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REVISTA
TRIMESTRAL
DE
JWRISPRUDE- NCIA
Segunda Turma
Ministro DJACI Alves FALCÃO, Presidente
Ministro José Carlos MOREIRA ALVES, Vice-Presidente
Ministro DECIO Meirelles de MIRANDA
Ministro ALDIR Guimarães PASSARINHO
Ministro José FRANCISCO REZEK
é o caso dos autos, onde sequer se mesmo a nós para a formação es-
poderia falar em assistência litis- trutural do processo. E essa não é,
consorciai, porque aqui o Estado com efeito, a ratio legis, pois o art.
jamais teria legitimação para, em 71 do CPC, quando se refere ao de-
nome próprio, sustentar a mesma nunciado, fala em citação, isto é,
pretensão deduzida pelo autor. passa ele a compor a relação
Cumpre então indagar se Mato jurídica processual e material. Ao
Grosso poderia ser admitido na li- passo que, no art. 73, quando men-
de como denunciado. Entendemos ciona os demais interessados, fala
que não. o Código em intimação deles, o que
Primeiramente, não houve pedi- dá bem a idéia da diferença de tra-
do do autor nesse sentido. Reza, a tamento entre o alienante e os seus
a propósito, o art. 71 do CPC, que a antecessores.
citação do denunciado será reque- Pelas razões expostas, não deve,
rida, juntamente com a do réu, se a nosso ver, figurar o Estado de
o denunciante for o autor. Na espé- Mato Grosso na lide, ficando , em
cie, não se fez tal requerimento. conseqüência, afastada a compe-
Matéria, por conseguinte, preclu- tência originaria do Supremo Tri-
sa. bunal para processar e julgar a
Em segundo lugar, não seria líci- causa».
to ao réu denunciar a lide a tercei- E o relatório preliminar, para exa-
ro para figurar como denunciado me da competência do Tribunal, cu-
do autor. A este, evidentemente, jas cópias se farão presentes a todos
cabe dizê-lo de tal interesse. Se os integrantes do Plenário, na forma
não o fez em tempo oportuno, falta regimental.
legitimação ao réu para fazê-lo em Brasília, 4 de outubro de 1983.
nome do autor. E de resto o que se
deduz da parte final do art. 71 do VOTO
CPC, quando diz que, no prazo da
contestação, o réu requererá a ci- O Sr. Ministro Francisco Rezek
tação do seu denunciado. (Relator): A Procuradoria Geral da
Ainda por uma terceira razão República opina no sentido de que se
não poderia Mato Grosso figurar exclua do feito o Estado de Mato
Grosso, julgando-se incompetente o
na lide como denunciado. E que o Supremo Tribunal Federal, com a
art. 70, I, do CPC, dispõe que a de- conseqüente remessa dos autos à
nunciação à lide é obrigatória ao Justiça Federal.
alienante. Ocorre, no entanto, que
aqui o Estado não alienou a área Adoto suas razões, acrescentando
objeto do litígio ao autor. Este, que este Tribunal, ao julgar o Agra-
conforme ele próprio o diz na ini- vo Regimental na Ação Civel Origi-
cial, a obteve de outrem, a quem, nária n? 299-MT, orientou-se no senti-
este sim, deveria ter sido denun- do de que a denunciação à lide não
ciada a lide. se faz per saltum. Ao contrário, obe-
Como reforço ao argumento de dece a uma sucessão nos títulos, de
que a denunciação só cabe ao alie- acordo com o que preceitua o artigo
nante, traz o Estado de Mato Gros- 73 do Código de Processo Civil.
so a lição de Arruda Alvim, que Ante o exposto, excluo da relação
quem a solução mais correta é cir- jurídica processual o Estado de Ma-
cunscrever a denunciação a uma to Grosso, dando por incompetente o
primeira geração, pois, a não se Supremo Tribunal para julgar a cau-
entender assim, levar-se-iam até sa — por não configurado o pressu-
R.T.J. —108 463
REPRESENTAÇÃO N? 1.114 — RS
(Tribunal Pleno)
Relator: O Sr. Ministro Oscar Corrêa.
Representante: Procurador-Geral da República — Assistente: Estado do
Rio Grande do Sul — Representada: Assembléia Legislativa do Estado do
Rio Grande do Sul.
Representação.
Emenda Constitucional n? 17, de 27 de novembro de 1980, à Consti-
tuição do Estado do Rio Grande do Sul, de iniciativa legislativa, esta-
belecendo normas quanto a limite de idade para inscrição em concurso
público, ou readmissão, e para seu deferimento.
Inconstitucionalidade, em face dos artigos 13, I, III e V; 10, VII, c;
57, V; 97, 11 1?; 108 e 200 da Constituição Federal, por invadir órbita de
competência exclusiva de iniciativa do Chefe do Poder Executivo,
além de dispor sobre matéria reservada, na Constituição Federal, à
fixação em parâmetros federais obrigatórios.
Representação procedente, declarada a inconstitucionalidade da
Emenda Constitucional 17/80 à Constituição do Estado do Rio Grande
do Sul.
ACÓRDÃO tados dois parágrafos ao artigo 89 da
Constituição Estadual, que passou a
Vistos, relatados e discutidos estes ter a seguinte redação: (fls. 3/4):
autos, acordam os Ministros do Su- «Art. 89. A primeira investidu-
premo Tribunal Federal, em Sessão ra em cargo público dependerá de
Plenária, na conformidade da ata do aprovação prévia em concurso pú-
julgamento e das notas taquigráfi- blico de provas, ou de provas e
cas, por unanimidade de votos, em títulos, salvo os casos indicados em
julgar procedente a Representação e
declarar a inconstitucionalidade da lei.
Emenda Constitucional n? 17, de 27 Para efeito de inscrição
de novembro de 1980, do Estado do em concurso público ou readmis-
Rio Grande do Sul. são, serão observados os limites de
Brasília, 13 de outubro de 1983 — idade vigentes para cargos de atri-
Cordeiro Guerra, Presidente — buições iguais ou semelhantes ao
Oscar Corrêa, Relator. Serviço Público Federal salvo se a
lei estadual for menos restritiva.
Atendidos os requisitos exi-
RELATÓRIO gidos para a participação em con-
curso, nenhum candidato poderá
ter sua inscrição indeferida, salvo
O Sr. Ministro Oscar Corrêa: 1. O conduta comprovadamente preju-
Exmo. Procurador-Geral da Repú- dicial ao exercício da atividade
blica, Professor Inocênclo Mártires correspondente ao cargo, caso em
Coelho argúi a inconstitucionalidade que terá prazo para recurse.»
da Emenda Constitucional n? 17, de
27-11-1980, promulgada pela Assem- 2. Segundo assinala o então Go-
bléia Legislativa do Rio Grande do vernador do Estado, com a Emenda
Sul e a teor da qual foram acrescen- 17 ofenderam-se «os artigos 13, I
R.T.J. —108 467
REPRESENTAÇÃO N? 1.132 — SP
(Tribunal Pleno)
Relator: O Sr. Ministro Djaci Falcão.
Representante: Procurador-Geral da República — Representada: As-
sembléia Legislativa do Estado de São Paulo.
Representação. Argüição de inconstitucionalidade da Lei n? 3.067,
de 9.11.81, de iniciativa da Assembléia Legislativa e promulgada pelo
seu Presidente, elevando valores de gratificações pro labore, concedi-
das a militares postos à sua disposição.
Afronta ao princípio da iniciativa do processo legislativo consubs-
tanciado no art. 57, inc. II, da Constituição da República, aplicável à
espécie em combinação com o art. 13, Inc. III, do referido diploma.
Procedência.
ACORDA() art. 119, inc. I, letra 1, da Constitui-
ção Federal, submete à considera-
Vistos, relatados e discutidos estes ção do Supremo Tribunal Federal a
autos, acordam os Ministros do Su- argüição de inconstitucionalidade da
premo Tribunal Federal, em sessão Lei n? 3.067, de 9-11-81, de iniciativa
plenária, à unanimidade de votos e da Assembléia Legislativa do Estado
na conformidade da ata do julga- de São Paulo, e promulgada pelo seu
mento e das notas taquigráficas, em Presidente.
julgar procedente a Representação,
e declarar a inconstitucionalidade da Segundo a solicitação formulada
Lei n? 3.067, de 9-11-81, de iniciativa pelo Senhor Governador do Estado, o
da Assembléia Legislativa do Estado referido diploma legal prevê a eleva-
de São Paulo, e promulgada pelo seu ção dos valores das gratificações pro
Presidente. labore concedidas a servidores da
Brasília, 28 de setembro de 1983 — Secretaria de Segurança Pública à
Cordeiro Guerra, Presidente — disposição da Assembléia Legislati-
Djaci Falcão, Relator. va, estabelecendo em seu art. 1? que
tais valores serão calculados, per-
RELATORIO centualmente, sobre o quantum do
padrão 1-A da Tabela da Escala de
O Sr. Ministro Djaci Falcão: O Vencimentos 4, da Lei Complemen-
Prof. Inocêncio Mártires Coelho, tar n? 247/81, na conformidade do
Procurador-Geral da República, no disposto nos incisos I a V do mesmo
uso das atribuições que lhe confere o art. 1?, a saber:
R.T.J. — 108 473
pliativa, para sob seu pálio tam- O que também ensina Celso
bém ser englobada a magistratura Agrícola Barbi:
estadual. «Quando existe uma causa em
Esta antinomia interpretativa andamento entre duas ou mais
pretendida para o mesmo preceito pessoas, pode acontecer que um
legal não pode abrigar, no mesmo terceiro tenha interesse em que a
pólo da relação jurídica proces- sentença seja favorável a uma
sual, partes visceralmente antagô- das partes, de modo que lhe será
nicas, sob pena de grave subversão conveniente ingressar no proces-
do conceito doutrinário da assistên- so para auxiliá-la na obtenção
cia, instituto entre nós regulado pe- dessa vitória» (Comentários ao
lo art. 50 do Código de Processo Ci- Código de Processo Civil, Foren-
vil. se, vol. I, tomo I, pág. 289).
Diz-se ali que, pendente a ação, o Os peticionários, por pretende-
terceiro que tiver interesse jurídi- rem orientação diversa da postula-
co em que a sentença seja favorá- da pelo Procurador-Geral, não po-
vel a urna das partes poderá inter- dem evidentemente ser tidos na
vir no processo para assisti-la. qualidade de seus assistentes, por-
quanto em posição contrária àque-
Segundo Moacyr Amaral Santos, la defendida pelo Representante.
o assistente intervém em auxilio Não lhe querem emprestar auxílio;
de uma das partes contra a outra, Impugnam simplesmente a exege-
em razão do interesse que tem na se por ele sustentada.
vitória daquela e na derrota desta»
(Direito Processual Civil, 4t ed., A não se entender assim, qual-
Max Limonad, 2? vol.. pág. 48). E quer do povo se legitimaria para,
acrescenta o festejado processua- como assistente, pretender dar ao
lista: texto legal em exame a interpreta-
ção que melhor lhe conviesse.
«O interesse, que legitima o Cair-se-la então naquela situação
terceiro a agir como assistente descrita por Carnelutti e lembrada
de tuna das partes, conquanto em voto ainda recente do eminente
não seja um simples interesse de Ministro Rafael Mayer, ao refutar
tato, mas um interesse jurídico, a existência de interesse jurídico
não se confunde com direito seu, para admissão de litisconsorte na
que não está em lide. O assisten- Representação n? 1.088, por incons-
te Intervém fundado no interesse, titucionalidade de lei. Escreveu S.
que tem, de que a sentença não .Exa. com a elegãncia de sempre:
seja proferida contra o assistido,
Porque proferida contra este po- «Sendo esse interesse do terceiro
deria influir desfavoravelmente o pressuposto para a intervenção
na sua situação jurídica» (Id., na causa, lembrava Carnelutti,
_ lb., pág. 48). diante dos termos genéricos do an-
tigo código de processo civil italia-
Ora, o interesse antagônico ma- no, que não é qualquer interesse
nifestado pelos peticionários não se que a justifica, pedindo uma inter-
compadece com a índole do institu- pretação restritiva, sem a qual, diz
to da assistência, pois nesta o as- com certa ironia, se «abriria, por
sistente só Intervém para ajudar, exemplo, as portas do processo a
auxiliar o assistido, aderindo à todos os parentes e amigos de cada
pretensão deste. Dai a conhecida uma das partes, assim como a to-
qualificação da assistência como dos aqueles a quem convenha que
ad adjuvandum. sobre as questões a resolver se
482 R.T.J. — 108
REPRESENTAÇÃO N? 1.155 — DF
(Tribunal Pleno)
Relator: O Sr. Ministro Soares Mulloz.
Representante: Procurador-Geral da República — Representado: Presi-
dente da República.
Representação. Interpretação de lel em tese.
— Representação conhecida para adotar-se o entendimento de que
o art. 1? do Decreto-lei n? 2.019, de 28.3.83, se aplica tão-somente aos
magistrados remunerados pelos cofres da União, enquanto que o art.
2? do mesmo Decreto-lei incide sobre todos os magistrados, federais
ou estaduais, de qualquer instância.
ACÓRDÃO Brasília, 9 de novembro de 1983 —
Cordeiro Guerra, Presidente —
Vistos, relatados e discutidos estes Soares Mufioz, Relator.
autos, acordam os Ministros do Su-
premo Tribunal Federal, em sessão RELATÓRIO
Plenária, na conformidade da ata do
julgamento e das notas taquigráfi- O Sr. Ministro Soares Miem O
cas, por unanimidade de votos, co- Dr Procurador-Geral da República,
nhecer da representação para no uso das atribuições que lhe confe-
adotar-se o entendimento de que o rem o art. 119, item I, alínea «1», da
artigo 1? do Decreto-lei n? 2.019, de Constituição Federal e o art. 179 do
28-3-83, se aplica tão-somente aos Regimento Interno do Supremo Tri-
magistrados remunerados pelos co- bunal Federal, submete ao exame da
fres da União, enquanto que o artigo Corte, mediante representação, o
2? do mesmo Decreto-lei incide sobre texto do Decreto-lei n? 2.019, de 28 de
todos os magistrados, federais ou es- março de 1983, expedido pelo Sr.
taduais, de qualquer instância. Presidente da República, para que
R.T.J. — 108 487
REPRESENTAÇÃO N? 1.160 — SP
(Tribunal Pleno)
Relator: O Sr. Ministro Decio Miranda.
Representante: Procurador-Geral da República — Representado: As-
sembléia Legislativa do Estado de São Paulo.
Constitucional. Prefeito da Capital do Estado. Nomeação pelo Go-
vernador, com prévia aprovação da Assembléia Legislativa. Contro-
vérsia sobre se o ato de aprovação podia integrar-se por voto du plica-
do do Deputado-Presidente do Órgão legislativo, da segunda vez utili-
zado por motivo de empate na votação. Ato concreto, despido de qual-
quer atributo de abstração, generalidade ou normatividade. Descabi-
mento da representação.
AcORDAo lo voto, por duas vezes enunciado, do
Senhor Néfi Tales, uma vez como
Vistos, relatados e discutidos estes Deputado e outra, para desempate,
autos, acordam os Ministros do Su- como Presidente da Casa.
premo Tribunal Federal, em sessão
plenária, na conformidade da ata do Lê-se na exposição do Deputado
julgamento e das notas taquigráfi- Ostro Silveira, que suscitou a provi-
cas, por unanimidade de votos, em dência do Procurador-Geral da Re-
não conhecer da Representação. pública:
Brasília, 5 de outubro de 1983 — «20. Tendo em vista que partici-
Cordeiro Guerra, Presidente — param do processo de votação to-
Dedo Miranda, Relator. dos os 84 membros do Colegiado,
para a aprovação do mencionado
Projeto de Decreto Legislativo n? 1
RELATORIO de 1983, deveria, ser obtida a
maioria dOs votos dos Deputados
O Sr. Ministro Dedo Miranda — presentes, ou seja o voto favorável
Submete o Procurador-Geral da Re- de 43 (quarenta e três) Deputados
pública representação ao Supremo e, via de conseqüência, 41 (quaren-
Tribunal Federal, argüindo inconsti- ta e um) votos contrários. No en-
tucionalidade do Decreto Legislativo tanto, o resultado final apontou 43
n? 171, de 5-5-1983, pelo qual a As- votos favoráveis e 42 votos contrá-
sembléia Legislativa do Estado de rios, isto porque o Presidente da
São Paulo aprovou a indicação do Assembléia Votou Duas Vezes
nome do Deputado Federal Mário «SIM», a primeira como deputado
Covas para Prefeito ,do Município da concorrendo para o empate, e a se-
Capital. gunda como Presidente para o de-
A aprovação em causa, resultante sempate e a aprovação da maté-
de votação nominal, foi composta pe- ria.
506 R.T.J. 108
qual, no seu entendimento, ter-se-la lo, que, aceitando sua própria com-
obviamente determinado a suspen- petência, julgou 0 MS n? 58.852-2».
são do início do Campeonato da 2? (fls. 351).
Divisão de Futebol Profissional no Afinal, assim se manifesta a douta
Estado de São Paulo, no ano de 1983. Procuradoria Geral da República,
(Fls. 4 medio). em parecer do Procurador Moacir
Essa medida entraria em conflito Antonio Machado da Silva, devida-
com outras, que o referido Clube mente aprovado:
menciona na petição de fls. 2/6, to-
madas pela Justiça do Estado de São «O Clube Atlético Bragantino,
Paulo, especialmente a medida limi- ora suscitante, que conquistou o se-
nar concedida pelo Juizo de Direito gundo lugar na classificação do
da 10? Vara Civel de São Paulo ao Campeonato Paulista da Segunda
Grêmio Esportivo São Carlense, Divisão em 1982, requereu ao Supe-
assegurando-lhe o inicio do indigita- rior Tribunal de Justiça Desporti-
do campeonato. (Fls. 4 medio). va mandado de garantia contra a
Federação Paulista de Futebol, ob-
Solicitadas, na conformidade de jetivando a suspensão do Campeo-
meu despacho de fls. 356, informa- nato da mesma Divisão em 1983,
ções às autoridades judiciárias ditas até decisão final da oposição que
em conflito, vieram às fls. 365 e apresentara a ação proposta pelo
segs. as do Juiz Federal que passara Clube Atlético Taquaritinga contra
ao exercício da 58 Vara Federal do a mesma Federação, perante a 11?
Estado do Rio de Janeiro e as do Vara Civel da Capital, tendente a
Tribunal de Justiça do Estado de resguardar seu direito de acesso à
São Paulo a fls. 376/380. Primeira Divisão.
Ressaltam, estas últimas informa- Contra a decisão do STJD con-
ções, que o Supremo Tribunal Fede- cessiva da liminar, a Federação
ral, ao apreciar em sessão plenária Paulista ofereceu representação ao
o Conflito de Jurisdição n? 6.345, em Conselho Nacional de Desportos,
3 de fevereiro de 1982, decidiu, una- que, por sua vez, também através
nimemente, pela competência da de liminar, garantiu o inicio do
Justiça Estadual Comum em caso de Campeonato da Segunda Divisão.
medidas cautelares com «partes par-
ticulares e associação civil (as fede- Impetrou, por isso, o Bragantino
rações desportivas o são, e seus diri- mandado de segurança contra a
gentes não exercem função delegada decisão do CND, perante o MM.
pelo Poder Público)» ( fls. 379). Juiz da 5? Vara Federal do Rio de
Refiro, para eventual consulta, Janeiro, que deferiu liminar para
que o oficio do Supremo Tribunal, a sustar os efeitos do ato. Em decor-
propósito da solução dada ao referi- rência dessa decisão, o Campeona-
do precedente, acha-se, nestes autos, to da Segunda Divisão não poderia
por cópia à fl. 664. ser iniciado.
E acrescento que estes autos de Ocorre, porém, que o Grêmio Es-
conflito foram originariamente enca- portivo Sancarlense, um dos inte-
minhados ao Colendo Tribunal Fede- grantes da Segunda Divisão, re-
ral de Recursos, de onde vieram re- quereu medida cautelar, distri-
metidos ao Supremo Tribunal Fede- buída ao MM. Juiz da 10? Vara
ral por força do despacho copiado a Cível de São Paulo, precisamente
fls. 351, a dizer que a controvérsia já para garantir o inicio do Campeo-
fora objeto de decisão phlo E. Tribu- nato, tendo obtido liminar para es-
nal de Justiça do Estado de São Pau- se fim.
