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Este documento é copia do original assinado digitalmente por CARLOS ALBERTO GARCETE DE ALMEIDA. Liberado nos autos digitais por Carlos Alberto Garcete de Almeida, em 24/11/2015 às
Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso do Sul
Comarca de Campo Grande
1 a. Vara do Tribunal do Júri
LC/P
Autos: 0036594-49.2013.8.12.0001
Classe: Ação Penal de Competência do Júri
Parte Autora: Ministério Público Estadual
Parte Passiva:Thiago Augusto Garcia Watanabe

11:30. Para acessar os autos processuais, acesse o site http://www.tjms.jus.br/esaj, informe o processo 0036594-49.2013.8.12.0001 e o código 13E6429.
RELATÓRIO

O MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL ajuizou ação


penal em face de THIAGO AUGUSTO GARCIA WATANABE,
brasileiro, estudante, portador do RG n. 1542897 SSP/MS
e inscrito no CPF sob o n. 019.292.431-11, nascido em
21-4-1987, natural de Campo Grande/MS, filho de
Tochimitsu Watanabe e de Odete Garcia de Oliveira.

Consta na peça acusatória que, na data de 1º


de agosto de 2013, por volta das 22h30, na Rua Serra
Negra, n. 287, Bairro Vila Eliane, nesta Capital, o
denunciado desferiu disparos de arma de fogo contra a
vítima Márcio Ferreira dos Santos, causando-lhe
ferimentos que não foram a causa eficiente de sua morte
por circunstâncias alheias à vontade do denunciado.

Segundo restou apurado, na época dos fatos, o


denunciado mantinha relacionamento amoroso com a
testemunha Cecília Renata Gomes, a qual era ex-
convivente da vítima Márcio Ferreira dos Santos.

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Fone (67) 3317-3481 - E-mail: cgr-1tjuri@tjms.jus.br
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Devido ao término do relacionamento, somado
ao fato de a testemunha começar a namorar Thiago, ora

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denunciado, a vítima Márcio começou a ameaçar de morte
Cecília.

Na data dos fatos, Cecília e Thiago estavam


em uma lanchonete, onde também estava presente a
vítima, a qual passou a proferiu várias ameaças ao
casal, razão pela qual Cecília e Thiago foram até a
casa daquela.

Na sequência, a vítima Márcio foi até a casa


de Cecília, onde ocorreu uma discussão, momento em que
o denunciado efetuou disparos de arma de fogo contra o
ofendido.

Assim, teria o acusado cometido o crime


capitulado no art. 121 caput, c/c art. 14, inciso II,
ambos do Código Penal.

Os autos foram instruídos com o IP n.


171/2013- 7ª DP/CG (f. 5-111), no qual consta os laudos
periciais de exame de corpo de delito da vítima (f.
71-2), de exame químico (f. 74-8 e 115-9) e de exame
físico-descritivo e de pesquisa de sangue humano (f.
80-4 e 120-4).

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Foram juntados antecedentes criminais do
acusado à f. 125 e 130.

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Foi recebida a denúncia (f. 113), o acusado
foi citado pessoalmente (f. 136-7) e apresentou defesa
escrita (f. 141-3).

Durante a instrução processual foram tomados


os depoimentos da vítima, cinco testemunhas de
acusação, uma testemunha comum (f. 188), bem como foi
realizado o interrogatório do acusado (f. 200).

Em sede de alegações finais, o Ministério


Público Estadual pugnou pela pronúncia do acusado, nos
termos da denúncia (f. 208-215).

A Defesa pleiteou a absolvição sumária do


acusado e, subsidiariamente, a desclassificação para o
delito de lesão corporal (219-221).

É o relatório dos autos. Decido.

FUNDAMENTAÇÃO

Inicialmente, sobreleva dizer que, nesta fase


procedimental, o juiz deve, tão somente, proclamar
admissível (ou não) a acusação, sem invadir o mérito da
causa, razão por que o art. 413 do Código de Processo

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Penal dispõe:

O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado,


se convencido da materialidade do fato e da

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existência de indícios suficientes de autoria ou
de participação.

Como se denota, o dispositivo em epígrafe


determina a pronúncia do acusado se (1) houver prova da
materialidade e (2) indícios suficientes de autoria.

