar e julgar as infrações penais praticadas
em detrimento de bens, serviços ou interesse da União, suas enti-
dades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contraven-
ções e ressalvada a competência da Justiça Militar ou da Justiça
Eleitoral (art. 109, IV).
Disto resulta que, na prática de crimes conexos envolvendo bens,
serviços ou interesse daquelas entidades, e outros da esfera da com-
petência do Juízo Estadual, como o estelionato, em razão de uso de

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documento falso, de natureza federal, de identificação para com-
pra em casa comercial, a competência é do Juízo Federal, por cau-
sa de sua condição especial perante a Justiça Comum dos Estados,
no julgamento de tais crimes. Transferir, em delitos conexos des-
ta ordem, a competência para o Juízo Estadual é permitir que os
crimes contra as entidades descritas na Constituição fiquem impu-
nes, desde que sobre eles não incide competência para julgamen-
to por parte do Estado.
Hipótese em que crimes praticados com anotações e uso de docu-
mento falso contra os Ministérios do Trabalho (CTPS) e da Fazen-
da (CIC) deixariam de ser julgados, por prevalência de tentativa
de estelionato, com falsa identificação para compra a crédito em
firma comercial.
Declarada a competência da Justiça Federal.

ACÓRDÃO Lúcia Alves do Nascimento foi conde-


nada por estelionato, por ter utiliza-
Vistos e relatados os autos, em do documentos falsos, na intenção de
que são partes as acima indicadas: adquirir crédito em estabelecimento
Decide a 'Terceira Seção do Supe- comercial. No entanto, que, por acór-
rior 'lli.bunal de Justiça, por maioria, dão de fls. 140/141, a Sexta Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça de
conhecer do conflito e declarar com-
São Paulo, por unanimidade, anulou
petente o Suscitante, Juízo Federal
a sentença, para reconhecer a compe-
da 12!! VaralSP, na forma do relató-
tência da Justiça Federal de primei-
rio e notas taquigráficas constantes
ra instância, eis que dois dos docu-
dos autos, que ficam fazendo parte
mentos falsos, usados pela acusada,
integrante do presente julgado.
foram obtidos em detrimento de ser-
Brasília, 17 de agosto de 1989 (da- viços privativos de órgãos da União.
ta do julgamento).
Os autos, tendo em vista a compe-
Ministro JOSÉ DANTAS, Presi- tência desta Corte, foram para aqui
dente. Ministro JOSÉ CÂNDIDO, encaminhados, opinando a Subpro-
Relator. curadoria Geral da República às fls.
156/157, pela competência da Justi-
RELATÓRIO ça Comum Estadual.
É o relatório.
O SR. MINISTRO JOSÉ CÂNDI-
DO: O MM. Juiz Federal da 12!! Va-
ra-SP suscitou o presente conflito, VOTO
determinando fossem os autos enca-
minhados ao Egrégio Supremo 'Ih- O SR. MINISTRO JOSÉ CÂNDI-
bunal Federal, na alegação de que DO (Relator): Certa a decisão unâni-

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me da Sexta Câmara Criminal do mente a União. Observe-se, que na
TJSP, ao anular, por incompetência hipótese dos autos, com a errada des-
do Juízo, a decisão de primeiro grau classificação do delito, reparada em
que condenou Lúcia Helena Alves do tempo, o Juiz incompetente que era
Nascimento, por tentativa de estelio- para julgá-lo, quase o deixa impune.
nato. O mesmo argumento prevalece
N a verdade, ela fora denunciada em relação ao CIC, documento com-
pela prática do crime de uso de do- probatório de inscrição na Receita
cumento falso, definido no artigo 304 Federal. Ora, se é falsa a assinatu-
do Código Penal, nas circunstâncias ra do contribuinte, se é falsa, mate-
relatadas na peça inaugural. rialmente, a própria expedição des-
se documento, não há qualquer dú-
O doutor Juiz Federal transcreve
vida que a ofensa se dirige a um ser-
decisões da Suprema Corte e do ex-
viço federal, de interesse imediato
tinto Tribunal Federal de Recursos,
da Receita Federal, conseqüente-
com as quais fundamenta a sua re-
mente, crime da alçada da justiça fe-
cusa e suscita o presente conflito ne-
deral. Diga-se o mesmo sobre quem
gativo de jurisdição.
faz uso desse documento falso para
A hipótese dos autos apresenta obter qualquer vantagem.
peculiaridades irrefutáveis de ofen-
O Ministério Público Federal, no
sa a serviços e interesse da União,
seu Parecer, de fls. 156/7, não tem
ressalvados pelo artigo 109, inciso
razão. Não se busca penalizar ape-
IV, da atual Carta Magna, como de
nas a suposta tentativa de esteliona-
processo e julgamento dos juízes fe-
to contra a Casa Mappin. Esse é, na
derais. Observe-se que a CTPS é verdade, um crime associado, mas,
uma carteira profissional que obede- fundamentalmente, há de levar-se
ce a regras exclusivas da Consolida- em conta o crime de uso de docu-
ção do Trabalho, e as suas anotações mento falso, de interesse da União,
obedecem a expressa recomendação embora utilizado como delito-meio.
definida no seu art. 29. Qualquer Ora, se os dois crimes concorrem
falsificação desses dados, e o seu uso com relação meio-fim, o crime contra
em proveito próprio ou alheio em a Fazenda Federal prepondera com
prejuízos de terceiros, envolve, antes sua força atrativa, motivando o juí-
disso, responsabilidade criminal con- zo especial, ao contrário dos que
tra serviços e interesse da União. É pensam que a competência se deslo-
que o crime do art. 304 do Código ca para o juízo estadual.
Penal não pode ser relegado, a me-
nos que se pretenda deixar impune Por essas razões, julgo improce-
o transgressor, desde que o juiz es- dente o conflito, e declaro competen-
tadual, nos crimes conexos das duas te o juízo suscitante, da 12!! Vara-SP,
para processar e julgar o feito.
competências, não tem atribuições
para julgar os que envolvem direta- É o meu voto.

