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Relatório Apresentado Á Assembléa Leg PDF
Relatório Apresentado Á Assembléa Leg PDF
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1
RELATORIO
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RELATORIO
APRESENTADO A
DE
SÃO PAULO
PELO
PRESIDENTE DA PROVINCIA
SÃO PAULO
TYPOGRAPHIA A VAPOR DE JORGE SECKLER & COMP .
1889
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MADISON
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INDICE DO RELATORIO
Introducção Pag . 9
Familia Imperial IO
Eleições
Eleitorado da Provincia II
Assembléa Provincial. 12
Posturas Municipaes 13
Divisas .
Naturalisações .
Administração da Justiça 14
I Tribunal da Relação .
II Comarcas >>
ANNEXOS
DECISÕES DA PRESIDENCIA .
POLICIA .
OBRAS PUBLICAS .
PENITENCIARIA .
CONTRACTOS.
CORREIO .
COMMISSÃO GEOGRAPHICA E GEOLOGICA .
SECRETARIA DO GOVERNO .
QUADRO DA MAGISTRATURA.
ERRATA
A' pagina 72 , ultima linha , em vez de : « noções de mechanica » , leia -se : « noções de
mechanica celeste » .
A' pagina 110, linha 33 , em vez de : « revisão das plantas, leia - se : « revisão das pautas » .
J
1
Senhores Membros da Ossembléa Legislativa Provincial.
FAMILIA IMPERIAL
ELEIÇÕES
ELEITORADO DA PROVINCIA
Amparo 653
Araraquara 302
Areas . 261
Atibaia 288
Bananal 280
Batataes . 492
Belém do Descalvado 506
Botucatu 382
Bragança . 262
Caconde . 347
Campinas I 000
Capivary. 564
Capital 2571
Casa Branca . 437
Espirito Santo 328
Faxina 587
Franca 566
Guaratinguetá 727
Iguape 250
Itapetininga 529
12
Itú 344
Jacarehy 327
Jahú 409
Jundiahy . 339
Lençóes . 645
Limeira 294
Lorena . . 536
Mogy das Cruzes 249
Mogy -mirim 506
Parahybuna . 203
Pindamonhangaba 437
Piracicaba.. 5.36
Queluz. 334
Santos . 729
São Carlos do Pinhal 388
São João do Rio Claro 318
São José dos Campos . 436
São Luiz do Parahytinga. 233
São Roque 269
São Sebastião 271
São Simão . 451
Sorocaba . 563
Tatuhy 368
Taubaté . 545
Tieté . 234
Ubatuba . I13
Xiririca . 260
21664
ASSEMBLEA PROVINCIAL
POSTURAS MUNICIPAES
DIVISAS
NATURALISAÇÕES
Em 1882 . 9
Em 1883 138
Em 1884 . 129
Em 1885 191
Em 1886 . I 22
Em 1887 89
Em 1888 265
Deixaram de tirar as suas cartas . 13
O que prefaz o total acima de , 956
14
ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
TRIBUNAL DA RELAÇÃO
II
COMARCAS
III
JUIZES DE DIREITO
Comarca de Araraquara
Comarca de Areas
Comarca de Atibaia
Comarca de Botucatu
Comarca de Caconde
Comarca da Franca
Comarca de Guaratinguetá
Comarca de Iguape
Comarca de Itapetininga
Comarca de Jacareny
Comarca de Jundiahy
Comarca de Lençócs
Comarca da Limeira
Comarca de Pindamonhangaba
Comarca de Quelus
Comarca de S. Roque
Comarca de S. Sebastião
Comarca de S. Simão
Comarca de Sorocaba
Comarca do Tieté
Comarca de Xiririca
Nos termos reunidos se observará, quanto aos supplentes dos Juizes muni
nicipaes , a ordem em que estão neste Acto collocados.
PROMOTORES PUBLICOS
IV
TERMOS
JUIZES MUNICIPAES
Para o logar de Juiz Substituto da 1.a vara da Comarca da Capital foi nomeado
por Decreto de 25 de Setembro, o Bacharel Manuel Augusto de Alvarenga,
que tomou posse a 8 de Outubro .
Por Decreto de 28 de Setembro foi concedida a exoneração que pedio o
Bacharei José Antonio Moreira Dias Junior do cargo de Juiz Municipal e de
Orphãos do Termo de Itapetininga , sendo removido, a pedido , do Termo do Ca
pão Bonito do Paranapanema para aquelle o Bacharel Simão Eugenio de Oli
veira Lima e nomeado em logar deste o Bacharel José Theotonio Freire .
Em 7 de Outubro falleceu o Juiz Municipal e de Orphãos do Termo de
Atibaia , Bacharel Antonio Barbosa de Azevedo Veiga.
Por Decreto de 20 do mesmo mez foi concedida exoneração ao Bacharel
Arthur da Silva Araujo do cargo de Juiz Municipal e de Orphãos do termo de
S. Roque e Una .
Por Decreto da mesma data foi nomeado o Bacharel Julio Amaro da Rosa
Furtado para o logar de Juiz Municipal e de Orphãos do Termo de Atibaia .
Por Decreto de 1º de Dezembro foi removido, a pedido , o Bacharel Vicente
de Moraes Mello Junior , do termo de Iguape para o de Lorena .
Por Acto de 9 de Julho foram nomeados para os logares de 2.° e 3.0 sup
plente do Juiz Municipal e de Orphãos do Termo do Bananal o Capitão João
Candido de Macedo e o cidadão José Cassiano Rodrigues Leite .
Não tendo prestado juramento de seus cargos os cidadãos Candido José da
Silva ,3. ° supplente do Termo de São João da Boa Vista , Firmino Manuel Ro
drigues, 3.° supplente do de Santa Cruz do Rio Pardo e José de Almeida Lei
te Ribeiro , 3.° supplente do de Piracicaba, foram nomeados : para a primeira
vaga , o Capitão Joaquim José dos Reis , para a segunda, o cidadão Joaquim
Antonio da Silva Guimarães e para a terceira o cidadão Eliziario Ferreira
Penteado .
Por não terem prestado juramento os cidadãos João Novaes Portella , 3.°
supplente do Termo de Porto Feliz , o Tenente Joaquim da Silveira Mello e Au
gusto Marcolino de Arruda, 2.° e 3.0 supplentes do de S. Roque, nomeei para
a primeira vaga o cidadão Adolpho Brand, e para as duas ultimas os cidadãos
Antonio Francisco da Rosa e o Alferes Narciso da Silva Cezar .
OFFICIOS DE JUSTIÇA
REGISTRO CIVIL
ALISTAMENTO MILITAR
Rio Claro , Sant'Anna dos Olhos d'Agua, S. Carlos do Pinhal, Rio Novo, Faxina ,
Apiahy, Remedios, Santo Antonio da Cachoeira, Santa Barbara, Rio Bonito,
Sapé do Jahú, Caconde, Jaboticabal, Patrocinio do Sapucahy, Guarehy, S. José
do Rio Pardo, Itaquaquecetuba, Espirito -Santo do Rio do Peixe , Espirito Santo
da Fortaleza e Lagoinha.
GUARDA NACIONAL
No posto de Capitão :
Batalhão n . 31
Esquadrão de Cavallaria n . 8
Esquadrão de Cavallaria n . 8
No posto de Tenente :
O Alferes - Cirurgião- Mór , Antonio Antão Ramos Jordão .
OBRAS MILITARES
ronel de Engenheiros Dr. João Luiz de Araujo Oliveira Lobo , por ter sido
dispensado o Major Emygdio Cavalcanti de Mello.
Esta Colonia não presta ao Estado nem á Provincia os serviços que teve
em mira o Governo ao creal - a , por Decreto de 26 de Junho de 1856 .
Os Relatorios annuaes de seus Directores têm apenas attestado o seu
estado pouco florescente e as grandes despezas, sem compensação alguma, que
acarreta para os cofres publicos.
A permanecer o statu quo , é provavel lhe estar reservada a mesma sorte
que coube á Colonia do Avanhandava, hoje votada ao abandono .
Reporto - me ás informações do Exm . Conde do Parnahyba, dirigidas ao Go
verno Imperial, em cumprimento do Aviso n . 117 de 29 de Outubro de 1887
e ao officio n . 33 de 3 de Agosto do mesmo anno .
A Colonia do Itapura, e a do Avanhandava, prestar-se-hiam antes ao esta
belecimento de nucleos para colonos nacionaes, maximè após a crise agricola
causada pela Lei de 13 de Maio .
28
INSPECTORIA DE HYGIENE
25 :000 $ 000
E ' minha opinião que o serviço provincial nunca será bem regulado, assim
commettido a empregados geraes .
( ) Dr. Inspector pede que a Hygiene seja aquinhoada melhor do que qual
quer outra das necessidades publicas da Provincia .
CREDITOS
DELEGADOS DE HYGIENE
Foram nomeados :
Para Santos , o Doutor Julio Cesar Alves de Moraes, por Acto da mesma data .
Para Sorocaba, o Doutor Ignacio Pereira da Rocha, por Acto de 29 de Se
tembro .
Para a Franca, o Doutor Antonio Joaquim dos Santos, por Acto da mesma data .
Para Guaratinguetá, o Doutor Julio Constancio Pourchet, por Acto de 1. °
de Outubro .
Para Mogy -mirim , o Doutor Pedro Souto Maior, por Acto de 8 de Outubro .
NUCLEO DE S. BERNARDO
Mappa dos navios existentes no porto de Santos no dia 1.º de Novembro de 1888
Mappa do movimento do porto de Santos durante o periodo de 1.º de Janeiro a 31 de Outubro de 1888
ENTRADAS
Mappa do movimento do porto de Santos durante o periodo de 1.º de Janeiro a 31 de Outubro de 1888
SAHIDAS
Janeiro . 25 19 12 19 37 38
Fevereiro 21 18 4 14 25 32
Março . 28 22 10 19 38 41
Abril . 29 17 12 17 41 34
Maio 29 12 10 11 39 23
Junho . 37 12 6 14 43 26
Julho.. 28 15 13 11 41 26
Agosto.. 28 14 8 13 36 27
Setembro . 36 14 10 16 46 30
Outubro . 38 15 6 19 44 34
299 158 91 153 390 311
33
HOSPICIO DE ALIENADOS
Porcentagem
Porcentagem
nados de S. Paulo nos annos de 1883 a 1887
Existiam
Existiam
Sahirain
curados
Sabiram
mortalidade
anno
anterior
Falleceram
das
fim
não
do
Entraram
cu
da
no
do o
ann
Sahiram
SCIO
TOTAL
rados
Annos
1883 Pedro II . 393 119 512 58. 397 512 11,33 % 11,13 %
S. Paulo . . 168 111 279 36 9 55 179 279 12,09 19,71
1886 Pedro II . 373 107 480 34 147 299 480 7,08 30,62
S. Paulo . 207 143 350 37 10 42 261 330 10,57 12 ,
Devo observar que nos ultimos tres annos foi que este estabelecimento
começou a gosar de melhoramentos mais importantes e de mais commodidades,
com o uso de um novo raio do edificio .
E ' obvio que, com tal agglomeração de enfermos incuraveis, haverá neces
sariamente grande elevação no obituario .
ESTATISTICA GERAL
Total 2.068
Sahiram curados :
Homens 437
Mulheres 203 640
Falleceram :
Homens 634
Mulheres 379 1.013
Existiam em 31 de Outubro :
Homens 151
Mulheres II2 263
Total 2.068
em
Porcentagem
fallecimentos
senta os algarismos constantes do seguinte quadro comparativo :
Porcentag
Existiam
Falleceram
dos
das
sahidas
fim
no
Entraram
anno
Sahiram
TOTAL
Hospicios do
MOVIMENTO DO ANNO
Total 375
NACIONALIDADES
Nacionaes :
Homens 167
Mulheres 132 299
36
Estrangeiros :
Homens 54
Mulheres 22 76
Total . 375
Côres :
Brancos 279
Pardos 10
Pretos 56
Total . 375
Procedencias :
Alto da Serra I
Amparo 3
Araraquara 2
Araras I
Areas . I
Bananal 2
Batataes I
Belém do Descalvado 2
Bocaina I
Bragança 4
Brotas I
Cabreuva . 3
Caçapava I
Cajurú I
Campo Largo de Atibaia I
Campinas 21
Cananéa 1
Capital 157
Casa Branca 7
Conceição dos Guarulhos I
Cotia 2
Cruzeiro I
Cunha I
Espirito -Santo da Boa Vista I
Espirito Santo do Pinhal I
IO
Guaratinguetá
Iguape 2
I
Ipanema
Itapecerica 3
Itapetininga I
Itatiba 5
Itú IO
Jacarehy 3
Jahú I
Jundiahy 3
Juquery . I
Lençóes I
37
!