524 R.T.J. — 108
ACÓRDÃO RELATÓRIO
Vistos, relatados e discutidos estes O Sr. Ministro Decio Miranda: Ro-
autos, acordam os Ministros do Su- naldo Ferreira Dias requer mandado
premo Tribunal Federal, em Sessão de segurança contra a Mesa da Cã-
Plenária, na conformidade da ata de mara dos Deputados, alegando que
julgamentos e das notas taquigráfi- aquele respeitável órgão, depois de
cas, por maioria de votos, conceder haver omitido providência, por ele
a segurança. reclamada, de passá-lo do segundo
para o primeiro lugar da relação dos
Brasília, 14 de abril de 1982 — Suplentes de Deputados pelo Estado
Xavier de Albuquerque, Presidente do Rio Grande do Norte, recusa-se,
— Decio Miranda, Relator. agora, a convocá-lo para a vaga dei-
530 R.T.J. —108
nâmica. Não existe uma ativida- sou pela cabeça de ninguém que
de de suplente. Uma simples ex- por isso qualquer deles pudesse
pectativa. perder o seu mandato. A filiação
Já o art. 114 da Lei Maior não partidária não é condição para o
se aplica ao debate, e muito me- exercício do mandato.
nos ampara o solicitante. Ali se No caso em debate, acrescente-
trata de perda do cargo judiciá- se até a circunstância de que o 1?
rio, se o seu titular passar a suplente Ulisses Bezerra Poti-
exercer atividade político- guar era filiado á Arena, e a Are-
partidária. Não se cogita de per- na foi extinta. Mesmo tendo ele
da do mandato legislativo nem perdido filiação partidária, mais
do diploma de suplente. São coi- perdido está o Partido, que não
sas inteiramente diferentes». existe mais. Quem pode estar fi-
5. Ao depois, tendo em vista as liado a um partido inexistente? O
alegações do então requerente e que ele não podia fazer, sendo
ora Impetrante quanto à Resolução membro de um tribunal, era
n? 8.688 do Tribunal Superior Elei- filiar-se a qualquer dos novos
toral, no sentido de que se extingue partidos em organização, porque,
a filiação partidária com a investi- ai sim, perderia o seu lugar no
dura em cargo a cujo ocupante se- Tribunal, nos termos do art. 114,
ia vedado exercer atividade item III, da Constituição Fede-
político-partidária, conforme arts. ral».
114, III e 72, jf 3?, da Constituição, 6. A brilhante petição inicial,
doutrinou o Eminente Relator, De- que impressiona à primeira leitu-
putado Ernani Satyro: ra, dirige-se a figuras abstratas
«Temos como válida a alega- que não estão em jogo no caso con-
ção. A aceitação de cargo judi- creto. No momento atual, isto é,
ciário ou equivalente importa na com a abertura de vaga na banca-
extinção da filiação partidária. O da federal Potiguar, não se tem
que não aceitamos é a conse- em vista a figura do Juiz Conse-
quência pretendida pelo solicitan- lheiro do Tribunal de Contas,que
te, Isto é, que a perda da filiação foi Juiz, nem a de suplente que foi
importa na perda do mandato. E Juiz, pouco interessado neste últi-
não aceitamos por duas razões mo ponto que fosse o primeiro su-
fundamentais: plente. E nem interessa também
Primeiro, porque, ainda aqui, argumentação à base do condicio-
não se pode cogitar de perda de
nal, do «se» , quer dizer, «se» o su-
mandato de suplente, e sim de plente fosse convocado, «se», o su-
Deputado ou Senador. O suplente plente devesse ter sua função de
não está investido no mandato de primeiro suplente perdida ou cas-
congressista. E apenas suplente, sada. Suplente parlamentar, seja o
preparado para eventual investi- primeiro ou os que lhe seguem na
dura. ordem de classificação, possui me-
ra expectativa de direito à convoca-
Segundo, porque nunca ouvi- ção, não possuindo direito ad quiri
mos falar em que a perda de fi- -douiretfancsá
liação partidária importe em mesma. No caso concreto, quando
perda de mandato de Deputado ocorreu a vaga e, em conseqüên-
ou Senador. Até há pouco tempo, cia, a prinieirà convocação de su-
antes do prazo fatal para as [ina- plente, o Litisconsorte passivo é
ções, inúmeros congressistas es- que era o primeiro suplente, sem
tavam sem filiação, e nunca pas- nenhum impedimento. Evidente-
539 R.T.J. — 108
mente, não tendo ocorrido a convo- O que lhe dá vida larvada, vida hi-
cação em causa quando o mesmo bernada, para que possa florir em
era Conselheiro do Tribunal de futura eclosão, é o liame de inerên-
Contas do Estado, não iremos exa- cia ao ato original de sua geração: a
minar as hipóteses daí emergen- comunhão de idéias e propósitos em
tes. torno de uma organização partidária
Os dispositivos constitucio- de que tomou emprestada a legenda,
nais invocados pelo Impetrante, depósito de um ideário político.
que foram analisados pelo parecer A suplência vive, permanece, de-
já referido e com o qual concorda- sabrocha em mandato completo, por
mos, dirigem-se às figuras de Juiz força dã carga de vontade politica
e de Deputado, não á do simples que contém e que nela permanece,
Suplente. Pretende o Impetrante a por todo o tempo de sua duração,
aplicação dos mesmos por via re- com as marcas do partido de que
flexa. Não vemos como, principal- nasceu.
mente mediante reconhecimento Não se pode negar, pois, um con-
de direito liquido e certo de ordem teúdo político-partidário nesse man-
constitucional. dato larvado, enquanto não se exer-
Somos pelo indeferimento do cita plenamente, mesmo quando ha-
mandado de segurança.» (fls. ja probabilidade de nunca se vir a
132/7) exercitar.
o relatório. Tanto assim que, desabrochando
em mandato pleno, carrega consigo
VOTO o dever de fidelidade partidária, es-
tabelecido, como linha de principio,
pelo sistema eleitoral brasileiro.
Sr. Ministro Decio Miranda (Re-
lator): Rejeito as preliminares ar- Enquanto é suplente de Senador,
güidas na impugnação do litisconsor- de Deputado, de Vereador, o brasi-
te. leiro está marcado pela filiação par-
o faço com a fundamentação do tidária
dato
que o poderá levar ao man-
completo.
douto parecer, transcrito no relató-
rio. Está na expectativa de vir a exer-
Passo ao mérito. cer mandato dos eleitores do partido
pelo qual concorreu. Tem íntimo in-
Cifra-se a questão sob exame em teresse em que o titular pleno do
verificar se a nomeação para cargo mandato, que está designado para
de Juiz, por afastar o nomeado do substituir, venha a investir-se na
exercicM de atividade politica- função de Ministro de Estado, Secre-
partidária (Constituição, art. 114, tário de Estado, Prefeito de Capital,
III), tem por efeito, entre outros, a não só para maior glória e eficácia
perda da condição de suplente de Se- da ação do Partido, como pelo natu-
nador ou Deputado. ral desejo de chegar, pela suplência,
Não chega a suplência a ser um à sua substituição.
mandato efetivo, pleno, mas configu- Assim, a suplência é, por si mes-
ra, sem sombra de dúvida, um man- ma, um natural e lógico exercício de
dato incompleto, diferido e condicio- expectativas de atividade político-
nal, para cuja compleição o eleitora- partidária.
do nada tem a acrescentar. São fatos
externos ao ato de sua original cons- Se, nessa condição de suplente, al-
tituição, que nele vêm inserir-se, e o guém é nomeado Juiz, e se aos ma-
tornar pleno e completo. gistrados é vedado «exercer ativida-
R.T.J. — 108 535
jurídica de detentor de título que lhe Dias (Advs.: Célio Silva e Fernando
daria vocação ao exercício de man- Neves da Silva). Autoridade coatora:
dato eletivo, durante a mesma legis- Mesa da Câmara dos Deputados. Li-
latura, para a qual adquiriu esse tisconsdrte: Ulisses Bezerra Poti-
título. A investidura no cargo de ma- guar (Adv.: Hugo Mósca).
gistrado, em razão dos impedimen- Decisão: Pediu vista o Ministro
tos que dai decorrem, opera, auto- Firmino Paz, depois dos votos dos
maticamente, no que concerne a não Ministros Relator, Alfredo Buzaid e
mais subsistir esse título, que viabi- Neli da Silveira, concedendo a segu-
lizaria o exercício do mandato políti- rança. Falou pelo Impte, o Dr. Célio
co, durante o período de sua dura- Silva. Falou pelo Litisconsorte, o Dr.
ção. O título adquirido, antes do pro- Hugo ~ca.
vimento em cargo de magistrado,
para exercício de mandato legislati- Presidência do Senhor Ministro
vo, por sua natureza, de conteúdo Xavier de Albuquerque. Presentes à
político, perde, sem dúvida, a sua Sessão os Senhores Ministros Djaci
eficácia, para o respectivo detentor, Falcão, Cordeiro Guerra, Moreira
por força do impedimento, insito à Alves, Soares Muiloz, Decio Miran-
investidura de magistrado, do da, Rafael Mayer, Firmino Paz, Né-
exercício, em qualquer momento, de ri da Silveira e Alfredo Buzaid.
atividade político-partidária, sendo Procurador-Geral da República,
incompossivel, ao magistrado, ser Professor Inocêncio Mártires Coelho.
Juiz e, ao mesmo tempo, titular de Brasília, 31 de março de 1982 —
situação de conteúdo político, tal co- Jonas Célio Monteiro Coelho, Secre-
mo deter a condição de 1? suplente tário.
de Deputado Federal. De outra par-
te, o fato subseqüente de aposentar- VOTO (VISTA)
se no cargo de magistrado não pode
ter o condão de fazer ressurgir a si-
O Sr. Ministro Firmino Paz: Ro-
tuação de suplente de Deputado, an-
naldo Ferreira Dias, por seu ilustre
tes desaparecida, no curso da mes-advogado, propôs a presente ação de
ma legislatura. Com a investidura pedir mandado de segurança à Mesa
em cargo de magistratura, ou equi-da Câmara dos Deputados, ao funda-
valente, dá-se, ope juras, a extinção
mento, em abreviado, de que, sendo
do título de suplente em causa, cum-
Suplente de Deputado Federal, pelo
prindo entender que houve inequívo-
Estado do Rio Grande do Norte; ten-
ca opção, com a posse, pelo statusdo o Primeiro Suplente Ulisses Be-
de magistrado, inconciliável com ozerra Potiguar, nomeado Conselhei-
de deputado ou suplente, pelo con-ro do Tribunal de Contas do Estado,
teúdo político deste. perdido (textualmente) «a função de
Assim sendo, com essas breves Primeiro Suplente de Deputado Fe-
considerações, ponho-me de inteiroderal», não fora ele, autor da impe-
tração, convocado para preencher a
acordo com o voto do eminente Rela-
vaga que se dera, por morte do De-
tor, para, também, afastando as pre-
putado Djalma Marinho.
liminares, nos termos do parecer da
douta Procuradoria Geral da Repú- 2. Após o brilhante voto do emi-
blica, conceder a segurança nente Ministro José Néri da Silveira,
pedi vista dos autos, para examinar,
EXTRATO DA ATA principalmente, se a argüida perda
da qualidade de Suplente de Deputa-
MS 20.313-DF — Rel.: Min. Decio do Federal, que é de ser, necessaria-
Miranda. Impte.: Ronaldo Ferreira mente, sanção, efeito jurídico negati-
R.T.J. — 108 537
Zona de Guerra abrangida pelo De- ça: a) «os efeitos do tempo passado
creto n? 10.490-A, de 1942, no período como aluno do Tiro de Guerra n? 140-
de 30-11-1943 a 12-10-1944, situação re- RJ» e b) «o alcance do vocábulo
conhecida pela Administração, ha- «militares» inserido no artigo 1? da
vendo o Boletim Interno n? 40 DGP Lei n? 1.156, de 1950» (item 7 — fls.
publicado, a 4-3-1966, a averbação de 60).
10 meses e 13 dias, correspondentes
ao tempo de serviço militar prestado As questões assinaladas, responde
pelo impetrante, «como de efetivo a autoridade indicada coatora, nos
serviço e para todos os efeitos le- itens 8 a 39 das informações, nos se-
gais, de acordo com o Aviso n? 425- guintes termos (fls. 60/69):
D/5E, de 3 de novembro de 1964».
Acrescenta que, a 15-12-1966, «o Bole- «8. A resposta à primeira inda-
tim Interno n? 234 do DGP publicou gação deve ser buscada no
a averbação dos benefícios da Lei n? Decreto-Lei n? 3.940, de 1941, que
1.156, em favor do impetrante, que fornecia, à época, os conceitos bá-
passou a figurar nos seus assenta-1 sicos sobre tempo de serviço do
mentos» (sic). Entretanto, o Aviso Militar, ao estatuir:
n? 2, de 26-1-1972, tornou insubsisten- «Art. 83
te o anterior Aviso n? 425/1965, com
base no qual se dera a averbação. 3? Definem-se, como se se-
Destaca o impetrante, na inicial guem, as expressões: anos de
(fls. 4), que poderia ter alcançado a efetivo serviço, de praça, de ser-
inatividade, com apoio no art. 60, da viço, de serviço completo, de ser-
Lei n? 4.902, de 1965, aos 25 anos de viço público e tempo computável
serviçõ, sem qualquer prejuízo, sus- para fins de inatividade.
tentando que «esta lide não existiria
se, ao invés de continuar trabalhan- Anos de efetivo serviço ou
do, houvesse requerido transferência tempo de efetivo serviço é o lap-
para a reserva desde 18 de maio de so de tempo contado dia a dia,
1968». entre a data inicial de praça e a
do licenciamento, transferência
Discute a seguir, o requerente a para a reserva ou reforma do ofi-
condição do atirador dos Tiros de cial ou da praça,com dedução
Guerra, sustentando o status de mili- dos períodos não computáveis
tar (fls. 6/10). por lei e desprezadas as suple-
Requer, afinal, o impetrante o de- mentações provenientes de guar-
ferimento do wrlt no sentido de que nições especiais, decênios sem li-
seja reconhecido o direito de se cença, etc. O tempo dobrado de
transferir para a Reserva Remune- serviço em campanha é conside-
rada com os proventos de General rado como efetivo serviço.
de Divisão, com efeito retroativo a Anos de serviço ou de pra-
24-9-1981, data do decreto que o ça, ou tempo de serviço, de pra-
transferiu para a inatividade, como ça, ou computável para fins de
Coronel. inatividade, é o período de tempo
Vieram as informações solicitadas contado como no caso anterior
(fls. 58/69), onde o Chefe do Poder porém acrescido de outros perío-
Executivo, adotando o pronuncia- dos de tempo de caráter ou natu-
mento do Ministério do Exército, reza militar, que forem por lei
constante do Parecer n? 02/82, res- também concedidos: tempo do-
salta serem dois os aspectos básicos brado, guarnições especiais,
emergentes do mandado de seguran- períodos de curso de Colégio Mi-
542 R.T.J. — 108
litar, decênios sem licença, etc. pode ele servir de suporte fático
Não pode ter início antes da Ida- para a concessão do benefício que
de de 15 anos». ora se pretende.
Observe-se que o diploma Já ficou esclarecido que a
jurídico em foco admitia como Lei n? 1.156, de 1950, dirige-se aos
Efetivo Serviço exclusivamente o militares que prestaram serviço na
espaço de tempo contado dia a dia zona de guerra definida pelo De-
a partir da data de praça — que, creto n? 10.490-A, de 1942. Vejamos
no caso, ocorreu em 1 de abril de se o impetrante, à época, detinha o
1996 — e o tempo dobrado de servi- status de militar.
ço em campanha. Quaisquer ou- O Decreto-Lei n? 3.084, de
tras modalidades de tempo de ser- 1941 — Estatuto dos Militares cita-
viços eram consideradas como «a- do no pedido, dando a conceituação
créscimo» e incluídas na rubrica de militares da ativa, assim pre-
Anos de Serviço, para fins de inati- ceituava:
vidade. Art. 42. São militares da ati-
Sistemática idêntica foi ado- va os cidadãos que, a serviço das
tada pelo Estatuto dos Militares armas no Exército e na Armada,
promulgado em 1946 (Decreto-Lei delas fazem profissão êxclusiva,
n? 9.698), art. 97, §§ 1? e 2?, alíneas permanente ou em caráter
a e b, bem como pelos Estatutos transitório.
subseqüentes, a saber: Parágrafo único. São conside-
Decreto-Lei n? 1.029, de 1969 rados em serviço das armas em
— art. 80, §§ 1? e 2?, e 81, suas caráter transitório os militares
alíneas e parágrafos; da reserva, quando convocados
ao serviço ativo, .e os cidadãos
Lei n? 5.774, de 1971 — arts. incorporados ao Exército e à Ar-
140 e 141, itens I a VI; e mada para a prestação do servi-
Lei n? 6.880, de 1980, sob cu- ço militar.
ja égide se efetivou a inativação E quanto à função militar, es-
em causa. tabelecia:
Com efeito, referido diplo- Art. 45. A função militar
ma, ao dispor sobre tempo de efeti- caracteriza-se pelo exercício,
vo serviço, também não inclui o transitório ou permanente, da
tempo passado como aluno de ór- atividade militar, como profissão
gão de formação da reserva naque- exclusiva na tropa, na esquadra
la categoria (art. 136). ou nos serviços, em graduação,
posto ou comissão militar, cons-
Ao contrário, considera-o co- tante de leis e regulamentos do
mo acréscimo, relacionando-o na Exército ou da Armada».
rubrica Anos de Serviço computá- (Grifou-se).
vel somente no momento da passa-
gem do militará situação de inati- Preceituações idênticas foram
vidade e para esse fim — Art. 137, introduzidas no Decreto-Lei n?
III, g. 1?. 3.864, de 24 de novembro de 1941 —
artigos 42, parágrafo único, e 45.
13. Ora, estabelecendo a lei, ta-
xativamente, que tal período é con- 16. Convém ficar desde logo es-
siderado acréscimo e, como tal, só clarecido que o termo «incorpora-
tem eficácia para complementação ção», na terminologia militar, sig-
de tempo para a inatividade, não nificava, à época, e ainda signifi-
R.T.J. — 108 593
de maio de 1968 (com 25 anos de rém, haver sido anulada essa aver-
serviço), esta lide não existiria». bação, em decorrência do Aviso n? 2,
Anulado o ato que deu origem a de 26-1-1972.
averbação do tempo passado como Sustenta o Impetrante que, por
aluno de Órgão de Formação como força do art. 60, da Lei n? 4.902, de
de efetivo serviço, nulos ficaram 16-12-1965, em data anterior ao Aviso
todos os demais atos efetuados em n? 2/1972, adquiriu o direito à Reser-
função daquele. va Remunerada, não mais podendo,
39. Fica, portanto, demonstra- assim, operar o referido cancela-
do, nenhum ser o direito do impe- mento da averbação, quanto ao im-
trante, por inexistir disposição de petrante.
lei que autorize a concessão do be- Reza o art. 60 aludido:
nefício pleiteado aos então alunos
(sócios) de Tiro de Guerra. Se «Fica assegurado ao militar que,
constitui injustiça, como alega o na data de 10 de outubro de 1966,
requerente, a inaplicabilidade das contar 20 (vinte) ou mais anos de
Leis n°s 616/49 e 1.156/50 aos então efetivo serviço o direito ã transfe-
alunos de Tiros de Guerra, não me- rência, a pedido, para a Reserva
nos injusto é a sua não aplicação Remunerada a partir da data em
aos militares da ativa que, à épo- que completar 25 (vinte e cinco)
ca, prestavam serviço em Unida- anos de efetivo serviço.»
des Militares sediadas em localida- Possuindo, à data dessa lei, 20
des não abrangidas pelo Decreto n? anos, 6 meses e 10 dias de serviço,
10.490-A. Daí, a inarredavel conclu- completou 25 anos de serviço a 1-4-
são de que nem tudo que é justo, é 1971, ou, segundo alega, considerado
legal.» o período que então se averba de 10
Pronunciou-se no feito, às fls. meses e 13 dias, desde 18-5-1970, es-
72/75, a douta Procuradoria-Geral da taria intitulado a transferir-se para
República, no sentido do indeferi- a Reserva Remunerada.
mento da Impetração, reportando-se Sucede, entretanto, que o cancela-
ao parecer emitido no Mandado de mento
Segurança de n? 20.204, de que Rela- 2/1972,da averbação, pelo Aviso n?
fez-se, à evidência, segundo o
tor o eminente Ministro Decio Mi- entendimento de falta de fundamen-
randa. to legal para considerar como mili-
E o relatório. tares os alunos dos Órgãos de For-
mação da Reserva, qual observou o
VOTO Senhor General Chefe do Departa-
mento Geral do Pessoal, no Ofício n?