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VOTO (VENCIDO) VOTO

O SR. MINISTRO FLAQUER O SR. MINISTRO JESUS COSTA


SCARTEZZINI: Senhor Presidente, LIMA: Sr. Presidente, peço vênia pa-
gostaria de, preliminarmente, fazer ra acompanhar o voto do Ministro
uma indagação ao Exmo. Sr. Minis- José Cândido, porque estou notando
tro Relator. que, aqui, há um interesse· específi-
Houve falsificação material? A ré co na União. A carteira de trabalho
falsificou a carteira e o cartão do é expedida pelo Ministério do TI:aba-
CIC ou apenas houve falsificação lho e o CIC pela Secretaria da Recei-
ideológica com a inserção nos docu- ta Federal. Ela falsificou esses docu-
mentos de dados inverídicos? mentos. Portanto, os serviços e inte-
O SR. MINISTRO COSTA LIMA: resses da União foram atingidos. As-
Foi uma falsificação material, Sr. sim decidiu o STF no CJ n 2 6.658-SP
Ministro. Pelo seguinte: o CIC está in DJ de 25.03.88, p. 6.372; RHC n 2
assinado pelo Secretário da Receita 63.473-RJ in DJ de 19.12.85, p.
Federal, esse documento ela falsifi- 23.624.
cou, é uma falsificação material. O SR. MINISTRO FLAQUER
O SR. MINISTRO FLAQUER SCARTEZZINI: Falsificou o quê?
SCARTEZZINI: Houve falsificação da
O SR. MINISTRO JOSÉ CÂNDI-
assinatura do funcionário? Houve pe-
DO (Relator): Falsificou a carteira.
lo que constato apenas uma falsifica-
ção ideológica. A acusada colocou o Falsificou tudo.
nome num documento normal. A as- O SR. MINISTRO FLAQUER
sinatura é da autoridade competente. SCARTEZZINI: Ela inseriu dados
Sr. Presidente, com a devida vê- falsos numa carteira de trabalho, o
nia, mantenho meu entendimento, a que é diferente. Ela não falsificou o
competência é do L Julgador Esta- documento.
dual. Não há qualquer lesão ao inte- O SR. MINISTRO JOSÉ CÂNDI-
resse da União. DO (Relator): V. Exa. queria que ela
Assim, declaro competente a L mandasse imprimir a carteira.
Justiça Estadual para apreciar e de-
cidir o presente feito. O SR. MINISTRO FLAQUER
SCARTEZZINI: Neste caso, seria
O SR. MINISTRO JOSÉ CÂNDI- concurso material. Caso contrário,
DO: O conflito estabelecido agora é do
não há concurso. Não há condições.
'llibunal de Justiça de São Paulo e Juiz
Federal. Não é do Juiz Estadual. O o SR. MINISTRO JESUS COSTA
Juiz Estadual já proferiu sentença. A LIMA: Continuando o meu voto, no
competência é do 'fribunal de Justiça. caso dos autos, divirjo do eminente
O SR. MINISTRO FLAQUER Ministro Flaquer Scartezzini para
SCARTEZZINI: Então, a competên- acompanhar o eminente Ministro J 0-
cia é do Juiz Estadual. sé Cândido, dando pela competência
É como voto. da Justiça Federal.

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VOTO - VENCIDO tério do Trabalho há registrado um
trabalhor inexistente.
O SR. MINISTRO CARLOS THI- Portanto, houve adulteração ideo-
BAU: Sr. Presidente, peço vênia pa- lógica dos registros internos do Mi-
ra acompanhar o eminente Ministro nistério do Trabalho. A expedição da
Flaquer Scartezzini, porque também carteira é mera conseqüência dessa
tenho ponto de vista já firmado a adulteração. De maneira que não se
respeito, desde o extinto Tribunal pode negar a existência de um inte-
Federal de Recursos, uma vez que resse específico da União, a não ser
não foi falsificada a assinatura de que a União não se importasse com
funcionário ou de autoridade federal. a fidelidade dos seus registros.
Por essa razão, acompanho, data
VOTO maxima venia dos que pensam em
contrário, o eminente Ministro Rela-
O SR. MINISTRO COSTA LEITE: tor.
Senhor Presidente, peço vênia aos
que entendem de modo diverso, mas,
EXTRATO DA MINUTA
neste caso, parece-me clara a compe-
tência da Justiça Federal. Acompa-
CC n~ 258-0 SP
nho o eminente Relator.
(89.0007904-2) - Relator: O Sr. Mi-
nistro José Cândido. Autora: Justi-
VOTO - VENCIDO ça Pública. Ré: Lúcia Helena Alves
do Nascimento. Suscte.: Juízo Fede-
O SR. MINISTRO DIAS TRIN- ral da 12~ VaralSP. Suscdo.: Tribu-
DADE: Acompanho o eminente Mi- nal de Justiça do Estado de São
nistro Flaquer Scartezzini, data ve- Paúlo. Adv.: Dr. Basileu Borges da
nia. Silva.
Decisão: A Seção, por maioria, co-
VOTO nheceu do conflito e declarou compe-
tente o Suscitante, Juízo Federal da
O SR. MINISTRO ASSIS TOLE- 12~ Vara-SP (em 17.08.89 - 3~ Se-

DO: Neste caso específico, dadas as ção).


peculiaridades, vou acompanhar o Os Srs. Ministros Costa Lima,
Ministro Relator, porque entendo Costa Leite, Assis 'Ibledo, Edson Vi-
que foram falsificados registros in- digal e William Patterson votaram
ternos da Secretaria da Receita Fe- de acordo com o Sr. Ministro Rela-
deral, onde consta um nome inexis- tor. Vencidos os Srs. Ministros Fla-
tente, passando a existir um contri- quer Scartezzini, Carlos Thibau e
buinte com nome falso. Dias Trindade.
Thl falsificação lesa interesse es- Presidiu o julgamento o Sr. Minis-
pecífico da União. Thmbém no Minis- tro JOSÉ DANTAS.