Quanto ao segundo requisito, importa


consignar que os indícios devem ter a potencialidade de
permitir a sustentação da acusação em plenário do Júri.

Neste sentido, o juiz togado deve exercer o


primeiro filtro acerca da imputação atribuída ao
acusado, sendo que esse raciocínio em nada usurpa a
competência constitucional do Tribunal do Júri para o
julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

É que o Tribunal do Júri deve julgar casos


deste jaez quando, por óbvio, tenham condições mínimas
de serem submetidos ao julgamento popular.

Nesse sentido, adverte GUILHERME DE SOUZA


NUCCI:

É preciso cessar, de uma vez por todas, ao menos


em nome do Estado Democrático de Direito, a
atuação jurisdicional frágil e insensível, que
prefere pronunciar o acusado, sem provas firmes e
livres de risco. Alguns magistrados, valendo-se
do criativo brocardo in dubio pro societate (na
dúvida, decide-se em favor da sociedade), remetem
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à apreciação do Tribunal do Júri as mais
infundadas causas (...)
Não é essa a sistemática brasileira adotada pela
legislação brasileira. Demanda-se segurança e a
essa exigência deve estar atrelado o magistrado

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que atua na fase de pronúncia. [...]

Feito esse introito acerca da interpretação


do art. 413 do Código de Processo Penal, a partir do
necessário filtro constitucional, passo ao exame do
caso sub examine.

1 DA MATERIALIDADE E DA AUTORIA

In casu, verifico que a materialidade e a


autoria do teórico delito de tentativa de homicídio
estão comprovadas por meio dos laudos de exame de corpo
de delito da vítima de f. 71-2 — lesão leve —, de exame
químico (f. 74-8 e 115-9) e de exame físico-descritivo
e de pesquisa de sangue humano (f. 80-4 e 120-4), bem
como dos depoimentos na fase instrutória da vítima
Márcio Ferreira dos Santos e das testemunhas Graciela
Amarilla, Anna Maria Ferreira dos Santos, Domingos
Ferreira dos Santos, Gizele Guedes Viana.

Apesar da alegação do acusado de que não


efetuou disparo de arma de fogo contra a vítima, o
exame químico realizado em um boné do ofendido detectou
a presença de chumbo em um orifício, consistente com o
disparo de uma arma de fogo, enquanto as testemunhas
acima mencionadas confirmam a ocorrência de disparos no
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Quanto às teses defensivas de legítima defesa
e de desclassificação do delito, reputo que a versão
apresentada pelo acusado não se afigura inconteste nos
autos.

Conforme ensina Guilherme de Souza Nucci:

O juízo de pronúncia é, no fundo, um juízo de


fundada suspeita e não um juízo de certeza.
Admissível a acusação, ela, com todos os
eventuais questionamentos, deve ser submetida ao
juiz natural da causa, em nosso sistema, o
Tribunal do Júri.

Por meio dessas considerações, bem de ver-se


que há indícios suficientes (CPP, art. 413) para que o
acusado seja levado a julgamento, devendo as teses
defensivas serem apreciadas na referida oportunidade.

DISPOSITIVO

Posto isso, em face das imputações contidas


na denúncia oferecida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL,
na forma do art. 413, caput e seu parágrafo primeiro,
do Código de Processo Penal, PRONUNCIO o acusado THIAGO
AUGUSTO GARCIA WATANABE, qualificado nos autos, a fim
de que seja submetido a julgamento pelo egrégio
Tribunal do Júri desta Comarca, sob a acusação de
prática do crime capitulado no art. 121, "caput"
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(homicídio), c/c art. 14, inciso II (tentativa), ambos
do Código Penal, em relação à vítima Márcio Ferreira
dos Santos.

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Em atenção ao §3º do art. 413 do Código de
Processo Penal, mantenho o acusado em liberdade
porquanto tem comparecido aos atos procedimentais.

Intimem-se na forma do art. 420 do Código de


Processo Penal.

Tão logo haja preclusão desta decisão


interlocutória, o cartório deverá abrir vista
sequencial ao MPE e intimar a Defesa do acusado para os
fins do art. 422 do Código de Processo Penal.

Campo Grande(MS), 20 de novembro de 2015

(assina por certificação digital)


Carlos Alberto Garcete de Almeida
Juiz de Direito

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