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RELATORIO
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RELATORIO

APRESENTADO A

ASSEMBLÉA LEGISLATIVA PROVINCIAL

DE

SÃO PAULO

PELO

PRESIDENTE DA PROVINCIA

DR . PEDRO VICENTE DE AZEVEDO

NO DIA 11 DE JANEIRO DE 1889

SÃO PAULO
TYPOGRAPHIA A VAPOR DE JORGE SECKLER & COMP .
1889
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INDICE DO RELATORIO

Introducção Pag . 9
Familia Imperial IO
Eleições
Eleitorado da Provincia II
Assembléa Provincial. 12
Posturas Municipaes 13
Divisas .
Naturalisações .
Administração da Justiça 14
I Tribunal da Relação .
II Comarcas >>

III Juizes de Direito .


IV Termos 18
V Officios de Justiça
Registro Civil . 23
Alistamento Militar
Capitania do Porto de Santos 24
Guarda Nacional . 25
Obras Militares 27
Colonia Militar do Itapura
Inspectoria de Hygiene 28
Hospicio de Alienados 33
Penitenciaria 39
Policia 41
Segurança e tranquillidade publica . 44
I O Crime do Bananal . 45
II Motins da noite de 24 de Novembro 49
Administração do Correio 52
- 6
.

Instrucção Publica Pag 55


I Instrucção Primaria >> 60
II Conselho Superior 62
III Seminario Episcopal .
IV Seminario da Gloria . 63

V Collegio de Nossa Senhora do Carmo de Guaratinguetá . 64


Ensino Technico >
I Instituto de D. Anna Rosa . >> 65
II Lyceu de Artes e Officios do Sagrado Coração. 66
III Lyceu de Artes e Officios 67
IV Instituto Taubateano de Agricultura , Artes e Officios . 69 1
V Collegio de S. Miguel em Jacarehy 71 1
Ensino Magistral .
Carris de Ferro 76 1
I da Capital
II de São Paulo a Santo Amaro 85
III Companhia Campineira . 86
IV de Taubaté >
Illuminação Publica >>

I Companhia de Gaz da Capital


II Companhia Campineira de Illuminação a Gaz . CO
The City of Santos Improvements Company, Limited
Companhia Cantareira e Esgotos
Estabelecimentos de Caridade >> 91
Monumento do Y piranga 96
Loterias Provinciaes 98
Viaducto do Chá . >> 99
Obras Publicas
I Edificio da Thesouraria de Fazenda
II Tumulo de José Bonifacio
Thesouraria de Fazenda . IOO
Passeios Publicos . 102
Commissão Geographica e Geologica . 106

Estação Agronomica da Cidade de Campinas 107


Privilegios >>
Commissão de Estatistica
Catechese e civilisação dos Indios . 108
Commissão de Terras do Valle do Paranapanema >> I10
Engenho Central de Lorena
Estradas de Ferro
I Companhia de Santos a Jundiahy III
II Bragantina 113
III Ferro Carril Itatibense
IV Mogyana 114
V >> Ytuana . 123
VI Paulista 126
- 7 -

VII Companhia Rio Claro . l'ag . 130


VIII São Paulo e Rio de Janeiro >> 132
IX Sorocabana 137
X Estrada de Ferro de Taubaté ao Littoral 139
XI Ramal Ferreo Descalvadense >> 140
XII Estrada de Ferro de Tabatinga
XIII Ramal Ferreo Bananalense .
XIV Estrada de Ferro da Bocaina 141
Navegação Iguapense >
Força de Linha 142
Immigração e Colonisação
Trabalho Livre 144
Inspectoria Especial de Terras e Colonisação . 146
Nucleos Provinciaes >
Exposição Universal de Paris
Emprestimo Externo .
Situação Economica . >> 150
Despezas com a Immigração 153
Secretaria do Governo 155
Conclusão

ANNEXOS

DECISÕES DA PRESIDENCIA .
POLICIA .
OBRAS PUBLICAS .
PENITENCIARIA .
CONTRACTOS.
CORREIO .
COMMISSÃO GEOGRAPHICA E GEOLOGICA .
SECRETARIA DO GOVERNO .
QUADRO DA MAGISTRATURA.

ERRATA

A' pagina 72 , ultima linha , em vez de : « noções de mechanica » , leia -se : « noções de
mechanica celeste » .
A' pagina 110, linha 33 , em vez de : « revisão das plantas, leia - se : « revisão das pautas » .
J
1
Senhores Membros da Ossembléa Legislativa Provincial.

Cabe-me, desta vez , o prazer de assistir á installação de vossos trabalhos ,


instruindo - vos do estado dos negocios da Provincia .
Membro tambem da actual Legislatura, cooperando comvosco no desem
penho das importantes funcções que vos competem , ainda na passada sessão , o
dever obrigou-me a deixar a cadeira , que então occupava, por esta outra , de
certo mais cheia de responsabilidade, porém não mais honrosa do que a de
Legislador.
Muito me alenta a esperança de que encontrarei em tão distinctos collegas
o mesmo apoio e o mesmo auxilio que não tem sido negado a outros .
Si , quando vosso companheiro, procurei , quanto em mim cabia , bem servir
á causa de nossa adiantada Provincia, antepôndo sempre o interesse publico a
quaesquer considerações meramente partidarias, não será agora que hei de
esquecer esse passado , deixando-me dominar por outra ordem de sentimentos.

Filiado a uma Escola politica, governando de accórdo com as suas doutrinas,


sou entretanto moderado por educação e por indole .
Aprendi comvosco , no seio desta illustre Assembléa , onde já por sete legis
laturas tenho tido assento , a comprehender e amar, acima de todas as cousas ,
a honestidade e a justiça.

No meio dos desvarios de um partidarismo sem escrupulos, que tanto tem


prejudicado esta grande lei conhecida por Acto Addicional, cabe- nos a gloria ,
à nós Paulistas , de não haver desmerecido das tradicções que nos legaram os
patriotas de 1834 .
A minha confiança em vossas luzes, experiencia dos negocios e acerto nas
deliberações , - é illimitada.
Nomeado Presidente desta Provincia por Carta Imperial de 30 de Maio do
anno passado , prestei juramento perante a Camara Municipal desta Capital no
dia 23 de Junho, e em seguida assumi a administração .
2
10

Sujeito á vossa apreciação o pouco que tenho feito , esperando indulgencia


para as fraquezas de minha capacidade; attendendo, porém , que nunca faltaram
me desejos e esforços de acertar , em procura do mais util e do melhor.

FAMILIA IMPERIAL

A 22 de Agosto de 1888 chegaram ao Rio de Janeiro, de regresso de


sua viagem á Europa , Suas Magestades Imperiaes e Sua Alteza o Principe
D. Pedro Augusto .

Sua Magestade o Imperador, a quem cruel enfermidade obrigára a guardar


o leito por alguns dias em Milão , enchendo de cuidados toda esta nação, que
estremece por sua preciosa saude, voltou, graças a Divina Providencia e á
pericia de seus medicos assistentes, restabelecido de seus gravissimos incom
nodos, e sendo -lhe dado reassumir, desde logo , as redeas do Governo .
Cessou, com a feliz chegada de seu Augusto Pai, a regencia de Sua Alteza
a Serenissima Princeza Imperial Dona Izabel, a quem , a 13 de Maio, coube a
gloria de sanccionar a lei que redimiu os captivos, restituindo á patria mais de
quinhentos mil cidadãos.

ELEIÇÕES

Nos dias 10 de Agosto e 4 de Outubro do anno findo procedeu -se, sem a


mais leve alteração da ordem publica, livre e pacificamente, a eleições para o
preenchimento das vagas occorridas, no Senado, com o fallecimento do Conse
lheiro João da Silva Carrão , e nesta Assemblea, com o do Barão do Japy.
Não é de hoje que o modo pacifico por que têm -se effectuado as eleições ,
demonstra o grau de adiantamento moral de nossa Provincia .
Chegando ao meu conhecimento a escolha feita pela Corôa do deputado
á Assembléa Geral pelo 4° districto , Conselheiro Rodrigo Augusto da Silva ,
para Senador do Imperio, designei, nos termos do artigo 21 da Lei n . 3029 de
9 de Janeiro de 1881 , o clia 4 deste mez para a respectiva eleição .
Tendo sido elevadas , pela Lei n . 69 de 2 de Abril de 1886 , á cathegoria
de Villa a Freguezia do Sapé, no municipio de Silveiras, com a denominação
de Jatahy, e a do Espirito Santo da Fortaleza, no municipio de Lençóes, e
achando - secumpridas as disposições da Lei n . 40 de 11 de Março de 1885 ,
designei para se proceder á eleição das respectivas Camaras Municipaes: na
primeira, o dia 1o de Dezembro , e na segunda o dia 26 de Novembro.
Ainda não puderam ser installadas , em virtude das disposições da citada
Lei , algumas Villas, por faltar- lhes edificio para cadêa e casa de Camara .
Achando-se as Freguezias do Salto , no municipio de Itú , e de S. Miguel
do Piquete, no municipio de Lorena, canonicamente instituidas, designei para
a eleição dos Juizes de Paz : na primeira, o dia 20 de Janeiro ; e na segunda
o dia 29 de Dezembro .

Em consequencia de obitos, mudanças e opções de vereadores , ordenei, afim


de se preencherem as vagas occorridas, que se procedesse ás respectivas eleições ,
-- 11

constando do quadro seguinte os dias designados para as mesmas e as Camaras


Municipaes onde se deram aquellas vagas :

Camara Municipal de Apiahy 1


>> > Dia 13 de Agosto
» Silveiras,
>> >> Rio Bonito > 14 >>
> >> Batataes >> >> >>
25
» Cajurú . 27 >>
> Caconde
IO >> Outubro
>>> >
Itapecerical
>> > >> Serra Negra 20 >>
>> >> S. Carlos do Pinhal >>> 3 ► Novembro
> >> » Lagoinha >>
15
>> > da Penha do Rio do Peixe >> 20
>> I ► Dezembro
de Araçariguama
>> >> Cananéa 20
da Penha do Rio do Peixe
Franca >
15 » Janeiro
> de Silveiras
» Santa Barbara > 30

Nos termos do art . 94 do Regulamento n . 8213 de 13 de Agosto de 1881 ,


designei para celebração dos actos eleitoraes , em S. Roque, o consistorio da
Igreja de S. Benedicto , e na freguezia do Salto de Itú , o edificio da respectiva
Matriz .

ELEITORADO DA PROVINCIA

Eleva - se a 21664 o numero de eleitores alistados na Provincia até a revisão


de 1887 , assim divididos por Comarcas:

Amparo 653
Araraquara 302
Areas . 261
Atibaia 288
Bananal 280
Batataes . 492
Belém do Descalvado 506
Botucatu 382
Bragança . 262
Caconde . 347
Campinas I 000
Capivary. 564
Capital 2571
Casa Branca . 437
Espirito Santo 328
Faxina 587
Franca 566
Guaratinguetá 727
Iguape 250
Itapetininga 529
12

Itú 344
Jacarehy 327
Jahú 409
Jundiahy . 339
Lençóes . 645
Limeira 294
Lorena . . 536
Mogy das Cruzes 249
Mogy -mirim 506
Parahybuna . 203
Pindamonhangaba 437
Piracicaba.. 5.36
Queluz. 334
Santos . 729
São Carlos do Pinhal 388
São João do Rio Claro 318
São José dos Campos . 436
São Luiz do Parahytinga. 233
São Roque 269
São Sebastião 271
São Simão . 451
Sorocaba . 563
Tatuhy 368
Taubaté . 545
Tieté . 234
Ubatuba . I13
Xiririca . 260

21664

ASSEMBLEA PROVINCIAL

Sanccionei e mandei publicar a Lei transferindo para o bairro do Lava- pés ,


municipio de São Luiz do Parahytinga, a cadeira do sexo masculino do bairro do
Chapéo , do mesmo municipio.
Mandei publicar as Resoluções seguintes :

Additamento ao Codigo de Posturas da Camara Municipal de Batataes ;

Codigo de Posturas da de São Manuel do Paraiso ;


Artigos de Posturas da de Campinas;
Codigo de Posturas da do Bom Successo ;

Codigo de Posturas da do Jahú ;


Dito da da Penha do Rio do Peixe ;
Dito da da Piedade.

Por terem disposições contrarias á lei organica das Camaras Municipaes


e a outras leis geraes, resolvi , de conformidade com os arts . 24 S 3º do Acto
Addicional e 50 ş 1 ° da Lei n . 40 de 1º de Outubro de 1834 , sustar a publi
cação das seguintes Resoluções :
- 13

Artigos de Posturas das Camaras Municipaes de Santo Amaro , Cananéa ,


Caçapava, Espirito Santo da Boa Vista , Tatuhy, Espirito Santo do Pinhal ,
São José do Parahytinga e Cunha .
Mandei devolver taes Resoluções a esta Assembléa para , tomando em con
sideração os fundamentos de meus actos , proceder como no caso couber .

POSTURAS MUNICIPAES

Tendo em vista o que me representou a Camara Municipal do Espirito


Santo do Pinhal, relativamente aos regulamentos do cemiterio e mercado daquella
cidade, os quaes se achavam comprehendidos no codigo de Posturas approvado
pela Assembléa Provincial e cuja publicação foi sustada em virtude de disposições
offensivas á Constituição e as leis do Imperio, e considerando que taes dispo
sições não se verificavam quanto aos regulamentos citados , approvei-os em
separado , conforme solicitou a referida Camara.

Sobre proposta da Camara Municipal de Campinas, approvei e mandei


executar provisoriamente um artigo de postura sobre a venda de bilhetes de
loteria .

De taes Resoluções ser -vos-hão presentes os respectivos actos .

DIVISAS

Em cumprimento do art . 2 ° da lei n . 3 de 9 de Fevereiro de 1888 , deter


minei as divisas da nova freguezia do Porto Ferreira , de accordo com as infor
mações da Camara Municipal de Belém do Descalvado.

A Camara municipal de Pirassununga reclamou , allegando terem aquellas


divisas comprehendido tambem territorio do seu Termo . Estando extincta a
autorisação legislativa, deixei de tomar conhecimento da reclamação, que vos
será presente para resolverdes como melhor vos parecer.

NATURALISAÇÕES

Tem augmentado consideravelmente o numero de naturalisações na Provincia .


De 1882 até 31 de Dezembro de 1888 requereram carta de brazileiros
novecentos e cincoenta e seis cidadãos, sendo :

Em 1882 . 9
Em 1883 138
Em 1884 . 129
Em 1885 191
Em 1886 . I 22
Em 1887 89
Em 1888 265
Deixaram de tirar as suas cartas . 13
O que prefaz o total acima de , 956
14

ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

TRIBUNAL DA RELAÇÃO

Occupa o logar de Presidente deste Tribunal o Conselheiro José Ignacio Go


mes Guimarães , nomeado por Decreto de 3 de Outubro do anno passado.
( Conselheiro Joaquim Pedro Villaça , que fòra reconduzido no logar de
Presidente a 17 de Setembro , foi por Decreto de 22 desse mez nomeado
Ministro do Supremo Tribunal de Justiça .

Falleceu em 1º de Outubro o Desembargador Marcos Antonio Rodrigues de


Souza .

Para preencher estas duas vagas foi, por Decreto de 21 de Novembro,


removido da Relação da Bahia o Desembargador Agostinho Ermelino de Leão ,
e nomeado Desembargador o Juiz de Direito Ernesto Julio Bandeira de Mello ,
que tomou posse a 27 do mesmo mez .
E ' Secretario deste Tribunal o Bacharel Alvaro Augusto da Costa Carvalho,
nomeado por Decreto de 18 de Agosto . Tomou posse a 28 do mesmo mez .

II

COMARCAS

E ' de 47 o numero de Comarcas providas: 15 especiaes e 32 geraes .

As do Rio Novo , Silveiras , S. João Baptista do Rio Verde, Cunha, Para


napanema, creadas por leis provinciaes de 22 de Fevereiro , 29 de Março e 28
de Abril de 1883 , as de Caçapava, São José do Barreiro , Porto Feliz, São João
da Bôa Vista , Itatiba e Jaboticabal, creadas pelas de 7 de Fevereiro e 21 de
Abril de 1885 , e a de Cajurú , creada pela de 6 de Abril de 1887 , não foram
ainda installadas .

Sendo de urgente necessidade remover os embaraços causados aos magistra


dos por falta da Tabella de que trata o art . 14 do Decreto n . 4824 de 22 de
Novembro de 1871 , que deve regular a competencia dos juizes de Direito da
Provincia para o julgamento das suspeições, recommendei em portaria de 18
de Outubro, á Directoria Geral das Obras Publicas mandasse confeccionar com
a possivel exactidão , em vista dos dados mais modernos existentes naquella Re
partição , um mappa das distancias entre as diversas Comarcas, indicando ao
mesmo tempo a que existir entre os Termos a estas pertencentes.

III

JUIZES DE DIREITO

Por Decreto de 4 de Julho foi removido o Juiz de Direito José Pamplona


de Menezes da Comarca de Parahybuna para a de Mar de Hespanha, em
Minas Geraes .
15

Por Decreto de u do mesmo mez foi nomeado o Bacharel Antonio Augusto


Nogueira da Gama para o logar de Juiz de Direito da comarca de Lençóes .
Tomou posse em 1o de Outubro .

Foi nomeado por Decreto de 9 de Setembro o Bacharel Alcibiades Juvenal


de Mendonça Uchôa para o cargo de Juiz de Direito da Comarca de Casa Branca .
Posse em 14 de Setembro .

Por Decreto de 19 de Setembro foi nomeado o Bacharel Dinamerico Augusto


do Rego Rangel para o logar de Juiz de Direito da Comarca de Mogy -mirim ,
tomando posse a 1 ° de Dezembro .
Foram nomeados por Decreto de 24 de Novembro os Bachareis Leopoldino
Martins Meira de Andrade e Candido Fernandes da Costa Guimarães Junior
para os logares de Juizes de Direito , aquelle da Comarca de Lençóes é este
da de Parahýbuna, e removidos os Juizes de Direito Pedro Cavalcante de Albu
querque Maranhão, Antonio Augusto Nogueira da Gama e Joaquim Antonio do
Amaral Gurgel, o primeiro da Comarca de Nova Friburgo , na Provincia do
Rio de Janeiro, para a do Tieté , o segundo da de Lençóes para a de Faxina,
e o terceiro desta ultima para a de Mogy das Cruzes .

De conformidade com o art . 17 $ 7 ° da Lei de 3 de Dezembro de 1841 e art . II


§ 1o do regulamento n . 120 de 31 de Janeiro de 1842 designei, por Acto de 30
de Novembro, a ordem pela qual os Juizes municipaes deverão substituir os res
pectivos Juizes de Direito durante o anno de 1889 , que é a seguinte :
Comarca do Amparo

Juiz municipal dos termos reunidos do Amparo e Serra - Negra .


2. ° Juiz municipal do termo do Soccorro .

Comarca de Araraquara

1. ° Juiz municipal do termo de Araraquara .


2. ° Juiz municipal do termo de Jaboticabal .

Comarca de Areas

1. ° Juiz municipal do termo de Areas.


2. ° Juiz municipal do termo de S. José do Barreiro .

Comarca de Atibaia

1. ° Juiz municipal dos termos reunidos de Atibaia e Santo Antonio da


Cachoeira.
Comarca de Batatacs

1. ° Juiz municipal do termo de Batataes .


2. ° Juiz municipal do termo de Cajurú

Comarca de Beléne do Descalvado

1. ° Juiz municipal do termo de Pirassununga.


2. ° Juiz municipal do termo do Belém do Descalvado.

Comarca de Botucatu

1. ° Juiz municipal dos termos reunidos de Botucatú e S. Manuel .


2. ° Juiz municipal do termo do Rio Novo.
16

Comarca de Caconde

1. ° Juiz municipal dos termos reunidos de Mococa e Caconde.

Comarca do Espirito Santo

1. ° Juiz municipal dos termos reunidos da Penha do Rio do Peixe e Espi


rito Santo do Pinhal.
Comarca da Faxina

1. ° Juiz municipal do termo da Faxina.


2.0 Juiz municipal do termo de S. Sebastião do Tijuco Preto .
3. ° Juiz municipal do termo de S. João Baptista do Rio Verde.

Comarca da Franca

1. ° Juiz municipal dos termos reunidos da Franca, de Nossa Senhora do


Carmo e de Santa Rita do Paraizo .

Comarca de Guaratinguetá

1. ° Juiz municipal do termo de Guaratinguetá .


2. ° Juiz municipal do termo de Cunha.

Comarca de Iguape

1. ° Juiz municipal do termo de Iguape.


2. ° Juiz municipal do termo de Cananéa .

Comarca de Itapetininga

1. ° Juiz municipal dos termos reunidos de Itapetininga e de Sarapuhy.


Juiz municipal do termo de Paranapanema.

Comarca de Jacareny

1. ° Juiz municipal dos termos reunidos de Jacarehy, Santa Isabel e Santa


Branca.
Comarca do Jahí

1. ° Juiz municipal dos termos reunidos do Jahú e Dous Corregos .

Comarca de Jundiahy

1. ° Juiz municipal do termo de Jundiahy.


2. ° Juiz municipal do termo de Itatiba .

Comarca de Lençócs

1. ° Juiz municipal dos termos reunidos de Lençóes , Santa Cruz do Rio


Pardo e S. José dos Campos Novos de Paranapanema.

Comarca da Limeira

1. ° Juiz municipal do termo da Limeira.


2. ° Juiz municipal do termo do Patrocinio das Araras .
17

Comarca de Mogy -mirim

1. ° Juiz municipal do termo de Mogy -mirim .


2. " Juiz municipal do termo de S. João da Boa Vista .

Comarca de Pindamonhangaba

1. ° Juiz municipal do termo de Pindamonhangaba.


2. ° Juiz municipal do termo de S. Bento de Sapucahy.

Comarca de Quelus

1. ° Juiz municipal do termo de Queluz.


2. ° Juiz municipal do termo de Silveiras.

Comarca de S. Carlos do Pinhal

1. ° Juiz municipal do termo de S. Carlos do Pinhal.


2. ° Juiz municipal do termo de Brotas .

Comarca de S. José dos Campos

1. ° Juiz municipal do termo de S. José dos Campos.


2. ° Juiz municipal do termo de Caçapava e Jambeiro .

Comarca de S. Roque

1. ° Juiz municipal dos termos reunidos de S. Roque e Una .

Comarca de S. Sebastião

1. ° Juiz municipal dos termos reunidos de S. Sebastião e Villa Bella.

Comarca de S. Simão

1. ° Juiz municipal dos termos reunidos do Ribeirão Preto e S. Simão.

Comarca de Sorocaba

1. ° Juiz municipal dos termos reunidos de Sorocaba e Piedade.

Comarca do Tieté

1. ° Juiz municipal do termo do Tieté .


2. ° Juiz municipal do termo de Porto Feliz .

Comarca de Xiririca

1. ° Juiz municipal dos termos reunidos de Xiririca e Apiahy.

Os sobredictos Juizes municipaes, em seus impedimentos ou faltas, serão


substituidos pelos respectivos supplentes, na forma da lei .
Os Juizes de direito das Comarcas de Bananal, Capivary, Casa Branca, Lo
rena , Parahybuna, Piracicaba, Rio Claro, S. Luiz, Tatuhy, Taubaté e Ubatuba
serão substituidos pelos respectivos Juizes municipaes, e em suas faltas ou impe
dimentos pelos respectivos supplentes.
3
- 18

Nos termos reunidos se observará, quanto aos supplentes dos Juizes muni
nicipaes , a ordem em que estão neste Acto collocados.

Posteriormente a este Acto , foi publicado, no Diario Official de 26 de De


zembro , o Decreto n . 10.083 de 24 de Novembro, que declara especiaes as Co
marcas de S. Roque, Atibaia , Jacarehy, Sorocaba , Capivary, Taubaté , Tatuhy,
Rio Claro e Piracicaba.

PROMOTORES PUBLICOS

Por Acto de 27 de Junho exonerei, a pedido, o Bacharel Antonio Crispi


niano Barbosa Freire do cargo de Promotor Publico da Comarca do Jahú, no
meando a 30 , para o substituir, o Bacharel Ernesto Moura, que não chegou a
tomar posse , sendo a 5 de Julho nomeado para a Comarca de Tatuhy, vaga
pela nomeação do Bacharel Firmino Antonio da Silva Whitacker Filho para Juiz
Municipal de Mogy -mirim , tomando posse a 31 de Julho.
Em 26 de Julho concedi a exoneração qne solicitou o Bacharel Francisco
Marcondes de Gouvêa Natividade do cargo de Promotor Publico da Comarca
de Pindamonhangaba, e nomeei para essa vaga o Bacharel Manuel Pereira Gui
marães, que tomou posse a 12 de Agosto.
Foi declarada sem effeito , por Acto de 27 de Julho, a nomeação feita a 5
do mesmo mez, do Bacharel Eugenio Joly para o cargo de Promotor Publico
da comarca do Jahú. Nomeei para essa vaga o Bacharel Constantino Gonçal
ves Fraga, que tomou posse a 7 de Agosto.
Por Acto de 28 de Agosto concedi exoneração ao Bacharel Fabio de Men
donça Uchôa do cargo de Promotor Publico da Comarca da Limeira e removi
para essa vaga o Bacharel Ernesto Moura , que tomou posse a 1.º de Outubro .
Por Acto de 3 de Outubro foi nomeado o Bacharel José Antonio Moreira
Dias Junior para o logar de Promotor Publico da Comarca de Tatuhy, de que
tomou posse a 7 de Outubro.
Em data de 11 de Outubro concedi exoneração aos Bachareis Cincinato
Cesar da Silva Braga e Rodolpho Ferreira dos Santos dos cargos de Promotores
Publicos das Comarcas de S. Carlos do Pinhal e de Parahybuna, e nomeei para essas
vagas os Bachareis Juvenal Alves de Carvalho e Joaquim José Ferreira Damião .
Por Acto de 3 de Novembro concedi exoneração ao Bacharel Theodoro
Reichert Junior do cargo de Promotor Publico da Comarca de Capivary.
Nomeei, por Acto de 10 de Novembro, os Bachareis Joaquim Moreira de
Souza Dias e Arthur Severiano Ferreira Guimarães, para os cargos de Promotores
Publicos, aquelle da Comarca de São Simão e este da de Capivary, tomando
posse o 1.º em 2 de Dezembro e o 2.0 no dia 15 .
Por Acto de 28 de Novembro concedi a exoneração que solicitou o Bacharel
Herculano Manuel Alves do cargo de Promotor Publico da Comarca de Soroca
ba , e nomeei em seu logar o Bacharel Alberto Julio Pinto Pacca.

IV

TERMOS

JUIZES MUNICIPAES

Por Decretos de 27 de Junho foram removidos, a pedido , o Bacharel José


Maria Largacha Junior do logar de Juiz Municipal e de Orphãos do Termo da
19

ha do Rio do Peixe , para o de Juiz Substituto da Comarca de Bragança , e


o Bacharel José Maria Bourroul deste para aquelle cargo , e nomeado o Bacharel
Firmino Antonio da Silva Whitacker Filho para o logar de Juiz Municipal e de
Orphãos do Termo de Mogy-mirim , tomando posse a 21 de Julho.
Por Decreto de 30 de Agosto foi concedida ao Bacharel Brasilio Alves
Corrêa do Amaral a exoneração do logar de Juiz Municipal e de Orphãos do
Termo de Botucatú e nomeado para substituil-o, a 30 do mesmo mez, o Bacharel
Luiz Ayres de Almeida Freitas , que tomou posse a 1.º de Novembro .
Foi nomeado por Decreto de 30 de Agosto o Bacharel Octavio Affonso
de Mello para o Termo de S. Sebastião e Villa Bella. Tomou posse a 13 de
Setembro.

Para o logar de Juiz Substituto da 1.a vara da Comarca da Capital foi nomeado
por Decreto de 25 de Setembro, o Bacharel Manuel Augusto de Alvarenga,
que tomou posse a 8 de Outubro .
Por Decreto de 28 de Setembro foi concedida a exoneração que pedio o
Bacharei José Antonio Moreira Dias Junior do cargo de Juiz Municipal e de
Orphãos do Termo de Itapetininga , sendo removido, a pedido , do Termo do Ca
pão Bonito do Paranapanema para aquelle o Bacharel Simão Eugenio de Oli
veira Lima e nomeado em logar deste o Bacharel José Theotonio Freire .
Em 7 de Outubro falleceu o Juiz Municipal e de Orphãos do Termo de
Atibaia , Bacharel Antonio Barbosa de Azevedo Veiga.
Por Decreto de 20 do mesmo mez foi concedida exoneração ao Bacharel
Arthur da Silva Araujo do cargo de Juiz Municipal e de Orphãos do termo de
S. Roque e Una .

Por Decreto de 27 de Outubro foi removido, a pedido, o Bacharel Luiz


Candido da Rocha , Juiz Municipal e de Orphãos do Termo do Jaboticabal, para
o de S. Roque e Una ; nomeado para aquelle o Bacharel José Aniceto de Paula
Candido ; para o de Porto Feliz o Bacharel Luiz Augusto de Carvalho Mello e
para o de Casa Branca o Bacharel Delfim Carlos Bernardino Silva , que tomou
posse a 22 de Novembro .
Foi reconduzido em 10 de Novembro o Bacharel Antonio Manuel de Freitas
no logar de Juiz Municipal e de Orphãos do Termo do Bananal.

Por Decreto da mesma data foi nomeado o Bacharel Julio Amaro da Rosa
Furtado para o logar de Juiz Municipal e de Orphãos do Termo de Atibaia .
Por Decreto de 1º de Dezembro foi removido, a pedido , o Bacharel Vicente
de Moraes Mello Junior , do termo de Iguape para o de Lorena .

SUPPLENTES DE JUIZES MUNICIPAES

Por Actos de 30 de Junho, foram nomeados os cidadãos João Gonçalves


Barroso para o logar de 3. ° supplente do Juiz Municipal e de Orphãos do Termo
de Santo Antonio da Cachoeira ;

Luiz Pereira de Campos para o de 3.0 supplente do de S. Luiz do Para


hytinga ;

Joaquim Ferreira de Andrade para o de 3.0 supplente do de Sorocaba .


Por Acto de 3 de Julho foi concedida a exoneração ao cidadão Claudio
Luiz da Silva Braga do logar de 2.0 supplente do Termo de S. João do Rio Claro ;
20

Não tendo prestado juramento o cidadão Joaquim José de Sá do cargo


de 1.° supplente do Termo de S. João do Rio Claro , e passando para esse lo
gar o 2.', Arthur Augusto Moreira Guimarães, foram nomeados para os loga
res de 2. ' e 3.0 supplentes o Dr. Antonio Alves de Moura e o cidadão Maria
no Guimarães, por Acto de 4 de Julho.

Não tendo prestado juramento o 3.0 supplente do Termo de S. Manuel,


José de Moura Leite , nem o 1.º supplente do de Jundiahy, Francisco Antonio
de Queirós Telles, foi nomeado para preencher a primeira vaga Trajano Pupo
de Moraes , passando para o lugar do 1. ° supplente de Jundiahy o 2.º Reduci
no Xavier Bueno da Silveira , e nomeei para o logar d'este o cidadão João
Delfino Baptista Martins.

Por Acto de 9 de Julho foram nomeados para os logares de 2.° e 3.0 sup
plente do Juiz Municipal e de Orphãos do Termo do Bananal o Capitão João
Candido de Macedo e o cidadão José Cassiano Rodrigues Leite .
Não tendo prestado juramento de seus cargos os cidadãos Candido José da
Silva ,3. ° supplente do Termo de São João da Boa Vista , Firmino Manuel Ro
drigues, 3.° supplente do de Santa Cruz do Rio Pardo e José de Almeida Lei
te Ribeiro , 3.° supplente do de Piracicaba, foram nomeados : para a primeira
vaga , o Capitão Joaquim José dos Reis , para a segunda, o cidadão Joaquim
Antonio da Silva Guimarães e para a terceira o cidadão Eliziario Ferreira
Penteado .

Por Acto de 21 de Julho foi nomeado 3.º supplente do Juiz Municipal e de


Orphãos do Termo de Santa Rita do Paraiso o cidadão Anselmo Ferreira
Campos.

Por Acto de 3 de Agosto foi concedida a exoneração que pedio o cidadão


José Manuel Leite do cargo de 1. ° supplente do Juiz Municipal e de Orphaos
do Termo de Itatiba e não tendo prestado juramento o cidadão Florencio Cor
rêa Pupo do logar de 2.° supplente, passando por força da lei para 1.° 0 3.0
supplente Eugenio Joly , foi nomeado para 2.° o cidadão Zepherino de Figueiredo
Braga .

Por Actos de 4 de Agosto foi concedida a exoneração ao cidadão Franci


sco Joaquim da Silva Natividade do logar de 2. ° supplente do termo de Pinda
monhangaba, passando por força da lei para o mesmo o 3.º , cidadão Frederico
José Torres ; foram nomeados os cidadaos Lourenço Elias de Godoy Moreira
para o logar de 3.0 supplente do Termo de Itatiba , e Francisco das Chagas
Silva para o logar de 3.0 supplente do de Sarapuhy.
Não tendo prestado juramento o bacharel José Joaquim Duarte Ribas e o Dr.
Vicente Maria de Paula Lacerda , 2. ° e 3 ° supplentes do Juiz Substituto da
Comarca de Campinas, foram nomeados os Bachareis João Gabriel de Moraes
Navarro e Antonio Celestino de Toledo Soares .

Por Acto de 14 de Agosto foi nomeado para o logar de 3.0 supplente do


Termo de Pindamonhangaba o Capitão Bento Monteiro do Amaral Godoy.

Por fallecimento do 1.º supplente do Juiz Municipal e de Orphãos do Ter


mo de Cajurú, José Ramos da Silva , e por não haverem prestado juramento
OS 2. ° e 3.º Francisco da Silva Manso e Manuel Ribeiro da Silva, forem no
meados os cidadãos João Ferraz de Siqueira e Manuel Ignacio Pereira , por
Acto de 18 de Agosto .
-- 21

Na mesma data foi concedida exoneração de 2.0 supplente do Termo de


São José dos Campos a Francisco Ferreira Lourenço, passando para 2.0 o 3.° Jo
sé Monteiro Ferreira, e nomeado para esta vaga o cidadão Cassiano Ricardo .

Por fallecimento do 1. ° supplente de Termo do Bananal, Coronel Pedro Ra .


mos Nogueira, passou por força da lei para esse logar o 2.º dito Capitão João Can
dido de Macedo ; e tendo deixado de prestar juramento o 3.º José Cassiano
Rodrigues Leite , forem nomeados para 2. ° e 3.0 supplentes o Tenente Coronel
Apollinario Pereira Ribeiro e o cidadão Luiz Augusto de Almeida por Acto de
3 de Setembro .
Por Acto de 4 do mesmo mez concedi ao cidadão Manuel Ernesto da

Conceição exoneração de 3. ° supplente do Termo de Botucatú .

Por Acto de 21 do mesmo mez foi concedida ao Capitão Francisco Gomes


de Siqueira Lima exoneração do logar de 3.0 supplente do Termo de Brotas ; e
de 28 , ao cidadão Jeronymo Franco de Godoy, do cargo de 2.0 supplente do Ter
mo de São Carlos do Pinhal, passando por força da lei para esse logar o 3. ° ,
Francisco Teixeira .

Tendo fallecido o 2.0 Supplente do Termo do Ribeirão Preto, Antonio Nu


nes de Carvalho, e não havendo prestado juramento o 3.º João de Freitas Pa
checo, foram nomeados para 2. ° e 3 ° supplentes os cidadãos Vicente Corrêa
de Camargo e Francisco Carlos de Mello.

Por Acto de 3 de Outubro concedi ao cidadão Francisco Teixeira exonera


ção do cargo de 2.9 supplente do Juiz Municipal e de Orphãos do Termo de São
Carlos do Pinhal.

Por Acto de 8 d'aquelle mez concedi ao cidadão Eloy de Almeida Mello


exoneração do cargo de 1. ° supplente do Termo de Sarapuhy, passando para
esse logar , por força da lei , o 2.° supplente José Baptista Ribeiro e para o de
2. ° 0 3.º Francisco das Chagas Silva .

Tendo deixado de prestar juramento os cidadãos Joaquim Vaz de Almeida


e Alfredo de Camargo Penteado , 2. ° e 3.° supplentes do Juiz Municipal e de

Orphãos do Termo do Tieté, foram nomeados os cidadãos Joaquim de Arruda


Campos e Manuel Augusto Alves Lima por Acto de 10 de Outubro.

Por não terem prestado juramento os cidadãos João Novaes Portella , 3.°
supplente do Termo de Porto Feliz , o Tenente Joaquim da Silveira Mello e Au
gusto Marcolino de Arruda, 2.° e 3.0 supplentes do de S. Roque, nomeei para
a primeira vaga o cidadão Adolpho Brand, e para as duas ultimas os cidadãos
Antonio Francisco da Rosa e o Alferes Narciso da Silva Cezar .

Por Acto de 17 de Outubro foi concedida ao cidadão Trajano de Moraes


Pupo exoneração do cargo de 3.0 supplente do Termo de São Manuel do
Paraiso .

Não tendo prestado juramento o Tenente Manuel Alves de Souza Capu


cho do cargo de 2. ° supplente do Termo de Silveiras , passou para esse logar o
3.º João de Alvarenga Freire , e nomeei para esta vaga o Capitão Porfirio Gue
des da Cunha , por Acto de 24 de Outubro.

Por Actos de 31 de Outubro e 3 de Novembro concedi ao cidadão Anto


nio Nogueira dos Santos exoneração do logar de 2.0 supplente do Termo de
Jambeiro; e ao Dr. João Baptista Pereira dos Santos do logar de 2.0 supplente
do Termo de São Manuel.
22

Por Actos de 8 de Novembro foram declaradas sem effeito as nomeações


do cidadão Luiz Augusto de Almeida para o logar de 3.0 supplente do Termo
do Bananal, visto não tel - o aceitado ; do Capitão Porfirio Guedes da Cunha
para o logar de 3.0 supplente do Termo de Silveiras, pelo mesmo motivo .
Por Acto de 13 de Novembro foi concedida ao cidadão José Brasil Pau
lista da Piedade exoneração do cargo de 1.0 supplente do Termo de Campos No
vos do Paranapanema .
Por não terem prestado juramento os cidadãos José Alves do Amaral e Lu
ciano Leite de Campos Pacheco de 1. ° e 2.° supplentes do Termo de Capivary,
passou para o logar de 1 ° 0 3.0 supplente Saul de Moraes Aguiar, e nomeei
para as vagas de 2. ° e 3.0 os cidadãos Pedro Antonio Ribeiro e Jacob Atader ,
por Acto de 23 de Novembro.
Por Acto de 28 do mesmo mez concedi ao Bacharel Romào Teixeira Leo
mil Junior exoneração do cargo de 1. ° supplente do Juiz Municipal e de Orphãos
do Termo do Amparo .

OFFICIOS DE JUSTIÇA

Foram providos por Acto de 3 de Julho :


o Tenente João Baptista da Luz no Officio de Tabellião do publico , judicia
e notas do Termo de Santa Rita do Paraiso ;

de 4 , o cidadão Antonio Luiz de Souza no Officio de Escrivão de Orphãos


e Ausentes do Termo de S. Manuel do Paraiso ;

de 16 , o cidadão Antonio Augusto Lopes de Oliveira Junior nos Officios


de Contador e Partidor do Termo de Batataes ;
de 9 de Agosto, o cidadão Joaquim Abel de Azevedo Brito no Officio
de Partidor do Termo de Piracicaba ; e João Olegario de Almeida no Officio
de Escrivão do Jury e execuções criminaes do Termo de Tatuhy ;
de 28 , o cidadão Joaquim Firmino de Toledo Penteado no Officio de Es
crivão de Orphãos e Ausentes do Termo da Piedade ;

de u de Setembro, o cidadão Joaquim Elias Ribeiro no officio de Contador


da Comarca de Campinas ;
de 17 , o cidadão João Augusto Pereira Leite no Officio de 2.C Partidor
do Termo de S. Luiz do Parahytinga.
de 11 de Outubro , o Tenente Francisco Pereira da Fonseca no Officio
de Partidor do Termo de Taubaté ; e o cidadão Joaquim Manuel de Andrade
no Officio de Escrivão de Orphãos e Ausentes do Termo de Jacarehy ;
de 27 , o cidadão Antonio da Fonseca Ramos no Officio de Partidor do Termo
de Atibaia.
Por não ter o cidadão Pedro Maria de Campos prestado juramento ,
no prazo legal , do Officio de 2.° Partidor do Termo de S. Luiz do Parahytinga,
deixando de tomar posse , declarei, por Acto de 24 de Julho, vago aquelle
Officio, visto ter perdido o direito á alludida nomeação.

Por Acto de 31 de Agosto nomeei o cidadão Antonio Archanjo Dias


Baptista para exercer o Officio de 3. ° Tabellião da Comarca da Capital, du
rante a impossibilidade physica do respectivo serventuario , Coronel Antonio
de Mascarenhas Camello Junior, e por Acto de 20 de Outubro , o cidadão Ma
23

nuel de Almeida Carneiro para servir o Officio de 2. Tabellião da Comarca


de Bragança , durante a impossibilidade do serventuario vitalicio , Francisco de Oli
veira Campos.

Foi permittido , por Acto de 27 de Setembro , aos cidadãos Jeronymo Ma


mede de Abreu Lolot e Joaquim Firmino de Toledo Penteado, ambos Escrivães
de Orphams e Ausentes, este do Termo da Piedade, aquelle do de Sorocaba ,
permutarem os respectivos Officios.
Por Acto de 9 de Outubro foi aceita a desistencia que fez o Capitão José
Caetano de Lima do Officio de Partidor do Termo de Casa Branca .

REGISTRO CIVIL

Foram remettidos a todas as parochias desta Provincia os livros necessarios


ao Registro civil dos nascimentos, casamentos e obitos, que devia ter começo
no dia 1.º do corrente mez em todo o Imperio , de conformidade com as dis
posições do Decreto n . 10.044 de 22 de Setembro do anno passado .
Espero dos funccionarios encarregados deste serviço o mais exacto desem
penho de seus deveres .

ALISTAMENTO MILITAR

De conformidade com 0 Art. 8.º do Regulamento de 27 de Fevereiro


de 1875 , a que se refere o Decreto n . 5581 da mesma data , expedi circulares
aos primeiros Juizes de Paz de todas as Parochias da Provincia , afim de reunir
as Juntas do Alistamento Militar no dia 1.º de Agosto e realisar os respectivos
trabalhos.

Mas , tendo de proceder -se, no dia 10 daquelle mez , á eleição senatorial


em virtude do passamento do Conselheiro João da Silva Carrão, resolvi , em vista
do disposto nos Avisos do Ministerio da Guerra ns . 555 de 21 de Setembro
de 1876 e 87 de 21 de Agosto de 1884 , que a reunião das Juntas se effe
ctuasse no dia 1. ° de Setembro .

Para esse fim foram expedidas as necessarias ordens.


Concluiram os trabalhos do alistamento militar as Parochias do Buquira,
Jacupiranga, Conceição dos Guarulhos , Espirito Santo da Boa Vista , Sorocaba,
Iporanga, S. Sebastião , Santo Antonio da Boa Vista , Silveiras, Carmo da Franca,
Itapetininga, S. José dos Campos, S. José do Parahytinga, Sapé do Jahú, S. Luiz ,
Santa Cruz do Rio Pardo , Tatuhy, Cabreuva, Iguape, Cunha , Natividade , Mogy
mirim , Santa Branca, Santo Antonio do Pinhal, Cutia , Lavrinhas, Porto -Feliz,
Parnahyba, Mogy das Cruzes, Caçapava , Nossa Senhora do O ' , Mococa , Penha
de França , Areas , Jacarehy, Nazareth , S. Vicente, Limeira, Rio - Verde , S. Ber
nardo . Serra Negra , Prainha , Paranapanema, Alambary, Xiririca , Atibaia , Santo
Antonio da Alegria , Tieté , Escada , Indaiatuba, Braz , Campo Largo de Atibaia,
Capivary , Santa Rita do Passa Quatro, Jatahy, Espirito -Santo do Pinhal, Araça
riguama, Pereiras , S. José do Barreiro, Pirassununga, Itapecerica, MBoy, Patro
cinio de Santa Izabel , Queluz, Monte-Mór, Batataes , Ribeirão Preto, Una, Pi
nheiros , Cruzeiro, Brotas , Penha do Rio do Peixe , Itanhaen , Arujá, S. Miguel
Archanjo , Parahybuna, Jambeiro , Ubatuba , Caraguatatuba, Juquery, Mogy-Guassú ,
24

Rio Claro , Sant'Anna dos Olhos d'Agua, S. Carlos do Pinhal, Rio Novo, Faxina ,
Apiahy, Remedios, Santo Antonio da Cachoeira, Santa Barbara, Rio Bonito,
Sapé do Jahú, Caconde, Jaboticabal, Patrocinio do Sapucahy, Guarehy, S. José
do Rio Pardo, Itaquaquecetuba, Espirito -Santo do Rio do Peixe , Espirito Santo
da Fortaleza e Lagoinha.

Designei dia para novamente se reunirem as Juntas das Parochias de S. Simão ,


Casa Branca, Bom -Successo, Bananal, Ribeirão Bonito , S. José do Rio Preto ,
Fartura , Santos, Campos Novos do Paranapanema, Itatiba, Araraquara, Botucatú,
Santo Antonio do Juquiá, Bocaina, Amparo, Villa -Bella da Princeza, Rifaina ,
S. Sebastião do Tijuco -Preto, Franca e Barretos .
Por não ter recebido communicação das Juntas das Parochias do Norte
da Sé , Conceição de Campinas, Senhor Bom Jesus do Pilar , Santa Cruz das Pal
meiras, Lorena, S. Manuel de Botucatú, Apparecida da Agua de Rosa, S. Bento
de Sapucahy, Pindamonhangaba, Itaquery, Jambeiro, Piracicaba, Santa Rita
do Paraiso , Cananéa , Jahú , Dous Corregos , S. João da Boa Vista , Jundiahy,
Guaratinguetá, Campos Novos de Cunha, Lençóes, S. Pedro , Campo-Largo
de Sorocaba, Santa Iphigenia, Santa Cruz de Campinas, Consolação , Santo
Amaro, Santa Izabel, Piedade, Soccorro, Cajurú , Divino Espirito Santo de Ba
tataes , Piedade de Matto -Grosso, Belém do Descalvado, Conceição de Santa Cruz ,
Bragança, Itú , Sarapuhy, S. Roque, Taubaté, Redempção, Patrocinio das Araras,
Santa Barbara do Rio Pardo, Espirito Santo do Turvo, Campos Novos do Turvo,
S. José do Rio Novo , expedi circulares aos primeiros Juizes de Paz , presidentes
das Juntas, recommendando- lhes me informassem com toda a urgencia si as
mesmas se reuniram e concluiram os trabalhos referentes ao anno passado ,
e si os remetteram ás Juntas revisoras, como lhes cumpre, nos termos do ar
tigo 24 do citado Regulamento.
Nos Annexos encontrareis os meus Actos relativos a este assumpto , que tem
sido geralmente descurado, quando é de grande importancia pelo seu alcance futuro .
Cumpre-me, porém , ponderar que, embora deficiente como sóe ser ha muitos
annos entre nós , o serviço do Alistamento Militar na Provincia de S. Paulo
apresenta resultados mais lisongeiros do que costuma apresentar nas demais
Provincias do Imperio .

CAPITANIA DO PORTO DE SANTOS

Está a Escola de Aprendizes Marinheiros sob a direcção do Capitão do Porto ,


Frederico Guilherme de Souza Serrano .

O seu pessoal consta de 59 praças, sendo 4 maiores e 55 menores .

Durante o anno passado foram remettidos para o quartel central na Côrte


36 aprendizes ; e 6 obtiveram baixa .

Rege a aula de ensino primario o professor interino José Pereira Cardoso


Filho .

Reinando na cidade a epidemia da variola, cinco menores foram atacados


do mal, que, no entanto, appareceu com caracter benigno, visto estarem todos
os aprendizes vaccinados ou revaccinados.

Continúam os alumnos a entregar - se aos competentes exercicios e é bas


tante satisfactorio o seu adiantamento .
25

O predio onde funcciona a Escola é particular ; ameaça desmoronar - se em


parte e demanda urgentes reparos .
Sobre este assumpto insistem todos os Capitães do Porto em seus Rela
torios a esta Presidencia .

Tendo chegado a esta cidade, em commissão do Governo Imperial, o Chefe


de Divisão Fortunato Foster Vidal , no intuito de examinar o seu Porto , recom
mendei ao Capitão prestasse áquelle Official todo o auxilio necessario ao bom
desempenho de sua missão .

Autorisei o mesmo Capitão a celebrar contracto com os proponentes acceitos


pelo conselho de compras para o fornecimento de viveres e outros artigos ,
no semestre passado .

Por Decreto n . 9.979 de 12 de Julho de 1888 foi contractada a construcção


das obras de melhoramento do Porto de Santos com José Pinto de Oliveira
& Comp., de conformidade com as Instrucções que baixaram com o Decreto
n. 1746 de 13 de Outubro de 1862 .

O projectado cáes dará maior importancia ainda ao primeiro emporio com


mercial da Provincia .

Ligando o seu nome a um melhoramento reclamado ha tanto tempo, e do


qual depende a prosperidade do Porto de Santos e que redundará em avultado
beneficio para o resto da Provincia , o honrado Paulista , que dirige com patrio
tismo e elevação de vistas a pasta da Agricultura, acaba de prestar serviço
relevantissimo á terra que lhe foi berço e que tanto estremece .

GUARDA NACIONAL

O movimento da Guarda Nacional, durante o anno findo, foi o seguinte :

--- Foi elevada á cathegoria de Batalhão com a designação de 54 a 4.a secção


do Batalhão de infantaria do Commando Superior de Santos. - Decr. n . 9914 de 4
de Abril .

– Foi reintegrado no Commando Superior de Itapetininga o Coronel Joa


quim Leonel Ferreira.-- Decreto de 27 de Janeiro .
--Foi designado o Batalhão de infantaria n. 22 de Guaratinguetá, para a
elle ser aggregado o Tenente -Coronel Commandante do 23.º Batalhão da mes
ma arma do Commando Superior de Lorena, Manuel Domiciano Ferreira da
Encarnação. --Decreto de 22 de Maio .

-Foi designado o Estado Maior do Commando Superior de Mogy -mirim ,


para a elle ser aggregado o Capitão Quartel-Mestre da antiga Guarda Nacional
do municipio de Caldas, na Provincia de Minas Geraes, Antonio Joaquim de
Mascarenhas Pessanha . - Portaria de 30 de Outubro .
– Foi designado o Coronel Pedro Ramos Nogueira, para exercer o logar de
Commandante Superior das Comarcas do Bananal e Arêas. — Portaria de 11 de Julho .
Foram nomeados :
- Tenente -Coronel Commandante do 10.º Batalhão de reserva do Commando
Superior de Bragança e Amparo , Daniel Peluso . - Decreto de 8 de Fevereiro .
- 26

---Tenente - Coronel Commandante do 3.º Batalhão de Infantaria de S. Ro


que , o Major Salvador Rolim de Freitas . - Decreto de 22 de Fevereiro .

- Tenente -Coronel Commandante do 23.º Batalhão de Infantaria de Lorena ,


o Major Joaquim Vieira Teixeira Pinto . — Decr. de 26 de Junho .
-Tenente - Coronel Commandante do 56.º Batalhão de Infantaria de Santos ,
S. Sebastião e Ubatuba, Felix Bento Vianna . - Decreto de 18 de Abril.

-Coronel Commandante Superior de Pindamonhangaba e S. Luiz, o


Tenente -Coronel Manuel Jacintho Domingues de Castro.--Decreto de 11 de
Julho.
Coronel Commandante Superior de Botucatú e Lençóes, o Tenente-Co
ronel Emygdio José da Piedade . - Decreto de 20 de Outubro .
-Coronel Commandante Superior da Faxina, o Capitão Joaquim José de Al
meida . - Decreto de
27 de Outubro .
-Capitão da 3.a Companhia da 11.a secção do Batalhão de Infantaria do
Commando Superior de Araraquara e Jahú, o Alferes Domingos Augusto Cha
ves Ritton.- Acto de 14 de Novembro.
Foram reformados :

-O Tenente -Coronel Commandante do 12.º Batalhão da reserva da Limeira


e Belém do Descalvado, Boaventura de Figueiredo Pereira de Barros . —Decreto
de 1. ° de Dezembro .

-0 Tenente-Coronel Commandante do 24.º Batalhão de Infantaria do Ba


nanal e Areas, Dr. Luciano José de Almeida.- Decreto de 1.º de Dezembro .
-O Coronel Commandante Superior da Guarda Nacional do Bananal e
Areas , Antonio José Nogueira , no mesmo posto.- Decreto de 20 de Junho.
-O Coronel Commandante Superior de Pindamonhangaba e S. Luiz,
Ignacio Marcondes Romeiro , no mesmo posto . - Decreto de 11 de Julho.
-- Tenente -Coronel, Commandante do 24.º Batalhão de Infantaria do Ba
nanal e Aréas, Joaquim Silverio Nogueira Cobra, no posto de Coronel. - Decreto
de u de Junho
- Tenente - Coronel Chefe de Estado Maior do antigo Commando Supe
rior dos municipios de Mogy das Cruzes e annexos, Antonio Mendes da Costa ,
no posto de Coronel, a pedido. - Decreto de 20 de Outubro .

-O Coronel Commandante Superior da Comarca de Lorena, Antonio Moreira


de Castro Lima . - Decreto de 1.º de Dezembro .

No posto de Capitão :

Commando Superior de Batataes e Franca :

Batalhão n . 31

O Tenente da 1.a Companhia, Felisbino Antonio de Lima.


O Tenente da 2.a Companhia, Urias Antonio do Nascimento .
( Tenente da 4.a Companhia, José Silvestre de Souza .
O Tenente da 6.8 Companhia, José de Paula Silveira.
O Tenente-Cirurgião, Francisco Garcia Duarte .
27

Secção do Batalhão da Reserva n . 8

O Tenente da 1.a Companhia, Joaquim Bernardes de Andrade .

Esquadrão de Cavallaria n . 8

O Tenente Joaquim Goulart de Andrade .


Batalhão n . 42

O Tenente José Gomes de Faria Gaia .


No mesmo posto :
Batalhão n. 16 da Reserva

O Capitão Joaquim de Paula Marques.

Esquadrão de Cavallaria n . 8
No posto de Tenente :
O Alferes - Cirurgião- Mór , Antonio Antão Ramos Jordão .

OBRAS MILITARES

Assumiu a direcção das Obras Militares, a 21 de Setembro ultimo, o Co

ronel de Engenheiros Dr. João Luiz de Araujo Oliveira Lobo , por ter sido
dispensado o Major Emygdio Cavalcanti de Mello.

O quartel de linha, nesta Capital , embora haja passado ultimamente por


alguns concertos , é de todo imprestavel: e faço minhas as considerações de meus
honrados antecessores neste particular.

Urge a construcção de um novo predio , digno desta Cidade e Provincia .


As fortalezas da Barra Grande e da Bertioga , em Santos, continúam
a ameaçar ruina . Não dispoem nem de guarnições- nem de armamento.
O deposito da polvora está em boas condições.

COLONIA MILITAR DO ITAPURA

Esta Colonia não presta ao Estado nem á Provincia os serviços que teve
em mira o Governo ao creal - a , por Decreto de 26 de Junho de 1856 .
Os Relatorios annuaes de seus Directores têm apenas attestado o seu
estado pouco florescente e as grandes despezas, sem compensação alguma, que
acarreta para os cofres publicos.
A permanecer o statu quo , é provavel lhe estar reservada a mesma sorte
que coube á Colonia do Avanhandava, hoje votada ao abandono .
Reporto - me ás informações do Exm . Conde do Parnahyba, dirigidas ao Go
verno Imperial, em cumprimento do Aviso n . 117 de 29 de Outubro de 1887
e ao officio n . 33 de 3 de Agosto do mesmo anno .
A Colonia do Itapura, e a do Avanhandava, prestar-se-hiam antes ao esta
belecimento de nucleos para colonos nacionaes, maximè após a crise agricola
causada pela Lei de 13 de Maio .
28

Para cumprimento do Aviso Circular do Ministerio dos Negocios da Guerra


de 30 de Junho do anno passado , recommendei ao respectivo Director provi
denciasse no sentido de serem enviados á Repartição Central Meteorologica, na
Côrte , todos os trabalhos meteorologicos e magneticos, que pudessem ser en
contrados n'aquella Colonia .

INSPECTORIA DE HYGIENE

Tendo a Lei n . 29 de 16 de Março proximo passado autorisado o Governo


a tirar 25 : 000$ooo dos creditos de Inmigração para despendel-os com o tra
balho geral de hygiene e salubridade publicas, foram expedidas instrucções
regulamentares para este serviço , a 20 de Abril , e a 20 de Junho foi appro
vado o regimento interno dos novos estabelecimentos.
No intuito de evitar excessos de despezas, e para que não fosse preju
dicada qualquer das autorisações contidas na lei , a 9 de Outubro mandei abrir
no Thesouro Provincial escripturação especial, organisando a seguinte tabella
taxativa da distribuição da quóta votada :

a) para o hospital de isolamento dos contagiados 6 :000 $ ooo


6 ) para o Instituto vaccinogenico 3 :000 $ ooo
c ) para o laboratorio de analyses chimicas 2 : 000$ooo
d ') para prophylaxia e hygiene da hospedaria de immigrantes. 2 :000 $ ooo
e ) para gratificação do inspector de hygiene e dos outros empre
gados geraes da Repartição (art . 2.° da Lei ) 6:00 Sooo
f) para melhor accommodação da mesma Repartição, pessoal ne
cessario para o aceio , desinfecções, etc. , ( art. 3. ") · 6 :000 $ ooo

25 :000 $ 000

Sob cada uma dessas rubricas, o Thesouro tem escripturado as despezas


que se vão fazendo, mediante portaria especial.
Tendo a lei estabelecido diversas ordens de serviços, procuro attendel -os
com a maxima igualdade, de modo que uns não sejam sacrificados por outros.

E ' minha opinião que o serviço provincial nunca será bem regulado, assim
commettido a empregados geraes .

Oxalá não seja em pura perda esse dinheiro tirado da immigração !


Não é simplesmente distribuindo gratificações a empregados já remunerados
e preparando -lhes um escriptorio de maior custo que o fornecido pelo Estado, que
se hão de melhorar as condições hygienicas desta Capital e da Provincia .
O novo hospital de contagiados ainda não foi instituido, por diversas causas,
e entre estas avulta a insignificancia da quota distribuida. Nem toda a quantia
votada chegaria para manter e sustentar um estabelecimento permanente em
condições regulares .
Sirva de exemplo o lazareto , que custa ao Estado , quando funccionando,
mesmo com poucos doentes, perto de dous contos de réis mensaes.

Sómente com preparos e montagem do predio alugado para repartição e


residencia do Dr. Inspector de Hygiene, e onde é conservada uma vitella, como
29

principio do instituto vaccinogenico, já o mesmo Dr. Inspector apresentou con


tas na importancia de 5 :564 $ 960, além dos gastos mensaes com o pessoal .
Si pretendeis tornar effectiva a Lei n . 29 de 16 de Março de 1888 , consti
tuindo parte do serviço de Immigração, será preciso abrir um credito especial
não pequeno .

( ) Dr. Inspector pede que a Hygiene seja aquinhoada melhor do que qual
quer outra das necessidades publicas da Provincia .

Por Aviso de 7 de Novembro do Ministerio do Imperio , foi nomeado


o Dr. Aristides Franco Meirelles para auxiliar os trabalhos da Inspectoria ,
mediante a gratificação de 100$ooo mensaes.

CREDITOS

Pelo Ministerio do Imperio foram concedidos :


A 16 de Julho, um de 10 : 000$ooo para despezas com variolosos indi
gentes de varios pontos da Provincia.

A 1.º de Agosto , um de 20 :000 $ 000 para igual fim .


A 23 do mesmo mez, um de 3 : 200$ ooo para o pagamento da despeza
de 400 $ 000 mensaes, proveniente do contracto celebrado pela Inspectoria de Hy
giene para a conducção de enfermos ao Lazareto , segundo a determinação
do Conselheiro Rodrigues Alves .
A 20 de Outubro , um de
de 300 $$ ooo
300 ooo para
para o
o tratamento de variolosos
de S. Simão .

A 9 de Novembro, um de 500 $ 000 para o tratamento de variolosos de Itú .

Deixei de autorisar as despezas em S. Simão , porquanto depois de pedido


o credito, não havendo mais reclamações da Camara Municipal, pareceu -me que
se tratava de alguns casos esporadicos, os quaes desappareceram logo , sem en
tretanto ter existido manifestação da epidemia .

AUTORISAÇÕES DE DESPEZAS COM O TRATAMENTO DE VARIOLOSOS


INDIGENTES

Foram concedidas as seguintes :

De 400$ooo á Camara Municipal de Itú , em 20 de Julho .


De 400 $ ooo á Camara Municipal de Piracicaba, sendo a primeira de 200 $ 000
em 20 do mesmo mez e a segunda, tambem de 200$ooo , em 8 de Agosto .
De 200$ooo á Camara Municipal da Franca , em 23 de Julho .
De 200$000 á Camara Municipal de Jundiahy, a 3 de Agosto .
De 400 $ ooo á Camara Municipal de Casa Branca, em 7 de Agosto .
De 200$ooo á Camara Municipal de Villa Bella , em 15 de Setembro .

A 21 de Agosto , ordenei á Thesouraria de Fazenda que adiantadamente


entregasse á Camara Municipal da Franca a quantia de 500 $ ooo, em vista da
urgencia que havia na applicação da quota que foi concedida naquella data .
30

DELEGADOS DE HYGIENE

Foram nomeados :

Para Tatuhy, o Doutor Francisco de Salles Gomes, por Acto de 3 de Setembro .


Para S. Pedro , em Piracicaba , o Doutor Augusto de Castro Madeira, por Acto
de 17 de Setembro .
Para a Villa da Bocaina, o Doutor Antonio Francisco de Siqueira , por Acto
da mesma data .

Para Santos , o Doutor Julio Cesar Alves de Moraes, por Acto da mesma data .
Para Sorocaba, o Doutor Ignacio Pereira da Rocha, por Acto de 29 de Se
tembro .

Para a Franca, o Doutor Antonio Joaquim dos Santos, por Acto da mesma data .
Para Guaratinguetá, o Doutor Julio Constancio Pourchet, por Acto de 1. °
de Outubro .

Para Mogy -mirim , o Doutor Pedro Souto Maior, por Acto de 8 de Outubro .

Para o Ribeirão Preto, o Doutor Domenico de Luca, por Acto de 16


de Novembro .

LAZARETO DE VARIOLOSOS DA CAPITAL

Em 20 de Agosto autorisei o Dr. Chefe de Policia a adquirir varios objectos


reclamados pelo Medico desse estabelecimento .
A 6 de Setembro recommendei ao Dr. Inspector de Hygiene que , na admissão
de pessoas cujo tratamento corresse por conta do Estado, verificasse sempre
a condição de indigencia que allegassem , cumprindo que todas as demais pa
gassem uma diaria que previamente lhes seria arbitrada ou então a quota, que
lhes coubesse, na distribuição da importancia total por todos os doentes que
na mesma epoca se achassem no Hospital , e cujas circumstancias fossem diversas
daquellas que têm direito ao tratamento gratuito .
Havendo falta de credito para o pagamento das despezas, dirigi-me ao Mi
nisterio do Imperio em 19 de Novembro, solicitando - o e enviando a demonstração
que exigi da Thesouraria de Fazenda acerca dos gastos effectuados desde
1. ° de Junho de 1887 , dia em que se abriu o Lazareto , até aquella data, os quaes
attingiram á importancia de 35 : 4728058 .
Por essa demonstração verificava -se que restavam por pagar 10 : 016 $ 538 ,
inclusive 2 : 234$460 , de exercicios findos , calculando -se em 4 : 000 $ ooo o neces
sario para liquidar o exercicio actual.
Insisti no citado officio pela adopção das providencias que urgia empregar,
para melhorar a organisação financeira do serviço, declarando que elle não podia
continuar como se achava, não só em virtude de já existirem graves compro
missos, que iriam avultando cada vez mais, mas tambem á vista das difficul
dades que se faziam sentir, quanto á escolha de pessoal, que quizesse servir,
sem immediata retribuição .

Deste modo , procurei evitar que se tornassem peiores as circumstancias


do Lazareto e tratei de opportunamente prevenir os males que haviam de so
brevir, si não reclamasse as medidas convenientes.
31

NUCLEO DE S. BERNARDO

Tendo ahi apparecido a epidemia da variola, autorisei o Dr. Inspector


de Hygiene a fazer uma despeza nunca excedente a 300 $ ooo mensaes
aluguel de casa , diarias a enfermeiros, alimentação dos doentes e acquisição
de camas e colchões , ficando o medico do nucleo encarregado do tratamento
dos que fossem accommettidos da epidemia , sendo as receitas aviadas pelo res
pectivo pharmaceutico .
Recommendei outrosim que cessassem logo as despezas , quando o mal
já estivesse extincto, o que effectivamente aconteceo pouco tempo depois .

INSPECTORIA DE SAUDE DO PORTO DE SANTOS

Continúa no exercicio do cargo de Inspector o Dr. Silverio Martins Fontes .


Foram estrictamente observadas as ordens do Ministerio do Imperio refe
rentes a procedencias de paizes infeccionados e suspeitos.

Tendo cessado o cholera -morbus no Chile , resolveu o Governo Imperial


conceder livre pratica ás embarcações procedentes daquella Republica .
Igual medida foi tomada em relação aos navios que transportam immigrantes
de Italia .

Desenvolvendo - se, porém , a variola em alguns delles, a instancias do res


pectivo Inspector foram adoptadas providencias no sentido de não ser permit
tido o embarque para esta Capital , de immigrantes que não apresentassem
attestado de vaccinação ou revaccinação .
Foi de subido alcance esta medida, porque impediu o apparecimento de pe
quenas epidemias a bordo dos referidos navios.

Do relatorio do Inspector de Saude, verifica -se que é excellente o estado


sanitario do Porto , e o da Cidade regular.
A variola vae em consideravel declinio, alimentando -se a esperança de se
extinguir completamente no verão .

Para isto muito concorreu a applicação da vaccina em alta escala , quer


pelos clinicos residentes naquella cidade, quer pelo Dr. Henrique de Toledo
Dodsworth que , commissionado pelo Governo Geral , veio introduzir na Provincia
a vaccina animal.

Obtendo o funccionario que dirige essa Repartição um mez de licença , por


Acto de 18 de Agosto , designei, nos termos do artigo 19 do Regulamento
Sanitario, o Dr. Julio Cezar Alves de Moraes para substituil- o em seu impe
dimento .

Os seguintes mappas indicam o movimento de entradas e sahidas das em


barcações até 31 de Outubro proximo findo :
--
32

Mappa dos navios existentes no porto de Santos no dia 1.º de Novembro de 1888

DATA DA ENTRADA Especie da NOMES PROCEDENCIA


NAÇÃO Equipagem
Embarcação
1888 Agosto 2 Brigue Allemã Hero Liverpool 8
Setembro 29 Barca Italiana Raffaelina Bouc 16
Outubro 1 >> Zefiro Torrevieja 13
4 Russa Amelie Cette 12
> 5 Brigue Norueguense Fremad Liverpool 8
Barca Syomo New Castle 13
10 Italiana Padre Ageno Cette 12
>> Norueguense Idem Cardiff 12
11 Jacob Aall Londres 11
12 Brigue > Hera Hamburgo 9
Barca Allemã Hansa New York 12
14 Italiana Tre Sarello & M. Genova 10
>> Norueguense Rebus Cardiff 12
>> 17 >> Emigrant 12
Ruska 13
>> 18 Italiana Erede Bouc 12
>> 24 Austriaca Slavia Marselha 11
>> Franceza Louise Collet 12
25 Norueguense Skudesnas New York 12
>> 30 Gilead Liverpool 11
>> 31 Vapor Allemã Santos Hamburgo 50
» Novembro 1 Barca Norueguense Ida Rosario de Santa Fé 8
Hiate Brazileiro Cacique Tijuca 4
Don Rodolpho Itajahy 4

Mappa do movimento do porto de Santos durante o periodo de 1.º de Janeiro a 31 de Outubro de 1888
ENTRADAS

Navios a Vapor Navios a Vela Total

Longo Curso Cabotagem Longo Curso Cabotagem Longo Curso | Cabotagem


Janeiro ... 30 16 8 8 38 24
Fevereiro . 26 16 13 15 39 31
Março 31 16 14 17 45 33
Abril 29 18 5 13 34 31
Maio 33 12 11 14 44 26
Junho 30 13 11 11 41 24
Julho . 32 16 12 12 44 28
Agosto ... 30 15 13 13 43 28
Setembro 37 13 16 11 53 24
Outubro 39 19 8 58 22
317 149 122 122 439 271

Mappa do movimento do porto de Santos durante o periodo de 1.º de Janeiro a 31 de Outubro de 1888
SAHIDAS

Navios a Vapor Navios a Vela Total

Longo Curso Cabotagem Longo Curso Cabotagem Longo Curso Cabotagem

Janeiro . 25 19 12 19 37 38
Fevereiro 21 18 4 14 25 32
Março . 28 22 10 19 38 41
Abril . 29 17 12 17 41 34
Maio 29 12 10 11 39 23
Junho . 37 12 6 14 43 26
Julho.. 28 15 13 11 41 26
Agosto.. 28 14 8 13 36 27
Setembro . 36 14 10 16 46 30
Outubro . 38 15 6 19 44 34
299 158 91 153 390 311
33

HOSPICIO DE ALIENADOS

O Hospicio de Alienados de S. Paulo , modesto embora em seu genero


e carecedor de augmento e reformas que correspondam ás necessidades sociaes ,
não pode deixar de ser considerado um estabelecimento importante , já em relação
ao progresso da Capital e da Provincia, já aos assignalados serviços que presta
á humanidade.

E ' o que todos reconhecem : os meus antecessores, em seus Relatorios, têm


solicitado e esta Assembléa tem decretado os melhoramentos compativeis com
os recursos da Provincia , procurando erguer o Hospicio á altura de um dos
melhores que existem no Imperio.

Não ha duvidar que este estabelecimento não chegou ainda ao estado


de prosperidade que desejamos. Mas é certo que, desde a sua fundação até
hoje, ha passado por successivas e notaveis transformações e que o serviço
do tratamento dos alienados vai-se aperfeiçoando progressivamente .
O magnifico Hospicio de Pedro II deve ser o modelo para os demais esta
belecimentos identicos no paiz .

Sem querer estabelecer um parallelo impossivel entre ambos esses Hos


picios, devemos reconhecer que relativamente ao da Capital do Imperio, o desta
Provincia não se acha em grande atrazo e apresenta resultados animadores.
E o que demonstra a seguinte
Hospicios

Comparação estatistica do Hospicio de Pedro II e do Hospicio de Alie

Porcentagem
Porcentagem
nados de S. Paulo nos annos de 1883 a 1887
Existiam

Existiam
Sahirain
curados

Sabiram

mortalidade
anno
anterior

Falleceram

das
fim
não
do

Entraram

cu

da
no
do o
ann
Sahiram

SCIO
TOTAL

rados
Annos

1883 Pedro II . 393 119 512 58. 397 512 11,33 % 11,13 %
S. Paulo . . 168 111 279 36 9 55 179 279 12,09 19,71

1884 | Pedro II . 412 89 501 63 42 396 501 12,55 8,38


179 95 274 22 59 183 274
.

S. Paulo . 8,02 21,5

1885 Pedro II . 396 73 469 3+ 40 395 469 7,24 8,52


S. Paulo . 183 119 302 36 54 207 302 11,92 17,88

1886 Pedro II . 373 107 480 34 147 299 480 7,08 30,62
S. Paulo . 207 143 350 37 10 42 261 330 10,57 12 ,

1887 Pedro II . 321 105 426 31 88 307 426 7,27 20,65


S. Paulo . 261 105 366 31 14 70 251 366 8,44 19,15

Confrontando as duas estatisticas , vê - se que, tirante o anno de 1884 ,


o hospicio de S. Paulo teve maior numero de curas ; cumprindo notar-se que
a porcentagem foi tirada somente dos alienados que sahiram curados, despre
zando - se o numero dos não curados , ao passo que a do Hospicio de Pedro II
foi tirada do numero dos que sahiram , sem declaração de curados ou não cu
rados .

A porcentagem da mortalidade, maior nos tres primeiros annos para o Hos


picio de S. Paulo, é menor nos dous ultimos.
5
34

Devo observar que nos ultimos tres annos foi que este estabelecimento
começou a gosar de melhoramentos mais importantes e de mais commodidades,
com o uso de um novo raio do edificio .

Como sabeis, o Asylo de Mendicidade da Côrte recebe grande numero


de alienados, que deixam de ter entrada no Hospicio de Pedro II . Esses alie
nados são por certo os incuraveis e quiçá os enfermos mais immundos, quaes
os idiotas, os imbecís, etc. , que , pelo seu estado valetudinario , augmentam
o numero dos obitos.

Aqui, pelo contrario , o Hospicio recebe os enfermos de toda a sorte de mo


lestias mentaes, pela mór parte incuraveis . Assim , os caducos, os paralyticos,
os idiotas, os epilepticos, os affectados de delirium tremens e delirio alcoolico
em ultimo gráu, emfim todos os alienados que lhe são remettidos do Asylo
de Mendicidade, dos Hospitaes de Misericordia, Penitenciaria, Quarteis e Cadêas
de toda a Provincia .

E ' obvio que, com tal agglomeração de enfermos incuraveis, haverá neces
sariamente grande elevação no obituario .

ESTATISTICA GERAL

Da data da installação do estabelecimento , a 14 de Maio de 1852 , a 31


de Outubro do anno passado, a estatistica geral foi a seguinte :

Entraram para o Hospicio :


Homens 1.318
Mulheres 750

Total 2.068

Sahiram curados :
Homens 437
Mulheres 203 640

Sahiram não curados :


Homens 96
Mulheres 56 152

Falleceram :

Homens 634
Mulheres 379 1.013

Existiam em 31 de Outubro :
Homens 151
Mulheres II2 263

Total 2.068

Examinando esta estatistica , o movimento que apresenta pode parecer des


animador e inteiramente desfavoravel ao estabelecimento.

O numero dos que sahiram , em relação ao dos alienados que entraram ,


se nos afigura tão diminuto, e o numero dos que falleceram tão avultado, que
35

leva o observador á convicção de que o estabelecimento não attinge os fins


a que se destina .

Não me satisfazendo este resultado, apezar de considerar as más condições


em que o Hospicio foi creado , as quaes perduraram por muitos annos , e por
igual natureza do mal, que torna o enfermo, pelos seus desvarios , refractario
ás leis da propria conservação, entregando - se , inconscientemente, a todos os
excessos , vicios e falta completa de hygiene , procurei conhecer os resultados
que se obtinham num estabelecimento de primeira ordem , para poder bem
avaliar os que se conseguiam em um estabelecimento menos aperfeiçoado, e dis
pondo de poucos recursos .
Por isso , organisei a estatistica de um periodo de annos do Hospicio
de Pedro II para confrontar com o desta Provincia , desde a sua fundação :
e cheguei a conhecer que , no periodo decorrido de 1861 a 1887 , 25 annos
sómente , por faltarem os annos de 1875 e 1878 , cuja estatistica não se encontra
nos Relatorios do Ministerio do Imperio, o movimento daquelle Hospicio apre

em
Porcentagem

fallecimentos
senta os algarismos constantes do seguinte quadro comparativo :

Porcentag
Existiam
Falleceram

dos
das
sahidas
fim
no
Entraram

anno
Sahiram

TOTAL
Hospicios do

Pedro II ( 25 annos) 3 602 1.629 1.666 307 3.602 45,22 % 46,25 %


S. Paulo (37 annos ) 2.068 792 1.013 263 2.068 38,3 % 48,98 %

A’ vista da porcentagem que resalta das sahidas e dos fallecimentos dos


dous estabelecimentos, e tendo -se em consideração as observações anteriores,
relativamente á disparidade de recursos entre o importante Hospicio de Pedro II
e o modesto Hospicio de S. Paulo , parece - me que fica desvanecida a má im
pressão occasionada pela nossa estatistica geral.

MOVIMENTO DO ANNO

Desde o primeiro de Novembro de 1887 até 31 de Outubro do anno pas


sado , o movimento do Hospicio foi o seguinte :

Existiam em 1.º de Novembro de 1887 :


Homens 147
Mulheres 104 251

Entraram durante o anno :


Homens 74
Mulheres 50 I 24

Total 375

NACIONALIDADES
Nacionaes :
Homens 167
Mulheres 132 299
36

Estrangeiros :
Homens 54
Mulheres 22 76

Total . 375

Côres :
Brancos 279
Pardos 10
Pretos 56

Total . 375

Procedencias :
Alto da Serra I
Amparo 3
Araraquara 2
Araras I
Areas . I
Bananal 2
Batataes I
Belém do Descalvado 2
Bocaina I
Bragança 4
Brotas I
Cabreuva . 3
Caçapava I
Cajurú I
Campo Largo de Atibaia I

Campinas 21
Cananéa 1

Capital 157
Casa Branca 7
Conceição dos Guarulhos I
Cotia 2
Cruzeiro I
Cunha I
Espirito -Santo da Boa Vista I
Espirito Santo do Pinhal I
IO
Guaratinguetá
Iguape 2
I
Ipanema
Itapecerica 3
Itapetininga I
Itatiba 5
Itú IO
Jacarehy 3
Jahú I

Jundiahy 3
Juquery . I
Lençóes I
37
!
Limeira . 5
Lorena 3
Mogy das Cruzes 5
Mogy -mirim 8
Monte -mor I
Nossa Senhora do O ' I
Parahybuna I
Parnahyba 2
Penha de França I
Pereiras I
Piedade I
Pindamonhangaba 4
Piracicaba 9
Pirassununga . I
Porto Feliz 3
Ribeirão Preto
Rio Bonito I
Rio Claro 6
Salto Grande de Paranapanema I
Santa Izabel . I
Santo Amaro 7
Santo Antonio da Cachoeira 2
Santos 14
S. Bernardo 2
S. Carlos do Pinhal 3
S. João da Boa Vista 2
S. José do Barreiro . I
S. José dos Campos 2
S. Luiz 2
S. Manuel I
S. Roque . 2
S. Vicente I
Sapé de Silveiras I
Sarapuhy . I
Serra Negra 2
Silveiras 2
Sorocaba . 3
Taubaté 6
Tieté 2
Upa 4

Total . 375

Comparando -se o movimento do corrente anno com o do anno proximo


passado , encontram -se as seguintes clifferenças, lisongeiras para o estabelecimento :
Foram tratados :

Em 1887 366
Em 1888 . 375

Para mais 9
38
1
Sahiram curados :

Em 1887 31
Em 1888 42
Para mais II

Falleceram :

Em 1887 70
Em 1888 . 58

Para menos I2

As molestias que occasionaram a mortalidade foram assim diagnosticadas :

Abcesso pulmonar 1
Adynamia I
Anemia I
Broncho -pneumonia I
Collapso cerebral I
Congestão cerebral 3
Delirio agudo I
Diarrhea
4
Diarrhéa - chronica . I
Embolia cerebral 6
Encephalite-chronica 3
Encephalite I
Enterite - chronica I
Epilepsia e gangrena . I
Escorbuto . I
Gangrena 2
Hemorrhagia cerebral . 5
Hepatite -chronica I

Lesão organica do coração 6


Lues cerebralis I
Mal de Bright I
Marasmo 8
Marasmo-senil I
Meningo encephalite . I
Nephrite parenchymatose I
Paralysia geral dos alienados I
Pneumonia cazeosa I
Tuberculos pulmonares 2

Total 58

O serviço medico está a cargo dos Drs . Ignacio Xavier Paes de Campos
Mesquita e Nicolau Barbosa da Gama Cerqueira, nomeado medico adjunto , em
substituição do Dr. Luiz Lopes Baptista dos Anjos , removido, a seu pedido ,
para o lugar de medico da Penitenciaria.

Procedem á revaccinação dos alienados existentes e á vaccinação dos nova


mente recolhidos.
39

Em data de 9 de Novembro começou a vigorar no estabelecimento o For


mulario Medico organisado para o serviço das Enfermarias a cargo da Provincia,
mandado executar por portaria de 31 de Outubro .
No decurso do anno foram tratados 38 pensionistas , produzindo a diaria
uma receita de 7 :756 $ noo, que foi recolhida ao Thesouro Provincial .

Sendo insufficientes para o serviço os 27 empregados de que dispunha o Hos


picio , e attendendo ás reclamações do Director, autorisei-o, por portaria de 3 de Ou
tubro , a contractar mais 13 empregados, correndo a competente despeza pela
quota de 48 : 700 $ ooo , consignada na verba do S 8.º do orçamento vigente
e pelo credito supplementar do art . 14 da Lei n . 55 de 22 de Março ultimo,
quando aquella verba estiver esgotada .
A despeza ordinaria do custeio no ultimo exercicio foi de 57 : 184$ 887 .
No exercicio anterior fora de 56 : 289$ 388 .

O augmento da despeza annual será inevitavel, visto elevar-se constan


temente o numero de alienados recolhidos ao estabelecimento .

Acha -se quasi concluido o novo raio destinado aos homens ; e em seguida
haverá mister tratar -se de outras obras indispensaveis, que o Administrador
aponta em seu bem deduzido Relatorio : construcção de novas paredes, retoques
na fachada do edificio, construcção de nova cosinha, de uma casa especial para
banhos e serviço hydrotherapico , além de feichos , ajardinamento , aterros , etc.
Si esta Assembléa, conscia da necessidade de possuirmos um Hospicio
de primeira ordem , votar por mais dous exercicios a verba annual de 50 :000 $ ooo,
poderão ser realisadas as obras complementares do edificio e ficará a Provincia
dotada com um estabelecimento digno do seu adiantamento.
O Administrador reitera o pedido da creação do lugar de Capellão do Hos
picio . Presta os serviços do Culto Divino o Revdm . Conego Chantre Francisco
Jacintho Pereira Jorge.

A escripturação e a contabilidade estão a cargo do escrivão João José


Vieira Guimarães Junior, cumpridor de seus deveres .
E ' digno de todo o elogio o Director Frederico Antonio de Alvarenga, que
administra este importante estabelecimento com idoneidade reconhecida, solicitude
e zelo inexcediveis.

PENITENCIARIA

Está este importante estabelecimento sob a intelligente direcção do Ba


charel Aquilino Leite do Amaral Coutinho, cujo Relatorio consigna dados inte
ressantes e aventa medidas de utilidade.
Para elle chamo a vossa attenção .

Foi o seguinte o movimento da Penitenciaria desde 1.º de Janeiro até 31


de Outubro de 1888 :
MAPPA
Penitenciaria
Movimento
Outubro
Janeiro
desde
1888
até
da
de
31
1.º
Sahira
porm Fallecimentos

EXISTEM
CLASSIFICACÃO
Homens 157 22 179 7 1 1 9 1 1 2 4 1 1 2 1 1 1 1 16 154
Mulheres. 18 3 21 1 1 2 2 17
Totaes
.. 175 25 200 8 1 1 1 11 1 1 2 6 1 1 2 1 1 1 1 18 171
41

POLICIA

Tendo deixado o cargo de Chefe de Policia o Juiz de Direito José Joaquim


Cardoso de Mello Junior , que o exerceu , desde 19 de Abril do anno passado ,
com solicitude , intelligencia e dedicação , assumiu a Chefia o Desembargador Er
nesto Julio Bandeira de Mello , nomeado a 3 de Dezembro, no qual , acredito,
encontrará tambem a Administração um poderoso auxiliar , em vista de seus
honrosos precedentes de magistrado .

Por Acto de 7 de Julho foi creado um districto de Subdelegado na Freguezia


do Salto de Itú , e por outro de 2 de Agosto , um districto de Subdelegado
na Freguezia de Sant'Anna da Vargem Grande, Termo de S. João da Boa Vista .

CORPO POLICIAL PERMANENTE

Em virtude da Lei Provincial n. 27 , de 10 de Março do anno passado ,


a força policial para o exercicio de 1888–1889 compõe - se de 30 officiaes
e 1750 praças, distribuidas pelos seguintes Corpos :
1. ' Corpo Policial Permanente ;
2.º Companhia de Urbanos da Capital ;
3 ° Secção de Bombeiros da Capital.
O effectivo do Corpo Policial Permanente é de 1.500 praças , inclusive offi
ciaes e estados maior e menor.

Pela lei anterior de força era de 22 officiaes e 508 praças .

Até 15 de Novembro ultimo faltavam para o estado completo do Corpo


197 praças .
E ' o seguinte .o pessoal :

Estado Maior

Coronel Commandante, Francisco de Castro Canto e Mello .


Major-Fiscal, Guilherme José do Nascimento .
Capitão Cirurgião , Dr. João Ribeiro de Almeida Netto .
Tenente -Ajudante, Benedicto de Carvalho.
Quartel - Mestre , Joaquim Antonio de Jesus.
Secretario , Antonio de Oliveira Penna.

1 " COMPANHIA

Capitão- Commandante, Francisco de Assis Mendonça .


Tenente , Claudio Honorio dos Santos .
Alferes, Lourenço Justo de Miranda .

2.8 COMPANHIA

Capitão - Commandante , Manuel José Branco .


Tenente , João Pereira da Silva Braga .
Alferes, Hypolito da Graça Martins.
42

3.8 COMPANHIA

Capitão - Commandante, Antonio Canuto de Oliveira .


Tenente, Sebastião Pereira da Silva .
Alferes, Joaquim Pinheiro de Araujo Cavalcante .

4.8 COMPANHIA

Capitão -Commandante, Pedro José do Espirito Santo .


Tenente , Francisco Antonio Nogueira de Bauman.
Alferes, Benedicto Mathias Rodrigues de Oliveira .

5.a COMPANHIA

Capitão - Commandante, Theophilo de Assis Lorena .


Tenente , Rodolpho Gregorio de Azambuja .
Alferes, Alexandre Luiz de Mello .

6.8 COMPANHIA

Capitão - Commandante, Jorge Caetano de Souza Cousseiro .


Tenente, Ayres de Campos Castro .
Alferes, Vicente Lucidóro de Oliveira .

7.4 COMPANHIA

Capitão -Commandante, Enéas de Souza Porto .


Tenente, Marcos de Oliveira Alcantara .
Alferes, Francisco de Assis Calheiros .
As praças de pret estão distribuidas do modo seguinte :

Estado Menor

Sargento Ajudante . I
Quartel-Mestre I
Mestre de Musica I
Corneta -Mór I
Musicos 24

Cada Companhia é composta de :


1. ° Sargento I
2 . OS 2
Forriel I
Cabos 6
Cornetas 2
Soldados (na 1.4 Companhia ) 197
> 194
( nas outras seis) .

( ) Capitão da 3.a Companhia, Ricardo de Moura Telles , foi reformado a seu


pedido, por despacho de 21 de Junho , com o soldo proporcional , e excluido do
Corpo em 1.9 de Julho.
Por Acto de 21 de Agosto foi transferido o Tenente Benedicto de Carvalho
do cargo de Ajudante do Corpo para o de Tenente da 2. Companhia, e deste
para aquelle lugar o Tenente João Teixeira da Silva Braga .
43

Por Acto de 28 de Agosto nomeei o Dr. Chefe de Policia , o Coronel-Comman


dante do Corpo e o Major Manuel da Silva Rosa Junior para , em commissão , verifi
carem e informarem qual o armamento mais conveniente para substituir o actual do
serviço da policia , conforme a autorisação constante do art . 6. ° da Lei de Força .
A Commissão desempenhou -se dessa tarefa : o parecer que emittiu concluiu
por preferir para o armamento do Corpo Policial nos destacamentos do interior
os mosquetões á Minié , por serem de mais facil e commodo manejo , achando
improprias para esse serviço, desde logo , as espingardas á Comblain , que são
mais pesadas e de trabalho mais complicado.
Em 4 de Agosto officiei ao Ministerio da Guerra , solicitando a remessa
de 400 mosquetões á Minié, com todos os seus pertences , para supprir a ne
cessidade immediata que se faz sentir de novo armamento .
A escripturação do Corpo tem sido feita regularniente e acha- se em dia,
tirante o livro - mestre , cujo atrazo data de época anterior.
Havendo sido tal escripturação confiada a pessoal habilitado , as lacunas
deverão desapparecer no curto espaço de um a dous mezes .
A disciplina e a moralidade têm sido mantidas efficazmente . O numero
dos delinquentes é relativamente mui diminuto , attento o grande augmento que
teve o Corpo .

A enfermaria está a cargo do Capitão -Cirurgião Dr. João Ribeiro de Al


meida Netto . Não deixa de ser satisfactorio o estado sanitario , apezar de estarem
as praças mal aquartelladas no pavimento terreo do velho Convento do Carmo ,
cujos compartimentos não dispoem dos requisitos hygienicos indispensaveis
a edificio destinado a avultada agglomeração de gente .

Attendendo ás más condições do actual quartel, autorisei, por Portaria


de 6 de Agosto , o aluguel, até a quantia de 120$000 mensaes, do pavimento
superior do sobrado que fica fronteiro ao mesmo quartel, na ladeira do Carmo ,
para nelle funccionarem a Secretaria , casa de ordens e ensaios da banda de musica.

O art . 30 da Lei do Orçamento vigente autorisa o Governo a remover


o Corpo Policial de Permanentes para outro edificio em que fique melhor accom
modado , fazendo a necessaria operação de credito para esta despeza . A mesma
Lei consignou para este fim ( tabella B $ 4.9) a verba de 50 :000 $ ooo.
Reconhecendo a necessidade inadiavel de dar cumprimento ao preceito

legislativo , e tendo verificado ser impossivel encontrar uma casa para onde pu
desse remover e melhor accommodar o Corpo Policial Permanente, emprehendi
a construcção de um edificio proprio para tal mistér, com as precisas condições
de bom aquartellamento e salubridade.

Encarregada a Directoria Geral de Obras Publicas de levantar as plantas


e fazer o orçamento , depois de escolhido o local , —o terreno pertencente á Pro
vincia , no Campo da Luz , fronteiro á Penitenciaria, -foi este serviço especial
mente confiado ao habil architecto , Francisco de Paula Ramos de Azevedo ,
cujo trabalho foi por mim approvado .
O edificio já está em via de construcção .
Está orçado em 360 : 000$000 .
Como , porém , é sufficiente, por enquanto ao menos , a construcção apenas
das faces lateraes que fazem frente para as ruas do Commercio da Luz e Dr. João
Theodoro , basta que me autoriseis a despender a quantia de 160 :000 $ ooo .
- 44

Desta quantia podeis deduzir o credito especial de 50 :000 $ 000, consignado


na tabella B $ 4. ° do Orçamento vigente , referente ao art . 30 da mesma Lei ,
e que serviu para o inicio das obras.

Rege o Corpo o Regulamento de 7 de Novembro de 1887 , um dos ultimos


Actos da fecunde administração do meu illustre antecessor , Conde do Parnahyba.
O novo Regulamento melhorou sensivelmente o serviço na parte economica
e na parte penal .
Havendo sido extincta a Policia Local, o Corpo de Permanentes tem substi
tuido quasi em sua totalidade os destacamentos da mesma. A esta substituição
deu -se principio a 1.º de Julho , data em que começou a vigorar a Lei de Força
Publica , que decretou aquella extincção em seu art . 5.9, com grande vantagem
para o policiamento das localidades do interior.

COMPANHIA DE URBANOS

A Lei de Força Publica fixou o effectivo da Companhia de Urbanos da Capital


em 230 guardas, 5 segundos sargentos, 5 primeiros sargentos, i alferes e i com
mandante .

SECÇÃO DE BOMBEIROS

A Secção de Bombeiros, que continúa a prestar bons serviços na extincção


dos incendios, compõe- se de um tenente -commandante , um primeiro sargento ,
um segundo sargento e trinta praças .
Em 28 de Novembro autorisei a acquisição de mais uma bomba a vapor
para o serviço desta Secção , não excedendo a importancia de 8 : 000 $ ooo , e cor
rendo a respectiva despeza pelas sobras que se hão de dar no total da verba
do $ 5.º do Orçamento vigente.

SEGURANÇA E TRANQUILLIDADE PUBLICA

Pelo Relatorio da Policia tereis conhecimento do que tem occorrido de mais


importante quanto á segurança individual e de propriedade , ordem e tranquil
lidade publicas .
Deixarei , por isso , de ser minucioso.

E' conhecida a indole pacifica de nossos comprovincianos.

Mais preoccupados do progresso industrial , e do bem -estar alcançado pelo


esforço proprio, do que influidos pelas ambições politicas de predominio , as luctas
da vida circumscrevem -se ás aspirações legitimas de um trabalho pacifico e
assiduo para o qual a Provincia concede a todos desembaraçadas veredas .
Os nossos pleitos eleitoraes offerecem , em regra , um espectaculo que nos é
muito honroso . " Os cidadãos nelles tomam parte , representando crenças e até
grupos diversos , como adversarios em idéas e não como inimigos pessoaes .
E ' felizmente isto o que observam os immigrantes estrangeiros que affluem
diariamente ás nossas plagas , sendo que esse facto incontestavelmente concorre
para o bem - estar que encontram , não tendo elles sinão que seguir os nossos ex
emplos , para não ser perturbada a harmonia geral .
45

Os attentados isolados contra a vida , os furtos e mesmo os roubos nas


grandes cidades , e outros delictos , são inherentes a todos os povos , embora
os mais civilisados .

Si , ultimamante , alguns disturbios se deram , com maior ou menor somma


de consequencias desagradaveis, deve - se attribuir antes á indole turbulenta de pe
queno numero, que explora as paixões humanas, por vaidoso despeito ou por
maldade , do que por plano preconcebido de pessoas gradas de qualquer dos
partidos politicos, que ambicionam chegar a seus fins pelos caminhos rectos
do Justo e do Honesto .

O CRIME DO BANANAL

No dia 19 de Julho o Coronel Pedro Ramos Nogueira e o Engenheiro José


Caetano Horta Barbosa seguiam em troly da estação do Rialto , pelo leito
da estrada de ferro Bananalense , quando , no lugar onde se levantam a casa
e a cerca da fazenda do Commendador Antonio José Nogueira foram desfe

chados tiros que prostraram mortos os dous inditosos viajantes. Os pagens


que os acompanhavam fugiram aterrados , deixando os cadaveres na estrada.

Logo que tive noticia deste attentado , por diversos telegrammas ,-expedi
ao Dr. Chefe de Policia a seguinte ordem :

Gabinete da Presidencia , 12 de Julho de 1888.- Acaba de chegar ao meu conhecimento , por telegramma,
terem sido hoje assassinados, na cidade do Bananal , o Coronel Pedro Ramos Nogueira , Commandante Superior
da Guarda Nac al, e o Engenheiro Dr. Horta Barbosa.
E como esta noticia , embora despida ainda de pormenores, é da maior gravidade, pela posição social
daquelles cidadãos, torna -se necessaria a presença de V. S. no logar do delicto , onde o facto já conhecido
e outros que ainda se possam ter dado, requerem uma investigação escrupulosi, activa , imparcial e intelligente,
na qual as autoridades da Comarca poderão , porventura , se sentir embaraçadas, pelo que determino a V. S. que ,
sem perda de tempo, siga amanhan, pelo trem expresso da estrada do Norte, para a Comarca do Bananal, para
o fim de , nos termos do art . 60 do Regulamento n . 120 de 31 de Janeiro de 1842 e art . 9 $ Unico da Lei
n . 2033 de 20 de Setembro de 1871 , tomar conhecimento do que ali houver occorrido , processando e pronunciando
o delinquente ou delinquentes, com os recursos legaes, dando -me de tudo conhecimento em minucioso relatorio.
Faço constar este acto ás autoridades judiciarias da Comarca, para que o auxiliem , e expeço ordem ao Com
mandante do Corpo de policia para que ponha á disposição de V. S. um Official de sua confiança e as praças
que julgar conveniente que o acompanhem .
No Bananal já encontrará V. S. força que segue hoje da Capital do Imperio.
Confio ás conhecidas aptidões de V. S. e do seu zelo pelo serviço publico o bom exito desta diligencia.
Deus Guarde a V. S.
Snr . Dr. Chefe de Policia .
Pedro Vicente de Azevedo.

Este digno magistrado , desempenhando -se honrosamente desta incumbencia ,


deu- me conta da mesma no Relatorio circumstanciado, que em seguida transcrevo :

Secretaria da Policia da Provincia de S. Paulo , em 8 de Agosto de 1888. --Illm . e Exm . Snr. — De volta
de minha diligencia ao Termo do Bananal, para onde segui, obedecendo á determinação de V. Exc. , constante
da Portaria de 19 de Julho findo, afim de tomar conhecimento dos gravissimos crimes ali perpetrados nesse mesmo
dia , conforme noticiavam differentes despachos telegraphicos recebidos nesta Capital , cumpro o dever de apresentar
a V. Exc minucioso relatorio de tudo quanto occorreu na mesma diligencia, satisfazendo, por tal forma, o que
dignou -se V. Exc , ordenar-me na ultima parte da supra- citada Portaria .
Eram desacompanhadas de pormenores as primeiras noticias recebidas por V. Exc. sobre os acontecimentos
do Bananal . Haviam sido assassinados o Coronel Pedro Ramos Nogueira e o Dr. José Caetano Horta Barbosa ,
diziam os telegrammas ; os animos estavam exaltados, e a população alarmada clamava por vingança ; havia certo
receio de represalias contra os implicados nos crimes , quem quer que elles fossem ; pareciam imminentes conflictos ,
e corria grave risco de perturbação a ordem publica. Não se dizia então ainda como e por quem haviam sido
commettidos os dois assassinatos .
A posição social dos assassinados, entretanto , a indignação despertada pelo facto, o perigo de excessos,
consequencia da mesma indignação , para reprimir os quaes ver -se -hiam porventura embaraçadas as autoridades
46

locaes, eram outras tantas razões para que se reputasse indispensavel , no theatro dos acontecimentos, a presença
do Chefe de policia, investido da excepcioual faculdade de processar e pronunciar, nos termos do Art . 60 do Reg.
n . 120 de 31 de Janeiro de 1842 ; e V. Exc . assim o entendeu, determinando-me que seguisse para o Bananal,
no primeiro trem , fazendo -me acompanhar da força necessaria para auxiliar-me no desempenho da importantissima
incumbencia que me era dada.
Mais tarde , telegramma de S. Exc. o Snr. Conselheiro Ministro da Justiça esclarecia - que os assassinatos
se haviam realisado na fazenda da Gloria , pertencente ao Commendador Antonio José Nogueira, vulgo Nogueirinha,
e que a este se imputava a autoria do duplo crime. E , pois , além da posição das victimas, uma dellas membro
de familia importante e numerosissima do Bananal, a posição do indigitado criminoso , fazendeiro, chefe de uma
das parcialidades politicas na localidade, Official da Ordem da Rosa e até poucos dias Commandante Superior
da Guarda Nacional , concorria para justificar o emprego de medida extraordinaria de que já nessa occasião havia
V. Exc . lançado mão .
Acompanhado do Official Joaquim Floriano Barbosa de Toledo, designado d'entre os empregados da minha
Secretaria para funccionar como Escrivão na diligencia, e do Tenente do Corpo Policial Rodolpho Gregorio
de Azambuja, segui no dia 20 , pelo expresso da Côrte , chegando ás 3 horas da tarde á estação da Saudade,
da Estrada de Ferro D. Pedro II, ponto de entroncamento do Kamal Ferreo Bananalense .
Na Saudade , aguardavam a minha chegada os Snrs. Drs. Salvador A. Muniz Barretto de Aragão, Chefe
de Policia da Provincia do Rio de Janeiro , e Sancho Bittencourt Berenguer Cezar, Juiz Municipal de Barra Mansa ,
com os quaes longamente conferenciei acerca das lamentaveis occurrencias havidas na vespera , no vizinho Termo
do Bananal.
Entrei então no conhecimento do seguinte :
Fôra já iniciado o inquerito policial , e o Juiz Municipal do Termo, mediante requisição do Subdelegado
e á vista do depoimento de duas testemunhas, nos termos dos Arts . 13 S 2.º da Lei n . 2.033 de 20 de Setembro
de 1871 , e 29 do Regulamento n . 4.824 de 22 de Novembro do mesmo anno , tinha decretado a prisão preventiva
do Commendador Antonio José Nogueira.
Effectuada a captura , o Juiz Municipal do Bananal requisitára do seu collega de Barra Mansa a conservação
do Commendador na Cadêa desta ultima Cidade, emquanto o exigissem a ordem publici e a propria segurança
do indigitado criminoso . Tal era no dia anterior a exaltação dos animos entre os populares e entre os traba
lhadores da estrada de ferro , em numero superior a trezentos, ávidos todos de vingar as victimas do gravissimo
attentado, que receara-se, no trajecto da fazenda da Gloria para a Cidade , fosse morto o preso pela grande massa
de povo que acudira ao local do acontecimento , e no meio do qual se murmurava já que era indispensavel fazer
justiça incontinenti e pelas proprias mãos.
Fiz regressar, á vista disso , uma pequena escolta que , sob as ordens do Capitão Enéas Porto , viera do Ba
nanal encarregada de conduzir o preso ; reservando -me para a respeito deliberar como melhor conviesse, depois
de por mim mesmo haver podido ajuizar do estado dos espiritos, e , em todo o caso , usando das cautelas que
a extraordinaria importancia do caso estava a exigir .
Do que resolvi dei parte por telegramma, immediatamente, a V. Exc.
No Bananal, onde só pude chegar ás i horas da noite, notei a profunda consternação produzida pelas
occurrencias do dia antecedente, e tive occasião do capacitar-me de quão prudente fôra o alvitre de afastar dali
naquelles primeiros momentos, o homem geralmente indigitado como um dos autores do duplo assassinato ,
Por immenso que fosse o esforço despendido pelas autoridades (e ellas se mostravam dispostas a cumprir o seu
dever) , tivera sido certamente debalde, e estaria consummado mais um acto de selvageria , denunciador do atrazo
dos nossos costumes e de uma injustificavel falta de confiança na Lei e nos encarregados de executal-a.
Em honra da adiantada e ordeira população daquella cidade, entretanto , devo dizel-o a V. Exc . , após a minha
chegada, só ouvi palavras de moderação, ainda mesmo daquelles cujo exaltamento seria desculpavel, pelos. laços
de sangue que os uniam a uma das victimas do audacioso attentado . A cidade, comquanto preoccupadissima
com o facto, estava calma e pacifica, e assim até hoje tem permanecido.
No inquerito iniciado na Subdelegacia e continuado pelo Delegado de Policia, haviam já deposto 13 teste
munhas ,
Avocando o conhecimento do processo, sustentei o acto do Juiz Municipal do Termo, decretando a prisão
preventiva do Commendador Nogueira , e, por minha vez, decretei , em face da prova colhida, a de Antonio No
gueira de Macedo , tambem conhecido por « Antonio Venancio », genro e sobrinho do referido Commendador ,
Depois de haver-me entendido com as autoridades locaes, seguro de que nada se tentaria dahi por diante
contra o preso , requisitei na manhan de 21 , do Juiz. Municipal de Barra Mansa , a remessa do mesmo, para assistir
ás diligencias do inquerito, que iam proseguir.
No mesmo dia , ás 3 horas da tarde , o Commendador Nogueira sahiu de Barra Mansa , vindo até o Rialto
em trem especial, acompanhado por uma força de vinte praças , com dous officiaes do Corpo Policial da Provincia
do Rio de Janeiro. Desse ponto até o Bananal a escolta foi reforçada com vinte e seis praças do 1.º Batalhão
de Infantaria, sob o commando do Tenente Paulo José Pfaltzgraff, sendo tomadas todas as precauções afim de evitar
qualquer aggressão em caminho ao conduzido . A's 3 / horas da manhan foi-me entregue o preso, sem que
accidente algum houvesse occorrido durante a viagem ; e incontinenti mandei- o recolher á sala que lhe fóra des
tinada no pavimento superior do edificio da Cadêa e casa da Camara Municipal.
Ouvi no inquerito mais 12 testemunhas e interroguei o Commendador Nogueira .
Além disso, porque julgasse indispensavel a extracção dos projectis com que fóra offendido o Coronel Pedro
Ramos, mandei exhumar o cadaver e proceder á competente autopsia, conseguindo os medicos encontrar apenas,
conforme declararam no respectivo relatorio , a bala correspondente ao ferimento do peito .
As diligencias policiaes foram encerradas no dia 26 de Julho. Nessa mesma data , e antes de serem
remettidos os autos ao Promotor da Comarca, foi -me apresentada queixa, por parte das viuvas dos assassinados,
47

contra o Cominendador Antonio José Nogueira e Antonio Nogueira de Macedo, como incursos nas penas do Art . 192
do Codigo Criminal.
No summario em seguida instaurado, juraram sete testemunhas, e foram tomadas as declarações de quatro
informantes. Além destas depuzeram mais tres, debaixo de juramento , sobre referencias que haviam lhes sido feitas
pelas testemunhas anteriores .
Após o interrogatorio do querelado preso , o qual teve lugar no dia 3 do corrente, ouvido o Dr. Promotor
Publico da Comarca, que interpoz seu parecer a 4 , proferi, ainda no mesmo dia 4, o despacho que pronuncia,
cuja cópia tenho a honra de offerecer à V. Exc .
E de tal modo, dei por concluido o trabalho de que V. Exc. se dignara encarregar -me, e que me reteve
ausente desta Capital durante 17 dias.
Uma ligeira resenha do processo :
Os assassinatos do Coronel Pedro Ramos Nogueira e do Dr. Horta Barbosa deram - se em frente á fazenda
da Gloria, propriedade do Commendador Antonio José Nogueira, e por debaixo das janellas do aposento occupado
por Antonio Nogueira de Macedo , genro, sobrinho e afilhado do referido Commendador.
Passavam as victimas tranquillamente em um troly, pelo leito da Estrada de Ferro do Bananal, que no lugar
dista apenas 8 a 10 metros das edificações da fazenda, quando, ao enfrentar o vehiculo com as janellas já alludidas,
dahi sahiram tiros desfechados sobre os caminhantes, os quaes foram ambos attingidos pelos projectis , fallecendo
em consequencia dos ferimentos recebidos.
Alguns passos adiante do lugar em que jaziam estendidos os cadaveres , encontrou -se uma tranqueira feita
de pendões de pita , cortados de fresco , que ainda pela manhan lá não estavam . Esse obstaculo, de natureza
a obrigar o troly a parar ou pelo menos a diminuir a celeridade do movimento, exactamente sob as janellas donde
partiram os tiros , denuncia que fóra de ante mão traçado o plano criminoso, e que nada se olvidou que pudesse
garantir o exito da empreza .
As primeiras pessoas que chegaram ao lugar, cerca de 3 horas depois da perpetração dos crimes, encon
traram os cadaveres em completo abandono, rodeados apenas de alguns carneiros. Nenhum auxilio foi prestado
ás victimas pelos moradores da fazenda , durante todo esse lapso de tempo ; nem mesmo trataram de averiguar,
segundo as proprias asseverações do querelado preso e das pessoas de sua familia, si estavam effectivamente sem
vida os corpos dos dous cidadãos que acabavam de cahir, feridos traiçoeiramente, a poucos passos da casa . E assim
procederam em relação mesmo ao Dr. Horta Barbosa que, conforme se deprehende da posição em que o acharam
os medicos, do corpo de delicto e do proprio interrogatorio do Commendador Nogueira, no summario , viveu ainda
alguns minutos depois de baleado , e contra o qual, extranho como se achava a quaesquer divergencias partidarias
da localidade, prevenção alguma pessoal podia existir da parte da familia Nogueirinha.
Interrogado sobre este ponto , não deu o querelado Nogueira explicações satisfactorias. A principio declarou
que soubera logo por fulano Silverio , vindo da Freguezia do Espirito -Santo, ser já inutil qualquer soccorro , por
estarem mortas as victimas do attentado . Como, porém , se lhe observasse que Silverio só apparecera na Gloria
duas ou tres horas depois do facto , emendou - que prohibira approximar-se quem quer que fosse dos cadaveres ,
para não desviar os indicios que pudessem orientar a justiça (que, entretanto, não mandára prevenir do que
se passava ) no descobrimento do criminoso .
Esse criminoso, contra quem desejavam por tal modo não se perdesse o mais leve indicio , o autor do crime,
segundo a affirmação do Commendador Nogueira, é Antonio de Macedo, genro , sobrinho, afilhado e commensal
do mesmo Commendador. Contra elle conspiram as declarações de todos os membros da familia , a começar
da propria esposa que attesta, em seu depoimento , telo visto de uma das janellas de seu quarto, desfechar tiros
contra os passageiros do troly. Não ha , além deste, outro culpado , dizem todos. Nogueirinha, na occasião em
que se deu o facto, estava fóra de casa , em uma engenhoca de moer cannas ; nenhuma parte tornou no lamentavel
acontecimento,
Que foi Antonio de Macedo um dos autores dos assassinatos não pode ser absolutamente objecto de questão,
em face da prova colhida no processo . E' todavia indubitavel, por egual, que não foi o unico , não obstante os
depoimentos retro alludidos , todos elles vasados no mesmo molde, modelados sob o mesmo plano - resguardar
a todo o transe de qualquer responsabilidade o Commendador Nogueira .
Tempo houve sobejo para que o plano assim concebido fosse estudado e communicado a quem interessasse
perto de tres horas- , tanto medeou a perpetração do duplo crime e a chegada das autoridades . Era, demais,
facillima tarefa persuadir a meia duzia de pessoas, naturalmente consternadas pelos successos do dia , que , occul
tando em parte a verdade , para salvar a un homein velho e doente , ao chefe da familia, longe de obrarem mal,
praticavam acto meritorio ; tanto mais quando com isso não iam aggravar a sorte de outrem , cuja posição se não
modificaria, deante da justiça, pela circumstancia de ter tido ou não um companheiro na execução dos delictos.
o proprio Antonio de Macedo , contra quem nesse tempo havia já mandado de prisão preventiva, como indigitado
autor de tentativa de envenenamento , por meio de strychnina, na pessoa de um concunhado e primo -- o Dr. José Ramos
da Silva , não foi com certeza o ultimo a aconselhar que sobre elle descarregassem toda a responsabilidade, pois
se promptificára , segundo referem as informantes, a deixar declaração escripta, confessando -se unico autor dos dous
assassinatos. Perdido , como se devia julgar , que lhe adiantava dividir com o sogro a responsabilidade das ultimas
occurrencias? Moço, agil, robusto , ardiloso, tendo tempo diante de si , a tudo disposto , podia escapar pela fuga
ás pesquizas das autoridades. Nessa precaria posição em que ia se achar, o Commendador, chefe de uma parcia
lidade politica, livre, servir -lhe-ia de muito : fazia -se mister , longe de compromettel-o , salvar- lhe por todos os meios
o prestigio .

com asEm opposição a esses depoimentos, reciprocamente incompativeis em muitos topicos , em outros inconciliaveis
respostas do querelado, e só contestes na affirmação da presença de Nogueirinha--na engenhoca — no mo
mento em que se dava o duplo crime, apparecem as declarações de Camillo José da Silva, Ignacio e Benedicto
Carreiro , vulgo - Barbicas
do Commendador , os
Nogueira . dous primeiros camaradas do Coronel Pedro Ramos, e o ultimo pagem de confiança
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Camillo e Ignacio acompanhavam a cavallo , á pequena distancia, o troly occupado pelo Coronel Pedro
Ramos e pelo Dr. Horta Barbosa. Ouvindo o primeiro estampido, correram a alcançar o vehiculo e presenciaram
ainda uma parte do criminoso drama. Affirmam ambos ter visto e perfeitamente reconhecido o Commendador
Nogueira á janella, segurando na mão direita uma arma, que sacudia phreneticamente, na occasião em que cahia
ferido o Coronel Pedro Ramos ; descrevem o vestuario trazido por Nogueirinha ; e, o que é mais, juram ter ouvido
do mesmo a confissão comprehendida nestas palavras endereçadas ao Coronel , já por terra : « Eu não te disse , diabo,
que havias de morrer ás minhas mãos ? »
Benedicto , por seu turno , depõe de visu que o Commendador , no momento dos tiros , estava no quarto
do genro , em companhia do mesmo ; e , além deste ponto , que é capital, contesta peremptoriamente as asserções
de Nogueirinha sobre varias referencias que lhe faz em seu interrogatorio.
Da prova testemunhal não se pode deixar de tirar a convicção, vê V. Exc . , de que dous foram os autores
dos crimes que nos preoccupam ,--- o Commendador Nogueira e Antonio de Macedo, Outras considerações, porém,
valiosissimas, concorrem ainda para corroborar essa convicção .
A bala encontrada entre as roupas do Dr. Horta Barbosa pelas pessoas que despiram o cadaver e o projectil
extrahido do corpo do Coronel Pedro Ramos, são differentes na forma e no calibre : esta , com um diametro de cerca
de 15 milimetros, é achatada regularınente de ambos os lados, de fabrico tosco ; aquella, de muito menor calibre,
tem a forma conica . Foram duas, pois , as armas que serviram para a perpetração dos delictos, e foram dous tambem
os atiradores . Não é verosimil que o mesmo individuo --Antonio de Macedo, tenha se utilisado successivamente
das duas armas, maximè dispondo, como dispunha, de uma espingarda-revólver de seis tiros pelo menos, como
ficou verificado no processo .
As testemunhas referem - se invariavelmente a dous unicos estampidos, muito fortes, e os cadaveres apresen .
tavam quatro ferimentos. Dahi , como natural consectario : houve tiros disparados sinultaneamente por duas pessoas,
confundindo -se na inesma detonação .
O querelado Nogueira procurou insinuar no interrogatorio - que a espingarda apontada como instrumento
dos crimes poderia ter sido carregada com duas balas , em cada cano ; mas a simples possibilidade do facto cahiu
diante do cotejo do jectil extrahido do cadaver do Coronel, com os canos daquella arma .
Era antigo e rancoroso o odio votado ao Coronel Pedro Ramos, por Antonio de Macedo. Nenhum facto
recente, porém , podia ter determinado neste a exacerbação de tal sentimento , a ponto de arrastal-o , em um mo
mento dado, ao assassinato do inimigo. Tinha, sim , recrudescido a inimizade do Commendador Nogueira contra
o Coronel , a cuja intervenção perante o Governo attribuia o ter sido reformado dias antes, contra a vontade,
no lugar de Commandante Superior da Guarda Nacional, sendo designado para occupar o posto , interinamente,
o referido Pedro Ramos,
Esta questão de Commando Superior foi occasião de explodirem os velhos odios . Macedo, um desalmado,
como o pintam as pessoas mais chegadas, explorou o despeito do sogro em proveito da satisfação immediata
do seu odio . Dahi a emboscada e o crime, em cuja execução o Commendador Vogueira, apezar de doente, não
quiz deixar de tomar parte .

Longo vae já este trabalho, cujo desalinho e imperfeição V. Exc. relevará , ouso esperar, com a habitual
benevolencia .
Não concluirei sem pedir a V. Exc . permissão para consignar os bons serviços prestados pelo contingente
do 1.º Batalhão de Linha, enviado ao Bananal por occasião dos assassinatos, com especialidade pelos Officiaes - Te
nente Paulo José Pfaltzgraff, Commandante, e Alferes Liberato Ribeiro , que foram incansaveis nas diligencias de
que os encarreguei seguidamente, no empenho de effectuar a captura de Antonio de Macedo.
Mostraram -se igualmente leaes e dedicados auxiliares desta Chefatura o official Joaquin de Toledo e o Te
nente Rodolpho de Azambuja .
Retirando -me do Bananal no dia 5 , recommendei ao Delegado que continuasse a envidar todos os esforços
para a prisão do pronunciado Macedo, e ordenei que fosse removido para esta Capital , na primeira opportunidade,
o Commendador Nogueira, cuja perinanencia naquella Cidade não me pareceu conveniente.
E ' o que sobre o assumpto me occorre dizer a V. Exc . , a quem
Deus Guarde
Illm . e Exm . Snr. Dr. Pedro Vicente de Azevedo, M. D. Presidente da Provincia.
( Chefe de Policia ,
José Joaquim Cardozo de Vlelio Junior.

Na madrugada de 6 de Dezembro falleceu de uma congestão cerebral,


no quartel de linha desta Capital, onde achava -se detido, o Commendador An
tonio José Nogueira.

Nesse mesmo dia devia elle seguir para a Cidade do Bananal, afim de ser
submettido ao Tribunal do Jury .

Antonio de Macedo ainda não pôde ser preso , apezar dos esforços da Policia
desta Provincia e da do Rio de Janeiro .
49

II

MOTINS DA NOITE DE 24 DE NOVEMBRO

Transcrevendo os officios com que o Dr. Chefe de Policia fez -me nar
ração dos acontecimentos da noite de 24 de Novembro , e dos que os precederam ,
é escusado alongar-me em commentarios :

Cópia .- 1.a Secção.- Secretaria da Policia da Provincia de S. Paulo, em 23 de Novembro de 1888.–


Hontem , ás 10 horas mais ou menos da noite, fui procurado, na Secretaria da Policia, pelos Doutores Juvenal
Parada, Deputado Provincial , e Oliveira Campos , Advogado , que vinham reclamar providencias sobre uma bar
baridade que se acabava de praticar, á vista desses cavalheiros e de muitas outras pessoas, na rua da Esperança :
um Cadete e varias praças do 17.º Batalhão de Infanteria haviam horrorosamente espancado o urbano rondante
daquella rua e, depois disso , o tinham levado de rastos até o quartel de: linha, onde conservavam-n'o preso .
Sendo o quartel nas immediações da Secretaria , dirigi-me para alli , eu mesmo, acompanhado unicamente
de uma das minhas ordenanças, no intuito de verificar o que se acabava de passar.
Lá chegando , perguntei á sentinella da guarda si podia entrar e immediatamente fallar ao Official de Estado
Maior, e , como se me tivesse respondido affirmativamente, penetrei no pateo pela porta aberta , ainda absolutamente só,
e dirigi-me ao Official que na occasião me foi apontado , como sendo aquelle que procurava.
No pateo , e á pequena distancia do portão de entrada, encontrei já o Major Commandante de Crbanos que
fôra reclamar a praça de seu commando , tendo occasião de saber, desde logo , que o guarda offendido havia sido
transferido dalli para a respectiva estação .
Fiz então constar ao Official de Estado , em termos cortezes, a razão de minha ida ao quartel , expondo -lhe
os factos que me tinham trazido ao conhecimento os dous cidadãos ha pouco nomeados, e declarei-lhe que contava
fossem , como de costume, tomadas medidas energicas por parte do commando do corpo, a quem pedi fizessem
sciente da minha reclamação, para reprimir desacatos da ordem do que acabava de consummar -se.
Não sabi , em todo o tempo da minha estada no quartel de linha , da mais severa correcção ; isto não
obstante a attitude insolita e provocadora que, em relação a mim , mantinham individuos á paisana, que depois
soube serem cadetes do Batalhão , os quaes por vezes interromperam com apoiados e não apoiados e outras mostras
de desrespeito, as attenciosas reclamações que estava a fazer ao Official de Estado Maior, representante, no mo
mento , da autoridade do Commandante.
Com a promessa de que seriam incontinenti tomadas as medidas por mim reclamadas, retirei-me para a Se
cretaria, em companhia do Major Commandante de Urbanos, que presenciara todos estes factos; reservando-me
para hoje pedir a V. Exc . as mais providencias que me começavam a parecer indispensaveis á manutenção da dis
ciplina daquella corporação .
Nada mais de notavel se deu então . Com o Official de Estado , a principio, com o Official de ronda, depois,
e ultimamente com o Capitão Eugenio de Mello, servindo de fiscal, que viera saber do facto , nenhuma palavra
troquei que pudesse significar offensa á classe militar ou a qualquer dos seus membros, ainda o mais susceptivel.
Ao sahir, as phrases trocadas entre mim e esses Officiaes foram ainda as mais amistosas.
Depois do que acabo de expôr, bem vê V. Exc.,havia de surprehender-me extraordinaria e desagradavelmente
a leitura de um artigo publicado no Diario Popular, folha da tarde, e assignado por 19 Officiaes do 17.º Batalhão .
Não sei que mais estranhe nessa peça , si a violencia despropositada do ataque, si a inexactidão com que
propositalmente são narradas todas as occurrencias.
Vejo-me embaraçadissimo, conseguintemente, para continuar a exercer o alto e espinhoso cargo com que
me honrou a confiança do Governo e no exercicio do qual tanto se ha dignado distinguir-me V. Exc., emquanto
permanecer nesta Provincia o 17.º Batalhão.
O conflicto póde-se tornar gravissimo , de um momento para outro.
Levando estas lamentaveis occurrencias ao alto conhecimento de V. Exc . , aguardo tranquillo as ordens
que se dignar transmittir -me.
Deus Guarde a V. Exc.
Illm . e Exm . Snr. Doutor Pedro Vicente de Azevedo , M , D. Presidente da Provincia .
0 Chefe de Policia ,
José Joaquim Cardoso de Mello Junior,

Accusado este magistrado de haver invadido, á noite , o quartel de linha ,


acompanhado de uma grande multidão de paisanos e de policiaes, sem respeito
á sentinella e á officialidade, dirigiu -me elle o seguinte officio :
Cópia. - 1.a Secção. - Secretaria da Policia da Provincia de S. Paulo, em 24 de Novembro de 1888.
Illm . e Exm . Snr. -A maneira porque a Provincia de São Paulo, desta manhan, e sob a epigraphe Questão militar,
transcrevendo a publicação feita no Diario Popular, de hontem , pelos Officiaes do 17.0 ° Batalhão de Infantaria,
7
50

narra o occorrido na noite de 22 em o quartel de linha, e o meu procedimento nessa occasião , força -me a dizer
a V. Exc. duas palavras em additamento ao meu officio de hontem .
E' absolutamente inexacto , affirmo a V. Exc. , sob a fé de cavalheiro, que houvesse eu penetrado no quartel
sem avisar a respectiva sentinella .
Descendo do carro que me conduzir:, acompanhado unicamente de uma ordenança , foram estas as phrases
trocadas entre mim e a sentinella da guarda :
1 -Camarada, está ahi o Official de Estado ?
- Sim , Senhor.
- Posso entrar e fallar com elle ?
-Póde.
Dando esta ultima resposta, a sentinella affastou-se para me dar passagem, e eu penetrei no pateo do quar
tel , encontrando logo após o Official de Estado, que praticava com o Major Commandante de Urbanos sobre o
mesmo assumpto que até alli me levara.
Cumpre notar : não é facto novo , antes frequentemente repetido, a entrada , com as formalidades que eu
observei, do Chefe de Policia ou de qualquer autoridade policial no quartel , em serviço , e no interesse da maior
promptidão de qualquer providencia.
E ' falso que me mostrasse exaltado e que dirigisse em qualquer occasião ao Official de Estado Maior
a ameaça de pôr doqui para fóra todo o Batalhão.
Nem essa ameaça fiz , nem de qualquer modo aggredi a sentinella ou o Official de Estado. As palavras que
me attribuem - Batalhão de desordeiros e de bandidos - só existem na imaginação dos signatarios da violenta pu
blicação do Diario Popular.
E todos os que me conhecem sabem que eu não fugiria nunca , pcla mais ponderosa das considerações
e sob nenhum pretexto , á responsabilidade dos meus actos.
E falsissimo que eu tivesse invadido o quartel, acompanhado pelo Major de Urbanos e por grande numero
de policiaes.
O Commandante de Urbanos achava-se já no quartel, quando cheguei. O policial unico que me acompanhou,
unico, note bem V. Exc. , foi uma das minhas ordenanças, e essa mesma ficou do lado de fóra , na rua , junto do carro
da policia .
Não transgredi , pois, o Art. 6º do Regulamento da Guerra , com ou sem as aggravantes que a Provincia
enxergou no meu procedimento .
Si a imprensa séria, a que pode reivindicar o direito de dirigir a opinião, tivesse mais cuidado no formular
accusações contra a autoridade, teria notado que, Exm . Senhor, é antes de tudo inverosimil a versão a que está
dando curso sobre as occurrencias da noite de 22 .
Deus Guarde a V. Exc .
Illm , e Exm . Snr. Dr. Pedro Vicente de Azevedo , M. D , Presidente da Provincia,
O Chefe de Policia ,
José Joaquim Cardozo de Mello Junior,

Seguiram - se os motins da noite de 24 , que vêm fielmente narrados neste


outro officio :

Secretaria da Policia da Provincia de S. Paulo , em 25 de Novembro de 1888. -Illm , e Exm . Snr.


Conhecida hontem na Capital a deliberação que tomára o Governo de fazer retirar desta Provincia o 17.º Batalhão
de Infantaria, boletins anonymos, profusamente espalhados pela Cidade, convidavam os cidadãos aqui residentes ,
sem distincção de classes ou nacionalidades, a reunirem -se á noite no largo de S. Francisco, para dahi, encorporados,
irem despedir se da officialidade da referida corporação .
A's 8 horas , não havendo sido antes em consequencia da chuva que sobreviera, 300 ou 400 pessoas, sahindo
do ponto indicado para a reunião , percorreram as principaes ruas da Cidade, dando vivas á Republica, e ao 17. ° Ba
talhão e morras á Monarchia, ao Presidente da Provincia e no Chefe de Policia, cujos nomes, certo grupo, composto
de individuos de infima classe, cobria dos mais baixos insultos e improperios.
Podia citar a V. Exc. os nomes dos cidadãos que caminhavam á frente dos manifestantes ; mas reservo -me
para fazel - o á vista das peças do rigoroso inquerito a que se está procedendo.
No percurso , diversos oradores fizeram -se ouvir, incitando o povo á revolta contra a actual ordem de cousas
e insinuando ao 17.º Batalhão que devia tomar parte no movimento contra as vigentes instituições, em vista
da « violencia de que acabava de ser victima por parte do Governo. »
Assim chegaram os manifestantes ao quartel de linha, onde repetiram -se os discursos, no mesmo sentido
e no mesmo tom dos que os haviain precedido; debandando , afinal, após uma falla pronunciada de uma das janellas
do edificio, pelo Major Commandante do Batalhão , em que esse official declarara , como é publico, que « agradecia
a manifestação , mas só como prova de sympathia e de deferencia ao Exercito , rejeitando-a , absolutamente, si por
ventura visava algum outro fim . »
De regresso , os manifestantes espalharam -se pelo centro da Cidade, em grupos, continuando a vozeria contra
as autoridades e os vivas á republica e aos soldados do 17.0
51

A ' tarde, no empenho de evitar conflictos possiveis entre praças do Batalhão e soldados da policia, V. Exc .
dera ordens terminantes para que não fosse permittida a sahida do quartel, durante a noite, aos soldados do 17.0
No mesmo intuito, havia eu mandado recolher ás differentes estações as praças da Companhia de Urbanos,
conservando algumas dellas apenas nas tres principaes ruas da Cidade, para não deixar o commercio durante a noite
á mercê de gatunos, que por certo não deixariam de aproveitar-se di anormalidade das circumstancias.
Muitas praças de linha, porém , por terem familia a conduzir, preparativos de viagem a fazer, ou por outros
motivos, haviam obtido licença de pernoitar fóra do quartel.
Vendo-os em grupos de 3 e 4, alguns populares incitavam -n'os por todos os meios para uma desforra contra
a policia .
Esse proceder perfido , para não qualifical-o mais severamente , deu origem a diversos conflictos, dos quaes
sahiram feridos urbanos e praças do 17.0
E teriam as cousas assumido maiores proporções , si incontinenti não houvesse eu expedido ordem para reco
lherem -se á estação central os pouquissimos guardas que, pelo motivo retro indicado , permaneciam ainda em seus
respectivos postos.
Um grupo de manifestantes, voltando do quartel, foi postar-se junto as grades do jardim do Palacio, da
parte de fóra, e ahi conservou-se durante muito tempo, quebrando com tijollos os vidros dos lampeões da illumi
nação publica, e endereçando em altas vozes ao Presidente e ao Chefe de Policia as mais baixas e torpes expressões.
E ' falso que a guarda do .Palacio tivesse n'essa occasião dado uma descarga sobre os desordeiros. V. Exc .
sabe que a guarda nessa noite compunha-se de 6 praças , armadas vnicamente de espada.
Outra turma, disparando tiros de revolver, aggrediu alguns urbanos que recolhiam -se, em obediencia á
minha ordem , perseguindo-os até a estação .
Foi então que os urbanos, em certo numero, deram uma descarga de revolvers, sem pontaria, sobre os
turbulentos, com o exclusivo intuito de amedrontal-os ; conseguindo de feito que fugissem , não só os que atacavam
a estação , como os demais que, em frente do Palacio, animados pela falta de resistencia ás suas violencias, faziam
já menção , como V. Exc . observou, de invadir o jardim .
Sahindo da minha secretaria, onde me conservára , á espera do que pudesse acontecer, até que os manifes
tantes voltassem do quartel de linha, fui á estação central de urbanos, que acabava de ser atacada .
Ahi , pelo telephone, tive noticia , dada pelo sr. Silveira Lima, proprietario da drogaria do Largo da Sé ,
de que alguns soldados do 17.º e grande numero de paisanos tentavam arrombar, e por certo o conseguiriam , as
portas da casa commercial do sr. Visconde de S. Joaquim , á rua da Imperatriz , com 0 fim de tirarem dahi e
matarem a um urbano que, perseguido, se refugiara no interior do estabelecimento .
Dirigindo -me ao logar para verificar o que se passava, tive occasião de me convencer da absoluta veracidade
das informações transmittidas pelo sr . Silveira Lima ; e, como tivesse chegado a Palacio um contingente de 20
praças de permanentes, que haviam ido reforçar a competente guarda, ordenei, de accórdo com V. Exc., que se
guisse o mesmo contingente até á rua da Imperatriz, para dispersar o ajuntamento, obstando as violencias que es
tavam sendo feitas á casa commercial do sr. Visconde de S. Joaquim , e pretendia -se fazer ao guarda urbano.
A força seguiu .
Aproximando-se do logar, foi recebida a tiros em grande numero .
A linha da frente , defendendo -se, disparou então sobre os aggressores, conseguindo dispersal -os,
Nas proximidades da casa commercial atacada foi encontrado o cadaver de um paisano . Levado á estação
central foi reconhecido como o guarda urbano Januario - o mesmo que se refugiara no estabelecimento.
Houve alguns paisanos feridos.
O urbano morto apresentava ferimentos de cacête, navalha ou faca e arma de fogo.
Os empregados da casa do sr. Visconde de S. Joaquim haviam-no vestido á paisana, deixando-o sahir
assim , convicios de que por tal forma salvavam - lhe a vida .
Os perseguidores, porem , presentiram a retirada e burlaram o humanitario embuste.
Sobre este ultimo facto , aguardo o resultado das severas investigações que immediatamente ordenei,
O que ficar averiguado levarei em tempo ao conhecimento de V. Exc .
Em sunma :
A cidade esteve em constante sobresalto na noite de 24 , de 8 ás 10 1/2 horas .
Muitos desordeiros disparavam tiros a esmo , outros ameaçavam atacar o Palacio , a Policia e a estação de
urbanos .
As providencias que tomei , nessas difficeis emergencias, conhece-as V. Exc . , que acompanhou todos os
acontecimentos, e a cuja prudencia e serenidade deve -se em muito o restabelecimento da ordem e da paz publica .

Deus guarde a V. Exc .


Illmo , e Exmo. Sr. Doutor Pedro Vicente de Azevedo , M. D , Presidente da Provincia.

O Chefe de Policia ,
José Joaquim Cardoso de Mello Junior
-- 52

O Ministro da Justiça, a cujo conhecimento fui solicito em levar estas OC


currencias, respondeu -me a 3 de Dezembro, reiterando as ordens já dadas por
mim para se proceder a minucioso inquerito, em que , além de especificados
os delictos commettidos, sejam reconhecidos os seus autores e cumplices, de
clarando m
- e que, por ser empenho do Governo Imperial isentar, ainda de arris
cadas suspeitas, o prévio procedimento de que dependa a prompta repressão
dos crimes praticados, nomeou Chefe de Policia desta Provincia o Desembar
gador Ernesto Julio Bandeira de Mello, magistrado de provada lição e expe
riencia no exercicio da Justiça, assim civil como militar, a quem dei todas
as precisas instrucções para o mais imparcial desempenho desta commissão.

ADMINISTRAÇÃO DO CORREIO

O incremento ascendente do progresso que se nota nesta Provincia reflecte


de um modo lisongeiro na repartição do Correio .
A consequente necessidade de correspondencia faz crescer rapidamente a
sua renda, apresentando um saldo annual que contribue para augmento da re
ceita geral do Estado, cabendo-lhe a primazia em relação a todas as outras
Administrações do Imperio.
Em fim de 1887 existiam creadas 251 Agencias .
Actualmente existem 267 , tendo sido extinctas as de Itaquery e Compa
nhia Fluvial de Navegação, em Piracicaba . Crearam -se, portanto , 18 Agencias.
O avultado serviço do Correio é executado na Administração de S. Paulo
pelo seguinte pessoal :

I Administrador.
I Contador.
I Thesoureiro.
I Fiel do Thesoureiro .
į I Chefe de Secção .
I Primeiro Official .
4 Segundos Officiaes.
10 Terceiros Officiaes.
I Porteiro .
14 Praticantes de 1.a classe .
32 Ditos de 2.a classe .
12 Carteiros de 1.a classe .
14 de 2 a
.
10 Supplentes.
5 Serventes .

Contam -se 2 Agencias de primeira classe : a de Santos e a de Campinas.


A renda da primeira, de Janeiro a Outubro , foi de 54 : 278 $ 370 .

A renda da Agencia de Campinas, durante os mesmos dez mezes, foi de


31 : 195 $ 650 .

No mesmo periodo foram expedidas e recebidas as malas constantes do


seguinte quadro , contendo a correspondencia ordinaria, a saber :
53

INTERIOR

Recebidas . 57.910
Expedidas . 53.280 III I90

EXTERIOR

Recebidas 9.940
Expedidas 9.910 19.350
Total .
130.540

Estas 1 30.540 malas continham 41.649 objectos de procedencia official e


postal , 2.773.669 de correspondencia ordinaria e particular recebida e 3.782.926
tambem de correspondencia ordinaria e particular , expedida d'esta Capital . Os
quadros annexos sob ns. I, 2 e 3 explicam especificadamente os seus destinos ,
sua franquia, qualidades dos objectos que continham , cartas , autos , amostras,
livros e jornaes.

A correspondencia registrada apresentou o movimento de 29.012 malas ex


pedidas e 29.259 recebidas , no total 58.269 , descriminadas mensalmente da se
guinte forma :

MEZES EXPEDIDAS RECEBIDAS TOTAL

Janeiro 2.624 2.813 5.437


Fevereiro 2.604 2.756 5.360
Março 2.722 2.807 5.529
Abril . 2.874 2.804 5.678
Maio 2.883 2.798 5.681
Junho 3.283 2.906 6.189
Julho 2.954 3.069 6.023
Agosto 3.059 3.162 6.221
Setembro 3.071 3.041 6.112
Outubro .. 2.938 3.10I 6.039

Total.. 29.012 29.257 58.269

Estas 58.269 malas continham 15.298 objectos com e sem valor, expedi
dos d'esta Capital e 15.450 recebidos, de procedencia official e postal , 115.527
expedidos e 112.792 recebidos de particulares.
Os quadros annexos sob ns. 4 e 5 demonstram quaes os destinos que ti
veram esses registrados, quantos com valor e quantos sem elle , com designa
ção dos portes pagos .

O serviço de recepção da correspondencia a expedir é feito por meio da


caixa geral , que existe no edificio do correio e mais por vinte e quatro caixas
urbanas, que existem em diversos pontos da Capital .
O desenvolvimento que tem tido o serviço do Correio nesta Provincia
manifesta-se claramente pela sua crescente renda .

O quadro annexo sob n . 6 mostra quaes as verbas que produziram a


somma de 121 : 104$ 730 , que foi arrecadada , como saldo , no periodo de dez
54

mezes , de Janeiro a 31 de Outubro, a qual, comparada com o rendimento cor


respondente a todo o anno de 1887 , quasi que o attinge, com uma differença mi
nima. Creio que orçará o saldo de seu balanço em 150.000 $ooo , livre de despeza .

movimento dos sellos, sobre cartas, bilhetes postacs e cartas bilhetes,


(O )
foi no mesmo periodo de 445:44 2 $ 420 . Em 31 de Outubro existiam na
Thesouraria 36 : 287 $470 , tendo sido vendidos na Administração de São Paulo
1 106 : 505 $ 220 e nas Agencias 302 : 649 $ 730 . O quadro annexo sob n . 7 apre
senta mensalmente esse movimento .

Pela Administração foram emittidos, conforine a descriminação mensal do


:
quadro annexo sob N. 8 , valores postaes na importancia de 62 : 241 $ 920 , tendo
sido pagos ( quadro annexo n . 9 ) 65 : 973 $ 560 .
Sendo excessivamente acanhado o prédio onde funcciona a repartição do
Correio , á vista do seu extraordinario movimento e reconhecendo o Governo
Imperial esta urgente necessidade, por intermedio do meu iilustre antecessor ,
Conselheiro Rodrigues Alves, foi contractado, em 25 de Abril de 1888 , 0
arrendamento por cinco annos, do prédio fronteiro ao Palacio da Presidencia,
cuja construcção se acha em conclusão, para n'elle funccionar o Correio
e a repartição do Telegrapho Nacional. O seu aluguel é de 11 : 000 $ooo
annuaes , pagos por prestações mensaes, cabendo 4 :000 $ ooo ao Telegrapho
e 7 :000 $ ooo ao Correio.

( ) edificio , apesar de vasto , é todavia construido de modo que não


offerece as commodidades desejaveis, pois que tem tres pavimentos, por onde
se dividirão as diversas Secções , tornando - se difficil a fiscalisação que constan
temente é preciso exercer . Mas, devendo -se respeitar o contracto , é mister
adaptar-se este prédio ás exigencias do serviço, aproveitando -se-o de modo
que funccionem contiguas as Secções que têm mais connexão entre si .

Assim , a venda de sellos, caixas de assignantes, posta restante, registrados


sem valor e correio ambulante, funccionarão no pavimento terreo . A Thesou
raria , a repartição dos registrados com valor, a recepção, distribuição e expe
dição da correspondencia, no primeiro andar. E a Contadoria, Administração ,
Archivo e Almoxarifado , no segundo andar.
Por esta distribuição do serviço claramente se vê, que não é conveniente
ficar por muito tempo ahi estabelecido o Correio, attendendo -se ao progresso
que de dia a dia se nota no seu desenvolvimento .
E' portanto prudente que desde já se cogite na acquisição de um edificio
construido pelo Estado, com as accommodações precisas . A Provincia de
São Paulo tem direito a possuir um edificio proprio para o seu Correio .
E nem se poderá articular que haja difficuldade na acquisição do capital
preciso. A renda liquida de dous annos talvez seja de sobra .
São intuitivas as vantagens. A Capital da Provincia será dotada de um
edificio que concorrerá para o seu embellezamento . O juro do capital empre
gado , corresponderá a um arrendamento muito modico. O Estado possuirá
mais um edificio , que de futuro , terá grande valor pelo progresso da cidade. Eo
Correio , funccionando em um prédio com as commodidades apropriadas, melhor
desempenhará o seu papel de excellente auxiliar do commercio, das industrias, da
lavoura, das relações de familia e do Governo , nas providencias que precisa
tomar e deliberações a fazer executar.
55

INSTRUCÇÃO PUBLICA

Ha pouco mais de um anno que acha -se em execução a lei que decretou
a reforma do ensino publico primario. E nesse pequeno espaço de tempo , já
a experiencia tem patenteado que os patrioticos intentos da Assembléa Pro
vincial em relação a tal assumpto só terão realidade pratica, si novos estudos
forem feitos no sentido de modificar a lei em vigor, tornando - a capaz de pro
duzir os melhoramentos desejados.

Nullificada muitas vezes a acção da Administração e da Directoria de


Instrucção pelos Conselhos Municipaes, que a lei collocou entre taes executores
e as escolas publicas, si é exacto que, por isso , algumas das medidas decreta
das nenhuma realidade tiveram , não menos certo é que tal facto accentúa - se
como um dos defeitos a corrigir .
A diffusão do ensino depende menos da multiplicidade de escolas do que
de outros requisitos.

Assim pensando, decretou a lei n . 81 de 6 de Abril de 1887 o fecha


mento das escolas primarias, que não mantivessem vinte e cinco alumnos fre
quentes nas cidades e vinte nos outros logares .
Tal medida, que traria a vantagem de reduzir o crescido numero de es
colas primarias existentes na provincia, alliviando - a de pesado onus, encontrou
a opposição do silencio por parte dos Conselhos Municipaes, á cuja competencia
sujeitou a lei as propostas para taes actos .
A creação dos Conselhos de Instrucção para superintenderem em tudo
quanto referir- se ao ensino dos municipios, fiscalisando - o assiduamente, de
modo a tornal.o util e proveitoso , compensando, assim , o sacrificio da Provincia ,
seria idéa feliz si em todos os municipios pudessemos contar, não já com pes
soal sufficientemente habilitado , mas ao menos que, possuido de boa vontade
e comprehendendo os altos interesses do ensino popular, procurasse por todos
os modos, com sacrificio de pequenos caprichos, sem resultado para a instrucção,
corresponder á confiança nelle depositada pela Provincia .
Si podemos contar com excepções , tão raras são ellas que desapparecem
ante o numero de casos que lhes são contrarios.
Accresce que, estabelecidos os Conselhos de instrucção nas sédes dos mu
nicipios, quando querem actuar sobre o ensino, a sua acção reflecte -se princi
palmente nas escolas das mesmas sédes, ficando fóra da fiscalisação aquellas, e
são as mais numerosas, que se acham situadas em outros pontos.

Sem responsabilidade sinão a que lhes advem de sua propria consciencia ,


responsabilidade toda moral - que não é alcançada pela lei, porquanto esta ,
não retribuindo -lhes o trabalho, não pode exigir que sacrifiquem o interesse

pessoal ao serviço publico , os membros dos Conselhos Municipaes, ao acceitarem


os cargos para que são escolhidos, fazem -no não visando prestar á Provincia o
relevante serviço de velar pelo ensino , mas para poderem ou satisfazer a exi
gencias politicas ou embaraçar completamente a acção dos Conselhos, nullificando
assim os intentos da lei .

O Conselho Superior ainda não deixou de corresponder a confiança nelle


depositada : antes, com desvelado patriotismo, tem sido poderoso auxiliar da
Administração.
- 56

Conviria que a sua acção fosse mais directa sobre as escolas da Provincia ,
alargando- se a sua competencia deliberativa, sem prejuizo da que pertence á
administração .
A lei da reforma, corrigindo um defeito da legislação anterior, deu ao
Director da Instrucção Publica a faculdade de fiscalisar directamente as escolas
da Provincia. Mas, ao mesmo tempo que estabeleceu essa medida, da qual
adviriam incontestaveis beneficios para o ensino, augmentou consideravelmente
o serviço da respectiva repartição , de modo a tornar nulla aquella providencia,
pela impossibilidade em que está esse funccionario de distrahir -se dos trabalhos
da referida repartição .

O serviço da estatistica escolar da Provincia , a cargo da repartição da


instrucção publica, não pôde ser organisado com perfeição, porque os elementos
indispensaveis para esse trabalho deviam ser fornecidos pelos Conselhos Muni
cipaes. E destes não ha esperar liguem ao assumpto a devida importancia.
A medida do visto da Directoria nos attestados de exercicio dos profes
sores publicos, adoptada no dominio da legislação antiga, era não só uma ga
rantia para o professorado, sinão tambem um meio de collocar a Directoria
em relação directa com o pessoal do magisterio publico, e ao mesmo tempo
fornecia bases para a organisação da estatistica escolar .