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CONFLITO DE COMPETÊNCIA N~ 2.196-0 - PR
(Registro n~ 91.0013278-0)

Relator: O Sr. Ministro Edson Vidigal


Suscitante: Juízo Federal em Londrina-PR
Suscitado: Juízo de Direito da 3!! Vara Criminal de Londrina-PR
Autora: Justiça Pública
Réu: Salvador Santaella Rezina
Advogado: Nelson Batista Pereira

EMENTA: Penal. Estelionato. Falsidade. Cruzados novos. Libera-


ção. Banco Central. Competência.
- O estelionato praticado contra o Banco Central do Brasil,
guardião dos cruzados novos bloqueados, insere-se na competên-
cia da Justiça Federal.
- O outro crime, conexo, praticado na mesma ação e para o qual
seria competente a justiça comum estadual, é arrastado no mesmo
processo para a Justiça Federal.
- Conflito conhecido, declarando-se competente o Juízo susci-
tante.

ACÓRDÃO RELATÓRIO
Vistos e relatados estes autos, em O SR. MINISTRO EDSON VIDI-
que são partes as acima indicadas: GAL: Para não deixar os seus cruza-
dos novos sob bloqueio no Banco
Decide a 'Ierceira Seção do Supe- Central, Salvador Santaella Rezina,
rior Tribunal de Justiça, por unani- 61 (sessenta e um) anos, médico, ca-
midade, conhecer do conflito e decla- sado, propôs a Mônica Carvello Mon-
rar competente o suscitante Juízo Fe- tans Zamarian, 38 (trinta ê oito)
deral em Londrina-PR, na forma do anos, viúva, ambos de Londrina, Pa-
relatório e notas taquigráficas cons- raná, que ela fingisse que estava lhe
tantes dos autos, que ficam fazendo vendendo uma das suas casas.
parte integrante do presente julgado. Proposta aceita, o contrato que
ela imaginava só de araque foi assi-
Brasília, 03 de outubro de 1991
nado no dia 17 de agosto de 1990,
(data do julgamento). data anterior, portanto, à decretação
Ministro FLAQUER SCARTEZZI- do bloqueio.
NI (RI, art. 101, § 2~), Presidente. Só que depois de ele receber os
Ministro EDSON VIDIGAL, Relator. cruzados novos, ela recebeu notifica-

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ção para concretizar definitivamen- VOTO
te a venda da casa. E por causa dis-
so deu parte na Polícia, resultando O SR. MINISTRO EDSON VIDI-
um inquérito sobre estelionato (CP, GAL: Senhor Presidente, indiscutí-
vel que, por força da Lei n~ 8.024/90,
art. 171) contra ele.
art. 9~, o Banco Central do Brasil foi
O Promotor de Justiça de Londri- erigido a guardião dos cruzados no-
na pediu que os autos do inquérito vos bloqueados, cabendo, portanto,
fossem mandados para a Justiça Fe- trazer à colocação o disposto na
deral, argumentando que o indicia- Constituição Federal, art. 109, IV
do, a vítima, o serventuário do car- - "Aos Juízes Federais compete
tório e um terceiro intermediador do processar e julgar: (. .. ) - os crimes
negócio teriam perpetrado crime de políticos e as infrações penais prati-
falsidade ideológica (CP, art. 299), cadas em detrimento de bens, servi-
quando inseriram em documento ços ou interesses da União e de suas
particular falsa declaração com fim entidades autárquicas ou empresas
de alterar a verdade sobre fato juri- públicas, excluídas as contravenções
dicamente relevante, prejudicando e ressalvada a competência da Jus-
interesse da União. (Fls. 42/44). tiça Militar e da Justiça Eleitoral".
O Juiz Federal suscitou conflito Estamos, iniludivelmente, diante
negativo de Competência (CPP, arts. de crime da competência da Justiça
114, I e 115, II e lU) alegando que os Federal, que arrasta no mesmo pro-
ilícitos de falsidade e estelionato cesso o crime resultante da simula-
atingem, no caso, interesses entre ção para o qual seria competente a
Justiça comum estadual. Lembro, a
particulares e serviços de ordem es-
propósito, a Súmula 52 do extinto
tadual. (Fls. 49, v.).
Tribunal Federal de Recursos -
O Ministério Público Federal, nes- "Compete à Justiça Federal o pro-
ta instância, entende que a compe- cesso e julgamento unificado dos cri-
tência é da Justiça Federal, porquan- mes conexos de competência federal
to houve lesão a interesse da União e estadual, não se aplicando a regra
Federal, consistente no fato de que o do art. 78, II, a do Código de Proces-
Banco Central, enganado na estória, so Penal".
tinha, por força de Lei Federal, a Assim, conheço do conflito e decla-
guarda do dinheiro bloqueado e que ro competente a Justiça Federal.
só poderia liberá-lo nas hipóteses le-
É o voto.
galmente previstas. Nesta hipótese
houve uma fraude, burlando-se a
lei. Quanto aos outros delitos, lem- EXTRATO DA MINUTA
bra a Súmula do TFR, n~ 52. con- CC n~ 2.196-0 PR
cluindo pela competência da Justi- (91.0013278-0) - Relator: O Sr. Mi-
ça Federal. nistro Edson Vidigal. Suscitante:
Relatei. Juízo Federal em Londrina-PR. Sus-

R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 7, (72): 97-117, agosto 1995. 105


citado: Juízo de Direito da 3~ Vara Votaram de acordo com o Sr. Mi-
Criminal de Londrina-PR. Autora: nistro Relator, os Srs. Ministros Fla-
Justiça Pública. Réu: Salvador San- quer Scartezúni, José Dantas, Cos-
taella Reúna. Advogado: Nelson Ba- ta Lima, Carlos Thibau, Costa Lei-
tista Pereira. te e Assis 'Ibledo. Ausentes, por mo-
Decisão: A Seção, por unanimida- tivo justificado, os Srs. Ministros Jo-
de, conheceu do conflito e declarou sé Cândido, Washington Bolívar e
competente o Suscitante, Juízo Fe- Vicente Cernicchiaro.
deral em Londrina-PR (em 03.10.91 Presidiu o julgamento o Sr. Minis-
- 3~ Seção). tro FLAQUER SCARTEZZINI.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N2 2.691-0 - SP