Limeira . 5
Lorena 3
Mogy das Cruzes 5
Mogy -mirim 8
Monte -mor I
Nossa Senhora do O ' I
Parahybuna I
Parnahyba 2
Penha de França I
Pereiras I
Piedade I
Pindamonhangaba 4
Piracicaba 9
Pirassununga . I
Porto Feliz 3
Ribeirão Preto
Rio Bonito I
Rio Claro 6
Salto Grande de Paranapanema I
Santa Izabel . I
Santo Amaro 7
Santo Antonio da Cachoeira 2
Santos 14
S. Bernardo 2
S. Carlos do Pinhal 3
S. João da Boa Vista 2
S. José do Barreiro . I
S. José dos Campos 2
S. Luiz 2
S. Manuel I
S. Roque . 2
S. Vicente I
Sapé de Silveiras I
Sarapuhy . I
Serra Negra 2
Silveiras 2
Sorocaba . 3
Taubaté 6
Tieté 2
Upa 4
Total . 375
Em 1887 366
Em 1888 . 375
Para mais 9
38
1
Sahiram curados :
Em 1887 31
Em 1888 42
Para mais II
Falleceram :
Em 1887 70
Em 1888 . 58
Para menos I2
Abcesso pulmonar 1
Adynamia I
Anemia I
Broncho -pneumonia I
Collapso cerebral I
Congestão cerebral 3
Delirio agudo I
Diarrhea
4
Diarrhéa - chronica . I
Embolia cerebral 6
Encephalite-chronica 3
Encephalite I
Enterite - chronica I
Epilepsia e gangrena . I
Escorbuto . I
Gangrena 2
Hemorrhagia cerebral . 5
Hepatite -chronica I
Total 58
O serviço medico está a cargo dos Drs . Ignacio Xavier Paes de Campos
Mesquita e Nicolau Barbosa da Gama Cerqueira, nomeado medico adjunto , em
substituição do Dr. Luiz Lopes Baptista dos Anjos , removido, a seu pedido ,
para o lugar de medico da Penitenciaria.
Acha -se quasi concluido o novo raio destinado aos homens ; e em seguida
haverá mister tratar -se de outras obras indispensaveis, que o Administrador
aponta em seu bem deduzido Relatorio : construcção de novas paredes, retoques
na fachada do edificio, construcção de nova cosinha, de uma casa especial para
banhos e serviço hydrotherapico , além de feichos , ajardinamento , aterros , etc.
Si esta Assembléa, conscia da necessidade de possuirmos um Hospicio
de primeira ordem , votar por mais dous exercicios a verba annual de 50 :000 $ ooo,
poderão ser realisadas as obras complementares do edificio e ficará a Provincia
dotada com um estabelecimento digno do seu adiantamento.
O Administrador reitera o pedido da creação do lugar de Capellão do Hos
picio . Presta os serviços do Culto Divino o Revdm . Conego Chantre Francisco
Jacintho Pereira Jorge.
PENITENCIARIA
EXISTEM
CLASSIFICACÃO
Homens 157 22 179 7 1 1 9 1 1 2 4 1 1 2 1 1 1 1 16 154
Mulheres. 18 3 21 1 1 2 2 17
Totaes
.. 175 25 200 8 1 1 1 11 1 1 2 6 1 1 2 1 1 1 1 18 171
41
POLICIA
Estado Maior
1 " COMPANHIA
2.8 COMPANHIA
3.8 COMPANHIA
4.8 COMPANHIA
5.a COMPANHIA
6.8 COMPANHIA
7.4 COMPANHIA
Estado Menor
Sargento Ajudante . I
Quartel-Mestre I
Mestre de Musica I
Corneta -Mór I
Musicos 24
legislativo , e tendo verificado ser impossivel encontrar uma casa para onde pu
desse remover e melhor accommodar o Corpo Policial Permanente, emprehendi
a construcção de um edificio proprio para tal mistér, com as precisas condições
de bom aquartellamento e salubridade.
COMPANHIA DE URBANOS
SECÇÃO DE BOMBEIROS
O CRIME DO BANANAL
Logo que tive noticia deste attentado , por diversos telegrammas ,-expedi
ao Dr. Chefe de Policia a seguinte ordem :
Gabinete da Presidencia , 12 de Julho de 1888.- Acaba de chegar ao meu conhecimento , por telegramma,
terem sido hoje assassinados, na cidade do Bananal , o Coronel Pedro Ramos Nogueira , Commandante Superior
da Guarda Nac al, e o Engenheiro Dr. Horta Barbosa.
E como esta noticia , embora despida ainda de pormenores, é da maior gravidade, pela posição social
daquelles cidadãos, torna -se necessaria a presença de V. S. no logar do delicto , onde o facto já conhecido
e outros que ainda se possam ter dado, requerem uma investigação escrupulosi, activa , imparcial e intelligente,
na qual as autoridades da Comarca poderão , porventura , se sentir embaraçadas, pelo que determino a V. S. que ,
sem perda de tempo, siga amanhan, pelo trem expresso da estrada do Norte, para a Comarca do Bananal, para
o fim de , nos termos do art . 60 do Regulamento n . 120 de 31 de Janeiro de 1842 e art . 9 $ Unico da Lei
n . 2033 de 20 de Setembro de 1871 , tomar conhecimento do que ali houver occorrido , processando e pronunciando
o delinquente ou delinquentes, com os recursos legaes, dando -me de tudo conhecimento em minucioso relatorio.
Faço constar este acto ás autoridades judiciarias da Comarca, para que o auxiliem , e expeço ordem ao Com
mandante do Corpo de policia para que ponha á disposição de V. S. um Official de sua confiança e as praças
que julgar conveniente que o acompanhem .
No Bananal já encontrará V. S. força que segue hoje da Capital do Imperio.
Confio ás conhecidas aptidões de V. S. e do seu zelo pelo serviço publico o bom exito desta diligencia.
Deus Guarde a V. S.
Snr . Dr. Chefe de Policia .
Pedro Vicente de Azevedo.
Secretaria da Policia da Provincia de S. Paulo , em 8 de Agosto de 1888. --Illm . e Exm . Snr. — De volta
de minha diligencia ao Termo do Bananal, para onde segui, obedecendo á determinação de V. Exc. , constante
da Portaria de 19 de Julho findo, afim de tomar conhecimento dos gravissimos crimes ali perpetrados nesse mesmo
dia , conforme noticiavam differentes despachos telegraphicos recebidos nesta Capital , cumpro o dever de apresentar
a V. Exc minucioso relatorio de tudo quanto occorreu na mesma diligencia, satisfazendo, por tal forma, o que
dignou -se V. Exc , ordenar-me na ultima parte da supra- citada Portaria .
Eram desacompanhadas de pormenores as primeiras noticias recebidas por V. Exc. sobre os acontecimentos
do Bananal . Haviam sido assassinados o Coronel Pedro Ramos Nogueira e o Dr. José Caetano Horta Barbosa ,
diziam os telegrammas ; os animos estavam exaltados, e a população alarmada clamava por vingança ; havia certo
receio de represalias contra os implicados nos crimes , quem quer que elles fossem ; pareciam imminentes conflictos ,
e corria grave risco de perturbação a ordem publica. Não se dizia então ainda como e por quem haviam sido
commettidos os dois assassinatos .
A posição social dos assassinados, entretanto , a indignação despertada pelo facto, o perigo de excessos,
consequencia da mesma indignação , para reprimir os quaes ver -se -hiam porventura embaraçadas as autoridades
46
locaes, eram outras tantas razões para que se reputasse indispensavel , no theatro dos acontecimentos, a presença
do Chefe de policia, investido da excepcioual faculdade de processar e pronunciar, nos termos do Art . 60 do Reg.
n . 120 de 31 de Janeiro de 1842 ; e V. Exc . assim o entendeu, determinando-me que seguisse para o Bananal,
no primeiro trem , fazendo -me acompanhar da força necessaria para auxiliar-me no desempenho da importantissima
incumbencia que me era dada.
Mais tarde , telegramma de S. Exc. o Snr. Conselheiro Ministro da Justiça esclarecia - que os assassinatos
se haviam realisado na fazenda da Gloria , pertencente ao Commendador Antonio José Nogueira, vulgo Nogueirinha,
e que a este se imputava a autoria do duplo crime. E , pois , além da posição das victimas, uma dellas membro
de familia importante e numerosissima do Bananal, a posição do indigitado criminoso , fazendeiro, chefe de uma
das parcialidades politicas na localidade, Official da Ordem da Rosa e até poucos dias Commandante Superior
da Guarda Nacional , concorria para justificar o emprego de medida extraordinaria de que já nessa occasião havia
V. Exc . lançado mão .
Acompanhado do Official Joaquim Floriano Barbosa de Toledo, designado d'entre os empregados da minha
Secretaria para funccionar como Escrivão na diligencia, e do Tenente do Corpo Policial Rodolpho Gregorio
de Azambuja, segui no dia 20 , pelo expresso da Côrte , chegando ás 3 horas da tarde á estação da Saudade,
da Estrada de Ferro D. Pedro II, ponto de entroncamento do Kamal Ferreo Bananalense .
Na Saudade , aguardavam a minha chegada os Snrs. Drs. Salvador A. Muniz Barretto de Aragão, Chefe
de Policia da Provincia do Rio de Janeiro , e Sancho Bittencourt Berenguer Cezar, Juiz Municipal de Barra Mansa ,
com os quaes longamente conferenciei acerca das lamentaveis occurrencias havidas na vespera , no vizinho Termo
do Bananal.
Entrei então no conhecimento do seguinte :
Fôra já iniciado o inquerito policial , e o Juiz Municipal do Termo, mediante requisição do Subdelegado
e á vista do depoimento de duas testemunhas, nos termos dos Arts . 13 S 2.º da Lei n . 2.033 de 20 de Setembro
de 1871 , e 29 do Regulamento n . 4.824 de 22 de Novembro do mesmo anno , tinha decretado a prisão preventiva
do Commendador Antonio José Nogueira.
Effectuada a captura , o Juiz Municipal do Bananal requisitára do seu collega de Barra Mansa a conservação
do Commendador na Cadêa desta ultima Cidade, emquanto o exigissem a ordem publici e a propria segurança
do indigitado criminoso . Tal era no dia anterior a exaltação dos animos entre os populares e entre os traba
lhadores da estrada de ferro , em numero superior a trezentos, ávidos todos de vingar as victimas do gravissimo
attentado, que receara-se, no trajecto da fazenda da Gloria para a Cidade , fosse morto o preso pela grande massa
de povo que acudira ao local do acontecimento , e no meio do qual se murmurava já que era indispensavel fazer
justiça incontinenti e pelas proprias mãos.
Fiz regressar, á vista disso , uma pequena escolta que , sob as ordens do Capitão Enéas Porto , viera do Ba
nanal encarregada de conduzir o preso ; reservando -me para a respeito deliberar como melhor conviesse, depois
de por mim mesmo haver podido ajuizar do estado dos espiritos, e , em todo o caso , usando das cautelas que
a extraordinaria importancia do caso estava a exigir .
Do que resolvi dei parte por telegramma, immediatamente, a V. Exc.
No Bananal, onde só pude chegar ás i horas da noite, notei a profunda consternação produzida pelas
occurrencias do dia antecedente, e tive occasião do capacitar-me de quão prudente fôra o alvitre de afastar dali
naquelles primeiros momentos, o homem geralmente indigitado como um dos autores do duplo assassinato ,
Por immenso que fosse o esforço despendido pelas autoridades (e ellas se mostravam dispostas a cumprir o seu
dever) , tivera sido certamente debalde, e estaria consummado mais um acto de selvageria , denunciador do atrazo
dos nossos costumes e de uma injustificavel falta de confiança na Lei e nos encarregados de executal-a.
Em honra da adiantada e ordeira população daquella cidade, entretanto , devo dizel-o a V. Exc . , após a minha
chegada, só ouvi palavras de moderação, ainda mesmo daquelles cujo exaltamento seria desculpavel, pelos. laços
de sangue que os uniam a uma das victimas do audacioso attentado . A cidade, comquanto preoccupadissima
com o facto, estava calma e pacifica, e assim até hoje tem permanecido.
No inquerito iniciado na Subdelegacia e continuado pelo Delegado de Policia, haviam já deposto 13 teste
munhas ,
Avocando o conhecimento do processo, sustentei o acto do Juiz Municipal do Termo, decretando a prisão
preventiva do Commendador Nogueira , e, por minha vez, decretei , em face da prova colhida, a de Antonio No
gueira de Macedo , tambem conhecido por « Antonio Venancio », genro e sobrinho do referido Commendador ,
Depois de haver-me entendido com as autoridades locaes, seguro de que nada se tentaria dahi por diante
contra o preso , requisitei na manhan de 21 , do Juiz. Municipal de Barra Mansa , a remessa do mesmo, para assistir
ás diligencias do inquerito, que iam proseguir.