Para remover as difficuldades com que luctavam os professores na obtenção


de seus attestados, expedi, de accôrdo com o parecer do Conselho Superior
da Instrucção Publica, a Portaria de 20 de Setembro e , para sanar as duvidas
originadas sobre a intelligencia da mesma, baixei outra Portaria , do theor
seguinte :

Palacio do Governo da Provincia de São Paulo , em 20 de Novembro de 1988. - Em solução as duvidas


suscitadas por alguns conselhos municipaes, quanto á intelligencia do acto de 20 de Setembro ultimo, relativo aos
attestados de exercicio dos professores, que vmc, trouxe ao meu conhecimento por officios ns . 978 de 10 de Ou
tubro e n . 1106 de 15 do corrente, declaro-lhe que , duas são as hypotheses que aquelle acto tratou de prevenir,
para evitar que , por falta de attestados , deixem os professores de receber, em tempo , os seus vencimentos, e vein
a ser a da completa ausencia de conselho, e a de simples falta de seu funccionamento,
No primeiro caso , não havendo conselho, ou porque os membros eleitos não tenham acceitado os logares ,
ou porque outro tanto tenha feito o nomeado , de modo a não ter podido até agora constituir -se o conselho , fica
conferida a faculdade de attestar aos presidentes das camaras ou quem suas vezes fizer.
Si , porém , já existe algum membro do conselho, tendo sido este installado, apenas não podendo funccio nar
por falta de um , de dous ou de todos os seus membros, ou qualquer outro motivo , n'este caso a competencia para
attestar pertence successivamente :
1. ° Ao membro expressamente commissionado para esse fim pelo conselho municipal , si o houver,
2.0 Ao presidente do conselho ,
3. ° Ao eleito mais velho não commissionado .
4.0 Ao outro eleito pela municipalidade, si um unico houver ,
5.° Ao presidente da camara .
A ordem d'esta collocação é obrigatoria ; não se passará ao immediato sinão por absoluta falta do ante
cedente .
Qualquer que seja o que attestar, observará as formalidades legaes.
O recurso do art . 70 da Lei n . 81 de 6 de Abril de 1887 , n'estes casos, será sempre para o conselho su
perior, que poderá attestar , quando der provimento .
Deus guarde a vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.-- Sr. Director da Instrucção Publica .

Em cumprimento do que dispõe o art . 47 da Lei n . 81 de 6 de Abril do


ultimamente a concurso as cadeiras vagas
anno passado , foram submettidas
existentes na Provincia .

Foi esse o segundo concurso realisado em cumprimento da disposição


citada .
57

Manifesto -me francamente contrario a taes


taes concursos, já decretados pela
legislação antiga e condemnados pela experiencia , que os aponta como causa
principal do atrazo do ensino entre nós.
Só a Escola Normal póde fornecer ao magisterio professores aptos e ca
pazes de coinprehenderem a missão que lhes é confiada, especialmente si for
reorganisada de accôrdo com o plano que adeante offereço á vossa consideração.
E só de tal pessoal pó le a Provincia esperar que o seu desenvolvimento intel
lectual corra de par com o seu progresso material.
Não nos illuda
illuda o facto de haver obtido a Provincia, a despeito da defi
ciencia de sua instrucção popular, o extraordinario desenvolvimento que os
tenta ; pois esse resultado ainda maior seria , si a instrucção estivesse largamente
diffundida por todas as classes .
Outro ponto que me parece precisar de modificação é o que se refere á
exigencia de concurso para o provimento de qualquer cadeira vaga, como dis
põe o art. 128 da Lei citada .

Dada a vacancia de cadeiras que se reputam importantes pelo numero de


alumnos matriculados e frequentes, que mantêm , ou pelo logar em que func
cionam ellas , permanecem fechadas a aguardar o concurso , com prejuizo manifesto
do ensino .

Si essa medida assignala a vantagem de proporcionar ás escolas


nessas
condições melhor provimento de mestres, pois muitas vezes são nomeados para
regel - as professores que , enquanto permaneceu aquelle fechamento , conseguiram
habilitar -se pela Escola Normal, tem o inconveniente de deslocar os alumnos ,
quando não os priva inteiramente do ensino durante aquelle tempo .
Noto que a mesma lei, conservando os vencimentos dos professores nor
malistas em 1 :800 $ 000, concedeu aos candidatos ao magisterio, que fossem
approvados em concursos , o vencimento annual de 1 : 500$ooo .
Parece que a vantagem pecuniaria concedida aos normalistas é minima,
attendendo -se á somma de esforços por elles empregados em tres annos de
curso na Escóla .

Assim tambem não parece equitativo se conceda ao professor que, em


cumprimento da lei , mostra -se habilitado no programma de ensino do primeiro
gráu, ainda sob a ameaça de perda da cadeira, si em quatro annos não o fizer,
o vencimento annual de 1 : 200 , ao passo que se concede ao candidato ao ma
gisterio , que submette -se aos mesmos exames, o vencimento annual de réis
1 : 500 $ooo .

Accresce que, parecendo ter sido intento da lei da reforma augmentar os


vencirnentos dos professores não normalistas, fixando-os em 900 $ ooo, reduzio
os dos professores da Capital e de outras localidades da Provincia , que perce
biam annualmente 950$ooo .

Conviria que o professorado publico primario não constituisse uma car


reira estacionaria, sem estimulos, sem incentivos e só tendo como aspiração
unica a tardia aposentadoria . Antes seria de salutares effeitos que se lhe pro
porcionassem gradativamente certas vantagens, com attenção aos annos de ser
viço, á proficuidade d'estes, ao numero de alumnos preparados e finalmente ao
inerito intellectual e moral, perfeitamente demonstrado a juizo do Conselho
Superior .
8
- 58

Com a concessão dessas vantagens, ha ao menos a esperança de o pro

fessorado reanimar-se e prestar á Provincia todo o seu esforço , cooperando


efficazmente na grande obra do seu progresso intellectual.

Da falta de medidas que façam gerar estimulos entre o professorado


resulta que o professor dedicado, aquelle que se vota ao magisterio, por per
tinaz vocação , em breve tempo , por vêr que a sua dedicação sobrecarrega - o
de sacrificios, e estes sem remuneração alguma, desanima e procura apenas ,
quando o faz, preencher o tempo de trabalho, confundindo-se assim com aquelles
1 de seus collegas que só visam firmar jus á percepção de seus vencimentos.
A lei deve estabelecer distincção entre o mestre dedicado e aquelle que

o não é ; entre o que faz do magisterio um sacerdocio e aquelle que o con


verte em simples meio de especulação ; entre o mestre que honra a classe ,
mostrando comprehender, pelo cumprimento de seus deveres , quanto é nobre
a missão de educar e instruir os futuros cidadãos, e aquelle que outra cousa
não comprehende além de seus interesses pessoaes.

Cumpre -me tambem salientar a necessidade de alterar - se o actual pro


gramma de ensino primario , com o fim de tornal - o capaz de ser fielmente
executado.

O programma do ensino primario do 1.º grau abrange 10 materias, além


da educação civica e religiosa e das lições de cousas com observação expon
tanea (art . 71 da lei cit . )
O ensino desta multiplicidade de materias, em escóla regularmente fre
quentada, não pode apresentar satisfatorio resultado , embora seja ministrado
por professor criterioso e apto , o que infelizmente não constitue regra , mas
excepção .
Não adoptada nesta Provincia , sinão com relação ás escolas primarias an
nexas ао curso normal, a util instituição dos professores adjuntos, cujo
pessoal poderia ser , organisado já por meio de concursos, já com professores
normalistas que ainda não houvessem attingido a idade legal para o provimento
definitivo no magisterio , já com aquelles que , possuindo taes requisitos, não
apresentassem provas sufficientes de pratica do ensino, o serviço de cada escola
publica, por maior que seja a frequencia de alumnos, fica a cargo de um só
professor que não poderá , sinão por diminutissimo espaço de tempo , deter a
sua attenção directa sobre cada alumno.

Consideremos ainda que as escolas do 1. ° gráu são frequentadas por


alumnos da mais tenra idade, que nellas precisam encontrar cuidados especiaes ,
que as tornem como que um prolongamento do lar .

Convergida especialmente a attenção do professor para taes alumnos, que


de preferencia deveriam frequentar os jardins da infancia ou escolas maternaes,
dirigidas por senhoras, si os tivessem , claro é que não poderá ser cumprido
perfeitamente o programma do ensino imposto pela lei .
Convem , pois , tornar mais modesto o programma de ensino primario, de
modo que possa prestar- se menos para ser lido do que para ser executado.

A Escola Normal não deve ser estranha á intervenção da Directoria da


Instrucção Publica , pois parece de conveniencia que esta conheça desde logo o
pessoal que mais tarde irá occupar as cadeiras publicas sob sua direcção .
59
!

Em vista do estado anormal em que se achava a Provincia , que em varios


pontos foi assolada pela epidemia da variola , determinou a resolução de ii de
Novembro de 1887, de conformidade como parecer do Conselho Superior,
que aos professores fossem pagos os vencimentos a que tivessem direito , por
exercicio provado em escolas legalmente constituidas, nos termos do art . 145
do Reg . de 22 de Agosto do mesmo anno , desde a execução da lei citada,
sem se attender á frequencia média de alumnos .

Entendi de conveniencia manter essa resolução naquelles logares, onde a


causa que a motivara não desappareceu completamente.
Ao tratar deste assumpto , devo dizer que um dos meios de tornar lison
geira a frequencia das escolas publicas é a decretação do ensino obrigatorio ;
mas parece-me que esta medida não deve ser adoptada, sem que a Provincia
disponha de escolas , de mestres e de perfeita fiscalisação do ensino.

As escolas publicas da Provincia permanecem , na generalidade, funccionando


em local improprio , muitas vezes sem condições hygienicas e desprovidas de
tudo quanto lhes é indispensavel.

A lei da reforma, creando em cada municipio um fundo escolar , deu -lhe


para principal base o imposto de capitação e determinou que tal fundo fosse
pelos Conselhos Municipaes applicado , até a sua concurrente quantia, na con
strucção de casas para as escolas, acquisição de moveis, utensis e outros
objectos de que precisarem ellas .
Para execução das disposições que consignaram tal medida, baixou - se o
Reg . de 28 de Março de 1888 , e , em virtude de disposições deste , foram pra
ticados diversos actos preparatorios e expedidas sobre o assumpto circulares
aos agentes fiscaes da Provincia.

Como, porém , da parte dos Conselhos de Instrucção nenhum esforço ha sido


empregado no sentido de tornar
effectiva a constituição daquelle fundo, com
o qual teriam os municipios algum recurso para attender ás necessidades locaes
do ensino, foi resolvido se espaçasse até Dezembro de 1888 a cobrança , sem
multa, do alludido imposto .
Não devo deixar de chamar a vossa attenção sobre o estado da legislação
do ensino quanto ás licenças dos professores.
A facilidade com que estes pódem obter licenças por quasi todo o anno ,
com perda de parte do ordenado apenas , faz com que a estejam solicitando
sempre , sendo facil provar motivo de molestia ou qualquer outro atten
divel .

Não ha rasão para que os professores gosem a este respeito de mais privile
gios do que outros empregados publicos. E ' ao contrario semelhante facto in
centivo para que façam da escola pretexto de se constituirem pensionistas da
Provincia , descurando do ensino e perdendo o amor á profissão .

E ' preciso fazer do mestre , por sua assiduidade e comportamento , o exem


plo vivo de uma escola regularmente constituida , pois a que não fôr assim , que
não tiver a sua frente, dirigindo -a. pessoa capaz na amplitude desta accepção ,
deixa de produzir os beneficios que della se devem esperar .

Desta respeitavel Assembléa, a cujo esforço, sabedoria e patriotismo, deve


a Provincia de S. Paulo o logar de honra que occupa entre as outras do Im
perio , espera a instrucção publica todo o impulso de que tem necessidade .
- 60

INSTRUCÇÃO PRIMARIA

Até fim de Dezembro ultimo , foram nomeados os seguintes professores :

Gregorio da Costa Muniz, para a Cadeira do Bairro Branco, municipio


da Capital.

Antonio Maria de Araujo Novaes, para a da Estação do Belemzinho, em


Jundialy.
Luiz Cardozo Franco , para a da Piedade do Baruel, em Mogy das Cruzes.

Joaquim Norberto de Toledo, para a da villa de S. Pedro .


Pompeu Boada de Tomassini, para a do bairro do Guapira, municipio da
Capital .
Antonio Emilio de Souza Penua, para 1.4 Cadeira da villa do Jambeiro.
Pelopidas de Toledo Ramos, para a do bairro da Rocinha, em Jundiahy.
Fidencio Lopes Trigo Filho, para a da Freguezia de N. S. da Conceição de
Santa Cruz, municipio de Pirassununga.

Francisco Antonio Ladeira, para a do bairro de Rebouças, municipio de


Campinas.

Joaquim da Silva Teixeira Junior, para a da villa do Rio Bonito .


Guilherme von Atzinger, para a da Estação da E. de Ferro , em S. Carlos
do Pinhal.

José Monteiro Buanova, para a do 3.º Districto da Capital.


Sisinio Xavier Ferreira , para a 1.2 Cadeira da Cidade da Franca.

Manuel Jacintho de Abreu Bolina, para a 2.a Cadeira da Cidade de S. José


do Barreiro .

Francisco Marcondes Pereira, para a da villa da Redempção.

Manuel Raymundo Dutra Junior, para a do bairro Alegre , municipio de S.


João da Boa Vista.

Antonio Carlos da Rocha Fragoso, para a do bairro do Itapety do Salto,


em Mogy das Cruzes.

Brazilio Ramos de Toledo e Silva , para a da Estação das Pedreiras, munici


pio do Amparo .
Francisco Luiz da Silva, para a do bairro dos Limas, municipio do Amparo.
Americo Alves Vieira , para a do bairro da Capellinha, municipio do Ribei
rão Preto .

Arthur Epaminondas Lopes da Silva, para a do bairro dos Pilões , em Gua


ratinguetá.
Francisco Vieira de Campos, para a do bairro do Pindahytiba, em Gua
ratinguetá.
Oscar Julio Pinto Pacca , para a da villa do Espirito Santo .
João de Oliveira e Silva , para a do bairro do Jardim , em Jundiahy.
Theodito de Almeida Mello , para a da villa de S. João B. do Guarehy.
Thomé Candido Cornelio e Silva , para a da villa de Cajurú.
61

Leopoldo Norberto Torres Moreira , para a do bairro dos Campos do Gal


vão , em Guaratinguetá.
Francisco de Assis Moreira , para a 1.a Cadeira da cidade do Tieté .
Adolpho José Pereira Rios , para a da Freguezia do Piquete , em Lorena.
João Pereira de Souza Penna, para a do bairro da Baracéa, em Taubaté .
Getulio Marcondes de Oliveira, para a 3.a Cadeira da cidade do Tieté .
Antonio Albertino de Campos Azevedo, para a 1.a Cadeira de S. Carlos
do Pinhal

Sebastião Henrique da Silva Pontes, para a 1.a Cadeira da cidade de Jun


diahy .

Eduardo Bresser da Silveira , para a 3.a Cadeira da cidade do Amparo.

Hyppolito Alves Cruz, para a do bairro do Cavalheiro, em Pirassununga.


Luiz Grellet , para a 1.a Cadeira da cidade de Capivary.

Leopoldo José de Sant'Anna, para a do bairro de S. Benedicto , em Mogy


das Cruzes.

Antonio Custodio da Gama Pantoja , para a 2.a Cadeira da cidade de Casa


Branca .

Amasilio Bunel, para a 1.a Cadeira da cidade da Limeira.


Luiz Augusto dos Reis , para a da cidade do Espirito -Santo do Pinhal.

Emilio Augusto Ferreira, para a 2.a Cadeira da cidade da Limeira .


Joaquim Izidoro Marins, para a 4.a Cadeira de Sorocaba.
Benedicta Martins de Oliveira, para a da villa do Jahú.

Brigida de Paula Lopes Ferreira , para a do bairro do Feital, em Una .


Maria da Penha Bauman Chaves , para a de N. S. do Patrocinio do Sa
pucahy.
Isabel de Serpa , para a da villa de S. Simão.

Julieta Marcondes Torres , para a do bairro do Facão de Baixo, em Cunha .


Albertina Ascanio de Azevedo, para a do bairro do Quilombo, na Con
ceição do Cruzeiro .

Candida Margarida Rodrigues, para a da villa do Espirito -Santo.


Anna Augusta Martins, para a clo bairro de Santa Cruz, municipio de Para
hybuna.
Maria de Escobar e Silva , para a 2.a Cadeira da cidade de Jacarehy.
Basilides Fernandes de Oliveira , para a 1.a Cadeira da cidade do Rio Claro .
Carlota Guilhermina da Silveira , para a 2. Cadeira da Cidade de Bra
gança .
Mathilde Frétin , para a da Freguezia do Itaquery, municipio do Rio Claro .

Ambrosina de Toledo , para a 1.a Cadeira da villa da Cotia .

Josepha Sisinia de Azevedo Marques, para a 3.a Cadeira da Cidade do


Amparo .

Joaquina Amalia de Castro e Souza , para a 1.a Cadeira da cidade de S. Se


bastião .
-
62

Marianna Ferreira de Oliveira Salgado , para a 2.a Cadeira do Belém do Des


calvado .

Maria Benedicta Stein , para a do municipio da cidade da Limeira .


Ambrosina Laudelina Bonilha de Toledo , para a da Villa de S. José do Rio
Pardo .

II

CONSELHO SUPERIOR

Havendo resignado o cargo de membro do Conselho Superior da Instrucção


Publica o Dr. Joaquim de Almeida Leite Moraes, por Acto de 28 de Novembro
nomeei para substituil - o o Conselheiro Carlos Leoncio de Carvalho.

Não tendo este , aceitado , nomeei para aquelle cargo , por Acto de 10
de Dezembro de 1888 , o Dr. Americo Braziliense de Almeida Mello .

III

SEMINARIO EPISCOPAL

Este importante estabelecimento de educação e instrucção foi edificado, á


custa de esmolas colhidas na Provincia , pelo apostolico varão, D. Antonio
Joaquim de Mello , e inaugurado em 1856 , com cerca de 40 alumnos.
O magisterio fôra a principio confiado a padres capuchinhos francezes ,
auxiliados por alguns sacerdotes nacionaes.
Durante perto de 25 annos prestaram elles ao estabelecimento e á Pro
vincia os mais assignalados serviços.

Tendo -se , porém , retirado da direcção e do magisterio do Seminario, foi


este confiado a sacerdotes brazileiros.
Ascende a 22 o numero de professores, alguns dos quaes são aspirantes
ao Sacerdocio , que seguem o curso do Seminario Maior .

Ensinam -se neste estabelecimento todas as disciplinas necessarias á ma


tricula nas Academias e Escolas superiores do Imperio, assim como as sciencias
ecclesiasticas para os que se destinam ao estado sacerdotal.
O numero dos alumnos contribuintes é pouco superior a 200 . Os alumnos
gratuitos elevam -se a 54 .

O predio onde funcciona o estabelecimento é solidamente construido, offe


rece todas as commodidades e reune todas as condições hygienicas. Têm sido
executadas diversas obras , que concorrem para o augmento e embellezamento
do edificio .

Para taes obras tem - se despendido , mais ou menos , 60 : 000$ ooo, e esta
Assembléa tem concorrido com auxilios que montam a 16 :000 $ ooo .

Convem que continueis a votar uma quota para este estabelecimento, que
tão bons serviços presta á nossa Provincia .
63

Continúa a exercer o cargo de Reitor o Revm . Monsenhor João Alves

Coelho Guimarães, que tem patenteado summo zelo no desempenho de suas


funcções ; sendo auxiliacio efficazmente por seus dignos companheiros.

IV

SEMINARIO DA GLORIA

A creação do Seminario de Educandas remonta ao anno de 1825 , e deve -se


aos esforços do 1.0 Presidente desta Provincia , Lucas Antonio Monteiro de
Barros , depois Barão e Visconde de Congonhas do Campo.
Funccionou primitivamente na Chacara da Gloria , sendo a sua primeira
Directora D. Elisiaria Cecilia Espinola.

O edificio onde hoje funcciona o estabelecimento é um pouco acanhado

para os misteres a que se destina. Acha -se, comtudo, em boas condições para
favorecer o adiantamento dos estudos e a conservação da saúde das alumnas.
As condições hygienicas são excellentes. O exterior do prédio está necessitado
de uma limpeza geral e os dormitorios reclamam alguns melhoramentos .
Podereis acudir a essas necessidades com uma quota relativamente dimi
nuta .

Conserva - se sempre completo o numero de 100 alumnas.


Occorreram 19 vagas, immediatamente preenchidas.
Dez educandas, a pedido de seus tutores ou protectores , foram desligadas
do estabelecimento ; casaram -se cinco ; matricularam -se duas na Escola Normal ;
e das duas ultimas, uma está empregada n’uma casa de familia honesta, outra
acha - se no Jaliú , leccionando n'um collegio particular.
Em geral é bom o comportamento das alumnas ; revelam boa vontade e
apresentam todas maior ou menor gráu de adiantamento .

A direcção da casa está a cargo da Irman Luiza Antonia Janin , coadjuvada


por Irmans da Congregação de S. José .
Desempenham satisfactoriamente as suas obrigações .
Continúam - como Capellão o Revd. Padre -Mestre Julio Marcondes de
Araujo e Silva ; como medico - o Doutor Jayme Serva.
Além dos 24 : 000$000 consignados no Orçamento, na verba — Dotação des
tinada á alimentação e vestuario das Educandas - foram entregues pelo The
souro Provincial mais algumas parcellas, para occorrer a despezas extraordina
rias exigidas pelas circumstancias.
Assim , pagou o Thesouro 2 :000 $ 000 para o enxoval das cinco Educandas
que se casaram , tocando , por lei , 400 $000 a cada uma ; 200 $ ooo para pri
meiro estabelecimento da Educanda que sahiu para exercer o magisterio ;
1 :500 $ ooo para acquisição de utensis, em virtude de autorisação da Assemblea
Provincial ; e 428 $460 para pequenos reparos em diversos compartimentos do
edificio .

De todas estas despezas foram prestadas contas ao Thesouro .


64

O Seminario das Educandas faz jus á continuação do vosso auxilio e á


decretação de medidas que o colloquem á altura a que deve chegar, attendendo
á sua importancia e aos serviços que presta ás classes desfavorecidas da for
tuna , educando na senda do bem orphans e desvalidas, que mais tarde tornar
se -hão boas esposas e mães de familia .

COLLEGIO DE NOSSA SENHORA DO CIRMO EM GUARATINGUETA'

Continuam as obras de construcção deste Collegio , destinado á educação e ins


trucção de meninas, e á cuja testa se acha o respeitavel sacerdote Revd . Padre João
Filippo.

O edificio, collocado no aprazivel e salubre bairro de S. Gonçalo, no alto


de uma collina, já está coberto. O encanamento d'agua potavel, exclusivamente
para uso do Collegio , está concluido, e bem assim quasi terminada a Capella.

Ao Rev. Director foi entregue , em 12 de Dezembro , a quantia de 50 :000 $ 000,


producto de uma loteria extraordinaria votada por esta Assembléa em sua ultima
reunião para auxiliar a construcção do Collegio , em cujas obras já foram des
pendidos cerca de 80 : 000$ooo .

Destinado a accommodar mais de 300 alumnas, o Collegio de Nossa Se


nhora do Carmo, sobre attestar a virtude e a tenacidade de seu benemerito
fundador e a philanthropia do povo Guaratinguetáense, concorrerá poderosamente
para diffundir as luzes da instrucção e da educaçio pelas localidades do Norte
da Provincia , que já possue o excellente Collegio do Bom Conselho, de Taubaté.
A direcção da casa será confiada a Irmans de S. José .

!
ENSINO TECHNICO

Nota o illustre professor Huxley ter nossos tempos o progresso dos


em
conhecimentos naturaes supplantado o dos estudos classicos. E ' que a hu
manidade, ao ascender a escala de seu aperfeiçoamento, vai buscando o util
e deixando de parte o que é de puro adiorno, como o demonstra Herbert
Spencer.

Na época de transição social que vamos atravessando , um dos serviços de


maior importancia que se possa prestar á nossa provincia é o de promover o
desenvolvimento do ensino technico .

Os paulistas, que com toda a abnegação e generosidade aboliram o escra


vagismo, têm necessidade de completar essa civilisadora obra, dedicando -se com
vehemencia ao elevado mister da emancipação das intelligencias do captiveiro
da ignorancia .

Para qne o braço livre possa produzir maior e melhor somma de trabalho,
importa ser dirigido por uma intelligencia esclarecida.
O ensino technico é imprescindivel aos povos livres, ás nações hodiernas.

1
65

Não é a esse elemento que a Inglaterra e os Estados Unidos devem as


suas abundantes riquezas ?
A sociedade carece tanto das lettras e sciencias como das artes e officios.

A nossa provincia , possuindo a intuição das necessidades que a marcha


incessante do progresso vai creando , comprehendeu que era mister cuidar do
ensino profissional da mocidade pertencente ás classes menos abastadas .
Como sabeis , a iniciativa individual já fundou o Instituto de D. Anna Rosa
e o Lyceu do Sagrado Coração , na Capital, que se dedicam especialmente ao
ensino de officios ; o Lyceu de Artes e Officios, que vai despertando o gosto
pelas bellas artes ; o Collegio de S. Miguel, em Jacarehy , e o Instituto Tau
bateano , cujo escopo principal é formar agricultores praticos .
Acerca de cada um desses estabelecimentos encontrareis adeante as in
formações que me foram prestadas pelas respectivas directorias .
Sendo a agricultura a base da riqueza da provincia, urge crearem -se es
colas praticas das materias applicaveis ao exercicio racional deste ramo da
actividade humana.

A industria fabril vai tambem tendo grande incremento entre nós ; com
tudo ainda não possuimos uma só escola de artes e manufacturas.
Não é meu fito propôr que a Assembléa sobrecarregue o orçamento com
todas as despesas necessarias á fundação e custeio de taes estabelecimentos ;
mas , para estimular a iniciativa particular, poder -se -hia conceder premios ou
auxilios a associações que para esse fim se organisassem .
Os sacrificios que porventura se tenham de fazer serão abundantemente
compensados pelo estabelecimento de novas e inexhauriveis fontes de riquezas
que ora jazem desprezadas .
Creio ser este assumpto digno de captar a attenção dos patrioticos mem
bros desta Assemblea .

Que futuro auspicioso não aguarda esta provincia , si aquelles que dirigem
os seus destinos , pondo de parte divergencias de opiniões politicas, quizerem
proporcionar-lhe os meios exigidos pela sua orientação para attingir a aspirada
meta !

INSTITUTO DE D. ANNA ROSA

O Instituto D. Anna Rosa , fundado desde 1875 por uma Associação que
tomou o nome de Protectora da Infancia Desvalida , tem prestado a esta Pro
vincia bastantes beneficios , recebendo em seu recinto até agora 629 alumnos,
dos quaes existem actualmente 98. Estes alumnos, escrupulosamente escolhidos
o
entre meninos completamente desvalidos e lançados geralmente em um mei
viciado e corrompido, são ahi educados de modo a mais tarde se tornarem ci
dadãos laboriosos , espiritos esclarecidos e bons operarios .
Ali aprendem elles a ler e escrever correctamente , adquirem conhecimen
tos racionaes de geometria, arithmetica , desenho linear, geographia, cosmogra
phia e religião .
9
66

A musica é ensinada convenientemente , dispondo o Instituto de uma regu


lar banda composta dos alumnos.

Funccionaram as seguintes officinas : Ferreiro e Serralheiro , Typographia e


Lithographia , Fabrica de cordas de algodão e de saccos de papel , Alfaiataria,
Sapataria , Funilaria , Officina de Carpinteiro e Pedreiro, Pintura e uma Fabrica
de café e Machina de beneficiar arroz , onde os alumnos aprendem o officio de
machinista .

Para tornar patente a utilidade deste estabelecimento, basta dizer que dos
alumnos que delle se têm retirado muitos estão ganhando salarios de 2 $ 000 a
3 $ooo como operarios, havendo mesmo alguns que trabalham por conta propria .
O capital de que dispõe o Instituto é o seguinte : 890 acções da Com
1 panhia Paulista ; 164 ditas da Companhia Ituana, Tronco ; 116 da mesma Com
panhia, Ramal; 313 da Mogyana e 50 da Companhia S. Paulo e Rio de Ja
neiro com subsidiarias.

A receita annual, que na media é de 30 contos , tem dado para a manu


tenção do estabelecimento.

No anno passado , porém , a receita attingiu a 65 : 772 $ 935 e as despezas a


77 : 727 $054 .

A causa da elevação da receita foram diversas doações feitas ao estabele


cimento , e a das despezas foram os concertos no Convento do Carmo, que
attingiram a somma de 40 : 895 $ 120 , de sorte que encerrou - se o anno de 1887 ,
com o deficit de 11 : 954 $ 119 , que desapparecerá no corrente anno , sendo mesmo
provavel haja algum saldo no encerramente das contas .
( ) estado sanitario tem sido excellente, não havendo casos de molestias a
mencionar, a não ser II casos de varicella .

II

LYCEU DE ARTES E OFFICIOS DO SAGRADO CORAÇÃO

Este estabelecimento funcciona em um excellente predio, construido á custa


de donativos particulares em um dos mais amenos bairros da Capital - os Cam
pos-Elyseos.
As materias do ensino são as seguintes : Grammatica Portugueza, Franceza ,
Italiana, Arithmetica , Geographia, Historia do Brazil, Religião , Calligraphia , De
senho geometrico e de ornato , Musica vocal e instrumental e Declamação.
1
Os internos dedicam - se tambem a um officio .

Além das officinas de Alfaiate, Sapateiro , Encadernador, Marceneiro, Dou


I
rador, Pintor e Pedreiro , principiou a funccionar no mez de Outubro do anno
proximo findo uma typographica.
O numero dos internos é de 124 , inclusive os dez pensionistas da Provin
cia, na maior parte orphãos ; o dos externos que frequentam as aulas diarias,
é de 325 , divididos em quatro classes .
- 67

MAPPA DOS INTERNOS

CLASSES Matriculados Frequentes

1.a Inferior. . 49 46
1.2 Superior 36 35
2.a Classe 23 23
3 .a Classe 17 17

MAPPA DOS EXTERNOS

CLASSES Matriculados Frequentes

1.a Inferior . 148 92


1. Superior 86 64
2.a Classe 50
59
3-4 Classe . 32 30

O numero dos professores é de 14 e o dos mestres de officina 8 .


O estado sanitario da casa tem sido optimo .

O Lyceu poderá offerecer accommodações para 160 meninos, logo que


sejam concluidas as obras do edificio .

Grande somma de beneficios já tem prestado esta util instituição aos


filhos das classes pobres ou pouco abastadas .

III

LYCEU DE ARTES E OFFICIOS

O Lyceu de Artes e Officios continúa a funccionar á rua do Imperador,


n . 5 , de propriedade do cidadão Bernardino Monteiro de Abreu , de
quem foi arrendada por sete annos , dos quaes tres já se acham decorridos .

As matriculas do ultimo anno lectivo ( 1888 ) foram abertas a 7 de Janeiro


e as aulas começaram no dia 8 de Fevereiro . Funccionaram com toda a
regularidade 13 aulas , nas quaes matricularam - se 738 alumnos , assim divididos
quanto aos cursos e nacionalidades :

Curso primario (adultos ) . 243


Idem , idem (menores) 235
Portuguez 20
-
68

Francez 36
Inglez 17
Arithmetica 15
Historia II
Geographia 22
Tachygraphia 15
Chimica 6
Desenho e geometria (annexos) 109
Pintura 9 738

Destes são :
Brazileiros 468
Portuguezes 138
Italianos 82
Francezes 16
Hespanhóes 15
Allemães 16
Argentinos 3 738

A media da frequencia variou entre 390 e 410 , sendo a matricula maior


do que as dos tres ultimos annos, como se evidencia do seguinte quadro :

1885 511
1886 594
1887 680

Dirige este estabelecimento com tenacidade, zelo e dedicação admiraveis


o Exm . Snr. Conselheiro Leoncio de Carvalho, que não tem poupado esforços
para que elle produza os fructos que são para desejar .

DO CORPO DOCENTE

O corpo docente do Lyceu é composto de cidadãos de reconhecido merito


e aos quaes muito deve a causa da instrucção, nesta provincia.

BIBLIOTHECA

A biliotheca, que é franca ao publico, possue 4.217 volumes de diversas


obras, scientificas, didacticas e de litteratura ; sendo 2.008 encadernados e 2.209
em brochura , além de grande numero de jornaes desta e de outras provincias .
Entretanto , diz o Exm . Conselheiro Leoncio , no relatorio que apresentou,
é de admirar que em uma capital como a de S. Paulo , onde apenas existe a

bibliotheca da Faculdade de Direito, que não funcciona á noite, o publico não


se aproveite da unica que lhe é franqueada.
A Assembléa Provincial, em sua ultima sessão , além do auxilio de doze
contos de réis que, tambem em outras anteriores , já havia facultado ao Lyceu
e que lhe foi entregue, concedeu- lhe mais uma loteria do beneficio de cento e
vinte contos .

O predio , que até ha pouco podia, embora mal, servir para o mister a que
foi destinado, é hoje insufficiente , e a directoria para não recusar instrucção

1
69

áquelles que, confiados, a procuram , vio - se forçada a effectuar despezas extraor


dinarias com preparo de novas escolas , dando a outras melhores condições
hygienicas e augmentando o seu material escolar.

E' , adstricta ao pequeno saldo de subvenção provincial e ao insignificante


producto das mensalidades dos socios , que a Directoria dá , com toda a eco
nomia , desenvolvimento ao Lyceu e occorre ás despezas importantes que surgem
a todos os momentos, e peculiares a instituições congeneres .
E ' assim que , para satisfazer seus fins e dar ao povo a instrucção pro
fissional, de que tanto carece , hoje uma das principaes . preoccupações das nações
civilisadas, ensinar-lhes os principios de sciencias naturaes, como zoologia, bo
tanica, mineralogia e outras , a Directoria foi obrigada a mandar vir da Europa
um pequeno museu de ensino applicado aquelles ramos de conhecimentos huma
nos , e que na Belgica, Suissa e outros paizes tem dado resultado admiravel .

Com extraordinario sacrificio pôde a Directoria dotar o Lyceu com esse


importante melhoramento, que , inclusive os direitos e outras despezas , attingio a
somma de 2 : 617$ 500 .

A collecção de modelos de gesso e de gravuras , destinada ao ensino de


desenho , embora já muito importante e custosa, não satisfaz ainda as neces
sidades . A Directoria, porém , emprega todos os meios de corresponder a essas
exigencias e vai aos poucos satisfazendo-as , de accórdo com os recursos de que
dispõe .

DA DISCIPLINA

Durante os quatro ultimos annos , segundo informa a Directoria , apenas


um alumno foi privado da frequencia no Lyceu .
Esse facto significativo da boa indole do nosso povo , é tanto mais digno
de nota quanto sabe- se que o estabelecimento é frequentado por pessoas, na
sua maior parte, pertencentes a classe da sociedade , na qual , infelizmente , ainda
são muito descurados os principios de educação .

IV

INSTITUTO TAUBATEANO DE AGRICULTURA, ARTES E OFFICIOS

O Instituto Taubateano de Agricultura, Artes e Officios, funcciona no vasto


predio ou ex- convento de Santa Clara , que o Ministro Provincial da Ordem
Franciscana Fluminense , a pedido de S. M. o Imperador, cedeo á Sociedade
beneficente que alli se constituisse para fundar e manter um Instituto de agri
cultura e artes .

A 2 de Outubro do anno passado ficou fundada a Sociedade Protectora


do Instituto Taubateano, foram discutidos e approvados os respectivos Estatu
tos , e de conformidade com os mesmos , constituio -se o pessoal dirigente ou
o Conselho Director , que servirá por um biennio .
O Conselho Director compõe -se do Exm . Visconde do Tremembé, Rev.
Vigario Antonio do Nascimento Castro e Desembargador Aureliano de Souza
Oliveira Coutinho .
70

Com as reparações e modificações indispensaveis no predio e com a acqui


sição dos utensilios e instrumentos necessarios , o Conselho Director, antes da
1 installação , despendeu 6 : 009$ 379 , quantia que a Sociedade Protectora está a de
ver , sem juros , para pagar somente depois que o Instituto houver constituido
um patrimonio de 20.000$000 , e sem desfalque do capital e juros do mesmo
patrimonio
O emprestimo em taes condições, equivalente quasi a uma doação, foi feito
pelo Exm . Visconde do Tremembé, e habilitou o Conselho Director a abrir as
aulas e officinas do Instituto no dia 1.º de Janeiro do anno passado .
5
O Instituto, segundo prescrevem os Estatutos da Sociedade Protectora, tem
por fim proporcionar instrução primaria, educação moral e ensino profissional ,
theorico e pratico , de agricultura, artes e officios, a menores do sexo masculino,
que não tiverem menos de 8 nem mais de 14 annos.
Por enquanto , attentas as difficuldades do começo de sua carreira , o Insti
tuto apenas poude receber dez alumnos inteiramente gratuitos, como pensionis
tas , guardada a preferencia dos Estatutos para os desvalidos orphãos de pai e
mãi . Sendo 15 os alumnos pensionistas, dez nada pagam , trez pagam a modica
pensão de 24$000 por trimestre, e apenas dous concorrem com a pensão integral ,
que é de 60 $ 000 por trimestre, e portanto ao facil alcance das classes a que
se destina a instituição.

A contribuição exigida dos externos, é apenas de 6 $ 000 por trimestre, re


duzida á metade para os filhos e pupillos dos membros da Sociedade Prote
ctora , caso em que se acham quasi todos os alumnos externos , actualmente
matriculados .

Não se julgou conveniente supprimir a mais que modesta contribuição exi


gida dos alumnos externos , pelo receio de que a inteira gratuidade attrahisse
para o Instituto a mór parte dos frequentadores das escolas publicas , o que
importaria augmento de classes e de professores e acarretaria dispendio su
perior aos recursos actuaes da instituição. Não , póde , porem , ser mais modica
do que é a contribuição exigida .
Foi de 53 , no mez de Novembro do anno proximo passado , o numero total
de alumnos frequentes nas aulas e officinas.

Depois de duas classes de instrucção primaria , regidas por dous professores


e quotidianas, entram os alumnos para as officinas de marceneiro, sapateiro e
alfaiate. Ha duas aulas de musica e duas de gymnastica em cada semana . A's
segundas-feiras, as classes de instrucção primaria são substituidas pelas de instrucção
religiosa , civilidade e hygiene, sendo essas duas ultimas disciplinas ensinadas
gratuitamente pelo Desembargador Aureliano de Souza Oliveira Coutinho.

O ensino agricola é por emquanto puramente pratico e ministrado somente


aos alumnos internos, em todos os dias uteis e não chuvosos, das 6 ás 9 horas
da manhan .

Apezar de contar o Instituto apenas uma existencia de dez mezes , ja al


guns alumnos têm apresentado aproveitamento e progresso nos officios a que
se têm consacrado .

O calçado e o vestuario fornecido aos alumnos gratuitos tem sido prepara


do nas officinas do estabelecimento , cuja renda bruta foi no mez de Outubro
de 213 $ 800 e tem excedido essa cifra em mezes anteriores.
71 -

Com exclusão dos 6 : 009 $ 379 , a que já me referi, despendidos com a ins
tallação , a despeza do estabelecimento elevou -se a 8 : 637 $ 610 até 31 de Outu
bro proximo findo. Até a mesma epoca a receita foi de 8 :539$ 160, tendo
provindo já das mensalidades dos membros da Sociedade Protectora , já das
mensalidades dos alumnos contribuintes, já da renda das officinas e do subsi
dio votado pela provincia e já recebido.
Foi reitor do Instituto, servindo gratuitamente e com a maior benemeren
cia, o finado Padre Francisco Cosco . Colhido por morte desastrosa , este pres
tante 'sacerdote foi substituido na reitoria desde 15 de Agosto até 17 de Outubro
findo , sem perceber vencimentos, pelo Desembargador Aureliano de Souza Oli
veira Coutinho, Juiz de Direito da Comarca .
A contar de 19 de Outubro , foi contractado para servir o logar de reitor e o
está exercendo , o Rev. Domingos Perrone.

COLLEGIO DE S. MIGUEL EM JACAREHY

Este Collegio foi fundado no dia 29 de Setembro de 1885 , na fazenda


agricola em que se acha, tres kilometros distante da Cidade , no bairro de Matto
Dentro .

O numero de alumnos que o frequentam , desde a sua fundação até hoje,


oscila entre 35 e 40 , estando actualmente completo este numero .
O estado de saude é optimo, por causa da posição da casa , dos ares e
da hygiene.

Os collegiaes, além das materias que constituem o ensino primario, apren


dem um officio e estudam musica vocal e instrumental, bem como agricultura
pratica .
Este estabelecimanto tem sido amparado pelo Governo Provincial e pela
caridade publica, mas insufficientemente.

O Governo Provincial já deu -lhe a quantia de 3 :000 $ ooo, dividida em duas


prestações .

As offertas não attingem nem siquer a metade dessa quantia .


Ora, para um estabelecimento que tem 3 annos de existencia e uma diaria
de 15 $ 000 a 20 $ 000 constante, que tem um pessoal superior a 60 pessoas , en
trando professores, criados , etc ; que gastou até hoje em concertos e augmentos
na casa, provimento de todo o necessario para os meninos, desde roupa até li
vros , desde mantimentos até instrumentos para a banda de musica, e os ma
teriaes para as officinas de sapateiro , alfaiate e funileiro, muito mais de 10: 000$000 ,
--a não ser com enormissimos sacrificios, jamais chegaria ao ponto em que se
acha .

ENSINO MAGISTRAL

A Escola Normal é uma das mais importantes casas de educação e en


sino da Provincia, e que deve merecer os cuidados de todos aquelles que se
interessam pelo seu desenvolvimento intellectual e moral, pois é onde se apres
72

tam para o exercicio de sua importantissima missão os futuros educadores da


mocidade .
1
Formal - os convenientemente , eis um clos primeiros deveres do Estado .
Da instrucção e moralidade dos professores depende o futuro dos alumnos.
1
A's mãos dos paes e dos mestres é , como sabeis , que se plasmam as socieda
des ; e já lord Brougham dizia qua o arbitro dos destinos humanos era , maximè
nas modernas nações , o preceptor e não as armas.
O preparo dos professores, destes operarios indispensaveis da civilisação ,
deve , portanto, ser tratado com immenso cuidado e toda a seriedade.

A actual Escola Normal tem prestado bons serviços á causa do ensino


publico e muito ha de contribuir para melhoral -o , si fôr elevada á altura a que
tem direito .

E ' indispensavel a sua reforma , não só para pôl - a de accordo com as exi
gencias da lei n . 81, de 6 de Abril de 1887 , como porque o seu estado pre
sente não se coaduna com o caminhar agigantado do progresso material de
nossa provincia.
O artigo 71 da citada lei impõe ao professor a obrigação de transmittir a
seus alumnos o conhecimento de materias que não são leccionadas na Escola
Normal. Isto é uma incongruencia.

Como poderá um professor dar uma perfeita educação civica aos escolares
confiados a seus cuidados , sem conhecer os elementos da philosophia do direito ,
e do direito constitucional e administrativo brazileiro ?

Um bom curso de lições de cousas suppoe , da parte de quem o faz , suffi


ciente conhecimento , ao menos, dos principios das sciencias physico -chimicas e
biologicas .
Como impôr a obrigatoriedade do ensino da algebra, da redacção de con
tas e facturas commerciaes, da meteorologia e do canto choral, não sendo es
tas materias professadas na Escola Normal ?

Nas circumstancias especiaes em que nos achamos, parece-me necessario


ao professor publico o conhecimento da lingua italiana , afim de melhor ensinar
a lingua nacional e as outras materias do programma aos filhos dos immigran
tes daquella nacionalidade, cujo numero tende sempre a augmentar.

Julgo tambem muito precisa a acquisição de um museo pedagogico e de


apparelhos para o ensino das mathematicas, da geographia, etc., objectos que
já possuem institutos particulares .

Importa , pois , reorganisar esta Escola Magistral, que é ao mesmo tempo o


unico estabelecimento de ensino secundario para o sexo feminino existente na Pro
vincia , de accordo com as bases que , em seguida, offereço a vossa consideração.
O ensino comprehenderá :

1 a) Instrucção moral e religiosa , que o actual Director propõe seja separada da


cadeira de pedagogia ;
6) Lingua e litteratura nacional, e estylistica ;
Mathematicas elementares e escripturação mercantil
d) Linguas franceza e italiana ;
e) Geographia geral e especial do Brazil e da Provincia ; uranographia e no
ções de mechanica ;
73

s Historia universal , particular do Brazil e da Provincia , até nossos dias ;


Noções de logica , dynamilogia e criteriologia, de philosophia do direito,
de economia social e domestica , de direito constitucional e administrati
vo brazileiro :
h) Elementos de sciencias physico - chimicas e biologicas e suas applicações
á hygiene , á agricultura e ás artes ;
1) Pedagogia, methodologia e didactica ;
i) Calligraphia e desenho ;
k) Musica vocal ;
1) Gymnastica ;
m) Trabalhos manuaes ;
n) Prendas domesticas.

As materias do curso deverão ser divididas em quatro series , ficando os


alumnos titulados pela Escola , não só habilitados para exercerem o magisterio ,
como a ser preferidos no provimento dos empregos publicos provinciaes.
Estou convencido de que, si votardes a reorganisação da Escola , de accordo
com o plano acima, o nivel do ensino publico se elevará , como tanto é mister ,
e o funccionalismo passará por uma vantajosa transformação .

Muitas pessoas, mesmo que se não sintam com vocação para o magiste
rio ou para o funccionariado, virão preparar- se na Escola para o exercicio de
outras profissões, ficando assim compensado o augmento de despesas que a
reforma possa acarretar ; visto como o ensino nella ministrado será um capital
equivalente a um thesouro posto á disposição de quem delle se quizer utilisar,
que, em futuro não remoto , produzirá fartos juros , dos quaes será coparticipe
a Provincia.

O movimento do anno escolar proximo findo foi o seguinte :

Funccionaram as aulas de Portuguez, Francez, Arithmetica, Geometria,


Geographia , Physica, Chimica, Historia universal, Pedagogia, Desenho e Calli
graphia.
Destas duas ultimas materias ha duas Cadeiras , uma do sexo masculino ,
outra do sexo feminino .

De accordo com a determinação regulamentar abriram -se as aulas no dia


15 de Março e encerraram - se no dia 16 de Novembro .

Matricularam - se :

No 1. ° anno :
Alumnos 72
Alumnas 45

No 2. ° anno :
Alumnos 67
Alumnas 59

No 3.º anno :
Alumnos 33
Alumnas 32
Total 308
10
74

Dentre os matriculados são professores publicos


primarios . 24

Perderam o anno :
No 1.0 7.
1 No 2.0 IO
No 3.0 4

1 Total 21

Obtiveram licença durante o anno lectivo os seguintes professores :


i
Bacharel José Estacio Corrêa de Sá e Benevides , professor da 3.a cadeira ,
por 4 mezes , com vencimentos , e , posteriormente, por mais tres mezes sem or
denado, sendo esta ultima renunciada em parte do tempo.

Theodoro Antunes Maciel, preparador de physica e chimica, por 30 dias ,


com vencimentos

Antonio Militão de Souza Aymberé, professor da aula primaria annexa,


por sessenta dias, com ordenado .
Foram substituidos :

O da 3.a Cadeira pelo professor da 4.9 , Padre Camillo Passalacqua, e o


da aula primaria pelo respectido adjuncto, José Carneiro da Silva .

Os Engenheiros Godofredo José Furtado e Cypriano José de Carvalho pedi


ram demissão de professores das 2.a e 5.a Cadeiras, que lhes foi concedida.

Em data de 17 de Agosto foram nomeados para regerem interinamente


essas Cadeiras, e tomaram posse a 22 do mesmo mez, os cidadãos Engenheiro
Constante Affonso Coelho e Pharmaceutico José Eduardo de Macedo Soares,
o primeiro para a de Mathematicas e o segundo para a de Physica e Chimica .
1 Ambos têm - se desempenhado satisfactoriamente do seu dever .
Foi provida, por Acto de 14 de Setembro , na pessoa de D. Felicidade
Perpetua de Macedo, a Cadeira de Desenho e Calligraphia do sexo feminino.
Tomou posse e entrou em exercicio a 24 do mesmo mez ,
Em consequencia de processo instaurado contra o Bacharel Carlos Marcondes
de Toledo Lessa , professor da 6.a Cadeira , e depois de verificados os factos
pelo Conselho Superior de Instrucção Publica , foi elle demittido pelo seguinte Acto :

O Presidente da Provincia, tendo examinado o Processo formado pelo Conselho Superior de Instrucção Pu
blica, contra o Bacharel Carlos Marcondes de Toledo Lessa, professor da 6.a Cadeira da Escola Normal , por de
nuncia do Director da mesma Escola , em que o dito professor é accusado :
i de ter solicitado uma sua alumna para fim deshonesto ;
2.0 de haver, como Bibliothecario , desviado livros pertencentes á Escola ;
3.9 de fazer, por meio de um filho e de outro parente seu, commercio de postillas de Francez entre os alumnos
de sua aula ;
E considerando :
a) que, a Lei n . 81 de 6 de Abril de 1887 , art . 132 , approvando o Regulamento da Escola Normal, de 3
de Janeiro anterior, não comprehendeu nas modificações feitas nesse Regulamento , o seu art . 9 , em que se esta
belece que os professores da Escola serão vitalicios e somente poderão ser demittidos nos casos e nos termos da le
gislação em vigor para os professores em geral;
b) que, esses casos e termos são os dos arts . 82 e 84 $ 3.0 da mencionada Lei , reproduzidos no Regulamento
da Instrucção Publica de 22 de Agosto , tambem de 1887, art . 171 , $ 5.9 ; 180, 184. $ 3.0 e 194 ;
c ) que, as formalidades processuaes foram inteiramente observadas, sendo ouvido o professor accusado, por
mais de uma vez , com os prazos maximos de defeza, dando -se -lhe vista em original, de todos os documentos
e provas , com faculdade de juntar o que lhe parecesse a seu favor;
75 -

d ) que, o Conselho Superior, reunindo - se para tomar conhecimento das accusações constantes do processo
deliberou , por unanimidade de votos, declarar que os mencionados factos se acham provados, e que o seu juizo a res'
peito é pela imposição da pena ao professor, de perda da Cadeira por máu procedimento moral ;
e) que , nestas condições, o Conselho exerceu uma faculdade que lhe é propria (artigo 6.0 $ 2.0 da Lei)
emittindo, quanto aos factos, parecer obrigatorio, como unico competente para verificar a existencia do facto punivel
(Lei citada art. 84 $ 3.0) , não sendo licito á administração afastar-se da prova declarada, mas somente do juizo
a respeito, parte consultiva (art. 26 $ 4.0 do Regulamento de 22 de Agosto) ;
Resolve - attendendo ao 1.º ponto provado de accusação e deixando os outros dous, 2.0 e 3.0, fóra das penas
disciplinares, no dominio das leis criminaes, tanto mais porque , quanto a estes , o Conselho Superior não formou
juizo, limitando-se á verificação de sua prova,--- homologar a decisão e parecer do Conselho Superior, que é conse
quencia da accusação verificada, impondo ao professor da 6.a Cadeira da Escola Normal, Bacharel Carlos Marcondes
de Toledo Lessa , a pena de perda da referida Cadeira , na conformidade do art 84 S 3.0 da Lei n . 81 de 6
de Abril de 1887 e art. 184 $ 3.0 do Regulamento de 22 de Agosto do mesmo anno, como incurso no art. 82
$ 3.0 da Lei e art. 184 $ 3.0 do Regulamento, combinados com o art . 9 do Regimento da Escola, de 3 de Ja
neiro , ainda de igual anno.
Fica simplesmente consignado o pedido do Conselho para o cancellamento de palavras calumniosas, nas al
legações do accusado, allusivas ao Director da Escola , visto não ter o mencionado Conselho feito a indicação
dessas palavras , sendo restricto o direito de riscar defezas em qualquer processo .

Cumpra-se e communique-se.

Palacio do Governo de S. Paulo , 20 de Novembro de 1888 .

Assignado -Pedro Vicente de Azevedo.

A 23 do mesmo mez, nomeei para substituir a este professor, interina


mente , Tiburtino Mondin Pestana, que entrou em exercicio no dia 24 .
Para o lugar de adjuncto do Professor da aula annexa foi nomeado a 23
de Novembro, Gastão Galhardo Madeira, que entrou em exercicio no dia 30
do mesmo mez .

O concurso para as cadeiras vagas , de mathematicas, physica e chimica ,


foi transferido para o tempo que vai de 10 a 15 de Março deste anno . A
inscripção encerrou - se , porém , a 17 de Novembro .

Inscreveram -se para a 2.a Cadeira : -os Snrs . José Joaquim de Azevedo
Soares , Engenheiro Constante A. Coelho , Alfredo Porchat, Dr. Manuel A. C.
de Araujo Feio, Dr. Alfredo Franklin , Canuto Thorman e Clementino Campos
de Araujo . Para a 5.a Cadeira—os Snrs. Francisco S. Gomes dos Reis , José
E. de Macedo Soares , Engenheiro Pedro Bento Galvão, Theodoro Antunes
Maciel, Antonio R. da Silva Braga e Dr. Ascendino A. dos Reis .
A Bibliotheca da Escola tem feito acquisição de mais algumas obras para
consulta dos alumnos .

Funcciona regularmente debaixo da direcção do preparador Antunes Maciel


o Gabinete e laboratorio. O ensino de physica e chimica tomou ultimamente
uma feição mais pratica , portanto , mais proveitosa.
O edificio em que funcciona a Escola Normal não offerece as commodi
dades necessarias para um estabelecimento desta natureza. Cada vez mais
accen túa - se a necessidade de construir - se um predio especial , em harmonia com
o engrandecimento desta provincia.
76

CARRIS DE FERRO

DA CAPITAL

Pelas peças officiaes, que em seguida transcrevo , ficareis a par do que tem
occorrido de mais importante nas relações do Governo com esta empreza .
. A sua prosperidade é incontestavel. E si não é maior, deve -se -o attribuir
a motivos de economia interna : e com isso a Administração nada teria que
ver , si não fosse um pretexto sempre allegado pela Companhia para não sa
tisfazer as instantes reclamações do publico relativamente ao prolongamento de
suas linhas.

O meu primeiro officio dirigido á Companhia foi o seguinte , -e transcrevo - o


integralmente, porque da exposição feita infere - se a verdade dos factos e apre
cia -se o estado da questão :

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 5 de Setembro de 1888 .


Illms. Snrs. - No parecer do Conselho Fiscal dessa Companhia, datado de 14 de Agosto findo, encontro
o seguinte :
No relatorio passado dissemos :
« com pezar verificou o Conselho Fiscal que a demora na construcção de novas linhas, pro
« longamento das outras, de accórdo com as deliberações da ultima assembléa geral , é exclu
< sivamente devido á falta de approvação das plantas e bases do contracto por parte do Go
« verno Provincial , com quem se acham plantas e contractos, ha 6 mezes, para tal fim ; isto
« assignala o Conselho Fiscal, para que as justas queixas do publico e os prejuizos que advêm
« á Companhia, por falta desse melhoramento, corram por conta de quem por elles legitima
< mente deve responder. »
« Permanecem o estado de cousas e suas causas, >
« Difficilmente se pode acreditar que a administração da Provincia, sempre occupada por paulistas distinctos
e amantes de sua terra , se tenha constituido embaraço á satisfação de melhoramentos reclamados pelo publico . »
« Si não fosse a convicção da fraqueza e obscuridade que nos acompanham , dirigiriamos daqui ao illustre
cidadão que senta -se na cadeira da Presidencia, todas as solicitações licitas para desembaraçar-nos. »
Em vista deste parecer, desejoso de attender, com a maxima promptidão, a invocação que me era feita
pelos dignos membros do Conselho Fiscal - tanto mais sabendo que, desde 1884, por varios despachos desta Presi
dencia , a Companhia tem sido convidada a comparecer afim de se conferenciar acerca do assentamento de novas
linhas e reducção do preço das passagens no centro da cidade, para o effeito de fazer valer as garantias a que
lhe dão direito a Lei n . 11 , de 9 de Março de 1871 , e contractos subsequentes de 12 de Abril e 29 de Novembro
do mesmo anno , e de 20 de Agosto de 1879 -tratei de indagar na minha Secretaria a causa da demora da appro
vação das plantas e bases do contracto a que se referia o Conselho Fiscal, e verifiquei então que, em verdade ,
por ter ficado sem solução a proposta de 6 de Dezembro de 1886 , á qual se refere em seus relatorios o finado
Conde do Parnahyba, visto não ter a Companhia querido reduzir á metade o preço actual das passagens entre
a cidade e as Estações de Estradas de Ferro e outros pontos , havia sido, em Janeiro deste anno , offerecida ao Go
verno , acompanhada de una planta , a exposição e bases que se seguem , para novo contracto , e que reproduzo
para melhor esclarecimento .
Eil-a :
« A Assembléa Provincial , pelas Leis ns. 28 e 44 , autorisou o Governo da Provincia a contractar com
os cidadãos Godofredo José da Piedade, Carlos Americano Freire, Henrique Wright, Francisco Antonio de Souza
Paulista e Justo Nogueira de Azambuja o assentamento de novas linhas de carris de ferro em diversas ruas desta
Capital; procurou ella , no entretanto , nessas mesmas Leis resalvar os direitos adquiridos da Companhia Carris
de Ferro de São Paulo, em virtude da Lei Provincial n . II de 9 de Março de 1871 e subsequente contracto com
o Governo da Provincia, firmado em 12 de Abril do mesmo anno . »
« Essa Lei estatuiu claramente que o Governo da Provincia ficava autorisado a conceder privilegio exclusivo
por 50 annos ao Engenheiro Nicolau Rodrigues de França Leite, para por si ou por meio de uma Companhia,
estabelecer uma ou mais linhas de diligencias , por trilhos de ferro , tiradas por animaes , que , partindo do centro
da cidade se dirigissem ás estações dos caminhos de ferro e aos suburbios e entre as mesmas estações ; que durante
o tempo do privilegio não seria permittida a incorporação de outras Companhias ou Emprezas para o mesmo fim e nas
mesmas direcções. »
« E ' baseada nos direitos da Companhia Carris de Ferro de São Paulo, direitos reconhecidos pela propria
Ass nblé: nci nas ns , 28 e 44, nas justas reclamações dos habitantes dos bairros não servidos
por este melhoramento , que a Directoria vem apresentar a planta e as bases para a construcção de novas linhas

1
- 77

e a determinação de perimetro da area privilegiada, para que ella fique habilitada a satisfazer as aspirações dos
habitantes de novos bairros e a companhia possa caminhar tranquillamente, afastando para sempre as pretenções
desarrasoaveis, que de tempos a tempos vem entorpecer a sua marcha . ,

NOVAS LINHAS

« a ) Linha das ruas Aurora e S. João :


Partindo da linha de Santa Cecilia , no ponto de juncção das ruas do General Ozorio e S. João , por esta
rua até encontrar a linha actual na juncção desta com a rua do Visconde do Rio -Branco (antiga dos Bambús). »
« b ) Linha dos Campos-Elysios :
Partindo da juncção das ruas Aurora e Visconde do Rio Branco, seguirá por esta ultima até a sua juncção
com a alameda Ribeiro da Silva ou Glette, seguirá por esta ou aquella até a sua juncção com a do Triumpho
e por esta até encontrar os trilhos na rua Duque de Caxias. »
« Si houver conveniencia para o trafego, ligar-se-ha a linha dos Campos-Elyseos pela alameda Glette
e rua das Palmeiras á linha de Santa Cecilia . >
« c ) Linha do Bom Retiro :
Partindo dos trilhos na rua da Luz, seguirá pelo prolongamento da rua do Dr. João Theodoro, entre a Cor
recção e o Jardim Publico e outras ruas (sem nome) do bairro do Bom-Retiro , afim de bem servil-o ; podendo re
gressar pelo mesmo traçado ou por uma das ruas que o Exm . Marquez de Tres Rios projecta abrir ein seus ter
renos, ou outra qualquer rua. 1
d ) Linha da Luz, Pary, Braz e Moóca :
Partindo da actual linha da Luz, seguirá pelas ruas de S. Caetano ou Dr. João Theodoro, Monsenhor Andrade ,
Oriente ou Florida, Concordia e Visconde do Parnahyba, até a run de Piratininga, fazendo juncção com a linha
daquella rua . »
« e ) Linha da rua Vinte e Cinco de Março.
Partindo da juncção das ruas Conselheiro João Alfredo e Vinte e Cinco de Março , seguirá por esta ultima
e travessa do mesmo nome a encontrar os trilhos da rua Florencio de Abreu , ,
« Esta linha deixar-se -ha de construir, si a tracção na ladeira do Palacio fôr modificada. »
« f ) Linha da rua do Quartel :
Partindo dos trilhos na juncção da rua do Theatro e Quartel , seguirá por esta ultima, travessa e largo da Sé
ou ruas de Santa Thereza e Esperança até aos trilhos do largo da Sé . »
« 8 ) Linha da Gloria :
Partindo dos trilhos na juncção da rua da Tabatinguera e travessa da Gloria, seguirá por esta ultima
e rua da Gloria até a sua juncção com a rua Barão de Iguape . >
« h ) Modificação da linha de Santa Cecilia :
A parte da linha da rua do General Ozorio será removida para a rua Duque de Caxias , entre as ruas de S. João
e Guayanazes . »
« i ) Linha para a collina do Ypiranga :
Esta linha será construida na alameda que o Governo da Provincia projecta abrir, ligando o monumento
do Ypiranga ao bairro da Mooca . »
« Os trilhos só serão collocados depois que o aterro da referida alameda achar- se bem solidificado . »
« ; ) Fica a Companhia autorisada a construir as linhas duplas e os ramaes necessarios ao regular funccio
namento e estacionamento dos carros . >
« k ) Fica a Companhia autorisada a modificar o systema de tracção ora adoptado na rêde de suas linhas
de carris de ferro ; podendo esse systema ser parcial ou total . »
« 1 ) A Companhia fica autorisada a construir uma ou mais linhas de carris de ferro dentro do seu perimetro
privilegiado , além das enumeradas acima. »
« m ) Uma vez construido o viaducto do Chá, a Companhia poderá construir linhas de carris de ferro
que dêm communicação mais rapida e mais facil aos bairros da Consolação, Santa Cecilia, Campos-Elyseos e Luz, »
( n ) Determinação do perimetro previlegiado :
Fica a Companhia Carris de Ferro de S. Paulo com direito exclusivo de só ella construir , custear e gosar
linhas de carris de ferro dentro do perimetro seguinte: - Partindo da juncção das ruas da Liberdade e S. Joaquiin ,
seguirá por esta ultima, rua da Gloria, Lavapés, Cambucy e estrada que vai ter ao monumento do Ypiranga ;
do monumento, por uma linha recta , á egreja da fregueria da Penha de França; deste ultimo ponto, por uma recta
normal, ao rio Tieté ; por esta abaixo até a Ponte-Grande ; deste ponto á estação da Agua-Branca, da Estrada
de Ferro Ingleza ; deste ponto á juncção da estrada dos Pinheiros (prolongamento da rua da Consolação) e rua
da Real Grandeza ; por esta ultima até encontrar a estrada de rodagem de Santo Amaro e deste ponto ao ponto
inicial da rua da Liberdade. »
« 0 ) Praso para começo e conclusão das linhas :
Da data da assignatura do presente contracto a seis mezes serão iniciados os trabalhos de construcção
das linhas e serão concluidos no praso de trinta e seis mezes . »
- 78

« P ) O tempo que a Companhia perder na obtenção da licença da Cainara Municipal para assentamento
de trilhos e o motivado por força maior devidamente justificada, não serão contados nos prasos para começo
e conclusão das obras. »
9 ) A bitola de suas linhas de carris de ferro continua a ser a de um metro e cinco centimetros entre
trilhos. »
Ⓡ 1 ) Este contracto importa innovação dos contractos firmados em 12 de Abril de 1871 e 29 de Novembro
de 1871 , >

Examinada esta proposta, declarou o meu antecessor, Conselheiro Rodrigues Alves , como se pode vêr
de seu Relatorio de 27 de Abril , á pagina 45 , que estava resolvido a fazer a concessão , sem todavia dar a zona
privilegiada pedida , indicando as clausulas e obrigações que lhe pareceram necessarias para a effectividade
da concessão, assim como as alterações que se deviam fazer nas condições da proposta.
Essas alterações eram as seguintes :
« e ) Linha da rua Vinte e Cinco de Março :
Substitua-se --a partir do Mercado, na rua Conselheiro João Alfredo, a actual linha do Braz , seguirá em via
dupla pela rua e travessa Vinte e Cinco de Março , a entroncarem nas linhas da rua Florencio de Abreu, suppri
mindo -se o trecho da ladeira do Palacio . »
« ; ) Substitua-se :
Fica a Companhia obrigada a construir, no praso que lhe fôr determinado, os desvios , linhas duplas ramaes
que , a juizo do Governo, forem necessarias ao regular movimento e estacionamento dos carros , sob pena de incorrer
na multa de 1 :000 $ ooo por mez , depois de expirado o praso . »
k ) Accrescente-se :
.. , e ficando entendido que o systhema que houver de ser adoptado , será préviamente approvado pelo Go
verno .
« 1 ) Substitua - se :
A Companhia será obrigada a construir , além das novas linhas determinadas na planta junta, quaesquer
outras que forem exigidas pelas conveniencias do publico , a juizo do Governo : devendo iniciar as obras de cons
trucção no praso de seis inezes, a contar da data da intimação ou aviso , e a concluil-as no tempo que fôr deter
minado. »
« Esta parte como complemento da-- ;. »
« m ) onde diz : - poderá construir, -diga-se : - deverá construir.
« n ) Substitua -se :
O facto de recusar-se a Companhia a construir as novas linhas que pelo Governo forem exigidas, de accôrdo
com as clausulas indicadas, por entender que não convém aos seus interesses, importa formal renuncia do privilegio ,
com relação ás linhas recusadas, as quaes poderão , em tal caso , ser concedidas a outros que se proponham
a construil-as.
« E mais :
« Suppressão do trecho entre o largo do Thesouro e a estação do Mercado . »
« Estabelecimento de linha dupla entre a estação do Mercado e a do Norte, pelo Gazometro. >
« Construcção de um ramal que ligue a linha do Gazometro á do Aterrado, passando pelas ruas Maria
Domitila e Monsenhor Anacleto , de modo que, todos os bonds do Braz, Mooca e Immigração partam do largo de
S. Bento , em vez de atravessarem as ruas de S. Bento e Imperatriz, descerão pela Florencio de Abreu e Vinte
e Cinco de Março até o Mercado e dahi seguirão o caminho actual , os do Braz ; -- os da Mooca irão pelo ramal
de Monsenhor Anacleto e os da Immigração pelo Aterrado . »
« Os horarios devem ser organisados de modo que fique estabelecida sempre correspondencia de uma para
ontras linhas , coincidindo a chegada e partida de diversos bonds. »
« A companhia reduzirá desde já o preço das passagens, que serão assim reguladas : -- 10 réis pelos pri
meiros 2.000 metros, a contar do ponto de partida de cada uma das linhas construidas ou que houverem de cons
truir, e mais 100 réis por cada dous kilometros em diante. »
« O espaço comprehendido entre as linhas e o de 25 centiinetros por cada lado exterior, quando não haja
calçamento nas ruas ou logares em que forem assentados os mesmos trilhos, serão calçados a parallelipipedus nas
ruas do centro da cidade e pelo systema de alvenaria nas outras ruas e logares. »
Obrigação da conservação do calçamento . Não terá direito de embaraçar a renovação do calçamento por
parte da Camara e nem pedir indemnisação por cessação de trafego. »

A Companhia, entretanto, não deu solução alguma.


Succedendo na administração da Provincia o 1.0 Vice-Presidente, conselheiro Dutra Rodrigues , foi- lhe presente
o seguinte memorial , por parte da Companhia , recusando-se aquellas modificações.
Transcrevo tambem esse memorial :
« As modificações profundas feitas pelo Exm . Presidente da Provincia e as obrigações, que importain em
pesados onus , exigidas por elle como modificações nas bases apresentadas pela Companhia « Carris de Ferro de
S. Paulo » para a construcção das novas linhas, são tão lesivas aos interesses desta e sem a minima compensação,
como trataremos de demonstrar, que colloca a Companhia em uma posição tal qne é preferivel abandonar toda e
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qualquer idéa de construil-as, por quanto a renda da maior parte dellas não será sufficiente para fazer face ás
despezas, o que importa onus e onus para a Companhia por algum tempo. »
« Eis as modificações feitas nas bases apresentadas :
1.a Modificação. - Eliminação do trafego na ladeira do Palacio e cessação do trafego dos carros do Braz
Mooca e Immigração nas ruas da S, Bento e Imperatriz. »
Para essa modificação exige o governo que a Companhia construa uma linha dupla na rua e travessa 25 de
Março a partir do Mercado e entroncarem -se nas linhas da rua Florencio de Abreu , >>
« Os inconvenientes desta modificação são em maior escala do que ora se nota no trafego da ladeira do Pa
lacio ; sinão vejamos : o trafego de ida e volta pela rua e travessa 25 de Março e rua Florencio de Abreu , de
manda de uma ou duas chaves moveis para que as linhas sejam trafegadas, tanto pelos carros do bairro do Braz
como pelos que percorrem a rua Florencio de Abreu ; pela necessidade que ha aquellas de atravessarem na ida
ou na volta uma das linhas desta rua . »
< Ora , já são em numero elevado os carros que percorrem esta rua ; mesmo com o trafego normal, as pas
sagens são de quatro ein quatro minutos, sendo ainda esse intervallo diminuido com os carros extraordinarios de
tres em tres e de dous em dous minutos, nos dias santificados. »
<< Essa frequencia, na parte comprehendida entre o largo de S. Bento e travessa 25 de Março , tornar-se-ha
muito maior com os carros das linhas do Braz, Mooca e Immigração, fazendo o seu trajecto de ida e volta por
alli , como exige o governo . Ninguemn ignora os inconvenientes e perigos constantes de carros cruzarem linhas de
tanto trafego como é a da rua Florencio de Abreu , e isso não é tudo : o que é uma verdadeira ameaça á vida
dos passageiros é a collocação de chaves moveis entre duas ladeiras e sem ellas não se poderá fazer o trafego
exigido . Por mais cuidado e precaução que haja, nem sempre os carros descem rampas como aquellas com uma
velocidade minima afim de evitar descarrilhamento nas chaves, que , muitas vezes, com a simples oscillação produ
zida pela passagem de carros se deslocam e isso será sufficiente para um descarrilhamento. Assim tambem a ne
cessidade de maior velocidade, como ora se pratica na ladeira Florencio de Abreul , para dar maior impulso, com
especialidade aos carros carregados para mais facilmente galgarem a ladeira , será outra fonte de perigos, isto é ,
de encontros com os carros que cruzam as linhas, não obstante as precauções que deverão ser tomadas ; é para se
temer frequentes desastres, pois que os carros difficilmente passarão em rampas como aquellas sem imminente perigo , »
« Tratando-se, como está na boa intenção da Companhia, e é de esperar que tambem esteja na do governo,
de melhorar as condições do trafego na ladeira do Palacio, não é justo e nem razoavel que se vá construir linhas
com inconvenientes ainda peiores do que os da actual . O meio mais pratico e expedito para minorar as incon
veniencias do trafego na ladeira do Palacio, não é abandonal-a, mas sim trafegal-a em uma só direcção, isto é ,
fazerem os carros das linhas do Braz, Moóca e Immigração a sua descida por alli e subida pela rua e travessa
25 de Março , como em tempo a directoria requereu ao governo . »
« Deste modo, dividir-se-hia o trafego , quer na ladeira, quer 12 rua de S. Bento, Imperatriz e Florencio de
Abreu . Accresce ainda a circunstancia de ter a Companhia ultimamente firmado contracto de arrendamento de
parte da Igreja do Rosario para ponto dos seus bonds. A não passagem destes carros pelo largo do Rosario im
porta não pequeno prejuizo á Companhia . »
2.a Modificação . - Obrigação da Companhia construir os desvios, linhas duplas , ramaes e linhas novas que
a juizo do governo forem necessarias para o movimento e estacionamento dos carros. »
« Embora seja um dos mais importantes deveres do governo zelar e tomar medidas que garantam o bem
estar da população , pensamos que esse dever tambem se impõe, no caso vertente e por sua natureza, á Compa
nhia « Carris de Ferro » , e a ella mais do que ao governo cabe tomar medidas que tragam commodidade ao pu
blico e regularidade ao trafego, porque é do publico exclusivamente que depende a sua prosperidade. As obras
de detalhes , como sejam : desvios, linhas duplas e ramaes para o estacionamento dos carros devem ficar á discri
pção da Companhia, porque ella , melhor do que o governo , saberá os pontos que melhor convem , desde que
esses pontos não tragam embaraço ao transito publico. No entretanto o governo lança uma barreira insuperavel
na estrada que tão esperançosa percorre a Companhia c diz : só farás desvios, linhas duplas, ramaes e linhas
novas que a meu juizo entender necessarias !!! »
« Esta obrigação imposta pelo governo é um golpe de morte para esta empreza, pois que, uma vez tomada
tal obrigação, a sua vida poderá ser de onus sobre onus com construcção de linhas que não offereçam a menor
remuneração aos capitaes nellas compromettidos. »
3.2 Modificação . - Submetter préviamente á approvação do governo a modificação do systema de tracção ora
adoptado para um outro mais aperfeiçoado. ,
« E ' justa e razoavel esta modificação . »
4.8 Modificação . -Exige o governo a substituição da expressão « poderá construir » pela « deverá construir »
em relação ao estabelecimento de linhas pelo projectado « Viaducto do Chá. »
Si dissemos e poderá construir » em logar de « deverá construir » foi por ser o projectado « Viaducto do
Chá » propriedade de uma empreza particular, e portanto , desde que a Companhia tomasse compromisso solemne
para com o governo de construir linhas pelo referido << Viaducto » , ficava ella sujeita ás imposições desarrazoaveis
que por ventura lhe quizesse impôr aquella outra companhia pela passagem dos carros. »
5.a Modificação . - O governo acceitando a proposta da Companhia para a construcção de uma linha dupla
pela actual linha do Braz , modificou -a da seguinte maneira : os carros do Braz seguirão pela actual linha, os da
Mooca , por um novo ramal pela rua Maria Domitila e Monsenhor Anacleto e os da Immigração pela do Aterrado .
« Ora , com uma linha dupla o trafego é feito perfeitamente pela actual linha independente de novos ramaes
e não ha portanto razão que os justifique, pois que exige-se uma linha dupla para facilidade do trafego, o que é
medida acertada, porém ao mesmo tempo exige-se que os carros de tal e tal linha trafeguem novos ramaes ! »
« 6.2 Além das modificações acima, eis outros pesados onus :
80
1

a ) Reducção desde já do preço de passagens a 100 réis pelos primeiros 2.000 metros, a contar do ponto
de partida de cada uma das linhas já construidas ou que se houverem de construir, e mais 100 réis por cada dous
kilometros ein diante.
b ) Suppressão do trecho da linha na ladeira de Palacio e cessação do trafego dos carros do bairro do
Braz , nas ruas Imperatriz e S. Bento .
c ) Obrigação de calçar entre trilhos e om , 25 de cada lado exterior pelo systema de parallelipipedos, nas
ruas centraes e pelo systema de alvenaria nas outras ruas a logares ; obrigação de conserval-os, de não embaraçar
a Camara e nem pedir indemnisação pela suppressão do trafego, quando ella queira renoval-os.
d ) O facto de recusar a Companhia construir as novas linhas que, pelo governo forem exigidas , importa
formal renuncia do privilegio em relação ás linhas recusadas , as quaes poderão em tal caso ser concedidas a
outros que se proponham a construil-as. »
« A simples leitura desses onus, sem offerecerem a minima compensação, dispensa qualquer commentario
a respeito : é o que fazemos. »

O Conselheiro Dutra Rodrigues esforçou -se por chegar a accórdo com a Companhia , mas tambem nada
conseguiu .
Este era o estado da questão , por onde se reconhece que nenhuma culpa cabe ao governo , e que sómente
por não estar ao facto do que tem occorrido , podia o Conselho Fiscal attribuir a outrem , que não á mesma Com
panhia, as justas queixas do publico e os prejuizos que advêm á Companhia por falta desse melhoramento, quando, ha
poucos dias, foram -me entregues as bases de contracto que se seguem :
« a ) A Companhia propõe-se a dividir as linhas de carris de ferro em secções , reduzindo o preço de pas
sagem a 100 réis em cada uma secção. As diversas linhas ficarão divididas como segue-se :
a ) Linha da Ponte Grande terá por primeira secção o percurso do largo do Rosario á cancella da Estrada
de Ferro Ingleza, na rua da Estação e vice-versa. A sua segunda secção será da cancella á Ponte Grande ( ponta
dos trilhos ) e vice-versa .
b ) Linha de Santa Cecilia terá por primeira secção o percurso do largo da Sé á Estação de passageiros da
Companhia Ingleza e vice-versa . A sua segunda secção será da Estação a Santa Cecilia , na juncção das ruas de
Santa Cecilia e Dr. Abranches e vice -versa . A sua terceira secção ( para os carros que fazem a volta ) será da
juncção daquellas ruas á Igreja da Consolação e vice-versa .
c ) Linha da Liberdade terá por primeira secção o percurso do largo do Rosario ao largo Municipal, na juncção
das ruas do Theatro e Esperança. “ A sua segunda secção será deste ultimo ponto á rua da Liberdade, na juncçãol
com a de S. Joaquim ( ponta dos trilhos) e vice-versa.
d ) Linha da Consolação terá por primeira secção o percurso do largo da Sé á juncção das ruas Episcopa
e Raphael Tobias e vice-versa . A sua segunda secção será deste ultimo ponto á Igreja da Consolação e vice -versa.
A sua terceira secção (para os carros que fazem a volta ) será deste último ponto á juncção das ruas de Santa
Cecilia e Dr. Abranches em Santa Cecilia .
c ) Linha da Moóca terá por sua primeira secção o percurso do largo do Rosario á egreja , na rua do Braz,
e vice-versa. A sua segunda secção será da egreja á cancella da Estrada de Ferro Ingleza, na rua da Mooca
( ponta dos trilhos) e vice-versa .
♡ Linha da Immigração terá por sua primeira secção o percurso do largo do Rosario á egreja do Braz
e vice-versa . A sua segunda secção será deste ponto á rua Visconde do Parnahyba, em frente á Hospedaria de Im
migrantes e vice-versa ,
g ) Linha do Braz terá por sua primeira secção o percurso do largo do Rosario á egreja do Braz e vice-versa,
A sua segunda secção será deste ponto á Estação da Companhia, além da Ponte - Prera, e vice-versa. A sua terceira
secção será deste ponto ao Marco de Meia Legua (ponta dos trilhos) e vice-versa . »
* B. - A Companhia obriga-se mais a construir, dentro do praso de trinta mezes , as seguintes linhas :
1 ) Linha do Pary, ligando o bairro da Luz ao do Braz ;
2) dos Campos- Elysios, servindo o bairro dos Campos-Elysios ;
3) >> da Gloria, servindo o bairro da Gloria e
4) >> do Bom -Retiro , servindo o bairro do Bom -Retiro. ,
« Em compensação a Companhia pede o seguinte :
I. --A descriminação clara e precisa da área privilegiada, e que deverá ser descripta pelo perimetro ligando
as pontas dos trilhos de suas actuaes linhas e o ponto de juncção da rua das Palmeiras e prolongamento da alameda
Ribeiro da Silva, isto é, como segue-se :
Da juncção da rua das Palmeiras e prolongamento da alameda Ribeiro da Silva aos trilhos, na juncção
das ruas Santa Cecilia, Pacaembú de Cima e D. Maria Antonia, deste ponto á ponta dos trilhos na rua da Liber
dade, esquina da rua de S. Joaquim ; deste ponto á ponta dos trilhos na rua da Mooca, junto á cancella da Estrada
de Ferro Ingleza : deste ponto á ponta dos trilhos no Marco da Meia Legua ; deste ponto á ponta dos trilhos
na Ponte-Grande, e finalmente deste ponto ao ponto inicial da rua das Palmeiras. Dentro desta zona só a Com
panhia póde construir linhas.
II.-A Companhia poderá construir linhas simples e duplas, ou tornar as actuaes duplas, desvios e ramaes
para estacionamento de seus carros, quando julgar conveniente, dentro do perimetro privilegiado, independente
de nova autorisação do Goverro .
Fica entendido que a Companhia fica autorisada a trafegar só num sentido e mesmo a não trafegar trechos das
linhas actuaes , desde que com o assentamento de novas linhas, encurte distancias entre dous pontos dados,
podendo levantar os trilhos existentes , si assim convier, sem que por isso perca o direito sobre essa directriz.
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III . - Si a Companhia não construir dentro do praso estipulado as novas linhas que por este contracto
se obriga, incorrerá em uma multa de 100$ooo por cada mez que exceder, ficando entendido que por essa falta
ella não perderá o direito sobre ellas.
IV-Findo o privilegio da Companhia, ella entrará em livre concurrencia com quaesquer outras empresas
que se estabeleçam, ficando entendido que a livre concurrencia em nada affectará a propriedade absoluta da Com
panhia sobre as suas linhas , trafego, estações , casas, e quaesquer outros bens que a esse tempo tenha ou possa ter.
V-- A Companhia fica antorisada a transformar parcial ou totalmente o seu actual systema de tracção por
um outro mais aperfeiçoado.
VI. - A reducção do preço de passagem só entrará em vigor depois de approvado pela Assembléa Provincial
o contracto . Si a Assembléa negar a descriminação da área privilegiada , caducará o contracto.
VII - A Companhia fica autorisada a trafegar em suas linhas carros mixtos para passageiros descalços e cargas.
VIII --No caso de divergencia na interpretação das clausulas do contracto entre as partes contractantes ,
recorrer -se-ha ao arbitramento. >

Apresso -me, pois , a responder, attendendo ao grande empenho em que todos devemos estar de resolver estas
questões, no interesse do publico e da propria Companhia, que, estou certo , deve ter comprehendido quanto lhe
convém ceder ao menos em algumas das razoaveis exigencias da população.
Data de mais de 17 annos o seu primitivo contracto , e nesse periodo a Capital tem - se transformado , para
melhor, de um modo fóra do commum .
Estou prompto a acceitar a renovação dos contractos mediante as alterações que se seguem , feitas na proposta :
A --- Supprima- se a 3.a secção. Importaria ella augmento de 100 réis , passando a ser de 300 réis o trajecto
que o publico está na posse de fazel -o por 200 réis, o que levantaria justo clamor, tanto mais quando é expresso
na clausula 3.a do contracto de 29 de Novembro de 1871 não poder a Companhia elevar o maximo de seus preços
de passagens a mais de 200 réis. Entretanto, não faço questão quanto ás linhas novas, ' onde se poderá estabelecer
tres e até mais secções, conforme o seu percurso e transito .
Actualmente a linha do Marco da Meia Legua é uma das mais concorridas, e geralmente por operarios
pobres, que residem fóra do centro da cidade, por não poderem pagar aluguel de casa muito elevado . Oneral-os
com mais 100 réis de vinda e 100 réis de volta, diariamente, revogando para isso o Governo o contracto que tem
com a Companhia , seria praticar um acto por demais censuravel.
B - Os prazos de começo e conclusão das obras serão fixados por occasião de serem approvadas as plantas
das novas linhas.
I. Substitua-se pela clausula seguinte :
O privilegio da Companhia consiste em nenhum outro individuo ou empresa, durante o prazo do privilegio ,
poder assentar outras linhas ao lado das suas com direcção ao mesmo ponto, sem que fique privado , entretanto ,
de cortal-as em um ou mais logares , ou acompanhal-as mesmo, em pequena distancia , quando as ruas ou estradas
o permittam , comtanto que se dirijam a ponto sempre diverso .
§ Para este effeito valerá a collocação actual de suas linhas , e as que de futuro estabelecer, depois de appro
vadas as plantas pelo Governo.
§ Não se dá em caso algum privilegio de zona .
II. Mude-se a redacção para esta :
A Companhia poderá construir linhas simples e duplas, ou tornar as actuaes duplas , desvios e ramaes para,
estacionamento de seus carros, e por conveniencia publica , mediante proposta e approvação do Governo, ficando
desde já resolvido :
a ) Linha dupla entre o Mercado e a Estação do Norte ;
6 ) Construcção de um ramal passando pelas ruas Maria Domitilla e Monsenhor Anacleto, para servir a linha
da Mooca,
E' uma exigencia do Conselheiro Rodrigues Alves , com que estou de accórdo .
Na linha do Braz passam os carros da Estação do Norte, do Marco da Meia Legua, da Immigração
e da Mooca , e deverão passar os de novas linhas, com agglomeração do serviço na rua do Gazometro, emquanto
que os moradores de uma parte muito povoada da rua do Braz, da egreja para a cidade, das ruas da Figueira,
Carneiro Leão , Maria Domitilla e Monsenhor Anacleto precisam ir tomar o bond na rua do Gazometro , ou deixar
de usar desse meio de transporte , andando pelo aterrado do Braz.
$ Si a Companhia deixar de trafegar trechos de suas linhas actuaes , desde que, pelo assentamento de novas
linhas, por encurtar distancias entre dous pontos dados ou por outras causas, não se tornem ellas necessarias mais ,
deverá levantal-as , perdendo o privilegio sobre essa directriz.
III- Substitua-se :
Si a Companhia deixar de sujeitar á approvação as plantas das novas linhas no prazo de sessenta dias
ou si , apresentadas, não forem approvadas, dentro de trinta dias , por facto devido á Companhia, ou si , depois
de approvadas, não der começo ás obras em seis mezes e não concluil-as no praso que fôr concedido no acto
de approvação, em que se attenderá ao percurso das linhas e valor das obras, para o maior ou menor praso a es
tipular, importará isso formal recusa de preferencia e direito que lhe concedem este e anteriores contractos, podendo,
em tal caso, serem contractadas com outros individuos ou emprezas que se proponham a construil-as em iguaes
condições .
§ Os prazos poderão ser espaçados até o duplo do que fôr combinado , nunca por mais tempo, com obri- .
gação para a Companhia de pagar á Provincia 1:000 $ 000 por mez , ou parte de mez, que exceder.
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V. - Accrescente -se :
1 ficando entendido que o systhema que houver de ser adoptado será préviamente approvado pelo Governo .
VI. - Substitua -se pela clausula seguinte :
A reducção do preço de passagem entrará em vigor sessenta dias depois da assignatura do contracto ,
Tambem se deverá tornar patente :
a ) A obrigação que tem a Companhia de calçar e conservar o centro dos trilhos e vinte e cinco centimetros
de cada lado , nas ruas servidas por seus carros .
b ) A dependencia de approvação e revisão do horario dos carros em determinadas epochas .
c ) As obrigações do Fiscal do Governo, o modo de tornar effectivas as multas, seu maximo e seu minimo.
Nos termos destas modificações, com as quaes, supponho, não deixará a Companhia de concordar, pois é in
dispensavel que isto tenha um termo, e cada qual carregue com a responsabilidade de seus actos, fica marcado
á Companhia o prazo de trinta dias para resolver o que mais lhe convier, sob pena de ser tomada a sua recusa
como renuncia expressa de effectuar quaesquer dos novos melhoramentos reclamados pelo publico, dos quaes alguns
1 já estão autoris.dos por lei .
Deus guarde a VV . SS . - Pedro Vicente de Azevedo.-- Illms. Sors , membros da Directoria da Companhia
Carris de Ferro de S. Paulo .

Foi esta a resposta da Companhia :

Illin e Exm . Snr.- Cumprindo a determinação de V. Exc . em officio de 5 de Setembro proximo passado,
para declararmos no prazo marcado, si a Companhia Carris de Ferro de S. Paulo , acceita as condições impostas
para construcção de novas linhas, vêm os abaixo assignados, na qualidade de seus directores e de conformidade
com o parecer da commissão especialmente nomeada pela Assembléa Geral dos Accionistas, para o estudo dessas
mesmas condições, ponderar a V. Exc . :
Primeiro, que nas clausulas impostas esbulha -se a Companhia de direitos que já lhe foram reconhecidos
pelos governos provincial e geral , e por cuja resalva os abaixo assignados protestam , como protestam , contra qual
quer restricção que se lhe queira fazer.
Segundo, que, além disso , se sobrecarrega a empreza com um onus intoleravel, qual é a reducção de preço
de passagens, quando é certo que as despezas de custeio de suas linhas se aggravam pela condição topographica
desta cidade , cujo terreno accidentado torna o trafego muito mais difficil que em qualquer outro lugar, onde se
proporcionam planos ao desenvolvimento dos carris de ferro .
Terceiro , que todos esses onus são -lhe impostos para construcção das novas linhas, quando a maior parte
destas , por si , já constituem onus, que por muito tempo serão gravosos para a empreza .
Entretanto , com excepção dos que são mencionados em primeiro lugar, isto é, restricção dos direitos, que
tem a Companhia sobre suas linhas actuaes, acceilaria esta os outros encargos, si ein relação ás novas linhas The
fossem tambem concedidos os privilegios de área , ou qualquer outro, que lhe garantisse a sorte dos capitaes em
pregados, quando suas respectivas condições economicas, inclhorando, suscitassem a especulação sempre avida de
outras emprezas com detrimento dos interesses já empenhados nesta .
Si para semelhante concessão V. Exc . não se julgar autorisado , ficará ella dependente da approvação do
poder competente, a quem será submettido o contracto da concessão .
A Companhia nutre os mais sinceros desejos de promover o desenvolvimeeto de suas linhas, consultardo a
conveniencia publica, e neste intuito tem envidado seus esforços; mas, é bem de vêr, que a cada lembrança de um
interesse particular, traduzindo-se em um projecto adequado, não pode ella viver em continuos sobresaltos e collo
car -se na contingencia ou de realisal-os ou de tolerar a concurrencia que ha de aniquillar seus lucros razoaveis.
Si V. Exc. quizer mandar examinar a escripturação da Companhia, que não se recusará a essa fonte de
esclarecimentos, verificará , que as suas despezas de custeio são grandes e de impossivel retracção , e que seus lucros
tambem mantém - se em uma taxa muito baixa em relação á remuneração, que alcança o proveito do capital em
outros empregos analogos.
Tanto o fin da Companhia em attender aos interesses do publico é evidente, que nunca regeitou in limine
as condições impostas pelas diversas administrações, que precederam a de V. Exc . e, si até agora não tem podido
chegar a um accórdo , não é por sua culpa, mas porque, quando delibera acceitar as condições exigidas, encontra
na alta adıninistração, com a mudança do pessoal , a exigencia de novas bases, progressivamente mais onerosas á
sua empreza ,
Assim os abaixo assignados, como representantes da Companhia « Carris de Ferro de S. Paulo » , vêm mani
festar a V. Exc , o seu accórdo sobre as bases offerecidas, que acceitarão , si a V. Exc . parecer de justiça, que em
relação ás novas linhas, gosasse a Companhia dos mesmos direitos que já tem nas actuaes, para garantia de seus
capitaes .
Deus guarde a V. Exc . - II'm , e Exm . Snr. Dr. Pedro Vicente de Azevedo, Muito Digno Presidente da Pro
vincia de S. Paulo.-- Escriptorio da Companhia Carris de Ferro de S. Paulo, em 16 de Outubro de 1888. - Do
mingos Corrêa de Moraes, Presidente.---Martinho Prado Junior.-- Dr.G. Ellis.
S. Paulo, 13 de Setembro de 1888.- Illms. Snrs.-- A Commissão nomeada pela ultima Assembléa Geral dos
Snrs. Accionistas para dar parecer a respeito do novo contracto com o governo provincial , tendo estudado as exigen
cias da Exma. Presidencia da Provincia, publicadas no Correio Paulistano de 8 do corrente, pensa que estas são
ainda maiores do que as das administrações anteriores, e de tal forma contrarias aos legitimos interesses dos ca
pitaes representados pela Companhia, que os Snrs. Accionistas não podem annuir a
Com effeito, reduzindo a questão aos pontos capitaes, póde ella ser resumida assim :
83
1
O governo , no louvavel intuito de favorecer ainda mais os interesses do publico , desejava que a Companhia
reduzisse de 200 a 100 réis as passagens em linhas que representam o maximo do seu trafego .
A Companhia, pelo seu lado, apezar de que a exigida reducção de passagens importasse em uma diminuição
de cerca de 19 contos de reis ou quasi 30 % de sua renda, liquido annual, o que abaixaria seus dividendos a pouco
mais de cinco por cento ao anno , na esperança de que com o crescimento de S Paulo, o dividendo havia de su
bir no andar do tempo, annuia a essa reducção, com tanto que lhe ficasse garantida absolutamente uma certa zona
dentro da qual só ella pudesse fazer o serviço de transportes por carris de ferro , durante o prazo do seu privilegio.
A razão deste pedido é o seguinte : -Sem o privilegio de zona a Companhia ficaria collocada em condições
inferiores ás que de futuro se estabelecessem , porquanto estas só serão viaveis quando o trafego representar para ellas
renda equivalente a 7 ou 8 % ; entrarão pois em plena concurrencia com a actual companhia que, nessa hypothese,
terá tido contra si um periodo durante o qual não recebeu sinão 5 % ou talvez menos, o que não seria justo .
O privilegio de zona era pois a unica compensação possivel ao sacrificio da renda que a Companhia se pro
punha fazer, reduzindo suas passagens á metade do que cobra actualmente e as novas linhas de pequena remune
ração , que se compromettia a construir.
S. Exc . não só declarou que não dá em caso algum privilegio de zona , como exige que a Companhia abra
mão de parte do privilegio que tem actualmente, consentindo que suas linhas sejam cortadas em um ou mais lu
gares e que corram linhas paralellas a suas, em pequenas distancias ,
Isto equivaleria a reduzir o privilegio da Companhia a cousa inteiramente van e sem proveito para o publico ,
apezar do que allegam interessados no contrario ; porquanto :
Soube a commissão que existem propostas com promessa de reducção de passagens a 100 réis : si essas
propostas fossem garantidas com multas ou com o deposito do capital necessario para realizar a obra , como acon
tece com a Companhia que os abaixo assignados representam , então teriam pezo .
Não importando, porém , em prejuizo algum o seu não cumprimento , ellas não têm economicamente nenhum
valor, como a storia da concurrencia por da parte o demonstra, mesmo em companhias que aqui se tem exposto
a publica subscripção.
Em emprezas novas a imaginação entra muitas vezes como principal factor ; e a estatistica demonstra que
apenas 50 % das que se offerecem ao publico são solidamente viaveis.
No caso actual o facto existente é este : a nossa Companhia, apezar de estar já estabelecida, e ter linhas
superiores ás de qualquer outra que aqui se estabeleça , não pode actualmente supportar a diminuição das passagens
sem reduzir seus dividendos reaes a pouco mais de 5 % .
Este facto demonstra que a companhia nova não o poderá fazer em melhores condições,
E ' certo que o capital da Companhia que representamos acha-se actualmente onerado com as acções bene
ficiarias.
Esse onus, porém , não é superior ao crescimento do valor das terras e propriedades em S. Paulo , de modo
que as acções beneficiarias representam um valor real e é : --0
-- augmento que teve a propriedade da Companhia no
tempo decorrido entre o seu primeiro estabelecimento e o actual , o que não aconteceria com as novas.
O alto e merecido conceito que a todos os respeitos gosa o distincto paulista que se acha á testa da admi
nistração da Provincia, colloca esta commissão em posição acanhada e por isso ella vacilou muito antes de declarar
inacceitaveis as exigencias feitas por S. Exc. Parece, no entretanto, que os dous argumentos principaes que actuarain
no animo do distincto cavalheiro , foram : 1.0 as propostas dos que pretendem novas concessões, e que para con
seguil-o offerecem -se mas não garantem ( por deposito de capital ) a acceitar as concessões com as passagens redu
zidas : que o valor economico destas promessas é illusorio , já nós o demonstrámos. O segundo argumento parece
ser a prosperidade crescente das companhias de carris de ferro do Rio de Janeiro. Um dos signatarios deste pare
cer acaba de investigar pessoalmente na Capital do Imperio as grandes differenças que existem entre as condições
do trafego urbano dalli e daqui, que podem ser summariadas no seguinte : 1.9, população compacta, quando a de
S. Paulo é extremamente espalhada, resultando disto que os carros desta ultima, apezar de muito mais espaçados,
quasi sempre viajam com metade da lotação , excepto nas horas que são poucas, em que a população afflue ou
retira- se do centro da cidade ; 2. " , forragens, que no Rio são quasi 30 ° % mais baratas do que em S. Paulo ; 3.9,
ausencia de declives : é sabido que uma tonelada de peso , puchado em nivel morto em comparação com tracção
em declives com gredientes de 2 , 4 , 6, até 9 , por cento, como aqui temos, exige o dobro , o triplo e muito mais
do esforço mechanico ; disto resulta que a despeza sobe desmedidamente, não só porque é necessario augmentar os
animacs, como porque, com o grande esforço que delles se exige, sua vida media em vez de ser de 8 annos fica
reduzida a 4 , exigindo portanto da Companhia o duplo de despeza para remonta . Julgamos acertado que a di
rectoria peça a attenção do digno administrador da Provincia para a enorme desproporção que existe entre nossa
renda liquida e nossa despeza , como ainda se vê no ultimo relatorio , porque esse dado extremamente eloquente
para mostrar as condições reaes do trafego em S. Paulo, e quão illusorias são as promessas daquelles que, não
tendo experiencia do assumpto , julgam poder fazer mais do que nos .
E' sem duvida grande beneficio reduzir passagens de 200 a 100 réis e , si a Companhia o pudesse fazer, sem
garantia de zona , ella o faria. - Cumpre porém não esquecer que a passagem de 200 réis é hoje a representante da
que ha alguns annos atraz custava até 3 $000 ( como por exemplo, uma passagem do largo da Sé á Santa Cecilia , ao
Marco da Meia Legua, da Ponte Grande å Liberdade, etc.) que foi graças a essa facilidade de trafego que a cidade se
expandiu . —A ' vista do exposto , somos de parecer que o unico expediente que nos resta é o dos fracos ; isto é : resi
gnarmo -nos a continuar na posição precaria em que nos achamos, pois é isso preferivel a acceitar o grande numero
de linhas sem remuneração a que ficariamos obrigados, augmentando nossas despezas sem augmentar actualmente nossas
rendas, e sem segurança de augmental-as no futuro , á vista da recusa formal de zona privilegiada. — Deus Guarde
a V. SS -Mms Snrs. Presidente e mais Directores da Companhia Carris de Ferro de São Paulo .-- Eleuterio da
Siva Prado. - 7. V. Couto Magalhães. - 0 Dr. Domingos Jaguaribe Filho deixa de assignar por estar ausente.
84

Em vista desta resposta , dirigi- lhe mais este officio :


4.a Secção.--Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 8 de Novembro de 1888. --- Illms. Snrs . - Com
o officio dessa Companhia datado de 16 de Outubro findo, e recebido na Secretaria do Governo a 30, fiquei intei
rado de não convir á mesma Companhia, pelos motivos que expende, manter a sua proposta de novas linhas com
as modificações constantes de meu officio de 5 de Setembro ,-- deixando assim entendido que, salvo condições que
exige, desiste de garantia de zona para só ella poder construir linhas dentro da cidade, --por considerar onus in
toleravel, os prolongamentos ou construcções que o seu Conselho Fiscal a 14 de Agosto anterior, assignalára como
justa queixa do publico , culpando a Administração da Provincia pela falta de sua realisação , que, então, suppunha
em prejuizo da Companhia.
Este pronunciamento era indispensavel, para que não se dissesse que a Companhia se tenha constituido embaraço
á satisfação de melhoramentos reclamados, porquanto , como sabem VV . SS. , não são poucos os pretendentes a em
prezas com o fim de effectuar esses melhoramentos, apezar de onerosos, do que a Companhia tem provas por di
versos projectos de lei não sanccionados e recursos interpostos de deliberações da Camara Municipal desta Capital,
conforme os Actos de 21, 24 e 30 de Abril de 1886, 26 de Março deste anno , e despachos de 15 de Fevereiro e
25 de Junho de 1884 , 26 , 29 de Março e 6 de Abril de 1887 .
Em todos os provimentos em favor da Companhia , a Administração da Provincia concluio sempre convi
dando-a para a realisação das obras projectadas, visto não ser o seu privilegio para que possa impedir o beneficio
publico, no uso de novas linhas de carris de ferro, mas para , em igualdade de condições, ser - lhe data preferencia,
Confio , pois, que a resposta de 16 de Outubro, a que me refiro , terá posto termo a todas as pretenções desarra
zoaveis, seja qual for sua procedencia, no interesse da Companhia e do publico em geral.—Deus Guarde á VV . SS.
- Pedro Vicente de Azevedo . - Snrs. Presidente e Membros da Directoria da Companhia Carris de Ferro de S. Paulo.

Tal o estado da questão de novas linhas.


Por acto de 30 de Julho foi nomeado o Engenheiro Gabriel Militão Villa
nova Machado para o lugar de Fiscal desta Companhia, em cujo exercicio en
trou a 3 de Agosto ; sendo o Engenheiro Ricardo Alfredo Medina removido
para o lugar de Secretario da Directoria Geral de Obras Publicas.
Em 8 de Novembro foram approvados os novos horarios para os bonds ,
tanto no verão como no inverno .
O material rodante consta actualmente de 37 carros de passageiros com 4 ,
5 , 6 e 7 bancos ; um carro mixto, passageiros e correio ; I carro -bagagem ,
6 vagões de carga .
A extensão das linhas construidas attinge a 27 % .834,73 distribuidos pelos
ramaes e desvios .
Foi mudado o ponto dos bonds do Terraço Paulista , no largo de S. Bento ,
para o largo do Rosario .
Tem- se feito irregularmente o calçamento entre trilhos.
Para firmar a intelligencia das palavras agentes do correio e de policia, causa
de constantes duvidas com a Administração do Correio e a Secretaria da Po
licia , expedi as seguintes Portarias :
4.2 Secção .-- Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 12 de Novembro de 1888.- Illm . Snr.- Em
complemento da resposta de 18 de Outubro findo, dada á consulta de 5 de Setembro, em seu officio n . 107, de
claro-lhe que, tendo ouvido a Directoria da Companhia Carris de Ferro desta Capital e respectivo Engenheiro-Fiscal,
sobre a clausula 4.a do contracto de 12 de Abril de 1871 , resolvi instruir a V. S. quanto á intelligencia daquella
clausula, em relação ao correio , do seguinte modo :
A palavra agentes comprehende os empregados dessa administração em geral , quando em serviço externo ,
munidos de passes de V. S. , em que deve declarar o nome do empregado e a natureza do serviço . Os passes,
nestas condições, não poderão ser rejeitados pela Companhia ou seus agentes, salvo o direito de recurso ou re
clamação por infracção de leis, faltas ou abusos, que porventura possam occorrer. Não é , pois, a necessidade de
comparecimento á repartição que dá direito ao passe gratuito, mas o desempenho do serviço , como recebimento e
remessa de malas , distribuição de correspondencia, fiscalisação externa e outros, a juizo de V. S.
Não tem base, portanto , a pretenção da Companhia de circumscrever a palavra agentes unicamente a agente
de malas, conforme a sua expressão, para não se estenderem os passes além do empregado que acompanhar as
malas das estações de estrada de ferro á repartição do Correio e vice-versa.
Outrosim , segundo informa a Companhia, ella começou a receber do Governo, de 1881 em diante, 200 $ 000
mensaes, não para estabelecer linhas, mas, como indemnisação pelo sentido amplo que allega ter -se dado ás pala
vras agentes do Correio, e porque , sendo o seu contracto de 1871 , e aberta a Estação do Norte, depois daquella
data, não podia o mesmo contracto abranger tambem o serviço para aquella Estação .
Este arrazoado da Companhia - contraproducente, por ser ella propria que tem procurado fazer valer, por
mais de uma vez, em sua correspondencia official, como parte de seu contracto, as estações dos caminhos de ferro
e os suburbios posteriores a 1871, para que ninguem possa chegar a elles por meio de novas linhas - não servindo
85

para isental-a da obrigação de aceitar os passes de serviço do Correio , mostra, entretanto, que ella não desconhece
a interpretação que, a esse respeito , ha muitos annos, está sendo dada á mencionada clausula quarta do seu
contracto . E ' assim que , agora mesmo, diz a sua Directoria , não ter cassado passes, como se expressa V. S., mas
resolvido não emittil- os, o que é differente e razoavel mesmo, pois que essa emissão deve ser feita directamente por
V. S., conforme a letra do contracto, e não pela Companhia, cessando o accôrdo tacito , que parece ter havido para
este fim , entre ella e essa administração.
Deus Guarde a V, S. - Pedro Vicente de Azevedo . - Snr. Dr. Administrador do Correio .
Palacio do Governo de S. Paulo, 9 de Novembro de 1888. - Illm . Snr. - Em resposta ao officio de V. S. de 18
de Outubro findo , sob n . 661 , em que consulta sobre a intelligencia da clausula 4.a do contracto de 12 de Abril de 1871 ,
entre o governo da Provincia e a Companhia Carris de Ferro desta Capital , visto ter a Directoria desta , por seu Presi
dente, a uma requisição de passes feita por V. S. respondido, a 5 daquelle mez, que não attendia á solicitação por já
ter excedido o numero dos gratuitos concedidos á policia, declaro - lhe que, sendo expressa naquella clausula a obrigação
de transportar a Companhia, gratuitamente, os agentes ou empregados da policia, em serviço publico , quando muni
dos de passes da autoridade superior, sem limitação, não tem V. S. de solicitar taes passes, mas de expedil-os, sob sua
assignatura, sendo a Companhia e seus empregados obrigados a acceital-os, quando apresentados.-- Si, entretanto, por
accordo entre V. S. e a Companhia, por qualquer conveniencia desta , são os passes por ella fornecidos , corre á mesma
o dever de providenciar de modo que não seja embaraçado, em caso algum , o serviço publico, para o que V. S. lem
brará á Companhia que não se trata de favor, mas de obrigação - Deus Guarde a V. S.-- Pedro Vicente de Azevedo.
– Sr. Dr. Chefe de Policia .

II

DE SÃO PAULO A SANTO AMARO

A Companhia construiu 500 metros de linha , afim de remover para a es


tação da Villa Marianna o entroncamento do ramal do Matadouro , tornando
dupla esta parte , de modo a evitar o encontro de dois trens , que por falta de
signaes, podia verificar -se.
Os trilhos estão perfeitos, notando - se apenas alisamento no trecho entre
Villa Marianna e a Cidade, onde pelo menos transitam 40 trens diariamente .
Das machinas acha - se em concerto a n . 1 para a renovação de caixas e
bronzes . As demais conservam - se sem alteração .
Carece de augmento o material rodante , em virtude do crescente trafego
da Companhia, principalmente de cargas .
O movimento de passageiros , mercadorias, encommendas e animaes , du
rante o periodo do 1.º de Janeiro a 31 de Outubro do anno passado , consta
do seguinte mappa :

MOVIMENTO de Passageiros, Mercadorias, Encommendas e Animaes de 1.º de Janeiro a


31 de Outubro de 1888

Passageiros Mercadorias Encommendas e Animaes


MEZES
2.a Ida TOTAL
1.a Classe Vagão Importação Vagão Exportação Volumes Peso Cabeças
Classe e volta
T K T K K
Janeiro 22.578 8o3 23.381 38 31.156 40 267.989 78 849 262
Fevereiro 11.639 128 182 I1.949 53 .9.191 94 249.791 59 999 140
Março II.457 136 178 II.771 68 15.838 76 263.451 64 708 311
Abril 12.747 115 131 12.993 54 24.077 III 281.270 57 672 305
Maio II . 190 173 145 11.508 61 20.882 87 290.906 84 744 376
Junho 12,194 118 102 12.414 53 18.132 115 260.431 70 774 187
Julho 11.769 116 134 12.019 77 31.381 113 248.020 49 823 333
Agosto 11.765 205 109 12.079 79 17.811 108 271.629 89 600 242
Setembro 12.472 90 264 12.826 53 15.445 I 20 325.795 60 634 129
Outubro II.795 113 190 12.098 82 24. 385 124 332.339 71 595 241
129.606 1.194 / 2.238 133.038 618 208.298 988 2.791.621 681 7.398 2.526

NOTA.-- Em 5 de Fevereiro cemeçaram a vigorar os preços de passagens elevados , o que diminuio considera
velmente o numero de passageiros, mas teve o resultado esperado de ser a despeza excedida pela receita.
S. Paulo , 14 de Novembro de 1888.
O Director Superintendente,
Alberto Kuhlmann .
86

III

COMPANHIA CAMPINEIRA

O capital realisado desta Companhia é de 104 :000 $ ooo , divididos em 520


acções de 200 $ ooo cada uma.

O custeamento geral monta a 188 : 000 $ ooo , continuando a ser de 4 : 500$000


o fundo de reserva .

O passivo até 30 de Junho ultimo era de 7 : 2 20$000 .


As linhas medem cerca de 7 kilometros.

As despezas da empreza regulam 39 :000 $ ooo e, como o producto do tran


sito de passageiros attinja essa somma , deixaram - se de distribuir os dividendos .

IV

DE TAUBATE '

Nada tem occorrido de novo nesta Companhia, e , segundo informa o res


pectivo Gerente , os anteriores relatorios da Presidencia consignam os esclareci
mentos mais notaveis .

ILLUMINAÇÃO PUBLICA

COMPANHIA DE GAZ DA CAPITAL

A rêde geral dos encanamentos assentados pela Companhia abrange a ex


tensão de 72,339 metros correntes.

E ' , porém , necessaria uma revisão definitiva, que será a medição final por
aer

onde se firmará o censo de tudo quanto a Companhia de Gaz da cidade de


São Paulo tem construido.
Coooov

A taboa indicativa da rede de encanamentos é a seguinte :


Diametros em pollegadas Extensão
24.256
N
wA

3 30.227
4 3.755
5 4.843
6 4.934
1.475
8 322
9 167
1.264
1.096

72.339

Ha na canalisação 13 ramificações singulares, que se dirigem para os ex


tremos da cidade .

Verifica - se um augmento da canalisação no periodo attinente ao ultimo


exercicio , igual a 6.380 metros .
87

Estão assentados 1.315 combustores. Este numero não é ainda sufficiente.


A necessidade do augmento de illuminação é cousa incontestavel, attenta
a progressão constante das construcções , melhoramentos , população e corrente
immigratoria .
Dentro da propria zona servida pela illuminação ha não poucas ruas onde
esta é escassa e insufficiente, o que tem causado uma série de reclamações ,
todas procedentes.
Foi autorisado , em diversas datas , o assentamento de mais 19 combustores,
sendo : 5 na rua do Visconde do Parnahyba ; 2 no começo da mesma rua ; 4
na rua Benjamin Constant ; 2 no Largo do Rosario e 6 na rua Aurora .
No decurso do exercicio foram aferidos 613 registros de diversos tamanhos.
Destes , 393 foram vistoriados e aferidos pelo Engenheiro Ricardo Alfredo Me
dina e 220 pelo actual fiscal, Engenheiro Gabriel Militão Villanova Machado Junior.

A capacidade dos registros variou entre os typos de uma luz até aos de 50 .
O gabinete photometrico , dependencia necessaria da fiscalisação, não está
em condições de preencher os seus fins.
Carece de ser mudado para outro ponto .

O local onde está montado é deficiente e por demais acanhado. A sua


remoção e installação não excederão de una despeza de 3:000 $ ooo .
A fabrica preparou , de 1. ° de Novembro de 1887 a 31 de Outubro do
anno passado, 1.486,893 metros cubicos de gaz .
A producção no anno antecedente fóra de 1.276,241 . Houve , pois , um
augmento de 210,653 .

Já em 1881 o Exm . Snr . Marquez de Tres Rios , em seu Relatorio , declarou


que á Companhia restavam somente 6 annos de privilegio.

O Exm . Snr . Conde do Parnahyba, em seu Relatorio de 17 de Janeiro de


1887 , assim se expressava :
« Para cumprimento da lei n . 54 de 17 de Abril do anno proximo findo ,
e por ordem desta Presidencia , já se acha organisado e concluido o edital e
projecto de contracto , para a concurrencia que terá de ser aberta , em virtude
da referida lei , para o novo contracto da illuminação da cidade . O projecto de
contracto foi organisado tendo - se em consideração, o quanto possivel , a boa re
gularidade do serviço , supprindo - se as imperfeições e lacunas do que vigora
actualmente .

Para este projecto foi de grande auxilio o que serviu de base para o contracto
de illuminação , que actualmente está em execução na cidade do Rio de Janeiro ,
onde , á força de longa e custosa aprendizagem , conseguiu -se regular este ramo
do serviço publico de modo mais satisfactorio para os consumidores .
Sendo necessario , para firmar o novo contracto , organisar - se uma planta da
cidade com indicação da rede de toda a canalisação, com seus diametros respec
tivos , na qual fossem tambem mencionados os combustores publicos , mandei le
vantal -a pelo Engenheiro Fiscal e já está concluida .
Para arbitro por parte do Governo na avaliação do material da actual
Companhia, a que se tem de proceder, nomeei o Dr. Francisco de Salles Oli
veira Junior . >>
88

Tendo-se , porém , extraviado todo o trabalho feito para execução da citada


lei n . 54 de 1886 , no tempo da fiscalisação do Engenheiro Olavo Augusto Ro
drigues Ferreira , foi necessario recomeçal -o de novo : O que recommendei ao
Engenheiro Fiscal em Portaria de 3 de Setembro.
E porque a lei autorisa a se fazer um contracto provisorio com a Compa
nhia, emquanto não se effectuar o definitivo por meio de concurrencia, mandei,
pelo Secretario do Governo , em 20 de Outubro , convidal- a para um accordo
neste sentido .

A Companhia , porém , respondeu nestes termos :

« Companhia de Gaz de São Paulo , Limitada, 25 de Outubro de 1888. — Illın . Snr.-- Accuso o officio de V. S.
de 20 do corrente, no qual convida-me, na qualidade de representante da Companhia de Gaz de S. Paulo , a offe
recer proposta para o contracto provisorio da illuminação publica desta capital, emquanto não se apromptam as
bases da concurrencia para o definitivo , á vista da avaliação do material desta Companhia para ser indemnisado,
na conformidade da lei n . 54 de 17 de Abril de 1886 ; e em resposta , cumpre -me dizer, que, não considerando
findo o prazo do contracto desta Companhia , sinão contado de 3 de Outubro de 1870, o das obras , conforme os
contractos de 26 de Dezembro de 1863 , rectificado pelo de 10 de Julho de 1869 , e pelos despachos de 4 de Março
e 3 de Outubro de 1870, que devem constar dos livros da secretaria do governo, não acceito o convite .
« Já por officios de 21 de Agosto de 1882 e de 4 de Março de 1866, a Companhia , conhecendo o plano
de a prejudicarem no prazo de seu privilegio , representou ao governo, protestando por seus direitos ; e o governo
não contestou nas reclamações e protestos da Companhia, porque, em verdade, conforme as clausulas daquelles
contractos, e por força dos despachos citados, o prazo dos vinte e cinco annos não poderia correr sinão depois de
concluidas as obras no prazo de dous annos.
« E assim foi entendido o prazo do contracto congenere da illuminação da cidade do Rio de Janeiro, como
se poderá verificar do decreto n . 7,255 de 26 de Abril de 1879 , com referencia ao contracto assignado em 11 de
Março de 1851 com Ireneu Evangelista de Souza , tambem por 25 annos, e mais o prazo de 4 annos para o com
plemento das obras necessarias : promptas as obras, a illuminação foi inaugurada em 21 de Abril de 1854 , por
não terem sido exgotados os quatro annos do prazo preliminar ; e desde a inauguração começou a correr o prazo
do privilegio por vinte e cinco annos .
« Nem de outro modo podia ser contado o prazo do privilegio .
< Por conseguinte, a Companhia não pode acceitar o convite feito por V. S. em seu officio de 20 do cor
rente, visto como a Lei n . 54 de 17 de Abril de 1886 não podia pretender a rescisão do contracto com esta Com
panhia, em contravenção manifesta da clausula vigesima segunda do mesmo contracto.
« E , para resalva de seus direitos , renovo , por parte da Companhia, o protesto de perdas e damnos, si fôr
violentada no gozo do privilegio .
« E , si a Assembléa Legislativa Provincial não approvou expressamente o contracto supplementar de 10 de
Julho de 1869 e os despachos ulteriores, approvou -os implicitamente votando nas leis annuaes do orçamento a des
peza para esse serviço ; e nem a Companhia tem nada a ver com a legalidade dos despachos presidenciaes, enten
dendo que a administração publica não podia estar faltando aos seus deveres , e verificando que a Assembléa Le
gislativa Provincial approvou as suas contas e não a accusou por crime algum relativo a este assumpto.
« Assim , rogo a V. S. que se digne levar ao alto conhecimento do Exm. Sr. Dr. Presidente da Provincia
esta resposta e este protesto , dando-me o resultado do que fôr deliberado , afim de transmittir á Directoria em
Londres,
« Deus guarde a V. S. - Illm . Sr. Dr. Estevam Leão Bourroul, dignissimo Secretario da Provincia . - James
Southall, representante da Companhia. »

Não sendo possivel conformar -me com esta intelligencia da Companhia ,


fiz dar- lhe a resposta seguinte :

Secretaria do Governo da Provincia de São Paulo, em 15 de Novembro de 1888.-S. Exc . o Sr. Dr. Presi
dente da Provincia, a quem transmitti a resposta que V S. se dignou dar ao officio que, de ordem do mesmo Exm .
Senhor, foi dirigido a essa Companhia, a 20 de Outubro ultimo, convidando - a a apresentar proposta para contracto
provisorio da illuminação publica desta capital, em quanto não se apromptam as bases da concurrencia para o de
finitivo, nos termos da lei n . 54, de 17 de Abril de 1886, depois de ouvir o Engenheiro Fiscal e examinar o as
sumpto do citado officio de V. S. , manda que lhe responda o seguinte :
O contracto entre o Governo e a Empreza de illuminação termina a 26 de Dezembro do corrente anno, pois
foi lavrado a 26 de Dezembro de 1863 , pelo prazo de 25 annos, conforme a clausula 22a . O que V. S. chama
rectificação de contracto, para espaçamento do privilegio, e falo não considerar este prestes a findar, são apenas
despachos, de favor é certo, mas para conclusão de serviços e não de novas concessões de privilegio.
E' assim que o acto de 1o de Julho de 1869 , a exemplo da nota á margem do contracto, datada de 27 de
Agosto de 1866 , declarando ter sido prorogado por mais dois annos o prazo para se tornar effectiva a illuminação
a gaz , tambem por sua vez prorogou , por mais dois annos, o prazo para conclusão dos trabalhos. Os despachos de
4 de Março e 3 de Outubro de 1870 fizeram ainda concessões quanto ao deposito como garantia da execução do
contracto e começo das obras.
89

Não ha, portanto , lei , acto ou despacho de qualidade alguma, augmentando os 25 annos do privilegio con
cedido pelo contracto. Assignado este, cessaram para o Governo as autorisações de que fez uso ( leis n . 545 , de
25 de Abril de 1856 , e n . 685, de 3 de Agosto de 1861 , art . 38 ) .
E, nestas condições, parece mais conveniente, mesmo no interesse da Companhia que V. S. representa, que ,
em vez de formular protestos que não dão e nem tiram direitos, acceitasse a cooperação que se lhe offerece para
um serviço do qual à Administração precisa cuidar e ha de fazel-o, quer a Companhia queira, quer não . Depois,
si V. S. entende conveniente propôr demanda judicial para liquidação do direito que presume ter, o Governo não
põe duvida em resalvar esse direito no contracto provisorio .
O facto de entrar a Companhia em accordo, facilitando o levantamento da planta detalhada de toda a
canalisação existente, e evitando duvidas na avaliação de seu material, poupar-lhe-hia encommodos e despezas,
ainda quando não queira ser concurrente ao contracto definitivo, como aliás lhe pode convir.
A Companhia bem comprehende que, quaesquer que sejam as decisões finaes dos tribunaes, em caso algum
o seu contracto deixará de ter fim ; seria questão de dois , tres ou mais annos, como quer, e a Administração desde
já se compromette a acceitar a sentença do poder competente para julgar.
Demais , nada impede á Companhia de recorrer ao arbitramento, a que se refere a clausula 26.a do contracto ,
emquanto está no tempo do privilegio, e, si forem procedentes suas razões de duvida sobre o praso , S. Exc . o Sr.
Dr. Presidente da Provincia poderá , por sua vez, acceital-o, decidindo -se a questão .
O Governo só quer o que fôr legal e justo ; o que não pode é deixar, por abandono, perpetuar -se o con
tracto , depois de acabado, com violação da lei , de obrigações e deveres a cargo do poder publico.-- Deus guarde
a V. S. - Illm . Sr. Representante da Companhia de Gaz desta capital.- O Secretario da Provincia , Estevam Leño
Bourroul.

Ao que a Companhia replicou :

Companhia de Gaz de São Paulo , Limitada, 20 de Novembro de 1888. — Illm . Snr. - Apresso -me a accusar
o officio de V. S. de 15 do corrente, e respondo : Mantenho tudo o que expuz em minha resposta de 25 de Ou
tubro proximo findo . Nem comprehendo que o ( ioverno pretenda contar o prazo dos vinte e cinco annos, incluindo
nestes os tres da clausula vigesima quinta do contracto assignado em 26 de Dezembro de 1863 . Neste contracto ,
ha dous prazos : o de tres annos, contados da data do mesmo contracto para realisar a illuminação a gaz ( clausula
vigesima quinta ); o de vinte e cinco annos, contados da data de inauguração do serviço da illuminação ( clausula
vigesima segunda ).
Si o Governo, em vez de rescindir o contracto, conforme lh'ò permittia a clausula vigesima quarta , pro
rogou por despacho de 27 de Agosto de 1866 o primeiro prazo, por mais dous annos, e, depois, ainda por con
tracto addicional de 10 de Junho de 1869 e despachos de 4 de Março e 3 de Outubro de 1870, prorogou -o
até 15. do ultimo mez, não pode agora tirar proveito do direito que naquelles tempos renunciara com acquiescencia
implicita da Assembléa Legislativa Provincial, que consignou annualmente fundos para o pagamento da Companhia.
Si fôra verdadeiro o principio invocado e adduzido no officio de V. S. que , « assignado o contracto de 1863 , ces
sariam para o Governo as autorisações de que fez uso (Leis n . 545 de 25 de Abril de 1856 e n . 685 de 3 de
Agosto de 1861 , art. 38 ) » , o contracto referido teria desapparecido em 26 de Dezembro de 1866 , conforme a clau
sula vigesima quinta ; e nullo teria sido o mais que foi praticado, até mesmo 0 contracto addicional de 10 de
Julho de 1869 . Conseguintemente, a Companhia estaria funccionando sem contracto valido, o que equivaleria a
não ter contracto algum !
Este simples enunciado patenteia que o argumento invocado e adduzido, de não poder o Governo alterar
cousa alguma, desde que foi assignado o contracto de 1863, prova de mais ; porquanto não existiria contracto
algum para o serviço da illuminação a gaz, e, não obstante o proprio Governo é a Assembléa Legislativa Pro
vincial o teriam reconhecido e applicado, desde que o serviço foi inaugurado. Assim , portanto , não podendo ser
confundido o prazo para as obras (clausula 25.a) e o prazo do privilegio (clausula 22. “ ), e não podendo este co
meçar sinão da data da inauguração do serviço, é visto que o contracto não pode ser considerado findo em 26
de Dezembro proximo futuro, mesmo na peior hypothese. Todavia, querendo dar uma prova do espirito de accordo
que me anima, vou levar ao conhecimento da Directoria em Londres, a proposta de arbitramento que o Governo
acaba de fazer por intermedio de V. S .; nada podendo eu resolver a esse respeito , não só porque, em principio,
o contracto , na clausula vigesima sexta , não cogitou sinão de duvida na execução do mesmo contracto , tendente
ao bom desempenho das condições nelle contidas, como sobretudo porque, na questão de estar ou não findo o
prazo do privilegio no dia 26 de Dezembro , está envolvida a existencia do mesmo privilegio , e o meu mandato
não abrange a faculdade de acceitar arbitramento para questão de tal natureza . Assim , communicando a V. S. esta
resolução e mantendo os pro'estos já feitos por perdas e damnos, aguardo as ordens da Directoria em Londres..
Deus guardo a V. S. --- Illin. Sr. Dr. Estevam Leão Bourroul, Dignissimo Secretario da Provincia .-- James Southall,
Representante da Companhia.

Como se vê, a Companhia persiste em confundir o espaço de vinte e cinco


annos do privilegio, contado do contracto (clausula 22.a) com o prazo concedido
para conclusão das obras e realisação da illuminação a gaz , ( clausula 259 ) .
Parece , pois , que não quer accordo : o que me obriga a proseguir nos
preparos da execução da lei .

Segundo informa o Engenheiro Fiscal, a Companhia pôz á sua disposição


a planta detalhada da canalisação existente , para o effeito de sua avaliação , o
que reduziu a 1 : 650$000 as despezas de verificação que tive de autorisar, além
12
-- 90

de um auxiliar de escriptorio e contabilidade, por dous a tres mezes, tempo em


que calculo estará concluido o trabalho.

II

COMPANHIA CAMPINEIRA DE ILLUMINAÇÃO A GAZ

O passivo desta Companhia até 30 de Junho ultimo era de 27 : 674 $ooo .


O custeamento geral tem regulado 120 : 000$000 por anno e a renda bruta
170 : 000 $ ooo , mais ou menos .
A Companhia possue actualmente 843 lampeões publicos e 769 consumi
dores particulares.
Continuam os dividendos ' a ser de 10 %

THE CITY OF SANTOS IMPROVEMENTS COMPANY LIMITED

Esta Companhia fornece gaz a 506 casas particulares, a 6 repartições pu


blicas , a tres igrejas , a 2 theatros, a 2 casas de caridade e a 579 combustores
publicos ; e abastece de agua a ii chafarizes publicos e a 1.191 casas particula
res , 711 das quaes adoptam o systema de relogios e 480 o de pennas.
Em 1887 o fornecimento de agua aos diversos navios surtos no porto at
tingiu a 6.911,982 litros .

No mesmo anno , nas linhas de bonds, mantidas pela Companhia, o movi


mento de passageiros foi de 393,782 , e o percurso de 226,336 kilometros .

COMPANHIA CANTAREIRA E ESGOTOS

Faz - se com toda a regularidade o serviço de distribuição de agua .


E ' de 4,887 o numero dos predios a que a Companhia abastece de agua,
utilisando - se 4,505 do systema de hydrometros e 382 do de pennas.
Em consequencia do seu mau estado financeiro, ainda não poude a Com
panhia, com a devida promptidão, nas ruas ultimamente abertas e nas casas ha
pouco construidas, estabelecer os esgotos .

Acham -se ligacios á canalisação geral 5,113 predios, dos quaes 4,766 são
de valor locativo superior a 14 $ ooo, e 347 de valor inferior a esta quantia .
Todos os predios acham -se providos dos competentes appareihos.
Até 1. ° de Dezembro recebeu a Companhia 683:605$ 980, importancia do
pagamento de taxas .

Desde Outubro de 1887 até igual data do anno passado receberam -se 405
reclamações sobre entupimentos na canalisação das materias fecaes, sendo
todas attendidas.

De accórdo com o art . 24 da lei n . 55 de 22 de Março de 1888 , e nos


termos do § 2.º da Tabella B a que se refere o art . 15 da mesma lei , abri
um credito especial da quantia de 23 :483 $ 500 para pagamento a esta Com
panhia de igual quantia , proveniente da liquidação de contas pelo Thesouro do
- 91

serviço de esgotos , referente ao periodo de Janeiro de 1883 a 30 de Junho


de 1885

ESTABELECIMENTOS DE CARIDADE

SANTA CASA DE MISERICORDIA DA CAPITAL

Com o consideravel augmento de enfermos que procuram o Hospital, chega


a ser de perto de 200 o numero dos que se acham diariamente ein tratamento .
As despezas mensaes do estabelecimento regulam 5 : 800$ ooo , mais ou
menos , e a receita já começa a ser insufficiente , tanto que no anno compro
missal de 1887 a 1888 verificou - se um deficit de cerca de tres contos de réis.
Póde - se fixar em 300 o numero das alumnas matriculadas nas escolas do
Hospital e do Asylo , sendo bastante satisfactoria a frequencia.
Procedeu - se a alguns melhoramentos no Hospital de Lazaros, onde havia
27 doentes em fins de Novembro , oscillando as respectivas despezas entre
450$ 000 e 500$ooo .

As verbas concedidas pela Assembléa Provincial e pela Camara Municipal,


na importancia de 15 : 000$ooo , para a manutenção do Asylo de Mendi
cidade, não conseguiram evitar que se gastasse mais 1 : 010$ 920 , além da
quella quantia.
No corrente anno , recolheu a Irmandade mais expostos do que nos an
teriores.
Com os soccorros esses infelizes , gastam - se tres contos de réis , mais ou
menos , por anno .

SANTA CASA DE MISERICORDIA DE CAMPINAS

Além dos edificios e dos terrenos adjacentes, possue a Irmandade varias


acções das Companhias Paulista e Mogyana e 44 do emprestimo da Camara
Municipal daquella cidade , no valor de 8 :800 $ ooo, ao juro de 9 % ao
anno , e uma apolice da divida publica de 1.000 $ ooo.

O movimento dos enfermos ultimamente recolhidos ao Hospital está de


monstrado no quadro seguinte :
Total

POBRES PENSIONISTAS
Estrangeiros
Estrangeiras
Estrangeiros

Estrangeiros

HOMENS MULHERES HOMENS MULHERES ESCRAVOS


Nacionaes
Nacionaes

1.0 DE JUNHO DE 1887 A 30


Nacionaes

Nacionaes

Mulheres

DE SETEMBRO DE 1888
Homens

Existentes em tratamento até 31


de Maio de 1887 . 8 25 21 3 15 6 78
Entraram 38 28 I 22
240 257 117 43 54 27 79 | 1.005
Tiveram alta . 18o 254 84 30 27 37 19 IS II2 73 834
Falleceram ..
57 27 47 9 9 12 5 3 25 I2 206
Existiam em tratame
nto até 30
de Setembro de 1888 . II 2 7 5 3 7 43
92

Manteve o hospital durante um anno e quatro mezes 1.083 enfermos,


sendo : 709 pobres, 152 pensionistas e 222 escravos .

Nacionaes 678. Estrangeiros 405 .

Os estrangeiros entrados são :

Italianos 203 Francezes 13 Inglezes 2


Portuguezes 83 Hespanhóes 10 Suissos 2
Dinamarquezes 42 Arabes 5
Allemães 14 Suecos Somma 377

Tiveram alta 834


Falleceram . 216
Existem em tratamento 43

SANTA CASA DE MISERICORDIA DE SANTOS

Continuam a escassar os recursos financeiros desta instituição, cuja receita


ordinaria já se torna insufficiente para acudir as despezas, que cada vez mais
avultam , em consequencia do grande numero de enfermos recolhidos ao hos
pital .

Falleceram
Seu movimento de Julho de 1887 a Junho de 1888 foi o seguinte :
Entraram
Existiam

Existem
Sahiram
TOTAL

TOTAL
CLASSES

Pobres ... 72 1.065 1.137 924 142 71 1.137


Maritimos . I 138 139 132 I 6 139
Irmãos . II II II 11
1.8 Classe 2 18 20 17 2 I 20
2.a 37 37 32 3 2 37
Militares . 4 93 97 96 1 97
Empregados 18 18 18 18
Somma . 79 1.380 1.459 1.230 149 So 1.459

De Julho a Outubro do anno passado consta O mesmo movimento do


presente quadro :
Falleceram
Entraram
Existiam

Existem

TOTAL

CLASSES

Pobres . 71 296 367 246 44 77 367


Maritimos . 6 30 36 31 5 36
Irmãos . 7 7 6 I
1.a Classe . I 5 6 6
2.a 2 I2 14 IO 3 14
Militares . 13 13 II 2 13
Empregados . 7 7 7 7
Somma . , 80 370 450 317 47 86 450
- 93

SANTA CASA DE MISERICORDIA DE YTU '

Dos 236 enfermos entrados durante o periodo decorrido desde 31 de


Outubro de 1887 até igual data do anno passado , tiveram alta 140, falleceram
63 e estavam em tratamento 33 .
A Irmandade continúa a incumbir -se gratuitamente do enterro dos pobres ,
fallecidos no Hospital ou fóra delle .
Dirigem o estabelecimento tres irmans de S. José , e os soccorros espirituaes
são gratuitamente prestados por um sacerdote da Companhia de Jesus, de
ordem do Reitor do Collegio de S. Luiz .
As rendas desta instituição continuam a diminuir consideravelmente .
O patrimonio consta dos juros de 359 acções do tronco da Companhia
Ytuana .

SANTA CASA DE MISERICORDIA DE PIRACICABA

A Irmandade, além do predio modestamente mobiliado, em que funcciona


o estabelecimento, possue um terreno de pouco valor , 15 apolices da divida
provincial , 73 acções do tronco e 2 do ramal da Companhia Ytuana.
E' com o producto desse patrimonio, bastante exiguo , que se consegue
manter o Hospital.

SANTA CASA DE MISERICORDIA DE SOROCABA

No anno passado, até 14 de Novembro, tinham sido tratados cerca de 140


doentes, regulando -se em 20 o numero dos que existiam diariamente .
O Provedor desta Irmandade, bem como os das outras, attribue o seu mau
estado financeiro á falta dos antigos pensionistas, quasi todos escravos , cujo
tratamento corria por conta dos respectivos senhores .

Com a Lei de 13 de Maio , deixando de apparecer enfermos nessas con


dições , tornou -se natural a diminuição das rendas

Além disso , cresceu o numero dos individuos que procuram o Hospital para
serem admittidos gratuitamente, pois é grande a quantidade de libertos e de immi
grantes , espalhada pela Provincia , que não pode prescindir dos soccorros da ca
ridade publica.

SANTA CASA DE MISERICORDIA DO BANANAL

Graças aos esforços do actual Provedor, Padre João Carlos da Cunha, se


cundado efficazmente pelos habitantes do municipio , á concessão de uma parte
de loteria e da verba de 2 : 000 $ ooo , acha- se restaurado este hospital, que estava
prestes a fechar-se.

Nos melhoramentos adoptados pelo referido Provedor, além daquelles indis


pensaveis a um estabelecimento desta natureza , figuram hoje uma pharmacia
bem montada, sob a direcção de um habil pharmaceutico, e uma elegante capella
sob a invocação de N. S. do Patrocinio .

O movimento do hospital, de 1.º de Janeiro a 13 de Novembro ultimo ,


consta do seguinte quadro :
94

Mappa do Hospital da Santa Casa de Misericordia da cidade do Ba


nanal , da Provincia de São Paulo , desde 1.º de Janeiro de 1888

TOTAL
Nacionaes Estrangeiros Escravos
Movimento do Hospital desde OBSERVAÇÕES
1.0 de Janeiro do corrente anno

Existiam no dia 1.0 3 3 7 Os fallecidos succumbiram ás

.........
Entraram durante o mez de Janeiro 4 2 1 7 seguintes molestias :
>> >> » Fevr.. 2 I 2 I 6
» Março . 7 1 8 Tuberculose pulmonar
» Abril.. 2 Asthma cardiaca .. 2
5 7
» Maio .. 3 2 2 Anemia cerebral 2
7
>> >> » Junho . 2 2 I 5 Gastro enterite . 1
» Julho I Rheumatismo gottoso I
3 9
2 2 IO Hydropisia I
» Agosto I
> » Setbr. 4 2 IO Congestão cerebral .
» Outbr. II Pneumonia .. 1
3 3 I
» Novbr . Congestão de figado
até o dia 13 2 I Catalepsia I
3 I
Kysto no ovario .
48 15 I 90 Inanição ..... I

Sahiram durante o periodo acima 34 20 12 66 Somma 17


‫وه‬
‫بدر‬

Falleceram no mesmo periodo 10 3 I 17


Ficaram em tratamento . 4 7 Neste numero estão incluidos
seis enfermos que entraram para
Somma 48 26 15 I 90 o hospital já moribundos.

Bananal, 13 de Novembro de 1888.


O Provedor- Vigario João Carlos da Cunha.

HOSPITAL DE SANTA IZABEL DE TAUBATE

Durante o anno de 1887 foram tratados 212 enfermos , dos quaes 146
tiveram alta , 40 falleceram e 26 ficaram em tratamento .

A receita foi de 9 : 591 $ 940 e a despeza de 13:531 $ 160 , havendo, pois ,


um deficit de 3 :939 $ 220, que foi supprido pelo Provedor e pelo Thesoureiro
da Irmandade, entrando o primeiro com a quantia de 3 :704 $000 e o segundo
com a de 236 $ 200 .
Até 31 de Outubro deste anno haviam entrado 10I doentes, tendo falle
cido 15 , obtendo alta 70 e ficando 15 , tres dos quaes invalidos.
O serviço medico do estabelecimento continúa a ser prestado gratuitamente.

SANTA CASA DE MISERICORDIA DE UBATUBA

Continúa a servir gratuitamente como medico deste estabelecimento, o


Dr. João Diogo Esteves da Silva.

De Novembro de 1887 a Outubro do anno passado, o movimento de en


fermos foi o seguinte :
-
95

Falleceram
Entraram

Masculino
Existiam

Sahiram

Feminino
SEXOS

Ficaram
1887
Novembro 5 7 7 5

ovocar
a ourura
Dezembro 5 4 2 I
1888
Janeiro ... 7 7 I 5

c
Fevereiro 3 3 5
Março 7 4 8
Abril , 8 6
Maio 6 6 3 3 6
Junho. 3 4 5
Julho I I 8
Agosto . 8 I 7
Setembro 7 5 I 8
Outubro . 8
Até 31 de Outubro de 1888 .
Total 74 69 58 8 77 33 41

Ficaram em tratamento 8 .

Proporção da mortalidade 10 8/10.

QUADRO SYNOPTICO DAS MOLESTIAS

Apparelho gastro- intestinal 20


broncho -pulmonar
cerebro - espinhal
cardio -vascular 4
genito- urinario 5
da olfação I
Syphilis 14
Febres 5
Tuberculos 4.
Cachexias . 5
Molestias cutaneas 5
Ditas cirurgicas 6

SANTA CASA DE MISERICORDIA DE MOGY- MIRIM

A 3 de Junho ultimo inaugurou -se o Hospital , e até 30 desse mez já o


movimento de enfermos era o seguinte :
Ölanc

Pensionistas de 3.a classe 3


Pobres
lv
ö

ΙΟ

Tiveram alta . 3
Falleceu I
Existiam 6

IO
- 96

De 3 de Julho de 1887 até 30 de Junho de 1888 importou a receita


em despeza em
13 : 833 $ 685 e a despeza em 12 : 1198973 , havendo, pois , um saldo de
1 : 713 $ 712 .

SANTA CASA DE MISERICORDIA DE CASA BRANCA

A respectiva irmandade foi creada em 1885 , e consta presentemente de


220 irmãos. Com os recursos da caridade publica, com o auxilio de 16 :000Sooo ,
proveniente de uma loteria concedida pela Assembléa Provincial, e de 4 :000 $ ooo
votados no orçamento vigente, construiu ella um hospital, em cuja edificação
despendeu a somma de 50 : 308 $ 200 .
Ainda por meio de subscripção, obteve para mobilia e utensilios necessarios
ao novo edificio , a quantia de 34 :810 $ ooo .
No dia 1.º de Julho ultimo teve lugar a inauguração solemne do hospital,
que faz honra á cidade de Casa Branca e abona os sentimentos dos genero
SOS e philantropicos cidadãos que levaram a effeito uma tão louvavel obra .

O serviço é dirigido por enfermeiros, visto não ter podido a Administra


ção conseguir para esse fim irmans de caridade.

O serviço medico está a cargo de dous facultativos, que desempenham este


mister sem remuneração alguma.

Desde o dia da installação até hoje , tem o estabelecimento recebido 46


enfermos , dos quaes 39 foram tratados gratuitamente e cinco falleceram .

HOSPITAL DE LAZAROS DE YTU '

Em virtude do art . 1.º do Regulamento n . 1 , de 22 de Abril de 1856 , e


por acto de 18 de Agosto , nomeei o Barão de Itahym para o cargo de Zelador
deste Hospital, vago pelo fallecimento do Dr. José Elias Pacheco Jordão.
Cumpre que continueis a auxiliar uma instituição tão util e que tem pres
tado bons serviços ao municipio , e bem assim torna -se necessario que não dei
xeis de acudir, com as precisas verbas, aos estabelecimentos de caridade, cujo
estado precario, demonstrado pelos Relatorios dos Provedores, demanda a atten
cão e solicita o auxilio desta Assemblea .

MONUMENTO DO YPIRANGA

Continuam em activo andamento as obras do grande edificio que se está


construindo na collina do Ypiranga, para commemorar a data de nossa eman
cipação politica.

O digno presidente da Commissão, em seu Relatorio , declara que já estão


feitos os trabalhos pesados e os mais difficeis.
« Os estuques do interior e do exterior do edificio ; a ornamentação da
caixa da escada ; uma pequena parte do interior das galerias e parte do exte
rior do pavimento terreo , e bem assim os dois frontões do corpo central . A
esquadrilha já está concluida e em estado de ser convenientemente empregada ;
as escadas de madeira já estão sendo assentadas nos pavilhões ; a de pedra de
cantaria , que tem de ser posta na frente do edificio , está em começo de con
97

strucção ; mas a grande escada de marmore para o corpo central não será
assentada sinão depois de concluido o edificio . »
O balanço fechado a 31 de Agosto ultimo demonstrou o saldo de
208 : 319 $ 712 para a continuação das obras do Monumento .

Sendo essa quantia insufficiente para a conclusão do edificio, a Commissão


requereu e a lei n . 55 de 22 de Março autorisou o Governo a dar-lhe, do di
nheiro existente no Thesouro e destinado ao patrimonio da instituição que tem
de ser fundada no mesmo edificio , a quantia de trezentos contos de réis em
apolices da divida da Provincia , a juro de 6 por cento, para ser empregada no
mesmo edificio , provando a Commissão perante o Governo a necessidade do
emprego desta, e obrigando -se a restituil -a ao patrimonio , desde que seja extra
hida a ultima loteria .

Tendo cumprido a Commissão o preceito da lei , autorisei o Thesouro Pro


vincial, por acto de 30 de Agosto , e nos termos de sua informação em officio
n. ui de 13 do mesmo mez, « a emittir e entregar á mesma Commissão, por
conta do dinheiro existente nos cofres provinciaes e destinado ao patrimonio da
instituição que tem de ser fundada no Ypiranga, e mediante o termo de obri
gação a que se refere o § 1º do art. 12 da lei de 22 de Março, logo que
esteja esgotada a somma de 231 : 333 $ 753 , que ella declara ter em disponibi
lidade no Banco do Brazil para as obras a seu cargo, a quantia de 300 : 000$ooo ,
em apolices do valor de 1:000 $ooo cada uma, ao juro de 6 por cento ao anno ,
pago semestralmente e correndo da data da entrega das mesmas, cujo pro
ducto será empregado na continuação das referidas obras. ,

Mandei por igual que no Thesouro se fizesse a precisa escripturação, em


tempo, quer das apolices emittidas, que serão consideradas divida fundada da
Provincia, quer da quantia deduzida do dinheiro destinado ao patrimonio, e que
será indemnisada opportunamente pelo producto da ultima loteria.
Está definitivamente resolvida a construcção da avenida que ligue esta

Capital á collina do Y piranga .


E' sabido que Sua Magestade o Imperador, Protector do Monumento , de
clarou que a linha directriz da avenida devia partir perpendicularmente do eixo
do edificio, conservando sempre a mesma direcção até seu ternio .
Para satisfazer a vontade Imperial, diz o Presidente da Commissão, mandou
esta levantar pelo engenheiro Luiz Pucci a planta da avenida , guardando as
condições que lhe foram dadas.
« Este Engenheiro apresentou o seu trabalho, offerecendo dous traçados .
O primeiro faz nascer a Avenida perpendicularmente sobre o eixo do edificio ,
e terminar- se em linha recta na rua do Braz, atravessando a rua Piratininga e
a da Mooca. Por este traçado mede a Avenida, até a rua Piratininga, 3.100
metros ; deste ponto á rua da Móoca 290 metros ; e desta á rua do Braz,
cortando a Estrada Ingleza e a S. Paulo e Rio de Janeiro , 800 metros apro
ximadamente.

O segundo traçado , para evitar o cruzamento nas linhas ferreas, come


cando 150
metros além da rua da Mooca , com uma curvatura quasi imper
ceptivel, póde dirigir- se á rua do Visconde do Parnahyba, continuando desta em
linha recta
á rua da Cruz , e terminar na do Braz, em frente á porteira da
Estrada Ingleza , excedendo pouco á distancia da recta .
13
98

A Commissão, vendo e examinando ambos os traçados , approvou a planta


do Engenheiro Pucci , com algumas modificações , que trago ao vosso corhe
cimento .