(Registro n 2 92.0001382-1)

Relator: O Sr. Ministro Adhemar Maciel


Autora: Justiça Pública
Ré: Walquíria de Cássia Gonçalves Forte
Suscitante: Juízo de Direito da 20:!- Vara Criminal de São Paulo
Suscitado: Juízo Federal da 1:!- Vara Criminal-SP

EMENTA: Constitucional e Processual Civil. Conflito positivo de


competências. Crimes conexos (estelionato, falsificação de documen-
to particular e uso de documento falso) com prejuízo para empre-
sa pública federal. Competência da Justica Federal (Constituição
Federal, art. 109, Iv. Súmula n. 52 do extinto TFR). Conflito conhe-
cido, com a declaração da competência do juízo suscitado.
I - O juízo estadual (suscitante) se teve por competente porque a
usuária da CEF é pessoa física, particular. Há crime de falsifica-
ção de documento particular. O juízo suscitado (federal), por seu
turno, também se teve como competente porque quem arcou com
o prejuízo pelos saques da conta-poupança pela estelionatária foi
a CEF, empresa pública federal. Logo, houve prejuízo para seu pa-
trimônio e para seu serviço.
11 - A razão está com o juízo suscitado (federal). Pouco interessa
a falsificação de assinatura da usuária, que, em princípio, firma-
ria a competência da Justiça Comum do Estado. No caso, pela co-
nexão de crimes, sendo um deles da alçada da Justiça Federal, a
competência se firma em prol dessa última (inciso IV do art. 109 da
Constituição Federal. Súmula n. 52 do extinto TFR).
111 - Conflito acolhido, declarando-se competente o juízo federal
(suscitado).

106 R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 7, (72): 97-117, agosto 1995.


ACÓRDÃO ca Federal e, falsificando a assinatu-
ra de Maria da Glória Cruz Fagun-
Vistos e relatados estes autos, em des, retirou de sua conta-poupança,
que são partes as acima indicadas: por diversas vezes, o total de Cr$
Decide a Terceira Seção do Supe- 1.614,00.
rior Tribunal de Justiça, por unani- 3. O juízo suscitante aduz que a
midade, conhecer do conflito e decla- Justiça Estadual é competente para
rar competente o Suscitado, Juízo apreciar o feito, na medida em que
Federal da 1~ Vara Criminal-SP, nos a pessoa atingida diretamente com
termos do voto do Relator, na forma o ato da ré foi a poupadora e não a
do relatório e notas taquigráficas Caixa Econômica Federal. Ademais
constantes dos autos, que ficam fa- - conclui - o sujeito passivo do cri-
zendo parte integrante do presente me de estelionato é a pessoa enga-
julgado. Votaram com o Relator os nada, aquela que sofre a lesão patri-
Srs. Mins. José Dantas, Pedro Acio- monial.
li, Flaquer Scartezzini, Costa Lima, 4. O juízo suscitado, a seu turno,
Assis 'Ibledo, Edson Vidigal e Vicen- argumenta que a competência é da
te Cernicchiaro. Justiça Federal. A uma, porque os
Brasília, 03 de dezembro de 1992 prejuízos materiais sofridos pela ví-
(data do julgamento). tima foram integralme~te suporta-
Ministro JOSÉ CÂNDIDO, Presi- dos pela CEF, logo, o crime foi come-
dente. Ministro ADHEMAR MACIEL, tido em detrimento de bens da CEF
Relator. (art. 109, IV, da CF-88). A duas, por-
que a conduta criminosa do agente
se consumou em detrimento de ser-
RELATÓRIO viços da CEF.
5. O Ministério Público Federal
O SR. MINISTRO ADHEMAR
opinou pelo conhecimento do conflito,
MACIEL: Trata-se de conflito de
declarando-se competente o juiz fede-
competência suscitado pelo juízo de
ral da 1~ Vara Criminal da Seção Ju-
direito da 20~ Vara Criminal de São
diciária de São Paulo. O interesse fe-
Paulo-SP diante do juízo federal da
deral constata-se no fato de que o da-
1~ Vara Criminal de São Paulo-SP.
no foi absorvido pela CEF, patrimônio
2. Walkíria de Cássia Gonçalves público. Por outro lado, abalado que-
Fortes foi denunciada na Justiça Es- dou o serviço de poupança da CEF.
tadual (20~ Vara Criminal de São
É o relatório.
Paulo) e na Justiça Federal (l~ Vara
Criminal de São Paulo) pela prática
do crime dos arts. 171, caput, 298 e VOTO
304 c/c o art. 71 do Código Penal. A
denunciada, fraudulentamente, apre- O SR. MINISTRO ADHEMAR
sentou-se perante a Caixa Econômi- MACIEL (Relator): Razão tem o

R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 7, (72): 97-117, agosto 1995. 107