No mesmo dia , ás 3 horas da tarde , o Commendador Nogueira sahiu de Barra Mansa , vindo até o Rialto
em trem especial, acompanhado por uma força de vinte praças , com dous officiaes do Corpo Policial da Provincia
do Rio de Janeiro. Desse ponto até o Bananal a escolta foi reforçada com vinte e seis praças do 1.º Batalhão
de Infantaria, sob o commando do Tenente Paulo José Pfaltzgraff, sendo tomadas todas as precauções afim de evitar
qualquer aggressão em caminho ao conduzido . A's 3 / horas da manhan foi-me entregue o preso, sem que
accidente algum houvesse occorrido durante a viagem ; e incontinenti mandei- o recolher á sala que lhe fóra des
tinada no pavimento superior do edificio da Cadêa e casa da Camara Municipal.
Ouvi no inquerito mais 12 testemunhas e interroguei o Commendador Nogueira .
Além disso, porque julgasse indispensavel a extracção dos projectis com que fóra offendido o Coronel Pedro
Ramos, mandei exhumar o cadaver e proceder á competente autopsia, conseguindo os medicos encontrar apenas,
conforme declararam no respectivo relatorio , a bala correspondente ao ferimento do peito .
As diligencias policiaes foram encerradas no dia 26 de Julho. Nessa mesma data , e antes de serem
remettidos os autos ao Promotor da Comarca, foi -me apresentada queixa, por parte das viuvas dos assassinados,
47
contra o Cominendador Antonio José Nogueira e Antonio Nogueira de Macedo, como incursos nas penas do Art . 192
do Codigo Criminal.
No summario em seguida instaurado, juraram sete testemunhas, e foram tomadas as declarações de quatro
informantes. Além destas depuzeram mais tres, debaixo de juramento , sobre referencias que haviam lhes sido feitas
pelas testemunhas anteriores .
Após o interrogatorio do querelado preso , o qual teve lugar no dia 3 do corrente, ouvido o Dr. Promotor
Publico da Comarca, que interpoz seu parecer a 4 , proferi, ainda no mesmo dia 4, o despacho que pronuncia,
cuja cópia tenho a honra de offerecer à V. Exc .
E de tal modo, dei por concluido o trabalho de que V. Exc. se dignara encarregar -me, e que me reteve
ausente desta Capital durante 17 dias.
Uma ligeira resenha do processo :
Os assassinatos do Coronel Pedro Ramos Nogueira e do Dr. Horta Barbosa deram - se em frente á fazenda
da Gloria, propriedade do Commendador Antonio José Nogueira, e por debaixo das janellas do aposento occupado
por Antonio Nogueira de Macedo , genro, sobrinho e afilhado do referido Commendador.
Passavam as victimas tranquillamente em um troly, pelo leito da Estrada de Ferro do Bananal, que no lugar
dista apenas 8 a 10 metros das edificações da fazenda, quando, ao enfrentar o vehiculo com as janellas já alludidas,
dahi sahiram tiros desfechados sobre os caminhantes, os quaes foram ambos attingidos pelos projectis , fallecendo
em consequencia dos ferimentos recebidos.
Alguns passos adiante do lugar em que jaziam estendidos os cadaveres , encontrou -se uma tranqueira feita
de pendões de pita , cortados de fresco , que ainda pela manhan lá não estavam . Esse obstaculo, de natureza
a obrigar o troly a parar ou pelo menos a diminuir a celeridade do movimento, exactamente sob as janellas donde
partiram os tiros , denuncia que fóra de ante mão traçado o plano criminoso, e que nada se olvidou que pudesse
garantir o exito da empreza .
As primeiras pessoas que chegaram ao lugar, cerca de 3 horas depois da perpetração dos crimes, encon
traram os cadaveres em completo abandono, rodeados apenas de alguns carneiros. Nenhum auxilio foi prestado
ás victimas pelos moradores da fazenda , durante todo esse lapso de tempo ; nem mesmo trataram de averiguar,
segundo as proprias asseverações do querelado preso e das pessoas de sua familia, si estavam effectivamente sem
vida os corpos dos dous cidadãos que acabavam de cahir, feridos traiçoeiramente, a poucos passos da casa . E assim
procederam em relação mesmo ao Dr. Horta Barbosa que, conforme se deprehende da posição em que o acharam
os medicos, do corpo de delicto e do proprio interrogatorio do Commendador Nogueira, no summario , viveu ainda
alguns minutos depois de baleado , e contra o qual, extranho como se achava a quaesquer divergencias partidarias
da localidade, prevenção alguma pessoal podia existir da parte da familia Nogueirinha.
Interrogado sobre este ponto , não deu o querelado Nogueira explicações satisfactorias. A principio declarou
que soubera logo por fulano Silverio , vindo da Freguezia do Espirito -Santo, ser já inutil qualquer soccorro , por
estarem mortas as victimas do attentado . Como, porém , se lhe observasse que Silverio só apparecera na Gloria
duas ou tres horas depois do facto , emendou - que prohibira approximar-se quem quer que fosse dos cadaveres ,
para não desviar os indicios que pudessem orientar a justiça (que, entretanto, não mandára prevenir do que
se passava ) no descobrimento do criminoso .
Esse criminoso, contra quem desejavam por tal modo não se perdesse o mais leve indicio , o autor do crime,
segundo a affirmação do Commendador Nogueira, é Antonio de Macedo, genro , sobrinho, afilhado e commensal
do mesmo Commendador. Contra elle conspiram as declarações de todos os membros da familia , a começar
da propria esposa que attesta, em seu depoimento , telo visto de uma das janellas de seu quarto, desfechar tiros
contra os passageiros do troly. Não ha , além deste, outro culpado , dizem todos. Nogueirinha, na occasião em
que se deu o facto, estava fóra de casa , em uma engenhoca de moer cannas ; nenhuma parte tornou no lamentavel
acontecimento,
Que foi Antonio de Macedo um dos autores dos assassinatos não pode ser absolutamente objecto de questão,
em face da prova colhida no processo . E' todavia indubitavel, por egual, que não foi o unico , não obstante os
depoimentos retro alludidos , todos elles vasados no mesmo molde, modelados sob o mesmo plano - resguardar
a todo o transe de qualquer responsabilidade o Commendador Nogueira .
Tempo houve sobejo para que o plano assim concebido fosse estudado e communicado a quem interessasse
perto de tres horas- , tanto medeou a perpetração do duplo crime e a chegada das autoridades . Era, demais,
facillima tarefa persuadir a meia duzia de pessoas, naturalmente consternadas pelos successos do dia , que , occul
tando em parte a verdade , para salvar a un homein velho e doente , ao chefe da familia, longe de obrarem mal,
praticavam acto meritorio ; tanto mais quando com isso não iam aggravar a sorte de outrem , cuja posição se não
modificaria, deante da justiça, pela circumstancia de ter tido ou não um companheiro na execução dos delictos.
o proprio Antonio de Macedo , contra quem nesse tempo havia já mandado de prisão preventiva, como indigitado
autor de tentativa de envenenamento , por meio de strychnina, na pessoa de um concunhado e primo -- o Dr. José Ramos
da Silva , não foi com certeza o ultimo a aconselhar que sobre elle descarregassem toda a responsabilidade, pois
se promptificára , segundo referem as informantes, a deixar declaração escripta, confessando -se unico autor dos dous
assassinatos. Perdido , como se devia julgar , que lhe adiantava dividir com o sogro a responsabilidade das ultimas
occurrencias? Moço, agil, robusto , ardiloso, tendo tempo diante de si , a tudo disposto , podia escapar pela fuga
ás pesquizas das autoridades. Nessa precaria posição em que ia se achar, o Commendador, chefe de uma parcia
lidade politica, livre, servir -lhe-ia de muito : fazia -se mister , longe de compromettel-o , salvar- lhe por todos os meios
o prestigio .
com asEm opposição a esses depoimentos, reciprocamente incompativeis em muitos topicos , em outros inconciliaveis
respostas do querelado, e só contestes na affirmação da presença de Nogueirinha--na engenhoca — no mo
mento em que se dava o duplo crime, apparecem as declarações de Camillo José da Silva, Ignacio e Benedicto
Carreiro , vulgo - Barbicas
do Commendador , os
Nogueira . dous primeiros camaradas do Coronel Pedro Ramos, e o ultimo pagem de confiança
48
Camillo e Ignacio acompanhavam a cavallo , á pequena distancia, o troly occupado pelo Coronel Pedro
Ramos e pelo Dr. Horta Barbosa. Ouvindo o primeiro estampido, correram a alcançar o vehiculo e presenciaram
ainda uma parte do criminoso drama. Affirmam ambos ter visto e perfeitamente reconhecido o Commendador
Nogueira á janella, segurando na mão direita uma arma, que sacudia phreneticamente, na occasião em que cahia
ferido o Coronel Pedro Ramos ; descrevem o vestuario trazido por Nogueirinha ; e, o que é mais, juram ter ouvido
do mesmo a confissão comprehendida nestas palavras endereçadas ao Coronel , já por terra : « Eu não te disse , diabo,
que havias de morrer ás minhas mãos ? »
Benedicto , por seu turno , depõe de visu que o Commendador , no momento dos tiros , estava no quarto
do genro , em companhia do mesmo ; e , além deste ponto , que é capital, contesta peremptoriamente as asserções
de Nogueirinha sobre varias referencias que lhe faz em seu interrogatorio.
Da prova testemunhal não se pode deixar de tirar a convicção, vê V. Exc . , de que dous foram os autores
dos crimes que nos preoccupam ,--- o Commendador Nogueira e Antonio de Macedo, Outras considerações, porém,
valiosissimas, concorrem ainda para corroborar essa convicção .
A bala encontrada entre as roupas do Dr. Horta Barbosa pelas pessoas que despiram o cadaver e o projectil
extrahido do corpo do Coronel Pedro Ramos, são differentes na forma e no calibre : esta , com um diametro de cerca
de 15 milimetros, é achatada regularınente de ambos os lados, de fabrico tosco ; aquella, de muito menor calibre,
tem a forma conica . Foram duas, pois , as armas que serviram para a perpetração dos delictos, e foram dous tambem
os atiradores . Não é verosimil que o mesmo individuo --Antonio de Macedo, tenha se utilisado successivamente
das duas armas, maximè dispondo, como dispunha, de uma espingarda-revólver de seis tiros pelo menos, como
ficou verificado no processo .
As testemunhas referem - se invariavelmente a dous unicos estampidos, muito fortes, e os cadaveres apresen .
tavam quatro ferimentos. Dahi , como natural consectario : houve tiros disparados sinultaneamente por duas pessoas,
confundindo -se na inesma detonação .
O querelado Nogueira procurou insinuar no interrogatorio - que a espingarda apontada como instrumento
dos crimes poderia ter sido carregada com duas balas , em cada cano ; mas a simples possibilidade do facto cahiu
diante do cotejo do jectil extrahido do cadaver do Coronel, com os canos daquella arma .
Era antigo e rancoroso o odio votado ao Coronel Pedro Ramos, por Antonio de Macedo. Nenhum facto
recente, porém , podia ter determinado neste a exacerbação de tal sentimento , a ponto de arrastal-o , em um mo
mento dado, ao assassinato do inimigo. Tinha, sim , recrudescido a inimizade do Commendador Nogueira contra
o Coronel , a cuja intervenção perante o Governo attribuia o ter sido reformado dias antes, contra a vontade,
no lugar de Commandante Superior da Guarda Nacional, sendo designado para occupar o posto , interinamente,
o referido Pedro Ramos,
Esta questão de Commando Superior foi occasião de explodirem os velhos odios . Macedo, um desalmado,
como o pintam as pessoas mais chegadas, explorou o despeito do sogro em proveito da satisfação immediata
do seu odio . Dahi a emboscada e o crime, em cuja execução o Commendador Vogueira, apezar de doente, não
quiz deixar de tomar parte .
Longo vae já este trabalho, cujo desalinho e imperfeição V. Exc. relevará , ouso esperar, com a habitual
benevolencia .
Não concluirei sem pedir a V. Exc . permissão para consignar os bons serviços prestados pelo contingente
do 1.º Batalhão de Linha, enviado ao Bananal por occasião dos assassinatos, com especialidade pelos Officiaes - Te
nente Paulo José Pfaltzgraff, Commandante, e Alferes Liberato Ribeiro , que foram incansaveis nas diligencias de
que os encarreguei seguidamente, no empenho de effectuar a captura de Antonio de Macedo.
Mostraram -se igualmente leaes e dedicados auxiliares desta Chefatura o official Joaquin de Toledo e o Te
nente Rodolpho de Azambuja .