Segundo o que fôra resolvido, a linha directriz parte do eixo do edificio ,


e segue em linha recta até o cruzamento das ruas da Mooca e Firatininga ,
formando ahi a linha da Avenida com a da rua Piratininga um angulo de
24 ° 32 ' . ; e deste ponto segue em linha recta , a terminar na rua do Braz, em
frente á Igreja Matriz , percorrendo em toda sua extensão o espaço de 3-501" 25 °.

Em todo o seu percurso atravessa , além dos terrenos , que foram da an


tiga Chacara da Gloria, os pertencentes ao Dr. Raphael Paes de Barros , ao
Dr. Ismael da Silva , a Henrique Scuvero, a Paulino Queiroz, a Pedro Casa
Grande, a Jorge Harrah, ao Major Dias e a Theophilo de Azambuja .
Esta planta do Engenheiro Pucci, com as modificações da Commissão ,
foram definitivamente approvadas pelo Presidente da Provincia , o Exm . Dr.
Francisco de Paula Rodrigues Alves . »
0 Quadro historico da Independencia do Brazil , de cuja execução fora
encarregado o emerito pintor nacional, Dr. Pedro Americo de Figueiredo, foi
entregue á Commissão das obras do Monumento no dia 12 de Julho passado .
Está depositado em uma das salas da Faculdade de Direito , e ali ficará
conservado até ser transportado ao local de seu destino .

O quadro do eminente artista é uma obra prima, e constitue digno com


plemento do grande edificio commemorativo do 7 de Setembro de 1822 .
A Commissão alimentava a esperança de poder , em Setembro ultimo, vêr
concluidas as obras do Monumento .

Sobrevieram , porém , contratempos e difficuldades. Mas, declara a mesma


Commissão que, em Março do corrente anno, estará o edificio em estado de
ser inaugurado.
Dest'arte pagará S. Paulo uma divida sagrada ao patriotismo de nossos
maiores , levando a effeito uma idea de que se cogitára desde 1824 , e que tere
mos a felicidade de vêr convertida em realidade, para honra de nossa Provincia
e do Brazil .

LOTERIAS PROVINCIAES

Para dar execução á Lei n . 54 de 21 de Março do anno proximo passado,


por acto de 26 de Setembro nomeei uma Commissão composta do Dr. Fran
cisco Antonio de Souza Queiroz Filho , Barão da Bocaina, Conego Manuel
Vicente da Silva e do Thesoureiro das Loterias provinciaes, Tenente -Coronel
Bento José Alves Pereira , para encarregar - se de todo o serviço concernente á
extracção da Loteria destinada á edificação da nova Cathedral nesta Capital .
Por acto de 22 de Outubro approvei o plano organisado para a extracção .

Para cumprimento da Lei n . 34 de 17 de Março do referido anno, por


acto de 4 de Outubro nomeei outra Commissão composta do Dr. Raphael
Aguiar Paes de Barros , Dr. Frederico José Cardoso de Araujo Abranches e
Antonio Luiz Tavares , para encarregar-se de todo o serviço referente á
extracção da Loteria concedida á Misericordia , desta Capital .
99

VIADUCTO DO CHÁ

Na fórma da auctorisação constante do despacho do Governo Provincial


de 31 de Janeiro de 1887 , foi, em 25 de Setembro proximo findo , lavrado o
termo de transferencia do privilegio relativo ás obras deste importante melho
ramento da viação da Capital, entre o concessionario Jules Martin e a Sociedade
Anonyma -- Companhia Paulista do Viaducto do Chá , representada pela sua
Directoria , nos termos das clausulas 12 do contracto de 26 de Novembro de
1880 e 3.a do de 18 de Maio de 1885 .

OBRAS PUBLICAS

No Relatorio apresentado pelo digno Director Geral da Repartição de Obras


Publicas encontrareis grande cópia de dados ácerca deste importantissimo ramo
do serviço publico, e informações interessantes sobre hospedaria de immigrantes
e outros pontos que devem prender a vossa attenção .

EDIFICIO DA THESOURARIA DE FAZENDA

As obras do edificio da nova Thesouraria de Fazenda acham -se quasi to


talmente paralysadas por falta de concessão do credito , já solicitado , de 60 : 000$ 000
para a sua terminação.

Foram concedidos até esta data dous creditos de 70 : 000 $ ooo cada um .

O estado das obras permitte prenunciar a sua conclusão dentro de um pe


riodo de seis mezes , desde que sejam concedidos os meios necessarios .

II

TUMULO DE JOSE BONIFACIO

Sobre este assumpto dirigi ao Thesouro Provincial , em 11 de Setembro,


o seguinte officio :

Por acto de 21 de Abril de 1886 foi acceita a proposta do esculptor


brazileiro Rodolpho Bernardelli para o levantamento de um tumulo, na Cidade
de Santos, destinado a encerrar os restos do cidadão José Bonifacio de Andrada
e Silva , na forma da Lei n . 7 de 9 de Março daquelle anno .
Esse acto foi remettido a V. meo , para a devida execução , recebendo desde
logo o referido esculptor a quantia de 6 : 000$ooo, para começo da obra , obri
gando -se a dal - a prompta no praso de um anno .
E , porque nada mais conste na Secretaria do Governo , sirva -se V.mcê infor
mar-me si o trabalho está concluido, ou qual o estado de execução do con
tracto , e bem assim a importancia da quantia escripturada, em deposito, para
ser applicada no mencionado tumulo, tanto proveniente das sobras do credito
aberto , nos termos da citada Lei , comò da subscripção popular a cargo das
100

Commissões nomeadas a 11 de Abril de 1885 , que deve ter sido recolhida ,


esse Thesouro , na conformidade da ordem de 23 de Março do anno seguinte.a.

O referido esculptor até o presente não deu começo ás obras em Santos

No dia 20 de Novembro recebi de Angelo Fiorita um officio , participando


terem chegado da Europa alguns caixões , contendo marmore trabalhado , para
construcção da obra de que se trata , e que será justa, embora tardia , home
nagem a um dos vultos mais proeminentes de nossa Historia patria , -áquelle
que , pugnando pela realisação de nossa Independencia Politica, ao lado do
glorioso Fundador do Imperio, pugnava pela constituição de uma poderosa
Nacionalidade e pela integridade deste vasto Paiz.

THESOURARIA DE FAZENDA

Para apreciardes o avultado movimento desta Repartição , offereço a vossa


attenção o quadro demonstrativo da receita escripturada no exercicio de 1888 ,
de Janeiro a Setembro proximo findo .

DEMONSTRAÇÃO da receita da Provincia de São Paulo , escripturada


pela Thesouraria de Fazenda , de Janeiro a Setembro de 1888 .

ORDINARIA

IMPORTAÇÃO

Direitos de importação para consumo . 4,422 : 435 $ 491


Expediente dos generos livres de direitos de
consumo . 82 : 529 $ 326
Dito das capatazias . 27.494319
Armazenagem 67 : 514 $ 558 4,599 : 973 $ 694

DESPACHO MARITIMO

Imposto de pharóes 20 : 920 $ 000


Dito da doca . 6:67 1 $ 391 27 : 591 $ 391

EXPORTAÇÃO

Direitos de exportação dos generos nacionaes 1,808 : 276 $ 936

INTERIOR

Renda do Correio Geral 321 : 8135590


Dita da Imprensa Nacional e Diario Official 989 $ 500
Dito da Fabrica de ferro do Ipanema . 31 : 286 $ 770
Dita de Matriculas dos estabelecimentos de
Instrucção superior . 23 : 449 $ 600
101

Dita dos Proprios Nacionaes 2 : 200000


Foros de terrenos e de Marinhas 340 $ 303
Laudemios 25 $ 000
Venda de terras publicas 226 $ 225
Premios de depositos publicos 35 $ 200
Sello de papel. Fixo por verbas
verbas 30 : 708 $ 397
7
Proporcional . 30 :026 $ 185
Adhesivo 301: 776 $ 900 362 : 511 $ 482

Imposto de transmissão de propriedade 644 : 022 $ 823


Dito de industrias e profissões . 377 : 9459054
Dito de transporte 64 : 936.5670
Dito predial 6 : 125 $ 320
Dito sobre subsidio e vencimentos . 19 :743 $ 222
Cobrança da divida activa . 10 : 271 $ 344 1,865 : 922 $ 103

RENDA EXTRAORDINARIA

Contribuição para o Monte Pio 251 $ 510


Indemnisações 8 :555 $ 366
78.5868
Venda de generos e Proprios Nacionaes
Receita eventual . 18 : 4735647 27 : 358 $ 391

RENDA COM APPLICAÇÃO ESPECIAL

FUNDO DE EMANCIPAÇÃO

Taxa de escravos 2 : 116 $ 000


Multas . 10 $ 000
Sello de bilhetes de loteria . 16 : 200 $ 000
Divida activa da taxa 24 $ 100
2/3 da taxa addicional de 5 % . 192 : 007 $ 333

SERVIÇO DE COLONISAÇÃO

1/3 da taxa addicional de 5 % 96 :003383 306 : 360 $ 916

DEPOSITOS

Emprestimo do cofre de orphaos 222 : 144 $ 965


Bens de defuntos e ausentes 3:69 1 $ 317
Depositos da Caixa Economica 521 : 9 15 $ 585
Remessas do Monte de Soccorro para indem
nisar a Caixa Economica 10 : 102 $ 453
Depositos da Caixa Economica com destino
ao Monte de Soccorro 3 : 1505000
Depositos de diversas origens 114 : 520 $ 805 875 : 525 $ 125

9,511 : 008 $ 556


-
-
102

RECAPITULAÇÃO

Renda de Importação 4,599 : 973 $ 694


de Despacho Maritimo 27:59 1391
de Exportação 1,808 : 276 $ 936
do Interior 1,865 :922 $ 103
Extraordinaria 27 : 3585391
Com applicação especial 306 : 360 $ 916
Depositos . 875 :525 $ 125
9,511 : 008 $ 556

Tendo em vista a representação feita pelo Inspector relativamente a achar - se


fóra de serviço uma parte dos apparelhos do andaime do novo edificio desti
nado a esta repartição, e faltar-lhe nas obras espaço necessario para um de
posito conveniente, autorisei o mesmo Inspector a dispôr dos ditos apparelhos,
de accordo com a Directoria Geral de Obras Publicas .

Por acto de 20 de Setembro do anno passado , tendo em vista a proposta


do Inspector da Alfandega da Cidade de Santos e a informação da Thesou
raria de Fazenda, resolvi, de conformidade com o art . 39 S 3.º da Consoli
dação das Alfandegas , nomear os cidadãos Henrique Paulo da Trindade e
Joaquim Felippe Muniz para os lugares vagos de Fieis da mesma Alfandega,
creados pela lei n . 3349, de 20 de Outubro de 1887 , art . 8.0 n . 12 .
Tendo o Bacharel Estevam Augusto de Oliveira Junior pedido exoneração
do cargo de procurador fiscal interino dos feitos da Fazenda Nacional , de con
formidade com a ordem do Ministerio dos Negocios da Fazenda n . 337 de 2
de Novembro de 1885 , nomeei para substituil -o o Bacharel Porfirio Abdagero
Figueira de Aguiar.
Attendendo ao que me requereram diversos habitantes da parochia de
Santa Iphigenia, do municipio desta Capital, e tendo em vista a informação
que sobre o assumpto prestou a Inspectoria Especial de Terras e Colonisação ,
por acto de 16 de Novembro ultimo resolvi, autorisado pelo Aviso do Minis
terio dos Negocios da Fazenda de 14 de Setembro do anno findo , declarar
que o terreno denominado d’Agua Fria , sito naquella parochia, continuasse
a ser considerado logradouro publico.
Por Decreto de 24 de Novembro foi nomeado o Bacharel Francisco de Assis
Pacheco Netto para o lugar de Procurador-Fiscal desta Thesouraria, em virtude
da exoneração concedida ao Bacharel Manuel Corrêa Dias , e por Decreto de 29
de Dezembro foi nomeado o cidadão Julio Nunes Ramalho para o cargo de
Thesoureiro .

PASSEIOS PUBLICOS

O Jardim Publico da Capital , situado no bairro da Luz , é o unico passeio


de maior extensão que possuimos. Acha- se desde muito tempo estacionario e
já não satisfaz as exigencias dos jardins congeneres de outros paizes adeantados .
Seu proprio aspecto não está de accordo com as regras da jardinagem .
Todos os canteiros têm sido invadidos por vegetaes improprios, notando -se
103

grande aniquilamento na vegetação , occasionada não só pela insufficiencia da


verba, que tornou necessaria a economia dos adubos, como principalmente
pela ausencia de methodo na sua formação e falta de regras no plantio , pois
vêm - se até arvores e arbustos incompativeis no mesmo lugar. A agua exis
tente , além de pouca , não é boa , devido a erros commettidos na construcção
dos aqueductos. O deposito da Consolação não tem filtro que possa reter os
corpos extranhos, e todos os crivos dos encanamentos de juncção acham -se to
talmente estragados .

E ' indispensavel renovar os encanamentos do repuxo.


Em toda a parte notam -se faltas. Muitos bancos estão estragados ; um dos
coretos ainda não poude ser acabado, e as plantações são incompletas e par
cialmente negligenciadas , visto não possuir o jardim viveiros de mudas para a
substituição de plantas, que por qualquer motivo venham a morrer.
Tambem não ha ainda as commodidades indispensaveis para o publico , como
mictorios , water -closets, telephone, etc.
As crescentes necessidades da Provincia de S. Paulo e de sua adeantada
Capital exigem que se estabeleça um lugar onde os visitantes possam tomar co
nhecimento de visu das exuberantes e ignoradas riquezas da nossa flora , e exa
minar de perto os specimens mais notaveis da nossa fauna. Para o ensino
Para
nada se pode comparar a uma demonstração feita deante do proprio objecto ;
porque ahi o professor não tem necessidade de empregar comparações, muitas
vezes prejudiciaes á boa comprehensão daquillo que quer descrever .
Uma pequena collecção de nossos animaes selvagens , representando as
principaes familias da nossa fauna , proporcionará melhor e mais duradouro co
nhecimento do que a leitura dos livros, e commettendo -se ao Director a obri.
gação de convidar os alumnos das escolas publicas e outros a reunirem -se, afim
de lhes fazer prelecções na presença dos objectos, claro é que as creanças dif
ficilmente esquecerão o que ouvirem .

Sem entrar na demonstração do perigo que nos ameaça , da escassez de


peixes em nossos rios , por causa do crescente uso da dynamite, seria de grande
utilidade fazer conhecer o modo pelo qual se póde installar uma piscina para
criação das especies de valor , que tendem a desapparecer , o que mais tarde
talvez possa ser objecto de uma industria .

Ha em toda a Provincia grande ignorancia relativamente ao valor dos ani


maes que interessam á lavoura ; pois muitos ha que , tidos como nocivos , são
perseguidos atrozmente , ao passo que na realidade prestam - lhe relevantes ser
viços e são completamente inoffensivos.

Alguns dos reptis , saurios e batrachios , d'antemão condemnados , são muitas


vezes utilissimos .

A prevenção que ha contra elles provém da falta de conhecimento da

verdade. Mas, desde que se possa , sem perigo , observar de perto a vida des
ses animaes e aprender a distinguir os uteis dos nocivos, o medo se hade dis
sipar , trazendo como consequencia pouparem -se as especies uteis.
A criação do bicho da seda deve ser outro objecto de estudo do Director ,
que poderá ser autorisado a mandar vir os apparelhos necessarios para tal fim .
Em relação aos vegetaes é talvez de maior alcance a transformação do
jardim . Todos conhecem quantas centenas de plantas indigenas são preconisa
104

das entre o povo, por suas virtudes medicinaes, que , entretanto , os medicos
hesitam em adoptar em suas formulas.
Neste caso , o Jardim Botanico prestaria um importante serviço , cultivando -as,
afim de serem fornecidas a todos quantos quizessem fazer um estudo detido
sobre ellas .

Para a industria seria o Jardin de incalculavel valor ; porque, pouco ou quasi


nada conhecemos até hoje de nossas plantas textis , tinctoricas, gommosas, re
ziuosas ou aromaticas ; e entretanto não ha negar que a muitas dellas está re
servado um papel importantissimo na nossa industria e talvez na exportação .
Além dos cereaes , plantas alimenticias e de primeira necessidade , que exigem
grande cultura em áreas consideraveis , ha muitos outros vegetaes exoticos
de grande valor para a industria. São essas plantas que no Jardim devem ser
estudadas sob o ponto de vista de sua acclimação e producção entre nós .
A foricultura não deixa de ter importancia, e poucos paizes estariam no
caso de fornecer maior variedade de fôres indigenas do que o nosso ; porém
poucos tratam de cultivar essas flores do matto.
Abre - se , pois , aqui um campo vasto , que alegra o visitante e é ao mesmo
tempo de uma importancia real , visto poder tornar - se um ramo de exportação
de consideravel valor .

O pequeno herbario da fóra da Provincia, organisado pela Commissão


Geographica e Geologica , na secção botanica a cargo do actual encarregado
do Jardim , teria consideravel desenvolvimento e seria em poucos annos riquis
simo, desde que o Director continuasse a augmentar as collecções existentes,
que, para o futuro museu, seriam de grande valor .

A admissão de aprendizes, com o fim de formar uma escola de jardineiros


e arboricultores, é um projecto novo aqui, mas já antigo em todos os jardins
identicos da Europa.

E ’ , pois , vantajoso para a Provincia , por offerecer mais um meio de vida


seguro a alguns moços pobres e acudir a uma necessidade crescente ; visto a
classe dos jardineiros ser , com poucas excepções, composta de pessoas sem a mini
ma noção da arte , e que a ella se dedicam por não acharem outro trabalho .
Para realisação desta idéa , nenhum logar melhor se presta que o Jardim
Botanico. Aqui teriam os aprendizes occasião
de familiarisar-se com a fóra
do paiz , podendo ao mesmo tempo prestar serviços ao mesmo Jardim .
O Director ou seu preposto lhes ensinaria principios de botanica e agri
mensura, além de outras materias preparatorias , e no Jardim seriam exercitados
praticamente na arte , de modo a ficarem habilitados para :
1. Formar e tratar de todo e qualquer jardim , horta ou pomar ;

2. ° Fazer desenhos para jardins , viveiros e outras obras similares ;


3.° Medir e desenhar qualquer terreno que não careça de determinação
geographica ;
4.0 Aperfeiçoar e modificar os vegetaes por meio de sementes , estacas
ou enxertos .

O Jardim Botanico tornar-se -hia desta forma, além de nosso melhor passeio,
um recreio instructivo e centro de um movimento scientifico , qual o da divul
gação da sciencia de um modo pratico , ao alcance de todos .
105

A Ilha dos Amores, que incontestavelmente é um dos logares mais agra


daveis da Capital , cahiu em completa decadencia ; mas convém transformal- a,
acabando com a casa de banhos, que até hoje só tem dado prejuizos á Pro

yincia , sem prestar serviços ao publico .


Os taludes do Carmo e parte dos das ruas do Hospicio e 25 de Março , ca
recem tambem de completa transformação ; porque , sendo as respectivas es
cadarias construidas de tijolo e cal , estragaram - se por tal modo , que em alguns
logares são intransitaveis.

Este serviço , além de constituir um embellezamento local , torna -se já uma


necessidade urgente , á vista do desenvolvimento da Capital , cuja população tem
necessidade de logares de recreio .
A largura das ruas 25 de Março e do Hospicio, sua proximidade da agua ,
são dous factores importantissimos, que facilitam extraordinariamente o torna
rem -se estes logares passeios agradabilissimos.

O Jardim do Palacio é talvez o unico que apresenta melhor aspecto


Tendo fallecido o Director do Jardim e Passeios Publicos , Capitão Antonio
Bernardo Quartim , que por muitos annos serviu aquelle cargo , expedi o se
guinte Acto, no sentido de iniciar uma reforma de ha muito reclamada neste
interessante ramo de serviço publico :
O Presidente da Provincia , considerando ser de utilidade a conversão do Jardim Publico, situado no bairro
da Luz, desta Capital, em Jardim Botanico e Zoologico , onde se possam crear productos da flora e fauna da Pro
vincia, por isso que reune as condições necessarias para um estabelecimento desta natureza , em proveito da ins
trucção e sei que o publico fique privado de tel-o como recreio ;
Considerando que esta idéa presidiu á creação daquelle Jardim , em 1797 , pelo Capitão-General de então ,
Antonio Manuel de Mello e Castro Mendonça, com a denominação de Horto Botanico, e está pendente de um pro
jecto de lei sujeito á deliberação da Assembléa Provincial, em sua ultima reunião, acompanhado de parecer favo
ravel de uma de suas coinmissões :
Resolve incumbir a Alberto Loefgren, botanico e metereologista da Commissão Geographica e Geologica ,
sem outros vencimentos além dos que ora percebe como empregado da mesma Commissão, de iniciar os estudos
e trabalhos desta conversão, colhendo os elementos precisos, organisando projectos e o mais que fôr conveniente,
mediante autorisações especiaes dentro dassobras que porventura possam se dar nas verbas destinadas a despezas
com passeios pelo orçamento vigente (S. 7.º do art . 1.9 ) , continuando , interinamente, a cargo do jardineiro feitor,
Antonio Fouchon, a direcção dos operarios na parte concernente ao seu officio até nova resolução . Palacio do Go
verno de S. Paulo , 17 de Setembro de 1888.- Pedro Vicente de Azevedo.
Relativamente a abertura de nova rua nos terrenos do Jardim , consta o
seguinte officio , dirigido á municipalidade da capital :
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 6 de Novembro de 1888 .
Em resposta ao officio dessa Camara de 27 de Outubro findo, em que solicita a entrega do terreno do Jardim
Publico necessario para abertura de uma rua unida aos armazens da Companhia Ingleza de estrada de ferro de Santos
a Jundiahy, declaro a Vmcs. que, nesta data , attendendo tambem a uma representação de moradores do bairro
do Bom -Retiro, acabo de determinar á Directoria Geral de Obras Publicas o levantamento, com urgencia, de planos
e planta para esse projectado melhoramento, nos termos do artigo 12 da Lei n . III de 29 de Abril de 1887,
art . 42 da Lei n. 95 de 11 de Abril do mesmo anno , em vigor pelo art. 18 da Lei n. 55 de 22 de Março ultimo ,
e logo que esteja concluido esse trabalho será remettido á Camara para servir de base ao contracto com a res
pectiva Companhia.
E, já que a Camara se mostra disposta a tomar a si a realisação do accórdo com a Companhia, poderá,
querendo , autorisar seu Engenheiro a cooperar no levantamento dos ditos planos e planta, antes de serem sujeitos
á approvação desta Presidencia.
Outrosim , sendo a Companhia Ingleza a que tem de auferir maiores vantagens com a abertura da nova rua ,
conviria , talvez , obter della mais alguma compensação .
Si a Camara conseguisse da Companhia a restituição do terreno occupado com o prolongamento da estação ,
em frente á rua Alegre, de modo a poder esta rehaver o seu natural prolongamento pela Alameda das Figueiras,
ainda quando para isso fosse preciso alguma concessão da Camara , ou do Governo da Provincia , que não se ne
garia a dal-a nos limites de sua competencia, realisaria essa Camara um serviço publico inestimavel, concorrendo
para um melhoramento dos mais importantes desta Capital . -Deus Guarde a Vmcs.- Pedro Vicente de Azevedo.
Snrs. Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal da Capital .

14
106

COMMISSÃO GEOGRAPHICA E GEOLOGICA

Continuam com toda a regularidade os trabalhos desta Commissão.

Durante o corrente anno os mais importantes foram os seguintes :

Na secção geographica, a extensão da rede de triangulação até as divisas do


valle do Parahyba, nas vizinhanças da cidade de Mogy das Cruzes, e desde a serra
do Mar ao sul até o rio Jaguary, ao norte do parallelo de Campinas, abrangendo
nesta zona a cidade de Santos, no littoral , e varios pontos da serra da Mantiqueira ,
nos limites com a Provincia de Minas -Geraes ; a quasi conclusão do levantamento
detalhado da região comprehendida entre os meridianos das cidades do Tieté S.
Paulo e os dois parallelos que passam por esta ultima cidade e pela de Capivary,
além de valiosas contribuições para o mesmo serviço em zonas fóra destes limites e a
conclusão do levantamento da planta do rio Sorocaba até a sua foz, no Tieté, e deste
ultimo desde a foz do Sorocaba até o salto de Itú , com observações sobre a força
motriz aproveitavel a fins industriaes, fornecida pelas diversas cachoeiras desses rios .

Na secção geologica , além dos trabalhos propriamente cartographicos, um


reconhecimento rapido dos terrenos do sul da Provincia, demonstrando a exis
tencia , na região da Faxina, de uma formação devoniana até agora desconhe
cida dentro dos limites da Provincia ; a solução de alguns problemas, relativos
ao modo de ser e as relações mutuas dos schistos crystalinos e das rochas
eruptivas da complicada zona da serra da Mantiqueira, incluindo as que se referem
ás jazidas do minerio de ferro do Ipanema e Jacupiranga e um estudo sobre a
região aurifera das antigas minas do Jaraguá .
Na parte botanica , a continuação dos estudos . da flora dos campos, de
baixo do ponto de vista economico, e a organisação de um herbario , que já com
prehende mais de mil especies.
No
tocante á meteorologia, conseguiu -se, graças á iniciativa particular ,
fundar mais quatro estações , em diversas localidades, as quaes mantêm -se de
accordo com a central , estabelecida n'esta cidade .

Acha - se bastante adeantada a impressão das plantas dos rios Itapetininga


e Paranapanema e prosegue -se no preparo de outros trabalhos, que devem en
trar para o prélo .
Attendendo ao que me representou o Chefe desta Commissão, por Acto de
15 de Setembro , approvei as modificações propostas acerca da melhor organisa
ção do pessoal e tornei effectivos os lugares de Desenhista e de Botanico , aug
mentando os vencimentos de alguns empregados e substituindo os antigos car
gos de conductor pelos de Ajudante de 1.4 e de 2.a classe .
Por Portaria da mesma data, nomeei os cidadãos Antonio Avé Lallemant e
Alberto Loefgren para aquelles dois lugares , promovi o conductor João Frede
rico Washington de Aguiar a Ajudante de 1.a classe , e , afim de se preencher
uma vaga existente , escolhi o Agrimensor Axel Frick , que passou a exercer as
funcções de Ajudante de 2.4 classe .
Os trabalhos já accumulados no escriptorio da Commissão demonstram o
zelo , a diligencia é a capacidade do respectivo pessoal e a vantagem dos estu
dos encetados .

O serviço encarregado á Commissão foi decretado na sessão legislativa de


1886 , sob a inspiração do honrado Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oli
107

veira , cuja benefica administração jámais se apagará da lembrança dos Paulistas,


apezar de ter sido de tão curta duração.

ESTAÇÃO AGRONOMICA DA CIDADE DE CAMPINAS

Segundo informações que tenho , estão concluidas as obras deste estabele


cimento .

O professor Francisco Dafert communicou -me estar tratando de fazer a monta


gem dos respectivos apparelhos , já tendo , em 25 de Outubro, dado começo aos
trabalhos do laboratorio.

PRIVILEGIOS

Durante o anno passado foram concedidos nesta Provincia os seguintes:


A Joaquim Victorino da Cunha para explorar minas de carvão de pedra , ferro ,
chumbo e zinco , no municipio de Ubatuba.-- Decreto n . 9831 de 2 de Janeiro .
A Charles Robillard Lepeultre de Marigny para explorar chumbo e outros
mineraes , no mesmo municipio .-- Decreto n . 9832 da mesma data .
A Nicholas Thomaz Williams para explorar ouro e outros mineraes, no
municipio de Apiahy . — Decreto n . 9863 de 8 de Fevereiro .

A Alfredo Jorge da Motta e Capitão Lourenço Franco da Rocha para


explorarem ouro , prata e outros mineraes, no municipio do Tieté.-- Decreto
n . 9936 de 25 de Abril.

A José Peixoto da Motta Junior para explorar ouro, prata e outros metaes,
no municipio do Tieté . - Decreto n . 9937 da mesma data .
A Francisco de Almeida Nobre para explorar ouro , prata e outros metaes ,
no municipio da Franca.- Decreton . 9944 de 2 de Maio .
A D. Maria Cantinho Gavião Peixoto e Pedro da Silva Pereira , renovação
por dous annos, contados desta data, da concessão feita por Decreto n . 7153 ,
de 8 de Fevereiro de 1879 , para lavras de ouro no logar denominado — Guapiava,
municipio de Paranapanema. – Decreto n . 9946 de 2 de Maio .

A John Frank Hyland para explorar ouro e outros mineraes, no municipio


da Capital. -Decreto n . 10029 de 29 de Agosto .

A Tito Livio Martins para explorar petroleo e outros mineraes, no muni


cipio de Tatuhy . - Decreto n . 10073 de 3 de Novembro .

COMMISSÃO DE ESTATISTICA

A Commissão Central de Estatistica , nomeada pelo Exm . Conselheiro João Al


fredo Corrêa de Oliveira , por Acto de 9 de Janeiro de 1886 , com o fim de tentar
a organisação da Estatistica da Provincia de S. Paulo , concluiu os seus tra
balhos em Dezembro do anno passado e publicou, em fins de 1888 , na typo
graphia King, o seu Relatorio , num volume de cerca de 600 paginas .
E ' este um trabalho de subida importancia , que sobremodo abona a digna
Commissão que o realisou, composta dos Snrs . Drs. Elias Antonio Pacheco Cha
ves, Presidente, Doningos José Nogueira Jaguaribe Filho , Joaquim José Vieira de
Carvalho, Engenheiro Adolpho Augusto Pinto e Abilio Aurelio da Silva Marques .
108

A obra divide-se em tres partes : 1.a Estatistica ; 2.a Descripção geral da Pro
vincia ; 3.a Municipios Paulistas, pelo excellente systema das Monographias,
tão preconisado por Le Play , e que optimos resultados tem dado no estudo
da constituição social e historica das Familias e dos Estados .
Si bem fosse impossivel a Commissão adoptar in totum o methodo do emi
nente economista em suas deducções scientificas e de uma precisão mathematica ,
as diversas partes da obra são devéras dignas de attenção ; mórmente tendo -se
em vista a deficiencia dos dados e as difficuldades de todo o genero que a as
soberbaram , « sem o auxilio de corporação technica, de caracter scientifico ou admi
nistrativo , que pudesse encaminhar-lhe o passo ou explanar -lhe os accidentes do
caminho, obrigada a esclarecer-se por si, a juntar peça por peça todo o material
necessario á construcção e urdidura do trabalho de que se tinha incumbido . ,

A primeira edição , de mil exemplares, esgotou - se rapidamente.


E a segunda, á cuja impressão a Commissão mandou proceder de prompto ,
está concluida e vai tendo igualmente grande procura .

E ' a primeira obra neste genero existente no paiz . E, animadas pelos


felizes resultados que coroaram os patrioticos esforços da Commissão, já outras
Provincias estão tentando realisar o mesmo commettimento .

Prestaram grandes serviços á Commissão o Engenheiro Luiz Adolpho Pinto


e o Snr . Thomaz Paulo do Bom Successo Galhardo , aos quaes, por tal motivo ,
o Governo Imperial galardoou com o grau de Official da Ordem da Rosa.

CATECHESE E CIVILISAÇÃO DOS INDIOS

A Lei n . 68 de 2 de Abril de 1887 autorisou o Governo a despender no


exercicio passado até a quantia de 12 : 000$ooo com colonias de indigenas e
serviço de catechese nas mesmas .
Aquella lei fundou as seguintes colonias :
1.º Colonia do Rio do Peixe , que dominará as cabeceiras deste rio e a
Serra dos Agudos ;

2.º Colonia de São João Baptista do Rio Verde , nas proximidadas das
confluencias dos rios Verde e Itararé ;

3.0 Colonia de Tibagy, na confluencia deste rio com o Paranapanema ;


4. ° Colonia das Cachoeiras , em frente á antiga colonia de Santo Ignacio ,
do territorio da Provincia do Paraná .
Estatuiu mais o desenvolvimento do aldeamento de Pirajú , no municipio
de São Sebastião do Tijuco Preto , a quatro leguas da Villa de São Sebastião ,
rio Paranapamena abaixo, e que os estabelecimentos fundados seriam dirigidos
por Missionarios Catholicos .
Na conformidade do art . 3.º da citada lei , o meu honrado antecessor
expediu as necessarias Instrucções , que encontrareis appensas á collecção de
leis de 1887 .
E ' evidente que só com muito tempo e avultados recursos pecuniarios
poder - se -ha levar a effeito a inteira execução da lei de 1887 : as quotas que
costumam ser decretadas para este serviço , que é de grande importancia, são
geralmente diminutas.
109

No exercicio vigente, a Assembléa não consignou verba para a Catechese ;


havendo , porém , uma sobra de 4 : 605 $ooo da quantia votada no exercicio
passado.

O Relatorio do Brigadeiro Geral dos Indios é deficiente e poucos es


clarecimentos fornece, devido à falta de dados estatisticos .

O Aldeamento de Itarery , no municipio de Iguape , tem elementos de vi


talidade : poderia prosperar, si lhe fossem dispensados recursos , que escassêam .
Existem nelle alguns Indios aldeados , que se occupam na agricultura. Não
têm capellão nem direcção no trabalho e carecem de todos os instrumentos
para os misteres da vida agricola .
O Aldeamento de S. João Baptista , por sua vez , precisa de casa para os
Indios
que, por sua idade avançada, tornam -se valetudinarios, de um predio
para escola e de uma Capella .
O Aldeamento de S. Sebastião do Pirajú está definhando e o de Tijuco
Preto não tem condições naturaes de manutenção , por falta de patrimonio .
Os demais Aldeamentos - dos Pinheiros , Baruery , Carapucuhyba, S. Miguel,
Itaquaquecetuba,Escada , MBoy —apenas existem in nomine : as suas terras
foram invadidas por particulares e a população indigena confundida com a ci
vilisada . Mas , havendo concessão de terras , será conveniente serem ellas de
marcadas , não somente com o fim de sua devolução ao Estado , sinão de sua
restituição aos Aldeamentos .

Foi apresentado pelo Engenheiro José Nogueira Jaguaribe o mappa e a


planta do novo Aldeamento que se projecta na Serra dos Agudos , no valle do
Paranapanema, e já estão realisados os trabalhos preparatorios para o estabe
lecimento deste Aldeamento , destinado a prestar relevantes serviços á Cate
chese naquellas regiões infestadas pelos bugres, que de continuo fazem ali cor
rerias e commettem attentados e depredações .

A 9 de Agosto falleceu Frei Mariano de Bagnaia , Director do serviço da


Catechese no valle comprehendido entre os rios Tieté e Paranapanema.
Solicitei do Commissario Geral dos Capuchinhos , na Côrte , a nomeação
de outro Missionario , para preencher a vaga daquelle solicito e venerando sa
cerdote, cuja falta tem sido sensivel.

Está encarregado , presentemente , deste serviço , o seu companheiro, Frei


Francisco de Alatri , que, a 14 de Julho , já fora designado para substituir o
Director em sua ausencia .

O Commissario Geral participou -me haver providenciado no sentido de ser


dado um successor a Frei Mariano ; o que ainda não se realisou .

Na verba que votardes para este serviço , cumpre terdes em vista a con
veniencia de um auxilio de 1.000 $ 000 para cada um dos Aldeamentos , outrora
florescentes, de S. João Baptista do Rio Verde , Tijuco Preto e Itarery, afim de se
applicar ás despezas com os Indios invalidos , compra de ferramentas para a lavoura,
vestuario e acquisição de mais utensis necessarios ao incremento daquellos nu
cleos , que não convém ficarem abandonados como têm sido os dos municipios
proximos da Capital , e que não têm progredido por falta absoluta de recursos .

Estando esgotada a verba votada no exercicio passado , que dera pequena


sobra transferida para o exercicio corrente , cumpre attenderdes com todo des
110

velo ao serviço da catechese e civilisação dos Indios, o que redundará em be


neficio á humanidade e incremento para a nossa Provincia .

COMMISSÃO DE TERRAS DO VALLE DO PARANAPANEMA

O Ministerio da Agricultura, por Aviso de 23 de Junho do anno proximo


passado, dispensou os Engenheiros José Ribeiro da Silva Pirajá e Ignacio Gomes
dos Santos, dos cargos de Chefe e Ajudante desta Commissão e mandou sus
pender os respectivos trabalhos, resolvendo conservar apenas o pessoal neces
sario para conclusão dos serviços iniciados .

Em 11 de Julho, o Engenheiro - Ajudante José Nogueira Jaguaribe assumiu


o exercicio do cargo de Chefe interino da Commissão , afim de ultimar os tra
balhos começados .

O Governo Imperial , por Aviso de 28 de Novembro ultimo, declarou extincta


a Commissão .

ENGENHO CENTRAL DE LORENA

A safra deste anno foi iniciada a II de Julho e até 19 de Novembro


ainda não estava finda .

Até essa data tinham sido moidas cerca de 10.000 toneladas de canna
e a producção em assucar do 1.9, 2. ° e 3 ° jacto é calculada em 700 toneladas
sómente, attentas as irregularidades do tempo durante a cultura,
Apesar da Companhia proseguir na acquisição de objectos e na introduc
ção de importantes melhoramentos, ainda o preço da venda do assucar não com
pensa as avultadas despezas que se tem realisado .

Attribue-se isso ao facto de serem as cannas pagas aos fornecedores por


uma importancia elevada , o que, todavia, estimula -os a continuarem nas plan
tações .

Espera - se que a safra vindoura seja mais abundante do que a presente.


A Companhia auxilia os lavradores com emprestimos de dinheiro , a juros
modicos, e emprega todos os esforços afim de obter os mais lisongeiros resul
tados .

ESTRADAS DE FERRO

A 14 de Agosto reuni, em conferencia, os representantes das diversas


Companhias de Estradas de Ferro, no empenho de chegarmos a accôrdo sobre
a revisão das plantas e reducção das tarifas.
E ' assumpto este da maior actualidade para o commercio e para a lavoura .

Não tendo , porém , a esse tempo, ainda começado a vigorar as novas tabellas ,
e estando mesmo , em parte , dependentes de approvação, foi resolvido aguardar
os seus effeitos praticos, para se proceder a outra conferencia , este anno, pos
teriormente á safra, visto já conterem aquellas tabellas importantes reducções .
O Thesouro vos ha de indicar alguns retoques precisos no imposto de tran
sito , ainda na conveniencia da regularidade das tarifas .
111

Devido ás divergencias em que se acham algumas das nossas estradas


sobre o modo de considerar o perimetro de suas zonas privilegiadas , e á neces
sidade de attrahirem o transporte, disputado em mais de um logar , não é pos
sivel obter -se uma tarifa uniforme e permanente .

Este mal só desapparecerá com a fusão das principaes Companhias em uma,


que se constitua centro dos ramaes, que são a origem das lutas.
Os traçados de nossas primeiras estradas de ferro, bem delineados a prin
cipio , tomaram depois direcções , cujos defeitos havemos de sentir sempre.
E são taes as difficuldades, algumas vezes , que chego a suppôr não seria
fóra de proposito a encampação dessas estradas , como meio de cortar duvidas
e melhor servir ao publico .

Sei que o Estado não é bom administrador de emprezas. Sou mesmo


adverso a esta idéa . Prefiro que se concedam garantias , subvenções ou outros
favores e que a acção particular se desenvolva por si . Tem sido mesmo esse
o meio pelo qual temos praticado prodigios em assumpto de viação ferrea .
Sendo , porém , certo que com hypotheca das mesmas estradas não é difficil
levantar hoje na Europa o capital necessario para a encampação, e que por esse
modo se solveriam difficuldades presentes , podendo a operação ser duplamente
vantajosa, o modo de administrar as emprezas constituiria assumpto de estudos,
pois si á Provincia não conviesse fazel- o directamente , por empregados seus ,
recorreria aos meios indirectos de arrematação ou contractos a prazo, com fis
calisação e mediante clausulas ou cautelas que assegurassem a crescente pros
peridade das emprezas .

A Estrada de Ferro D. Pedro II , nem por ser do Estado , deixa de dar excel
lentes resultados .

COMPANHIA DE SANTOS A JUNDIAHY

Com relação ao periodo decorrido de 1.º de Janeiro a 30 de Setembro de


1888 , são dignas de nota as seguintes occurrencias :
Conservação da linha e edificios . — A via permanente continúa em condições
satisfactorias. Concluiu -se a reconstrucção da estação de Jundiahy e augmen
tou-se o edificio da estação de passageiros em São Paulo .

Telegrapho. — Expediram -se 40.543 despachos, que produziram 25 : 664 $ 790 .


Em igual periodo do anno anterior havia sido de 28.964 o numero dos des
pachos expedidos e de 21 : 768$ 560 a receita produzida.
Material rodante . - O material existente acha-se em bom estado .

Chegaram , foram montados e entraram em serviço 80 novos vagões de


carga e quatro novas locomotivas ; foram construidos dois carros-salões de

bogie em substituição de outros antigos de systema de compartimento , achan


do -se dois outros , tambem de bogie, em construcção adiantada .
Trafego. Os trens correram com regularidade , tendo sido transportados :
Passageiros de 1.a classe, inclusive 21.937 de ida e volta 38.921
de 2.8 classe 147.958
Animaes 6.250
Carros 33

118.660 volumes de encommendas e bagagens , pesando 1.838.554 kilog


- 112

Café 56.075.136 kilos


Assucar . 11.338.600
Sal 17.737.281
Toucinho 206.947
Algodão 43.115 >
Fumo 60.655
Mercadorias diversas 101.961.606
Ditos por volume 18.925 vags .
Trens especiaes expediram -se . 3

Contabilidade . -Dos balancetes mensaes e desenvolvimentos da receita e


despeza, organisados pela respective commissão de tomada de contas, extrahe - se
para o periodo que consideramos :

Receita . 4.408 : 997 $ 550


Despeza . 1.800 : 489$910
Saldo em 30 de Setembro de 1888 . . 2.608 : 507 $ 640
Em igual periodo de 1887 o saldo foi de . 2.539 : 1 25 $ 200

A receita arrecadada proveio de :


Passagens 393 : 934$ 730
Encommendas e bagagens 72 : 380 $ 220
Animaes e carros . 8 : 311 $ 650
Mercadorias por peso
3.537 : 052 $ 270
Ditas por volume 210 : 514 $090
Telegrapho 25 : 664$ 790
Armazenagens
4 : 468 $ 240
Multas
6 : 107 $440
Rendas diversas 150:2 26 $ 440

A despeza foi assim distribuida :

Administração geral 25: 900 $ 130


Trafego 366 : 904$ooo
Material rodante 236 : 696 $ 460
Tracção . 364 : 636 $ 580
Almoxarifado 13 : 032 $ 110
Telegrapho . 27:50 1 $ 170
Conservação da linha 514 : 099 $ 550
Diversas despezas 256 : 719 $910

Tarifas.- Por Decreto n . 9928 de ui de Abril de 1888 foram approvadas


novas tarifas, consignando importantes modificações no antigo regulamento, das
quaes a mais notavel é a que se refere á suppressão dos 11 kilometros au
gmentados á distancia real da estrada na travessia da serra , quando as con
dições economicas eram differentes das actuaes .

Garantia de juro. — A garantia de juro, cuja despeza elevou -se á importancia


total de 6.277 : 860 $435 ,
só pesou aos cofres publicos até o anno de 1874,
tendo, do segundo semestre desse anno em diante , a Companhia partilhado com
o Governo Imperial, como determina a clausula 33.a do seu contracto, a metade
da renda liquida excedente de 8 % sobre o capital , que é de £ 2.650.000 .
113

As quantias por este motivo até hoje entregues ao Governo pela Com
panhia elevam -se a £ 639.939-18-3 , tendo sido de £ 66.453-16-6 a ultima pres
tação feita , correspondente ao anno financeiro findo em 30 de Junho ultimo.

II

COMPANHIA BRAGANTINA
Tem até o presente esta Companhia recebido a quantia de 927 : 725 $ 569 ,
importancia dos juros garantidos sobre o capital de 2,320 : 000 $ooo .
A receita bruta até Novembro do anno passado , elevou -se a 87 : 617 $ 060
e a despeza a 67 : 165 $ 585 .
Houve , pois , um saldo de 14:45 1 $472 .

A via pernianente continúa em perfeito estado de conservação , e bem as


sim o material rodante.

São estes os dados a que limitou -se o Relatorio do Engenheiro Fiscal in


terino .

III

FERRO CARRIL ITATIBENSE


Acham -se em via de conclusão os trabalhos de construcção da Estrada de
ferro de Louveiras á cidade de Itatiba .

Durante a construcção fizeram - se diversas modificações no traçado approvado


pelo Governo, todas no sentido de melhorar as condições technicas do primitivo .
Tem esta Companhia lutado com difficuldades financeiras e creio que unica
mente a esta causa deve ser attribuida a demora na definitiva conclusão das obras.

Apezar disto , a Companhia já tem os trilhos assentados até a cidade de


Itatiba .

A linha méde 19 kilometros e 980 metros .

Tem duas Estações já promptas : uma, denominada Passarinhos e outra


Tapera Grande .

Está igualmente prompto o armazem de cargas de Itatiba e em adeantado


estado de construcção a Estação de passageiros da mesma cidade .
Tem esta estrada grandes cortes e aterros , sendo o corte mais alto de
1850 e o aterro mais alto de 19 " 70 .
O movimento de terras está calculado em 125,000 metros cubicos, não
comprehendendo os desmoronamentos de cortes e abatimento de diversos ater
ros durante a construcção .

A obra de arte mais importante é o viaducto do Pupo , com 78 metros de


comprimento e 19 de altura maxima ; sobre este viaducto estão lança
das duas curvas de 100 metros de raio cada uma na entrada e sahida, e um
alinhamento recto de 40 metros.

Tem mais a linha dous boeiros grandes , de om80X1 " 20 de vão, um boeiro
de arco duplo de 120X1M80 cada vão , dous boeiros seccos de om60X0mlo,
5 pontilhões , tendo um 2 " 20 de vão , 4 boeiros ovaes de om6oXom8o , cinco
boeiros ou draines, e 4 passagens americanas .
Os trilhos são de aço , de peso de 20 kilos por metro corrente .

Foram empregados 26.500 dormentes .


15
114

A menor curva é de 100 metros de raio e o declive maximo é de 2,5 %


tido
tendo o mais extenso 2.780 metros no sentido da importação, e no sen
da exportação o maior declive é de 2 % com a extensão de 2.440 metros .
Estão já assentados 2 tanques para fornecimento d'agua ás locomotivas.

Tem dous gyradores para inversão das locomotivas , e duas destas já mon
tadas , pesando cada uma 22 toneladas em marcha e munidas de seis rodas

cada uma, da fabrica Dubs & Comp . de Glasgow Locomotive Works ;-dous
vagões mixtos para passageiros , com capacidade para 35 pessoas cada um ,
sendo 20 logares de 2.a classe e 15 de 1.8— dous breaks montados com
compartimento para o guarda, correio e bagagem ;—10 vagões cobertos e 6
abertos .

A Companhia contractou com o Snr . W. Huggins as obras da Estrada ,


englobadamente, inclusive Estações e dependencias, trilhos e assentamento , e todo
o material rodante acima especificado, pela quantia de 448 : 000$000 .
Tambem já pediu ao Governo autorisação para abrir a linha ao trafego
provisorio de mercadorias. Mas as ultimas chuvas têm causado não poucos
estragos na linha, de modo que não convém entrar em trafego antes de com
pletamente reparada .

IV

COMPANHIA MOGYANA
I

RECEITA E DESPEZA

No periodo de Janeiro a Junho do anno passado a receita das linhas de


privilegio provincial, comprehendendo a de Campinas ao Ribeirão Preto e ra

maes do Amparo e da Penha do Rio do Peixe, elevou -se a 1,168 : 314 $ 772 ,
constante das seguintes verbas :

Renda de passageiros 256 : 1778050


Idem cle encommendas e bagagens 33 : 556$ 630
Idem do Telegrapho 7 :623$ 360
Idem de mercadorias 859 : 948 $ 800
Idem pela arrecadação dos impostos 2 : 031 $060
Idem diversas 746 $ 370
Idem de armazenagem . 548 $ 780
Multas 25 $ ooo
Emolumentos do Escriptorio 151 $ 800
Aluguel do material rodante 2 : 411 $ 560
Premios e descontos 5 : 050$ 562
Sello de acções . 43 $800

1,168 : 314$ 772

No mesmo periodo a despeza do custeio elevou - se a 600 : 540 $ 341 , produ


zindo uma renda liquida de 567 : 774 $ 431 . A despeza distribuiu -se pelas seguin
tes verbas :
115

Conservação da linha • 167 : 616$449


Tracção 261 : 341 $ 381
Trafego 114 : 526 $ 055
Reparo de carros e vagões 21 :558 $ 360
Administração e despezas geraes 35 : 498 $096

600 : 540 $ 341


Saldo
567 : 774 $431

1,168 : 314$ 772

Do saldo verificado, deduzida a importancia de 4 : 344$ 529 , deficit da


vegação do Rio Grande, a Companhia applicou o liquido de 563 : 429 $ 902 aos
seguintes fins :

Para o fundo de reserva 20 : 000$ooo


Para reconstrucção de Estações 17 : 879 $902
Para o 30.º dividendo de 45,700 acções integralisadas á rasão
de 11 1/2 % ou 11 $ 500 por acção . 525 : 550$000

563 : 429 $902

A crescente prosperidade das rendas da Companhia Mogyana tem dado


logar a grande procura de suas acções , cuja cotação no mercado monetario su
biu acima do par .

TRAFEGO

Durante o semestre o movimento de passageiros foi de 104,107 , sendo :


de 1.a classe 23.910 e de 2.8 classe 80,197 .

Dos dados supra comparados com os do ultimo semestre de 1887 , verifica


se que houve no 1.º semestre do anno passado um augmento de 25,88 % no
trafego de passageiros .

No mesmo periodo o movimento de mercadorias foi de 33.535.141 kilo


grammas, sendo 16.428.005 de exportação e 17.107.136 de importação .
As mercadorias transportadas foram :
kilogrammas
Café 10.751.361
Assucar 1.663.045
Sal . 1.305.161
Fumno 86.389
Toucinho 498.593
Generos alimenticios 2.128.355
Algodão 634
Couros .
34.431
Diversos 17.067.172

33.535.141

Além dessas mercadorias foram transportados 795 vagões de generos des


pachados por vagão .

Durante o semestre foram transportados 2,944 animaes pela tabella 10% e


127 pela tabella 11.a, dando o total de 3.071 animaes .
116

Foram no mesmo periodo despachados 6.634 volumes de bagagem , pe


sando 137.036 kilogrammas , e 28.632 volumes de encommendas, pesando 353.016
kilogrammas .
CONSERVAÇÃO DA LINHA

A linha está em bom estado e offerece a precisa segurança .

Durante o alludido semestre foram substituidos 24.463 dormentes, 21.683


grampos: 1.930 chapas de junta, 7.963 parafusos e 3:383 trilhos, incluindo -se
neste numero os trilhos empregados no novo desvio de Campinas, com a ex
tensão de 1.865 metros , para facilitar as manobras dos trens e entrada nas of
ficinas, deposito de carvão e outros materiaes .
Foram substituidas duas chaves na Estação de Jaguary, duas na de Co
queiros e um - coração — na do Amparo.
Estão em via de conclusão as obras da nova ponte suspensa do rio Ca

mandocaia e o novo atterro para a mudança da linha neste logar.


Foram construidos pontilhões nos kilometros 5,74 e 277 com 2 metros
de vão cada um .

Construiram -se 2 boeiros abertos no ramal do Amparo, no kilometro 30 ,


de 2 metros de vão cada um , para facilitar o escoamento das aguas.
Foram substituidas por vigas de trilhos as de madeira de 5 pontilhões.
O serviço de lastro effectuou -se com 100 trens .

A despeza de conservação foi de 455 $ 479 por kilometro .

TRACÇÃO

Durante o semestre as locomotivas effectuaram um percurso de 409.891


kilometros, e rebocaram 3.028 trens , sendo 736 de passageiros, 1.094 mixtos,
976 1/2 de cargas , 121 1/2 especiaes e 100 de lastro .

Estes trens se compuzeram de 5.711 carros de passageiros, 13.461 vagões


carregados e 5.268 vagões vasios.
Neste serviço as locomotivas consumiram 3.242.237,81 kilogrammas de carvão
de pedra , isto é , 3.243,3 toneladas metricas de carvão e 20.048,7 litros de azeite .
Durante o semestre foram concertadas as locomotivas ns . 6 , 10 , 12 , 13 ,
14 , 15 , 16 e 17 .

Foi montada a locomotiva 1. 22 do typo Consolidation da Fabrica Sharp,


Stewart & Comp ., de Manchester , Inglaterra.
No mesmo periodo foram concertados 96 vagões e 2 carros ; a Companhia
está construindo 130 vagões de carga e 4 carros de passageiros , correndo toda
a despeza por conta do custeio .

Comprou ais , ainda por conta do custeio , os freios denominados --vacuum


brake - para todas as locomotivas e carros de passageiros . Esta medida tem
grande importancia sob o ponto de vista de proporcionar toda a segurança
ao publico.
As despezas extraordinarias feitas no semestre com o serviço da tracção
elevou -se a 89: 400 $ 095, sendo : Compra de freios -vacuum brake para as loco
motivas 15 :240 $ 120, compra do mesmo apparelho para os carros de passa
geiros 12 : 342 $ 545 , montagem da machina Consolidation , sob n. 22 , 610 $ 510,
117

construcção de 20 vagões rasos 18 : 033 $ 950 , construcção de 40 vagões co


bertos 26 : 147 $ 580 , construcção de 2 carros de passageiros 5 : 981 $485 , collo
cação de batentes automaticos nos vagões 4 : 455 $525 , e aluguel de carros
e vagões pago á parte da estrada de concessão geral 6 :588 $ 380 .
As officinas da Companhia estão perfeitamente montadas para todas as exi
gencias da linha e confiadas á direcção de um habil profissional.

TELEGRAPHO

Tem funccionado com toda a regularidade e sem interrupção alguma.


Durante o semestre referido foram transmittidos 28.892 telegrammas , con

tendo 697.124 palavras ; destes telegrammas 8.436 foram transmittidos pelo pu


blico , 109 pelo Governo e 20.347 em serviço da Companhia.
Pelo accordo feito com a Companhia Paulista a Estrada de Ferro

de D. Pedro II, começou desde 1.º de Janeiro do anno passado a vigorar o ser
viço reciproco de telegrammas , pagando-se a taxa de 500 réis por telegramma
de 15 palavras nas 3 Companhias, quando anteriormente aquella taxa era cobrada
em cada estrada . Importa , pois , esta convenção numa reducção consideravel de 2/3
partes das taxas antigas .
NOVOS RAMAES

Estão em adiantado estado de construcção os novos ramaes contractados


com o Governo , denominados ramal Pinhalense, ramal do Monte Alegre e ramal
dos Silveiras.

A Companhia já encommendou todo o material fixo e rodante , e parte


já chegou a Campinas .
Espera dar começo ao assentamento de trilhos do ramal Pinhalense no correr
deste mez .
NAVEGAÇÃO DO RIO -GRANDE

Tem a Companhia feito regularmente a navegação do Rio - Grande entre


a estação do Jaguára , da linha de concessão do Governo Imperial , e o logar de
nominado Ponte Alta , numa extensão de 51 kilometros . O resultado por em
quanto não tern sido satisfactorio .

II

PROLONGAMENTO

Os dados acerca deste prolongamanto abrangem o primeiro semeste de 1888 .


Construcção , -Foi aberto ao trafego o trecho da linha entre a importante
cidade da Franca do Imperador e o Jaguára , na extensão de 87 kilometros ,
no dia 5 de Março do anno passado .

A importancia despendida com a construcção do Prolongamento e ramal


de Caldas, até o fim do semestre , faltando ainda alguns pagamentos, e que está
sujeita á verificação da Commissão de tomada de contas, foi de 6.934 :002$ 559,
constando das seguintes verbas :
118

Trabalhos preparatorios 240 : 579$ 615


Excavações 1.182 : 803 $ 582
Boeiros, esgotos, etc. 364: 12 1 $ 776
Pontilhões 88 : 271 $ 356
Obras d'arte especiaes . 857:42 3 $ 806
Via permanente 2.437 : 880$ 554
Material rodante 601 : 059 $ 756
Estações e armazens 242 : 996$960
Officinas e depositos 223 : 059 $ 314
Telegrapho 84 : 599 $ 191
Diversos 611 : 206$ 649

Total . 6.934 : 002 $ 559

TRAFEGO
Linha do rio Grande :
Receita 206 : 558 $ 544
Despeza 158 : 034 $ 857

Saldo 48 : 523 $ 687

Ramal de Poços de Caldas :


Receita 46 : 228 $ 350
Despeza 59 : 115 $920

Deficit 12 : 887 $ 570


Em ambas as linhas :
Receita 252 : 786$ 894
Despeza . 217 : 150 $ 777

Saldo . 35 : 636 $ 117

1. ) Linha do Rio Grande

Passageiros . — Transitaram nesta linha 10.990 passageiros , dando a receita


de 36 : 990 $ 620 ; comparando com o movimento de passageiros de igual semes
tre do anno de 1887 , temos :

SEMESTRES 1.a classe 2.a classe Ida e volta TOTAL

1.0 semestre de 1887 569 5.317 360 6.247


» 1888 735 9.817 438 10.990
Differença para mais 166 4.500 78 4.743
>> menos

Os percursos e productos de passageiros foram os seguintes :

1.a classe 2.a classe Ida e volta TOTAES

Percurso total 51.197 k . 567.253 k . 46.004 k . 664.454 k.


medio 69 k . 57 k. 105 k. 60 k.
Producto medio por passageiro 6$ 298 2 $956 7 $ 667 3$365
e por kilometro $ 090 $050 $075 $ 055
119

Por conta do Governo percorreram a linha 286 passageiros, sendo 59 de


1.4 e 227 de 2.8 classe.

Dos 10.990 foram para o interior 5.493 e vieram do interior 5.497 .


Bagagens e encommendas . - Foram transportados 4.370 volumes de encom
mendas e bagagens , com o peso de 58.934 k . dando um producto de
1 : 641 $ 360 . Foram conduzidos 211 animaes em carros de bagagem , produ
zindo a receita de 382 $ 150 . O percurso total dos animaes foi de 11.826 k . e
o medio por cabeça de 56 k .; 0 producto medio por cabeça foi de 1 $ 811 e
por kilometro $032 .
Telegrapho. — Foram transmittidos 2.155 despachos telegraphicos , com
33.896 palavras, dando uma receita de 1 : 470 $ 300 .

Mercadorias. - 0 transporte de mercadorias foi de 7.531.718 k . dando o


producto de 140 : 073$950 . Essas mercadorias constaram de 356.002 k . de café,
13.380 k . de algodão , 317.883 k . de toucinho, 112.012 k . de fumo, 79.531 k .
de assucar, 2.366.805 k . de sal e 4.276.105 k . de mercadorias diversas. Foram
ainda transportados 2.608 animaes em trens de mercadorias , dando a receita
de 2 : 094$ 280 , e 4 carros a de 107 $ 580 .
A importação foi de 5.343.738 k. de mercadorias e a exportação de
2.187,980 k . Foram ainda conduzidos 64 vagões com diversas mercadorias,
dando um producto de 739 $030 .

Os percursos e productos foram os seguintes :

Percurso total das mercadorias 991.668 k .


medio por tonelada 131
Producto 18 $ 597
e por kilometro . $ 141

O percurso total dos animaes foi de 245.810 k . , o medio por cabeça de


94 k . , e o producto medio por cabeça de 803 réis
Comparando o transporte de mercadorias d'este semestre com o do se
mestre correspondente do anno de 1887 , temos :

SEMESTRES Mercadorias Vagões Animaes Carros

1.0 semestre de 1887 . 10.828.380 98 56 3


> 1888 . 7.531.718 64 2.608 4
Differença para mais 2.552 I
menos 3.296.662 34

Receita . - Constou dos seguintes productos :

Passageiros 36 : 990 $ 620


Encommendas e bagagens . 3 : 023 $ 510
Telegrapho 1 : 470 $ 300
Mercadorias 143 : 014$ 840
Receitas diversas 22 : 059$ 274
Total 206 : 558$ 544
120

Despeza . - Constou das seguintes verbas :


Direcção geral e Contadoria 10 : 260 $o1
Trafego 21 : 967 $ 727
Tracção 45:20 1 $ 246
Material rodante 5 : 540$ 510
Telegrapho 4 : 839$ 786
Conservação da linha 53:38 3 $ 302
Despezas diversas 16 : 842 $ 275
Total 158 : 034$ 857

Movimento dos trens.- Percorreram essa linha 508 trens , sendo 364 mixtos,
134 de cargas , 4 especiaes e 6 de lastro . Nesses trens correram 462 carros
de passageiros , 364 de correio e bagagens , 1.663 vagões carregados , 158 va
gões de animaes e 1.044 vagões vasios. A composição media dos trens foi de
5,98 vehiculos , sendo 0,95 carros de passageiros , 0,76 de correio e bagagens ,
2,33 de vagões carregados, 0,19 de vagões de animaes e 1,75 de vagões va
sios. A duração da marcha absoluta foi de 3.329 h . 38 m . e a media de 6 h .
33 ni . 16 s .

O percurso absoluto foi de 76,595 k .; o medio , de 150 k . 935 m . e por


hora de marcha de 23 k . 004 m . O percurso das locomotivas foi de 90.381 k .
e o dos vehiculos de 463.865 k .

2.0 ) Ramal de Poços de Caldas

Passageiros.-— Transitaram n'este ramal 5.044 passageiros , dando uma re


ceita de 25:800 $ 450. Por conta do Governo transitaram 31 passageiros, dando
interior 2.491 e vieram do interior
o producto de 81 $ 700 . Foram para o
2.553 . Comparando o movimento de passageiros d'este semestre O cor
respondente do anno proximo passado, achamos :

SEMESTRES 1.a classe 2.a classe Ida e volta TOTAL

1.0 semestre de 1887 . 1.088 4.325 254 5.667


» 1888 . 1.079 3.597 368 5.044
Differença para mais 114
menos 9 728 623

Os percursos e productos dos passageiros foram os seguintes :

1.a classe 2.a classe Ida e volta TOTAL

Percurso total dos passageiros 68.643 k . 177.262 k . 30.388 k . 276.293 k .


medio por 63 k . 49 k . 82 k . 54 k.
Producto >> >> 8 $ 802 3$ 655 8$ 570 5 $ 119
> e por kilometro $ 138 $074 $ 103 $ 093

Encommendas e bagagens. - Foram transportados 3.533 volumes com o peso


de 57.364 k . , dando um producto de 2 : 187 $ 350 , e em carros de bagagens
98 animaes, dando uma receita de 165 $ 980. O percurso total dos animaes
foi de 5.416 k . , o médio por cabeça de 55 k . ; o producto médio por cabeça
foi de i $693 e por cabeça e por kilometro de 30 réis .
121

Telegrapho. - Foram transmittidos 1.241 despachos telegraphicos , com 19.009


palavras , dando uma renda de 794$ 680 .
Mercadorius. — Foram transportados 1.638.442 k . das seguintes mercadorias :
café — 470.984 k . , algodão - 5-500 k . , toucinho — 40.156 k . , fumo - 2.710 k . , as
sucar - 138.853 k . , sal - 164.882 k . e diversas -815.357 k . ; além do transporte
de 114 vagões com mercadorias diversas, dando a receita de 622 $ 340 . Nos
trens de mercadorias foram conduzidos 2 animaes , dando a receita de 4$ 500 .
A importação das mercadorias foi de 858.108 k . e a exportação de 780.334 k .;
a importação das mercadorias diversas por vagão foi de 16 vagões e a expor
tação de 98 .
Os 2 animaes vieram do interior .

Os productos e percursos foram os seguintes :

Percurso total das mercadorias 82 957 k .


médio por tonelada 50 k .
Producto IOS080
e por kilometro $ 199
Percurso total dos animaes 60 k .
médio por cabeça 30 k .
Producto 2 $ 250
>> > e por kilometro $ 075

Comparando as quantidades de mercadorias transportadas nesses semestres


com os do semestre correspondente do anno de 1887 , temos :

SEMESTRES Mercadorias Vagões Animaes Carros

0011
1.0 semestre de 1887 . 2.069.844 53 2
» 1888 . 1.638.442 114 2

Differença para mais 61


-

para menos 431.402

Receita . — Constou das seguintes parcellas :

Passageiros 25 : 800$450
Encommendas e bagagens 2 : 353 $ 330
Telegrapho . 794$ 680
Mercadorias
17 : 140$ 420
Diversos 139$470

46 : 228 $ 350
Despeza . - Constou das seguintes verbas :
Direcção geral e Contadoria . 4 : 517 $ 863
Trafego 11 : 548 $632
Tracção 13 : 659 $440
Material rodante 984 $ 257
Telegrapho 1 :920 $ 316
Conservação da linha 25 : 895 $ 202
Despezas diversas 590$ 210

Total 59 : 115 $920


16
122

Movimento de trens .--O serviço deste ramal foi feito por 261 trens , sendo
156 mixtos, 77 de cargas , 23 especiaes e 4 de lastro . Nesses trens estiveram
em movimento 258 carros de passageiros , 156 de correio e bagagem , 684 va
gões carregados, ni de animaes e 272 vasios . A composição media dos trens
foi de 3.85 vehiculos, sendo 0.93 carros de passageiros, 0.59 de correio e ba
gagem , 1.67 vagões carregados , 0.03 vagões de animaes e 0.63 vagões vasios .
A duração absoluta da marcha foi de 1.019 h . 4 m . e a media por trem de
3 h . 54 m . 16 s . O percurso das locomotivas foi de 23.634 k . e o dos vehiculos
de 77-502 k .

Conservação das linhas . - O leito do prolongamento e o do ramal acham - se


em bom estado . Foram mudados 2.400 dormentes no prolongamento e 1.400
no ramal.

Construiram -se 12 boeiros abertos, por conta do capital, entre o Ribeirão


Preto e a Rifaina . Continuou -se a cercar as 2 linhas, sendo occupadas 5 tur
mas nesse trabalho. A extensão cercada nesse semestre foi de 58 k . 523 m . no
prolongamento e 26 k . 767 m . no ramal.

A despeza de assentamento tem sido de 106 $ 8 36 por kilometro.

Por Aviso de 10 de Setembro, o Ministerio d'Agricultura, para attender á


reclamação de particulares, que lhe pareceram justas, no sentido do restabele
cimento dos trens diarios de passageiros no ramal de Caldas , recommendou que
me entendesse com esta Companhia afim de promover essa medida .
Em cumprimento deste Aviso, dei as necessarias providencias, e a Com
panhia Mogyana, restabeleceu o trafego diario , no ramal de Caldas, que fora
reduzido anteriormnete por motivos de economia .

III

R : IM :AL DUMONT

Em virtude da cessão feita pela Companhia Mogyana ao Engenheiro Dr.


Henrique Dumont, de seu direito de preferencia para construir um ramal ferreo
da Fazenda do mesmo Engenheiro á Estação do Ribeirão Preto , foi em data
de 13 de Outubro ultimo celebrado contracto entre esta Presidencia e o Dr.
Henrique Dumont, para construir, usar e custeiar uma ferro -via economica de
bitola de sessenta centimetros ( 0 .""60 ) entre trilhos.
Esta estrada é destinada especialmente ao serviço de cargas : é propria
mente uma ferro -via agricola , como a da Companhia Descalvadense .
Ficando a ferro -via Dumont toda comprehendida na zona do privilegio da
Companhia Mɔgyana, o Governo Provincial, no contracto feito com o cessiona
rio , estabeleceu a clausula do contracto vigorar por todo o tempo que falta
para completar o praso do privilegio de zona concedido á Companhia Nogyana,
nos termos do contracto de 1880 celebrado pelo Governo com esta Companhia,
De conformidade com a clausula 4.a do contracto de 13 de Outubro ul
timo, approvei, por acto de 21 de Dezembro, as plantas, perfis longitudinaes,
typos das obras de arte , memorial e orçamento apresentados pelo concessiona
rio desta ferrovia .
123

COMPANHIA YTUANA

A receita e a despeza do tronco e do ramal da Companhia Ytuana, du


rante o primeiro semestre de 1888 , foram as seguintes :

Tronco Ramal
Receita 112 : 332 $ 838 Receita . 123 : 12 29770
Despeza 113 : 240 $ 120 Despeza 1 20 : 268 $ 638
Deficit 907 $ 282 Saldo 2 : 854 $ 132

Esses elementos se desenvolvem assim :

No tronco Noramal
Receita Receita

Trafego de passageiros . 39 : 106$ 460 42 : 883 $ 260


Encommendas, cavallos, carros , etc. 6 : 306 $ 850 6 : 112 $460
Telegrapho 1 : 845 $ 700 1 : 565 $ 630
Mercadorias 58 : 328 $ 800 71 : 445 $480
Diversos 6 :745 $ 028 1 : 115 $ 940

112 : 332 $ 838 123 : 1 2 2 $ 770


Despeza Despeza

Via permanente 27 : 687 $ 120 57 : 938 $480


Tracção 43 : 272 $ 980 24 : 479 $ 595
Concertos de carros e vagões 7 : 887 $ 220 3 : 590 $ 633
Trafego 20 : 338 $ 850 21 : 434 $ 850
Administração e despezas geraes 12 : 553 $ 950 12 : 834 $ .80
Zona privilegiada 1 :500 $ 000

113 : 240$ 120 I 20 : 268 $ 638

O numero de passageiros que percorreram as linhas foi o seguinte :

No tronco No ramal
1.4 classe 8.813 6.854
2.8 22 126 22.736

30.939 29.590

A relação dos passageiros de 1.a classe para os de 2.a foi de :

No tronco No ramal

1 : 2517 1 : 3,3

A media mensal de passageiros que percorreram as linhas foi :

No tronco No ramal

5 : 156,5 4.931
124

O rendimento medio de cada passageiro foi de :

No tronco No ramal
1 $ 264 1 $449

A receita por passageiro e kilometro foi de :

No tronco No ramal
18,06 rs . 9,9 rs .

Os bilhetes foram comprados nas seguintes estações :

DO TRONCO DO RAMAL

ESTAÇÕES 1.a classe 2.a classe TOTAL ESTAÇÕES 1.a classe 2.a classe TOTAL

Jundiahy . 1.550 2.458 4.008 Itaicy 165 600 765


Itupeva 356 1.834 2.190 Indaiatuba 459 1.276 1.735
Quilombo 101 605 706 Monte - Mór 82 658 740
Itaicy 478 1.542 2.020 Capivary . 825 3.616 4.441
Salto . 538 3.498 4.036 Villa Raffard 102 622 724
Ytú 2.694 6.570 9.264 Mombuca 227 911 1.138
Em transito 3.096 5.619 8.715 Rio das Pedras . 654 2.796 3.450
Piracicaba 2.616 6.717 9.333
Costa Pinto . 146 298 444
Paraiso 135 675 810
Xarqueada 279 673 952
Porto João Alfredo . 106 780 886
Em transito . 1.058 3.114 4.172
8.813 22. 126 30.939 9.854 22.736 29.590

O movimento de encommendas, animaes e mercadorias foi :

No Tronco No Ramal

Animaes transportados 290 458


Encommendas 168 t . 185 k . 169 t . 346 k .
Mercadorias 7.702 t . 727 k . 8.416 t . 489 k .
Receita bruta de uma ton . por k . $ 108 $058
Rendimento medio de uma ton . 7 $ 572 8 $488

O movimento das mercaderias por estações foi o seguinte :

DO TRONCO DO RAMAL

ESTAÇÕES Exportação Importação TOTAL ESTAÇÕES Exportação Importação TOTAL

T T T T T T
Jundiahy . 460.889 40.365 501.254 Itaicy 4.116 4.116
Itupeva 837.468 122.630 960.098 Indaiatuba 109.588 55.750 165.338
Quilombo 100.246 73.085 173.331 Monte -Mór 759.039 39.064 798.103
Itaicy 165.128 63.557 228.685 Capivary 1 : 376.124 346 635 1 : 722.759
Salto 347 695 371.214 718.909 Villa -Raffard 149.498 20.850 170.348
Itú . 467.977 789.380 | 1 : 257.357 Mombuca 168.940 21.144 190 093
Em transito , 3 : 863.093 3: 873.093 Rio das Pedras . 533 659 125.287 658.946
Piracicaba 1 :021.594 1:498.806 2:520.400
Porto João Alfredo . 37.276 648 37.924
Costa Pinto , 661,674 8.917 670.591
Paraiso 85.256 12.404 97.660
Xarqueada 37.364 104.673 142.037
Em transito . 1:238.174 1 : 238.174
2 :379.403 5 :323.324 7 : 702.727 4 :944.137 | 3 : 472.352 8: 416.489
125

A despeza se divide , proporcionalmente aos diversos serviços , do seguinte


modo :

Para o Tronco Para o Ramal

Via permanente 24,50 % 48,16 %


Tracção 38,42 20,35 >
Concerto de carros e vagões 7,00 > 2,98 ,
Trafego 18,061 17.83
Administração II.14 10,68 m
Zona privilegiada 0,80 ,

100,00 % 100,00 %

A ’ conta do serviço da linha foram feitos os reparos e obras novas mais


indispensaveis, quer no tronco , quer no ramal, para a conservação da via per
manente , substituindo - se os trilhos e dormentes estragados , collocando - se pontes
novas , alguns boeiros e varios pontilhões.
Igualmente concertou - se , por conta do serviço da tracção , quasi todo o ma
terial rodante ; diversas locomotivas soffreram reformas radicaes, e foram quasi
totalmente reconstruidos alguns carros .

Esses trabalhos augmentaram consideravelmente as despezas do semestre ,


mas tornaram -se indispensaveis á vista do estado deploravel em que se achava
o material , e ainda hoje não está em condições satisfactorias, pelo que se esforça
o Inspector Geral Dr. Antonio Francisco de Paula Souza .

Pelas ultimas contas tomadas em Outubro proximo passado , verificou -se


no tronco um deficit de 898 $ 662 e no ramal um saldo de 2 : 854 $ 132 .
Certamente a grande falha que se deu na safra, que devia ser exportada
durante o semestre , concorreu grandemente para esse resultado .

LINHA FLUVIAL

São cinco os vapores que fazem o serviço desta linha, a saber : o Santo Es
tevam , o Piracicaba , o Souza Queiroz, o Visconde de Itú e o Bruhns .

Destes , os dois primeiros estiveram no estaleiro durante o semestre , e os


outros tres fizeram todo o serviço .

Todos elles precisam de importantes reparos , reclamados pela segurança


do trafego ; não é possivel , porém , repararem -se convenientemente os que se
acham no serviço , sinão depois de concertados definitivamente o Piracicaba e o
Santo Estevam .

O rio offerece sempre aguas sufficientes á navegação até o porto João


Alfredo, e nenhuma obra de desobstrucção se torna necessaria ; mas foram mar
cados os logares que na vazante difficultam a navegação , e procedeu - se aos es
tudos necessarios para a remoção desses obstaculos.

LINHA DE SÃO MANUEL

A 11 de Setembro proximo passado inaugurou-se o trafego dessa linha.


Comquanto ainda não estivesse assentado o fio telegraphico , permitti a inau
guração do trafego, attendendo aos justos reclamos dos lavradores da zona, que
precisavam de estrada para exportar os seus productos .
126

A linha acha - se toda lastrada ; carece apenas de alguns preparos finaes, que
em nada podem prejudicar a segurança e a regularidade do serviço , dada a vi
gilancia e o zelo que é de esperar .

Por Acto de 30 de Junho, nos termos da Lei Provincial n . 66 de jo de Abrl


de 1870 , resolvi separar o cargo de Engenheiro Fiscal desta Companhia e seus
Ramaes de igual cargo da Paulista, Mogyana e seus Ramaes , sem accrescimo de
despezas, dividindo -se por metade entre os dois Fiscaes os vencimentos marcados
pela citada Lei de 1870 e su do art . 1.º da Lei n . 95 de 11 de Abril de 1877
Na mesma data , nomeei Fiscal desta Companhia o Engenheiro Alvaro Ro
dovallo Marcondes dos Reis .
Em 4 de Agosto accrescentei ao referido Engenheiro a obrigação de fis
calisar igualmente o Ramal de S. Manuel, e novos prolongamentos, bem como
a navegação dos rios Piracicaba e Tieté , pagando-lhe a Companhia 350$ 000
mersacs .
Em 31 de Agosto autorisei a Companhia a adquirir duas locomotivas ame
ricanas para o serviço do trafego.
Em 26 de Outubro approvei o projecto e orçamento para a construcção
da Estação do Mont-Serrate, no valor de 4 : 052 $000.

VI

COMPANHIA PAULISTA

RECEITA E DESPEZA

No semestre de Janeiro a Junho de 1888 a receita bruta da Estrada foi


de 1.355 : 190 $ 226 , e a despeza , de 655 : 314 $ 536 , apresentando o saldo de
699 : 875 $ 690 .
A receita constituiu - se das seguintes verbas :

1.° Renda de passageiros 273 : 9449560


2.° Idem de encommendas e bagagens 34 : 164 $ 260
3. ° Idem pelo transporte de animats 4 : 999$ 210
4. ° Idem do telegrapho 14 : 3585230
5. °Idem de mercadorias . 985:620 $ 890
6.º Armazenagem 889 $ 250
7.º Pela arrecadação dos impostos 2 : 337 $ 870
8.° Aluguel de Estações . 3 : 000 $ 000
9. ° Idem de casas 336 $ooo
10. ° Idem de botequins 480 $ 000
11. ° Idem de balsa 440$000
12.º Uso de zona privilegiada 1 :500 $ 000
13.º Emolumentos . 307 $ 800
14. ° Juros de conta corrente 267 $ 976
15.º Receitas diversas . 3 : 350 $ 760
16. ° Venda de sal . 29 : 193 $420

Somma 1.355 : 190 $ 226


127

A receita supra , comparada com a do semestre correspondente do anno


anterior, demonstra que houve no 1.º semestre de
1888 uma diminuição de
165 : 210 $ 237 .
Diminuição devida ao transporte de mercadorias, que, no 1.º se
mestre do anno passado , foi apenas de 69.935 toneladas metricas, ou 9.302
toneladas menos que no semestre do anno anterior.
A reducção da renda de mercadorias no 1.º semestre de 1888 elevou - se a
243 : 769 $ 520 . Esta reducção, porém , foi diminuida pelo augmento da renda
de passageiros e outras na importancia de 78 : 559 $ 283 , reduzindo a impor
tancia supra 165 : 210 $ 237 , como acima ficou mencionado.

A despeza do custeio no mesmo periodo foi de 655 : 314$ 536 , distribuida


pelas seguintes verbas :

1.º Conservação da linha 195 : 388 $ 870


2. ° Tracção 113 : 833 $ 770
3.0 Trafego 110 : 936 $ 760
4. ° Administração e despezas diversas 28:12 1 $ 850
5.º Reparos de carros e vagões 60 : 372 $ 210
6. ° Escriptorio Central 15 : 899 $ 850
7.0 Navegação do Rio Mogy -Guassú 57 : 518$ 830
8.º Imposto de industrias e profissões 14 : 865 $ 889
9.º Aluguel e custeio de Estrada de Jundialy 3 : 803 $ 700
10.º Aluguel de carros e vagões . 8 : 99 : $ 770
11. ° Honorarios a advogados $
1 2. ° Emprestimo em Londres 45:58 1 $ 037

Somma 655 : 314 $ 536

Comparando -se esta despeza com a do semestre correspondente do anno


anterior, verifica -se que houve no 1.º semestre de 1888 uma diminuição de
39 : 348 $ 637

TRAFEGO

Durante o 1.º semestre do anno passado percorreram a linha 133.151 pas


sageiros , sendo : 10.609 de 1.a classe , 113-331 de 2.a e 9.229 com bilhetes de
ida e volta .

Houve um augmento de 30.288 passageiros em relação ao mesmo semes


tre do anno anterior .

No mesmo periodo o movimento de mercadorias foi de 69.935 toneladas


metricas, sendo : 36.303 de importação e 33.632 de exportação .

Houve uma diminuição de 16.048 toneladas metricas na exportação e um


augmento de 6.746 na importação no 1.º semestre do anno passado , compa
rando - se - o com a do mesmo semestre de 1887 .

O trafego de mercadorias por vagão foi de 3.416 vagões , ou 678 vagões


mais do que em o semestre correspondente de 1887 .

O trafego de passageiros fez- se com 732 trens , havendo um augmento de


80 trens em relação ao semestre correspondente do anno anterior .
Este
augmento foi devido á necessidade de trens especiaes para con
ducção de immigrantes e suas bagagens.
128

O serviço de transporte de mercadorias fez-se com 1.702 trens , que rebo


caram 43.147 vagões , dando em media 25,3 vagões por trem .
Na exportação as mercadorias transportadas foram :

Café 25.346 toneladas metricas


Diversos 8.286

Somma 33.632 toneladas metricas

Na importação as mercadorias transportadas foram :

Sal . 5.204 toneladas metricas


Assucar 1.250
Diversos 29.849 >

Somma 36.303 toneladas metricas

Comparando - se os dados acima com os correspondentes do 1.º semestre


do anno anterior, vemos que no 1.º semestre de 1888 houve a diminuição
consideravel de 18.218 toneladas metricas na exportação de café, o genero que
mais contribue como fonte das avultadas rendas das principaes estradas de
ferro desta Provincia .

IMMIGRANTES

No semestre de Janeiro a Junho foram transportados nesta ferro -via - gra


tuitamente - immigrantes em numero de 32.536 .

Calcula a Companhia em 97 : 676$ 760 o beneficio por ella prestado á la


voura , com a conducção destes agentes de trabalho .

Além desta quantia, que


deixou de arrecadar, despendeu cerca de
s e das
16 : 000 $ ooo com os trens especiaes para a conducção desses immigrante
respectiv as bagage ns .
São dignas de louvor as Directorias das Estradas de Ferro , que assim
auxiliam a Administração e prestam relevante serviço á classe agricola.

TRACÇÃO

As locomotivas effectuaram um percurso de 278.686 kilometros, sendo :


213.473 rebocando trens , 62.901 fazendo manobras e 2.312 em serviço de lastro .
Neste trabalho as locomotivas consumiram : 2.1 28.790 kilogrammas de carvão
de pedra e 4.412 galões ou 19.854 litros de azeite .
Foram concertadas as locomotivas sob os ns . 3 , 4 , 5 , 7 , 8 , 9 , 10, 11 , 12 ,
14 , 17 e 18 .

Todas as locomotivas que estão em trabalho acham -se em bom estado


de conservação .

No mesmo periodo foram concertados 19 carros de passageiros e 135 va

gões. As officinas estão perfeitamente montadas , podendo executar todos os tra


balhos que forem reclamados para o serviço da Estrada.
Foram construidas nas officinas 19 gondolas e renovados 2 vagões abertos
e um fechado ; 7 vagões soffreram reparos geraes .
129

CONSERVAÇÃO DA LINHA

A estrada continúa em bom estado de conservação .

Foram substituidos 14.104 dormentes, sendo 5.327 na 1.8 secção , 3.311


na 2.a e 5.466 na 3.4

Fez - se um desvio na Estação Central de Campinas , para facilitar o serviço


de manobras dos trens. Foram assentados mais 12 desvios em forma de grade
para o mesmo fim .

Fez - se em Porto -Ferreira um novo desvio , com 123 metros de comprimento


e um na Estação de Cordeiros , com 156 metros de comprimento . O serviço
de lastro fez -se com toda a regularidade , tendo - se augmentado o pateo da Docca
de Porto - Ferreira . Foi substituida a ponte de madeira do kilometro 97 por outra
de ferro ; construido um boeiro novo no kilometro 89 e foram concertados
os boeiros dos kilometros 43 , 59 e 98 do Ramal.

A Companhia , attendendo ás necessidades do pessoal , mandou construir


um grande rancho em Porto - Ferreira .

Foram concertadas as Estações de Louveira, Vallinhos , Cordeiros e Pirassu


nunga, os armazens de Campinas e as casas dos trabalhadores situadas nos ki
lometros 1 , 2 e 44 .

A estrada offerece boa segurança , e a Companhia não tem poupado des


pezas para mantel- a nas melhores condições .

Com o serviço de conservação da linha e dependencias despendeu -se a im


portante somma de 195 : 388 $ 870 .

ZONA

E ' de lamentar - se que a Companhia Paulista e a Mogyana ainda não tenham


chegado a accórdo sobre suas constantes questões de zonas.
Em data de 9 de Agosto a Companhia Paulista pediu -me providencias no
sentido de garantir a validade do privilegio de zona do seu ramal de Cordeiros
ao rio Mogy- guassú , e ao mesmo tempo lembrou como alvitre mais racional
de resolver as duvidas o confiar esses estudos de descriminação de zona á Com
missão Geologica e Geographica , encarregada de levantar a Carta topographica
e geographica da Provincia.

TELEGRAPHO

A linha telegraphica , em bom estado, tem funccionado com regularidade,


sem interrupção .

Foram transmittidos 51.330 telegrammas, sendo : 27.133 em serviço da Com


panhia , 23.739 em serviço do publico e 458 em serviço do Governo.

A Companhia possue 66 apparelhos , distribuidos pelas respectivas Estações ;


e compõem -se de 1.710 copos de baterias .
No sentido de melhorar o serviço telegraphico , está tratando de unir di
rectamente sua linha, que actualmente termina em Jundiahy , ao seu Es
criptorio Central nesta Capital. Para este fim entendeu -se primeiramente com
a Companhia Ingleza , que recusou - se a qualquer accórdo , pelo que recorreu
ella ao Governo Imperial, que concedeu - lhe a necessaria autorisação, para assentar
uma linha telegraphica de S. Paulo a Jundiahy , pela estrada de rodagem .
17
130

Como se vê , a existencia de uma Estação Central Telegraphica na Capital,


de combinação com as diversas Companhias de Estradas de Ferro , é de grande
conveniencia publica , além de ser uma medida altamente necessaria para o ser
viço da Companhia , que presentemente serve - se da linha telegraphica da Es
trada Ingleza no trecho desta Capital á cidade de Jundiahy.
Assim , tendo a Companhia Paulista obtido do Governo Imperial a neces
saria autorisação, para estender sua linha telegraphica de Jundiahy a esta Ca
pital , não só serviu aos seus interesses, como tambem proporcionou ao publico
uma grande vantagem ha muito tempo reclamada pelo commercio e pelos par
ticulares .

A nova linha telegraphica está orçada em 15 : 000$ooo .


Os trabalhos já foram iniciados e a sua installação depende do material , já en
commendado para a Europa.
TARIFAS

Foram modificados e approvados pelo Governo Provincial o Regulamento


e Tarifas da Companhia, de accordo com as demais Estradas de Ferro desta
Provincia .

O principal melhoramento destas modificações consiste na melhor classificação


dos generos da pauta e no supprimento de muitas lacunas do actual Regulamento .
Infelizmente , porém , ainda o novo Regulamento não pôde entrar em execução,
pelo facto de outras Companhias não terem tarifas approvadas .

NAVEGAÇÃO DO RIO MOGY - GUASSÚ

Continuam os serviços da linha de navegação com toda a regularidade .


O movimento de mercadorias no semestre de Janeiro a Junho do anno
passado foi de 3.316 toneladas metricas, sendo : de exportação 1.971 e 1.345
de importação , sendo destas 693 toneladas de sal.

Comparando - se estes dados com os de igual semestre do anno de 1887 , verifi


ca- se que houve no 1.º semestre de 1888 uma diminuição na exportação do café e
na importação do sal e um augmento na exportação e importação de outros gene
ros diversos , manifestando em definitiva um augmento, no primeiro semestre de
1888 , de 338 toneladas metricas sobre o correspondente do anno ultimo .

Mallograram -se por emquanto os esforços envidados para a fusão desta


Companhia com a Rio Claro .

VII

COMPANHIA RIO CLARO

O movimento desta Estrada durante os nove primeiros mezes do anno


passado consta dos seguintes dados :

TRAFEGO
Receita . 593 : 968 $ 760
Despeza 279 : 884$ 710

Saldo . 314 : 084$050


131

A despeza representa 47,2 % da receita .

Receita por kilometro . 2 : 249$ 881


Despeza 1 : 060$ 169
A receita descrimina - se pelas seguintes verbas :
Passageiros . 218 : 696$ 740
Encommendas 16 : 584$980
Telegrapho 6 : 974 $ 660
Animaes 2 : 457 $ 280
Mercadorias 335 : 461 $ 320
Gado
7 : 404$ 540
Armazenagem 222 $ 730
Diversos 6 : 166 $ 510
Total 593 : 968 $ 760
A despeza decompõe- se nas seguintes verbas :
Linha 125 : 959 $415
Tracção 59 : 204 $ 175
Carros e vagões 20 : 270 $ 530
Trafego 57 : 699 $405
Administração
16 : 751 $ 185
Total 279 : 884$ 710
Passageiros :
De primeira classe II 439
segunda 79.841

Total 91.280
Telegrammas - 8.636 , contendo 152.987 palavras.
Encommendas e bagagem - 26.338 volumes , pesando 348.623 kilogrammas .

DESCRIMINAÇÃO DAS MERCADORIAS


Exportação :
Café 8.930.616 klgs .
Assucar 144
Toucinho 48.088
Fumo 3.994 >
Alimenticios 66 840
Diversos 144 .308

Total 9.194.790
Por vagão · I2
Importação :
Sal . 894.682 klgs.
Assucar >
877.244
Toucinho 2.152
Fumo 2.599
Alimenticios 544 319
Diversos
3.963.046

Total 6.284 042


Por vagão . 66
-

132

1
Despacho proprio :
Café 504.647 klgs .
Sal 52 152
Assucar 106.973
Toucinho 114.662 >
Fumo 32. 349 >
Alimenticios 369 796
Diversos 914.119 >

Total . 2.094.698 >


Por vagão . 543 >

Correram durante o periodo citado 1.593 trens de passageiros , com o percurso


kilometrico de 84.752 ; 454 mixtos , com o de 88.107 ; 308 de cargas , com
o de 31.924 e 88 especiaes em serviço da Companhia, com o percurso de 11.070
kilometros.
Percurso kilometrico total— 215.853 .
O ultimo dividendo distribuido foi de 6 $ 200 por acção .

Procedentes da Inglaterra, chegaram mais dez vagões cobertos e um carro


bagagem , os quaes já se acham em serviço .
Possue assim a Companhia 113 vagões : 82 cobertos , 17 abertos e 14 carros
para passageiros de ambas as classes.

Nas officinas foram reparadas as seguintes locomotivas : de ns . 1 , 3 , 6,


7 , 8 , 9 e 10 ; concertos ligeiros .
No tender n . 4 foram substituidas todas as rodas.
Os carros de passageiros ns . 2 e 6 , de primeira classe , e o n. 10 de se
gunda , soffreram limpeza geral e envernizamento .
Em os kilometros 109 do tronco e 116 do ramal foram substituidas as caixas
d'agua de madeira por tanques de ferro .
A Lei Provincial n . 35 de 17 de Março do anno passado concedeu á Com
panhia Rio Claro privilegio por 50 annos para prolongar a sua linha de Ara
raquara a Jaboticabal, e deste ponto até Barretos .
O privilegio comprehende uma zona de 20 kilometros para cada lado do eixo
da linha, ficando em todo caso limitada pelo lado direito pela margem esquerda
dos rios Mogy -guassú e Pardo .
A extensão do traçado é de 82 kilometros.
Acham - se em bom estado de conservação a via permanente, as obras de arte
e dependencias.
Foram substituidos 17.696 dormentes e 486 postes telegraphicos.
Em virtude da deliberação tomada pelas Companhias Paulista e Rio Claro
no sentido de unificarem os seus interesses por meio de fusão, procederam ambas
a estudos , mas não puderam ainda chegar a um accôrdo .

VIII

COMPANHIA SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO

Via permanente. -A conservação da linha durante o semestre de Janeiro a


Junho de 1888 custou 155 : 502 $ 089 .
133

Em igual periodo de 1887 a despeza foi de 178 : 879 $ 789 .


Foram substituidos 539 trilhos de ferro esmagados , por outros do mesmo
metal e 2.280 de trilhos de aço .

Durante o semestre foram empregados 26.385 dormentes e 183 nas pontes .

Fizeram -se 9.610 metros de cercas de arame com postes de trilhos usados .

Obras de arte . — Na ponte do kilometro 203 , fez-se um escoamento de


pedras soltas , em prolongamento da ala do encontro , afim de protegel - a contra
as aguas .

Todas as obras de arte foram examinadas e grande parte dellas soffreram


pequenas reparações .
Estações. — Foram conservadas convenientemente.

Telegrapho. — Foram transmittidos 13.716 telegrammas , que renderam


10 : 594$ 165 .
Despendeu -se com esse serviço 9 :609$ 554 .

A renda em igual periodo de 1887 foi de 8 : 568$ 270 e a despeza de


10 : 381 $ 198 .
Nas estações Central , Norte , Lageado , Jacarehy, S. José , Caçapava , Pin
damonhangaba e Cachoeira, foram renovadas as pilhas.
Concertaram -se os fios e isoladores em diversos pontos da linha .
Locomoção. - Executaram - se diversos reparos nas machinas , na importancia
de 24 : 090 $ 230 .

Com os reparos dos carros e vagões , despendeu - se a quantia de 28 : 982 $ 880 .


Em relação ao 1 ° semestre do anno anterior houve augmento de 1 : 358 $ 880 .
A tracção foi feita por 2.526 trens , numero este menor de 708 , do que
o correspondente ao 1.º semestre de 1887 .

Daquelles trens foram 364 de passageiros , 935 mixtos, 336 facultativos,


736 suburbanos , 28 especiaes, 6 especiaes de serviço e 121 de lastro .
O percurso kilometrico dos trens foi de . 265.965
> vehiculos foi de 1.846.528
das locomotivas foi de 310.256

Trabalharam durante o semestre as 20 locomotivas ; consumiram 1.422.975


kilogrammas de combustivel ; 6.523 litros de azeite ; 4.226 kilogrammas de
graixa ; 2.102 kilogrammas de estopa , importando o carvão em 27 : 023 $ 550 ;
o
azeite em 4 :426 $820 ; a graixa em 1 : 516 $ 240 e a estopa em 736 $ 500 .

PERCURSO e custo dos trens de passageiros, cargas e lastro,


no 1.º semestre de 1888

Reparo das loco


TRENS Percurso Conducção de trens motivas, carros e TOTAL
vagões.

Passageiros 132.476 30: 204 $ 530 24:840 $ 500 55 : 045 $030


Cargas
Lastro 122.682 28:011 $ 460 28 : 232 $ 610 56: 244$070
10.807 3 : 459 $ 340 3 : 459 $ 340
Totaes 265.965 61:675 $330 53 : 073 $ 710 114:748 $440
134

Trafego. – O balanço geral das operações , comparado com o do semestre


anterior , dá o seguinte resultado :

1. ° Semestre de 1888 1.º Semestre de 1887


Receita . 706 : 173 $ 355 666 : 154$970
Despeza 429 : 2 26$ 577 424.299 $ 454
Saldo 276 : 946 $ 778 241 : 855 $ 516

Houve, portanto , augmento , na receita de 40 : 018 $ 385 , na despeza de


4 : 927 $ 123 e no saldo de 35 :091$ 262.
No semestre considerado , houve a despeza extraordinaria de 19 : 000$ooo ,
custo de uma locomotiva para a linha.
A receita constou das seguintes verbas :

1888 1887

Passageiros 312 : 150 $ 500 270 : 712 $410


Encommendas e bagagens . 55 : 573 $ 970 41 : 579 $ 110
Animaes e carros 18 : 333 $ 860 20 : 118$ 760
Mercadorias por peso 274 : 906$ 180 287 : 744 $ 460
Ditas por volume 15 : 371 $ 390 1 2 : 890 $ 180
Telegrapho 10 : 594 $ 165 8 : 568 $ 270
Armazenagem 543 $ 760 975 $820
Multas 105 $ 700 46$000
Trens especiaes . 227 $ 550 3 : 694$ 620
Rendas diversas . 18 : 366$ 280 19 : 825 $ 340

A despeza distribuiu -se do seguinte modo :

Inspectoria e contadoria 10 : 645 $ 240 8 : 340 $ 010


Trafego 64 : 660$ 397 60 : 585 $ 817
Material rodante 28 : 982 $ 880 27 : 433 $ 550
Tracção 101 : 306$ 220 82 : 294 $ 680
Almoxarifado 4 : 049 $ 840 3:52 1 $ 790
Telegrapho 9 : 609 $ 554 10 : 381 $ 198
Conservação 155 : 502 $089 178 : 879 $ 789
Directoria e Estação Central 11 : 245 $ 440 1 2 : 289 $ 700
Diversas despezas . 43 : 2 26 $ 417 40 : 570$920

A estatistica relativa ao movimento do trafego de passageiros, encommen


das e bagagens , animaes por trens de passageiros e de mercadorias ; merca
dorias por peso e por vagão , carros e trens especiaes, no semestre considerado ,
é a seguinte :
Percurso kilometrico
1.a classe 6 455 878.015
2.a . 72.906 4.489.780
Passageiros { Bilhetes vendidos Ida e volta 5 067 1.041.757

Total 84 428 6.409.552


- Emocor
135

1.a classe 351 75.868


2.a
9.163 1.838.672
Passagens por Ida e volta I 21 23.174
Passageiros
conta do Governo
Total . 9.635 1.937.714
Total Geral 94.063 8.347.266

Pagando o frete por V. 42.094 K. 746.131 100 793


Bagagens e conta do Governo 381.792 86.170
7.187 )
encommendas
Total 49.281 I.I27.923 186.963

( Pagando o frete N. 475 42 446


Animaes por Por conta do Governo
trem de 3 693
passageiros Total 478 43.139
Trens
N. I 49
especiaes
Pagando o frete K. 18.047.404 2.176.853
Por conta do Governo 23 049
Mercadorias 3.711
Total 18 070.453 2 180 564

(Pagando o frete N. 10.374 1.190.668


Animaes por Por conta do Governo
trem de
mercadorias Total 10 374 1.190.668

Vagões N. 2.569 83.479

Carros N. 21 2 354

Os 18 070 453 kilogrammas de mercadoria por peso comprehendem :


Café 3.858 949 k .
Algodão 90 368
Toucinho 315 508 >
Fumo 940.228 ,
Assucar 2.160 217
Sal . 1.324.012 >
Diversos 9.381 171 »

Acceitação da estrada . -Ainda não foram acceitas definitivamente as obras


da linha ferrea, porquanto os trabalhos complementares , a que se obrigara a
Companhia , não se realisaram .
Tarifas. — Por Aviso do Ministerio da Agricultura , dirigido á repartição
fiscal desta estrada , em data de 20 de Agosto de 1888 foi autorisada à Com
panhia a adoptar o regulamento e bases de tarifas approvadas para a estrada
de ferro de Santos a Jundiahy, pelo Decreto n . 9928 de 11 de Abrilultimo,
sem prejuizo, porém , das tarifas especiaes em vigor e feitas as modificações,
quer quanto ao regulamento , quer quanto ás bases das tarifas, que acompa
nharam a proposta da Companhia , supprimindo destas as modificações relativas
a passageiros, com excepção das que se referem aos do ramal da Penha .
136

Impostos . — Durante o semestre foi arrecadada a quantia de 67 : 646$ 290 ,


sendo imposto geral 19 : 807 $400 e provincial 47 : 838 $ 890 .
Fundo de reserva . - Ainda não se deu começo a formação do fundo de
reserva, a que é obrigada esta Companhia , pela clausula V do Decreto 5607
de 25 de Abril de 1874 .

Em virtude de reclamação feita pelo Engenheiro Fiscal , a Directoria soli


citou do Governo Imperial alteração daquella clausula , no sentido de obrigar-se
a formar seu fundo de reserva , somente depois de seus lucros liquidos terem
attingido ao dividendo de 7 a 7 1/2 % sobre o respectivo capital.
Pelo Aviso do Ministerio da Agricultura n . 116 de 31 de Outubro ultimo,
foi determinado ao Engenheiro fiscal, que intimasse a Companhia para dar
cumprimento á alludida clausula que impõe - lhe , sem restricção alguma , a obri
gação de formar o dito fundo de reserva , que , segundo a referida disposição ,
será constituido, deduzindo - se dos dividendos 1/4 % pelo menos do capital ga
rantido .

Freio continuo.- Por Aviso n . 115 de 31 de Outubro de 1888 , foi a Dire


ctoria autorisada a adquirir , por conta do custeio, cinco apparelhos completos
de freio de Vaccum Brack- Comp. para tender de cinco machinas americanas e
vinte para os carros dos trens expressos .
A despeza com a acquisição desses apparelhos , não deve exceder a
17 :000 $ ooo .
Material rodante .-- Foi autorisada a Companhia a augmentar seu material
rodante de vinte vagões dos denominados gondolas, correndo a respectiva
despeza até o maximo de 30 :000 $ 000, por conta do custeio. (Aviso do Minis
terio da Agricultura , de 29 de Outubro de 1888 , dirigido ao Engenheiro
Fiscal . )
GARANTIA DE JUROS E SITUAÇÃO FINANCEIRA

Com a fiscalisação e garantia de juros tem o Estado despendido as quantias


constantes do quadro seguinte :

EXERCICIOS Fiscalisação Juros Total

1874–1875 6 : 017 $911 232 : 180 $ 200 238 : 198 $ 111


1875-1876 6 : 120 $ 000 551 :951 $ 718 558 :071 $ 718
1876-1877 6 :720 $ 000 633 : 647 $ 185 640:367 $ 185
1877-1878 6 :3199800 444 : 789 $ 837 451:109 $637
1878–1879 6 : 480$480 220 :000 $ coo 226 :480 $ 480
1879-1880 6 :480 $ 000 538: 559 $ 739 545 :0399739
1880-1881 6 :4519960 426 ;000 $ 000 432 :451 $ 960
1881-1882 6 :360 $ 000 640 :000 $ 000 646 :360 $ 000
1882-1883 6 : 360 $ coo 616:567 $631 622 :927 $631
1883–1884 6 : 360 $ 000 451 :788$353 458: 148 $353
1884–1885 6 : 3608000 600 :000 $ ooo 606 : 360 $ 000
1885-1886 6 :4499900 563 :928 $561 570 :378$461
1886-1887 9 :720 $ 000 496 :9358159 506:655 $ 159
1.0 de Setembro de 1888 3 : 180 $000 80 :000 $ 000 83 :180 $ ooo
Somma 89 : 380$051 6.496 : 348$ 383 6.585 : 728$434

Alem da quantia de 6.585 : 728$434 , paga pelo Estado e indicada no qua


dro supra , a provincia de São Paulo contribuiu com a quantia de 182 : 612 $ 862 ,
sendo :
137

No exercicio de 1872 - 1873 6 : 900 $ 470


1873-1874 89 : 328$ 162
1874-1875 86 : 384 $ 230

Somma.. 182 : 61 2 $862

Continua a Companhia a satisfazer com pontualidade os seus compromissos


na praça de Londres, provenientes dos emprestimos realisados em 1875 e
1879, que attingem á importancia de 6.793 : 800$000 rs . , tendo amortisado a
quantia de 1.281:600 $ 0.0 (comprehendida a remessa de 1888 ) e resgatado
6.408 acções das 33.969 que ali foram caucionadas .

Foi pago o dividendo de 7 % ao anno , relativo ao semestre de Julho a


Dezembro de 1887 .

A 1.º de Agosto começou a distribuição dos dividendos correspondentes


ao primeiro semestre do anno passado , á razão de 7 % ao anno .

IX

COMPANHIA SOROCABANA

No semestre de Janeiro a Junho ultimo, a receita desta Companhia , na


linha garantida , foi de 309 : 941 $ 280 .

Em igual periodo de 1887 foi de 333:52 1 $ 430 ; houve, portanto, uma di


minuição de 23 :650 $ 150, demonstrada pelo quadro abaixo , e devida á falta de
2.530 toneladas de café que , por força maior, deixaram de entrar no primeiro
semestre de 1888 , cujo frete seria de 65 : 000$ooo , dando dest’arte uma receita
superior á do primeiro semestre de 1887 :

Differenças
MEZES Semestre de Janeiro Semestre de Janeiro
a Junho de 1887 a Junho de 1888
Para mais Para menas

Janeiro . 52:068 $ 860 50 :470 $ 070 1:598 $ 790


Fevereiro 53 : 667 $ 140 49 : 357 $570 4 : 309 $ 570
Março 72 : 224$440 52: 740$ 270 19 :484$ 170
Abril 53: 077 $ 130 , 49 :526$910 3 : 550$220
Maio 54 : 550$010 51 :545 $ 180 3:004 $830
Junho 48 :003$ 850 56: 301 $ 280 8:297$ 430
333 : 591 $430 309: 941 $ 280 8 : 297 $430 31:947$ 580

No mesmo periodo a despeza foi de 257 : 224$ 290


contra 109 : 899 $ 730
de igual periodo de 1887 resultando um accrescimo na des
peza de 47 : 324 $ 560
assim demonstrado

18
138
1
Differenças
Semestre de Janeiro Semestre de Janeiro
MEZES a Junho de 1887 a Junho de 1888
Para mais Para menos

Janeiro 30: 252 $ 511 33 : 213$687 2 :961 $ 176


Fevereiro 29 : 468 $ 413 38 : 165 $ 540 8 :697 $ 127 $
Março 35 :035 $897 32 : 298$ 235 2 : 737$662
Abril 32 : 8538253 30 : 497 $ 221 2 : 356 $014
Maio 30:622 $ 778 57 : 292 $ 112 26 : 669 $ 334
Junho 51 :666 $ 896 65 : 757 $495 14 :090 $ 599
209 : 899 $ 748 257 : 224 $ 290 52:418 $ 236 5 :093 $676

Sendo a receita do semestre de Janeiro a Junho de 1888 de 309 : 941 $ 280


e a despeza de 257 : 224 $ 290

resultou um saldo liquido de 52 : 716$990


que , comparado com o do semestre correspondente de 1887
na importancia de 1 23 : 691 $ 700
dá uma differença para menos de 70 : 974 $ 710
A receita media de cada mez foi de 51 : 656$ 880
e a despeza media de 42 : 870$ 715
resultando um saldo liquido mensal de 8 : 786 $ 165
Sendo o capital garantido da Companhia de 5.500 : 000$ooo , a
garantia semestral a que a Provincia é obrigada eleva - se á
cifra de 192 : 500$ooo
Deduzida , porém , desta importancia o saldo do custeio do semes
tre , que é de . 52 : 7 16$990
tem a Provincia que entrar com a differença de 139 : 783$ 0 10
para completar os juros de 7 % sobre o dito capital garantido.

O movimento do trafego foi o seguinte :

.
Passageiros de 1.a classe 3.509 Ns .
2.a classe 19 882

Total 23 391
Encommendas 127.737 Klgs.
Animaes e carros 582 Ns.
Telegrammas 4.46 1
Café 602 Tons.
Algodão . 301 Klgs .
Toucinho 722
Fumo 37
Cal , telhas , tijolos, etc 6.835
Varios (exportação ). 2. 232 Klgs.
Sal . . 1. 105
Assucar 1.712
Varios (importação ) 3.215 >>
Gado suino 0
10.35 Cabeças
e outras pequenas fontes de receita .
139

O material rodante acha - se em estado regular de conservação . A admi


nistração adquiriu , com autorisação do Governo Provincial, 3 carros americanos ,
além de mais 3 do mesmo typo por parte do prolongamento .
A Companhia está montando outros carros novos , para assim , nos casos
de eventualidade , não ser obrigada a pôr de novo no trafego os carros velhos
que estiveram em serviço da linha desde a abertura do trafego.
O estado do material fixo é regular , tendo experimentado uma renovação
importante no semestre que findou -se.
A renovação constou do seguinte :

1.796 trilhos de aço 21 : 677 $ 720


11.452 dormentes 8 : 589$ooo
1.796 pares de chapas de juncção 779 $ 464
59.254 pregos para trilhos 1: 971 $ 532
18.884 parafusos para trilhos . 843 $ 624

Total 33 : 861 $ 350

Foram abertas ao trafego as estações do Alanbary e da Victoria .


A ultima estação dista da cidade de Botucatú apenas 17 kilometros.

Proseguem com actividade as obras de construcção da Victoria a Botucatu


e de Boituva a Tatuhy.

Estas estações devem ser inauguradas em Março do corrente anno, attenta


a prorogação de trez mezes , pedida pela Directoria .

O Decreto n . 10.020 de 24 de Novembro proximo passado concedeu a esta


Companhia privilegio para a construcção , uso e gozo de prolongamento da mesma
estrada, desde Tatuhy até ao ponto que fôr mais conveniente na divisa da Pro
vincia do Paraná , passando pelas cidades de Itapetininga e Faxina , e bem assim
a garantia de juros de 6 % ao anno sobre o capital que fôr empregado, quer
no referido prolongamento quer no que , partindo de Botucatú e passando
por Santa Cruz do Rio -Pardo , deverá terminar nas margens do rio Parana
panema, abaixo da confluencia do Tibagy, até ao maximo de 30 : 000$ooo por
kilometro .

O prolongamento garantido pelo Governo Imperial beneficiará zonas uber


rimas e importantissimas, concorrendo dest'arte para a riqueza e engrandecimento
da Provincia .

ESTRADA DE FERRO DE TAUBATE AO LITTORAL

Em cumprimento das Leis Provinciaes n . 85 de 6 de Abril de 1887 e n . 72


de 24 de Março de 1888 , celebrei, a 6 de Agosto, contracto com o Bacharel
Francisco Ribeiro de Moura Escobar e Victoriano Eugenio Marcondes Varella ,
para a construcção de uma estrada de ferro de bitola estreita entre Taubaté
e S. Luiz do Parahytinga , passando pela villa da Redempção e prolongando-se
a um ponto do littoral, que será fixado pela planta que tem de ser approvada,
com privilegio por 60 annos , a contar da data da Lei de 6 de Abril de 1887.
140

O projecto definitivo da estrada deverá ser apresentado ao Governo no prazo


maximo de 9 mezes , e os trabalhos têm de ser principiados dentro de 2 annos,
contados da data do contracto , e terminados em 4 annos .

XI

RAMAL FERREO DESCALVADENSE

Esta estrada é um ramal da Paulista, que fez cessão dos seus direitos pe
rante o Governo á Companhia que a construiu , conforme consta do contracto
de 15 de Outubro ultimo.
A sua bitola é de 60 centimetros entre trilhos.

Serve a diversas fazendas do municipio do Belém do Descalvado ; e, par


tindo desta villa , termina no lugar denominado Boqueirinho.
Estão dependentes de exame fiscal as plantas, perfis e typos de obras
de arte , para o fim de se verificar si foram devidamente observados na execução ,
podendo então a estrada ser aberta ao trafego e approvadas as respectivas
tarifas.

XII

ESTRADA DE FERRO DE TABATINGA

Autorisado pelas Leis ns . 41 de 31 de Março de 1884 e 81 de 27 de Março


do anno passado , firmei contracto , em 25 de Outubro, com o Engenheiro Civil
Luiz Teixeira Bittencourt Sobrinho , para a construcção, uso e gozo com pri
vilegio por setenta annos , de uma estrada de ferro com bitola de i metro , a qual
partindo do porto de Tabatinga , ou de outro qualquer em em suas immediações,
e passando por Parahybuna, Caçapava e S. Bento de Sapucahy, deve ir ter
minar nas raias da Provincia de Minas. No prazo improrogavel de 18 mezes ,
a contar da data do contracto , tem de ser apresentado o projecto definitivo
de toda a estrada .

As obras de construcção deverão começar dentro de 32 mezes e terminar


em 6 annos .

XIII

RAMAL FERREO BANANALENSE

Foi inaugurada a 1.º deste mez toda a linha desta estrada , desde a estação
da Saudade, lugar de seu entroncamento com a de D. Pedro II , até a cidade
do Bananal , seu ponto terminal.
A estrada , que é de bitola de um metro entre trilhos, mede em extensão
cerca de trinta kilometros e conta tres estações , além d'aquella : a do Rialto,
na freguezia do Espirito Santo da Barra-Mansa, na Provincia do Rio de Janeiro,
a das Tres Barras e a do Bananal , nesta Provincia .

A construcção, nem sempre facil, pelos accidentes do terreno no apertado


valle do rio Bananal, foi feita em boas condições technicas. No traçado e planos,
que são do finado Engenheiro José Caetano Horta Barbosa , sobresahem quatro
pontes de superstructura metallica , com vinte metros de vão cada uma.
141

O material fixo, grande parte do rodante e a estação de ferro da cidade ,


foram fornecidos pela Companhia Belga Metallurgica

A execução das obras é dos empreiteiros Vieira Ferraz & Irmão e sob
a fiscalisação, ultimamente , do Engenheiro Manuel José Machado da Costa .
E ' mais um melhoramento devido exclusivamente á iniciativa individual ,
sem garantia de juros ou outros favores dos poderes publicos.

XIV

ESTRADA DE FERRO DA BOCAINA

Sobre esta estrada , que da estação do Formoso , na antiga estrada de Re


zende a Arêas , se dirige á fazenda do Rodeio , á margem do ribeirão de
Sant'Anna, municipio de S. José do Barreiro , pouco ha que accrescentar ás
informações de meu honrado antecessor .
Tendo -se -me communicado que iam ser encetados os trabalhos de con
strucção, nomeei , por Acto de 28 de Agosto , o Engenheiro Luciano José de
Almeida para o lugar de Fiscal .

Este , porém , trouxe ao meu conhecimento , a 5 de Dezembro , que os


trabalhos ainda se achavam parados .

Faltam á Secretaria do Governo informações exactas sobre o andamento


que porventura tenham tido esses trabalhos, quando iniciados .

Em todo caso , como pelo não cumprimento de qualquer das clausulas do


contracto por parte da empreza, se encontram no mesmo contracto e na legis
lação geral subsidiaria, multas e perda da garantia e privilegio , conforme as
circumstancias, serão liquidadas opportunamente a natureza de taes faltas e a
penalidade porventura applicavel .

NAVEGAÇÃO IGUAPENSE
Na forma da Lei Provincial n . 73 de 24 de Março do anno passado , cele
brei contracto , a 28 de Novembro, com o concessionario da Companhia Nave
gação Iguapense , Walter John Hammond, para o serviço de navegação a vapor
nos rios - Ribeira , entre as cidades de Iguape e Xiririca ; Una , entre Iguape e
a povoação nas margens deste rio ; Jacupiranga , desde a sua fóz , no rio Ri
beira , até a povoação do mesmo nome ; Juquia, desde a sua fóz, no rio Ri
beira , até ás freguezias de Santo Antonio e Prainha .
Serão feitas , pelo menos, duas viagens mensaes em cada um dos refe
ridos rios .
0 prazo da duração do contracto é de 30 annos e a subvenção annual
será elevada a 25 : 000$ ooo , que será paga desde que estiver completo o ser
viço , de conformidade com a clausula 10.a do contracto respectivo .
O concessionario tem de proceder a todos os melhoramentos precisos para
que os rios tornem -se francamente navegaveis , á desobstrucção , rectificação de
curso , modificação de correnteza e obtenção da profundidade necessaria , em
qualquer estação do anno , aos vapores que empregar.
O serviço completo da navegação terá começo no prazo de 18 mezes, con
tados da data do contracto .
142

FORÇA DE LINHA

A força de linha existente nesta Capital consta de um contingente do


1.º regimento de cavallaria , sob o commando do Capitão Manuel Joaquim Go
dolphim , composto de dous tenentes , um alferes, trez inferiores e quarenta e
quatro praças , inclusive cabos e anspeçadas.

IMMIGRAÇÃO E COLONISAÇÃO

Existindo uma Sociedade que especialmente se occupa deste valiosissimo


ramo do serviço publico, e a cuja frente se acham distinctos comprovincianos
nossos ; e estando presentemente a seu cargo a administração do alojamento de
immigrantes, deixo para colherdes no relatorio que vos será apresentado por
essa sociedade mais completos esclarecimentos .

Limito - me , pois , a ligeiras considerações .


Em cumprimento da Lei Provincial n . 1 , de 3 de Fevereiro do anno pas
sado , meu antecessor contractou com a referida Sociedade Promotora de Immi
gração a introducção de sessenta mil immigrantes, de procedencia europea , aço
riana e canarina.

Por conta desse contracto já foram introduzidos até os primeiros dias de


Dezembro 38,136 immigrantes, tendo importado a despeza de transporte em
2,060 : 812 $ 500 .

Além destes , entraram para a Provincia , com passagens pagas pelo Governo
Geral, 1.000 familias estrangeiras , compostas de 7.341 individuos, e 220 cea
renses .

Por conta propria apresentaram -se no alojamento 12.868 pessoas .


Para pagamento do pessoal administrativo que a Sociedade mantém na
quelle estabelecimento, recebe ella 20 :000 $ ooo em prestações mensaes. Além
disso , a Provincia tomou a si todas as outras despezas com alimentação de im
migrantes, medicamentos, agua , luz, moveis, utensilios, reparações do edificio e
mais serviços de expediente , que não são pequenos. O que não é feito por
contracto e mediante concurrencia regula de dous a tres contos por mez e se
acha sob a immediata inspecção e a cargo da Sociedade , que , por intermedio
de um Director de semana , fiscalisa as contas e seu pagamento .

Apenas entrado na Provincia , o immigrante encontra prompta e vantajosa


collocação .

Não poderei, entretanto, fazer novo contracto com a Promotora, sem que
me autoriseis a contrahir outro emprestimo.

E' preciso não esquecer que os 7.000 :000 $ ooo levantados em Londres
se destinaram principalmente á consolidação da divida já existente , feita com
este serviço da substituição dos braços escravos .

Por muito tempo nos mantivemos unicamente com o recurso do nosso cre
dito . E não fizemos pouco em todo esse periodo. Ahi estão florescentes co
lonias e um movimento immigratorio incessante , regularmente organisado , tanto
no modo de recepção como no de accommodação, para attestar que não foram
sem proveito tantos esforços e sacrificios da Provincia.
143

Honra a esta illustre Assembléa, que não tem regateado meios ás admi
nistrações que se mostram dispostas a secundar seus patrioticos commettimentos !
Do minucioso relatorio do Thesouro Provincial constam os creditos abertos .

Para execução dos arts . 3. ° e 4.0 SS 1. ° e 2.º da citada Lei de 3 de Fe


vereiro , expedi o Regulamento de 27 de Julho , no sentido de extirpar abusos
e encaminhar devidamente a immigração para a lavoura .
Parece- me que podereis auxiliar a iniciativa particular na creação de colo
nias e divisão das terras , instituindo um incentivo no sentido de tornar o co
lono proprietario dentro de pouco tempo e de modo facil, sem que essa ope
ração fique a cargo do Governo e de seus immediatos agentes .

A acção official não basta para o povoamento de um paiz . E ' preciso in


teressar nesse trabalho tambem os particulares.
Temos fazendas que não poderão ser mantidas na sua integridade ;terras
uberrimas, mas incultas; e os habitantes do velho mundo , conhecedores já dos
caminhos do Brazil , e sobre tudo de S. Paulo , onde sabem que encontrarão a
paz de espirito e o bem estar nas luctas da vida , que ali se vão tornando
difficeis com o militarismo de muitos Estados , mostram -se dispostos a emigrar
espontaneamente , trazendo seus bens e familias.

Dahi a conveniencia de apressar-se- lhes a posse e dominio das terras des


tinadas á sua actividade .

Aos primeiros immigrantes , geralmente pauperrimos , procurando nos gran


des centros agricolas salario immediato , de que carecem , succederão outros
que nos trarão pequenos capitaes, pelo menos , e maior capacidade, para os
quaes não bastarão taes salarios ; porém , que terão de iniciar desde logo , por
conta propria, alguma das nossas industrias conhecidas ou explorar outras ,
convindo encorajar a essas segundas levas de povoadores da nossa Provincia ,
como temos feito com as primeiras, cada uma no seu genero , cada uma con
forme suas habilitações e capacidade.
Em assumpto de colonisação os primeiros successos valem de muito . E'
por isso que um passo mal dado corresponde a um atrazo de muitos annos .

Felizmente , tenho fé que a Provincia , já agora , não só não hade retro


ceder, mas hade caminhar , e muito, sobrepujando o exemplo de outros paizes
por esta forma tambem povoados .
Não eramos conhecidos das nações civilisadas . A escravidão fazia -nos pas
sar aos olhos dos estrangeiros como uns barbaros, e , por ignorancia ou má
fé, fóra de Portugal, que todo elle não chegaria para o povoamento de uma
só de nossas Provincias, a idéa em que era tido o Brazil entre os que podiam
emigrar, si não era nulla , era pessima .
Figurava-se - lhes um paiz impossivel de ser habitado por gente civilisada ,
devido enfermidades endemicas e ao seu clima .

Este falso juizo está desfeito inteiramente .


Milhares de cartas de Italianos , de Belgas , de Allemães , de Hespanhóes
e de individuos de outras nações atravessam os mares , levando aos parentes e
amigos , que ficaram , a grata noticia de que os emigrados encontraram na terra
Paulista uma patria adoptiva, livre e feliz, onde ha logar para todas as aspirações
e para todas as crenças, sob um regimen governamental modelado pelos dos
mais civilisados do mundo .
144

TRABALHO LIVRE

São decorridos 8 mezes depois da Lei de 13 de Maio .


A violenta agitação dos espiritos , naturalissimo effeito de uma reforma
tão arriscada e gigantesca , como a todos se afigurava , e que essa Lei vinha
operar, passou com uma felicidade quasi miraculosa para a Provincia de S. Paulo
mais do que para o resto do paiz .

Dissiparam -se de vez os sustos e apprehensões com que se esperavam


funestas consequencias, para muitos infalliveis , que havia de ter a supposta
temeridade do patriotico Governo de Sua Alteza a Regente .

Hoje, o espaço decorrido sem uma só violação séria e grave da tranquil


lidade publica e da segurança individual em toda a Provincia , é já de sobra
para se asseverar que foi regular e serena em seus effeitos a reforma entre festas
operada a 13 de Maio , embora tão mal agourada fosse pela timidez de uns
e pela rigida tenacidade de outros.

E ' verdade que essa gloriosa Lei não foi uma surpreza para a Provincia.
Pouco tempo antes, e por unanimidade de votos dos seus membros, esta As
sembléa solicitou - a do Parlamento, como fiel interprete das nossas necessidades .

Por outro lado, nos mezes que precederam ao de Maio, a Provincia viu - se
agitada no sentido de se preparar para semelhante reforma, reforma que se
lhe impoz indeclinavel e imminente, graças á acção combinada de infiuencias
diversas, cada qual mais poderosa .

O esforço decidido dos abolicionistas, as libertações em massa , a fuga nu


merosa e continua dos escravos, que desamparavam as fazendas dos seus senhores
sem que ninguem podesse embargar-lhes o passo , sendo baldada e impotente
a interferencia da força publica, a quem elles não obedeciam , principiando esta
a nao querer prestar-se mais ás diligencias daquella natureza, creavam para
a vida social e economica da Provincia uma situação perigosa e intoleravel,
de que era urgente sahir .

Em que pese aos poucos retardatarios que se mostraram sentidos com


a solução dada ás difficuldades que cresciam e cada vez mais se aggravavam ,
attendendo exclusivamente para os prejuizos pessoaes que podiam soffrer , por isso
que não queriam se convencer que a libertação dos captivos era aspiração
nacional, impossivel de ser retardada em sua realisação . a Lei de 13 de Maio
foi acto do mais acrysolado patriotismo, porquanto veiu restabelecer a ordem
publica perturbada e garantir o futuro do paiz ameaçado em suas mais melin
drosas relações .

Si algum defeito pode ser encontrado nessa grande Lei , é o de ter che
gado um tanto tarde, quando a negra instituição já não passava de mera
e desorientada ficção. Pode- se, pois , dizer sem exagero que ella apenas sellou
um facto consummado .

E apraz - nos acreditar, que nesta nossa opinião communga grande maioria
dos lavradores desta Provincia , que em face daquella agitação dos espiritos ,
de molde a eliminar o escravo do rol dos nossos elementos de trabalho, chamou
a si a prudencia e o tradiccional bom senso paulistas , empenhando -se afinal
na solução immediata desse problema social, reclamada e urgida pelas circum
stancias precarias e insustentaveis a que havia chegado a industria agricola .
145

Foi assim que, ao passo que era insignificante o numero dos protestos
contra a aurea Lei que nos libertou dos escravos , avultavam os votos dos
que a ella adheriam .

Ao envez do que aconteceu nos ultinios mezes antes de Maio , as familias


habitam hoje desassombradamente as fazendas; e a ultima colheita tem sido feita
regularmente, devido á facilidade com que o lavrador pode encontrar trabalha
dores livres .

Si é fortuna que a tranquillidade publica e a segurança individual, longe


de se alterarem , tenham -se consolidado e robustecido , é mais do que isso,
é extraordinario que não tivessemos a deplorar, muito embora passageira
e fugaz , a desorganisação do trabalho agricola onde ainda existiam exclusi
vamente individuos, que podiam deixar- se arrastar pela natural vertigem de es
piritos , que passaram da abjecção do captiveiro para o exercicio de uma liber
dade desordenada , por nova e inexperta.

A substituição do velho regimen tem -se operado com tanta e tão inespe
rada facilidade, que se pode dizer ser já uma realidade segura e experimentada
o trabalho livre na Provincia .

Comprehendemos que os retardatarios de que fallei, esses que fecharam os


olhos á evidencia da necessidade , que lhes corria , de entrarem na torrente dos
movimentos generosos com que o paiz , de ha muito, vindicava á alta administra
ção publica a urgencia de resolver- se o problema da escravidão , comprehende
mos que esses , felizmente poucos, tenham curtido os soffrimentos parciaes que
a lei produziu : mas esses males , nenhuma prudencia ou sabedoria poderia nunca
prevenir, porque são a nota da fraqueza e contingencia humana , ainda nos mais
acertados passos do seu progresso .
A prova , porém , de que estes factos são isolados , é que não diminuiu
o valor das terras e estabelecimentos de lavoura nas regiões mais productivas
da Provincia .

Desenganados, como devem estar os lavradores , da necessidade e efficacia


dos meios coercitivos e legaes , para o estabelecimento da alliança entre o ca
pital e o trabalho , ha de ser a lealdade e generosa franqueza a unica , mas
segurissima garantia , de que não devemos receiar perturbem se ainda relações
que só á economia politica e á moral compete reger e dominar.

Si com o trabalho livre parte da grande lavoura não se puder manter ,


será substituida pela multiplicidade das pequenas industrias agricolas, que se con
stituirão o receptaculo da actividade de muitos individuos; e, afinal , a mudança
se limitará apenas á fórma , mas em condições incomparavelmente superiores.
O proveito que nos trouxeram os grandes dominios territoriaes é muito
contestavel .

Elles não passavam de extensas reservas do fazendeiro, que nunca teve


braços sufficientes para os cultivar , e que os adquiriu na esperança de accu
mular fortuna destinada a seus herdeiros .

A realidade , pois, desses dominios , a sua realidade util , era nenhuma .


Obrigar o proprietario a dividir essas terras , a constituil-as em lotes de
pequenas dimensões, para que possam ser cultivadas, é tornal - o rico , mesmo
contra a vontade .

O trabalho livre ha de consolidar a propriedade agricola da Provincia .


19
146

INSPECTORIA ESPECIAL DE TERRAS E COLONISAÇÃO

Sobre este importantissimo serviço , que continúa a cargo do Bacharel João


Bernardo da Silva , e para o qual foi dada nova organisação por Portaria do
Ministerio da Agricultura de 26 de Outubro do anno passado, encontrareis de
talhadas informações no relatorio especial da referida Inspectoria .
Além dos nucleos de Santa Anna, S. Bernardo, S. Caetano , Pariquerassú,
Antonio Prado , Barão de Jundiahy , Rodrigo Silva e Ribeirão Pires, estão pres
tes a ser creados os de Jacarehy e Sabaúma, ultimamente adquirido pelo Es
tado , a 60 kilometros desta Capital.
Tambem se acham adeantados os trabalhos de medição e demarcação , em
lotes , de terras devolutas, que se prestam a estabelecimento de colonos.

NUCLEOS PROVINCIAES

Além dos nucleos coloniaes creados pelo Governo Geral , existem os dois
nucleos provinciaes das Cannas e do Cascalho: este , no municipio do Rio Claro ;
aquelle, no de Lorena .

Pouco tenho a accrescentar ao que , sobre este assumpto , escreveu o Con


selheiro Rodrigues Alves em seu ultimo Relatorio .

No nucleo do Cascalho existem 69 lotes ruraes , 124 urbanos e 52 sub


urbanos .

Tendo -me o administrador representado sobre a conveniencia da ida de


um engenheiro áquelle estabelecimento, afim de proceder á demarcação dos lo
tes urbanos e suburbanos, dei ordem neste sentido á Inspectoria Especial de
Terras e Colonisação .

Foram passados ultimamente 80 titulos provisorios a colonos do nucleo das


Cannas.

Este nucleo forneceu ao Engenho Central de Lorena , em o anno passado,


1.956.872 kilos de cannas , produzindo em dinheiro , que receberam os colonos ,
a quantia de 17 : 611 $ 840 .

EXPOSIÇÃO UNIVERSAL DE PARIS

Fiz quanto esteve em mim para auxiliar a digna Commissão, nomeada por
meu antecessor, no trabalho empregado para que nossa Provincia se fizesse re
presentar nessa grande festa industrial, que se hade effectuar em Julho.
Escusado é encarecer- vos o valor das Exposições internacionaes.
Ninguem desconhece hoje esta verdade .

Si São Paulo não fôr condignamente representado em Paris , não será por
ter o Brazil ligado pouco apreço ao convite da França , mas simplesmente por
motivos de occasião, que embaraçaram a boa vontade dos nossos já importantes
industriaes .
147

EMPRESTIMO EXTERNO

Autorisado pelo art . 3.º da Lei n . 55 , de 22 de Março do anno findo, a


contrahir um emprestimo de sete mil contos , interno ou externo , com juros de
6 % ao anno , pagos semestralmente , destinado á consolidação da divida Alu
ctuante e á que contrahisse com o serviço de immigração , foi este um dos
meus primeiros cuidados , attendendo a estar a Provincia desempenhando os
seus contractos e satisfazendo despezas não pequenas , unicamente com os expe
dientes de seu credito .
De ha muito que esta operação devia ter sido autorisada . Apenas a Pro
vincia resolveu emprehender o importante melhoramento de substituir o braço
escravo pelo livre, --mesmo antes da Lei de 13 de Maio, não olhando para
sacrificios nos auxilios que assim prestou e tem continuado a prestar á la
voura- , o emprestimo consolidado se impunha como uma necessidade inde

clinavel , por não ser possivel distrahir as rendas ordinarias com despezas supe
riores , e fóra das previsões orçamentarias.
Para isto tratei de aproveitar o que constava, quanto aos esforços de ini
ciativa já empregados por meus antecessores , ultimando as negociações em
Agosto para um emprestimo externo de £ 787-500 , equivalente á quantia auto
risada por Lei , com os Srs . Louis Cohen & Sons, banqueiros em Londres .

A nossa Provincia é , assim , a primeira do Brazil que contrahe , sob sua


propria responsabilidade, um emprestimo no exterior .

A emissão publica dos titulos (stock ), que se effectuou a 15 de Outubro , a


97 1/2, foi logo coberto ao triplo pelos tomadores : o que demonstra o bom
conceito em que a Provincia é tida na Europa .
A proposta que encontrei dos Srs . Louis Cohen & Sons , de 13 de Junho ,
era para uma emissão a 90 % com amortisação de 1/2 % ao anno, o que exigia
45 annos para o pagamento.

A 25 de Junho, o Sr. Victor Nothmann, desta cidade , em seu nome e no


dos Srs . Duvivier & Comp., do Rio de Janeiro , propoz um emprestimo de
18.000.000 francos, por 50 annos , com o juro e amortisação semestral de 580.000
francos, equivalente a perto de 6 1/2 % ao anno .
A 2 de Julho , o mesmo Sr. apresentou nova proposta , desta vez para
a emissão de 46.000 titulos de 500 francos ou 23.000.000 francos , dando á
Provincia 18.000.000 francos, livres de toda a despeza, excepto o sello francez.
Juros de 4 1/2 % ao anno , amortisação em 50 annos . Isto equivaleria a uma
emissão a um pouco mais de 78 % .

A 21 e 24 de Julho , por parte da Banque Parisienne, de França, foi-me pro


posta a compra de 44.000 titulos de 500 francos cada um , juro de 4 1/2 % ,
amortisação em 33 annos , o imposto sobre os titulos pago pela Provincia. Preço
da emissão 82 % . Pagamento em tres prestações espaçadas de tres mezes, mas o
juro começando a correr sobre toda a somma desde o 1.º de Julho. Todos os
pagamentos pela Provincia, por conta de juros e amortisação , deveriam ser feitos
pela casa Duvivier & Comp., mediante a corretagem de 3/16 % e o sello propor
cional. Na Europa a Provincia pagaria 1/2 % para o serviço do emprestimo.
Na proposta de 24 de Julho a differença foi que o pagamento dos titulos
seria em dois mezes quatro prestações , os juros começando a decorrer do
pagamento da primeira.
148

A 12 de Julho recebi outra proposta, desta vez dos Srs . P. Boettzer e W.


Krah , pela directoria do Disconto Gesellschaft, de Berlim , cujas condições eram
estas : --- « Pagamento á vista aqui, ao cambio do diadia.. Taxa 91 % e mais a
commissão de 1 1/2 % . Juros, 5 % ; amortisação em 50 annos . O contracto
deveria ser legalisado pelo Exm . Sr. Ministro Plenipotenciario do Brazil em
Berlim , que o assignaria como Delegado da Provincia .

A 14 e 15 de Julho o Sr. Visconde de Figueiredo, cuja chegada da Eu


ropa tinha sido esperada, e a casa de Louis Cohen & Sons , de Londres, manda
ram -me propostas .
A do Sr. Visconde de Figueiredo cra de um emprestimo de 7.000 :000 $ ooo,
ao juro de 5 % ao anno e amortisação annual de 1 % . Preço 90 % , menos as
despezas em Londres, e uma commissão ao negociador de 1 % , o que reduzia o
preço liquido a 88 1/2 % . O pagamento do capital á Provincia devia ser feito
em letras a 90 dias, deste modo :

20 % no acto da assignatura do contracto ;


20 % de 15 a 30 de Agosto ;
25 % de 15 a 30 de Outubro, e o resto a 30 de Novembro.
A
proposta dos Srs . Louis Cohen & Sons foi de um emprestimo de
£ 787.5 00 , com o juro annual de 5 % . Amortisação , a contento da Provincia ,

em prazo maior ou menor . Preço liquido para a Provincia , 91 % livres . O


pagamento á vista , no acto da assignatura do contracto , por saque sobre
Londres.

Contava com outras propostas , que se me promettiam . Mas, afinal , tendo


o representante de um dos mais acreditados Bancos me declarado não lhe ser pos
sivel apresentar proposta mais vantajosa que a do Sr. Visconde de Figueiredo ,
resolvi saber, por telegramma, dos Srs . Louis Cohen & Sons , si estavam dis
postos a elevar o liquido da emissão a 92 % , sem dependencia de qualquer
despeza aqui ou em Londres , que correriam por sua conta , como : commissões,
corretagens, sellos, etc .; e , acceitando elles essas condições, ficou , desde então ,
confirmada a operação , que foi reduzida a contracto definitivo a 6 de Setembro,
logo que chegaram as instrucções e procuração dos Srs . Louis Cohen & Sons.

Sendo precisa uma pessoa em Londres para , em nome da Provincia, assig


nar ali os titulos (stock ) e o prospecto do emprestimo , encarreguei desse serviço
o nosso illustre comprovinciano, Dr. Eduardo Prado, que graciosamente a isso
se prestou, examinando e fiscalisando com acurada attenção todos os papeis
relativos , dando -se a não pequeno trabalho .
A emissão foi feita em titulos de £ 100 , £ 500 e £ 1.000 , reduzidas as
£ 787.500 a £ 724.500 , ou 92 % saccaveis a 90 dias de vista , o que se
effectuou desde logo quanto a $ 700.000, ao cambio de 26 11/16 e 26 3/4 por
intermedio do Banco Internacional , do London and Brazilian Bank, Limited , e
do Banco Commercial , do Rio de Janeiro.

Da quantia restante , £ 24.500 , attendendo á alta do cambio, que logo


se manifestou, e conservou -se sempre superior a 27 , entendi conveniente
reservar o necessario para os pagamentos de 1889 , que deviam ser remettidos ,
como já o foram em Dezembro , na importancia aproximadamente de £ 21.934.0,8
A amortisação se fará em 37 annos, podendo, entretanto, ser accelerada , si
assim convier mais á Provincia, o que é talvez possivel , em annos proximos ,
149

sinão com os recursos ordinarios, ao menos por meio de outro emprestimo,


agora que os creditos da Provincia estão firmados e os seus titulos são dispu
tados entre os capitalistas .

Mesmo os titulos das suas empresas particulares estão sendo cotados


acima do par : situação que é a melhor das recommendações em favor da Pro
vincia onde funccionam taes emprezas. As obrigações de £ 100 da Compa
nhia Paulista estão a £ 110 ; as da Mogyana, a £ 106 ; as da Cantareira e
Esgotos , a £ 106 . As obrigações de £ 10 da Companhia de Gaz desta
Capital estão a £ 17 ; as da City of Santos Improvements , a
S. Paulo Railway , de £ 20 , em vão são procuradas a £ 45 , sendo que as de
£ 100 valem £ 138 .

Estes algarismos, tirados do Times, dão a mais alta idéa do nosso credito
no estrangeiro. Esta situação, tão lisongeira para o nosso patriotismo, faz -me
crer que, si não fôrą a urgencia com que tive de levantar o emprestimo, me
lhor seriam ainda as suas já tão vantajosas condições . Estou seguro de que este

emprestimo, que foi syndicado, isto é , tomado firme particularmente a 92 % ,


encontrando tomadores, na praça , a 97 1/2, terá seus titulos, em poucos mezes ,
cotados a £ 103 ou 104 .

E ' escusado encarecer as vantagens de um emprestimo externo . Em um

paiz novo como o nosso , onde os capitaes encontram sem difficuldade emprego
muito remunerativo e abundante, o juro é sempre alto , e , apezar das oscilla
ções do cambio , é mais barato pedir fundos a quem se contenta com preço
muito menor pelo seu uso . Ainda até em igualdade de circumstancia convinha
fazer o emprestimo fóra daqui, pois em todo o caso deixamos livres capitaes de
que muito carece o nosso rapido e robusto desenvolvimento .
Para mostrar - vos como, foram verdadeiramente vantajosas as condi

ções do nosso emprestimo, basta comparal- o com os de outros paizes e pro


vincias .

Os do Estado mesmo, a saber o de 1865 , £ 3.000.000 , ao juro de 5 %


e i % de amortisação, e o de 1871 , nas mesmas condições , foram mais onerosos,
tendo sido o primeiro emittido a 74 % e o segundo a 89 % . O de 1871 ,
nas mesmas condições, foi a 89 % . Sómente os de 1875 e 1886 foram mais
altos que o nosso . Aquelle a 96 1/2, e este de £ 6.000.000 a 97 % , com juros
de 4 1/2

A Republica Argentina, nossa adeantada visinha, as vezes que conseguiu


levantar emprestimo de 5 % de juros, isto é , em 1884 , em Londres e Paris , e
1886 , em Londres, só alcançou a emissão dos mesmos a 84 1/2 e 80 % . Os proprios
emprestimos do typo de 6 % , que ella levantou em 1871 , 1874, 1881 e 1886
só foram emittidos a 88 1/2, 80 , 91 e 92 .

Os emprestimos da riquissima Provincia de Buenos-Ayres, até 1885 , foram


sempre de 6 % , tendo sido o mais barato delles , o de 1883 , a 94 % . Mas,
já os dois ultimos têm sido de 5 % e foram emittidos a 91 e 80 1/2, sendo
este na Allemanha .

Nenhum paiz se pode comparar em desenvolvimento material aos Esta


dos Unidos, que assombram o mundo com os seus saldos annuaes de 100.000.000
de dollars . Mas, tomando -se um dos mais antigos , mais ricos e mais civilisados
dos seus Estados - o do Massachusetts --vê -se que só os dois ultimos de seus
emprestimos externos foram emittidos em condições melhores, e muito pouco
150

melhores, que o da Provincia de S. Paulo . Os anteriores, todos de 5 % , o


foram a 87, 91 e 91 / 2.

- e repetir que, si a operação, porventura, podia ter


Tudo isto , pois, faz m
sido melhor, comtudo não deixou de ser boa e convenientissima aos interesses
da Provincia .

E tanto mais vantajoso pode ser considerado o emprestimo , quanto é certo


que os lucros já realisados nas vendas das cambiaes para a passagem do dinheiro ,
e os juros da importancia ainda não applicada e em conta corrente, a diversas
taxas , no Banco Internacional do Rio de Janeiro e no London Brazilian Bank ,
desta Capital, farão subir o typo por que foi contractado a proximamente 93 % .
De facto , sendo o cambio do contracto de 27 , e tendo sido saccadas
immediatamente £ 700.000 ao cambio de 26 11/16 e 26 3/4, como achareis
minuciosamente exposto no relatorio do Thezouro , os 6.222 : 222 $ 200 , corres
pondentes ao seu valor em Londres, produziram no Imperio 6.283 : 105 $ 320 , ou
um lucro para o Thezouro de 60 : 883 $ 120 .

Reunida a esta importancia a que resultar, na liquidação, dos juros que


estão vencendo as quantias deixadas naquelles Bancos, a 3 , 4 e 5o, conforme
os prazos, será a somma dos lucros auferidos egual, sinão excedente, a 1 %
da importancia do emprestimo.

SITUAÇÃO ECONOMICA

E ’ - me agradavel annunciar - vos que o estado financeiro da Provincia , si


não é ainda inteiramente prospero , é o mais lisongeiro que se poderia ambi
cionar, após as circumstancias apertadas por que ella acaba de passar , e todo
o paiz , com a suppressão do braço escravo , até bem pouco tempo , unica alavanca
de sua vida agricola .
A vossa previdencia, porém , desviou com summa sabedoria e elevado pa
triotismo o golpe que ameaçava o seu futuro .

As autorisações que nestes ultimos annos têm sido dadas para auxiliar a
introducção de immigrantes, que venham cooperar na nossa obra de progresso,
com faculdades amplas para todos os creditos precisos, e sobre tudo a provi
dencia da vossa ultima sessão legislativa, dando ao Governo a liberdade de
levantar o emprestimo de sete mil contos, dentro ou fóra do paiz, nas con
dições alli determinadas, e outras que julgasse mais convenientes, foram uma
inspiração feliz do sagrado amor pela terra que nos viu nascer .

Só elle em verdade teria poder bastante para fazer quebrar os velhos


moldes da vida e da autonomia provincial, e graças ao seu influxo , podemos
dizer , hoje , quasi conjurado o imminente perigo, que se nos afigurava inevi
tavel e das mais fataes consequencias.

Em virtude daquellas autorisações, a immigração foi iniciada e ganhou


terreno pouco a pouco no espirito publico.
Nos principios de 1887 elevou -se á escala consideravel, sendo aproveitada
logo pelos mais previdentes , e pouco depois pelos que se foram convencendo
de sua necessidade em praso breve ; e a Lei de 13 de Maio já não pôde
produzir na Provincia o abalo, que aliás causou em outras, pelo preparo com
que se acautelara , afim de aparar o golpe .
151

Usando da liberdade deixada ao Governo para as operações de credito


mais convenientes, contrahi em Londres o emprestimo de que dou noticia em
outro logar e no qual vereis que empreguei o escrupulo que me cumpria ; e os
recursos da Provincia que estavam ameaçados de grandes embaraços , com as
despezas extraordinarias e expediente dos emprestimos em letras , de novo se
firmaram , deixando -lhe livre a acção para outros commettimentos, e o que mais
é , abrindo - lhe caminho franco e sem perigo para todos os meios de que ve
nha a necessitar .

Não menos lisongeira que o estado economico é tambem a situação finan


ceira da Provincia, como podereis verificar das informações prestadas pelo
Thesouro Provincial , no Relatorio que vos será presente .