juiz suscitado, ou seja, o juiz federal de 04/05/92, p. 05.848, figurando co-
da 1~ Vara da Seção Judiciária de mo relator o eminente Min. Edson
São Paulo. Vidigal.
Nos termos do art. 109, inciso IV, Por tudo isso, Senhor Presidente,
da Constituição Federal, a compe- acolho o conflito, declarando compe-
tência para julgar infrações penais tente o juízo suscitado, 1~ Vara da
praticadas em detrimento de bens, Seção Judiciária de São Paulo.
serviços ou interesses da União ou É como voto.
de suas entidades autárquicas ou
empresas públicas é da Justiça Fe-
deral. Pouco importa a existência de EXTRATO DA MINUTA
crime, como a falsificação de docu-
mento particular, da competência da
Justiça Comum do Estado. Aplica-se CC n~ 2.691-0 SP
o disposto no verbete n. 52 da Sú- (92.0001382-1) - Relator: O Sr. Mi-
mula do antigo TFR: nistro Adhemar Maciel. Autora: Jus-
tiça Pública. Ré: Walquíria de Cás-
"Compete à Justiça Federal o sia Gonçalves Forte. Suscte.: Juízo
processo e julgamento unificado de Direito da 20~ Vara Criminal de
dos crimes conexos de competên- São Paulo-SP. Suscdo.: Juízo Fede-
cia federal e estadual, não se apli- ral da F Vara Criminal-SP.
cando a regra do art. 78, lI, a, do Decisão: A Seção, por unanimida-
Código de Processo Penal." de, conheceu do conflito e declarou
competente o Suscitado, Juízo Fede-
In casu, como se viu, foi a CEF, ral da 1~ Vara Criminal-SP, nos ter-
empresa pública federal, que arcou mos do voto do Relator (em 03.12.92
com o prejuízo. Em jogo ficou, ade- - 3~ Seção).
mais, a segurança e eficiência de seu
serviço. Votaram com o Relator os Srs.
Mins. José Dantas, Pedro Acioli,
A jurisprudência da Casa é tran- Flaquer Scartezzini, Costa Lima, As-
qüila. Assim, o CC n. 1.515-RJ, pu- sis 'Ibledo, Edson Vidigal e Vicente
blicado no DJU de 19/08/91, em que Cernicchiaro.
foi relator o eminente Ministro Fon-
tes de Alencar. A contrario sensu, Presidiu o julgamento o Sr. Minis-
o CC n. 2.428-SP, publicado no DJU tro JOSÉ CÂNDIDO.

108 R. Sup. 'frib. Just., Brasília, a. 7, (72): 97-117, agosto 1995.


CONFLITO DE COMPETÊNCIA N~ 3.210-5 - DF
(Registro n~ 92.0004497-2)

Relator: O Sr. Ministro Costa Lima


Autora: Justiça Pública
Réus: Plínio Cézar Lage de Oliveira e outros
Advogados Divaldo Theophilo de O. Netto e outro, Manoel Firmino de
Araújo e outros, Arnaldo Carlos da Silva Filho, Joana Re-
nata Simi e Roberto Gomes Peres
Suscitante: Juízo Federal da 3!! Vara-DF
Suscitado: Juízo de Direito da 7!! Vara Criminal-DF

EMENTA: Competência. Crime de moeda falsa e de falsificação.


I. Compete à Justiça Federal Comum processar e julgar crime de
moeda falsa estrangeira (CF, art. 109, V).
11. "Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado
dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se apli-
cando a regra do art. 78, 11, a, do Código de Processo Penal" (Sú-
mula 52-TFR).
ill. Conflito conhecido, declarando-se competente a Justiça Federal.

ACÓRDÃO RELATÓRIO

Vistos, relatados e discutidos estes O SR. MINISTRO COSTI\. LIMA:


autos, acordam os Ministros da 'Ier- Adoto como relatório a parte exposi-
ceira Seção do Superior Tribunal de tiva do parecer do Ministério Públi-
Justiça, na conformidade dos votos e co:
das notas taquigráficas a seguir, por
unanimidade, conhecer do conflito e "Os acusados José Rodrigues, Plí-
declarar competente o Suscitante, nio de Oliveira, Francisco Brito,
Juízo Federal da 3!! Vara-DF. Vota- John Fritis Kennedy Brito, Moacir
ram com o relator os Ministros Assis de Freitas, Antônio Ribeiro, Rogé-
'Ibledo, Edson Vidigal, Vicente Cer- rio Ribeiro, Alberto B. Kaad e Wil-
nicchiaro, José Dantas, Pedro Acioli
ton da Silva foram presos em fla-
e Flaquer Scartezzini.
grante no dia 9 de abril de 1991,
Brasília, 20 de agosto de 1992 quando agentes da Polícia Civil do
(data de julgamento). Distrito Federal cumpriam man-
Ministro JOSÉ CÂNDIDO, Presi- dado de busca domiciliar, expedi-
dente. Ministro COSTI\. LIMA, Relator. do pela 6!! Vara Criminal, para in-

R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 7, (72): 97-117, agosto 1995. 109


vestigações em torno de esteliona- 6. Manifestando-se sobre esse pe-
to por emissão de cheques sem dido, e com ele concordando, re-
fundos no Comércio de Brasília. quereu o ilustre Promotor Públi-
2. O flagrante foi comunicado tan- co pela remessa dos autos à Jus-
to ao MM. Juiz de Direito da Va- tiça Federal, especialmente por-
ra Criminal de Brasília, quanto que, tratando-se de crime defor-
ao MM. Juiz Federal, porque Plí- mação de quadrilha, presente a
nio Oliveira e José Rodrigues fo- conexão probatória (ou instrumen-
ram também autuados nas penas tal) que impunha a remessa dos
do art. 289, § 1~ do C.P., por ter autos à Justiça Federal. Esse pa-
sido encontrado em seu poder cer- recer foi acolhido pelo Juízo sus-
ca de cinqüenta mil dólares falsi- citado.
ficados. Recebidos os autos, o MM. Juiz
3. Diante da prisão em flagrante, Federal suscita o presente confli-
os dois acusados que foram encon- to de competência, ao fundamen-
trados com os dólares falsificados, to de que importa, em primeiro
requereram perante o Juízo da 3~ lugar, distinguir o crime de com-
petência federal, descrito no art.
Vara Federal no DF, liberdade
289 do CP, não constante da de-
provisória, sendo esse pedido inde-
núncia (fls. 06/10), daquele outros
ferido, de início, e posteriormente
objetos de expressa imputação aos
concedido.
réus, e que são da competência da
4. Encerrado o Inquérito Policial, Justiça do Distrito Federal. "E
foram os autos encaminhados à acrescenta que os fatos praticados
Justiça do Distrito Federal, tendo pelos agentes são distintos uns
o il. Promotor de Justiça ofereci- dos outros, identificando diversas
do denúncia contra os indiciados, condutas delituosas, o que impõe
em relação aos artigos 288 e 299 o desmembramento do processo."
c/c art. 69 do C.P. e art. 19 da (fls. 735/737)
L.C.P., visto que associaram-se
para cometer fraudes no comércio A seguir, manifesta-se pela com-
de Brasília. petência da Justiça Federal.
5. Entretanto, o representante do Recebi petição de Francisco das
Ministério Público Federal, veri- Chagas Brito solicitando cassação do
ficando que os autos de inquérito decreto de prisão preventiva.
não lhe foram remetidos para ofe-
Relatei.
recimento do crime federal noti-
ciado no flagrante, apresentou-se
nos autos, em petição solitária, e VOTO
requereu ao MM. Juiz de Direito
da 7~ Vara Criminal do DF que O SR. MINISTRO COSTA LIMA
declinasse de sua competência em (Relator): Os motivos elencados pe-
favor da 3~ Vara Federal. lo Juiz Federal para suscitar a sepa-