Retirando -me do Bananal no dia 5 , recommendei ao Delegado que continuasse a envidar todos os esforços
para a prisão do pronunciado Macedo, e ordenei que fosse removido para esta Capital , na primeira opportunidade,
o Commendador Nogueira, cuja perinanencia naquella Cidade não me pareceu conveniente.
E ' o que sobre o assumpto me occorre dizer a V. Exc . , a quem
Deus Guarde
Illm . e Exm . Snr. Dr. Pedro Vicente de Azevedo, M. D. Presidente da Provincia.
( Chefe de Policia ,
José Joaquim Cardozo de Vlelio Junior.
Nesse mesmo dia devia elle seguir para a Cidade do Bananal, afim de ser
submettido ao Tribunal do Jury .
Antonio de Macedo ainda não pôde ser preso , apezar dos esforços da Policia
desta Provincia e da do Rio de Janeiro .
49
II
Transcrevendo os officios com que o Dr. Chefe de Policia fez -me nar
ração dos acontecimentos da noite de 24 de Novembro , e dos que os precederam ,
é escusado alongar-me em commentarios :
narra o occorrido na noite de 22 em o quartel de linha, e o meu procedimento nessa occasião , força -me a dizer
a V. Exc. duas palavras em additamento ao meu officio de hontem .
E' absolutamente inexacto , affirmo a V. Exc. , sob a fé de cavalheiro, que houvesse eu penetrado no quartel
sem avisar a respectiva sentinella .
Descendo do carro que me conduzir:, acompanhado unicamente de uma ordenança , foram estas as phrases
trocadas entre mim e a sentinella da guarda :
1 -Camarada, está ahi o Official de Estado ?
- Sim , Senhor.
- Posso entrar e fallar com elle ?
-Póde.
Dando esta ultima resposta, a sentinella affastou-se para me dar passagem, e eu penetrei no pateo do quar
tel , encontrando logo após o Official de Estado, que praticava com o Major Commandante de Urbanos sobre o
mesmo assumpto que até alli me levara.
Cumpre notar : não é facto novo , antes frequentemente repetido, a entrada , com as formalidades que eu
observei, do Chefe de Policia ou de qualquer autoridade policial no quartel , em serviço , e no interesse da maior
promptidão de qualquer providencia.
E ' falso que me mostrasse exaltado e que dirigisse em qualquer occasião ao Official de Estado Maior
a ameaça de pôr doqui para fóra todo o Batalhão.
Nem essa ameaça fiz , nem de qualquer modo aggredi a sentinella ou o Official de Estado. As palavras que
me attribuem - Batalhão de desordeiros e de bandidos - só existem na imaginação dos signatarios da violenta pu
blicação do Diario Popular.
E todos os que me conhecem sabem que eu não fugiria nunca , pcla mais ponderosa das considerações
e sob nenhum pretexto , á responsabilidade dos meus actos.
E falsissimo que eu tivesse invadido o quartel, acompanhado pelo Major de Urbanos e por grande numero
de policiaes.
O Commandante de Urbanos achava-se já no quartel, quando cheguei. O policial unico que me acompanhou,
unico, note bem V. Exc. , foi uma das minhas ordenanças, e essa mesma ficou do lado de fóra , na rua , junto do carro
da policia .
Não transgredi , pois, o Art. 6º do Regulamento da Guerra , com ou sem as aggravantes que a Provincia
enxergou no meu procedimento .
Si a imprensa séria, a que pode reivindicar o direito de dirigir a opinião, tivesse mais cuidado no formular
accusações contra a autoridade, teria notado que, Exm . Senhor, é antes de tudo inverosimil a versão a que está
dando curso sobre as occurrencias da noite de 22 .
Deus Guarde a V. Exc .
Illm , e Exm . Snr. Dr. Pedro Vicente de Azevedo , M. D , Presidente da Provincia,
O Chefe de Policia ,
José Joaquim Cardozo de Mello Junior,
A ' tarde, no empenho de evitar conflictos possiveis entre praças do Batalhão e soldados da policia, V. Exc .
dera ordens terminantes para que não fosse permittida a sahida do quartel, durante a noite, aos soldados do 17.0
No mesmo intuito, havia eu mandado recolher ás differentes estações as praças da Companhia de Urbanos,
conservando algumas dellas apenas nas tres principaes ruas da Cidade, para não deixar o commercio durante a noite
á mercê de gatunos, que por certo não deixariam de aproveitar-se di anormalidade das circumstancias.
Muitas praças de linha, porém , por terem familia a conduzir, preparativos de viagem a fazer, ou por outros
motivos, haviam obtido licença de pernoitar fóra do quartel.
Vendo-os em grupos de 3 e 4, alguns populares incitavam -n'os por todos os meios para uma desforra contra
a policia .
Esse proceder perfido , para não qualifical-o mais severamente , deu origem a diversos conflictos, dos quaes
sahiram feridos urbanos e praças do 17.0
E teriam as cousas assumido maiores proporções , si incontinenti não houvesse eu expedido ordem para reco
lherem -se á estação central os pouquissimos guardas que, pelo motivo retro indicado , permaneciam ainda em seus
respectivos postos.
Um grupo de manifestantes, voltando do quartel, foi postar-se junto as grades do jardim do Palacio, da
parte de fóra, e ahi conservou-se durante muito tempo, quebrando com tijollos os vidros dos lampeões da illumi
nação publica, e endereçando em altas vozes ao Presidente e ao Chefe de Policia as mais baixas e torpes expressões.
E ' falso que a guarda do .Palacio tivesse n'essa occasião dado uma descarga sobre os desordeiros. V. Exc .
sabe que a guarda nessa noite compunha-se de 6 praças , armadas vnicamente de espada.
Outra turma, disparando tiros de revolver, aggrediu alguns urbanos que recolhiam -se, em obediencia á
minha ordem , perseguindo-os até a estação .
Foi então que os urbanos, em certo numero, deram uma descarga de revolvers, sem pontaria, sobre os
turbulentos, com o exclusivo intuito de amedrontal-os ; conseguindo de feito que fugissem , não só os que atacavam
a estação , como os demais que, em frente do Palacio, animados pela falta de resistencia ás suas violencias, faziam
já menção , como V. Exc . observou, de invadir o jardim .
Sahindo da minha secretaria, onde me conservára , á espera do que pudesse acontecer, até que os manifes
tantes voltassem do quartel de linha, fui á estação central de urbanos, que acabava de ser atacada .
Ahi , pelo telephone, tive noticia , dada pelo sr. Silveira Lima, proprietario da drogaria do Largo da Sé ,
de que alguns soldados do 17.º e grande numero de paisanos tentavam arrombar, e por certo o conseguiriam , as
portas da casa commercial do sr. Visconde de S. Joaquim , á rua da Imperatriz , com 0 fim de tirarem dahi e
matarem a um urbano que, perseguido, se refugiara no interior do estabelecimento .
Dirigindo -me ao logar para verificar o que se passava, tive occasião de me convencer da absoluta veracidade
das informações transmittidas pelo sr . Silveira Lima ; e, como tivesse chegado a Palacio um contingente de 20
praças de permanentes, que haviam ido reforçar a competente guarda, ordenei, de accórdo com V. Exc., que se
guisse o mesmo contingente até á rua da Imperatriz, para dispersar o ajuntamento, obstando as violencias que es
tavam sendo feitas á casa commercial do sr. Visconde de S. Joaquim , e pretendia -se fazer ao guarda urbano.
A força seguiu .
Aproximando-se do logar, foi recebida a tiros em grande numero .
A linha da frente , defendendo -se, disparou então sobre os aggressores, conseguindo dispersal -os,
Nas proximidades da casa commercial atacada foi encontrado o cadaver de um paisano . Levado á estação
central foi reconhecido como o guarda urbano Januario - o mesmo que se refugiara no estabelecimento.
Houve alguns paisanos feridos.
O urbano morto apresentava ferimentos de cacête, navalha ou faca e arma de fogo.
Os empregados da casa do sr. Visconde de S. Joaquim haviam-no vestido á paisana, deixando-o sahir
assim , convicios de que por tal forma salvavam - lhe a vida .
Os perseguidores, porem , presentiram a retirada e burlaram o humanitario embuste.
Sobre este ultimo facto , aguardo o resultado das severas investigações que immediatamente ordenei,
O que ficar averiguado levarei em tempo ao conhecimento de V. Exc .
Em sunma :
A cidade esteve em constante sobresalto na noite de 24 , de 8 ás 10 1/2 horas .
Muitos desordeiros disparavam tiros a esmo , outros ameaçavam atacar o Palacio , a Policia e a estação de
urbanos .
As providencias que tomei , nessas difficeis emergencias, conhece-as V. Exc . , que acompanhou todos os
acontecimentos, e a cuja prudencia e serenidade deve -se em muito o restabelecimento da ordem e da paz publica .
O Chefe de Policia ,
José Joaquim Cardoso de Mello Junior
-- 52
ADMINISTRAÇÃO DO CORREIO
I Administrador.
I Contador.
I Thesoureiro.
I Fiel do Thesoureiro .
į I Chefe de Secção .
I Primeiro Official .
4 Segundos Officiaes.
10 Terceiros Officiaes.
I Porteiro .
14 Praticantes de 1.a classe .
32 Ditos de 2.a classe .
12 Carteiros de 1.a classe .
14 de 2 a
.
10 Supplentes.
5 Serventes .
INTERIOR
Recebidas . 57.910
Expedidas . 53.280 III I90
EXTERIOR
Recebidas 9.940
Expedidas 9.910 19.350
Total .
130.540
Estas 58.269 malas continham 15.298 objectos com e sem valor, expedi
dos d'esta Capital e 15.450 recebidos, de procedencia official e postal , 115.527
expedidos e 112.792 recebidos de particulares.
Os quadros annexos sob ns. 4 e 5 demonstram quaes os destinos que ti
veram esses registrados, quantos com valor e quantos sem elle , com designa
ção dos portes pagos .
INSTRUCÇÃO PUBLICA
Ha pouco mais de um anno que acha -se em execução a lei que decretou
a reforma do ensino publico primario. E nesse pequeno espaço de tempo , já
a experiencia tem patenteado que os patrioticos intentos da Assembléa Pro
vincial em relação a tal assumpto só terão realidade pratica, si novos estudos
forem feitos no sentido de modificar a lei em vigor, tornando - a capaz de pro
duzir os melhoramentos desejados.
Conviria que a sua acção fosse mais directa sobre as escolas da Provincia ,
alargando- se a sua competencia deliberativa, sem prejuizo da que pertence á
administração .
A lei da reforma, corrigindo um defeito da legislação anterior, deu ao
Director da Instrucção Publica a faculdade de fiscalisar directamente as escolas
da Provincia. Mas, ao mesmo tempo que estabeleceu essa medida, da qual
adviriam incontestaveis beneficios para o ensino, augmentou consideravelmente
o serviço da respectiva repartição , de modo a tornar nulla aquella providencia,
pela impossibilidade em que está esse funccionario de distrahir -se dos trabalhos
da referida repartição .
Não ha rasão para que os professores gosem a este respeito de mais privile
gios do que outros empregados publicos. E ' ao contrario semelhante facto in
centivo para que façam da escola pretexto de se constituirem pensionistas da
Provincia , descurando do ensino e perdendo o amor á profissão .
INSTRUCÇÃO PRIMARIA
II
CONSELHO SUPERIOR
Não tendo este , aceitado , nomeei para aquelle cargo , por Acto de 10
de Dezembro de 1888 , o Dr. Americo Braziliense de Almeida Mello .
III
SEMINARIO EPISCOPAL
Para taes obras tem - se despendido , mais ou menos , 60 : 000$ ooo, e esta
Assembléa tem concorrido com auxilios que montam a 16 :000 $ ooo .
Convem que continueis a votar uma quota para este estabelecimento, que
tão bons serviços presta á nossa Provincia .
63
IV
SEMINARIO DA GLORIA
para os misteres a que se destina. Acha -se, comtudo, em boas condições para
favorecer o adiantamento dos estudos e a conservação da saúde das alumnas.
As condições hygienicas são excellentes. O exterior do prédio está necessitado
de uma limpeza geral e os dormitorios reclamam alguns melhoramentos .
Podereis acudir a essas necessidades com uma quota relativamente dimi
nuta .
!
ENSINO TECHNICO
Para qne o braço livre possa produzir maior e melhor somma de trabalho,
importa ser dirigido por uma intelligencia esclarecida.
O ensino technico é imprescindivel aos povos livres, ás nações hodiernas.
1
65
A industria fabril vai tambem tendo grande incremento entre nós ; com
tudo ainda não possuimos uma só escola de artes e manufacturas.