Com effeito , ainda que a receita orçada para o exercicio de 1887–1888 ,


na importancia de 4.149:0008000, só se tenha realisado na de 3.825 : 933 $ 163 ,
e que a despeza fixada em 4.089 : 318$ 200 se haja effectuado afinal em
4.081:035 $ 274 pelos creditos do orçamento , manifestando -se, portanto, um de
ficit de 255 : 102 $ 101 na despeza ordinaria comparada com a arrecadação , além
do que proveio da despesa extraordinaria por creditos especiaes para immi
gração e outros serviços , na importancia de 3.775 :911 $653 , o facto é perfeita
mente explicavel , como consta minuciosamente do citado Relatorio , pela insigni
ficancia naquelle exercicio da safra do café, que é a fonte principal da Receita
da Provincia , e pela paralysação do seu mercado durante muitos mezes .
Mas , tendo melhorado sensivelmente as condições do mercado no corrente
exercicio , de modo que só de 1. ° de Julho a 30 de Novembro os direitos de
sahida em Santos elevaram - se a 1.002 : 576$471 , dando uma media mensal
de 200 : 000$ooo , a qual crescerá com o augmento das remessas e alta espe
rada do preço no 2.º seniestre , não é de admirar que a arrecadação , ao
terminar o exercicio , não só alcance , mas venha a exceder em muito a quan
tia orçada .

E si a isto se accrescenta que o imposto de transito , tal como o votastes


na ultima sessão , artigos 5 a 8 do orçamento , promette ultrapassar conside
ravelmente o calculo de 1.210 :000$ 000 , pois que a importancia já recolhida
pelas Companhias, pertencentes aos 4 primeiros mezes , attinge a 537 : 852 $ 450
faltando ainda 7 entradas que elevarão a cobrança a mais do 600 : 000 $ooo
nesse periodo, pode - se prever que a liquidação do exercicio apresentará uma
receita total muito superior á orçada , cobrindo deste modo o deficit do orça
mento e todo o que proveio dos serviços extraordinarios, menos a immigração ,
não obstante o desapparecimento no orçamento actual dos diversos titulos que
se referiam ao elemento servil .

O orçamento , assim , voltará ao seu perfeito equilibrio , como exactamente


deu-se no exercicio de 1886–1887 , e uma vez restabelecidas as finanças em re
lação ás despezas ordinarias, nenhum embaraço offerecerá tambem o compro
misso do emprestimo externo , porque a quota annual dos juros e amortisação ,
isto é , 420 : 000 $ 000 , salvo a differença do cambio, passará a ser contemplada
nas despezas ordinarias do orçamento , e ahi terá, como os juros das apolices ,
a consignação necessaria para o seu pagamento .
Não é , pois , uma affirmação van ; mas , ao contrario , solidamente fundada,
a de que o estado financeiro da Provincia , na actualidade, é perfeitamente ani
mador e livre de apprehensões .
152

Quanto ao futuro , a receita para o exercicio de 18894-1890 , segundo


o mencionado relatorio do Thesouro Provincial, está orçada em 5.165: 935 $ 000.
médio da arre
A base do calculo para essa avaliação foi o termo
cadação nos tres ultimos exercicios , conforme o systema que se acha adoptado
em lei , mas em relação aos titulos - direitos de sahida, imposto de transito,
imposto predial e taxa addicional --foram attendidas as disposisões de lei e cir
cumstancias conhecidas, que devem fazer subir a sua renda no referido exercicio .

A creação da taxa addicional para o café pela lei do orçamento vigente,


o augmento da que existia para todos os impostos, de 20 para 25 % , a alte
ração da tabella do imposto de transito e a cobrança do mesmo na Estrada
de Ferro D. Pedro II e as ultimas estatisticas do imposto predial na Capital,
Santos e Campinas , taes são as razões do augmento calculado para os citados
titulos , na importancia de 97 : 009 $ 384 para o 1.º , 394 : 179 $ 103 para o 2.º ,
18 : 587 $ 021 para o 3. ° e 349 : 499$ 871 para o 4.º e ultimo.

Para menos só foi orçada a quantia de 12 : 906$ 749 na --taxa das barreiras- ,
e isto porque a Lei n . 124 de 1886 reduziu o imposto ; e a arrecadação maior que
o titulo produziu depois della só alcançou a importancia de 16 : 143 $ 859 , em que
foi calculada.

A despeza para o mesmo exercicio de 1889-1890 foi orçada em réis


4.929 : 626 $ 870 , baseando - se para isso o Thesouro Provincial, já nas tabel
las da despeza annexas ao seu Relatorio , já nas diversas leis que autorisam
serviços .

Nesse calculo, todavia , e por falta de planos e orçamentos, não foi incluido
o que se terá de despender no exercicio com o serviço das obras publicas.
O saldo da receita sobre a despeza orçada será , portanto , de 236 : 308$ 130 ,
ou , suppondo já dotado o referido serviço com a consignação de 350 : 000 $ooo ,
será o deficit de 113 : 691 $ 870, que pode ser evitado na Lei respectiva , pela re
ducção das verbas onde ordinariamente se costumam dar sobras .

A divida passiva da Provincia , até 31 de Outubro proximo passado, era :


Fundada :

Em apolices 1.140 : 000 $ 000


Em titulos ao portador , do emprestimo externo 7.000 :000 $ 000
Fluctuante :
Em letras 2.607 : 286$ 334
Dinheiro das Loterias do Ypiranga 800 :000 $ 000
Dinheiro em % com os Exactores, proveniente de suas fianças 85 : 3933649
Dividas de exercicios findos 268 : 875 $ 725
Total 11.901 : 555 $ 708

Ha a accrescentar a responsabilidade da Provincia pelo adiantamento que


o Governo Geral tem feito dos juros garantidos á Estrada de Ferro S. Paulo
e Rio de Janeiro , a qual monta hoje a 6.512 : 763 $099 . Penso , porém , como
um dos meus illustres antecessores , que o Estado deve tomar a si o encargo
dessa garantia , porque a divida para a Provincia só póde entorpecer o movi
mento do seu credito, emquanto que para elle , além das vantagens que aufere
da Estrada , pela sua ligação com a de D. Pedro II , o onus , pela sua impor
tancia , é relativamente nullo.
Despeza realisada com o serviço de Immigração desde o exercicio de 1881-1882 até 22 de Dezembro de 1888.

1888-1889
NATUREZA DA DESPEZA 1881-1882 1882-1883 1883-1884 1884-1885 1885-1886 1886-1887 1887-1888 de 1.0 de Julho a TOTAL
22 de Dezembro de 1888

Pessoal da Admnistração 1 : 461 $ 153 4 : 640 $000 7 : 122 $ 266 12 : 157 $ 040 12 : 397 $ 510 10 : 106 $ 600 12 : 683 $ 782 2 : 593 $ 440 63 : 161 $ 791
Outros empregados 240 $ 000 4 :714 $ 720 5 : 058 $ 740 3 : 888$ 330 13 : 901 $ 790
Auxilio a immigrantes 3 : 756 $ 250 27 : 266 $ 900 71 : 257 $ 180 205 : 632 $ 830 232 : 646 $ 500 808 : 147 $ 600 2,573 : 059 $ 560 1,671 : 432 $ 500 5.603 : 199 $ 320
Sustento 2 : 943 $ 900 16 :010 $ 160 16 : 623 $ 200 27:685 $ 450 24 : 398 $ 900 66 :086 $ 860 168: 949 $ 740 56 : 145 $ 800 378 : 844 $ 010
Transporte 2 : 715 $ 660 10 : 494 $ 110 13 : 257 $ 120 1 : 917 $ 680 22 : 170 $ 020 28 :595 $ 380 11:044 $ 670 919 $ 160 91 : 113 $ 800
Curativo 281 $ 640 178 $ 160 386 $ 920 1 : 161 $ 330 5 : 178 $ 630 12 : 946 $ 800 1 :692 $ 000 21 : 825 $ 480
Illuminação 195 $ 445 1 : 282 $ 520 1 : 739 $ 050 1 : 960 $ 740 5 :177 $ 755
Expediente 1 : 794 $ 070 744 $ 560 4 :971 $ 215 3 : 165 $ 549 2 : 956 $ 740 120 $ 000 1 : 423 $ 960 15 : 176 $ 094
Moveis, utensis , ferramentas e roupas de cama 9 : 933 $ 000 520 $ 000 1 : 564$ 100 6 : 250 $ 450 1 : 595 $ 495 2 : 192 $ 200 22 :055 $ 215
Lavagem de roupa de cama 126 $ 300 556 $ 700 123 $ 640 806 $ 640
Sellos de letras
3 : 178 $ 000 2 :327 $ 000 5 : 505 $ 000
Estadia de navios em Santos
2 : 131 $ 020 2 : 131 $ 020
Gratificação a F. Turchi pela introducção de
immigrantes . 1 : 700 $ 000 1 :700 $ 000
Impressão e traducção do regulamento 860 $ 000 900 $ 000 250 $ 000 300 $ 000 2 : 190 $ 000
Agua , limpeza e desinfecção da hospedaria 54 $ 000 147 $ 000 413 $ 370 1 : 205 $ 050 688 $ 560 22 : 055 $ 215
Inhumações 14 $ 000 6 $ 000 2 :662 $ 000 92 $ 000 806 $ 640
Gratificações a diversos empregados geraes e
provinciaes pela conferencia de immigrantes
e suas bagagens 50 $ 000 7 : 420 $ 330 8 :455 $ 000 4 : 032 $ 400 19: 957 $ 730
Acquisição de um predio no Bom Retiro
para hospedaria 20 : 000$ 000 20 :000 $ 000
Construcção de um novo alojamento na fre
guezia do Braz 169 : 645 $ 051 292 : 281 $ 752 24 : 705 $ 330 486 :632 $ 133
Compra de terreno na freguezia do Braz para
nova hospedaria . 17 : 000 $ 000 17 :000 $ 000
Reparos nas hospedarias e nucleos coloniaes 4 : 666 $ 666 5 : 613 $ 243 138 $ 850 14 : 922 $ 080 1 : 513 $ 910 1 : 123 $ 030 28 :899 $ 309
Despeza com o representante da imprensa
Italiana 742 $ 800 742 $ 800
Adiantamento á Commissão de estatistica 3 : 800 $ 000 5 : 200 $ 000 7 : 000 $ 000 16 :000 $ 000
Idem á Sociedade Promotora de Immigracão 7 : 000 $ 000 54 000 $ 000 61 :000 $ 000
Entregue á mesma Sociedade para custeio do
Alojamento 6 :666 $640 8 : 333 $ 300 14 : 999 $ 940
Despezas com a Commissão encarregada de
angariar e remetter productos para a ex
posição Sul Americana de Berlim 1 : 165 $ 450 1 : 165 $ 450
Outras despezas 372 $ 000 1 : 099 $ 420 56 $ 600 332 $ 230 345 $ 150 30 : 690 $ 020 32 :895 $ 420
NUCLEOS COLONIAES

Compra da Fazenda « Cascalho » 60 : 000 $ 000 60 :000 $ 000


Idem da Fazenda das « Carmas , 57 : 185 $ 000 57 :185 $ 000
Medição e demarcação de lotes nos nucleos
do Cascalho e Cannas . 2 : 272 $ 640 23 : 283 $ 700 1 : 074 $ 790 327 $ 400 26 : 958 $ 530
Mudas de canna para o nucleo das « Cannas » 155 $ 000 155 $ 000
Extinção de incendio no nucleo do « Cascalho » 99 $ 750 99 $ 750
Demarcação de lotes no nucleo « João Bueno , 1 : 500 $ 000 1 : 500 $ 000
Ferias de operarios 3 : 778 $ 890 9 : 013 $ 645 12 :888 $ 535
96 $ 000
HYGIENE PUBLICA
Despezas com o pessoal e mais despezas da
Repartição de Hygiene Publica 1 : 993$ 800 2 : 761 $ 360 4 : 755 $ 160
Rs : 55 : 848$ 629 67 : 600 $ 000 110 : 281 $ 909 374 : 287 $ 670 365 :862 $ 209 1,132 : 394 $ 661 3,204 : 885 $ 504 1,782 : 942 $ 420 7,094 : 103 $ 122

OBSERVAÇÃO
Na despeza relativa ao periodo de 1. ° de Julho a 22 de Dezembro de 1888, do exercicio de 1883-1889 , não está comprehendida a realisada pelas diversas estações da provincia , por não se acharem liqui
dadas as contas , sendo de presumir avultada despeza , por isso que todo o auxilio a immigrantes espontaneos , é pago por ellas .
Contadoria do . Thesouro Provincial , 27 de Dezembro de 1888 .
O Contador ,

Pedro Gonçalves Dente.


153

A divida activa da Provincia póde actualmente ser dividida em duas partes :


uma existente na Contadoria , para o preparo das certidões , e outra a cargo
do Contencioso , para a cobrança executiva.
A primeira comprehende a divida dos tres exercicios de 1884–1885 a
1886–1887 , e sua importancia, deduzida a cobrança amigavel de 59 : 303 $467 ,
imposto e multas, é de 339 : 675 $ 161 . A ella deve accrescer a do ultimo exer
cicio , que ainda não está conhecida, porque, em virtude das ordens em vigor,
continuou nas estações para a cobrança amigavel até 31 de Dezembro proximo
findo .

A segunda, que comprehende toda a divida provincial proveniente de im


postos até 1883–1884 , inclusive, excluida a de outras origens , que não tem
podido ser liquidada , importa em 144 : 520 $ 280 , tendo sido cobrada no exercicio
que expirou em Junho a quantia de 30 : 591 $ 168 .
Reunidas as duas parcellas , é a somma total da divida a receber de

484 : 195 $ 441, não contando, porém , como se disse , com a que deve vir liqui
dada das estações no corrente mez, pertencente ao ultimo exercicio , e que em
tempo lhe será addicionada.

A proposito da divida activa da Provincia, pondera o Thesouro Provincial


que tem duvidas sobre a execução daquellas que procedem do imposto de es
cravos, visto , que tendo sido abolida a escravidão no Imperio , sem indemnisação,
lhe parece justo e conveniente que sejam taes dividas declaradas extinctas.
Peço a vossa esclarecida attenção para o assumpto , esperando que dareis a so
lução mais acertada, porque della depende a determinação da divida Provincial,
que se manterá ou ficará reduzida, conforme ella fôr, em 140 : 514$046 .
Além dessa medida, lembra ainda o mesmo Thesouro outras , com o fim de
melhorar os serviços , quer sobre a materia de que acabo de tratar, quer a res
peito das modificações em certos impostos, reorganisação do archivo, mudança
do anno financeiro e a revogação do art . 6 da Lei n . 95 de 11 de Abril de
1887 , sobre reforma do Thesouro .
E ' bastante minucioso sobre todos esses assumptos o Relatorio que me foi
apresentado por aquella Repartição, e , com o costumado criterio e saber que
vos caracterisa, não deixareis sem duvida de tomar na devida consideração tudo
quanto ahi se expõe .

DESPEZAS COM A IMMIGRAÇÃO

Pelo quadro que em seguida offereço á vossa consideração, vereis que as


despezas effectuadas com o serviço da Immigração nos ultimos exercicios finan
ceiros , se elevam á quantia de 7.094.103 $ 122, sem contar, no exercicio corrente ,
de Dezembro até o presente , quantia não inferior a mil contos de réis , por se
liquidar.
O pagamento a immigrantes espontaneos é feito pelas Collectorias do in
terior, nos termos do Regulamento de 27 de Julho, e a favor destes existem
ordens pendentes em grande quantidade.

Além disto, é sabido que, nas ultimas semanas, a entrada de immigrantes


tem attingido a alguns milhares, por conta propria , do Governo geral e do con
tracto com a Sociedade Promotora.
20
154

Todos são auxiliados , desde que se applicam á lavoura ; e para os ulti


mos basta o seu desembarque em Santos e entrada no alojamento do Braz ,
para que , indistinctamente, qualquer que seja a sua profissão e o seu destino ,
perceba a Sociedade a subvenção integral do transporte , na conformidade do
contracto .

Esta despeza é avultadissima em cada semana . Os navios carregados de


immigrantes succedem - se uns aos outros , e os pagamentos não se fazem espe.
rar : antes a Provincia tem feito adiantamentos á Promotora.

Independentemente, pois, de novo contracto para a introducção de immi


grantes, não podeis deixar de autorisar -me a elevar o emprestimo externo a
mais algumas mil libras sterlinas.

A consolidação da divida com o serviço de immigração seria bastante para


absorver o emprestimo contrahido .
Mas , os compromissos tomados por leis e contractos ainda estão de pé e
tendem a permanecer por algum tempo , não sendo possivel á Provincia deixar
de sustental - os e cuidar, ao mesmo tempo, de todos os encargos ordinarios de
seus orçamentos de despezas .
Talvez haja quem supponha um pouco aventuroso o nosso procedimento .

Mas a emancipação dos captivos , esse grande acto de justiça e de huma


nidade , ao passo que nos abriu as portas do futuro , veio collocar- nos na con
tingencia forçada de um accrescimo de trabalho no presente , de que não pode
mos isemptar- nos .
Não basta attrahir o estrangeiro laborioso . E' imprescindivel facilitar - lhe
os meios de empregar a sua actividade, dar -lhe terras para cultivo , mercado
para os productos , commodidades para a vida , garantias para a pessoa e segu
rança para a propriedade . Tudo isto requer maior dispendio com o augmento
da população .
E ' razoavel saccar das gerações que nos hão de succeder adiantamentos
em conta dos bens que lhes havemos de legar .
Tenho fé que não estamos fazendo um máu negocio , mesmo debaixo do
ponto de vista economico.

O movimento immigratorio, por mezes, no anno findo , foi o seguinte :

Janeiro 3.534
Fevereiro 7.865
Março IO . I 25
Abril 9.404
Maio .. 6.888

Junho 7.428
Julho. 3.623
Agosto 4.355
Setembro . 4.669
Outubro 8.377
Novembro 13.317
Dezembro 12.501

92.086
155

De 1882 até 1888 foi o seguinte o movimento :

1882 . 2. 743
1883 4.912
1884 . 4.879
1885 . 6.500
1886 .. 9.536
1887 32.112
1 888 92.086

152.768

Verdadeiro phenomeno , que assás justifica os nossos sacrificios pecuniarios .

SECRETARIA DO GOVERNO

Continúa á frente desta Repartição o Bacharel Estevam Leão Bourroul ,


funccionario intelligente e trabalhador .
E ' pena que não tenha melhores auxiliares.

Todavia , força é confessar , a Secretaria tem um distincto Official-maior,


guarda de suas tradições , e alguns moços de muitas esperanças , si quizerem
persistir no amor á profissão.
Esta condição é primordial para o empregado publico .
Sem assiduidade e gosto pelo trabalho a que a pessoa se destina , é impos
sivel ser-se bom empregado , por maiores que sejam as habilitações .
O expediente das Secções é avultadissimo .

Encontrei em execução , como reforma recente , o Regulamento de 30 de


Abril do anno passado .

Por acto de 23 de Novembro nomeei o 2.º Official Tiburtino Mondin


Pestana para, em commissão e interinamente, exercer o logar de professor da
6.a cadeira da Escola Normal , sem accumulação de vencimentos.
O 2. ° Official Henrique José Coelho foi nomeado Secretario do Governo
da Provincia de Matto - Grosso , por Decreto de 1.º de Dezembro , tambem sem
accumulação.

Senhores Membros da Assemblea Legislativa Provincial.

Era meu desejo dar - vos mais completas informações dos negocios da
Provincia .

Não me foi isso possivel .


2 O pouco tempo de minha administração , o atropello de serviços , a varie
dade das questões que, para serem resolvidas , me obrigavam a exames demo
rados , sendo forçado a procurar a disposição applicavel e o historico do negocio
156

pendente em as nossas já volumosas collecções de leis , relatorios e papeis


archivados sem a precisa clareza e ordem , foram tantos e fundados motivos
para esta falta , que a vossa costumada benevolencia hade relevar.

Podeis , entretanto , reclamar os esclarecimentos que vos aprouver , que serei


solicito em prestal - os com a maior satisfação .
Nada pretendo occultar -vos .

Sou da escola daquelles que pensam que os actos de quem exerce uma
particula qualquer do Poder estão sempre sujeitos á analyse e á critica de
todos .

A propria vida privada, em taes condições , não se deve considerar rodeada


das altas muralhas, a que se refere Royer - Collard.
O passado é garantia do presente .
O homem que não for commentario vivo de suas doutrinas , não tem o
direito de ser acreditado .

Dai - me uma só virtude privada , escreveu Cousin embaixo de uma pagina


de Platão, e eu della extrahirei vinte virtudes publicas.
Revirando este pensamento , accrescenta Pelletan :
« Dai-me um só vicio privado , e delle extrahiremos vinte desgraças pu
blicas. ,

Consenti que una os meus votos aos da Provincia, que para aqui mandou
vos , na esperança de que continuareis, como até agora , a ser os guardas
avançados de seu engrandecimento .

Palacio do Governo da Provincia de São Paulo , em 11 de Janeiro de 1889 .

Dr. Pedro Vicente de Azevedo.


) ‫المللی‬ beste
qqqqq

ANNEXOS
1
DECISÕES DA PRESIDENCIA
DECISÕES DA PRESIDENCIA

INSTRUCÇÃO PUBLICA

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 30 de Janeiro de 1888 .


Pelo officio n . 81 de 21 do corrente mez , fiquei inteirado de que á consulta
do conselho municipal da Cotia , relativa ao attestado para o recebimento dos
ordenados do professor da Varzea Grande João Baptista Cepellos, que leccionára
até 23 de Outubro ultimo , tendo fallecido no dia immediato , e á suppressão de
diversas escolas e á creação de outras no municipio, respondêra vmc. que a
viuya do referido professor para obter os vencimentos correspondentes aos dias
de exercicio , deveria apresentar ao conselho os papeis onde se fazia a escriptu
ração da escola , para que o secretario , á vista delles, organizasse o mappa men
sal e assim se concedesse ou não o attestado , de que se trata, e que só ao po
der legislativo cabia a decretação da medida exposta, cumprindo ao conselho, nos
termos do § 2.º do art . 49 do Regulamento de 22 de Agosto findo, apenas pro
pôr, por intermedio dessa Directoria , a adopção da providencia que a respeito
julgasse conveniente.

Approvando semelhante decisão, com a qual me acho de intimo accôrdo ,


tenho respondido ao citado officio de vmc., a quem

Deus Guarde. — Francisco de Paula Rodrigues Alves.


Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 21 de Fevereiro de 1888 .


Tendo o conselho municipal de Santa Cruz das Palmeiras consultado a essa
directoria , si , no caso de ausencia de um dos membros, poderia substituil- o ou
tro cidadão, que é parente do professor da localidade, Manuel de Moura Aze
vedo ; si , na hypothese de incompatibilidade ou de demora na eleição para o
preenchimento da vaga , era licito ao presidente da corporação attestar o exer
cicio dos professores e proceder como si ella tivesse completo o numero dos seus
representantes ; e , finalmente , si as despezas com a restauração e com o forne
cimento da mobilia das escolas deveriam ser custeadas pelo fundo ultimamente
creado em favor da instrucção provincial e quaes as providencias a adoptar ,
desde que a elle não se pudesse recorrer, respondeu Vmc . , segundo me commu
nicou em officio n . 185 de 16 do corrente mez, que o membro ausente podia
ser substituido por qualquer outro cidadão, a quem a circumstancia de estar li
gado por laços de parentesco a um dos professores do municipio inhibia de fis
calisar e apreciar os actos , que a este se referissem , e que ao presidente do
conselho mencionado, antes da respectiva installação , apenas cabia a concessão
das certidões do exercicio dos professores, não sendo elle competente para re
solver ácerca de quaesquer outros assumptos , cuja decisão depende da circum
21
- 2

stancia de funccionar o referido conselho com todos os membros que o compõem


e finalmente que ao poder legislativo cumpria deliberar a respeito da breve
constituição do fundo escolar , por onde tem de correr as despezas alludidas , con
siderando Vmc., entretanto , que o conselho supradicto não adoptaria o alvitre
da substituição, na hypothese figurada , attento o facto de que ainda não se ve
rificou a sua installação, apoz a qual, e nunca antes , é permittido o emprego
daquella medida.
Approvando a decisão exposta , com a qual concordou o conselho superior
de instrucção publica, assim lhe declaro, em resposta ao citado officio de Vmc . ,
a quem

Deus Guarde.- Francisco de Paula Rodrigues Alves.


Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 21 de Fevereiro de 1888.


Achando - se incompatibilisado, afim de servir como secretario do conselho munici
pal de S. José do Parahytinga, o cidadão proposto para esse cargo, visto como é
irmão de um professor e cunhado de uma professora do municipio, assim o decidiu
Vmc , respondendo á consulta que a respeito fizera o presidente do referido con
selho, o qual opinára nesse sentido, contrariando, porém , as idéas dos dois mem
bros que julgaram não subsistir a imcompatibilidade allegada, resultando dahi
ligeiro conflicto entre os representantes da corporação, cuja discordia lembrou
Vmc. que perturbava os trabalhos de um congresso que não deve sacrificar as
necessidades do ensino local, que lhe incumbe dirigir, em favor de interesses
pessoaes , que não devem ser attendidos e preferidos sem mallogro do pensa
mento do legislador que, carece dos patrioticos esforços das autoridades escola
res dos diversos municipios, para ser devida e satisfactoriamente executada .
De inteiro accordo com a decisão e as ponderações expostas, acompanho o
conselho superior de instrucção publica na adhesão que a ellas prestou .
Nessa conformidade tenho respondido ao officio n. 167 que a 10 do cor
rente mez me dirigiu Vmc. a quein
Deus Guarde.- Francisco de Paula Rodrigues Alves.
Sr. Dr. Director da Instrucção Publica.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 22 de Fevereiro de 1888 .


Inteirado, pelo officio n . 204 de 20 do corrente mez , de que o conselho
municipal de Campo Largo de Sorocaba o consultára, afim de saber si devia in
tervir na direcção da escola do sexo masculino da Fabrica de ferro de S. João
do Ypanema, declaro-lhe que approvo a decisão de Vmc. com a qual concordou
o conselho superior da instrucção publica, respondendo que funccionando a refe
rida escola a expensas do governo geral , não estava ella sujeita á fiscalisação
do conselho, que apenas superintende na distribuição do ensino local, faltando
lhe a necessaria competencia para se tornar effectiva semelhante intervenção, que
seria injustificavel diante das attribuições conferidas pelo regulamento em vigor ,
ás corporações incumbidas da vigilancia do serviço da instrucção em cada um
dos diversos municipios da Provincia .
Deus Guarde a Vmc.- Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .


3

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 24 de Fevereiro de 1888 .

Tendo o conselho municipal de Itapetininga lhe endereçado uma consulta ,


afim de saber si , não se tendo effectuado os exames geraes de uma das escolas ,
poder- se - ia designar novo dia para esse fim e si aos professores era licito diri
girem - se ao presidente daquelle conselho, afim de instruir a corporação acerca
de quaesquer occurencias em suas aulas, ou si similhante proceder importava em
falta digna de censura , respondeu Vmc. affirmativamente , quanto ao primeiro
ponto da consulta alludida , accrescentando que nenhum inconveniente existia no
facto de qualquer professor dirigir - se ao conselho por intermedio do presidente ,
desde que o fizesse em termos respeitosos.
Approvando a decisão exposta , com a qual concordou o conselho superior
de instrucção publica , assim lhe declaro em resposta ao officio n . 199 que a 18
do corrente mez , me dirigiu Vmc., a quem
Deus Guarde. - Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Goyerno da Provincia de S. Paulo , 9 de Abril de 1888 .


Inteirado, pelo officio de Vmc . , n . 368 de 27 do mez findo, de que o con
selho municipal de Silveiras o consultára, afim de saber si para a escripturação
das actas , poderia ser utilisado o livro que servira para a primitiva installação,
que se julgou nulla, declaro -lhe que approvo a decisão de Vmc., com a qual
concordou o conselho superior de instrucção publica, respondendo que aquelle
livro deverá ser aproveitado, mediante contra rubrica e novos termos de aber
tura e de encerramento, nos quaes se terá de mencionar a circumstancia atti
nente á referida installação .

Deus Guarde a Vmc. - Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 9 de Abril de 1888 .


Tendo, na presente data , resolvido , de accôrdo com o parecer do conselho
superior da instrucção publica, e até que a Assembléa Provincial se pronuncio
a respeito, que os professores publicos só poderão ser removidos para as cadei
ras que , uma vez submettidas a concurso , não tiveram quem as disputasse, não
lhes sendo licito obter a transferencia para aquellas que vagarem ou que forem
creadas, sem o preenchimento da formalidade exigida pela legislação dominante
para a regencia de qualquer escóla , assim lhe declaro para o seu conhecimento
e devidos effeitos ; ficando deste modo fixada a interpretação do artigo 103 do
Reg . de 22 de Agosto do anno passado.

Deus guarde a Vmc . -Francisco de Paula Rodrigues Alves.


Sr. Dr. Director da Instrucção Publica.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 17 de Abril de 1888 .


Tendo o Conselho Municipal de Santo Amaro lhe dirigido uma consulta ,
afim de saber si temporariamente poderia transferir a cadeira do sexo feminino
do bairro da Campina para aquella villa, até que a Assembléa Provincial o de
crete e si o professor designado para fazer parte da banca julgadora dos exames
- 4

a que se procede no Municipio , terá de soffrer desconto nos vencimentos respe


ctivos pelos dias em que faltar á escola , para se occupar de semelhante encargo,
respondeu Vmc. que a legislação dominante não confere ao conselho o direito
de proceder naquella conformidade e que não sendo o referido serviço obrigatorio
ao professor, o qual não se acha autorisado pelo Governo a desempenhal-o, terá
elle de sujeitar-se á reducção nos ordenados , quando deixar o exercicio do ma
gisterio , afim de intervir nos trabalhos da banca examinadora .

Approvando a decisão exposta , com a qual concordou o Conselho Superior


de instrucção publica , assim lhe declaro , em resposta ao officio n . 416 que a 11
do corrente mez me dirigiu Vmc . , a quem

Deus Guarde.- Francisco de Paula Rodrigues Alves.


Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 17 de Abril de 1898 .

Inteirado pelo officio de Vmc. n . 410 de 11 do corrente mez , de que o Presidente


do Conselho Municipal de Cunha o consultára , afim de saber si os professores no
meados ou removidos deverão, para assumir o respectivo exercicio , apresentar os
titulos ao Conselho, quando este se achar em sessão, ou si poderão exhibil -os a
qualquer um dos membros, declaro -lhe que approvo a decisão de Vmc . , respon
dendo que a disposição referente ao caso alludia ao Conselho, em reunião , cum
prindo que, para o fim indicado, se convocasse uma sessão extraordinaria .

Deus Guarde a Vmc.- Francisco de Paula Rodrigues Alves .


Sr. Dr. Director da Instrucção Publica.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 17 de Abril de 1888 .


Tendo o Presidente do Conselho Municipal do Apiahy The dirigido uma
consulta, afim de saber como corrigir uma desobediencia do secretario desse Con
selho e si o membro designado para certificar o exercicio dos professores, po
deria despresar o reconhecimento da frequencia média e ainda a quem competia
na falta delle, semelhante encargo, respondeu Vmc . , quanto ao primeiro ponto ,
que havia recurso da demissão, para castigar quem incorresse em falta, não se
devendo conceder attestados , sem verificar-se a existencia de direito dos mesmos ,
cumprindo designar -se quem servisse em logar do funccionario, incumbido desse
mister , quando elle se ausentasse ou quando se entendesse dever ser substituido .
Approvando a decisão exposta , com a qual concordou o Conselho Superior
da instrucção publica, assim lhe declaro em resposta ao officio n . 412 de 11 do
corrente mez, que a respeito me dirigiu Vmc . , a quem
Deus Guarde . - Francisco de Paula Rodrigues Alves .
Sr. Dr. Director da Instrucção Publica.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 17 de Maio de 1888 .


Inteirado , pelo officio de Vmc. n . 528 de 9 do corrente mez, de que o Pre
sidente do Conselho Municipal da Bocaina lhe dirigira uma consulta, afim de
saber si poderá o conselho exigir o comparecimento dos professores á sessão pre
viamente convocada, para que elles prestem informações necessarias á solução
das duvidas suscitadas a proposito dos mappas mensacs respectivos, no intuito
de evitar demora na obtenção de semelhantes esclarecimentos, declaro -lhe que
approvo a decisão de Vmc . , respondendo que a medida exposta não convém ser
5

adoptada , pois se irá sobrecarregar o professorado da localidade com obrigações ,


que a lei não lhes impoz , e isso com a intenção de diminuir o trabalho do se
cretario do conselho referido, o qual deverá , mediante officio, solicitar as infor
mações alludidas, de modo a não se perturbar a regularidade das funcções esco
lares com a presença do professor ás reuniões , a que tiver de assistir .

Deus Guarde a Vmc. - Francisco Antonio Dutra Rodrigues.


Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 11 de Junho de 1888 .


Communicando -lhe o Conselho Municipal de Bragança que o professor da
2.a cadeira João Alves da Cunha Lima, exercia tambem o cargo de escrivão da
subdelegacia de policia e do juiz de paz , e tendo consultado a essa directoria si
havia ou não a incompatibilidade estabelecida pela lei vigente , resolveu Vmc .
affirmativamente, á vista dos expressos termos do art . 110 do regulamento de
22 de Agosto ultimo , segundo me informou em officio n . 578 de 2 do corrente
mez , em resposta ao qual declaro approvar a decisão exposta , com que concordou
o Conselho Superior de instrucção publica .

Deus Guarde a Vmc.- Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 11 de Junho de 1888 .


Respondendo á consulta que lhe dirigira o Conselho Municipal de Bragança ,
resolveu Vmc . segundo me communica em officio n . 580 de 2 do corrente mez,
que embora se achasse vaga a 2.a cadeira do sexo feminino daquella cidade , não
era possivel provel-a interinamente, como propunha o referido Conselho, o qual
allegára em favor de semelhante alvitre o elevado numero de alumnas matricu
ladas na escola da professora da 1.a , porquanto em vista do artigo 74 , combi
nado com o artigo 120 do Regulamento de 22 de Agosto ultimo , cumpria aguar
dar o primeiro concurso para preenchimento das vagas existentes, sendo esse o
unico meio de tornar - se effectiva a regencia da cadeira , em questão .

Nada tendo a oppôr á materia do citado officio, declaro a Vmc. approvar a


decisão exposta , com a qual concordou o Conselho Superior de instrucção publica .

Deus Guarde a Vmc. - Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 11 de Junho de 1888 .


De posse do officio n . 593 de 5 do corrente mez, em que Vmc . me com
munica que o Presidente do Conselho Municipal de Lorena consultára a essa
Directoria , si ainda subsiste a resolução do Governo Provincial de 11 de No
vembro do anno findo, relativa á frequencia media de alumnos, apezar de ex
tinctas as causas que a determinaram , e que se lhe respondera affirmativamente,
pois a alludida resolução só deixará de vigorar, depois de assim o haver resol
vido o poder competente , cumprindo, porém , mencionar- se nos mappas remettidos
a essa Repartição as circumstancias attinentes aquella frequencia, para a devida
organisação da estatistica do ensino , declaro -lhe que approvo a decisão exposta,
- 6 -

com a qual concordou o Conselho Superior de instrucção publica , ficando desse


modo respondido o citado officio de Vmo a quem
Deus Guarde. - Francisco Antonio Dutra Rodrigues.
Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 11 de Junho de 1888 .

Havendo o Presidente do Conselho Municipal de Campos Novos de Parana


panema impugnado a opinião dos outros dois membros que exigiam o fecha
pr esos ou mul
mento das escolas particulares da localidade, sob pena de serem
tados os respectivos professores, declarou Vmc. áquelle funccionario, em res sta
á consulta que elle lhe dirigira, afim de saber como decidir a questão, que as
escolas da natureza indicada se regem pelas disposições contidas nos artigos 202
a 208 do Regulamento em vigor, as quaes cogitam do interesse da estatistica do
ensino, existindo na hypothese de não serem observadas,, o recurso das
ellas observadas
penas estabelecidas nos SS 1. ° e 2º do artigo 296 , e podendo a autoridade com
petente , no primeiro caso , á requisição do conselho , executar a recommendação
do artigo 128 do codigo criminal.
Achando m
- e como o Conselho Superior de instrucção publica, de inteiro ac
côrdo, com a solução exposta , tenho resolvido approval- a : o que lhe declaro, em
relação ao officio n . 515 que a 5 do corrente mez me dirigiu Vmc . a quem
Deus Guarde.- Francisco Antonio Dutra Rodrigues .

Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 11 de Junho de 1888 .


Os professores de Jacarchy, Leonidas de Toledo Ramos e Manoel Joaquim de
Sant'Anna dirigiram a Vmc. uma consulta afim de saberem :
1.0 Si não se achando os alumnos das escolas divididos em classes, de ac
côrdo com o art . 9.º do regimento interno e si , não havendo um unico, habili
tado a prestar exame das materias, indicadas no annexo 2. ° desse regimento,
deveriam elles permanecer, sem classificação até ás provas finaes do corrente
anno , ou si teriam , antes de começadas as ferias do inverno, de exhibil -as, apenas
quanto ás disciplinas, em que estivessem preparados.
2. ° Qual a maneira de fazel-os figurar no mappa semestral do 1.º deste
mez, onde cumpre se mencionar o respectivo adiantamento, caso não se realize
aquella classificação .
3. ° Si esse adiantamento é indicado nos livros de matricula , do mesmo
modo que nos mappas semestraes.

4. ° Quaes os compendios adoptados para o ensino do 1. ° gráu .


Resolvendo as duvidas expostas, respondeu Vmc . :

1. ° Que, ao compôr as turmas , o professor attenderá ao progresso dos disci


pulos, de accórdo com o qual ha de proceder, solicitando do Conselho Municipal
as necessarias providencias afim de se effectuarem os exames , antes do periodo
citado , de modo a ser definida a posição de cada um na classificação de que se
trata .

2. ° Que o art . 96 do regimento interno estabelece o meio de se declarar o apro


veitamento dos diversos estudantes, referindo - se , na columna das observações, des
- 7

tinada a esclarecer todos os casos omissos , o que constar acerca da classificação


já alludida .

3. ° Que , nos livros de matricula se deverá detalhar os resultados da escola ,


com relação aos que a frequentarem , pois nelles se colligem dados historicos , ao
passo que os mappas semestraes consistem em simples resumos.
0
Que , não existindo o programma official, ao professor compete escolher
os trabalhos mais convenientes á instrucção do 1. ° gráu .

Approvando a decisão a respeito proferida por Vmc . , com a qual concordou


o Conselho Superior da instrucção publica , assim lhe declaro , em resposta ao of
ficio n . 588 de 4 do corrente mez , que acerca do exposto me dirigiu Vmc . , a quem

Deus Guarde. Francisco Antonio Dutra Rodrigues.


Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo de S. Paulo , em 18 de Junho de 1888 .


Inteirado pelo officio de Vmc. n . 606 de 12 do corrente mez , de que o pre
sidente do conselho municipal de S. Roque lhe dirigira uma consulta, afim de saber
si os professores designados para a regencia dos cursos nocturnos devem gozar,
como os demais , das férias concedidas ás escolas publicas, declaro que approvo
a decisão de Vmc., com a qual concordou o conselho superior de instrucção
publica , respondendo affirmativamente, pois não ha distincção de caso, em vista
das disposições da Lei n . 81 de 6 de Abril de 1887 e do respectivo regula
mento de 22 de Agosto ultimo , que decretaram aquellas férias, para todas as escolas
da Provincia, quer diurnas, quer nocturnas.
Deus Guarde a Vmc. - Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 9 de Julho de 1888 .

Respondendo ao officio de 28 de Junho ultimo, em que Vmcs . me participam


ter decidido com o voto de qualidade do presidente dessa Camara o empate
occorrido na eleição de um membro do conselho municipal, declaro - lhes que
se deve recorrer á sorte entre os dois mais votados , afim de se effectuar a escolha
de um delles , como dispõe o art . 110 S unico da Lei n . 81 de 6 de Abril
do anno passado .
Deus Guarde a Vmcs.-- Pedro Vicente de Azevedo .

Srs . Presidente e Vereadores da Camara Municipal de Lençócs.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 13 de Julho de 1888 .

Respondendo ao seu officio de 4 do corrente mez , declaro -lhe ficar approvado


o acto de Vmc . , convocando uma sessão afim de se effectuar a eleição de um
membro do conselho municipal, que não se pôde rcalisar no dia marcado, devendo
V mc. adoptar a providencia da chamada de supplentes, quando ás sessões deixem
de comparecer vereadores, em numero sufficiente, nos termos do art . 229 do re
gulamento n . 8213 de 13 de Agosto de 1881 .

Deus Guarde a Vmc . - Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Presidente da Camara Municipal de Lençóes .


8

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 14 de Julho de 1888 .


Com relação ao officio de Vmc. n. 592 de 5 do mez findo, de
claro -lhe , que sendo retribuido o emprego de secretario do conselho municipal,
em virtude do art . 119 da Lei Provincial n . 81 de 6 de Abril de 1887 , e não
podendo o vereador accumular emprego publico retribuido, como é expresso
no art . 24 de Lei n . 3029 de 9 de Janeiro de 1881 , é incontestavel a incom
patibilidade entre os dois logares , devendo o funccionario que os exercer optar
por um delles , no praso que o conselho municipal designar , sob pena de ser
demittido do emprego remunerado.

Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Director da Instrucção Publica.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 18 de Julho de 1888 .

Justificando Vmc. por officio de 16 do corrente, n . 54 , os motivos que teve


para manter a permissão concedida ao pai de uma das alumnas da Escola para
assistir ás aulas frequentadas pela filha , de accordo com o art . 68 do regula
mento de 3 de Janeiro de 1887 , e conformando -me com esses motivos, isto mesmo
Vmc. fará constar aos professores da 2.a e 5.a cadeiras, em resposta ao abaixo
assignado que me dirigiram participando o facto e pedindo que declarasse si com
elle me conformo .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo .
Revd . Sr. Director da Escola Normal.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 28 de Julho de 1888 .

Tendo Vmc . , em solução á consulta que lhe dirigira o presidente do con


selho municipal da Cotia, respondido que a designação do membro que tem de
servir nos trabalhos do arrolamento para a arrecadação do imposto de capitação ,
é feita por eleição do mesmo conselho, prevalecendo a decisão pelo voto de
qualidade, na hypothese do empate, não existindo inconveniente em servir o
presidente do conselho com o agente fiscal, salvo o caso de impedimento legal ,
declaro -lhe que approvo a solução exposta, com a qual concordou o conselho
superior de instrucção publica, ficando assim respondido o officio n . 726 que a
25 do corrente mez me dirigiu Vmc. a quem

Deus guarde . — Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo de S. Paulo, 7 de Agosto de 1888 .


Tendo o cidadão Frederico Moreira Porto , membro eleito do conselho mu
nicipal da cidade de Jacarehy, consultado a essa directoria , em officio de 12 do
mez passado, si a norneação de substitutos de membros dos conselhos munici
paes, compete aos respectivos presidentes ou aos proprios conselhos e si sub
stituindo o membro encarregado de ministrar attestados de exercicio aos pro
fessores publicos , fica o substituto com essa commissão ou si depende ella de
nova designação - respondeu Vmc. :
Quanto ao primeiro ponto , que, nos termos do art . 112 $ unico da Lei n . 81 de
6 de Abril do anno passado , compete aos conselhos o não aos seus presidentes
a nomeação de substitutos dos respectivos membros, uma vez que se trate de
- 9

impedimento temporario não excedente de trinta dias, pois que, excedendo


desse prazo , a substituição compete á municipalidade , caso refira -se a qualquer
dos membros por ella eleitos , como está determinado na disposição citada, cum
prindo , portanto, que aquelle conselho rectifique a nomeação feita pelo seu pre
sidente, caso tal rectificação não tivesse sido ainda realizada.

Quanto ao segundo ponto , que , dada a substituição nos termos regulares


da Lei , contém ella capacidade para o exercicio de todos os actos da compe
tencia do substituido , pelo que não é necessaria designação especial de membro
do conselho para attestar o exercicio dos professores.

Approvando a decisão mencionada , com a qual concordou o conselho su


perior de instrucção publica , assim lhe communico em resposta a seu officio
n . 762 de 31 do mez findo .

Deus guarde a Vmc .-- Pedro Vicente de Azevedo .


Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo de S. Paulo , 7 de Agosto de 1888 .


Em officio de 25 do mez findo, Vmc . me communica que o conselho de
instrucção do municipio de Itapecerica, consultára a essa Directoria :
1.0 Si em vista do que dispõem os arts . 81 e 98 do Reg. interno das
escolas é permittido aos paes, tutores ou protectores dos alumnos , de uma escola,
retiral -os della e matriculal-os em outra, durante o anno lectivo ;

2.0 Si não achando - se ainda constituido o fundo escolar naquelle muni


cipio, póde o conselho autorisar os professores publicos a fazerem acquisição dos
livros necessarios á escripturação de suas escolas , ficando-lhes salyo o direito de
reclamarem em tempo o pagamento das despezas realizadas,
Outrosim , que a solução dada foi a seguinte :
Quanto ao primeiro ponto , que nenhum dos artigos invocados tolhe aos paes
e tutores dos alumnos o livre arbitrio na pratica daquelle acto, apenas restrin
gem para a segunda escóla a faculdade ampla da matricula .

Quanto ao segundo ponto , que nada obsta a que o conselho dê, em termos , a
autorisação a que se refere, visto que por Lei lhe compete a distribuição do
fundo escolar .

Em resposta declaro a Vmc . que approvo a decisão dada , com a qual con
cordou o conselho superior da instrucção publica, visto achar -se de accordo com
a Legislação em vigor .

Deus guarde a Vmc . — Pedro Vicente de Azevedo.


Sr. Dr. Director da Instrucção Publica.

Palacio de Governo de S. Paulo, 7 de Agosto de 1888 .

Communica Vmc . a esta presidencia , que um membro do conselho munici


pal de Silveiras consultara -lhe :
1.0 Si a frequencia media dos alumnos, nos mappas semestraes, deve ser
calculada tomando -se por base o numero de dias lectivos do respectivo semestre,
ou somente aquelles que se acharem comprehendidos entre a data da matricula
de cada alumno e o ultimo dia desse mesmo semestre ;
22
10

2. ° Si sendo taes mappas enviados a essa Directoria por intermedio dos


conselhos municipaes, tem estes attribuições para examinal-os e quando encon
trem irregularidades, ordenar aos professores que os reformem , dando -lhes para
isso as precisas instrucções e si aproveita aos conselhos no caso de desobe
diencia , applicar a disposição do art. 179 § 4º do regimento de 22 de Agosto
do anno passado .

Outrosim , que a solução dada foi a seguinte :


Quanto ao 1.º ponto , que o art . 95 do regimento interno das escolas exem
plifica os casos geraes e o seu pensamento bem claro está na primeira parte ,
quando declara que a frequencia média deverá ser calculada em relação a cada
alumno individualmente e por isso tendo -se em vista , para o respectivo calculo , o
tempo decorrido na sua matricula no semestre de que se trata e não o que an
teriormente a ella decorreu ;

Quanto ao 2.0 ponto , que além da interyenção ordenada no art. 112 & 18
do Regulamento citado, que importa, no intuito do art . 45 , em fiscalisação directa ,
tem os conselhos municipaes attribuição definida no art . 49 § 4.º do supracitado
regulamento.
Em resposta declaro a Vmc . que approvo a decisão dada , com o qual con
cordou o conselho superior da instrucção publica, visto achar - se de accordo com
a legislação em vigor .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo .
Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 8 de Agosto de 1888 .

Sciente, pelo seu officio de 25 do mez findo, da consulta que lhe fez o con
selho municipal de Villa Bella da Princesa , relativamente á transferencia de lo
gar da escola do bairro do Quilombo da qual é professora D. Serafina Corrêa
Rodrigues, a quem foi imposta a pena do art . 171 S 2,0 do Regulamento de 22
de Agosto do anno passado , pelo alludido conselho, que resolveu negar-lhe attes
tado de exercicio ;

Outrosim da seguinte resposta dada á referida consulta :


Que os arts . 49 S 9.0 e 63 do Regulamento referem - se aos pontos em que
devem funccionar as escolas publicas , dentro do perimetro das povoações decla
radas nas Leis de sua creação ;

Que sendo illegal o estabelecimento de uma escola fóra da séde de sua


creação , não pode ser valido o exercicio , que nella tenha qualquer professor e
neste caso deve ser consequencia de illegalidade a negativa do attestado desse
exercicio , ficando , entretanto, salvo ao professor o direito de recurso , nos termos
do art . 70 da Lei n . 81 de 6 de Abril do anno passado ;
Que cumpre , entretanto, ao conselho ter em vista o que determina o art.
248 do Regulamento, indicando a aquella professora o ponto em que deve esta
belecer a sua escola e não ordenar vagamente a sua transferencia ;
Declaro a Vmc. que approvo a decisão dada , com a qual concordou o con
selho superior da instrucção publica, visto achar - se de accordo com a Legislação
em vigor .
Deus Guarde a Vmc. --- Pedro Vicente de Azevedo.
Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .
11

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 21 de Agosto de 1888 .


Declaro a V. Revd . , em resposta ao seu officio n . 73 de 13 do corrente ,
em que propõe o Revd . Padre Camillo Passalacqua para substituir interinamente
o professor da 3.a cadeira , Bacharel José Estacio Corrêa de Sá e Benevides , que
obteve tres mezes de licença , que sendo aquelle Revd . já professor da Escola
não pode accumular outra cadeira por mais de trinta dias , conforme preceituam
os arts. 13 e 115 do Regulamento de 3 de Janeiro do anno passado .
Deus Guarde a V. Revd . - Pedro Vicente de Azevedo.
Revd . Sr. Director da Escola Normal .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 1. ° de Setembro de 1888 .


Declaro a Vmc . , de accordo com a informação constante de seu officio, sob
n . 1012 de 20 de Outubro do anno passado , que as escolas nocturnas , creadas
por Leis anteriores á reforma da instrucção publica , devem subsistir como cursos
nocturnos já creados , mas dependentes de amoldarem - se á feição da mesma re
forma, isto é, sem professor especial e como cursos annexos a quaesquer escolas
diarias , convindo que , aos respectivos professores, seja feita a designação de ca
deiras de que trata o art . 126 do Regulamanto de 22 de Agosto de 1887 ,,
quando vitalicios , ficando salvo aos que o não forem o recurso do § 2º do ar
tigo citado do mesmo Regulamento .

Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 4 de Setembro de 1888 .


Em resposta ao officio de 13 do mez findo, sob n . 112 , declaro a Vmc., de
accordo com seu parecer , que o praso de 30 dias para os professores publicos
extrahirem as portarias de licença , como entrarem no gozo das mesmas , deve ser
contado da data do despacho desta presidencia , não sendo o mesmo interrompido
com o periodo das ferias de que trata o art . 164 do Regulamento de 22 de
Agosto de 1887 .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Inspector do Thesouro Provincial .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 10 de Setembro de 1888 .

Em officio de 30 de Junho ultimo, um membro do Conselho Municipal da


villa da Bocaina , consultou a essa Directoria , si em vista da ausencia de mais
de 30 dias do Presidente do Conselho, podia , na qualidade de Presidente inte
rino, passar aos professores attestados de exercicio , e si podia o Conselho reu
nir-se em sessão com os dous membros presentes .
Em solução a taes duvidas declaro a Vmc. :

Quanto ao primeiro ponto -que rege o caso o artigo 112 da Lei n . 81 de 6


de Abril do anno passado , combinado com o artigo 126 da mesma Lei e dessa
combinação se torna evidente que , quando a ausencia ou impedimento do Presi
dente ou qualquer dos membros eleitos de um Conselho Municipal exceder de
trinta dias , a substituição será feita pelo Presidente da Provincia no primeiro
caso e pela Camara Municipal respectivo no segundo , pelo que não podendo o
12

officiante continuar a substituir o Presidente , não podia passar attestados, cuja


commissão fòra a elle conferida pelo Conselho .
Quanto ao segundo ponto—que tendo o § unico do citado artigo 112 deter
minado o modo pelo qual deve ser feita a substituição de qualquer dos membros
dos Conselhos Municipaes, nos casos de ausencia ou impedimento por menos de
trinta dias , é claro que só com os tres membros de que se compõem devem os
Conselhos funccionar .

Em resposta declaro a Vmc . que approvo a decisão dada , com a qual con
cordou o Conselho Superior de instrucção publica, visto achar-se de accórdo com
a Legislação em vigor.
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 14 de Setembro de 1888 .

Em officio de 3 de Abril findo consultou a essa Directoria o Presidente do


Conselho de instrucção do Municipio de Pirassununga como applicar o artigo 49
§ 19 do Regulamento de 22 de Agosto do anno passado ao caso que naquelle
Municipio occorre em relação a 2.a cadeira do sexo feminino , cuja professora D.
Elisa Maria das Dores acha - se ausente do exercicio por circumstancia de molestia
participada, uma vez que ainda não tomou posse do cargo de membro daquelle
Conselho o Dr. Antonio José Rodrigues de Siqueira, ultimamente eleito em substi
tuição do Rvm . padre João Baptista de Oliveira Salgado, que o resignou , accres
cendo que o mesmo substituto acha - se ausente do referido Municipio.
Em resposta declarou Vmc. ao referido Presidente , que o intuito do Legis
lador da reforma foi definir sempre o Conselho Municipal como entidade com
posta essencialmente de tres membros, tanto que , prevenindo as hypotheses da
falta de taes membros, occorreu a ellas de modo a serem remediadas de prompto
e a funccionar o Conselho com esse numero .

E assiin que só excepcionalmente e não como regra , determinou que se con


siderasso Consolho a reunião de dous membros, mas para o fim especial de pro
mover a substituição do membro ausente, de modo a completar-se o numero de
tres , como se vê no art . 112 § unico da Lei n . 81 de 6 de Abril do mesmo anno .
Esta providencia da Lei decretada para os casos mais urgentes e de mais
difficil remedio, quaes os de faltas provenientes de ausencia ou impedimento
temporario de um até trinta dias e pela qual o proprio Conselho fica investido
da attribuição de determinar por si a substituição, com preterição até de um dos
principios capitaes da reforma, qual o que consagra o art . 11 Ş unico da mesma
Lei, pois que a substituição em tal caso estende-se a qualquer dos membros do
Conselho, até a do Presidente , não se pode suppor esquecida pelo Legislador
quando, tratando de obyiar a substituição nos casos de falta por ausencia ou impe
dimento temporario excedentes a trinta dias , commetteu ús Camaras Municipaes
ou ao Presidente da Provincia a attribuição de substituir interinamente, já porque
o maior tempo previsto pelo Legislador facilita as substituições, já porque seria
contrasenso permittir que o Conselho funccionasse com dous membros durante
largo tempo , quando se o não quiz consentir em prası breve até de um dia .
Occorre ainda em favor desta intelligencia que a regra geral para a consti
tuição da maioria nos corpos deliberantes, assenta sempre no numero de metade
e mais um de seus membros, a despeito de serem taes corpos compostos de pes
. 13

soal muito mais avultado do que o dos Conselhos Municipaes, que por sua re
ducção a tres, além de não ter maioria com dous , ficaria privado do elemento
que em taes corpos se procura do embate de opiniões .
Nem vale contra esta intelligencia qualquer argumento que por ventura se
queira inferir da lettra do artigo 120 da citada Lei , pois que , si é verdade que
alli se determina aos Conselhos a obrigação de designarem os dias de suas reu
niðes e que nestas seja substituido o Presidente pelo membro mais velho , não é
menos certo que tal disposição não pode ser interpretada isoladamente e sim de
harmonia com os outros textos , e desse confronto resulta que a admittir- se que
o dito artigo consagra como possiveis em regra as funcções de um Conselho
as funcções
com dous membros , seria consequencia ficar inane e destituido de applicabilidade
o artigo 112 & unico .

E essa harmonia pede antes que o referido artigo 126 seja entendido com
referencia a este ultimo, quando fôr feita pelo proprio Conselho a substituição
do Presidente que não comparecer a uma ou mais sessões , até trinta dias , e fôr
eleito - pelos dous outros membros o terceiro que deve completar a entitade legal ,
porque então será Presidente o membro mais velho . Si , pois , o Dr. Siqueira ,
ultimamente eleito , já recebeu o competente aviso para tomar posse e , sem apre
sentar excusa, ausentou - se do Municipio , com prejuizo dos interesses da instru
cção , cabe á Camara Municipal reputal-o em renuncia e proceder a nova eleição
conforme a resolução desta Presidencia de 23 de Fevereiro ultimo. No caso
contrario estão os dous membros do Conselho impedidos de satisfazer ao que de
termina o artigo 49 § 19 do Regulamento , porque é essa uma attribuição do
Conselho e este não existe com dous membros. Approvando a decisão mencio
nada , com a qual concordou o Conselho Superior de instrucção publica, assim lhe
communico , em resposta ao seu officio sob n . 828 de 28 do mez findo .
Deus Guarde a Vmc . -Pedro Vicente de Azevedo .

Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 11 de Setembro de 1888 .

O presidente do conselho municipal de Jacarehy, consultou a essa Directoria ,


si em vista de não comparecer ser causa justificada, ás sessões do mesmo con
selho , um membro eleito e commissionado para passar attestados de exercicio
aos professores publicos , póde aquelle conselho funccionar com o seu presidente
e um dos membros eleitos.

Em solução a essa duvida, respondeu Vmc . que quando um membro do con


selho, sem causa justificada, deixa de comparecer ás suas sessões , o meio legal
de compelil- o ao comparecimento é convidal- o com a comminação estabelecida
por Acto desta Presidencia de 22 de Junho findo, que tornou extensiva ao caso
a Resolução da mesma Presidencia de 23 de Fevereiro deste anno , e que enten
dendo essa Directoria que a Lei n . 81 de 6 de Abril de 1887 estabeleceu o nu
mero de tres membros como essencial ás funcções dos conselhos municipaes , acaba
de ser essa interpretação acceita pelo conselho superior .
Em resposta declaro a Vmc . que approvo a decisão dada , visto achar- se
de accordo com a Legislação em vigor .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo .

Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .


14

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 20 de Setembro de 1888 .


De accordo com o parecer do conselho superior de instrucção publica , de
18 de Agosto, relativo ao recurso da professora da 2.a cadeira da cidade da
Limeira, Josephina de Sant'Anna Camargo, que não tem podido receber seus
vencimentos por falta de conselho de instrucção regularmente constituido na
quelle municipio , e tendo ouvido a Vmc., que tambem emittiu seu parecer por
officio de 11 do corrente mez , sob n . 869 , encarecendo a conveniencia da ado
pção de uma medida que ponha termo a difficuldades analogas, em prejuizo dos
professores, o que é comum , por não se terem podido installar em muitas loca
lidades os conselhos municipaes, declaro a Vmc. que fica restabelecido o artigo
4.º das Instrucções de 23 de Agosto de 1887 , para o fim de tornar competente
o presidente do conselho municipal para attestar o exercicio dos professores, de
conformidade com o artigo 15 da Lei n . 81 de 6 de Abril do mesmo anno , e ,
na sua falta, qualquer dos outros membros do conselho, sempre que não houver
um expressamente commissionado para esse fim .
E , como esta providencia pode ainda não ser bastante , pelo facto de se
recusarem a servir os membros eleitos , ou de não acceitar o cargo o nomeado ,
segundo informa Vmc . , dada a hypothese de completa ausencia do conselho , fica
nesse caso commettida a faculdade de attestar aos proprios presidentes das
camaras ou a quem suas vezes fizer, observadas as formalidades legaes.
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.
Sr. Dr. Director da Instrucção Publica.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 13 de Outubro de 1888 .

Sendo constantes as petições de professores para pagamento de seus venci


mentos , sem se attender á frequencia média dos alumnos nas respectivas escolas ,
fundadas no acto administrativo de 11 de Novembro de 1887 , e, attendendo que
já não é anormal o estado da Provincia quanto ás condições de salubridade,
emitta Vme. o seu parecer sobre a manutenção daquelle acto , indicado por Vmc .
ao conselho superior, que o solicitou da administração.
Deus Guarde a Vmc. — Pedro Vicente de Azevedo.
Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 16 de Novembro de 1888 .

Em officio de 15 do mez passado consultou a essa Directoria o presidente


do conselho de instrucção do municipio de Guaratinguetá, si o professor publico
é incompativel com a regencia de um curso nocturno creado por particular , na
quella localidade.

Em solução a tal duvida respondeu Vmc., pela affirmativa , já considerando


a natureza do estabelecimento, já pela difficuldade que advirá ao conselho na
escolha de professores , quando por ventura entenda dever crear um curso noctur
no para adultos , como lhe é facultado pelo art . 49 S 6.º do Regulamento de
22 de Agosto do anno passado .

Approvando a decisão dada, com a qual concordou o conselho superior , as


sim lhe declaro , em resposta ao seu officio de 14 do corrente , sob n . 1100 .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.
Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .
15

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 19 de Novembro de 1888 .


Declaro a Vmc . , em resposta ao seu officio de 28 de Setembro ultimo ,
de accórdo com o parecer da Directoria da instrucção publica , que não ha incom
patibilidade entre os cargos de escrivão de orphãos e ausentes e o de membro
do conselho municipal , uma vez que não se repugnam por sua propria natureza,
nem da accumulação resulta a impossibilidade do pleno e satisfactorio desempenho
das funcções de ambos, segundo as regras do aviso n . 89 de 4 de Julho de 1847,
applicarel entre empregados geraes e provinciaes pelo aviso n . 118 de 25 de Se
tembro de 1848 .

Deus Guarde a Vmc.-- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Presidente do Conselho de Instrucção do municipio do Tijuco-Preto.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 20 de Novembro de 1888 .


Em solução ás duvidas suscitadas por alguns conselhos municipaes, quanto
á intelligencia do acto de 20 de Setembro ultimo , relativo aos attestados de
exercicio dos professores, que Vmc . trouxe ao meu conhecimento , por officios
n . 978 de 10 de Outubro e n . 1106 de 15 do corrente , declaro - lhe que, duas
são as hypotheses que aquelle acto tratou de prevenir, para evitar que, por
falta de attestados, deixem os professores de receber, em tempo, os seus ven
cimentos , e vem a ser a da completa ausencia do conselho , e a de simples
falta de seu funccionamento.

No primeiro caso , não havendo conselho , ou porque os membros eleitos


não tenham acceitado os lugares, ou porque outro tanto tenha feito o nomeado,
de modo a não ter podido até agora constituir - se o conselho , fica conferida a
faculdade de attestar aos presidentes das camaras ou quem suas vezes fizer.
Si , porém , já existe algum membro do conselho , tendo sido este installado ,
apenas não podendo funccionar por falta de um , de dous ou de todos os seus
membros , ou qualquer outro motivo , neste caso a competencia para attestar per
tence successivamente :

1.0 ao membro expressamente commissionado para esse fim pelo conselho


municipal , se o houver;
2.0 ao presidents do conselho ;
3.0 ao eleito mais velho não commissionado;

4.0 ao outro eleito pela municipalidade , se um unico houver ;


5.0 ao presidente da camara.
A ordem desta collocação é obrigatoria ; não se passará ao immediato sinão
por absoluta falta de antecedente .

Qualquer que seja o que attestar, observará as formalidades legaes .


O recurso do art . 70 da Lei n . 81 de 6 de Abril de 1887 , nestes casos,
será sempre para o conselho superior, que poderá attestar, quando der pro
vimento .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .


Mutatis mutandis ao Thesouro Provincial .
16

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 7 de Dezembro de 1888 .

Fiquei sciente , pelo officio de Vmcs . de 17 do mez findo, de não ter se


realisado a eleição determinada por esta presidencia , para o preenchimento da
vaga occorrida no respectivo conselho municipal , visto haver o cidadão Gauden
cio Jacintho Lopes de Oliveira resignado o cargo que alli occupaya e posterior
mente resolvido exercel-o .

Quanto á segunda parte do mencionado officio, relativamente á nomeação


feita pelo conselho de instrncção, do cidadão Tristão Tavares de Lima , para
exercer o cargo de membro do mesmo conselho , afim de substituir ao Dr. José
Luiz dos Santos Pereira que mudou -se desse municipio, declaro a Vmc., de
accôrdo com o parecer da Directoria da instrucção publica , que ao conselho mu
nicipal não compete nomear substitutos , no caso de mudança , e sim limitada
mente nos de impedimento não excedente a 30 dias , como é expresso no art . 112
& unico da Lei n . 81 de 6 de Abril de 1887 , convindo , portanto , a Vmcs . pro
cederem á respectiva eleição de quem substitua aquelle membro, para o que
tenho designado a 1.a sessão dessa camara .

Deus Guarde a Vmes.-- Pedro Vicente de Azevedo .

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Lençóes .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 22 de Dezembro de 1888 ,

Em referencia ao officio de 18 do corrente , sob n . 1328 , no qual essa Di


rectoria traz ao meu conhecimento haver respondido ao presidente do conselho
municipal de Lençóes , afim de fazer constar ao professor publico da cadeira pri
maria daquella villa , Antonio Januario de Vasconcellos , que ha incompatibilidade
entre o professorado e o cargo de subdelegado de policia , em vista dos artigos 29
da Lei n . 81 de 6 de Abril de 1887 e 110 do Regulamento de 22 de Agosto
do mesmo anno , que não fazem excepção para os cargos não remunerados , attento
o pensamento do Legislador , que procurou evitar as occupações estranhas ao mi
nisterio do professor, declaro a Vmc. que approvo a solução dada , com a qual
concordou o conselho superior.

Deus Guarde a Vmc.-- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 22 de Dezembro de 1888 .

Tendo essa Directoria, de accôrdo com o conselho superior de instrucção,


respondido pela negativa á consulta feita pelo presidente do conselho municipal
do Belém do Descalvado, se emquanto não se procede á cobrança do imposto
de capitação destinado ao fundo escolar , é permittido ao conselho fazer as des
pezas mais urgentes com o serviço da instrucção no municipio, afim de serem
pagas pelo Thesouro Provincial, declaro a Vmc . que approvo a solução dada
e constante de seu officio de 18 do corrente , sob n . 1327 .

Deus Guarde a Vinc . — Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .


- 17

REQUERIMENTO DESPACHADO

De Lindolpho de França Machado , professor publico da cadeira do bairro


do Humaytá , municipio de Caçapava , recorrendo do despacho da Directoria da
Instrucção Publica que lhe negou direito a exercer o magisterio naquelle cadeira,
por nullidade de permuta. — Como parece á Secção de recursos do Conselho su
perior A permuta depende da vontade dos professores, mas uma vez aceita

pelo Governo e lavrado o competente acto , por terem sido satisfeitas as condi
ções regulamentares, não pode mais esse acto ser nulliticado pela simples vontade
dos permutantes. O art . 117 2.º do Regulamento de 22 de Agosto de 1887 ,
prestando -se a intelligencia diversa, carece de ser explicado , ou alterado mesmo,
no interesse da boa execução da Lei n . 81 de 6 de Abril , art . 30. Aquelle
artigo faculta aos professores a remoção e a permuta de cadeiras ; manda que o
removido, para complemento do acto , requeira ao Director da Instrucção praso
para a posse da nova cadeira ($ 1.9); impondo as mesmas condições quanto aos
permutantes , sob pena de ficar sem effeito a permuta, ainda quando um dos inte
ressados tenha requerido a designação de praso (S 2. ) No primeiro caso, que a
vontade do professor que obteve remoção, fique dependente de um novo reque
rimento , em praso determinado, comprehende - se , porque o acto se fez somente a
seu favor e solicitação; no segundo, porém , não acontece o mesmo , e uma vez que
o favor foi feito a dous , não é justo que a vontade de um possa desfazel- o, em
prejuizo do outro, para o qual o acto pode ter ficado consummado com a posse
da cadeira , obseryando de sua parte todas as formalidades legaes ( art . 30 da
Lei ), como aconteceu no presente caso . Portanto , é visto que o Regulamento
excedeu da Lei , e este só foi excedido em execução della , com autorisação espe
cial somente para multas ( art . 125 da Lei ) e não para modificações ou accresci
mos no seu texto . O Conselho Superior é competente para assim opinar, como
medida necessaria á direcção do ensino (Lei , art. 6. ° ) e o recurso tem cabimento ,
em regra , de todas as decisões dos Agentes da Administração , quando relativos
a negocios de sua competencia e lesivos de direitos pertencentes por natureza ou
por lei á ordem administrativa, embora não declarados expressamente nos Regu
lamentos provinciaes , seguindo -se as regras geraes de Direito .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 24 de Novembro de 1883 .

Pedro Vicente.

EX - INGENUOS

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 18 de Maio de 1888 .

Em solução á duvida suggerida por Vmc . em officio de 31 de Março ultimo ,


si deve ou não nomear tutores de ingenuos, os ex - senhores de seus paes, de
claro a Vmc . , de accórdo com o parecer do desembargador procurador da Corôa,
que , em vista da Lei n . 3353 de 13 do corrente mez , que extinguiu a escra
vidão , desappareceram as leis de excepções que regiam o estado servil e as con
dições complementares desse estado , devendo, portanto, ser applicada aos ex -es
cravos e ingenuos a legislação commum .

Deus Guarde a Vmc.- Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

Sr. 1. ° Supplente do Juiz de Orphãos do Espirito Santo do Pinhal .


23
18

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 12 de Julho de 1888 .

Em resposta ao officio de Vmc., datado de 12 do mez findo, declaro - lhe


que os antigos ingenuos, como quaesquer outros menores , estão sujeitos ao direito
commum , tendo a lei feito desapparecer distincções , e que nesse sentido , compete
a Vmc . resolver sobre suas tutorias.

Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Juiz de Orphãos do Ubatuba .

IMPOSTO DE CAPITAÇÃO

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 16 de Junho de 1888 .

Com relação ao seu officio n . 672 de 12 do corrente mez , declaro que as


siste a Vmc. a precisa competencia para impôr as multas estabelecidas nos arts. 44
o 45 do Regulamento de 23 de Março ultimo aos exactores e aos respectivos
agentes, que, sem motivo justificado, deixarem de intervir nos traballos de ar
recadação do imposto de capitação, para o fundo escolar, ficando a esta Presi
dencia o direito de assim proceder quanto aos outros funccionarios que se acharem
nos mesmos casos , havendo o recurso voluntario de taes actos para o Governo,
dentro do prazo de trinta dias .

Deus Guarde a Vinc. - Francisco Antonio Dutra Rodrigues.


Ss . Dr. Inspector do Thesouro Provincial.

REGISTRO CIVIL

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, cm 22 de Dezembro do 1888 .

Declaro a Vmc. em resposta ao scu officio de 12 do corrente que a escri


pturação do registro civil dos nascimentos, casamentos e obitos , deve ser feita nos
livros enviados por esta presidencia, os quaes, nos termos do art . 3.º do regula
mento n . 9886 , de 7 de Março ultimo, são para esse fim especialmente desti
nados .

Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Escrivão do Juizo de Paz de Jaboticabal .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 5 de Janeiro de 1889 .

Em resposta a seu officio de 13 do mez findo, no qual consulta si em face


do art . 4. ° do Regulamento n . 9886 de 7 de Março do anno passado , derem ser
sellados os primeiros livros destinados ao registro dos nascimentos , casamentos e
obitos , occorridos nessa parochia, declaro a Vmc . de accordo com o parecer da
Thesouraria de Fazenda , que estão elles sujeitos ao sello de verba marcado no
n. 7 2.º da 1.a classe da tabella B do Regulamento que baixou com o Decreto
n. 8946 de 19 de Maio de 1883 .

Deus Guarde a Vmc.-- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Juiz de Paz de Parahybuna.


19

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 9 de Janeiro de 1889 .


Em resposta a seu officio de 6 do mez findo, declaro a Vmc . , de accordo
com o parecer da Thesouraria de Fazenda, que os primeiros livros destinados ao
registro dos nascimentos, casamentos cobitos , estão sujeitos ao sello de verba,
marcado no n . 7 $ 2. ° da 1.a classe da tabella B do Regulamento que baixou
com o Decreto n . 8946 de 19 de Maio de 1883 , correndo as despezas com taes
sellos, por conta do empregado encarregado do mesmo registro .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Juiz de Paz do Espirito Santo da Fortaleza .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 9 de Janeiro de 1889 .

Em resposta a seu officio de 29 do mez findo, declaro a Vmc . , de accordo


com o parecer da Thesouraria de Fazenda , que os primeiros livros destinados ao
registro civil dos nascimentos, casamentos e obitos , estão sujeitos ao sello de
verba marcada po n . 7 $ 2.º da 1.a classe da tabella B do Regulamento que
baixou com o Decreto n . 8946 de 19 de Maio de 1883 .

Deus Guarde a Vmc.-- Pedro Vicente de Azevedo .

Sr. Escrivão de Paz de S. José do Parahytinga.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 10 de Janeiro de 1889 .

Em resposta a seu officio de 29 do mez findo , declaro a Vmc . , de accordo


com o parecer da Thesouraria de Fazenda , que os primeiros livros destinados ao
registro civil dos nascimentos, casamentos e obitos, estão sujeitos ao sello de
verba, marcado no n . 7 $ 2.º da 1.a classe da tabella B do Regulamento quo
baixou com o Decreto n . 8946 de 19 de Maio de 1883 , não podendo ser sella
dos os mesmos livros em parte , mas sim no todo .
Deus Guarde a Vmc.-- Pedro Vicente de Azevedo .

Sr. Juiz de Paz de Mogy -mirim .

CAMARAS MUNICIPAES

Palacio do Governo de S. Paulo, em 24 de Janeiro de 1888 .


Respondendo ao officio de 5 do mez proximo findo, em que Vmcês . solicitam
a designação de dia , afim de se proceder á eleição para o preenchimento da vaga
do vereador Raphael Caetano da Silva , que está servindo no logar de escrivão
da Collectoria , declaro a Vmcês . que , sendo incompativeis as funcções de verea
dor com as dos empregos publicos restribuidos, embora estes sejam occupados
interinamente , como dispõem o artigo 230 do Regulamento de 13 de Agosto de
1881 e aviso de 25 de Novembro do anno passado , cumpre ao referido vereador
optar, num prazo que para esse fim se marcará , por qualquer daquelles cargos ,
trazendo Vmcés . ao meu conhecimento o que tiver occorrido a respeito , afim de
serem adoptadas as necessarias providencias .
Deus Guarde a Vmcês . -Francisco de Paula Rodrigues Alves.
Srs . Presidente e mais vereadores da Camara Municipal de Tatuhy .
-

20

0
Palacio do Governo de S. Paulo, em 24 de Janeiro de 1888 .

Em officio de 8 de Julho do anno findo communicaram Vmcês . que fallecera


o vereador José Leandro Mendes e que o vereador Joaquim da Motta, por in
commodos de saude, pedira excusa , existindo , portanto , duas vagas nessa Camara .
Designado o dia 7 de Setembro ultimo para a eleição de dois vereadores
que substituissem aquelles, cesso11 o que a esse respeito se ordenára , visto cons
tar que o vereador Joaquim da Motta, a 28 do referido mez de Julho , havia
prestado juramento e assumido o exercicio do cargo, no qual se tem conservado .
Attendendo a que essa Camara nunca se pronunciou acerca da excusa do
vereador em questão, nos termos do artigo 20 da Lei de 1. ° de Outubro de 1828
e ao contrario admittiu - o a prestar juramento, servindo elle de então em diante
no cargo, para que foi eleito, e considerando que Vmcês., em officio de 1.º tam
bem de Setembro, participaram á Presidencia o juramento e a posse do vereador
alludido, e ainda ponderando que, no competente praso, não se interpoz o recurso
facultado pela Lei , tenho resolvido que o vereador Joaquim da Motta continue a
occupar o logar que lhe cabe na Camara, ficando marcado o dia 10 de Março
vindouro , afim de se proceder á eleição para o preenchimento da vaga do ve
reador fallecido, cumprindo que Vmcês . expeçam as necessarias ordens ao juiz
de paz competente , no sentido de ser feita a precisa convocação , com o praso de
um mez, observado o disposto nos artigos 97 , 98 e 124 do Regulamento n . 8213
de 13 de Agosto de 1881 .

Deus Guarde a Vmcês . - Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Srs . Presidente e mais vereadores da Camara Municipal do Iporanga. — Le


vou - se ao conhecimento do Juiz de Direito de Xiririca .

Palacio do Governo de S. Paulo , 30 de Janeiro de 1888 .

Consultando -me Vmes., em officio de 9 do corrente , si , na ausencia do Pre


sidente e do Vice - presidente , poderia o vereador mais votado assumir o exercicio
do primeiro desses cargos, e quando tivesse occorrido empate , o que fosse mais
velho , afim de que se possa reunir a Camara, que, em virtude da duvida exposta ,
deixou de celebrar sessão , no dia 7 deste mez , declaro a Vincs. que a Presidencia
dos trabalhos , no caso figurado, pode caber ao vereador mais votado em pri
meiro escrutinio , segundo prescreve o aviso de 31 de Janeiro de 1883 , ou então
aquelle que contar maior idade na hypothese referida.

Fica assim respondido o citado officio de Vmcs . a quem

Deus Guarde . - Francisco de Paula Rodrigues Alves .

Srs . Thomaz Dias Baptista , Miguel Antonio de Almeida Barros, Salvador


Ferreira de Mello, Antonio da Silveira Vieira e Fernando Resse , vereadores
da Camara Municipal da Faxina .

Palacio do Governo de S. Paulo , em 30 de Janeiro de 1888 .

Respondendo ao officio de 28 de Novembro ultimo em que Vmc . consulta


si podem servir conjunctamente no juizo de paz o pae e filho, este como pro
curador da Camara e aquelle na qualidade de escrivão do referido juizo, decla
21 -

ro- lhe, de accordo com os pareceres do Desembargador Procurador da Corôa e do


Dr. Procurador Fiscal , que o citado officio devia ser assignado por todos os ye
readores e não sómente por Vmc., como recommenda o artigo 64 da Lei de 1.º
de Outubro de 1828 , e que , nos processos que correrem perante aquelle juizo e
quando fôr parte a Camara Municipal , achando -se essa corporação representada
pelo procurador, cumpre que o alludido escrivão seja declarado impedido, para
funccionar em taes feitos, seguindo -se as regras da substituição, de que trata o
artigo 251 do Regulamento n . 9420 de 28 de Abril de 1885 .

Deus Guarde a Vmc. — Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Sr. Presidente da Camara Municipal da Cotia .

Palacio do Governo de S. Paulo , em 30 de Janeiro de 1888 .

Attendendo ao que me representaram os vereadores dessa Camara , Antonio


Foster , Lucas Evangelista Chagas e Luiz Gonzaga de Miranda Guerra , em officio
de 26 de Outubro ultimo, declaro a Vmes. que a chamada de supplentes só se
verifica, quando a Camara não dispuzer de numero sufficiente para reunir - se ,
conforme estabeleceu o § 4º do artigo 22 da Lei n . 3027 de 9 de Janeiro de
1881 ; que os empregados da Camara devem perceber os vencimentos fixados na
Lei , não sendo licito augmental-os , sem autorisação da Assembléa Provincial, unica
competente para resolver ácerca da respectiya elevação .

Deus Guarde a Vmes . - Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Srs . Presidente e mais vereadores da Camara Municipal de Santo Amaro .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 14 de Janeiro de 1888 .

Em officio de 6 do mez findo communicaram -me Vmcs . que o vereador dessa


camara , Francisco Xavier de Almeida por injurias verbaes dirigidas á mesma ,
quando ella se achava reunida , fôra condemnado pelo Dr. Juiz de Direito da
comarca nas penas , gráu maximo do art . 238 , com referencia ao art. 237 § 1.º
do Codigo do Processo Criminal, em virtude do que entenderam Vmcs. que o
referido vereador perdera o seu logar na camara , solicitando desta presidencia
a designação de dia para nova eleição .
Declaro a Vmcs . , em resposta ao citado officio, que , não se achando com
prehendida nas penas impostas a de perda do cargo , sendo corrente que a sen
tença condemnatoria á prisão apenas suspende o exercicio dos direitos politicos,
nos termos do art . 8.º da Constituição do Imperio e do art. 2. ° § 2. ° n . 2 do
Regulamento n . 8213 de 13 de Agosto de 1881 , e particularisando o § 3.º do
art . 22 da Lei n . 3023 de 9 de Janeiro de 1881 os casos em que se procede
á eleição para o preenchimento de vagas de vereadores , deverá essa camara , na
hypothese de tornar -se impossivel a sua reunião , por falta de numero , convocar
os respectivos supplentes , na forma do disposto no § 4.º do art . 22 da Lei in
vocada .
Deus Guarde a Vmcs . - Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Tatuhy .


22
>

Palacio do Governo de S. Paulo , 21 de Fevereiro de 1888 .


Em resposta ao officio de 29 do mez findo, em que essa camara solicita
a necessaria autorisação, afim de que o cemiterio publico seja transferido do
local , onde se acha, para outro mais conveniente , declaro-lhes, que, ex - ri do dis
posto no art . 95 do codigo de posturas, podem Vmes . effectuar a remoção pro
jectada, cumprindo -lhes, porém , requisitar da Assembléa Provincial a consignação
dos fundos necessarios ás despezas que se tem de fazer e para as quaes não
ha verba no actual orçamento.

Deus Guarde a Vmes .-- Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de S. Luiz do


Parahytinga.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 4 de Fevereiro de 1888 .

Tendo Vmc ., em officio de 23 de Janeiro ultimo, a quo respondo , me con


sultado si a eleição do Presidente e
Vice - Presidente dessa camara podia ser
effectuada , sem que á sessão estivessem presentes todos os vereadores, declaro-lhe
que, sendo permittido ás camaras funccionar com a maioria dos seus membros,
sendo validas as resoluções assim adoptadas, segundo estabelece o aviso de 9 de
Fevereiro de 1881 , desile que á reunião convocada, afin de se proceder á elei
ção referida, compareçam quatro vereadores, que é o numero legal fixado para
as camaras das villas, póde a desse municipio funccionar e realisar a eleição de
que se trata .
Deus Guardo a Vic. - Francisco de Paula Rodrigues Alves,

Sr. Presidente da Camara Municipal de Nazareth .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 29 de Fevereiro de 1888 .

Não podendo os vereadores dessa camara, João Pereira de Souza Camargo


c João Elias de Calazans, continuar a servir conjunctamente, visto como o pri
meiro é sogro do segundo e ambos se acham comprehendidos na disposição do
art. 23 da Lei de 1.º de Outubro de 1828 , conforme explicaram os avisos de
16 de Dezembro de 1827 e de 6 de Setembro de 1860 e cabendo a preferencia,
na confermidade do citado art . 23 , ao mais votado, cumpre a Vmc . convidar
um supplente afim de preencher a vaga que se tenha verificado, como determina
o aviso n . 53 de 7 Junho de 1886 e devendo-se notar que , em caso de im
pedimento do vereador que houver de ficar na camara, chamar-se-ha aquelle que
deixou o respectivo logar , com tanto que cesse o exercicio de suas funcções ,
logo que se apresente o substituido, tornando-se inadmissivel nessa hypothese, a
con yocação dos immediatos em votos , segundo estabeleceu o invocado ayiso de
6 de Setembro de 1861 .

Deus Guarde a Vmcs . -- Francisco de Paula Rodrigues Alves .

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Parahybuna .


23

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 5 de Março de 1888 .

Em officio de 9 do mez findo consultaram -me Vmcês, si o actual presidento


dessa Camara podia permanecer no exercicio desse cargo, até que se elegesse
quem o substituisse , ou si se deveria comprehender que o seu mandato expirara
a 7 de Janeiro ultimo , tendo de servir em lugar dello o vereador mais velho,
enquanto não se escolhesso o presidente effectivo .
Declaro a Vmcês . , em resposta ao citado officio e de accórdo com o parecer
do dr . procurador- fiscal do Thesouro Provincial, que dispondo o Regulamento
n . 8213 de 13 de Agosto de 1881 , que os presidentes e os vice -presidentes
das Camaras Municipaes são cleitos annualmente, não é licito suppôr que esses
funccionarios tenham de servir desde o dia em que foram escolhidos até se com
pletar o espaço de um anno , mas sim durante o periodo comprehendido entre
a sessão onde obtiveram suffragios para aquelles cargos e a outra convocada
para a eleição dos seus substitutos, e que embora o Decreto n . 8716 de 21
de Outubro de 1882 estabeleça que, em caso de duvida , a cadeira da presi
dencia caberá ao vereador mais velho, todavia convém observar que semelhante
preceito é applicavel á sessão inaugural de qualquer Camara, nunca , porém , á pri
meira vez que num anno se reunir a corporação, que já funccionara, resultando
das disposições referidas a competencia do presidente dessa Camara para occupar
o lugar respectivo, que terá do deixar, somente quando se verificar a cleição
de vereador que o substitua .

Deus Guarde a Vmcês . - Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Lorena .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 9 de Março de 1888 .

Em officio de 27 do mez findo, communica-me Vmc . que , achando -se sus


pensos diversos vereadores dessa Camara , torna- se impossivel reunil- a, visto não
haver supplentes , que, com os vereadores desimpedidos, constituam a necessaria
maioria .

Declaro a Vmc . , em resposta ao citado officio, que para remover a difficul


dade alludida , se deverá chamar a Camara do quatriennio findo, como dispoo
o Regulamento n . 8213 de 13 de Agosto de 1881 , no art. 231 , convindo notar
que , segundo decidiu o aviso de 9 de Abril de 1883 , a substituição será total ,
e cumprindo , portanto, que os vereadores daquella Camara, desde já , exerçain
as funcções que lhes cabe desempenhar, afim de se evitar o inconveniente de pro
longada interrupção na administração municipal .

Deus Guarde a Vmc. — Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Sr. Presidente da Camara Municipal de S. Vicente .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 14 do Março de 1888 .

Respondendo ao officio de 11 de Fevereiro ultimo, em que Vmc.me


sulta si póde interinamente occupar o logar de fiscal o cidadão que é supplente
do vereador, declaro -lhe , de accórdo com o parecer do dr . procurador- fiscal da Fa
zenda Provincial, que não ha Lei que prohiba ao supplente de vercador aceitar
24

cargo algum municipal, não podendo , todavia , no caso de ser convocado para
tomar parte no trabalho da Camara , accumular os dous cargos , por um dos quaes
deve optar, conforme se deduz do Decreto n . 371 de 20 de Setembro de 1854 ,
Aviso de 27 de Fevereiro de 1887 , Decreto n . 3029 , de 1881 , artigo 21 , e De
creto n . 8213 de 13 de Agosto do mesmo anno , artigo 230 .
Deus Guarde a Vmc. — Francisco de Paula Rodrigues Alves.
Sr. Presidente da Camara Municipal de Lençóes .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 19 de Março de 1888 .


Expondo , em officio de 29 do mez findo, que o Juiz de Direito dessa co
marca relevára as multas impostas a tres cidadãos , sorteados para servir nas ses
sões do Tribunal do Jury , quando já se achava em andamento a respectiva cobrança ,
consulta -me Vinc . si póde prevalecer semelhante acto, independente da circum
stancia indicada .
Declaro-lhe, em resposta ao citado officio e de accórdo com o parecer
do Dr. Procurador- Fiscal da Fazenda Provincial , que, ex -vi do disposto no art . 4. °
§ 4.º do Decreto n . 4181 de 6 de Março de 1868 e do que estabeleceu o aviso
n . 318 de 5 de Outubro de 1871 , é licito aos Juizes de Direito releyar a qual
quer tempo as multas que tenham soffrido os jurados .

Deus Guarde a Vmc. - Francisco de Paula Rodrigues Alves .

Sr. Presidente da Camara Municipal do Bananal .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 19 de Março de 1888 .

De posse do officio de Vmc., de 17 do mez passado , declaro -lhe , de accórdo


com o parecer do Dr. Procurador -Fiscal da Fazenda Provincial e em resposta
ao citado officio, que, não dispondo essa Camara de supplentes em numero igual
ao dos vereadores ultimamente suspensos e achando-se , por consequencia impos
sibilitada de reunir -se, é applicavel ao caso a providencia da chamada de todos
os vereadores do quatriennio findo, e não de alguns , os quaes uma vez investidos
na administração desse municipio, terão de eleger o que se incumba da direcção
dos trabalhos e o respectivo substituto .

Deus Guarde a Vmc.- Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Sr. Presidente da Camara Municipal de S. Simão .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 23 de Março de 1888 .

Em resposta ao officio de 19 do corrente mez, em que Vmc. consulta si , nas


eleições do presidente e vice - presidente dessa Camara, será permittido outro pro
cesso que não o do escrutinio secreto, declaro -lhe que , segundo resolveu o aviso
n . 31 de 17 de Março de 1883 , as referidas eleições se podem effectuar por
votação nominal , si nisso assentar a maioria dos vereadores.
Deus Guarde a Vmc. — Francisco de Paula Rodrigues Alves .
Sr. Presidente da Camara Municipal de S. José do Parahytinga .
25

Palacio do Governo da Provincia de São Paulo , em 27 de Março de 1888 .

Respondendo ao telegramma de Vmc . de 21 do corrente mez , declaro-lhe


que cumprindo ao vereador mais votado servir em logar dos supplentes do juiz
municipal, não lhe é licito excusar - se , porquanto o impedimento allegado subsiste
para obstar ao exercicio do cargo municipal , como dispõem os avisos n . 74 de
14 de Abril de 1847 e n . 129 de 12 tambem de Abril de 1858 e outrosim que
não poderá occupar o logar de curador do juizo municipal o cidadão que for
cunhado de quem se achar com a vara desse juizo , em virtude do que está es
tabelecido na Ord . Liv . 1.º Tit . 7.0 § 45 e nos avisos n . 266 de 3 de Dezem
bro de 1853 e n . 23 de 10 de Fevereiro de 1869 .

Deus Guarde a Vmc . - Francisco de Paula Rodrigues Alves .

Sr. Presidente da Camara Municipal de Iguape.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 9 de Abril de 1888 .


1
Respondendo ao officio de Vmcês., de 20 do mez findo, declaro - lhes, segundo
communiquei em 19 desse mesmo mez aos vereadores do actual quatriennio e
que estão sendo substituidos por Vmcês . , que o presidente e o vice-presidente
dessa corporação têm de ser eleitos novamente , não podendo esses cargos ser
exercidos pelos que já os occupavam , por quanto os funccionarios, de que se
trata , devem servir apenas por espaço de um anno , findo o qual deixam os res
pectivos logares , salvo o caso de reeleição .

Deus Guarde a Vmcs.- Francisco de Paula Rodrigues Alves .

Srs . Presidente e mais vereadores da Camara Municipal de S. Simão .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 9 de Abril de 1888 .

Ein resposta ao officio de Vmc . , de 20 lo mez findo, declaro -lhe que , á


vista do disposto no aviso n . 26 de 18 de Maio de 1885 , não pode Vmc. exer
cer cumulativamente os cargos de vereador e de juiz de paz , devendo deixar o
primeiro, durante o anno em que tem de servir no segundo daquelles logares .

Outrosim lhe declaro , quanto á segunda parte do citado officio, que a res
peito do assumpto me dirijo, na presente data, á Camara que actualmente re
presenta esse municipio .

Deus guarde a Vmc. - Francisco de Paula Rodrigues Alves .

Sr. Vereador da Camara Municipal de S. Simão , Astolpho Josias Bellenque .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 13 de Abril de 1888 .


Declaro a Vmcês . , de accordo com o parecer do Dr. Procurador Fiscal da

Fazenda Provincial e em vista da representação do presidente dessa Camara, a


que acompanhou a acta da sessão de 7 de Janeiro ultimo, que as eleições do
Presidente e do Vice-Presidente , realisadas naquella sessão , não podem subsistir,
porque o impedimento dos vereadores, para servirem como supplentes do Juiz
24
26

Municipal , tambem os privava de comparecer á reunião alludida , visto como se


melhante substituição é funcção obrigatoria, inherente ao cargo electivo , por
força da Lei (art . 19 da Lei de 3 de Dezembro de 1841 e dos avisos de 11
desse mesmo mez de 1869 de 30 de Março de 1877 e de 10 de Maio de 1878 )
accrescendo ainda que irregularmente se chamou , em substituição a um vereador
impedido , o respectivo immediato em votos , quando havia maioria , tendo este
funccionado conjunctamente com aquelle vereador (avisos de 27 de Setembro de
1881 e de 21 de Abril de 1883 ) .

Cumpre, pois , que Vmcês., em dia previamente designado , novamente proce


dam as eleições , de que se trata .

Deus Guarde a Vmes.--Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Dous Corregos .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 25 de Abril de 1888 .

Em officio de 3 de Fevereiro ultimo consultou - me Vmc.si , não se tendo


feito o lançamento de varios impostos e si fosse annullado o que agora se effe
ctuasse , poder-se - ia obrigar os contribuintes , actualmente collectados , ao pagamento ,
independente da circunıstancia de não existir arrolamento , donde pudessem re
correr .

Declaro a Vmc . em resposta ao citado officio que , tratando- se de materia


de caracter economico , da qual conhecerá o Governo , por via de recursos, nos
termos do art. 73 da Lei de 1.º de Outubro de 1828 , não lhe é possivel mani
festar -se previamente a respeito , accrescendo que melhor se debaterá a questão
no juizo competente, quando a Camara resolver a cobrança judicial dos impostos,
que deixaram de ser pagos e aos interessados parecer que esse acto é contrario
ás posturas em vigor .

Deus Guarde a Vmc . -Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Srs . Joaquim José de Toledo , Vereador da Camara Municipal de Cunha.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 27 de Abril de 1888 .

Respondendo ao officio de Vmcês . de 7 do corrente mez, declaro - lhes que , na


ausencia do Presidente e do Vice-presidente dessa Camara , deverá servir em lo
gar delles o vereador mais votado em 1.º escrutinio
1.º como decidiu o aviso de
escrutinio ., como
31 de Dezembro de 1882 .

Deus Guarde a Vmcês . -Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal do Ribeirão Preto .

Palacio do Governo da Provincia de São Paulo , em 5 de Maio de 1888 .

Em resposta ao officio de Vmcês. de 8 de Março ultimo , declaro -lhes que


não podem ser concedidas as excusas, solicitadas pelos vereadores Francisco
Lanzi e Fernando de Camargo Couto , pois o primeiro allega motivo de molestia
superveniente á posse , quando o aviso de 20 de Janeiro de 1831 , dispôz que a
enfermidade só permittirá a renuncia do cargo , no caso de ser anterior á eleição
- 27

e o segundo não apresenta razões que estejam comprehendidas no artigo 19 da


Lei de 1. ° de Outubro de 1828 , restando ao vereador que se acha doente o re
curso de pedir a licença facultada pelo artigo 37 da citada Lei de 1.º de Outu
bro de 1828 , desde que ella se torne necessaria e assim o entenda essa Camara .
Outrosim declaro a Vmcês . que , tendo conhecimento, de que alguns verea
dores não comparecem ás sessões , sem causa aceitavel, lembro a providencia de
se applicar as multas, impostas pelo artigo 228 do Regulamento 11. 8213 de 13
de Agosto de 1881 aos que faltam sem motivo explicavel, cumprindo que , na
hypothese de não haver numero para se effectuarem as reuniões, sejam convo
cados os immediatos em votos respectivos , afim de completal-o, até se obter a neces
saria maioria , com a presença dos vereadores que , uma vez avisados , deixando
de intervir nos trabalhos , de justificar a ausencia, incorrerão nas multas referidas.

Deus Guarde a Vmcês . — Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

Srs. Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Indaiatuba .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 5 de Maio de 1888 .

Tendo o vereador dessa Camara , Militão Honorio Monteiro, allegado motivo


de molestia para desistir do respectivo cargo , declaro -lhes que , dispondo o aviso
de 20 de Julho de 1831 que semelhante motivo deve ser invocado no acto da
posse e nunca depois , não se póde conceder a excusa solicitada por aquelle ve
reador, cuja enfermidade sobreveiu apoz o referido acto , devendo- se consideral- o
apenas impedido , e de modo algum dispensado do logar que occupa nessa Ca
mara, cabendo-lhe recorrer á licença facultada pelo art. 37 da Lei de 1.º de Ou
tubro de 1828 , si os seus padecimentos se aggravarem .

Nessa conformidade tenho respondido ao officio que a 7 do mez findo, me


dirigiram Vmcês . , a quem
Deus Guarde.-- Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

Srs. Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal do Patrocinio de


Sapucahy.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 11 de Maio de 1888 .

Em officio de 7de Abril ultimo pedem Vmcês . approvação para o acto, pelo qual
deliberou essa Camara arrendar o predio que lhe foi legado pelo finado cidadão
Luiz Gomes dos Santos Leonel , para servir de casa publica á educação da mo
cidade .

Declaro em resposta a Vmcês . que a proposta do Vereador Dr. Aristides


Serpa que determinou o citado officio, é para aluguel do predio em questão
e não arrendamento, sendo que tão sómente este contracto é que, depois de ce
lebrado , deve ser sujeito a confirmação da Presidencia nos termos do art. 44
da Lei de 1. ° de Outubro de 1828 e 12 da Lei de 3 de Outubro de 1834 .

Pondero ainda a Vmcês . que a verba testamentaria do testador, que legou


a casa de que se trata , não comporta a intelligencia que se lhe quer dar , pois
determina que seja casa publica para a educação da mocidade, o que importa
não poder ter ella uso particular, embora aproveitando- se para tal educação
o seu aluguel , por ser isto offensivo á intenção do doador , e mais por competir
28

aos conselhos municipaes a creação de cursos nocturnos, ex -vi do disposto no art . 49


$ 6.° do Regulamento de 22 de Agosto de 1887 .

Deus Guarde a Vmcês . - Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Casa Branca .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 21 de Maio de 1888 .

Em officio de 2 de Abril ultimo consultam Vmcês. si , em vista do artigo 180


do codigo de posturas desse municipio, que dispõe - que as licenças e conhecimento
de pagamento de impostos não poderão ser transferidos- , os compradores de esta
belecimentos commerciaes devem tirar outra licença e pagar novamente os im
postos municipaes, estando todos esses direitos pagos pelos vendedores.
Declaro- lhes, em resposta , que a essa Camara cabe resolver como lhe parecer
mais acertado, dando logar aos recursos legaes que por ventura forem interpostos ,
não sendo conveniente que a Presidencia, que terá de resolver taes recursos ,
quando intentados , os prejudique.

Deus Guarde a Vmcês . - Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Santa Rita do Passa


Quatro.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 30 de Maio de 1888 .

Resolvendo a consulta que, em officio de 7 do corrente mez, me dirigiu o


vice -presidente dessa Camara, afim de saber, si na falta de um vereador poderá
substituilco o supplente, que estiver servindo como juiz de paz , declaro a Vmcês.
que, havendo o aviso n . 26 de 18 de Maio de 1885 estabelecido incompatibili
dade entre os cargos de vereador e de juiz de paz , é claro que o immediato em
yotos designado para occupar o primeiro, quando exerce o segundo, está sugeito
á disposição do citado aviso , cumprindo que outro supplente venha preencher a
vaga do vereador , que se acha impedido de continuar na administração muni
cipal.
Deus Guarde a Vmcês . - Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Lençóes .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 30 de Maio de 1888 .

Tendo o presidente dessa Camara me communicado, em officio de 21 do


corrente mez, que havendo o vereador Januario do Amaral Souza Campos accei
tado o cargo de subdelegado, fòra chamado um supplente para substituil -o, de
claro a Vmcês. que não existindo incompatibilidade entre os dois cargos referidos,
segundo estabelecem os avisos de 24 de Julho de 1878 e de 3 de Dezembro de
1885 , póde aquelle cidadão exercel - os cumulativamente, devendo ser dispensado
o supplente alludido , cuja convocação se torna desnecessaria, em vista do ex
posto .
Deus Guarde a Vmcês . - Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Serra Negra .


- 29

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 11 de Junho de 1888 .

Respondendo ao officio de 5 do mez findo em que Vmcês . consultam como


deverão resolver o pedido de excusa do vereador commendador José de Aguiar
Vallim , declaro-lhes , de accordo com o parecer do Dr. Procurador Fiscal da Fa
zenda Provincial, que embora o referido vereador prove estar soffrendo de mo
lestia grave , todavia é insufficiente o motivo de excusa , que só prevaleceria si
fosse allegado antes da posse e não depois , como estabelece o aviso de 20 de
Junho de 1831 , cumprindo -lhe, portanto, continuar no exercicio do cargo , tendo - se
de consideral-o impedido, si continuarem os seus padecimentos , e nunca dispen
sados .
Deus guarde a Vincês . - Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

Srs . presidente e mais vereadores da Camara Municipal do Bananal .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 15 de Junho de 1888 .

Em officio de 15 do mez findo consultou -me o Presidente dessa Camara si ,


á vista do disposto no § 3.º do art . 88 do codigo de posturas do municipio, de
vem os commerciantes, que desejarem continuar no mesmo ramo de negocio , re
querer nova licença e o respectivo alvará, ou si apenas se terá , segundo os es
tylos, de ordenar o registro dos conhecimentos do pagamento dos impostos, in
dependente de outro alvará.

Declaro a Vmcês . , em resposta ao citado officio, que , tratando- se de assumpto


cuja deliberação lhes cabe exclusivamente, visto como se cogita da interpretação
de postura, para o que não dispõem os presidentes de Provincia da faculdade
legal, pois ella só compete ao poder legislativo authenticamente , não é possivel
resolver - se a duvida exposta , aliás , de facil solução, em face da referida postura ,
accrescendo ainda a inconveniencia de assim se proceder , porquanto , represen

tando os funccionarios alludidos autoridades que, por via de recurso , nos termos
do art . 73 da Lei de 1.º de Outubro de 1823 , conhecem dos actos das Camaras
Municipaes, que aggravem interesses, não lhes é licito previamente manifestarem
o seu pensamento a respeito , tirando a autonomia das Camaras e inutilisando os
recursos que ellas venham a provocar .

Deus Guarde a Vmcês . — Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Atibaia .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 3 de Julho de 1888 .

Tendo o Presidente dessa Camara me consultado, em officio de 27 de Maio


ultimo , si podia subsistir a eleição do Presidente e do Vice - Presidente, a qual se
realisara em sessão , cujos trabalhos foram dirigidos pelo vereador mais velho,
visto acharem -se ausentes os proprietarios daquelles dois cargos , declaro- lhes que
a referida eleição não deve prevalecer , porquanto , na fórma dos avisos de 31 de
Janeiro e de 13 de Março de 1883 , a substituição, de que se trata, competia ao
vereador mais votado e não ao mais velho, cumprindo, pois, que Vmcês. na pri
meira reunião novamente procedam á alludida eleição .
Outrosim , declaro a Vmcês . que convém a inteira execução do disposto no
art . 64 da Lei de 1.º de Outubro de 1828 , relativo aos ofticios, dirigidos ás au
- 30

toridades superiores , que tem de ser assignados por toda a corporação e nunca
por um dos representantes , embora seja elle o Presidente .

Deus Guarde a Vmcês.- Pedro Vicente de Azevedo.

Srs . Presidente e Vereadores da Camara Municipal de Dous Corregos.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 11 de Julho de 1888 .

Em solução á consulta que me dirigiu Vmc., no officio de 23 de Junho ultimo,


afim de saber si poderia nomear interinamente os empregados do mercado da cidade ,
cuja installação depende desse acto , visto tornar -se impossivel a reunião da Camara
para resolver a esse respeito, declaro- lhe, em resposta, que não assiste a Vmc . o
direito de proceder naquella conformidade, restando -lhe o emprego das medidas indi
cadas nos arts. 228 , 2.a parte, e 229 1.a parte do Regulamento n . 8213 de 13 de
Agosto de 1881 , para obter que ás sessões concorra a necessaria maioria e assim
evitar-se a inconveniencia de permanecer indefinidamente interrompida a adminis
tração do municipio.
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azeredo.

Sr. Presidente da Camara Municipal de Piracicaba .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 12 de Julho de 1888 .

Declaro a Vmcês., em resposta ao officio de 3 do corrente mez , que ha incom


patibilidade no exercicio cumulativo dos cargos de tabellião e de secretario
da Camara Municipal, em vista do disposto nos avisos de 23 de Junho de 1875 ,
de 4 de Fevereiro de 1876 e em alguns outros mais; cumprindo, pois , ao cidadão
investido nas duas funcções referidas , optar por uma dellas .

Deus Guarde a Vmcês.- Pedro Vicente de Azevedo .

Srs . Presidente e Vereadores da Camara Municipal do Ribeirão Preto .

Palacio do Governo da Progincia de S. Paulo, 14 de Julho de 1888 .

Respondendo ao officio de Vmc., de 7 do corrente mez , declaro - lhe que deve


essa Camara, nos termos do art . 6.º das instrucções de 13 de Dezembro de 1832,
juramentar um supplente, afim de substituir o 2.º juiz de paz da freguesia ,
Dr. Manoel de Assis Vieira Bueno, que mudou de residencia, nada havendo
que providenciar com relação ao vereador João José Guimaries Sobrinho, cujas
faltas tem sido justificadas, existindo , no caso de que a ausencia desse vereador
impossibilite a reunião da Camara, a providencia da chamada de immediatos
em votos , como dispõe o art . 229 do Regulamento n . 8213 de 13 de Agosto de 1881 .
Deus Guarde a Vmc.-- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Presidente da Camara Municipal de Brotas.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 16 de Julho de 1888 .

Declaro a Vmcês . , em resposta aos officios de 15 de Junho findo, que regu


larmente reuniu -se a Camara em sessão extraordinaria a 21 de Maio , para tratar
de negocio que considerou urgente , não admittindo demora ( Lei de 1.° de Ou
tubro de 1828 , art . 26 ) .
31

Desde que a Camara em sua maioria , assim resolveu , bem como nos casos
expressos em Lei (arts . 53 e 54 da citada Lei de 1828 , e 197 do Regulamento
n . 8213 de 13 de Agosto de 1881 e outras) , cabia ao Presidente convocar a
Camara , e em sua falta, ou recusa proposital , ao Vice-presidente , que é quem o
substitue em todas as suas attribuições, nos termos do art . 22 $ 5.0 da Lei
n . 3029 de 9 de Janeiro de 1881 e aviso n . 40 de 2 de Maio de 1883 .

Deus Guarde a Vmcês .—Pedro Vicente de Azevedo .

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Parnahyba .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 26 de Julho de 1888 .

Declaro a Vmc . , em solução á consulta constante do seu officio de 7 do


corrente mez , que na presente data, me dirijo á Camara desse Municipio , ácerca
do juramento deferido ao 3.º immediato , afim de substituir o 3.º juiz de paz , o
qual não pode prevalecer em vista das disposições em vigor , pelo que se terá
de empossar o supplente mais votado para servir em 4. ° lugar , passando o 4. ° juiz
de paz para o terceiro.
Deus Guarde a Vmo.- Pedro Vicente de Azevedo .

Sr. 1. ° Juiz de Paz de Villa Bella .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 4 de Agosto de 1888 .

Em resposta ao officio de 7 do mez findo, em que Vmcês . me communicam


que os supplentes, chamados para preencherem a vaga occorrida com o falleci
mento do 3.º juiz de paz , recusaram -se, allegando não acceitarem os cargos, de
claro -lhes que aos referidos supplentes não aproveita excusa alguma, salvo molestia
grave e prolongada ou emprego incompativel, cumprindo -lhes provar perante essa
Camara a legitimidade dos impedimentos (art. 4. ° da Lei de 15 de Outubro de
1827 ) e devendo Vmcês . , fóra desses casos , communicar ao respectivo Promotor
publico para esse proceder contra os que sem justa causa se recusem a exercer
o cargo de juiz de paz , que é obrigatorio . ( Aviso de 17 de Julho de 1834 ) .
Deus Guarde a Vmcês.- Pedro Vicente de Azevedo.

Srs . Presidente e mais vereadores da Camara Municipal de Bom Successo .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 6 de Agosto de 1888 .

Declaro a Vmcês . , em resposta ao seu officio de 28 do mez findo, que essa


Camara só deve juramentar supplentes , si por falta de comparecimento de verea
dores effectivos, não puder funccionar, como dispõe o art. 229 do Regulamento
n . 8213 de 13 de Agosto de 1881 , em virtude do que foi irregular a chamada
de um immediato em votos para substituir o vereador Benevenuto Vaz da Silva ,
enquanto durar a licença que elle está gosando.
Outrosim declaro a Vmcês. que cumpre attender sempre á recommendação
do art . 64 da Lei de 1.º de Outubro de 1828 , attinente aos officios dirigidos ás
autoridades superiores, que devem ser assignados por toda a Camara .

Deus Guarde a Vmcês.- Pedro Vicente de Azevedo .

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Cunha .


32 -

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 8 de Agosto de 1888 .

Em resposta ao officio dessa Camara , a que acompanhou a copia de outro


em que o vereador Carlos Leopoldo de Araujo Cunha , solicita dispensa do cargo ,
declaro a Vmcês . que o lugar de vereador é obrigatorio e que ao eleito só apro
veita algum dos motivos de excusa , a que se refere o art . 19 da Lei de 1. ° de
Outubro de 1828 , quando apresentado á propria Camara e por ella julgado pro
cedente, effectuando- se então a nova eleição para o preenchimento da vaga , con
forme o art. 23 § 3.º da Lei n . 3029 de 9 de Janeiro de 1881 .

Deus Guarde a Vmcês.- Pedro Vicente de Azevedo.

Srs. Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal do Espirito Santo


do Pinhal .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 16 de Agosto de 1888 .

Pelo officio de 9 do corrente mez , declara -me Vmc ., que tendo sido suspenso
do exercicio de suas funcções, com outros vereadores da Camara Municipal dessa
villa , por acto administrativo de 14 de Fevereiro , foi submettido a processo cri
r falta
minal, sendo convocada a Camara transacta , que entrou a funccionar po
de immediatos da actual em numero sufficiente ; porém , que, correndo o processo
seus termos, foram os vereadores despronunciados pelo juiz de direito e confir
mada a sentença desse magistrado pela Relação do districto, e por isso consul
ta - me si deve , na qualidade de presidente da Camara suspensa , reassumir as suas
funcções , fazendo cessar o exercicio da substituta, ou si a essa compete continuar
prevalecendo a suspensão administrativa.

Apresso - me a responder a Vmc . que as sentenças judiciarias, uma vez pas


sadas em julgado, produzem todos os seus effeitos, sem haver necessidade de in
tervenção da auctoridade administrativa para dar - lhes essa força , e assim cum
pria- lhe, desde logo, voltar ao exercicio conjunctamente com os outros vereadores ,
havendo por insubsistente a anterior suspensão, conforme está explicado pelos avisos
n . 283 de 6 de Outubro de 1864 , 377 de 23 de Junho de 1865 e outros .

Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo .

Sr. Aleixo José da Silva , presidente da Camara Municipal de S. Simão .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 27 de Agosto de 1888 .

Em solução á consulta que me dirigiu o presidente dessa Camara , em officio


de 12 do corrente mez, afim de saber si estando vago o cargo de vice -presidente ,
poder- se - á effectuar a respectiva eleição , antes da primeira sessão do mez de Ja
neiro, declaro a Vmcês . que , segundo a doutrina do aviso n . 66 de 25 de Se
tembro de 1883 , deve - se proceder á referida eleição , mas sómente depois de pre
enchida a vaga de vereador, servindo o eleito daquella época .
Outrosim lhes declaro que cumpre attender sempre á recommendação do ar
tigo 64 da Lei de 1.º de Outubro de 1828 , relativa aos officios endereçados
ás autoridades superiores , os quaes são assignados por toda a Camara , e não por
um só de seus membros, ainda que elle seja o presidente .
Deus Guarde a Vmcês . - Pedro Vicente de Azevedo .

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal do Carmo da Franca .


33

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 31 de Agosto de 1888 .

Declaro a Vmc. em resposta ao seu officio de 27 do corrente , que regular


mente procedeu a Camara do actual quatriennio reassumindo as funcções de que
estava suspensa por acto de 23 de Fevereiro ultimo , conforme já respondi a 16
deste mez á Camara de S. Simão , visto que devendo as sentenças , desde que
passem em julgado , produzir por sua propria força todos os seus effeitos, não ha
necessidade de acto da autoridade administrativa para cessar depois da sentença
a suspensão administrativa.
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo .

Sr. Francisco José de Oliveira , Vice -Presidente da Camara do quatriennio


findo do municipio de Itatiba .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 14 de Setembro de 1888 .

Declaro a Vmc . , em resposta ao officio de 1.º do corrente mez , que se pode


conceder a excusa solicitada pelo 3.º juiz de paz da freguezia do Pilar, si
tratar de doença grave e prolongada , provada perante a Camara e por ella ac
ceita , visto ser obrigatorio o cargo , devendo - se então juramentar um supplente,
de sorte a ficar sempre completa a lista dos quatro juizes de paz, como deter
minam as disposições vigentes .
Deus Guarde a Vmcês.- Pedro Vicente de Azevedo.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Sarapuhy.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 14 de Setembro de 1888 .

Em resposta ao officio de Vmc . de 2 do corrente mez , declaro- lhe que , nos


termos do art . 237 do Regulamento n . 8213 de 13 de Agosto de 1881 , se deve
proceder á chamada de supplentes para substituirem os vereadores , que não
comparecem , e que a esses se irá applicando a multa , que já lhes foi imposta,
emquanto reincindirem nas faltas, sem motivo justificavel e , quando se julgar in
sufficiente essa medida , serão elles subettidos a processo, por infracção dos
arts . 154 e 157 do codigo criminal , como recommenda o aviso n . 587 de 16 de
Dezembro de 1872 , cumprindo informar os referidos vereadores do que fica ex
posto , de modo a se providenciar de accòrdo com o procedimento que mantiverem .
Outrosim lhe declaro, que não pode Vmc. suspender o fiscal e o secretario
dessa Camara , visto não dispôr da necessaria competencia, restando-lhe , pois ,
aguardar a primeira reunião , afim de propôr a pena que lhe pareça conveniente
e a qual só será decretada por todos os vereadores presentes ou pela maioria
delles .
Deus Guarde a Vmc. — Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Presidente da Camara Municipal de Araraquara .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 18 de Setembro de 1888 .

Consta das copias que chegaram ao conhecimento desta Presidencia , com o


officio de 5 do corrente, ter a 22 de Agosto findo o cidadão Antonio Vianna
requerido ao Presidente da Camara concessão para estabelecer uma kermesse , na
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34

praça 7 de Abril, com um rico pavilhão e barraquinhas, tudo com feira franca,
durante o praso de 60 dias, a contar de 20 do corrente , em festejo ao feliz re
gresso de Suas Magestades Imperiaes, entregando o concessionario á Camara até
5 de Outubro 5 :000 $ 000 para estabelecimentos de caridade .
Esta concessão foi dada , e logo depois approvada pela Camara , em sessão
de 4 , lavrando - se a 5 termo de obrigação, assignado por Vianna, em que este
se obrigou a estabelecer a sua kermesse, pavilhão e barraquinhas, no lugar da
quella praça que seria determinado pela Camara, com expressa eliminação de
todo e qualquer jogo prohibido pelas posturas municipaes , pelas Leis geraes e
especialmente pelo Decreto n . 8274 de 31 de Dezembro de 1861 , ficando o con
cessionario solidariamente obrigado pelos impostos dos negocios .
E , porque, conforme já ponderou á Camara o Dr. Chefe de Policia , em of
ficio de 28 de Agosto , respondendo o que lhe dirigira , no mesmo dia 0 seu

Presidente, nem no requerimento nem no termo de obrigação do concessionario,


esteja bastante explicito o genero de divertimento que, dentro de 15 dias , deve
produzir 5 :000 $ 000 em favor de obras pias , quantia esta que o concessionario
equiparou a vinte por cento de seus lucros liquidos , convém que Vmes . , sustando ,
por emquanto, essa concessão , visto que pelo annuncio publicado no Correio
Paulistano de hontem , que junto remetto , consta ter o concessionario faculdade
de arrendar parte da praça 7 de Abril, me informem :
1. ° Qual o espaço de terreno determinado pela Camara ;
2.0 Si observou -se o art . 44 da Lei de 1.º de Outubro de 1828 para o
arrendamento ;
3.0
Quaes os impostos de negocios pagos ou por pagar ; para bem se CO
nhecer o genero de divertimentos com que se pretende negociar; e si , de facto,
não estão nelles incluidos os jogos de parada, azar ou aposta , a exemplo do que
recentemente occorreu na capital do imperio.
Deus Guarde a Vmcês . — Pedro Vicente de Azevedo.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal da Capital .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 25 de Setembro de 1888 .

Em resposta ao officio de Vmes. de 16 do corrente mez, declaro -lhes que ,


sendo 7 o numero de Vereadores dessa Camara, póde ella reunir- se , desde que
compareçam quatro, visto que elles constituem a maioria a que se refere o
art. 22 $ 6.º da Lei n . 3029 de 9 de Janeiro de 1881 , como estabeleceram os
avisos de 9 de Fevereiro e de 16 de Agosto de 1883 .

Deus Guarde a Vmcês.—Pedro Vicente de Azevedo.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Cajurú .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 27 de Setembro de 1888 .

Pelo officio de Vmcs . , datado de hontem , vejo que essa Camara confundindo
as ordens que recebeu por portaria de 18 do corrente e despacho de 21 , na re
clamação que para esta Presidencia interpoz o dr . chefe de policia , da concessão
feita da praça 7 de Abril ao cidadão Antonio Vianna para o estabelecimento
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de uma grande kermesse em feira franca, para que informasse, sustando, por
emquanto o seu acto, com a attribuição que lhe pertence de fazer essa concessão,
a qual em termos , ninguem lhe contesta , deliberou não sustar a referida licença ,
allegando nada haver ainda em execução , não obstante o annuncio do concessionario
que fiz chegar ao seu conhecimento e promettendo novos esclarecimentos para
depois que a feira e kermesse estiverem installadas.

Convindo , entretanto , para evitar essa installação , que a propria licença em


bora da competencia da camara , seja sustada até que esta presidencia resolva
sobre o seu modo, para o que me devolverão Vmes., tambem informado o officio do
dr . chefe de policia , determino á camara que , reunindo - se em sessão expressamente
para esse fim , sirva - se de cumprir as ditas ordens, sob pena de desobediencia .
É incontestavel a attribução que tem a Presidencia de , neste como em
outros casos analogos , exigir informações , sustando, não só provisoriamente, como fiz ,
mas ainda definitivamente mesmo, os actos da camara, que lhe está subordinada,
se assim o entender necessario para a boa execução das Leis.
Deus guarde a Vmcês . Pedro Vicente de Azevedo.

Srs . Presidente e Veradores da camara do municipio da capital .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo . em 2 de Outubro de 1888 .

De posse do officio de Vmes . de 29 de Setembro findo, fiquei inteirado de


haver essa camara , tomando em consideração a portaria de 27 , resolvido obedecer ás
ordens constantes da portaria de 18 e despacho de 21 , quanto á suspensão da licença
concedida ao cidadão Antonio Vianna para o estabelecimento de uma grande ker
messe em feira franca na praça 7 de Abril, prestando as informações exigidas.
Outrosim , fiquei inteirado , igualmente , de que a camara tambem deliberou
recorrer para o governo imperial, do acto desta presidencia expedindo as supra
mencionadas ordens , por lhe parecer que , em referencia ao governo economico e
policial da terra ( Art. 40 de seu regimento ), nem a subordinação em que estão
as camaras aos presidentes das provincias (art. 78 do regimento ), nem a Lei n .
38 de 3 de Otubro de 1834 , art. 24 , n . 4 do Acto Addicional, ou qualquer outra
disposição, confere aos mesmos presidentes o poder de sustar as suas deliberações,
instruindo -as na boa execução das Leis, por isso que , em taes assumptos, no seu
modo de pensar, a competencia das camaras é exclusivo, independente, salvo , apenas ,
os casos do art. 73 do cidado regimento de 1.º de Outubro de 1828 , art . 58 § 9.º e
447 do regulamento n . 120 de 31 de Janeiro de 1842, em que não se acha o
officio que á presidencia dirigira o dr. chefe de policia, o qual não constituiu recurso ,
e sim apenas reclamação, como medida de moralidade e ordem publica .

Esta ultima parte é exacta . De facto a sustação da licença e a exigencia


de informações não foram por motivo de recurso, sendo que, para isso conhecer,
bastava a camara ter attendido que a portaria de 18 é anterior ao despacho de
21 na reclaração policial .
Por ultimo , dou conhecimento á camara , que, independente do seu recurso ,
esta presidencia sempre levaria , como vae levar , todo occorrido ao conheci
mento do exm . sr . ministro do imperio , por dever do cargo .

Deus guarde a Vmcês. — Pedro Vicente de Azevedo


Srs . Presidente e mais Vereadores da camara municipal da capital .
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Palacio do Governo da Provincia de São Paulo, 13 de Outubro de 1888 .

O presidente dessa camara participa -me por officio de 5 do corrente , que


em sessão de 29 de Setembro anterior o vereador Simão Monteiro requereu re
nuncia do cargo , apresentando attestado medico de doença ; que o vereador Joa
quiin Ulysses Sarmento mudou -se para o municipio de Campinas ; que o verador
Alfredo de Azevedo , desde Outubro do anno passado não assiste ás sessões , sendo
que , nessas condições , está a camara funcionando apenas com seis membros , o
que tem occasionado frequentes faltas de sessões, attendendo não comparacerem ,
por diversos motivos justos, ora um ora outro dos membros effectivos , sendo ur
gente completar -se o numero dos vereadores .
Em resposta declaro a Vmcês.
1. ° Que a molestia do vereador Simão Monteiro não constitue motivo de
excusa do cargo, visto que, mesmo quando seja grave e prolongada, conforme o
art . 19 da Lei de 1. ° de Outubro de 1828 , só podia ser allegada ao tempo do
eleição . A enfermidade que sobreveio á posse e exercicio do cargo é simples im
pedimento ( Aviso n . 188 de 20 de Julho de 1831. )
2. ° Que para supprir a vaga do vereador mudado de domicilio, fica desi
gnado o dia 20 de Novembro vindouro para se proceder á nova eleição , cum
prindo que vmes. observem os arts. 97 , 98 , e 124 do Regulamento n . 8213 de
13 do Agosto de 1881 .
3. ° Que, si o vereador Alfredo de Azevedo , ou algum outro , faltar ás sessões
sem motivo justificado , deve ser- lhe imposta a multa de que trata o art . 228
do Regulamento citado, podendo mesmo ser compellido ao exercicio do cargo , sob
pena de ficar sujeito a processo , por infracção dos arts. 154 e 157 do codigo
criminal, como recommenda o aviso n . 587 de 16 de dezembro de 1872 .

Deus guarde a Vmcês.-- Pedro Vicente de Azevedo.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal da Penha do Rio


do Peixe .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 18 de Outubro de 1888 .

Em resposta ao officio de 10 de Setembro ultimo em que Vmes . consultam


si o cidadão Guilherme Gonçalves Barbosa da Cunha, que se sentira aggravado
com o nivelamento da rua de José Lucas , não deveria ter recorrido para a Pre
sidencia , em vez de embargar judicialmente as obras respectivas , como fez , de
claro -lhes que, embora a questão tivesse de ser trazida ao meu conhecimento,
pelo meio facultado no art . 73 da Lei de 1.º de Outubro de 1828 , entretanto,
desde que ella se suscitou por via de acção possessoria , ficou assim affecta á
autoridade competente para decidir o que se refere á propriedade, cumprindo
a essa Camara defender - se de semelhante acção , fazendo valer o direito que lhe
assiste de mandar proceder ao referido nivelamento .

Deus Guarde a Vmcês.- Pedro Vicente de Azevedo

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Atibaia .


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Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 24 de Outubro de 1888 .

Resolvendo a duvida exposta no officio do Presidente dessa Camara de 13


do corrente mez , declaro a vmcês que o Vereador Francisco Jacob Gaspar deve
tomar posse , depois de findo o praso do art . 216 do Regulamento n . 8213 de 13
de Agosto de 1881 , e não quando estiver completa a apuração final dos votos
porquanto o referido Vereador só poderá ser considerado eleito eom todas as
formalidades legaes , desde que esteja exgotado aquelle praso e não tenham appa
recido reclamações contra a regularidade do pleito, conforme se deduz da dou
trina consagrada no aviso de 4 de Janeiro de 1886 .

Outrosim lhes declaro que cumpre attender á recomendação do art . 64 da


Lei de 1 de Outubro de 1828 , concernente aos officios dirigidos ás autoridades
superiores, os quaes tem de ser assignados por todos os Vereadores e não por
um só , ainda que este seja o Presidente da Camara.

Deus Guarde a Vmcês.- Pedro Vicente de Azevedo.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Itapecerica .

Palacio do Governo da Provincia do S. Paulo, em 10 de Novembro de 1888 .

De posse do officio de Vmes . , de 3 do corrente , confirmando o do 1.º juiz


de paz da parochia , de 9 de Outubro , relativo á falta de outros juizes de paz
do quatriennio, declaro a vmes . que , sendo obrigatorio o cargo de juiz de paz,
e não podendo os cidadãos eleitos se isentarem do exercicio , si não por motivo
legitimo de excusa , provado e acceito pela Camara, convém que Vmcs. convidem
os immediatos em votos , por ordem da votação a prestarem juramento e assumi
rem o exercicio , sob as penas da Lei , na conformidade do art. 4. ° da Lei de 15
de Outubro de 1827 e aviso de 17 de Julho de 1834 .

Deus Guarde a Vmcês.-- Pedro Vicente de Azevedo.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Araras .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 10 de Novembro de 1888 .

Em resposta ao officio de Vmc ., de 9 do mez findo, declaro -lhe que só se


poderia realizar a nova eleição para o preenchimento das vagas de juizes de paz
que ahi occorreram , si estivesse exgottada a lista dos supplentes, o que não
consta do citado officio, em virtude do que na presente data recommendo á Ca
mara desse municipio que convoque os immediatos em votos , que não querem
tomar posse , afim de prestarem o competente juramento, sob pena de serem pro
cessados como desobedientes .

Deus Guarde a Vmc . - Pedro Vicente de Azevedo .

Sr. 1. ° Juiz de Paz de Araras .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 4 de Dezembro de 1888 .

Em resposta ao officio de 21 do mez findo, em que Vmcês . me communicam


que o ex -proprietario do terreno, destinado ao pasto das rezes que tem de ser
abatidas no Matadouro dessa cidade , julga - se não estar mais obrigado a permittir
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o transito dos animaes em caminho para a sua propriedade , allegando que

consentira nisso quando vendêra o referido terreno para film diverso daquelle,
declaro a Vmcs. que se trata de negocio judiciario que se deve liquidar nos
tribunaes competentes á vista da respectiva escriptura de compra.

Deus Guarde a Vmcês.- Pedro Vicente de Azevedo.

Srs. Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal da Bocaina .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 14 de Dezembro de 1888 .

Declaro a Vmes ., com relação ao officio de 6 do mez findo, que embora o


Regulamento, ultimamente decretado pela Assembléa Provincial, lhes confira toda
a superintendencia, no que concerne ao cemiterio dessa localidade, todavia não
devem Vmes. dispensar o sepulte-se do parocho e o visto do delegado de policia ,
nos enterros que alli se realisarem , em virtude do Decreto n. 8212 de 3 de
Agosto de 1861 , o qual é extensivo aos cemiterios das provincias , naquillo em
que se puder applical-o, segundo estabelece o Aviso de 5 de Julho de 1871 .

Deus Guarde a Vmcês.- Pedro Vicente de Azevedo.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal da Villa Bella da


Princeza .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 26 de Dezembro de 1888 .

Por officio de 7 do corrente declarando Vmes. se acharem em duvida sobre


as custas contadas ao Procurador da Camara, em processo de infracção de pos
turas, consultam :

1.0 Si o Procurador da Camara, em defesa dos direitos desta e no exercicio


legal de suas funcções tem direito a custas ;
2.0 Si no caso affirmativo deve a municipalidade pagar as que lhe forem
contadas, quando condemnada.

Ao que respondo -lhes :


1. ° Que o Procurador da Camara tem direito a que lhe sejam contadas ,

visto que exerce mandato em yirtude da Lei , revertendo porém essas custas em
favor da Camara em nome de quem elle officia nos feitos em caracter de pro
curador judicial, ad instar do Aviso n . 260 de 12 de Junho de 1860 e outros ;
2. ° Que, em consequencia , sendo a Camara condemnada, nada tem a pagar
ao seu Procurador posto sejam -lhe contadas custas .

Deus Guarde a Vmcês.- Pedro Vicente de Azevedo.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Bragança .

Palacio do Governo da Proyincia de S. Paulo em 2 de Janeiro de 1889 .

Consultam Vmcs ., em seu officio de 27 de Dezembro ultimo, si afim de dar


posse á Camara da nova Villa de Jatahy, deve a dessa cidade dirigir -se á dita
villa ou convocar os Vereadores eleitos para se apresentarem ahi .
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Declaro, em resposta a vmes . , que na conformidade do art. 3.º do Decreto


de 13 de Novembro de 1832 , no dia que essa Camara fixar, observadas as for
malidades prescriptas no art . 2. ° do citado Decreto, deve o Presidente dessa Ca
mara com o Secretario da mesma comparecer no lugar da nova villa para defe
rir juramento e dar posse áquelles Vereadores .

Deus Guarde a Vmcês. - Pedro Vicente de Azevedo .

Srs. Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Silveiras .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo em 3 de Janeiro de 1889 .

Em resposta ao officio de 3 de Dezembro ultimo, em que Vmes. me com


municam a deliberação que tomou essa Camara, de mandar fechar os actuaes
Cemiterios , em numero de dous , por não disporem mais de lugar para enterra
mento e já se achar prompto o novo , declaro - lhes que approvo a referida deli
beração , respeitados, porém , os direitos da irmandade de São José em relação ao
cemiterio que possue nessa Villa, ex vi do disposto no aviso n.o 42 de 26 de
Janeiro de 1832 , visto constar das informações prestadas a esta presidencia , que
o referido cemiterio ainda conta cerca de 60 ou 70 metros quadrados de terreno
desoccupado .
Deus Guarde a Vmcês . — Pedro Vicente de Azevedo .

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Indaiatuba .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo em 4 de Janeiro de 1889 .

Em officio de 31 de Dezembro ultimo comunica -me Vmc. que , por falta de


comparecimento de alguns Vereadores , não tem sido possivel reunir -se a Ca
mara .

Declaro - lhe, em resposta , que, na conformidade dos arts . 228 e 229 do Re


gulamento de 13 de Agosto de 1881 , devem ser chamados os precisos immediates
em votos para perfazerem a maioria dos membros da Camara, e impor-se aos
Vereadores que faltarem as sessões , sem motivos justificado , a multa de 5 $ 000 .
Deus Guarde a Vmcês . —Pedro Vicente de Azevedo.

Srs . Presidente o mais Vereadores da Camara Municipal do Mogy -guassú.

Palacio do Governo de Provincia de S. Paulo, em 27 de Novembro de


1888 .

Em resposta ao officio de Vmc . de 16 do corrente mez , declaro - lhe que


estando a villa do Espirito Santo da Fortaleza desannexada deste municipio, os
Vereadores dessa Camara que alli residirem , perderão os respectivos logares e só
poderão occupar os mesmos cargos naquella villa , si por ventura forem eleitos ,
quando, no dia já destinado , se tiver de escolher os sete Vereadores de que ella
se deve compor, segundo dispõe o art . 1.º da Lei de 1.º de Outubro de 1828
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Presidente da Camara Municipal de Lençóes .


40

REQUERIMENTOS DESPACHADOS

Do Vereador da Camara Municipal do Amparo , Joaquim Ignacio da Silveira,


protestando contra o acto dessa corporação, que o declarou mudado sem funda
mento e illegalmente.- Não se verificando dos documentos apresentados a mu
dança do Vereador Joaquim Ignacio da Silveira, pois , não só adquirindo uma
propriedade especial no municipio da Penha do Rio do Peixe , fez pela imprensa
em tempo opportuno, declaração de que continuava a residir no Amparo, como
continua n'este logar a exercer , entre outras funcções, as de jurado , sendo
como tal incluido na ultima revisão, depois de exame detido por parte da junta
sobre o seu domicilio , deve o recorrente ser havido como Vereador da Camara
Municipal do Amparo. E porque, por consideral- o mudado , não se pronunciou
a Camara Municipal sobre o seu pedido de licença , cumpre que o faça, delibe
rando a respeito como entender de justiça .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 13 de Janeiro de 1888 .


- Francisco de Paula Rodrigues Alves .

De alguns Vereadores da Camara Municipal do Rio Claro , recorrendo do


acto da mesma, em virtude do qual não foi declarado vago o lugar do Vereador
Raphael Sampaio . — Em vista da informação da Camara Municipal de que o Ve
reador Raphael Ferraz Sampaio não está mudado do Municipio do Rio Claro , e ,
attendendo que, embora não dependa da vontade do Vereador a declaração de
mudança , tratando -se de cargo de eleição popular, só em vista de provas irrefra
gaveis , deve esta mudança considerar- se verificada, e attendendo que o alludido
Vereador tem comparecido ás sessões da Camara , e ainda recentemente, á de 7
do corrente mez, assignando aquelle informação , nego provimento ao recurso .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 24 de Janeiro de 1888 .


-Francisco de Paula Rodrigues Alves .

Do Bacharel Vicente Ferreira da Silva , recorrendo do acto da Camara Mu


nicipal da Capital que lhe negou excusa do cargo de Juiz de Paz . - 0 cargo de
Juiz de paz é obrigatorio , salyas as excusas legaes definidas no art . 4. ° da Lei
de 15 de Outubro de 1827 e art . 11 do codigo do processo criminal.
De accòrdo com os termos explicitos desta ultima disposição , o Juiz de
Paz não é obrigado a servir, quando reeleito ,
si a reeleição verificou -se dentro
dos tres annos que se seguirem aquelle em que tiver servido effectivamente.
Ora , o recorrente pediu excusa do cargo de 2. ° Juiz de Paz da parochia da
Consolação, com o fundamento não contestado de haver servido o mesmo cargo
menos de trez annos de sua reeleição .

Considerando , portanto, que o recorrente tem a seu favor a excusa do art . 11


do codigo do processo criminal ;
Que não se pode considerar renunciado este direito, pelo facto de haver o
recorrente prestado juramento do cargo de Juiz de Paz , não só porque a Lei
não marca o praso para esse reconhecimento, como porque o juramento não signi
fica exercicio ( Aviso de 8 de Outubro de 1873 ) e só agora poderia o recorrente
começar a servir , nos termos do art . 10 do citado codigo ;
- 41

Que o recorrente tem outro emprego civil , o de Vereador , que não pode,
nos termos da Lei de 15 de Outubro de 1827 , exercer conjunctamente com o
de Juiz de Paz no anno em que lhe cumpre servir :
Dou provimento ao recurso , para o fim de ser aceita a excusa apresentada
pelo recorrente, feitas as communicações para os effeitos legaes. — Deu -se conhe
cimento a Camara Municipal da Capital .
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 15 de Fevereiro de 1888 .
Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Do Vereador da Camara do Municipio da Capital, Theophilo Prado de Azam


buja , recorrende da decisão dessa Camara , que contractou o levantamento da
planta cadastral da cidade .

De conformidade com o parecer do dr. procurador fiscal; considerando que


as Camaras Municipaes, nos termos da Lei de 1.º de Outubro de 1828 , não po
dem ordenar despeza para a qual não exista verba no respectivo orçamento ou
não esteja autorisada por Lei especial ; considerando que no orçamento vigente
da Camara Municipal, recorrida , não existe verba consignada para o serviço de
levantamento da planta cadastral da cidade , nem ha Lei especial que a autorise ;
considerando que , ainda mesmo quando existisse verba ou autorisação, tratando - se
de um serviço importante e dispendioso, cumpria observar as prescripções do
art . 47 da citada Lei , o que não se fez : -- Dou provimento ao recurso do Ve
reador Theophilo Prado de Azambuja contra a deliberação da Camara Municipal
da Capitai, tomada em sessão de 15 de Novembro do ano passado , relativa ao
contracto celebrado para levantamento da planta cadastral da cidade .
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 23 de Março de 1888 .
- Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Do Capitão Vicente Alves de Araujo Dias , recorrendo contra o procedimen


to da Camara Municipal de S. José do Rio Pardo , relativamente á mudança de
sua residencia . - Dou provimento ao presente recurso , para o fim de considerar
o recorrente como pertencente ao municipio da Mococa , em vista dos explicitos
termos da Lei provincial n . 33 de 1884, que annexou ao municipio da Mococa
a fazenda do recorrente, Lei que não foi revogada.
A Lei n . 49 de 1885 é geral relativa ás divisas entre o municipio de São
José do Rio Pardo , então creado, e o de Casa Branca , donde foi desmembrado o
seu territorio .

A Lei de 1884 não trata de divisas de municipio, hypothese em que pode


ria ser alterada pela de 1885 , mas limita -se a transferir para a Mocóca a fazenda
do recorrente , o que não foi mas alterado .

E ' esta a unica solução juridica do pretenso conflicto de taes Leis , segundo
o frg. 80 do Dig . L. 50 Titulo 17 , aceito por Dumoulin (ad leg . modestimus ff. de
solut n . 19, nos seguintes termos : -leges generales non debent estendi ad leges
que habent suam particularem provisionem , e por Pothier ( Pandectas - de legibus
Loc . art . 25 ) onde diz mui explicitamente : Cum duce leges contrariæ videntur ,
quarum altera specialiter de casu de quo judicandum , aut respondendum est ,
disponit; altera generaliter dundoxat disponit prevalere debet quæ specialiter di
sponit .
26
42

Não obsta o ter- se o recorrente dirigido á Assembléa Provincial , que , entre


tanto , nada resolveu, pois qualquer que seja a sua intelligencia acerca da effica
cia das Leis citadas , isto em nada altera a sua força obrigatoria ; nem tão pouco
influem os cargos que tem exercido em São José do Rio Pardo, pois a questão
refere - se a situação de sua fazenda n'um ou n'outro territorio , é disto que cogi
tou a Lei não revogada de 1884 , vendo - se , entretanto, pela informação prestada
pela Camara Municipal da Mocóca que nesta freguezia exerce o recorrente seus
direitos politicos.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 9 de Maio de 1888.


Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

De José Luiz Pereira , Manuel Garcia Braga e Eduardo Sangirardi, nego


ciantes estabelecidos e residentes na cidade de S. Luiz do Parahytinga, recorrendo
da decisão da camara municipal daquella cidade e que indeferio a reclamação dos
supplicantes, contra o lançamento feito pelo procurador da mesma , para cobrança
de impostos municipaes. — Tendo em vista a resposta dada pela camara munici
pal rocorrida , e :
Considerando que o art . 249 § 9 do codigo de posturas municipaes de S.
Luiz do Parahytinga , constante da resolução provincial n . 66 de 31 de Maio de
1875 dispõe que cobrar -se -ha, a titulo de licença, no acto da impetração d’ella
ou de sua concessão, para poder, quer o negociante domiciliado, quer o não do
miciliado vender roupas feitas importadas --- 50 $ 000 ;

Considerando que as posturas da mesma camara, constantes da resulução pro


vincial n . 23 de 14 de Maio de 1883 , fizeram algumas modificações nas dispo
sições d'aquelle codigo, mas não revogaram a disposição controvertida , tanto que
para excluir toda duvida nomearam até os paragraphos que ellas expressamente
alteraram , assim que o art . 16 no principio diz : Os impostos creados pelo art .
247 SS 2 , 4 , 6 , 7 , 8 , 9 , 14 , 15 , 16 e 17 , e art . 249 SS 5 , 10 , 14 , 25 e 36 do
codigo de posturas serão cobrados , etc. e no § 11 estabelece :
Para o negociante domiciliado abrir loja ou continuar a anterior, em que
venda fazendas, objectos de armarinho, chapéos, vidros, crystaes, porcellanas, ar
mas, ferragens e outros objectos não mencionados, ou somente quaesquer destes
objectos, e cujo fundo commercial não exceder de cinco contos de réis, dez mil
reis ; excedendo dessa quantia até dez contos de réis, vinte mil réis ; e excedendo
de dez contos de réis , qualquer que seja o fundo commercial, trinta mil réis ; >
Considerando que não tendo sido contemplado pelo legislador o § 9.º do
art . 249 , é manifesto que teve elle em vista conserval - o , tanto mais quanto o
§ 11 do art . 16 das mesmas posturas, repete o § 5.º do citado art . 249 e ape
nas o deroga no quanto do imposto : o que mostra que as duas anteriores dis
posições continuam a coexistir com a alteração feita em 1883 ;
Considerando, finalmente, que deduzir do augmento de imposto estabelecido
no § 11 do citado art . 16 a regra exposta pelos recorrentes , importa baralhar dis
posições distinctas , resultando dessa confusão absurdos que não podem ter logar
na Lei, nego, por estes motivos, provimento ao recurso .
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 6 de Junho de 1888.
Francisco Antonio Dutra Rodrigues .
43

De João de Lima Cezar e de outros cidadãos residentes no Amparo, recor


rendo da decisão da Camara Municipal daquella cidade, que mandou abrir cami
nhos pelas terras e bemfeitorias dos supplicantes.- A abertura ou construcção
de um caminho municipal, sendo como é , da competencia da Camara, na forma
dos artigos 41 e 66 S 6.º da Lei de 1.º de Outubro de 1828 , e sendo esta que
aprecia a sua utilidade e a declara (A viso n . 533 de 16 de Novembro de 1869 )
como assumpto de interesse meramente local , convém que a intervenção da
administração provincial seja limitada tanto quanto possivel e destinada somente
a reparar violações das Leis e do Direito .

No caso presente , a deliberação da Camara do Amparo, tomada por unanimi


dade de seus membros, e apoiada ainda por pareceres e vistorias de vereadores
do quatriennio passado , foi sujeita a exame da Directoria Geral de obras publicas,
tendo ido ao lugar o engenheiro Huet Bacellar, que explorou o caminho pro
jectado e reconheceu sua convenencia e utilidade, fazendo a respeito exposição
circumstanciada com que concordou aquella repartição inteiramente.

Portanto , não encontrando no facto injustiças ou offensas que devam ser


desaggravadas, nego provimento ao presente recurso, ficando livre ás partes in
vocar a intervenção dos juizes no que não för de exclusiva competencia da Camara ,
que como corporação meramente administrativa, sem jurisdicção alguma contenciosa ,
delibera mas não executa senão pelos modos e na forma das Leis provinciaes ou
geraes respectivas . ( Aviso n . 101 de 28 de Março de 1855. )
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 19 de Julho de 1888 .
-Pedro Vicente de Azevedo .

Do dr . Ricardo Gumbleton Dannt, recorrendo do acto da Camara Municipal


de Campinas, que resolveu abolir 0 - sepulte-se - do parocho nos enterramentos que
tiyerem lugar no cemiterio da localidade . — Dou provimento ao presente recurso ,
reiterando á Camara Municipal de Campinas a circular de 20 de Março de 1886 .
Não se pode contestar ao parocho o jus sepulturas dandi , inherente ao seu
officio .

O regimento das camaras o reconhece, quando manda conferir com a auto


ridade ecclesiastica do logar , sobre o estabelecimento de cemiterio ( art . 66 $ 2.0
da Lei de 1.º de Outubro de 1828 ) e com esse direito se conforma o dec . n .
2812 de 3 de Agosto de 1861 sobre os cemiterios publicos e particulares do
Rio de Janeiro , tornado extensivel aos cemiterios das provincias no que lhes fò
applicavel , pelo aviso de 5 de Julho de 1871 .
0 decreto n . 5604 de 25 de Abril de 1874 , estabelecendo o registro civil
dos obitos e approvado pelo decreto n . 3316 de 11 de Junho do anno passado,
ainda não está em sua inteira execução, e em todo o caso nada innovou , por
modificação ou revogação nas prerogativas ecclesiasticas , estatuindo preceitos me
ramente regulamentares. E assim que o dec . n . 9063 de 6 de Outubro de 1883 ,
impoz aos parochos a obrigação de remetter á secretaria de estado dos negocios
do imperio, mappas estatisticos dos obitos registrados durante os trimestres fin
dos de Março , Junho , Setembro e Dezembro de cada anno .

Outro tanto acontece com o facto de não referirem -se ao sepulte-se parochial as
posturas de Campinas (art . 95 ) , pois em verdade não é lei municipal , nem pre
cisa que figure nos rospectivos codigos para que seja aceito e respeitado pelos
catholicos como direito da egreja, sem restricções do poder municipal , o que se
44

evidencia da discussão na Assembléa Provincial em 1886 (annaes pag . 262 e


seg . ) , a proposito do regulamento do cemiterio de Pindamonhangaba .
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 28 de julho de 1888 .
- Pedro Vicente de Azevedo .

Do dr . Francisco de Paula Franco , recorrendo do despacho da Camara Mu


nicipal de Bocaina , que indefiriu o requerimento em que o supplicante pede pa
gamento de 629000 , proveniente de meias custas a que tem direito . - Nego pro
vimento por não ser caso de recurso do art . 73 da Lei de 1.º de Outubro de
1828. Não se trata de materia meramente economica e administrativa , mas de
execução de sentença judiciaria.
A regra é que todos os que decahem da acção , em qualquer instancia que
for, são condemnados nas custas, excepto o promotor , caso em qne são pagas pelo
cofre da municipalidade. ( Codigo do processo criminal artigo 307. )
A disposição dos arts. 99 da Lei de 3 de Dezembro de 1841 , 469 do Regu
lamento n . 120 de 31 de Janeiro de 1842 referindo- se unicamente á hypothese
em que o réo condemnado tão pobre que não pode pagar as custas, e mandando
que , dada essa circumstancia, perceba o escrivão metade dellas do cofre da camara
municipal da cabeça do termo, é tão clara e positiva que parece não deixar lugar
a duvida.