110 R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 7, (72): 97-117, agosto 1995.


ração dos processos, embora dignos policiais dirigiram-se para residên-
de ponderação, cedem ante os segu- cia do primeiro acusado, na QSC
ros fundamentos postos no parecer 22 - Lote 24, 'Th.guatinga-DF.
da ilustrada Subprocuradora-Geral N o local foram encontrados os
da República, Dra. Delza Curvello
dois primeiros acusados. As mer-
Rocha:
cadorias não foram localizadas.
'Ibdavia, os agentes encontraram
"O flagrante foi realizado em uma
quarenta e dois mil e quatrocen-
única peça, e os delitos apurados
em um mesmo inquérito. Decidir tos dólares falsos, de propriedade
nestes autos, se há ou não cone- deles, parte de um todo de US$
xão, ou se deve ou não ser realiza- 54.000,00 trazidos de 'Th.batinga-
do o desmembramento do feito, AM. A diferença já havia sido
será adentrar no mérito da prova vendida a compradores incautos
colhida, suprimindo, inclusive, a diversos." (fl. 07)
atuação do Ministério Público Fe-
deral, titular da ação penal reb- E conclui dizendo que a "quadri-
tiva ao delito do art. 289 do C.P. lha agia com inequívoca convergên-
Na roalidade, o que se constata, é cia de vontades de seus agentes to-
que delitos da esfera estadual e dos eles agregando-se sempre à figu-
federal vinham sendo praticados ra do líder José Rodrigues" (fl. 09).
pelos envolvidos nos inquéritos e Ora, foi na residência deste onde
essa ação era realizada em con- foram encontrados os quarenta e
junto, em quadrilha. Daí porque dois mil dólares falsos.
impõe-se a definição da competên-
cia federal que exerce vis atrac- Assim, sem querer e nem poder
tiva sobre a estadual." (fls. 737) aprofundar o exame da conexão dos
crimes da competência da Justiça
A denúncia oferecida pelo Promo- Comum com o de moeda falsa, em
tor de Justiça, embora tenha impu- tese, tenho que a prova mantém es-
tado aos acusados apenas os crimes treita ligação, com influência recÍ-
de quadrilha ou bando e de falsida- proca.
de ideológica em concurso material, Desse modo, por força do dispos-
não conseguiu dissociá-los de fatos to no item V, do art. 109, da Consti-
que envolvem a todos na trama de- tuição, compete à Justiça Federal o
lituosa desenrolada em etapas, e de julgamento da ação penal.
modo tal que a prova de uns se acha
intimamente ligada ao de moeda fhl- Penso que tanto a Justiça Comum
sa, reclamando a unidade de pro::es- do Distrito Federal quanto a Justi-
so e julgamento. ça Federal Comum são da mesma
'Th.nto é que a denúncia narra: graduação e a Justiça Federal não é
especial.
"No dia 09.04.91, em cumpri- N essa linha de raciocínio, teria
mento à ordem judicial, agentes razão o Juiz Federal em sugerir a

R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 7, (72): 97-117, agosto 1995. 111


separação dos processos, cada ramo Pública. Réu: Plínio Cezar Lage de
da Justiça Comum julgando os cri- Oliveira. Advs.: Divaldo Theophilo
mes de sua competência. de O. Netto e outro. Réu: John Fri-
No entanto, junto ao extinto Tri- tis Kennedy de Araújo Brito. Advs.:
bunal Federal de Recursos a idéia Manoel Firmino de Araújo e outros.
não vingou. Prevaleceu o entendi- Réu: Francisco das Chagas Brito
mento de que: (réu preso). Adv.: Arnaldo Carlos da
Silva Filho. Réus: Moacyr de Frei-
"Compete à Justiça Federal o pro- tas e Rogério Ribeiro (réu preso).
cesso e julgamento unificado dos Advogada: Joana Renata Simi.
crimes conexos de competência fe- Réus: Wilton Marques da Silva e
deral e estadual, não se aplican- José Rodrigues. Advogado: Roberto
do a regra do art. 78, lI, a, do Gomes Peres. Réus: Alberto Bilel
CPP" (Súmula 52). Raad e Antônio José Ribeiro. Susc-
te.: Juízo Federal da 3~ Vara-DF.
Suscdo.: Juízo de Direito da 7~ Va-
Assim, acolhendo o parecer do Mi-
nistério Público Federal, conheço do ra Criminal-DF.
conflito e declaro competente o Juiz Decisão: A Seção, por unanimida-
Federal suscitante a quem caberá de, conheceu do conflito e declarou
apreciar o pedido de revogação de competente o Suscitante, Juízo Fe-
prisão preventiva formulado por deral da 3~ Vara-DF (em 20.08.92 -
Francisco das Chagas Brito. 3~ Seção).

Votaram de acordo os Srs. Mins.


EXTRATO DA MINUTA Assis 'Ibledo, Edson Vidigal, Vicen-
te Cernicchiaro, José Dantas, Pedro
CC n 2 3.210-5 DF Acioli e Flaquer Scartezzini.
(92.0004497-2) - Relator: O Sr. Mi- Presidiu o julgamento o Sr. Minis-
nistro Costa Lima. Autora: Justiça tro JOSÉ CÂNDIDO.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA N2 7.354-5 - PB


(Registro n 2 94.0001152-0)

Relator: O Sr. Ministro José Dantas


Autora: Justiça Pública
Réu: Pedro Carlos Ferreira Chacon
Advogado: Dr. Francisco Pedro da Silva
Suscitante: Juízo de Direito da 3ó! Vara Criminal de Campina Grande-PB
Suscitado: Juízo Federal da 2ó! Vara da Seção Judiciária do Estado da
Paraíba

112 R. Sup. 'frib. Just., Brasília, a. 7, (72): 97-117, agosto 1995.


EMENTA: Processual Penal. Crimes conexos. Funcionário públi-
co federal.
- Competência. A correto teor da Súmula 52 do ex-TFR, "Compe-
te à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes
conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a re-
gra do art. 78, 11, a, do Cód. de Processo Pena!."