Não é meu fito propôr que a Assembléa sobrecarregue o orçamento com
todas as despesas necessarias á fundação e custeio de taes estabelecimentos ;
mas , para estimular a iniciativa particular, poder -se -hia conceder premios ou
auxilios a associações que para esse fim se organisassem .
Os sacrificios que porventura se tenham de fazer serão abundantemente
compensados pelo estabelecimento de novas e inexhauriveis fontes de riquezas
que ora jazem desprezadas .
Creio ser este assumpto digno de captar a attenção dos patrioticos mem
bros desta Assemblea .
Que futuro auspicioso não aguarda esta provincia , si aquelles que dirigem
os seus destinos , pondo de parte divergencias de opiniões politicas, quizerem
proporcionar-lhe os meios exigidos pela sua orientação para attingir a aspirada
meta !
O Instituto D. Anna Rosa , fundado desde 1875 por uma Associação que
tomou o nome de Protectora da Infancia Desvalida , tem prestado a esta Pro
vincia bastantes beneficios , recebendo em seu recinto até agora 629 alumnos,
dos quaes existem actualmente 98. Estes alumnos, escrupulosamente escolhidos
o
entre meninos completamente desvalidos e lançados geralmente em um mei
viciado e corrompido, são ahi educados de modo a mais tarde se tornarem ci
dadãos laboriosos , espiritos esclarecidos e bons operarios .
Ali aprendem elles a ler e escrever correctamente , adquirem conhecimen
tos racionaes de geometria, arithmetica , desenho linear, geographia, cosmogra
phia e religião .
9
66
Para tornar patente a utilidade deste estabelecimento, basta dizer que dos
alumnos que delle se têm retirado muitos estão ganhando salarios de 2 $ 000 a
3 $ooo como operarios, havendo mesmo alguns que trabalham por conta propria .
O capital de que dispõe o Instituto é o seguinte : 890 acções da Com
1 panhia Paulista ; 164 ditas da Companhia Ituana, Tronco ; 116 da mesma Com
panhia, Ramal; 313 da Mogyana e 50 da Companhia S. Paulo e Rio de Ja
neiro com subsidiarias.
II
1.a Inferior. . 49 46
1.2 Superior 36 35
2.a Classe 23 23
3 .a Classe 17 17
III
Francez 36
Inglez 17
Arithmetica 15
Historia II
Geographia 22
Tachygraphia 15
Chimica 6
Desenho e geometria (annexos) 109
Pintura 9 738
Destes são :
Brazileiros 468
Portuguezes 138
Italianos 82
Francezes 16
Hespanhóes 15
Allemães 16
Argentinos 3 738
1885 511
1886 594
1887 680
DO CORPO DOCENTE
BIBLIOTHECA
O predio , que até ha pouco podia, embora mal, servir para o mister a que
foi destinado, é hoje insufficiente , e a directoria para não recusar instrucção
1
69
DA DISCIPLINA
IV
Com exclusão dos 6 : 009 $ 379 , a que já me referi, despendidos com a ins
tallação , a despeza do estabelecimento elevou -se a 8 : 637 $ 610 até 31 de Outu
bro proximo findo. Até a mesma epoca a receita foi de 8 :539$ 160, tendo
provindo já das mensalidades dos membros da Sociedade Protectora , já das
mensalidades dos alumnos contribuintes, já da renda das officinas e do subsi
dio votado pela provincia e já recebido.
Foi reitor do Instituto, servindo gratuitamente e com a maior benemeren
cia, o finado Padre Francisco Cosco . Colhido por morte desastrosa , este pres
tante 'sacerdote foi substituido na reitoria desde 15 de Agosto até 17 de Outubro
findo , sem perceber vencimentos, pelo Desembargador Aureliano de Souza Oli
veira Coutinho, Juiz de Direito da Comarca .
A contar de 19 de Outubro , foi contractado para servir o logar de reitor e o
está exercendo , o Rev. Domingos Perrone.
ENSINO MAGISTRAL
E ' indispensavel a sua reforma , não só para pôl - a de accordo com as exi
gencias da lei n . 81, de 6 de Abril de 1887 , como porque o seu estado pre
sente não se coaduna com o caminhar agigantado do progresso material de
nossa provincia.
O artigo 71 da citada lei impõe ao professor a obrigação de transmittir a
seus alumnos o conhecimento de materias que não são leccionadas na Escola
Normal. Isto é uma incongruencia.
Como poderá um professor dar uma perfeita educação civica aos escolares
confiados a seus cuidados , sem conhecer os elementos da philosophia do direito ,
e do direito constitucional e administrativo brazileiro ?
Muitas pessoas, mesmo que se não sintam com vocação para o magiste
rio ou para o funccionariado, virão preparar- se na Escola para o exercicio de
outras profissões, ficando assim compensado o augmento de despesas que a
reforma possa acarretar ; visto como o ensino nella ministrado será um capital
equivalente a um thesouro posto á disposição de quem delle se quizer utilisar,
que, em futuro não remoto , produzirá fartos juros , dos quaes será coparticipe
a Provincia.
Matricularam - se :
No 1. ° anno :
Alumnos 72
Alumnas 45
No 2. ° anno :
Alumnos 67
Alumnas 59
No 3.º anno :
Alumnos 33
Alumnas 32
Total 308
10
74
Perderam o anno :
No 1.0 7.
1 No 2.0 IO
No 3.0 4
1 Total 21
O Presidente da Provincia, tendo examinado o Processo formado pelo Conselho Superior de Instrucção Pu
blica, contra o Bacharel Carlos Marcondes de Toledo Lessa, professor da 6.a Cadeira da Escola Normal , por de
nuncia do Director da mesma Escola , em que o dito professor é accusado :
i de ter solicitado uma sua alumna para fim deshonesto ;
2.0 de haver, como Bibliothecario , desviado livros pertencentes á Escola ;
3.9 de fazer, por meio de um filho e de outro parente seu, commercio de postillas de Francez entre os alumnos
de sua aula ;
E considerando :
a) que, a Lei n . 81 de 6 de Abril de 1887 , art . 132 , approvando o Regulamento da Escola Normal, de 3
de Janeiro anterior, não comprehendeu nas modificações feitas nesse Regulamento , o seu art . 9 , em que se esta
belece que os professores da Escola serão vitalicios e somente poderão ser demittidos nos casos e nos termos da le
gislação em vigor para os professores em geral;
b) que, esses casos e termos são os dos arts . 82 e 84 $ 3.0 da mencionada Lei , reproduzidos no Regulamento
da Instrucção Publica de 22 de Agosto , tambem de 1887, art . 171 , $ 5.9 ; 180, 184. $ 3.0 e 194 ;
c ) que, as formalidades processuaes foram inteiramente observadas, sendo ouvido o professor accusado, por
mais de uma vez , com os prazos maximos de defeza, dando -se -lhe vista em original, de todos os documentos
e provas , com faculdade de juntar o que lhe parecesse a seu favor;
75 -
d ) que, o Conselho Superior, reunindo - se para tomar conhecimento das accusações constantes do processo
deliberou , por unanimidade de votos, declarar que os mencionados factos se acham provados, e que o seu juizo a res'
peito é pela imposição da pena ao professor, de perda da Cadeira por máu procedimento moral ;
e) que , nestas condições, o Conselho exerceu uma faculdade que lhe é propria (artigo 6.0 $ 2.0 da Lei)
emittindo, quanto aos factos, parecer obrigatorio, como unico competente para verificar a existencia do facto punivel
(Lei citada art. 84 $ 3.0) , não sendo licito á administração afastar-se da prova declarada, mas somente do juizo
a respeito, parte consultiva (art. 26 $ 4.0 do Regulamento de 22 de Agosto) ;
Resolve - attendendo ao 1.º ponto provado de accusação e deixando os outros dous, 2.0 e 3.0, fóra das penas
disciplinares, no dominio das leis criminaes, tanto mais porque , quanto a estes , o Conselho Superior não formou
juizo, limitando-se á verificação de sua prova,--- homologar a decisão e parecer do Conselho Superior, que é conse
quencia da accusação verificada, impondo ao professor da 6.a Cadeira da Escola Normal, Bacharel Carlos Marcondes
de Toledo Lessa , a pena de perda da referida Cadeira , na conformidade do art 84 S 3.0 da Lei n . 81 de 6
de Abril de 1887 e art. 184 $ 3.0 do Regulamento de 22 de Agosto do mesmo anno, como incurso no art. 82
$ 3.0 da Lei e art. 184 $ 3.0 do Regulamento, combinados com o art . 9 do Regimento da Escola, de 3 de Ja
neiro , ainda de igual anno.
Fica simplesmente consignado o pedido do Conselho para o cancellamento de palavras calumniosas, nas al
legações do accusado, allusivas ao Director da Escola , visto não ter o mencionado Conselho feito a indicação
dessas palavras , sendo restricto o direito de riscar defezas em qualquer processo .
Cumpra-se e communique-se.
Inscreveram -se para a 2.a Cadeira : -os Snrs . José Joaquim de Azevedo
Soares , Engenheiro Constante A. Coelho , Alfredo Porchat, Dr. Manuel A. C.
de Araujo Feio, Dr. Alfredo Franklin , Canuto Thorman e Clementino Campos
de Araujo . Para a 5.a Cadeira—os Snrs. Francisco S. Gomes dos Reis , José
E. de Macedo Soares , Engenheiro Pedro Bento Galvão, Theodoro Antunes
Maciel, Antonio R. da Silva Braga e Dr. Ascendino A. dos Reis .
A Bibliotheca da Escola tem feito acquisição de mais algumas obras para
consulta dos alumnos .
CARRIS DE FERRO
DA CAPITAL
Pelas peças officiaes, que em seguida transcrevo , ficareis a par do que tem
occorrido de mais importante nas relações do Governo com esta empreza .
. A sua prosperidade é incontestavel. E si não é maior, deve -se -o attribuir
a motivos de economia interna : e com isso a Administração nada teria que
ver , si não fosse um pretexto sempre allegado pela Companhia para não sa
tisfazer as instantes reclamações do publico relativamente ao prolongamento de
suas linhas.
1
- 77
e a determinação de perimetro da area privilegiada, para que ella fique habilitada a satisfazer as aspirações dos
habitantes de novos bairros e a companhia possa caminhar tranquillamente, afastando para sempre as pretenções
desarrasoaveis, que de tempos a tempos vem entorpecer a sua marcha . ,
NOVAS LINHAS
« P ) O tempo que a Companhia perder na obtenção da licença da Cainara Municipal para assentamento
de trilhos e o motivado por força maior devidamente justificada, não serão contados nos prasos para começo
e conclusão das obras. »
9 ) A bitola de suas linhas de carris de ferro continua a ser a de um metro e cinco centimetros entre
trilhos. »
Ⓡ 1 ) Este contracto importa innovação dos contractos firmados em 12 de Abril de 1871 e 29 de Novembro
de 1871 , >
Examinada esta proposta, declarou o meu antecessor, Conselheiro Rodrigues Alves , como se pode vêr
de seu Relatorio de 27 de Abril , á pagina 45 , que estava resolvido a fazer a concessão , sem todavia dar a zona
privilegiada pedida , indicando as clausulas e obrigações que lhe pareceram necessarias para a effectividade
da concessão, assim como as alterações que se deviam fazer nas condições da proposta.
Essas alterações eram as seguintes :
« e ) Linha da rua Vinte e Cinco de Março :
Substitua-se --a partir do Mercado, na rua Conselheiro João Alfredo, a actual linha do Braz , seguirá em via
dupla pela rua e travessa Vinte e Cinco de Março , a entroncarem nas linhas da rua Florencio de Abreu, suppri
mindo -se o trecho da ladeira do Palacio . »
« ; ) Substitua-se :
Fica a Companhia obrigada a construir, no praso que lhe fôr determinado, os desvios , linhas duplas ramaes
que , a juizo do Governo, forem necessarias ao regular movimento e estacionamento dos carros , sob pena de incorrer
na multa de 1 :000 $ ooo por mez , depois de expirado o praso . »
k ) Accrescente-se :
.. , e ficando entendido que o systhema que houver de ser adoptado , será préviamente approvado pelo Go
verno .
« 1 ) Substitua - se :
A Companhia será obrigada a construir , além das novas linhas determinadas na planta junta, quaesquer
outras que forem exigidas pelas conveniencias do publico , a juizo do Governo : devendo iniciar as obras de cons
trucção no praso de seis inezes, a contar da data da intimação ou aviso , e a concluil-as no tempo que fôr deter
minado. »
« Esta parte como complemento da-- ;. »
« m ) onde diz : - poderá construir, -diga-se : - deverá construir.