Entretando, si a municipalidade do logar da acção em primeira instancia , se


nega a pagar ao recorrente as meias custas que lhe foram contadas ( art . 54 do
Regimento de 1874 ) , e si para isso se funda em uma sentença judicial, e na
intelligencia que lhe dá o magistrado que a proferio, o aggravo não está na de
liberação da camara , mas na propria sentença ou modo de sua execução.
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 11 de Setembro de 1888 .
- Pedro Vicente de Azevedo.

De Benedicto Nuno da Silva e outros, ex- vereadores da camara municipal


de Cunha, recorrendo das multas que lhes foram impostas.

Não tendo as multas sido impostas pela camara , mas por acto somente do pre
sidente, que pela natureza do cargo era obrigado a usar desse meio para com
pellir o comparecimento dos vereadores refractarios ( Aviso n . 40 de 2 de Maio
de 1831 ) , o recurso contra as multas é para a mesma camara , que poderá re
vogal - as por deliberação da maioria de seus membros, si entender que são pro
cedentes as razões com que os multados se justifiquem das faltas commettidas.
( Aviso , n . 75 de 9 de Julho de 1842 , de 20 de Agosto de 1887 e de 29 de
Fevereiro deste anno ) .
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo em 11 de Outubro de 1888 .
-- Pedro Vicente de Azevedo .

De Virgilio de Toledo Malta e José Antonio Miragaia , vereadores da camara


municipal de Jacarehy, recorrendo do acto da mesma camara que acceitou uma
proposta para illuminação publica . —Nego provimento. A camara escolhendo a pro
posta de menor preço e que pareceu a mais vantajosa á maioria de seus mem
bros para o desempenho de um serviço municipal, exerceu um acto de sua livre
attribuição economica . ( Lei de 1.º de Outubro de 1828 , artigo 47 ) . Os verea
dores vencidos não podem ser considerados cidadãos aggravados por essa deliberação.
45

O aggravo em materia administrativa a que se refere o art . 73 da citada


Lei de 1828 , presuppõe sempre a offensa de um direito ; si o acto da camara apenas
contrariou ou prejudicou um interesse ou apenas uma simples aspiração ; si está
nos limites de sua funcção propria e descricionaria , não tendo havido preterição de
fórmas legaes, não aggravou os concurrentes preteridos e ainda menos qualquer
dos vereadores que tomaram parte no mesmo acto, votando e sendo vencidos. O
objecto exclue portanto, a idea de recurso . ( Aviso n . 418 de 21 de Setembro de
1869 ) .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 23 de Outubro de 1888 .


--- Pedro Vicente de Azevedo .

De Antonio Bittencourt e Francisco José Lopes , recorrendo das multas que


lhes foram impostas pelo fiscal da Camara de Taubaté . —0 recurso está fóra
do prazo e não se trata de objecto meramente economico e administrativo. Com
petindo ao juiz de paz processar e julgar as infracções de posturas municipaes,
com appellação, no effeito suspensivo, para os juizes de direito , offereçam OS
recorrentes , opportunamente, suas allegações contra a legalidade do auto de infra
cção perante o poder judiciario , nos termos do artigo 45 SS 4. ° e 5.º do De
creto n . 4824 de 22 de Novembro de 1871 .

Desde que a autoridade judiciaria é competente para conhecer da questão,


esta perde o caracter administrativo que por ventura tenha, e entra no direito
commum , sendo a Lei que tem de ser applicada doutrinalmente interpretada
pela mesma autoridade . Ao contrario , ou a decisão administrativa ficaria sujeita
a ser reformada no judicial, ou tolheria a marcha natural dos recursos , o que
não é licito sob qualquer conveniencia, como ainda recentemente acaba de de
clarar o Aviso de 30 de Agosto deste anno, fundado em parecer de consulta
da secção de justiça do conselho de Estado .
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 27 de Outubro de 1888 .
- Pedro Vicente de Azevedo .

De Joaquim José Rodrigues Torres , recorrendo da deliberação da Camara


Municipal do Rio Claro que mandou continuar a cobrança do imposto de café ,
destinado ás obras do abastecimento d'agua potavel da cidade . —Recorra aos tri
bunaes judiciarios . Para o recurso administrativo está excedido o praso do De
creto n . 9451 de 27 de Junho de 1875 .

Só não ha praso para a intervenção da administração no governo economico


e policial das Camaras, quando se trata de corrigir seus actos por meio de instru
cções ou ordens para a boa execução das Leis , attendendo á subordinação em que
ellas estão .

Da informação prestada pela Camara do Rio Claro, de 28 de Setembro ul


timo, consta que o art . 5.º da Lei Provincial n . 30 de 18 de Junho de 1881
está sendo observado .

O imposto cessou , tendo deixado de haver novos lançamentos , preenchido


o fim da collecta ; o que não se acabou foi a cobrança dos atrazados , da divida
pelo qual respondem os contribuintes remissos. Si , com essa cobrança a Camara
obtem mais do que precisa , deverá recorrer á Assembléa Legislativa para que
a autorise a dar destino ao excesso .
- 46

Remir a divida é que não póde, sob pena de pagar o duplo, conforme o art . 52
da Lei de 1 de Outubro de 1828. Sempre que o objecto da deliberaçãe da Ca
mara fica na dependencia da sentença judicial, como no caso presente , - em que
a Camara processa a infracção de suas posturas, e tem no mesmo juizo, o cidadão
aggravado seus recursos naturaes, -o poder administrativo está obrigado a se abster
porque , então , prevalece o direito commum .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 30 de Outubro de 1888 .


- Pedro Vicente de Azevedo .

De Augusto José Lino, recorrendo de um acto do Presidente da Camara Mu


nicipal de Lorena, indeferindo uma petição em que o supplicante pedia, que pelo
zelador do cemiterio fosse entregue a certidão do pagamento devido pelo enterro
de uma criança , conforme já autorisára a Camara . - 0 recurso do art . 73 da Lei
de 1.º de Outubro é da deliberação da Camara e não das dos seus presidentes,
que podem ser revogadas ou modificadas por aquella . Aguarde, portanto, o acto
da Camara, conforme o despacho do presidente ou provoque esse acto, por meio
de nova petição , para então recorrer, si ainda se sentir aggravado.
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 31 de Outubro de 1888
-Pedro Vicente de Azevedo,

De Redondo Macedo & Comp., recorrendo da decisão da Camara Municipal


da Capital, que aceitou por pequena maioria a proposta de Francisco Antonio
Pedroso , para o calçamento a parallelepipedos da rua da Consolação . — Nego pro
vimento . Não se pode contestar ás Camaras certa liberdade de acção ,
quanto a actos de attribuições proprias, que a Lei não tornou dependentes ou su
jeitas ás autoridades de que são subordinadas. No caso presente , a Camara acei
tando , fundada no parecer da maioria de sua commissão de obras, a proposta que
lhe pareceu melhor e mais vantajosa para o calçamento a parallelepipedos de uma
das ruas da cidade , embora mais cara do que outra , não violou o artigo 47
do seu regimento : presume-se que attendeu, para assim proceder, á natureza
do serviço , á idoneidade do proponente e outras considerações, a seu juizo e res
ponsabilidade.
A expressão - menor preço , que se encontra na Lei , não deve ser entendida
litteralmente como a mais barata, quaesquer que sejam as circumstancias, porém ,
a mais economica, a que melhor convenha aos interesses do municipio, e melhor
se adapte ao plano e avaliação da obra.

Palacio do Governo de S. Paulo, 20 de Novembro de 1888.- Pedro Vicente


de Azevedo .

Do capitão Benedicto Nuno Vaz da Silva e de outros ex - vereadores da Ca


mara Municipal de Cunha, pedindo reconsideração do despacho de 11 de Outu
bro ultimo, proferido em petição dos supplicantes, visto como , em virtude do art .
52 da Lei de 1.o de Outubro de 1828 , a Camara não deve quitar coimas ou
dividas e portanto não pode perdoar multas que lhes foram impostas pelo pre
sidente , no caso de interporem o recurso que se lhes facultou no alludido despa
cho.- Confirmo o despacho de 11 de Outubro, por seus fundamentos. Não se
trata de quitar coimas nem divida alguma do conselho, mas de poderem os Verea
dores reformar as multas impostas, na conformidade do artigo 28 da Lei de 1.0
de Outubro de 1828 , quando entendem procedentes as razões com que os mul
- 47

tados se justifiquem da falta de comparecimento ás sessões da Camara .— ( Aviso


de 29 de Fevereiro deste anno . )

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 13 de Dezembro de 1888.


Pedro Vicente de Azevedo .

Tendo de proceder - se á eleição de Presidente e Vice -Presidente da Camara


Municipal de Santos , em 7 do corrente , nos termos do art. 190 do Reg. de 13
de Agosto de 1881 , achando - se presentes nove Vereadores, obtiveram votos para
Presidente - Felix Bento Vianna 4, João da Silva Oliveira Pinto 4, e João Ma
noel Alfaia Rodrigues Junior 1. Verificando -se o empate na votação e sendo
mais velho o Vereador Oliveira Pinto , foi este convidado a tomar assento , an
nunciando em seguida, que ia proceder-se á eleição de Vice -Presidente , sendo
para este cargo eleito o Vereador Alfaia Junior , que obteve maioria de votos e
declarou não aceitar o cargo. Suscitando-se, apoz esta eleição , uma questão de
ordem , pelo motivo , então declarado, de haver votado em si para Presidente o
Vereador Oliveira Pinto , dissolveu - se a reunião . No dia 10 do mesmo mez, sob
a Presidencia do Vereador Alfaia Junior , presentes outros em numero legal, in
dicando o Vereador Lucas Fortunato a nullidade da eleição para Presidente a que
se procedeu no dia 7 , por estar verificado que, potára em si o Vereador Oli
veira Pinto , assim foi decidido , procedendo- se á nova eleição para Presidente e
Vice -Presidente , sendo eleitos os Vereadores Felix Bento Vianna e Alfaia Ju
nior, com protesto de um dos Vereadores .

Allegando a nullidade da segunda eleição , contra ella recorreu o Vereador


Guilherme José Alves Souto. Pretendendo que nulla é a primeira, pediu a ap
provação da segunda o Vereador João Manoel Alfaia Rodrigues Junior .

Examinando os fundamentos das reclamações , e

Considerando que , feita e acabada a eleição a que se procedeu no dia 7


para Presidente e Vice - Presidente da Camara Municipal de Santos , não era mais
licito a declaração de nullidade por parte dos Vereadores, segundo as regras ge
raes do direito em materia eleitoral , sendo certo que o Presidente eleito tomou
posse do cargo e presidiu a eleição de Vice -Presidente ;

Considerando tambem que a eleição feita no dia 7 , está inquinada de vicio


de tal ordem , que não pode subsistir, pois que o Vereador Oliveira Pinto votou
em si para Presidente, conforme declarou em sessão, publicamente , conferindo a
sua confissão com as declarações feitas pelos Vereadores em maioria ;

Considerando que esse voto não póde produzir effeito, não só porque é re
pugnante -com as regras do direito e da moral , como porque perturba , na es
pecie , as relações da corporação , convertendo a minoria em maioria para o effeito
da eleição e conservando - se minoria para todos os effeitos subsequentes ;

Considerando que não é admissivel de não poder ser devassado o segredo


do escrutinio , senão quando este é da substancia do acto , não nas eleições de
Presidente e Vice - Presidente das Camaras Municipaes, que podem ser feitas no
minalmente. (Av. de 17 de Março de 1883 ) :
Declaro nullas as eleições a que se procedeu no dia 7 e 10 do corrente
para Presidente e Vice -Presidente da Camara Municipal de Santos e determino
48

que se procede á nova eleição , em dia previamente annunciado , feitas as neces


sarias communicações.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 1.º de Fevereiro de 1888 .


-Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Fez - se a devida communicação á Camara Municipal de Santos .

O Presidente da Provincia , considerando, em vista da copia da acta da sessão


de 25 do corrente mez , da Camara Municipal de Itatiba , que os Vereadores
Francisco Thomé de Assis Passos , Gabriel Rodrigues de Castro, Herculano Pupo
Nogueira, Julio Cesar de Cerqueira Leite e Miguel Cardoso Rebello , appro
vam a indicação apresentada , afim de que se solicitasse a convocação de uma As
sembléa constituinte para a revisão do artigo 4.º e de outros da constituição do
Imperio, votando contra semelhante indicação o Vereador Joaquim Galvão de
Barros Mello ;

Considerando tambem que as Camaras Municipaes são corporações meramente


administrativas e que as suas attribuições estão fixadas e definidas, na Lei
organica de 1. ° de Outubro de 1828 , não lhes sendo licito , assim como a todos ,
que exerçam fuucções publicas, excedel - as , sem que incidam em sancção penal (art .
139 do codigo criminal) ;

Considerando ainda que , nio obstante a generalidade desta regra de direito


a citada Lei , no art . 78 , expressamente prohibio todo o ajunctamento para tra
tar ou resolver acerca de negocios , não comprehendidos nos regimentos das Ca
maras , como proposições , deliberações e decisões feitas em nome do povo ;
Considerando , finalmente, que os Vereadores da Camara Municipal de Itatiba
ue es
que approyaram a indicação de que se trata, exerceram attribuições q
que lh
não competiam e o fizeram infrigindo disposições claras da Lei penal , porquanto
definindo os crimes contra a constituição do Imperio e a forma do seu Governo,
o codigo criminal qualificou como taes, não só a tentativa directa e por facto de
destruição de algum ou de algums artigos da referida constituição ou de altera
ção no systema politico, que nos rege , mas ainda a provocação a esses delictos
por discursos proferidos em publicas reuniões ou por escriptos impressos e não
impressos, que se distribuem por mais de 15 pessoas (art . 139 e 90 do cod .
criminal);
Resolve, usando do direito que lhe confere o § 8.º do art . 5.º da Lei de 3
Outubro de 1834 , suspender do exercicio de suas funcções os Vereadores Fran
cisco Thomé de Assis Passos , Gabriel Rodrigues de Castro, Herculano Pupo No
gueira, Julio Cesar de Cerqueira Leite e Miguel Cardoso Rebello , e determina
que se envie a copia da acta da sessão de 15 do corrente ao juiz de direito da
Comarca, afim de lhes instaurar o respectivo processo criminal.
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 23 de Fevereiro de 1888.
Francisco de Paula Rodrigues Alves.- Deu - se conhecimento á Camara e remet
teu - se copia da acta da sessão e do presente acto ao juiz de direito de Jundiahy.
-Resolveu - se em identico sentido quanto á suspensão dos Vereadores da
Camara Municipal de S. Vicente , José Lopes dos Santos , José Ferraz de Arruda
Campos , Paulino José Ribeiro Ratto e Antonio Carlos da Silva Telles , que
procederam na mesma conformidade , fazendo -se a devida communicação á Camara.
respectiva e a competente remessa .
49

O Presidente da Provincia, de conformidade com o parecer do Dr. Procu


rador Fiscal da Fazenda Provincial , considerando que a acta das eleições do
Presidente e do vice -Presidente da Camara Municipal de S. José do Parahytinga ,
realisadas a 7 de Janeiro ultimo , não se refere com exactidão ás occurrencias
que então se deram e verificando que entre os votos apurados para a escolha
do Presidente , se contára um que recahira no vice - Presidente , tendo , alem disso ,
como consta da propria informação daquella Camara , os Vereadores suffragados
para o primeiro dos cargos em questão, votado em si proprios , o que não é licito
resolve annullar as eleições de que se trata, e determinar que se proceda a ou
tras , fazendo se as devidas communicações.
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 12 de Março de 1888.
Francisco de Paula Rodrigues Alves .

O Presidente da Provincia , nos termos do art. 2. ° da Lei Provincial n . 3


de 9 de Fevereiro de 1888 , e da informação prestada pela Camara Municipal
de Belém do Descalvado, resolve marcar as seguintes divisas para a noya fre
guezia do Porto Ferreira daquelle Municipio. - Começando na foz do Ribeirão
Bonito , no rio Mogy- guassú , por aquelle acima até a Barra do Corrego , Areia
Branca, seguindo por este até a barra do Corrego de João l'ereira de Deus, e su
bindo até a sua cabeceira, d'ahi o rumo ao engenho de serra dos herdeiros do
Capitão Domiciano Luiz de Oliveira ; deste ponto ao ribeirão Santa Rosa , e , por
este abaixo até frontear o sobrado que foi de Ignacio Pereira Bueno , ahi attra
vessando e accompanhando as vertentes da Boa Vista , até o rio Mogy -guassú ,
atravessando este em frente a barra do corrego Pedra de amollar , sobe por
este até suas cabeceiras, e d'ahi pelo espigão até o alto da serra, e deste ponto
aguas vertentes até o Rio Claro , e por este abaixo até o Campinho, d'ahi em
rumo ás cabeceiras do corrego São Vicente, e por este abaixo até o rio Mogy
guassú, subindo este até a fóz do Ribeirão Bonito onde teve principio .
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 20 de Setembro de 1888 .
- Pedro Vicente de Azevedo . — Remetteu -se copia do acto á Camara Municipal de
Belém do Descalvado.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 25 de Julho de 1888. -Em


officio de 18 do corrente mez consulta Vmc . si dever- se - á acceitar na proxima
eleição senatorial , o voto do eleitor dessa parochia Antonio Rodrigues Monte -mór,
achando - se elle engajado no corpo policial permanente e incumbido do commando
do destacamento local .

Declaro a Vmc., em resposta ao citado officio, que não se pode recusar o


voto de quem exhibir o seu titulo, não competindo á meza indagar si o eleitor
foi bem ou mal qualificado, e apenas cabendo -lhe a faculdade de tomar o voto em
separado nos casos expressos em Lei (art. 15 § 18 do Decreto n . 3.029 de 9 de
Janeiro de 1881 ) .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.
Sr. 1. ° Juiz de Paz de S. José do Parahytinga.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 25 de Julho de 1888 .


Tendo Vmc . me communicado em officio de 15 do corrente, que na Fre
guezia do Pilar não se podia affixar o edital de convocação dos eleitores para a
27
50

proxima eleição senatorial , porquanto a dos Juizes de Paz daquella Freguezia se


effectuará no dia 7 deste mez, e havendo ainda me consultado si não obstante
a falta do referido edital devia o pleito realisar - se ali , ou si teria de verificar - se
no collegio dessa parochia, declaro-lhe, em resposta ao citado officio , que não
apparecendo reclamação, no devido praso (art . 216 $ 1.º do Regulamento n . 8.213
de 13 de Agosto de 1881 ), cumpre reputar bem eleitos os cidadãos suffragados
para os cargos de Juiz de Paz (aviso de 4 de Junho de 1883 ), competindo ao
primeiro, e no caso de falta, ao que se lhe seguir em votos, fazer immediata
tamente a precisa convocação.

Qualquer que seja a reducção assim feita no praso pela demora da convo
cação , proceder- se - á á eleição , cabendo ás autoridades competentes conhecer da
validade della, attendendo e apreciando a importancia da falta de cumprimento
da referida formalidade ( art . 125 do Regulamento invocado ).

Deus Guarde a Vinc. —Pedro Vicente de Azevedo .


Sr. 1. ° Juiz de Paz de Sarapuhy.

NEGOCIOS ELEITORAES

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 13 de Outubro de


1888.- Em officio de 3 do corrente mez consultou -me Vmc., com relação à prova
de renda para o alistamento eleitoral, si , na localidade onde não se tenha feito
lançamento do imposto predial e nem se haja cobrado a decima urbana, se poderá
considerar o immovel , embora comprehendido na competente demarcação , como
izento daquelle imposto.

Respondendo ao citado officio, declaro a Vmc., que a falta de averbação do


valor locativo do immovel equivale á não sujeição do imposto, para o effeito de
ser provada a renda, na conformidade do § 1. ° n . 11 do art . 1.º do decreto
n . 3.122 de 7 de Outubro de 1882 .

Deus Guarde a Vmc. — Pedro Vicente de Azevedo .

Sr. Dr. Promotor Publico da Comarca de Caconde. ( Mococa)

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 19 de Outubro de 1888.


Respondo á sua participação por officio de 4 do corrente mez , declarando a
Vmc . que, nas Comarcas Geraes, são os Juizes Municipaes os que publicam
editaes convidando os cidadãos dos seus Municipios a entregarem de 1.° a 30
de Setembro , em lugar certo , todos os dias , sem interrupção, das 10 horas da
manhã ás 4 da tarde, os requerimentos para inclusão no alistamento, observadas
as disposições do Decreto n . 8.213 de 13 de Agosto de 1881 , sem interferencia
em todo esse processo dos Presidentes das Camaras , salvo quando, por Lei ,
substituem os Juizes Municipaes e nesta qualidade exercem jurisdicção.

Deus Guarde a Vmc.-- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Juiz Municipal do Ribeirão Preto .


- 51

HOSPICIO DE ALIENADOS

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 3 de Outubro de 1888 .


Em resposta ao officio desse Thesouro n . 209 de 27 do mez findo, declaro
lhe que , na presente data , autorisei o administrador do Hospicio de Alienados
a admittir nesse estabelecimento , em consequencia do grande numero de alie
nados alli existentes e do augmento que teve o respectivo edificio, treze empre
gados , distribuidos do modo seguinte :
1 ajudante do enfermeiro.
3 guardas.
1 servente .
1 hortelão .
3 ajudantes do enfermeiro .
2 serventes .
2 lavadeiras .

Outrosim lhe communico que os vencimentos desse novo pessoal serão os


mesmos do outro , isto é , perceberão 35 $ 000 mensaes os homens e 25 $ 000 as
mulheres , correndo a competente despeza pela quota de 48 : 700 $ 000 , consignada
na verba do 8 8.º do orçamento vigente e pelo credito supplementar, a que se
refere o art . 14 da Lei n . 55 de 22 de Março ultimo, quando aquella verba es
tiver exgottada.
Deus Guarde a Vmc . - Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Inspector do Thesouro Provincial .

SECRETARIA DO GOVERNO

REQUERIMENTO DESPACHADO

Dos segundos officiaes e dos amanuenses da Secretaria do Governo , pedindo


a execução do art . 21 do Regulamento de 30 de Abril ultimo, de modo a se
rem considerados funccionarios de attribuições diversas :-Não procede a recla
mação .

O art . 21 do Regulamento de 30 de Abril de 1888 trata de cinco substi


tuições, conforme os seus cinco SS , e, no $ 3.º , que dá logar á duvida , trata
sómente da substituição do chefe de secção, a qual incumbe ao 1. • official, na
falta deste ao 2. ° e na deste ao amanuense .

E ' esta a intelligencia que deve ter o referido art . , não se hayendo esta
belecido substituição de 1.08 e 2.08 officiaes, exactamente pelo disposto no art . 15
da Lei n . 59 de 25 de Abril de 1884, que se acha de accordo com a Legisla
ção Geral.

Pelo citado Regulamento , os officiaes e os amanuenses não têm funcções


diversas , como os outros empregados , de cuja substituição cogitou o art . 21 ,
tanto que no art. 15 são ellas definidas em um mesmo paragrapho, sem distin
cção alguma quanto ao 1.º official, ou 2.º, ou amanuense .
A distincção legal entre esses empregados está unicamente na cathegoria e
nos vencimentos , sendo, no mais , todos encarregados do serviço do expediente
52

de sua secção , pelos respectivos chefes, sem attenção alguma á dita cathegoria,
como bem se evidencia dos SS 1. ° e 2.º do mesmo art . 15 , convindo notar que
este ultimo & não manda o amanuense expor as duvidas que tiver ao 2.º offi
cial e este ao 1.º , mas todos indistinctamente ao chefe da secção , o que prova
não existir a pretendida hierarchia de attribuições , que tornaria procedente a
reclamação.

Allude a representação á duvida do Thesouro Provincial : não consta á pre


sidencia que ella se tenha dado, mas sendo provavel que assim aconteça, em
virtude da redacção do $ 3.º do art . 21 , entendido litteralmente, dê - se conheci
mento ao mesmo Thesouro desta intelligencia , que deve ser a do mencionado $ ,
inteiramente de accôrdo com o espirito do Regulamento de que se trata e a Legis
lação vigente .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 12 de Junho de 1888.


Francisco Antonio Dutra Rodrigues .

SAUDE PUBLICA

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 9 de Agosto de 1888 .


Remetto a Vmc. o incluso officio em que o Dr. Inspector de hygiene pede
que se contracte por tres annos e na razão de 70 $ 000 mensaes um predio , si
tuado na rua Bella Cintra e pertencente a João Gomes de Castro , para servir
de hospital de isolamento e contagiados, afim de que essa Directoria examine e
orce as despezas necessarias com a montagem do estabelecimento, de que se
trata, nos termos do art. 1. ° § 1.° ( a) das instrucções de 20 de Abril do cor
rente anno e dos arts . 24 e 25 do regimento approvado por acto de 20 de
Directoria emitti
Junho, tambem deste anno. - Além disto , essa Directoria rá parecer, na
emittirá
parte economica, sobre a preferencia da litteral execução do § 1º do art. 1.º da
Lei n . 29 de 16 de Março ultimo, que autorisa a conversão do lazareto da ca
pital, de accôrdo com a camara , em hospital permanente de isolamento e de
contagiados , com repartimentos separados, para os enfermos de molestias conta
giosas e pestilenciaes.
Deus Guarde a Vmc. - Pedro Vicente de Azevedo .

Sr. Dr. Director de obras publicas.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 11 de Agosto de 1888 .


Para poder attender ao Dr. Inspector de hygiene, que em officio de 2 do
corrente mez , se propõe a contractar com o pharmaceutico José Eduardo de
Macedo Soares, o serviço das analyses qualitativas e quantitativas exigidas pela
repartição a seu cargo, mediante o pagamento de cem mil réis ( 100 $ 000) men
saes, recommendo a Vmc. que apresente as bases com que pode ser autorisado
o contracto pretendido, informando si não ha conveniencia e possibilidade cm
se comprehenderem nella tambem as analyses chimicas, requisitadas pela policia,
independente do pagamento ao chimico e á Inspectoria como exigem os arts. 53
e 54 do regimento interno dos estabelecimentos de hygiene provincial, appro
vado por acto de 20 de Junho ultimo .

Outrosim , tratando - se da execução da Lei n . 29 de 16 de Março e marcando


esta o maximo de 25 : 000 $ 000 para todas as despezas nella autorisadas, tirando -se
53

essa quantia do serviço de immigração , convém que esse Thesouro organise uma
tabella especificada da distribuição da quota para cada ordem de serviços a
attender , na conformidade da mesma Lei ; a saber :
a) hospital de isolamento e contagiados ;
b) instituto vaccinogenico ;

c) laboratorios de analyses chimicas ;


d ) prophylaxia e hygiene da hospedaria de immigrantes ;
e ) gratificação do Inspector de hygiene e de outros empregados geraes
dessa repartição ( art . 2. ° da lei ) ;
f) melhor accommodação da mesma repartição , pessoal, material neces
sario para o asseio, desinfecção, etc. ( art . 3. ° )
Isto para que não aconteça apparecer excessos de despezas que a Lei não
consente, ou preterição de uma das ordens de serviços por qualquer das outras.
Finalmente , contemplará Vmc., sob a rubrica da tabella em que couber , as
despezas já autorisadas por motivo da citada Lei n . 29 .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Inspector do Thesouro.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 28 de Agosto de 1888 .


Sem prejuizo do que lhe foi recommendado a 11 do corrente mez , atten
dendo ao que me representa, por officio de 8 , sob 2. 1418 , o Dr. Inspector de
hygiene, e em cumprimento da Lei n . 29 de 16 de Março deste anno, art. 3. ° ,
autoriso Vinc . a contractar pelo exercicio financeiro corrente , com a faculdade de
prorogação , caso a Assembléa Legislativa consigne, de novo, quota para este ser
viço , o predio n . 25 , situado á rui Direita , de propriedade do Bicharel José
Candido de Azevedo Marques, com destino a ser nelle accommodada a repar
tição geral de hygiene , a razão de 220 $ 000 mensaes , que serão tirados do cre
dito aberto nas despezas de immigração pelo art . 4. ° da citada lei , descontando
Vmc. na gratificação annual do Dr. Inspector 130 $ 000 mensaes , conforme este
propôz no seu officio de 28 de Maio ultimo, sob n . 1140 , para que o mesmo
predio lhe sirva de moradia com sua familia , por ser essa a quantia que paga
actualmente pela casa em que reside .
Outrosim , declaro a Vmc . , de accórdo com o seu officio de 11 de Maio,
sob n . 605 , que as gratificações que a Lei concedeu aos empregados geraes de
hygiene , deverão ser pagas á vista do titulo nas condições que Vmc. indica ,
sendo o effectivo exercicio dos membros da repartição , a que se refere o art . 2. °
da citada Lei , attestado pelo Dr. Inspector .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Inspector do Thesouro provincial .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 28 de Agosto de 1888 .


Em resposta ao officio de Vmc . de 8 do corrente , sob n . 1418 , declaro-lhe
que, nesta data , autoriso o Thesouro Provincial a contractar, pelo exercicio
financeiro corrente , com a faculdade de prorogação, caso a Assembléa Legislativa
consigne, do novo , quota para este serviço, o predio n . 25 , situado á rua Di
54

reita , de propriedade do Bacharel José Candido de Azevedo Marques, com des


tino a ser nelle accommodada a repartição geral de hygiene, á razão de 220 $ 000
mensaes , sendo descontado na gratificação annual de Vmc . 130 $ 000 tambem
mensaes , como propôz no seu officio de 28 de Maio ultimo, sob n . 1140 , com
direito a lhe servir o mesmo predio de moradia propria e da familia , por ser
essa , como declara , a quantia que actualmente paga pela casa em que reside .
Quanto ás ordens que Vmc. solicita para despezas no predio, com concertos
e preparos necessarios de montagem , não só da repartiçao, como do instituto
vaccinogenico , serão dadas depois de orçado este serviço , e nesse sentido me dirijo,
ainda nesta mesma data , á Directoria Geral de obras publicas, como competente
para leval- o a effeito, nos termos e pela fórma do Regulamento de 19 de De
zembro de 1884 , sendo que, por igual motivo, tambem não posso desde já de
liberar quanto ao aluguel da casa que Vinc . escolheu para hospital permanente
de isolamento e de contagiados, por depender das informações exigidas daquella
repartição , por portaria de 9 do corrente mez .

Recebidos os orçamentos e parecer, serão autorisadas as despezas reclamadas


por Vmc., desde que estejam comprehendidas na Lei , e resolvido si convém a
creação , separada, do referido hospital , ou a conversão do lazareto, como deter
mina o § 1.º do art . 1.º da Lei n . 29 de 16 de Março deste anno .
Deus Guarde a Vmc . ---Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Inspector de hygiene .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 28 de Agosto de 1888 .

Para satisfazer a requisição do Dr. Inspector de hygiene , em officio de 8


do corrente mez , sob n . 1418 , sirva - se Vmc. fazer orçar , de accórdo com aquelle
funccionario , as obras de que carece o predio n . 25 , á rua Direita , para melhor
accommodação da repartição geral de hygiene e montagem de um estabeleci
mento vaccinogenico para a cultura e distribuição da vaccina animal, sem pre
juizo de reserva de parte do predio para moradia do mesmo Dr. Inspector e
sua familia.

Outrosim , recommendo- lhe que apresse o parecer e orçamentos que lhe foram
exigidos por portaria de 9 do corrente mez , relativamente ao hospital de isola
mento e contagiados .
Deus Guarde a Vmc. — Pedro Vicente de Azevedo.
Sr. Dr. Director Geral de obras publicas .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 18 de Setembro de 1888 .


Em resposta ao officio de Vmc. de 13 do corrente mez , a que accompanhou
a copia do contracto de arrendamento da casa , pertencente ao Dr. José Candido
de Azevedo Marques e onde vae funccionar a Inspectoria de hygiene , declaro - lhe
que approyo esse contracto , não devendo elle alterar a distribuição da quota vo
tada para os serviços a cargo daquella repartição, e convindo que Vmc . satis
faça com promptidão a portaria desta presidencia de 11 de Agosto ultimo, afim
de serem devidamente reguladas as requisições da Inspectoria, quanto ás des
pezas .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Inspector do Thesouro Provincial .


- 55

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 20 de Setembro de 1888 .


Em resposta ao officio de V. S. de 17 do corrente a que accompanhou a de
monstração do estado dos creditos da verba --- soccorros publicos —do exercicio
actual , que por copia é na presente data remettida ao Ministerio do Imperio, do
qual solicito novo auxilio , declaro -lhe que os pagamentos , a que se refere o ci
tado officio de V. S. devem ser feitos nos termos das autorisações dadas pela Pre
sidencia e quando se trate de auxilios concedidos ás camaras para soccorros pu
blicos , a estas directamente terão de ser feitos os alludidos pagamentos, por isso
que são as que applicam taes auxilios sob sua responsabilidade prestando contas
á Presidencia, o que aliás não exclue o exame dessa Thesouraria .

Quando, porém , em vez de simples auxilios , são montadas estabelecimentos


e fazem -se adiantamentos ou contractos, sendo nomeado o pessoal encarregado da
direcção do serviço , pelo mesmo motivo de soccorros publicos , a fiscalisação dessa
Thesouraria torna-se mais directa e maior, para que as contas não sejam aceitas
sem a devida exactidão e estejam de accordo com as ordens da Presidencia , con
vindo serem fielmente observados os termos em que são dadas essas ordens e as
cautelas nas mesmas estabelecidas .

Deus guarde a V. S. - Pedro Vicente de Azevedo.


Sr. Inspector da Thesouraria de Fazenda .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 9 de Outubro de 1888 .


As informações prestadas por Vmes . em officio de 29 de Setembro ultimo,
sob n . 233 , em resposta á portaria de 11 de Agosto , tendente a regular o modo
de tirar do serviço de immigração os 25 : 000 $ 000 rs . que a Lei n . 29 de 16 de
Março deste anno mandou despender com a repartição geral de hygiene, pre
cisam de ser completadas, organisando - se uma tabella taxativa da distribuição da
quota para cada um dos serviços a attender se e abrindo-se uma escripturação
especial, de modo a evitar-se excessos de despezas , afim de não serem contrariadas
as disposições fiscaes, conforme recommendou a Vmcs. a portaria de 2 de Junho .
E por esta forma , pondo de accôrdo com a citada portaria de 11 de Agosto
o officio do dr . Inspector de hygiene de 28 de Maio , fica assim distribuida a
quantia votada :
a ) para hospital de isolamento dos contagiados 6 : 000 $ 000

b ) para o instituto vaccinogenico 3 : 000 $ 000

c ) para laboratorio de analyses chimicas 2 : 000 $000

d ) para prophylaxia e hygiene da hospedaria de immigrantes 2 : 000 $ 000


e) para gratificação do Inspector de hygiene e dos outros em
pregados geraes dessa Repartição ( art . 2. ° da lei ) 6 : 000 $ 000
f para melhor accommodação da mesma repartição , pessoal ,
material necessario para o aceio , desinfecções etc. (art. 3. °) 6 : 000 $ 000

25 : 000 $ 000

Sob a rubrica d'esta tabella , em que couber, Vmc . fará escripturar as despe
zas já autorisadas, convindo que faça -me conhecedor de sua importancia e na
tureza , devendo ter o maior cuidado não só para que não seja excedida esta quota ,
assim discriminada , como tambem para que se observe fielmente a distribuição,
56

correndo cada serviço por conta da verba propria , sem que seja licito applicar as
sobras que se derem em umas rubricas para outras em que houver falta, salvo
ordem expressa desta presidencia , depois de demonstrada a necessidade de assim
proceder- se , porquanto, tendo a Lei estabelecido diversas ordens de serviços , é mis
ter attende-los com a maxima igualdade , de modo que uns não sejam prejudi
cados por outros.
A tabella de gratificações, bem como a do augmento do pessoal, serão pos
tas em execução, depois de approvadas, de accôrdo com esta portaria e mais ins
trucções regulamentares .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Inspector do Thesouro Provincial.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 9 de Outubro de 1888 .

Para poder approvar o contracto proposto pela Inspectoria de hygiene com


o chimico pharmaceutico dr . Manuel Theodoro de Macedo Soares, que maiores
vantagens offerece para as analyses chimicas quantitativas e qualitativas que fo
rem exigidas, mediante a gratificação de cem mil réis mensaes, fazendo as ana
lyses no seu proprio laboratorio e inteiramente a expensas suas, sirva-se informar
me, em complemento do seu officio de 29 de Setembro findo, sob n . 222 , si está
intacta a rubrica C da tabella especificada, na portaria desta data ; das despe
zas provincia es de hygiene , ou quanto na mesma rubrica se acha escripturado por
despezas feitas ou autorisadas.
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Inspector de Thezouro Provincial .

ALISTAMENTO MILITAR

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 16 de Julho de 1888 .

Respondendo ao officio que Vmc . me dirigiu com data de 10 do corrente ,


no qual consulta si devem ser incluidos no alistamento militar os libertos pela
Lei de 13 de Maio deste anno , declaro - lhe que, sendo elles nascidos no Imperio
e estando no goso do direito commum em virtude dessa Lei , uma vez que te
nham a idade exigida pelo Regulamento de 27 de Fevereiro de 1875 e não te
nham isenções, devem ser incluidos no referido alistamento .

Deus Guarde a Vmc. — Pedro Vicente de Azevedo.


Sr. 1. ° Juiz de Paz da Parochia de S. José do Barreiro .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 17 de Julho de 1888 .


Em referencia ao que me solicitou o Juiz de Paz dessa Parochia , em officio
de 7 do corrente mez , declaro- lhe que, na conformidade do Aviso n . 304 de 27
de Julho de 1875 , deve V. Roma . ministrar gratuitamente as informações e do
cumentos que lhe forem requisitados pelas respectivas juntas do alistamento mi
litar para o conveniente andamento dos seus trabalhos, ficando, porém , salvos os
direitos parochiaes pelas certidões que as partes requerem para fundamentar suas
reclamações, visto que taes direitos têm uma existencia peculiar, e não estão
-- 57

comprehendidos nas disposições do art . 139 do Regulamento para o serviço do


exercito e armada .
Deus Guarde a V. Ryma.- Pedro Vicente de Azevedo .

Sr. Vigario da Parochia de Lorena .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 6 de Agosto de 1888 .


Em referencia ao seu officio de 1.º do corrente mez , no qual me commu
nica não se ter podido reunir a junta do alistamenro militar dessa parochia, por
haver fallecido o respectivo Escrivão, declaro a Vmc . que , na falta do Escrivão,
deve a junta nomear um cidadão idoneo para servir de Secretario , prestando
juramento nas mãos do presidente , conforme dispõe o § 2.º do art. 11 do Re
gulamento de 27 de Fevereiro de 1875 .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo .

Sr. 1. ° Juiz de Paz da Parochia do Patrocinio de Santa Izabel .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 27 de Agosto de 1888 .

Em solução ao seu officio de 15 do corrente mez , no qual me consulta si


no alistamento militar , a que se tem de proceder no dia 1.° de Setembro vin
douro, devem apenas ser qualificados os cidadãos que o deixaram de ser no anno
anterior , os que attingiram a idade exigida pelo regulamento de 27 de Feve
reiro de 1875 e os que perderam as isenções legaes, ou se deve proceder a um
alistamento geral, declaro a Vmc. que, dispondo as ordens em vigor que devem
ser alistados todos os cidadãos nas condições do art . 9.0 S 2.º do citado regu
lamento, e sendo esse trabalho uma revisão do anterior, afim de se verificar quaes
os cidadãos que devem ser incluidos, e quaes os eliminados , deve a junta sob
sua presidencia proceder ao alistamento geral , conforme recommenda o art. 8.0
do alludido regulamento .

Deus Guarde a Vmc . — Pedro Vicente de Azevedo .


Sr. 1. ° Juiz de Paz da Parochia de S. Miguel Archanjo .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 4 de Setembro de 1888 .

Em resposta ao seu officio de 1.º do corrente mez , no qual me communica


não se ter podido installar a junta do alistamento militar dessa parochia por
falta do parocho, declaro a Vmc. que, para a organisação da junta , na falta ou
impedimento do mesmo parocho, quando elle é estrangeiro e não ha na paro
chia sacerdote brazileiro, deve ser convocado o 1.º eleitor para substituil-o, se
gundo a ordem numerica da relação, e no impedimento deste , os que se lhe
seguirem , observando-se sempre a mesma ordem . Para a realisação dos traba
lhos do referido alistamento designo novamente o dia 15 de Outubro vindouro,
cumprindo-lhe proceder de modo que sejam guardadas as formalidades da lei .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.
Sr. 1. ° Juiz de Paz da Parochia de Atibaia .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 14 de Setembro de 1888 .

Em solução á consulta feita em officio de 1.º do corrente mez, sobre si


deve Vmc . , na qualidade de presidente da Camara Municipal , juramentar sup
plentes dos Juizes de Paz dessa parochia para presidirem aos trabalhos do alis
28
- 58

tamento militar, visto não terem estes comparecido afim de installarem a res
pectiva junta , declaro -lhe que , sendo os 4 Juizes de Paz do quatriennio supplentes
uns dos outros e estando elles devidamente juramentados , á vista do dis
posto nos arts . 4.º da lei de 15 de Outubro de 1827 , e 6.º das Instrucções de
13 de Dezembro de 1832 , não podem ser chamados supplentes para prestar ju
ramento, cumprindo - lhe , entretanto, fazer effectivo o recommendado nas disposições
já citadas.

Outrosim , que na presente occasião providencio no sentido de serem aquelles


trabalhos realisados no dia 25 de Outubro proximo vindouro .
Deus Guarde a Vinc.-- Pedro Vicente de Azevedo.
Sr. Subdelegado de Policia da Villa da Bocaina.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 22 de Setembro de 1888 .


Em referencia ao seu officio de 8 do corrente mez , no qual me communica
não se ter realisado o serviço do alistamento militar dessa parochia , visto como ,
tendo sido passada a Vmc . a jurisdicção de Juiz de Paz , na qualidade de 3.º do qua
triennio , por impedimento dos do 1. ° e 2. " , deixou de installar a Junta por ter
sido convocado para substituir ao parocho, declaro -lhe que não procedeu regu
larmente , porquanto, sendo os quatro Juizes de Paz do quatriennio supplentes
uns dos outros , cumpria -lhe naquelle caso organisar a Junta e proceder aos tra
balhos do alistamento. Quanto á substituição do parocho, faço - lhe sentir que,
á vista das ordens em vigor , na falta ou impedimento do mesmo, ou quando
elle é estrangeiro e não ha na parochia sacerdote brazileiro, deve ser convocado
o 1.º eleitor para substituil -o , segundo a ordem numerica da relação, e no im
pedimento deste , os que se lhe seguirem , observando -se sempre a mesma ordem .
Para a realisação dos referidos trabalhos designo novamente o dia 30 de Outubro
proximo vindouro, cumprindo- lhe presidil-os, si ainda continuar o impedimento
dos 1. ° e 2. ° Juizes de Paz , com observancia das formalidades da Lei .
Deus Guarde a Vmc. Pedro Vicente de Azevedo .

Sr. 3. ° Juiz de Paz da parochia de Itaquery.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 1.º de Outubro de 1888 .


Sciente , pelo seu officio de 24 do corrente , dos inotivos que actuaram para
a não realisação dos trabalhos de alistamento militar dessa parochia, designo
o dia 12 de Novembro vindouro para novamente reunir- se a respectiva Junta
e proceder - se aos seus trabalhos, guardadas as formalidades legaes . — Quanto
á Lei , regulamento e formularios que estabelecem o modo e condições do alis
tamento , não existindo elles na Secretaria desta Presidencia , deverá Vmc . recorrer
á legislação geral, onde no 1.º volume da collecção de 1874 , pagina 64 , se en
contra a Lei, e no 1.º da de 1875 , pagina 167 , o respectivo regulamento.
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. 1. ° Juiz de Paz da parochia do Senhor Bom Jesus do Pilar .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 16 de Outubro de 1888 .

Em solução ao officio de Vmcs . datado de 20 do mez findo, no qual me


communicam não terem podido concluir os trabalhos do alistamento militar dessa
parochia , por haver o respectivo vigario, que fazia parte da Junta , se ausentado ,
declaro -lhes que , na falta ou impedimento do parocho, deve elle ser substituido
59

por um sacerdote brazileiro residente na parochia, preferindo-se, sempre que não


houver inconveniente, aquelle que tiver mais antiga residencia . Si , porém , não
existir na parochia outro sacerdote e não houver na mesma eleitores, será con
vocado um cidadão da parochia visinha, qualificado votante , nos termos da Lei
eleitoral vigente , observando - se a ordem numerica do alistamento eleitoral , con
forme se acha explicado nos avisos do Ministerio dos Negocios da Guerra de 4
de Setembro de 1875 , 28 de Julho do anno passado e circular de 13 de Julho
de 1881. Para a realisação dos trabalhos do mesmo alistamento fica designado
o dia 26 de Novembro vindouro, procedendo ás devidas convocações, na fórma
da Lei .

Deus Guarde a Vmcs.- Pedro Vicente de Azevedo .

Srs . Presidente e mais membros da Junta do alistamento militar da parochia


de S. José do Rio Preto .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 15 de Novembro de 1888 .

Em solução á sua consulta feita em officio de 8 do corrente mez sobre si ,


estando a parochia do Piquete canonicamente provida , mas não tendo juizes de
paz eleitos, deve a junta do alistamento militar dessa parochia tomar conhe
cimento das reclamações dos cidadãos alistados nos quarteirões pertencentes
á dita freguezia, declaro a Vmc . que , dispondo o Aviso do Ministerio dos Ne
gocios da Guerra de 30 de Julho de 1875, que na freguezia onde não houver
juizes de paz eleitos , seja a Junta presidida pelo 2.º juiz de paz da freguezia
mais proxima , e caso haja impedimento tanto deste como do do 1.º anno , seja,
na conformidade do Regulamento de 27 de Fevereiro do referido anno , a Junta
da freguezia provida presidida pelo 3.º juiz de paz e a outra pelo 4.º , cumpre -lhe,
em relação ao alistamento da alludida freguezia do Piquete, proceder de modo
que sejam observadas as disposições do citado Ayiso .

Deus Guarde a Vmc.-- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. 4. ° Juiz de Paz da parochia de Lorena.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 10 de Dezembro de 1888 .


Em solução ao seu officio de 1.º do corrente mez, no qual me consulta si ,
tendo - se reunido a Junta Revisora do alistamento militar dessa Comarca no praso
marcado no artigo 27 do Regulamento de 27 de Fevereiro de 1875 , e havendo
sido suspensos os respectivos trabalhos, por ter deixado de comparecer o Delegado
de Policia , que faltou ás sessões da Junta desde o dia 17 até 29 do mez findo,
dia este em que foram de novo recomeçados os mesmos trabalhos, com a pre
sença da mencionada autoridade, deve a Junta celebrar tantas sessões quantas
sejam mister para completar o numero de 30 dias de que trata o citado artigo 27
do Regulamento, declaro a Vmc. que dispondo o Aviso do Ministerio dos Ne
gocios da Guerra, de 22 de Dezembro daquelle anno , que na forma do disposto
no artigo 36 , e n . 1 do referido Regulamento, cumpre ás Juntas Revisoras pro
videnciarem de modo a serem preenchidas todas as faltas que forem encontradas
110 correr de seus trabalhos, e exigirem das parochias o cumprimento do artigo 24
do dito Regulamento , podendo , outrosim , prorogar os mesmos trabalhos pelo tempo
que fôr sufficiente para tomar conhecimento dos alistamentos e mais papeis re
60

cebidos nos ultimos dias de reunião , visto que do alludido artigo 27 do Regu
lamento se deduz que as sessões das Juntas Revisoras podem durar mais de 30
dias , sendo preciso , deve Vmc . proceder nos termos do mesmo Aviso .
Deus Guarde a Vmc.-- Pedro Vicente de Azevedo.
Sr. Juiz de Direito da comarca de S. José dos Campos .

IMMIGRAÇÃO

O Presidente da Provincia , para execução dos arts . 3. ° e 4. ° SS 1. ° e 2.º da


Lei n.º 1 do 3 de Fevereiro deste anno , manda que se observe o seguinte :

REGULAMENTO .

Art . 1.º_Os immigrantes espontaneos , constituindo familia , com destino


unicamente ao serviço da lavoura , tendo dado entrada na Hospedaria Provincial
do dia 8 de Maio ultimo em diante, receberão o auxilio provincial na seguinte
proporção :
Pelos maiores 709000
Pelos de 7 a 12 annos 35 $ 000
Pelos do 3 a 7 annos . 17 $ 500
§ Unico . A este auxilio só tem direito os casaes com ou sem filhos, seus
ascendentes e descendentes ; paes com seus filhos, conjuges que vierem reunir-se
aos seus conjuges, e menores que vierem reunir - se a seus ascendentes já
residentes na provincia .

Art . 2.0 - Os immigrantes constituindo familia , introduzidos pelo Governo


Geral , com destino tambem ao serviço da lavoura nesta Provincia, receberão
nas mesmas condições do artigo antecedente , somente o auxilio correspondente
á differença entre o que paga aquelle Governo e o concedido pela Provincia .
§ Unico Esta differença será calculada ao cambio maximo de 400 réis por
franco .

Art. 3. ° -Os immigrantes a quem se referem os dois artigos antecedentes,


sómente receberão nas estações arrecadadoras do districto fiscal, para onde se des
tinarem , o auxilio que lhes competir, provando sua localisação nos estabelecimen
tos agricolas, por mais de 30 dias .
Art . 4.0—0 pagamento realisar- se - á , por ordem
do Presidente da Provincia
depois de sessenta dias contados da data da entrada dos immigrantes na hospe
daria provincial.

$ Unico . Si os immigrantes, nos termos das Leis n . 83 e 96 de Abril de


1887 , vierem pelo Rio de Janeiro e forem destinados directamento a nucleos co
loniaes , ou estabelecimentos agricolas particulares, som transitarem pela Capital,
procederão de accordo com o disposto nos SS 1. ° e 2.º do art . 29 do la
mento de 30 de Agosto de 1887 , dirigindo suas petições ao Governo, e reali
zando - se o pagamento 60 dias depois da matricula na Hospedaria Provincial.
Art . 5.0—Para que seja effectivamente prestado aos immigrantes o auxilio
provincial , a que tiverem direito , é essencial que elles observem as seguintes
prescripções :

$ 1.º Darem entrada na Hospedaria Provincial no dia da chegada a esta


Capital , entregando nesta occasião ao empregado da Hospedaria , encarregado de
- 61

recebel - os, os passaportes e mais documentos que provem as relações de paren


tesco , devidamente legalisados pela autoridade consular brazileira de qualquer
porto europeo ou das ilhas da Madeira , Açores ou Canarias , donde proce
derem .

$ 2.0 Responderem á chamada que deve ser feita perante um empregado


fiscal do Governo, para a necessaria verificação da identidade de pessoa e si as
pessốas da familia , declaradas nos passaportes , a acompanharam .

§ 3. Devem conservar- se na Hospedaria , sujeitando -se a todas as prescripções


do regulamento interno della , contractando-se ahi com o proprietario de algum
estabelecimento agricola ou tomando destino para qualquer nucleo colonial , Geral
ou Provincial.

§ 4. ° Solicitarem de vespera e á hora estabelecida, passagem e transporte

gratuito a que tem direito , nas vias ferreas ou fluviaos, apresentando declara
ção escripta do ponto de destino e do nome do patrão , si destinarem - se a esta
belecimentos agricolas particulares .

$ 5.0 Será de oito dias o tempo maximo de estada na Hospedaria, salvo


motivo de força maior, não sendo , entretanto, permittida a permanencia alli aos
immigrantes que antes deste praso tiverem encontrado collocação conveniente, a
juizo da administração.
Art . 6.0—0) administrador da Hospedaria com o empregado Fiscal do Go
verno , examinando os documentos apresentados nos termos do § 1.º do artigo
antecedente, procederão á matricula , na qual mencionarão :
$ 1. ° Nome, idade e estado do chefe de familia .

§ 2. ° Nomes , idades e estados dos mais membros que compõem a familia,


e suas relações de parentesco .
$ 3.º A profissão que têm , se são agricultores , jornaleiros, oleiros car
pinteiros , pedreiros ou machinistas, unicas profissões uteis á lavoura .
Art . 7.0.-- Feita a matricula com as condições do artigo antecedente e
estipulado o auxilio a pagar , de accordo com o art . 1.º , lançarào no passaporte, a
verba da importancia desse auxilio , a qual será assignada pelo empregado
fiscal.

Art . 8. ° -No dia anterior ao da partida do immigrante com sua familia

para o destino que tiver , e notado este no liyro de matricula, ser-lhe -á entregue
o passaporte , junctamente com uma guia assignada pelo administrador da Hospe
daria e rubricada pelo Fiscal da Immigração , da qual conste :
1.° 0 municipio do destino, o nome do estabelecimento agricola e do res
pectivo proprietario, quando o estabelecimento for particular .
2. ° A Estação de arrecadação provincial onde deve receber o auxilio .
3.0 A data da entrada na Hospedaria Provincial e , si fôr possivel o nome
do vapor que o conduzio ,
4. ° O nome do chefe de familia e dos demais membros que a compoem
mencionando - se o auxilio correspondente a cada um e a importancia total a
receber .

Art . 9.º - Ao passaporte e guia, nos termos dos artigos antecedentes , jun
tarão - attestado do dono do estabelecimento agricola ou do director do nucleo
-do qual conste que o immigrante com sua familia se acham localisados a
62

mais de trinta dias no estabelecimento agricola ou nucleo colonial, e bem assim


outro attestado do Juiz de Paz do Districto ou do Presidente da Camara Muni

cipal declarando tambem que , com effeito , a pessốa attestante tem estabelecimento
agricola , e a natureza deste.

Sómente em vista desses documentos poderá o Thesouro Provincial re


quisitar do Presidente da Provincia autorisação para mandar pagar o auxilio na
Estação arrecadadora do districto fiscal, sessenta dias depois da entrada na Hos
pedaria provincial .
$ 1. ° Os attestados deverão ter a firma reconhecida por Tabellião ou Escri
vão de paz , na falta daquelle.
§ 2. ° O pagamento sómente poderá ser feito ao chefe de familia, a seus
herdeiros no caso de fallecimento delle , ou unicamente ao proprietario do esta
belecimento agricola e director do nucleo colonial , em vista de autorisação legal,
por escripto, do immigrante ; não sendo acceitos outros intermediarios para o
recebimento do auxilio .

Art . 10— Trinta dias depois da entrada dos immigrantes na Hospedaria


Provincial , serão impreterivelmente remettidas ao Thesouro Provincial listas par
ciaes , contendo a declaração das circumstancias constantes das guias, numero
dellas e os districtos fiscaes por onde tenham de ser pagos os immigrantes.

Art . 11.- Estas listas , assignadas pelo administrador da Hospedaria e ru


bricadas pelo Fiscal da Immigração, depois de conferidas pelo Thesouro com a
lista geral da entrada , e ordenado pelo Governo o pagamento, serão remettidas
ás Estações fiscaes para que o realisem no devido tempo.
Art . 12. –Os attestados a que se refere o art . 9.º , depois de examinados
pelos chefes das Estações fiscaes, serão juntos ás guias e com estas remettidos
ao Thesouro, com os respectivos balancetes, aos quaes tambem serão juntas as au
torisações dos immigrantes para o recebimento, si as houver.
Art . 13. — Aos immigrantes e familias, destinados a qualquer estabelecimento
agricola ou nucleo colonial para onde tenham sido dirigidos pela administração
da Hospedaria Provincial e que houverem , antes do praso de trinta dias , mudado
para outro estabelecimento , contar- se - á o praso de trinta dias de localisação
no novo estabelecimento ; devendo não obstante o attestado do novo patrão
conter a declaração dessa mudança para ser confrontada com a guia.

Art . 14 .--Os immigrantes empregados no serviço da lavoura , localisados em


estabelecimentos agricolas ou nucleos coloniaes, e entrados na Hospedaria Pro
vincial , do dia 8 de Maio ultimo até a publicação deste regulamento, para ha
yerem o auxilio a que tiverem direito, deverão requerer ao Governo, juntando
á sua petição :

1. ° 0 passaporte devidamente visado pela Hospedaria Provincial .


2. ° Attestado passado pelo administrador da Hospedaria , com referencia ao
livro da matricula , do qual constem todas as circumstancias em relação ao
dia da entrada, os nomes , idades, estados , profissões e relações de parentesco do
chefe e mais membros da familia e o municipio para onde obtiveram o trans
porte .
3.º Attestado do dono do estabelecimento agricola ou director do nucleo
colonial do qual conste o dia em que o immigrante
com sua familia localisa
ram - se no estabelecimento agricola ou nucleo colonial e que nelle ainda continuam .
63

4. ° Attestado do Juiz de Paz ou do Presidente da Camara Municipal, dos


respectivos districtos ou municipios , contendo as especificações do art . 9. °

§ Unico . Estes attestados deverão ter as formalidades do § 1.º do citado


art . 9.0

Art . 15 — Reconhecido pelo Presidente da Provincia o direito do immigrante


ao pagamento do auxilio , será este ordenado pelo Thesouro Provincial á Estação
fiscal do districto onde estiver localisado .

Contar -se-á o praso de trinta dias para o pagamento , da data em


§ Unico .
que este for autorisado pelo Presidente da Provincia .
Art . 16–0s immigrantes que deixarem de procurar o auxilio provincial
noventa dias depois de decorrido o prazo marcado nos artigos 4.°, 13 e 15
§ unico , perderão o direito ao dito auxilio .

§ Unico . Na mesma pena incorrerão tanto os immigrantes, de que trata o


art . 14, como os entrados na Hospedaria Provincial antes da Lei n.º 1 de 3 de
Fevereiro deste anno , si dentro de quatro mezes , contados da data deste Regu
lamento não se habilitarem para receber o mesmo auxilio .
Art . 17 .-- Consideram - se immigrantes espontaneos , para os effeitos da Lei
n.º 1 de 13 de Feyereiro deste anno e do presente Regulamento, aquelles que
vêm para a Provincia , pagando a passagem de mar á sua propria custa ou
ainda os que , sendo introduzidos por conta de contracto com o Governo Geral ,
embarcam pagando a passagem reduzida em vista deste contracto .
Os demais immigrantes introduzidos por conta da Sociedade Promotora e
que obtiveram passagem gratis, nenhum direito tem ao auxilio que é pago á
mesma Sociedade, como indemnisação das passagens por ella pagas .

Art . 18 —São considerados estabelecimentos agricolas , para os effeitos deste


Regulamento , os sitios ou fazendas de café , algodão, canna , cereaes, yinhas e
outras culturas, inclusive as de grandes chacaras, fora dos limites urbanos das
cidades e villas , com tanto que constituam lavouras propriamente ditas .
Art . 19 - Os immigrantes que , tendo dado entrada na Hospedaria Provin
cial do dia 8 de Maio ultimo em diante , embora constituindo familia, não loca
lisarem - se no serviço da lavoura ou cuja profissão, constante dos passaportes e
mais documentos , não interesse á mesma lavoura , a juizo da Sociedade Promo
tora e do Presidente da Provincia , não terão direito ao pagamento de auxilio
algum pecuniario e apenas á hospedagem e transporte nas vias ferreas e fluviaes,
gratuitamente, para a localidade de seus destinos.

Art . 20— Continua em vigor o Regulamento de 30 de Agosto de 1887 na


parte que não foi alterado por este , ou pela Lei n . 1 de 3 de Fevereiro do cor
rente , sendo revogadas todas as disposições em contrario .
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 27 de Julho de 1888.
Pedro Vicente de Azevedo.

POSTURAS MUNICIPAES

O Presidente da Provincia , considerando que as posturas municipaes da


villa de Santo Amaro , remettidas pela Assembléa Legislativa Provincial para o
fim de serem publicadas , contém nos seus arts . 42 , 84 , 85 e 103 , disposições
64

que affectam a Lei Geral de 1.º de Outubro de 1828 , visto que decretam penas
de multa e prisão superiores á alçada desta Lei , art . 72 , resolve , nos termos
das attribuições que lhe competem pelo art. 24 $ 3.º do Acto Addicional e
art . 5. ° 1.º da Lei n . 40 de 3 de Outubro de 1834 , sustar a publicação das
referidas posturas, até nova resolução da mesma Assembléa, a quem serão de
volvidas para os effeitos legaes .
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 12 de Julho de 1888.- Pedro
Vicente de Azevedo.

O Presidente da Provincia , attendendo que as posturas Municipaes de Ca


nanéa , remettidas pela Assembléa Legislativa Provincial para o fim de serem
publicadas, em seu art. 69 contém disposição em contrario ao art . 84 da Lei
n. 3140 , de 30 de Outubro de 1882 , que isentou de todo e qualquer imposto
as cartas de naturalisação visto que decreta e torna obrigatorio o registro das
mesmas cartas na respectiya Camara, mediante o pagamento de 12 $ 800 , resolve,
nos termos das attribuições que lhe competem pelo art . 24 $ 3.º do Acto
Addicional e art. 5. ° § 1.º da Lei n . 40 de 3 de Outubro de 1834 , sustar a
publicação das referidas posturas, até nova resolução da dita Assembléa, a quem
serão devolvidas para os effeitos legaes .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 18 de Julho de 1888.—Pedro


Vicente de Azevedo.

O Presidente da Provincia , considerando que as posturas da Camara Muni


cipal de Caçapava, remettidas pela Assembléa Legislativa Provincial para o fim
de serem publicadas, contém no art. 6.0 e n . 1 do $ 3.º do art. 11 disposições
que affectam a Lei Geral de 1.º de Outubro de 1828, visto que decretam penas
de multa superiores á alçada desta Lei , art. 72 , resolve, nos termos das attri
buições que lhe competem pelo art . 24 S 3.º do Acto Addicional e art. 5.0
$ 1.º da Lei n . 40 de 3 de Outubro de 1834 , sustar a publicação das referidas
posturas, até nora resolução da mesma Assembléa, a quem serão devolvidas para
os cffeitos legacs.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 18 de Agosto de 1888.- Pedro


Vicente de Arcvedo.

O Presidente da Provincia, considerando que as posturas da Camara Muni


cipal da Villa do Espirito Santo da Boa Vista , remettidas pela Assembléa Le
gislativa Provincial para o fim de serem publicadas, contém no art . 110 dis
posições que affectam a Lei Geral de 1. ° de Outubro de 1828 , visto que de
cretam penas de multa superiores á alçada desta Lei, art . 72 , resolve , nos ter
mos das attribuições que lhe competem pelo art . 24 $ 3.º do Acto Addicional
e art . 5.0 § 1.º da Lei n . 40 de 3 de Outubro de 1834 , sustar a publicação
das referidas posturas, até nova resolução da mesma Assembléa , a quem serão
devolyidas para os effeitos legaes .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 1. ° de Setembro de 1888.


Pedro Vicente de Azevedo .

O Presidente da Provincia , considerando que as posturas da Camara


Municipal de Tatuhy, remettidas pela Assembléa Legislativa Provincial para o
65

fim de serem publicadas , contém nos arts . 194 e 200 disposições que affectam a
Lei geral de 1.º de Outubro de 1828 , visto que decretam penas de multa su
periores á alçada desta Lei , art . 72 , resolve , nos termos das attribuições que lhe
competem pelo art . 24 § 3.º do Acto Addicional e art . 5.0 $ 1.º da Lei n . 40
de 3 de Outubro de 1834 , sustar a publicação das referidas posturas , até noya
resolucão da mesma Assembléa , a quem serão devolvidas para os effeitos legaes .
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 1. ° de Setembro de 1888.—
Pedro Vicente de Azevedo .

O Presidente da Provincia, considerando que as posturas da Camara Muni


cipal da cidade do Espirito Santo do Pinhal , remettidas pela Assembléa Le
gislativa Provincial , para o fim de serem publicadas , contém no artigo 124
§ 1.º disposição que affecta a Lei Geral de 1. ° de Outubro de 1828 , visto que
decretam pena de multa superior á alçada desta Lei , artigo 72 , resolve , nos termos
das attribuições que lhe competem pelo artigo 24 $ 3.º do Acto Addicional
e artigo 5 § 1.º da Lei n . 40 de 3 de Outubro de 1834, sustar a publicação
das referidas posturas, até nova resolução da mesma Assembláa , a quem serão
devolvidas para os effeitos legacs .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 5 de Setembro de 1888.


Pedro Vicente de Azevedo.

O Presidente da Provincia , considerando que as posturas da Camara Muni


cipal de S. José do Parahytinga, remettidas pela Assembléa Provincial para o fim
de serem publicadas, contém no artigo 48 disposição que affecta a Lei Geral
de 1.º de Outubro de 1828 , visto que decretam pena de multa superior á alçada
desta Lei , artigo 72 , resolve, nos termos das attribuições que lhe competem
pelo artigo 24 $ 3.º do Acto Addicional e artigo 5.0 § 1.º da Lei n . 40 de 3
de Outubro de 1834, snstar a publicação das referidas posturas , até nova reso
lução da mesma Assembléa , a quem serão devolvidas para os effeitos legaes .
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 5 de Setembro de 1888.
Pedro Vicente de Azevedo .

O Presidente da Provincia , considerando que as alterações e additivo á re


solução n . 45 de 15 de Junho de 1883 da Camara Municipal da cidade de Cunha ,
reinettidos pela Assembléa Legislativa Provincial para o fim de serem publicados,
contém no artigo 15 § 18 disposição que affecta a Lei Geral de 1.º de Outubro
de 1828 , visto que decretam pena de multa superior á alçada desta Lei, artigo 72,
resolve , nos termos das attribuições que lhe competem pelo artigo 24 g 3.0
do Acto Addicional e artigo 5.º $ 1.º da Lei n . 40 de 3 de Outubro de 1834 ,
sustar a publicação das referidas posturas , até nova resolução da mesma As
sembléa , a quem serão devolvidas para os effeitos legaes .
Palacio do Governo de S. Paulo, 5 de Setembro de 1888.- Pedro Vicente
de Azevedo.

COMMISSÕES LOCAES DE OBRAS

Palacio do Governo da Provincia de São Paulo , em 14 de Julho de 1888 .


Em resposta ao officio de Vmes . , datado de 9 do corrente mez , declaro -lhes
que, não só pelo Regulamento de 19 de Dezembro de 1884 , como pelas instru
29
66

cções de 3 de Novembro de 1885 , se acham extinctas, todas as commissões locaes


em outros tempos incumbidas das Obras Publicas da Provincia , que presente
mente só podem ser feitas por arrematação, depois de orçadas , salvo as motivadas
por grande urgencia ou as de pequena importancia , mas , em todo caso, sempre
executadas por Engenheiros , debaixo de sua immediata responsabilidade .
Entretanto , tratando Vmcs. da substituição de uma Directoria Popular, eleita
principalmente para dar applicação a esmolas e a um Imposto Municipal, póde
essa mesma Camara acceitar a excusa que lhe foi apresentada pelos actuaes
membros desse Directorio , e nomear outro, independente de intervenção directa
do Governo Provincial .
Deus Guarde a Vmcs.- Pedro Vicente de Acevedo .

Srs. Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal do Espirito Santo


do Pinhal .

MONUMENTO DO YPIRANGA

O Presidente da Provincia , attendendo ao que lhe representou o Presidente


da Commissão do Monumento do Ypiranga em officio de 23 de Junho ultimo e em
execução ao artigo 12 da Lei Provincial n. 55 de 22 de Março ' proximo
passado , autorisa o Thesouro Provincial, nos termos de sua informação em officio
n . 111 de 13 do corrente , a emitir e entregar á mesma Commissão , por conta
do dinheiro existente nos cofres Provinciaes e destinado ao patrimonio da insti
tuição que tem de ser fundada no Y piranga e mediante o termo de obrigação
a que se refere o § 1.º do citado artigo 12 , logo que esteja esgotada a somma
de duzentos e trinta e um contos trezentos e trinta e tres mil setecentos e cin
coenta e tres ( 231 : 333 $ 753 ) , que ella declara ter em disponibilidade na Caixa
Filial do Banco do Brazil para as obras a seu cargo , a quantia de trezentos
contos de réis ( 300 : 000 $ 000 ) , em apolices do valor de um conto de réis
( 1 : 000 $ 000 ) cada uma, ao juro de 6 %% ao anno, pagos semestralmente e correndo
d a data da entrega das mesmas , cujo producto será empregado na continuação
das referidas obras ; e manda que no Thesouro Provincial se faça a precisa
escripturação, em tempo, quer das apolices emittidas que serão consideradas
divida fundada da Provincia, quer da quantia deduzida do dinheiro destinado
ao patrimonio, e que será indemnisada opportunamente pelo producto da ultima
loteria .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 30 de Agosto de 1888.


Pedro Vicente de Azevedo .
Remetteu -se cópia ao Thesouro Provincial .

FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS AOS ESTABELECIMENTOS

PROVINCIAES

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 13 de Setembro de 1888 .

Por seu officio de 7 de Agosto findo, sob n . 100 , fiquei sciente de que as
despezas feitas, por conta da Provincia , somente com medicamentos , fóra dietas ,
elevaram -se , no exercicio financeiro de 1887 a 1888 , á somma de 42 :672 $ 805.
67

Como meio de diminuir esse encargo , que promette ser maior no exercicio
actual , em vista das despezas já liquidadas de Julho , para uma das quaes , a da
cadêa, chamei a attenção de Vmc., lembra - me em seu officio a creação de uma
Pharmacia Provincial , mediante determinadas clausulas .

Sem rejeitar a sua idéa , sobre a qual foi ouvido e está de accôrdo o Sr.
Inspector de hygiene , comtudo attendendo que a principal causa desse excesso de
gasto tem sido a falta de fixação de preços dos receituarios medicos , e o facto
de deixarem estes não só de cingir-se a formulas simples ou communs, como
de recorrer, grande numero de vezes , a preparados estrangeiros de elevado
custo , e visto já se achar impresso o formulario official destinado ao serviço de
fornecimento das enfermarias, convêm tentar a experiencia de seus effeitos nos
contractos , e si não produzir o resultado que se deve esperar , recorrer - se -ha ao
estabelecimento da pharmacia .

Para isto , pois , haja Vmc . de abrir concurrencia, com prazo de quinze dias,
sob as bases do formulario e officio da Commissão organisadora do mesmo, de
26 de Abril deste anno , de onde são tirados doze clausulas, que junto lhe
remetto por cópia n . 1 , para que Vmc . as considere obrigatorias nos contractos
novos , que se farão por semestres e serão divididos em cinco , pelo modo
seguinte :
a) medicamentos para a Penitenciaria e Seminario da Gloria
b) para o Corpo de Policia ;
c) para a Cadêa ;
d) para o Hospicio de Alienados ;
e) para a Immigração;

Os casos extraordinarios ou excepcionaes em que será permittido ao clinico


afastar-se do formulario, constam das condições, igualmente annexas, sob n . 2 ,
que Vmc . , ao assignarem - se os novos contractos, lhes fará constar , incluindo-as
como partes integrantes dos mesmos , para que sejam fielmente executadas .

As faltas, por ventura , praticadas pelos Medicos , serão trazidas ao conhe


cimento desta Presidencia para se providenciar como no caso couber .
Encarreguei mais a Commissão organisadora do formulario medico , de tam
bem me apresentar um formulario de dietas , que Vmc., opportunamente, deverá
annexar aquelle , para que sejam ambos devidamente observados nos estabeleci
mentos publicos .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Inspector do Thesouro Provincial .

O Presidente da Provincia , no interesse da fiscalisação do serviço de forne


cimento de medicamentos para as enfermarias mantidas por conta da Provincia ,
resolve tornar permanente a Commissão nomeada por acto de 12 de Janeiro
ultimo, e composta dos Doutores Eulalio da Costa Carvalho , João Ribeiro de
Almeida Netto e Gustavo Schaumann , para organisação do formulario medico ,
afim de incumbil- a da boa execução desse formulario e do mais que lhe fôr rela
tivo , completando assim obra meritoria por ella prestada no interesse da Pro
vincia .

Palacio do Governo de S. Paulo, 13 de Setembro de 1888. — Pedro Vicente


de Azevedo. - Deu -se conhecimento á Commissão .
68

O Presidente da Provincia , attendendo ao que lhe representou o engenheiro


Orville A. Derby, chefe da commissão geograpbica e geologica, por officio de 3 de
Julho , acerca das modificações reconhecidas necessarias nas instrucções de 7 de
Abril de 1886 , que regem os trabalhos da referida commissão, e :
Considerando que dessas modificações resultan vantagens para o serviço,
dando -lhe maior regularidade e permittindo fixar o numero e distribuição dos
auxiliares technicos nos diversos ramos de trabalhos a cargo da commissão, con
forme se reconhece conveniente, estabelecendo igualmente graduação no pessoal ,
segundo as habilitações e pratica de cada um dos empregados ;
Considerando que essas alterações limitam -se a uma substituição na nomen
clatura do pessoal , sem augmento da verba consignada no § 3.º da tabella D do
orçamento vigente ( Lei n . 55 deste anno ), resolve, de accordo com o parecer do
Thesouro Provincial, por officio de 4 do corrente, sob n . 154 , approvar as referi
das modificações, que são do theor seguinte :
No fim do art . 1.º em lugar de — dous conductores diga - se um bo

tanico e meteorologista, um desenhista e o numero de ajudantes de 1.4 e 2.8


classe que se reconhecer necessario e o que o estado da verba votada em lei
comportar.
No art . 12 substitua - se a tabella de vencimentos e diarias pela seguinte :
Grat . Diaria
Chefe 8 :000 $ 000 10 $ 000
1.º ajudante 7 : 000 $ 000 5 $ 000
Geologo 5 :000 $ 000 5 $ 000
Botanico e Meteorologista 4 : 000 $ 000 5 $ 000
Desenhista . 3 :000 $ 000
Ajudante ( 1.a classe ) 3 :600 $ 000 2 $ 000
Ajudante ( 2.a classe ) 2 : 400 $ 000 2 $ 000

33 : 000 $ 000

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 13 de Setembro de 1888 .


- Pedro Vicente de Azevedo .

Palacio do Governo da Provincia de São Paulo , 20 de Setembro de 1888 .


Para evitar o transporte de sobras nas liquidações dos exercicios financeiros,
bem como a abertura de creditos supplementares, que tornam , muitas vezes , illu
sorias as verbas votadas nos orçamentos , recommendo a Vmc . que , attendendo
para essas verbas, sobretudo a força publica e presos pobres , divida por mezes
as despezas do exercicio de modo a evitar os excessos , na certeza de que não me
servirei das autorizações constantes dos arts . 14 e 17 do orçamento vigente , si
não quando cabalmente demonstrada a sua necessidade, em vista de requisições
previas para despezas, que desde logo se conheçam superiores ás quotas votadas,
mais urgentes .

E' preciso que o orçamento feito pela Assembléa seja uma verdade, e não
poderá sel- o sinão houver limites para as despezas como a de medicamentos de
presos pobres, por exemplo , que entregue ao arbitrio das receitas medicas estão
se elevando extraordinariamente.
As faculdades concedidas ao governo pelos artigos de Lei citados , são meios
de excepção para supprir deficits imprevistos ; o contrario tornaria constante o
69

desequilibrio do orçamento e semelhante facto não podia estar nas previsões do


Legislador .

Sempre que se verifique no fim de dous exercicios successivos que a verba


votada para um serviço de natureza permanente é insufficiente, essa occurrencia
deve ser levada ao conhecime
conhecimento
nto do Poder Legislativo para que a considere ,
augmentando a verba , ou reduzindo o serviço .
Deus guarde a Vmc . — Pedro Vicente de Azevedo
Sr. Dr. Inspector do Thezouro Provincial .

EXPOSIÇÃO UNIVERSAL DO 1889

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 19 de Julho de 1888 (Circular)


Tendo sido organisada na Côrte , pela iniciativa de distinctos e prestantes
cidadãos ,uma Commissão Central Brazileira, cujo fim é conseguir por todos os
meios a seu alcance e esforços de particulares , que o Brazil concorra á Exposição
Universal de Pariz em 1889 , e desejando o Governo Imperial prestar todo o apoio
aos patrioticos intuitos da mesma Commissão , salvo dispendios para que não está
autorisado , convido a Vincês . , afim de que concorram na medida de suas forças
e meios de acção, com os artigos que devem figurar naquella Exposição, para o
que tem de effectuar -se na côrte uma Exposição preparatoria, cuja abertura está
marcada para o dia 11 de Novembro proximo futuro, conforme me communicou
o Ministerio do Imperio em Aviso -circular n . 2174 de 30 de Junho ultimo .
Deus guarde a Vmcês.- Pedro Vicente de Azevedo.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 1.º de Outubro de 1888 .

Illm . e Exm, Sr. — Desejando empregar todos os esforços possiveis afim de


que esta Provincia se faça representar na Exposição Universal de Pariz de 1889
e achando - se já constituida a commissão que patrioticamente se iucumbio de le
yar a effeito semelhante emprehendimento, rogo a V. Exc . , que , como membro
dessa commissão se digne providenciar para que os prodnctos que se tiver obtido
sejam logo enviados com destino á Côrte , onde é de toda a conveniencia que
figurem na Exposição preparatoria que alli se projecta. Graças ao valiosissimo e
generoso concurso de V. Exc . e dos prestimosos cidadãos que compõem a referida
commissão e ao qual se alliará a cooperação desta Presidencia, se poderá attender
á aspiração de todos os paulistas, no tocante ao comparecimento da Provincia na
festa que a França pretende realizar no anno vindouro e da qual não é justo que
S. Paulo deixe de participar, desprezando os notaveis elementos que possue para
esse fim . Nessas condições, cabe -me invocar, cheio da maior confiança a reconhe.
cida dedicação de V. Exc. quanto ao pedido que acabo de fazer, certo de que as
medidas que se servir adoptar produzirão os mais satisfactorios e louvaveis resul
tados .

Deus guarde a V. Exc . - Illm . e Exm . Sr. Marquez de Itú, Presidente da Com
missão Organisadora de objectos para a Exposição de Pariz , em 1889.—Pedro
Vicente de Azevedo .
- 70 -

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 30 de Outubro de 1888 .

Illm . e Exm . Sr.- Ainda uma vez solicito, com o maior empenho, os esforços da
commissão de que V. Exc . é digno presidente para que, de modo algum , deixe
nossa Provincia de ser representada na grande exposição de 1889 , em Pariz .
Para isto chamo a attenção de V. Exc . para os meus officios anteriores , e re
commendações da commissão central, visto se aproximar a abertura da exposição
preparatoria, que tem de effectuar -se, na Côrte, a 11 de Novembro futuro.
O Governo Imperial conta certo com a dedicação e patriotismo de V. Exc . para
o bom exito de tão util emprehendimento.
Deus guarde a V. Exc.— Illm . e Exm Sr. Marquez de Itú , Presidente da com
missão encarregada de promover a acquisição de objectos para a exposição de
1889 , em Paris . — Pedro Vicente de Azevedo— Idem , mutatis mutandis, aos demais
membros da commissão .

MAGISTRATURA

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 14 de Janeiro de 1888 .

Accusando o recebimento do officio de 30 de Dezembro ultimo , em que


Vmc . communica que , no dia 23 do mesmo mez , o Bacharel Augusto Elysio de
Castro Fonseca entrou em exercicio do cargo de Promotor Publico dessa comarca,
tendo prestado juramento perante o Juiz Municipal do Termo , por estar Vmc .
ausente , presidindo o Tribuual do Jury, em Santa Cruz do Rio Pardo, na qua
lidade de Juiz de Direito 1.º substituto, declaro - lhe que, semelhante juramento
carece ser rectificado por Vmc . , visto como foi elle prestado perante o Juiz Mu
nicipal que para isso era incompetente , por não estar com a jurisdicção da vara
de Juiz de Direito .

Deus Guarde a Vmc.- Francisco de Paula Rodrigues Alves .

Sr. Dr. Juiz de Direito da Comarca de Lençóes .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , em 16 de Janeiro de 1888 .

Com referencia ao officio de 16 de Setembro ultimo, em que Vmc . solicita


desta Presidencia a nomeação do Curador Geral de Orphãos da Comarca desta
Capital, em execução do disposto no artigo 2.º do Decreto n . 3322 de 14 de
Julho preterito , declaro - lhe que , tendo o Governo Imperial decidido , em aviso de
30 de Dezembro proximo findo, competir aos Presidentes da Provincia a nomea
ção dos cargos de que trata o citado artigo , tão somente nos logares onde esti
verem creados por Lei , e não havendo disposição alguma legal creando o de Cu
rador Geral de Orphãos da Comarca desta Capital, deixa de ser attendivel a so
licitação constante de seu alludido officio .

Deus Guarde a Vmc.- Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Sr. Dr. Juiz de Orphãos da Capital.


- 71

Palacio do Governo da Provincia de São Paulo , 24 de Janeiro de 1888 .

Respondendo á consulta que Vmc. dirigio a esta Presidencia, em officio de


29 de Novembro ultimo , declaro -lhe que , sendo expressa a disposição constante
do art. 96 do Regulamento n . 9420 de 28 de Abril de 1885 , que prohibe a ac
cumulação dos cargos de curador e residuos, e não havendo quem se preste a
servir por nomeação geral este segundo cargo, achando- se o primeiro servido pelo
Promotor Publico , cumpre a esse juizo nomear ad hoc para cada processo , em que
se torne indispensavel o exercicio desse cargo de Promotor de Capellas e resi
duos , pessoa idonea , preferidos para esse fim os Advogados e Solicitadores do
fôro, como é de pratica geral .

Deus Guarde a Vmc. — Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Sr. Dr. Juiz de Direito da Comarca de Ytú .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 14 de Fevereiro de 1888 .

Respondendo ao officio de 26 de Janeiro ultimo, em que Vmc , consulta si


ha direito á diligencia , na forma do artigo 24 do regimento de custas , quando
a requerimento de parte o Juiz procede á praça feita fóra do lugar do costume,
visto o artigo 125 § 2. ° marcar estada para o Escrivão ; e si , além de emolu .
mento marcado pelo o artigo 24 , quando o exame de livros , papeis ou autos é
feito fóra da casa de residencia ou do logar das audiencias , declaro, mediante
parecer do Desembargador Procurador da Corôa , que, sendo o caso exposto na
consulta, daquelles em que cabe recurso para o Presidente do Tribunal da Rela
ção (artigo 199 do Regulamento n . 5.737 de 2 de Setembro de 1874) , cumpre
The applicar as disposições do citado Regulamento como melhor entender , dei
xando salvo ás partes o recurso de que trata o invocado artigo 199 do Regi
mento de custas ; e tanto mais assim releva proceder, quando é certo que se
deve manter a doutrina do Aviso Circular n . 70 de 7 de Fevereiro de 1856 .

Deus Guarde a Vmc. - Francisco de Paula Rodrigues Alves .

Sr. Dr. Juiz de Direito da Comarca de Mogy das Cruzes .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 10 de Abril de 1888 .

Illm . Sr. -Com referencia ao officio n . 137 de 7 do corrente , no qual V. S.


sujeita á consideração desta Presidencia , conforme o disposto no artigo 23 do
Decreto n . 2.343 de 29 de Janeiro 1859 , a deliberação tomada em secção da
Junta de Fazenda de 5 deste mez , que alterou a que o fôra anteriormente a res
peito dos vencimentos do Juiz substituto da Comarca de Mogy das Cruzes ,
Bacharel José Roberto Leite Penteado , que reclamára essa alteração, como se vê
do processo original, que junto depolvo , declaro-lhe , para os fins convenientes ,
que, sendo legaes as razões em que se baseou a deliberação de que se trata ,
resolvo approvar semelhante decisão por ser conforme o direito.

Deus Guarde a V. S. - Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Sr, Inspector da Thesouraria de Fazenda .

+
72

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 10 de Abril de 1888 .

Com referencia ao officio de 2 do corrente , em que Vmes . consultam si


o Commendador Francisco Antonio Pereira Payão Silveira pode accumular as fun
cções de Vereador com as de 1.0 supplente do Juiz Municipal e de Orphãos
desse termo , declaro - lhes que, no caso de que se trata , ha incompatibilidade legal
na accumulação dos dous cargos, cumprindo que o referido Commendador opte
por um delles , nos termos do Aviso n . 8 de 20 de Março de 1885 .

Deus Guarde a Vics . - Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de Bragança .

Palacio do Governo de S. Paulo , 27 de Abril de 1888 .

Com referencia ao officio de 14 do corrente, em que Vmc., allegando ter


o Vice - Presidente da Camara Municipal dessa villa , sem constar que estivesse

impedido o respectivo Presidente, deferido juramento aos supplentes desse Juizo


ultimamente nomeados, e haver Vmc . requerido rectificação do juramento que assim
prestara como 2. ° supplente, o que foi realisado , consulta si o 3.0 supplente ,
José Alves Ferreira , que não ratificou o seu juramento prestado naquella confor
midade, no caso de ser preciso passar - lhe a jurisdicção , póde assumil -a e exercer
o cargo , declaro - lhe que , havendo sido irregular o alludido juramento do 3.º sup
plente , não pode o mesmo ser legalmente juramentado.

Deus Guarde a Vmc.- Francisco de Paula Rodrigues Alves .

Sr. Juiz Municipal de Santa Rita do Paraiso .

Palacio do Governo de S. Paulo, 2 de Maio de 1888 .

Tendo o cidadão João Fernandes de Araujo Leite communicado, em officio


de 25 de Abril ultimo , que , por haver aceitado a nomeação para o cargo
de 1.0 supplente do Juiz Municipal e de Orphãos deste termo , renunciou o de
1. ° Juiz de Paz da respectiva freguezia, declaro a Vmcs . que , havendo incompa
tibilidade na accumulação dos referidos cargos, segundo a doutrina dos Ayisos
n . 340 de 24 de Setembro de 1873 , 8 de Outubro de 1874 e 10 de Fevereiro
de 1875 , no caso de que se trata , deve essa Camara logo juramentar o supplente
immediato em votos , para ficar completa a lista dos 4 Juizes de Paz .

Deus Guarde a Vmes . - Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de S. Manuel .

Palacio do Goyerno de São Paulo, 9 de Maio de 1888 .

Com referencia ao officio de 28 de Março ultimo , em que Vmc . consulta si


póde funccionar com o actual curador geral de orphảos , que é seu sogro , e no caso
negativo , qual dos funccionarios deve deixar o cargo , declaro-lhe, de accordo com
o parecer do Desembargador Procurador da Corða que, á vista da Ord . do Liv . 1.º
Tit . 79 § 45 Tit . 48 $ 29 , Avisos de 12 de Novembro de 1833 , 28 de Julho
de 1843 de 3 de Dezembro de 1853 , 14 de Novembro de 1851 e 10 de Fe
73

vereiro de 1869 , não deve Vmc.,


deve Vmc . , que
que é genro do mesmo, com elle servir, e
tratando - se de curador interino , cumpre -lhe solicitar do juiz competente a no
meação de outro curador.

Deus Guarde a Vmc.- Francisco Antonio Dutra Rodrigues .

Sr. 1. ° Supplente do Juizo Municipal do Espirito Santo do Pinhal .

Palacio do Governo de S. Paulo , 16 de Maio de 1888 .

Com referencia ao officio de 24 de Abril proximo findo, em que Vmc . ,


expondo haver sido sanccionada a Lei que separou esse termo da comarca de
Capivary e annexou á de Tieté , consulta si a mesma Lei se acha em execução ,
ou si para isso depende de alguma formalidade, declaro - lhe que a alludida Lei
Provincial n . 82 de 28 de Março ultimo, havendo sido publicada nessa mesma
data na Secretaria do Governo , conforme a Lei Provincial n . 12 de 4 de Abril
de 1835 art . 2. ° e segundo a doutrina dos Avisos n . 552 de 22 de Dezembro
de 1863 e n . 415 de 30 de Setembro de 1868 , já deve estar em execução, sem
depender isso de qualquer formalidade.

Deus Guarde a Vmc.- Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

Sr. Juiz Municipal Supplente, em exercicio , de Porto Feliz .

Palacio do Governo da Provincia de São Paulo , 16 de Julho de 1888 .

Com referencia ao officio de 5 de Março ultimo , em que, a proposito do con


flicto de jurisdicção levantado entre esse juizo e o de direito da comarca de Ita
petininga, conflicto que só foi decidido pelo Tribunal da Relação a 17 de Fevereiro
preterito, quando de ha muito já estavam findos os prazos da revisão eleitoral
do anno passado , não havendo sido recebidas nem tido andamento 13 petições ,
que para o respectivo alistamento apresentaram cidadãos residentes na parochia
de São João Baptista de Guarehy, decidido, porém , o conflicto pela competencia a
esse juizo , vmc. consultou a esta presidencia si podia receber e processar aquellas
petições fóra do prazo annual que a Lei prefixou para semelhante serviço, ou de
via devolver aos peticionarios os seus papeis , para aguardarem a proxima revisão
eleitoral de Setembro do corrente anno, declaro -lhe, mediante parecer do desem
bargador procurator da corða, que, por argumento analogico tirado da Lei n . 3,122
de 7 de Outubro de 1882 , art . 1. ° § 17 n . 5 , deve esse juizo, observadas as for
malidades communs, mandar receber pelo respectivo juiz municipal e processar
as 13 petições que , em tempo habil, foram presentes, para o alistamento eleitoral.

A legislação é inteiramente omissa para o caso , mas analogicamente pode


ser resolvida a difficultade, applicando - se o citado art . 1. ° § 17 n. 5.
Esta disposição trata de supprir um alistamento que em massa foi annullado,
e então permitte que se proceda de novo , fóra das epocas normaes, consagrando
o Legislador o pensamento de não se dever privar o cidadão do direito politico de
voto , quando por culpa do organisador do alistamento venha este a ser invalidado.

No caso vertente , igualmente trata -se de acudir á falta do alistamento numa


parochia, que deixou de ser revisado , não por negligencia ou culpa dos interes
sados , mas exclusivamente pelo conflicto de jurisdicção levantado entre esse juizo
30
74

e o de Itapetininga , e é principio corrente em direito que o impedimento no


juizo não pode prejudicar interesses e direito da parte .

Adiar o alistamento para a proxima época normal , é um vexame a quem as


siste o direito de alistar-se eleitor e tomar acção activa nos negocios publicos.

Deus guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Juiz de Direito de Tatuhy.

Palacio do Goyerno da Provincia de S. Paulo, 24 de Julho de 1888 .

Com referencia ao officio de 17 do corrente, em que Vmc . consulta si os


Presidentes do tribunal do jury recebem das Camaras Municipaes custas inteiras,
declaro - lhe que, segundo a expressa disposição do Codigo do Processo Criminal
art . 307 e do Decreto n . 5.737 de 2 de Setembro de 1874 art . 54 § 1. ° , as
Camaras Municipaes são obrigadas a pagar metade das custas contadas nos Pro
cessos Criminaes em que fòr parte a Justiça e decahir .

Deus Guarde a Vmc. — Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Juiz de Direito substituto de Lençóes.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 7 de Agosto de 1888 .

Com referencia ao officio de 31 de Julho ultimo, em que Vmc. consulta, si


na falta de pessoa idonea que possa e queira servir o cargo de Official de Jus
tiça, havendo Processo Crime de certa importancia em andamento, pode requi
sitar do Delegado de Policia uma praça do destacamento para semelhante mister,
declaro -lhe que, segundo a doutrina estabelecida nos avisos de 28 de Junho de
1878 e n . 187 de 21 de Abril de 1881 , quando não haja quem queira servir as
funcções do referido cargo , póde , em casos urgentes, ser designada uma praça de
policia para esse fim , comtanto que previamente se faça requisição á Autoridade
que dispuzer da força.
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. 3. ° Supplente do Juiz Municipal de Parahybuna.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 13 de Agosto de 1888 .

Com referencia ao officio de 31 de Julho ultimo, em que Vmc. consulta a


esta Presidencia qual o destino que deve dar a um menor de 11 para 12 annos
de idade , vindo da Republica do Uruguay, que está no poder de um Brasileiro , que
não quer mais tel - o em sua companhia, declaro-lhe que, devendo os Juizes de
Orphảos encarregar a Tutores da administração da pessoa e bens dos menores,
conforme a generica disposição da Orden . do Livro 4.º , Titulo 102 e Titulo 104
§ 6. ", não só quando os paes dos menores têm morrido, mas tambem quando
estão ausentes ( Teixeira de Freitas , Consol. das Leis Civ . Not . 13 do artigo 101
e Nota do artigo 238 ) a esse Juiz cumpre nomear tutor ao menor de que se
- 75

trata , para cuidar de seus interesses , dando mesmo a soldada , si fôr caso disso ,
segundo o disposto na Ord . do Liv . 1.º Tit . 88 SS 13 e 18 .

Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo .

Sr. Dr. Juiz de Orphãos do Belém do Descalvado .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 22 de Setembro de 1888 .

Com referencia ao officio de 11 do corrente , em que Vmc. expõe que, tendo


sido reconduzido no logar de Juiz Municipal e de Orphãos desse termo, deixou
de prestar novo juramento , por presumir que , pas reconducções , ad instar do
que se dá nas remoções, era dispensayel tal formalidade, mas, havendo reconhe
cido a necessidade de sanar semelhante irregularidade, prestou o devido jura
mento perante a respectiva Camara Municipal, declaro-lhe que, em vista da
doutrina dos avisos de 23 de Junho de 1870, n . 173 de 26 de Março de 1879
e n . 27 de 6 de Maio de 1886 , o seu alludido procedimento fica approvado.
Deus Guarde a Vmc.-- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Juiz Municipal de Cananéa .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo 1.º de Outubro de 1888 .

Com referencia ao officio de 22 de Setembro proximo findo, em que Vmc .


allegando achar - se a comarca do Tieté sem Juiz de Direito, por estarem licen
ciados o proprietario e o substituto legal, qno é o respectivo juiz municipal
effectivo, não tendo até hoje entrado em exercicio o Juiz Municipal nomeado
para esse Termo, consulta a esta Presidencia quem deve substituil -os naquelle
cargo , declaro -lhe que, na conformidade do disposto no art . 4.º do Dec. n . 4824
de 22 de Novembro de 1871 , havendo sido por acto de 30 de Novembro de 1887
designada a ordem de substituição dos Juizes de Direito das Comarcas Geraes
desta Provincia , no corrente anno, segundo a qual o do Tieté é substituido pelo
Juiz Municipal do mesmo termo, e na falta deste, pelos respectivos supplentes ,
e não existindo o Juiz Municipal effectivo nesse Termo , a substituição do
Juiz de Direito compete ao 1.º supplente do Juiz Municipal do Termo do Tieté .

Deus Guarde a Vmc.-- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Juiz Municipal supplente em exercicio em Porto Feliz .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 1 de Outubro de 1888 .

Com referencia ao officio de 12 de Setembro proximo findo, em que Vmc .


pede providencias a respeito do facto de occuparem os logares de 1. ° e 3.0 sup
plentes do Juiz Municipal desse termo, os cidadãos Arthur Augusto Moreira
Guimarães e Mariano Guimarães, que são irmãos, o que é inconveniente ao serviço
publico, declaro que não ha incompatibilidade em servirem de supplentes do
Juiz Municipal dois irmãos , conforme o aviso de 12 de Julho de 1886 , desde
que um não assuma a jurisdicção plena , caso em que o outro torna-se incom
pativel, porque então constituirão parte do mesmo juizo , ficando comprehendidas
76

no preceito geral do Ord . do Liv . 1. ° Tit . 79 45 e Avisos n . 73 de 19 de


Fevereiro de 1866 , n . 124 de 29 de Março de 1877 e de 17 de Julho do
corrente anno .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Juiz de Direito de Piracicaba .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 2 de Outubro de 1888 .

Com referencia ao officio de 25 de Setembro proximo findo, em que Vmc.

consulta qual o Vereador que deve substituir o 3.° supplente do Juiz Mu


nicipal desse Termo nos respectivos impedimentos, si o que obteve maioria
de votos no 1.º escrutinio ou si o mais votado de todos , quer em 1.º quer em
2 , º declaro - lhe que, segundo a doutrina do Aviso de 21 de Julho de 1883 , os
supplentes dos Juizes Municipaes, em seus impedimentos, devem ser substituidos
pelo Vereador mais votado do 1.º escrutinio, seguindo -se os seus immediatos
do mesmo escrutinio, e só depois de esgotada a respectiva lista , caberá
a substituição ao mais votado do 2.º escrutinio e assim por deante , cum
prindo que no caso de haver dois ou mais Vereadores com igual numero de
votos no mesmo escrutinio , seja preferido o mais velho, e decidido á sorte quando
a este respeito se der igualdade entre elles .

Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo .

Sr. Vice Presidente da Camara Municipal de Lençóes.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 11 de Outubro de 1888 .

Com referencia ao officio de 14 de Julho ultimo, em que Vmc . consulta :


1. ' , si , competindo aos Juizes de Paz a nomeação de officiaes de justiça do
respectivo juizo, devem e são obrigados estes a servir perante as autoridades
policiaes ; 2.º , si é ou não incompativel o cargo de escrivão do Juiz de Paz com o
de secretario da Camara Municipal ; 3.°, si , na hypothese de não haver a alludi
da incompatibilidade, póde o funccionario que accumular os referidos cargos servir
como escrivão nos feitos em que é parte a Camara Municipal, sendo que o Se
cretario desta corporação , conforme as posturas , é um dos empregados compe
tentes para lavrar os autos de infracção das mesmas ; 4.', si o escrivão
do Juiz de Paz , encarregado do registro civil estabelecido pelo decreto n . 5604
de 25 de Abril de 1874 tem direito , não obstante decisões em contra
rio desta Presidencia , sobre consultas identicas, a cobrar das partes , pelo
registro de obitos, que nesse Municipio se tornou obrigatorio pelas posturas
municipaes de 6 de Agosto de 1883 art. 34 , além dos emolumentos do 500 réis ,
que lhe competem pelo registro , mais os de 400 réis pela nota ou certidão
negativa , que é entregue ao zelador do cemiterio, para que se possa realisar o
enterramento do cadaver da pessoa a que se refere o registro : —declaro-lhe , mediante
parecer do Exm . Desembargador Procurador da Corôa, quanto á 1.4 duvida , ser
incontestavel que, não obstante competir aos Juizes de Paz a nomeação dos
respectivos officiaes de justiça, todavia isso não obsta que aos subdelegados de
policia, na falta ou impedimento dos officiaes de justiça , privativos de sua subde
legacia , assista o direito de requisitar os officiaes de justiça de outro qualquer
- 77

juizo, inclusivé os do de Paz (Aviso n . 62 de 5 de Março de 1835 , n . 38 de 23


de Janeiro de 1867 e de 30 de Dezembro de 1870) ; quanto ás 2.8 e 3.a duvi
das , que a incompatibilidade do exercicio dos cargos de Escrivão do Juiz de Paz
e de Secretario da Camara está firmada, segundo a doutrina do aviso n . 384 de
22 de Setembro de 1877 ; e quanto á 4.a duvida , que, não estando ainda em exe
cução o decreto n . 9886 de 7 de Março do corrente anno, que regulamentou a
Lei do registro civil , não pode o Escrivão de Paz perceber pelo registro as
competentes taxas , devendo limitar- se aos emolumentos que as posturas munici
paes no caso facultam .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo .

Sr. Juiz de Paz em exercicio de Itapecerica .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 19 de Novembro de 1888 .

Com referencia ao officio em que Vmc . consultou ao Governo Imperial


acerca de duvidas suscitadas quanto à applicação do art . 1.º do dec . n . 9827
de 31 de Dezembro de 1887 , na parte referente ás medições de terras particu .
lares e em cumprimento ao aviso do Ministerio da Justiça de 15 do corrente,
declaro -lhe que os peritos devem ser idoneos, não sendo o Juiz obrigado a
approvar os nomeados pelas partes , que não tiverem a indispensavel capacidade,
mas que, não havendo agrimensores no lugar, ou não merecendo os existentes a
confiança das partes , nada impede que estas se louvem em pessoas praticas no
serviço de medição e demarcação para verificação de limites do dominio particular,
visto que a disposição do citado art . 1.º do dec . n . 9827 de 31 de Dezembro
de 1887 , que não creou direito novo , só se refere ás commissões dadas ou ás
nomeações feitas pelo Governo, nas quaes regularmente não podem ser empregados
agrimensores que não tenham titulo legal.

Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Juiz Municipal de Batataes .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 27 de Dezembro de 1888 .

Em resposta ao officio de Vmo. de 5 do corrente mez , declaro -lhe que a


accumulação dos cargos de delegado de policia com o de procurador da Camara
municipal, pelo cidadão Francisco Antonio Mariano Leite , é fundada na doutrina
do aviso n . 274 de 28 de Junho de 1868 , visto não terem apparecido queixas ou
factos que demonstrem a impossibilidade ou inconveniencia de accumulação de
trabalho, e antes parecendo que o cidadão que exerce os dous logares cumpre
satisfactoriamante as mais obrigações. Entretanto, á vista das ponderações
faz Vmc , no sentido de demonstrar que as suas attribuições se repugnam , re
solvi sujeitar o objecto de seu citado officio ao conhecimento e decisão do Exm .
Sr. Ministro da Justiça .
Deus guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Juiz de Direito de S. José dos Campos .


78

OFFICIOS DE JUSTIÇA

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 9 de Fevereiro de 1888 .

Em resposta ao officio de 4 de Janeiro ultimo, no qual Vmc . , allegando


conferir o Regulamento annexo ao Decreto n . 9420 de 28 de Abril de 1885 ,
attribuições aos escreventes juramentados, taes como a de conferir traslados com
os respectivos Tabelliães, consulta si estes podem ter como escreventes jura
mentados seus proprios filhos , declaro -lhe, mediante parecer do Desembargador
Procurador da Corða, que, não sendo o lugar de escrevente juramentado pro
priamente officio de justiça, não ha incompatibilidade para o filho em ser 10
meado escrevente juramentado pelo pae que exerce a serventia vitalicia de Ta
bellião . A faculdade de que trata o art. 142 do citado Regulamento não des
natura o cargo de escrevente juramentado ; mas , como faculdade que é , deixará
de ter applicação em referencia ao officio de que se trata , devendo neste caso ,
o Tabellião concertar os traslados, na conformidade das Ordenações do Livro 1.9,
Titulo 97 § 27 e Titulo 80 S 15 .

Deus Guarde a Vmc. — Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Sr. Dr. Juiz Municipal de S. Carlos do Pinhal.

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 10 de Fevereiro de 1888 .


Com referencia ao officio de 5 de Dezembro ultimo, em que Vmc . , infor
mando acerca da pretenção do Escrivão de Orphãos desse termo , Candido Mar
condes de Andrade, para ser dado successor ao mesmo, declarou estar esse ser
ventuario ausente em Pindamonhangaba, sem achar -se licenciado , afim de deixar
legalmente o exercicio do officio , recommendo-lhe que , na conformidade do dis
posto nos arts . 113 e 114 do Regulamento annexo ao Decreto n . 9420 de 28
de Abril de 1885 , mande intimar o supradito serventuario para , dentro d'um
praso rasoavel, que Vmc. marcará, reassumir o respectivo exercicio ou allegar e
provar a bem de seu direito o que lbe convier, sob pena de se proceder con
tra elle, nos termos do art. 157 do Codigo Criminal.

Deus Guarde a Vmc . - Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Sr. Dr. Juiz Municipal de S. José do Barreiro .

Palacio do Governo de S. Paulo, 9 de Maio de 1888 .

Constando da informação exarada no incluso requerimento, em que o cida


dão Antonio Januario de Vasconcellos pede ser provido na serventia vitalicia do
officio de Escrivão de Orphảos e Ausentes desse termo, que tal officio foi posto
a concurso por edital affixado em 6 de Abril ultimo, mas não tendo sido re
mettido esse edital para ser reproduzido pela imprensa, segundo o disposto nos
arts . 153 e 154 do Regulamento n . 9420 de 28 de Abril de 1885 , deve ficar
sem effeito, por isso, recommendo - lhe que mande lavrar e affixar outro edital,
pondo de novo a concurso o referido officio, do qual será remettido uma copia
a esta Presidencia , na conformidade das citadas disposições .
Deus Guarde a Vmc.- Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

Sr. Juiz Municipal do termo de S. Manuel .


79

Palacio do Governo de S. Paulo , 23 de Maio de 1888 .

Com referencia ao officio de 20 do corrente , em que Vmc . , allegando a ne


cessidade de pôr em concurso os Officios de Partidor e Contador desse termo,
vagos por fallecimento do serventuario yitalicio José Bernardino do Carmo , entra
em duvida acerca da disposição legal que creou o ultimo de taes Officios, para
consignal -a no edital que tem de ser affixado annunciando o mesmo concurso,
declaro - lhe que , não havendo Lei creando especialmente similhante serventia
vitalicia , foi ella estabelecida em virtude da generica disposição da Lei Provincial
n . 6 de 20 de Março de 1863 .

Deus Guarde a Vmc.— Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

Sr. Dr. Juiz Municipal de Batataes .

Palacio do Governo de S. Paulo , 24 de Julho de 1888 .

Com referencia ao officio de 19 do corrente , em que Vmc., declarando ignorar


a Lei que creou o Officio de Contador desse termo, consulta- me qual seja ella ,
e si por ventura esse Juizo tem competencia para fazer a respectiva nomeação
interina, declaro -lhe que , não havendo Lei que creasse especialmente tal serventia
vitalicia , deve esta ser estebelecida em virtude da generica disposição da Lei
Provincial n . 6 de 20 de Março de 1863 , competindo a nomeação provisoria
do mesmo Officio, na conformidade dos artigos 150 $ 1. ° e 262 § 4. ° , ao Juiz
Municipal com jurisdicção plena nesse termo .

Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo .

Sr. Dr. Juiz Municipal do termo do Espirito Santo do Pinhal .

Palacio de Governo de S. Paulo , 5 de Setembro de 1888 .

De posse dos officios de Vmc. de 29 e 31 de Agosto findo, este com refe


rencia ao que lhe dirigi com data de 29 do mesmo mez , fico inteirado dos mo
tivos que explicam o procedimento de Vmc. no incidente relativo á escrivania
de orphãos dessa cidade, sendo que, em todo o caso , deve considerar cassado
ou substituido, si já estava produzindo effeitos, o acto de 17 pelo de 27 , visto
ser demissivel ad nutum aquelle emprego, com quanto interinamente occupado.

Tendo a cópia do acto de 17 sido remettida ao Juiz Municipal, que nessa


comarca tambem é privativo de Orphảos, para o juramento e posse do escrivão
nomeado , o qual tinha de servir perante elle , e representando este Juizo , em
seguida , contra a nomeação (Officio de 18 do dito mez) não era de prever que ,
ao mesmo tempo , entregasse , como entregou , o titulo ao nomeado, sem aguardar
o resultado de sua representação , na qual aliás foi attendido .
Assim , pois , resguardado o zelo de Vinc . pela observancia das Leis , cabeme
accrescentar que a informação a que se refere o Decreto n . 1294 de 16 de De
zembro de 1853 , possivel de ser prestada pelo Juiz competente, e ainda por Vmc.,
primeira autoridade judiciaria da comarca , não é fórmula essencial de que dependa ,
como não dependeu , a attribuição que á Presidencia confere o art. 5.º da Lei
de 7 de Outubro de 1834 , e de que usei , nomeando pessoa idonea para exercer
temporariamente a substituição de um Officio de Justiça .
- 80

Outrosim , na hypothese em questão, sendo essa comarca geral , o juramento


pertencia ao Juiz Municipal, que accumula a vara privativa de Orphãos, não
obstante qualquer outra intelligencia em contrario, por ser esta a que melhor
se adapta com o disposto no art. 2.º do Decreto n . 4302 de 23 de Dezembro
de 1868 , arts . 259 , 262 S 2.0 e 286 do Dec. n . 9420 de 28 de Abril de 1885 ,
Aviso de 18 de Janeiro de 1862 , na collecção de 1865 pag . 411 , Aviso n . 390
de 27 de Setembro de 1877 e outros .

Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.

Sr. Dr. Juiz de Direito de Pindamonhangaba.

POLICIA

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 10 de Fevereiro de 1888 .

Illm . Sr. - Com referencia ao officio acompanhado de duas requisições de


passagens feitas pelo Subdelegado de Policia da Estação do Rio Grande , solicitando
providencias no sentido de serem pagas as respectiyas importancias , visto declarar
a Contadoria da Estrada de Ferro Ingleza não ter competencia aquella autoridade
afim de fazer semelhante requisição para si , declaro -lhe que, de accórdo com a
circular n . 427 de 12 de Agosto de 1880 , do Thesouro Provincial, nas estações
da referida linha ferrea os Delegados ou Subdelegados, onde não houver Dele
gados , só pódem requisitar passagens para Officiaes e Praças do Corpo Policial
Permanente e para presos de justiça, mas não para si proprios .

Deus Guarde a V. S. - Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Sr. Dr. Chefe de Policia .

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 15 de Junho de 1888 .

Illm . Sr. - Com referencia ao officio sob n . 914 de 1.º do corrente , em que
V. S. submette á consideração desta Presidencia o officio do Cabo Commandante
do destacamento desse em Araraquara, consultando si praças do mesmo
corpo
pódem ser distrahidas em serviços de Official de Justiça , declaro - lhe que , segundo
a doutrina estabelecida no Aviso de 28 de Junho de 1878 e n . 187 de 21 de
Abril de 1881 , quando não haja quem queira servir as funcções de Official de
Justiça , póde , em caso urgente, ser designada uma praça de policia para esse
fim , com tanto que previamente se faça requisição á autoridade que dispuzer
da força .
Deus Guarde á V. S. - Francisco Antonio Dutra Rodrigues.

Sr. Coronel Commandante do Corpo Policial Permanente.

Palacio do Governo de S. Paulo , 27 de Junho de 1888 .

Com referencia ao officio de 1.º do corrente , em que Vnics. pedem provi


dencias , não só quanto ao estado actual da policia local desse termo , por achar- se
desorganisada completamente, como tambem sobre o meio a seguir em referencia
ás prisões de menores orphảos e mulheres libertas , por não convir que taes in
- 81

dividuos , carecedores apenas de corretiros ao vicio , estejam em commum com


criminosos de toda especie , declaro-lhes que, em relação á primeira das providencias
solicitadas , a policia local vai ser extincta no fim do corrente mez , em virtude
da nova Lei da Força Publica ; e , quanto á prisão de menores e libertos, que
sanaria o mal o estabelecimento de uma casa de detenção , mas não ha dispo
sição Legislativa cogitando de tal medida e nem se encontra no orçamento vigente
autorisação especial para a respectiva despeza .

Deus Guarde a Vmcs.-- Pedro Vicente de Azevedo.

Srs . Presidente e mais Vereadores da Camara Municipal de S. Manuel .

PENITENCIARIA

Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 6 de Novembro de 1888.- No


interesse de melhor regulamentação do serviço d ' esse estabelecimento , e da cadêa ,
que por falta de cdificio proprio funcciona tambem em parte da mesma peni
tenciaria, sirya -se informar -me o seguinte :

1 ° Qual o movimento de doentes pobres por mez, descriminadamente , de


Janeiro a Outubro , na enfermaria da penitenciaria . 1

2º O mesmo quanto á cadêa .


3º Qual a despeza com doentes pobres , inclusivé medicamentos e dicta , do
Janeiro a Outubro, na penitenciaria .
4 ° O mesmo quanto á cadêa .
5 ° As enfermarias funccionam em um só logar , ou separadamente ?

Com a sua resposta, Vmc . emittirá o seu juizo quanto á conveniencia de con
tinuarem no mesmo edificio dois estabelecimentos de ordem inteiramente diversa
e sob diversas direcções , e bem assim si nào julga possivel alguma melhoria nesse
estado de cousas com a unidade de inspecção , e em quanto a cadêa não é tirada da
penitenciaria .
Deus guarde a Vmc. — Pedro Vicente de Azevedo.
Sr. Dr. Director da Penitenciaria .

31
1

:
RELATORIO

APRESENTADO AO ILLM.MO E EX.MO SNR .

DR . PEDRO VICENTE DE AZEVEDO

1
PRESIDENTE DA PROVINCIA DE SÃO PAULO

PELO

PESEMBARGADOR ERNESTO FOLIO BANDEIRA BE MBULO

CHEFE DE POLICIA

NO

DIA 7 DE JANEIRO DE 1889


Secretaria da Policia da Provincia de S. Paulo, em 7 de Janeiro de 1889 .

Hlm . Exm . Smi.

Tendo tomado posse do cargo de Desembargador da Relação desta Provincia ,


no dia 27 de Novembro ultimo, fui honrado pelo Governo Imperial com a no
meação de Chefe de Policia, por Decreto de 3 do corrente , em circumstancias
especiaes que me decidiram a interromper os meus trabalhos judiciarios , e , no
mesmo dia , prestei juramento, entrando em exercicio.

Em tão curto lapso de tempo , e no meio de multiplos affazeres, não mo


sinto habilitado com o necessario cabedal de experiencia e pratica dos negocios
attinentes á administração policial desta importante Provincia, para expôr con
scienciosamente todas as medidas indispensaveis para o melhoramento do serviço.

Entretanto , em cumprimento da ordem que V. Exc . dirigio ao meu ante


cessor, em officio de 12 de Outubro proximo preterito , tenho a honra de levar
ao conhecimento de V. Exc . as principaes occurrencias relativas a esta Repar
tição , desde 1.º de Maio do corrente anno, até a presente data .
Narrando -as succintamente, procurarei descobrir as causas que concorreram
para determinal-as, e ao mesmo tempo, demonstrar as providencias dadas pelo
meu digno antecessor, pelas autoridades policiaes e por mim , no sentido da
venção dos crimes e da punição dos delinquentes.

TRANQUILLIDADE E SEGURANÇA PUBLICA

Esta Provincia , que se adianta cada vez mais na civilisação e no progresso ,


conserva - se tranquilla em todos os seus pontos e preoccupada no seu bem -estar
e prosperidade .

1
2

1 -4

Para essa feliz situação concorrem efficazmente o caracter nobre e pacifico


dos Paulistas, que sabem so compenetrar dos seus direitos e deveres, e a certeza
de que nas nossas sabias instituições fundamentaes, encontrarão garantias para
a sua liberdade e propriedade.

Apesar da nova organisação do trabalho , depois da magna lei n . 3353 , de


13 de Maio do anno passado , e apezar da crescente população e de notorios
factores de disturbios , a ordem publica não soffreu abalo profundo .
Sinto, porém , ter de mencionar que a tranquillidade publica desta capital
foi alterada, com a triste occurencia que se deu das 8 para as 10 horas da
noite de 24 de Novembro ultimo, sendo os pormenores relatados circumstan
ciadamente em officio de meu antecessor, de 25 do mesmo mez .

As providencias tomadas sopitaram os tumultos, ficando logo restabelecida


a ordem publica.

No intuito de averiguiar a causa de facto tão grave , meu honrado antecessor


mandou immediatamente abrir inquerito pelo Dr. 2. ° Delegado de Policia .
Assumindo eu o exercicio, e em observancia da ordem de V. Exc . em
officio de 3 de Dezembro , e do Aviso do Ministerio da Justiça da mesma data ,
mandei proseguir activamente no inquerito, dando as convenientes instrucções .
Do resultado desse inquerito, cuja copia enviei a V. Exc . , dei conta em
officio de 5 de Janeiro corrente , que peço venia para transcrever abaixo :

Secretaria da Policia da Srovincia de S. Paulo, em 5 de Janeiro de 1889.

Film . e Exm . Sme.

Em cumprimento da ordem do V. Exc . em officio sob n . 184 , de 6 de De


zembro ultimo, tenho a honra de transmittir a V. Exc . a inclusa copia do in
querito policial, a que se procedeu , sobre os factos occorridos nesta capital nos
dias 22 , 23 e 24 de Novembro proximo findo .
Ao assumir o exercicio do cargo de Chefe de Policia desta Provincia , a 3
de Dezembro preterito , encontrei bem iniciado o inqucrito pelo Dr. 2.º De
legado de Policia, Eugenio Manuel de Toledo ; e ordenci, a 7 , que nelle pro
seguisse minuciosamente e com todo zelo , de modo que , especificados os delictos
commettidos, fossem descobertos os seus autores e cumplices.
Nesse intuito dirigi a organisação do mesmo inquerito, dando as conve
nientes instrucções e recommendando as necessarias diligencias , com indicação
do testemunhas .

Como V. Exc . se dignará yêr , de todas as peças do inquerito e do cir


cumstanciado relatorio daquella auctoridade policial, que envidou esforços para
o descobrimento da verdade , se colhem os seguintes factos , que passo a relatar :
A's 9 horas e 3/4 da noite de 23 de Noyembro ultimo e na rua da Es
perança , junto á venda n. 45 , travou - se um conflicto entre um Cadete, um
Forriel e varias praças do 17º Batalhão de Infantaria, que faziam parte da pa
- 5

trulha das immediações do respectivo Quartel, e o guarda urbano rondante ,


Francisco Victal de Freitas, que procurava conter duas prostitutas , ébrias , que
reciprocamente dirigiam palavras immoraes .
As partes das occurencias desse dia , assignadas pelo Alferes de Estado
maior, Carlos Sizenando Rino e pelo Alferes de ronda, Leopoldo José Ortiz da
Silva , mencionam que essa patrulha era commandada pelo Cadete José Lycurgo
da Cunha, e se compunha de 3 praças .

Do conflicto resultou que o rondante foi aggredido o derrubado pelos ditos


Cadete, Forriel e praças de linha , que causaram - lhe muitas offensas physicas ,
com bofetadas e pranchadas, tomando -lhe o proprio refle com que se defendeu
no começo da lucta e ferio levemente o Cadete Lycurgo , na face esquerda .
Procedeu -se na mesma noite a auto de corpo de delicto no guarda urbano
Francisco Victal de Freitas , verificando -se que foram leves os ferimentos na re
gião molar esquerda , e as contusões de segundo gráo na região frontal direita
o esquerda ; no ante -braço esquerdo e na região dorsal da mão direita .

Tendo o guarda urbano rondante sido recolhido ao quartel daquelle Ba


talhảo , ahi se apresentou logo o Major da Guarda Urbana, Manuel Antonio de
Lima Vieira , para indagar do facto.

Pouco tempo depois, o meu antecessor , ex -Chefe de Policia , Dr. José


Joaquim Cardoso de Mello Junior, informado daquelle conflicto pelos Drs . Ju
venal Francisco Parada , Deputado Provincial , e João Antonio de Oliveira Campos,
compareceu no Quartel , somente em companhia do seu ordenança , que ficou do
lado exterior, junto ao carro da Policia ; e , sendo -lhe franqueada a entrada pela
sentinella das armas, procurou entender - se com o official de Estado - maior, Al
feres Rino , sobre a mencionada occurrencia, em presença do Major da Guarda
Urbana .

Durante a conferencia , em termos comedidos e urbanos, alguns Cadetes á


paizana e de chapéos na cabeça , por vezes , interromperam em voz alta , com
apoiados e não apoiados e contestações menos respeitosas , o Dr. ex -Chefe do
Policia, que nenhuma discussão entabolou , e , guardando toda a calma , limitou -se
a tratar do assumpto que alli o tinha levado .

Neste interim , chegou o Capitão Fiscal Eugenio Augusto de Mello que,


vendo o procedimento dos Cadetes , ordenou que todos se retirassem para suas
Companhias , sendo promptamente obedecido .
Depois de ter o Capitão Fiscal prestado toda a attenção ao Dr. ex - Chefe
de Policia , que lh'a retribuio com delicadeza, retirou -se aquella autoridade, des
pedindo -se dos dois mencionados officiaes com aperto de mão .
Essas occurrencias são affirmadas pelos depoimentos das testemunhas ocu
lares - Major da Guarda Urbana e ex- Cadete do 17.º Batalhão de Infantaria ,
Prudencio Cicero de Miranda .

Taes declarações sob juramento, não podem ser confutadas pelas partes
diarias dos Alferes de Estado -maior e de ronda, redigidas em termos vagos , sem
menção de testemunhas e das palavras injuriosas attribuidas ao Dr. ex - Chefe
de Policia ; e , além disto , eivadas de suspeição de pessoas offendidas e discor
dantes uma da outra, e do protesto da officialidade, de 23 de Novembro ultimo.

Sobreleva que, o auto de exame por peritos , na parte de 23 de Novembro,


dada pelo Alferes de Estado-maior, Carlos Sizenando Rino, verificou que nella
!
1

existem rasuras em quatro logares, para se substituirem as palavras primitiva


mente escriptas na linha onde está a phrase « ás 10 horas da noite , pelas
« penetrou no . ....- policiaes , desacatando ...

Basta a simples inspecção ocular no original desse documento, para se re


1
conhecer que as palavras concernentes ao pretenso procedimento do Dr. ex -Chefe
de Policia , isto é, « penetrou no Quartel acompanhado de policiaes, desacatando
injuriando o Batalhãos , foram alli intercaladas, em substituição de outras , e
em additamento no pequeno espaço de papel, que obrigou ao visivel acanha
mento da lettra e abreyiatura do vocabulo Batalhão » .
i
No sabbado, 24 de Novembro, tendo o Governo Imperial , por intermedio
de V. Exc . , mandado recolher á Côrte o 17.º Batalhão de Infantaria, affixa
ram -se e distribuiram -se nesta Capital, boletins impressos e anonymos, convi
dando o povo para , ás 7 horas da noite , reunir -se no Largo de S. Francisco ,
afim de se despedir daquelle Batalhão.
Verificando-se essa manifestação ás 8 horas da noite , um grupo numeroso
de pessoas de todas as classes, percorreu as ruas principaes desta cidade , di
rigido pelos conhecidos republicanos e jornalistas, Drs. Francisco Rangel Pes
tana, Manuel Ferraz de Campos Salles, Carlos Garcia , Manuel Moraes e Barros,
negociante Manuel Lopes de Oliveira e outros.
Durante o trajecto para o Quartel de Linha, levantaram - se vivas ao 17.0
Batalhão e á Republica e proferiram - se discursos vehementes ; e , em frente ao
Quartel, repetiram - se os vivas e fallaram o Dr. Rangel Pestana, o Alferes -alumno
Generaldo G. Pereira Machado e o Commandante interino-- Major Honorato
Candido Ferreira Caldas, o qual, de uma das janellas do edificio, declarou que
acceitava agradecido a manifestação, si significava méra prova de sympathia ao
Exercito ; mas a regeitava, si tinha por ficto associar o Batalhão contra as ins
tituições.
Em seguida, a multidão dispersou -se em varios grupos , e um desses diri
gio -se ao Largo da Sé e á rua da Imperatriz e ahi, de uma das janellas do
Hotel Bragança », o Dr. Antonio Muniz de Souza, redactor da folha republicana,
« A Gazeta do Povo », pronunciou discurso incendiario, conforme apreciação de
uma testemunha a fls.

Então foram saudadas algumas praças do 17.º Batalhão, que passavam ; e o


Dr. Carlos Garcia, á frente do grupo de que faziam parte Cadetes , Soldados de
linha, á paisana, incitava os desordeiros, como juraram as testemunhas, a fls. 52 ,
67 verso , 93 verso e 94 verso .
Immediatamente o grupo tumultuou , e muito agitado e em grande grita
« A' Palacio ! á Palacio ! Viva a Republica ! Morra o Presidente da Provincia e
o Chefe de Policia ! , partiu para o Largo do Palacio, onde, junto ás grades do
jardin, prorompeu na mesma desenfreada vozeria , em varias ameaças e torpes
injurias, contra os Drs . Presidente da Provincia e Chefe de Policia , quebrando
com tijolos os lampeões da Illuminação Publica e atirando outros projectis sobre
as grades do jardim .
Quando os desordeiros tentavam invadir o jardim e assaltar o Palacio do
Governo , a sentinella bradou ás armas e formou a guarda, composta de 6 praças
de Cavallaria , do Corpo Policial Permanente, sob o commando de um sargento,
armadas unicamente de espadas, sem jámais ter havido descarga alguma.

1
- 7 -

Parte do magote dos turbulentos, destacando- se , assaltou a Estação Central


da Guarda urbana com uma descarga de tiros de revolvers , e foi repellida com
outra descarga para o ar e para o chão , de modo que os aggressores não fica
ram feridos.

Estes , fugiram , disparando tiros a esmo .


Durante o tumulto foram feridos levemente individuos que estayam a dis
tancia : Benedicto Ribeiro, copeiro da casa do Commendador Antonio da Costa
Moreira , na occasião de fechar a vidraça , foi ferido gravemente, por bala , no
terço superior do braço direito, conforme o corpo de delicto , o Henrique Dobbes
de Mello, na dita casa , contundido muito levemente no peito, com a mesma bala .
Enquanto este motim se levantava contra as autoridades superiores da Pro
vincia , por instigações dos republicanos, cerca das oito horas da noite , estando o
guarda urbano Januario Augusto de Oliveira, a fazer compras na loja de ferra
gens de Lebre , Irmão & Souza, na rua da Imperatriz n . 1 , esquina da rua Di.
reita , alguem gritou : « Ahi ha morcego ! » e o guarda urbano, ao sahir daquelle
estabelecimento, quando os empregados tratavam de fechar as portas, por causa
do tumulto na rua , foi accommettido de sorpresa por duas praças do 17.º Bata
lhão de Infantaria , que o agarraram pelo peito da bluza , dizendo uma dellas :
« Agora , filho da . pagarás ! » 1
Para se livrar da subita aggressão, o guarda urbano Januario disparou 2 ou
3 tiros de revolver, ferindo no peito o soldado do mesmo Batalhão, José Bene
dicto de Campos, e exclamou : « Matei um homem ! Estou perdido ! »
() soldado cahiu immediatamente por terra , e foi logo recolhido á Enferma
ria militar , onde veio a fallecer no dia 25 de Dezembro ultimo, tendo se proce
dido a auto de corpo de delicto , de perguntas e autopsia .
Evidencia -se das declarações do offendido José Benedicto, do exame da bala
extrahida de seu cadaver e dos depoimentos das testemunhas, que o guarda ur
bano Januario foi quem o ferio com um tiro de revolver.

Em seguida suscitou -se grande tumulto na turba, que cercava a supradita


loja, procurando incendial- a e arrombar as almofadas da vitrine, para fazer sahir
o guarda urbano .

Presentindo o guarda Januario de Oliveira o imminente perigo que corria ,


tratou de disfarçar-se com o paletot do ferreiro dessa casa commercial, e , empu
nhando um revolver, correu para a Travessa do Collegio onde, descoberto o seu
disfarce, foi perseguido por soldados do 17. ” Batalhão de Infanteria.

Estes , armados de navalhas e revolvers e envolvidos no tumulto, mataram


o guarda urbano com tiros de revolvers e a golpes de navalha na cabeça.
Durante essas graves occurrencias, 18 praças do Corpo Policial Permanente ,
que deviam reforçar a guarda do Palacio, receberam em caminho, ordem de se
guir para a rua da Imperatriz, afim de dispersar ajuntamentos e garantir de vio
dencias a loja de Lebre, Irmão & Souza.
Ao chegar esta força em frente á Caixa Economica, na Travessa do Colle
gio , encontrou - se com uma malta de turbulentos, que a aggredio com muitos tiros
de revolver .
Para contel - os, os soldados de policia deram duas ou tres descargas de es
pingardas, sem pontaria , e conseguiram assim a dispersão dos desordeiros, que
desceram pela rua da Imperatriz , tomando a Trayessa do Thesouro.
8

Nessa occasião ficaram feridos Bruno Benedicto dos Santos , com dous feri
mentos de arma de fogo, na região femural direita e inguinal esquerda, con
siderados graves pelo exame de sanidade , quando passava pela Rua do Commercio,
em frente á dita Travessa ; e levemente o Cadete Victor de Andrade e os Solda
1 dos Miquelino de Oliveira e Felix Alexandrino Dantas, todos do 17.º Batalhão
de Infanteria, nos quaes se fizeram os respectivos autos de corpo de delicto .
Finalmente, depois da attitude energica das autoridades, ás 10 horas da
noite, cessou o conflicto e restabeleceu - se o socego publico.
Consta que Antonio Toledo Pisa e Almeida, fazendeiro em Capivary , recebeu
um ferimento de bala no hombro esquerdo, quando atravessava a Rua do Thesouro.
Tendo- se retirado desta capital o dito cidadão, ordenei ao Delegado de Policia
daquelle termo que procedesse a auto de corpo de delicto e de perguntas, em presença
do Dr. Promotor Publico ; porém essas diligencias não se effectuaram , por ter Pisa
e Almeida deixado de acudir as duas intimações que lhe foram feitas para esse fim .
Sobre a offensa physica que elle soffren, jurou a testemunha Coronel Com
mandante do Corpo Policial , ter visto Pisa e Almeida desfechar sobre a senti
nella do Thesouro um tiro de revolver , que lhe atravessou o bonet, e a mesma
sentinella repellir a aggressão com outro tiro, derrubando por terra o offensor .
Fez - se o auto de corpo de delicto no arrombamento da vidraça da loja de
Lebre, Irmão & Souza, na Rua da Imperatriz n . 1 , verificando-se ter sido com
pletamente quebrada por forte pancada no centro da taboa.

Procedeu -se a exame cadaverico do guarda urbano Januario Augusto de Oli


veira , que apresentou ferimentos na região peitoral esquerda ; duas perfurações
arredondadas na perna esquerda, correspondente ao terço medio da coxa, cau
sados por projectis de arma de fogo ; cum ferimento de forma semi-lunar, pe
netrando na região parietal direita, produzido por instrumente cortante, faca ou
navalha ; ontro ferimento da mesma natureza , interessando somente a pelle e o
tecido cellular subcutanco, de direcção obliqua, de cima para baixo , no terço
inferior do ante-braço esquerdo ; dois ferimentos contusos na região maxillar in
ferior direita e na região mollar esquerda ; finalmente , uma cchymose na região
peitoral direita e uma outra e longa escoriação na face lateral direita do nariz .
Do auto de autopsia , a fls. 8 e do relatorio medico legal, a fls. 88 , se con
clue que a morte instantanea do guarda urbano Januario Augusto de Oliveira,
foi devida ao ferimento na região peitoral esquerda, interessando o coração.
Dos depoimentos das testemunhas contestes e insuspeitas, a fls . 34 , 35 verso ,
65 e 68 , se vê que dos officiaes do 17.º Batalhão, o Alferes alumno Generaldo
G. Pereira Machado e outro , cujo nome não é nomeado, offereceram seus serviços
e os dos camaradas a alguns chefes republicanos para proclamar -se a republica.
Eis , Exmo. Sr. , a exposição fiel e minuciosa das graves e deploraveis occur
rencias que, em dias de Novembro ultimo, sobresaltaram a população pacifica
desta Capital e perturbaram a ordem publica, com menospreço das leis e das
autoridades constituidas.
Deus Guarde a V. Exc .

Illmo. Exmo. Sr. Dr. Pedro Vicente de Azevedo - Presidente da Provincia


de São Paulo .
0 Chefe de Policia
Ernesto Julio Bandeira de Mello.
9

DIVISÃO POLICIAL

Existem na Provincia 88 Delegacias e 204 Subdelegacias de Policia .

AUTORIDADES POLICIAES

Muito bons serviços prestam á causa publica os cidadãos que, com sacrificio
de seus commodos e socego , e até de seus interesses, desempenham os cargos
policiaes , cujo exercicio cada vez mais se torna penoso na actual quadra ,
em que os embaraços avultam , como é notorio .

Tem sido sempre difficil a acquisição de bom e idoneo pessoal, porque é co


nhecida a repugnancia quasi geral na acceitação de um cargo muito laborioso,
arduo, e além disto , gratuito.
1
Incessantemente as autoridades policiaes pedem demissão com instaucia, e
sinto não poder deixar de propôr a exoneração de tão uteis auxiliares.
Está exercendo o cargo de Delegado de Policia do Ribeirão Preto , o Alferes
do Corpo Policial Permanente, Hyppolito da Graça Martins.
Devo aqui louyar e agradecer aos prestimosos cidadãos, que têm - me coad .
juvado e aos meus antecessores, com toda a dedicação e lealdade.
1
Ha nesta Capital duas Delegacias, que são bem exercidas por Bachareis
formados. A affluencia do serviço policial occupa-lhes quasi todo o tempo, que
poderiam dedicar aos seus interesses particulares ; e exige delles sacrificios de
bem estar e tranquillidade.

Bem poderia a Assembléa Provincial consignar no orçamento uma verba


para subsidio a esses dedicados funccionarios, na razão de 150 $ 000 reis mensaes,
para auxilio á Secretaria relativo ao expediente , por ser insufficiente a quantia
lestinada pelos cofres geraes.

E ' uma medida de toda a justiça e equidade essa pequena gratificação que ,
liás, não compensa o penoso trabalho da Policia.

FORÇA PUBLICA

A força publica existente nesta Provincia, comquanto augmentada pela lei


. 27 , de 10 de Março de 1888 , não corresponde ainda ás necessidades mais
rgentes do seryiço.

Consta do Corpo Policial Permanente , da Guarda urbana , Secção de Bom


eiros e da Policia Local, que ainda não está inteiramente extincta , por não ter
quelle Corpo attingido ao estado completo , conforme o artigo 5.º da refe
da lei .

As praças do Corpo Policial estão distribuidas em destacamentos nas locali


ides da Proyincia .
fazem para au 1
São constantes as reclamações que as autoridades policiaes

nento das praças destacadas e remessa de força para diligencia. Nem sempre
isso attendel-as , por falta de força disponivel , dando- se o caso de sómente haver
n numero indispensavel para as guardas do quartel , cadeia e mais serviços
sta Capital.
2
1

- 10

Algumas autoridades policines chegam até a pedir demissão , por não poderem
dispôr de força sufficiente para manutenção da ordem e segurança individual e
de propriedade, e para prisões de criminosos, que ousam apparecer nas povoações .
Conviria estabalecer destacamentos volantes e itinerantes , que percorressem
os districtos policiaes mais remotos , para prevenir delictos e capturar criminosos .

CORPO POLICIAL PERMANENTE

Este corpo compõe -se actualmente de 1.500 praças, inclusive officiaes, em


numero de 27 , na forma da Lei Provincial n . 27 , de 10 de Março de 1888 .
Parece - me necessaria a reforma do novo Regulamento do Corpo , expedido
em 7 de Novembro de 1887 - que resente - se de lacunas e defeitos, principal
mente quanto á parte penal e processual, como tive occasião de apreciar nas
duas Sessões da Junta de Justiça, a que acabo de presidir .

E' urgente o fornecimento do armamento , correame e munição, para o que


o Governo está autorisado pelo artigo 6.º da lei de força ; e sou de opinião
que deve ser preferida a carabina á Comblain para o armamento .
seu estado
Procuro concorrer para que , brevemente, o Corpo attinja ao
completo.
Entendo ser de necessidade o restabelecimento de uma Companhia de Ca
vallaria , com 80 praças, como determinava a Lei n . 113 , de 7 de Julho de 1881 ,
e que foi extincta pela de numero 42 , de 31 de Março de 1882 ; ou pelo menos
de uma Secção , composta de 40 praças , conforme a Lei n . 64 , de 10 de Abril
de 1870 .

Já existem equipamento, correame, arreiamento , e algum armamento .

POLICIAMENTO DA CAPITAL

Com o numero insufficiente de praças da Guarda urbana e Corpo Policial


Permanente, que é desfalcado pelos destacamentos, diligencias e outros serviços ,
cada vez mais se torna difficil manter completa vigilancia sobre todos os pontos
desta capital , cuja vasta e populosa area , constantemente se augmenta com muitas
ruas e praças novas . Faltam rondas diarias e nocturnas em muitas ruas .

Entretanto , o serviço do policiamento se faz de modo a prevenir muitos


attentados á segurança de pessoa e de propriedade .

Ainda , ultimamente, os esforços do Dr. 1.º Delegado de Policia , Pamphilo


Manuel Freire de Carvalho, e do Subdelegado de Santa Ephigenia, Antonio José
Ramos de Oliveira Junior, deram em resultado a prisão de alguns gatunos, e o
desapparecimento de muitos que , vindos de varias procedencias, tentavam reali
sar nesta Capital seus criminosos planos .

COMPANHIA DE URBANOS

A Companhia de urbanos , desde o exercicio de 1886 para 1887 , foi au


gmentada com o numero de 240 praças , além de um Capitão Commandante e
um Alferes, faltando apenas para completar o estado effectivo 5 guardas .
11

Os guardas são distribuidos por 6 Estações Policiaes e edificio da Immi


gração, pela forma seguinte :

Estação Central 105


42
Dita de Santa Epbigenia
Dita da Consolação . 24
Dita do Braz 32
Dita do Lava - pés 18
Dita de Santa Cecilia 12
Casa da Immigração 1
Total 234

As Estações do Marco da Meia Legua e de Santa Anna são guardadas


.
por destacamentos do Corpo Policial Permanente .
1
Urge a creação de mais 2 Estações na Villa Marianna e na Barra Funda,
perto das Estações das Estradas de Ferro Ingleza e Sorocabana .

Para ser attendida essa necessidade deve - se augmentar a verba .


A Estação Central continúa estabelecida na Rua do Carmo , em um predio
acanhado, sem accomodações para a arrecadação e o expediente da Companhia e
das Delegacias de Policia .

O policiamento da cidade reclama elevação do numero de praças da Com


panhia a 309 .

SECÇÃO DE BOMBEIROS

A Secção , commandada pelo Tenente Alfredo José Martins de Araujo , con


tinúa a prestar bons serviços, como tive occasião de verificar nos trez incendios
que ultimamente se deram .

Houve prompto comparecimento do pessoal e material nos lugares dos in


cendios , extinctos com presteza .

Trato de obter mais uma bomba a vapor , dos fabricantes Merrisweather &
Sons , do mais aperfeiçoado typo « Greenwich », pela quantia de 8 : 000 $ 000 de
réis , conforme a autorisação de V. Exc . , em officio de 28 de Novembro do anno
findo .

Cumpre elaborar um Regulamento para a Secção, que é regida pelas dispo


sições applicaveis do Regulamento da Companhia de urbanos .
Procuro estudar a materia para propôr a V. Exc . as bases desse Regula
mento .

Parece-me acto de verdadeira justiça a elevação do exiguo vencimento do Te


nente Commandante da Secção de Bombeiros, si a Fazenda Provincial não per
mittir a elevação da Secção á Companhia , com 4 officiaes e augmento de pes
soal , conforme propôz em seu Relatorio o meu antecessor, Doutor Salvador An
tonio Muniz Barreto de Aragão , em 31 de Dezembro de 1887 .

PRISÕES PUBLICAS

As cadêas estão muito longe de satisfazer o preceito do artigo 179 , § 21


la Constituição Politica .

i
12

Em geral faltam -lhes todas as condições de segurança , commodidade e hy


giene . Nem se pode fazer a classificação dos presos , estabelecida pelo artigo 148
do Regulamento n . ° 120 de 31 de Janeiro de 1842.

Não sendo possivel a construcção de cadêas em todas as localidades da Provincia ,


convem edificar bôas prisões em certas circumscripções, que possam servir de de
posito dos presos dos logares yisinhos.

Talvez bastasse actualmente fazer 6 a 8 cadêas nesta Provincia, vastas, se


guras e salubres.

CADEA DA CAPITAL

Logo que assumi o exercicio , foi meu primeiro cuidado visitar este Esta
belecimento, e muito contristou -me o deploravel estado em que o encontrei.
A cadea da capital contrasta com a civilisação da Provincia e merece a mais
séria attenção dos poderes provinciaes.
Ainda offerece o mesmo aspecto repugnante descripto pelos meus anteces
soles . E ' um antro de corrupção, um fóco de miasmas e uma sentina do vicio .
Torna -se iinpossivel obter a expiação do crime e a regeneração do delinquente ein
tal prisão .

As prisões são acanhadissimas para o numero avultado de presos ; não teem


a devida segurança , nen o indispensavel asseio, faltando -lhe todas as condições
de salubridade.

Os presos estão accumulados e vivem em atmosphera mephitica , entre bahús ,


esteiras e varios utensilios, sem poder estabelecer -se a sua separação, conforme
as circumstancias e natureza dos crimes, e em observancia do preceito consti:
tucional .

Apenas pude destinar o compartimento numero 7 , somente para prisão de


detentos, indiciados e pronunciados.
O unico melhoramento , que a cadêa recebeu , foi o estabelecimento de la
trinas e o encanamento d'agua, em 1886 .

Actualmente existem recolhidos 214 presos, dos quaes são condemnados : á


pena capital, 3 ; a galés perpetuas, 74 ; á prisão com trabalhos, 99 ; á prisão
simples e multas, 5 ; pronunciados, 18 ; e indiciados, 10 ) .
E ' imprescindivel a necessidade de se dar melhor organisação á adminis
tração da cadêa, confiada actualmente a um Carcereiro , que tem o mingoado or
denado de 50 $ 000 mensaes.

Com tal vencimento não se pode encontrar pessoa idonea , sendo por isso
que o logar é ora exercido por um guarda urbano, que percebe o soldo e aquelle
ordenado.

E' notavel a anomalia de que, sendo a Penitenciaria no mesmo edificio da


Cadêa, os condemnados a galés occupem os compartimentos desta, sob a guarda
do Carcereiro , por falta de accomodações naquelle Estabelecimento
De accórdo com um dos meus dignos antecessores , de saudosa memoria , Dr.
Manuel Juvenal Rodrigues da Silva , entendo que se deve reformar a administração
da Cadêa , convertendo - a em casa de Detenção , com pessoal intelligente, sério e bem
remunerado; ou ao menos , por economia, sugeital-a á direcção do Director da Peni
tenciaria , com auxiliares de sua plena confiança, devidamente retribuidos .
13

Insto com a illustre Assembléa Provincial para conceder os fundos necessa


rios á construcção de uma cadêa, que satisfaça aos preceitos da Constituição e
ás exigencias da humanidade, nesta florescente Capital.

CADÈAS DA PROVINCIA

CADEA DO APIAHY

A casa que serve de cadĉa nesta villa é má , tanto para a saude , como para
a commodidade dos presos .

Acha -se em construção um edificio para esse fim , mas muito atrasada , por
falta de consignação de verba nos orçamentos .

CADÊA DE ARAS

() estado da cadêa póde - se dizer bom .

CADÊA DE ARARAQUARA

E ' tal o estado da cadea desta cidade que, temendo-se o desabamento do


predio, têm sido os réos remettidos para São Carlos do Pinhal, e o Jury d'ora em
diante vae funccionar em uma casa particular, a pedido do Juiz de Direito .

Alguns engenheiros, que examinaram o edificio , declararam que, inespera


damente , irá abaixo uma parede lateral externa e que , com esta , ruirá dentro em
pouco o predio todo .
CADÊA DE ATIBAIA

E' bom o estado da cadêa desta cidade .

CADÊA DE BATATAES

E ' satisfactorio o estado da cadea .

CADÊA DO BELEM DO DESCALVADO

Serve de cadêa nesta villa uma casa particular, que não offerece a indis
pensavel segurança
CADÊA DE BOTUCATÚ

Não é de modo algum satisfactorio o estado da actual cadêa . Acha- se, porém ,
uma outra em construcção .
CADÊA DE BRAGANÇA

Acha -se em boas condições de segurança a cadêa desta cidade .

CADÊA DE CACONDE

A cadèa desta cidade está em construcção . E' um bom edificio, e já se acha


levantado até o primeiro andar .

CADÊA DE CUNHA

A cadêa desta cidade, comquanto tivesse , não ha muito tempo , obtido alguns
melhoramentos, precisa presentemente de varios concertos , com especialidade no
telhado .
14

CADÊA DO ESPIRITO SANTO DO PINHAL

Serve de cadêa nesta cidade uma casa particular, sem as precisas accomoda
ções , sem segurança , e pessimamente construida .
1
Nella existem apenas duas prisões , de dez palmos cada uma .

CADEA DA FAXINA

E' pessimo o estado da cadêa desta cidade , onde só ha uma prisão , pouco
espaçosa, em que se agglomeram , ás vezes , dez e mais presos .
9
CADÊA DE GUARATINGUETÁ

E bom o estado da cadea desta cidade .

CADÊA DE ITAPETININGA

A cadêa desta cidade não tem uma só prisão que offereça segurança .

Sobre esse assumpto a autoridade policial respectiva tem feito já varias


reclamações .
CADÊA DE ITATIBA

Não offerece segurança alguma a cadêa desta cidade .

CADÊA DE JACAREHY

A cadêa desta cidade é um edificio novo , offerecendo todas as commodidades


e a precisa segurança .
CADÊA DO JAMBEIRO
1
Serye de cadêa e quartel nesta villa uma casa particular , decente e segura .

CADÊA DE JUNDIAHY

E' bom o estado da cadêa desta cidade : limpa e bem segura .