ACÓRDÃO Carlos Chacon, Agente da Polícia


Federal, como incurso nas penas
Vistos, relatados e discutidos es- dos artigos 69, 71 e 325, todos do
tes autos, acordam os Ministros da Código Penal, combinado com o
Terceira Seção do Superior Tribunal art. 12, § 2~, incisos I, II e III, da
de Justiça, na conformidade dos vo- Lei n~ 6.368/76, por violar o sigi-
tos e das notas taquigráficas a se- lo de sua função, ao fornecer aos
guir, por unanimidade, conhecer do usuários e traficantes de drogas,
conflito e declarar competente o Sus- com os quais se relacionava, infor-
citado, Juízo Federal da 2~ Vara da mações sobre as operações da Po-
Seção Judiciária do Estado da Paraí- lícia Federal, que seriam desen-
ba, nos termos do voto do Sr. Min. cadeadas na cidade de Campina
Relator. Votaram com o Relator os Grande.
Srs. Mins. Assis 1bledo, Edson Vidi- O processo disciplinar encon-
gal, Luiz Vicente Cernicchiaro, Adhe- tra-se às fls. 288/315 cuja conclu-
mar Maciel e Anselmo Santiago. Au- são foi pela responsabilidade fun-
sentes, por motivo justificado, os Srs. cional do indiciado e ainda, come-
Mins. Flaquer Scartezzini e Pedro timento, em tese, de crime pre-
Acioli. visto no Código Penal e na Lei
Brasília, 04 de agosto de 1994 6.368/76
(data do julgamento). Despachando nos autos às fls.
Ministro JESUS COSTA LIMA, 326, o MM. Juiz Federal declinou
Presidente em exercício. Ministro de sua competência a favor da
JOSÉ DANTAS, Relator. Justiça Estadual, após entender
que "violação de sigilo funcional
apontada na denúncia tem liame
RELATÓRIO
com o tráfico de tóxico doméstico,
sem repercussão internacional."
O SR. MINISTRO JOSÉ DAN-
TAS: Para relatar o feito, socorro-me Firmando a competência, o Ma-
do parecer da Subprocuradora-Geral gistrado Estadual abriu vista ao
Delza Curvello, concebido nos se- il. Promotor de Justiça que ratifi-
guintes termos: cou em todos os termos a denún-
cia de fls. 02/05, oferecida pelo
"O Ministério Público Federal Representante do MPF/PB (fls.
ofereceu denúncia contra Pedro 333v. e fls. 334).

R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 7, (72): 97-117, agosto 1995. 113


Concluída a instrução do feito, o destacada a circunstância da identi-
MJ\1. Juiz de Direito suscitou o pre- dade do denunciado como servidor pú-
sente conflito negativo de competên- blico federal, qualidade na qual pra-
cia a ser dirimido por essa Egrégia ticara o delito de violação de sigilo fun-
Corte, por entender aplicável ao ca- cional, pouco importa ao deslinde com-
so a súmula n 2 52 do ex-TFR, deter- petencial de que se trata o fato da co-
minando, por isso, a remessa dos nexação dessa prática menor com a
autos à Justiça Federal. maior, de incentivo do uso de tóxico.
Razão assiste ao Magistrado
Sobre a matéria, em muito boa
Estadual.
hora, o hoje extinto Tribunal Federal
Com efeito, compete à Justiça de Recursos construiu a Súmula 52,
Federal o processo e julgamento a fundamentos que ainda agora se
dos crImes conexos de competên- recomendam como melhor interpre-
cia federal e estadual.
tação do art. 78, II, a, do Cód. de
Cumpre observar que ação impu- Proc. Penal, do modo como o enun-
tada ao réu, conforme se verifica ciado se conjuga com o do verbete
na peça inaugural, atingiu inte- 254-TFR, igualmente adotado por
resse e serviço da União, uma vez esta Eg. Seção, quando nada em
que duas oportunidades - CC 8.362,
" ... as ações policiais repressi- ReI. Min. Costa Leite, e CC 5.350,
vas do tráfico e drogas na cida- do qual fui relator, com esta ementa:
de da Campina Grande não vi-
nham obtendo resultado positi- "Processual Penal. Agente de po-
vo. Apurou-se que tal ocorreu lícia federal. Homícidio.
porque o acusado sempre forne- - Competência. Cabe à Justiça
cia aos usuários e traficantes Federal processar e julgar os de-
de psicotrópicos, com os quais litos praticados por funcionário
se relacionava, informações so- público federal, no exercício de
bre operações da Polícia Fede- suas funções e com estas relacio-
ral, que seriam desencadeadas nadas, inclusive a presidência do
na referida cidade." Júri nos crimes contra a vida."
Diante do exposto, opina o Mi-
nistério Público Federal pelo co- Pelo exposto, conheço do conflito
nhecimento do conflito declaran- para declarar competente o Juízo
do-se competente o Juízo suscita- Federal suscitado.
do." - fls. 538/40.
EXTRATO DA MINUTA
Relatei.
CC n 2 7.354-5 PB
VOTO (94.0001152-0) - Relator: O Sr. Mi-
nistro José Dantas. Autora: Justiça
O SR. MINISTRO JOSÉ DAN- Pública. Réu: Pedro Carlos Ferreira
TAS (Relator): Senhor Presidente, Chacon. Advogado: Francisco Pedro

114 R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 7, (72): 97-117, agosto 1995.


da Silva. Suscte.: Juízo de Direito da voto do Sr. Min. Relator (em 04.08.94
3~ Vara Criminal de Campina GraT!.- - 3~ Seção).
de-PB. Suscdo.: Juízo Federal da 2~ Votaram com o Relator os Srs.
Vara da Seção Judiciária do Estado Mins. Assis 'Ibledo, Edson Vidigal,
da Paraíba. Luiz Vicente Cernicchiaro, Adhemar
Decisão: A Seção, por unanimida- Maciel e Anselmo Santiago. Ausentes,
de, conheceu do conflito e declarou por motivo justificado, o Sr. Min. Cid
competente o Suscitado, Juízo Fede- Flaquer Scartezzini e Pedro Acioli.
ral da 2~ Vara da Seção Judiciária Presidiu o julgamento o Sr. Minis-
do Estado da Paraíba, nos termos do tro JESUS COSTA LIMA.