« n ) Substitua -se :
O facto de recusar-se a Companhia a construir as novas linhas que pelo Governo forem exigidas, de accôrdo
com as clausulas indicadas, por entender que não convém aos seus interesses, importa formal renuncia do privilegio ,
com relação ás linhas recusadas, as quaes poderão , em tal caso , ser concedidas a outros que se proponham
a construil-as.
« E mais :
« Suppressão do trecho entre o largo do Thesouro e a estação do Mercado . »
« Estabelecimento de linha dupla entre a estação do Mercado e a do Norte, pelo Gazometro. >
« Construcção de um ramal que ligue a linha do Gazometro á do Aterrado, passando pelas ruas Maria
Domitila e Monsenhor Anacleto , de modo que, todos os bonds do Braz, Mooca e Immigração partam do largo de
S. Bento , em vez de atravessarem as ruas de S. Bento e Imperatriz, descerão pela Florencio de Abreu e Vinte
e Cinco de Março até o Mercado e dahi seguirão o caminho actual , os do Braz ; -- os da Mooca irão pelo ramal
de Monsenhor Anacleto e os da Immigração pelo Aterrado . »
« Os horarios devem ser organisados de modo que fique estabelecida sempre correspondencia de uma para
ontras linhas , coincidindo a chegada e partida de diversos bonds. »
« A companhia reduzirá desde já o preço das passagens, que serão assim reguladas : -- 10 réis pelos pri
meiros 2.000 metros, a contar do ponto de partida de cada uma das linhas construidas ou que houverem de cons
truir, e mais 100 réis por cada dous kilometros em diante. »
« O espaço comprehendido entre as linhas e o de 25 centiinetros por cada lado exterior, quando não haja
calçamento nas ruas ou logares em que forem assentados os mesmos trilhos, serão calçados a parallelipipedus nas
ruas do centro da cidade e pelo systema de alvenaria nas outras ruas e logares. »
Obrigação da conservação do calçamento . Não terá direito de embaraçar a renovação do calçamento por
parte da Camara e nem pedir indemnisação por cessação de trafego. »
qualquer idéa de construil-as, por quanto a renda da maior parte dellas não será sufficiente para fazer face ás
despezas, o que importa onus e onus para a Companhia por algum tempo. »
« Eis as modificações feitas nas bases apresentadas :
1.a Modificação. - Eliminação do trafego na ladeira do Palacio e cessação do trafego dos carros do Braz
Mooca e Immigração nas ruas da S, Bento e Imperatriz. »
Para essa modificação exige o governo que a Companhia construa uma linha dupla na rua e travessa 25 de
Março a partir do Mercado e entroncarem -se nas linhas da rua Florencio de Abreu , >>
« Os inconvenientes desta modificação são em maior escala do que ora se nota no trafego da ladeira do Pa
lacio ; sinão vejamos : o trafego de ida e volta pela rua e travessa 25 de Março e rua Florencio de Abreu , de
manda de uma ou duas chaves moveis para que as linhas sejam trafegadas, tanto pelos carros do bairro do Braz
como pelos que percorrem a rua Florencio de Abreu ; pela necessidade que ha aquellas de atravessarem na ida
ou na volta uma das linhas desta rua . »
< Ora , já são em numero elevado os carros que percorrem esta rua ; mesmo com o trafego normal, as pas
sagens são de quatro ein quatro minutos, sendo ainda esse intervallo diminuido com os carros extraordinarios de
tres em tres e de dous em dous minutos, nos dias santificados. »
<< Essa frequencia, na parte comprehendida entre o largo de S. Bento e travessa 25 de Março , tornar-se-ha
muito maior com os carros das linhas do Braz, Mooca e Immigração, fazendo o seu trajecto de ida e volta por
alli , como exige o governo . Ninguemn ignora os inconvenientes e perigos constantes de carros cruzarem linhas de
tanto trafego como é a da rua Florencio de Abreu , e isso não é tudo : o que é uma verdadeira ameaça á vida
dos passageiros é a collocação de chaves moveis entre duas ladeiras e sem ellas não se poderá fazer o trafego
exigido . Por mais cuidado e precaução que haja, nem sempre os carros descem rampas como aquellas com uma
velocidade minima afim de evitar descarrilhamento nas chaves, que , muitas vezes, com a simples oscillação produ
zida pela passagem de carros se deslocam e isso será sufficiente para um descarrilhamento. Assim tambem a ne
cessidade de maior velocidade, como ora se pratica na ladeira Florencio de Abreul , para dar maior impulso, com
especialidade aos carros carregados para mais facilmente galgarem a ladeira , será outra fonte de perigos, isto é ,
de encontros com os carros que cruzam as linhas, não obstante as precauções que deverão ser tomadas ; é para se
temer frequentes desastres, pois que os carros difficilmente passarão em rampas como aquellas sem imminente perigo , »
« Tratando-se, como está na boa intenção da Companhia, e é de esperar que tambem esteja na do governo,
de melhorar as condições do trafego na ladeira do Palacio, não é justo e nem razoavel que se vá construir linhas
com inconvenientes ainda peiores do que os da actual . O meio mais pratico e expedito para minorar as incon
veniencias do trafego na ladeira do Palacio, não é abandonal-a, mas sim trafegal-a em uma só direcção, isto é ,
fazerem os carros das linhas do Braz, Moóca e Immigração a sua descida por alli e subida pela rua e travessa
25 de Março , como em tempo a directoria requereu ao governo . »
« Deste modo, dividir-se-hia o trafego , quer na ladeira, quer 12 rua de S. Bento, Imperatriz e Florencio de
Abreu . Accresce ainda a circunstancia de ter a Companhia ultimamente firmado contracto de arrendamento de
parte da Igreja do Rosario para ponto dos seus bonds. A não passagem destes carros pelo largo do Rosario im
porta não pequeno prejuizo á Companhia . »
2.a Modificação . - Obrigação da Companhia construir os desvios, linhas duplas , ramaes e linhas novas que
a juizo do governo forem necessarias para o movimento e estacionamento dos carros. »
« Embora seja um dos mais importantes deveres do governo zelar e tomar medidas que garantam o bem
estar da população , pensamos que esse dever tambem se impõe, no caso vertente e por sua natureza, á Compa
nhia « Carris de Ferro » , e a ella mais do que ao governo cabe tomar medidas que tragam commodidade ao pu
blico e regularidade ao trafego, porque é do publico exclusivamente que depende a sua prosperidade. As obras
de detalhes , como sejam : desvios, linhas duplas e ramaes para o estacionamento dos carros devem ficar á discri
pção da Companhia, porque ella , melhor do que o governo , saberá os pontos que melhor convem , desde que
esses pontos não tragam embaraço ao transito publico. No entretanto o governo lança uma barreira insuperavel
na estrada que tão esperançosa percorre a Companhia c diz : só farás desvios, linhas duplas, ramaes e linhas
novas que a meu juizo entender necessarias !!! »
« Esta obrigação imposta pelo governo é um golpe de morte para esta empreza, pois que, uma vez tomada
tal obrigação, a sua vida poderá ser de onus sobre onus com construcção de linhas que não offereçam a menor
remuneração aos capitaes nellas compromettidos. »
3.2 Modificação . - Submetter préviamente á approvação do governo a modificação do systema de tracção ora
adoptado para um outro mais aperfeiçoado. ,
« E ' justa e razoavel esta modificação . »
4.8 Modificação . -Exige o governo a substituição da expressão « poderá construir » pela « deverá construir »
em relação ao estabelecimento de linhas pelo projectado « Viaducto do Chá. »
Si dissemos e poderá construir » em logar de « deverá construir » foi por ser o projectado « Viaducto do
Chá » propriedade de uma empreza particular, e portanto , desde que a Companhia tomasse compromisso solemne
para com o governo de construir linhas pelo referido << Viaducto » , ficava ella sujeita ás imposições desarrazoaveis
que por ventura lhe quizesse impôr aquella outra companhia pela passagem dos carros. »
5.a Modificação . - O governo acceitando a proposta da Companhia para a construcção de uma linha dupla
pela actual linha do Braz , modificou -a da seguinte maneira : os carros do Braz seguirão pela actual linha, os da
Mooca , por um novo ramal pela rua Maria Domitila e Monsenhor Anacleto e os da Immigração pela do Aterrado .
« Ora , com uma linha dupla o trafego é feito perfeitamente pela actual linha independente de novos ramaes
e não ha portanto razão que os justifique, pois que exige-se uma linha dupla para facilidade do trafego, o que é
medida acertada, porém ao mesmo tempo exige-se que os carros de tal e tal linha trafeguem novos ramaes ! »
« 6.2 Além das modificações acima, eis outros pesados onus :
80
1
a ) Reducção desde já do preço de passagens a 100 réis pelos primeiros 2.000 metros, a contar do ponto
de partida de cada uma das linhas já construidas ou que se houverem de construir, e mais 100 réis por cada dous
kilometros ein diante.
b ) Suppressão do trecho da linha na ladeira de Palacio e cessação do trafego dos carros do bairro do
Braz , nas ruas Imperatriz e S. Bento .
c ) Obrigação de calçar entre trilhos e om , 25 de cada lado exterior pelo systema de parallelipipedos, nas
ruas centraes e pelo systema de alvenaria nas outras ruas a logares ; obrigação de conserval-os, de não embaraçar
a Camara e nem pedir indemnisação pela suppressão do trafego, quando ella queira renoval-os.
d ) O facto de recusar a Companhia construir as novas linhas que, pelo governo forem exigidas , importa
formal renuncia do privilegio em relação ás linhas recusadas , as quaes poderão em tal caso ser concedidas a
outros que se proponham a construil-as. »
« A simples leitura desses onus, sem offerecerem a minima compensação, dispensa qualquer commentario
a respeito : é o que fazemos. »
O Conselheiro Dutra Rodrigues esforçou -se por chegar a accórdo com a Companhia , mas tambem nada
conseguiu .
Este era o estado da questão , por onde se reconhece que nenhuma culpa cabe ao governo , e que sómente
por não estar ao facto do que tem occorrido , podia o Conselho Fiscal attribuir a outrem , que não á mesma Com
panhia, as justas queixas do publico e os prejuizos que advêm á Companhia por falta desse melhoramento, quando, ha
poucos dias, foram -me entregues as bases de contracto que se seguem :
« a ) A Companhia propõe-se a dividir as linhas de carris de ferro em secções , reduzindo o preço de pas
sagem a 100 réis em cada uma secção. As diversas linhas ficarão divididas como segue-se :
a ) Linha da Ponte Grande terá por primeira secção o percurso do largo do Rosario á cancella da Estrada
de Ferro Ingleza, na rua da Estação e vice-versa. A sua segunda secção será da cancella á Ponte Grande ( ponta
dos trilhos ) e vice-versa .
b ) Linha de Santa Cecilia terá por primeira secção o percurso do largo da Sé á Estação de passageiros da
Companhia Ingleza e vice-versa . A sua segunda secção será da Estação a Santa Cecilia , na juncção das ruas de
Santa Cecilia e Dr. Abranches e vice -versa . A sua terceira secção ( para os carros que fazem a volta ) será da
juncção daquellas ruas á Igreja da Consolação e vice-versa .
c ) Linha da Liberdade terá por primeira secção o percurso do largo do Rosario ao largo Municipal, na juncção
das ruas do Theatro e Esperança. “ A sua segunda secção será deste ultimo ponto á rua da Liberdade, na juncçãol
com a de S. Joaquim ( ponta dos trilhos) e vice-versa.
d ) Linha da Consolação terá por primeira secção o percurso do largo da Sé á juncção das ruas Episcopa
e Raphael Tobias e vice-versa . A sua segunda secção será deste ultimo ponto á Igreja da Consolação e vice -versa.
A sua terceira secção (para os carros que fazem a volta ) será deste último ponto á juncção das ruas de Santa
Cecilia e Dr. Abranches em Santa Cecilia .
c ) Linha da Moóca terá por sua primeira secção o percurso do largo do Rosario á egreja , na rua do Braz,
e vice-versa. A sua segunda secção será da egreja á cancella da Estrada de Ferro Ingleza, na rua da Mooca
( ponta dos trilhos) e vice-versa .