45, de 12-3-1979, em que propunha
O Sr. Ministro Néri da Silveira o restabelecimento das aludidas a-
(Relator): O impetrante assentou verbações. Nesse documento ( fls.
praça a 1-4-1946 ( fls. 17). No período 33/36), é certo, observou S. Exa. que
de 30-11-1943 a 12-10-1944, foi aluno do esse «reconhecimento jà vinha sendo
Tiro de Guerra, n? 140, no Rio de Ja- negado desde 1967, através dos Avi-
neiro. Esse período foi mandado sos n? 315/D1/GB, de 20-10-67 e
averbar em seus assentamentos, co- 102/D1/GB, de 22-3-68, tornados in-
mo tempo de serviço militar, com subsistentes pelo Aviso n? 2/72.»
base no Aviso n? 425/1964 ( fls. 30)
(Boletim Interno n? 234, de 15-12- Não parece, assim, desde logo,
1966), considerando-se, outrossim, Possível, no âmbito do mandado de
essa averbação para os efeitos da segurança, quanto a esse aspecto,
Lei n? 1.156/1950 (fls. 31). Ocorre, po- reconhecer estivesse o impetrante
R.T.J. — 108 547
(vide: fls. 19) já vigorava a nova Passarinho, hoje nosso colega, o Tri-
Lei de Segurança Nacional que, bunal Federal de Recursos assim se
sem motivação político-partidária, manifestou:
não considerava mais como contra «Competência.
a Segurança Nacional o assaltar
banco. Crime contra a segurança nacio-
O processo de execução não é nal.
prolongamento do processo de co- Unificação de Penas.
nhecimento. outra realidade pro- Tendo o crime pelo qual foi con-
cessual, autônoma. denado o réu, na Justiça Militar,
Constitui-se em postulações passado a ser considerado crime
— incidentes — maioria das vezes comum, cabe ao Juiz da Vara de
tituladas pelo sentenciado e sem- Execuções Criminais decidir sobre
pre discutindo o cumprimento da a requerida unificação das penas».
sanção seja para não se efetivar; E é essa a solução que se me afi-
seja para diminui-lo no quantum; gura correta, pela circunstância de
seja para observá-lo em tal ou qual que a Justiça Militar, no caso, dei-
regime penitenciário. xou de ter competência — e se trata
Porque se constitui em rela- de competência absoluta — para pro-
ção processual diversa é que o pró- cessar e julgar crimes dessa nature-
prio Código de Processo Penal in- za, inclusive no tocante à execução
siste nos artigos 668 e 671 em esta- das penas impostas.
belecer regra de competência fun- Em face do exposto, e acolhendo o
cional pelo tipo de processo em parecer da Procuradoria-Geral da
tais situações que, assim, dedu- República, defiro o presente habeas
zidas hão de ser perante apropria- corpus, para que, anuladas as deci-
do Juizo, verbis: sões da Justiça Militar quanto ao pe-
Artigo 668: A execução, onde dido de unificação das penas em
não houver juiz especial, incum- causa, seja ele apreciado e decidido
birá ao juiz da sentença»... pelo Juizo das Execuções Criminais
de São Paulo.
Artigo 671: Os incidentes da
execução serão resolvidos pelo EXTRATO DA ATA
respectivo Juiz. ( grifamos).
Somos, então, pelo deferi- HC 61.025-PR — Rel.: Min. Morei-
mento do pedido para que, anula- ra Alves. Pacte.: Fernando Antonio
das as decisões assentadas na ju- Porto Soares (Imptes.: O mesmo e
risdição castrense, seja a postula- Luiz Sergio Fernandés de Souza).
ção de Fernando Antonio Porto Coator: Superior Tribunal Militar.
Soares, pela unificação de suas pe- Decisão: Deferido o pedido nos ter-
nas, examinada e decidida no MM. mos do voto do Relator. Unânime.
Juizo das execuções Criminais de
S. Paulo, onde cumpre pena (fls. Presidência do Senhor Ministro
1U». Djaci Falcão. Presentes à Sessão os
Senhores Ministros Moreira Alves,
o relatório. Dedo Miranda, Aldir Passarinho e
VOTO Francisco Rezek. Subprocurador-
Geral da República, Dr. Mauro Leite
O Sr. Ministro Moreira Alves (Re- Soares.
lator): Ao decidir, em 29 de abril de Brasília, 9 de agosto de 1983 —
1981, o conflito de competência 4.274, Hélio Francisco Marques, Secretá-
de que foi relator o Ministro Aldir rio.
574 R.T.J. — 108
Não é, pois, sem razão, que o Re- tiça Federal é a que confere ao Ple-
gimento Interno do aludido Pretó- nário do Tribunal Federal de Recur-
rio, ao definir a competência de sos competência para apreciar man-
seu Plenário, cogita dos mandados dado de segurança contra ele impe-
de segurança contra atos do Conse- trado, no artigo 11, III, do Regimen-
lho da Justiça Federal, mas não to Interno do Tribunal Federal de
prevê igual competência para os Recursos.
habeas corpus em que esse órgão
figurar como coator.» Dai, aliás, como visto, infere o
A questão não é de fácil deslin- douto parecer da Procuradoria
de, em vista da omissão constitucio- Geral da República argumento con-
nal e mesmo da legislação comple- trário à competência daquele Plená-
mentar (a admitir-se pudesse suprir rio para os habeas corpus. Não nos
a lacuna da Lei Maior), não fixando parece assim: é que ao legislador —
a competência para a decisão sobre incapaz de prever todas as hipóte-
o pedido de habeas corpus contra de- ses, por mais experimentado e douto
cisão do Conselho da Justiça Federal — terá passado despercebida a pos-
em correição parcial — hipótese dos sibilidade de impetração do writ con-
autos. tra o Conselho. Tanto que previu o
mesmo artigo 11, IV, o processo e
Data venta contudo, do douto pare- julgamento de habeas corpus contra
cer, inclinamo-nos pela competência ato não só de Ministro de Estado, de
do Colendo Tribunal Federal de Re- Diretor-Geral da Policia Federal —
cursos, na linha do proposto nas in- previstos na Constituição, artigo 122,
formações do Ilustre Presidente da- I, d — como, ampliando-o, a ato do
quele Tribunal, pelos argumentos Presidente do Tribunal, de suas Se-
que, a seguir, aduziremos. ções ou Turmasrem face do estabe-
O Conselho da Justiça Federal lecido na LOMAN (artigo 89, ji 1?, d).
é, por definição legal, e o repete o Ora, se o Plenário tem essa compe-
douto parecer, «órgão do Tribunal tência, não se explica que não a te-
incumbido de presidir a administra- nha para apreciar o que se impetre
ção da Justiça Federal de primeira contra o Conselho da Justiça Fede-
instância» (artigo 45 c/c artigo 7? do ral.
Regimento Interno do Tribunal Fe-
deral de Recursos), por ele escolhi- Nem se há de alargar o enten-
do, junto a ele funcionando e a ele - dimento do artigo 119, I, h da Consti-
submetendo o seu próprio Regimento tuição para abranger nele o Conse-
(artigo 6?, XVII da Lei n? 5.010/66 lho de Justiça Federal: antes que à
com as modificações posteriores). jurisdição do Supremo Tribunal Fe-
Vincula-se, pois, umbelicalmente, deral, os atos do Conselho devem es-
ao Tribunal, ao qual pertencem to- tar sujeitos à jurisdição do próprio
dos os seus membros. Tribunal Federal de Recursos, não
Se, de seus atos e decisões não ca- colhendo inclui-lo como autoridade
be recurso administrativo (Lei n? ou funcionário, como previsto no re-
5.010/66, artigo 7? e Regimento Inter-
ferido dispositivo, para subordinar-
lhe a apreciação a esta Corte.
no do Tribunal Federal de Recursos,
artigo 46), não prevê a Constituição Também não nos parece acolhivel
a competência para decidir os recur- o argumento que «os componentes
sos contra suas decisões de outra na- do Conselho, ademais, acham-se sub-
tureza. metidos à jurisdição da Suprema
A única referência expressa a re- Corte, como se vê do artigo 119, I, b,
curso contra ato do Conselho da Jus- da Carta Federal».
582 R.T.J. — 108
elas foram emitidas, até esse ponto Sãos estatais, no exercício de suas
não se estende a dita imunidade, funções. Assim, o suposto do art. 143,
pois o Juiz nem é parte, nem tem in- do Código Penal é o de sua aplicabi-
teresse particular na causa, nem es- lidade restrita à querela privada, co-
tá em contenda com as partes. A vi- mo bem destacado pelo venerável
vacidade de linguagem ou a crítica acórdão recorrido.
forte e altiva têm larga margem pa- Assim, pelos fundamentos do douto
ra exercitar-se, não se Justificando, parecer, nego provimento ao recur-
em nenhum momento, venha decair so.
para o plano da ofensa à honra indi-
vidual do magistrado. Esse é enten- EXTRATO DA ATA
dimento que se deve ter não só como
pacifico, como equilibrado e Justo, RHC 61.303-SP — Rel.: Min. Rafael
insuscetível de censura válida. Mayer. Recta: Gabriel Basslli.
Por outro lado, a retratação, na hi- (Adv.: José Gomes da Silva). Rec-
pótese, não pode ser causa de extin- do.: Tribunal de Alçada Criminal do
ção da ação penal, nos termos do Estado de São Paulo.
art. 108, VII, do Código Penal. Como Decisão: Negou-se provimento ao
dentre os fatos delitivos imputados recurso de habeas corpus. Decisão
ao paciente, se inclui a injúria, a es- unânime.
ta não se estenderia o manto da re- Presidência do Senhor Ministro
tratação, pois esta somente diz, para Soares Mutioz. Presentes à Sessão os
isentar de pena, com a calúnia e a Senhores Ministros Rafael Mayer,
difamação (art. 143 do CP). Todavia, Néri da Silveira, Alfredo Buzaid e
razão mais abrangente para que não Oscar Corrêa. Subprocurador-Geral
se tenha por viável a retratação é da República, Dr. Francisco de As-
que a pretensão punitiva é veiculada sis Toledo.
mediante ação pública, e o é porque
as ofensas atingem um agente públi- Brasília, 25 de outubro de 1983 —
co, ultrapassando a esfera privada António Carlos de Azevedo Braga,
para interessar à integridade dos ór- Secretário.
«Com efeito, quando muito teria lendário em que o processo será jul-
ocorrido mera irregularidade que gado. E suficiente que haja a publi-
na forma prescrita pelo art. 273, I cação da pauta, tal como ocorreu,
do anterior Código de Processo Ci- declarando «Autos com dia para jul-
vil e art. 244 do atual, não importa gamento», pois significa isso, obvia-
em nulidade, pois era de pleno co- mente, que o processo já poderá ser
nhecimento do ilustre patrono da chamado na sessão, após o prazo de
recorrente, segundo norma que era 48 horas.
adotada neste egrégio Tribunal de
Justiça, que, publicado no órgão De fato, o pretexto é de absoluta
oficial o aviso de «autos com dia esterilidade e, por isso mesmo, não
para julgamento», estes seriam co- poderá vingar.
locados em pauta e levados a jul-
gamento na primeira sessão da E mesmo de observar que a pauta
respectiva Câmara Julgadora, ob- desta Corte é também publicada
servando o previsto no § 4? do art. sem que haja menção expressa ao
874, acima citado, fato que, na rea- dia do calendário em que vai ser
lidade ocorreu, segundo certidão chamado o feito, sendo feita apenas
trazida aos autos pelos recorridos a indicação de que os feitos serão
com as razões de impugnação.» chamados para julgamento «a partir
da próxima sessão», o que tem sido
Apenas cabe fazer uma ressalva sempre entendido, por ser o óbvio,
no despacho aludido quando mencio- que essa mencionada « próxima ses-
na que, quando muito, teria ocorrido são» será aquela após o decurso do
mera irregularidade que, entretanto, prazo legal de 48 horas.
não implicava nulidade. E que não
houve irregularidade nenhuma. Na Pelo exposto, não conheço do re-
conformidade do disposto no § 3? do curso.
artito 874 do anterior Código de Pro- E o meu voto.
cesso Civil, à época vigente, os au-
tos com o recurso, "já ultimado seu
processamento, e prontos para julga- EXTRATO DA ATA
mento, «serão apresentados ao Pre-
sidente, que designará dia para jul-
gamento, mandando publicar anún- RE 82.105-PR — Rel.: Min. Aldir
cio no órgão oficial». Passarinho. Recte.: Indústria Theó-
philo Cunha S/A. (Adv.: George Bue-
E diz o § 4? do mesmo artigo 874, no G omm ). Recdos.: Evaldo Es-
in verbis: chembach e sua mulher (Adv.: José
Elias Küster).
Entre a data da publicação do
edital no órgão oficial e a sessão Decisão: Não conhecido. Unânime.
de julgamento, mediará, pelo me- Presidência do Senhor Ministro
nos, o espaço de quarenta e oito Djaci Falcão. Presentes à Sessão os
horas.» Senhores Ministros Moreira Alves,
Dedo Miranda, Aldir Passarinho e
As regras acima são exatamente Francisco Rezek. Subprocurador-
as mesmas existentes no atual Códi- Geral da República, Dr. Mauro Leite
go de Processo Civil, conforme o art. Soares.
552, caput, e seu § 1?.
Brasília, 19 de agosto de 1983 —
Na verdade, não há obrigação de Hélio Francisco Marques, Secretá-
na pauta haver menção ao dia do ca- rio.
604 R.T.J. — 108
dos seus negócios, pouco importando 1.046, § 3?, do CPC, mas o v. acórdão
a maior ou menor participação so- recorrido não julgou o mérito de seu
cietária, pois, de qualquer forma, os recurso, vulnerando o principio pro-
lucros da empresa seriam distri- cessual de revisão de julgados.
buídos a todos os sócios, inclusive à Foi o recurso admitido. Aqui,
apelada, na proporção de suas quo- manifestou-se a Procuradoria-Geral
tas. da República pelo conhecimento e
A embargante postulando a proce- provimento do recurso.
dência integral dos embargos ao ar- E este o relatório.
gumento de que o imóvel fora adqui-
rido com o fruto do seu trabalho, no VOTO
desempenho do cargo de Diretora de
uma empresa, sendo tal bem reser-
vado na forma estabelecida pelo ar- O Sr. Ministro Aldir Passarinho
tigo 1? da Lei n? 4.121/62. (Relator): O despacho do ilustre
Em grau de recurso, o 1? Tribunal Presidente do C. Tribunal de Alçada
de Alçada do Estado do Rio de Ja- Civel do Rio de Janeiro admitiu o re-
neiro, por unanimidade de votos, deu curso pela letra cl, por considerar
configurado o dissídio pretoriano, e
provimento à primeira apelação, e
julgou extinto o processo dos embar- assim também entendo.
gos de terceiro, condenada a apelada A questão posta em debate neste
em custas e honorários de 20% sobre ensejo do extraordinário se prende a
o valor da causa e negou provimento um só e único ponto: saber-se se os
à segunda apelação. embargos opostos pela embargante
O acórdão ficou ementado nestes devem ser considerados como do de-
termos: vedor, ou de terceiros. E que o v.
«Embargos de terceiro contra acórdão
situavam
impugnado entendeu que se
na primeira hipótese e, por
penhora. isso, haviam sido postos intempesti-
Impossibilidade jurídica do pedi- vamente. E justamente porque a
do formulado por quem é parte na embargante era devedora e não ter-
execução, fora das hipóteses do ceira, o pedido formulado nos em-
art. 1.046, pars. 2 e 3 do CPC e com bargos era juridicamente im-
invocação de matéria que teria de possível. Em conseqüência, o MM.
ser deduzida através de embargos Juiz declarou extinto o processo,
de devedor, dentro do prazo destes. com base no art. 287, VI, do Cód. de
Extinção do processo.» Processo Civil.
Dessa decisão, recorreu extraordi- A meu ver, a controvérsia não ofe-
nariamente a embargante, com am- rece maior dificuldade para seu des-
paro nas letras a e d da permissão linde, principalmente em face de vá-
constitucional, alegando que o v. rios julgados em torno da matéria,
acórdão impugnado negara vigência mesmo levando-se em conta a pecu-
aos arts. 128 e 1046 e seus parágra- liaridade que a espécie dos autos
fos, ambos do Cód. de Processo Ci- oferece.
vil, e divergira de julgados que trou- No caso, como se viu do relatório,
xe à colação. foi movida ação de execução contra
No seu recurso, sustenta a recor- a firma CONSEX — Organização
rente que não era parte no processo, de Vendas S/C e outros; aquela emi-
sofreu turbação na posse de um bem tente de uma nota promissória, e, os de-
seu, pela penhora. Afirma que a hi- mais, avalistas do mesmo título cam-
pótese em discussão é a do artigo bial. Entre estes, Moacyr Tei-
R.T.J. — 106 619
xeira de Freitas, então casado com considerar esta sua situação para se
Sônia Rocha Teixeira de Freitas, ora lhe negar a possibilidade de oferecer
recorrente, vindo a ser penhorado embargos de terceiros, na conformi-
imóvel que figurava como perten- dade do disposto no antes transcrito
cente ao casal. § 2? do art. 1.046 do Código de Pro-
Sônia Rocha Teixeira de Freitas, cesso Civil.
porém, insurgiu-se contra a penhora, E ainda que se admitisse possível
alegando que se havia desquitado de — o que, então, seria verdadeira in-
Moacyr antes da realização da pe- versão de natureza processual —
nhora, e o imóvel objeto da constri- deixar-se de considerar, pelo menos
ção judicial fora, na partilha, in- para os fins da execução e dos em-
cluído entre os seus bens. Pedia, bargos, a existência do desquite,
pois, fosse o bem liberado da penho- tendo-o como instrumento utilizado
ra que sobre ele recaíra. A par dis- para a defesa dos bens do casal —
so, sustentou que a divida contraída haveria, de qualquer sorte, incidên-
pela CONSEX não a beneficiaria, cia na hipótese, da regra do § 3?
não só porque ela e o seu ex-marido do art. 1.046, do Cód. de Proc. Civil,
tinham cada um apenas 5% das co- pois a defesa por ela, embargante,
tas daquela firma, como porque pos- oferecida foi a de que os bens objeto
suía ela rendimentos próprios, indus- da constrição eram seus, como côn-
trial que era, como diretora e acio- juge, e ela os estava defendendo, co-
nista da Studart S.A. — Indústria e mo proprietária. Nesta Corte, no jul-
Comércio, sendo os seus ganhos até gamento do RE n? 88.339-SP, pela
superiores aos do seu ex-marido, sua 2? Turma, Relator o Sr. Ministro
mesmo quando ainda casados. Moreira Alves, bem explícito ficou o
O v acórdão entendeu que os em- entendimento a respeito, conforme
bargos que deveriam ser opostos por se vê da ementa do respectivo acór-
Sônia Rocha Teixeira de Freitas dão, ao dizer:
eram embargos de devedor, e não de «O art. 1.096, § 3?, do Código de
terceiros.
Processo Civil, considerando o côn-
Não parece que seja assim, contu- juge como terceiro «quando defen-
do, na espécie em exame. de a posse de bens dotais, próprios,
Dizem os ff 2? e 3? do art. 1.096 do reservados ou de sua meação», e
CPC, in verbis: não tendo sido a mulher citada co-
«§ 2? Equipara-se a terceiro a mo devedora — hipótese em que
parte que, posto figure no proces- seria parte, na execução, para to-
so, defende bens que, pelo título de dos os efeitos — não admite que
sua aquisição ou pela qualidade ela, simplesmente intimada da pe-
em que os possuir, não podem ser nhora em execução em que o exe-
atingidos pela apreensão judicial. cutado é seu marido na qualidade
de avalista, defenda a posse de sua
§ 3? Considera-se também ter- meação por meio de embargos do
ceiro o cônjuge quando defende a devedor » (RTJ 88/656).
posse de bens dotais, próprios, re-
servados ou de sua meação.» Não possibilita a oportunidade o
exame dos alegados direitos da em-
Ora, no caso, está a embargante bargante quanto a serem seus os
defendendo bens que entende serem bens penhorados ou, pelo menos, que
próprios, eis que quando da penhora — inadmitida a partilha, pelo desqui-
já se encontrava desquitada, e não é te — fique resguardada a sua mea-
possível, de pronto, apresentada que ção, pelas ponderáveis razões que
foi a prova do desquite, deixar-se de oferece — mas não subsistem dúvi-
620 R.T.J. — 108
das, seja qual for a posição da em- xeira de Freitas. (Advs.: Eduardo
bargante o que a decisão sobre o mé- Pinto Martins e outros). Recdo.:
rito dirá, que os embargos que lhe Banco Brasileiro de Descontos S/A
caberia opor eram — tal como for- (Advs.: Pedro Henrique Ribeiro Plá-
mulados — embargos de terceiro, já cido e outros).
que não foi ela citada para a ação. Decisão: Conhecido e provido nos
Pelo exposto, conheço do recurso e termos do voto do Ministro Relator.
lhe dou provimento, a fim de que o Unânime.
C. Tribunal de Alçada, afastada a in-
tempestividade dos embargos e tor- Presidência do Senhor Ministro
nada sem efeito a extinção do pro- Djaci Falcão Presentes à Sessão os
cesso julgue o mérito, como enten- Senhores Ministros Moreira Alves,
der de direito. Decio Miranda, Aldir Passarinho e
E o meu voto. Francisco Rezek — Subprocurador-
Geral da República, Dr. Mauro Leite
EXTRATO DA ATA Soares.
Brasília, 6 de dezembro de 1983 —
RE 93.896-RJ — Rel.: Min. Aldir Hélio Francisco Marques, Secretá-
Passarinho. Recte.: Sônia Rocha Tei- rio.
resse social para fins de reforma que tolhe a União Federal e ao seu
Agrária, não é possível, de logo, co- órgão executor a desapropriação
mo prefaciai da expropriante, in- do imóvel que a Constituição e a
vocar argumentos com base no lei lhe asseguram.
art. 14 do Decreto-lei n? 554. A Negativa de vigência do arti-
questão da viabilidade da expro- go 267, § 3?, do Código de Processo
priação é um prius, relativamente Civil, por exclusão do efeito pro-
a tudo o que já se realizou o dito cessual da coisa julgada material e
processo expropriatório, para que outras preliminares na espécie
este prospere ou não. Obstáculo, é (itens I, IV, V e VI do próprio arti-
certo, não se apresenta ao Poder go 267) .