CADÊA DE LENÇÓES

E ' pessimo o estado da cadêa desta yilla . Nada, ou quasi nada, alli póde
ser aproveitado .
CADÊA DA LIMEIRA

E' satisfactorio o estado da cadea desta cidade .

CADÊA DE LORENA

O estado da cadea é bom .

CADÊA DE MOGY DAS CRUZES

Esta cidade possue uma bôa cadêa .

CADÊA DE MOGY -MIRIM

E ' regular o estado da cadea desta cidade, necessitando, entretanto, de al


guns melhoramentos, pois não tem ainda commodos especiaes para prisão de
mulberes e de individuos simplesmente detentos .
15

CADÊA DE PIRASSUNUNGA
accomida
O estado da cadea é bom ; é um edificio novo e seguro .

CADÊA DA PENHA DO RIO DO PEIXE

O estado da cadêa desta cidade é satisfactorio .

Precisa unicamente de concertos no telhado e paredes exteriores, bem como


3, poat de uma porta, para segurança das prisões .

CADÊA DE PIRACICABA

O estado da cadêa é pessimo , carecendo de urgentes reparos .

CADÊA DE PORTO FELIZ

O estado da cadea actualmente é bom .

CADÊA DE PARAHYBUNA

E' bom o estado da cadêa desta cidade .

CADÊA DE PARANAPANEMA
t
Existe nesta villa uma cadêa com boas accommodações , em lugar salubre e
que offerece todas as garantias .

Acha-se, porém , acabado apenas o pavimento terreo da mesma , onde existem


quatro prisões , forradas e assoalhadas , estando por concluir todos os commodos
do andar superior .

Com pequena quantia , ficará o predio concluido , economisando a Provincia


a quantia que actualmente paga pela casa que serve de cadêa e quartel , a qual,
além do mais , não offerece segurança alguma.

CADÊA DA PIEDADE

A cadêa desta villa tem bons commodos, alguns dos quaes estão servindo
para os trabalhos do fôro e da Camara Municipal .
Os xadrezes estão em condições satisfactorias.

CADÊA DO RIO VERDE

Serye de cadêa uma casa particular , sem a capacidade e segurança necessa


rias, estando por concluir o novo edificio destinado a esse mister.

CADÊA DA SERRA NEGRA

O edificio actual da cadêa está em pessimas condições . E' um pardieiro


velho e insalubre .

Está , porém , em construcção , para esse fim , magnifico predio, que corres
ponde ao adiantamento e progresso do lugar .

O respectivo Delegado de Policia pede , para que as obras não sejam sus
pensas , o valioso apoio do Governo , fazendo que sejam votadas pelo Poder Le
gislativo Provincial as quotas necessarias para a conclusão do edificio.
1

16

CADÊA DE SILVEIRAS

A cadêa desta cidade precisa de alguns reparos.

CADÊA DE SOROCABA

A cadêa offerece alguma segurança , porém , tem - se tornado insalubre e repu


gnante, em rasão da má collocaçaão da latrina .

E ' urgente uma limpeza , sinão geral , ao menos da prisão principal .

CADA DE S. LUIZ

Servem de cadêa nesta cidade os baixos do predio da Camara Municipal.


Necessita ser assoalhada a sala destinada para prisão das mulheres .
Além disso , ha falta de um commodo para servir de prisão aos simples de
tentos que, presentemente , são recolhidos em commum com os condemnados, o
que será facil obter, porque o edificio tem um salão desoccupado, que a Camara
poderá ceder, desde que haja quota para fazer - se o indispensavel gradeamento .

CADEA DE S. JOSÉ DOS CAMPOS

E ' satisfactorio o estado da cadea desta cidade.

CADÊA DE SÃO SIMÃO

A cadêa desta villa está bem conservada E ' todavia pequena, necessitando
de augmento para comportar os criminosos que nella são recolhidos.

CADÈA DE SÃO ROQUE

A cadêa desta cidade é antiga, pequena e mal construida. Pode - se dizer


em ruinas.
CADÊA DE S. JOÃO DA BOA VISTA

A cadea desta cidade é bỏa e acha -se em condições hygienicas.

CADÊA DE SÃO SEBASTIÃO

A cadea desta cidade precisa de alguns reparos, afim de offerecer a neces


saria segurança , evitando -se por esta forma maiores despezas para o futuro , si
não forem desde logo feitos os mesmos .

CADÊA DE S. CARLOS DO PINHAL

Não é bom o estado da cadea .

Ha necessidade de algumas obras de segurança nas tres janellas da compe


tente prisão
CADÊA DE SANTA BRANCA

E ' soffrivel o estado da cadea desta villa , satisfazendo em todo o caso as


necessidades do lugar.

CADÊA DO TIETÉ
Bom o estado da cadea .
17

CADÊA DE TAUBATÈ

A cadêa desta cidade é muito velha . Precisa ser reconstruida e notavel

mente augmentada .
CADÊA DE TATUHY
weeree
E ' bom o estado da cadêa desta cidade . Alguns reparos de que necessita
vão ser brevemente feitos.
CADÊA DE UNA

Serve de cadêa nesta villa uma casa particular .

CADÊA DE UBATUBA

Para a sua segurança e hygiene, a cadea desta cidade necessita de alguns


reparos .

FACTOS NOTAVEIS
to.
ARARAQUARA

Na noite de 20 para 21 de Abril , em Araraquara , o alfaiate de nome Ser


torio Pinto Machado, arrombando a porta do quintal da casa em que reside o 1
preto velho, conhecido por « Pai Antonio , deu - lhe muitas bordoadas, procedendo
a autoridade policial a corpo de delicto no offendido, sendo os ferimentos consi
derados graves .

A 23 , foi preso Machado e recolhido á cadêa .

BANANAL

Sobre os barbaros assassinatos do Coronel Pedro Ramos Nogueira e Dr.


José Caetano Horta Barboza , reporto -me ao Relatorio de meu antecessor, em of
ficio datado de 8 de Agosto do anno findo .

BRAZ

Tendo chegado ao conhecimento do Subdelegado da freguezia do Braz, que


na noite de 13 de Agosto , na colonia de « S. Caetano , houve grande desordem ,
motivada pelo jogo, da qual resultou ficar ferido o individuo de nome Antonio
Bugre, para alli se dirigiu aquella autoridade, no dia seguinte , acompanhada
do medico da Policia e do respectivo escrivão e procedeu a exame no offendido ,
cujos ferimentos foram praticados por Fulano Bexiga e Honorato de Tal , con
forme ficou provado .
BATATAES

Na noite de 24 para 25 de Dezembro, Antonio Bonifacio da Costa foi gra


tambem a
vemente offendido por um tiro, que produziu tambem a morte de Maria Barru
cha e da menor de nome Maria .

A respectiva autoridade procedeu ás diligencias da lei e trata de averiguar '


o facto, afim de descobrir o autor do crime .

CAPITAL

A 18 de Junho , tendo chegado ao conhecimento do Dr. 2.º Delegado , que


na Ladeira do Porto Geral , achava- se ferida Sabina Maria da Conceição, alli re
3
1 18

sidente n'um cortiço , dirigiu -se logo ao lugar, em companhia do medico de se


mana , afim de examinar a offendida ; feito o que, passou a tomar informações á
mesma , e, como o seu estado fosse gravissimo , mandou remoyel -a para a Santa
Casa de Misericordia , onde falleceu ao chegar.

Pelo corpo de delicto e autopsia , ficou evidenciado que Sabina succumbira


a offensas recebidas, achando - se gravida de um mez .

A autoridade procedeu, sem perda de tempo , ao respectivo inquerito, con


cluido o qual e ficando provado que o offensor havia sido Joaquim Innocencio
de Sant'Anna, com quem vivia a victima amasiada, foi requisitada a sua prisão
á autoridade judiciaria, sendo Innocencio capturado na freguezia do Braz , pelo
respectivo Subdelegado, Octaviano Augusto de Oliveira .

Innocencio , sendo interrogado , confessou o crime .


No dia 1 do mez de Julho, na Rua da Mooca , da freguezia do Braz , deu -se
um conflicto entre Manuel Pereira dos Santos e José Augusto, ambos portugue
zes, do qual resultou a morte daquelle, por duas facadas.
Foram procedidas as diligencias legaes pelo Dr. 2.0 Delegado de Policia ,
não sendo capturado o criminoso, apezar de todos os esforços para isso envidados
por aquella autoridade.
CAMPINAS

No dia 19 do referido mez deu-se um conflicto em um Restaurant daquella


cidade, sendo autor da desordem o proprietario do mesmo, de nome José Malito,
italiano, conhecido desordeiro e ebrio , por habito, em cujo estado se achava nesse
momento .

Logo que o Delegado teve sciencia do facto, dirigiu -se, com algumas praças ,
ao referido Restaurant, e , ao chegarem á porta do mesmo , foram recebidos por
dois tiros , desfechados por Malito, ficando dois soldados levemente feridos.
Nessa occasião as praças procuraram realisar a prisão do aggressor , travan
do - se então um serio conflicto entre Malito e outros individuos que se achavam
na casa, e que a todo o transe , procuravam evitar a prisão do mesmo Malito .
Do conflicto resultaram diversos ferimentos leves nas praças, no aggressor e
em outros , sendo afinal preso Malito .
A respeito procedeu -se a rigoroso inquerito, que foi remettido ao Juiz com
petente.
Em dias do mez de Novembro, por questões particulares, depois de alter
cação entre Joaquim Bento da Cunha e Joaquim Rodrigues, ambos empregados
na fazenda « Cascatar , de Raphael Luiz Pereira da Silva , chegaram a vias de
facto , resultando Joaquim Bento matar a Joaquim Rodrigues com 11 facadas.

Em seguida , o assassino dirigiu - se á fazenda e encontrando a mulher de


Joaquim Pereira , disse a esta que, como já estava perdido , havia de acabar com
todos da casa ; e lançando mão de uma fouce, descarregou -lhe um forte golpe , que
a matou instantaneamente, ferindo ainda a outras pessoas que alli se achavam .
O Delegado de Policia , logo que teve conhecimento do facto, dirigiu -se ao
lugar do crime e procedeu a corpo de delicto , tanto nos cadaveres , como nas
pessoas offendidas, conseguindo, de accórdo com aquelle fazendeiro, a prisão do
criminoso , que foi recolhido á cadêa .
A autoridade providenciou sobre as demais diligencias da lei .
1

19

CAMPOS NOVOS DO PARANAPANEMA


1
No dia 7 de Agosto , ás 10 horas da manhan, foram barbaramente assassi
pados pelo indios selvagens, em sua propria fazenda, denominada « Serra , a 4
leguas mais ou menos distante daquella villa , João Francisco de Mello e 2 filhos,
um de 11 e outro de 4 annos de idade ; conseguindo fugir bastante ferido um
outro filho do mesmo fazendeiro ,

Os cadaveres , que foram dados á sepultura no dia 9 , depois do competente


corpo de delicto, achayam - se horrivelmente mutilados .

A população vive continuamente sobresaltada, temendo alguma correria , não


só porque os indios já se têm approximado della , como tambem por não restar
duyida de que são elles guiados pelos indios mansos, que conhecem perfeitamente
a população e o numero dos habitantes de que pode dispor para a defesa , no
caso de ataques .
DOUS CORREGOS

No dia 6 de Dezembro foi assassinado , por facadas , o individuo de nome


Antonio Bernardes , camarada do fazendeiro José Antonio Barboza .

A respectiva autoridade procedeu ás diligencias recommendadas por lei , não


tendo sido preso o criminoso, que se dizia ser o italiano Alexandre Caputi , a 1
despeito dos esforços empregados para aquelle fim .

ITATIBA

No dia 3 de Junho, á tarde, foi assassinado Domingos Dias de Oliveira por


Horacio Bueno Correia Marcondes , que evadiu - se .
A autoridade fez corpo de delicto no cadaver e procedeu ás diligencias
da lei .
LENÇÓES

No dia 19 de Dezembro, foi assassinado o Inspector de Quarteirão, Delfino


José Rosa , pelo soldado do Corpo Policial Permanente, que alli se achava em
diligencia , sendo recolhido á respectiva cadêa o autor do crime, João Antonio de
Miranda, por ordem do Delegado .
A mesma autoridade procedeu na forma da lei .

PENHA DO RIO DO PEIXE

Na tarde do dia 12 de Junho foi offendida gravemeute a praça do Corpo


Policial alli destacada , de nome José Martiniano de Carvalho , pelo hespanhol
Joaquim Martinez , que fôra preso em flagrante delicto ; motivando este crime o
facto de ter aquella praça ido intimar a Martinez para comparecer perante a
Delegacia , afim de responder por desordens que tinha provocado .

Fez -se corpo de delicto no offendido, e o inquerito policial, que foi remet
tido á autoridade competente .

PENHA DE FRANÇA

Na noite de 8 de Setembro, por occasião de serem queimados os fogos ar


ificiaes, em vesperas da festa da Padroeira da freguezia, foi gravemente ferido
om uma punhalada na região lombar , Eduardo Corrêa Augusto de Maga
hães , pelo italiano Roculo Locassi, fogueteiro, com quem Eduardo travara con
- 20

flicto, resultando receber o ferimento, do qual veio a fallecer dois dias depois,
nesta capital , para onde fora transportado.
O criminoso, sendo perseguido pelo clamor publico, foi preso no recinto da
igreja do Rosario, da mesma freguezia, onde procurou refugiar-se.

Procedeu -se ao auto de corpo de delicto no offendido e a outras diligencias .


Roculo, submettido a julgamento no dia 3 de Outubro, foi condemnado a
12 annos de prisão com trabalho.

PIRACICABA

A 8 de Dezembro , no bairro da Serra Negra ) , onde havia uma pequena


festa, e achava - se reunido grande numero de pessoas no pateo , chegou o cadaver
de Marciana, mulher de Geraldo Ferreira da Cunha, conduzido por diversos
pretos da colonia existente na fazenda de Pedro de Almeida Barros ; e , como a
rêde em que vinha o cadaver estivesse ensanguentada e já houvesse indicios contra
. Geraldo , que, por diversas vezes , tentou assassinar sua mulher, o Inspector de
Quarteirão, instado pelo povo , chamou duas pessoas, para examinarem o cadaver,
e por esse exame, verificaram a existencia de ferimentos penetrantes, que pro
duziram a morte , achando -se destroncado o pescoço da victima.
A’ vista de semelhante barbaridade, o povo exigiu a prisão de Geraldo, que ,
fi
achando - se enfurecido, por se ver assim contrariado, insultou com palavras in
juriosas ao referido Inspector, dando- lhe este vóz de prisão ; porém , Geraldo
desobedecendo á ordem , tratava de , com uma faca em punho, ferir por todos
os lados aos que tentavam segural - o , e , como já ia conseguindo fugir, o Inspec
tor deu -lhe um tiro, á queima buxa, cuja carga , empregando -se -lhe no peito ,
produziu -lhe a morte uma hora depois .
O Delegado de Policia procedeu ás diligencias necessarias , fazendo remessa
dos autos ao Promotor Publico da Comarca .

RIO CLARO

No dia 15 de Setembro, na Capella de S. Francisco do Salto do Macuco ,


por occasião de ser preso , pelo Inspector de Quarteirão , como desordeiro , Julio
Gonçalves Rodrigues , este resistiu com tres companheiros, dando tiros e fazendo
fcrimentos com faca e cacete no mesmo Inspector, de nome Salvador Nunes

Pereira, e nos cidadãos Manuel Garcia Diniz o Antonio Bueno de Oliveira, se


gundo supplente da Subdelegacia
Preso Julio Gonçalves na lucta , foi conduzido para a villa , procedendo o
Subdelegado ao inquerito policial, do qual consta que esse individuo, ha 3 annos ,
commetteu um assassinato na villa de Lençóes.

Esta Chefatura pediu informações ao Juiz Municipal daquelle Termo sobre


o assassinato que se diz praticado por Julio Gonçalves, tendo em resposta a con
firmação do crime , que fora pelo mesmo e outros commettido.
O delicto teve lugar ha 4 ou 5 annos, mais ou menos ; e , como o respec
tivo processo não se achava concluido, sollicitei do Dr. Juiz de Direito da Co
marca as necessarias providencias no sentido de ser feito o summario, quanto
antes , no interesse da Justiça e da punição dos criminosos.
- 21

SANTOS

No dia 29 de Junho foi assassinada , no lugar denominado « Casqueiro », em


Santos, a parda de nome Benedicta , por Leoncio Herculano dos Santos , com
quem vivia amasiada.

Feito o corpo de delicto , proseguiu o Delegado de policia no inquerito po


licial , sendo o criminoso capturado na Estação do Rio Grande pelo respectivo
Subdelegado de policia e logo remettido para aquella cidade .
Leoncio não confessou o motivo que o levou á pratica do crime , sendo at
tribuido á embriaguez , visto a circumstancia de ter elle, va vespera , assistido a
um divertimento no qual reinou grande desordem , mas sem consequencias funestas .
Na noite de 29 para 30 de Julho, ás 8 horas mais ou menos, na Rua do Rosario
da mesma cidade , Raymundo Crescencio Ferreira , altercando com João Lopes dos San
tos , por quem foi provocado, este disparou sobre Raymundo 3 tiros de revolver ; lan
çando mão aquelle , por sua vez, de uma faca, com que se achava armado , feriu a Lo
pes que , momento depois , expirava, cahido sobre a calçada da Rua Amador Bueno.
Entre os contendores havia rixa antiga , por ter sido Raymundo empregado
de Lopes , pelo qual foi despedido, promettendo por isso matal-o .
O assassino foi preso preventivamente á requisição do Subdelegado de Po
licia , sendo recolhido á cadêa daquella cidade , proseguindo -se nos demais ter
mos da lei .
SÃO CARLOS DO PINHAL

No dia 1 de Julho, o liberto João , homem de máos costumes, penetrando


na casa de residencia de Antonio Morosino de Sampaio, em uma chacara dis
tante daquella cidade meia legua, encontrou a mulher do mesmo, Dona Palmira
de Faria Sampaio, que na occasião achava -se sósinha, e violentou - a, praticando- lhe
varios ferimentos, que foram julgados graves .

Em seguida exigiu o criminoso a chave de um pequeno armario, onde existia


todo o dinheiro da casa, 530 $ 000, roubou - o e fugiu.
Chegando o marido da offendida, achou - a estirada no chão e quasi morta ,
conseguindo, porém , saber as minudencias do crime.

Sem perda de tempo fez seguir alguns camaradas no encalço do criminoso ,


que foi preso mais tarde e entregue ao respectivo Delegado de Policia .

A população da cidade conspirou - se contra o réo , e na noite de 3 daquelle


mez , ás dez e meia horas , mais ou menos , um grupo de cerca de quatro centos
pessoas arrebatou o preso das grades da cadea e assassinou -o, sendo o seu cada
ver dependurado em uma arvore, no Largo da Matriz .

Consummado o crime, retirou - se o grupo, sem haver desordem e continuando


a cidade calma , como é o seu estado normal.

No rigoroso inquerito iniciado pela respectiva autoridade, depuzeram 22


testernunhas , sem que fosse possivel descobrir-se qual o autor, ou autores do
assassinato , a despeito de todas as diligencias empregadas para tal fim , quer
pelo Delegado de Policia , quer pelas autoridades judiciarias da Comarca .

SÃO PEDRO DO TURVO

No dia 27 de Setembro foi assassinada nesta freguezia a praça do Corpo

Policial Permanente , Eduardo Antonio Rosa , por João Baptista de Camargo , que
1
22

lhe desfechou ō tiros de revolver , no lado esquerdo do peito ; a qual praça se


guia a recolher - se ao destacamento de Campos Novos do Paranapanema.
O respectivo Subdelegado procedeu a corpo de delicto no cadaver, iniciando
o respectivo inquerito policial, que já foi remettido ao Promotor Publico da
Comarca .

CRIMES

Esta Repartição teve conhecimento dos seguintes crimes praticados, conforme


a presente classificação :

Homicidios 35
Infanticidios 2
Ferimentos e offensas physicas 48
Fugas de presos 10
Tentativa de fuga de preso 1
Defloramentos 4
Tentativa de defloramento 1
Roubos 4
Furtos 28
Arrombamento 1
Estellionato . 1
Resistencias 2
Ameaça 1

Total 138

SUICIDIOS

Esta Chefatura teve conhecimento de 20 suicidios, occorridos no periodo do


presente Relatorio , classificados da seguinte fórma :
Dos suicidas , eram :

Homens
Mulheres 2
Nacionaes 6
Estrangeiros 4
Total 20

As causas foram :
Alienação mental 6
Desgostos domesticos 2
Desarranjos de negocios
Ignoradas 7
20

Total .

Os meios empregados foram :


Asphyxia por estrangulamento 8
Idem por submersão 2
23

Propinação de veneno 1
Arma branca 6
Armas de fogo 3

Total . . 20

TENTATIVAS DE SUICIDIO

Houve duas tentativas de suicidio , de dous homens , um nacional e um estrangeiro .


Causas :
Alienação mental . 1
Ignorada 1 2

Meio empregado :
Arma branca . 2

DESASTRES

A ' vista dos documentos officiaes, consta haverem succumbido, em conse 1


quencia de desastres , 18 pessoas , conforme a seguinte classificação :
1 1
Esmagamento por um carro
Idem por desmoronamento 1
Idem por pilão de monjolo 1
3
Armas de fogo casualmente disparadas
Explosão de pedreira . 3
Accidentes en Estradas de Ferro 2
Queimaduras 1
Faisca electrica 1
Envenenamento 1

Asphyxia por submersão . 4

Total 18

CAPTURAS

Effectuaram - se 165 capturas , classificadas pela fórma abaixo , conforme os


crimes :
Homicidios . 41
Infanticidio . 1
Tentativa de homicidio . . 1
Ferimentos e offensas physicas 66
Tentativa de offensa physica 1
Roubos 10
Furtos 29
Estellionatos 5
Defloramentos 6
Tentativa de defloramento 1
Evasões 3

Bigamia 1

Total 165
!
24

Foram mais preso 11 desertores do exercito e armada , prefazendo o total


de 176 capturados.

FUGA DE PRESOS

ITAPETININGA

Em a noite de 18 de Agosto evadiu - se da cadêa desta cidade o réo Hercu


lano Soares Rosa, criminoso de morte de grande importancia , pertencente ao
Termo de Sarapuhy .

O criminoso realisou a fuga por um pequeno rombo que fez por baixo do
peitoril do uma janella dos fundos da cadea, onde não havia sentinella.

O Delegado de Policia , de conformidade com o que lhe recommendei, abriu


sobre o facto rigoroso inquerito que, depois de encerrado , foi remettido para os
fins legaes , ao Promotor da Comarca, por intermedio do respectivo Juiz Municipal .

LENÇÓES

Ás 4 horas da tarde de 30 de Outubro, evadiam -se da cadea de Lençóes ,


por meio de arrombamento, os presos : Laurindo Cypriano da Silva , José Alves ,
José Balbino, e o menor Pedro de Tal.

Pelas indagações procedidas pelo respectivo Delegado , ficou prorado ser au


tor do arrombamento o soldado do Corpo Policial Permanente , José Alves , que
achava -se preso correcionalmente.

Ás 7 horas desse mesmo dia , apresentou -se o fugado Laurindo, criminoso


de morte, o qual foi immediatamente recolhido á respectiva cadêa , e, por essa
occasião, declarou que fòra obrigado por Alyes a acompanhal-os na fuga .
Uma hora depois , foi preso José Alves, continuando a referida autoridade a
diligenciar a captura dos dois ultimos fugados.

QUELUZ

Na noite de 12 de Julho cvadiram - se os presos da cadea de Queluz, por


meio de arrombamento .

Esta Chefatura, tendo sciencia do facto , por telegramma do Delegado de


policia, recommendou á dicta autoridade que abrisse rigoroso inquerito, afim de
verificar si houvera conveniencia ou negligiencia dos soldados que compunham a
guarda, e empregasse toda a diligencia para a captura dos fugados, sendo para
esse fim reforçado o respectivo destacamento .

INCENDIOS

Na Capital deram - se 20 incendios, além de mais 3 havidos no interior da Pro


vincia , como sejam :

JABOTICABAL

Na madrugada de 13 de Junho, manifestou -se incendio na casa de residen


cia do Escrivão de Orphãos daquella villa , Francisco Alexandre Buch .
25

Logo que o Delegado de Policia teve conhecimento do facto, dirigiu- se ao


1
lugar com as praças do respectivo destacamento , afim de garantir os despojos ,
em vista da agglomeração de povo, sendo o fogo logo extincto pelos esforços
promptamente empregados, limitando-se os estragos somente aos fundos do pre
dio e salvando -se o Cartorio .

SANTOS

A 12 de Setembro , pela uma hora da madrugada, manifestou - se violento in


cendio no sobrado sito ao Largo 11 de Junho daquella cidade , onde aluga
vam -se quartos para pessoas pobres , achando-se na occasião estabelecido com casa
de pasto , no pavimento terreo, Cyrillo José de Souza Penha .

Ficou completamente destruido o sobrado, e bastante damnificado o predio


vizinho , tambem sobrado , os quaes com respectivos negocios , achavam -se no
seguro .

Distinguiram - se no trabalho de extincção algumas pessôas do povo e uma


praça de policia , não havendo desgraças a lamentar, por terem as pessoas que
alli dormiam se salvado pelas janellas .

CUNHA

Deu-se nesta villa o incendio de uma pequena casa de palha , habitada por
uma pobre velha , sendo origem do mesmo a torcida acesa de uma candêa casu
almente condusida por um rato .

Não houve morte alguma , ficando porém a casa redusida a cinzas , com o pre
juizo de alguns mantimentos e roupas que nellas se achayam .

POLICIA DO PORTO

SANTOS

O serviço do policiamento do porto de Santos continúa a ser feito pelo


official desta Secretaria , Henrique Poppe da Silva Lopes , sendo o respectivo mo
vimento durante o periodo de 1.º de Janeiro a 30 de Setembro, o seguinte :
Entradas e sahidas de estrangeiros :

Entraram 2.380
Sahiram 3.781

Entradas e sahidas de nacionaes e estrangeiros:


Brazileiros 92
Estrangeiros 1.356

Total 1.448

Entradas pelos portos do Imperio :


Brazileiros 2.011
Estrangeiros 1.024

Total 3.035

!
--
26

Sahidas para fóra do Imperio :


Brazileiros 119

Estrangeiros 2.973

Total 3.092

Sahidas para portos do Imperio :


Brazileiros 1.803
Estrangeiros 808

Total . 2.611

MOVIMENTO DE EMBARCAÇÕES

Entraram de diversas procedencias :


Brazileiras 259
Estrangeiras 371

Total 630
Sahiram :
Brazileiras 259
Estrangeiras 375

Total . 624

SECRETARIA DA POLICIA

O cargo de Secretario desta Repartição continúa a ser occupado pelo Doutor


Alfredo Ribeiro dos Santos que , em data de 24 de Outubro do anno findo, en
trou no gozo de licença, por trez mezes , afim de tratar de sua saude, sendo
substituido pelo official da 1.a Secção , Joaquim Floriano Barbosa de Toledo ,
que tem manifestado intelligencia e actividade no desempenho de suas funcções .
Cada vez mais augmenta o expediente , que está em dia , graças ao zelo dos
empregados que embora mal reinunerados , mostram boa vontade no serviço .
E' de toda a justiça e equidade que seja elevada á primeira ordem a Secretaria
da Policia desta Provincia, equiparando - se as das Provincias do Rio de Janeiro ,
Bahia, Pernambuco e Minas Geraes, conforme o Decreto n . ° 5.423 , de 2 de Ou
tubro de 1873 , Tabella 2.8

Esta Repartição, pela sua importancia sempre crescente e pelos esforços de


seus empregados, que prestam valioso auxilio á administração publica , não deve
ficar em condições inferiores a outras Repartições da Provincia , taes como
Alfandega , a Thesouraria de Fazenda e a Administração dos Correios , que são
consideradas de 1.2 Classe .

No decorrer do anno findo foram expedidas por esta Repartição 15.187 pe


ças officiaes, conforme se vê da presente demonstração :

Officios á Presidencia 1.668


Officios aos Delegados 2.264
Officios aos Subdelegados 1.028
27

Officios ás diversas autoridades 6.701


Officios reservados 260
Partes diarias 670
Portarias 276
Propostas 532
Passaportes passados 86
Vistos em Passaportes 1.357
Actos expedidos 345

Total 15.187

Exm . Snr . — Concluo as ligeiras informações, que o pouco tempo de minha


administração policial me permittiu colligir .

As suas imperfeições serão suppridas pela illustração de V. Exc . e o pleno


conhecimento que tem de sua Provincia natal. Entretanto , estou prompto a mi
nistrar a V. Exc . quaesquer outros esclarecimentos que entender necessarios .

Deus Guarde a V. Exc.a

Illm . Exm . Sr. Dr. Pedro Vicente de Azevedo , Presidente da Provincia de


S. Paulo .

0 Chefe de Policia,

Ernesto Julio Bandeira de Mello.

1
RELATORIO

DA

REPARTIÇÃO DE OBRAS PUBLICAS

APRESENTADO

EM 20 DE NOVEMBRO DE 1888

PELO

DIRECTOR GERAL

Francisco Julio da Conceição


INDICE

Directoria e Pessoal . 3
Secretaria 7
Estradas 7
Obras d'arte 8
Cadeias
Matrizes, Hospitaes e Cemiterios
Diversas obras
Obras em andamento 8
Obras do anterior relatorio . IO
Hospicio de Alienados . 10
Alojamento de immigrantes. II
Demonstração e quadro das despezas . 14
Quadro dos serviços de 1886 e 1887 22
Commissões de obras . 25
Thesouraria de Fazenda . 26
Resumo de despezas. 26
Proposta 26
Conclusão 26
Distribuição de verbas 27

MAQE
666
1
Directoria Geral das Obras Publicas, S. Paulo, 20 de Novembro
de 1888.

Film . ¢ Exm . Snr.

Dando cumprimento á ordem , exarada em Portaria de 8 do corrente, tenho


a honra de submetter á consideração de V. Exc . o relatorio dos serviços affectos
a esta Repartição, no periodo decorrido de 1.º de Novembro do anno findo a 31
de Outubro do corrente .

DIRECTORIA E PESSOAL

A Provincia de S. Paulo , que tem grandemente cooperado para o seu en


grandecimento com a adopção de medidas opportunas e de propria iniciativa ,
promulgando a Assembléa Legislativa Provincial Leis , cujos beneficios da execução
desde logo fazem -se sentir e dictam procedimento analogo ás demais Provincias
do Imperio, emprehenderá certamente melhoramentos compativeis com o actual
systema de trabalho e tendentes a desenvolver a producção e a facilitar - lhe
o transporte, addicionando, deste modo , grande parcella á somma dos trabalhos
a cargo desta Directoria .

A experiencia, porém , tem demonstrado que nem o actual serviço de obras


publicas provinciaes poderá ser realisado com a economia e previdencia neces
sarias para o melhor aproveitamento e opportunia applicação das verbas decre
tadas pela Assembléa Legislativa Provincial, si não fôr modificado o regimem
de trabalho na parte relativa aos encargos do pessoal technico. Uma obra, ainda
que insignificante, reclama sinão grande trabalho, pelo menos muito tempo
aos Engenheiros, em numero diminutissimo para attender a todas as exigencias dos
serviços que lhes são commettidos, a maioria delles em logares afastados e de
difficil inspecção e fiscalisação.
Não resta duvida, que uma obra executada sem a devida fiscalisação , porque
0 Engenheiro não a acompanha nos seus detallies e apenas avalia -a no todo
ou em partes, conforme as prestações de pagamento, sendo contractada com um
empreiteiro que tenha em mira prejudical-a na parte que escape ao exame pos
terior, resentir -se-ha dessas faltas, sem que a Directoria tenha a capacidade
de corrigil - as, si fortuitamente não lhe forem manifestadas,
- 6 -

O meio de obviar a estes inconvenientes, que mui facilmente podem ter


logar , será amiudar as visitas dos Engenheiros ás obras e não restringil-as
ao indispensavel , como se procede, actualmente, á vista da contingencia de ser
viços que pode ser dispensado pelo pequeno numero de Engenheiros de que
dispõe esta Directoria.

Melhor seria que fosse creado um corpo de auxiliares, inspectores de obras ,


individuos cuja responsabilidade não terminasse
terminasse com o recebimento definitivo
de uma obra , porém que permanecesse durante todo o tempo e até que mais
tarde por uma reconstrucção chegasse esta Directoria ao conhecimento de uma
fraude, imperceptivel nos primeiros exames e execução .

Estes auxiliares apenas acompanhariam as obras importantes nas partes que


requisitassem a sua presença , e iriam para outros pontos dirigir serviços exe
cutados por administração, que são muitas vezes confiados, por sua urgencia ,
a individuos que os desconhecem e que podem prejudical -os pela sua impericia.
Independentemente destes auxiliares, cuja acquisição augmenta a despeza, po
deria o Governo Provincial subordinar a esta Repartição os funccionarios encarre
gados das fiscalisações das estradas de ferro da Provincia e distribuir por zonas o
serviço de obras publicas, que ora é dividido em Secções .

O Engenheiro encarregado da fiscalisação de uma estrada de ferro em estudos


ou construcção, tendo necessidade de fixar residencia na sede da Companhia ,
poderia simultaneamente encarregar - se da inspecção de obras publicas, sem que
perecesse a da estrada de ferro .

O Engenheiro encarregado da fiscalisação de uma estrada de ferro , em trafego ,


nas excursões forçadas pelo serviço de obras publicas, inspeccionaria o da estrada
de ferro que lhe fosse commettida.

Differentes vezes tem sido lembrado este alvitre , o qual julgo acertadissimo
e muito conveniente ao publico serviço .

A reforma desta Repartição foi autorisada por Lei n . 30 de 17 de Março


do corrente anno .

Nas bases acima formuladas, que consistem essencialmente na distribuição


de serviço por maior numero de Engenheiros e auxiliares, é que , na minha
opinião, deve ser reformada esta Repartição, melhor remunerando -se o pessoal
technico, ainda que em numero accrescido.

O Regulamento de 19 de Dezembro de 1884 apenas deverá ser modificado


de accordo com as referidas bases, pois que a experiencia tem demonstrado
que elle faculta os meios, mas não fornece o necessario pessoal.
Afin de tratar da minha saude, ausentei -me da Capital em gozo das licenças
de 3 1/2 mezes , que me foram concedidas pelas Portarias de 7 de Junho e 27
de Agosto , e , desistindo de alguns dias, reassumi a 5 do corrente o exercicio
do meu cargo .

Na conformidade das disposições regulamentares, e por designação de V. Exc . ,


substituiu -me o Engenheiro Secretario Ricardo Alfredo Medina.

Por despacho de 20 de Setembro foram tambem concedidos 60 dias de licença


com ordenado ao Engenheiro Alberto Saladino Figueira de Aguiar .
Ao Engenheiro Francisco de Salles Oliveira Junior, a quem , por acto de 21
de Fevereiro tinha sido concedida a licença gozada de 30 dias, foi a 18 de Julho
do corrente anno concedida a exoneração do cargo de Secretario desta Directoria ,
sendo substituido pelo Engenheiro Ricardo Alfredo Medina que , por acto de 31
do referido mez , foi para esse cargo removido dos de Engenheiro Fiscal das Com
panhias de Gaz e Carris de Ferro da Capital.
Em substituição ao Engenheiro Luiz Bianchi Betoldi, que obteve a exo
neração solicitada , exerce o cargo de Engenheiro Auxiliar desta Directoria ,
o Dr. Antonio Tertuliano Gonçalves, nomeado a 13 de Abril do corrente anno .
O pessoal technico compõe -se actualmente dos seguintes Engenheiros :
Antonio Tertuliano Gonçalves, José Luiz Coelho, Vicente Huet Bacellar
Pinto Guedes Junior , Francisco Gonçalves Gomide , Francisco Carlos da Silva
e Alberto Saladino Figueira de Aguiar, os quaes cumprem com zelo e dedicação
as commissões e serviços que lhes são distribuidos.

Conta a Secretaria, além do respectivo Engenheiro Secretario, 1 Official,


2 Escripturarios, 1 Desenhista, 1 Porteiro, 1 Continuo e 1 Servente .

SECRETARIA

No periodo deste relatorio o movimento do expediente da Secretaria é o se


guinte :

Entrada — Portarias do Governo, officios de Engenheiros, de Camaras e parti


culares , 2.142 .

Sahida - Officios ao Governo, Thesouro Provincial , Engenheiros e particu


lares 1.428 , em cujo numero não figuram as cópias de contractos, orçamentos , in
formações, plantas, etc.

Dos 11 contratos celebrados para a realisação de differentes serviços, 2 refe


rem-se ás construcções das importantes pontes sobre o rio Parahyba , nas cidades
de Pindamonhangaba e Queluz, tendo sido rescindido, por conveniencia do ser
viço , o de Moreira & Comp ., relativo á passagem embalsa no rio Parahyba,
na 1.a das referidas Cidades, e contratado em concurrencia publica com outro
proponente.
O prazo maximo de um anno tem sido o estipulado nos contratos para

o serviço de passagens, á excepção d'aquelles em que a Provincia não fornece


os necessarios materiaes, cujos prazos variam de 3 a 5 annos .
As balsas pertencentes ao Governo têm sido convenientemente reparadas
e funccionam regularmente.

Obras autorisadas de 1° de Novembro de 1887 a 31 de Outubro do corrente anno

ESTRADAS

O quadro annexo mostra o total das despezas autorisadas com os differentes


serviços a cargo desta Repartição , sendo o seguinte o estado das respectivas
obras :

CONCLUIDAS
Estradas do Quiririm , S. Pedro a Brotas , S. Roque á Estação do mesmo
nome , Silveiras a Cachoeira , Guaratinguetá ás divisas de Lorena, Tres Barras
---
- 8

ao Banco de Areia , Atibaia a Bragança , Capital á Penha, Itupera a Piedade


e Sorocaba , Capital á Cantareira, Campo Limpo a Itatiba , Porto - Feliz a Boituva ,
Parnahyba e de Jambeiro a Parahybuna.
Obras de Arte : Pontilhões da estrada da Capital ao alto de Sant'Anna,,
1 e aterrado das pontes do Gazometro e do Anastacio, no rio Tieté .
Em relação ás pontes , foram concluidas as obras de reconstrucção das esta
belecidas sobre os rios Tieté e do Peixe , nas estradas de Parnahyba e Soccorro ;
as do porto de embarque na cidade de Santos ; as do Ferrão desta Capital ;
as do rio Jundiahy e dos Pinheiros e finalmente concertos das dos rios do Ronco
e do Piquete, além de pequenas reparações em outras pontes, mencionadas
na respectiva relação . Foi igualmente indemnisado Francisco Alves Cardozo pela
construcção da ponte do rio Atibaia , cujos seryiços foram avaliados e examinados
1
por Engenheiro da Repartição.

CADEIAS E CASAS DE CAMARA

Das obras ordenadas com reparos em edificios publicos de detenção foram


ultimadas as das cadeias do Jahú, Piedade, S. Sebastião do Tijuco Preto , Botucatú ,
Serra Negra , S. Vicente, Indaiatuba e Capital .

HOSPITAES, MATRIZES E CEMITERIOS

Mediante os auxilios concedidos pela Assembléa Provincial, realisaram -se


as reparações das Igrejas Matrizes das villas da Redempção e Serra Negra ;
das freguezias de N. S. do O ’, do Mont-Serrate dos Pinheiros, MBoy ; das
de Santo Antonio da Cachoeira e Bocaina. Franca , Piquete, Queluz, Areas
Rosario de Itapetininga , Itú, Jundiahy, Sorocaba e Hospital de variolosos da ci
dade de Itú , ultimando o presente capitulo com a conclusão da Matriz Velha
de Mogy -mirim , cujas obras , orçadas em 22 : 813 $ 520 , expontaneamente mandou - as
realisar o Tenente -Coronel Manuel de Queirós Telles , sem onus algum para
os cofres publicos .

DIVERSAS OBRAS

Os reparos do paredão do largo do Carmo, autorisados no corrente anno ,


foram concluidas de conformidade com o orçamento préviamente organisado .
Receberam tambem os concertos de que necessitavam os predios em que estão
estabelecidos o Seminario da Gloria, Escola publica do Arouche e Companhia
de Cavallaria , ambos da Capital, e o da Colonia do Cascalho . Fez - se o cal
çamento em redor do jardim do Palacio , e deu - se applicação ás verbas autorisadas
com destino ao Collegio do Carmo de Guaratinguetá, e á canalisação de agua
e mercado de Parahybuna.

OBRAS EM ANDAMENTO AUTORISADAS NO MESMO PERIODO

Além dos serviços já enumerados continuam em andamento os que se


referem ás reparações e melhoramentos das estradas do Sapé do Jahú , Taubaté
a S. Luiz e respectiva ponte, Faxina ao Rio Verde, Barreiros ao Bananal
e Areias , Guaratinguetá a Cunha, Cruzeiro á Estação do mesmo nome , Nazareth
- 9

a Santo Antonio da Cachoeira , Buquira a S. Bento, Caraguatatuba a Parahybuna,


Guararema a Escada e Santa Branca, Santo Antonio da Cachoeira a Atibaia ,
Dous Corregos ao Araquá , Parahytinga ao Guararema, Bragança ao Soccorro ,
Itapetininga ao Paranapanema, Quiririm a Baracéa, Pindamonhangaba a S. Bento ,
Ribeirão das Antas , Natividade a Redempção, S. Luiz ao Alto da Serra de Uba
tuba, Iporanga ao Apiahy, Botucatú ao Rio Novo, Prainha ao Peruhybe, Ribei
rãozinho a Araraquara, Pinheiros a Queluz, Tijuco Preto a Faxina , Rio Verde
a Fartura, Mogy das Cruzes ao Campo de Santo Angelo , Lorena a Cunha, Piquete
ao Buriqui, Nazareth aos Perdões, Silveiras a Lavrinhas, Atibaia á respectiva
estação , Jacupiranga a Xiririca, Santo Amaro, Ubatuba a S Sebastião, Nazareth
aos Guarulhos, Capital á Villa da Cutia , Araçariguama á Estação de S. João,
Sant'Anna a Juquery, Capital a Jundialy, Freguezia do O ’, Piedade, Franquinho
ao Tanquinho e fechos do terreno relativo á estrada do Amparo a Serra Negra .

Obras de Arte : Construcção das pontes sobre o rio Parahyba, nas cidades
de Pindamonhangaba e Queluz ; reconstrucção da ponte sobre o mesmo rio ,
em Guaratinguetá ; concertos das estabelecidas sobre os rios Camandocaia. Tieté,
Apiahy, Maximo, Itagaçaba , Quiririm , Capivary, Una, Embahú, Pirajussara, Pi
raporinha e Cubatão, nas diversas estradas a que se refere a respectiva relação ;
reconstrucção dos pontilhões dos rios Tieté e Cabreuva ; conservação da ponte
do rio Perituba e concertos no morro do Pantano, na estrada de Bragança.
Completa a presente exposição o serviço de passagens de balsas, canalisação
do Ribeirão da Moenda na Villa de Santa Izabel ; e bem assim a organisação
do projecto e orçamento para a construcção da ponte da Villa da Bocaina .
Cadêas e Casas de Camaras : Nos limites das yerbas autorisadas acham - se
em andamento as obras iniciadas nas cadeas e casas de Camaras de Jacarahy,
Itú , Itapetininga, Campinas, Tijueo Preto , Ribeirão Preto , Limeira, Queluz, Santa
Cruz do Rio Pardo, S. Pedro do Turvo, Patrocinio de Santa Izabel, Apiahy,
Tatuhy, Cajurú, Paranapanema, Barretos, Rio Verde , Caconde , Atibaia, Amparo ,
Itapecirica , Araraquara , Faxina e Dous Corregos ; assim tambem as obras com
plementares na Penitenciaria da Capital.

Matrizes e Cemiterios : Estão sendo applicadas as verbas decretadas para


as Igrejas seguintes : Patrocinio da Franca, S. João da Boa Vista , S. Vicente ,
S. Pedro do Turvo, Itapetininga, Lorena, Pindamonhangaba, Silveiras, Tatuhy,
Araraquara , Nazareth , Palmeiras, Rosario de Cunha, Jahú, Espirito Santo do Pinhal,
S. Carlos do Pinhal, Alambary, Pilar, Itaquery, Espirito Santo de Batataes ,
Matto - Grosso do Batataes, Espirito Santo da Fortaleza, Casa Branca, Rio Verde ,
Lavrinhas, Jacupiranga , Sapucahy da Franca , S. José dos Campos , Jaboticabal ,
S. José do Parahytinga, Prainha, Paranapanema, Una , Araçariguama, Parnahyba,
Piquete , Ribeirão Preto, Espirito Santo do Turvo , Consolação da Capital e do
Rosario dos Homens Pretos da Cidade de Santos ; Cemiterios de Cabreuva , Una
e dos Acatholicos da Villa de Itanhaem , e muitas outras verbas destinadas e
especificadas na respectiva relação, para serviços desta natureza .

Diversas obras : Acham -se em andamento as de conservação da Serra de


Ubatuba , as da Escola Publica da Cidade de Santos, as de abastecimento
d'agua em Pinheiros , as dos matadouros das Cidades de Mogy das Cruzes e S. José
dos Barreiros . Estão sendo tambem realisados os concertos dos chafarizes da ci
dade da Faxina e os do registro que abastece d'agua a Cascata do largo do Pa
lacio ; pequenos reparos na balsa do rio Parahyba , na Estação do Cruzeiro
10

construcção de um Aquario no jardim publico e outras obras no hospital de va


riolosos da Capital .

OBRAS CONSIGNADAS NO RELATORIO ANTERIOR

Dos diversos serviços autorisados dentro dos exercicios de 1886 e 1887


acham - se inteiramente concluidos no periodo que abrange este relatorio os que
se referem :

1. ' Estradas da Fartura ao Rio Verde , Itatiba a Rocinha, Soccorro a Amparo,


Taubaté a S. Bento , Faxina a Itapetininga e Rio Verde, S. Luiz do Parahytinga
ao logar denominado Maria Velloso , Jacarely a Santa Branca e Santa Izabel ,
Patrocinio a Jacarehy, Taubaté ao Ribeirão das Almas, S. Luiz ao Alto da Serra,
Silveiras a Queluz. Barreiros ao Formozo e Campos Novos , Redempção ao Re
gistro , Lorena a Minas, S. José dos Campos ao Buquira, Nazareth a Santo An
tonio da Cachoeira, Parahytinga ao Guararema, Capital a Cutia , Ponte Grande
ao Alto de Sant'Anna, Iporanga ao Apiahy, Itú ao Salto , Iguape a Xiririca ,
S. João a Araçariguama,Fartura a Caraguatatuba, Una a S. Roque, Jundiahy
a Itatiba, Quiririm a Baracéa, Bananal, Agua Branca e Piraju , Cutia á linha
Sorocabana, Arujá , Jacarehy a Parahybuna, Matadouro da Capital, Ubatuba
a S. Luiz .

2. • Reconstrucção e pequenos concertos nas pontes sobre os rios Caman


docaia, Paquetá, Parahyba, Araraquara, João de Souza, Rio Pardo, Verdinho,
Tieté , Jacarecupira , Jagnary, Jacuhy, Atibaia , Novo e dos rios da Barra e Gua
rehy, em diversas estradas da Provincia. Conclusão das obras de construcção
da ponte do aterrado de Sant'Anna, desta Capital, e as de conservação das es
tradas do Ribeirão das Almas, no municipio de Taubaté .
3.º Completam os trabalhos realisados outros executados em Cadèas e Casas
de Camaras Municipaes ; Matrizes, Cemiterios e reparos nos predios em que
funccionam a Directoria de Instrucção Publica e a Barreira de Itararé , tudo
descripto na relação das despezas pagas, da qual fazem parte as mensalidades
por serviços de passagens. Continuam ein andamento as obras das Cadêas do Ri
beirão Bonito, Piracicaba, Lençóes , Ribeirão Preto , Paranapanema e Batataes ;
as das Matrizes de Piracicaba, Patrocinio de Santa Izabel, Santa Branca, Santa
Rita do Paraizo ; as de reconstrucção das pontes do Bairro das Cabras , no mu
nicipio de Campinas e do Rio Pardo á Estação do Corrego Fundo , serviço este
determinado por Lei especial.

Nesta ordem de serviço entram aquelles a cargo de extinctas Commissões,


ás quaes, em epoca anterior, haviam sido feitos adiantamentos de quantias para
o começo das obras a seus cargos.

O processo de prestação de contas , após o necessario exame de Engenheiro


desta Repartição, foram enviados ao Thesouro Provincial, para a competente
baixa . E de 74 : 581 $ 730 a importancia das sobreditas contas , como se vê do
quadro annexo .

HOSPICIO DE ALIENADOS

A construcção do novo raio do Hospicio de Alienados tem proseguido regu


larmente e será concluida em Dezembro vindouro, faltando apenas completar -se
- 11

os serviços de pintura, os de assentamento de portas e janellas no payimento


inferior do edificio e os trabalhos de canalisação de agua , gaz e esgotos .

Ao credito de 50 :000 $ 000, do exercicio de 1886–1887 , foram addicionadas


as verbas de 20 : 000 $ 000 e 30 : 000 $ 000 , autorisadas a 21 de Abril e 13 de Junho
do corrente anno , prefazendo a somma de 100 : 000 $ 000 , que tem sido do seguinte
modo despendida :
Mão d'obra 34 : 964 $ 320
Madeiras 16 : 631 $ 519
Vidraças 197 $ 400
Areia , cal e pedregulho 13 : 773 $ 838
Tijollos . 8 : 784 $ 450
Grades de ferro e ferragens 8 : 206 $ 585
Pedras para as escadarias 1 : 068$ 560

83 : 626 $ 672
Resta ainda a importancia de 16 : 373 $ 328 , que será empregada nas obras
em andamento , sendo provavel que ainda haja um saldo . Convindo terminar
o fecho da área do Hospicio por meio de um novo raio , para o inicio dos tra
balhos poderia ser applicado o referido saldo e os meios que fossem facultados
pela Assembléa Legislativa Provincial, devendo , neste caso , ser de 50 :000 $ 000
a autorisação .
Os trabalhos têm sido executados por administração, e desde o principio
foram fiscalisados pelo Engenheiro Bianchi , e somente de Julho do anno indo ,
em diante , pelo Engenheiro Desenhista Carlos Daniel Ratb .

Alojamento de Immigrantes

Desde Junho do anno passado, tem prestado este alojamento relevantissimos


serviços á acommodação de immigrantes, que aos milhares mensalmente são in
troduzidos nesta Provincia .

Acha -se presentemente concluido o edificio, e em condições taes de conforto e


ае . hygiene , que a indole mais exigente não ousará formular a mais ligeira recla
mação .

O immigrante ao chegar a S. Paulo sentirá certamente expandir- se - lhe o


.do , sezona coração confrangido ao partir da Patria, e o bom acolhimento que, desde o prin

t cipio aqui lhe é dispensado, reanimar- lhe-ha as esperanças e lhe prenunciará a beni
7tas Commen
gnidade do agasalho e os reaes proventos que lhe aguarda o seu estabelecimento
nesta Provincia .
5 de queria
A corrente immigratoria cresce e a yoluma- se , mas a sua perenne vasão
time de fra para a lavoura permittirá ao alojamento recebel.a e bem encaminhal-a, em todos
para a eu os tempos, si medidas opportunas forem decretadas para evitar o accumulo de
ntas, como mais de 4000 immigrantes , numero que , em casos excepcionaes, poderá com
portar o alojamento .

A quantia de 475 : 602 $ 574 , a que monta a despeza com a construcção do alo
jamento é , portanto , justificavel, e tão justificavel , que só merecem encomios os
actos de 27 de Maio de 1886 e 19 de Abril de 1887 que a autorisaram , visto
dostem proseguito demonstrarem a previdencia e tino com que se tem portado a Administração
ndo apenascomplement Publica da Provincia de São Paulo no serviço de immigração .
12

E' certo que o primitivo orçamento do alojamento de immigrantes impor


tava apenas em 297.000 $ 000 , inclusive administração, e o projecto traçava -lhe
menores proporções. Em tempo , porém , e antes que as circumstancias sorpre
hendessem a Administração em condições de não poder attender ás exigencias
da immigração , sempre crescentes, e que de Maio do corrente anno em diante
convergiram para a fonte d'onde emanavam os unicos recursos , tratou-se de modi
ficar o primitivo plano de construcção do alojamento de immigrantes, augmen
tando -se, melhorando -se , creando - se novas dependencias, em summa , tratando-se de
dar maior resistencia e predispondo - o para as eventualidades , que quando se
deram , já nos encontraram premunidos .
O accrescimo de despeza para as modificações do primitivo projecto, foi
de 81 : 073 $ 786 , e para as dependencias e obras accessorias de 97 : 528 $ 788 ,
consistindo as primeiras no seguinte :

Casa principal

1. ° Concreto de pedras de granito quebradas, misturado com


pedregulho e cimento 505.490m . a 39 $ 600 19 : 987 $ 404
2 : 390 $ 630
2. ° Alvenaria de pedra com argamassa de cal 113,3m. a 21 $ 000 .
3.º Alvenaria de tijolos, 693,368 " , a 21 $ 000 14 : 560$ 728
4. ° Prolongamento das 2 alas lateraes de 70m . a 75.60, o que deu
um augmento da área construida de 4 X 5.60 X 13.50–302 40
e 2X5.60X 2 80—31.36 ; 333.76m 2 a 41 $ 100 13 : 717 $ 536
42 3
5.0 Venezianas do andar terreo 45 : 28 000 45.000 1 : 311 $ 000
6. ° Tectos de estuque, incl . ripamento, areia e gesso 363.08" .
a 7 $ 000 2 : 681 $ 560
7.0 Cimalhas de estuque , incl . fornecimento de gesso e ripas
244.10 a 3.$500 . 854 $ 350
8. ° Preparo de 1 sala da ala esquerda para bagagem 785 $ 000
9. ° Fazer mais dous compartimentos de latrinas , além das pro
jectadas , no sobrado 75 $ 000
10.0 Transformar uma sala em 4 quartos para administração, le
vantar os muros de tijolos, rebocal - os , abrir vãos nas pa
redes existentes , assentar portas , roda -pés, etc. 1 : 943 $ 280
11.º Fazer compartimentos para familia no andar terreo 1 : 046 $ 570
12.º Forrar os quartos da administração, corredores e vestibulos . 2 : 137 $ 152
13. ° Pintura a oleo dos forros, barras nos vestibulos e corredores ,
empapelamento dos quartos da Administração. 1 : 160 $000

Refeitorio

1.º Alvenaria de pedra com cimento accrescimo, 63.42m . a 24 $ 500 . 1 : 553 $ 790
2. ° Alvenaria de pedra com argamassa de cal 14.23m . a 21 $ 100 . 298 $ 830
3. ° Alvenaria de tijolos 174.59 a 21 $ 000 3 : 666 $ 390
4. ° Preparar a metade da dispensa para quartos de empregados
da Alfandega, leyantar o muro divisorio de tijolos, rebo
car dos dois lados , abrir 1 vão, fornecer e assentar uma
porta , etc. 576 $400
5.0 Fornecer e assentar 12 venezianas . 120 $ 000
13

Enfermaria

1. ° Augmentar a superficie, fazer casa de 2 andares em vez de 1 só . 5 : 750 $ 865

Armazem de bagagem

1.0 Fazer a coberta da plata-forma, armação de madeira e co


berta de telhas francezas 110.00m2. a 7 $ 300 . 803 $ 000
2. ° Prolongar a plataforma nos 2 lados 520 $ 000
3.0 Rebocar e caiar o armazem . 406 $ 266
4.0 Accrescimo de alvenaria de pedras com argamassa de ci
mento 78.29mo . a 24 $ 500 1 : 941 $ 670
5 ° Assentamento de 3 portas de correr, alem das projectadas. 588 $ 000
6. Duas venezianas assentadas 20 $ 000

Lavanderia

1.º Alvenaria de pedras com argamassa de cimento 18.42mo . .


a 24 $ 500 451 $ 870
2. ° Alvenaria de pedras assentadas em terra 7.38mo a 12$ 000 889560
3. ° Dous tanques de cimento, em vez de um . 500 $ 000
4. ° Levantar todos os muros, conforme as exigencias da Camara
Municipal 47.34.me a 219000 994 $ 140
5.9 Reboco dos muros 143595

81 : 073 $ 786
As segundas constam de : Encanamento de agua e gaz e respe
ctivas obras 14 : 330 $ 630
Guarnição de parafusos 48.5000

Calçadas e apedregulhamento em todo o terreno . 13 :450 $ 836


Cimentação dos pateos e passeios 9 :040 $ 635
Construcção de 4 chafarizes . 200 $ 000
Figuras de terra -cotta 441 $ 130

Ventiladores e telhas de vidro, parafuzos, ventarolla . 1 : 336 $ 900


1 Chapa de marmore com inscripção 296 $ 000
1 Relogio . 550 $ 000
1 Portão de ferro 595 $ 500
1 Portão de ferro 2 folhas . 2 :016 $ 500
Trilhos para cercar 929000

1 Caixa de cobre com arg . de ferro para cosinha 84 $ 700


Caldeiras com arg. de ferro para cosinha 365 $ 000
2 :065 $ 300
Vigas de ferro ( diff. ) .
Trilhos corrediços 611 $ 700
Escadas de ferro com corrimão , etc. (diff.) . 3 : 695 $ 300
Columnas de ferro no andar terreo da casa principal , em vez
. 6 : 1449820
de pé direito de madeira (diff .)
Chapas de fogão, etc. 263 $ 280
Grades de ferro para o fecho da frente, 3 portões de ferro, gra
des para sala que foi preparada para armazem , dito de 1
quarto para os empregados da alfaudega . 7 : 536 $ 390
- 14

Fecho do terreno 16 : 652 $ 532


Portão da casa do porteiro . 8 : 640 $ 462
Serviços de trabalhadores e carroças para aterrar a parte baixa
do terreno , nivellamento e demolição das casas velhas . 4 :500 $ 000
Fogão na cosinha 350 $ 000
Mesas e bancos para o refeitorio 1 : 0309000
Armario e cantoneiras para a Administração 494 $ 600
Diversos serviços no escriptorio 300 $ 000
Construcção de uma enfermaria provisoria, casa para a Policia
e levantamento de muros para separal-as. 7488000
Prateleiras na sala preparada para o airmazem 212 $ 100
Divisões de madeiras na dispensa, com portas, etc. 1645320
1 Caixa para o relogio de gaz 89000
escoa
Construcção de canaes subterraneos de tijolos para o
1 : 0945070
mento de agua na casa principal e refeitorio
Revestir as vigas dos passadiços com taboas e cordões 150 $ 083
Alinhamento . 209000
97 : 528 $ 788
0 total da despeza é assim distribuido :
Casa principal 287 : 934 $ 838

Refeitorio, cosinha, etc. 46 : 628 $ 497


Armazem de bagagem 33 : 428 $ 236
Enfermaria 31 : 743 $ 289
Lavanderia 13 : 496 $ 216
Fecho do terreno 22:05 7 $ 316
Portico 13 : 253 $ 702

Calçadas, cimentações dos pateos e passeios, apedregulhamento, ater


rar o terreno baixo , nivellar e endireitar todo o terreno 26 : 312 $ 480
474 : 8549574
Enfermaria provisoria , casa da policia etc. 7489000
Rs . 475 : 602 $ 574

Da exposição feita vê - se que a despeza monta em Rs . 475 : 602 $ 574 , tendo


sido os trabalhos executados por administração e sob a immediata fiscalisação
d'esta Directoria .

Demonstração das despezas autorisadas com Obras publicas de


1.º de Novembro de 1887 a 31 de Outubro de 1888 .

ESTRADAS

12 de Novembro de 1887. - Do Sapé ao Jahú . 2 : 0008000


12 de de 1887. - Do Quiririm a ponte do mesmo nome . 1 : 000 $ 000
17 de de 1887. - De S. Pedro a Brotas . 1 : 000.5000
30 de de 1887. - Do Nucleo das Cannas 500 $ 000
4 de Fevereiro de 1888.- De Taubaté ás divisas de S. Luiz 1 :500 $ 000
4 de de 1888.- De Faxina ao Rio Verde . 2 : 000 $ 000
6 de de 1888. - De Bananal a Areas 1 : 500 $ 000
6 de de 1888. —De S. Roque á Estação 2 : 000 $ 000
10 de > 6 : 000 $ 000
de 1888. -De Guaratinguetá a Cunha , pelo Paiol
15

10 de Fevereiro de 1888. —De Cruzeiro á Estação 1 : 000 $ 000


10 de de 1888. — De Silveiras a Cachoeira . 1 : 500 $ 000
10 de de 1888. -Do municipio de Areas 1 : 500 $ 000
10 de de 1888. - De Guaratinguetá a Lorena 500 $ 000
10 de de 1888. —De Trez Barras ao Banco de Area 500 $ 000
20 de Abril de 1888.- De Piedade a Sorocaba . 2 : 000 $ 000
20 de 200 $ 000
de 1888. - De Pinheiros a Lavrinhas
1 de Maio de 1888. -Nazareth a Santo Antonio 1 : 5009000
9 de de 1888. –Atibaia a Bragança 1 : 0009000
22 de de 1888. - Da Capital a Penha 3 : 1359000
23 de de 1888. ---De Caraguatatuba á Parahybuna. 1 :500 $ 000
23 de Maio de 1888. —De Guararema a Escada . 1 : 849 $ 200
2 de Junho de 1888. - De Santa Branca ao Guararema . 2 :000 $ 000
7 de de 1888.– De Atibaia a Cachoeira 1 :4009000
8 de de 1858. - De Dous Corregos a Araraquara . 2 :000 $ 000
12 de de 1888.- Concerto da estrada da Capital a Canta
reira 1 :000 $ 000
12 de de 1888. - De Guararema ao Parahytinga 1 :500 $ 000
15 de de 1888.- De Bragança ao Soccorro . 4 : 5005000
15 de 2 :000 $ 000
de 1888. — De Campo Limpo a Itatiba
15 de 3 : 9009000
de 1888.-- De Itapetininga a Faxina .
15 de de 1888. — De Baracéa ao Quiririm 1 :000 $ 000
18 de de 1888.– De Pindamonhangaba a S. Bento 3 :000 $ 000
20 de Abril de 1888. -Idem idem . . 3 :0008000
18 de Junho de 1888.- De Boetuva a Porto Feliz 1 :000 $ 000
18 de de 1888. - Do Ribeirão dos Macacos ao das Antas 1 : 000 $ 000
19 de de 1888. - De Natividade a Redempção 1 : 500 $ 000
20 de de 1888. - De S. Luiz ao Alto da Serra de Uba
tuba 2 :0005000
21 de de 1888.- De Jambeiro a Parahybuna 400.5000
22 de de 1888. - Idem de Iporanga a Apiahy 1 :800 $ 000
22 de de 1888.- De Botucatú ao Rio Novo 1 :0009000
28 de de 1888. - De Prainha a Peruhybe . 1 :000 $ 000
28 de de 1888. — Dita do Ribeirãozinho ao Araquá 1 :0009000
30 de de 1888 .-- Dita de Pinheiros a Queluz 3 :5009000
30 de de 1888. - Dita do municipio de Queluz 5009000
30 de 1 :000 $ 000
de 1888. - Dita do Tijuco Preto a Faxina
30 de de 1888. - Dita do Rio Verde a Fartura 1 :000.$ 000
3 de Julho de 1888.- Dita de Mogy das Cruzes ao Campo
de Santo Angelo 2 :000 $ 000
3 de Julho de 1888. - Dita de Baruery a Parnahyba 900 $ 000
21 de de 1888. - Dita de Lorena a Cunha . 1 :000 $ 000
21 de de 1888 : —De Piquete ao Alto da Serra . 500 $ 000
3 de Agosto de 1888. -De Nazareth a Atibaia 500 $ 000
3 de de 1888. - De Silveiras a Lavrinhas . 1 : 500 $ 000
7 de de 1888. - De Atibaia á Estação do mesmo nome . 1 : 000 $ 000
4 de Setembro de 1888. - De Jacupiranga a Xiririca . 1 :500 $ 000
14 de >> 1 :4639000
de 1888. -Da Capital a Santo Amaro
18 de > de 1888.- De Ubatuba a São Sebastião 800 $ 000
21 de de 1888. -De Nazareth a Conceição dos Guarulhos 1 :000 $ 000
16

25 de Setembro de 1888. - Da Capital á Cutia 1 : 461 $ 862


26 de de 1888 .-- De Araçariguama a S. João 500 $000
28 de >> de 1888. - De Sant'Anna a Juquery . 1 : 000$ 000
10 de Outubro de 1888. - Da Capital a Jundiahy 500 $ 000
10 de de 1888 .-- Da Capital á Freguezia do O 1 :500 $ 000
10 de > de 1888.-- De Piedade a Sorocaba (conclusão) 1 : 683 $ 000
17 de de 1888. – De Taubaté a Baracéa 1 : 000 $ 000
18 de de 1888. - Do Franquinho ao Tanquinho . 1 : 000 $ 000
18 de de 1888. -De Bragança ao Soccorro . 2 :000 $ 000
97 : 992 $ 062

PONTES E BALSAS

4 de Novembro de 1887 .--Reparos no aterrado de Sant'Anna . 231 $ 000


7 de de 1887.- Reconstrucção da ponte de embarque
em Santos 6 : 617 $ 811
11 de Novembro de 1887. - Serviço de passagens por um anno,
na balsa do rio Mococa , em Ubatuba 300 $ 000
15 de Novembro de 1887.- Aterro de uma das cabeceiras da
ponte do Quiririm 600 $ 000
16 de Novembro de 1887.- Concerto da Ponte do Ferrão , da
Capital 496 $ 000
17 de Novembro de 1887.- Serviço de passagens em canôas no
rio da Ribeira , entre Xiririca e Iporanga , por 3 annos . 4 : 710 $ 000
17 de Novembro de 1887.- Concerto da ponte do rio Caman
docaia , em Mogy-mirim . 1 : 500 $ 000

18 de Novembro de 1887. - Reparos da ponte de Cabreúva, rio


Tieté . 4 :000 $ 000
26 de Novembro de 1887. - Concertos da ponte sobre o rio Tieté ,
em Parnahyba 239 $ 300
5 de Dezembro de 1887. - Ponte sobre o rio do Peixe , estrada
que do Soccorro vae a Minas 2 : 000 $ 000
6 de Dezembro de 1887.- Pontilhão da estrada que da Capital
60$ 000
vae ao bairro de Sant'Anna ( reparos)
8 de Fevereiro de 1888. -Concerto da balsa de passagem sobre
o rio Tieté , no Porto do Anastacio 145 $ 900
13 de Fevereiro de 1888.--- Construcção de uma ponte de supers
60 : 000 $ 000
tructura metallica , sobre o rio Parahyba , em Pindamonhangaba .
17 de Fevereiro de 1888. - Concerto da ponte do rio Parahyba, em
Lorena 1 : 617 $000
18 de Fevereiro de 1888. --Reparos da ponte sobre o rio Apiahy,
na estrada de Sorocaba 100$ 000
22 de Fevereiro de 1888. -Serviço de passagem no rio Parahyba ,
em Pindamonhangaba, ( serviço provisorio) . 132 $ 500
22 de Fevereiro de 1888. – Concerto da balsa do rio Parahyba,
em Pindamonhangaba 305 $ 000
28 de Março de 1888.- Serviço de passagem na balsa , junto á
Estação do Cruzeiro . 900 $ 000
28 de Março de 1888.— Serviço de passagem da Ribeira de
Iguape 2 :000 $ 000
17

28 de Março de 1888. –Serviço de passagem balsa sobre o


na
rio Parahyba , em Pindamonhangaba 1 : 000 $ 000
1 :000 $ 000
3 de Abril de 1888.--- Concertos da ponte do Maximo
3 de > de 1888. – Concertos da ponte do Barreiro de Baixo 1 :000 $ 000
10 de de 1888. --Dito da ponte do Itagaçaba, ' na estrada
de Silveiras 418 $ 950
10 de Abril de 1888.--- Reconstrucção da ponte sobre o rio Pa
rahyba , em Guaratinguetá 15 :000 $ 000

11 de Abril de 1888.- Reparos da ponte sobre o rio Jundiahy ,


no Salto 500 $ 000
17 de Abril de 1888.- Construcção da ponte sobre o rio Pa
rahyba, em Queluz 50 :000 $ 000
20 de Abril de 1888.– Reconstrucção da ponte do Ribeirão do
Ronco e do Piquete , na estrada de Lorena á raiz da Serra . 1 : 565 $ 700
26 de Abril de 1888. – Serviço de passagem no rio Parahyba ,
junto á Villa da Bocaina 1 :400 $ 000
26 de Abril de 1888. - Reconstrucção da ponte do rio Parahyba,
nas proximidades do Quiririm á em Taubaté 4 : 156 $ 350
26 de Abril de 1888. -Ponte do rio Capivary, em Itú 1 : 000 $ 000
27 de de 1888.- Reparos da balsa do rio Parahyba, no
Cruzeiro 419 $ 800
27 de Abril de 1888.- Construcção da ponte sobre o rio Una ,
no Pouzo - Frio de Taubaté 1 : 000 $ 000
3 de Maio de 1888. –Prorogação , por mais um anno , do serviço
de passagem da balsa do Apiahy 900 $ 000
3 de Maio de 1888. - Prorogação , por mais um anno , do serviço
de passagem da balsa dos Remedios, no rio Tieté 900 $ 000
3 de Maio de 1888. - Idem , idem , da balsa sobre o rio Juque
riquêrê , em São Sebastião . 590 $000
9 de Maio de 1888. - Concerto da mesma balsa . 200 $ 000
9 de de 1888 .--Dito da ponte sobre o rio Tieté , na Fre
guezia do 0. . 5625660
9 de Maio de 1888.- Installação da balsa do Bairro Alto . 1895000
9 de de 1888 .-- Concertos da ponte do rio dos Pinheiros 1 : 116 $ 940
30 de de 1888.– Prorogação, por mais 1 anno, do serviço
de passagens, em Itanhaen . 300 $ 000
15 de Junho de 1888. - Reconstrucção da ponte do Tieté , em Ita
quaquecetuba 1 : 200 $ 000
15 de Junho de 1888. -Ponte sobre o rio Sorocaba 500 $ 000
19 de Junho de 1888.- Aterrado em Caçapava 2 :000 $ 000
20 de de 1888.- Conclusão das obras da ponte do O ' , no
rio Tieté 2 : 241 $ 380
21 de Junho de 1888 .--Conclusão dos concertos da ponte sobre
o rio da Barra . 75.9000
22 de Junho de 1888.-- Limpeza no rio Jacupiranga 500 $ 000
22 de de 1888. Prelado 500 $ 000
22 de de 1888. Una . 200 $ 000
22 de de 1888.– Abertura de 1 furado em Itimirim 3005000
22 de de 1888.- Concerto do atterrado do Gazometro 252 $ 000
23 de de 1888. do morro do Pantano 1 : 000 $ 000
3
18

23 de Junho de 1888. -Obras do Cáes do General Osorio , em


Iguape 2 : 500$ 000
28 de Junho de 1888. — Conservação do Furado do Satyro 1 : 000 $000
13 de Julho de 1888.- Construcção da ponte do Tieté , em
Guarulhos 1 : 095 $ 240
18 de Julho de 1888. - Dita da ponte da estrada de Bragança . 2 : 000 $ 000
31 de de 1888. —Remoção da balsa do Porto do Anastacio 100 $ 000
2 de Agosto de 1888. –Serviço de passagens no mar Pequeno ,
no Porto do Rei 2 : 100 $ 000
2 de Agosto de 1888. — Concerto da balsa do Cruzeiro 190 $ 000
28 de de 1888. - Reparos dos pontilhões na estrada de
Cabreúva 840 $ 188
10 de Setembro de 1888.- Concerto da ponte pequena , no rio
Tamanduatehy 350 $ 570
10 de Setembro de 1888. - Continuação das obras do aterrado
de Caçapava 3 : 000 $ 000
20 de Setembro de 1888. - Conservação da ponte sobre o rio
Perituba , na Faxina . 100 $ 000
21 de Setembro de 1888.-- Aterro da ponte do Anastacio 278 $ 210
25 de de 1888. - Reconstrucção da ponte do rio Embahú,
no Cruzeiro 2 :691 $ 620
10 de Outubro de 1888.- Limpeza do Furado do Satyro 500 $ 000
10 de de 1888. - Concertos dos pontilhões nos rios Pi
rajussara e Jaguarahy, na estrada da Cotia 165 $ 0.00
12 de Outubro de 1888. -Canalisação do Ribeirão da Moenda,
em Santa Izabel 500 $ 000
17 de Outubro de 1888. — Reconstrucçảo da ponte do rio Tieté ,
em Capivary 233 $ 870
17 de Outubro de 1888. - Reconstrucção da ponte sobre o rio
Piraporinha , na villa da Piedade 1 : 287 $ 296
19 de Outubro de 1888 .-- Reconstrucção da ponte do Cubatão,
em Santos 4 : 816 $ 180
20 de Outubro de 1888. - Serviço de passagem no rio Parahybuna,
no Bairro Alto 276 $000
23 de Outubro de 1888. - Serviço de passagem sobre o rio Pa
rahyba , em Santa Branca 700 $ 000
23 de Outubro de 1888. —Dito de passagem no Porto do Japy ,
estrada de Sorocaba . 240 $000
202 : 9065465

CADÊ AS

3 de Novembro de 1887. - De Jacarehy, em 3 de Novembro e


em Abril, Junho e Noyembro de 88 9 : 619 $ 200
18 de Julho de 1888. -Do Jahú 1 : 000$000
3 de Novembro de 1888. - De Itú 1 :000 $000
18 de de 1898. --De Indaiatuba 1 : 500$ 000
18 de de 1888.- De Piedade 1 : 000 $ 000
18 de de 1888. - De Itapetininga 1 : 000 $ 000
6 de Dezembro de 1888. — De Campinas . 5 : 366 $ 300
8 de Fevereiro de 1888. - Do Tijuco Preto 2.000 $000
19

8 de Fevereiro de 1888. -De Santa Rita do Paraiso 1 :000 $ 000


21 de Março de 1888 .-- Velha de Botucatú 300 $ 000
21 de de 1888.- De Batataes (por 2 vezes ) 3 : 261 $ 370
21 de de 1888. - Da Capital 425 $ 400
12 de Abril de 1888.- .Da Serra Negra 2 :000 $ 000
14 de de 1888 .-- Do Ribeirão Preto 804.$ 000
26 de de 1888.- Da Limeira 500 $ 000
21 de de 1888.- De São Vicente 1 :000 $ 000
21 de de 1888.- De Queluz . 10 : 0009000
23 de Maio de 1888.- Da Capital ( continuação) 1 :500 $ 000
25 de Junho de 1888 - Do Santa Cruz do Rio Pardo 30 $ 000
7 de de 1888. - Do Amparo (conclusão) 11 :6499043
9 de de 1888. — De São Pedro do Turyo . 1 :000 $ 000
9 de de 1888 .-- Do Patrocinio de Santa Izabel 600 $ 000
11 de de 1888.- Do Apiahy 2 : 0009000
15 de de 1888.-- De Tatuhy 1 :500 $ 000
21 de C de 1888.- De Barretos 5 :000 $ 000
22 de de 1888.- Do Rio Verde . 1
2 :000 $ 000
30 de de 1888. —Do Cajurú . 1 : 200 $ 000
30 de de 1888. - De Caconde 2 : 000000
7 de Agosto de 1888.- De Atibaia 1 :0009000
9 de de 1888. - Do Amparo ( obras complementares) 4 :000 $ 000
10 de Setembro de 1888. - Cadêa da Capital . 50 $ 000
14 de de 1888 : -Cadêa de Itapecerica . 2 :000 $ 000
18 de de 1888.- Cadêa de Araraquara . 1 :000 $ 000
6 de Outubro de 1888 .-- Cadêa velha de Queluz 27 $ 000
8 de de 1888. -Cadêa da Faxina 5 :000 $ 000
23 de >> 4 :000 $ 000
de 1888. –Cadêa de Dous Corregos
Penitenciaria da Capital 6 : 292 $ 320
93 :624633

MATRIZES E CEMITERIOS

15 de Novembro de 1887. - Matriz de N. S. do 0 ' 1 : 000 $ 000


15 de de 1887. de Santo Antonio da Ca
choeira 4 :000 $ 000
30 de Janeiro de 1888.- Matriz do Patrocinio da Franca : 4 :000 $ 000
30 de de 1888 .- >> da Bocaina . 1 : 000 $ 000
3 de Fevereiro de 1888. de Silveiras ( Demolição) 4509000
3 de de 1888. de S. João da Boa Vista . 1 :0009000
3 de de 1888. dos Pinheiros 500 $ 000
17 de de 1888. do Piquete . 400 $ 000
17 de de 1888. de S. Vicente 1 :000 $ 000
24 de de 1888. de Queluz . 1 :000 $ 000
5 de Março de 1888. - Cemiterios de Itanhaen 300 $ 000
3 de Abril de 1888.- Matriz do Turvo 1 : 000 $ 000
9 de de 1888. — de M Boy 500 $ 000
9 de > de 1888 . > de Areas ( Alfaias). 1 : 500 $ 000
20 de de 1888. de Itapetininga 3 : 000.000
20 de de 1889. de Lorena 3 :000 $ 000
20 de de 1888 .- de Pindamonhangaba 1.000000
20

24 de Abril de 1888 .--Matriz do Rozario de Itapetininga 1 : 000 $000


24 de > de 1888. - Cemiterio de Silveiras 800 $ 000
24 de > 4 : 000 $000
de 1888.-- Hospital de variolosos de Mogy- mirim .
25 de de 1888. —Matriz da Redempção 3 :000 $ 000
26 de de 1888. de Tatuhy 6 : 500 $ 000
27 de > de 1888 . > de Araraquara . 2 :000 $ 000
27 de de 1888. — de Serra Negra 1 : 0009000
27 de > de 1888 .. de Itú 2 : 500 $ 000
27 de de 1888. de Jundiahy 2 :500 $ 000
27 de de 1888. de Nazareth 1 : 000 $ 000
5 de Maio de 1888. >> de Palmeiras 1 :000 $ 000
8 de de 1888. de Rozario de Cunha 1 :000 $ 000
9 de de 1888 .- de Sorocaba 1 :0009000
9 de de 1888. – Cemiterio de Cabreuva 1 :000 $ 000
12 de de 1888. - Matriz do Jahú 1 : 0009000
23 de > 4 : 000$000
de 1888. - Espirito Santo do Pinhal .
28 de de 1888. - Matriz de S. Vicente 2 :500 $ 000
15 de Junho de 1888 . de S. Carlos do Pinhal 4 : 0003000
15 de de 1888. - de Alambary 500 $ 000
15 de > de 1988. de Pilar 500.5000
15 de de 1888. de Itaquery 1 : 000 $ 000
15 de de 1888. - > do Espirito Santo de Batataes . 400$ 000
30 de de 1888 . do Espirito Santo da Fortaleza . 500 $ 000
30 de > de 1888 . de Casa Branca . 1 : 000 $ 000
30 de de 1888.. do Rio Verde 500 $ 000
30 de > de 1888. de Lavrinhas 500 $ 000
15 de Julho de 1888 . de Jacupiranga 5008000
15 de > de 1888. 4 : 000 $ 000
do Sapucahy da Franca
21 de > de 1888. de S. José dos Campos Novos . 1 :000 $ 000
21 de de 1838. de Jaboticabal 2 : 000 $ 000
21 de de 1888. -Cemiterio e obras em Itapecerica 2 : 5009000
21 de de 1888.— . de Jacupiranga. 500S000
23 de > de 1888.- Matriz do Rio Pardo 500 $ 000
23 de de 1888 : > 1 : 500$ 000
de Parahytinga
25 de de 1888 . de Prainha . 1 : 000 $ 000
30 de de 1888. da Bocaina 1 : 000$ 000
30 de de 1888.- Casa de Caridade de Taubaté 2 :000 $ 000
30 de de 1888.-- Asylo de Orphấos de Campinas 3 : 500 $ 000
30 de de 1888. - Hospital de Caridade de Pindamo
1 : 200 $000
nhangaba
30 de Julho de 1888.--Alfaias para a Igreja do Bom Successo 500 $ 000
30 de de 1888. -Matriz de Paranapanema · 1 : 000 $ 000
30 de > de 1888. e Cemiterio de Una 2 : 000 $ 000
31 de 798 $ 300
de 1888. - Igreja e Collegio da Capital
2 de Agosto de 1888. – Matriz do Cemiterio do Rio Bonito 1 : 500 $ 000
29 de de 1888. de Guaratinguetá 2 : 500 $000
14 de Setembro de 1888. – Cemiterio de Itapecerica . 1 : 000$ 000
17 de de 1888. - > de Araçariguama 500 $ 000
21 de de 1888. —Matriz de Parnahyba . 3 : 300 $ 000
21 de de 1888.-- Capella dos Pinheiros 1 : 000$ 000
21

21 de Setembro de 1888.--Matriz de Sorocaba (conclusão 5 : 000 $ 000


28 de > 2 :5009000
de 1888. - Hospital de variolosos de Itú
9 de Outubro de 1888 .-- Matriz do Ribeirão Preto . 1 : 000 $ 000
9 de de 1888. — Igreja da Consolação . 1 : 0009000
16 de de 1888. —Matriz de Batataes ( conclusão ) 1 : 500 $ 000
16 de 1 :500 $ 000
de 1888. — Igreja do Espirito Santo de Batataes
16 de de 1888. do Turvo . 1 : 500 $ 000
20 de > de 1888. Rozario dos Homens Pre
tos da cidade de Santos 500 $ 000
23 de Outubro de 1888. — Igreja do Piquete . 1 :000 $ 000
119 : 1485300

DIVERSAS OBRAS

23 de Novembro de 1887. -Reparos do gradil do paredão do


Carmo da Capital 2 : 000 $ 000
17 de de 1887. – Obras complementares do Quartel de
Bombeiros . 1 : 918 $ 247
26 de Dezembro de 1887.- Conservação das Serras do Bairro
Alto 480 $ 000
24 de Fevereiro de 1888.-- Concertos do edificio do Seminario
da Gloria 428 $ 434
24 de Fevereiro de 1888.- Construcção de uma estrebaria para
o Corpo de Cayallaria 1 : 485 $ 770
10 de Abril de 1888. - Obras no edificio do Nucleo do Cas
calho 921 $ 530
20 de Abril de 1888. - Abastecimento de agua na Cutia . 4 : 500 $ 000
20 de 1888.- Mercado de Parahybuna 2 : 000 $ 000
23 > 2 : 0005000
de 1888.- Escola publica de Santos
27 de 1888. --Abastecimento de agua de Pinheiros 7505000
27 de Abril de 1888.- Obras na Penitenciaria 1 : 500 $ 000
17 de Maio de 1895. - Calçamento da Escola Publica '
Publica do
Arouche . 264 $ 600
21 de Maio de 1888. - Collocação de bancos no jardim do
Largo de Palacio 334 $ 000
21 de Maio de 1888. — Calçamento do passeio em frente ao
novo edificio da Thesouraria 376 $ 200
21 do Maio de 1888.--Matadouro e Cemiterio de Mogy das
Cruzes . 1 : 5005000
16 de Junho de 1888 .-- Canalisação de agua em Casa Branca . 1 : 000 $ 000
30 de » de 1888. — Matadouro em S. José dos Barreiros . 500 $ 000
30 de > de 1888 .-- Conclusão das Obras da Penitenciaria . 1 : 270$ 940
30 de de 1888 .-- Auxilio á Camara da Faxina , para
aguas 1 : 000$ 000
9 de Julho de 1888.- Construcção de um aqnario no Jar
dim Publico 200 $ 000
26 de Julho de 1888. -Obras no Lazareto de variolosos da
Capital 538 $ 390

7 de Agosto de 1888. —Concerto da balsa do rio Parahyba,


junto á Villa do Cruzeiro 190$ 000
10 de Agosto de 1888. — Collegio do Carmo em Guaratinguetá . 1 : 000 $ 000
22

10 de Setembro de 1888.-- Concerto do registro que dá agua


para a Cascata do Largo de Palacio 367 $ 200
22 de Setembro de 1888. -Canalisação d'agua em Parahybuna 2 : 000 $ 000
22 de de 1888. - Continuação das obras do Hospicio
de Alienados 50 : 000 $000
78 : 525 $ 311

Demonstração das despezas autorisadas no periodo decorrido de 1.°


de Novembro de 1887 a 31 de Outubro de 1888

1.º Estradas 97 :992 $ 062


2.0 Pontes e balsas 202 : 906 $465
3.º Cadeas 93 : 624 $ 633
4. ° Matrizes, Hospitaes e Cemiterios 119 : 148 $ 300
5. Diversas obras 78 :525 $ 311
Total . 592 : 196 $ 771

DISTRIBUIDAS DO SEGUINTE MODO :


Exercicio de 1887-1888 . 420 : 961 $ 526
Exercicio de 1888--1889 171 : 235 $ 246
Somma 592 : 196 $ 771

Quadro dos serviços concluidos e pagos até 30 de Outubro do cor


rente anno, por conta dos exercicios de 1886 e 1887

1. ° ESTRADAS

Da Fartura ao Rio Verde . 2 : 001 $ 800


De Itatiba a Rocinha 1 : 718 $ 500
De Soccorro ao Amparo . 8 : 931 $ 200
De Taubaté a Pindamonhangaba 1 : 217 $ 240
De Faxina a Itapetininga 4 : 000 $ 000
De ao Rio Verde 1 : 500 $ 000
De S. Luiz do Parahytinga a Maria Vellozo . 1 : 500 $ 009
De Jacarehy a Santa Izabel e São Miguel 1 : 000 $ 000
De Patrocinio a Jacarehy 500 $000
De Taubaté ao Ribeirão das Almas 1 :000 $ 000
De São Luiz ao Alto da Serra 1 : 000 $ 000
De Silveiras a Queluz , pelos Cunhas 500 $ 000
De Barreiros ao Formozo 1 : 500 $ 000
De >> a Campos Novos 1 : 000$ 000
Da Redempção ao Registro . 700 $ 000
De Lorena a Minas 1 : 000 $ 000
De S. José dos Campos ao Buquira 1 : 000 $000
De Nazareth a Santo Antonio da Cachoeira 190 $ 000
De Parahytinga ao Guararema 600 $ 000
Da Capital a Cutia 1 : 480 $ 000
Da a Sant'Anna 210 $ 000
De Iporanga ao Ribeirão Branco 3 : 116 $ 200
23

De Itú ao Salto . 1 : 500 $ 000


De Iguape a Xiririca 1 : 5 20 $ 000
De S. João a Araçariguama 1 :000 $ 000
Da Fartura a Caraguatatuba 500 $ 000
De Una a S. Roque . 1 : 000 $ 000
De Jundiahy a Itatiba 1 :000 $ 000
De Quiririm a Baracéa . 1 :000 $ 000
De Bananal e Municipio 1 :600 $ 000
e 500 $ 000
Da Fregnezia do O' a Agua Branca
De MBoy a Pirajussara . 443 $ 200
Da Cutia á linha Sorocabana 1 :000 $ 000
De Santa Izabel ao Patrocinio e Jacarehy 1 :000 $ 000
De Jacarehy a Parahybuna . 1 :500 $ 000
Do Matadouro da Capital 2 :000 $ 000
De Ubatuba a S. Luiz 3 : 200$ 000

53 : 928 $ 140

2. ° PONTES E BALSAS

Serviço de passagem no Bairro Alto 2769000


Ponte do Paquetá , na estrada de Itapetininga 3 : 099 $ 225
Rio Camandocaia, na estrada do Amparo 450 $ 000
Rio Parahyba, em Caçapava 3 :650 $ 000
Dita sobre o mesmo rio , em Guaratinguetá 1 : 747 $ 200
Da Bòa Esperança a Araraquara 1 : 000 $ 000
Ponte denominada João de Souza , em Bragança 2 : 700 $ 000
Dita do Rio Pardo, em Santa Cruz do mesmo nome . 2 : 264 $ 800
Rio Verdinho, em S. José do Rio Pardo 1 :000 $ 000
Ponte no Rio Novo , em Campos Novos 1 : 000 $ 000
Dita sobre o Rio Tieté , em Jundiahy 492 $ 200
Dita de descarga e respectivos aterros , na estrada da Capital ao
Alto de Sant'Anna . 24 : 549 $ 990
Dita sobre o Rio Jacarecupira, na estrada de Ibitinga 2 :000 $ 000
Dita sobre o Rio Jaguary, no Amparo 4 : 000 $ 000
Dita sobre o Rio Jacuhy, em Cunha 1 : 000 $ 000
Dita no Rio Atibaia , na estrada para o bairro das Cabras , mu
nicipio de Campinas 3 :000 $ 000
Ponte do Abel, no municipio de Campinas 1 : 250 $ 000
Dita sobre o Rio Atibaia , na estrada de Santo Antonio da Ca
choeira 2 :000 $ 000
1 :500 $ 000
Dita do Rio da Barra, em Ubatuba
Dita sobre o Rio Guarehy, no Bom Successo 1 : 000 $ 000
1 : 000 $ 000
Dita no Rio Atibaia , na estrada do mesmo nome
5005000
Construcção da balsa do porto do Ignacinho , em Paranapanema
Dita da balsa do Apiahy 635 $ 800
Serviço de passagens na balsa do Rio Parahyba , em Pindamo
195 $ 000
nhangaba
Serviço de passagens na balsa do Rio Parahyba , no Cruzeiro 774 $ 375
Dito de passagens no Rio Juqueriquêrê , em S. Sebastião 295 $ 000
Dito no Porto do Japy . 240 $ 000
24

Dito no Rio Parahyba , em Santa Branca 350 $ 000


Dito da balsa da Ribeira , do Apiahy 225 $ 000
Construcção de um cáes no Porto do General Rio Branco 3 : 508 $ 140
Dita dita em Iguape 3 : 192 $ 000
Abertura de um furado no Rio Peroupava 564 $ 190
Desobstrucção do Rio Piraqueassú 500 $ 000

3. ° CADEAS E CASAS DE CAMARAS

De Cajurú 500 $000


De Paranapanema 2 : 999 $ 940
De Batataes 2 : 215 $ 630
De Lençóes 874 $ 280
Do Rio do Peixe 2 : 000 $ 000
Do Amparo 15 : 122 $ 657
Do Ribeirão Preto 1 : 000 $ 000
De Brotas 2 : 500$ 000
De Dous Corregos 2 : 000 $ 000
Do Jahú 1 : 000 $000
De Santa Branca 1 : 000 $ 000
Do Turvo (S. Pedro ) 5009000
Do Rio Novo 2 : 000 $ 000
De S. Manuel 1 : 000 $ 000
De Buquira 500 $ 000
De Serra Negra 5 : 000 $ 000
De Itapecerica 1 : 123 $ 600
Do Rio Bonito 1 :2409000
De Una 1:45 2 $ 000
De Sarapuhy 3 : 000 $ 000
Da Franca 1 : 000 $ 000
De Mogy - guassú 1 : 000 $ 000
De Botucatu 7 : 843 $ 635
De Atibaia 4 : 000 $ 090
E 60 :871 $ 742

4.0 MATRIZES E CEMITERIOS

Matriz da Villa do Cruzeiro 788 $ 260


do Turvo 500 $000
da Mocóca . 850 $ 000
> de S. João da Boa Vista 2 : 000 $000
de Cajurú 1 : 994 $ 000
de Santo Antonio da Alegria 1 :046 $ 200
> de Itú . 3 : 500 $ 000
de S. José dos Campos 1 : 300 $ 000
) de S. Pedro . 1 : 100000
de S. José do Rio Pardo 2 : 000 $ 000
Capella do Jaguary , em Xiririca 262 $ 996
Matriz de Una 965 $ 000
> de Casa Branca 4 : 000 $ 000
de Parahybuna 4 : 000 $ 000
25

Matriz do Bairro dos Pinheiros . 6 : 000 $000


de Santa Branca , 1 :516 $ 700
> do Espirito Santo da Fortaleza . 500 $ 000
> de Piracicaba . 1 : 399 $ 834
de Queluz 1 : 000 $ 000
do Bom Successo . 500 $ 000
Cemiterio de Areas . 1 : 500 $ 000
de Monte -mór . 3 :0009000
> de Araçariguama . 1 : 500 $ 000
de Santa Rita do Paraizo 600 $ 000
Matriz do Sapé de Silveiras . 600 $ 000
do Porto Ferreira 500 $ 000
de Palmeiras . 1 :500 $ 000
do Piquete 500 $ 000
> de Lavrinhas . 220 $ 000
de Santa Barbara de Piracicaba 999 $ 834
de Santa Rita do Paraizo 2 : 500 $ 000
> de Araraquara 2 :000 $ 000 1
do Patrocinio 400 $ 000

Capella do Peruhybe . 699 $ 800


51 : 742 $ 624

5. ° DIVERSAS OBRAS

Reparos do Collegio de N. S. do Carmo de Guaratinguetá . . 3 : 000 $ 000


Concerto do predio em que funcciona a barreira de Itararé . 236 $ 100
Obras no Palacio, na parte occupada pela repartição da Ins
trucção Publica 707 $ 125
Construcção do novo Quartel de Bombeiros 2 : 901 $ 115
Remoção do chafariz do Moringuinho . 113 $ 600 )
6 : 957 $ 940

Prestação de contas das Commissões encarregadas da execução de


obras publicas, de 1. ° de Novembro de 1887 a 31 de Outubro de 1888 .

4 de Novembro de 1887.- Estrada do Quiririm . 1 : 000 $ 000


7 de Dezembro de 1887 .-- Igreja do Rozario em Sorocaba 3 : 000 $ 000
23 de de 1887. de Santa Branca . 2 : 000 $ 000
23 de Janeiro de 1887. >>
de S. José dos Campos Novos 1 : 000 $ 000
16 de Fevereiro de 1887.- Estrada de Sorocaba a Itararé . 4 : 631 $ 580
12 de Março de 1887 .-- Cemiterio da Cutia . 2 : 000 $ 000
26 de > de 1887.--- Cadêa do Rio Verde . 2 : 000 $ 000
26 de > de 1887. —Matriz de Santo Amaro . 6 : 000 $ 000
26 de de 1887 . de Brotas 3 :051 $ 000
4 de Junho de 1887. de Parahybuna 4 : 000 $ 000
30 de de 1887. de São Vicente 6 : 470 $ 000
30 de de 1887. - Cadêa de Dous Corregos 4 : 000 $ 000
30 de >> de 1887. de Brotas . 4 : 793 $ 350
6 de Julho de 1887. -Matriz de Santa Barbara 6 : 000 $ 000
6 de de 1887. da Piedade 6 :000 $ 000
6 de de 1887. de Monte - mór 6 : 000 $ 000
26

6 de Julho de 1887. - Igreja da Gloria ( capital ) 12 : 000 $ 000


27 de Outubro de 1887. –Construcção do uma balsa do rio da
Ribeira, municipio do Apiahy . 635 $ 800
Rs . 74 : 581 $ 730
Importa a presente prestação de contas em Rs . 74 :581 $ 730

THESOURARIA DE FAZENDA

Em relatorio especial , o Engenheiro Ramos de Azevedo, encarregado das


obras do edificio destinado á repartição da Thesouraria de Fazenda, demonstra
o estado dos trabalhos, que , por falta de novos recursos acham - se , presentemente ,
interrompidos.

RESUMO DAS DESPEZAS

Tendo demonstrado o estado dos trabalhos em andamento , dos que foram


concluidos dentro do periodo deste Relatorio, e, finalmente, dos que , começados
em exercicio anterior, acham - se ultimados , cumpre -me recapitular as respectivas
despezas e seus pagamentos .
Como se dignará V. Exc . vêr da demonstração geral e quadros annexos, a
despeza autorisada com obras publicas , a datar de 1.º de Novembro de 1887
a 31 de Outubro findo, eleva-se ao total de 592 : 196 $ 771 , exclusive as que
se fazem com a construcção do alojamento de immigrantes, cujo pagamento é
feito por conta do credito destinado a este ramo de serviço .

Da somma acima já foi paga a importancia de 200 : 023 $ 171 , que é repre
sentada por serviços concluidos e outros em regular andamento .
Das obras procedentes dos exercicios de 1886 e 1887 , e agora inteiramente
terminadas , tem -se verificado pagamentos na importancia de 243:459 $ 366.

PROPOSTA

A inclusa proposta para distribuição de verbas inclue serviços já iniciados


com a construcção de diversas cadêas publicas, cuja conclusão é constantemente
reclamada pelas respectivas localidades .

CONCLUSÃO

meu
Ao terminar o presente Relatorio , me é grato manifestar a V. Exc . o
reconhecimento pela confiança e attenções que digna- se dispensar-me no exer
cicio do cargo que occupo, esperando da reconhecida benevolencia de V. Exc .
que serão relevadas as lacunas existentes nesta exposição .

Deus guarde a V. Exc .

Illm . e Exm . Snr. Dr. Pedro Vicente de Azevedo . Muito Digno Presidente
da Provincia .

Francisco Julio da Conceição ,


Director Geral .
27

Proposta para a distribuição de verbas com Obras Publicas no


exercicio de 1890–1891

1. ° ESTRADAS

De São Paulo a São Bernardo 5 : 150 $ 000


De > Penha 15 :000 $ 000
Da Penha ao Franquinho . 1 :5009000

De Parahybuna a Caraguatatuba 3 : 000 $ 000


De Iporanga a Faxina 6 :000 $ 000
De Apiahy ao Paraná , pela Ribeira . 4 :0005000

De Juquiá a Itapecerica , por São Lourenço . 4 :000 $ 000


De Peruhybe a Prainha . 2 :000 $ 000
De Jacupiranga a Xiririca 3 : 000 $ 000
De Iguape a Xiririca . 1 : 000 $ 000
Da Estação da Lage ás Palmeiras 3 :000 $ 000
5 :0009000
Do Corrego Fundo a Cajurú .
Do Bom Jesus ao Monte Alegre . 3 : 000 $ 000
Estrada de Atibaia á Estação . 3 :000 $ 000
> 1 :000 $ 000
da Capital á Agua Branca
2 : 0005000
de Pirajussara a MBoy
da Capital a Pinheiros 2 :000 $ 000

63:650 $ 000

2.° PONTES E PONTILHÕES

Pontilhão no rio Cachoeira, entre Amparo e Mogy 1 : 200 $ 000

Ponte no rio Mogy -Guassú, na Villa do mesmo nome 6 :000 $ 000


na estrada de Ubatuba a São Luiz 2 :5005000
Balsa na estrada de Iguape a Xiririca 800 $ 000
Aterrado em Caçapaya (conclusão ) 2 :298.5000
Ponte do Salto, em Areas 1 : 302 $ 250
no rio Camandocaia , Amparo . 20 : 000 $ 000

34 : 100 $ 250
3.° CADÊAS

Do Espirito Santo do Pinhal 10 :0009000


Da Serra Negra ( conclusão) 3 :000 $ 000
Do Ribeirão Preto 6 :4969000
De Caconde 2 :2009000
De Passa Quatro 4 : 000.5000
De Nazareth 12:0008000
De São Roque 10 : 0009000
De Botucatu 10 :0009000
De Lençóes 9 :000 $ 000
> 8 : 0009000
De Parnahyba
De Iguape 10 :0009000
De Santa Izabel 5 :000 $ 000
Do Patrocinio de Santa Izabel (conclusão) 2 :000 $ 000

91 :6969000
- 28

RECAPITULAÇÃO
Estradas 63 :6505000
Pontes e Pontilhões 34 : 100 $ 250
Cadêas . 91 : 6969000

Réis . 189 :4469250

VERBAS ESPECIAES

Para os estudos definitivos e elaboração do projecto de Sanea


mento das yarzeas do Tamanduatehy, na Capital .
Obras do Hospicio de Alienados .

fifa
Para concertos de estradas, pontes , pontilhões e reparos dos edi
ficios publicos
Para o serviço de passagens em balsas
PENITENCIARIA
1
1
Ilm . Exm . Senhor.

Em cumprimento do que por V. Exc. me foi ordenado em officio de 12


do mez passado , presto agora as informações exigidas sobre a Penitenciaria
d'esta Capital.

Nomeado Director d'este Estabelecimento por acto do Exm . Governo Pro


vincial, de 19 de Março do corrente anno, desde logo reconheci que , não obs
tante o zelo e actividade do meu antecessor, que deixou o mesmo Estabeleci
mento em boas condições , eram n'este indispensaveis algumas reformas, tanto
materiaes como moraes .

O Regulamento de 6 de Julho de 1850 , que rege a Detenção d'esta Pro


vincia, confeccionado quando ainda faltavam estudos especiaes , só ultimamente
realisados, no sentido de serem tomadas as medidas necessarias para que as
Casas de Detenção Correccional satisfizessem o seu fim , contêm algumas dispo
sições que carecem de ser reformadas, como em tempo demonstrarei a V. Exc.
no Relatorio que terei a honra de apresentar no fim do mez proximo futuro .
Neste officio limito-me a prestar a V. Exc. informações sobre algumas ne
cessidades que com mais urgencia devem ser satisfeitas.

Cubiculos

Na Penitenciaria existem 4 Raios, entre 2 galerias cada um , contendo 160


cubiculos, todos em pessimo estado .
Seus soalhos têm nivel inferior, d’um metro mais ou menos , ao ladrilho dos
Raios. Por este motivo resentem-se de humidade e frio, prejudiciaes á saúde
dos presos , tanto mais que as vigias dão para os ditos Raios e as portas dos
cubiculos, para as galerias. Accresce que a limpeza não pode ser feita com
regularidade, porque as taboas dos ditos soalhos estão inteiramente podres e
soltas , por não existirem mais , em razão da humidade, as vigotas sobre as
quaes eram assentes . Si a lavagem fosse feita mais amiudadas vezes, a agua
embebida no chão deixal - o -hia excessivamente humido, em razão da falta de ca
lor nos cubiculos. Julgo conveniente que , á maneira de estrados se façam
novos soalhos portateis, para poderem os presos todas as manhãs retiral-os e
laval -os, sem perigo de ser conservada a humidade. O chão dos cubiculos , para
que tenha duração o soalho , deve ser ladrilhado com tijolos de construeção. A
- 4

despeza com esta reforma não é grande, attendendo - se á pequenez dos cubicu
los , os quaes medem apenas 1 metro 20 de largura sobre 2 metros 35 de
fundo .

Galerias

O ladrilho das galerias, feito de pequenos quadrados de barro, apresenta


funda depressão em muitos pontos , por estarem gastos e quebrados aquelles
quadrados.

D'esta sorte a lavagem indispensavel , além de deixar humidas as galerias,


forma poças nas ditas depressões. Para não ser dispendioso e demorado o con
certo , que , feito de ladrilho, offereceria em pouco tempo o mesmo inconveniente,
entendo que as galerias devem ser cimentadas, embora com tenue camada,
mesmo sobre o ladrilho ou quadrados de barro existentes. A limpeza assim
tornar-se -ha facil, e a duração da obra, segura.

Officinas

As officinas necessitam de reparos urgentes, tanto no telhado como no


soalho . Dentro d'ellas chove como si não fossem cobertas ; e o soalho , com
pletamente podre , já não se prende a vigamento algum , porque apodreceu e
desappareceu de todo aquelle sobre que foram pregadas as taboas. Alguns
caibros estão podres tambem , e nos dias de vento ou de chuva, ha imminente
perigo de desabar algum panno do telhado, com risco da vida dos presos e
guardas. O retelhamento das officinas é , pois , urgentissimo .

Compartimentos em que dormem os guardas

Dous compartimentos, sob a enfermaria , que servem de quarto de dormir


aos guardas , acham -se tambem em máu estado.

O soalho precisa de reforma, e as paredes , de serem caiadas ; pois que


n'um Estabelecimento relativamente pequeno , que já não comporta o numero
de presos condemnados a prisão com trabalho, alguns dos quaes são conserva
dos na Cadêa por falta de cubiculos, o aceio deve ser rigorosamente attendido,
para que não se desenvolva alguma epidemia .

Serviço da limpeza

O serviço da limpeza é feito de modo que demanda desde logo reforma.


Os presos sahem pelas galerias, e por fóra do edificio vão fazer o despejo dos
vasos da noute nas duas sentinas existentes nos pequenos pateos que fecham
as extremidades do 3. ° e 4. ° raios.

Além do vexame que soffrem os presos quando são encontrados n'este ser
viço , a exhalação má é excessiva e prejudicial á hygiene . A isto accresce mais
que o despejo é feito em bacias do antigo systema , collocadas ao lado dos
quartos de dormir dos carcereiros.

E' muito necessario que sem demora se faça na Penitenciaria o mesmo


melhoramento já effectuado na Cadêa, substituindo -se as bacias actuaes pelas
do novo systema aperfeiçoado de Jennings.
A despeza não será grande, porque os encanamentos serão aproveitados ;
e só no 1.º e 2. ° raios será mister fazerem - se novos encanamentos , que communi
quem com os da Companhia Cantareira e Esgotos, os quaes não passam longe.
Ha necessidade de serem collocadas 8 bacias no Estabelecimento, sendo 4
no Corpo do edificio principal, nas 4 galerias ; 2 na enfermaria e 2 nas pri
sões das mulheres. São igualmente indispensaveis, n'aquella , um banheiro
para os doentes , e, n'esta, dous para as sentenciadas. Estas , por falta de acco
modações na Penitenciaria, acham -se reunidas em uma só prisão. Além de, as
sim , não ficarem sujeitas ao systema penitenciaria adoptado, a agglomeração
d'ellas em um só compartimento é-lhes sobremodo nocivo á saúde. Para re
mover, em parte , este mal , ao menos por algum tempo , mandei reparar pelos
presos um salão em frente da prisão das mesmas sentenciadas, e que servia de
calabouço aos escravos presos policialmente ou por andarem fugidos.
Dividindo as presas em duas turmas, vou mandar uma d'estas para essa
outra prisão , até que por V. Exc . seja tomada a providencia para que sejam
construidos, na Casa, novos cubiculos , onde as presas sejam isoladas.

Prisão para loucos e morpheticos

E' tambem de absoluta necessidade a construcção de dous commodos for


tes que sirvam de prisão para os loucos e morpheticos. Mais regular seria
que no Lazareto e Hospicio de Alienados d’esta Capital houvesse dous ou trez
compartimentos apropriados para nelles serem convenientemente tratados os in
felizes affectados d'aquellas molestias ; pois que na Correcção não se pode su
jeitar nem uns nem outros ao regimen respectivo, nem prestar-lhes os SOCCOr
ros exigidos pelo seu estado . Deixal-os retidos no cubiculo , seria crueldade ;
mandal-os ás officinas , seria medida inutil e perigosa aos companheiros e aos
guardas ; conserval- os durante o dia nos pateos ou nos jardins, tambem é pro
videncia inexequivel, porque demandaria augmento do pessoal dos guardas,
visto como o que existe no Estabelecimento é o restrictamente indispensavel
para , quasi sem folga, fazer o serviço determinado pelo Regulamento.
Deixo , porém , de reclamar a construcção desde logo de taes prisões, apezar
de ser imprescindivel este melhoramento , porque acredito qne V. Exc. não dei
xará de mandar construir nova Cadêa na Capital, attendendo que cada dia
cresce consideravelmente o numero de presos preventivamente condemnados a
galés ou prisão simples, e que em cada compartimento da Cadêa actual já es
tão reunidos 30 , 40 e mais homens . Além de ser isto prejudicial á hygiene,
offerece perigo grave . A Cadêa é uma velha casa , já estragada , com fendas
nas paredes exteriores , excessivamente pequena para 100 presos e imprestavel
para os 190 e tantos que ahi se acham . Assim , tão facil é a evasão dos pre
808 , como facil é qualquer combinação ou plano de fuga entre elles . Por esta
rasão, emprego na Cadêa, ou antes no serviço d'ella, toda a guarda policial da
Correcção, prestando toda a attenção e vigilancia para que qualquer desordem
n'aqnella não prejudique a boa ordem em que esta é conservada, não facilite
a fuga aos presos da Casa sob minha direcção e não lhes dê mau exemplo .
O serviço da Correcção , com excepção da ronda nocturna do exterior do
edificio, sempre por mim recommendado aos commandantes da guarda policial,
é feito com 16 guardas internos da mesma Correcção.
- 6

Construida a nova Cadêa , servirá a actual para outros fins, e , entre estes,
para a detenção dos morpheticos e loucos condemnados á prisão com trabalho.

Prisão das mulheres

Outro inconveniente que devera ser removido quanto antes , si não fôra
urgente construir -se nova Cadea , medida que V. Exc . certamente levará a effeito,
não só pelas razões expostas, como porque é intuitiva a inconveniencia de estar
a Cadéa dentro da area da Penitenciaria e servida pelo mesmo portão exterior,
sendo que o regimen d'esta repelle com o d'aquella, é serem as mulheres
sas correccionalmente, preventivamente ou condemnadas por infracção de termo
de bem viver , detidas na prisão da Penitenciaria , onde cumprein pena as defi
nitivamente condemnadas, e isto por não haver na Cadêa prisão apropriada.
Além de perturbar este facto a regularidade das medidas prescriptas pelos
Regulamentos da Penitenciaria , pesa em minha consciencia de jurista essa es.
pecie de connivencia com um carcereiro na practica de um acto que não re
puto legal, qual é o de recolher, a pelillo de um empregado da Cadêa, de
condição inferior e de quem não se pode exigir conhecimento das leis crimi
naes ou processuaes, á prisão da Penitenciaria , mulheres vagabundas, não cou
demnadas, e algumas vezes enviadas pelos subdelegados de policia, sem ordem
escripta da autoridade judiciaria, quando só devo receber presos acompanhados,
não de portarias , mas de officios dos juizes de direito, com as copias das res
pectivas sentenças para os lançamentos exigidos por lei . Si assim procedo, é
obedecendo á pratica preestabelecida, para não embaraçar o serviço publico e
attendendo á falta de prisão para mulheres na Cadêa .
E ' de toda a conveniencia, porém , para o serviço publico, para execução
do regimen penitenciario, para moralidade da Penitenciaria e sua segurança,
que V. Exc . a livre da Cadêa .

Despensa

E' indispensavel, Exm . Snr . , o preenchimento do lugar de despenseiro ,


creado pelo Regulamento citado, de 1850, e a cujo cargo fique tambem o
serviço da rouparia. A Penitenciaria não tem empregado para nenhum destes
serviços, que são feitos pelo enfermeiro , sempre occupado com a compra dos
objectos de que diariamente precisa o estabelecimento e com os affazeres do
seu cargo . Deste modo, soffrem a enfermaria , a rouparia e a despensa, com
as quaes fazem os cofres publicos a maior despeza . A nomeação d'um despen
seiro , encarregado da rouparia , importa economia á fazenda, porque maior
vigilancia e maior cnidado haverá em relação aquelles dous ramos de serviço .
E ' de toda a conveniencia que o enfermeiro não accumule sobre si tanto
trabalho, para que não soffra a enfermaria com a falta deste empregado.

Carcereiros e guardas

E de toda a justiça que sejam augmentados os vencimentos d'estes em


pregados. Seu trabalho é pesadissimo e de grande responsabilidade, como
grande é o perigo que correm durante o dia e durante a noute. Quer nos
domingos , dias santos, quer nos dias uteis , elles não têm folga ; pois que de
- 7 -

48 em 48 horas, sómente tem um dos primeiros uma folga de 3 horas, das 5


da tarde as 8 . Os segundos estão nas mesmas condições, visto como apenas
de 6 em 6 dias podem dous ter folga de serviço durante a noute .
Durante os dias estão na officina com os presos , ou os acompanham no
serviço da limpeza, do jardim ou da cosinha. Durante as noutes rondam as
vigias , crusando - se nos raios, para o que são as noutes divididas em quartos.
Em relação ao pesado serviço que prestam , seus vencimentos são excessi
vamente exiguos , pois que são inferiores até ao do soldado urbano . Demais ,
com taes ordenados, difficilmente se encontra pessoal em que se possa confiar.
Creio , Exm . Sr. , que os Carcereiros , ainda ganhando 60 $ 000 mensaes , e os
guardas 45 $ 000, não seriam generosamente retribuidos ; mas attendendo as fi
nanças da Provincia , ao menos aquelles vencimentos V. Exc. praticaria um acto
de equidade , reclamando- os em tempo competente.
E' igualmente de justiça que seja elevado a 60 $000 o ordenado , ou antes
o vencimento do enfermeiro , cujo trabalho é tambem excessivo , e de dia para
dia torna-se maior ; porque á proporção que cresce o numero dos presos, dimi
nuem as condições sanitarias do Estabelecimento. O mesmo augmento pro

porcional deve ser feito em relação ao ajudante do enfermeiro, pois que , como
este, não tem um só dia de descanso .

Amanuense

Pelo Regulamento de 1850 o escriptorio da Penitenciaria , além do Vedor


ou Escrivão , deve ter dous Amanuenses . Entretanto , nunca foi nomeado ao
menos um, quando é indispensavel este empregado , não só para substituir o
escrivão, quando este tenha impedimento para trabalhar, como porque o traba
lho da escripta , que é bastante consideravel, maximè estando a cargo do Es
criptorio da Penitenciaria o fornecimento do necessario á Gadêa .

E' indispensavel a nomeação d’este auxiliar , como reconheceu o proprio


Regulamento, quando o serviço não podia ser equiparado ao actual.. No es
criptorio, além do Director e do Escrivão , só ha um Almoxarife, que tem suas
attribuições determinadas e das quaes não pode ser distrahido.

Fardamento dos guardas

O art . 104 do Regulamento citado exige que os guardas e carcereiros te


nham uniforme apropriado, e determina qual elle deve ser . Importa em pouco
a despeza com esse uniforme, e não deixa de ter muitas vantagens , entre ou
tras a de imporem -se os carcereiros e guardas mais ao respeito dos presos , e
de serem facilmente reconhecidos pelas sentinellas e rondantes da guarda poli
cial , durante a noite, assim como pelo Director, nas visitas que tem a fazer ao
Estabelecimento , tambem durante a noute .

Augmento de um dos Raios

Crescendo todos os dias a população da Provincia , e , portanto , augmen


tando -se a estatistica dos crimes, torna -se preciso o augmento, pelo menos , de
um dos Raios do Estabelecimento, que só tem , como ficou dito , 160 cubiculos ,
- 8

já actualmente insufficientes ; pois que , mais de uma vez, são conservados na


Cadêa presos condemnados á prisão com trabalho.
O andar terreo dos cubiculos é construido de modo a poder supportar um
2. ° andar. Este deve ser levantado sobre o 1.º Raio , contendo tambem 40 cu
biculos , com janellas ou grades para o jardim e uma galeria central , para onde
dêm as portas dos mesmos cubiculos.

Deste modo, e dispensadas as galerias lateraes , não só as cellulas terão


luz e calor, como a ronda será feita com maior vantagem , porque, pelas grades
das portas, fechadas do meio para baixo com folhas inteiriças de ferro , pode
rão os guardas ver os presos quando estejam estes levantados.

Em todo o caso , os professionaes indicarão a V. Exc . o melhor modo por


que deve ser feita esta reforma, reclamada pelo augmento do numero dos
presos .

Para bem cumprir os meus deveres e poder elevar a Penitenciaria de que


sou Director á altura que lhe compete, como Estabelecimento digno de uma
Provincia importante e civilisada como S. Paulo , sollicito e espero de V. Exc . ,
como Paulista illustrado e Administrador zeloso , providencias no sentido de
serem attendidos os melhoramentos que venho de indicar ; tanto mais que o
bom systema penitenciario concorre poderosamente para a regeneração dos ho
mens , que o crime elimina temporaria ou perpetuamente da communhão social.

Feitas as reformas materiaes, algumas das quaes V. Exc. já providenciou


para que se effectuassem , mais facilmente me occuparei dos melhoramentos
moraes, dos quaes , aliás, não me tenho descuidado , dedicando-me com afinco
ao desempenho do cargo que me foi confiado.

Deus guarde a V. Exc.

Illm . e Exm . Sr. Dr. Pedro Vicente de Azevedo , Dignissimo Presidente


d'esta Provincia .

O Director da Penitenciaria ,

Aquilino do Amaral.
CONTRACTOS
!
IMMIGRAÇÃO

CÓPIA — CONTRACTO CELEBRADO COM O GOVERNO DA PROVINCIA E A SOCIE

DADE PROMOTORA DE IMMIGRAÇÃO, para o fim de encarregar - se do serviço admi


nistrativo da Hospedaria Provincial de Immigrantes nesta Capital-— Aos vinte e
nove dias do mez de levereiro do anno de mil oito centos e oitenta e oito , no
Palacio do Governo desta Provincia, presentes o Excellentissimo Senhor Presi
dente da Provincia , Doutor Francisco de Paula Rodrigues Alves e os membros
da Directoria da Sociedade Promotora de Immigração desta Provincia : Doutor Mar
tinho da Silva Prado Junior, Presidente , Conde do Parnahyba, Doutores Raphael
Agniar Paes de Barros, Nicolau de Souza Queiroz, Rodrigo Lobato Marcondes
Machado o Tenente Coronel Benedicto Vieira Barbosa, ficou assentado, de accordo
com o artigo 7.º da Lei n . 1 de 3 do corrente, o contracto do serviço de admi
nistração da Hospedaria Provincial ou Alojamiento do Immigrantes nesta Capital,
mediante as seguintes condições :
H

1.a

O Governo da Provincia entrega á Sociedade Promotora de Immigração,


mediante a subvenção annual de vinte contos de reis ( 20 :000 $ 000 ), paga em
prestações mensaes, a direcção do serviço da Hospedaria Provincial, correndo
por conta da referida subvenção o pagamento de todo o pessoal da Hospedaria ,
que será contractado conforme melhor convier á mesma Sociedade .

2.a

A despeza com alimentação de immigrantes, fornecimento de medicamentos ,


agua , luz, moveis, e utensis, conclusão das obras do edificio e reformações do
mesmo, continuará a ser feita por conta da Provincia, pelo mesmo systema até aqui
adoptado , fazendo -se contracto e precedendo concurso e audiencia da Directoria
- 4 -

da Sociedade para os serviços ou fornecimentos que delles dependerem , nos termos


do artigo 188 do Regulamento Provincial de 8 de Junho de 1880. A fiscalisação
e imposição das respectivas multas ficarão a cargo do Director de semana incum
bido do serviço da Hospedaria.

3.a

O transporte de immigrantes e suas bagagens nas ferro- vias e de navegação ,


que não fizerem esse seryiço gratuitamente, o curativo no Hospital da Santa Casa de
Misericordia dos doentes que não poderem ser tratados na enfermaria da Hospe
daria , o enterramento de immigrantes e o transporte de doentes para o hospital e
para o Lazareto, continuará a ser feito por conta do Thesouro Provincial, obser
yados os contractos de 17 de Dezembro de 1879 e de 8 de Junho de 1885 .

4.2

A Directoria da Sociedade destinará na Hospedaria Provincial uma sala


para o escriptorio do Fiscal nomeado pelo Governo, para inspeccionar os serviços
contractados com a mesma Sociedade .

à
5 .

O serviço do recebimento e chamada de immigrantes, quer espontaneos ,


quer introduzidos pela Sociedade Promotora ou por conta do Governo Geral ,
continuará a ser feito como até aqui, de accordo com a legislação vigente, obser
vando-se os artigos 24 a 29 do Regulamento de 30 de Agosto do anno passado,
sob a inspecção, porém , do Fiscal do Governo, e , só na falta ou impedimento
deste , por um empregado do Thesouro Provincial, designado pelo respectivo Ins
pector, mediante requisição da Directoria da Sociedade.

6.a

A Sociedade Promotora de Immigração terá na Hospedaria um empregado,


o qual, além da direcção do serviço interno e outros serviços que pela Dire
ctoria da Sociedade the forem incumbidos, poderá exercer as seguintes attri
buições do Regulamento de 30 de Agosto do anno passado :
a ) Assignar com o Fiscal a lista nominal dos immigrantes entrados na Hos
pedaria , que tem de ser remettida ao Thesouro Provincial.

b ) Requisitar das administrações de ferro-vias e de navegação o trans


porte de immigrantes e suas bagagens e para qualquer empregado da Hospedaria
em serviço de Immigração.
c) Requisitar diariamente do fornecedor de alimentação , por meio de pe
dido de talão, as necessarias rações, e avisal - o da chegada de immigrantes para
o preparo da alimentação precisa.

d) Entregar diariamente ao Fiscal o mappa demonstrativo do movimento


de entrada e sahida de Immigrantes, do dia anterior para servirem de base á
conferencia da conta do fornecedor .

e) Requisitar por meio de pedido de talão , rubricado pelo Fiscal , o forne


cimento de moveis , utensis , ou ontros objectos que tenham de ser pagos pelo
Thesouro Provincial, nos termos das condições 2.9 e 3.a
- 5

f) Mandar organisar e entregar ao Fiscal , para serem por elle assignadas,


e remettidas ao Thesouro Provincial, as listas parciaes dos immigrantes esponta
neos que tenham de receber o auxilio provincial , quer pelo Thesouro, quer pelas di
versas estações Fiscaes da Proyincia .

g) Expedir telegrammas , em assumpto de interesse da immigração, por


conta da Provincia, usando para isso da formula- Serviço Publico .

h) Requisitar da autoridade policial a força necessaria para manter a ordem


da Hospedaria , remettendo, acompanhados de uma informação circumstanciada á
autoridade policial , os individuos que procurarem perturbal - a .

7.8

Todas as contas ou documentos das despezas , que não estiverem compre


hendidas na condição 2.a , deverão ser conferidos e rubricados pelo Fiscal , sendo
pagos aos credores ou a quem for requisitado pela Directoria da Sociedade, uma
vez que dos documentos conste ter sido realisado por ella o pagamento aos mesmos
credores .
8 .а

O Presidente da Directoria ou o Director que estiver de mezou semana

na Hospedaria , são os competentes para requisitar do Governo , não só o paga


mento das despezas a que se refere a condição anterior, mas ainda do auxilio
dos immigrantes introduzidos pela Sociedade e a subvenção da condição 2.4 .

9.

Todas as listas geraes da entrada, guias e listas parciaes para o pagamento


dos immigrantes espontaneos , bem como as notas relativas ao pagamento ou não
pagamento , que devem ser lançadas nos passaportes ou documentos que o sub
stituam , serão organisadas pelos cmpregados da Directoria c assignados pelo Di
rector de semana e Fiscal .
10 .

Para pagamento do auxilio devido aos immigrantes introduzidos pela So


ciedade, a Directoria fará organisar um mappa demonstrativo, do qual conste a
data da entrada na Hospedaria , nome do vapor , numero de familias, de solteiros,
ou casados , masculinos ou femininos, os maiores de 12 annos, de 7 a 12 annos,
de 3 a 7 annos e os menores de 3 annos . Este mappa depois de conferido
pelo Fiscal acompanhará o officio requisitando o pagamento.

11.a

O pagamento da despeza , de que se houver lavrado contracto será feito di


rectamente pelo Thesouro Provincial, á vista das contas demonstrativas organi
sadas pelos fornecedores, acompanhadas dos pedidos , sendo as contas conferidas
pelo Fiscal. A do fornecedor de medicamentos, porém , será conferida pelo Fiscal
com o livro de receituario, laçando este na conta a nota de conferencia.

12 .

O fiscal, além das obrigações estipuladas nas clausulas 4.2 e 5.4 , será obri
gado a comparecer diariamente no Alojamento para os serviços constantes das
condições 7. , 9. , 10.a e 11.a.
2
- 6

13 .

Os actuaes empregados da Hospedaria nomeados ou contractados pelo Go


verno serão conservados pela Directoria da Sociedade, emquanto bem servirem ,
pagando -lhes a Sociedade os vencimentos que lhes estipular, por conta da sub
venção a que se refere a condição 2.a, cessando da data deste contracto em
diante o pagamento dos vencimentos ou gratificações pelo Thesouro Provincial.

14 .&

O excedente do auxilio pago á Sociedade pela introducção de immigrantes ,


concedido pelos contractos em vigor e o pagamento por ella feito das respectivas
passagens poderá ser applicado tambem no excesso das despezas por ventura
necessarias na administração da Hospedaria de immigrantes, continuando, porém ,
a Sociedade obrigada á prestação de contas .

a
15 .

Este contracto terminará a 30 de Junho do anno vindouro e poderá ser


renovado a aprasimento do Governo e da Sociedade Promotora, de accordo com
o que for decretado pela Assembléa Legislativa Provincial, nas Leis de orçamento
ou especiaes .

E para constar lavrou -se o presente termo de contracto que assignamo


mesmo Excellentissimo Senhor Doutor Francisco de Paula Rodrigues Alves , Pre
sidente da Provincia e os membros da Directoria da Sociedade Promotora de
Immigração desta Provincia, Doutor Martinho da Silya Prado Junior , Presidente ,
Conde do Parnahyba, Doutores Raphael Aguiar Paes de Barros, Nicoláu de
Souza Queiroz, Rodrigo Lobato Marcondes Machado e Tenente Coronel Benedicto
Vieira Barbosa . E eu , Esteram Leão Bourroul, Secretario da Provincia o subscrevo,
Estavam cinco estampilhas no valor de mil reis inutilisadas com as seguintes as
signaturas : Francisco de Paula Rodrigucs Alves, Martinho Prado Junior, Conde
do Parnahyba, Raphael Aguiar Faes de Barros, Nicoláu de Souza Queiroz, Ro
drigo Lobato Marcondes Machado e Benedicto Augusto Vieira Barbosa .

II

CÓPIA --- CONTRACTO CELEBRADO ENTRE O GOVERNO DA PROVINCIA E A DIRE


CTORIA DA SOCIEDADE PROMOTORA DE IMMIGRAÇÃO.

Aos dois dias do mez de Março do anno de mil oito centos oitenta e oito,
no Palacio do Governo da Provincia, presentes o Excellentissimo Senhor Doutor
Francisco de Paula Rodrigues Alves , Presidente da Provincia , Doutor Martinho
da Silva Prado Junior, Conde do Parnahyba, Doutores Nicoláu de Souza Queiroz,
Raphael Aguiar Paes de Barros , Rodrigo Lobato Marcondes Machado e Bene
dicto Augusto Vieira Barbosa, membros da Directoria da Sociedade Promotora
de Immigração, ficou assentado o seguinte contracto :
1.°

A Sociedade Promotora de Immigração contracta e obriga-se por este a pro


mover, por todos os meios convenientes , a immigração estrangeira para esta Pro
vincia , e a introduzir até o dia trinta e um de Dezembro deste anno , sessenta
mil immigrantes ( 60.000) .
2. °

A Sociedade receberá da Provincia , para as despezas inherentes ao serviço


de introducção e promoção aos subsidios pecuniarios na seguinte razão : 75 $ 000
por individuo maior de doze annos, 37 $ 500 por individuo de sete a doze annos,
18 $ 750 por individuo de tres a sete annos , achando - se os immigrantes nas con
dições da Lei n . 1 de 3 de Fevereiro do corrente anno , que rege a materia .

3. °

Para o fim da clausula 1.a a Sociedade contractará com Companhias de Na


vegação ou pelo modo que julgar mais conveniente o transporte dos immigrantes
para esta Provincia .

4. °

Os immigrantes introduzidos por força deste contracto ficam com plena li


berdade de se collocarem nesta Provincia do modo e onde lhes approuver , ficando
a cargo da Sociedade promoyer todos os meios de collocal - os convenientemente.

5. °

Por conta deste auxilio , o Gorerno Provincial antecipára á Sociedade as


quantias que lhe forem requisitadas pela Directoria da mesma Sociedade.

6. °

Para garantia da Provincia os socios da Sociedade Promotora de Immigração,


representados por sua Directoria, tomam a responsabilidade solidaria de todas as
qnantias que forem adiantadas á mesma Sociedade até o maximo de quinhentos
contos de reis (500 :000 $ 000 ).

7. °

Nos pagamentos que se fizer á Sociedade por occasião da entrada dos im


migrantes no Alojamento Provincial serão descontados os adiantamentos de accôrdo
com a Directoria .
8. °

A Directoria apresentará um relatorio e prestará suas contas quando con


cluir a introducção dos immigrantes constantes deste contracto .

9.°

Si nas contas apparecer algum saldo sobre as despezas da Sociedade, será


este recolhido ao Thesouro Provincial , na forma e no praso que för determinado
pelo Presidente da Provincia, ou ficando em poder da Sociedade, para os mesmos
fins, no caso de novação de contracto .
- 8

10.0

A Sociedade fica autorisada a introduzir immigrantes solteiros , maiores de


12 annos e menores de 50 , não devendo, porém , em caso algum , o numero delles
exceder a dez por cento ( 10 % ) da totalidade deste contracto , na fórma do
artigo 6.º da mencionada Lei n . 1 de 3 de Fevereiro deste anno .

11 .

A Sociedade Promotora providenciará , em contractos que fizer para a in


troducção de immigrantes, de modo que venham estes sempre acompanbados das
respectivas bagagens.
E para firmeza de tudo mandou o mesmo Excellentissimo Senhor Doutor
Presidente da Provincia lavrar este termo de contracto que assigna com OS
membros da Directoria da Sociedade Promotora de Immigração . E eu , Estevam
Leão Bourroul, Secretario da Provincia o subscrevo — Estavam estampilhas no valor
de mil reis inutilizadas da forma seguinte : -Francisco de Paula Rodrigues Alves ,
Martinho Prado Junior, Conde do Parnabyba, Nicolau de Souza Queiroz , Ra
phael Aguiar Paes de Barros, Rodrigo Lobato Marcondes Machado , Benedicto
Augusto Vieira Barbosa .
EMPRESTIMO EXTERNO

Termo de obrigação geral que o Governo da Provincia de São


Paulo, autorisado pela Lei numero cincoenta e cinco de vinte e dous

de Março de mil oitocentos e oitenta e oito , contrahe com os Banqueiros


Louis Cohen and Sous , de Londres , Inglaterra, para a emissão de um
emprestimo de setecentas e oitenta e sete mil e quinhentas libras
esterlinas .

Aos doze dias do mez de Setembro do anno de mil oitocentos e oitenta e


oito, no Palacio do Governo da Provincia de São Paulo , presentes o Excellen
tissimo Senhor Presidente da Provincia de São Paulo, Doutor Pedro Vicente de
Azevedo , e o Procurador Fiscal do Thesouro Provincial , Doutor Afrodisio Vidi
gal , como representante da Fazenda Provincial , coinpareceram os Banqueiros
Louis Cohen and Sons , da cidade de Londres , Inglaterra , representados nesta
cidade de São Paulo , capital da Provincia do mesmo nome, por Edward George
Elkim Hime , morador no Rio de Janeiro, cujos poderes foram dados na procu
ração que fica archivada na Secretaria do Governo, para o fim de aceitarem este
Termo de obrigação geral e reconhecimento do contracto contrahido com os ditos
Banqueiros Louis Cohen aud Sons, nos termos dos telegrammas com elles troca
dos anteriormente, por Sua Excellencia o Senhor Doutor Presidente da Provin
cia foi dicto que tendo o artigo terceiro da Lei numero cincoenta e cinco de
vinte e dous de março de mil oitocentos e oitenta e oito autorisado o Governo
da Provincia a contrahir um emprestimo externo ou interno , da quantia de sete
mil contos de réis , equivalentes a setecentas e oitenta e sete mil e quinhentas
libras esterlinas, ao cambio de vinte e sete dinheiros por um mil réis , pelo pre
sente Termo declara e reconhece obrigada a mesma Provincia ás clausulas se
guintes; que são as do emprestimo contractado con os Senhores Louis Cohen
and Sons , como reconhecem e declaram os mesmos Banqueiros representados
por seu procurador Edward George Elkim Hime .
10

1.a

O emprestimo é da quantia de setecentas e oitenta e sete mil e quinhentas


libras esterlinas , capital nominal e representado por titulos ( Bonds) ao portador,
de cem libras , quinhentas libras ou mil libras .

2.a

O producto do emprestimo é destinado exclusivamente á consolidação da


divida fluctuante da Provincia e para a que se contrahir com o serviço da im
migração .
3.8

As quantias necessarias ao serviço do emprestimo sahirão annualmente das


rendas da Provincia, de modo que todos os seus recursos e rendimentos são
pelo presente obrigados ao pagamento do juro e do capital dos titulos (Bonds)
representando o dicto emprestimo .
4. &

Os titulos ( Bonds) vencerão juros do dia primeiro de outubro de mil oito


centos e oitenta e oito , á razão de cinco por cento ao anno , pagaveis semestral
mente nos dias primeiro de Abril e primeiro de Outubro de cada anno .

O primeiro pagamento será effectuado no dia primeiro de abril de mil oito


centos oitenta e nove .

5.8

Os titulos (Bonds) serão resgatados 10 par , isto é , cem libras , quinhentas


libras ou mil libras, por meio de um fundo de amortização accumulativo, de um
por cento ao anno , que resgatará a divida inteira por trinta e sete sorteios an
niacs . Os titulos ( Bonds) assim sorteados serão pagaveis no dia primeiro de
outubro de cada anno . O pagamento do primeiro sorteio, terá lugar no dia
primeiro de outubro de mil oitocentos e oitenta e nore e o ultimo no dia pri
meiro de outubro de mil novecentos e vinte e seis. O Governo se reserva 0
direito de a qualquer tempo augmentar a quantia do fundo de amortização, dan
do aos Senhores Louis Cohen and Sons, aviso por escripto com a antecedencia
de seis meses .
6 .&

O Governo da Provincia de São Paulo, collocará, em poder dos Banqueiros,


pelo menos trez mezes antes dos respectivos vencimentos . saques a noventa dias
de vista da quantia necessaria para pagamento dos coupons vencidos em primeiro
de Abril de cada anno e para pagamento dos coupons e dos titulos ( Bonds) sor
teados vencidos em primeiro de outubro.

() sorteio para amortização dos titulos ( Bonds) terá lugar annualmente em 1


dia conveniente da segunda quinzena do agosto no escriptorio
do mez de agosto dos
Senhores Louis Cohen and Sons, em Londres , na presença de um Tabellião
publico .
- 11 -

&
8.

Os numeros dos titulos ( Bonds) sorteados serão pnblicados pelo menos em


dous jornaes de Londres .
9.a

O pagamento dos titulos (Bonds) sorteados , terá lugar ao mesmo tempo que
se fizer o pagamento dos coupons do semestre a vencer -se depois do sorteio , isto
é , no dia primeiro de outubro de cada anno, e daquella data cessará o juro so
bre os titulos (Bonds) sorteados .
10.a

Os titulos ( Bonds ) apresentados para pagamento terão todos os coupons não


vencidos na data marcada para tal pagamento e no caso de faltar um ou mais
coupons a importancia dos mesmos será deduzida da quantia paga ao portador
por tal titulo ( Bonds) .
11.a

Os titulos (Bonds ) sorteados serão pagaveis em Londres em moeda esterlina


no escriptorio dos Senhores Louis Cohen and Sons .

12.a

Os coupons pagos e os titulos ( Bonds) resgatados serão cancellados e ficarão


á disposição do Governo da Provincia de São Paulo.

13 .

O pagamento dos coupons e o resgate dos titulos ( Bonds ) serão isentos de

todo e qualquer imposto ou taxa , obrigando - se o Governo da Provincia de São


Paulo a pagar todas as contribuições ou impostos , quer geraes , quer provinciaes
ou municipaes, a que os ditos coupons ou titulos ( Bonds) possam em qual
quer época ficar sugeitos ; assim como ao pagamento dos coupons e titulos
( Bonds) em tempo de guerra e em tempo de paz , sejam os portadores subditos
de Estados amigos ou inimigos.
14 .

No caso de fallecimento de qualquer portador de titulos (Bonds) do presen


te emprestimo, os titulos ( Bonds) passarão aos seus herdeiros ou representantes
de accòrdo com a Lei de successão que esteja em vigor no Paiz de que o falle
cido portador fôr subdito .
15.a

Os titulos ( Bonds) serão assignados por um representante do governo da


Provincia de São Paulo .
16 .

Si os titulos ( Bonds ) ou os coupons que fazem objecto do presente Termo


de obrigação forem destruidos por qualquer causa , o Governo da Provincia de
São Paulo pelo presente concorda em entregar aos possuidores titulos ( Bonds)
novos ou coupons novos , mediante pagamento das despezas occasionadas , pela
sua substituição, depois de ter tido as provas que julgar sufficientes da perda
12

dos titulos ( Bonds) ou coupons e os direitos do reclamante e depois de terem


sido preenchidas todas as formalidades legaes .
Pelos Banqueiros Louis Cohen and Sons , representados por seu procurador
Edward George Elkim Hime foi dicto que aceitava o presente Termo de obri
gação geral pela fórma nelle declarada , e para firmeza de tudo mandou o Excel
lentissimo Senhor Dontor Presidente da Provincia lavrar o presente Termo de
obrigação geral que assigna com o Doutor Procurador Fiscal do Thesouro Pro
vincial e com os Banqueiros Louis Cohen and Sons , representados por seu pro
curador Edward George Elkim Hime .
E eu , o Bacharel Estevam Leão Bourroul, Secretario da Provincia de São
Paulo , o subscrevo . — Pedro Vicente de Azevedo.- Afrodisio Vidigal - Edward George
Elkim Hime.

II

Termo de contracto celebrado entre o Governo da Provincia de


São Paulo, do Imperio do Brazil , e os Banqueiros Louis Cohen and Sons,
da cidade de Londres, Inglaterra, para a emissão de um emprestimo da
mesma Provincia , de setecentas e oitenta e sete mil e quinhentas libras
esterlinas , valor nominal, ao juro de cinco por cento ao anno, pago semes
tralmente e amortização annual de um por cento .

Aos doze dias do mez de setembro do anno de mil oitocentos e oitenta e


oito, no Palacio do Governo da Provincia de São Paulo, presentes o Excellen
tissimo Senhor Presidente da Provincia , Doutor Pedro Vicente de Azevedo , e o
Procurador Fiscal do Thesouro Provincial, Doutor Afrodisio Vidigal, como repre
sentante da Fazenda Provincial, compareceram os Banqueiros Louis Cohen and
Sons, da cidade de Londres, Inglaterra, representados nesta cidade de São Paulo ,
capital da Provincia do mesmo nome, por Edward George Elkim Hime , morador
no Rio de Janeiro, cujos poderes foram dados na procuração que fica archivada
na Secretaria do Governo e que consta do annexo numero um , pelos mesmos
Banqueiros foi dicto :

Visto que pelo artigo terceiro da Lei Provincial numero cincoenta e cinco
de vinte o dous de março do corrente anno ( que está transcripta no annexo
numero dous) o Governo Provincial foi autorisado a levantar dentro ou fora do
Inperio até a quantia de sete mil contos de réis de moeda brazileira, equivalen
tes a setecentas e oitenta e sete mil e quinhentas libras esterlinas , ao cambio
de vinte e sete dinheiros por um mil réis ;
Visto que o Governo Provincial, de accordo com a dita Lei, negociou com
os referidos Banqueiros para levantar a quantia de setecentas e oitenta e sete
mil e quinhentas libras esterlinas, mas condições estipuladas neste instrumento ;
Visto que ambas as partes desejam que as principaes condições do dito
emprestimo fiquem exaradas no Termo de obrigação geral desta data, cuja copia
vai transcripta no annexo numero tres , e que o emprestimo seja ulterior
mente representado por titulos definitivos ao portador , da somma total nominal
de setecentas e oitenta e sete mil e quinhentas libras esterlinas .
--
13

Expunham elles Banqueiros . as seguintes clausulas definitivas do con


tracto :
1.a

O Governo Provincial levantará, por intermedio dos referidos Banqueiros , um


emprestito da quantia de setecentas e oitenta e sete mil e quinhentas libras
esterlinas , capital nominal que será garantido por Termo de obrigação geral e
representados por titulos ou apolices definitivas.

2.a

O Governo Provincial, por seu Presidente e com todas as formalidades ne


cessarias , firmará conjunctamente com este contracto , o Termo de obrigação geral
( que vai transcripto no annexo numero tres) e ao mesmo tempo entregará copia
authentica ao representante dos mesmos Banqueiros e nomeará com plenos po
deres um representante especial em Londres para approvar a forma e para assi
gnar, e entregar aos banqueiros em Londres , com toda a presteza possivel, os ti
tulos definitivos representando o dicto emprestimo de setecentas e oitenta e sete
mil e quinhentas libras esterlinas, capital nominal, de accórdo com as condições
do dicto Termo de obrigação geral, e completo para todos os effeitos legaes ,
exceptuando tão somente o sello inglez , que será pago pelos Banqueiros. O dicto
representante terá poderes para assignar e, quando o fôr pedido pelos Banqueiros ,
assignará o prospecto que tiver de ser emittido pelos mesmos orferecendo o em
prestimo á subscripção publica .
3.a

Os Banqueiros tomam definitivamente ou compram a dicta obrigação geral


e os titulos definitiros para setecentas e oitenta e sete mil e quinhentas libras
esterlinas, que têm de ser creados , como já foi expôsto , ao preço liquido de no
venta e duas libras por cada cem libras esterlinas, da quantia nominal , e pela
qual dão a quantia liquida de setecentas e vinte e quatro mil e quinhentas
libras esterlinas . O dicto preço , menos a deducção adiante mencionada , será pa
gavel em moeda esterlina em Londres por saques que serão feitos pelo Inspector
e Thesoureiro do Thesouro Provincial, e cujas assignaturas constam do annexo
numero cinco . Os saques poderão ser feitos a noventa dias de vista subre OS
Banqueiros, immediatamente depois da assignatura deste contracto e da entrega
da copia do Termo de obrigação geral já mencionada e os Banqueiros os aceita
rão e pagarão no dia do seu vencimento .

4 .

Os titulos definitivos do emprestimo só começando a vencer juros de pri


meiro de outubro de mil oitocentos e oitenta e oito em diante, e Governo
Provincial estando autorisado a saccar por toda a somma do emprestimo imme
diatamente depois da assignatura deste contracto, os Banqueiros deduzirão da
somma total nominal do emprestimo uma quantia correspondente ao juro de cin
co por cento ao anno , sobre a mesma , contando-se o dicto juro da data deste con
tracto até o dicto primeiro de outubro de mil oitocentos e oitenta e oito .

5.a

Os Banqueiros terão a faculdade de fazer uma ou mais emissões publicas


dos titulos definitivos, quando , onde ou de qualquer maneira e em taes termos
14

que julgarem convenientes . Correrão por conta delles todas as despezas das
emissões, incluindo o sello inglez. O Governo Provincial concorrerá com os Ban
queiros em taes emissões , si elles o desejarem .

6.8

o Gover .
Os Banqueiros serão os agentes para o serviço do emprestimo e
l
no Provincia lhes pagará uma commissão de um por cento sobre a quantia dos
juros que se fòrem pagando dos titulos definitivos e tambem um por cento so
bre as quantias applicadas annualmente á amortização dos titulos definitivos e
serão reembolsados pelo Governo Provincial de quaesquer despezas que fizerem
com annuncios , telegrammas, viagens , Tabellião ou outras que tiverem relação
com o serviço e resgate do emprestimo.

7.8

O Governo Provincial collocará em poder dos Banqueiros saques a noventa


dias de vista, da quantia necessaria para o pagamento dos juros e amortização dos
titulos definitivos pelo menos tres mezes antes do vencimento do pagamento dos
respectivos coupons e amortização dos titulos definitivos.

8.a

O Governo Provincial exercerá todos os actos e assignará quaesquer docu


mentos de que os Banqueiros precisarem para quaesquer dos fins deste contracto
e para obterem a quotação dos titulos definitivos na Bolsa de Londres ( London
Stock Exchange ) e Sua Excellencia o Senhor Doutor Presidente da Provincia as
signará o Memorandum demonstrando os recursos, receita, despeza, população,
riqueza , estradas de ferro e dividas da Provincia e os fins a que é destinado o
producto deste emprestimo, como se vê no annexo numero quatro .
E por Sua Excellencia o Senhor Doutor Presidente da Provincia foi dicto
que, em nome da Provincia , aceitava nos termos expostos o presente contracto,
para cuja firmeza mandou o mesmo Excellentissimo Senhor lavrar o presente
Termo , que assigna com o Doutor Procurador Fiscal do Thesouro Provincial o
com os Banqueiros Louis Cohen and Sons , representados pelo seu procurador
Edward George Elkim Hime.
E eu , o Bacharel Estevam Leão Bourroul , Secretario da Provincia , que o
escrevi o subscrevo . —Pedro Vicente de Azevedo .-- Afrodisio Vidigal.- Edward
George Elkim Hime.
?

+3 63+
CORREIO
QUADRO demonstrativo da correspondencia official e postal
, sem registro, expedida e recebida pela Administração
do Correio da Provincia de São Paulo de 1.º de Janeiro a 31 de Outubro de 1888 .