♡ Linha da Immigração terá por sua primeira secção o percurso do largo do Rosario á egreja do Braz
e vice-versa . A sua segunda secção será deste ponto á rua Visconde do Parnahyba, em frente á Hospedaria de Im
migrantes e vice-versa ,
g ) Linha do Braz terá por sua primeira secção o percurso do largo do Rosario á egreja do Braz e vice-versa,
A sua segunda secção será deste ponto á Estação da Companhia, além da Ponte - Prera, e vice-versa. A sua terceira
secção será deste ponto ao Marco de Meia Legua (ponta dos trilhos) e vice-versa . »
* B. - A Companhia obriga-se mais a construir, dentro do praso de trinta mezes , as seguintes linhas :
1 ) Linha do Pary, ligando o bairro da Luz ao do Braz ;
2) dos Campos- Elysios, servindo o bairro dos Campos-Elysios ;
3) >> da Gloria, servindo o bairro da Gloria e
4) >> do Bom -Retiro , servindo o bairro do Bom -Retiro. ,
« Em compensação a Companhia pede o seguinte :
I. --A descriminação clara e precisa da área privilegiada, e que deverá ser descripta pelo perimetro ligando
as pontas dos trilhos de suas actuaes linhas e o ponto de juncção da rua das Palmeiras e prolongamento da alameda
Ribeiro da Silva, isto é, como segue-se :
Da juncção da rua das Palmeiras e prolongamento da alameda Ribeiro da Silva aos trilhos, na juncção
das ruas Santa Cecilia, Pacaembú de Cima e D. Maria Antonia, deste ponto á ponta dos trilhos na rua da Liber
dade, esquina da rua de S. Joaquim ; deste ponto á ponta dos trilhos na rua da Mooca, junto á cancella da Estrada
de Ferro Ingleza : deste ponto á ponta dos trilhos no Marco da Meia Legua ; deste ponto á ponta dos trilhos
na Ponte-Grande, e finalmente deste ponto ao ponto inicial da rua das Palmeiras. Dentro desta zona só a Com
panhia póde construir linhas.
II.-A Companhia poderá construir linhas simples e duplas, ou tornar as actuaes duplas, desvios e ramaes
para estacionamento de seus carros, quando julgar conveniente, dentro do perimetro privilegiado, independente
de nova autorisação do Goverro .
Fica entendido que a Companhia fica autorisada a trafegar só num sentido e mesmo a não trafegar trechos das
linhas actuaes , desde que com o assentamento de novas linhas, encurte distancias entre dous pontos dados,
podendo levantar os trilhos existentes , si assim convier, sem que por isso perca o direito sobre essa directriz.
81
III . - Si a Companhia não construir dentro do praso estipulado as novas linhas que por este contracto
se obriga, incorrerá em uma multa de 100$ooo por cada mez que exceder, ficando entendido que por essa falta
ella não perderá o direito sobre ellas.
IV-Findo o privilegio da Companhia, ella entrará em livre concurrencia com quaesquer outras empresas
que se estabeleçam, ficando entendido que a livre concurrencia em nada affectará a propriedade absoluta da Com
panhia sobre as suas linhas , trafego, estações , casas, e quaesquer outros bens que a esse tempo tenha ou possa ter.
V-- A Companhia fica antorisada a transformar parcial ou totalmente o seu actual systema de tracção por
um outro mais aperfeiçoado.
VI. - A reducção do preço de passagem só entrará em vigor depois de approvado pela Assembléa Provincial
o contracto . Si a Assembléa negar a descriminação da área privilegiada , caducará o contracto.
VII - A Companhia fica autorisada a trafegar em suas linhas carros mixtos para passageiros descalços e cargas.
VIII --No caso de divergencia na interpretação das clausulas do contracto entre as partes contractantes ,
recorrer -se-ha ao arbitramento. >
Apresso -me, pois , a responder, attendendo ao grande empenho em que todos devemos estar de resolver estas
questões, no interesse do publico e da propria Companhia, que, estou certo , deve ter comprehendido quanto lhe
convém ceder ao menos em algumas das razoaveis exigencias da população.
Data de mais de 17 annos o seu primitivo contracto , e nesse periodo a Capital tem - se transformado , para
melhor, de um modo fóra do commum .
Estou prompto a acceitar a renovação dos contractos mediante as alterações que se seguem , feitas na proposta :
A --- Supprima- se a 3.a secção. Importaria ella augmento de 100 réis , passando a ser de 300 réis o trajecto
que o publico está na posse de fazel -o por 200 réis, o que levantaria justo clamor, tanto mais quando é expresso
na clausula 3.a do contracto de 29 de Novembro de 1871 não poder a Companhia elevar o maximo de seus preços
de passagens a mais de 200 réis. Entretanto, não faço questão quanto ás linhas novas, ' onde se poderá estabelecer
tres e até mais secções, conforme o seu percurso e transito .
Actualmente a linha do Marco da Meia Legua é uma das mais concorridas, e geralmente por operarios
pobres, que residem fóra do centro da cidade, por não poderem pagar aluguel de casa muito elevado . Oneral-os
com mais 100 réis de vinda e 100 réis de volta, diariamente, revogando para isso o Governo o contracto que tem
com a Companhia , seria praticar um acto por demais censuravel.
B - Os prazos de começo e conclusão das obras serão fixados por occasião de serem approvadas as plantas
das novas linhas.
I. Substitua-se pela clausula seguinte :
O privilegio da Companhia consiste em nenhum outro individuo ou empresa, durante o prazo do privilegio ,
poder assentar outras linhas ao lado das suas com direcção ao mesmo ponto, sem que fique privado , entretanto ,
de cortal-as em um ou mais logares , ou acompanhal-as mesmo, em pequena distancia , quando as ruas ou estradas
o permittam , comtanto que se dirijam a ponto sempre diverso .
§ Para este effeito valerá a collocação actual de suas linhas , e as que de futuro estabelecer, depois de appro
vadas as plantas pelo Governo.
§ Não se dá em caso algum privilegio de zona .
II. Mude-se a redacção para esta :
A Companhia poderá construir linhas simples e duplas, ou tornar as actuaes duplas , desvios e ramaes para,
estacionamento de seus carros, e por conveniencia publica , mediante proposta e approvação do Governo, ficando
desde já resolvido :
a ) Linha dupla entre o Mercado e a Estação do Norte ;
6 ) Construcção de um ramal passando pelas ruas Maria Domitilla e Monsenhor Anacleto, para servir a linha
da Mooca,
E' uma exigencia do Conselheiro Rodrigues Alves , com que estou de accórdo .
Na linha do Braz passam os carros da Estação do Norte, do Marco da Meia Legua, da Immigração
e da Mooca , e deverão passar os de novas linhas, com agglomeração do serviço na rua do Gazometro, emquanto
que os moradores de uma parte muito povoada da rua do Braz, da egreja para a cidade, das ruas da Figueira,
Carneiro Leão , Maria Domitilla e Monsenhor Anacleto precisam ir tomar o bond na rua do Gazometro , ou deixar
de usar desse meio de transporte , andando pelo aterrado do Braz.
$ Si a Companhia deixar de trafegar trechos de suas linhas actuaes , desde que, pelo assentamento de novas
linhas, por encurtar distancias entre dous pontos dados ou por outras causas, não se tornem ellas necessarias mais ,
deverá levantal-as , perdendo o privilegio sobre essa directriz.
III- Substitua-se :
Si a Companhia deixar de sujeitar á approvação as plantas das novas linhas no prazo de sessenta dias
ou si , apresentadas, não forem approvadas, dentro de trinta dias , por facto devido á Companhia, ou si , depois
de approvadas, não der começo ás obras em seis mezes e não concluil-as no praso que fôr concedido no acto
de approvação, em que se attenderá ao percurso das linhas e valor das obras, para o maior ou menor praso a es
tipular, importará isso formal recusa de preferencia e direito que lhe concedem este e anteriores contractos, podendo,
em tal caso, serem contractadas com outros individuos ou emprezas que se proponham a construil-as em iguaes
condições .
§ Os prazos poderão ser espaçados até o duplo do que fôr combinado , nunca por mais tempo, com obri- .
gação para a Companhia de pagar á Provincia 1:000 $ 000 por mez , ou parte de mez, que exceder.
11
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V. - Accrescente -se :
1 ficando entendido que o systhema que houver de ser adoptado será préviamente approvado pelo Governo .
VI. - Substitua -se pela clausula seguinte :
A reducção do preço de passagem entrará em vigor sessenta dias depois da assignatura do contracto ,
Tambem se deverá tornar patente :
a ) A obrigação que tem a Companhia de calçar e conservar o centro dos trilhos e vinte e cinco centimetros
de cada lado , nas ruas servidas por seus carros .
b ) A dependencia de approvação e revisão do horario dos carros em determinadas epochas .
c ) As obrigações do Fiscal do Governo, o modo de tornar effectivas as multas, seu maximo e seu minimo.
Nos termos destas modificações, com as quaes, supponho, não deixará a Companhia de concordar, pois é in
dispensavel que isto tenha um termo, e cada qual carregue com a responsabilidade de seus actos, fica marcado
á Companhia o prazo de trinta dias para resolver o que mais lhe convier, sob pena de ser tomada a sua recusa
como renuncia expressa de effectuar quaesquer dos novos melhoramentos reclamados pelo publico, dos quaes alguns
1 já estão autoris.dos por lei .
Deus guarde a VV . SS . - Pedro Vicente de Azevedo.-- Illms. Sors , membros da Directoria da Companhia
Carris de Ferro de S. Paulo .
Illin e Exm . Snr.- Cumprindo a determinação de V. Exc . em officio de 5 de Setembro proximo passado,
para declararmos no prazo marcado, si a Companhia Carris de Ferro de S. Paulo , acceita as condições impostas
para construcção de novas linhas, vêm os abaixo assignados, na qualidade de seus directores e de conformidade
com o parecer da commissão especialmente nomeada pela Assembléa Geral dos Accionistas, para o estudo dessas
mesmas condições, ponderar a V. Exc . :
Primeiro, que nas clausulas impostas esbulha -se a Companhia de direitos que já lhe foram reconhecidos
pelos governos provincial e geral , e por cuja resalva os abaixo assignados protestam , como protestam , contra qual
quer restricção que se lhe queira fazer.
Segundo, que, além disso , se sobrecarrega a empreza com um onus intoleravel, qual é a reducção de preço
de passagens, quando é certo que as despezas de custeio de suas linhas se aggravam pela condição topographica
desta cidade , cujo terreno accidentado torna o trafego muito mais difficil que em qualquer outro lugar, onde se
proporcionam planos ao desenvolvimento dos carris de ferro .
Terceiro , que todos esses onus são -lhe impostos para construcção das novas linhas, quando a maior parte
destas , por si , já constituem onus, que por muito tempo serão gravosos para a empreza .
Entretanto , com excepção dos que são mencionados em primeiro lugar, isto é, restricção dos direitos, que
tem a Companhia sobre suas linhas actuaes, acceilaria esta os outros encargos, si ein relação ás novas linhas The
fossem tambem concedidos os privilegios de área , ou qualquer outro, que lhe garantisse a sorte dos capitaes em
pregados, quando suas respectivas condições economicas, inclhorando, suscitassem a especulação sempre avida de
outras emprezas com detrimento dos interesses já empenhados nesta .
Si para semelhante concessão V. Exc . não se julgar autorisado , ficará ella dependente da approvação do
poder competente, a quem será submettido o contracto da concessão .
A Companhia nutre os mais sinceros desejos de promover o desenvolvimeeto de suas linhas, consultardo a
conveniencia publica, e neste intuito tem envidado seus esforços; mas, é bem de vêr, que a cada lembrança de um
interesse particular, traduzindo-se em um projecto adequado, não pode ella viver em continuos sobresaltos e collo
car -se na contingencia ou de realisal-os ou de tolerar a concurrencia que ha de aniquillar seus lucros razoaveis.
Si V. Exc. quizer mandar examinar a escripturação da Companhia, que não se recusará a essa fonte de
esclarecimentos, verificará , que as suas despezas de custeio são grandes e de impossivel retracção , e que seus lucros
tambem mantém - se em uma taxa muito baixa em relação á remuneração, que alcança o proveito do capital em
outros empregos analogos.
Tanto o fin da Companhia em attender aos interesses do publico é evidente, que nunca regeitou in limine
as condições impostas pelas diversas administrações, que precederam a de V. Exc . e, si até agora não tem podido
chegar a um accórdo , não é por sua culpa, mas porque, quando delibera acceitar as condições exigidas, encontra
na alta adıninistração, com a mudança do pessoal , a exigencia de novas bases, progressivamente mais onerosas á
sua empreza ,
Assim os abaixo assignados, como representantes da Companhia « Carris de Ferro de S. Paulo » , vêm mani
festar a V. Exc , o seu accórdo sobre as bases offerecidas, que acceitarão , si a V. Exc . parecer de justiça, que em
relação ás novas linhas, gosasse a Companhia dos mesmos direitos que já tem nas actuaes, para garantia de seus
capitaes .
Deus guarde a V. Exc . - II'm , e Exm . Snr. Dr. Pedro Vicente de Azevedo, Muito Digno Presidente da Pro
vincia de S. Paulo.-- Escriptorio da Companhia Carris de Ferro de S. Paulo, em 16 de Outubro de 1888. - Do
mingos Corrêa de Moraes, Presidente.---Martinho Prado Junior.-- Dr.G. Ellis.