Judiciário para verificar se o imó-
vel está excluído, ou não, da expro- A relevância das questões fe-
priação cogitada. Isso, aliás, vêm derais suscitadas, em capítulo es-
pedindo os agravados, como pro- pecífico».
prietários, contra o ato expropria- Processado o recurso extraordiná-
tório desde a primeira impetração rio, nesta instância o eminente
formulada ao Tribunal no Manda- Subprocurador-Geral, Mauro Leite
do de Segurança n? 70.897-RS. Soares, opina pelo conhecimento e
Do exposto, meu voto é negando provimento para ser declarada a ca-
provimento ao agravo, para que a rência da ação nesses termos:
ação ordinária, ação direta, movi- «Inicialmente é de se salientar
da pelos expropriados, possa ter que o caso versado nos autos, desa-
curso até final, na forma de direi- propriação por interesse social de
to». imóvel rural para fins de reforma
Pela letra a, vem interposto pela agrária, possui seus princípios fun-
União recurso extraordinário assim damentais no capítulo constitucio-
sintetizando as suas argüições: nal da ordem econômica e social,
«a) Negativa de vigência do arti- art. 161, §§, bem como é especial-
go 14 do Decreto-lei n? 554/69 (Im- mente disciplinada pelo Decreto-
possibilidade jurídica de ação e de lei 554/69, não tendo, portanto, na-
cumulação dos pedidos veiculados da em comum com os outros tipos
na inicial) e do seu artigo 9?. de desapropriações por utilidade
ou interesse social, como, por
Negativa de vigência do art. exemplo, o Decreto-lei n? 3.365/41,
46, § 5?, da Lei n? 4.504/64; art. 52 o qual é expressamente referido
do Decreto n? 55.891/65; art. 37 do pelo Decreto-lei n? 554/69 em seu
Decreto n? 72.106/73 (o reconheci- artigo 12 apenas para os fins de
mento do imóvel como empresa ru- aplicação do seu art. 9?, isto é, pa-
ral é da competência exclusiva do ra declarar que ao Poder Judiciá-
INCRA, vedado o exame de mérito rio é vedado decidir se se configu-
do ato Administrativo); do art. 6? e ram ou não os pressupostos do in-
seu § único da Constituição Fede- teresse social para o ato desapro-
ral do artigo 12 do Decreto-lei n? priatório, não se lhe aplicando, por
554/69, combinado com o art. 9? do conseguinte e peremptoriamente, o
Decreto-lei n? 3.365/41 e art. 5? da art. 20 do Decreto-lei n? 3.365/41,
Lei n? 4.132/62. Lei das Desapropriações.
Negativa de vigência do arti- A diferença em questão, além de
go 161 e seu parágrafo da Consti- fundamental, é perfeitamente ex-
tuição Federal e da própria Lei plicável pelas próprias origens e fi-
de Desapropriação (Decreto-lei n? nalidades dos atos desapropriató-
554/69, artigos 1? a 14), uma vez rios respectivos, mesmo porque a
624 R.T.J. — 108
base dos aumentos que seu salário No caso, a Lei n? 5.698/71, vigente
integral teria se permanecesse em ao tempo da aposentadoria do recor-
atividade, em conseqüência de to- rente, dispõe:
dos os dissídios coletivos ou acor- «Art. 6? Fica ressalvado o di-
dos entre empregados e emprega- reito ao ex-combatente que, na da-
dores posteriores à st a aposenta- ta em que entrar em vigor esta
doria. Tal reajuste também se da- Lei, já tiver preenchido os requisi-
rá todas as vezes que ocorrerem tos na legislação ora revogada, pa-
aumentos salariais, conseqüentes a ra a concessão da aposentadoria
dissídios coletivos ou a acordos en- por tempo de serviço nas condições
tre empregados e empregadores, então vigentes, observado, porém,
que poderiam beneficiar ao segu- nos futuros reajustamentos, o dis-
rado em atividade». posto no artigo 5?».
Sem dúvida havia uma situação «Art. 5? Os futuros reajusta-
consolidada para a obtenção da apo- mentos do benefício do segurado
sentadoria, nos termos do art. 1? da ex-combatente não incidirão sobre
Lei n? 4.297/63. Havia direito adqui- a parcela excedente de 10 (dez) ve-
rido à concessão da aposentadoria, zes o valor do maior salário míni-
com proventos integrais, uma vez mo mensal vigente no País».
que o recorrente preenchia os requi- Aliás, o citado art. 6? foi conside-
sitos da legislação anterior, embora rado constitucional, em decisão do
requerendo-a na vigência da lei nova Egrégio Tribunal Federal de Recur-
(Lei n? 5.698/71). Esclareço que isso sos, conforme lembra o acórdão re-
foi observado, bem assim os proven- corrido. Trata-se
tos não sofreram redução em virtude cujo acórdão foidomantido AMS n° 74 017,
por esta
da aplicação da lei nova. Corte ao julgar o RE n? 84.088, rela-
No entanto, impõe-se ponderar que tor o eminente Ministro Saores Mu-
não há direito ao critério estabeleci- foz (RTJ 95/1153).
do para o cálculo, nos futuros reajus- Naquele caso, ex-integrante da
tamentos estabelecidos por lei. A FEB, que preenchia os requisitos do
nossa jurisprudência é no sentido de art. 197, letra c, da Constituição, se-
que não há direito adquirido ao regi- gurado da previdência social, impe-
me jurídico observado para o cálculo trou mandado de segurança contra o
dos proventos, no momento da apo- INPS para que a sua aposentadoria
sentadoria (RE n? 88.305, Rel.: o Sr. fosse calculada sem o limite de 10
Min. Moreira Alves, RTJ 88/651). vezes o maior salário mínimo vigen-
Assim sendo, desde que mantido o te no país, fixado na mencionada Lei
montante dos proventos, sem pre- n? 5.698/71, e sim com base no salá-
juízo efetivo para o aposentado, a lei rio integral. O impetrante não teve
nova pode modificar o sistema de êxito. Corte
Afirmando o acórdão desta
que o salário integral signifi-
reajustamentos futuros. Parece-me
válido o princípio em relação aos cava a integridade do salário, «se-
gundo a legislação própria da Previ-
inativos da Previdência Social. A dência Social», não se impondo a
Constituição estabelece proventos in- aposentadoria com base no salário
tegrais aos vinte e cinco anos de ser- real.
viço efetivo, tanto para o ex-
combatente funcionário público, co- Não vejo ofensa ao art. 153, § 3?,
mo para o contribuinte da previdên- da Lei Maior. Por outro lado, tam-
cia social (art. 197, letra c). Proven- bém não tem pertinência a alegada
tos segundo a lei especifica, e não divergência com a Súmula 359 ( re-
remuneração integral formulada por força da decisão pro-
R.T.J. —108 637
tor e Néri da Silveira. Não tomou veira, Oscar Corrêa, Aldir Passari-
parte no julgamento o Sr. Ministro nho e Francisco Rezek. Ausente, jus-
Francisco Rezek, por não ter assisti- tificadamente, o Senhor Ministro Al-
do ao Relatório. fredo Buzaid. Procurador-Geral da
Presidência do Senhor Ministro República, Professor Inocêncio Már-
Cordeiro Guerra. Presentes à Sessão tires Coelho.
os Senhores Ministros Djaci Falcão,
Moreira Alves, Soares Mufioz, Dedo Brasilia, 29 de setembro de 1983 —
Miranda, Rafael Mayer, Néri da Sil- Alberto Veronese Aguiar, Secretário.
in RTJ, vol. 79, pág. 298, restou es- do juiz, a todos aqueles aos quais
tabelecida a distinção acima propos- a morte do viajante privar de ali-
ta. Afirmou o eminente Ministro Mo- mento, auxílio ou educação.» (in
reira Alves: RTJ, vol. 79/301)
«E certo, por outro lado, que a No RE n? 83.978-RJ, esta Turma, a
Lei n? 2.681, de 7-12-1912, que disci- 3-6-1981, Relator o Senhor Ministro
plina a responsabilidade civil das Antonio Neder, decidiu em acórdão,
estradas de ferro, admite a repara- de cuja ementa consta:
ção de danos morais cumulados
com danos patrimoniais, em seu «2. Os artigos 1.538, 1539 e 1.548,
art. 21, cujo teor é este: todos do Código Civil, não confe-
rem aos pais, ou mesmo aos fami-
«No caso de lesão corpórea ou liares de quem haja sido vitimado
deformante, à vista da natureza por conduta ilícita de outrem, o di-
da mesma e de outras circuns- reito subjetivo à indenização pelo
tâncias, especialmente a invali- dano moral, ou pela dor que sofre-
dade para o trabalho ou profissão ram com o falecimento do filho, ou
habitual, além das despesas com do familiar, visto que tais regras
o tratamento, e os lucros cessan- concedem esse direito somente à
tes, deverá pelo juiz ser arbitra- pessoa ofendida, e isto no caso de
da uma indenização convenien- lesão corpórea deformante, como
te.» decorre do art. 21 da Lei n? 2.681
A hipótese nela tratada, porém, de 7-12-1912, que dispõe sobre a
é a de dano moral em favor da responsabilidade civil das empre-
própria vitima, tanto que diz res- sas ferroviárias.
peito o dispositivo apenas no caso Precedente do STF sobre a
de lesão corpórea ou deformante. matéria.
Visou esse artigo, sem dúvida, a Discussão a respeito de ser
reparar, também, o pretluxn indenizável o dano moral sofrido
doloris da vitima, a carregar con- pelo pai de quem foi vitimado em
sigo pelo resto de sua vida, as con- acidente ferroviário».
seqüências maléficas da lesão so-
frida. Essa circunstância já afasta- Em seu voto, observou o ilustre Mi-
ria a analogia com a situação do nistro Antonio Neder
beneficiário no caso de morte, hipó- «Estou em que o dano moral
tese em que a dor dos que ficam se causado por conduta ilícita é inde-
esmaece com o tempo. Ademais, nizável como direito subjetivo da
as próprias razões, que moveram o pessoa ofendida, isto é, no caso de
legislador a adotar o principio rígi- lesão corpórea deformante sofrida
do do art. 1.537 do Código Civil, em pela pessoa ofendida, como decor-
casos mais graves do que o de re do artigo 21 da Lei n? 2.681, de 7-
morte decorrente de acidente, es- 12-1912, que dispõe sobre a respon-
tão a afastar qualquer tentativa de sabilidade civil das empresas fer-
aplicação analógica de preceito roviárias.»
que visa atender a outras cir-
cunstâncias'. E tanto é isso verdade Noutro passo de seu pronuncia-
que, em hipótese de morte, a pró- mento, afirmou:
pria Lei n? 2.681, no artigo 22, se «Parece contraditório que se ad-
adstringe a danos patrimoniais: mita indenizar-se o dano moral no
«No caso de morte, a estrada caso de lesão deformante e não se
de ferro responderá por todas as permita solução idêntica para o ca-
despesas e indenizará, a arbítrio so de homicídio.
650 R.T.J. — 108
aplicação do art. 267, VI, do Código Desta forma, não poderia ser
de Processo Civil. Evidente que o qualificado como de hipoteca o
v. acórdão só teria infringido o re- contrato que, mesmo com tal no-
ferido dispositivo legal se houvesse me, tivesse por objeto um artístico
caracterizado o contrato como de aparador. Igualmente não poderia
sociedade, e deixado de extinguir o ser tida como comercial uma so-
processo. ciedade em que duas pessoas se
Pelas razões expostas, admito o reunissem para negócios de com-
recurso derradeiro, excluído o fun- pra e venda de imóveis, mesmo
damento de que foi negada vigên- que assim tivesse sido convencio-
cia ao artigo 267, VI do Código de nado. Faltaria a tais contratos per-
Processo Civil. Abram-se vistas às tinência objetiva.
partes, para que cada uma, no pra-
zo de 10 dias, apresente suas ra- A invocação vem a propósito do
zões. anotado tanto pela douta decisão
P. R. Intimem-se.» recorrida como pela apelada, dos
princípios informadores da inter-
2 o relatório. pretação dos contratos, no intuito
de qualificar o negócio jurídico
VOTO contratado pelos litigantes.
Parece-me, data venha, de todo im-
pertinente a busca da vontade doS
O Sr. Ministro Moreira Alves (Re- contratantes, posto que, se este
lator): 1. O acórdão recorrido partiu fosse o objetivo, in casu, o proble-
da premissa de que, no caso, a ques- ma seria extremamente simples,
tão não era a de saber o que as par- dado que as partes já teriam fixa-
tes quiseram contratar (matéria que do que o negócio seria sociedade
se situaria no terreno da interpreta- em conta de participação. Isto está
ção do contrato), mas, sim, a de de- dito com todas as letras no preâm-
terminar se elas, objetivamente, ce- bulo do contrato (fls. 36). O proble-
lebraram, ou não, um contrato de so- ma aqui todavia é o de saber se,
ciedade em conta de participação. pelo negócio jurídico convenciona-
Com efeito, diz ele: do, teriam as partes contratado
«O Prof. Silvio Rodrigues, lecio- uma sociedade. Em outras pala-
nando sobre os elementos essen- vras, se haveria pertinência objeti-
ciais do negócio jurídico, enumera va entre o contratado e os elemen-
serem eles a vontade humana, o tos essenciais de uma sociedade ou
objeto e a forma, assinalando que: mesmo da sociedade em conta de
participação.» (fls. 335/336).
«O segundo elemento essencial
tem a ver com a idoneidade do E, depois de ampla análise dos ter-
objeto, em relação ao negócio mos do contrato em causa, concluiu
que se tem em vista. Assim só pela negativa, verbis:
será idôneo para o negócio de hi-
poteca o bem imóvel, o navio ou «Carecendo, pois, o negócio
o avião. Os demais são bens int- jurídico convencionado de dois dos
dõneos para serem objeto de elementos essenciais da sociedade,
uma hipoteca; da mesma manei- tais como a affectio e os fins co-
ra, só podem ser objeto de mútuo muns e até mesmo do da colabora-
as coisas fungíveis, e de comoda- ção, seria injuridica, data venha, a
to as infungiveis». (In Direito Ci- sua qualificação como contrato de
vil, I vol., pág. 147, ed. Saraiva, sociedade; de qualquer sociedade,
1974). portanto. Seria ele então um con-
R.T.J. — 108 667
não seja provisionado, por não ter calidades de Jacu! -MG José Perei-
preenchido os requisitos das leis ra, e em São Pedro da união, MG,
mencionadas. O art. 28 e seu 1?, do Waldomiro Moreira de Alvarenga.
Decreto n? 74.170/1974, mais explíci-
to se faz, quanto ao caráter excep- Dessa maneira, sendo certo que
cional desse licenciamento que o Es- estavam, na forma do art. 15, 3?,
tado pode fazer, ocorrendo as cir- da Lei n? 5.991, de 1973, os estabele-
cunstâncias definidas nesses disposi- cimentos licenciados pelos órgãos
tivos, legal e regulamentar. sanitários estaduais, legitima era a
situação dos Oficiais de Farmácia
Na espécie, os ora recorridos obti- em referência, que se achavam re-
veram certificados de habilitação co- gularmente, como tais, registrados
mo Oficial de Farmácia, expedidos no CRF-6, para prosseguir, como já
pela Secretaria de Saúde Pública do vinham, operando com suas farmá-
Estado de Minas Gerais, em julho de cias, nas localidades de Jacta e São
1967 e janeiro de 1966 (fls. 16/17). Pedro da União, onde somente exis-
tiam os estabelecimentos dos impe-
A 26-12-1975, o CRF-6-MG comuni- trantes. Se o órgão sanitário esta-
cou ao segundo recorrido — Waldo- dual havia licenciado os estabeleci-
miro Moreira de Alvarenga haver si- mentos, renovando, inclusive, a li-
do julgado e aprovado seu pedido de cença, nenhuma manifestação em
inscrição como Oficial de Farmácia, contrário ocorreu da Secretaria de
«para o fim de obter do Serviço Sani- Saúde. Logo, o Conselho Federal de
tário Estadual o licenciamento de Farmácia, que não nega aos recorri-
farmácia de sua propriedade e sob dos a condição de Oficiais de Farmá-
sua responsabilidade técnica, na lo- cia, não podia se opor ao funciona-
calidade de São Pedro da União (fls. mento dos estabelecimentos em foco,
19), o que veio a ser confirmado pelo licenciados pelo órgão sanitário esta-
Conselho Federal de Farmácia, dual, na forma do art. 15, 3?, da
conforme Ofício do CRF-6, de 19-3- Lel n? 5.991/1973, que reza:
1976 (fls, 21), e Acórdão n? 603, de 20- «3? Em razão de interesse públi-
2-1976, com base na Lei n? 5.991/1973. co, caracterizada a necessidade da
Em 19-10-1978, o CRF-6 comunicou existência de farmácia ou droga-
ao impetrante em referência que o ria, e na falta de farmacêutico, o
CFF havia anulado dito Acórdão n? órgão sanitário de fiscalização lo-
603, pelo Acórdão de n? 811 (fls. 39). cal licenciará os estabelecimentos
Quanto ao recorrido José Pereira, sob a responsabilidade técnica de
em Oficio de 1?-9-1975, o CRF-6 prático de farmácia ou outro igual-
cientificou-o de haver o CFF homolo- mente inscrito no Conselho Regio-
gado sua inscrição como Oficial de nal de Farmácia, na forma da lei.»
Farmácia Licenciado, nos termos da
Lei n? 5.991/1973 (fls. 20), conforme Ora, os impetrantes eram Oficiais
Acórdão n? 549, de 8-7-1975. Em 19- de Farmácia. Mesmo que não pos-
10-1978, o mesmo CRF-6 comunica suíssem o titulo de Oficiais de Far-
que o CFF anulou o Acordão em mácia Provisionados, ut art. 57, dal
apreço, de n? 811. Lei n? 5.991/1973, ou art. 33, da Lei
n? 3.820/1960, assim inscritos no
Ora; os estabelecimentos dos im- Quadro próprio do CRF-6, como sim-
petrantes vinham funcionando regu- ples Oficiais de Farmácia, podiam
lamente, sob sua responsabilidade continuar com os estabelecimentos
técnica, com licença e respectiva re- referidos, sem outras exigências do
novação, expedidas pelo órgão sani- CRF-6, quanto á responsabilidade
tário estadual (fls. 29, 30,31), nas lo- técnica, pois estavam licenciados os
R.T.J. — 108 685
Em seu douto voto, o Relator, ilus- de privilégio geral são pagos na con-
tre Ministro Cordeiro Guerra, ano- formidade do que dispõe o art. 183 e
tou: parágrafo único. Os credores com
«De fato, este Tribunal tem sem- privilégio especial e os titulares de
pre reconhecido que a obrigação crédito real readquirem, na concor-
do avalista é sempre autônoma e data suspensiva, a sua liberdade de
independente. O avalista não pode ação e irão pleitear suas pretensões,
valer-se, contra outrem, de execu- como se concordata não houvesse
ção pessoal do avalizado, somente Na concordata preventiva, por não
podendo alegar direito próprio.» estarem tais credores, pela lei vigen-
(RE n? 64.131-CE, relator Minis- te, obrigados a habilitar o seu crédi-
tro Oswaldo Trigueiro — RT to no processo, o pedido do devedor
47/205). não prejudica a ação individual que
tiverem contra o concordatário. Cer-
No mesmo sentido, a doutrina — tamente
João Eunápio Borges (Do Aval — ciarem ao que, se tais credores renun-
pág. 123/124), Magarinos Torres, real, ou, se privilégio ou à garantia
Nota Promissória, pág. 121/132). excutida a garantia
real ou a especial, os bens não basta-
«Miranda Valverde, comentando rem para a satisfação do crédito,
esse artigo (art. 148, da Lei de Fa- passarão eles para a classe dos qui-
lências), esclarece: rografários pela totalidade ou pelo
«Se o credor recebe a percenta- restante do crédito, ficando, assim,
gem da concordata, volta-se contra sujeitos aos efeitos da concordata».
o co-obrigado para obter o restante Ora, no caso concreto, o credor
do crédito, que completará o seu privilegiado, não sujeito à concorda-
pagamento integral. Se resolve ta, moveu a execução contra o de-
agir imediatamente contra o co- vedor concordatário e seus co-
obrigado e dele consegue o paga- obrigados. A execução deve, assim,
mento integral, ficará o co- prosseguir, na forma de direito.
obrigado sub-rogado nos direitos Do exposto, conheço do recurso e
do credor satisfeito, e receberá do lhe dou provimento.
concordatário, exclusivamente, a EXTRATO DA ATA
percentagem, sofrendo o prejuízo
do restante». RE 96.410-BA — Rel.: Min. Néri da
(in Comentários à Lei de Silveira. Recte • Banco Bamerindus
do Brasil S/A. (Advs. Antônio Zanini
Falências, vol. II, 1948, n? 893, pág. Pereira e outro). Recdos.: Luiz Cam-
247) .» peio e Cia. Ltda. e outros. (Advs.:
Na espécie, releva mencionar que Antônio Avila e outros).
se trata de crédito privilegiado (cé- Decisão: Conheceu-se do recurso
dula de crédito industrial sob pe-
nhor) (Decreto-lei n? 413/1969, arts. extraordinário
mento. Decisão
e se lhe deu provi-
unânime.