EXPEDIDA R E C E B I DA
TOTAL TOTAL
Destino Destino
OFFICIAL POSTAL dos OFFICIAL POSTAL dos
da Correspondencia da Correspondencia
objectos Portes objectos
Portes Objectos Portes Objectos Portes Objectos
Objectos

Interior da Provincia . 23.832 115.360 10.389 24.109 34.221 Interior da Provincia 21.423 67.306 8.278 19.820 29.701

13.323 42.600 4.043 10.626 17.366 Interior do Imperio 10.367 46.256 1.581 5.071 11.948
Interior do Imperio

Total .. 37.155 157.960 14.432 34.735 51 587 Total 31.790 113.562 9.859 24.891 41.649

Contadoria do Correio de São Paulo, 20 de Novembro de 1888 .

O Contador

foão Baptista d'Alambary Pathares


QUADRO demonstrativo da correspondencia ordinaria recebida pela Administração do Correio de São Paulo,

de l. de Janeiro a 31 de Outubro 1888 .

Autos Amostras Livros e impressos Jornaes e impressos Impressos TOTAL


Cartas Cartas
DESTINO
Cartas franqueadas e encommendas (10 réis) não franqueados dos
insufficientes não franqueadas particulares ( 20 réis)
da
Objectos
CORRESPONDENCIA Portes Objectos Portes Objectos Portes Portes Objectos Portes
Portes Portes Objectos Portes Objectos Objectos
Objectos Objectos

52 384 7.881 27.451 44.340 59.744 433.989 563.475 1,706.207


5.115 8.014 15.311 20.945
Interior da Provincia . ( nacional ... 1,199.519 1,316.514
114 6.056 7.577 531 590 81.512
1.268 1.757 17.227 18.319 230
lestrangeira 56.316 64 194
184 216 6.124 13.399 587.998 665.690 866.728
282.984 2.815 3.722 2 527 2.753 19 54
267.191
Interior do Imperio . ſnacional ... 119.222
1.490 2.554 4.552 5.652 2.628 3.044
66.876 82.627 4.890 6.372 38.786 41.065
lestrangeira

71 9.539 30.451 61.072 86.372 1,021.987 1,229.165 3.159 3.634 2,773.669


Total 1,589.902 1,746.319 14.088 19.865 73.851 83.082 568

Contadoria da Administração do Correio de São Paulo , 20 de Novembro de 1888 ,

o Contador

João Baptista d'Alambary Palhares.


QUADRO demonstrativo da correspondencia official registrada com e sem valor expedida e recebida

pela Administração do Correio da Provincia de São Paulo de 1.º de Janeiro a

31 de Outubro de 1888 .

E X P E D I DA RECEBIDA
TOTAL TOTAL
Destino Destino
dos Sem valor Com valor dos
Sem valor Com valor
VALOR da Correspondencia VALOR
da Correspondencia objectos
Portes objectos Portes Objectos Portes
Portes Objectos Objectos
Objectos

8.805 Interior da Provincia 8.152 51.487 1.619 8.743 62 : 931 $ 555 9.771
Interior da Provincia . 5.373 61.118 3.432 9.429 436 :526 $ 250

6.493 5.014 38.640 665 15.168 398 : 182 $ 264 5.679


Interior do Imperio 5.853 48.818 . 640 3.279 159 : 877 $ 149 Interior do Imperio .

4.072 12.708 596 :403 $ 399 15.298 Total... 13.166 90.127 2.284 23.911 461 : 113 $ 819 15.450
Total . 11.226 109.936

Contadoria da Administração do Correio de São Paulo , 20 de Novembro de 1888 .

0 Contador

João Baptista d'Alambary Palhares.


1

0
QUADRO demonstrativo da correspondencia particular registrada com e sem valor expedida e

recebida pela Administração do Correio da Provincia de São Paulo de 1º de Janeiro

a 31 de Outubro de 1888 .

E X PED I DA
TOTAL R E C E B I DA
Destino TOTAL
Destino
Sem valor Com valor dos Sem valor Com valor dos
da Correspondencia VALOR da Correspondencia VALOR
Objectos Portes Portes objectos
Objectos Portes Portes objectos
Objectos Objectos

Interior da Provincia . 45.217 142.508 8.860 11.807 205 : 607 $ 490 54.077 Interior da Provincia 45.644 95.985 15.901 25.366 366 : 103 $ 275 61.545

Interior do Imperio 52.538 142.640 8.912 13.913 238 : 080 $ 985 61.450 Interior do Imperio 45.317 178.423 5.930 9.916 136 : 8289082 51 247

Total .. 97.755 285.148 17.772 25.720 443 :688 $ 475 115.527 Total . 90.961 274.408 21.831 35.282 502 : 931 $ 357 112.792

Contadoria da Administração do Correio de São Paulo , 20 de Novembro de 1888 .

O Contador

Joza Baptista d'Alambary Palhares,


1
Demonstração da receita e despeza do Correio Geral de São Paulo

de 1.º de Janeiro a 31 de Outubro de 1888 .

Administração Agencias TOTAL SALDO

RECEITA

Producto da venda de sellos 106 : 505 $ 220 268 : 697 $ 180 375 : 202 $ 400

Idem da correspondencia de porte 4 : 524 $ 020 9 : 536 $ 7301 14 : 060 $ 750


Premio de saques 1 : 187 $ 200 95 $ 300 1 : 282 $ 500

Assignaturas 2 : 885 $ 000 3 : 162 $ 000 6 : 047 $ 000

Franquia de jornaes 14 :620 $ 070 5 : 049$ 960 19 : 670 $ 030

Multas 605 $ 000 174 $ 858 7795858

Venda de chaves a assignantes de caixas 50 $ 000 74 $ 000 124 $ 000

Idem de jornaes velhos 43 $ 600 1 $ 200 44$ 800

Outras procedencias 7 $ 000 7 $ 000

130 : 427 $ 110 286 : 791 $ 228 417 : 218 $ 338

De 1.º de Janeiro a 31 de Dezembro de 1887 132 : 604 $ 900 332 : 911 $ 052 465 :515 $ 952

DES P E ZA

Pessoal 81 : 425 $ 325 97 : 109 $ 983 178 :535 $ 308

Objectos de expediente 10 :630 $ 600 673 $ 9201 11 : 304 $ 520


Utensilios ... 3 :514 $ 298 34 $ 300 3 :5489598

Conducção de malas 28 : 398 $ 785 67 : 695 $ 694 96 : 094 $ 479

Despezas diversas 4 : 182 $ 041 2 : 448 $ 662 6 : 630 $ 703

128 : 151$ 049 167 : 962 $ 559 296 : 113 $ 608 121 : 104 $ 730

De 1.0 de Janeiro a 31 de Dezembro de 1887 140 :490 $ 044 201 : 724 $ 103 342 : 214 $ 147 123 : 301 $ 805

Administração do Correio de São Paulo , 20 de Novembro de 1888 .

0 Contador

Foão Baptista d'Ollambary Folhares.


QUADRO do movimento de sellos , sobrecartas
, bilhetes postaes e cartas - bilhete na Administração do Correio de São Paulo ,

a contar de 1º de Janeiro a 31 de Outubro de 1888 .

Sellos entrados
Sellos Sellos vendidos Sellos sabidos Existencia
de 1.º de Janeiro
ME ZES TOTAL M E ZES na para em 31 de Outubro TOTAL
existentes a 30 de Outubro
1888 Administração as Agencias de 1888

Sellos existentes em 1.º de Janeiro de 1888 ... 34 : 707 $ 420 34 : 707 $ 420 Janeiro de 1888 10 : 753 $ 820 28 : 149 $ 900 38 : 903 $ 720
Sellos recebidos em Janeiro de 1888 ... 40 : 030 $ 000 40 : 030 $ 000 Fevereiro » 9 :876 $ 800 28 : 861 $ 900 38 : 738 $ 700
► Fevereiro >> 37 : 005 $ 000 37 :005 $ 000 Março 11 :000 $ 130 28 : 053 $ 200 39 : 0539330
>> » Março 36 : 000 $ 000 36 : 000 $ 000 Abril 9 : 580 $ 920 30 : 161 $ 280 39 : 742 $ 200
Abril 50 : 380 $ 000 50 : 380 $ 000 Maio >> 10 : 126 $ 900 30 : 426 $ 900 40 : 553 $ 800
>> >> Maio >> 38 :560 $ 000 38 :560 $ 000 Junho 10 : 418 $ 600 28 : 604 $ 400 39 : 023 $ 000
>> Junho 37 :060 $ 000 37 : 060 $ 000 Julho 12 : 432 $ 050 29 : 912 $ 100 42 : 344 $ 150
Julho 40 : 720 $ 000 40 :720 $ 000 Agosto >> 10 : 295 $ 150 31 : 268 $ 100 41 :563 $ 250
>> >> Agosto >> 40 : 720 $ 000 40 : 720 $ 000 Setembro » 10 : 677 $ 550 33 : 585 $ 550 44 : 263 $ 100
>> » Setembro 40 : 960 $ 000 40 : 9609000 Outubro » >> 11 : 343 $ 300 33 : 626 $ 400 44 : 969$ 700
Outubro >> 49 : 300 $ 000 49 : 300 $ 000 Existencia em sellos em 31 de Outubro 36 : 287 $ 470 36 : 287 $ 470

34 : 707 $ 420 410 : 735 $ 000 445 : 442 $ 420 106 :505 $ 220 302 :649$ 730 36 : 287 $ 470 445 :442 $ 420

Contadoria da Administração do Correio de São Paulo, 16 de Novembro de 1888 .

O Contador

Foão Baptista d'Ollambazy Palhares ..


1

1
Relação dos vales postaes pagos pela Administração do Correio de São Paulo ,
nos mezes de Janeiro a Outubro de 1888 .

Forão pagos no mez de Janeiro, vales no valor de 5 : 474 $ 900

>> ► Fevereiro > 3 : 704 $ 020

Março 5 : 851 $ 120

>> » Abril 6 : 638 $ 980

► Maio 6 : 739 $ 000

Junho 6 : 097 $ 040

> » Julho 7 : 405 $ 570

>> Agosto 6 : 174 $ 830


»

► Setembro >> 7 : 882 $ 100

> Outubro 10 : 006 $ 000

65 : 973 $ 560

Contadoria da Administração do Correio de São Paulo , 16 de Novembro de 1888 .

O Contador

Foão Baptista d'Ollambary Talhares.


RELATORIO

DA

COMMISSÃO GEOGRAPHICA E GEOLOGICA

DA

Provincia de São Paulo


1
1
1
S. Paulo, 24 de Dezembro de 1888.

Film . e Exm . Snr.

As operações das diversas secções da Commissão , durante a campanha do presente


anno, acham -se minuciosamente expostas nos relatorios junto dos diversos chefes do serviço.
Antes de iniciar esta campanha em Maio , e depois da apresentação do ultimo relatorio
annual em 16 de Novembro de 1887 , a Commissão occupou -se com os trabalhos de escri
ptorio , na coordenação em mappas dos estudos effectuados , organisação de um relatorio
final sobre a exploração do rio Paranapanema, estudo e classificação do material geologico
e botanico colleccionado e outros trabalhos analogos, os quaes todos tiveram satisfactorio
andamento. Entre estes trabalhos avulta pela sua importancia e adiantado estado de pre
paração, o relatorio sobre o rio Paranapanema, preparado pelo 1.º Ajudante. Considerando
este trabalho como valiosa contribuição á solução de questões attinentes á viação publica,
que interessa a mais de uma provincia, o Exm . Snr. Ministro da Agricultura , Conselheiro
Antonio da Silva Prado, mandou fazer a sua impressão na Typographia Nacional a
expensas do Governo Geral , ficando a edição convenientemente augmentada para o fim de
ser dividida entre os Governos Geral e Provincial. Das estampas que compõem a parte
graphica da obra, 13 já foram gravadas pelo desenhista da Commissão e 8 já se acham
impressas. A parte descriptiva já se acha quasi concluida e prompta para entrar no prélo,
podendo estar impressa antes da conclusão das estampas. Além deste trabalho, ficaram
em adiantado grao de preparação diversos outros relatorios especiaes sobre estudos geolo
gicos , botanicos e meteorologicos, os quaes, com a permanencia da Commissão no escri
ptorio , na presente estação chuvosa, deverão ficar concluidos.
Pelo relatorio junto do 1.0 Ajudante se vê que, apezar da estação pouco favoravel
pela extraordinaria frequencia das chuvas, a somma de trabalho executado pela turma
geographica excede por muito ( quasi tres vezes) a da campanha passada . Este bom resul
tado é devido em grande parte å mais favoravel disposição topographica do terreno , e em
parte , a maior proficiencia do pessoal neste genero de trabalhos, ganha com a pratica das
duas campanhas anteriores, e em parte tambem á melhor distribuição do serviço obtida
pela reorganisação da Commissão, em virtude do augmento da verba votada pela illustrada
Assembléa Provincial.
Chamo a attenção para as judiciosas observações do 1.0 Ajudante sobre a marcha
futura e provavel do levantamento geographico do territorio da provincia. De facto , os
trabalhos minuciosos, e consequentemente mais demorados, que convêm á parte mais
povoada, não podem , por emquanto, ter applicação sinão numa superficie que representa
proximamente metade da área total da Provincia . A outra parte , cuja área deserta diminue
de anno para anno com a extensão da população para o Oeste , terá de ser levantada
provisoriamente por um systema muito mais expedito , e sem minudencias, ficando para
mais tarde estudos mais completos por trabalhos analogos aos que estão sendo encetados
na parte hoje povoada. Da área a que tem applicação o systema actualmente seguido,
cerca da oitava parte já está coberta pela rede de triangulação, e como ella , ao que se
conhece da topographia da Provincia , corresponde ao mais difficil e mais demorado, o total
do trabalho feito representa uma fracção realmente maior. E' somente depois de algumas
campanhas em regiões francamente favoraveis para este genero de trabalho, que se poderá
- 4

calcular proximamente a marcha média das futuras operações. Entretanto é facil de prever
que a área annualmente coberta possa ser ainda bastante augmentada.
Na campanha ha pouco finda, os trabalhos abrangeram uma área de pouco menos
de um gráo quadrado , e foram levantadas plantas de cerca de 3.067 kilometros de viação
publica pelo processo dos caminhamentos, além de 319 kilometros nos rios Tieté e Soro
caba . Na zona exterior a dos estudos definitivos, os reconhecimentos de caracter geologico
proporcionaram meios de se percorrer no valle superior do Paranapanema 748 kilometros,
de que tambem se levantou planta.
Parecendo de utilidade ir fornecendo desde já á Administração Provincial e ao publico
em geral , os resultados mais salientes dos trabalhos geographicos, achei conveniente annexar
aos relatorios annuaes uma planta com o caracter de esboço , e em escala reduzida, da área
explorada na campanha anterior.
Comquanto nestas cartas , que têm necessariamente de ser preparadas rapidamente, se
possam apenas figurar os rios principaes e os mais importantes centros de população , pare
ce- me que não serão destituidas de interesse e utilidade. A primeira carta ou planta desta
serie, annexa sob o n.o 2, representa a área levantada nesta e na anterior campanha.
A turma geologica , além dos trabalhos propriamente de topographia, de que tambem
se encarregou, tem -se occupado com o estudo das rochas e mineraes, que offerecem inte
resse economico e das relações mutuas e estructura intima das diversas formações geolo
gicas , que entram no territorio da Provincia. Nos dous relatorios junto encontram -se, ao
par de informações sobre a topographia, estructura geologica e aspecto agricola das regiões
percorridas, noticias sobre os calcareos tão largamente explorados para o fabrico de cal
e sobre minas de ouro , depositos de minereo de ferro, manganez e kaolin . A continuação
destes estudos promette fornecer valiosa copia de informações uteis , que servirão de base
para futura exploração industrial destas substancias. Com o mesmo intuito economico , foram
iniciadas observações sobre a força motriz aproveitavel para a industria dos diversos cursos
d'agua examinados pela Commissão. Acham -se em preparação minuciosos relatorios espe
ciaes sobre estes diversos assumptos.
Nos estudos propriamente geologicos, a verificação da existencia de uma formação
Deroniana , até agora desconhecida na Provincia ; a da natureza eruptiva dos depositos de
magnetita do Ypanema e do Jacupiranguinha e das rochas amphibolicas ao longo da
Estrada de Ferro Ingleza e o começo de uma classificação scientifica da extensa e variada
serie de granitos, são resultados de grande alcance scientifico , que hão de ser da maior
utilidade pratica nos futuros estudos sobre a geologia da provincia, por dar a chave para
a solução de alguns dos seus mais difficeis problemas.
As conclusões a que conduzem os estudos sobre as jazidas de magnetita são novas
para a sciencia ; as sobre as rochas amphibolicas combinanı perfeitamente com as ultima
mente feitas ou annunciadas pela Commissão da Gran Bretanha, como resultado de longos
estudos no norte da Escossia .
Os trabalhos das secções botanica e meteorologica têm continuado com bastante
regularidade. O hervario da Commissão, composto quasi exclusivamente de plantas dos
campos, já contém para mais de 1.255 especies , das quaes 743 foram colhidas na presente
campanha. A mór parte deste hervario já se acha convenientemente classificada com estu
dos especiaes sobre diversas plantas, que ou já são conhecidas como de utilidade economica ,
ou promettem sel - o . Na secção meteorologica têm continuado as observações na estação
mantida na capital pela Commissão, e nas duas estabelecidas por iniciativa particular nas
cidades de Tatuhy e Itapetininga. Durante o anno foram estabelecidas nas mesmas con
dições mais as seguintes estações : em Rio Claro , S. Carlos, Araraquara, Bragança, as quaes
já começaram a funccionar.
Em conclusão, cabe -me o grato dever de louvar o zelo e applicação com que todos
os membros da Commissão corresponderam á confiança nelles depositada, fazendo o seu
dever.
Deus Guarde a V. Exc .
Illm . e Exm . Snr. Dr. Pedro Vicente de Azevedo , M. D. Presidente da Provincia de
S. Paulo .

Orville A. Derby.
-

S. Paulo, 5 de Dezembro de 1888

Him . Snr.

Tenho a honra de passar ás mãos de V, S. o relatorio junto dos trabalhos da Secção


Geographica na campanha de 1888 , ha pouco finda .
Depois de uma rapida noticia sobre a marcha destes trabalhos, quer quanto á trian
gulação , quer quanto á topographia, additei alguns apontamentos attinentes ao aspecto phy
sico , hydrographia, culturas , aptidão agricola , população e terras devolutas do territorio
sobre que se têm desenvolvido até agora os estudos geographicos, a titulo de antecipada
contribuição sobre esta parte da Provincia.
Não fossem as difficuldades de em tão limitado tempo como o que intercorre á sus
pensão dos trabalhos de campo e á apresentação deste relatorio, sem duvida que estas no
ticias poderiam ter mais largo desenvolvimento, e encerrar maior cópia de dados positivos ,
o que só com mais vagar e após consulta e concatenação das notas de campo lhes seria
possivel dar. Ainda assim , ellas indicam o que ha de mais importante e saliente no caracter
do territorio , a que se referem .
Deus Guarde a V. S.

Illm . Snr. Dr. Orville A. Derby, M. D. Chefe da Commissão Geographica e Geo


logica , etc.
Theodoro Sampaio.

RELATORIO DA SECÇÃO GEOGRAPHICA

Da marcha dos trabalhos na campanha de 1888.

Ao terminar os seus trabalhos na campanha de 1887 , a Secção Geographica havia at


tingido o meridiano da capital. A triangulação , estendida desde o alto de Araçoyaba até
além do Pico do Jaraguá , abrangia quasi um gráo de longitude ; e os trabalhos propria
mente de topographia, alargando -se pelo valle do Tieté, comprehendiam em sua maior ampli
tude a cidade de Capivary ao Norte, e a villa da Piedade ao Sul, acostada á serra do mar.
Na campanha de 1888 , ha pouco finda , tendo para centro irradial a cidade de S. Paulo,
estenderam - se estes trabalhos até ás divisas do valle do Parahyba, em Mogy das Cruzes,
subindo o Tieté , e, alargando-se depois desde as serras do littoral até os picos da Manti
queira, na extrema da provincia com a de Minas Geraes , envolveram a um tempo grande
parte dos valles do Parahyba, Tieté, Jundiahy, Atibaia e Jaguary, já entrando nessa região
mais rica e mais densamente povoada do centro da Provincia.
Não obstante a persistencia das chuvas extraordinarias nos mezes mais favoraveis a
estas operações, a quantidade de trabalho effectuado este anno foi realmente muito mais
consideravel do que a alcançada nos annos anteriores . Varias causas concorreram efficaz
mente para este resultado : a natureza do terreno, o caracter da região , a melhor desposi
- 6

ção dos pontos proeminentes que nella ha e que tinham de ser utilisados pela triangulação,
emfim , um mais perfeito conhecimento do territorio em que se tinha de operar e a que se
alliava maior facilidade de communicações, e ainda um plano de operações judiciosamente
combinado, concorreram para imprimir aos trabalhos da ultima campanha um maior im
pulso , dando -lhes duplicada extensão .
O estudo da geographia de uma região , no terreno, tem de estar adstricto a estas
condições peculiares do solo , e a varias circumstancias eventuaes . Num territorio aberto ,
onde os valles alargam -se cingidos por montanhas á distancia e onde predominam vastas
campinas, como nesta parte do valle do Tieté , o horizonte amplifica -se e as terras altas
assumindo ao longe caracter mais accentuado , erguem -se como verdadeiras balisas sobre a
região que ellas dominam .

A topographia da região explorada na campanha de 1888 era de facto mais favoravel


ao desenvolvimento da triangulação : ao Sul , as cumiadas da serra do Mar offereciam pontos
accessiveis e assás elevados com vastissimo horizonte, comprehendendo grande extensão da
zona costeira, desde a ilha de S. Sebastião até as proximidades de Iguape, e alongando -se
para o Norte até á gigantesca muralha representada pela Serra de Mantiqueira, coroada de
picos elevados e caracteristicos ; no meio, onde o Tieté retalha sinuosamente uma planicie
de vargens alagadiças erguem -se como pontos isolados : o Jaraguá, a Cantareira, a serra do
Japy e as serras do Itapety e do Retiro.
A natureza do trabalho impõe- lhe tambem uma certa marcha um tanto caprichosa :
a fórma dos triangulos, a maior ou menor grandeza dos mesmos, os pontos de mais ſacil
accesso , e , além de tudo isso , o estudo simultaneamente feito da topographia da região
obrigam o engenheiro a adoptar uma marcha systematica, porem caprichosa, e muitas vezes
forçada a sahir dos limites préviamente traçados . Não obstante estas especiaes condições,
o trabalho geographico estendeu -se de modo a não abranger maior área do que a que lhe
havia sido designada para esta campanha, concentrando-se em torno da capital e muito
proximamente limitado pelos meridianos de 3. ° e 4.0 e pelos parallelos de 23.0 e 24.0, com
prehendendo uma superficie pouco inferior a de um gráo quadrado.
Si do alto da serra de Paranapiacaba, perto da estação da linha ferrea ingleza , tirar
mos uma linha imaginaria a Mogy das Cruzes , e dahi seguindo ao Norte por Santa Izabel ,
Nazareth , Santo Antonio da Cachoeira, Morro do Lopo, na extrema da Provincia com a de
Minas Geraes, e dahi torcendo a Poente seguindo por Bragança e pelo curso do Jaguary até
proximamente o meridiano da cidade de Itatiba , onde fará pequena inflexão para o Sul afim
de alcançar o paralello da cidade de Campinas, tomando depois para Sudoeste e seguindo a Ca
pivary por Monte -Mór a alcançar, já voltando para sueste, a villa de Cabreuva e as CU
miadas da serra do Japy até a cidade de Jundiahy ; donde , inflectindo para o Sul pela villa
de Parnahyba, Cotia, Una , Itapecerica , S. Bernardo e seguindo pela estrada Vergueiro
tomar a serra do Cubatão, por cuja cumiada voltará ao Alto da Serra , teremos envolvido
neste perimetro de forma irregular a zona dos trabalhos novos da ultima campanha, abran
gendo em todo ou em parte os seguintes municipios : o da Capital, Mogy das Cruzes,
Santa Izabel, Conceição, Juquery, Nazareth , Santo Antonio da Cachoeira, Atibaia , Bragança,
Itatiba ; Campinas, Indaiatuba, Monte Mór, Capivary, Itú , Cabreuva, Jundiahy, Parnahyba,
Cotia , Una, Itapecerica e Santo Amaro .
Alguns dos municipios supra -citados já haviam sido trabalhados na campanha do anno
passado , mas só em parte, e por isso tiveram de ser envolvidos na área da presente campanha.
Isto explica a repetição de nomes e tambem a difficuldade de assignalar os limites reaes
do trabalho de cada anno . Não é raro, e pelo contrario está na natureza destes trabalhos ,
ficarem de uma campanha para outra grandes porções de territorio sem exploração alguma,
não podendo todavia deixar de se as comprehender na zona dos estudos definitivos de
cada uma . E ' sabido que a triangulação deve preceder sempre aos trabalhos propriamente
topographicos, e desta circumstancia depende, antes de tudo, a marcha regular c systema
tica deste ultimo serviço ; por esta razão tambem a planta de um territorio , onde a explo
ração já vae bastante adiantada, fica muitas vezes incompleta ou sem aquella densidade
cartographica que deve ter , quando inteiramente percorrido ou estudado o dito territorio.
Na campanha do anno passado , comquanto se tenha abrangido área bastante consi
deravel, as plantas da região explorada apresentavam ainda vasios, ou superficies em branco ,
que houveram de ser preenchidos com os trabalhos da presente campanha. Dahi a quasi
impossibilidade de se avaliar por superficies a importancia ou quantidade de trabalho de
- 7

cada anno ; faz -se necessario examinar, não as parcellas de cada campanha, mas o total de
todos os annos, o conjuncto do serviço definitivamente effectuado. Assim considerando,
a
a zona dos estudos geographicos com caracter definitivo, isto é , a área sobre que se
têm desenvolvido os trabalhos de triangulação e de topographia , equivale mui proximamente
a 1 1/2 gráo quadrado, ou cerca de 17 mil kilometros quadrados.
Segundo estimativa fundada nos dados geographicos existentes , aliás deficientes, a area
total da Provincia de S. Paulo é de 264.000 kilometros quadrados ou pouco mais de 22
gráos quadrados ; attendendo -se, porém , que cerca de metade deste extenso territorio está
ainda hoje deshabitado e quasi totalmente desconhecido, e que uma exploração geographica
com o systema e methodo adoptados pela Commissão não pode ter applicação egual em
todo elle, mas sim modificado a se o poder adaptar ao estado e condição do territorio
mais desconhecido, é evidente que a ardua tarefa de exploração geographica e geologica
da Provincia ficará reduzida por metade .
Si da fóz do Rio Pardo , affluente do rio Grande, traçarmos uma linha ao Sul até
Lençóes e dahi outra que vá ter á barra do Itararé, no Paranapanema, ( Vide planta n . I )
teremos dividido o territorio da Provincia em duas partes proximamente eguaes, ficando ao
Oriente todo o territorio povoado e ao Occidente o grande sertão de que hoje apenas se
conhecem os contornos assignalados pelo curso dos rios Grande e Paraná e as duas grandes
linhas representadas pelo Tieté e Paranapanema; região extensa , quasi totalmente deshabi
tada e apenas percorrida pelas tribus nomades dos selvicolas . Este vasto territorio repre
sentando mais de 109,000 kilometros quadrados deve , sem duvida, ser estudado por um sys
tema de exploração muito mais rapido e tambem menos dispendioso .
O territorio ao Oriente daquella linha, onde actualmente se reune tudo quanto esta
prospera Provincia pode apresentar como a melhor expressão do progresso nacional na
agricultura, na industria, na densidade da população, tem tambem os seus claros , as suas
grandes extensões desoccupadas e quasi desconhecidas, verdadeiros sertões nas visinhanças
de um mundo de progresso e de actividade,
Grande parte da região adjacente á serra do Cubatão e Paranapiacaba , as terras do
littoral na ribeira de Iguape , os campos do Sul nas raias da provincia do Paraná , si não
são uns verdadeiros desertos, pouco representam na actividade economica da Provincia.
Os estudos geographicos devem , por mais de uma razão , amoldar- se ao estado de
adiantamento e de occupação dos territorios a que elles se destinam , e esta circumstancia
deve ser sempre attendida, visto como os mappas representam despezas e devem corres
ponder a interesses de caracter economico .
Assim considerando, os estudos geographicos até agora effectuados no territorio da
Provincia representam em área proximamente uma oitava parte da zona occupada e activa,
onde estes estudos devem ser em maior escala e com muito maior somma de minucias e
de uteis indicações .

Para os que se não acham familiarisados com trabalhos desta natureza , e lhes desco
nhecem a importancia, difficuldade e somma de esforço e labor que elles exigem , tudo se
resume numa questão de tempo ou na rapidez da marcha do serviço . Ignoram o que é
a exploração de uma região onde nunca se emprehenderam trabalhos semelhantes, onde
tudo ha de ser feito de novo, porque poucas , muito poucas são as contribuições aprovei
taveis no que diz respeito ao conhecimento da geographia da Provincia. Desconhecem o
systema e methodo de trabalho onde a questão de celeridade não deve primar á de qua
lidade e em que nem sempre se póde , por motivos superiores á humana vontade dar toda
a presteza que elles muitas vezes comportam .
Trabalhos desta ordem , destinados a orientar a administração , a suggerir melhora
mentos, a despertar o espirito de emprezas e de progresso , como fontes seguras de infor
mação , devem ser mantidos, custeados , desenvolvidos gradual e successivamente, sem outra
preoccupação que não a do bem , que delles decorre , porque de facto são elles agentes que
fomentam a riqueza commum , guiando os poderes publicos e os publicos interesses .
Passaremos a dar resumida conta da marcha que tiveram os trabalhos a cargo da
Secção Geographica : os trabalhos de triangulação e os de topographia.
Quanto á triangulação, de que especialmente estivemos encarregados, foi iniciada esta
ultima campanha pelas estações mais avançadas da campanha anterior, as estabelecidas no
morro do Botucavarú, perto da villa de Parnahyba e no Pico do Jaraguá a Noroeste desta
-8

capital . Destes pontos fomos a principio marchando para sul , approximando - nos da pital ,
onde conseguimos estabelecer duas estações de triangulação em favoraveis condições, sendo
uma no alto da torre do Jardim Publico, outra no alto da Liberdade, nas visinhanças do
antigo observatorio astronomico da extincta commissão de Longitude, denominando toda a
cidade e os seus arredores ,

Depois , tendendo ainda para o Sul e Sudoeste alcançamos as alturas de Itapecerica ,


S. Bernardo, Pilar, e a serra do Cubatão, conseguindo estabelecer nesta primeira parte da
campanha 12 estações de 1.a ordem no alto dos morros mais elevados e accessiveis e varias
estações secundarias ou de planicie, destinadas especialmente aos trabalhos de topographia .
Desenvolvida a rede de triangulos para o sul até attingir as cumiadas da serra , donde
se descortina a região littoral, a cidade de Santos e varias ilhas nas proximidades da costa ,
retrocedemos para o Norte , indo occupar na corda de morros immediatamente ao Norte
do Tieté , isto é , nas serras da Cantareira, Bananal, Itaberaba , Retiro e Itapety outras tantas
estações , dominando o valle do mesmo Tieté e permittindo estender a triangulação ainda
mais para o Norte até a região mais montanhosa da extrema de Minas e para além do
paralello de 230. Ficara assim sufficientemente balisada a região situada entre as mencio
nadas serras e as do Cubatão e Paranapiacaba, incluindo o municipio da capital e esten
dendo - se até ás divisas do valle do Parahyba. Cinco estações de 1.a ordem foram ahi
successivamente occupadas como vertices de grandes triangulos, algumas em altitude su
perior a 1.000 metros, dominando vastissimo horisonte.
Alcançada uma base maior e em melhor posição relativamente aos pontos culminantes
e accessiveis da região mais ao Norte , onde correm os rios Atibaia e Jaguary, achavamo-nos
em condições de prolongar a rêde dos triangulos até a Mantiqueira , que attingiamos a 28
de Setembro, e dahi ás terras altas dos municipios mais ricos da zona do Oeste. Foram
pois occupadas nesta zona as seguintes estações de 1.a ordem : o pico de Itapetinga, perto
da cidade de Atibaia , Morro Grande dos Cunhas, em Santo Antonio da Cachoeira, Morro
do Lopo na (Pedra do Guarayuva ), extrema de Minas, serra da Bocaina ou de Itapechinga
junto de Bragança, o Morro do Barreiro , no municipio de Atibaia, a torre da matriz desta
cidade , a serra dos Cocaes , o Morro Agudo do Franco, o Morro Pellado da Louveira , o
pico da Guaxatuba ao Sul da villa de Cabreuva e dous pontos no alto da serra do Japy,
um no espigão fronteiro aquella villa , e outro no Morro Guaxinduba, na fazenda da Alerta.
Além destas estações principaes, donde quasi se domina em globo o territorio dentre
Tieté e Jaguary, foram occupadas mais 9 estações de segunda ordem , destinadas a fixar a
posição de cidades, villas , estações de vias-ferreas ou quaesquer outros pontos de impor
tancia relativa para a geographia d'esta zona .
A rêde de triangulos , cujos vertices foram successivamente occupados na ultima cam
panha, abrange uma superficie de cerca de 10.400 kilometros quadrados, representando
31 estações de 1.a ordem , muitas das quaes foram por mais de uma vez repetidas . Das
estações que se tornam dignas de menção por sua attitude , apontaremos as seguintes :

Pico do Jaraguá IIoom .


Morro do Botucavarú (em Parnahyba) 961 m .
Itapecerica 90gm .
Morro do Bonilha (em S. Bernardo ). 975m .
Pellado do Pilar 969m .
Pico de Itaguassú 1137m.
Serra do Poço (a Leste do Zanzalá) . 888m.
Cantareira (Morro do Capitão Freire) 1103m .
Pico de Itapetinga ( Atibaia) 1430m .
Morro Grande dos Cunhas (em Santo Antonio da Cachoeira ) II 15 .
do Lopo (Pedra do Guarayuva ) . 1655m .
Serra de Itapechinga (em Bragança ) 1056m .
Morro do Barreiro ( Itatiba) 1039m .
Agudo ( Itatiba) . 931m.
Serra dos Cocaes ( Itatiba) . 954m.
do Japy ( Cabreuva) . 1137m .
da Guaxinduba ( Cabreuva) . 1174m .
da Guaxatuba 965 m .
- 9

A zona alcançada pelos trabalhos de triangulação é sem duvida mais consideravel do


que a que fôra coberta pela rêde de triangulos , visto como grande numero de pontos,
alguns da maior importancia , foram attingidos e fixados por intersecções de visadas , sem
que todavia se os deva incluir na área dos trabalhos definitivos, não tendo sido occupada a
estação do terceiro vertice . Assim é que das estações estabelecidas nas serras de Parana
piacaba e Cubatão, com vastissimo horisonte sobre o mar, attingimos o pico mais elevado
da ilha de S. Sebastião , as ilhas dos Alcatrazes, Moela, Santo Amaro e Queimada Pequena,
os morros da ilha de S. Vicente e toda a cidade de Santos , cujo ponto principal escolhido
para vertice de grande triangulo foi a torre da igreja de Montserrat, cujas coordenadas
astronomicas acabam de ser determinadas pelos importantissimos trabalhos da Commissão
de Longitude da Repartição Hydrographica.
Destas mesmas estações e das que foram assentadas um pouco mais ao Norte, nas
proximidades de S. Bernardo e do Pilar, alcançam -se ainda as terras mais afastadas do lado
do Sul, no valle da ribeira de Iguape , as serras da Conceição de Itanhaen , dos Itatins e
todo o prolongamento da serra do Mar nas duas direcções do Nascente e do Poente. Das
estações occupadas nas montanhas da extrema da Provincia, do alto da Pedra do Gua
rayuva, superposta ao Morro do Lopo, por exemplo, um vasto horisonte abre-se em todas
as direcções, attingindo os pontos mais elevados da Mantiqueira desde o Morro Sellado
até proximo do Itatiaia , o valle do Parahyba, onde se distinguem cidades e situações ao
longo do rio, e a mór parte do territorio do centro e Norte da Provincia até as longinquas
serras de Araraquara e de Caldas . Assim tambem do alto das estações sitas na serra do
Japy em horisonte, que se abre amplamente para Noroeste , se alcançam as serras, em forma
de chapada, erguidas para os lados de Botucatú , Piracicaba, Brotas , como os extremos da
grande zona povoada e rica da Provincia .
Grande numero de pontos espalhados em vasta superficie estão assim determinados
com caracter provisorio e servindo como elemento e base de futuras campanhas em annos
subsequentes .

Os trabalhos de topographia na campanha de 1888 tiveram triplicado desenvolvimento


e se repartiram por duas zonas distinctas : a estudada o anno passado e a zona da nova rêde
de triangulação.
Os estudos geographicos effectuados na campanha anterior tinham de ser primeira
mente completados e revistos no corrente anno , afim de dar aos mappas correspondentes
aquella densidade cartographica compativel com a escala adoptada e com a importancia das
localidades que elles representam .

Tendo -se adoptado , para maior conveniencia do trabalho , que as cartas geographicas
a publicar correspondessem em superficie a quartos de grao e havendo necessidade de se
preparar algumas dellas em condições de serem apresentadas como specimens deste tra
balho, determinou -se completar os vasios ou claros existentes nas mencionadas cartas,
dando - se assim preferencia a este serviço, sem todavia prejudicar ao da nova zona de ex
ploração .
Todo o territorio ao Norte do Tieté , entre Capivary, Monte - Mór, Indaiatuba, Itaicy e
Cabreuva, representando uma área proximamente de 1300 kilometros quadrados ; parte das
terras, dentre os rios Sorocaba e Tieté no triangulo assignalado pelas cidades de Tatuhy,
Tieté e Porto Feliz , equivalente em área a perto de 360 kilometros quadrados, ou ao todo
1660 kilometros já envolvidos no perimetro dos trabalhos do anno anterior, tinham de ser
agora estudados mais minuciosamente, sendo ainda preciso percorrer -se todo o systema de
viação publica e caminhos particulares, que interessam esta zona da Provincia .
As plantas de todo este territorio ficaram a cargo do engenheiro João Frederico
Washington de Aguiar, cuja aptidão e competencia já o anno passado ficaram provadas
por trabalhos de identica natureza . Durante os primeiros mezes da campanha annual oc
cupou-se este engenheiro exclusivamente com este serviço, na região ao Norte do Tieté,
desenvolvendo o trabalho com a rapidez compativel , percorrendo o territorio em varios
sentidos e levantando- lhe a planta com a devida minuciosidade.
Foram assim percorridos dentro desta zona 845 kilometros de viação publica , de que
se fez planta pelo processo dos Caminhamentos. Passando mais tarde , já no fim da cam
panha , a explorar a porção do territorio supra -referida entre o Tieté e o Sorocaba, foram
2
- 10

ainda percorridos 145 kilometros de estradas e caminhos, completando assim o trabalho


restante e necessario para encher a carta de um quarto de gráo , cujo centro mais notavel
é a cidade de Itú .
Faltava percorrer os grandes rios ahi comprehendidos : o Tieté e o Sorocaba, cujos
cursos cheios de sinuosidades e accidentes difficilmente se poderiam figurar por um simples
trabalho de topographia , feito á distancia ou ao longo das estradas mais visinhas. Em con
sequencia , no mez de Setembro, uma turma composta dos engenheiros Aguiar e Gonzaga
de Campos, desceu o Tieté desde o salto de Itú até a barra do Sorocaba, levantando-lhe
a planta e procedendo a um reconhecimento geologico ao longo desta primeira arteria
fluvial da Provincia. Os estudos desta secção do Tieté, abrangendo 173 kilometros, foram
levados a effeito não só sob o ponto de vista da topographia e geologia , como tambem
attendendo -se á possibilidade da navegação , que alias se reconheceu difficil ou quasi irrea
lisavel . Entre o Salto de Itú e a cidade de Porto Feliz é o rio muito tortuoso e alongado,
vencendo uma distancia directa de 24 kilometros com o desenvolvimento de 55. A rapidez
do curso , os frequentes accidentes do leito onde diques ou camadas de grês endurecido
multiplicam as cachoeiras e os obstaculos, tornam esta parte do Tieté imprestavel para os
misteres da navegação .

Para baixo de Porto Feliz , comquanto o rio continue muito sinuoso e conte algumas
cachoeiras importantes, o leito mais desimpedido, de uma largura de 70 a 80 metros,
sufficientemente profundo, torna possivel uma navegação em épocas favoraveis . Nos tempos
coloniaes foi este trecho do Tieté sempre navegado, servindo o porto de Araritaguaba ( Porto
Feliz ) de ponto inicial da grande navegação interior, que punha em communicação o valle
do Paraguay com os portos da costa oriental no Atlantico ; mas tudo isso finou - se , ha
muito tempo , e de tão grande empreza não resta hoje sinão memoria , alias muito grata.
para a historia paulista,
O curso do Sorocaba , de perto da estação de Bacaetava para baixo , até o rio Tieté,
foi tambem minuciosamente estudado debaixo dos mesmos pontos de vista, levantando-se- lhe
a planta por 146 kilometros, interessando aos municipios de Campo Largo , Tatuhy, Porto
Feliz e Tieté. Por suas pequenas proporções não é este rio susceptivel de navegação , com
quanto apresente trechos perfeitamente desimpedidos e onde as profundidades são favoraveis.
Em circumstancias mais prosperas de densidade de população e desenvolvimento de
negocios, em um futuro que não nos é dado prever, estes rios hão de ter sem duvida
uma applicação qualquer no problema das communicações interiores ; hoje, só com despro
porcionados dispendios se os poderá aproveitar.
Emquanto na zona dos trabalhos da campanha anterior eram estes estudos levados á con
clusão, outra turma, a principio a cargo do engenheiro José Nogueira Jaguaribe e depois
sob a direcção do engenheiro Axel Frick, encarregava- se da exploração do territorio ao
Sul do Tieté e ao Poente da capital, nos municipios de Una , Cotia, Itapecerica e Santo
Amaro, procedendo a estudos que abrangeram uma área de proximamente 900 kilometros
quadrados e tendo principalmente em vista resolver algumas questões de hydrographia,
quanto ás origens dos rios Sorocaba e Cotia , cujas cabeceiras contravertem nos morros do
Cahucaia e Serra de S. Lourenço , em região pouco povoada e conhecida .
A exploração desta parte da provincia apresenta reaes difficuldades pela escassez da
população, pela falta de caminhos, dos quaes o explorador topographo quasi nunca se deve
desviar, por não estar isso na indole e systema dos trabalhos que elle vae effectuando.
Si ao geographo é dado por vezes deixar as estradas para embrenhar-se nas mattas á busca
de um pico proeminente, donde consegue descortinar uma região inteira ao redor de si , o
mesmo não acontece ao topographo, cuja missão é estudar o paiz, cortando -o em varias
direcções ao través do systema de viação publica existente .
O territorio situado em torno da villa de Itapecerica , em um circulo de muitas leguas ,
maximè para os lados de Iguape , offerece por isso difficuldades que só com vagar e com
um systema modificado de trabalho se poderá ir vencendo, em beneficio do melhor conhe.
cimento da região. Dentro deste territorio, que interessa aos municipios da capital, Santo
Amaro, Cotia , Una e Itapecerica, foram percorridos 487 kilometros de viação publica, de
que se levantou planta pelo processo dos caminhamentos.
Na zona propriamente dita dos estudos da ultima campanha, os trabalhos de topo
graphia abrangeram área correspondente á da rede de triangulos, visto como a
11 -

triangulação tambem procedia a estudos topographicos em torno das estações occupadas e


ligava uns aos outros todos os vertices de triangulo por meio das vias de communicação
existentes, cujas plantas eram assim successivamente levantadas,
Uma planta por este modo organisada não pode ser tão completa como deve ser
aquella que representa uma região cuja área foi totalmente percorrida. Ha sempre grandes
vasios naquelles logares mais distantes das estações de triangulo, os quaes evidentemente
não poderiam ser preenchidos sem trabalhos de topographia para isso mais directamente
encaminhados.
Não obstante isso , a planta da nova zona estudada mostra en varios pontos notavel
densidade de uteis indicações de caracter topographico, como no municipio da Capital, onde,
além dos trabalhos da Commissão ha os effectuados pela Commissão de Terras Publicas e
Colonisação. Nos municipios de Bragança, Atibaia, Itatiba e Jundiahy a respectiva planta
geographica apresenta tambem notavel condensação de dados de caracter orographico, hy
drographico e relativos á cultura e occupação do solo , tendo sido exploradas todas as
grandes estradas que irradiam do centro dos referidos municipios.
Attendendo-se para a planta n . II, annexa a este relatorio, que representa em pe
quena escala a zona total dos estudos definitivos effectuados pela Commissão, nota- se logo
que dentro deste irregular perimetro em forma de trapezio, já se inclue área sinão muito
consideravel pelo lado da extensão , pelo menos bastante importante por mais de um as
pecto . Quasi todas as estradas de ferro da provincia têm ahi incluida parte da sua zona
garantida : a linha ferrea de Santos a Jundiahy, a Paulista , a Bragantina, a S. Paulo e Rio
de Janeiro, a Sorocabana e'a Ituana ahi têm , em todo ou em parte, o seu percurso incluido
nos limites desta zona . Uma boa cópia de dados e informações interessando a estas
estradas póde ser já obtida pela inspecção do conjuncto dos trabalhos geographicos
effectuados .
Quanto ao que diz respeito ás terras do dominio publico , que tanto interesse hoje
despertam pelo lado da colonisação, tambem alguma cousa pode ser fornecida, sinão quanto
á extensão e quantidade, questão ainda dependente de processo de discriminação, ao
menos quanto à distancia e posição relativa das mesmas terras em condições de serem
aproveitadas.
O problema da viação publica, que ainda agora tantos interesses suscita, tambem
poderá obter valiosos subsidios que concorram para uma melhor orientação, guiando o go
verno e os particulares na melhor solução que se lhe puder dar.
Foram levantadas plantas de 1756 kilometros de viação publica dentro da zona CO
berta pela rede de triangulação na ultima campanha. Si , porém , a estes dados ajuntarmos
os obtidos pelas duas turmas geologicas, quer dentro da zona dos trabalhos definitivos,
quer além desta zona, onde mais livremente se desenvolveram , o algarismo representativo
da quantidade de trabalho do corrente anno seria realmente muito mais consideravel . De
facto, reunindo aqui em um só quadro todos os dados correspondentes ao trabalho das di
versas turmas em 1888 , temos :
1.º Trabalhos effectuados para preencher as lacunas dos da campanha de 1887 :

Viação publica .. 1311 kilometros


Exploração de rios 319
Total... 1630
2.0 Trabalhos effectuados dentro da nova zona dos estudos,
Viação publica . 1756 kilometros

Ao todo 3386 kilometros, ou o triplo do trabalho effectuado na campanha de 1887 .

Como os estudos de geologia se estenderam por uma zona muito mais vasta, como
a que representa toda a região superior do valle do Paranapanema, onde o engenheiro Luiz
Felippe Gonzaga de Campos fez largas excursões, os levantamentos topographicos foram
tambem se ampliando simultaneamente com os de geologia , representando já valioso sub
sidio para a geographia desta parte da Provincia . O engenheiro Campos, além dos tra
balhos em que tomou parte na zona dos estudos definitivos, levantou mais 748 kilometros
de viação publica interessando aquella região . Estes trabalhos, considerados como de re
conhecimento, visto a triangulação ainda não abranger esta parte da Provincia, reunidos aos
12

da anterior campanha, envolvem e retalham em todos os sentidos uma área territorial


quasi duas vezes maior do que a dos estudos definitivos ; entretanto, já vão elles fornecendo
dados mais positivos que permittem formar idéa mais segura do caracter geographico
desse territorio .
Como os chefes das turmas geologicas têm de apresentar relatorio aparte , deixo, por
evitar repetição , de fazer menção mais circumstanciada dos trabalhos topographicos por elles
effectuados, e que representam valiosa contribuição para a Secção Geographica.

Noticia descriptiva da zona dos estudos

Não vem aqui descabida uma noticia descriptiva, rapida , ainda mesmo antecipada
sobre o caracter geral das terras incluidas na zona dos estudos definitivos ; e dizemos an
tecipada, por dever este assumpto constituir materia de especial publicação, que nem sempre
vem a proposito em relatorio como este , destinado a dar noticia da marcha que vae tendo
o trabalho de anno para anno . Entretanto, julgo de utilidade alguma informação que se
possa ir adiantando e assim fazendo mais salientes os fins e alcance dos estudos que imos
effectuando.

O territorio até agora estudado nas duas campanhas de 1887 e 1888 , cujos limites
deixamos atrás assignalados, é parte do valle do Tieté na sua porção superior e tem o ca
racter das terras altas . A grande chapada sobre que se entende a mór parte do territorio
da Provincia , cuja margem oriental se representa pelo enorme paredão, denominado serra
do Mar, por se achar quasi debruçado sobre as aguas do Atlantico, declinando de Sueste
para Noroeste e imprimindo pelo seu pendor geral ao curso dos rios uma direcção opposta
a do Oceano que lhe fica ao pé, em seu aspecto physico é uma vasta planicie apenas um
tanto mais accidentada e cheia de asperezas exactamente na porção que ora consi
deramos .

Desde a linha de cumiadas, que fórma o beiço do planalto, onde se erguem destaca
das, rompendo a monotonia da linha, as denominadas serras de Paranapiacaba, Cubatão ,
Itanhaen , nomes locaes de uma mesma entidade orographica , cujos pontos culminantes raro
excedem de 1.000 metros, vem o terreno declinando aos poucos até a linha mais funda,
indicada pelo curso do Tieté, que corta o nosso territorio em diagonal e levantando-se de
pois em socalcos para Nordeste até o maciço da Mantiqueira, d'onde dimanam os mais no
taveis affluentes daquelle rio , entre os quaes erguem -se esporões secundarios, como si fo
ram galhos de um mesmo tronco gigantesco .
Duas elevações principaes dominam toda esta região : o Morro do Lopo, no angulo
Nordeste, o mais alto esporão da Mantiqueira, cujas encostas rochosas e escarpadas con
duzem á aresta viva representada pela Pedra do Guarayuva, cotada 1655 metros, e a serra
do Japy, mais no centro, cotada 1212 metros no dorso mais proeminente, com as formas
caracteristicas das montanhas constituidas pelos schistos cristallinos .
Do alto da Pedra do Guarayuva a vista alonga-se por vastissimo horizonte, com es
plendido panorama : embaixo e mais perto os valles fundos do Jaguary e do Atibaia
abrindo-se para Noroeste , os morros graniticos de Itapetinga, Guaripocaba e Itapechinga,
cujos levantados perfis deixam bem accentuados os movimentos do solo ; para o lado do
Sul , ainda por cima das cumiadas da Cantareira (1105) e de Itaberaba e de toda a corda
de morros que forma o seu prolongamento para Nordeste, divulgam-se os morros do Retiro
( 949m ) em Santa Izabel , Itapety, em Mogy das Cruzes, os morros do Pilar e de S. Ber
nardo , e ainda além , aquellas serras que margeam a chapada pelo lado do mar ; para o
Poente a vista estende-se até a Serra do Japy, cujo perfil desenha no horizonte um largo
trapezio , deixando vêr pelo vão existente entre elle a ponta mais avançada da Cantareira ,
a brecha onde passa o Tieté ladeada pelos morros do Jaraguá, Botucavarú, Boturiuna, Sa
boó e Guaxatuba com as formas agudas e caracteristicas ; para o Norte e Nordeste póde-se
attingir mesmo as longinquas serras de Caldas e Araraquara, já fóra do territorio que es.
tamos descrevendo, mas dentro de um raio mais curto , a serra do Pico do outro lado do
Jaguary, o Morro do Barreiro e a serra dos Cocaes , em Itatiba, todas as terras altas de
fórmas maciças e de perfil indistincto dos lados do Amparo, nos revelam um sólo bastante
movimentado e talvez de uma constituição geologica differente .
13

Si do Morro do Lopo passarmos ao Japy através dos valles do Atibaia e do Jun


diahy, o horizonte amplifica -se ainda mais, porque toda a região em cerca de tres quartos
do mesmo horizonte, desdobra-se n'uma immensa planicie , onde raro se vê um ponto que
sobresaia , a não ser em remota distancia, os picos da serra do Congonhal, as terras altas
além de Piracicaba, e ainda mais adiante os perfis já indecisos das serras de Botucatú e do
Bofete ; mais perto de nós porém , e já dentro dos limites da zona dos estudos, as serras
da Vargem Grande, S. Francisco, Araçoyaba, todas as terras altas desde S. Roque até
Ipanema, á esquerda do Tieté, fazem como uma platea de montanhas fechando a vasta pla
nicie pelo lado do Sul .
Orographicamente considerado, é este territorio dos mais importantes da Provincia .
Si o aspecto desta região não pode ser tido como verdadeiramente montanhoso , si o solo
algum tanto movimentado não o é ainda tanto quanto baste para lhe dar o caracter dos
paizes de montanha, o aspecto das regiões altas , tal como se apresentam as chapadas desta
parte do nosso continente, é ahi bastante accentuado e destaca -se perfeitamente do resto
da Provincia .
Por sobre o nivel do planalto que constitue o embasamento desta construcção oro
graphica, na média altitude de 700 metros, montanhas, cujas cumiadas por vezes excedem
de 1000 metros, formam nos seus varios segmentos, obrigados a uma orientação quasi
uniforme de Sudoeste para Nordeste, cordilheiras parallelas, cortadas a meio pelo curso do
Tieté e intervalladas por planicies onde correm affluentes de segunda ordem . As serras
de Paranapiacaba, Cubatão e Itanhaen , na margem do planalto ; as serras de S. Lourenço
ou do Chiqueiro, os morros de S. Bernardo, do Pilar e de Itapety ; as serras de S. Fran
cisco em Sorocaba, Vargem Grande, Itaquy, Cantareira , Itaberaba e Pedra Branca , como
seguimentos de tres linhas de serranias distinctas, entre si parallelas, são evidentemente as
arestas vivas desta região de planicies altas. E si por ventura geologicamente estes varios
trechos de montanhas representam entidades differentes na orographia, não se pode entre
tanto deixar de reconhecer a notavel disposição para a segmentação em série a que elles
obedecem .
Logo após estes alinhamentos de montanha, á pequena distancia para o Norte
e parallelamente, levanta -se uma fiada de morros estreitos , de encostas escarpadas, con
stituidos de schistos metamorphicos e que os denominados morros de Inhoahyba, Pantojo,
Saboó e Boturuna são os mais notaveis representantes . Parallelamente ainda e acostada á
serra do Japy, á direita do Tieté, ergue-se outra fiada de morros ponteagudos com os
nomes locaes de Guaxatuba, Jaguacoára e da Viuva, com a mesma constituição daquella
serra , O mesmo Japy, que visto á distancia parece um maciço compacto e inteiriço, é na
realidade constituido por tres fiadas parallelas de morros , fundamente cortados em orienta
ção de Sudoeste para Nordeste e intervallados por cursos d'agua de importancia secunda
ria . Gargantas numerosas ou abertas como intersticios dos varios segmentos dão passagem ,
na mór parte dos casos , com cerca de 200 metros de elevação sobre o nivel geral do pla
nalto .
Para o Norte do Japy, para os lados de Indaiatuba, Itupeva e Campinas, abre-se larga
planicie com elevação de 240 metros em média sobre as aguas do Tieté, deixando apenas
distinguir pequenas eminencias de constituição granitica, alinhando -se desde as visinhanças
de Itú até adiante de Louveira, na via ferrea paulista .
Ao través destas successivas linhas montanhosas, mais ou menos interrompidas , corre
o Tieté , cujo valle ora alarga -se em extensas planuras, ora se reduz aos extremos limites
das gargantas por onde passa o rio .
A parte do valle, que interessa ao nosso territorio , pode se dividir em duas secções
differentes : uma desde Mogy das Cruzes até a foz do rio S. João , em Baruery, e outra
abaixo desta foz. A primeira tem 94 kilometros de comprimento e inclue o municipio da
capital , a segunda tem 119 kilometros e vae até a barra do rio Sorocaba .
Na primeira secção do valle , aberta em planicie e cingida nos limites septentrionaes e
austraes pelas duas cadeias culminantes da Cantareira e do Cubatão, recebe o Tieté os se
guintes affluentes : pela margem esquerda , os rios Jundiahy de cima , Tahyassúpeba, Guayó,
Itahim , Itaquera, Paracanduva , Tamanduatehy, os quaes todos não passam das proporções
de ribeirões mais ou menos volumosos ; o rio Grande, o mais consideravel destes affluentes,
à esquerda, que vem da ponta de Paranapiacaba nas proximidades da estação do Alto da
Serra, collecciona as aguas do rio Pequeno, do MBoy -Guassú, do Pirajuçara e do Ja
- 14

guarê ; o rio da Cotia que desce da serra de S. Lourenço e o S. João que vem da serra
da Vargem Grande ; pela margem direita recebe o Tieté as aguas do Perová ou rio de
Una, do Baquirivú -Guassú que vem do Arujá , e do Guapira- que desce da Cantareira
entre Sant'Anna e a Conceição. Todos estes affluentes, a excepção do rio Grande, tem
menos de 40 kilometros de curso .
O que caracterisa esta parte do valle do Tieté são as grandes vargens : o rio tem
branda declividade e as suas aguas correndo vagarosas através de terras baixas formam
por vezes vastos alagadiços . Desde Mogy das Cruzes, onde o nivel do rio tem a alti
tude de 740 metros até a barra do rio S. João , onde essa cota desce a 707m , o valle
desdobra -se quasi que em uma só e immensa vargem . De facto observando -se o fraco
pendor desta porção do valle, e as terras mais visinhas do curso do rio , parece que se
tem diante um comprido lago de outras eras , ou antes uma série de lagos, cujas bacias se
foram gradualmente aterrando até mostrarem , como em nossos dias, esse aspecto de plani
cies baixas, niveladas , sujeitas ás inundações e cujo solo caracteristicamente negro attesta
ainda agora a sua primitiva origem .
Estas vargens não são retalhadas a meio pelo curso do rio , ficam ordinariamente em
uma ou outra margem , e , segundo parece -nos, devido ao principio de reciprocidade dos
movimentos synchronicos das aguas, se dispõem de modo alternado ao longo do rio , ora á
direita , ora á esquerda, como se vê nas de Agua Branca , Sant'Anna, Tamanduatehy, Gua
pira , Conceição, Baquirivú, S. Miguel e proseguindo até Mogy das Cruzes vão ellas se es
tendendo e ampliando até attingir em alguns logares largura de 3 kilometros e mais. A
vargem de Pinheiros, ao poente da Capital e ao longo do curso do rio Grande , por uma
extensão de cerca de 20 kilometros, é um notavel exemplo destas planicies baixas , nivela
das com uma largura de 2 a 4 kilometros, cujos contornos perfeitamente definidos são for
mados por morros arredondados sobre que se desenvolvem bellissimos campos . A do Ta
manduatehy, de que a vargem do Braz, no perimetro da Capital , é a parte mais larga , pro
longando -se ainda além do Ypiranga e S. Caetano até as proximidades do Pilar, na ex
tensão de 24 kilometros, é outra vasta bacia , que não obstante as innundações a que é su
jeita , vae agora povoando-se e transformando -se sob a influencia da pequena cultura.
vargem do Guapira entre Sant'Anna e a villa da Conceição, com a forma de uma bacia
circular, estendendo -se até as abas da Cantareira, com um diametro de cerca de 3 kilo
metros, é o mais bello specimen destes primitivos lagos soterrados, hoje cobertos pela ve
getação monotona das gramineas que os tem convertido em vastas campinas. A do Ba
quirivú, ao longo do rio deste nome, entre a Cantareira e o rio Tieté , desde as proximi
dades da Conceição até Arujá por mais de 20 kilometros, é uma das mais vastas e por
sua posição e orientação parece estar destinada a ser o caminho natural mais directo da
Capital ao valle do Parahyba.
Com a apparencia de vastos alagadiços que uma vegetação especial quasi sempre
justifica , o solo negro, um tanto frouxo pela presença de certa dose de area e cascalho,
estas vargens, á primeira vista , parecem pouco proprias para a cultura, não obstante as
bellissimas provas que se vêm nos arredores da Capital. Uma cultura pequena, mas in
telligente e multiplicada póde sem duvida fazer prodigios nestas terras baixas que mar
geam o Tieté.
Na segunda secção , para baixo da barra do rio S. João , corre o Tieté através de um
terreno montuoso, por um leito tortuoso e ingreme, onde são frequentes e notaveis os
obstaculos suscitados pelos desnivelamentos subitos, formando saltos e cachoeiras até perto
de Itú, onde o valle se alarga novamente, sem que todavia o leito readquira mais branda .
declividade. Banhando a villa da Parnahyba, o arraial da Pirapora , a villa do Salto e as
cidades de Porto Feliz e Tieté , prosegue o rio sempre muito sinuoso e encachoeirado até a
barra do Sorocaba , onde termina a secção que estamos descrevendo. São mais numerosos
e consideraveis os affluentes que desembocam nesta secção, taes como , pela direita : o rio
Juquiry que desce da serra de Itaberaba ou morro do Gil , com um curso de cerca de 80
kilometros ; o Jundiuvira que desce do morro do Caáguassú, contornando a serra do Japy
na sua vertente do sul ; o Cabreuva cujas aguas banham a villa deste nome, vindo do
esporão mais occidental do Japy ; o Jundiahy que nasce no extremo sul da serra de Ita
petinga, ao poente da villa de Nazareth, corre a principio para noroeste , banha a cidade
do mesmo nome, e em Itaicy, torce bruscamente para sudoeste , recebe as aguas do Pirahy
ou do Pinhal e desemboca na villa do Salto , após um curso de cerca de 114 kilometros ;
o Capivary, cujo curso se equipára ao do Jundiahy, com que corre parallelo, nasce no alto
15 -

espigão intermedio a Itatiba , Campo Largo e Jundiahy, banha Monte -Mór, a cidade de Ca
pivary e vae desembocar no rio Tieté 5 , kil5 acima da barra do rio Sorocaba . Pela mar
gem esquerda desembocam : o ribeirão de Santo André que vem da serra de Itaquy ; o
Cavetá que desce do Boturuna ; o Araçariguama e o S. Roque que dimanam das serras
de Itaquy e Vargem Grande ; o Pirapitinguy, o Itahym , o Caiacátinga, o Avicuya e o
Sorocaba , cujas cabeceiras se apoiam nos morros Cahucaia e Serra de S. Lourenço e se
fórma pela reunião de tres galhos principaes : 0 Sorocabussú, o Sorocá -mirim e O rio de
Una , corre a principio sobre uma chapada por de trás da serra de S. Francisco , que é
por fim cortada a meio pelo rio , dando logar ao notavel salto de Itaparananga e mais
embaixo á pittoresca queda do Voturantim . Dahi corre o rio a norte , banha a cidade do
mesmo nome ; recebendo pequeninos affluentes até que lhe entra pela direita o Piragibú,
oriundo do Pantojo e que já traz as aguas do Varejão. De então em diante segue o rio
com varias inflexões no rumo geral de noroeste . São seus afluentes pela margem esquerda,
l
o Itanguá, Ipanema, o Sarapuhy, o maior dos seus affluentes, que desce da serra ao su
da Piedade e traz as aguas do Pirapora e do Iperó ; mais adiante recebe ainda o Ta
tuly, o Guarapó, o ribeirão da Onça, e outros de menor importancia, indo desembocar
no Tieté, pouco abaixo da barra do Capivary, depois de um curso de mais de 200 ki
lometros .
Da barra do rio S. João á foz do Sorocaba tem O curso do Tieté um desenvolvi
mento de 271 kilometros, sendo a queda total de 263 metros, o que demonstra um leito
fortemente inclinado e por conseguinte impraticavel.
Os rios Faguary e Atibaia , antes da sua juncção para formar o Piracicaba, interes
sam tambem ao territorio que estamos estudando. O Faguary tem um valle estreito e
encaixado, curso a principio de nordeste para sudoeste, até entrar no territorio paulista,
junto do Morro do Lopo, depois tomando direcção de noroeste vae passar a 6 kilometros
ao Norte da cidade de Bragança, cortando um terreno granitico, assas movimentado até
unir-se com o Atibaia .
Este ultimo fórma -se de dous galhos principaes : 0 Cachoeira que passa em Santo
Antonio e o Atibainha que banha a villa de Nazareth, ambos descem das immediações
do Morro Sellado, a Leste do Morro do Lopo , separados por um alto espigão intercur
rente, e se reunem 8 kilonietros acima da cidade de Atibaia e em frente á ponta Norte da
serra de Itapetinga. O Atibaia banha a cidade do mesmo nome, corre para Noroeste,
quasi parallelamente ao Jaguary , passa 3 kilometros ao Norte da cidade de Itatiba e re
cebe a mór parte das aguas da cidade de Campinas , situada no espigão divisor das aguas
entre este rio e o Capivary.
Uma origem identica na formação destes valles secundarios, os faz muito semelhantes
no aspecto . Assim como o Tieté na porção superior se caracterisa pelas grandes vargens,
assim a mór parte dos affluentes mais caudalosos. O Atibaia acima da cidade deste nome,
no tronco principal como ao longo dos dous galhos que o formam , corta uma série de
vargens com o mesmo aspecto das do Tieté. Grande numero dos seus pequenos affluentes
da margem esquerda são tambem abertos em vargens mais ou menos extensas. O Jun
diahy desde Campo Limpo até perto de Itupeva póde-se dizer que corre através de uma
vargem continua. O Sorocaba enquanto se conserva na chapada por detrás da serra de
S. Francisco , nos municipios de Una e Piedade corta tambem uma série de vargens, que
os saltos e cachoeiras apenas interrompem , accusando as subitas mudanças de nivel.
Esta predisposição dos valles de se abrirem em planicies niveladas e alagadiças, torna
ainda mais saliente o contraste entre as terras baixas e as montanhas visinhas, que parecem
assim mais elevadas, mais energicamente perfiladas sobre a linha monotona do nivel das
campinas.
Si deixando esta ordem de idéas relativas á orographia e hydrographia da região ,
passarmos a consideral- a sob outros aspectos attinentes á capacidade agricola do solo , á
distribuição das mattas e dos campos, á população e aos melhoramentos materiaes, em ra
pida digressão pelo territorio a que nos temos referido ; e si marchando do Poente para
Oriente, para depois seguir a norte, tomarmos por ponto inicial a Fabrica de Ferro de S.
João do Ypanema, nas visinhanças da base da triangulação, teremos assim quasi que a par
e passo acompanhado o desenvolvimento dado aos trabalhos da Secção Geographica.
Deixando Ypanema e a estação da via ferrea Sorocabana 128 kilometros da Capital
cotada 548 metros acima do nivel do mar, subindo o curso do ribeirão cujas aguas repre
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sadas servem aos misteres da fabrica de ferro , para seguir á Sorocaba com pequena in
flexão por Campo Largo, marchamos a principio por um terreno horisontal, retalhado por
pequenos corregos , atravessando vastas campinas frequentemente intermeadas de restingas
de um matto baixo e sem viço, em que se traduz a pouca fertilidade natural de um solo
impermeavel de argila vermelha, superposto aos schistos e grês . Até Sorocaba, que se at
tinge após 18 kilometros de um terreno monotono e sem cultura, tendo já deixado atrás a
serra de Araçoyaba coroada de mattas, em cujas encostas se divisam os retalhos dos can
naviaes e das plantações de café, a impressão, que se tem , seria a da esterilidade si as
pequenas culturas por detrás das habitações pobres ao longo das estradas nos não expli
cassem os motivos desta apparente incapacidade do solo . O gado pastando por estas
campinas , parte das quaes são do dominio publico, dá mais vida a esse quadro onde aliás
se contam numerosas situações e muitos moradores.
Sahindo de Sorocaba para o sul ao longo do rio do mesmo nome em direcção á
serra de S. Francisco, deixando ainda á esquerda o salto do Voturantim que até agora
representa grande potencia hydraulica perdida, 4 1/2 kilometros da cidade, atravessamos os
campos do Itapeva , e subindo gradualmente até a velha capella de S. Francisco, na base
da encosta granitica e escarpada, da serra , alcançamos os limites de uma zona de caracter in
teiramente differente. O solo , mudando de natureza , cobre - se de vegetação mais variada e
corpulenta e a lavoura mais desenvolvida deixa ver largos tractos de cultura de canna , al
godão , e legumes por todo terreno montuoso que se avisinha das abas da serra. Para
ganhar a Piedade, pequena villa que progride no fundo do valle apertado do Pirapora,
28 kilometros para o sul de Sorocaba, faz -se preciso atravessar a serra no extremo de sudoeste
galgando a altitude de 730 metros, crusar o valle do Jurupará, affiuente do Pirapora, e se
guindo por uma estrada que voltea por um espigão de morros graniticos onde a matta de
struida se substitue por vasto tapete de samambaia , descer para o valle encaixado do Pirapora
para penetrar no povoado, construido a meia encosta e em terreno accidentado e pouco
favoravel ao seu natural desenvolvimento . Construcções novas, matriz, theatro, camara muni
cipal , duas pontes sobre o rio que corre ao lado, um commercio que se abastece por uma
lavoura mais desenvolvida e em solo mais favoravel, dão um ar de prosperidade a esta
pequena villa acostada ás serras e já nos limites dos sertões que descambam para o valle
de Iguape. Vastas capoeiras cobrem as baixas e os altos morros onde por excepção se
divisam retalhos mesquinhos da matta que se destruio ; a lavoura em ponto pequeno, mas
multiplicada, attesta os bons habitos agricolas da população do municipio .
Da Piedade á villa de Una, que lhe fica 25 kilometros para nordeste, percorre -se um
terreno‘granitico, a principio pela esquerda do rio Pirapora e depois galgando varios es
pigões e outros tantos corregos, affluentes do Sorocaba, desce-se o morro da Boa Vista
para alcançar a villa através da vargem onde corre o rio de Una que dá nome ao
povoado .
Ao longo da estrada ha grande numero de moradores formando bairros, em torno dos
quaes se vê uma pequena lavoura bem tratada, algumas fazendas e situações circumdadas
de pastagens bem desenvolvidas. Entre Una e Piedade o terreno parece ter sido de
longa data muito trabalhado, o solo oriundo da decomposição do granito ou do micaschisto,
que vae se tornando a rocha predominante, parece tambem ter sido bastante productivo,
qualidade acaso minorada hoje por um systema de agricultura que nem sempre é o mais
racional.

Quem desce o alto espigão intermedio ás aguas do Pirapora e do rio de Una e pe


netra na vargem , junto da qual se ergue a pequenina villa que nenhuma actividade revela,
decerto terá observado a differença de caracter e de aspecto da região circumdante aquem
e alem deste ultimo rio . De facto, o curso do rio Una , que segue sempre a norte até
confundir - se com o Sorocaba , é como uma linha profunda dividindo duas regiões perfeita
mente distinctas. A oeste , as terras altas quasi sempre coroadas por blocos de granito,
onde a vegetação põe logo em evidencia a melhor qualidade do solo , deixam ver a prefe
rencia que lhes dão os habitantes nas numerosas pequenas plantações pelas encostas e no
maior numero das situações espalhadas ao longo dos caminhos. Do lado de leste, o solo
mais egual e mais baixo reveste-se de uma vegetação rasteira e indecisa ou se desenvolve
em campos acaso abandonados, como um sertão desconhecido e quasi deshabitado.
Una é um pequeno povoado cujo progresso é imperceptivel, dista de S. Roque a
nordeste 18 kilometros e de Sorocaba 30 kilometros, atravessando o rio deste nome duas
17

vezes e a serra interposta de S. Francisco . Em direcção a S. Roque o terreno é montuoso


e granitico e com o mesmo aspecto da região ao oeste do rio Una que ha pouco descre
vemos. Manchas de campos em terreno mais unido alternam por vezes com largos tractos
de matta onde o solo mais permeavel faz variado e viçoso o aspecto da vegetação. Voltando
á Sorocaba , o caracter da região intermedia pouco diversifica : em cima da serra ao sul
della são as terras mais frescas e productivas ; descendo a serra pela estrada que conduz á
capella da Penha, as plantações de canna, milho , legumes e algodão nas abas da montanha ,
fazem notavel contraste com a região mais distante desdobrada em extensas campinas.
De junto da capellinha, que por sua posição proeminente foi escolhida para uma das
estações de triangulação, a vista mergulha em vastissimo horizonte para ainda alem de Pi
racicaba . Façamos um rapido esboço da região circumjacente : embaixo Sorocaba , quasi
encoberta pela ultima dobra da serra , coroa uma collina com a sua casaria construida em
amphitheatro ; Itú , dahi distante 33 kilometros para nordeste, divisa-se ao longe emergindo
do seio de uma planicie ; mas descendo depois a Porto Feliz para voltar á Sorocaba tere
mos envolvido n'um perimetro triangular um largo tracto de terreno levemente ondeado,
retalhado por peqnenos affluentes do Tieté e do Sorocaba, onde não ha sinão campos,
extensos cerrados e só por excepção alguma restinga de matto que por nenhuma quali
dade se distingue . Ao poente deste territorio, entre a estrada de Porto Feliz e a linha
ferrea Sorocabana , e para alem da serra de Araçoyaba , o solo pouco diversifica, apenas no
espigão entre o Sorocaba e o Tieté , que denominaremos de Boituva, o caracter da vege
tação traduz melhor a qualidade das terras ; e si acaso o solo é ahi naturalmente fertil
pela presença de rochas eruptivas, derramadas em lençóes sobre o grêz , formando manchas
mais ou menos extensas que a lavoura do café ou da canna avidamente aproveita, a acção
destruidora do fogo devastando as mattas por largas zonas, onde a samambaia prevalece e
se multiplica, se tem feito sentir de um modo realmente dasastroso .
No terreno situado a leste , entre a estrada que vae de Sorocaba a Itú e a mesma
linha Sorocabana, comprehendendo o valle do Piragibú, ainda apparecem os campos em
mais de metade do territorio , apenas interrompidos pelos niorros graniticos do Passa Tres e
do Varejão, coroados de mattas intermeadas de plantações variadas.
Para alem do Tietê, divulgam -se ainda lombadas de terras de aspecto apparentemente
esteril como entre Porto Feliz e Capivary, na vertente do Tietê ; mas em breve os grandes
retalhos dos louros canaviaes cobrindo as encostas e alternando com as mattas corpulentas
e vigorosas , nos indicam logo termos alcançado uma zona mais rica e tambem muito mais
prospera ,
Feita esta rapida digressão, retrocedamos até Una para seguirmos á Cotia 31 kilome
tros para Leste. Cortando as aguas do Sorocabussú e as do Sorocamirim , os dous galhos
principaes do Sorocaba , penetra-se em extensas campinas, deixando á direita e ao Sul um
verdadeiro sertão que se dilata para alem da serra de S. Lourenço , e á esquerda o espigão
granitico da Vargem Grande, em que se apoiam as terras altas de mediocre capacidade
agricola do municipio de S. Roque. Maus caminhos, nenhum commercio, nenhuma agri
cultura , população escassa, eis o que se vê neste largo trecho que atravessamos rapida
mente. Ao longe mais ao Norte pela corda de morros que se prolonga na direcção de
Les-nordeste até as proximidades da Parnahyba e Baruery , com os nomes locaes de Pi
nheirinhos e Itaquy, o solo ja apresenta melhor caracter. o valle estreito do rio S. João ,
por onde sobe a via ferrea Sorocabana, divide esta região em duas zonas distinctas: ao
Norte a serra de Itaquy cujos esporões se prolongam até as aguas do Tieté e se cobrem
de boas plantações de canna e de café ; ao Sul o terreno ondeado e mais baixo que se abre
em campos com abundantes capões de matto baixo , mas onde a lavoura cede o passo á
criação do gado. Todo o territorio comprehendido entre aquella via ferrea e a velha es
trada da Capital á Sorocaba tem este mesmo caracter.
Ao sul da Cotia para os lados da Graça e de Itapecerica , o solo mais movimentado
e de constituição granitica reveste - se de uma vegetação melhor e tem grandes mattas que
se exploram para o commercio de madeiras com a Capital. Comquanto em altitude de
800 a 900 metros , estas terras não são largamente aproveitadas pela lavoura. Dizem que
o milho e os legumes , não dão bem ahi e que o solo frio não é propicio ás plantações.
Sahindo da Cotia para a Capital na direcção de Leste, penetra - se n'um paiz chato,
semeado de campos , retalhado por pequenos valles no fundo dos quaes deslisam fios d'agua
por entre uma vegetação mais viçosa e unida.
3
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Desde Carapicuhyba até Pinheiros, desde o Tieté, que passa pouco distante ao Norte,
até além de Santo Amaro, todo o paiz mostra o mesmo aspecto , alguns raros trechos de
matta no mais alto dos espigões entre os ribeirões do Jaguarê e Pirajuçara e Capella , mo
dificam um tanto esse aspecto sem aliás lhes tirar o caracteristico das regiões calvas e
pouco productivas. Não ha lavoura que avulte, pequenas roças, largas pastagens, abun
dancia de moradores repartidos em bairros ao longo das estradas eis o que se vê neste
trecho de 34 kilometros entre a Cotia e a Capital.
Para o Sul desta zona que acabamos de esboçar abre - se o valle do Rio Grande, como
um vasto deserto interposto aos dous maiores centros de actividade da provincia : S. Paulo
e Santos. Para crusarmos o valle do Rio Grande , tomemos a estrada Vergueiro na di
recção do Sueste : marchamos a principio em terrenos de campo, passamos o Ypiranga e
S. Caetano e deixando á esquerda as vargens alagadiças do Tamanduatehy, entramos em
S. Bernardo, galgamos um espigão de rochas micaceas que a estrada atravessa em cortes
profundos e descemos para o rio Grande, que ahi tem uns 20 metros de largura mais ou
menos, entrando em territorio completamente differente. Não mais campos, porém extensas
e espessas mattas com caça abundante, um solo humido, onde a agua surge por toda a
parte , eis o que vae atravessando a antiga estrada Vergueiro , que já foi um modelo na
viação publica do Brazil. Esta estrada quasi que já não existe , ao menos de S. Bernardo
para Santos: o calçamento desapparece sob o matto que invade e cresce no leito de estrada,
as pontes calidas, os cortes entulhados, os aterros destruidos pela força das enxurradas,
as valletas entupidas, um aniquilamento completo . Depois da Varginha que é a ultima si
tuação que se encontra indo de S. Bernardo, entra-se num deserto ; e si acaso , em tempo
não remoto, ao longo desta estrada que foi a primeira arteria da provincia, existio um com
mercio activo, um trafego que jamais se interrompia, hoje nem ao menos ruinas se en
contram attestando a grandeza que já foi. Só em baixo da serra, já na ponte do Cu
batão , começam a apparecer as primeiras habitações, pondo fim a esse deserto que só o boia
deiro hoje atravessa apressadamente conduzindo o gado para o littoral .
Não haverá acaso razões de ordem politica ou administrativa que justifiquem a re
stauração desta estrada ? Ao poente desta via de communicação quasi destruida abre -se o
valle do rio Grande em largo sertão, onde ainda hoje existem vastas superficies completa
mente desconhecidas. Do lado de leste e aquem da via - ferrea ingleza inclue - se um terri
torio de fórma triangular, coberto de densa matta, um tanto encharcado e quasi sem
população alguma, entestando com as serras que limitam o valle em suas cabeceiras.
Além da estrada de ferro , e entre Mogy das Cruzes e o rio Tieté encerra-se um ter
ritorio ondeado , de solo mediocre, em grande parte coberto de campo e onde somente nos
altos morros como os do Pilar se divisam mattas intermeadas de alguma cultura. Alguns
bairros como os de Palmeira, Baruel , Guayó, Pereiras e Pilar, são outros tantos centros de
pequenas lavouras assentadas em um solo melhor e cujos productos attingem muito facil
mente os mercados da capital.
Ao longo do Tieté, e entre este rio e a linha ferrea S. Paulo e Rio de Janeiro , o
terreno não tem melhor aspecto , a lavoura tambem é quasi nulla e por isso mesmo os
pequenos povoados como Itaquaquecetuba e S. Miguel quasi nada representam economica
mente ; rodeados de campos e vargens estes velhos logarejos sem estimulo para progredir
são apenas recordações do poder que os iniciou. Antigas missões dos Jesuitas que ahi
ministravam aos nossos indios os primeiros rudimentos de civilisação, estes logares, depois
de quasi duzentos annos, não passam ainda hoje de pobres aldeas .
Passando agora ao territorio situado ao norte do rio Tieté , dentro da zona dos
estudos, mais rapidamente os descreveremos dividindo -o por secções segundo as linhas
naturaes mais salientes : 1.9 o territorio comprehendido entre o Japy, a serra de Itapetinga
e o mesmo Tieté, incluindo os valles do Jundiahy e do Juquiry ; 2.0 o territorio exterior
a este e que circunda pelo norte e nordeste abrangendo parte dos valles do Capivary ,
Atibaia e Jaguary.

A primeira região , constituida de rochas micaceas em sua maior extensão tem o aspecto
ondeado, cobrindo quasi todo o terreno um tapete monotono de campos . Differentes na
elevação e no aspecto, diversos na capacidade agricola do solo levantam -se ahi a serra da
Cantareira, o morro Grande do Juquiry e a serra de Itapetinga como ilhas de bôa ve
getação n'um oceano de campos . O valle inteiro do Juquiry desde perto das suas cabe
ceiras até o Tieté é uma só campina , acaso aqui e ali apertado por morros graniticos
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contendo melhores sortes de terreno em que se tem estabelecldo uma pequena lavoura de
A parte deste valle á esquerda da linha ferrea ingleza é então especialmente notavel
pela fraqueza das suas terras ; nos arredores do Jaraguá onde outr'ora existiram as lavras
auriferas de D. Joaquim o terreno parece mesmo esteril. Do outro lado do rio Juquiry
entre Caieiras e o Ribeirão dos Cristaes , o solo si melhora algum tanto, não parece aliás
aproveitado porquanto até a pequena lavoura é ahi muito escassa. Ao longo da linha
ferrea desde os Perús até o tunel de Belém , o aspecto monotono dos campos desertos
explica perfeitamente a imprestabilidade do solo .
O grande e prospero estabelecimento industrial do coronel Antonio Proost Rodovalho
em Caieiras, dedicado á ceramica, ao fabrico da cal , á exploração das rochas graniticas,
cujos productos abastecem a capital, é o unico centro de actividade que se vê nesta extensa
zona intermedia ao Jaraguá, o tunel de Belém e a villa da Parnahyba.
O territorio mais chegado ao Tieté e confinado pelas aguas do rio e pela corda de
morros da Cantareira é ainda um vastissimo campo, com vargens lindissimas, mas cuja
capacidade agricola é bastante mediocre. A exceptuarmos as terras altas da serra de Itapety,
perto de Mogy das Cruzes, do morro do Retiro em Santa Isabel e das serras de Itaberaba
e Bananal, que são como manchas de um terreno melhor em altitude superior a 900 metros,
todo o resto da região é uma vasta planicie onde melhor vinga o gado do que a agri
cultura . A população numerosa , mas pobre, reparte -se por pequenos povoados como Nossa
Senhora do O ', Conceição, Bom Successo, Arujá , e Santa Izabel já nas aguas que vertem
para o Parahyba. Cannaviaes de acanhadas proporções, pequenos cafezaes muito rareados,
alguns vinhedos já antigos e outros , que se desenvolvem agora com melhor aspecto , além
das plantações de milho e legumes, são os specimens da lavoura modesta desta região,
Ao norte da serra de Belém ou das Sete Voltas, no valle propriamente do Jundiahy,
o terreno nenhuma superioridade apresenta, são ainda os mesmos campos e cerradões
acaso manchados aqui e alli por alguns retalhos de matta na encosta dos morros mais
elevados. A não ser aquelles tractos de bôas terras da encosta norte do Japy, das ca
beceiras do Jundiahy -mirim , e da serra de Itapetinga , tudo mais constitue um paiz chato
e sem attractivos onde uma vegetação rareada accusa por toda a parte a natural inferio
ridade do solo .
Descendo o rio Jundialy para baixo da cidade, ao longo da linha ferrea Ituana, ainda
a inferioridade das terras se traduz na ausencia quasi completa da lavoura ; só depois da
estação de Itupeva, onde o rio atravessa um cordão de morros graniticos começam a
apparecer as grandes plantações de café cobrindo as encostas e as alturas pedregosas das
collinas. Grandes fazendas e situações prosperas se succedem então ao longo da linha
ferrea entre si disputando esta faixa de um terreno melhor, estendido de um lado até
Itú e Cabreuva e de outro attingindo o valle do Capivary para além da Louveira .
Tal é o caracter do primeiro territorio ao norte do Tieté ; estudemos agora o se
gundo que se prolonga de Campinas á fronteira montanhosa de Minas pelos valles do
Atibaia e do Jaguary . Nota-se logo que a região mudou de aspecto e forma perfeito con
traste com o territorio precedente : agora a massa das rochas graniticas e eruptivas é de
certo predominante sobre a dos schistos ou rochas sedimentares e o relevo do solo se
accentua e se caracterisa .
Tomando o curso do Atibaia , a linha mais funda desta parte do territorio, conside
remos a região em globo : aquem Atibaia , o terreno mais chato embora retalhado por nu
merosos ribeirões que fuem a Norte , é uma campina quasi continua desde acima de Bom
Jesus da Canna Verde até proximo de Itatiba, de que apenas se exceptuam a alta serra de
Itapetinga cujas encostas pedregosas são mais ferteis é a lombada de terras de mediana
elevação, á direita do Maracanã onde ha alguns bons cafezaes . Acima da cidade de Atibaia
cotada 825 metros sobre o mar, pelo curso do Atibainha que nos conduz a Nazareth , villa
pobre sobre um alto espigão de 902 metros de altitude, o terreno melhora algum tanto ;
mas é pelo valle do Cachoeira , o outro galho do rio Atibaia , que se penetra no terreno
melhor . As plantações extensas do café coroando os altos morros em altitude que excede
por vezes de 1,000 metros, o grande numero de estabelecimentos agricolas em um solo
quasi todo virgem , ou recentemente trabalhado, dão inteira superioridade ás terras do mu
nicipio de Santo Antonio sobre as de Atibaia .
De Itatiba para baixo , a serra granitica dos Cocaes , interposta ao Atibaia e ao Capi
vary, com altitude superior a 900 metros é um bello testemunho a favor da feracidade
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destas terras . A serra inteira é um immenso cafezal que se prolonga até perto da cidade
de Campinas , junto da qual passa a linha limitrophe dos terrenos de schistos estendidos
para o poente.
Além Atibaia o caracter do solo é ainda melhor : toda a corda de morros altos que
forma o espigão divisor com o Jaguary e que nos pontos mais elevados toma os nomes
de serra do Curralinho, Morro grande, Bocaina , Itapechinga, Biriçá, Barreiro, Serra das
Cabras e Morro Agudo , passando pelos municipios de Santo Antonio da Cachoeira, Bragança,
Itatiba e Campinas , toda essa faixa da largura media de 15 kilometros , de ha muito tra
balhada é ainda hoje um vasto theatro da boa lavoura do café que os entendidos , aliás,
consideram ahi já em periodo de decadencia .
Do territorio da Provincia até agora examinado é esta a porção mais rica, mais
prospera e a mais largamente desenvolvida pelo lado da agricultura. Cidades como Cam
pinas , talvez a mais rica de quantas ha no interior do Brazil, Itatiba e Bragança onde ao
progresso realisado se allia o desejo incessante de maior adiantamento , attestam cabalmente
o que vale o poder da agricultura nas regiões convisinhas de que são ellas os centros na
turaes de impulsão e de actividade .

Dentro dos limites da zona que temos esboçado ha vastas extensões de terras que
são do dominio publico .
Impossivel é dizer qual a quantidade em área que estas terras representam , o que só
um demorado processo de discriminação poderia fazer ; mas, tanto quanto nos podem
guiar informações colhidas nas proprias localidades, indicaremos os sitios onde param estas
terras alias em parte invadidas ou irregularmente occupadas.
Um facto salta logo á vista de quem percorre estas terras de propriedade do Estado
a sua fraca capacidade agricola. Como pela mór parte se encontram ao sul do Tieté na
zona dos campos a que nos temos referido , estas terras são verdadeiros retalhos de um
terreno inferior , acaso abandonados desde a remota epoca das doações e sesmarias. Assim
é que se vêm destacadas formando manchas mais ou menos largas no meio de terras de
propriedade particular, ordinariamente de qualidade superior.
A exceptuarmos a larga zona de terras acostadas á serra do Mar e que transmontam
para o valle da Ribeira de Iguape , cuja aptidão para a lavoura é provavelmente superior,
todo o mais territorio deixado ao dominio publico é de mediocre qualidade. São pela mor
parte terrenos de campo cuja fertilidade natural é fraquissima e cujo aproveitamento é
ainda hoje um problema para a lavoura .
As bellas campinas do municipio de Campo Largo , nas immediações da villa , os
campos da Itinga para as cabeceiras do ribeirão de Ipanema, um retalho dos terrenos de
matta na encosta meridional do Boturuna, ao Poente da villa da Parnahyba ; os campos
visinhos da extincta aldea de Baruery, á direita do Tieté e fronteiros ás barras dos rios
S. João e Cotia ; parte dos campos de Carapicuhyba, do Pirajuçára e de Santo Amaro,
largos trechos ao redor da capital, pelas vargens do Tieté e do Tamanduatehy ; grande parte
da extensa vargem do Baquirivú, bem como parte dos bellissimos campos das proximidades
de Mogy das Cruzes, são do dominio publico .
Ao norte do Tieté e para além da Cantareira, ao que nos consta , não ha terras de
volutas,

Theodoro Sampaio.
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GEOGRA
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SECÇÃO GEOLOGICA

Illm . Sr. Dr. Orville A. Derby, Dignissimo Engenheiro -Chefe da Commissão Geographica e
Geologica da Provincia de S. Paulo .

Proseguindo nas pesquizas que deveriam dar mais minucioso conhecimento dos ter
renos de época carbonifera que occupam uma extensa parte da área da Provincia , encon
trava sempre, para a completa definição e delimitação desses depositos sedimentarios , a
falta embaraçosa das formações bem caracterisadas e distinctas que na columna geologica
constituem os grupos infra e superpostos ao grupo carbonifero . Assim era que , pelos re
conhecimentos feitos até o fim da campanha de 1887 , limitados á zona comprehendida
entre os rios Paranapanema e Tieté , e por algumas excursões na região que fica entre este
ultimo rio e o Mogy - guassù , chegára à conclusão de que o grupo composto de grêz,
schistos e calcareos silicosos de edade carbonifera, assentáva sobre uma formação de grêz
de possança consideravel, até certo ponto de caracteres petrographicos constantes, porém ,
sem apresentar organismos fossilisados que indicassem precisamente a época de sua depo
sição . Do outro lado sobre as formações carboniferas assentam possantes massas de um
grêz, em geral molle e vermelho , cortado por diques, alternando , e ás vezes coberto de
grandes lençóes de uma rocha eruptiva -- augito -porphyrito ser
Esta formação, que deve
tida na mais alta importancia, não só pelo extraordinario desenvolvimento de sua occur
rencia , por uma extensa e larga faxa desde a Republica Oriental até as cabeceiras do rio
Paraná ( 1), como ainda pela proverbial fertilidade da terra-rôxa que resulta da decompo
sição das diversas variedades do augito -porphyrito, tambem não nos tinha offerecido ainda
referencia alguma paleontologica : apenas por analogias petrographicas e pelo modo de oc
currencia das rochas, tinhamos a vossa esclarecida supposição de ser ella parte do grupo
triassico ou permiano .

Foi attendendo á primeira dessas lacunas que ne ordenastes no começo da cam


panha que ora finalisamos, fosse, partindo de um dos pontos do nosso horisonte carbonifero,
a rumo proximamente de S. O. até as divisas com a provincia do Paraná, e mesmo por
em busca das relações que prendem o grupo carbonifero paulista a
formações de edade determinada, cuja existencia antevieis naquella região por vossos as
tudos em uma parte da provincia do Paraná .

Em meiados de Maio , partindo da estação de Bacaetava , e procurando sempre fazer


o reconhecimento de estradas e regiões ainda não percorridas, dirigi-me por Tatuhy, Gua

(1) Contribuição para o estudo da Geographia Physica do Valle do Rio Grande, por Orville A , Derby.
22

rehy e Espirito Santo da Boa Vista , descendo o valle do rio Guarehy , a atravessar 0 Pa
ranapanema na barra deste ultimo rio ; dahi á Lagoa -grande, Faxina , Lavrinhas , S. João
Baptista do Rio Verde , Capella dos Barbosas , S. José da Boa Vista e Jaguariahyva.
De volta , passando por S. Pedro do Itararé, Pirituba, Faxina, Paranapanema, S. Miguel Ar
chanjo e Pilar, cheguei a Sorocaba em principios de Julho. Entre outras digressões e irra
diações que fiz de diversos pontos desse itinerario , no intuito de colher a maior somma
de dados sobre as formações, e mesmo topographicos, citarei : as que fiz da margem esquerda
do Paranapanema, a rumo de O. até cerca de 18 kilometros a 0. de Bom -Successo , atra
vessando o espigão elevado que divide as aguas do Taquary das do Apiahy e das dos
pequenos affluentes da margem esquerda do Paranapanema, e que nas suas ramificações
para N. dá as pequenas aguas dos ribeirões de Santa Helena, Anta Brava, Poças , etc. , para
o rio Paranapanema ; da Faxina seguindo as principaes estradas n'um raio de cerca de 15
kilometros ; de S. José da Boa - Vista seguindo pelo ribeirão do Herval até os campos altos
que fazem a divisa das aguas do rio Itararé com as do rio das Cinzas, etc.
De todos os caminhos percorridos fiz o levantamento topographico , acompanhado de
um perfil a aneroide, attendendo ainda á ligeira indagação dos melhores pontos que devam
servir á triangulação daquella parte da Provincia.
Apenas caberia n'um relatorio especial, que não nesta ligeira noticia, a enumeração
de todos os dados colhidos nessa excursão ; apontarei somente alguns mais salientes pelas
consequencias que delles dimanam :
Da estação de Bacaetava, que fica na depressão que o rio Sorocaba vae cavando
sobre os grêz e schistos argillosos, sem silex , desde a cidade daquelle nome, caminha-se por
pequeno espaço sobre esses grêz e schistos para encontrar logo , desde o rio Tatuhy, os
schistos com silex, sós ou acompanhados dos calcareos silicosos e fossiliferos que constituem
o nosso horizonte carbonifero bem determinado. Esta formação estende -se, pela zona do
nosso trajecto, até o rio Paranapanema, e mesmo na sua margem esquerda existe, n’uma
faxa de mais de 40 kilometros de largura, até abaixo da villa de Bom Successo . Em al
gumas localidades é ella melhor caracterisada pelo apparecimento dos fosseis , aliás sempre
escassos e muito mal conservados, porém , ainda assim identificando a formação. Entre
outras muitas, citaremos : o alto que faz a divisa das aguas do rio Tatuhy das do Gua
rehy (cerca de 710 " de altitude), denominado- Serrinha do Fonseca -- onde apparecem ,
pouco abaixo de uma delgada camada de calcareo silicoso róseo, alguns fosseis silicificados,
como madeiras de Coniferas, folhas de Lepidodendrons e conchas mal conservadas ; nas
circumvisinhanças do Guarehy, e dentro mesmo da freguezia , ( cerca de 600 m de altitude),
os mesmos fosseis e alguns Lepidodendrons, em diversos pontos proximos á freguezia do
Espirito Santo da Boa Vista , os mesmos fosseis ; e, cerca de 10 kilometros a 0. desta
freguezia , descança sobre os schistos uma camada de calcareo branco , contendo reptis
fosseis do mesmo typo e acompanhados dos mesmos crustaceos que apparecem nos cal
careos de Itapetininga, Tieté , Piracicaba , Rio Claro , Limeira, etc.
Em diversos affluentes e no proprio leito do rio Guarehy madeiras fosseis, e appare
cimento muito frequente dos schistos carbonosos pretos que fazem parte da mesma for
mação.
Nos affluentes da margem esquerda do rio Paranapanema, como ribeirão da Anta
Brava , ribeirão das Poças, e corrego da Machina em Bom Successo , tambem fragmentos
de Coniferas e Lepidodendrons.
Nos trechos em que , por falta de cortes ou excavações naturaes, não ha exposição
das camadas da formação, ainda nos ficam alguns caracteres geraes do solo , a que apenas
damos o valor de indicios, inas que entretanto nesse espaço se reproduzem quasi geral
mente : o sólo apresenta -se em geral muito pouco accidentado, apenas com as depressões
produzidas por erosões proporcionaes ao volume d'agua dos rios, como sóe acontecer
n'essas formações de sedimentos horizontaes. Demais, em contraposição ao grêz sem silex,
produzem em geral os schistos argillosos carboniferos, e muito principalmente os calcareos,
uma camada vegetal de muito mais fertilidade, nas zonas de matto ; e mesmo nos campos
hoje existentes parece que o sólo se deve prestar com pequeno trabalho a culturas espe
ciaes ; assim acontece com os campos em torno de Guarehy e de Itapetininga, e os que
vimos na margem esquerda do Paranapanema, onde a terra vermelha argillosa dos schistos
fornece uma vegetação menos aspera , e sem o enfezamento dos cerrados e campos seccos
dos grêz da formação sem silex .
23

Emquanto caminhando para 0. os grêz molles com augito -porphyritos do grupo acima
alludido formam uma coberta quasi continua ao grupo carbonifero, na direcção que agora
seguimos encontramol-os apenas em pequenos maciços isolados, verdadeiras sentinellas des
tacadas da grande chapada do Rio Novo, Botucatú , Brotas , etc. Assim a N. O. do Gua
rehy , fica uma série desses morros com a altitude média de cerca de 800 m , todos com
sua fórma caracteristica devida ao modo de esborôamento dos grêz e porphyritos, em geral
cobertos de sólo de terra roxa, onde com grande vantagem cultivam o café naquella loca
lidade . Na estrada que vae ao Rio Bonito, começa essa formação a cobrir os schistos, 6
kilometros a N. N. E. da villa do Guarehy ; é o começo do Morro dos Andrades .
Entre Guarehy e Espirito Santo , quasi a chegar a este ultimo povoado, é tambem a
formação carbonifera encoberta por um serrote destacado que, alinhando -se com os prece
dentes na direcção de S. 0. a N. E. , estende -se desde as margens do rio Itapetininga
até proximo ás do Guarehy. E ' a serra do Espirito -Santo ou do Palmital, que na estrada
que seguimos denominam da Conquista . O grêz alterna com as porphyritas de augito,
e cobre -as na chapada do serrote onde attinge a altura de 800 metros, na face de S. E. ;
mas na encosta N. O., as porphyritas derramam -se sobre os schistos silicosos da formação
carbonifera , que ahi logo recomeçam .
Na margem esquerda do Paranapanema, no espigão que divide as suas aguas das do
Taquary ( com uma elevação de cerca de 670 metros ), a formação carbonifera, com uma
espessura maior exposta , é tambem cortada por diques e lençóes de porphyrita de augito,
que dão a excellencia das terras altas de cultura n'essa parte da provincia , onde em varios
pontos os campos são visivelmente successores de mattas n'um solo de terra- roxa .
Subindo a rumo de S. por esse espigão , entra -se de novo , cerca de 40 kilometros
do rio Paranapanema, na região dos grêż inferiores ao horizonte carbonifero com fosseis,
que deixaramos perto de Bacaêtava, e que ahi são cortados por diversos diques de augito
porphyrito.
Ao approximar da Faxina, já nos cursos d'aguas que fazem as cabeceiras do rio Ta
quary (na altitude de cerca de 650 metros) apparece uma nova formação : um grêz branco
maciço de camadas horizontaes mais possantes do que nos do typo até então encontrado ,
levanta - se do cursos d'agua em escarpas abruptas ; e essa forinação vac tomando vulto na
região a S 0. da Faxina quando se procuram as divisas com a provincia do Paraná.
E' ella que dá o caracteristico de todos os rios que nessa area descem quasi a rumo de
N. a entrar no Paranapanema : 0 Taquary e o Pirituba seu affluente, o rio Verde, o Itararé,
o Jaguaricatú e o Jaguariahyva, formando a bacia do Itararé, ao que poude observar,
atravessam todos essa formação, com uma feição topographica especial e interessantissima.
Nascidos na região dos schistos inclinados e mais ou menos metamorphisados, que com
grandes massas de granito constituem a serrania denominada de S. Roque, S. Fran
cisco , de Paranapiacaba e prolongam -se até cerca da cidade de Castro , entram ess es rios
esses
na alludida formação talhando verdadeir os cañons, por vezes tão profundos (de 100 metros
e mais ) que se torna impossivel chegar ao seu leito . Muitas vezes o rio passa desappare
cido sob um solo hoje coberto de vegetação por espaço de algumas centenas de metros ,
como acontece em alguns pontos do Itararé, para cima da barra do Jaguaricatú . Em todos
os pequenos affluentes nota-se proporcionadamente o mesmo phenomeno. A facil desag
gregação de um tal material dá ainda origem a formação de cavidades mais ou menos profun
das (caldeirões) no leito dos rios . Em quasi todos esses rios têm sido encontrados , principal
mente nos caldeirões , depositos de cascalho diamantifero . Tudo leva a crer que as pe
quenas pedras encontradas são arrancadas desse grêz onde acharam ellas sua segunda col
locação a par do material desaggregado mais resistente que veio constituir o grêz .
Penetrando no Paraná vimol- a crescer de espessura até onde chegamos, na divisa das
aguas dos rios Itararé e das Cinzas, onde n'uma altitude superior a 1.100 metros , os campos,
muito mais favoraveis á criação , são sempre constituidos pelo mesmo grêz branco alternando
aqui e alli com schistos argillosos e cobertos em certos pontos por uma formação recente
de conglomerato cimentado por limonita. E' certamente esta formação a mesma que se
prolonga a S. pela provincia do Paraná, com o nome de Serrinha, constituindo um degráo
escarpado sobre a chapada de Corityba, e que descreveis na vossa « Memoria sobre a geo
logia da região diamantifera da Provincia do Paraná ».
Foi nessa região que tivemos o prazer de ver realisada a vossa previsão da existencia
de terreno devoniano bem caracterisado .
24

Descendo dos campos altos do Barreiro para Jaguariahyva, n'uma escarpa de grêz
branco maciço com intercallações concrecionadas de limonita , de mais de 100 metros de
altura, para o ribeirão do Gerivá affluente do Jaguariahyva, por baixo dos grêz uma es
pessura de cerca de 30 metros de schistos argillosos e grêz schistosos com finas camadas
de limonita chega até o nivel do ribeirão ; foi no meio desses schistos que encontrei os
fosseis de edade devoniana que , depois de estudados, deverão servir- nos de valiosa referencia.
Os generos ahi encontrados são principalmente: Vitulina (em grande abundancia) Rinchonella
Spirifer, Discina , Chonetes, Strophodontes, e trilobitas dos generos Dalmania , ou talvez,
Phacops, etc.
Essa formação parece assentar e mesmo alternar com os grêz e schistos argillosos
sem silex, inferiores ao carbonifero, e que se estendem continuadamente por Paranapanema,
S. Miguel Archanjo , Pilar, Sorocaba e İtú , formando a borda da bacia dos sedimentos ho
rizontaes a que nos temos referido ; entretanto não nos foi possivel nesse reconhecimento
estabelecer positivamente a relação que os prende por falta de boa exposição continua.
Proximo ao passo do rio Pirituba ainda encontramos sob uma espessura consideravel
do grêz branco da Serrinha, schistos argillosos e arenosos analogos aos fossiliferos, porém
debalde procuramos restos organisados. Assim ainda nos resta por estudos mais mi.
nuciosos precisar a ligação de taes depositos , aliás muito provavelmente partes do mesmo
grupo Devoniano.
Caminhando da Faxina a rumo de S. , os grêz encostam -se logo , a 7 kilometros, pro
ximo á estrada que vae a Ribeirão Branco, nos schistos argillosos inclinados da Serra de
Paranapiacaba. São estes schistos em tudo analogos aos da Serra de S. Roque atraves
sados pela linha Sorocabana. Alternam , como elles , com camadas de um quartzito impre
gnado de silicatos magnesianos, mostrando nos leitos e planos de junta o aspecto unctuoso
do talco (quartzito do tunnel de Inhoahyba ) ; com um calcareo verde muito silicoso impre
gnado dos mesmos silicatos magnesianos (marmore verde do Pantojo) ; e tambem com ca
madas de um calcareo escuro ou preto impregnado de substancia carbonosa , com veias spa
thicas, igual aos da Serra de S. Francisco, Pantojo e Ypanema, etc. A direcção geral
desses schistos e calcareos é N. 75.0 L. entretanto, localmente , quer na pedreira do cal
careo preto para fabricação de cal , quer no ponto onde exploram o calcareo verde para
lages , encontrei-lhes uma direcção de N. 30.0 L. mergulhando de 55.0 para N. 0 .
No valle do Itararé ainda apparecem os mesmos schistos e calcareos a cerca de 15
kilometros acima da freguezia de S. Pedro .
Faxina até Sorocaba é sempre a mesma formação de grêz horizontaes , approxi
mando -se a estrada ora mais ora menos da orla da bacia ; ás vezes chegando a penetrar
nos schistos inclinados e maças de granito que os acompanham , como acontece entre Pilar
e Sorocaba no valle do rio Sarapuhy. Na villa de Paranapanema fica tambem a cerca de
10 kilometros a S. E. a formação dos schistos e calcareos, donde descem as aguas que
vão constituir o rio Paranapancma.
No Pilar a orla passa mesmo na freguezia, onde os schistos horizontaes de grã -fina
(coticulares ), descansam sobre schistos micaceos altamente sublevados, que se estendem
para L.

Do dia 9 de Julho até 22 desse mez, occupei-me do estudo mais minucioso do ma


ciço de Araçoyaba, percorrendo os cortes da Estrada Sorocabana que lhe circumda as
fraldas de N.E. , desde a ponte do rio Sorocaba ( no kilom . 108) até a estação de Bacaetava,
fazendo observações estratigraphicas e o levantamento topographico da parte dessa região
não percorrida . Comquanto ainda não estejam construidas as plantas e perfis que devem
melhor esclarecer a constituição da montanha , nem ainda estudados os elementos mal con
servados que alli se offerecem ao geologo, todavia temos já com o vosso auxilio estudos
começados que deverão em memoria especial dar conta do apparecimento dos depositos
de magnetita que alli são explorados para fabricação do ferro .
O maciço de Araçoyaba, constituido, ao que parece, em sua maxima parte dos
schistos inclinados com calcareos e granito identicos aos da Serra de São Roque e São
Francisco , deveria constituir uma elevação immersa proximio á borda da bacia , ao tempo
em que se deposeram os grêz e schistos devonianos ou carboniferos que enchendo a zona
quasi de nivel que hoje o circumda, tambem o revestio pelas encostas e até o alto de pos
santes formações de grêz e chistos horizontaes . Sómente por phenomenos de desloca
- 25

mentos posteriores, produzindo as falhas que alli parecem existir , é possivel explicar a ele
vação relativa das escarpas de grêz. e puddingas que se apresentam principalmente na face
L do massico .
De ha muito buscavamos a origem do mineral de ferro, procurando encontral - o de
um modo positivamente seguro no meio das massas eruptivas que lhe deviam ter servido
de vehiculo. Debalde , seguindo as descripções de Varnhagen e Eschwege, haviamos pro
curado os sitios a que se elles referem . Além da profunda decomposição do sólo , a ves
timenta deste com capoeiras cerradas, foram até então o maior embaraço. Felizmente ,
porém , nesta ultima estadía , tivemos a fortuna de encontrar uma das alludidas veias, na
margem esquerda do ribeirão do Ferro , cerca de 400m . abaixo da officina de preparação
mecanica do minereo. Vós mesmo a vistes ultimamente em rapida excursão . E ' um largo
dique de rocha eruptiva , hoje muito alterada e transformada em uma substancia inteiramente
analoga á que produz a decomposição do pyroxenito de Jacupiranguinha, contendo muito
quartzo, provavelmente de formação secundaria , e contendo nodulos de diversos tamanhos
e veias do mineral de ferro. Os estudos comparativos dessa rocha com os elementos
muito mais positivos das jazidas de Iguape, poderão vir talvez explicar cabalmente a oc
currencia do mineral .

Do dia 22 de Julho até principios de Agosto percorri a zona por onde se estendem
as jazidas de calcareo na face N.O. da serra de S. Francisco, acompanhando -as no curso
do rio Pirapora até o bairro do Salto, e voltando d'ahi a Sorocaba, tendo feito o levan
tamento topographico de todos os caminhos ainda não percorridos .
Partindo de Sorocaba a rumo de S. pela estrada que conduz á Piedade, deixa-se logo
ao sahir, a zona de grêz horisontaes, e entra-se nos schistos argillosos inclinados de que
se compõe a serra ; no meio desses schistos apparecem logo ao começar a subida da serra,
na altura em que o rio Sorocaba faz o salto do Voturantin , estratos da mesma rocha ex
posta n'aquella cachoeira com uma espessura superior a 50m ; é um quartzito duro, geral
mente massico , em alguns logares laminado, tendo a massa entretecida de laminas e ag
gregações de mica (Biotita ), que por vezes tomam tal desenvolvimento que o producto da
alteração é pela mór parte argilla . Além da mica encontram -se nesses schistos de quartzo,
cristaes de turmalinas, pequenas laminas de oligisto , apatita, etc. , tudo indicando elevado
gráo de metamorphismo.
Depois continuam os schistos argillosos, cortados em diversos pontos por diques de
um diorito que tambem apparece em outras estradas divergindo de Sorocaba entre os
rumos de S. e S. E.
A cerca de 12 kilom . de Sorocaba , entra -se na zona dos calcareos , que ahi são ex
plorados para o fabrico da cal por 7 ou 8 pequenos productores, constituindo entretanto
activo commercio de exportação d'aquella cidade .
As jazidas que visitámos alinham -se n'uma direcção geral de N. 700 L. por extensão
de cerca de 30 kilom .; a extrema de L. sendo a do Pantojo, e a ultima de O. a do Salto
de Pirapora, sem fallar no calcareo de Ypanema da mesma natureza e com a mesma orien
tação , mas que faz parte d'um massico destacado, verdadeira ilha no meio dos grês hori
sontacs sobrepostos aos schistos inclinados.
Em todas ellas o material é o mesmo calcareo quasi preto por mistura de substancia
carbonosa , tendo aqui e alli veias de calcita , e em alguns pontos, como no Salto de Pi
rapora veias spathicas de carbonato de cal, magnesia e ferro. Algumas vezes o calcarco é
mais silicoso , magnesiano, produzindo cal muito magra .
Em geral , porém , a cal é gorda e de bôa applicação nas construcções aereas .
A sua direcção é em geral a mesma dos schistos que os comprehendem : N. 700 L. ,
mergulhando de 500 a 700 para N. O.
Subindo o rio Sorocaba , na zona em que elle atravessa os calcareos , encontra - se na
parte inferior destes , uma camada possante ( de cerca de iom ) de um calcareo branco
massico , de granulação fina , um tanto saccharoide, e que se pode prestar aos empregos do
marmore .
D'ahi para cima é o trecho encachoeirado do rio, que desce a serra sempre sobre um
granito côr de carne semelhante ao do Salto de Itú : massa principalmente constituida de
-- 26

orthoclase côr de carne, e de muito quartzo, ás vezes leitoso , m muito pequena pro
porção de Biotita . E ' provavelmente devida ao contacto a presença do calcareo branco .

Do dia 9 de Agosto até o ultimo d'esse mez , saindo de Sorocaba, dirigi -me pelo
bairro do Jundiácanga, á villa do Sarapuhy, bairro dos Cocaes , freguezia do Pilar, e d'ahi
á villa da Piedade ; d'onde passei a percorrer em differentes sentidos a parte da chapada
da serra comprehendida entre a estrada de ferro Sorocabana ao N. , a estrada que vae de
Piedade a Una ao S., o rio Pirapora a O. , a estrada de Una a São Roque a L .; depois,
do bairro do Campo Verde de baixo atravessando para Pantojo , empreguei os ultimos dias
do mez em examinar os cortes da linha Sorocabana entre as estações de Pantojo e Sorocaba :
Na zona do nosso percurso encontramos sempre os mesmos grêz molles mais ou
menos argillosos, ás vezes schistosos, contendo aqui seixos de quartrito e de granito , alli
concreções de pyrites de formas exquisitas, a que o vulgo dá o nome de fructos petrificados.
Nunca , porém , n'esses grêz pudemos encontrar fosseis. Em alguns pontos, como no passo
do rio Ypanema, o granito está desnudado, apparecendo a superposição dos grêz aos gra
nitos . Em outros apenas grandes blocos de granito mostram a proximidade da borda da
bacia . Proximo á villa de Sarapuhy, apparece sobre o grêz uma formação recente de
conglomerato ferruginoso cimentado por limonita. Finalmente, no Pilar entra -se para uma
zona de schistos micaceos, cortados por veias de quartzo ás vezes pyritoso, outras vezes .
impregnado de oxydos de ferro e manganez. Para o S. do Pilar, notamos nos schistos
micaceos a direcção N. 350 L. , mergulhando de 750 para L.
Saindo do Pilar a rumo de L. vae sempre a estrada sobre os schistos mi
caceos por espaço de 6 kilometros, apparecendo varios despontamentos de diorito na
massa dos schistos ; depois começa um granito de duas micas que passa a ser muito
quartzoso na descida para o rio Turvo. Atravessa-se este rio na zona em que elle desce
da serra por saltos repetidos , que n'esse ponto são todos sobre um granito de grã - fina,
de elementos de orthose pouco definidos, e de uma só mica ( Biotita) em pequena pro
porção .
Pouco adiante, descendo para o valle do Turvinho, o granito carrega -se de turma
linas, e continúa com pequenas variações na estructura até cerca de 18 kilometros, onde
reapparecem os schistos micaceos quasi verticaes , dirigidos N. 20 ° L., mergulhando para
L. , interrompidos por grandes bossas ou diques de granito que parecem tambem orien
tar-se segundo a direcção dos schistos micaceos .
Ao descer para o rio Sarapuhy, que ahi corre tambem em cachoeiras sobre granito
de maiores cristaes , notam -se atravessando esta rocha , pequenos diques de diorito quartzoso,
carregado de pyrites.
Passando o Sarapuhy, continuam os mesmos granitos por cerca de 2 kilometros ; ahi
torna -se a rocha de grã muito mais grosseira com grandes e bem formados cristaes de or
those (olho de sapo) . Seguindo sempre sobre o granito, ora reduzido a saibro , ora a ar
gilla vermelha, apparece por vezes o schisto micaceo formando verdadeiras faxas entre a
grande massa do granito , ahi, porém , com a orientação mais proxima da dos schistos ar
gillosos N. 650 L.
O ponto mais alto (915m ) divisa das aguas do Sarapuhy das do Pirapora , 6 kilo
metros antes da Piedade, é ainda do granito do ultimo typo . Apenas cerca de 1 kilo
metro antes de chegar á villa, apparecem os schistos micaceos sempre cortados pelo mesmo
granito de 2 micas que ainda apparece na villa.
Saindo de Piedade (cerca de 750 m de altitude), a rumo de N. N. E. continuam os
schistos micaceos dirigidos a N. 250 L. por cerca de 3 kilometros ; ahi começam os gra
nitos amphibolicos porphyroides com cristaes de orthoclase até de om , 10 de comprido ;
depois de 4 kilometros sobre esta rocha, toma ella a estructura gneissica com a direcção
N. 600 L. Cerca de 1 kilometro adiante, recomeçam os schistos micaceos com a orien
tação normal de N. 700 L. , mergulhando de 750 para S. E. E vão os schistos micaceos
nesse rumo até o rio Sorocaba. Mesmo n'uma elevação a O. da estrada , o ponto mais
alto das circumvisinhanças, dividindo aguas do Pirapora das do Sorocaba ( 885 m) , são ainda
os schistos micaceos com a mesma orientação .
- 27

Na margem do Sorocaba, junto á ponte do Taboão , apparecem ainda camadas d'um


calcareo magnesiano esverdeado muito silicoso, com a direcção N. 80° L. A associação
desta rochia com os granitos amphibolicos e a sua posição fazem -nos antes suppol- a a
continuação das camadas de S. Roque. Com effeito nas circumvisinhanças desse ponto o
granito amphibolico espalha -se entre os schistos micaceos por uma área de cerca de 4 kilo
metros de largura, tomando frequentemente a estructura de gneiss .
Subindo o rio Sorocaba, são ora os schistos micaceos, ora o granito amphibolico ;
no ponto em que existiu antigamente a ponte do Quilombo, apparece no leito mesmo do
rio o granito amphibolico com estructura gneissica .

Depois, acompanhando o sopé do pequeno massico a que denominam especialmente


Serra de S. Francisco , não se encontra por essa estrada bộa exposição de rochas; mas
quasi ao chegar á ponte do Sorocaba em Campo Verde , apparecem ainda os schistos mi
caceos . Faltando depois rochas expostas , por uma região toda de mattas ou sapesal , só
mente já a 5 kilometros de Pantojo apparece um grande despontamento de diorito, ás
vezes porphyritico, cortando os schistos argillosos que dahi para diante vão sem interru
pção até Pantojo.
Outra secção da serra na encosta de N. 0. é fornecida pela linha Sorocabana que
percorremos da estação de Pantojo até a de Sorocaba . Comquanto a direcção geral de
1. a O. que tem a estrada nesse ponto , faça cortar muito obliquamente as formações que
constituem a serra, orientadas a L. N. E. , muitas vezes acompanhando a mesma camada ;
todavia , vencendo uma altura de 275 m em 30 kilometros, fornece boa somma de dados
para o estudo da constituição da serra . Estudado o material colligido, e construidas as
plantas e perfis da região que fica entre S. Roque, Una, Piedade, Sorocaba e linha Soro
cabana, teremos um contingente a addicionar aos estudos mais detalhados do nosso collega
Dr. Oliveira, sobre os terrenos que a linha Ingleza córta de S. Paulo a Jundiahy, e sobre
aquelles que demoram para 0. entre os rios Juquery, Tieté e Jundiahy . E ' por esse meio
que devemos estabelecer a relação entre as multiplas variedades de granito ahi existentes,
e a funcção geologica de cada uma dellas , bem assim as relações entre os granitos e as
rochas eruptivas bazicas que os prendem aos terrenos sedimentarios de diversas edades,
para definir a posição relativa dos sedimentos levantados que , parece, deverão ser desta .
cados em dois grupos : o mais metamorphisado, dos schistos micaceos, e o que menos o é,
dos schistos argillosos contendo depositos de calcareo carbonoso. E ' por isso que nestes
apontamentos registramos apenas os factos , deixando as definitivas conclusões para traba
balhos especiaes que temos de confeccionar.
Da chave do Pantojo (kilometro 77 +900) á estação de Piragibú podemos dizer que a
grande massa dos terrenos atravessados é constituida de schistos argillosos com grande in
clinação approximando-se muitas vezes da vertical, mas com uma direcção geral de N. 700
L. mergulhando de 45 até 80.0 para N. O. Em alguns pontos os schistos são assetinados,
em outros apresentam mesmo os caracteres da ardozia , mas em nenhuma das secções ap
parecem verdadeiros micaschistos, nem mesmo os schistos micaceos que encontramos na
chapada da Piedade.
Frequentemente são os schistos atravessados por veieiros de quartzo, e interstratifi
cados com camadas de quartzito ou mesmo de um schisto tão quartzoso que passa a
quartzito .
No kilometro 80 + 400, vê- se intercallado nos schistos um affioramento de calcareo
cinzento esverdeado, muito silicoso com veias brancas, e de textura semi-cristallina ; deve
ser o prolongamento do calcareo verde metamorphisado de Pantojo .
No kilometro 84 +800 n'uma das faces do córte vê-se a mancha de um desponta
mento de rocha eruptiva ( provavelmente amphibolica) e camadas de um material de de
composição muito semelhante ao do calcareo verde do Pantojo . Continuam os mesmos
schistos até a estação de Piragibú, no kilometro 88 + 100. A 1.500 m a L. N. E. da estação
fica uma pedreira que serviu ao revestimento do tunnel de Piragibú . E' um quartzito muito
laminado com desenvolvimento nos planos de laminação, e mesmo por toda a massa , de
um mineral micaceo, unctuoso , sem elasticidade (Sericita ?' , raramente acompanhado de pe
quenas laminas de oligisto . Correndo com uma direcção de N. 800 L. é essa mesma ca
mada que se atravessa no pequeno tunnel de Inhoahyba ( kilometro 90 + 50 ) com uma es
pessura de 30m .
28

No kilometro 91-7400 ( altitude de 720m ) apparece pela primeira vez uma pequena
enseada dos grêz e schistos horisontaes que mais para baixo vão tomando vulto, e na
baixada do Sorocaba cobrem quasi completamente as formações que até aqui temos en
( contrado.
No kilometro 91 + 700 já os schistos inclinados vão á mostra até kilometro 92 + 520
a 700m . de altitude), onde apparecem elles cobertos pelos grêz horisontaes.
No kilometro 96 + 900, comquanto muito alterada, a rocha parece um verdadeiro
schisto micaceo com a direcção N. 25.0 L. , mergulhando de 82.0 para L.
Logo adiante começam os quartzitos do Voturantim a que acima nos referimos , diri
gidos de L. a 0. , e que apezar de não serem expostos continuadamente, parecem estender- se
até kilometro 97 +100, onde começam alluviões até a chave do Passa-Tres (kilometro 98+
650) , onde entra - se na região do granito , (na altitude de cerca de 600 metros) que aliás já
em muitos dos altos marginando a estrada apparecêra cercado pelos schistos. O granito é
de grandes elementos, de facilima desaggregação dando um saibro em que os elementos
se conservam quasi inalterados ( olho de sapo).
No kilometro 102 + 500, é esse granito cortado por um dique de porphirita de augito
de grandes cristaes, com 8 metros de possança e dirigido a N. 35.0 0. Depois a linha corta
sempre o mesmo granito até kilometro 103 +700 , onde voltam os quartzitos do Voturantim
que vão quasi sempre á mostra até ser encobertos no kilometro 104 pelos grêz horizontaes ,
ora schistosos , ora massicos, ora cheios de concreções de pyrites.
D'ahi , com pequenas intercallações dos schistos inclinados , são sempre os grêz hori
zontaes do rio Sorocaba, que se atravessa no kilometro 107 + 940 na altitude de 532 metros .
No kilometro 108 +800 está um granito de Muscovita que mais para N. carrega- se
de turmalinas e passa mesmo a um hyalo -turmalito. E ' esse mesmo granito que no kilo
metro 112 + 650, além da estação de Sorocaba, torna a interromper o grêz por pequena
extensão ; nelle tem apparecido em veias de quartzo pequenos cristaes e ninhos de chal
copyrite.
Entra d'ahi por diante a linha francamente na zona dos grêz que descrevemos na des
cida do rio Sorocaba, e que fazem o solo de todo esse trecho da margem esquerda do rio ,
coberto de campos e cerrados.

No dia 12 de Setembro segui , acompanhando o nosso collega Dr. Aguiar, para o


Salto de Itú , onde embarcamos no dia 14 para effectuar a descida pelo rio Tieté , desde
aquelle local até a barra do Sorocaba .

No levantamento topographico e reconhecimento geologico desse trecho do rio, gas


tamos 13 dias, desembarcando na barra do Sorocaba a 27 de Setembro .
O rio tem n'esse trecho uma largura média de 80 a gom . com a profundidade , aliás
muito variavel, de 3 a 4m ., e desenvolve -se pelas sinuosidades n'uma extensão de 172 ki
lometros.

Sob o ponto de vista da navegabilidade, tem esse trecho do rio uma divisão natural
pelas cidades que banha : Porto Feliz e Tieté.
Do Salto de Itú á cidade de Porto -Feliz , segue o rio a rumo geral de L. a O. , por
uma extensão de 55 kilom . Um grande numero de corredeiras e mesmo cachoeiras tornam
por demais difficultosa a navegação. Além de muitas corredeiras , das quaes são mais im
portantes : a da Ponte-velha, a do Bispo, a do Burú ( em frente á barra do ribeirão do
mesmo nome), a do Caiacátinga (pouco acima da foz do ribeirão) , a do Caramby, a do
Itapuá , a de Jacúrupava, a do Limoeiro, e a do Engenho d'agua , ha um grande numero de
As ca
razíos e pedras altas no leito do rio , que seriam obstaculos de grande alcance.
chociras são :
a do Atuahy, pouco acima da barra do ribeirão do mesmo nome, com um desni
vellamento de cerca de 1m.50 na extensão de 250m .: um travessão ou degrao de grêz
dirigido quasi normalmente ao curso , produz um salto de 0 , m 60 para a esquerda , ao passo
que o rio alarga -se a 200m deixando apenas um estreito canal junto á margem direita , de
corrente impetuosa e eriçado de pedras ;
29

a do Itúpocú , por cerca de 6oom ., com um desnivellamento de cerca de im.20. Ha


um travessão na cabeça da corredeira, e para baixo um grande numero de pedras que , com
o alargamento a 150m., reduzem a profundidade do rio a menos de 0 ,m.40 : a rocha é um
grez com seixos de granito ;
a do Salvador-Corrêa , onde por cerca de 200m. ha um desnivellamento de cerca de
0 ,m.80 ; tambem é um degrao de grez que faz a cachoeira ;
a do Pompeo (ou do Avacucaya ), tambem de grez , e com um desnivellamento apenas
de 0,m.50 por 150m ;
a do Prudente (ou Avarémandoava -mirim ), constituida por um dique de augito -por
phyrito que corta o grez a N. 200 O. , com um desnivellamento de cerca de 1 , m.20 por
espaço de 200m .;
finalmente, a cachoeira do Juquiá, na ponte de Porto -Feliz, (ponte de Capivary ), em
que por uma extensão de 1.500m . o rio é completamente cheio de grandes blocos do mesmo
grez que logo abaixo forma o paredão da margem esquerda , sobre o qual se acha situada
a cidade de Porto -Feliz ; o desnivellamento total deve ser superior a 3m.

De Porto Feliz a Tieté melhoram um pouco as condições de navegação, concentrando -se


as difficuldades apenas em alguns pontos . A extensão é de 64 kilometros, dirigindo- se o rio
a rumo geral de O. N. O. As corredeiras principaes são : Acanguéra -grande, Acanguera
mirim , Itanhaen , Tiririca, do Machado, Sabaúna, Bojuy, e a dos Pilões. As cachoeiras são :
a do Jacob , de cerca de im. de desnivellamento por 300m .; abaixo desta cachoeira o
rio estreita -se , e as grandes massas de um grez mais compacto reduzem a largura d'agua
canalisada a 20m .;
a do Avarémandoava de pequena extensão , cerca de 50m ., onde um dique de augito
porphyrito de 3om . de largura dirigido a N. 60.0 L. , produz um desnivellamento, em canal
apertado , de cerca de im .;
a de Itagassava-guassú , onde um cordão de grez , dirigido a N. 45.00 , produz um des
nivellamento om .,8 em menos de 40m .;
a do l'irapora -mirim , dique de augito -porphyrito de 20m . de largura dirigido a N. 40. ° 0 ,
produzindo um desnivellamento de cerca de om.60 por extensão de room .;
a cachoeira de Pirapora , constituida por um porphyrito de gră grossa cortada por
diques de outra de grã mais fina ; a quéda total por cerca de 400m . é de 3m .; tendo a quéda
principal im . , 60 por cerca de 6om . E ' de todas as cachoeiras n'esse trecho do Tieté aquella
cuja força hydraulica poderá mais facilmente ser aproveitada .

Da cidade de Tieté até a barra do Sorocaba , o rio muito sinuoso , principalmente


logo abaixo da cidade , e com um desenvolvimento de 54 kilometros no rumo geral de N. O. ,
não offerece obstaculos de maior monta ; apenas algumas corredeiras, das quaes são mais
importantes :
a do Garcia , em que um cordão quasi de L. a 0. produz um desnivellamento de om.30
por espaço apenas de com .;
a do Mathias Peres ;
a de Itapema- guassú, cordão tambem de L. a 0. desnivellamento de om . 40 por cerca
de 15m .;
e a de Itapema-mirim , cordão a N. 55.00 , com um desnivellamento de om . ,40 em menos
de 20m ..

Sob o ponto de vista geologico , o rio atravessa n'esse tracto , tres formações differentes:
I.a, o granito que constitue as cachoeiras do Salto de Ytú , onde se acham estabelecidas
3 fabricas de tecidos e i de papel , e onde provavelmente mais de futuro, outras se esta
belecerão, approveitanto a força motriz que a natureza alli offerece em larga cópia . O gra
nito é muito quartzoso, sendo o quartzo geralmente opalino ; o feldspatho é roseo e em
cristaes pouco definidos ; a mica ( Biotita) está em muito pequena proporção ; pequenos
diques de uma rocha eruptiva mais moderna com os caracteres de um melaphyro, cortam
esse granito . Esta rocha limita -se apenas ao nosso ponto de partida.
2.a, formação dos grez e schistos argillosos sem silex , a mais extensa das tres , e que
se pode dizer a unica que apparece ao longo do curso do rio , pois que este n'ella serpenteia
por mais de 140 kilometros . E ' um grez branco ou amarellado, argilloso, ás vezes schistoso
30

e alternando com schistos argillosos ; pouco abaixo do Salto encontra-se ainda por cerca de
2 kilometros o granito sustentando esses grez , que então são cheios de seixos e mesmo de
grandes blocos daquella rocha ; entre os seixos de quartzito e granito apparecem algumas
vezes seixos de porphyrito, que provavelmente atravessa o granito nas proximidades.
Pode -se dizer que na primeira secção é o grez que constitúe todas as corredeiras e
cachoeiras, salvo a do Avarémandoava-mirim que é um dique de porphyrito cujo contacto e
metamorphismo sobre o grez encaixante estão á mostra na cachoeira.
Na corredeira de Jacúrupava , apparece na margem direita, cobrindo os grez , uma for
mação de schistos argillosos fragmentados , um pouco bituminosos, cortada tambem por um
largo dique de porphyrito.
Em outros pontos apparece ainda o porphyrito nos altos, porém sempre fòra da
caixa do rio .
Ao envez d'isso, na 2.a secção , de Porto -Feliz a Tieté, as rochas eruptivas são muito
mais frequentes e a mór parte das corredeiras e cachoeiras são por ellas formadas. A ca
choeira de Pirapora é parte de um enorme derramamento d'essas rochas que de ambos os
lados do rio produzem excellentes terras de cultura .
3.a Apenas , cerca de 24 kilometros acima da foz do Sorocaba , começam a apparecer
os calcareos alternando com schistos argillosos e contendo nodulos de silex , e typicos do
horisonte carbonifero definido. E ' esta a terceira formação, que ainda mais se accentúa
para baixo da barra do rio Capivary ( 5.500m . acima da do Sorocaba ), onde o silex torna- se
mais abundante . Com effeito , abaixo da foz do Sorocaba, tenho visto em excursões ante
riores paredões de calcareo com os reptis fosseis e grande quantidade de madeiras silici
ficadas.

Com o fim de executar até a barra do rio Sorocaba o mesmo serviço que no Tieté
haviamos feito , embarcámos por aquelle rio , no local em que a linha Sorocabana o atra
vessa no kilometro 145 + 300 a II de Outubro, e tendo perdido alguns dias pelas conti
nuadas chuvas, somente a 25 chegamos ao mesmo ponto em que deixáramos o reconhe .
cimento do rio Tieté.
A extensão total percorrida , aliás muito alongada pelas sinuosidades do rio , foi de 146
kilometros, tendo, porém , sido obrigados a varar por terra em muitas das cachoeiras que se
repetem n’una grande parte desse percurso.
Para apontar aqui ligeiramente algumas das condições que offerece o rio , d'um lado
como via de transporte , do opposto como fonte de força motriz, dividil - o -emos em 6
secções :

1.a, da ponte de Bacaetava á barra do Sarapuhy, com uma extensão de 28.500m , Orio
com uma largura média de 20 a 25m ., e insignificante volume d'agua , não deixa pensar em
navegabilidade; entretanto n'essa parte só raramente ha pequenas corredeiras quasi sempre
de fundo de grez , outras vezes de cascalho . A rocha em que se encaixa o leito é sempre
o mesmo grez , que descrevemos de perto da estação de Bacaetaya ; descendo , o grez é
muitas vezes argilloso, e alguns dos barancos mais altos são constituidos de schistos argil
losos de differentes côres que alternam com o grez . As barrancas baixas , de 3 a 4m . , são
tambem muitas vezes de alluviões de argilla ou arêa, tambem de cascalho do quartzito
que se encontra como seixos ao lado de outros de granito em diversas camadas do grez.
Fazem a orla do rio capoeiras muito fracas, e, como prova da incapacidade do solo, só
existem n'esse trecho culturas insignificantes.

2.a, da barra do Sarapuhy até o Cachoeirão, 6 kilometros . Não fôra a sua redu
zida extensão, seria esse trecho aproveitavel como via de transporte ; com effeito, re
cebendo o Sarapuhy com um volume d'agua de cerca de dois terços do seu , engrossa o
Sorocaba offerecendo uma largura média de cerca de 40m . , e não se encontra no rio ob
staculo algum . As barrancas são ainda de grez , schistos argillosos e alluviões , porém a ve
getação e o sólo melhoram consideravelmente.

3.a, do Cachoeirão á ponte na estrada de rodagem de Tatuhy a Boitúva . A


extensão de 2 800m . desse trecho pode ser considerada uma só corredeira tendo na ca
beça uma cachoeira ( o Cachoeirão ), onde o desnivellamento é de im . , 50 em menos de 100m .;
31

é um dique de augito-porphyrito dirigido N. 80.0 L .; apparentemente outros lhe succe


dem para baixo, cortando o grez , que se mostra em alguns pontos cosido pelo contacto ;
a rocha que parece formar todo o fundo da corredeira , surgindo aqui e alli, é o augito
porphyrito, e o desnivellamento total deve exceder de 4m . Depois da ponte de Boituva,
o rio amansa, passando 8oom, abaixo pela ponte que a Estrada Sorocabana constróe no seu
ramal para Tatuhy, e 500m . abaixo desta recebendo o rio Tatuhy.

4.a, da ponte de Boituva á cachoeira do Luiz de Pontes, por um desenvolvimento


de 49:200m .; é n'esse trecho o rio, de cerca de 45 metros de largura média , já engros
sado pelas aguas do rio Tatuhy, livre de cachoeiras ; apenas algumas corredeiras e
razios de pequena extensão . Bastante sinuoso , são ahi as frequentes mudanças de direcção
produzidas por accidentes da superficie mais pronunciados , que se traduzem nos cotovellos
do rio por paredões de 6 até 15m. de altura ; taes elevações, em geral cobertas de mattas,
correspondem ainda ao apparecimento de outra formação geologica : comquanto não se
mostrem ainda no rio , existem , nos altos, depositos de schistos argillosos e mesmo calcareos
com silex . Assim é que , em muito dos paredões e barrancas altas , sobre o grez está o
schisto argilloso coberto por alluviões de silex . Algumas das corredeiras e ilhas são de
cascalho de silex ,
Foi quasi ao terminar esta secção que tomamos elementos para determinar a des
carga do rio, pouco acima da barra do ribeirão do Guarapó. Pretendiamos tomal -os em
outros pontos para baixo ; mas, tendo a esse tempo adquirido o rio um grande accrescimo
d'agua pelas chuvas, de pouco serviria tal determinação . A secção tomada no Barreiro
rico, com o rio baixo , deu -nos para descarga 17 : 327 litros por segundo .

5.a, da cachoeira do Luiz de Pontes á cachoeira Sem-Canal , na fazenda do Sr.


Manoel Alves de Lima , 28:700m . N'esta secção , onde o volume do rio pouco augmenta,
recebendo apenas o ribeirão da Onça e outros pequenos cursos d'agua, exaggeram -se as
condições apontadas na precedente : as sinuosidades são ainda maiores, não só pelas ele
vações que as motivam , como ainda pela frequente passagem sobre duas rochas de resi
stencia muito differente . Por isso tambem apresenta -se como uma serie de cachoeiras e
saltos ligados entre si por longas corredeiras, desnivellando - se o rio de cerca de 50m . entre
as suas extremidades.
E ' tambem nesta secção que se pode aproveitar em muitos pontos uma enorme quan
tidade de força motriz ; e em varias situações são já empregados motores hydraulicos nos
misteres das respectivas lavouras. E ' provavel, porém , que mais tarde maiores industrias
alli se vão installar. Alem d'isso , alli as terras adjacentes se podem dizer por todo
trecho do melhor prestimo agricola . Possantes diques e lençóes de porphyrito córtam e
alternam com os grez e schistos formando excellentes sólos de cultura nas lombadas que
separam os pequenos affluentes e grotas para o rio ; os altos que não são de terra -roxa
são em geral de terra -vermelha de pederneiras, proveniente dos schistos e calcareos com
silex do horisonte carbonifero. Taes dessas terras trabalhadas no plantio da canna, ha
cerca de 80 annos , ainda hoje produzem com 30 a 40 % de vantagem sobre os bons ter
renos de outras regiões . São tambem os porphyritos que constituem as cachoeiras que
passamos a enumerar rapidamente :
a do Luiz de Pontes , dois degraus de porphyrito : o primeiro com um desnivellamento
de on .,60 por 40m ., o segundo cahindo de im. , 60 por cerca de 50m . Depois, por uma volta
de cerca de 6 kilom . , em cuja convexidade O. entra o ribeirão da Onça , volta o rio sobre
si mesmo em um isthmo de 200m . na fazenda do Dr. Campos , onde schistos e calcareos
com silex alternam com lençóes de porphyrito ;
-a do Urbano Pires, toda formada de porphyritos: o rio alargado a mais de room .,
por cerca de 1 : 700m . , desce 3m ., 50 ; ahi a força d'agua é aproveitada n’um pequeno en
genho de canna . Por uma corredeira quasi continuada, chega -se á cachoeira do Manico,
tambem de porphyrito, com um desnivellamento de 3m . em Som . Igualmente em corredeira
constante desce-se até a
- cachoeira do Dr. Botelho , formada pela mesma rocha eruptiva, com um desnivella
mento total de cerca de 4m . em 1 :200m . de extensão . Tambem uma pequena parte da
força motriz é já aproveitada. Vem depois a
-cachoeira das Tres Ilhas, do Coronel Joaquim Pires, a maior força motriz que pelo
rio encontramos . O rio alargado a 140m ., desce sobre lençóes de porphyrito, intercalados
32

no grez metamorphisado, uma escada de him ., por menos de 500m . de desenvolvimento ,


creando assim uma força motriz superior a 2.500 cavallos -vapor . Descendo o rio apertado
entre paredões de grez , chega, sempre muito correntoso, a outra cachoeira com um desni
vellamento de im.20 por 50m .; e logo abaixo está o
—salto do Jurúmirim , verdadeira cascata no fundo de uma garganta apertada, onde
na parte inferior, o rio passa, na estiagem, entre muros de grez , com uma largura de
4m.50 ( ponte do Jurúmirim ). O salto maior, na cabeça da cachoeira, tem 2m .,50 : é um de
gráu de grez cosido sobreposto ao porphyrito que sustenta a parte média da cascata .
desnivellamento total é de 8m . por 600m . de extensão, o que daria uma força hydraulica
de mais de 1.800 cavallos-vapor. Descendo rapido por entre o grez , chega- se com 1.200m .
de percurso , ao
--Jurúmirim De Baixo , salto em grez cosido, com uma altura de 3m . em extensão
menor de 100m . As corredeiras succedem-se sem intervallo, sempre sobre O grez , até a

--cachoeira do Jiquitaia , onde um dique de porphyrito de quasi 100m . de largura , di


o a
rigido N. 150 L. , deixa ver o contacto com o grez , propagando -se o metamorphism
uma distan cia s z
de mai de 5m. No gre ap pa re ce m sei xos de gra nit o de om. 10 s
e mai de
diametro , de um granito de quartzo leitoso igual ao das cachoeiras do alto Sorocaba, de
quartzito , etc. Descendo com aguas mansas , encontra -se no fin desta secção a
--cachoeira Sem - Canal , que parece ser o mesmo dique da precedente . Tem esta um
desnivellamento de 2m . , por cerca de 200m ., em agua espraiada a 130m .; direita ha um
salto de om.80 no porphyrito.

6.a, Com um desenvolvimento de 31 :300m ., ( a rumo de N. ) é o rio menos si


nuos , principalmente depois de passar a corredeira mais forte , a da ponte da estrada de
o
Tieté a Botucatú , que tem , ainda sobre porphyrito , um desnivellamento de om .,80 por 100m .
Para baixo , até a barra ha somente pequenas corredeiras ; entretanto convém observar que,
quando levantámos este ultimo trecho, estava o rio com um nivel de cerca de 2m. acima
da estiagem .
Do fim da 5.a secção, e por toda a extensão desta, são os mesmos grez com schistos
argillosos fragmentados roxos. Mas, já perto da fóz do rio , correspondendo ao ponto em
que os encontramos no Tieté, é que apparece nas barrancas a formação dos calcareos e
schistos com silex que devem representar os estratos fossiliferos.

Durante os primeiros dias até 8 de Novembro , acompanhei-vos em duas excursões :


a primeira , a Ypanema e a alguns pontos da estrada Sorocabana ; a segunda a percorrer a
linha Ingleza entre as estações de Piritúba e Perús e a visitar as jazidas de calcareos e
granitos exploradas em Caieiras. Depois, com grandes interrupções a que nos obrigaram
as chuvas de Novembro, só tendo podido começar definitivamente o trabalho de campo
no dia 20, gastei os ultimos dias de Novembro e 10 deste percorrendo os cortes da linha
Sorocabana desde a cidade de Botucatú até a estação do Laranjal. Além da exposição
fresca das rochas eruptivas da serra de Botucatú que estão acabando de ser talhadas pelos
cortes da estrada de ferro , teve esta excursão a vantagem de fornecer uma secção conti
nuada quasi de L. a O. , atravessando successivamente os grez e schistos sem silex do La
ranjal, depois os schistos e calcareos silicosos carboniferos, e finalmente os grez com all
gito -porphyritos e amygdaloides da serra de Botucatú .