HABEAS CORPUS N~ 1.944-0 - SP


(Registro n~ 93.0013783-2)

Relator: O Sr. Ministro Flaquer Scartezzini


Impetrante: Carlos Orlando Mesina Vidal
Impetrada: Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 3:: Região
Paciente: Carlos Orlando Mesina Vidal (réu preso)

EMENTA: Habeas Corpus - Falsificação de travellers cheques e


uso de passaporte adulterado - Conexão - Competência.
- Conexos os crimes de falsificação de travellers cheques e de adul-
teração de passaporte, compete à Justiça Federal o processo e jul-
gamento unificado do feito.
- Ordem denegada.

ACÓRDÃO tificadamente, o Sr. Min. Edson Vi-


diga!.
Vistos, relatados e discutidos es- Brasília, 21 de junho de 1993 (da-
tes autos, acordam os Ministros da ta do julgamento).
Quinta Turma do Superior Tribunal Ministro FLAQUER SCARTEZZI-
de Justiça, na conformidade dos vo- NI, Presidente e Relator.
tos e das notas taquigráficas a se-
guir, por unanimidade, denegar a or- RELATÓRIO
dem. Votaram com o relator os Srs.
Ministros José Dantas, Jesus Costa O SR. MINISTRO FLAQUER
Lima e Assis 'Ibledo. Ausente, jus- SCARTEZZINI: 'frata-se de habeas

R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 7, (72): 97-117, agosto 1995. 115


corpus substitutivo de recurso ordi- VOTO
nário não interposto contra v. acór-
dão do Eg. Tribunal Regional Fede- O SR. MINISTRO FLAQUER
ral da 3~ Região, que denegou ordem SCARTEZZINI: Srs. Ministros, o pa-
originária impetrada com o objetivo recer do MP no anterior habeas
de anular a sentença que condenou corpus faz remissão à sentença mo-
o paciente, Carlos Orlando Mesina nocrática condenatória do réu, que
Vidal, ao cumprimento de cinco anos em determinado momento assevera:
de reclusão, como incurso nos artigos
289 e 297 do Código Penal, pela ale- "Repilo, desde logo, a prelimi-
gação de incompetência da Justiça nar levantada pela defesa de in-
Federal para o julgamento dos cri- competência da Justiça Federal,
mes. uma vez que predominava enten-
As informações prestadas pela dimento no extinto 'Ihbunal Fede-
Presidência da Corte impetrada es- ral de Recursos jurisprudência no
clarecem que, o paciente foi preso sentido de que a falsificação de
em flagrante, processado e condena- travellers cheque é crime sujeito
do como incurso nas penas dos arti- à jurisdição federal, apesar da
gos 289 e 297 do estatuto penal, em existência de alguns acórdãos em
concurso material "por ter compare- sentido diverso.
cido a agência do Banco do Brasil Contudo, mesmo que assim não
munido de passaporte italiano, expe- fosse, como no caso, verificou-se
dido em nome de Cesar Fabian Ga- ainda a adulteração de passapor-
gliardi, no qual inserira fotografia te de Nação estrangeira (Itália),
sua, apresentando ao caixa daquele justifica-se, de todo modo, a com-
estabelecimento dez travellers-che- petência da Justiça Federal para
ques para desconto, verificando o o processo e julgamento de ambas
funcionário que estes constavam da as infrações penais, à vista da
relação de travellers fraudados ou inegável conexão existente entre
furtados, os quais haviam, ainda, si- elas, nos exatos termos da Súmu-
do adulterados em sua numeração la 52, do extinto Tribunal Federal
original e na assinatura neles conti- de Recursos (fls. 25)."
da". (fls. 13).
Alega o impetrante que os crimes Com efeito, mesmo não se consi-
não atingiram interesses da União derando o travellers cheque como pa-
Federal, pois, segundo afirma, os pel-moeda, como quer o impetrante,
travellers cheques não constituem o crime de falsificação de passapor-
moeda corrente no país, mas título te é julgado perante a Justiça Fede-
de crédito e o passaporte utilizado ral, e a teor da súmula 52trFR, em
era de origem italiana. virtude da conexão, ambos serão jul-
Determinei vistas ao Ministério gados por este foro privilegiado.
Público Federal que opinou pelo in- Desta forma, indefiro o presente
deferimento do writ. pedido de habeas corpus.
É o Relatório. É como voto.

116 R. Sup. 'lrib. Just., Brasília, a. 7, (72): 97-117, agosto 1995.


EXTRATO DA MINUTA Decisão: A 'furma, por unanimida-
de, denegou a ordem (em 21.06.93 -
HC n!! 1.944-0 SP 5!! 'furma).
(93.0013783-2) - Relator: O Sr. Mi- Votaram com o Relator os Srs.
nistro Flaquer Scartezzini. Impte.: Mins. José Dantas, Jesus Costa Lima
Carlos Orlando Mesina Vida!. Imp- e Assis 'Ibledo. Ausente, justificada-
da.: Segunda 'furma do Tribunal·Re- mente, o Sr. Min. Edson Vidigal.
gional Federal da 3!! Região. Pacte.:
Carlos Orlando Mesina Vidal (réu Presidiu o julgamento o Sr. Minis-
preso). tro FLAQUER SCARTEZZINI.

R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 7, (72): 97-117, agosto 1995. 117

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