9?, 19, I, e 41), (fls. 70/71 e 103), o
que por si só, já o excluiria do âmbi- Presidência do Senhor Ministro
to de incidência do art. 147, da Lei Soares Mufloz. Presentes á Sessão os
de Falências, não sendo cabível de- Senhores Ministros Rafael Mayer,
terminar a suspensão, em face da Néri da Silveira, Alfredo Buzaid e
concordata, da execução movida Oscar Corrêa. Subprocurador-Geral
contra o devedor e co-obrigado. Nes- da República, Dr. Francisco de As-
sa linha, escreveu Trajano de Miran- sis Toledo.
da Valverde, op. cit., n? 883, pág. Brasília, 19 de novembro de 1982 —
240: «Na concordata suspensiva, os António Cirlos de Azevedo Braga,
credores da massa e os que gozam Secretário.
696 R.T.J. — 108
e, em nosso entender, não tinha por- 247 do RIR) como incidindo nessa
que distinguir: se as reservas já fo- ofensa a principio geral, elementar,
ram tributadas, não pode sobre elas de direito tributário.
incidir nova tributação; se são isen- 5. In casu, pretende a Recorrente
tas, não há como tributá-las. compensar os prejuízos fiscais dos
O legislador não precisa declarar o exercícios de 1970, 1971 e 1972 com o
que é Implícito, em especial, o que, lucro real de 1973 — sem incluir,
entendido de outra forma, importa- nesse cálculo, as reservas já tributa-
ria em ofensa a principio fiscal ele- das em exercícios anteriores a 1970 e
mentar — a dupla imposição sob o reservas isentas.
mesmo fundamento. E aqui a invo- O art. 247 do RIR (repetindo o art.
cação cabível do art. 108, II, do CTN, 10 da Lei n? 154/47) admite a com-
porque o entendimento contrário im- pensação, total ou parcial, do pre-
portaria em ofender o principio ge- juízo verificado num exercício, com
ral do direito tributário, que veda a os lucros reais apurados dentro dos
incidência da dupla tributação sobre três exercícios subseqüentes, desde
o mesmo fato; e esse principio cons- que inexistentes fundos de reserva
titui uma daquelas bases do «método ou lucros suspensos.
sistemático, pelo qual os pontos si- Da interpretação literal do texto se
lentes, obscuros, ou contraditórios de conclui que:
uma lei de impostos se completam».
«( A. Baleeiro, Direito Tributário I — não haverá compensação se
Brasileiro», 10? ed. revista e atuali- não houver lucros reais apurados
zada por Flávio B. Novelli, Forense, nos três exercícios subseqüentes
1981, pág. 437). Princípios aos quais àquele em que se verificar o pre-
a doutrina — de que Baleeiro é ex- juízo;
pressão maior, entre nós — empres- II — não haverá compensação se
ta papel fundamental. existirem fundos de reserva ou lu-
cros suspensos;
4. No caso, é contraditório admi- III — haverá compensação par-
tir-se que, tributada a reserva, de cial se os lucros reais apurados na-
novo incida sobre ela a tributação, quelas condições — forem insuficien-
ou venha a incidir, se isenta; e con- tes para a compensação total do pre-
traditório pudesse o art. 10 da Lei n? juízo.
154/47 ou o art. 247, determiná-lo, in-
terpretação ilógica que se não pode E pelo parágrafo único:
aceitar. IV — essa dedução só será permi-
tida nesses três exercícios e não
Na verdade, tributadas as reser- após eles.
vas, ou isentas, escapam elas ao âm- Ora, incluir reservas tributadas no
bito do Fisco e não podem ser objeto cálculo da compensação importaria
de compensação — no caso, prevista em, arbitrariamente, reduzir os pre-
entre prejuízo fiscal e lucro fiscal. juízos, acrescendo os lucros.
Para isso, não há para que buscar 6. E, aqui, então, surge, como ar-
outros fundamentos e, menos ainda, gumento a mais, a interpretação
interpretação analógica: o que se analógica do art. 243, f do mesmo
sustenta é que não pode o Fisco vol- Regulamento: se se impõe a adição
tar a tributar — direta ou in- de reservas não tributadas ao lucro
diretamente — reservas já tributa- real, para que este não seja reduzido
das, ou isentas. E não se pode inter- em prejuízo do Fisco, a contrario
pretar o art. 10 da Lei n? 154 (ou o sensu, há que excluir as reservas já
R.T.J. — 108 705
tributadas (ou isentas) para que se Verdade, não fossem elas, haveria
não reduza o prejuízo a compensar, lucro real ou lucro real maior a ser
em desfavor do contribuinte. tributado. Claro, pois seria absur-
O recurso à analogia, portanto, só do admitir a lei fiscal o artifício da
se dá para comprovar que a inter- eliminação do lucro através da
pretação literal do artigo leva à constituição de reservas não auto-
ofensa ao princípio basilàr do direito rizadas para, obtido um «pre-
fiscal do ne bis In idem (de natureza juízo», compensá-lo contra lucros
penal) . futuros. A absorção desse «pre-
Mas, há, ainda, outro dado sub- juízo» dá-se instantaneamente den-
sidiário, em favor da interpretação tro do próprio exercício.
alvitrada pela Recorrente: embora o Mas, por outro lado, a lei
artigo não distinga as reservas — e não quis, porque seria ilógico, im-
são todas as reservas existentes no pedir a compensação de prejuízos
momento da compensação, tributa- obtidos licitamente, isto é, sem ar-
das ou não (como se lê no parecer tifícios contábeis dissimuladores
da Procuradoria da Fazenda Nacio- dos lucros em prejuízo.
nal — fls. 20) — também ali, logo
adiante, se lê: «com exceção das re- Por essa mesma razão, a lei
servas técnicas das companhias de tampouco pretendeu que reservas
seguros e capitalização e a decorren- preexistentes ao exercício deficitá-
te da correção monetária do ativo rio — que não contribuíram para
imobilizado. (Parecer CST/SIPR n? este resultado negativo, mormente
470/77)». ( fls. 20). quando já tributadas, vedassem a
Ora, o texto não admitiria também compensação dos prejuízos fiscais.
essas exceções, que a Fazenda se Ainda em decorrência do
autoriza fazer. E se a lei não distin- acima exposto, não objetivou a Lei
gue entre reservas tributadas, ou n? 154/47 restringir a compensação
não — e isto se repete — também de prejuízos em razão da existên-
não distingue as reservas técnicas cia de reservas cuja legitimidade a
das companhias de seguro e capitali- própria lei fiscal admite, tanto que
zação e a decorrente da correção as declara isentas.
monetária do ativo imobilizado.
O r. despacho do Exmo. Minis- Na sistemática do imposto
tro Vice- Presidente do C. Tribunal de renda somente reservas não
Federal de Recursos, hoje Eminente autorizadas na lei fiscal e as ainda
Ministro desta Corte, Aldir Passari- não tributadas é que são adiciona-
nho não se escusou de salientar a das ao lucro real para tributação
«indisfarçável valia» dos argumen- (art. 243 do RIR/66). Trazer reser-
tos do recorrente para «a interpreta- vas já tributadas ou Isentas para o
ção quanto ao alcance que deve ser cálculo da compensação de pre-
dado ao disposto no artigo 10 da Lei juízos é o mesmo que, reduzindo
n? 154, de 25-11-47, e que serve de su- estes, aumentar o lucro real, base
porte ao artigo 247 do Decreto n? de cálculo do imposto — é trazer,
58.400 de 10-5-1966». E transcreve es- também elas para a tributação».
te trecho da petição do recorrente: (fls. 99/100).
«13, A razão, insiste-se, para a 9. Considero, assim que a inter-
lei vedar compensação de prejuí- pretação dada, pelo Fisco ao art. 247
zos fiscais obtidos em exercícios do RIR, importa em negativa de vi-
nos quais se constituíram reservas gência do art. 108, II do CTN pois, na
não autorizadas pela lei, é que, na verdade, ofende a princípio geral de
706 R.T.J. — 108
posições ora estatuídas, serão deci- Lei, que não se enquadrem nas dis-
didos de acordo com a Legislação posições ora estatuídas, serão deci-
anterior». (fls. 05). didos de acordo com a Legislação
Aplicando ao caso o art. 1? do De- anterior». (fls. 05).
creto n? 12.209/75, a autoridade ad-
ministrativa negou vigência ao art. Cabia, pois, à Administração, em
48 da Lei n? 8.001, violando o art. 153, observância a este preceito legal, de-
§ 3? da Constituição e art. 2? da Lei cidir o pedido de licença de acordo
de Introdução aó Código Civil. com a legislação anterior. Mas, não
tendo feito, violou a lei e praticou
Esta Corte já examinou precisa- ato ilícito.
mente esta questão no Recurso Ex-
traordinário n? 93.108, de 7-11-80, de A ilicitude deste ato consiste em
que foi Relator o eminente Ministro desobedecer à lei, que rege a apre-
Moreira Alves, declarando que: ciação do pedido de licença. Os re-
«Se a legislação local posterior correntes tinham o direito de exigir
determinou, como reconhece o da Administração que julgasse o pe-
acórdão recorrido, que os requeri- dido, segundo a legislação existente
mentos de licença de construção ao tempo em que foi protocolizado.
fossem apreciados à luz da legisla-
ção vigente ao tempo de sua apre- 4. Da ilicitude do ato da Adminis-
sentação, não pode a Administra- tração, que violou a lei, formulam os
ção Pública sobrepor o seu critério recorrentes duas pretensões a) a de
de avaliação a esse respeito ao da declarar inválido o ato, para que ou-
própria lei» (RTJ 100/351). tro se pratique segundo a lei; b) a
condenação da ré em reparar o da-
E concedeu a segurança para que no.
o pedido de licença seja apreciado à
luz da legislação vigente ao tempo Quanto à primeira, a orientação
em que foi apresentado (RTJ desta Corte já se firmou no sentido
100/358). No mesmo sentido o aresto de declarar a ineficácia do ato admi-
da Segunda Turma (rec. ext. n? nistrativo, a fim de que a autoridade
88.474, Rel.: Min. Djaci Falcão, em aprecie o pedido de licença à luz da
RTJ 87/1.039). lel vigente ao tempo em que foi pro-
3. O ato administrativo (fls. 142), tocolizado. Esta decisão está confor-
pelo qual o Presidente da COGEP in- me ao rigor dos princípios. Na ver-
deferiu, com base no art. 1? do De- dade, os recorrentes tinham a facul-
creto n? 12.209/75, o pedido de licen- dade de requerer a licença de cons-
ça de construção, é, a meu ver, nulo. trução. A Administração cabia o de-
Ao tempo em que foi requerida a li- ver de julgá-la, concedendo ou ne-
cença de construção, nos termos da gando, se verificasse estar ou não de
Lei n? 7.805/72, era lícito edificar, acordo com a lei. Tal ato não é dis-
naquele local, centro comercial. So- cricionário, mas vinculado, pois a lei
brevindo, em 1973, a Lei n? 8.001, que determina as ralas em que pode
impôs aos imóveis situados na Ave- realizar-se. A Administração pode
nida Europa destinação apenas resi- atuar com liberdade, mas dentro dos
dencial, teve ela o cuidado de ressal- limites fixados pela lei. Pode o Judi-
var no ali. 48: ciário, pois, entrar no exame da le-
galidade do ato (Hely Lopes Melrel-
«Artigo 48. Os expedientes ad- les, Direito administrativo, 9? ed.,
ministrativos, ainda sem despacho pág. 121; Cretella Junior, Direito
decisório, protocolados anterior- administrativo, Forense, 1983, vol. I,
mente à data da publicação desta pág. 377).
728 R.T.J. — 108
juros moratórios. Por isso, como S. çam a ser contados os juros morató-
Exa., conheço totalmente pela letra rios e a correção monetária em ação
d e dou provimento em parte, justa- ordinária de repetição de indébito
mente onde S. Exa. não dá provi- julgada procedente.
mento, isto é, com relação à corre- O acórdão recorrido decidiu que a
ção monetária, pondo-me de acordo correção
com o eminente Ministro Alfredo Bu- da data domonetária incide a partir
ajuizamento da ação e os
zaid, ou seja, reconhecendo como juros da mora a contar do trânsito
termo inicial da correção monetária em julgado da decisão. Relativamen-
a data do pagamento indevido, e co- te à correção monetária, o acórdão
mo termo inicial dos juros morató- arrimou-se na Lei n? 6.899, de 1981,
rios a data do trânsito em julgado da art. 1?, § 2? e na demora
decisão definitiva, nos termos do art. em ajuizar a ação. No queda autora
concerne
167 do Código Tributário Nacional. aos juros moratórios, o acórdão in-
EXTRATO DA ATA vocou o art. 167, parágrafo único, do
Código Tributário Nacional.
RE 97.037-RJ — Rel.: Min. Néri da O recurso extraordinário pleiteia
Silveira. Recte.: Huyck do Brasil In- que tanto a correção monetária
dústria e Comércio Ltda. ( Advs.: quanto os juros sejam contados des-
João Guilherme de Moraes Sauer e de o dia do pagamento indevido. Pa-
Gustav L Toniatti). Recdo.: Estado ra isso, a recorrente alega, em sínte-
do Rio de Janeiro. (Advs.: Geraldo se:
da Cunha Falcão e outro). pela alínea a do permissivo
Decisão: Adiado o julgamento a constitucional: a) inaplicação da Lei
pedido do Presidente depois do Rela- n? 6.899/81 em matéria tributária es-
tor ter conhecido em parte do recur- tadual, em face dos arts. 23, II, 18, §
so e lhe dado provimento nessa par- 1?, e 19, § 2?, todos da Constituicão. e
te; o Ministro Oscar Corrêa conhecia 6? do CTN; b) não aplicação da Lei
integralmente e lhe dava provimen- n? 6.899/81, porque ao tempo ainda
to, e os Ministros Alfredo Buzaid e não havia sido regulamentada;
Rafael Mayer conheciam integral- pela alínea d, divergência ju-
mente e lhe proviam em parte. Fa- risprudencial, quer na interpretação
lou pela Recte.: Dr. Gustav L. To- da Lei n? 6.899/81, quer quanto ao
niatti. art. 167, § 1?, do CTN.
Presidência do Senhor Ministro
Soares Mutioz. Presentes à Sessão os daOSilveira,
Relator, eminente Ministro Néri
não conheceu do recur-
Senhores Ministros, Rafael Mayer,
Néri da Silveira, Alfredo Buzaid e so, no que respeita à correção mone-
Oscar Corrêa. Subprocurador-Geral to tária, por falta de prequestionamen-
da República, Dr. Francisco de As- dos dispositivos que teriam sido
sis Toledo. vulnerados e por não comprovada a
divergência, e conheceu da irresig-
Brasília, 16 de agosto de 1983 — nação quanto aos juros, em face do
Antônio Carlos de Azevedo Braga, dissídio jurisprudencial e determi-
Secretário. nou que eles incidam a contar do pa-
gamento indevido.
VOTO ( VISTA ) Entretanto, o eminente Ministro
Oscar Corrêa conheceu do recurso e
O Sr. Ministro Saores Muítoz: deu-lhe provimento integralmente,
Discute-se neste recurso extraordi- determinando que os juros e a corre-
nário a respeito do dia em que come- ção monetária sejam contados a par-
752 R.T.J. — 108
ria, com base na Lei n? 5.049/1966, o ria, assim, jurídico assegurar o di-
aresto não atendeu á súplica dos ora reito pleiteado pelos autores, somen-
recorrentes, no sentido de reconhe- te a contar da citação inicial, efetua-
cer o direito a não pagar correção da em agosto de 1975, quando os con-
monetária desde o contrato, mas, tratos discutidos, com a cláusula in-
apenas, nos termos da sentença, a • devida, datam de alguns anos ante-
partir da citação inicial. riores.
disporá a respeito, uma vez que a lha dos bens do casal se reserva ao
partilha é remetida ao Juízo da Juízo sucessivo da execução, consti-
execução; não havendo acordo, se- tuindo matéria estranha ao processo
rão observadas as disposições refe- de divórcio litigioso, de tal modo que
rentes ao inventário e à partilha do nem a inicial precisa indicar a pro-
direito sucessório, no que foram posta de partilha, nem a sentença
aplicáveis. que decreta a dissolução do vinculo
matrimonial precisa compor-se ne-
cessariamente com provimento a
Se o divórcio foi decretado com seu respeito» (op. cit., pág. 641/642).
remissão aos §§ 1? e 2? do art. 5?,
aplica-se a regra do art. 5? 3?; re- Do exposto, não há reconhecer ne-
verterão ao cônjuge que não teve a gativa de vigência dos arts. 31, 7?
iniciativa do pedido os remanes- e seus parágrafos, da Lei n?
centes dos bens que levou para o 6.515/1977, em não havendo o acór-
casamento, e, se o regime de bens dão exigido a prévia decisão sobre a
adotado o permitir, também a partilha dos bens ou a simultânea
meação dos adquiridos na constân- decisão sobre essa matéria na senten-
cia da sociedade conjugal. ça. Certo está que se reserva tal par-
tilha dos bens existentes para o
Juizo da execução.
Neste caso, é suficiente a decla-
ração pela sentença do pressuposto Assim sendo, não conheço do re-
do divórcio, determinando-se que, curso.
em execução, se faça a partilha
dos bens com a observância dos
termos da lei».
EXTRATO DA ATA
Noutro passo da mesma obra RE 97.191-CE — Rel.: Ministro Né-
(pág. 640), anota o autor referido: ri da Silveira. Recte.: Josinete Josi-
«Quanto a este último grupo (divór- no de Castro e Souza (Advs.: Cláudio
cio consensual e divórcio conversão,
na sua dúplice modalidade), a parti- Josino da Costa e outro). Recdo.:
lha há de ter sido previamente ho- Mauricio de Castro e Souza (Advs.:
mologada ou decidida, ou deverá ser Moacir Macedo de Albuquerque e
decidida ou homologada concorren- outro).
temente á sentença de dissolução do Decisão: Não se conheceu do Re-
vínculo matrimonial. Em relação ao curso Extraordinário. Decisão unâni-
divórcio direto litigioso, nenhuma me.
norma assim o determina: o art. 31,
combinado com o art. 43, visa espe- Presidência do Senhor Ministro
cificamente a conversão da separa- Rafael Mayer. Presentes à Sessão os
ção judicial ou do desquite em divór- Senhores Ministros, Néri da Silveira,
cio, sendo inaplicável, ainda que por Alfredo Buzaid e Oscar Corrêa. Au-
analogia, ao divórcio excepcional sente, justificadamente, o Senhor
disciplinado no capitulo das disposi- Ministro Soares Mufloz. Subprocu-
ções transitórias eis que diversos são rador-Geral da República, Dr. Fran-
os pressupostos que legitimam um e cisco de Assis Toledo.
outro institutos». Adiante, observa:
«na jurisprudência, vem prevalecen- Brasília, 1? de outubro de 1982 —
do este entendimento de que, na Antônio Carlos de Azevedo Braga,
ação ordinária de divórcio, a parti- Secretário.
760 R.T.J. — 108
'Art. 115 Compete aos Tribu- § 3? A cada uma das Seções, ca-
nais: bera processar e julgar:
a)
766 R.T.J. — 108
mas também mediante aplicação nata (art. 44, I da CF), nem recusan-
razoável do inciso XLVII, letra b, do a prevalência deles sobre a legis-
do art. 4? do RICM baiano, tal co- lação interna.
mo o entende o digno e culto juiz a
quo, sem cometer qualquer heresia 3. Quanto à letra d, contudo, a di-
hermenêutica, pois, em última vergência se configura com os para-
análise, o bacalhau salgado, tal co- digmas invocados.
mo é importado (além de víscera- Se o v. acórdão recorrido analisa,
de e descabeçado) não perde a sua com segurança, alguns aspectos da
qualidade do pescado natural, só questão, na linha da jurisprudência
porque o processo de sua conserva- da Corte, dela se aparta quando de-
ção não é o resfriamento. Este, creta a incidência da cobrança na
contudo, não foi o argumento pre- saída do bacalhau do estabelecimen-
valecente na presente decisão, mas to do recorrente.
o de que a não tributação estadual
na entrada da mercadoria impor- Com efeito, a incidência dar-se-ia
tada e beneficiada com a alíquota na entrada do bacalhau importado.
zero da tarifa aduaneira, não re- Em virtude, entretanto, da similari-
percutia nas demais etapas do pro- dade com o produto nacional, que
cesso circulatório desse mesmo não paga este tributo, decretou-se a
produto, salvo quando o similar na- isenção.
cional goze de tal isenção, o que
não ocorre no caso sub judice. Isenta, portanto, a entrada da
mercadoria no estabelecimento, não
Procede, no particular, a argu- há cobrar o ICM, na salda, se não
mentação da douta Procuradoria ocorreu o fato gerador — que é a
Fiscal. Se, entretanto, também operação de circulação de merca-
vingasse a sua pretensão de que o dorias.
tributo incide, por igual, na entra-
da da mercadoria, claro está que a Como no RE n? 85.085, citado na
incidência posterior recairia ape- petição de extraordinário, Relator o
nas sobre o valor agregado, em Exmo. Ministro Cunha Peixoto (RTJ
virtude do princípio da não cumu- 82/566):
latividade inerente à sistemática «E que, o fato gerador do tributo
do direito tributário brasileiro». é a circulação da mercadoria e não
2. A essa fundamentação opõe-se será entrada ou saída do estabele-
a Recorrente, argumentando que, cimento da empresa. Estes mo-
com isso, foram violados os artigos mentos são tomados apenas como
23, II e 44, I, da Constituição Federal ponto de referência para efeito de
e artigo 98 do CTN, «porquanto obs- exteriorização da circulação da
tou a incidência das normas con- mercadoria, e conseqüentemente
substanciadas no GATT, cuja aplica- marcar o instante do nascimento
ção no Território Nacional decorrerá da obrigação fiscal pela ocorrência
de lei federal» (fls. 96). do fato gerador do tributo».