Partindo da estação do Laranjal ( kilom , 200 ), os cortes vão rompendo um grez ar


gilloso, em geral schistoso , algumas vezes massico, mas sempre muito carregado de pyrites,
atravessados por diques de porphyrito (typo do Tholeiito) do aspecto de diabase , como
acontece no kilom . 201. Logo no kilom . 2027-650, primeiro corte depois da ponte do
ribeirão do Laranjal, vêm -se repousando sobre esses grez os schistos argillosos em finos
estratos de cores variegadas, que d'ahi em diante constituem a principal massa dos ter
renos : são os schistos carboniferos silicosos ; e de facto, logo no primeiro corte mais alto
(kilom . 2057-600) são taes schistos bem caracterisados com leitos e nodulos de um silex
preto.
Para diante , é sempre o mesmo material representado pela terra vermelha de peder
neiras , que é o producto da desaggregação alterada dos calcareos e schistos silicosos , ap
parecendo em alguns pontos fragmentos de madeira fossil. Atravessa-se tambem ahi uma
33

zona de boas terras de cultura comprehendida entre o ribeirão do Laranjal e o rio das
Conchas .
Do kilom . 216 a 218 , fraldeando uma encosta mais alcantilada, vão os cortes n'um
schisto argilloso rôxo , em camadas mais espessas , porém de massa muito facilmente des
aggregavel ; na parte superior dos schistos apparecem lages de um calcareo pardacento
muito silicoso , contendo fragmentos de conchas silicificadas (a cerca de 480m . de altitude) .
No kilom . 218 + 800, no leito do rio das Conchas (450m . de altitude) vêem -se camadas
de um calcareo cinzento escuro alternando com os schistos argillosos fragmentados.
Mas , é principalmente depois da estação de Conchas, no kilom . 222 -+- 600, que a for
mação carbonifera se accentúa. N'um calcareo silicoso roseo que ahi alterna com OS
schistos , encontrámos Lepidodendrons em grande e variada abundancia, caules de Psaronius ,
folhas de um féto ( Nevropteris ? ), dentes , escamas e coprolithos de peixes, um lamellibran .
chio ( Posiilonia ?), impressões de Stigmaria, e mal distinctas de folhas de Cordaites ( a
cerca de 475m de altitude .)
Continúa a formação carbonifera até o corte do kilom . 225 + 200 ( 528m de altitude),
onde vêem - se os schistos argillosos com silex cobertos pelos gres de Botucati, que assim
denominamos o grez molle , vermelho, que em geral na sua parte superior alterna com os
augito -porphyritos. Em quasi todos os cortes mostram esses grez o phenomeno da falsa
estratificação, ás vezes muito restricto, outras com tal desenvolvimento que, durante muitas
centenas de metros , procurava eu sempre determinara -lhes a orientação : mas as camadas são
todas horisontaes ou muito proximas d'isso .
D'ahi por diante vae sempre a formação carbonifera encoberta pelos grez , que segundo
essa linha, teriam a espessura maxima de 30m , até encontrar a depressão mais funda, o
passo do rio do Peixe (kilom . 244 +-200 ) na altitude de 443m . Ahi o rio corta um calcareo
silicoso roseo contendo Lepidodendrons que parece continuação do que vimos de apontar.
Com quanto ambas as margens sejam cobertas da area dos grez , vê - se na esquerda uma
camada de calcareo com cerca de 3m d'espessura sobreposta a schistos grezosos.
Na depressão seguinte (kilom . 266 + -800) o rio Alambary passa com uma altitude de
465m sobre o grez de Botucatú ; mas , affastando- se da linha para N. , logo a cerca de 2
kilom . começa no mesmo rio a apparecer a formação carbonifera ; e no mesmo valle mais
para baixo encontramos n'um calcareo , provavelmente estrato superior da mesma formação ,
conchas silicificadas ( Schizodus:), dentes de reptis e escamas de peixe.
Nas barrancas do Tieté, junto á freguezia dos Remedios, encontramos um calcareo
com os niesmos caracteres, tambem contendo grande quantidade de Lepidodendrons, a uma
altitude de 430m . Podendo identificar essa camada , teriamos n'ella uma pequena inclinação
para N. O., o que parece tambem indicar uma serie de observações sobre outros estratos
da mesma formação .
Até a estação da Victoria , não corta a estrada sinão esses mesmos grez ; apenas em
tres pontos vimos pequenos diques de rocha eruptiva muito decomposta. Em alguns altos ,
ao lado da linha, como no kilom . 284 + 300, apparecem os augito -porphyritos.
Além da estação da Victoria ainda continuam os referidos grez, que, no kilometro
295 + 730 , são cortados por um dique de porphyrito de granulação grossa .
No kilom . 295 + 950, vê -se no córte uma camada do grez reduzido a verdadeiro
quartzito pelo contacto da rocha eruptiva, intercallado no amygdaloide, sendo o todo
coberto de um manto de porphyrito de gră muito fina .
Continuando a subir, os cortes vão sempre em porphyrito de grã fina, comprehendendo
lençóes mais ou menos espessos de amygdaloide. Quando as camadas são mais possantes ,
como no kilom . 298 + 800 , em geral as amygdalas são maiores, e portanto a rocha mais
alterada e cheia dos mineraes de formação secundaria ; n'esse córte muitas das amygdalas
são occupadas por agathas ou chalcedonia tendo como envolucro uma crosta preta de sub
stancia chloritosa de alteração ; algumas agathas contêm , principalmente na parte exterior,
pequenas e delgadissimas laminas de cobre nativo ; outras vezes , em logar das agathas, são
geodas de quartzo ou de amethistas ; mas, altamente interessantes e de fórmas lindissimas
são as differentes especies de zeolithos, e tambem as variadas formas de cristalisação
da calcita, que enchem os vacuolos da rocha.
O ponto mais elevado em que vimos de novo apparecerem os amygdaloides com
zeolithos foi no kilom . 308 +600 ( a 760m de altitude) ; acham -se, pois, esses estratos de
rocha porosa distribuidos por uma espessura vertical de 175m .
5
34

Continúa sempre a linha sobre os augito -porphyritos sem que appareça o grez, ao
inverso do que se dá nas outras secções que temos da mesma serra. Apenas no kilome
tro 307 + 900, ao lado da estrada, subindo pelo ribeirão da Cidade , apparece o grez com
os mesmos caracteres .
Depois de estudado o material agora colleccionado , como aquelle que já possuimos
de quasi todo o percurso da Estrada Sorocabana, teremos n'esse perfil, aliás de altitudes
precisas, uma boa secção geologica ligando a bacia terciaria de S. Paulo ás formações
post -carboniferas da serra de Botucatú , tendo atravessado a serie granitica e de sedimentos
metamorphisados da serra de São Roque , os terrenos horisontaes do devoniano ou carboni
fero inferior, e aquelles que com quasi inteira segurança podemos desde já referir á época
carbonifera.
E ' esse um dos primeiros trabalhos a que nos vamos entregar durante a presente
estada no laboratorio .

S. Paulo, 15 de Dezembro de 1888 .

Luis Felipe Gonzaga de Compos.


Geologo da Commissão.
S. Paulo, 10 de Dezembro de 1888 .

Hm . Sno.

No anno passado , ainda em trabalhos de campo , levamos ao vosso conhecimento uma


breve noticia sobre os estudos effectuados na nossa secção , mas só em fins de Dezembro
encetámos no laboratorio um exame mais minucioso da estructura microscopica das rochas
do valle do Paranapanema com o fim de confeccionar o relatorio sobre o reconhecimento
geologico que deve acompanhar as plantas daquelle rio . A par da determinação do peso
especifico de algumas destas rochas e do estudo analytico de sua composição intima,
foram iniciadas outras investigações sobre rochas metamorphicas da Provincia e a serie
granitica das serras de Itaqui, S. Roque, Caieiras , etc.
Ao dar começo aos trabalhos de campo deste anno me designastes a região dos
arredores do Jaraguá como merecendo estudo mais detalhado, não só debaixo do ponto
de vista estratigraphico, como tambem do seu historico sobre a industria extractiva do
ouro e recursos que essa zona poderia apresentar para futuras explorações .
Com o fim de fazer o reconhecimento geologico de uma boa parte desta região com
prehendida entre o Tieté ao Sul , o Jundiahy ao Norte , a linha ingleza a Leste e a estrada
que de Pirapora se dirige á cidade de Jundiahy a Oeste, acompanhei durante os mezes
de Maio e Junho a turma topographica que percorria estes terrenos . Em Julho e Agosto
dediquei-me mais particularmente ao estudo das antigas lavras do Jaraguá e da serie gra
nitica de Caieiras , percorri uma grande parte do leito da linha ferrea ingleza até Campo
Limpo e atravessei a região de Parnahyba a S. Roque, com o fim de estudar a serra de
Itaqui . Foi então que me ordenastes acompanhar a turma que se dirigia para os lados de
Bragança até os morros do Lopo e Guarayuva incumbida de levantar a planta de uma re
gião toda granitica.
De volta desta excursão, examinei de novo a porção da linha ingleza comprehendida
entre Perús e Pirituba, que offerecia um campo mais interessante para investigações, e con
tinuei as pesquizas sobre a estratigraphia das rochas dos arredores do Jaraguá .
mentos colhidos nestas diversas viagens formam um excellente contingente para futuras
monographias sobre assumptos que, no entanto , ainda exigem a observação de maior nu
mero de factos, que dêm logar á explicação da formação dos terrenos .
As repetidas chuvas deste anno e a inconstancia anormal do tempo, cujos effeitos
morbidos muitas vezes experimentámos, impediram que as pesquizas do campo tivessem o
desenvolvimento desejavel e fornecessem um material abundante para estudo de gabinete .
Comtudo, para satisfazer ao pedido que nos dirigistes , passarei a enumerar os trabalhos
iniciados .
- 36

Um dos problemas mais interessantes que nos propuzestes foi o estudo da zona au
rifera do Jaraguá , o seu historico e a determinação do horisonte geologico .
São tão deficientes os documentos veridicos que attestem as antigas explorações destas
jazidas, que torna -se muito difficultoso fazer o seu historico. Consta que foi Affonso Sar
dinha em 1590 o descobridor do precioso metal nesta região ; mas as noticias mais remotas
de sua exploração datam de 1603 , de uma lei em que o governo se apoderava das lavras
auriferas da Provincia .
Mawe, que visitou S. Paulo em fins de 1807 , na administração do Brigadeiro Horta,
teve occasião de ver as lavras que pertenciam ao Governador, tambem proprietario de uma
fazenda na visinhança . Descreve elle no seu livro --- Travels in the Interior of Brazil
1812 — os processos seguidos para a extracção do metal, mas pouco diz sobre o modo
de apresentar -se.
Não é, porém , a noticia mais antiga dos trabalhos desta região . Jean de Laet, na
sua obra - L'Histoire du Nouveau Monde-Leyde 1670, traduzida da 12a edição do Dutch
datada de 1625 , já faz referencia ás minas do Jaraguá .
Eschwege no Pluto Brasiliensis ( 1833 ) faz uma ligeira descripção destas lavras que,
julgo , já não eram trabalhadas.
Depois de Eschwege, ninguem mais se lembrou de mencionar, em escripto que che
gasse até nós, os trabalhos proseguidos, que foram tão insignificantes em relação aos
antigos , que é desculpavel uma tal negligencia. Só o testemunho de poucas pessoas
daquella época nos pode indicar alguns pormenores sobre estas ultimas tentativas de
extracção do ouro .
Uma das mais importantes foi a de um tal D. Joaquim Calbot , de origem castelhana ,
que ha mais de trinta annos montou um engenho com dez mãos para soccar os botados
dos antigos. Existem ainda no lugar denominado lavras de D. Joaquim a roda , o eixo
e 7 a 8 mãos de ferro gusa , pertencentes á bateria de pilões . O que era ferro batido foi
carregado e mesmo algumas mãos servem de bigorna em casas da visinhança,
D. Joaquim possuia, para os lados do Norte da Provincia, uma fazenda e , não po
dendo estar á testa do serviço , confiou - o a um Sr. João Lefebre, que, auxiliado por cinco
escravos , soccou bastante pedra para retirar , segundo as tradições, 4 garrafas de ouro em
pó ; mas D. Joaquim , por motivos que ignoranios, desaveio- se com o seu empregado e
suspendeu os trabalhos. Nada consta sobre o tempo que esteve em actividade a machina,
mas, pelo uso que mostram as mãos e, attendendo á qualidade da rocha que trituraram , não
deveria ter excedido de cinco a 6 mezes de exercicio . Dizem que D. Joaquim soffreu pre
juizos e nenhum resultado tirou da experiencia.
Outra lavra, de que ha noticia de trabalho moderno, é a denominada do Maganino.
Ein 1812 um Senhor deste nome começou trabalhos perto de um grande pinheiro, que ainda
ahi existe . Maganino seguia uma linha mais rica e, descuidando-se em abater o volume
de terra , que lhe ficava superior, foi forçado a parar o serviço por ter tido a infelicidade
de perder cinco escravos, que ficaram enterrados no desmoronamento .
Além destes , são apontados os serviços do Manquinho, o dos terrenos que foram de
D. Gertrudes Galvão de Lacerda perto do Jaraguá, o do Curupira, um dos mais che
gados ao morro , o serviço da Roda d'Agua, o do ribeirão das Paineiras, perto da estrada
que de Taipas vai a Parnahyba, e o do mesmo ribeirão na barra com o Juquery e que foi
propriedade de um padre .
Seria longa, e mesmo salıiria fóra dos limites desta noticia , uma descripção detalhada
de cada uma destas lavras e do modo por que foram trabalhadas, o que reservo para
uma memoria especial , logo que tiver elementos mais abundantes que mereçam ser pu
blicados Cumpre-me, porém , dar idéa do modo de ser das jazidas .
E ' facto que grande parte da exploração destas lavras foi feita no cascalho , cuja pos
sança muito variavel, não excedia de 60 centimetros ; mas os trabalhos eram dirigidos de
tal modo que para chegar a esta camada, tinham de lavar um volume de terra vermelha
de altura que attingia muitas vezes a mais de 10 metros .
A exploração ia além e os micaschistos, que formavam o solo , eram atacados ou
por necessidade do trabalho ou por conterem ouro , o que é mais provavel, visto haver
serviços feitos exclusivamente nesta rocha decomposta.
37

O cascalho apresenta muitas vezes pedaços pesando dous a tres kilos e é formado
quasi todo elle de quartzo muito quebradiço, desmanchando-se facilmente em areia, facto
que concorreu para dar - lhe a forma arredondada sem ser preciso ter percorrido grande
extensão. Este quartzo deve provir dos grossos veieiros que atravessam os micaschistos
em diversas direcções e que são ainda encontrados in situ perto do morro Ururuqueçava
ou morro Doce . E' bem provavel que o ouro estivesse ligado a formação desses veieiros,
e vem talvez confirmar esta hypothese a experiencia de D. Joaquim que, triturando o quartzo
friavel, pôde ainda retirar delles o metal contido .
Não é esse, porém , o modo mais geral de ser do ouro nesta formação. Uma boa
parte está espalhada na grande massa da rocha em pequenas veias em todas as direcções
e que cortam os micaschistos formando uma especie de stockwerck. Tive occasião de
seguir uma destas linhas em pequena extensão, tirando provas com a bateia . Era formada
de quartzos em pequenos fragmentos ligados por uma argilla amarellada contendo magne
tita e bioxydo de manganez. O ouro apresenta -se em grãos quasi microscopicos com uma
côr amarella brilhante e sem fórmas definidas. Estas veias são numerosas e têm uma pos
sança que não excede de 3 a 4 centimetros. Torna -se, -se, pois, necessario lavar uma grande
porção de terra esteril superior aos micaschistos para poder aproveitar o ouro encerrado
nessas pequenas linhas,
Era isso que determinava o processo de exploração todo caracteristico desta região e
que só pode ser comparado com os de S. Gonçalo da Campanha e Apiahy.
Percorrendo -se as lavras, nota-se que, á medida que nos approximamos do Jaraguá,
diminue a quantidade de micaschistos e a rocha torna -se um verdadeiro quartzito que fa
cilmente se desaggrega. A lavra de D. Joaquim e a do Curupira já se acha nesta ultima
classe , emquanto as do Manquinho, das Paineiras etc. estão em uma rocha mais argillosa
e micacea . Tudo leva -nos a crer que esta formação pertence ao horisonte geologico
dos micaschistos e quartzitos micaccos . Estudos posteriores hão de corroborar ou destruir
esta hypothese.
Existe ainda na zona uma extensão mais ou menos consideravel de cascalho virgem
deixado pelos antigos mineiros, quer por causa da importancia sempre crescente do des
monte ou difficuldades na obtenção de aguas altas , quer por empobrecimento do deposito
aurifero ou por outro motivo ignorado . Estudando
Estudando a região exclusivamente debaixo do
ponto de vista scientifico, não me achei autorisado a fazer pesquizas demoradas sobre a
extensão, riqueza e facilidades para o trabalho, pelos methodos modernos , destes depositos.
Limito -me, portanto , a notar a sua existencia , chamando assim para ella a attenção dos
que procuram depositos auriferos para explorações industriaes , aos quaes compete pro
ceder ás pesquizas referidas . Parece - me , porém , que deva ser antes nos filões na rocha do
que nos restos de alluviões que ha de basear- se a mineração futura desta região , caso a
industria mineira ahi torne a se estabelecer.
Para o modo de ser do ouro , verificado por mim , isto é em filões pequenos e irre
gulares disseminados em uma grande massa de terra, só processos muito aperfeiçoados e
uma extracção em grande escala e a preço infimo, poderão dar resultados vantajosos.
Sobre a existencia de veieiros de maior possança e riqueza nada vi que justifique
uma opinião, mas, por outro lado , nada ha verificado que torne descabidas pesquizas
com o intuito de descobril -os.

Uma outra ordem de estudos para que me recommendastes attenção foi a da relação
das rochas sedimentarias entre si e com as rochas eruptivas .
Não resta a menor duvida que o granito de Caieiras é eruptivo e posterior não só
mente aos micaschistos como tambem aos schistos argillosos desta região. Nos cortes da
estrada de ferro ingleza e do plano inclinado do estabelecimento do Coronel Rodovalho
bem patenteia -se ein diversos pontos o rompimento dos micaschistos pelos granitos, sendo
aquelles muitas vezes contorcidos , proximo ao contacto das duas rochas. Ainda, porém , não
me foi possivel determinar a relação dos schistos argillosos com os micaschistos. O es
tado adiantado de decomposição , em que estas rochas se apresentam em toda a região
percorrida, difficulta de tal modo o seu estudo, que muitas questões relativas a ellas hão
de necessariamente ser deixadas para investigações futuras em lugares mais favoraveis.
38

Em relação a uma outra serie de schistos que apparecem conjunctamente com os mi


caceos e argillosos , consegui, em seguimento a observações e suggestões vossas , resultados
que se me affiguram ser de alto interesse, não somente em relação a esta região como tam
bem com toda a probabilidade a todas as semelhantes no Brazil. Refiro -me aos schistos
amphibolicos, que apparecem frequentemente em massas, variando de alguns centimetros
até algumas dezenas de metros de espessura , intercallados com estratificação concordante
com os schistos ordinarios da região, quer micaceos, quer argillosos. Estando elles ainda
mais sujeitos á decomposição do que estes, geralmente se acham transformados em um barro
verde amarello -citrino, que facilmente se percebe nos cortes da linha ingleza, mesmo na
passagem rapida do trem .
Tendo vós verificado no exame que fizemos juntos de uma secção de estrada que ,
em algumas destas massas melhor conservadas, o schisto amphibolico das margens passava
por gradações insensiveis a um typo menos schistoso , o amphibolito, e este por sua vez
ao typo inteiramente compacto, o diorito, certifiquei-me que esta é a regra geral para todas
massas semelhantes do trecho de estrada examinado.

Devido em parte ao mais adiantado grao de alteração e provavelmente em parte ao


mais completo metamorphismo do typo original , o dioritico, não pude verificar, nas massas
menores, a transição de modo tão concludente , mas obtive provas satisfactorias de que estas
não se affastam da regra geral . Ora, sendo a rocha dioritica das partes mais centraes destas
massas identica aos dioritos francamente eruptivos de outras regiões , a conclusão a tirar-se
destas observações é que todas estas massas de natureza amphibolica, quer massicas, quer
schistosas, são tambem de origem eruptiva e que o mais ou menos completo desenvolvi
mento de schistosidade é devido ao movimento de sublevação que soffreram em conimum
com as rochas sedimentarias, em que foram injectadas.
Ainda nos schistos argillosos, perto do kilom . 95 n'um corte da estrada de ferro , vimos
particularisações de oxydo de ferro misturado com uma grande proporção de oxydo de man
ganez . Este phenomeno, que não se estende muito longe na linha, vem talvez explicar a
jazida de bioxydo de manganez quasi puro, perto do corrego do Manquinho, onde este mi
neral apparece em grandes blocos no meio de uma terra vermelha escura e em tal abun
dancia que pode-se em poucas horas extrahir mais de tonelada.
Esta jazida , que não era ignorada por alguns viajantes que tem estudado a zona , não
apresentaria importancia industrial, si não fosse o aproveitamento futuro na descoração de
fibras vegetaes para a fabrica de papel que se está installando a 3 kilometros de distancia .
E ' tambem nos schistos argillosos , dirigidos N. 70 L , que no morro do Cabello Branco,
perto de Caieiras , encontrei pequenos pedaços de magnetita espalhados no solo e na base
do Morro do Matheus, em terras do Sr. Joaquim de Abreu, massas um pouco maiores de
magnetita e hematita. Estão associados a este minerio alguns quartzitos que apparecem
nas visinhanças. Em nivel pouco inferior o oligisto torna - se verdadeiro jaspe ferruginoso
e a jazida não parece estender -se muito longe.

O estado geral de decomposição dos diversos schistos e a confusão, que se pode es


tabelecer entre as variadas phases destas rochas, onde a predominancia de um elemento ou
o desapparecimento de outro muitas vezes leva-nos a ficar indecisos sobre a sua classificação ;
além disso a relação intima que existe entre estes micaschistos e os gneiss e talvez os
quartzitos , que ahi se apresentam , aconselharam -nos, por indicação vossa , o uso da bateia
para procurar elementos raros que parecem particularisar algumas dessas rochas e os granitos.
Esta feliz idéa de applicar um apparelho de separação tão simples, combinada com
o emprego do iman , no estudo das rochas decompostas, veio guiar-nos extraordinariamente
nestes trabalhos e fornecer elementos isolados para estudos posteriores .
A analyse macroscopica já nos havia indicado uma selecção nos granitos dessa região,
os residuos de bateia vieram nos mostrar alguns mineraes que considerados raros e acci
dentaes, ahi apparecem localisados, com maior ou menor abundancia e constancia, e que,
bem estudados, promettem fornecer um meio simples e seguro para a descriminação de
muitas massas decompostas, cuja classificação por outro modo seria summamente difficil,
sinão impossivel.
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E assim que o granito de granulação fina do Tico- Tico, perto de Cayeiras, que, se ca
racterisa pela sua côr clara , pela presença de duas micas : (biotita e muscovita ), pelos cris
taes brancos de feldspatho e pelos menos abundantes, porém visiveis a olho nú , de granadas
e turmalinas, apresenta -nos um residuo essencial branco amarellado e pesado , que fica no
fundo da bateia junto da magnetita e que, segundo um exame superficial , é composto de zir
conita e diversos phosphatos de elementos raros , cuja descriminação ha de ser completada
no laboratorio .
Nota-se mais que os micaschitos em contacto com este granito, contêm mineraes,
principalmente turmalinas, que não apparecem em outras partes onde esta rocha se acha
em condições differentes,
O granito de Pirituba, que tem o aspecto porphyroide, com grandes cristaes de feld
spatho de 2 a 3 centimetros de comprimento, uma mica escura e pequenos cristaes de
amphibolio, particularisações de aspecto mais fino e escuro formando nucleos, ou veias de
quartzo de 5 a 10 centimetros atravessando a massa geral , dando por decomposição um
saibro grosseiro, deixa no fundo da bateia uma grande quantidade de epidoto, cuja por
centagem se eleva de 1 a 2 grammas por kilo de rocha decomposta , e magnetita que fa
cilmente se separa do primeiro com o iman. Torna -se importante a abundancia deste mi
neral e do epidoto e a ausencia de granadas.
Marcando a transição entre os dous granitos existe um outro, claro , de mica branca ,
com grandes cristaes de feldspatho incolor, e um pouco de mica escura e que na lavagem
dá um residuo composto quasi exclusivamente de zirconita. Surgem na linha ingleza perto
do kilom . 94 grandes blocos desta rocha.
Por vezes , no granito o feldspatho fórma a maior parte da massa e pela decomposição
dá lugar a um barro branco ou kaolim que poderá talvez ser aproveitado na ceramica por
existir em grande abundancia no kilom . 99 da linha ingleza n'um grande córte , perto dos
Perús e nas proximidades da estação de Belém .
O granito com Lepidolitha que apparece a 3 kilometros de Perús , n'um alto , perto do
corrego do Manquinho, atravessa um dique de diorito muito pyritoso e contém , além de
muita lepidolitha, magnificos cristaes de rubellita, turmalinas negras, mica branca, quartzo
abundante, formando muitas vezes exclusivamente a massa , e feldspatho quasi sempre kao
linisado .

Além destes granitos bem caracterisados, podenios desde já apontar outros typos es
tudados :

O granito de Itaqui, que forma a serra deste nome, a de S. Roque e parte da de S.


Francisco com grandes cristaes de orthose cor de carne, cristaes de amphibolio, pouca mica
ou quasi nenhuma e quartzo mais ou menos leitoso pelas inclusões, e que é cortado por
numerosas veias de granito mais fino e apresenta particularisações de epidoto em linhas
muito finas cruzando -se e espalhando -se na massa . Este granito toma o caracter gneissico
em muitos logares, como no tunel dos Pinheirinhos, na estrada de ferro Sorocabana e dá
por decomposição um barro vermelho .
O granito de Sorocaba, conhecido por olho de sapo, com enormes cristaes de feld
spatho, duas micas e quartzo em menor proporção, deixando o feldspatho saliente nas
grandes massas decompostas, dando um saibro grosso , formado de pedaços de orthose não
alterados e de quartzo, não produzindo tão facilmente barro vermelho como os outros e
que nos residuos de lavagem mostra uma quantidade apreciavel de zirconita . Esta rocha
não foi encontrada ainda com o aspecto gneissico.
O granito vermelho ou do Salto de Ytú , de massas indistinctas de orthose e quartzo
quasi sem mica e cujo estudo está apenas iniciado. Fórına esta rocha os saltos de Itú no
Tieté e as cachoeiras do alto Sorocaba.
A serie de rochas graniticas e dos seus differentes typos está sendo cuidadosamente
examinada e do resultado deste trabalho faremos em tempo uma noticia.

Outras rochas que tem merecido a nossa attenção , pelo seu valor economico, são os
calcareos .
Com o fim de colligir dados para o seu estudo , visitei as principaes jazidas explo
radas nos Olhos d'Agua e no Morro Agudo, perto de Bom Successo . A primeira apre
senta o calcareo, pouco estratificado e muito cheio de veias de quartzo, situado no meio
- 40

dos schistos argillosos. A segunda, de um material mais puro , mostra camadas dirigidas
N. 65 L , inclinadas de 75.0 para o N. 25.0 0. Ambas dão cal excellente sendo a do
Morro Agudo , mais gorda do que esta .
Dentro de uma faxa de largura approximada a i kilom ,' e com a direcção S. 70.0 0 .
estes calcareos surgem em diversos pontos, desde os Olhos d’Agua, Morro da Boturuna
até a Serra de S. Francisco, sendo explorados em diversos pontos para o fabrico da cal .
Tivemos occasião de observal-os ultimamente nas visinhanças do Morro da Lavra , na barra
do Juquery com o Tieté e no Morro da Boa Vista . Todos são cinzentos escuros, excepto
este ultimo, que é branco e que talvez possa ser aproveitado em artefactos como marmore,
si não estiver muito estratificado e fendilhado. Esta jazida não foi explorada e é pouco
conhecida, não havendo no lugar sinão uma pequena exposição da rocha que está situada
n'um morro quasi a prumo, em altura superior a 100 metros da planicie, e que apresenta
as melhores disposições para ser reconhecida.
No anno passado tinhamos encetado um exame destas rochas no Pantojo , S. Roque
e n'uma parte da Serra de S. Francisco , bem como no morro do Boturuna.
No Pantojo apresentam -se duas variedades de calcareo : --uma cinzenta escura que é em
pregada no fabrico da cal, em camadas dirigidas N. 70.0 L. e outra esverdeada associada
aos schistos argillosos com a mesma direcção mergulhando de 70.0 para S. 20 L. Em S.
Roque existem as duas especies e na Serra de S. Francisco, além da cinzenta, ha uma outra
branca .
Ao passo que o calcareo escuro da Serra de S. Francisco dá uma excellente cal
gorda e muito clara , somente indicando á analyse, traços de magnesia, o cinzento do Pan
tojo já tem uma proporção de 6 % de carbonato de magnesia e 0 do Boturuna, muito
misturado com schistos argillosos e fornecendo cal parda, de 21 % , parece que a quanti
dade de magnesia augmenta principalmente nas jazidas mais a Leste, onde elles são mais
impuros. A rocha escura do Pantojo dá um producto quasi branco e de muito boa qua
lidade. O denominado marmore verde do Pantojo submettido ao fogo , funde em vidro es
curo e , perdendo 25 % de materias volateis, fórma um silicato que foi reconhecido ser de
ferro, cal e magnesia, entrando este ultimo oxydo na proporção de 14 % . Continuamos
estes estudos este anno no laboratorio e delles dar- vos-hemos conta .

Em grande parte da campanhia deste anno, acompanhei as turmas geographicas, auxi


liando -as e ao mesmo tempo fazendo o reconhecimento estratigraphico da zona percorrida.
Limitando -me depois a investigações geologicas mais minuciosas nos arredores do Jaraguá
e Caieiras, tive occasião de percorrer, só, perto de cem kilometros de caminhos e estradas
ainda não levantadas e fornecer assim um pequeno contingente á secção topographica com
os caminhamentos que ahi effectuei e conjunciamente reunir observações sobre a sua con
stituição geologica .
Na excursão que fizemos para o morro do Guarayuva (morro do Lopo ) partimos de
Caieiras em direcção á villa do Juquery procurando as cabeceiras deste rio , que corre
entre a serra do mesmo nome e a da Cantareira, cortando os micaschistos que se encostam
a esta ultima serra . O granito fórma a serra do Juquery, mas na baixada , onde passa o
rio , dominam os micaschistos dirigidos N. 809 L. com inclinação variavel de 650 a 800
mergulhando para N. na porção que se approxima da Cantareira . Aquella serra tem a al
titude média de 850 a 900 metros, tendo, porém , pontos mais clevados que se approximam
de 1120 metros .
Descendo para o valle do Jundialysinho, por cima de granitos na serra , passa- se por
uma faxa de schistos amphibolicos e dioritos na extensão de 4 kilometros, que determina
tambem a zona de caſesaes na altitude média de coo a 10co metros. A estrada faz então
uma pequena deflexão para Oeste e prolonga-se por uma varzea de 850 metros , formada
de micaschistos dirigidos N. S. mergulhando de 550 para L , emquanto a mancha de ter
renos de rochas amphibolicas segue a rumo N. S. e vem apparecer na estrada, no valle do
ribeirão de Onofre , nos bairros do Portão, dos Pinheiros, etc. , onde acham -se rochas gneis
sicas com a direcção N. 30 L. e verticaes. A zona de cafesaes acompanha as rochas am
phibolicas e as rochas feldspathicas tomam o aspecto francamente estratificado nos arre
dores.
- 41

Atravessando a cidade de Atibaia e o rio do mesmo nome , continuam os gneiss di


rigidos N. 30° L. mergulhando de 450 para L.
Caminhando sempre sobre gneiss, a par da linha Bragantina , no valle do Atibaia e
granito nos pontos mais elevados , passa-se com a altitude de 950 metros ao valle do Ja
guary, onde os granitos tomam maior desenvolvimento e, pela sua decomposição , dão as
excellentes terras cobertas de cafezaes até a cidade de Bragança.
Esta cidade é situada a 850 metros acima do nivel do mar, n'uma pequena elevação
de rochas graniticas do typo das de Itaqui .
Seguindo em demanda do morro do Guarayuva (Lopo ) sempre sobre granitos e cos
teando o morro de Guaripocaba n’uma região toda plantada de cafezaes, descemos ao
valle do rio Jaguary que corta os gneiss dirigidos N. 200 L. , mergulhando de 850 para L. ,
tendo estes terrenos a altitude média de 900 metros .
A pedra do Guarayuva fórma uma elevação de cerca de 1655 metros de altitude e
é constituida de granito com grandes crystaes de feldspatho apresentando a particularidade
de estarem estes alinhados segundo o grande eixo . Na base do morro o aspecto gneissico
domina, posto que o caracter geral da rocha não seja differente.
Do Guarayuva seguindo o rumo sul procuramos Santo Antonio da Cachoeira, atra
vessando os gneiss dirigidos N. 400 L. mergulhando de 550 para S. 500 L. , e que se pro
longam até esta cidade e villa de Nazareth , tomando então os gneiss a direcção N. 250 L.,
inclinando -se de 350 para S. 650 L. na altitude de 995 metros e passando a micaschistos diri
gidos N. 700 L. mergulhando para S. 200 L. perto da villa . Ainda descendo, os quar
tzitos manifestam -se no bairro da Estrada com a direcção N. 600 L. niergulhando de 800
para S. 300 L , na altitude de 750 metros . O caminho atravessa então a serra de Itabe
raba no meio do granito e micaschistos dirigidos N. 650 L. inclinados de 300 para S. 250
L. havendo despontamentos de dioritos no alto da serra . Na altitude de 1050 metros a
estrada passa entre a serra de Itaberaba e do Bananal e descamba depois para o valle do
Baquirivú passando pelo bairro da Fortaleza , onde existem quartzitos dirigidos N. 500 L.
mergulhando de 700 para S. 400 L , na altitude de 770 metros, notando -se ahi vestigios de
antigas minerações no ribeirão que desce da serra . Chega- se então á grande varzea do
Baquirivú , com altitude média de 720 a 730 metros até Conceição dos Guarulhos.
A área , comprehendida entre o rio Tieté , serras da Cantareira e Sete Voltas , rio
Jundiahy e seus affluentes, morro Agudo e Serra do Japy, é das mais interessantes sob o
ponto de vista scientifico e economico . Tendo uma altitude média de 700 a Soo metros
apresenta como pontos proeminentes, em primeiro logar o Jaraguá com 1100 metros, vi
sivel de quasi todos os logares da zona e formado de quartzitos, o morro do Tico -Tico
constituido de uma grande massa de granito , o do Cabello Branco de schistos argillosos e
quartzitos, o do Rosario de quartzitos, o do Matheus tambem de quartzitos e schistos e
mais ao Norte a serra das Sete Voltas e o morro do Mursa de schistos argillosos . Raras
vezes a altitude dos pontos mais elevados desses morros
' attinge a 1000 metros, salientan
do -se sempre entre elles o Jaraguá. Observa -se que estas elevações são formadas de quar
tzitos e schistos argillosos com a orientação quasi regular de L. O. , tendo pequenas defle
xões para Sudoeste, e que a parte situada ao Norte do rio Juquery é constituida á ex
cepção do Tico-Tico , de schistos argillosos e quartzitos onde estão incluidos os calcareos ,
ao passo que a porção Sul mostra um desenvolvimento consideravel de micaschistos e de
granito a grandes clementos, do typo de Itaqui , que é muitas vezes a rocha predominante
nos outros pontos elevados como os morros do Botucavarú, Tanque Grande, Catanumi e
Itacolumi.

As arterias fluviaes mais importantes, como o Tieté , o Juquery e o Jundiahy, tem as


bacias mais ou menos alargadas nessa região , emquanto os seus tributarios correm em
valles estreitos e apertados formando numerosas cachoeiras e saltos .
Citarei de passagem algumas das quédas mais importantes : a do Manquinho, que vi
sitámos juntos e de que, por uma experiencia rapida , avaliei a força em 50 cavallos - vapor ;
a do ribeirão do Espraiado com 5 metros de altura e volume d'agua igual ao da primeira ;
a do rio dos Perús utilisada pela fabrica de polvora e a do rio das Paineiras, quasi na
sua foz com o Juquery, que tem uma altura superior a 10 metros, e muitas outras naturaes.
Aproveitando as corredeiras e pequenos saltos do Juquery o coronel Rodovalho
mandou fazer um grande cerco no rio que virá fornecer uma das maiores forças hydrau
6
42

licas aproveitadas na Provincia. A sua construcção, toda de pedra e cimento , apresenta


já provas de solidez e, entregue a mãos habeis, estará em breve concluida para a instal
lação das machinas da fabrica de papel .
Para a lavra dos depositos auriferos tiveram os antigos necessidade de aguas altas
que fossem utilisadas pelo systema de desmonte que empregavam . Foi no lugar denomi
nado Tanque Grande que fizeram um immenso reservatorio para conduzir, por meio de
grandes regos, agua a diversas lavras dos arredores do Jaraguá. Parece que são estas ca
beceiras do Itaim as aguas mais altas da região ou aquellas que mais facilmente se prestam
a ser levadas quasi de nivel a grande distancia. Mesmo no Jaraguá fizeram um outro
tanque para armazenar as vertentes d’um ribeirão da serra e explorar a lavra do Curupira.
Grande numero de nascentes descem encachoeiradas de um e outro lado da serra .
O terreno é geralmente montanhoso com numerosas faces escarpadas cortadas nos
schistos e mostrando a rocha desnudada no Tico -Tico e Jaraguá .
A erosão produzida nos micaschistos fez abrir o valle do Juquery que conserva ainda
immensas varzeas alagadas e contendo uma jazida de argilla de qualidade mais ou menos
pura, proveniente do granito dos morros visinhos .
Acompanhando o declive dos micaschistos e muitas vezes o sentido da desnudação,
depositaram- se em pequenas bacias muito irregulares camadas de cascalho que foram co
bertas por alluviões mais modernas de terra vermelha e que nivellaram estes terrenos for
mando as planicies . Mais tarde as erosões modernas deixaram exposto o cascalho , que
foi explorado pelos antigos, e cavaram os valles dos ribeirões actuaes . A possança do
cascalho é muito variavel, desde alguns centimetros até quasi um metro, e a altura da terra
que o cobre chega a muitos metros.
Nos schistos argillosos ficaram a descoberto os quartzitos que resistem melhor á acção
das aguas e constituem o alto dos morros.
A mór parte destes terrenos é formada de campos estereis . Raras são as mattas que
encontramos e quasi sempre nas encostas dos morros de granito ou acompanhando os cursos
dos ribeirões em uma estreita faixa . Nos lugares em que affluem os schistos amphibolicos
e rochas congeneres, o sólo torna-se mais productivo e os capões tomam maiores dimensões.
Devido á pouca capacidade agricola dessas terras, a população acha-se muito espalhada e
não ha uma só cidade ou arraial importante na região.
O genero de cultura limita-se aos cereaes e muita pequena quantidade de canna de
assucar , havendo alguns cafezaes nas visinhanças do morro do Matheus, pela mór parte
abandonados ou dando um resultado pouco vantajoso. O plantio da uva, ainda em prin
cipio , vai se desenvolvendo nas proximidades da linha ingleza, devido ao esforço de dous
ou tres agricultores .
Além da industria extractiva do material de construcção nas pedreiras de granito do
Tico-Tico e Pirituba e do fabrico da cal e productos ceramicos das Caieiras e Agua Branca,
nenhuma outra ahi se estabeleceu em escala consideravel, dedicando-se alguns moradores á
colheita da tabôa , muito abundante nestes brejos e fabricação de esteiras que exportam
conjunctamente com a materia prima .

Francisco de Paula Oliveira,


Geologo.

Ao Illm . Snr. Dr. Orville A. Derby, M. D. Engenheiro -Chefe da Commissão Geogra


phica e Geologica da Provincia de S. Paulo .
S. Paulo , 2 de Dezembro de 1888.

SECÇÃO BOTANICA

Hlm . Snr. Dr. Orville A. Derby.

Os trabalhos que nesta secção foram effectuados durante o corrente anno , dividem-se
em trabalhos de gabinete e trabalhos de campo.
Os primeiros tiveram por fim a classificação do material colhido durante a excursão
nas campinas naturaes de Sorocaba , Tatuhy e Itapetininga em 1887 .
Os segundos, foram excursões para os campos de Rio Claro, S. Carlos do Pinhal,
Araraquara e Jaboticabal, em continuação do estudo da flora campestre, cujo fim principal
é a determinação da prestabilidade destas zonas , relativamente á lavoura .
Antes de passar á exposição destes ultimos trabalhos , cumpre-me dar um leve esboço
do resultado obtido com os primeiros.

A classificação scientifica das 512 especies que trouxe da excursão de Itapetininga,


muito contribuiu para combater a reputação de esterilidade que ganharam estas zonas, onde
apenas se admitte que sirvam para criação .

A causa deste preconceito deve ser procurada principalmente no genero e systema


de lavoura adoptados até agora na Provincia, pois , é assaz conhecido que por lavoura só
se entende a cultura do café, da canna de assucar e do algodão , encarando -se o cultivo de
mantimentos e cereaes como cousa secundaria e não cono lavoura especial , e como nem
o café, nem a canna ou algodão, são proprios para terreno de campo , concluiu -se que os
campos não prestam .
Accresce ainda que até hoje não houve precisão de cultivar os campos por causa de
abundancia de terrenos mais proprios para as culturas usuaes e que a instituição da grande
propriedade tem sido um verdadeiro impecilio para tentativas neste sentido , visto que
quando um terreno se esgotava, bastava destruir algumas mattas nos dominios para logo
obter novo terreno virgem .

As outras rasões que se costuma apresentar em favor da opinião de que os campos


não prestam para cultura são : falta de braços e falta de agua .
- 44

Com relação a este primeiro motivo, nada me cabe julgar, porque é uma questão pu
ramente social, porém , no que diz respeito ao segundo , caso seja verdadeiro, basta
lembrar que nos prados da França , Italia , Allemanha e mesmo em algumas partes da Suissa ,
os pocos artesianos são muito empregados no serviço da irrigação de extensões conside
raveis , e não ha motivo para admittir que o mesmo não podia ser feito ahi.
Os estudos que sobre esta zona acabo de fazer, logo me convenceram que os campos
não só são aproveitaveis, como até muito ferteis e principalmente os argillosos que n'um
futuro não remoto talvez constituirão o celleiro da Provincia.

Ha, porém , ainda dous obstaculos serios para vencer-se e que devem ser objecto de
estudos especiacs. Um é de competencia do botanico, ao passo que o outro por sua
natureza pertence ao agronomo. Tal é o methodo para preparação do terreno, emprego
de apparelhos na lavoura e a competente adubação, porque por mais fertil que um terreno
seja, não se pode exigir delle uma producção illimitada sem previa preparação do solo e
sem emprego de meios fertilisantes ; eis o que pertence ao agronomo estudar, afim de de
terminar qual a cultura conveniente, sua alternação ou afolhamento e finalmente quaes os
adubos necessarios para restituição dos elementos exgotados pela alimentação das plantas
cultivadas.

O outro estudo, puramente botanico, comprehende as causas que determinaram a es


terilidade apparente e apresentação de provas da sua fertilidade contestada.
Este estudo ainda não o conclui de todo, porém, expor-vos- hei rapidamente o que
até agora tenho observado .

Depois de ter percorrido os campos acima citados , não me resta mais duvida que
uma das principaes causas e talvez unica, deve ser procurada nas queimas annuaes e basta
algumas leves considerações para justificar o cabimento desta asserção .

A queima dos campos que em geral é effectuada no fim da estação da secca , quando
grande parte de sementes aguarda as primeiras chuvas para se desenvolverem , forçosa
mente produzirá a morte de todos os vegetaes que então se acham no estado de germi
nação , e favorecerá apen :: s aquelles que por sua natureza perenne possuem um systema de
raizes ou rhizomas que lhes permittem sobreviver a destruição de seus orgãos aereos , quaes
a caule e as folhas. Disso resulta para muitas especies uma lenhificação destes orgãos que
depois só podem servir como aliinento ao gado , durante uma curta epocha apóz o nas
cimento das folhas e caules novas . Até as proprias graminaceas procuradas pela criação
não satisfazem senão emquanto tenras .

Um outro resultado das queimas, é o desenvolvimento forçado das raizes que em al


gumas familias se entrelaçam , formando um feltro impenetravel e em outras, que procu
rando o fundo, criam piões ou como vulgarmente se denominam batatas, attingindo muitas
vezes proporções que não estão em relação com o resto da planta .
Finalmente, as queimas endurecem a superficie do solo impossibilitando assim a ger
minação de muitas especies, cujas sementes carecem de um chão macio e facil de ser pe
netrado pelas finas radiculas primarias.

De tudo isto resulta que para cultivar o campo torna-se indispensavel o emprego de
instrumentos para revirar a terra trazendo para cima as camadas ainda não exgotadas , o
que no estado actual de educação agricola da Provincia apresenta serias difficuldades, por
causa de augmento de trabalho e trabalho pouco conhecido .

Pela exposição da diversidade de familias vegetaes e numero de especies que habitam


estas extensões, facil é deduzir que não ha falta de alimento para uma vegetação cultivada,
contanto que esta receba o tratamento indispensavel. A isto reune - se a observação de
plantações ao redor das moradias no campo, onde tudo se desenvolve com extraordinario
viço , desde o proprio cafeeiro que alli quasi se torna arvore frondosa, até toda a especie de
legumes e hortaliças, e isto sem o minimo adubo e apenas por ter sido o chão trabalhado
e revirada com enxada a camada superficial .
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Segundo o estudo de gabinete das collecções de 1887, que apezar de não serem com
pletas, ou não representarem a flora total daquelles campos, achei as familias distribuidas
da seguinte forma, tomando por base a porcentagem de especies de cada uma :

Compositæ . 19,1 %
Leguminosa 10,1
Graminaceæ . 8,6 »
Euphorbiaceæ 4,7 »
Asclepiadaceae 3,9
Labiatæ . 3,6 »
Cyperaceæ 3,6 »
Rubiacea 3,6
Verbenaceæ . 3,2
Myrtacea 2,5
Solanaceae 2,2
Melastomaceae 1,8 »
Convolvulacea 1,8 »
Sterculiacea 1,8 »
Anacardiaceæ 1,8 »
Erythroxylonacea 1,8 »
Ternstromeriaceæ 0,7 »
Diversas 25,2
100,0 %

Predominam , pois , as Compositeas , ou justamente uma familia das menos procuradas


pelos animaes de criação . E' uma familia muito resistente na luta pela existencia , tanto
por ter muitas especies perennes, como mais ainda por causa de suas sementes que sempre
possuem meios de locomoção , consistindo em uma corôa de cilios ou cabellos finos que
îhes facultain transporte pelo ar e mais que uma vez observei como o proprio fogo, pro
duzindo uma corrente ascensional, lhes suspendia para deixal - as cahir no meio das cinzas
onde facilmente germinavam .
Sobre o valor nutritivo destas familias faltam -me ainda dados mais positivos, porém ,
em todo o caso occupam as graminaceas o primeiro lugar e as leguminoseas o segundo ,
sendo as outras procuradas somente por falta de melhor, o que constitue a principal causa
de envenenamento do gado , porque não achando alimento conveniente , procuram os animaes
satisfazer a fome com tudo que acham .
Entre as graminaceas mais abundantes dos campos do Sul da Provincia e ahi reputada
de primeira qualidade acha -se o capim mimoso ( Panicum capillaceum Lamck ), excellente
como forragem , porémn , faltando na epocha da secca e de pouca resistencia ao frio e pisar
do gado .
O capim denominado pé de gallinha ( Cynodon dactylon . Pers :) já é mais resistente,
porém não é abundante e parece carecer de bastante trato .
Raras são as especies denominadas capim flecha (Tristachya leiostachya. Nees v : E. )
e flechinha (Tristachya chrysothix . Nees v . E :) ao passo que nos campos um tanto arenosos
de Araraquara e Jaboticabal abundam extraordinariamente .
Como consequencia fatal das queimas, notei a constante invasão do capim barba de
bode (Aristida pallens . Canav :) nos campos, e da samambaia (Pteris caudata Mart :) e o
sapė ( Anatherum bicorne L e Imperata Brasiliensis . Tr :) nas capoeiras e mattas destruidas
pelo fogo.
Esta ultima graminacea forma, para assim dizer, a unica alimentação do gado nos
campos do Rio Claro , os quaes na maior parte devem sua origem á destruição de mattas
virgens, como provam os milhares de troncos carbonisados das perobas que outr'ora erguiam
suas frondosas copas por cima de uma vegetação silvestre , desapparecida sem proveito
algum .
Nas outras familias poucas especies notei como procuradas pelo gado , e a maior parte
destas apenas por falta de melhor. A unica excepção notavel, é de uma Sterculiacea de
nome Büttneria scalpellata. Pohl : mas esta só encontrei n'uma área muito limitada e em
pouca quantidade.
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As plantas colhidas durante esta excursão já se acham convenientemente preparadas,


fixadas em papel proprio e coordenadas segundo o systema natural empregado na flora de
Martius .
Estão em preparação as listas das plantas reputadas toxicas ou medicinaes, assim como
da synonymia indigena dos vegetaes para .correcção da confusão que ha na denominação
das plantas pelo povo.
A segunda parte dos trabalhos tiveram por fim a continuação das excursões para
augmento de dados sobre os campos, trabalho que só pode ser concluido depois do per
curso de todas as zonas campestres da Provincia .
Dirigi - me esta vez para o lado N. W. da Provincia cujos campos differem em sua
composição dos que visitei em 1887. Grande parte delles são arenosos, especialmente o
campo que se estende desde Rio Claro até S. Carlos do Pinhal .
Em algumas partes acha-se este campo interrompido por mattas , principalmente entre
as estações de Morro Grande e Oliveiras , onde o terreno é occupado pela serra do Cuscu
zeiro e cortado pelo valle do rio Corumbatahy e seus affluentes.
Da estação de Oliveiras para diante, quasi até chegar em S. Carlos do Pinhal , es
tende-se o immenso campo do Feijão , que communica com o de Brotas, interrompido
apenas em poucos lugares por mattas ou melhor, cerradões, onde o terreno parece ter sido
excavado por cursos de agua, havendo sempre capões nas baixadas humidas ou beira
corregos .
Tanto o campo do Feijão, como o de Rio Claro , Brotas e Fortaleza entre S. Carlos
do Pinhal e Araraquara, são arenosos, formados por uma arêa quartzosa. A sua flora,
porém , é muito variada, até ainda mais do que a dos campos de Itapetininga, encon
trando-se tambem a maior parte das plantas que n'aquelles campos colhi o anno passado .
Os campos de Jaboticabal e para diante, são, ao contrario , argillosos, porém , menos
que os de Itapetininga e a flora tambem differe bastante.
Todas estas extensões são ainda incultas e tambem ahi predomina a prevenção de
serem os campos estereis e só de serventia para criação, apezar dos bons resultados que
muitas pessoas têm obtido no plantio de batatas, mandioca, cebolas, hortaliças e algumas
raras tentativas de cultura de cereaes ,
Ficam todos estes campos n’uma altura de 700 a 800 metros acima do nivel do mar,
com excepção dos de Jaboticabal que ficam entre 600 a 700 metros por, formarem a ver
tente N. E. para o rio Mogy-guassú .
A flora de todos estes campos é extremamente variada, como já ficou dito , podendo
o observador facilmente e á primeira vista , distinguir o campo argilloso do arenoso e
vice-versa. Nos argillosos ha alguma semelhança com os de Itapetininga, distinguindo -se ,
porém , pela preponderancia da familia das Leguminoseas e maior raridade de Euphorbia
ceas . O grande numero e quantidade de individuos de Leguminoseas parece-me de im
portancia , porque esta familia exige composições calcareas no terreno .
Os campos arenosos assemelham -se um pouco aos de Sorocaba e Sarapuhy, mas
distinguem -se tambem pelo predominio das Leguminoseas, variando muito nas outras fa
milias .

Nestes campos todos ha muito pouco barba de bode, excepto nos de Jaboticabal
onde as frequentes queimas já conseguiram desenvolver esta graminacea invasora. A sa
mambaia tambem é rara e o sapé só abunda nos campos do Rio Claro como acima ja
ficou dito .
Em geral a familia das Graminaceas não é rica em especies nestes campos, faltando
sempre o Capim mimoso que tanto abunda nos campos de Oeste e Sul da provincia , mas
em compensação é elle muito bem substituido pelos Capim flecha e flechinha que abun
dam extraordinariamente, constituindo a melhor das pastagens em extensões considera
veis, porém , tende a desapparecer em consequencia das queimas, e já existem campos co
bertos de barba de bode onde ha poucos annos ainda só via - se capiin flecha. Tal é parte
do campo na fazenda Monte Alegre a 24 kilometros N. W. de Araraquara.
Além das especies observadas e colhidas em Itapetininga , só achei 27 especies novas
de Graminaceas, o que me parece pouco. E ' verdade que algumas dellas abundam muito
como por exemplo : além das referidas, e nos campos arenosos, una Briza sp. cujas
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espigas largas, chatas e arroxadas muitas vezes dão um caracter especial ao campo, con
trastando agradavelmente com o alvo da areia e com os diversos matizes do verde do resto
da vegetação .
Os campos são ahi talvez ainda mais bonitos que em Itapetininga, porque além de haver
mais cerrados e capões, que quebram a monotonia de uma campina infinda, parece-me haver
maior diversidade no colorido da vegetação . As folhas glaucas das Anonaceas e de al
gumas Compositeas , o escuro brilhante de certas Myrtaceas pequenas, misturado com as
côres vivas das folhas novas das Leguminoseas e das fôres das Labiateas, Apocynaceas,
Melastomaceas e Crassulaceas, produzem um effeito verdadeiramente encantador.
A vegetação dos cerrados é bastante variada e assemelha -se muito á mesma de Ta
tuhy e Itapetininga, talvez que abundam mais em Malpighiaceas, Melastomaceas, Rubiaceas
e Vochysiaceas . As mangabeiras ( Apocynacea, Hancornia speciosa Gomes) são numerosas ,
porém não aproveitadas senão para fazer doce dos fructos. Ha tambem grande quanti
dade de Sucupiras e Faveiros ( Leguminoseas do genero Bowdichia) , assim como o Alcaçuz
indigena , tambem leguminosea (Periandra dulcis Martius), das quaes nenhuma vi em Itape
tininga. E ' mais uma prova da preponderancia desta familia, até nos cerrados .
Entre as novidades de maior interesse que achei , noto especialmente uma Proteacea ,
parecendo pouco conhecida e que tem a propriedade de enlear arvores asphyxiando - as a
modo das figueiras ; pertence ao genero Rhopala.
Achei tambem pela primeira vez uma Lacistemacea que supponho ser Lacistema po
lystachium Schnizel :
Poucas especies da flora das mattas tenho colhido , porque quasi toda a zona que per
corri e onde demorei algum tempo , é constituida por campos, cerrados ou cerradões .
A relação das plantas achadas até agora nesta excursão, é a seguinte, indicando o
numero de especies de cada familia.
Acanthaceæ 7 . Crassulaceæ 2 . Loranthaceæ 6 . Ranunculaceæ 3.
Alismacea 2, Cucurbitaceæ 6. Lythracaceæ 4 . Rhamnaceæ 2 .
Amarantaceæ 7 . Cunoniaceæ 2 . Magnoliaceæ 1 . Rubiaceæ 37 .
Amentaceæ 1 . Cuscutaceæ I. Malpighiaceæ 26. Rutaceæ 7 .
Ampellidaceae 3 . Cyperaceæ 6. Malvaceæ 8 . Salsolaceæ 1 .
Anacardiaceæ 6 . Dilleniaceæ 4. Melastomacez 22. Sapindaceæ 10.
Anonaceæ 5 . Dioscoracæ 3. Meliaceæ 9 . Sapotaceæ 6.
Apocynaceæ 14 . Ebenaceæ I. Monimiaceæ 1 . Schophulariacea 2 .
Araliaceæ 2 . Equisetaceæ 1 . Myristicaceæ 2 . Simarubaceæ i .
Aristolochiaceæ 2 . Ericacea i . Myrsinæ 2 . Smilacaceæ 2 .
Araceæ 2. Eriocaulonaceæ 2 . Myrtaceæ 14. Solanaceae 8.
Asclepiadaceæ 8 . Erythroxylonaceæ 2 . Naiadæ 1 . Sterculiaceæ 4.
Bignoniaceæ 13 . Euphorbiaceæ 23 . Nyctagaceæ 2 . Styracaceæ 3.
Bixaceæ 2. Filices 8 . Ochnaceæ 4. Ternstroemeriaceæ 3.
Bombaceæ 3. Gesneraceæ 1 . Onagrariaceæ 8 . Thymeleaceæ 1 .
Butomace 2. Graminaceæ 27 . Orchidaceæ I. Tiliaceæ 4.
Campanulaceæ 1 . Guttiferaceæ 1 . Orobanchaceæ 3 . Turneraceæ 2 .
Cannaceæ I. Hippocrateaceæ 4. Oxalidaceæ I. Umbelliferæ 5 .
Celastrinaceæ 2 . Iridaceæ 2. Palmaceæ 2. Urticaceæ 10.
Celtidaceæ 1 . Juncaceæ 3. Passifloraceæ 5 . Utriculariaceæ 1 .
Cestrinaceæ 4. Labiatæ 10. Phytolaccaceæ 3 . Vacciniaceæ 2 .
Combretaceæ 3. Lacistemaceæ 1 . Piperaceæ 8 . Valerianacea i .
Compositæ 60 . Lauraceæ 9 . Polygalaceæ 6. Verbenaceæ 7 .
Commelinaceæ 2 . Leguminosæ 97. Pontederiaceæ 1 . Vochysiacexe 4.
Convolvulaceæ 17 . Liliaceæ i . Proteaceæ 2. Xyridaceæ 1 .
Cordiaceæ 2. Loganiaceæ 5 . Rafflesiaceæ I. Incognitæ 27 .

São, pois, 692 especies , distribuidas por 103 familias. O numero de 27 especies in
cognitæ indica exemplares incompletos e cuja classificação depende de estudos que não
podem ser feitos no campo .
Relativamente aos outros trabalhos, segui em tudo o programma do anno passado,
continuando sempre o que já foi iniciado .
Vão adiantadas as listas sobre plantas toxicas, medicinaes e industriaes , assim como
a da synonimia indigena das plantas.
Colleccionei tambem alguns insectos para serem englobados nas collecções anteriores .
Distribui entre 18 fazendeiros sementes da alfarrobeira (Leguminosea, Ceratonia sili
qua L. ) esperando ter com isto prestado algum serviço , por ser esta arvore de grande valor
48

para forragem e pedi aos mesmos Snrs . fazendeiros a fineza de communicar a esta com
missão o progresso das plantações .
Com relação á prestabilidade dos campos percorridos este anno , pouco ou nada tenho
que accrescentar ao que já ficou dito , parece-me, pois , que com excepção dos campos pu
ramente arenosos , elles se acham nas mesmas condições dos de Itapetininga , isto é,
que nada impede a cultura e que a fama de esterilidade que ganharam tem sua origem
nas mesmas causas que dos campos de Itapetininga .
Mas ha agora fundadas esperanças que este estado da nossa lavoura em breve mude,
principalmente por causa da immigração e pela facilidade de acquisição e barateza de ter
reno de campo , que naturalmente favorecerá a constituição da pequena propriedade e la
voura de mantimentos.

SECÇÃO METEOROLOGICA

A estação central meteorologica da Commissão que funccionou no prédio n . 38 da rua


a torre do Jardim Bo
para a
da Consolação, foi mudada no mez de Março corrente anno para
tanico .
As observações continuaram com a costumada regularidade, e tendo sahido o observa
dor Sr. Alfredo Tomassini, foi substituido pelo Sr. Francisco de Paula Felicissimo.
Os telegrammas diarios das observações simultaneas têm sido expedidos sem a mi
nima interrupção .
A estação de Tatuhy tem continuado com muita regularidade, sendo para elogiar o
modo exacto e regular pelo qual o Sr. Antonio Camargo Caixeiro tem desempenhado suas
funcções como observador naquelle logar .
A estação de Itapetininga não tem continuado por ter- se mudado para a Capital o
observador Sr. Pedro Marques d'Azevedo . Estão , porém , dadas as providencias necessa
rias afim de continuar desde o primeiro de Janeiro proximo futuro.
Posso levar ao vosso conhecimento a fundação de mais 4 estações meteorologicas na
provincia, das quaes 3 por iniciativa particular e uma pela Companhia de estrada de ferro
Bragantina .
Acham -se os postos novos nas seguintes localidades :
1.0 Rio Claro, onde o Illm . Sr. Dr. Andréas Schmidt, Inspector Geral da Companhia
Rio Claro graciosamente prestou -se para fazer as observações.
2.0 S. Carlos do Pinhal onde as observações são feitas pelo Illm . Sr. Dr. David Ca
sinelli, engenheiro civil .
3.0 Araraquara, onde o Illm . Sr. José Bertoni, chefe da estação , se encarregou de
ser observador.
4.0 Bragança onde o Illm . Sr. Dr. Luiz Gonzaga da Silva Leme, Inspector Geral da
Companhia Bragantina, bondosamente se encarregou arranjar observador idoneo .
Além destas quatro estações foi fundada mais uma no centro desta Capital, afim de
servir para comparação com os dados do Jardim Botanico. Deve se este posto ao Illm .
Sr. Dr. Fidencio Prates, tendo -se encarregado das observações o Illm . Sr. Alfredo Prates.
Espero brevemente poder relatar o concurso de mais algumas estações na provincia .
Em memoria especial apresentarei os resultados das observações todas deste anno ,
assim como quadros climatologicos mensaes e annuaes e trabalhos graphicos concernentes .

Alberto Loefgren.
.
1 Botanico e meteorologista.
SECRETARIA DO GOVERNO

BREVE RELATORIO

AO
APRESENTADO Ex.mo SNR.

Dr. PEDRO VICENTE DE AZEVEDO

PRESIDENTE DA PROVINCIA DE SÃO PAULO

PELO SECRETARIO

Bachatel Estevati Leão Bourroul


Secretaria do Governo da Provincia de São Paulo, em 31 de Dezembro de 1888..

Allm . e Exm . Snr .

Cumpre-me fazer chegar ás mãos de V. Ex . o breve Relatorio da Reparti


ção a meu cargo , desde o dia 25 de Abril do corrente anno , data da succinta
Exposição que tive a honra de apresentar ao Exm . Snr. Conselheiro Francisco
de Paula Rodrigues Alves, até hoje.

Como sempre, serei resumido em minhas apreciações , não tanto pela aridez
do assumpto , como para não tomar por muito tempo a preciosa attenção de
V. Ex .

O NOVO REGULAMENTO

Traz a data de 30 de Abril o novissimo Regulamento que ora rege esta


Repartição , firmado pelo Exm . Snr. Conselheiro Francisco Antonio Dutra Ro
drigues.

Assentadas as bases pelo Exm . Snr . Conde do Parnahyba em seu Relatorio


de 17 de Janeiro de 1887 e reproduzidas no de 19 de Novembro do mesmo
anno, foram por elle submettidas a approvação da Assembléa Legislativa Provin
cial , que só no corrente anno , pela Lei n . 30 de 17 de Março, $ 1. " , autorisou
o Presidente da Provincia a reformar a Secretaria do Governo, de accôrdo com
a sua proposta, expedindo o respectivo Regulamento e submettendo a approvação
da Assembléa a parte em que houve augmento de despezas .
No Relatorio com que o Conselheiro Rodrigues Alves passou a administração
a seu digno successor, fez elle sobresahir a necessidade da reforma do Regulamento
de 3 de Janeiro de 1876, como tornára -se preciso , « para melhoria do pessoal e do
- 4

serviço, de maneira a collocar a nossa primeira Repartição Provincial á altura a


que faz jus pelo seu merecimento e pelo auxilio efficaz que presta á administra
ção publica. »
Assumindo as redeas do Governo da Provincia no dia 28 de Abril, o Exm .
Snr. Doutor Dutra Rodrigues logo depois tratou de satisfazer o desejo de seu
honrado antecessor, prestando por igual um serviço relevante a esta Secretaria ,
com a execução do § 1.º da Lei de 17 de Março, cuja necessidade fôra reconhe
cida pelos diversos Presidentes que o haviam precedido, notadamente pelos Exms.
Snrs. Dr. João Baptista Pereira e Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oli
veira .

Si é certo que somente uma prática assás longa e ininterrompida poderá pa


tentear as vantagens da reforma de uma Repartição publica importante, e cha
mada, por sua natureza, a trabalhar como que sob os olhos do Administrador,
é certo tambem que o Regulamento de 30 de Abril encerra disposições criterio
sas e equitativas que, melhorando a distribuição do serviço e a situação dos
empregados, tende a reerguer o nivel dos mesmos e a habilital-os a correspon
derem , no desempenho de suas funções, á confiança que devem inspirar pelo
cumprimento restricto de seus deveres .
Fallo em theze.

Neste assumpto , como em tantos outros que jogam com o mecanismo admi
nistrativo, tudo é relativo . – O pessoal não é de hoje, nem foi creado de momento : as
habilitações são , nem podem deixar de ser , desiguaes ; mas a boa vontade é patente na
maioria.

E faltaria á verdade si não dissesse que os empregados cumprem geralmente


as obrigações impostas pelas leis e Regulamento vigente.
Confesso entretanto , e já ponderei mais de uma vez a V. Ex . e aos

Presidentes com que tenho tido a honra de servir que as nossas Repartições
publicas, quer provinciaes quer geraes, resentem -se todas do mesmo mal , do mesmo
vicio de origem .

A outrem , que não aos chefes de Repartições, cuja esphera de acção é cer
ceada já pelas disposições regimentaes, já por muitas outras causas de economia
interna, será dado debellar as anomalias com uma reorganisação completa, radical,
do mecanismo bureaucratico, extirpando de vez os abusos e a rotina e exigindo nas
admissões próvas serias e reaes de capacidade, como sóe praticar-se em todos os
paizes que têm n'um Funccionalismo numeroso, disciplinado e bem preparado um
dos mais importantes factores do seu engrandecimento .

II

DISTRIBUIÇÃO DO SERVIÇO E PESSOAL

O quadro da Secretaria, ex -vi do Art. 1.º do Regulamento, consta de 26


empregados, assim distribuidos pelas cinco Secções :

OFFICIAL -MAIOR

João de Souza Amaral Gurgel.


5

1.4 SECÇÃO

Estatistica Judiciaria; Estatistica civil e Recenseamento; Quadro dos julgados


de Paz ; Quadro da divisão policial ; Registro Civil ; Privilegios para a industria
extractiva; Guarda nacional; Naturalisações.

Chefe, Bacharel João Pedro da Veiga, filho.


1. ° Official, Lourenço Domingues Martins.
2.0 Manuel Emilio da Costa .
Amanuense, Sebastião Felix de Abreu e Castro .

2.8 SECÇÃO

Ministerio do Imperio e Instrucção Publica Provincial.


Chefe, Candido Augusto de Oliveira Abranches.
1. ° Official, João Maria Rodrigues de Vasconcellos.
2.0 >> ) Henrique José Coelho,
Amanuense, Luiz de Vasconcellos .

3.8 SECÇÃO

Ministerios da Fazenda, da Guerra e da Marinha; Immigração e Colonisação;


Assembléa Provincial; Ministerio d'Agricultura , excepto Estradas de Ferro e
Terras publicas .
Chefe , Antonio Pedro de Oliveira .
1. ° Official, Antonio Benedicto Coelho Netto .
2.0 Antonio Gomes de Araujo Junior .
Amanuense, José Christino da Fonseca.

4.9 SECÇÃO

Obras Publicas Provinciaes; Thesouro Provincial; Catechese e Civilisação dos


Indios ; Estradas de Ferro e Terras Publicas .
Chefe, Bacharel Miguel Monteiro de Godoy.
1 , º Official, Francisco Lucio de Oliveira Netto .
2. ° Olympio Ricardo O'Reilly .
Amanuense, Leopoldo Machado,

5.4 SECÇÃO

Ministerios da Justiça e de Estrangeiros; Força Publica Provincial.


Chefe , Bacharel Joaquim Roberto de Azevedo Marques, filho .
1.° Official, Antonio de Magalhães,
2.0 > Tiburtino Mondim Pestana.
Amanuense, Alvaro Augusto de Toledo.

ARCHIVO

Archivista, João Baptista de Alvarenga.


Ajudante, Mariano da Purificação Fonseca.

PORTEIRO

Antonio Maria Chaves.


- 6

CONTINUOS
Affonso Corumbá da Fonseca .
Hermenegildo de Almeida.

Ha mais 1 ordenança, servindo de correio e auxiliar dos continuos .

A guarda dos moveis e utensis do Palacio está a cargo do cabo Leotildo


Marzagão , que é pago pela verba da Secretaria , por haver o Governo geral suppri
mido à gratificação annual de 78 $ 000, consignada para esse fim .
Ao Official-maior, o Snr. João de Souza Amaral Gurgel, funccionario dis
tincto , muito deve a boa marcha dos trabalhos da Secretaria .

III

EXPEDIENTE

V. Ex . está capacitado do cada vez mais avultado expediente desta Se


cretaria .

Um simples confronto entre o movimento do anno que hoje finda e o dos dous
annos anteriores, será bastante para corroborar o que levo dicto .
No corrente anno foi o seguinte o movimento de papeis:

1. ° TRIMESTRE DE 1888

1.9 Secção ( então 6. ) 1.697


2.a > 1.971
3.8 3.758
4.8 3.516
5.8 3.065

14.007
2.0 TRIMESTRE

1.a Secção . 1.780


2.8 1.885
3.a 3.785
4.8 2.999
5.a 2.746

13.195
3. ° TRIMESTRE

1.8 Secção 1.799


2. 1.088
3.8 3.298
4.8 2.675
5. 2.544

11.404
4.0 TRIMESTRE
1.8 Secção . 1.447
2.a 1.917
- 7 -

3.8 3.745
4.8 3.219
5.a 2.587

12.915
Recapitulação :
1. trimestre 14.007
2.0 13.195
3.0 11.404
4.0 12.915

Total no anno de 1888 . 50.521

Comparação com os dous annos anteriores :

1887
2.8 Secção . 7.555
3.a 12.205
4.8 > 14.854
5.a >> 9.542
6.a ( hoje 1.a ) 4.361

Total no anno de 1887 . 48.517

1886

2. Secção . 5.721
3.a >> 5.174
4.2 > 10.119
5.a 8.837
6.8 ( hoje 1.a ) 4.415

Total no anno de 1886 . 34.266


Em summa :
1886 34.266
1887 48.517
1888 50.521

O augmento é visivel ( A ) .

Cumpre notar , como ponderei nos meus Relatorios trimestraes, que nesta relação
não se acham comprehendidas as copias dos officios, minutas, cartas de naturalisação
e competentes registros, titulos, as informações diarias das Secções e os pareceres
do Secretario ( art . 11 § 10 e 14 § 11 do Regulamento) , as portarias de passa
gens nas estradas de ferro, á conta da Provincia ou do Governo Geral, as certi
dões , editaes e competentes registros, protocollos , etc. etc .: o que , si fosse compu
tado, attingiria ao triplo do algarismo supra.
Accresce que a remessa dos livros destinados ao Registro Civil dos nascimen
tos , casamentos e obitos, de conformidade com o Decreto n . ° 9,886 de 7 de Março ,
avolumou extraordinariamente o expediente e não faz parte da relação alludida.
Os livros , em numero de 492 , foram todos abertos, rubricados e encerrados
por mim , em cumprimento do art. 4. ° do Regulamento respectivo e da carta
circular do Ministro do Imperio de 11 de Outubro.
8

Nem por isso pereceu o expediente, e a 20 do corrente estava terminada a


remessa dos livros aos Juizes de Paz das 162 Parochias da Provincia .

O serviço fora dividido pelas diversas Secções e superentendido pelo Official


Maior ; foi executado breve e escrupulosamente.

Além dos Juizes de Paz , remetteram - se igualmente Livros do Registro Civil


ao Director da Colonia Militar do Itapúra e ao Capitão do Porto de Santos (art.
7.º e 8.º do Regulamento ).

A extincção do elemento servil concorreu para diminuir o expediente da 1.a


Secção ; mas a organisação da Estatistica Judiciaria e os quadros dos Julgados de
Paz compensarão amplamente aquella lacuna.
0 Relatorio do Exm . Snr. Conde do Parnahyba, de 1887 , trouxe a Estati
stica Judiciaria correspondente ao anno de 1885 .
E já dei ordens terminantes para que tal serviço, em regra descurado, fosse
executado com a promptidão e esmero, recommendados pelo Governo Imperial.
Devo insistir na necessidade da creação de uma Secção de Estatistica ?
Na minha succinta Exposição de 25 de Abril, alludi ao assumpto, que, como
sabe V. Ex . , foi tratado nos Relatorios da Presidencia de 1886 e 1887, com
franqueza e illustração.

Ante o excessivo trabalho que pesa sobre as Secções, de modo que não raro
ao Secretario incumbe grande parte do serviço da exclusiva competencia dos
Chefes, torna -se necessario o augmento de alguns empregados, sobretudo dado o facto
de se nào admittirem collaboradores nem praticantes, fóra do quadro do pessoal .
Accresce que um dos 2.us Officiaes serve no Gabinete, outro foi nomeado
para uma commisão fóra da Provincia , e de continuo ha um ou dous emprega
dos licenciados, além daquelles que, matriculados na Faculdade Juridica, têm per
missão tacita para, nas horas do expediente, cursar as aulas de Direito .
Attendendo á conveniencia do serviço , V. Ex . houve por bem , por Acto
de 1.º de Agosto , passar da 2.a para a 1.4 Secção o avultado expediente relativo
á Instrucção Publica Provincial.

Já , por Acto de 24 de Abril, o Conselheiro Rodrigues Alves desannexára


da 2 , a e passara para a então 6.a e hoje 1.a Secção os ramos relativos a Natura
lisações e Saude Publica .

Este , porém , pouco depois , tornou a voltar para a 2.a Secção .


O expediente está em dia nas cinco Secções ; os papeis têm rapido andamento
e a escripturação dos livros de Protocollos, Registros e outros , é regular.
Faz-se sentir a falta da publicação diaria do Expediento em boletins avul
sos , faceis de se collecionarem e encadernarem no fim do semestre ou do anno ,
além da impressão dos Actos Officiaes no Correio Paulistano.
Sou de parecer que , sem accrescimo de despeza, e pela propria verba desti
nada á publicação dos Actos do Governo Provincial , poder-se -ha conseguir esse

melhoramento, que de ha muito devêra ter sido posto em prática , como em outras
Provincias e até na maioria das Municipalidades das cidades grandes .
V. Ex . , porém , deliberará como convier.
A verba consignada pelo S 2.º do art . 1.º do Regulamento, e destinada á
Secretaria , é a seguinte:
9

Papel , pennas, tinta e artigos de expediente . 3 :2009000


Encadernação de livros 200 $ 000
Agua, limpeza da casa e despezas miudas . 100 $ 000

3 : 500 $ 000

Ora, que tal verba é insufficiente vém demonstrar a pratica de todos os dias ;
nem as despezas que forçosamente accrescem pódem ser cobertas pela verba do
§ 14 para eventuaes, por sua vez insufficiente .
E ' , pois , de rigorosa necessidade elevar ao menos ao duplo a quota votada
para o expediente da Secretaria, que é ainda a mesma de ha 10 annos , quando
o trabalho afflúe e o serviço augmenta a olhos vistos .
Convém ser consignada igualmente uma verba de 1 : 000 $ 000 para dous serven
tes , ad instar do determinado no $ 3.º art. 1.º da mesma Lei , Thesouro Provincial .
Isto mesmo ponderei no meu ultimo Relatorio ao Conselhairo Rodrigues
Alves , e de ordem de S. Ex . entendi-me com a Commissão de Orçamento, acer
ca da conveniencia de augmento de verba para expediente e inclusão de uma
parcella para serventes e impressão de avulsos não prevista .
E ' de desejar-se e esperar que a digna Commissão, na Legislatura prestes a
abrir -se, attenda a esse reclamo do serviço publico.

IV

BIBLIOTHECA E ARCHIVO

A Bibliotheca tem feito acquisição de algumas obras ; em pequeno numero,


attenta a insufficiencia da respectiva verba.
Requisitei das Directorias de diversas Secretarias de Estado as collecções, de
que por ventura pudessem dispôr, para augmentar o cabedal de livros da Bi
bliotheca .

Da Secretaria da Assembléa Legislativa Provincial solicitei igualmente uma


collecção completa dos Annaes, desde 1835 . Faltam , porém , os volumes corres
pondentes aos annos de 1836 a 1840 : alguns consta-me não haverem sido im
pressos ; de outros a edicção está exgotada .
Assim , não existem impressas as Actas das sessões do Conselho Geral,
que precedeu a Assembléa Provincial , e funccionou desde 29 de Novembro
de 1828 até 5 de Fevereiro de 1834 .

Urge a impressão destes preciosos documentos, para o que já foi apresentado,


em 7 de Março de 1887 , um projecto de Lei autorisando o Governo a mandar
imprimir e publicar em brochuras, tudo quanto constar do livro de registros da
Assemblea ou do Governo, relativos a propostas, officios e representações do Con
selho Geral , desde 1 de Dezembro de 1828 até sua extincção , inclusivé as corres
pondencias do mesmo ás Repartições Publicas , a primeira acta de sua installação
e todas as fallas (si existirem ) com que os Presidentes da Provincia abriram
suas sessões (B) .
A Assembléa não deixará sem duvida de converter em Lei esta idea , para
cuja realisação estarei prompto a concorrer, si ella assim quizer, na 2medida de
10

minhas forças, encarregando-me da reimpressão e revisão, sem onus para os cofres


publicos a não serem aquelles exigidos pelo serviço typographico ; isto é , sem re
muneração de qualidade alguma.

Para fazer obra completa, fôra mistér autorisar tambem a impressão das
Actas das Sessões do Governo Provisorio ( 10 de Setembro de 1822 a 8 de Ja
neiro de 1823 ) e do Conselho do Governo ( 1826–1834) .
Seria um subsidio valiosissimo á Historia Patria, porque, como bem disse o
illustre Paulista Visconde de São Leopoldo : < A Historia da Capitania de São
Vicente será a Historia geral do Brazil » .

0 Archivo está em boas condições de conservação e aceio .

E ' de lastimar que a reorganisação a que se procedeu em 1885 , de ordem


do Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, não fosse tão cabal e fielmente
executada como era para desejar.

Os catalogos historicos relativos ao tempo colonial e ao Primeiro Reinado


não estão bem elaborados e resentem -se de não pequena confusão ; e collecções
importantes estão desfalcadas e truncadas ( C ).

Procurando escrever uma Memoria historica sobre a Repartição que dirijo,


para appensal- a a este Relatorio, recorri ao Archivo, mas os dados que me foi
permittido colher são deficientes e burlaram o meu intento . Não pude organisar
siquer uma relação completa dos Secretarios, porque o primeiro Livro de Jura
mentos não foi encontrado .

Sou levado a crêr que tempo houve em que o Archivo foi franqueado em
demasia aos colhedores de documentos e esclarecimentos historicos, sem attender
á disposição do art. 18 S 6. do Regulamento de 3 de Janeiro de 1876 , repro
duzida no art. 16 $ 6.º do Regulamento actual.
Apezar destas lacunas sensiveis, o Archivo é um repositorio de documentos
de valor inestimavel para a Historia politica e administrativa de nossa Provincia .
Si bem no Archivo da Camara Municipal da capital e no da Camara Eccle
siastica devam existir não poucas collecções de real merecimento, o da Secretaria
é a primeira das bases officiaes de pesquizas a que por ventura hajam de proceder
os investigadores das cousas patrias e das origens Paulistas , que soffreram irreme
diavel perda com o incendio e destruição pelos Inglezes do Cartorio de S. Vicente,
no seculo XVI e , posteriormente, pelo incendio do Archivo da Camara da mesma
Villa pela demencia de Manuel Vieira Collaço, em fins do seculo XVII .
A Lei n . 20 de 8 de Março de 1842 creára nesta cidade um Archivo Pu
blico Provincial, sob a inspecção do Secretario do Governo, e dividido em tres
Secções : legislativa, administrativa e historica.

Grande parte das attribuições daquella Repartição especial passou para as


diversas Secções da Secretaria , ás quaes é commum a guarda de todos os seus
livros e papeis relativos a negocios pendentes, devendo remettel- os para o Archivo
logo que estejam findos .
Entretanto, muitas das disposições existentes na Lei de 1842 são aprovei
taveis , e não deve ser abandonada a idéa do estabelecimento de um Archivo Pu
blico Provincial, que concentre em uma Repartição unica todos os documentos e
collecções, antigas e modernas , que disserem respeito á Provincia de S. Paulo ( D) .
- 11 -

Mandei extrahir de um livro velho, rotulado— Tempo Colonial, n . 225 , anno


de 1768 - que em breve tempo será consumido pelas traças, duas interessantes
Monographias:
Uma - Noticia Historica da Expulsão dos Jesuitas do seu Collegio de São
Paulo da Capitania de São Vicente em 13 de Julho de 1620 ; sua Restituição
á mesma Capitania em 12 de Março de 1953 , etc.

Outra . — Demonstração veridica e chronologica dos Donatarios da Capitania


da Villa de São Vicente, com cem legoas de costa, concedidas ao primeiro Dona
tario dellas, Martin Affonso de Souza, pelos annos de 1531 até 1532 , authenti
cada com a assignatura do Capitão General D. Luiz Antonio de Souza, etc.

LEGISLAÇÃO PROVINCIAL

A Lei n . 15 de 18 de Fevereiro do corrente anno autorisou o Governo a


contractar com quem melhores vantagens offerecesse, a revisão e accrescentamento
do Indice da Legislação Provincial do Dr. João Carlos da Silva Telles, podendo
despender neste serviço até a quantia de 5 contos de réis.
O serviço deve comprehender os trabalhos da Assembléa Provincial e Regu
lamentos do Governo até a data do contracto e ficar concluido no prazo de doze
mezes .
Havendo a Presidencia mandado chamar concurrentes por edital, com a pul
blicidade e o prazo indispensaveis, contractei, em 27 de Abril, a elaboração deste
trabalho, accrescentando -se uma clausula - obrigando -me a fazer precedel -o de uma
Introducção --contendo dados historicos e estatisticos sobre a Provincia de São
Paulo, suas rendas e a administração de seus diversos Presidentes .
O trabalho está bastante adiantado, e quero crer que será apresentado
no prazo estipulado, salvo força maior, prevista pela clausula 3.a in fine, de que
talvez veja -me obrigado a prevalecer-me, attenta a grande affluencia de serviço
no fim deste anno e a natureza especial da Introdução, que demanda grande som
ma de esforços, e por si só constitue um estudo importante e difficil.

VI

OCCURRENCIAS DIVERSAS

Durante o periodo de Abril a Dezembro nada occorreu de notavel no ser


viço interno desta Repartição.

Nos termos do art . 13 do Regulamento de 3 de Janeiro de 1887 , foi, em


data de 22 de Novembro, nomeado o Segundo Official desta Secretaria , Tiburtino
Mondim Pestana, para , em commissão e interinamente, exercer o lugar de Pro
fessor da 6.a Cadeira da Escola Normal, sem accumulação de vencimentos .
Por Decreto de 1 do corrente foi nomeado o Segundo Official Henrique José
Coelho para o cargo de Secretario da Provincia de Matto Grosso . E por despa
12

cho de V. Exc , foi considerado o mesmo como em commissão, a datar de 1 de


Fevereiro proximo, e sem accumulação de vencimentos .
Attendendo aos bons serviços por elle prestados, louvei- o pelo seu zelo e
intelligencia no cumprimento de seus deveres.

Durante o anno foram concedidas as seguintes licenças :


Ao Chefe da 6.a Secção, Bacharel João Pedro da Veiga, filho , 2 mezes, para
tratar de sua saúde.- Em 13 de Março.
Ao Chefe da 4. Secção, Bacharel Miguel Monteiro de Godoy , 2 mezes, para
o mesmo fim . — Em 2 de Julho.

Ao Segundo Official, Olympio Ricardo O ' Reilly, 8 dias, para o mesmo fim ,
em 29 de Julho, e 2 mezes, em 7 de Novembro .
Ao Porteiro, Antonio Maria Chaves, 10 dias . - Em 1 de Agosto.

Ao Primeiro Official, João Maria Rodrigues de Vasconcellos, 8 dias . — Em


2 de Agosto .

Ao Amanuense, Alvaro Augusto de Toledo, 2 mezes.-- Em 3 de Dezembro .


As licenças não excedentes de 15 dias foram concedidas por mim , na forma
do S 24 do art .° 11 do Regulamento.

Logo que chegou a esta Capital, no dia 22 de Agosto , a grata noticia do


feliz Regresso de suas Magestades Imperiaes, esta Secretaria, para significar o
profundo amor que vota ao excelso Principe a quem deve este paiz meio seculo
de Ordem e de Liberdade Constitucional, dirigiu ao Exm . Conselheiro Antonio da
Silva Prado um officio , assignado pelo pessoal das cinco Secções e mais empre
gados, encarregando o illustre Ministro de, em nome da Secretaria , comprimentar
o Augusto Monarcha e felicital - O pela sua faustosa volta ao seio da Patria .
S. Exc. desempenhou -se de tal incumbencia com a gentileza que lhe é peculiar.

Deu -se um incidente entre esta Secretaria e a Camara Municipal da Capital,


que teve por origem o seguinte facto :

De longa data costumam ser os despachos interlocutorios assignados pelo


Secretario do Governo, de ordem de S. Exc . o Snr. Presidente da Provincia .

A Camara Municipal da Capital, porém , em data de 22 de Novembro, de


volveu -me um officio da Companhia Carris de Ferro relativo a modificações em
suas linhas, « fazendo sentir que não conhece no Secretario do Governo competencia
para exigir informações da Camara Municipal.
Ora , não sómente na presidencia de V. Exc . , como tambem na de seus dignos
antecessores, desde o Conselheiro João Alfredo , tem sido praxe o Secretario trans
mittir ordens do Governo Provincial, por despachos interlocutorios .
Para esclarecer o assumpto, que a Camara , sem duvida por mal informada ou
por excesso de zelo , collocára em terreno improprio , dirigi áquella corporação o
seguinte officio, instruido com a legislação sobre a qual assenta a competencia
do Secretario do Governo, contestada pela Municipalidade :
13

Secretaria do Governo da Provincia de São Paulo, em 24 de Novembro de 1888 .-


Illms. Snrs. --Foi entregue hontem nesta Secretaria o officio dessa Camara, com data de 22
do corrente, devolvendo outro da Directoria da Companhia Carris de Ferro de São Paulo ,
relativo á modificação em suas linhas, e no qual faz sentir que « não conhece ao Secretario
do Governo competencia para exigir informações da Camara Municipal».
Por simples deferencia a uma corporacão, cujas attribuições e autonomia mais do que
qualquer sei respeitar, cumpre -me declarar, em abono das praticas da Repartição a meu cargo,
que o facto do Secretario da Provincia proceder como procedeu não podia absolutamente
provocar a devolução do alludido officio, quando, de longa data, essa Camara tem aceito e
cumprido despachos identicos aquelle que motivou o officio ao qual respondo, e basea-se na
praxe administrativa de todas as Secretarias e nas prescripções legaes .
De facto: incluso acharão VV . SS . a copia do acto do Illm . e Exm . Snr. Conselheiro João
Alfredo, de 29 de Outubro de 1885 e copia do aviso de 20 de Fevereiro de 1871 , além do Regu
lamento Provincial de 30 de Abril do corrente anno, para cujo art. 11 $ 5.0 chamo a escla
recida attenção de VV . SS . , a quem Deus guarde. - Illms. Snrs. Presidente e mais verea
dores da Camara Municipal da Capital . O Secretario da Provincia, Estevam Leão Bourroul.

Copias a que allude o officio acima :


Copia. 1.a Secção.– O Presidente da Provincia , attendendo a conveniencia do serviço
publico, resolve que sejam assignados pelo Secretario da mesma Provincia, além da corres
pondencia relativa a communicações, recebimento ou remessa de papeis e objectos do dito
serviço, os actos officiaes concernentes ao preenchimento dos requisitos e formalidades legaes
e á instrucção e decisão dos negocios, bem como qnaesquer outros que forem expedidos de
ordem deste Governo . - Facam -se as communicações devidas . Palacio do Governo de São
Paulo, em 29 de Outubro de 1885.— JOÃO ALFREDO CORRÊA DE OLIVEIRA - Confere. Hen
rique Coelho— Visto . João Gurgel.

Cópia do expediente publicado no Diario Official n . 59 de 11 de Março de 1871 .


Por Aviso de 20 de Fevereiro ultimo : Declarou -se ao Presidente da Provincia do Rio
de Janeiro, em resposta ao officio de 18 do mez findo, não ser irregular que o Secretario
do Governo requisite, de ordem da Presidencia, das autoridades a esta subordinadas, as in
formações necessarias para o preparo dos negocios que dependam de sua resolução, sendo,
porém , mais conveniente que a exigencia de taes informações se faça antes por officios do
que por despachos lançados nos respectivos papeis ; e bem assim não poderem as Camaras
Municipaes e outras autoridades recusar -se a prestar os esclarecimentos que lhes forem requisi
tados por aquelle modo, E MUITO MENOS DEVOLVER SEM RESPOSTA OS PAPEIS REMETTIDOS : de
vendo além disto as ditas Camaras, ás quaes cumpre satisfazer as requisições transmittidas
por intermedio do Secretario do Governo, dirigir-se á Presidencia por officios assignados
por todos os vereadores presentes e não unicamente pelos secretarios. - Confere--- Antonio de
Magalhães .-- Visto . João Gurgel.

Regulamento para a Secretaria do Governo da Provincia de S. Paulo , de 30 de Abril


de 1888 , art. 11 .
- Ao Secretario, além das attribuições estabelecidas por lei , compete :
$ 5.0 Assignar, além da correspondencia relativa a communicações, recebimento ou
remessa de papeis e objectos do serviço publico, os actos officiaes concernentes ao preenchimento
dos requisitos e formalidades legaes e á instrucção e decisão dos negocios, bem como quaesquer
outros que forem expedidos de ordem do Governo.

A Camara Municipal não se conformou com esta interpretação, e replicou ,


devolvendo ao mesmo tempo outro officio em que fora por mim lançado despacho ,
e chamando a attenção de V. Exc . para um facto que , conforme o douto parecer
elaborado por sua Commissão de Justiça, se lhe afigurava abusivo (E) .
1
14

Levei o incidente ao alto conhecimento de V. Exc ., a cujas mãos fiz subir


todos os papeis respectivos , precedidos de uma informação na qual , firmada a
competencia do Secretario nos precedentes administrativos e na propria legislação
em vigor , alludi ao unico alvitre que, me parecendo compativel com a praxe da
Repartição, obstaria de ora avante a todo e qualquer incidente analogo, poupando
dest arte incommodos a V. Exc. e perda de um tempo, por demais precioso, ao
Chefe desta Repartição, já tão pensionado.

VII

CONDE DO PARNAHYBA E CONSELHEIRO FRANCISCO ANTONIO

DUTRA RODRIGUES

Antes de concluir, seja-me licito consagrar algumas linhas á memoria de


dous cidadaos illustres, arrebatados pela Morte no pleno vigor de suas poderosas
faculdades, e aos quaes esta Secretaria deve um preito saudosissimo de homena
gem e reconhecimento.

A 6 de Maio falleceu em Campinas o Exm . Sr. Conde do Parnahyba , que


administrou a Provincia desde o dia 26 de Abril de 1886, succedendo ao Con
selheiro João Alfredo, até o dia 19 de Novembro de 1887 , em que foi substi.

tuido na Presidencia pelo Conselheiro Rodrigues Alves .


Ocioso fôra relembrar os serviços relevantissimos prestados á causa publica
pelo benemerito Paulista, que se distinguiu pelos seus predicados como adminis
trador modelo tanto quanto pelas suas virtudes civicas e acrysolado patriotismo.
0 Conde do Parnahyba deixou o seu nome ligado indissoluvelmente aos an
naes desta Provincia , para cujo progresso e engrandecimento cooperou efficaz
mente nas diversas phazes de uma carreira fecunda e brilhante .
Os seus luminosos Relatorios, onde vêm consignadas as medidas que pôz em
pratica e as que lhe suggeriu o seu amor encendrado pela terra Paulista, dão a
medida do seu trabalho prodigioso, da sua actividade e do seu zelo como Presi
dente da primeira Provincia do Imperio.

Grata á sua memoria , a Secretaria fez - se representar pelo seu Chefe nas
exequias realisadas em Jundiahy, no dia 7 de Maio; mandou celebrar solemne
officio funebre na Igreja do Carmo, no dia 14 do mesmo mez ; tomou lucto por
oito dias e manifestou á sua Exm ". Viuva os sentimentos de um pezar pro
fundo e sincero .

Espero brevemente vêr convertida em realidade a idea de se collocar nesta


Secretaria o retrato do benemerito Paulista , e dest'arte pagaremos modesto tributo
de admiração reconhecida aos serviços do illustre finado.

Por varias vezes assumiu o Exm . Sr. Conselheiro Francisco Antonio Dutra
Rodrigues as redeas da administração, na qualidade de 1. ° Vice-Presidente,
nomeado por Decreto de 14 de Julho de 1887 .
-
15

Assim , occupou a cadeira de Presidente de 4 de Setembro a 11 de Outubro


daquelle anno, na ausencia do Conde do Parnalıyba, em tratamento nas Aguas
do Caxambú , e de 28 de Abril a 23 de Junho proximo findo, dia em que
V. Exc . prestou juramento e tomou posse do seu elevado cargo ( F) .
Sobre exercer grande, legitima e benefica influencia nos destinos desta Pro
vincia, no ultimo decennio, S. Exc . deixou o seu honrado nome vinculado a esta
Repartição, firmando e executando o Regulamento de 30 de Abril.
Os empregados desta Repartição acompanharam , encorporados, o enterro do
eminente Brazileiro, fulminado no dia 29 de Setembro; depositaram uma corða
sobre o seu feretro; associaram - se a todas as demonstrações de pezar a que deu
lugar o seu intausto e prematuro passamento ; dirigiram uma mensagem de pezames,
assignada por todos, á Exma . Familia do finado; e não regatearão o seu concurso
ao projecto de se erigir um mausoléo que perpetue o nome e os feitos do Con
selheiro Dutra Rodrigues.

Mais do que no bronze e no marmore viverá a memoria dos dous illustres


cidadãos no coração de todos aquelles que tiveram a ventura de conhecer - lhes as
grandes qualidades , e mais ainda daquelles que lograram a dita do com elles
conviver diariamente, pela natureza de suas funcções e no cumprimento de deveres
officiaes.

Tilm . e Exm . Snr .

Consinta V. Exc. que agradeça a confiança e a distincção, com que tem - se


dignado honrar-me, como auxiliar obscuro, porém , leal e dedicado , que preso - me
de ser , do Governo Provincial.

Não desconheço a minha incapacidade e a fraqueza dos meus collaboradores .


Valha -nos a boa vontade que nos anima.
Si a Secretaria não tem podido corresponder galhardamente, quanto cumpria,
á espectativa sympathica da Administração , é que, além do accumulo de serviços,
a época é de transição e afrouxamento geral, que caracterisa - se pelo esquecimento
das Tradicções, cujo culto tende a desapparecer, - Passado que tanto nobilitou e
engrandeceu uma geração, á qual succedemos sem substituil-a.

Queira, portanto, relevar as faltas numerosas desta Repartição, --- faltas que
não são isoladas nem exclusivas de certa e determinada ordem de funccionarios, -
e cuja causa apontei no principio deste Breve Relatorio.
Os exemplos colhidos no tracto constante com Administradores de reconhe
cida competencia e illustração provada, como V. Exc., e as licções da experiencia
hauridas na mesma fonte, hão de habilitar-nos a melhor servir a Provincia e a
secundar as vistas largas e patrioticas do Governo de V. Exca ., a Quem

Deus Guarde por muitos annos .

Illm . e Exm . Sr. Doutor Pedro Vicente de Azevedo, M. D. Presidente ad


Provincia de S. Paulo .

O Secretario da Provincia,

Estevam Leão Bourroul.


NOTAS

NOTA .
A

Não deixa de ser curioso estabelecer um parallelo com o expediente que


transitava pela Secretaria , ha quarenta annos , e cujos dados extractei ao manusear
os antigos Relatorios da Presidencia .
O primeiro Annexo relativo aos trabalhos da Secretaria encontra -se no Re
latorio apresentado á Assembléa Legislativa Provincial pelo Marechal de Campo
Conselheiro Manuel da Fonseca Lima e Silva, no dia 7 de Janeiro de 1845 .

Mappa demonstrativo dos trabalhos da Secretaria do Governo da Provincia de São


Paulo desd'o 1.º de Janeiro até 31 de Dezembro de 1844 .

DO 10 , DE JANEIRO A 31 DE MAIO .
Autorida
diversas
e utras
desta
ho
Conselmo
Estrangeiros

odes
Supre

Provincias
Fazenda

Marinha
Imperio

Justiça
Guerra

PEÇAS OFFICIAES TOTAL.

JOriginaes .. 94 162 81 94 14 15 5 821 1.286


Officios .. 94 162 81 14 5
Registrados 94 15 821 1.286
|Originaes . 2.140 2.140
Portarias
Registradas. 2.140 2.140
Titulos de Guarda JOriginaes. 88 88
Nacional ....... Registrados. 88 88
Titulos de Guardas JOriginaes .. 37 37
Policiaes ....... Registrados .. 37 37
Cartas de Profes- įOriginaes . 18 18
sores e Promot. ( Registrados . 18 18
Cópias ... 70 70
s 803 803
No Requerimento
Despachos lança- Nos Livro da Porta 803 803
dos .... No Protocolo ...
Termos de Juramento . 8 8
Certidões que se passaram 22 22
Somma ... 188 324 162 188 28 30 10 7.914 8.844
- 18

DO 1. ° DE JUNHO A 31 DE DEZEMBRO

Provincias
Suprelho
mo

dAiversas

outras
Estrangeiros

Autori
edades
Conse

desta
Pazenda

Narinha
Imperio

Justiça
Guerra
PEÇAS OFFICIAES TOTAL

JOriginaes . 87 222 62 57 13 8 839 1.297


Officios . 62
Registrados . 87 222 57 13 8 9 839 1.297
Portarias ... JOriginaes . 2.368 2.368
Registradas, 2.368 2.368
Titulos de Guar : ĮOriginaes . 153 153
das Nacionaes . \ Registrados. 153 153
Titulos de Guar- (Originaes. 29 29
das Policiaes .. ( Registrados . 29 29
Cartas de Professo- ( Originaes.. 9 9
res e Promot . Registrados. 9 9
Cópias 128 128
Despachos lança- Nos requerimentos 1.656 1.656
No livro da porta .

...
dos 1.656 1.656

:::::
(No Protocolo 1.656 1.656
Termos de Juramento 42 42
Certidões que se passaram 21 21
Somma . 444 124 114 26 16 18 11.955 12.871
174
Total . 362 768 286 302 54 46 28 19.868 21.715

N. B. Além das Peças Officiaes supramencionadas, expediram-se 870 Officios impressos .


Secretaria do Governo de S. Paulo , 7 de Janeiro de 1845 .-- Manuel Joaquim
Henrique de Paiva, Secretario do Governo .

1845
Mappa demonstrativo dos trabalhos da Secretaria do Governo da Provincia de S.
Paulo desde 1.o de Janeiro até 31 de Dezembro de 1845

Adiversas

Provincias
Supremo o

autori
Conselh
Estrangeiros

ed'esta
odades
u
tras
.

.
Pazenda

Marinha
.Imperio

Justiça

PEÇAS OFFICIAES TOTAL


.
Guerra

.
.
.

JOriginaes .. 121 236 101 120 17 15 7 447 1.064


Officios... 121 236 101 120 17 15 7 447 1.064
Registrados.
Avisos da Côrte . Registrados. 99 156 127 83 8 12 8 493
Portarias ..... JOriginaes. 3.617 3.617
Registradas. 3.617 3.617
Cartas Imperiaes e Į 42 42
Decretos ... { Registrados
Titulos de Guar 244 244
das Nacionaes e | Originaes . 244 244
Policiaes Registrados.
Cartas de Profes Originaes.. 52 62
sores e Promot . Registrados . 52 52
Cópias 347 347
requerimento 3.760 3.760
Despachos lança- Nos
No Livro da porta s. 3.760 3.700
dos .. 3.760 3.760
(No Protocolo ..
Termos de juramentos .... 30 30
Certidões que se passaram . 37 37
Somma. 341 628 329 323 42 42 22 20.456 22.183
Secretaria do Governo de S. Paulo , 7 de Janeiro de 1846. - Manuel Joaquim
Henrique de Paiva.
- 19

1846
Mappa demonstrativo dos trabalhos da Secretaria do Governo da Provincia de S.
Paulo desde o 1.o de Janeiro até 31 de Dezembro de 1846

Supremo
Conselho

Adiversas

Provinciat
Estrangeiros

ridades
auto
desta
eou
tras
a
Fazenda

Marinh

.
Imperio

Guerra

Justiça

.
PEÇAS OFFICIAES TOTAL

.
.
.
.

.
Officios ... Originaes . 166 226 109 170 20 27 10 1.619 2.353
Registrados. 166 226 109 170 20 27 16 1.619 2.353
Avisos da Corte . Registrados . 132 150 101 83 14 23 6 509
JOriginaes 2.884 2.884
Portarias 2.884 2.884
Registradas.
Cartas Imperiaes 35 35
e Decretos .. { Registrados.
Titulos de Guar 119 119
das Nacionaes e Originaes
Registrados . 119 119
Policiaes
Cartas de Profes. [ Orig naes . 26 26
sores e Promot. ( Registrados . 26 26
Cópias 328 328
requerimento s 5.680 5.680
Despachos lança- (Nos
No Livro da Porta
dos .. 5.680 5.680
No Protocolo .. 5.680 5.680
Termos de juramentos 25 25
Certidões que se passaram 25 25
Somma . 464 602 319 423 54 77 38 26.749 28.726

Secretaria do Governo de S. Paulo , em 7 de Janeiro de 1847. No impedimento


do secretario , o Official -maior , Francisco Gomes de Almeida .

E' bom de vêr- se que , nos mappas demonstrativos , está incluido o expe
diente que não consta dos mappas actuaes, v . g . as cópias , despachos , certidões ,
decretos , cartas Imperiaes, etc., etc., sem 0 que ficariam reduzidos a menos de
metade os algarismos totaes dos mesmos mappas.

Já em 1846 , dizia o Presidente de então em seu Relatorio :

« Cabe aqui ponderar-vos que, seja porque os negocios da Presidencia vão


crescendo de dia em dia , mórmente depois da suppressão do Commando das Armas,
seja porque o material necessario á escripturação da Secretaria tenha subido de
preço , não é mais sufficiente a quota , que está marcada para o seu expediente .»

Sob n . 212 — Tempo Colonial — o Diario do Expediente da Secretaria do Go


verno abre com o seguinte Termo, assignado pelo Capitão General João Carlos
Augusto de Oeynhausen :
« Este livro ha de servir de Diario da Secretaria do Governo — para todos os
dias se lançar nelle os officios que se dirigem , declarando - se em substancia—a quem
se dirigiram . - o assumpto de cada um ,-olivro e a pagina em que se registraram .
« Este lançamento (que se fará todos os dias infallivelmente, depois de aca
bado o serviço da Secretaria) se principiará no primeiro dia de serviço de Ja
neiro de 1821, e se continuará dahi em diante sem interrupção.

S. Paulo , 18 de Dezembro de 1820— (Assignado) Oeynhausen , C. General . »


20

Este Diario, que é o primeiro livro do Protocollo da Secretaria , indica o


seguinte expediente havido nos mezes de Janeiro a Junho de 1821 .
Em Janeiro expediram -se 177 officios, circulares e mais papeis , ás diversas
Autoridades da Capitania .

Tomando uma média de 150 papeis por mez, pois houve numero inferior ao
expediente do mez de Janeiro, temos, no anno de 1821 , um expediente inferior
a 2.000 papeis.
Achei curioso o confronto, e por isso deixo -o consignado aqui .
Além do mais,-Recognosces annalibus eruta priscis.

NOTA B.

Eis a integra do projecto :

A Assembléa Legislativa Provincial de S. Paulo, decreta :


Art. 1.0 Fica o Governo autorisado a mandar imprimir e publicar em brochuras, tudo
quanto constar do livro de registros da Secretaria da Assemblea ou do Governo, relativo a
propostas, officios e representações do Conselho Geral, desde 1.0 de Dezembro de 1828 até sua
extincção, inclusive as correspondencias do mesmo as repartições publicas, a primeira acta
de sua installação e todas as fallas, ( si existirem ) com que os Presidentes da Provincia suc
cessivamente abriram suas sessões .
Art. 2.0 Para tal fim fica o Presidente da Provincia autorisado a despender até a
quantia de 3.000 $ 000, fazendo as operações de credito necessario , deduzindo desta a quantia
de 500S000 réis como gratificação ao 2.0 Official Archivista da Secretaria da Assemblea
para organisar os papeis a que se refere o art. 1.0 e velar para que os originaes, que ficaram
conservados no archivo, não sejam estragados.

Art. 3.0 Feita a publicação, o governo remetterá um exemplar aos archivos de todas
as Camaras Municipaes da Provincia , e bem assim a todos os Gabinetes de leitura ou
Bibliothecas que na mesma existirem , deixando nos archivos provinciaes os exemplares que
restarem para com elles passar as novas instituições.
Art. 4.0 Revogadas as disposições em contrario.

Fundamentando - o, assim se exprimio o Snr. Deputado Dr. João Egydio de


Souza Aranha :

Volvamos os olhos para o passado.

O que vemos lá ?
Quando a valvula respiratoria das liberdades deliberativas da Provincia tinha um
molde estreito traçado pela Constituição do Imperio, nós vimos os homens eminentes desses
tempos apresentarem idéas liberrimas, em que só transpiravam dedicação e zelo aos principios,
ás idéas, e deixarem , por um fanatismo cégo , e ao mesmo tempo, sacratissimo, a estes de
lado completamente tudo quanto se podia traduzir em conveniencias passageiras, guiados
sempre pelo elevado conceito do patriotismo.
Vemos lá, principalmente eu que tive o prazer de ler os papeis desse épocha, entre
outros documentos, um importantissimo : é uma representação apresentada ao Conselho Geral
em 1831 ou 1832 , para elle por sua vez dirigir - se aos poderes constituidos, afim de que
estes por todos os meios procurassem a abolição do castigo da chibata , tanto no exercito
como na armada .
A eloquencia desse passo impressiona agradavelmente ao leitor , porque lá se diz que
o Estado tem necessidade completa e absoluta do soldado para manter suas instituições, que
o prestigio do Estado não é outra cousa mais do que o prestigio individual dos seus defen
sores , inclusive todos os cidadãos, e que o Estado consentindo que o defensor da patria fosse
- 21

castigado por essa forma , viria tirar o brio do soldado, e portanto o brio , e prestigio de si
proprio, perante o mundo civilisado e perante si mesmo.
V. Exc . sabe, Sr. Presidente, que essa medida, lembrada nessa épocha, só moderna
mente é que foi traduzida em facto em um texto possitivo de Lei, e penso que com alguma
delimitação , isto é , com relação ao exercito, e não quanto á armada.
Além deste facto, eloquente para mostrar o civismo dos homens da velha tempera,
muitos outros eu tive occasião de verificar, com grande satisfação de mim proprio, como
cidadão brazileiro .
Na Secretaria da Assembléa Provincial e do Governo existem documentos, aos quaes
me refiro no projecto, firmados por homens que constituem o prototypo de todo civismo, e
dignos de imitação, como os venerandos Senador Feijó e Raphael Tobias de Aguiar, vultos
proeminentes, que á proporção que o tempo corre, elles mais se elevam e engrandecem ,
porque, Sr. Presidente, permitta-se-me recordar nesta occasião uma figura brilhante do
scintillante tribuno hespanhol: « Os homens, á proporção que o tempo corre , crescem ,
« porque a distancia no tempo, ao inverso do que se dá com ella em relação ao espaço,
« augmenta os objectos, avoluma as personalidades.»
O passado é sempre uma boa lição ; quando elle é prenhe de ideas erroneaes e acanhadas,
nós devemos trazel-o para o presente, e para as gerações futuras, unicamente para que estas
critiquem os factos, bebam nelles um ensinamente proveitoso, e não revejam -n'o, como um
espello, para reproduzir as suas acções e por elle pautal-as.
Mas, Sr. Presidente, quando esses factos, quando o passado que lhes serviu de berço
traduzem idéas eminentes liberaes, idéas sans, que só revelam amor aos principios, nós devemos
transmittil-os ao futuro, para que as geracões passadas sejam o incentivo para o proceder
das gerações futuras, corrigindo os erros do presente .
E ' para que não sejam esquecidos esses documentos importantissimos, que eu apresento
este projecto autorisando o governo a fazer uma despeza, aliás limitadissima.
Penso que todos os patriotas, todos os paulistas, emfim , todos aquelles que estremecem
de amor por esta Provincia, nào hào de vacillar em adoptar esta idéa, porque ella consub
stancia um principio altamente patriotico .
Além de trazer o projecto a elucidação de certos pontos de nossa politica interna ou
provincial, ainda vem elucidar certos pontos de nossa historia particular.
Sabido é o quanto é despido de exuberancia o manancial que temos a respeito deste
assumpto .
Depois do quadro historico do Sr. Brigadeiro Machado, que, partindo dos tempos colo
niaes , apenas abrange a épocha de 1822, me parece que só temos de mais importante o lumi
noso trabalho do Sr. Dr. Americo Braziliense, em que esse auctor consubstancia as prelecções
que havia feito em Campinas, em certa épocha , em um collegio particular desta cidade ; mas,
ahi mesmo elle proprio reconhece as difficuldades com que luctou por falta de documentos.
Diz elle : Desde que perdi o esboço historico do Sr. Brigadeiro Machado, d'ahi em
deante apenas tenho de transmittir a meus alumnos conhecimentos que encontrei em archivos
publicos, a que recorri, ou factos que apreciei de visu, ou delles tive informações dos seus
comtemporaneos.
Já vêm V. Exc . e a casa , Sr. Presidente, que a apreciação desses documentos hade
trazer elucidação sobre a nossa historia provincial, além de vir supprir relativamente a parte
politica da mesma .
Sem fazer mais considerações para poupar o tempo, mando á meza o projecto, e faço
um appello á patriotica commissão de fazenda para que, solicita como é , emitta com brevi
dade seu perecer, afim de que se possa converter em lei a idéa que acabo de expender, e
para accelerar a dicussão, requeiro dispensa de impressão do projecto . »
22

NOTA C.

Os dous catalogos existentes acerca do Tempo Colonial e do Primeiro Rei


nado devem ser substituidos por outro , historico e racional, o qual, depois de
confeccionado com as devidas cautelas, deverá ser impresso e publicado.
« Na verdade , diz o Sr. Conselheiro Joaquim Pires Machado Portella, Di
rector do Archivo Publico do Imperio , não basta que um Archivo se enriqueça
de valiosos documentos e constitua um como patrimonio nacional pelas fontes
authenticas, que encerre , da Historia Patria . Não basta, ainda , que esses docu
mentos sejam devidamente classificados e com solicitude guardados sob as me
lhores condições de durabilidade. Jámais passará elle de um thesouro soterrado,
si não prestar aos estudiosos, aos historiadores, aos politicos, á administração do
Estado e até aos simples curiosos a utilidade que pode e deve prestar .
Para isso o meio mais directo e efficaz é não só proceder a circumstanciado
inventario, organisar bons catalogos e indices , como dal -os á estampa , e publicar
ineditos interessantes e a noticia de tudo o que que possui
possuirr de merecimento his
torico .

E ' o que nos Estados civilisados fazem os Archivos Publicos , não já os de


primeira ordem , como ainda os de somenos cathegoria e riqueza documentaria,
mórmente em França , onde em 1860 , segundo Champollion em seu Manual do

Archivista , de 189 archivos departamentaes, só 39 não tinham feito suas pu


blicações . »

O catalogo n . 1 - Tempo Colonial--comprehende 144 massos e 298 livros,


devidamente numerados .

Dos massos, 98 constam de officios , requerimentos e mais documentos, abran


gendo o periodo de 1653 a 1822 ; e 46 de mappas de população , abrangendo o
de 1765 a 1822 .

Os livros abrangem o periodo de 1611 até a proclamação da Independencia,


sendo que os de ns. 14 , 27 , 47 , 73 , 83 , 185 , 216 , 224 , 250 e 267 abrangem
parte do Primeiro Reinado.
Do de n. 187 (Livro Mestre do 1 ° Regimento de Infantaria de Milicias)
não se pode precisar a data , por se achar completamente estragado pelas traças .
() catalogo n . 2 - Primeiro Reinado - consta de 705 massos, inclusive 26
mappas de população, e de 247 livros.

O indice, porém , não prima pela ordem nem pela clareza , pois comprehende
muitos documentos relativos ao Segundo Reinado .

Este catalogo precisa ser refundido completamente, e posto de accordo com


o systema proprio de tal ordem de trabalhos ; podendo servir -nos de modelo as
importantissimas publicações do Archivo Publico do Imperio , de cujo lº volume
transcrevi acima parte da erudita Introducção.

A Secretaria do Governo desta Provincia teve principio em 5 de Setembro


de 1721 , em que tomou posse o quarto Governador e Capitão - General , Rodrigo
Cesar de Menezes, o primeiro após a separação de Minas- Geraes .
O primeiro Secretario deste Governo foi Gervasio Leite Rebello , que em 16
de Setembro de 1721 fez o inventario dos livros e papeis existentes no Archivo
23

de então , organisando um Indice dos livros , « com que principiou a Secretaria do


Governo no seu estabelecimento . »

O Indice consta de 20 livros , cujo conteúdo , numeração e rubrica vêm devi


damente especificados.
Seguem as Cartas do anno de 1733 , escriptas ao Exm . Sr. Conde de Sar
zedas , ns.332 a 369 , masso 13 ; as Cartas e Ordens do anno de 1734 , ns . 370 a
3.291 , masso 14 ; Cartas e Ordens de 1735 , ns . 400 a 429 , masso 15 ; annos de
1736–37 , ns . 430 a 455 , masso 16 ; anno de 1738 , ns . 456 a 489 , masso 17 ;
anno de 1738 , ns . 490 a 509 , masso 18 ; annos de 1740—41 , ns . 500 a 548 , masso
19 ; anno de 1742 , ns . 449 a 570 , masso 20 ; anno de 1743 , ns . 571 a 608 ,
masso 21 ; anno de 1744 , ns . 609 a 621 , masso 22 ; anno de 1745 , ns . 632 a
656 , masso 23 ; annos de 1744–45–46 , ns . 657 a 690 , masso 24 ; anno de
1747 , ns . 691 a 722 .

Segue o < Indice dos Regimentos, Provisões , Leis , Cartas e Alvarás de Sua
Magestade, Que Deus Guarde », etc. ns . 1 a 147.
Ha mais o « Inventario das Cartas de Sua Magestade , Que Deus Guarde ,
que se escreveram a este Governo de S. Paulo, no seu estabelecimento , e prin
cipiaram a escrever - se no anno de 1720 , em que se fez a divisão , e se tomou posse
em 5 de Setembro de 1721 , » constante de 12 massos, numeros 1–331 .
Este livro fecha com o termo de conferencia a que se procedeu , a 27 de
Fevereiro de 1749 , na Villa e Praça de Santos, em casa de morada do Secretario
do Governo desta Capitania, Manuel Pedro de Macedo Ribeiro , perante dous
tabelliães , nos papeis e livros da Secretaria, de ordem do Exm. Sr. General
D. Luiz de Mascarenhas.

Consta igualmente o termo de conferencia, procedida com as mesmas formali


dades pelo Secretario do Governo Leite Rebello , a 4 de Junho de 1732 , entre
gando o Archivo ao Exm . General Antonio da Silva Caldeira Pimentel , por não
haver Secretario a quem delle se fizesse entrega .
Consta mais o termo de entrega dos papeis e livros desta Secretaria , a 19
de Julho de 1740 , pelo Secretario Antonio da Silva de Almeida .
( Archivo da Secretaria , Tempo Colonial, n . 211 A , Inventario dos livros e
papeis da Secretaria do Governo , 1721. —Este livro , que é uma especie de tombo
do expediente e archivo, ficará brevemente inutilisado ).

O « inventario dos Livros e mais Ordens Regias pertencentes á Secretaria do


Governo da Capitania de São Paulo , que entrega o Secretario Coronel Luiz An
tonio Neves de Carvalho a seu successor, o Coronel Bacharel Manuel da Cunha
de Arevedo Coutinho Souza Chichorro em 9 de Novembro de 1807 , » comprehende
149 livros manuscriptos, 45 livros e cadernos impressos, inclusive 2 almanachs,
7 livros em branco , 10 massos de papeis de importancia, 58 de papeis de me
nor importancia , exclusive 2 armarios com muitos massos de papeis antigos e
os das listas geraes da população da Capitania , além da relação dos moveis e
utensis e de 3 cadernos em que estão descriptos os Inventarios que desta Secre
taria fizeram os Secretarios anteriores , a saber :
Thomaz Pinto da Silva a José Ignacio Ribeiro , em 19 de Abril de 1776 ;
e o que este fez a Carlos José Pereira, em 10 de Setembro de 1782 ; o que este
fez a Miguel Carlos Ayres de Carvalho, em 10 de Dezembro do dito anno.
24

0 que fez Miguel Carlos a José Romão Junot, em 31 de Março de 1790 ; e


o que fez o dito José Romão a Luiz Antonio Neves de Carvalho, em 19 de Ju
nho de 1797 .

Fecha este livro uma declaração do Secretario Joaquim Floriano de Toledo , em


que diz que, por ordem do Exm . Snr. Vice -Presidente, foi entregue na Contado
ria Geral, á requisição da Junta constante do officio de 18 do corrente , o Livro
e mais relações que existiam nesta Secretaria dos fóros e arrendamentos das terras
de varias Aldeas . – 19 de Agosto de 1829 .
Archivo da Secretaria , Inventario da Secretaria do Governo de São Paulo
ao tempo do Secretario Manuel da Cunha de Azevedo Coutinho e desse tempo em
diante . Tempo Colonial n . ° 211. - 1776 . )

NOTA D.

LEI N. 196 DE 8 MARÇO DE 1812


( LEI N.º 20 DE 1842 )

O Barão de Mont'Alegre, Presidente da Provincia de S. Paulo, etc. Faço saber a todos os


seus habitantes, que a Assembléa Legislativa Provincial decretou, e eu sanccionei a Lei
seguinte :
Art. 1.0 Estabelecer - se -ha nesta cidade um Archivo Publico Provincial sob a inspecção
do Secretario do Governo da Provincia.
Art. 2.0 Elle será dividido em tres secções, Legislativa, Administrativa e Historica .
Art. 3.0 Na secção Legislativa serão archivados os originaes, ou cópias authenticas
dos seguintes actos :
$ 1.0 Alvarás, cartas regias, decretos e mais actos relativos a esta Provincia desde
os seus fundamentos até a épocha da Independencia Nacional.
§ 2.0 Todas as Leis e Regulamentos, e mais actos geraes desde essa épocha até
a presente, e d'ora em diante, que tenham relação com esta Provincia .
$ 3.0 Os originaes das Leis Provinciaes, e dos Regulamentos para a sua execução .
§ 4.0 As actas de apuração das eleições dos Srs. Senadores e Deputados Geraes e
Provinciaes por esta Provincia.
$ 5.0 Os Relatorios do Presidente da Provincia dirigidos ao Conselho Geral, e
Assembléa Provincial; os discursos do Presidente desta no seu encerramento ; e suas repre
sentações aos poderes supremos do Estado.
Art. 4.0 Os actos que crearem Capellas, Freguezias, Villas , Cidades , Termos e
Comarcas, formarão uma sub secção a parte.
Art. 5.0 Na secção administrativa serão archivados os originaes, ou copias authenticas
dos seguintes actos :
§ 1.0 Cartas Imperiaes das nomeações de Presidentes, Vice-Presidentes, Bispos , Com
mandantes d'armas, Inspectores de Fazenda, Directores e Lentes do Curso Juridico desta
Cidade, Secretarios do Governo e Juizes de Direito das Comarcas.
$ 2.0 Proclamações, actos de convocação, prorogação e adiamento da Assembléa .
§ 3.0 Titulos e sentenças demonstrativas da propriedade de bens provinciaes, e con
tractos de emprezas provinciaes.
§ 4.0 Constituição do Bispado, instituições de conventos e ordens regulares .
§ 5.0 Trabalhos estatisticos, civis e criminaes da Provincia; o arrolamento periodico
da população, posição geographica das Cidades, Villas e Freguezias, limites e divisas da
Provincia .
25

$ 6.0 Mappas corographicos e topographicos da Provincia ; roteiros de seus rios e


explorações.
Art . 6. Na secção historica serão archivados os originaes, ou cópias authenticas dos
actos , ou memorias que contenham :
$ 1.0 Noticias dos acontecimentos notaveis; todos os documentos officiaes relativos á
declaração da Independencia Nacional ; e noticias de qualquer descoberta util de productos
de historia natural; de Patentes conferidas aos inventores d'alguma industria util ; exposi
ções , planos, modelos e desenhos por elles apresentados.
$ 2.0 Memorias e planos relativos á agricultura , commercio , navegação, industrias ,
sciencias e artes com referencia a esta Provincia .
§ 3.0 Tudo o mais que possa interessar á historia d'ella .
Art . 7.0 O Governo fará recolher ao Archivo Publico, quando não possa obter os
originaes , cópias authenticas de todos os documentos importantes das extinctas provedorias,
e dos que existirem nos archivos municipaes, e classifical-os nas secções a que pertencerem .
Art. 8.0 Não será permittido tirar do archivo livro, ou papel algum . Serão , porém ,
franqueados, para serem alli examinados, a pessoas que obtiverem licença do Secretario.
Art. 9.0 Das peças archivadas dar-se -ha certidões a quem as pedir com despacho do
Secretario , salvo o caso de segredo, e só durante a necessidade d'este. Por ellas pagarão
as partes os devidos emolumentos, que serão repartidos com igualdade pelos Officiaes e
Amanuenses, depois de deduzida a quota pertencente á Fazenda Provincial. E ', porém , licito
a qualquer individuo extrahir das ditas peças cópias para seu uso .
Art. 10. Os livros de que precisar o Archivo Publico, serão abertos , numerados e
rubricados, e encerrados pelo Secretario do Governo, que assignará igualmente depois de
conferidas todas as cópias que se houverem de archivar.
Art . 11. O Governo organisará um regulamento, em que classificará todos os mais docu
mentos que devam ser archivados ; marcará as horas, e dias em que deve estar aberto o
archivo , o modo de admissão das pessoas , que para alli forem ; e determinará o mais que fôr
relativo á conservação da ordem no estabelecimento, e a evitar a subtração de papeis .
Art . 12 . O Archivo Publico terá um Official-maior, um Official e um Porteiro, que
serão os mesmos que servem na Secretaria da Assembléa Provincial. O Porteiro vencerá
além do seu ordenado, mais cem mil réis de gratificação pelo accrescimo de trabalho; e será
responsavel por tudo quanto existir no archivo. Os Amanuenses que actualmente servem
na Secretaria da Assembléa, passarão a servir no Archivo, emquanto forem necessarios,
vencendo por este trabalho a gratificação de cento e cincoenta mil réis, além do que vencem
durante a sessão da Assembléa .
Art. 13. Com o arranjo da casa destinada para o Archivo, expediente, buscas e con
ducção de papeis, é o Governo autorisado a despender no primeiro anno da execução desta
Lei até a quantia de dous contos de réis ; devendo depois fazer o conveniente pedido no
seu orçamento.
Art. 14. Ficam revogadas todas as disposições em contrario.
Mando, portanto , a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da
referida Lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente, como nella se
contém . O Secretario desta Provincia a faça imprimir, publicar e correr. Dada no Palacio
do Governo de S. Paulo , aos oito de Março de mil oitocentos e quarenta e dous .

(L. S.) BARÃO DE MONT'ALEGRE

Carta de Lei pela qual Vossa Excellencia manda executar o decreto da Assembléa
Legislativa Provincial, que houve por bem sanccionar, estabelecendo nesta Cidade um
Archivo Publico Provincial, como acima se declara.
Para Vossa Excellencia vêr

Nuno Luiz Bellegarde a fez.

Publicada nesta Secretaria do Governo de S. Paulo , aos 8 de Março de 1842 .

Antonio Mariano de Azevedo Marques.


4
26

Registrada n'esta Secretaria do Governo, no Livro segundo de Leis a fi, 59 aos 8 de


Março de 1842.
Joaquim José de Andrade e Aquino.

São instuitivas as vantagens de um Archivo Publico Provincial, e na propria


Lei acima transcripta está a demonstração de sua conveniencia .

Todas as nações têm os seus Archivos ; e a Côrte, séde do Instituto His


rico, não faz excepção .

Porque a Provincia de S. Paulo não terá , por sua vez , os seus Archivos
Provinciaes ?
QUADRO DA MAGISTRATURA

DA

PROVINCIA DE S. PAULO
QUADRO DA MAGISTRATURA

COMARCAS

Comarcas Logares NOMES

Juiz de Direito da 1.a vara Bacharel Abilio Alvaro Martins de Castro ...
Promotor Publico . Ernesto Leite da Silva
Juiz substituto da 1.a vara Manuel Augusto de Alvarenga
Capital
Juiz de Direito da 2.a vara Bacharel Ignacio José de Oliveira Arruda
substituto da 2.a Antonio de Anhaia Mello ..
Juiz de Direito Bacharel Joaquim Ignacio de Moraes
Atibaia Promotor Publico Sebastião Possolo
Juiz substituto Julio Amaro da Rosa Furtado
Juiz de Direito Bacharel Joaquim Augusto Ferreira Alves .
Bragança I Promotor Publico . Luiz Antonio de Aguiar Souza
Juiz substituto .. José Maria Largacha Junior
Juiz de Direito Bacharel José Joaquim Baeta Neves
Campinas Promotor Publico . Antonio de Castro Prado .
Juiz substituto .. João Braz de Oliveira Arurda
Juiz de Direito Bacharel Antonio Francisco da Costa Ramos .
Capivary Promotor Publico Arthur Severiano Ferreira Guimarães
Juiz substituto . Adolpho Coello de Mattos Barreto .
Juiz de Direito Bacharel Francisco Ribeiro de Escobar
Ytú . Promotor Publico . José Martins Fontes Junior .
Juiz subttituto ..
Juiz de Direito Bacharel Hyppolito de Camargo
Jacareny Promotor Publico . Juvenal Malheiro de Souza Menezes
Juiz substituto José Pereira da Silva Barros .
Juiz de Direito Bacharel Francisco Machado Pedroza
Lorena Promotor Publico Urbano Marcondes de Moura
Juiz substituto .. Vicente de Moraes Mello Junior .
Juiz de Direito Bacharel Joaquim Antonio do Amaral Gurgel
Mogy das Cruzes Promotor Publico . Antonio Victor de Macedo
Juiz substituto >> José Roberto Leite Penteado
Juiz de Direito Bacharel Rufiro Tavares de Almeida ...
Piracicaba I Promotor Publico . Adolpho A. Nardi de Vasconcellos .
Juiz substituto .. >> Raphael Marques Cantinho
Juiz de Direito Bacharel Angelo Pires Ramos
Rio Claro Promotor Publico . José Ignacio de Figueiredo
Juiz substituto Francisco de Castro Sá Barreto
Juiz de Direito Bacharel José Rolim de Oliveira Ayres
S. Roque Promotor Publico . Edwino de Andrade Figueira
Juiz substituto Luiz Candido da Rocha .
Juiz de Direito Barão de S. Domingos
Santos Promotor Publico . Bacharel João N. Freire Junior
Juiz substituto ... José Xavier de Carvalho Mendonça .
DA PROVINCIA DE S. PAULO

ESPECIA ES

Data das nomeações Data do exercicio

20 de Dezembro de 1886 15 de Fevereiro de 1887


16 de Junho de 1886 17 de Junho de 1886
25 de Setembro de 1888 . 8 de Outubro de 1888

8 de Janeiro de 1887 24 de Janeiro de 1887


7 de Março de 1885 ... 28 de Março de 1885

20 de Dezembro de 1886 1 de Fevereiro de 1887


16 de Janeiro de 1888 ... 18 de Janeiro de 1888
10 de Novembro de 1888 .
8 de Maio de 1886 ... 6 de Setembro de 1886
15 de Junho de 1888 14 de Julho de 1888
27 de Junho de 1888 ..
26 de Dezembro de 1885 4 de Março de 1886
2 de Abril de 1887 ... 13 de Abril de 1887
22 de Janeiro de 1887 17 de Março de 1887
9 de Outubro de 1880 3 de Fevereiro de 1881
10 de Novembro de 1888 15 de Novembro de 1888
30 de Maio de 1888 . 27 de Junho de 1888

22 de Janeiro de 1887 28 de Fevereiro de 1887


3 de Março de 1888 14 de Março de 1888

17 de Outubro de 1885 29 de Outubro de 1885


14 de Maio de 1886 27 de Maio de 1886
29 de Dezembro de 1888
31 de Dezembro de 1886 11 de Março de 1887
19 de Março de 1888 12 de Abril de 1888
6 de Dezembro de 1888 1 de Janeiro de 1889

24 de Novembro de 1888 8 de Janeiro de 1889


22 de Junho de 1888 17 de Julho de 1888
14 de Outubro de 1887
14 de Julho de 1887 ....
7 de Fevereiro de 1887 14 de Março de 1887
28 de Novembro de 1881 . 15 de Janeiro de 1882
20 de Junho de 1888 2 de Julho de 1888

7 de Março de 1885 9 de Julho de 1885


23 de Abril de 1888 . 30 de Maio de 1888
2 de Maio de 1888 .. 1 de Julho de 1888

21 de Agosto de 1886 23 de Outubro de 1886


2 de Abril de 1884 ... 22 de Abril de 1884
27 de Outubro de 1888
26 de Fevereiro de 1887 23 de Maio de 1887
12 de Abril de 1897 21 de Abril de 1887
7 de Março de 1888 22 de Março de 1888
-4

Comarcas Logares NOMES

Juiz de Direito .. Bacharel Joaquim de Toledo Pisa e Almeida .


Sorocaba . Promotor Publico . Alberto Julio Pinto Pacca
Juiz substituto . >> Thomaz Eurico Gomes ..
Juiz de Direito Desembargador Aureliano de Souza 0. Coutinho
Taubaté Promotor Publico . Bacharel João Evangelista Marcondes Varella .
Juiz substituto Antonio Augusto Moreira de Toledo .
Juiz de Direito Bacharel Antonio Candido de Almeida Silva .
Tatuhy Promotor Publico . José Antonio Moreira Junior ....
Juiz substituto ... Aureliano Nobrega de Vasconcellos .

COMARCAS
Entrancias

Comarcas Termos Cargos

Juiz de Direito
Promotor Publico
Amparo 1.a
Amparo Juiz municipal
Socorro, Serra Negra (reunido) . >
Juiz de Direito
Promotor Publico
Araraquara 1.a
Araraquara Juiz municipal
Jaboticabal

Juiz de Direito .
Promotor Publico .
Areas 2.a
A rêas . Juiz Municipal
S. José do Barreiro
Juiz de Direito .
Bananal 2.a Promotor Publico .
Bananal... Juiz Municipal. .
Juiz de Direito .
Promotor Publico
Batataes 1.a Batataes Juiz Municipal.
Cajurú >>
Juiz de Direito
Promotor Publico
Belém do Descalvado 1.a Pirassununga Juiz Municipal .
Belem do Descalvado, Santa Rita do Passa
Quatro (reunido ).
Juiz de Direito .
Promotor Publico
Botucatu 1.a Botucatú ... Juiz Municipal
Rio Novo , S. Manoel (reunido)
Juiz de Direito
Caconde .. 1.a Promotor Publico
Caconde, Mococa (reunido) Juiz Municipal .
---
- 5

Data das nomeações Data do exercicio

28 de Julho de 1883 .. 30 de Outubro de 1883


28 de Novembro de 1888 3 de Janeiro de 1889
13 de Março de 1886 . 12 de Abril de 1886
13 de Dezembro de 1882 . 16 de Janeiro de 1883
18 de Dezembro de 1884 . 11 de Fevereiro de 1885
29 de Fevereiro de 1888 11 de Março de 1888
4 de Abril de 1888 .. 7 de Maio de 1888
3 de Outubro de 1888 7 de Outubro de 1888
26 de Fevereiro de 1887 30 de Março de 1887

GERA ES

NOMES Data das nomeações Data do exercicio

Bacharel Francisco Frederico da Rocha Vieira 13 Dezembro de 1882 9 Janeiro de 1883


Antonio Baptista de Campos Pereira 12 Abril 1887 ... 22 Abril de 1887
Herminio Augusto Moreira Lemos . 6 Junho de 1885 12 Julho de 1885
João Baptista Martins de Menezes. 13 Junho de 1887... 12 Julho de 1887
Bacharel Canuto José Saraiva 31 Dezembro de 1886 15 Janeiro de 1887
Ernesto Augusto Malheiros . 30 Maio de 1888 .... 14 Julho de 1888
Rogerio Pinto Ferraz 31 Julho de 1886 ... 24 Setembro de 1886
José Aniceto de Paula Candido . 27 Outubro de 1888 .

Bacharel Miguel de Godoy Moreira e Costa . 28 Agosto de 1882 .. 29 Novembro de 1882


>> Levino Augusto de Hollanda Chacon 17 Outubro de 1885. 1 Novembro de 1885
Arthur de Avila Rebouças 23 Janeiro de 1886 .. 19 Abril de 1886
Antonio Lemes da Silva .. 30 Maio de 1888.... 19 Julho de 1888
Doutor Antonio Eerreira França .. 13 Dezembro de 1882 3 Maio de 1883
Bacharel Joào Carneiro de Almeida Maia 31 Agosto de 1887 .. 24 Outubro de 1887
Antonio Manuel de Freitas. 10 Novembro de 1888 31 Dezembro de 1888
Bacharel Simpliciano da Rocha Pombo .. 15 Maio de 1875 ... 2 Agosto de 1875
>> Matheus da Silva Chaves Junior 13 Janeiro de 1888 .. 31 Janeiro de 1888
José Manuel de Azevedo Marques . 28 Maio de 1887 .... 25 Junho de 1887
Antonio Pereira Baptista Filho ... 6 Março de 1886 ..
Bacharel Leonidas Marcondes de Toledo Lessa 28 Outubro de 1884. 25 Dezembro de 1885
> José Vieira de Moraes 30 Outubro de 1883 , 28 Novembro de 1883
Lupercio da Rocha Lima 14 Julho de 1887 ... 27 Julho de 1887

João Baptista Pinto de Toledo 29 Fevereiro de 1888 14 Março de 1888


Bacharel Luiz de Camargo Mello 18 Julho de 1883 ... 27 Agosto de 1883
João Augusto de Souza Fleury 28 Janeiro de 1889 .
Luiz Ayres de Almeida Freitas . 30 Agosto de 1888 . 1 Novembro de 1888
João Climaco Lobato 26 Novembro de 1887 25 Dezembro de 1887
Bacharel José Manuel Pereira Cabral 9 Abril de 1887 ... 12 Julho de 1887
Rogerio O'Connor P. de C. Dauntre . 27 Junho de 1887 ... 23 Agosto de 1887
Manuel Leite de Camargo 19 Junho de 1886 ... 21 Julho de 1886
- 6 -

Entrancias
Comarcas Termos Cargos

Juiz de Direito
Casa Branca 1.a Promotor Publico
Casa Branca Juiz Municipal
Juiz de Direito
Promotor Publico
Espirito Santo ... 2.a
Penha do Rio do Peixe , Espirito Santo
do Pinhal ( reunido) Juiz Municipal
Juiz de Direito
Promotor Publico
Faxina 1.a Faxina Juiz Municipal
S. Sebastião do Tijuco Preto
S. João Baptista do Rio Verde >>

Juiz de Direito
Promotor Publico
Franca 2.a Franca , Carmo, Santa Rita do Paraizo
(reunido) Juiz Municipal
Juiz de Direito
Promotor Publico
Guaratinguetá 2.a
Juiz Municipal
Cunha
Juiz de Direito
Promotor Publico
Iguape .. 1.a
Iguape . Juiz Municipal. .
Cananéa
Juiz de Direito
Promotor Publico
Itapetininga 2.a
Itapetininga Juiz Municipal..
Paranapanema, Sarapuhy ( reunido) >> >>
Juiz de Direito
Jahú 1.a Promotor Publico
Jahú, Dous Corregos ( reunido) Juiz Municipal
Juiz de Direito
Promotor Publico
Jundiahy 1 a
Jundiahy Juiz Municipal .
Itatiba >>
Juiz de Direito
Promotor Publico
Lençóes 1.a
Lençóes, S. José dos Campos Novos, Santa
Cruz do Rio Pardo ( reunido). Juiz Municipal
Juiz de Direito

Limeira Promotor Publico


1.a
Limeira Juiz Municipal
Araras .
Juiz de Direito
Promotor Publico
Mogy- mirim 1.a
Mogy-Mirim Suiz Municipal
S. João da Boa Vista
Juiz de Direito
Parahybuna 1.a Promotor Publico
Parahybuna .. Juiz Municipal .
- 7

NOMES Data das nomeações Data do exercicio

Bacharel Alcibiades Juvenal de M. Uchôa ... 9 Setembro de 1888 14 Setembro de 1888


José Pinto Cesar.. 23 Abril de 1888 7 Junho de 1888 ...
Delfim Carlos Bernardino e Silva .. 27 Outubro de 1888. 22 Novembro de 1888
Bacharel José Custodio da Cunha Canto 17 Outubro de 1885. || 4 Dezembro de 1885
>> Manuel Augusto de Ornellas 16 Junho de 1888... 10 Julho de 1888 ..

José Maria Bourroul 27 Junho de 1888 ... 15 Julho de 1888 ..


Bacharel Antonio Augusto Nogueira da Gama 24 Novembro de 1888
Emilio Ferreira de Abreu e Costa . . 28 Maio de 1887 .... 22 Agosto de 1887 ..
Joaquim Rodrigues Villares 14 Janeiro de 1888 . 11 Fevereiro de 1888
José Teixeira Machado 125 Agosto de 1887 .. 3 Dezembro de 1887
> Leoncio Gurgel do Amaral 28 Fevereiro de 1888 7 Julho de 1888 ...
Bacharel Luiz Augusto Ferreira . 13 Junho de 1888 ... 27 Junho de 1888 ...
Primitivo de Castro Rodrigues Sette . 7 Outubro de 1886. 30 Outubro de 1886 .

João Antunes de Araujo Pinheiro 10 Julho de 1886 ... 31 Julho de 1886 ...
Bacharel Cassiano Candido Tavares Bastos . . 18 Janeiro de 1882. . 29 Março de 1882 ..
>> Arlindo Vieira Paes .. 17 Agosto de 1886. . 28 Agosto de 1886 .
Augusto José da Costa 11 Abril de 1885 ... 11 Julho de 1885 ..
Antonio Bento Domingues de Castro 2 Maio de 1888 .... 23 Junho de 1888 .
Bacharel João Bernardino Cesar Gonzaga 17 Dezembro de 18812 Fevereiro de 1882
Alfredo da Cunha Bueno .. 30 Janeiro de 1889

Joaquim Guedes Alcoforado 13 Junho de 1888... 14 Agosto de 1888 ..


Bacharel José Xavier de Toledo 15 Janeiro de 1887. | 15 Abril de 1887 ...
Gaspar M. Barreto de Barros Falcão 28 Janeiro de 1889 .
Simão Eugenio de Oliveira Lima... 28 Setembro de 1888 22 Novembro de 1888
José Theotonio Freire 28 Setembro de 1888 22 Dezembro de 1888
Bacharel José Pedro Marcondes Cesar 1 Fevereiro de 1881 8 Jullio de 1884
Constantino Gonçalves Fraga 27 Julho de 1888 ... 7 Agosto de 1888
>> Antonio Chrispiniano Barbosa Freire 20 Junho de 1888 ... 11 Julho de 1888 ..
Bacharel Benedicto Philadelpho Castro .... 4 Abril de 1888 ... 2 Maio de 1888 ...
Antonio Pinheiro de Alburquerque. . 22 Junho de 1888 ... 30 Junho de 1888. .
Cypriano Fenelon Guedes A. Filho. 21 Agosto de 1886. 19 Novembro de 1886
José Joaquim Baeta Neves Filho .. 10 Julho de 1886 .. 31 Julho de 1886 ...
Bacharel Leopoldindo Martins M. de Andrade 24 Novembro de 1888 1 Janeiro de 1889 .
Augusto Elysio de Castro Fonseca . 23 Novembro de 1887 23 Dezembro de 1887

Marcolino Pinto Cabral . 30 Dezembro de 1885 23 Janeiro de 1886 ..


Bacharel João Pinto de Castro .. 3 Agosto de 1882 .. 6 Setembro de 1882
Ernesto Moura .. 28 Agosto de 1888 . 1 Outubro de 1888 .
Gastão de Souza Mesquita 5 Maio de 1897 ... 4 Junho de 1887 ...
Antonio Gomes Pinheiro Machado .. 30 Maio de 1885 .... 10 Junho de 1885 ..
Bacharel Dinamerico Augusto do Rego Rangel 19 Setembro de 1888 10 Dezembro de 1888
João Sertorio . 14 Agosto de 1884.. 13 Setembro de 1881
>> Firmino A. da Silva Whitacker Filho 27 Junho de 1888 ... 21 Julho de 1888 ..
Theodoro Torquato Pinto e Silva . . 31 Dezembro de 1887 30 Janeiro de 1888 .
Bacharel Candido Fernandes Costa Guimarães 24 Novembro de 1888 11 Dezembro de 1888
Joaquim José Ferreira Damião 11 Outubro de 1888. 19 Dezembro de 1988)
Leocadio Leopoldino da F. e Silva . 13 Agosto de 1885 .. 25 Agosto de 1887 .
-
8

Entrancias
Comarcas Termos Cargos

Juiz de Direito
Promotor Publico
Pindamonhangaba - 1.a Pindamonhangaba Juiz Municipal
S. Bento de Sapucahy
Juiz de Direito
Promotor Publico
Queluz . 1.a
Queluz Juiz Municipal
Silveiras
Juiz de Direito .
Promotor Publico
S. Carlos do Pinhal . 2.a
S. Carlos do Pinhal . Juiz Municipal
Brotas .
Juiz de Direito
S. Luiz 1.a Promotor Publico
S. Luiz .. Juiz Municipal
Juiz de Direito
Promotor Publico
S. José dos Campos 1.a
S. José dos Campos . Juiz Municipal
>>
Caçapava, Jambeiro ( reunido)
Juiz de Direito
S. Sebastião .... 1.a Promotor Publico
S. Sebastião, Villa Bella (reunido) Juiz Municipal. .
Juiz de Direito
S. Simão 1.a Promotor Publico
Ribeirão Preto. S. Simão ( reunido ) Juiz Municipal
Juiz de Direito ..
Tieté Promotor Publico
3.a
Tieté Juiz Municipal
Porto Feliz >>
Juiz de Direito
Ubatuba . 1.a Promotor Publico
Ubatuba Juiz Municipal
Juiz de Direito
Xiririca 1.a Promotor Publico
Xiririca, Apiahy ( reunido) . Juiz Municipal

Secretaria do Governo da Provincia de São Paulo , 1.0 de Fevereiro de 1889.


9

NOMES Data das nomeações Data do exercicio

Bacharel Pedro Leão Velloso Filho. 17 Outubro de 1885. 28 Outubro de 1885


Manuel Pereira Guimarães 26 Julho de 1888 ... 12 Agosto de 1888
>> Candido Monteiro da Cunha Bueno . 10 Abril de 1886 1 de Maio de 1886
João da Silva Meyrelles 24 Julho de 1886 ... 1 Setembro de 1886
Bacharel Antonio Paulino Soares de Souza 9 Abril de 1887 ... 15 Abril de 1887
Aureliano de Oliveira Alzamora 27 Novembro de 1883
Augusto de Meyrelles Reis 5 Novembro de 1887 30 Novembro de 1887
Benvindo Gurgel do Amaral Valente 19 Junho de 1886 ... 28 Junho de 1886
Bacharel Raymundo da Motta de A. Corrêa . 31 Dezembro de 1886 4 Março de 1887
Juvenal Alves de Carvalho . 11 Outubro de 1888.) 8 Novembro de 1888
Joaquim Augusto Gomide 22 Dezembro de 1888
Guilherme Caetano da Silva 6 Fevereiro de 1886 1 Junho de 1886

Bacharel João Candido Rodrigues de Andrade 5 Fevereiro de 1887 25 Fevereiro de 1887


Antonio José de Moraes 9 Dezembro de 1879 19 Janeiro de 1880
>>
Fernando de Siqueira Cardoso 25 Abril de 1885 ... 10 Agosto de 1885
Bacharel Antonio Arnaldo de Oliveira 7 Março de 1885 .. 27 Junho de 1885
Flavio Augusto de Oliveira Queiroz 15 Setembro de 1887 8 Outubro de 1887
> Arlindo Ernesto Ferreira Guerra 7 Agosto de 1886 .. 2 Setembro de 1886
José Augusto de Oliveira Moura 8 Maio de 1886 ... 2 Junho de 1886
Bacharel Anastacio T. de Souza Bittencourt . 13 Julho de 1888. . 26 Julho de 1888
José Baptista de Lima 30 Janeiro de 1889 .

Bacharel José Pedro de Paiva Baracho 18 Julho de 1883 ... 19 Outubro de 1883
Joaquim Moreira de Souza Dias ... 10 Novembro de 1888 2 Dezembro de 1888
Antonio Silverio de Alvarenga 28 Maio de 1887 .... 23 Julho de 1887
Bacharel Pedro C. de Albuquerque Maranhão . 24 Novembro de 1888
Americo Xavier Pinheiro e Prado . . 23 Março de 1887 ... 16 Abril da 1887
Joào Nogueira Jaguaribe 27 Novembro de 1886 4 Dezembro de 1886
Luiz Augusto de Carvalho Mello .. 27 Outubro de 1888 .
Bacharel Antonio Lourenço de Freitas 3 Junho de 1883 .. 4 Setembro de 1883
Francisco Antonio da Luz 15 Junho de 1886 ... 9 Julho de 1886 ...
Octavio Affonso de Mello 5 Janeiro de 1889
Bacharel José Joaquim Ramos Silva 2 Novembro de 1878 5 Fevereiro de 1879
Faustino José de Oliveira Ribeiro . . 14 Junho de 1877 .. 27 Agosto de 1877 ..
Luiz Porto Moretz Sohn de Castro . 26 Março de 1887 3 Maio de 1887

O Secretario da Provincia,

Estevam Leão Bourroul.


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