Ora, tais dispositivos não foram Relativamente ao bacalhau, invo-
prequestionados na v. decisão recor- ca o Recorrente decisões da Corte,
rida, que examinou a causa em fun- na linha da isenção da cobrança (fls.
ção do Decreto-Lei n? 406/68 e do Re- 97), decisões que se confirmam em
gulamento de ICM do Estado da Ba- jurisprudência recente (RE n? 99.860
hia, não importando em exame da — DJ de 20-5-83, no qual outros se
competência para resolver sobre tra- invocam; e RE n? 99.491, por nós re-
tados, convenções e atos internado- latado, em 15-8-1983).
R.T.J. — 108 773
«Entende o recorrido que deve ser seu art. 140, inc. III, refere-se exclu-
incorporada a verba de representa- sivamente a cargos em comissão ou
ção aos seus proventos de aposen- funções gratificadas. Por isso, e não
tadoria. Observe-se, de inicio, ine- havendo lei mandando incorporar a
xistir qualquer disposição legal ex- gratificação de representação aos
pressa que autorize o deferimento proventos da aposentadoria, ao deter-
de sua pretensão. Nem se argu- minar essa inclusão o Poder Judicia.•
mente, no tocante, que o parágrafo rio viola o princípio inserido no art
3? do artigo 140 da Lei n? 6.174/70, 6? da Constituição da República.
lhe favoreça, eis que não exerceu Diante do exposto dou provimento
nenhum cargo em comissão, ne- ao recurso, para restabelecer a deci-
nhuma função gratificada e ne- são tomada na apelação, julgando
nhum cargo diretivo de órgão de improcedente a ação.
administração indireta do Estado,
mas função no Conselho Deliberati- EXTRATO DA ATA
vo da Fundação «Casa do Traba-
lhador.» RE 99.536-PR — Rel.: Min. Djaci
3. A verba de gratificação, via Falcão. Recte.: Estado do Paraná
de regra, é deferida em caráter (Advs.: Marçal Justen Filho, Rubens
transitório, vale dizer, o funcioná- de Barros Brisolla e outros). Recdo.:
rio somente faz jus a ela durante o Aldo Laval (Adv.: Pedro Henrique
tempo que presta serviço a ela ine- Xavier).
rente e, conseqüentemente, o au-
tor, com sua aposentadoria, deixou Decisão: Conhecido e provido nos
de trabalhar e, por isso, a verba de termos do voto do Ministro Relator.
representação não pode ser incor- Unânime.
porada aos seus proventos, diante Presidência do Senhor Ministro
da ausência de suporte legal per- Djaci Falcão. Presentes à Sessão os
missivo, como se explicitou ante- Senhores Ministros Moreira Alves,
dormente» (fls. 115). Decio Miranda, Aldir Passarinho e
Parece-me evidente que cargo em Francisco Rezek. Subprocurador-
comissão de função gratificada não Geral da República, Dr. Mauro Leite
se confunde com verba de represen- Soares.
tação em razão do exercício da presi- Brasília, 18 de outubro de 1983,
dência de órgão colegiado. Observo Hélio Francisco Marques, Secretá-
que a Lel Estadual n? 6.174/70, em rio.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO H? 99.594 — SE
(Segunda Turma)
Relator: O Sr. Ministro Francisco Rezek.
Recorrente: josé Fernandes Sobrinho — Recorrido: José Francisco dos
Santos.
Membro do Ministério Público. Proibição do exercício da advoca-
cia. Lel Complementar nf 40/81, art. 24-11. Alegação de afronta a di-
reito adquirido.
A garantia constitucional do direito adquirido não faz intangível o
regime jurídico de um servidor do Estado, sujeito a estatuto especial,
ante a edição da lei complementar que o modifica.
Recurso extraordinário de que não se conhece.
posto no art. 161. Este, a seu turno, propósito em aula proferida no Cur-
prescreve que a justa indenização, so de Pós-Graduação da PUC, de
no caso, será «fixada segundo os São Paulo, a 24-11-1975, publicada na
critérios que a lei estabelecer.» Revista de Informação Legislativa
Verifica-se, pois, que a do Senado Federal, 1976, número 49,
Constituição deu tratamento diver- pág. 273/275, e na revista de Direito
so, no que toca à indenização, às Público, vol. 34, pág. 17.
desapropriações por utilidade pú- Em seu recurso, os expropriados
blica e por interesse social, para sustentam que, se o art. 161 da Cons-
fins de reforma agrária, subordi- tituição Federal admite «os critérios
nando esta a regime Jurídico es- que a lel estabelecer» para a justa
pecifico. indenização, «Isso não pode signifi-
O argumento dos que ar- car que a lei possa usar de descrité-
gúem de inconstitucionais o art. 3? rios ou de falta de critério, a ponto
e seus itens, do Decreto-Lei n? de, impondo uma indenização injus-
554/69, não seria aproveitável, por ta, burlar a própria Constituição...».
isto que a Constituição expressa- E é aqui que se situa o nó da contro-
mente prescreveu que a Justiça da vérsia: não é qualquer lel que vale;
indenização, no caso, seria fixada só vale a lei que vier com critérios
segundo o critério da lei. compatíveis com o direito constitu-
cionalmente assegurado — à indeni-
Assim o entendimento de zação Justa!» (fls. 17). Noutro passo,
Celso António Bandeira de Mello, observam os desapropriados (fls.
que escreve' 19/21):»
«A indenização justa prevista no «31.0 art. 3? do Decreto-Lei n?
art. 161, e parágrafos, do texto 554 não é a primeira tentativa de
constitucional é a que obedece aos impor o valor cadastrado como ba-
critérios de Justo fixado em lei.» se ou índice do Justo Preço, Justo
(«Apontamentos sobre a desapro- Valor ou Justa Indenização nas de-
priação do Direito Brasileiro», sapropriações: o Decreto-Lei n?
Rev. de Dir. Púb., v. 23, pág. 18). 3.365, de 1941, teve no seu art. 27
Também, ao que parece, o um § único assim redigido:
de Franco Sobrinho («Desapropria- «Se a propriedade estiver sujeita
ção», 1973, pág. 333). ao Imposto predial, o quantum da
36. Decidindo a Ação de indenização não será inferior a 10,
Desapropriação n? 2074/71-B, o nem superior a 20 vezes o valor lo-
eminente Juiz Sebastião Reis as- cativo, deduzida previamente a im-
sim também entendeu, ao deixar portância do imposto, lançado no
expresso. ano anterior ao decreto de desa-
propriação».
«...a desapropriação da proprieda- A oposição entre esse critério e a
de territorial rural obedece a regi- simples indenização que a Consti-
me jurídico especifico, seja pela tuição de 1937 garantia provocou
aceitação obrigatória do pagamen- muito cedo a lúcida e corajosa rea-
to de indenização, referente às ter- ção do Poder Judiciário, que as-
ras, em títulos da divida pública, sentou solidamente que o limite
seja em função dos critérios de acima (do § único do art. 27) não
cálculo da reparação devida, a se- podia funcionar, que era perfeita-
rem fixados em lei.» mente permitido ultrapassá-lo, que
Reitera o ilustre Ministro Carlos impor o limite era contrário à
Mário Velloso sua compreensão a tal Constituição.
806 R.T.J. — 108
como é peculiar à nossa formação rios estabelecidos pela lei não pode-
constitucional». (In Problemas rão, sob pena de inconstitucionalida-
Atuais da Desapropriação, Revista de, levar a uma apreciação manifes-
de Direito Público, vol. 31, 7/8 e 12). tamente injusta do valor do imóvel
Manoel Gonçalves Ferreira Filho expropriado. A lel poderá, sem dúvi-
anotou, neste particular: «Por justa, da, estabelecer critérios e procedi-
pretende a Constituição que a indeni- mentos para a apuração do justo va-
zação seja igual ao valor que tenha o lor da propriedade. Não poderá ser-
vir de instrumento para o esvazia-
bem expropriado no mercado, pois é mento da garantia de compensação.
este o único critério real para a Esta garantia, como é óbvio, impor-
apreciação do valor de um bem. ta na retribuição da perda da pro-
Tem-se aqui a igualdade da justiça priedade pela entrega ao proprietá-
comutativa, a igualdade aritmética» rio do bem expropriado no seu equi-
(in comentários à Constituição valente em moeda, ou no caso do ar-
Brasileira, vol. 3, pág. 105). Discor- tigo em exame, em titulo especial da
rendo sobre o art. 161 da Emenda dívida pública» (Op. cit., vol. 3,
Constitucional n? 1, de 1969, o ilustre págs. 150/151).
professor paulista reafirma a pree-
minência do principio da justa inde-
nização segundo o qual se devem Penso, dessa maneira, que não é
orientar os critérios da lei para a fi- cabível emprestar validade a norma
xação da indenização. Esta a lição legislativa, que, a priori, considere
do jurista: «O preceito em exame não poder exceder a justa indeniza-
não exclui a garantia que a Consti- ção ao valor da propriedade, decla-
tuição atribui à propriedade no art. rado pelo seu titular, para fins de
133, § 22. Apenas estabelece outra pagamento do imposto territorial ru-
modalidade de compensação que não ral, como está previsto no art. 11 do
o pagamento do valor do imóvel ex- Decreto-Lei n? 554, de 1969.
propriado em dinheiro. Assim, é
bem claro que a expropriação funda- Pontes de Miranda, comentando a
da neste dispositivo há de importar Constituição de 1967, com a Emenda
em justa indenização, ou seja, em n? 1, de 1969, escreveu, a propósito
compensação da perda da proprieda- de indenização no procedimento ex-
de pela aquisição do equivalente, ao propriatório:
seu valor em títulos da divida públi-
ca (...). E fato que a Emenda n? 1,
de 1969, acrescenta que a justa inde- «Ao lado do problema de técnica
nização será «fixada segundo os cri- legislativa, há, no direito brasilei-
térios que a lel estabelecer». Nisto, ro, o problema de direito constitu-
segue ela o disposto no art. 1? do cional, a partir de 18 de setembro
Ato Institucional n? 9, de 1969. Esta de 1946, por se haver incluído a
referência à fixação, segundo exigência de ser justa a indeniza-
critérios estabelecidos em lei, ção (...).
inexistia na Emenda Constitucio-
nal n? 10, de 1964, na Constituição «Os tribunais, ainda antes da
de 1946, como também no § 1? do Constituição de 1946, reputaram
art. 157 do texto da Constituição pro- como se fosse presunção juris
mulgada em 24 de janeiro de 1967. tantum a que se continha no art.
Qualquer que tenha sido a intenção 27, parágrafo único. «Uma coisa
que ditou o acréscimo, não se pode é ter de atender-se ao valor dos
esquecer que o principal está na jus- bens para efeitos fiscais, quando se
ta indenização Desse modo,• os crité- vai estimar o quanto da indeniza-
812 R.T.J. — 108
4. Esta Corte não tem, a respeito, de Recursos, que, muito bem, o tra-
orientação definitiva, tanto mais tou, analogicamente ao processo pe-
difícil quanto atendendo a diversas nal.
hipóteses de fato. Com efeito, explicito, da mesma
Os dois padrões invocados pelo Re- maneira que o Juiz poderá dar ao fa-
corrente não são, na deficiência de to definição jurídica diversa da que
exame das circunstâncias que os constar da queixa, ou da denúncia, e
cercam — e não suficientemente ex- ainda que, em conseqüência, tenha
plicitadas na petição de recurso ( fls. de aplicar pena mais grave (art. 383
284/285) — capazes de, por si só, do CPP), no procedimento fiscal po-
identificar padrões e hipóteses dos de a autoridade fiscal alterar a qua-
autos. lificação jurídica do fato impositivo
primeiro deles — o RE n? 74.385 para afeiçoá-lo à norma aplicável.
— apenas se transcreve a Ementa: Apenas, se essa autêntica «emen-
«Lançamento fiscal. Erro de di- datio libelli», se faz alterando-se, de
reito não autoriza a revisão. Inter- tal forma, a classificação inicial, que
pretação acertada, senão razoável, a desfigura e impossibilita ou dificul-
da lei a determinar a aplicação da ta a defesa do contribuinte, deve
Súmula 400». abrir-lhe nova oportunidade à defe-
sa, para que não seja colhido pela
não as aproxima por inaproxi- modificação, sem que sobre ela se
máveis: ali se cuida de declaração pronuncie, com amplitude e seguran-
de imposto de renda, feita pela CE- ça.
MIG, aceita, recolhido o imposto, de
acordo com o critério jurídico que Essa «mutatio libelli», no direito
lhe pareceu correto; depois de alte- fiscal, é plenamente admitida pela
rado para aplicar outro critério mais Corte, em inúmeros julgados que a
gravoso (RTJ 65/187 e segs.). acolhem, vg:
Aliás, o próprio eminente e saudo- RMS n? 15.477 — Pleno — Relator:
so Relator não excluiu a possibilida- Ministro Aliomar Baleeiro (RTJ
de de revisão, apenas afirma «exis- 37/192): «Revisão de despachos
tir um limite para o Fisco na sua fa- aduaneiros: é admissivel também
culdade de revisão» (pág. 192) — o por errônea aplicação da lei»...
que, vem, diga-se de passagem, re- RE n? 59.000 — 3? Turma — Rela-
petido na petição do Recorrente. tor Ministro Eloy da Rocha (RTJ
foi desse padrão que o Recorren- 41/283) — «... E admissivel revisão
te retirou o segundo — o RE 69.426, de despacho aduaneiro também por
do mesmo e insigne Relator, no qual, errônea aplicação da lei».
entretanto, do próprio texto citado, 6. Nem, na hipótese, se configu-
se verifica a diversidade de espécie: rou — nem se alegou — a existência
ali se cuida de segundo lançamento, de erro de direito; nem, dessa altera-
o que, desde logo, a diferencia desta. ção ocorreu agravamento dos ônus
Aliás, a citação feita na RTJ não do Recorrente, antes, minoração de-
corresponde ao texto do RE 69.426 no les.
Ementário n? 796/02.
O caso é parece-nos, de plena
E, mais, como assinalou a Recor- aplicação dos artigos 145 e 149 do
rida, aqui a revisão diminuiu os ônus CTN, com alteração do lançamento.
da Recorrente (fls. 75).
Acrescente-se que, retornando os
5. Acolho, assim, o voto do Emi- autos ao Juizo de 1? grau, terá o Re-
nente Relator no C. Tribunal Federal corrente oportunidade ampla de de-
834 R.T.J. — 108
seguiu, de fato, imitir-se na posse de ção indireta por interesse social, que
todo o imóvel. Não o conseguiu, to- não para reforma agrária, em senti-
davia, tendo em vista a resistência do estrito, mas que encontra amparo
criada pelos expropriados, que per- na Lei ri? 4.132, de 1962, art. 2?, III,
maneceram em parte do imóvel, em mesmo porque o autos dão notícia de
caráter precário, ao argumento de graves tensões sociais existentes no
não terem onde colocar o seu reba- Rio Grande do Sul, onde colonos de-
nho bovino. A respeito, o r. despacho salojados de regiões inundadas ou de
que está, por cópia, à fls. 3342/3355, reservas indígenas, ameçam, por
da lavra do eminente Ministro José não terem onde se localizar, invadir
Néri da Silveira, então Relator do as terras que constituem o imóvel
feito, contém segura e esclarecedora expropriando.
resenha. Leio-o (lê fls. 3342/3355).
«Não se pode negar que a União VIII
Federal, ou o INCRA, que já tem o
domínio do imóvel, imitiu-se, legal-
mente, na posse dele; não lhe foi «Em suma: desapropriação por in-
possível ocupar, é verdade, de fato, teresse social, para fins de reforma
parte do imóvel, porque não retirado agrária, não pode haver, no caso
o rebanho bovino de propriedade dos porque não ocorrente pressuposto
expropriados. Acontece, entretanto, fundamental, já que restou compro-
que esses semoventes ali estão em vado que o ato expropriatório
caráter precário, «por falta de ou- dirigiu-se contra uma propriedade
tros campos a comportá-lo, no Esta- rural, que constituía empresa rural
do, conforme se discute tal, ampla- (Decreto-Lei n? 554/69, art. 2?); tem-
mente, no autos». De outro lado, cer- se, todavia, no caso, uma desapro-
to é que a autarquia federal desen- priação indireta, resolvendo-se a
volve, bem ou mal, no imóvel expro- questão na forma do art. 14, pará-
priando, um plano de reforma agrá- grafo único; do Decreto-Lei n?
ria, ali já tendo investido, certamen- 554/69, ou art. 35 do Decreto-Lei n?
te, grande parcela de dinheiro públi- 3.365, de 1941, mesmo porque não
co. houve desvio de finalidade pública:
«Por tudo isso, divirjo, data venta, bem ou mal a autarquia federal de-
do entendimento da respeitável sen- senvolve, no imóvel, um plano de re-
tença. Acentuo que não houve, no ca- forma agrária, ocorrendo, na região,
so, desvio de finalidade pública, de graves tensões sociais: colonos, ou
modo a autorizar a restituição do inundadas desalojados
rurícolas, de regiões
ou expulsos de reservas
imóvel: bem ou mal, a autarquia fe- indigenas, aguardam que o rebanho
deral desenvolve, no imóvel, um pla- bovino dos expropriados seja retira-
no de reforma agrária, ali estando
localizados colonos, ou parceleiros. do do imóvel, a fim de nele se insta-
larem e trabalharem a terra (Lei n?
«A solução, portanto, há de ser a 4.132/62, art. 2?, III). Corre à União
inscrita no parágrafo único do art. 14 Federal, ou ao INCRA, porque não
do Decreto-Lei n? 554/69, ou art. 35 ocorrente o pressuposto da desapro-
do Decreto-Lei n? 3.365/41, como se priação por reforma agrária (CF,
estivéssemos diante de uma art. 161, § 2?, Decreto-Lei n? 554/69,
desapropriação indireta, na medida art. 2?), e porque estamos diante de
em que esta representa apropriação uma desapropriação indireta, indeni-
de bem imóvel, pelo poder público, zar, em dinheiro, com observância
sem atendimento dos procedimentos do disposto no Decreto-Lei n?
legais prescritos em lei desapropria- 3.365/41 (CF, art. 153, § 22).
R.T.J. — 108 863
ato vinculado que pode ter os seus para a promoção dos atos pertinen-
pressupostos examinados em Juizo. tes á reforma agrária, como é a de-
Sob esse prisma, não só a classifica- sapropriação por interesse social,
ção da empresa como o lançamento quando estão eles vencidos pelo tem-
do tributo, que ai repousam, estão po previsto na lei mesma.
sujeitos à averiguação judicial. Ilustre especialista em Direito
Salienta-se, com razão, que esse Agrário, Fernando Pereira Sodero,
cadastramento é feito à base de de- ao acentuar o objetivo da revisão ca-
claração dos proprietários, a que es- dastral, visando a «completar as fi-
tão obrigados, sendo por ela inteira- chas com novos elementos decorren-
mente responsabilizados, em lei, tes de alteração, sujeita à comprova-
estabelecendo-se sanções para o ca- ção pelo INCRA, em pedido feito pe-
so em que ai ocorra dolo ou má-fé lo detentor ou proprietário, dos re-
dos particulares (art. 46, 7? e art. gistros das unidades já cadastra-
49, ff 2? e 3? do Estatuto da Terra). das», destaca a função a ser desem-
Mas a declaração, por si só, não penhada por esse registro adminis-
exaure o complexo procedimento trativo, e conseqüentemente, a ne-
classificatório, ou até mesmo o tri- cessidade de sua atualização, como
butário, nem por ela o INCRA se exi- se vê desse tópico:
me de responsabilidade, face ao inte- «A experiência da revisão qüin-
resse público que está implícito na qüenal, pelo menos, a partir de
correta condução da política agrá- 1966, demonstrou a necessidade
ria. desta atualização de dados. O pri-
Aliás, esse aspecto da vinculativi- meiro cadastro levado a efeito,
dade do proprietário à sua declara- exatamente por ser o pioneiro no
ção não é posto em causa pelo acór- setor, apresentou falhas e imper-
dão, pois a sua recusa em reconhe- feições passíveis de eliminação nos
cer eficácia aos dados Informativos posteriores. Objetivam, pois, os re-
do cadastro vem da sua caducidade cadastramentos, corrigir as distor-
à data da utilização, por ter sido des- ções verificadas nos lançamentos
cumprida pelo INCRA norma impe- do ITR, baseados em dados que
rativa, constante do 4? do art. 46, não correspondiam exatamente à
do mesmo Estatuto, no sentido de realidade econômico-agrária do
que «no mínimo, de cinco em cinco prédio rústico dentro dos parâme-
anos serão feitas revisões gerais pa- tros da estrutura fundiária da re-
ra atualização das fichas já levanta- gião em que se situa.» («O Estatu-
das». Tanto se encontrava desatuali- to da Terra», pags. 78/79).
zado o cadastro, pois já passados Diante desses aspectos, não se po-
seis anos da primeira coleta de in- de admitir que a falta de aceitação
formações, que, na mesma data em pelo acórdão dos dados cadastrais do
que se promovia a desapropriação, INCRA, por desatualizados e não re-
era determinada, em norma genéri- vistos tempestivamente, tenha impli-
ca, a revisã • do cadastramento em cado negativa de vigência dos dispo-
todo o Pais. sitivos do Estatuto da Terra, pois, ao
contrário, com base neles é que o
Se a dicção da lei é no sentido de Julgado fundou a sua apreciação.
que «os cadastros serão continua-
mente atualizados» e sujeitos à revi- Nem se diga, por outro lado, que o
são periódica, razoável é o entendi- controle judicial que assim se fez, do
mento do acórdão recorrido em de- ato administrativo, tenha algo a ver
sacreditar dos dados cadastrais, pa- com a infringência do principio da
ra servir de embasamento e critério separação des poderes (art. 6? da
R.T.J. — 108 871
não se imitiu na posse de todo o imó- forma agrária (Cf., artigo 161, §
vel e se mostrou incapaz de dar solu- 2?, Decreto-Lei n? 554/69, artigo
ção ao problema do rebanho animal, 2? ), e, porque estamos diante de
que o habitava e habita. E, repita-se, uma desapropriação indireta, in-
a ação direta é contemporânea da denizar, em dinheiro, com obser-
expropriação. vância do disposto no Decreto-Lei
Nem isso serviria de biombo para n? 3.365/ 41.»
afastar o desvio de finalidade. No Ora, data venta, tal raciocínio é
caso apenas serve, ainda mais, de contraditório, à evidência: se falta o
salientá-lo. pressuposto fundamental da desa-
Nem se diga que «bem ou mal» es- propriação por interesse social, para
tá ocupado: a Constituição — na de- fins de reforma agrária, como
fesa da função social da propriedade validá-la, ou considerar que não hou-
— não autoriza que se expulse quem ve desvio de finalidade pública?
a utiliza bem, em proveito de quem Desvio de finalidade pública não é
a utiliza mal, ou menos bem. só desapropriar para reforma agrá-
Concluiu, aliás, o v. acórdão recor- ria e, verbl grafia, construir um
rido, que «a desapropriação por inte- campo de futebol; mas desapropriar
resse social, para fins de reforma para reforma agrária o que não con-
agrária, não pode haver, no caso figura a hipótese de desapropriação
porque não ocorrente o pressuposto para esse fim, porque é empresa ru-
fundamental já que restou compro- ral, não é latifúndio — e, como tal,
vado que o ato expropriatório improdutivo ou insuficientemente
dirigiu-se contra uma propriedade produtivo — ou desapropriar o que
rural, que que constituía empresa está bem utilizado, para utilizá-lo
rural (Decreto-Lei n? 554/69 artigo bem ou mal, ou menos bem; ou não o
2? )». utilizar, como até agora.
Mas, estranhamente, data venta, Nem se invoquem tensões sociais.
entendeu que se tem, «todavia, no Não há de ser desapropriando terras
caso, uma desapropiação indireta, cultivadas e produtivas, em empresa
resolvendo-se a questão na forma do rural florescente e em desenvolvi-
artigo 14, parágrafo único, do mento, para dá-las a colonos ou
Decreto-Lei n? 554/69, ou artigo 35 do ruricolas desalojados de regiões
Decreto-Lei n? 3.365, de 1941, mesmo inundadas, ou expulsos de reservas
porque não houve desvio de finalida- indígenas, que se resolverá a ques-
de pública». E diz o acórdão, tex- tão social.
tualmente:
Há de ser estimulando a empresa
«bem ou mal a autarquia federal rural em desenvolvimento e buscan-
desenvolve, no imóvel, um plano do outras áreas — ainda não explo-
de reforma agrária, ocorrendo, na radas convenientemente —
região, graves tensões sociais: co- entregando-as aos que não as pos-
lonos, ou rurícolas, desalojados de suem, fornecendo-lhes os meios de
regiões inundadas ou expulsos de usá-las racionalmente e apontando-
reservas indígenas, aguardam que lhes o exemplo da empresa rural que
o rebanho bovino dos expropriados se conservou.
seja retirado do imóvel, a fim de
nele se instalarem e trabalharem a De outra forma, apenas se substi-
terra (Lei n? 4.132/62, art. 2?, III). tui tensão por tensão, variando de
Corre à União Federal, ou ao IN- pessoas, e com a agravante de desa-
CRA, porque não ocorrente o pres- lojar e desapossar o que cumpre a
suposto da desapropriação por re- sua tarefa.
880 R.T.J. — 108
ficas, por unanimidade de votos, co- Justiça de São Paulo deu provi-
nhecer do recurso, em parte, e, nes- mento para, reconhecendo a con-
sa parte, dar-lhe provimento. tinuidade delitiva, calcular as pe-
Brasília, 28 de novembro de 1983 — nas nos termos do art. 51, § 2?, do
Soares Mufioz, Presidente e Relator. Código Penal, reduzindo-as a 4
(quatro) anos, 4 (quatro) meses
RELATÓRIO e 15 (quinze) dias de reclusão».
O Sr. Ministro Soares Mufloz: Ado- O recorrente sustenta que o ares-
to, como relatório, o parecer da to impugnado incidiu em divergên-
Subprocuradoria-Geral da Repúbli- cia pretoriana, frente às decisões
ca, verbis: colacionadas às fls. 104/105.
«Cuida-se de apelo manifestado O apelo merece conhecimento e
com argüido suporte na alínea d do parcial provimento.
permissivo constitucional (art. 119, A jurisprudência da Suprema
III, da CF), contra acórdão profe- Corte — como se vê dos arestos in-
rido em caso assim abreviado pelo dicados às fls. 104 — afirma a
recorrente, às fls. 102/103: inadmissibilidade da figura do cri-
— «José Teodoro Silvério foi me continuado; tratando-se de es-
denunciado como incurso uma tupro e atentado violento ao pudor,
vez no art. 213 do Código Penal cometidos contra vitimas diversas.
(estupro cometido contra Eliza- Com efeito, no julgamento do
bete, sua filha menor) e três RECr. n? 91.862-SP (Rel.: Min.
vezes como incurso no art. 214 do Dedo Miranda, v. RTJ 93/1358), a
Código Penal (atentado violento egrégia 2? Turma da Suprema Cor-
ao pudor contra Elizabeth, Edina te proclamou não serem crimes da
e Maria Angela, suas filhas me- mesma espécie, para efeito de
nores), tudo nos termos dos arts. aplicação do § 2? do art. 51 do Códi-
224, letra a, 225, § 1?, II, e 51, go Penal, o estupro e o atentado
caput, do Código Penal. violento ao pudor.
Por sentença do digno Juízo de
Direito de Garça, a acusação foi Na mesma ocasião, também se
julgada procedente In totum, reafirmou ser inviável a continui-
impondo-se ao réu uma vez a pe- dade delitiva nos crimes ofensivos
na do estupro, fixada em 3 anos e a bens personalíssimos, havendo
9 meses de reclusão, ou seja, a mais de uma vitima.
pena mínima com o acréscimo Igual orientação veio a ser ado-
de um quarto previsto no art. tada pela mesma 2? Turma, jul-
226, II, do Código Penal; e três gando o RECr. n? 93.722-SP (Rel.:
vezes a pena do atentado violento Min. Dedo Miranda, in RTJ
ao pudor, fixada, cada uma, em 2 98/1212), confirmando, no tocante à
(dois) anos e 6 (seis) meses de impossibilidade de aplicação do §
reclusão, ou seja, o mínimo co- 2? do art. 51 do C. Penal a casos
minado mais o acréscimo decor- de estupros com vitimas diferen-
rente do art. 226, II. Tornadas de- tes, jurisprudência anteriormente
finitivas, somaram as sanções 11 consolidada na Corte Maior (v.
(onze) anos e 3 (três) meses de RECr. n? 90.835-PR, 2? Turma,
reclusão. Rel.: Min. Moreira Alves, in RTJ
Inconformado, interpôs o réu 96/279; e RECr. n? 82.939-MG, 1?
apelação a que a Egrégia Quarta Turma, Rel.: Min. Eloy da Rocha,
Câmara Criminal do Tribunal de In RTJ 81/551).
890 R.T.J. — 108
17-10-77, Ag. n? 76.556, DJU de 26-6- Veio a ser, porém, acolhido o pedi-
79, Ag. n? 79.709, DJU de 16-6-80; do de seguimento do extraordinário,
Apelações Cíveis n?s 551-2, 603-2, por ter sido admitida como razoável
3.918-2, 7.375-2, 7.925-2, 10.228-2 e a argüição de inconstitucionalidade
11.140-2, dentre muitas outras, des- do acréscimo efetuado a título de
ta Nona Cãmara, com o mesmo re- mora, segundo o despacho do ilustre
lator deste acórdão). 4? Vice-Presidente do C. Tribunal de
Incogitável, aqui, a questão do Justiça de São Paulo.
acréscimo pela inscrição da dívi- Entretanto, não é de ser conheci-
da, estranho á execução. do, preliminarmente, o extraordiná-
E, finalmente, os honorários de rio, sob o invocado fundamento de
dez por cento «sobre o valor dos violação a preceito constitucional.
embargos» são razoáveis, face ás
peculiaridades fáticas da causa. Vejamos porque.
Nega-se, em conseqüência, pro- Na sua apelação, sustentou a re-
vimento à apelação». corrente que o acréscimo exigido
Inconformada, interpôs a contri- com base no art. 87, da Lei Estadual
buinte vencida recurso extraordiná- n? 440, era manifestamente inconsti-
rio, com fulcro nas alíneas a e c do tucional, pois a denominação de «a-
permissivó constitucional, invocando créscimo», com o qualificativo «mo-
violação ao disposto nos arts. 142, ratório» constituía-se em criação ar-
145, 147, 150 e 161 do Código Tributá- tificiosa, fugindo à sistemática do
rio Nacional e, ainda, contrariedade ICM. De outra parte, não poderia ele
ao preceituado nos arts. 13 e 62, § 2?, ser considerado como juros e, assim
da Constituição Federal. No que tan- na realidade, camuflava uma eleva-
ge ao fundamento da letra c, espe- ção ilegal de aliquota, vedada pelo
cialmente seus arts. 48/55, em face art. 5? do Decreto-Lei Federal 406,
da Lei Federal n? 5.172/66. de 31 de dezembro de 1968, e pelo pa-
Opostos embargos de declaração rágrafo 5? do art. 23 da Constituição.
pela Fazenda Estadual, fundados em
omissão, foram eles rejeitados. O v. acórdão, contudo, entendeu
Deferido o recurso com base na le- que era legitima a exigência, invo-
tra a da previsão constitucional, em cando, a prol de tal entendimento,
face da jurisprudência do Supremo vários acórdãos deste Tribunal, com
Tribtinal, subiram os autos com ra- indicação apenas de seus números e
zões de ambas as partes (fls. 84/89 e dos Diários de Justiça que os publi-
91). caram, e arestos da 9? Câmara da-
É o relatório. quele Tribunal de Justiça.
Ocorre, porém, que na oportunida-
VOTO de do extraordinário a ora recorren-
te apenas alegou violação ao art. 62,
§ 2?, da Constituição, preceito esse,
O Sr. Ministro Aldir Passarinho contudo, que sequer havia sido obje-
(Relator): O valor atribuído á causa to de cogitação, quer na apelação,
(Cri 52.332,05), em 31-3-80, é inferior quer no acórdão, como não o fora
à alçada regimental (Cri 293.280,00), também, aliás, o § 8? do art. 23 da
pois as decisões foram uniformes, na Lei Maior (não referido nem mesmo
conformidade do disposto no art. 325, no extraordinário), dispositivos estes
VIII, do atual RI/STF, já em vigor que levaram o Plenário deste Tribu-
quando do v. acórdão recorrido. nal a declarar inconstitucional o
dos fatos e das provas ficou assenta- Nelson Hungria «o que decide é a
do que, embora por curto espaço de cessação da possibilidade prática
tempo, os relógios subtraídos ás viti- do exercício do direito do dominus
mas estiveram fora da vigilância sobre a coisa», e citando Haf ter, «o
das mesmas» (in RTJ 97/904). agente faz cessar a custódia alheia
Ora, a saída do bem da esfera de e estabelece sobre a coisa o seu po-
vilância do dono é a pedra de toque der de disposição» (Comentários,
na caracterização da subtração efe- VII/28).
tiva. Ora, o fato incontroverso é que o
Esse critério essencial foi tomado agente foi de imediato perseguido
em consideração no julgamento do e preso em flagrante, na própria
RECr. n? 95.335, por mim relatado e circunstância do crime, retomado
resumido nessa ementa: o bem que se não há de ter como
«Roubo. Consumação do crime. efetivamente subtraído, posto que
Subtração efetiva. Salda da esfera não logrou sair da esfera de vigi-
de vigilância. — Consuma-se o cri- lância de seu dono.
me de roubo próprio quando, me- Independente da elegantia juris
diante o emprego de violência ou das sutis disceptações doutriná-
grave ameaça, o bem é efetiva- rias, cuido seja um caso típico de
mente subtraído à esfera de vigi- crime tentado, e não consumado,
lância do dono, como quando com como será, na espécie, todo aquele
a apreensão os agentes se deslo- sujeito a flagrante em sentido pró-
cam em veículo próprio, flagrados prio.»
depois com o produto do crime. Por menor a diferença no fato, re-
Recurso extraordinário conhecido percute na incidência da norma
e provido.» (mínima facti, ~cima luris).
Em contrapartida, a ementa do Pelo exposto, data venta, não co-
acórdão no RECr. n? 95.042, aplica o nheço do recurso.
princípio à situação diversa, in
verbis: VOTO
«Crime de roubo. Tentativa.
Flagrante. Se o agente foi de Ime- O Sr. Ministro Oscar Corrêa: Se-
diato perseguido e preso em fla- nhor Presidente, quero ressalvar,
grante, retomado o bem, não se quanto à conceituação da tentativa,
efetivou a subtração da coisa à no caso, e do crime consumado, a
esfera de vigilância do dono, opinião que já sustentei nesta Tur-
tratando-se pois, de crime tentado. ma, e que se pode chamar de «tradi-
Recurso extraordinário não conhe- cional», no sentido de que, subtraído
cido.» Deduzi, então, no voto, su- o bem com violência, consumou-se o
cinta explanação: roubo. Segundo se entende agora, na
«Para que se consume o crime jurisprudência recente do Tribunal,
de furto ou roubo próprio, não é ne- é preciso que o bem esteja fora da
cessário que o agente se tenha lo- ação de vigilância do dono. Para
cupletado, isto é, no sentido do ter- mim, pelo simples fato de ter sido
mo, tire o proveito, a utilidade, o subtraído, completou-se a meta
beneficio da coisa subtraída. A optata.
subtração, que é a ação nuclear do Em face da orientação recente da
tipo, se verifica desde que a coisa jurisprudência, acompanho o emi-
seja retirada do poder de disponi- nente Relator, ressalvando o meu
bilidade e de vigilância do dono pa- ponto de vista.
ra a do agente, ou para dizer com E o Voto.
912 R.T.J. — 108
A
Cv Abatimento do preço (...) Compra e venda. RE 99.982 RTJ 108/815
PrSTF Abono de permanência (acórdão padrão) (...) Embargos de divergência.
ERE 94.583 RTJ 108/637
PrSTF Ação civil originária. Particular vs União Federal e FUNAI. Denunciação
à lide pelo réu, como denunciado do autor (impossibilidade). Incompe-
tência do STF. ACOr 319 RTJ 108/ 459
PrCv Ação demarcatória. Ação de usucapião. Litispendência. Código de Proces-
so Civil, arts. 219 e 301, § 1? (inteligência). RE 97.028 RTJ 108/740
Cv Ação de desapropriação. Interesse social. Reforma agrária. Ação direta.
Nulidade do decreto expropriatórlo. Decreto-lei 554/69. RE 94.073 RTJ
108/620
Cv Ação direta (...) Ação de desapropriação. RE 94.073 RTJ 108/620
Cv Ação direta (...) Desapropriação indireta. RE 100.375 RTJ 108/855
PrSTF Ação de divórcio (...) Recurso extraordinário. RE 97.191 RTJ 108/755
Cv Ação «ex empto» (...) Compra e venda. RE 99.982 RTJ 108/815
Prev Ação pauliana (...) Fraude contra credores. RE 80.834 RTJ 108/596
PrCv Ação reivindicatória (legitimidade) ( ...) Ação de usucapião. ERE 96.696
(AgRg) RTJ 108/732
PrCv Ação rescisório (desnecessidade) (...) Ação de usucapião. ERE 96.696
(AgRg) RTJ 108/732
Prev Ação de usucapião (...) Ação demarcatória. RE 97.028 RTJ 108/740
PrCv Ação de usucapião. Citação do interessado (falta). Ação reivindicatória
(legitimidade). Ação rescisório (desnecessidade). Divergência superada.
Regimento Interno do STF/80, art. 332. ERE 96.696 (AgRg) RTJ 108/732
Cv Acidente de automóvel (...) Responsabilidade civil. RE 95.923 RTJ 108/676
Cv Acidente ferroviário (...) Responsabilidade civil. RE 95.103 RTJ 108/646 —
RE 100.783 RTJ 108/912
PrSTF Acidente do trabalho (...) Recurso extraordinário. RE 100.714 RTJ 108/898
PrSTF Acréscimo moratório já declarado inconstitucional (...) Recurso
extraordinário. RE 100.747 RTJ 108/907
Adm Acumulação de cargos. Médico do Estado, do Banco do Brasil e do INPS.
Ilegalidade. Ag 92.946 (AgRg) RTJ 108/614
II Adi-Bas — INDICE ALFABETwo
B
Trbt Bacalhau importado ( ...) Imposto sobre circulação de mercadorias. RE
99.332 RTJ 108/769
Trbt Base de cálculo idêntica à do imposto territorial rural ( ...) Taxa de con-
servação de estradas. RE 96.344 RTJ 108/689
INDICE ALFABÉTICO — Bas-Cód III
Trbt Base de cálculo idêntica à do IPTU (...) Taxa de lixo. RE 100.729 RTJ
108/903
C
PrSTF Cabimento de embargos (art. 894 da CLT) (...) Recurso extraordinário
(art. 143 da Constituição). Ag 95.790 (AgRg) RTJ 108/675
Trbt Cálculo (...) Imposto de renda. RE 75.152 RTJ 108/591
Trbt Cerceamento de defesa (ausência) (...) Imposto de renda. RE 100.158 RTJ
108/830
PrCv Citação do interessado (falta) ( ...) Ação de usucapião. ERE 96.696 (AgRg)
RTJ 108/732
Cv Cláusula resolutiva expressa ( ...) Compra e venda. RE 99.407 RTJ 108/775
Pn Co-autoria. Autoria incerta (Inocorrência). Teoria da equivalência das
causas. Código Penal, art. 25. HC 60.863 RTJ 108/566
Pn Co-autoria (...) Júri. HC 60.863 RTJ 108/566 — RHC 60.985 RTJ 108/570
Cv Código Civil, art. 85 (exegese) (...) Sociedade em conta de participação.
RE 95.230 RTJ 108/851
Cv Código Civil, art. 1.132 (...) Venda de ascendente a descendente. RE
100.440 RTJ 108/881
Cv Código Civil, art. 1.136, parágrafo único (...) Compra e venda. RE 99.982
RTJ 108/815
Cm Código Civil, art. 1.364 ( ...) Sociedade em conta de participação
(caracterização). RE 95.230 RTJ 108/651
Cm Código Comercial, art. 325 (...) Sociedade em conta de participação
(caracterização). RE 95230 RTJ 108/651
Pn Código Penal, art. 25 (...) Co-autoria. HC 60.863 RTJ 108/566
Pn Código Penal, art. 25 ( ...) Júri. HC 60.863 RTJ 108/566
Pn Código Penal, art. 110, ff 1? e 2? (redação da Lei 6.416/77) (...)
Prescrição. RECr 100.227 RTJ 108/838
Pn Código Penal, art. 142, I e 143 (...) Crime contra a honra. RHC 61.303 RTJ
108/586
Pn Código Penal, art. 155, f 2? ( ...) Furto privilegiado. RECr 100.024 RTJ
108/820
PrPn Código Penal Militar, art. 102 (...) Pena acessória. HC 60.543 RTJ 108/561
PrCv Código de Processo Civil, art. 102 (...) Conflito de Jurisdição. CJ 6.405 RTJ
108/522
PrCv Código de Processo Civil, arts. 219 e 301, 4 1? (inteligência) (...) Ação
demarcatória. RE 97.028 RTJ 108/740
Cm Código de Processo Civil, art. 267, VI (...) Sociedade em conta de partici-
p ação (caracterização). RE 95230 RTJ 108/651
Cv Código de Processo Civil, art. 336 (...) Divórcio. RE 97.191 RTJ 108/755
PrSTF Código de Processo Civil, art. 476 ( ...) Incidente de uniformização de
jurisprudência. EAg 84.121 (AgRg) RTJ 108/604
PrCv Código de Processo Civil, art. 552, ij 1? (...) Intimação. RE 82.105 RTJ
108/602
Prev Código de Processo Civil, art. 1.046, ff 2? e 3? (exegese) (...) Embargos de
terceiro. RE 93.896 RTJ 108/617
IV CÓd-Con — 1NDICE ALFABÉTICO
PrCv Código de Processo Civil, art. 1.137 (...) Executivo fiscal. RE 80.834 RTJ
108/596
PrPn Código de Processo Penal, art. 28 (...) Conflito de atribuições. CA 12 RTJ
108/455
PrPn Código de Processo Penal, art. 167 ( aplicação) (...) Denúncia. RHC 61.302
RTJ 108/583
Trbt Código Tributário Nacional, art. 19, III, «c» e 14 (exegese) (...) Imunidade
fiscal. RE 100.816 RTJ 108/914
Trbt Código Tributário Nacional, art. 167, parágrafo único ( ...) Repetição do
indébito. RE 97.037 RTJ 108/745
PrCv Coisa furtada (...) Alienação fiduciária em garantia. HC 61.150 RTJ
108/577
Cv Coisa julgada (...) Desapropriação. RE 100.557 RTJ 108/884
Trbt Compensação de adicional (...) Imposto de consumo. RE 99.718 RTJ
108/790
Trbt Compensação de prejuízos ( ...) Imposto de renda. RE 96.615 RTJ 108/700
Prev Competência. Justiça Federal Reclamação trabalhista. Empregado da
LBA lotado em maternidade transferida ao INAMPS. Lei 6.439/77. CJ
6.358 RTJ 108/519
Ct Competência. Justiça militar estadual. Policial militar no exercido de po-
liciamento civil. Constituição Federal, art. 144, 1 1?, «a». RE 99.683 RTJ
108/788
PrTr Competência. Justiça do trabalho. Reclamação trabalhista. Empresa sob
Intervenção da União. RE 81.493 RTJ 108/599
Ct Competência. Reclamação trabalhista. Décimo terceiro salário. Funcioná-
rios públicos não optantes cedidos à SABESP. Justiça comum. RE 96.424
RTJ 108/6%
PrPn Competência (...) Revisão criminal. RECr 99.008 RTJ 108/763
Ct Competência. Servidor temporário. Lei especial (inexistência). Justiça do
trabalho. CJ 6.418 RTJ 108/527
Ct Competência. Tribunal Federal de Recursos. Rabeas corpus contra o
Conselho da Justiça Federal. HC 61.181 RTJ 108/579
PrPn Competência. Unificação de penas. Crime contra a segurança nacional
transformado em comum. Juizo da Vara de Execuções Criminais. HC
61.025 RTJ 108/572
TrGr Competência funcional ( ...) Recurso extraordinário. RE 100.371 RTJ
108/850
Prev Competências não modificáveis pela conexão ou continência (...) Conflito
de Jurisdição. CJ 6.405 RTJ 108/522
Cv Compra e venda. Ação «ex empto». Abatimento do preço. Dimensões do
imóvel Inferiores às constantes da escritura. Código Civil, art. 1.136, pará-
grafo único. RE 99.982 RTJ 108/815
Cv Compra e venda. Promessa não Inscrita. Cláusula resolutiva expressa.
Rescisão. Mora. Interpelação judicial (desnecessidade). RE 99.407 RTJ
108/775
Cv Compra e venda não registrada (...) Responsabilidade civil. RE 95.923
RTJ 108/676
Adm Concessão de área de terras próximas à moradia ( ...) Lavoura
canavieira. RE 96.616 RTJ 108/709
INDICE ALFABÉTICO — p ónei V
PrPn Crime de receptação culposa ( ...) Dem:mear RHC 61.302 RTJ 108/583
Pn Crime de roubo. Tentativa. Flagrante. RECr 100.771 RTJ 108/909
Pn Crimes contra a liberdade sexual (...) Concurso material. RE 100.562 RTJ
108/888
Pn Crimes contra a liberdade sexual (...) Crime continuado. RE 100.562 RTJ
108/888
D
Cv Dano moral (...) Responsabilidade civil. RE 100.783 RTJ 108/912
Cv Dano moral postulado pela própria vitima (...) Responsabilidade civil. RE
95.103 RTJ 108/646
PrCv Decadência C..) Mandado de segurança. RE 100.174 RTJ 108/834
Ct Décimo terceiro salário (...) Competência. RE 96.424 RTJ 108/696
PrSTF Decisão de Turma do TFR (...) Recurso extraordinário. RE 95.529 RTJ
108/673
PrSTF Decisão de Turma em agravo regimental (...) Embargos de divergência.
EAg 84.121 (AgRg) RTJ 108/604
Adm Decreto 10.490-A/42 (...) Militar. MS 20.315 RTJ 108/540
Trbt Decreto 58.400/66, art. 247 ( ...) Imposto de renda. RE 96.615 RTJ 108/700
Trbt Decreto-lei 43/66, art. 29, c/c o art. 45 da Lei 4.131/62 ( ...) Imposto de
renda. RE 75.152 RTJ 108/591
Cv Decreto-lei 554/69 ( ...) Ação de desapropriação. RE 94.073 RTJ 108/620
Cv Decreto-lei 554/09, art. 11 (Inconstitucionalidade) (...) Desapropriação.
RE 99.849 RTJ 108/793
Cv Decreto-lei 554/69, art. 14 (...) Desapropriação Indireta. RE 100.375 RTJ
108/255
Adm Decreto-lei 1.910/81 (...) Fundeado aposentado. MS 20.351 RTJ 108/548
Ct Decreto-lei 2.019/83 (exegese) (...) Magistrado. Rp 1.155 RTJ 108/486
Cv Decreto-lei 3.365/41, art. 35 O-) Desapropriação indireta. RE 100.375 RTJ
108/855
Cm Decreto-lei 7.661/45, art. 9?, III, sim (...) Falência. RE 100.237 RTJ 108/839
Cm Decreto-lei 7.661/45, art. 24 (inapticabilidade) (...) Concordata preventiva.
RE 96.410 RTJ 108/992
Ct Demora no pagamento (...) Precatório. AR 948 (AgRg) RTJ 108/463
PrPn Denúncia. Crime de receptação culposa. Avaliação da ares furtiva» (ine-
xistência). Código de Processo Penal, art. 167 (aplicação). RHC 61.302
RTJ 108/583
PrSTF Denunciação à lide pelo réu, como denunciado do autor (impossibilidade)
( ...) Ação eive) originária. ACOr 319 RTJ 108/459
PrCv Depositário infiel (...) Alienação fiduciária em garantia. HC 61.150 RTJ
108/577
Cv Desapropriação. Indenização (atualização). Coisa julgada. Súmula 416
(inteligência). RE 100.557 RTJ 108/934
Cv Desapropriação. Nova avaliação (descabimento). Correção monetária (a-
plicação). Juros compensatórios (termo inicial). Procedimentos especiais
de jurisdição contenciosa (abrangência). Regimento Interno do STF/80,
art. 325, inciso V, letra «C». RE 96.619 RTJ 108/713
INDICE ALFABETICO Des-Emb VII
E
Int Eleição do foro (...) Sentença estrangeira. SE 3.368 RTJ 108/516
Cm Elementos essenciais não configurados (...) Sociedade em conta de parti-
cipação (caracterização) RE 95.230 RTJ 108/651
PrSTF Embargos de divergência. Correção monetária (cálculo). Dívida de valor.
Lei n? 6.899/81. ERE 97 013 (EDc1-AgRg) RTJ 108/736
VIII Emb-Fal — /NDICE ALFABÉTICO
G
Trbt GATT (...) Imposto sobre circulação de mercadorias. RE 99.332 RTJ
108/769
Ct Gratificação «pro labore» (majoração) (...) Assembléia Legislativa. Rp
1.132 RTJ 108/472
H
PrPn Habeas corpus. Apelação pendente. RHC 61.506 RTJ 108/590
Int Habeas corpus (indeferimento) (...) Expulsão. HC 61.374 RTJ 108/588
PrPn Habeas corpus (inidoneldade) (...) Júri. RHC 60.985 RTJ 108/570
Ct Habeas corpus contra o Conselho da Justiça Federal (...) Competência.
HC 61.181 RTJ 108/579
Adm Herdeira de Oficial Administrativo da Alfândega de Santos (...) Pensão.
RE 88.707 RTJ 108/605
Prev Herdeiros ausentes ou menores (...) Inventário. RE 100.716 RTJ 108/901
PrPn Homicídio privilegiado quanto a um dos réus (...) Júri. RHC 60.985 RTJ
108/570
Cv Homologação (recusa pelo juiz) (...) Separação consensual. RE 100.633
RTJ 108/894
Int Homologação concedida (...) Sentença estrangeira. SE 3.373 RTJ 108/518
Prev Honorários de advogado ( ...) Inventário. RE 100.716 RTJ 108/901
Prev Honorários de advogado. Mandado de segurança. Súmula 512. RE 101.214
RTJ 108/919
X — INDICE ALFABETIco
L
Trbt Lançamento (revisão) (...) Imposto de renda. RE 100.158 RTJ 108/830
Adm Lavoura canavieira. Trabalhador rural. Concessão de área de terras pró-
ximas à moradia. Ato n? 18/68, do Presidente do IAA (constitucionalida-
de). RE 96.616 RTJ 108/709
XII Lei-Mag — INDICE ALFABÉTICO
PrSTF Lei 440/74-SP, art. 87 ( ...) Recurso extraordinário. RE 100.747 RTJ 108/907
Trbt Lei 1.042/73 e 1.166/73 do município de Ibitinga-SP (Inconstítucionalidade)
(...) Taxa de conservação de estradas. RE 96.344 RTJ 108/689
Adm Lei 1.156/50 ( ...) Militar. MS 20.315 RTJ 108/540
Ct Lei 3.067/81-SP (inconstitucionalidade) (...) Assembléia Legislativa. Rp
1.132 RTJ 108/472
Prev Lei 4.215/63, arts. 109, IV e 113 ( ...) Advogado. RHC 61.081 RTJ 108/574
Trbt Lei 4.388/64 (...) Imposto de consumo. RE 99.718 RTJ 108/790
Adm Lei 5.049/66, art. 3? ( ...) Correção monetária. RE 97.189 RTJ 108/752
Adm Lei 5.291/67 (...) Pensão. RE 88.707 RTJ 108/605
Adm Lei 5.698/71 (...) Aposentadoria previdenciária. RE 94.390 RTJ 108/627
Adm Lei 5.991/73, arts. 15, fl 3? e 57 ( ...) Farmácia. RE 96.019 RTJ 108/680
PrCv Lei 6.439/77 ( ...) Competência. CJ 6.358 RTJ 108/519
Cv Lei 6.515/77, art. 34, § 2? ( ...) Separação consensual. RE 100.633 RTJ
108/844
PrSTF Lel 6.899/81 ( ...) Embargos de divergência. ERE 97.013 (EDcl-AgRg) RTJ
108/736
PrCv Lei Complementar 40/81, art. 24, II (...) Membro do ministério público.
RE 99.594 RTJ 108/785
Cv Lei do divórcio (exegese, arts. 31, 40, f 2? e 43) (...) Divórcio. RE 97.191
RTJ 108/755
Cv Lei do divórcio, art. 31 (exegese) (...) Divórcio direto. RE 97.191 RTJ
108/755
PrCv Lei em tese (descabimento) ( ...) Mandado de segurança. MS 20.352 RTJ
108/553
Ct Lei especial (inexistência) (...) Competência. CJ 6.418 RTJ 108/527
Trbt Lei municipal 1.261/80, de São Miguel do Oeste, arts. 59, 64, 69 e 74, 11 2?
(inconstitucionalidade). ( ...) Taxa de lixo. RE 100.729 RTJ 108/903
Adm Lei nova (...) Funcionário aposentado. MS 20.351 RTJ 108/548
Adm Lei nova ( ...) Licença de construção. RE 96.640 RTJ 108/720
PrPn Lei Orgânica da Magistratura Nacional, art. 101, • 3?, «e» ( ...) Revisão
criminal. RECr 99.008 RTJ 108/763
PrSTF Lei de Organização Judiciária do DF (...) Recurso extraordinário. RE
96.318 RTJ 108/685
PrSTF Letra «b» (...) Recurso extraordinário. RE 95.529 RTJ 108/673
Adm Licença de construção. Pedido de alvará. Lei nova. Direito adquirido. RE
96.640 RTJ 108/720
Adm Licenciamento de estabelecimento farmacêutico e provisionamento do ofi-
cial de farmácia (distinção) (...) Farmácia. RE 96.019 RTJ 108/680
PrCv Litispendência ( ...) Ação demarcatórla. RE 97.028 RTJ 108/740
M
Ct Magistrado. Adicional por tempo de serviço (majoração). Imposto de ren-
da (isenção). Magistrado de qualquer instância (alcance da expressão).
Decreto-lei 2.019/83 (exegese). Rp 1.155 RTJ 108/486
Ct Magistrado de qualquer instância (alcance da expressão) ( ...)
Magistrado. Rp 1.155 RTJ 108/486
INDICE ALFABÉTICO — Man-Par XIII
Pn Ofensa irrogada em juizo (...) Crime contra a honra. RITO 61.303 RTJ
108/586
Pn Ofensas contra o Juiz (...) Crime contra a honra. RHC 61.303 RTJ 108/586
Adm Oficial de farmácia provisionado (...) Farmácia. RE 96.019 RTJ 108/680
Trbt Operação subseqüente (...) Imposto sobre circulação de mercadorias. RE
99.332 RTJ 108/769
PrPn Seção Criminal especializada ( ...) Revisão criminal. RECr 99.008 RTJ
108/763
Int Sentença estrangeira. Divórcio. Cônjuge brasileiro. Eleição do foro. SE
3.368 RTJ 108/516
Int Sentença estrangeira. Divórcio registrado perante autoridade administra-
tiva. Sistema jurídico japonês. Homologação concedida. SE 3.373 RTJ
108/518
Cv Separação consensual. Homologação (recusa pelo juiz). Interesse, de um.
dos cônjuges. Lel 6.515/77, art. 34, $) 2?. RE 100.633 RTJ 108/894
PrSTF Serventia extrajudicial não oficializada (...) Recurso extraordinário. RE
96.318 RTJ 108/685
Ct Servidor temporário (...) Competência. CJ 6.418 RTJ 108/527
Trbt Sindicato ( ...) Imunidade fiscal. RE 100.816 RTJ 108/914
Int Sistema jurídico japonês (...) Sentença estrangeira. SE 3.373 RTJ 108/518
Cm Sociedade em conta de participação (caracterização). Elementos essen-
ciais não confi gurados. Código Comercial, art. 325. Código Civil, art. 1.364.
Código de Processo Civil, art. 267, VI. RE 95230 RTJ 108/651
Cv Sociedade em conta de participação. Qualificação jurídica de contrato.
Código Civil, art. 85 (exegese). RE 95.230 RTJ 108/651
XVIII Suj-Tra — INDICE ALFABÉTICO
T
Trbt Taxa de conservação de estradas. Base de cálculo idêntica à do Imposto
territorial rural. Lei 1.042/73 e 1.166/73 do município de Ibitinga-SP (in-
constitucionalidade). RE 96.344 RTJ 108/689
Trbt Taxa de lixo. Base de cálculo idêntica à do IPTU. Lei municipal 1.261/80,
de São Miguel do Oeste arts. 59, 64, 69 e 74, (inconstitucionalidade).
RE 100.729 RTJ 108/903
PrSTF Temas jurídicos diversos ( ...) Embargos de divergência. ERE 94.583 RTJ
108/637
Adm Tempo de serviço (...) Militar. MS 20.315 RTJ 108/540
Pn Tentativa (...) Crime de roubo. RECr 100.771 RTJ 108/909
Pn Teoria da equivalência das causas ( ...) Co-autoria. HC 60.863 RTJ 108/566
Pn Teoria da equivalência das causas (...) Júri. HC 60.863 RTJ 108/566
Trbt Termo inicial (...) Correção monetária. RE 97.037 RTJ 108/745
Adm Tiro de guerra (...) Militar MS 20.315 RTJ 108/540
Adm Trabalhador rural (...) Lavoura canavieira. RE 96.616 RTJ 108/709
Int Transporte aéreo. Vôo internacional. Transporte sucessivo. Trecho inter-
mediário a cargo de empresa brasileira (acidente). Responsabilidade soli-
dária. RE 100.300 RTJ 108/844
Int Transporte sucessivo ( ...) Transporte aéreo. RE 100.300 RTJ 108/844
INDICE ALFABÉTICO — Tre-Zon XIX
INDICE NUMÉRICO
vol./p ág.
Vol./pág.
94.390 (RE) Rel.: Min. Djaci Falcão 108/627
94.583 (ERE) Rel.: Min. Oscar Corrêa 108/637
95.071 (RE) Rel.: Min. Dedo Miranda 108/645
95.103 (RE) Rel.: Min. Néri da Silveira 108/646
95.230 (RE) Rel.: Min. Moreira Alves 108/651
95.529 (RE) Rel.: Min. Francisco Rezek 108/673
95.790 (Ag- AgRg) Rel.: Min Rafael Mayer 108/675
95.923 (RE) Rel.: Min. Néri da Silveira 108/676
96.019 tRE) Rel.: Min. Néri da Silveira 108/680
96.318 (RE) Rel.: Min. Francisco Rezek 108/685
96.344 (RE) Rel.: Min. Néri da Silveira 108/689
96.410 (RE) Rel.: Min. Néri da Silveira 108/692
96.424 (RE) Rel.: Min. Néri da Silveira 108/696
96.609 (RE) Rel.: Min. Aldir Passarinho 108/698
96.615 (RE) Rel.: Min. Rafael Mayer 108/700
96.616 (RE) Rel.: Min. Soares Murioz 108/709
96.619 (RE) Rel.: Min. Néri da Silveira 108/713
96.640 (RE) Rel.: Min. Alfredo Buzaid 108/720
96.696 (ERE-AgRg) Rel.: Min. Djaci Falcão 108/732
97.013 (ERE-AgRg) Rel.: Min. Rafael Mayer 108/736
97.028 (RE) Rel.: Min. Djaci Falcão 108/740
97.037 (RE) Rel.: Min. Alfredo Buzaid 108/745
97.189 (RE) Rel.: Min. Néri da Silveira 108/752
97.191 (RE) Rel.: Min. Néri da Silveira 108/755
97.280 (RE) Rel.: Min. Alfredo Buzaid 108/760
99.008 (RECr) Rel.: Min. Djaci Falcão 108/763
99.265 (RECr) Rel.: Min. Francisco Rezek 108/767
99.332 (RE) Rel.: Min. Oscar Corrêa 108/769
99.407 (RE) Rel.: Min. Djaci Falcão 108/775
99.536 (RE) Rel.: Min. Djaci Falcão 108/779
99.594 (RE) Rel.: Min. Francisco Rezek 108/785
99.683 (RE) Rel.: Min. Alfredo Buzaid 108/788
99.718 (RE) Rel.: Min. Alfredo Buzaid 108/790
99.849 (RE) Rel.: Min. Moreira Alves 108/793
99.982 (RE) Rel.: Min. Francisco Rezek 108/815
100.024 (RECr) Rel.: Min. Aldir Passarinho 108/820
100.110 (RE) Rel.: Min. Francisco Reza 108/826
100.145 (RE) Rel.: Min. Dedo Miranda 108/828
100.158 (RE) Rel.: Min Oscar Corrêa 108/830
100.174 (RE) Rel.: Min. Soares Mutioz 108/834
100.227 (RECr) Rel.: Min. Moreira Alves 108/838
100.237 (RE) Rel.: Min Oscar Corrêa 108/839
103.300 (RE) Rel • Min. Decio Miranda 108/844
100.371 (RE) Rel.: Min. Moreira Alves 108/850
100.375 (RE) Rel.: Min. Rafael Mayer 108/855
100.440 (RE) Rel.: Min. Djaci Falcão 108/881
100.557 (RE) Rel.: Min. Soares Miffloz 108/884
100.562 (RE) Rel.: Min. Soares Mufloz 108/888
100.564 (RE) Rel.: Min. Rafael Mayer 108/891
100.633 (RE) Rel.: Min. Francisco Rezek 108/894
100.714 (RE) Rel.: Min. Rafael Mayer 108/898
100.716 (RE) Rel.: Min. Soares Mufioz 108/901
100.729 (RE) Rel.: Min. Francisco Rezek 108/903
100.747 (RE) Rel.: Min. Aldir Passarinho 108/907
100.771 (RECr) Rel.: Min. Rafael Mayer 108/939
100.783 (RE) Rel.: Min. Decio Miranda 108/912
100.816 (RE) Rel.: Min. Oscar Corrêa 108/914
101.214 (RE) Rel.: Min. Oscar Corréa 108/919