S. Paulo, 13 de Setembro de 1888.- Illms. Snrs.-- A Commissão nomeada pela ultima Assembléa Geral dos
Snrs. Accionistas para dar parecer a respeito do novo contracto com o governo provincial , tendo estudado as exigen
cias da Exma. Presidencia da Provincia, publicadas no Correio Paulistano de 8 do corrente, pensa que estas são
ainda maiores do que as das administrações anteriores, e de tal forma contrarias aos legitimos interesses dos ca
pitaes representados pela Companhia, que os Snrs. Accionistas não podem annuir a
Com effeito, reduzindo a questão aos pontos capitaes, póde ella ser resumida assim :
83
1
O governo , no louvavel intuito de favorecer ainda mais os interesses do publico , desejava que a Companhia
reduzisse de 200 a 100 réis as passagens em linhas que representam o maximo do seu trafego .
A Companhia, pelo seu lado, apezar de que a exigida reducção de passagens importasse em uma diminuição
de cerca de 19 contos de reis ou quasi 30 % de sua renda, liquido annual, o que abaixaria seus dividendos a pouco
mais de cinco por cento ao anno , na esperança de que com o crescimento de S Paulo, o dividendo havia de su
bir no andar do tempo, annuia a essa reducção, com tanto que lhe ficasse garantida absolutamente uma certa zona
dentro da qual só ella pudesse fazer o serviço de transportes por carris de ferro , durante o prazo do seu privilegio.
A razão deste pedido é o seguinte : -Sem o privilegio de zona a Companhia ficaria collocada em condições
inferiores ás que de futuro se estabelecessem , porquanto estas só serão viaveis quando o trafego representar para ellas
renda equivalente a 7 ou 8 % ; entrarão pois em plena concurrencia com a actual companhia que, nessa hypothese,
terá tido contra si um periodo durante o qual não recebeu sinão 5 % ou talvez menos, o que não seria justo .
O privilegio de zona era pois a unica compensação possivel ao sacrificio da renda que a Companhia se pro
punha fazer, reduzindo suas passagens á metade do que cobra actualmente e as novas linhas de pequena remune
ração , que se compromettia a construir.
S. Exc . não só declarou que não dá em caso algum privilegio de zona , como exige que a Companhia abra
mão de parte do privilegio que tem actualmente, consentindo que suas linhas sejam cortadas em um ou mais lu
gares e que corram linhas paralellas a suas, em pequenas distancias ,
Isto equivaleria a reduzir o privilegio da Companhia a cousa inteiramente van e sem proveito para o publico ,
apezar do que allegam interessados no contrario ; porquanto :
Soube a commissão que existem propostas com promessa de reducção de passagens a 100 réis : si essas
propostas fossem garantidas com multas ou com o deposito do capital necessario para realizar a obra , como acon
tece com a Companhia que os abaixo assignados representam , então teriam pezo .
Não importando, porém , em prejuizo algum o seu não cumprimento , ellas não têm economicamente nenhum
valor, como a storia da concurrencia por da parte o demonstra, mesmo em companhias que aqui se tem exposto
a publica subscripção.
Em emprezas novas a imaginação entra muitas vezes como principal factor ; e a estatistica demonstra que
apenas 50 % das que se offerecem ao publico são solidamente viaveis.
No caso actual o facto existente é este : a nossa Companhia, apezar de estar já estabelecida, e ter linhas
superiores ás de qualquer outra que aqui se estabeleça , não pode actualmente supportar a diminuição das passagens
sem reduzir seus dividendos reaes a pouco mais de 5 % .
Este facto demonstra que a companhia nova não o poderá fazer em melhores condições,
E ' certo que o capital da Companhia que representamos acha-se actualmente onerado com as acções bene
ficiarias.
Esse onus, porém , não é superior ao crescimento do valor das terras e propriedades em S. Paulo , de modo
que as acções beneficiarias representam um valor real e é : --0
-- augmento que teve a propriedade da Companhia no
tempo decorrido entre o seu primeiro estabelecimento e o actual , o que não aconteceria com as novas.
O alto e merecido conceito que a todos os respeitos gosa o distincto paulista que se acha á testa da admi
nistração da Provincia, colloca esta commissão em posição acanhada e por isso ella vacilou muito antes de declarar
inacceitaveis as exigencias feitas por S. Exc. Parece, no entretanto, que os dous argumentos principaes que actuarain
no animo do distincto cavalheiro , foram : 1.0 as propostas dos que pretendem novas concessões, e que para con
seguil-o offerecem -se mas não garantem ( por deposito de capital ) a acceitar as concessões com as passagens redu
zidas : que o valor economico destas promessas é illusorio , já nós o demonstrámos. O segundo argumento parece
ser a prosperidade crescente das companhias de carris de ferro do Rio de Janeiro. Um dos signatarios deste pare
cer acaba de investigar pessoalmente na Capital do Imperio as grandes differenças que existem entre as condições
do trafego urbano dalli e daqui, que podem ser summariadas no seguinte : 1.9, população compacta, quando a de
S. Paulo é extremamente espalhada, resultando disto que os carros desta ultima, apezar de muito mais espaçados,
quasi sempre viajam com metade da lotação , excepto nas horas que são poucas, em que a população afflue ou
retira- se do centro da cidade ; 2. " , forragens, que no Rio são quasi 30 ° % mais baratas do que em S. Paulo ; 3.9,
ausencia de declives : é sabido que uma tonelada de peso , puchado em nivel morto em comparação com tracção
em declives com gredientes de 2 , 4 , 6, até 9 , por cento, como aqui temos, exige o dobro , o triplo e muito mais
do esforço mechanico ; disto resulta que a despeza sobe desmedidamente, não só porque é necessario augmentar os
animacs, como porque, com o grande esforço que delles se exige, sua vida media em vez de ser de 8 annos fica
reduzida a 4 , exigindo portanto da Companhia o duplo de despeza para remonta . Julgamos acertado que a di
rectoria peça a attenção do digno administrador da Provincia para a enorme desproporção que existe entre nossa
renda liquida e nossa despeza , como ainda se vê no ultimo relatorio , porque esse dado extremamente eloquente
para mostrar as condições reaes do trafego em S. Paulo, e quão illusorias são as promessas daquelles que, não
tendo experiencia do assumpto , julgam poder fazer mais do que nos .
E' sem duvida grande beneficio reduzir passagens de 200 a 100 réis e , si a Companhia o pudesse fazer, sem
garantia de zona , ella o faria. - Cumpre porém não esquecer que a passagem de 200 réis é hoje a representante da
que ha alguns annos atraz custava até 3 $000 ( como por exemplo, uma passagem do largo da Sé á Santa Cecilia , ao
Marco da Meia Legua, da Ponte Grande å Liberdade, etc.) que foi graças a essa facilidade de trafego que a cidade se
expandiu . —A ' vista do exposto , somos de parecer que o unico expediente que nos resta é o dos fracos ; isto é : resi
gnarmo -nos a continuar na posição precaria em que nos achamos, pois é isso preferivel a acceitar o grande numero
de linhas sem remuneração a que ficariamos obrigados, augmentando nossas despezas sem augmentar actualmente nossas
rendas, e sem segurança de augmental-as no futuro , á vista da recusa formal de zona privilegiada. — Deus Guarde
a V. SS -Mms Snrs. Presidente e mais Directores da Companhia Carris de Ferro de São Paulo .-- Eleuterio da
Siva Prado. - 7. V. Couto Magalhães. - 0 Dr. Domingos Jaguaribe Filho deixa de assignar por estar ausente.
84
para isental-a da obrigação de aceitar os passes de serviço do Correio , mostra, entretanto, que ella não desconhece
a interpretação que, a esse respeito , ha muitos annos, está sendo dada á mencionada clausula quarta do seu
contracto . E ' assim que , agora mesmo, diz a sua Directoria , não ter cassado passes, como se expressa V. S., mas
resolvido não emittil- os, o que é differente e razoavel mesmo, pois que essa emissão deve ser feita directamente por
V. S., conforme a letra do contracto, e não pela Companhia, cessando o accôrdo tacito , que parece ter havido para
este fim , entre ella e essa administração.
Deus Guarde a V, S. - Pedro Vicente de Azevedo . - Snr. Dr. Administrador do Correio .
Palacio do Governo de S. Paulo, 9 de Novembro de 1888. - Illm . Snr. - Em resposta ao officio de V. S. de 18
de Outubro findo , sob n . 661 , em que consulta sobre a intelligencia da clausula 4.a do contracto de 12 de Abril de 1871 ,
entre o governo da Provincia e a Companhia Carris de Ferro desta Capital , visto ter a Directoria desta , por seu Presi
dente, a uma requisição de passes feita por V. S. respondido, a 5 daquelle mez, que não attendia á solicitação por já
ter excedido o numero dos gratuitos concedidos á policia, declaro - lhe que, sendo expressa naquella clausula a obrigação
de transportar a Companhia, gratuitamente, os agentes ou empregados da policia, em serviço publico , quando muni
dos de passes da autoridade superior, sem limitação, não tem V. S. de solicitar taes passes, mas de expedil-os, sob sua
assignatura, sendo a Companhia e seus empregados obrigados a acceital-os, quando apresentados.-- Si, entretanto, por
accordo entre V. S. e a Companhia, por qualquer conveniencia desta , são os passes por ella fornecidos , corre á mesma
o dever de providenciar de modo que não seja embaraçado, em caso algum , o serviço publico, para o que V. S. lem
brará á Companhia que não se trata de favor, mas de obrigação - Deus Guarde a V. S.-- Pedro Vicente de Azevedo.
– Sr. Dr. Chefe de Policia .
II
NOTA.-- Em 5 de Fevereiro cemeçaram a vigorar os preços de passagens elevados , o que diminuio considera
velmente o numero de passageiros, mas teve o resultado esperado de ser a despeza excedida pela receita.
S. Paulo , 14 de Novembro de 1888.
O Director Superintendente,
Alberto Kuhlmann .
86
III
COMPANHIA CAMPINEIRA
IV
DE TAUBATE '
ILLUMINAÇÃO PUBLICA
E ' , porém , necessaria uma revisão definitiva, que será a medição final por
aer
3 30.227
4 3.755
5 4.843
6 4.934
1.475
8 322
9 167
1.264
1.096
72.339
A capacidade dos registros variou entre os typos de uma luz até aos de 50 .
O gabinete photometrico , dependencia necessaria da fiscalisação, não está
em condições de preencher os seus fins.
Carece de ser mudado para outro ponto .
Para este projecto foi de grande auxilio o que serviu de base para o contracto
de illuminação , que actualmente está em execução na cidade do Rio de Janeiro ,
onde , á força de longa e custosa aprendizagem , conseguiu -se regular este ramo
do serviço publico de modo mais satisfactorio para os consumidores .
Sendo necessario , para firmar o novo contracto , organisar - se uma planta da
cidade com indicação da rede de toda a canalisação, com seus diametros respec
tivos , na qual fossem tambem mencionados os combustores publicos , mandei le
vantal -a pelo Engenheiro Fiscal e já está concluida .
Para arbitro por parte do Governo na avaliação do material da actual
Companhia, a que se tem de proceder, nomeei o Dr. Francisco de Salles Oli
veira Junior . >>
88
« Companhia de Gaz de São Paulo , Limitada, 25 de Outubro de 1888. — Illın . Snr.-- Accuso o officio de V. S.
de 20 do corrente, no qual convida-me, na qualidade de representante da Companhia de Gaz de S. Paulo , a offe
recer proposta para o contracto provisorio da illuminação publica desta capital, emquanto não se apromptam as
bases da concurrencia para o definitivo , á vista da avaliação do material desta Companhia para ser indemnisado,
na conformidade da lei n . 54 de 17 de Abril de 1886 ; e em resposta , cumpre -me dizer, que, não considerando
findo o prazo do contracto desta Companhia , sinão contado de 3 de Outubro de 1870, o das obras , conforme os
contractos de 26 de Dezembro de 1863 , rectificado pelo de 10 de Julho de 1869 , e pelos despachos de 4 de Março
e 3 de Outubro de 1870, que devem constar dos livros da secretaria do governo, não acceito o convite .
« Já por officios de 21 de Agosto de 1882 e de 4 de Março de 1866, a Companhia , conhecendo o plano
de a prejudicarem no prazo de seu privilegio , representou ao governo, protestando por seus direitos ; e o governo
não contestou nas reclamações e protestos da Companhia, porque, em verdade, conforme as clausulas daquelles
contractos, e por força dos despachos citados, o prazo dos vinte e cinco annos não poderia correr sinão depois de
concluidas as obras no prazo de dous annos.
« E assim foi entendido o prazo do contracto congenere da illuminação da cidade do Rio de Janeiro, como
se poderá verificar do decreto n . 7,255 de 26 de Abril de 1879 , com referencia ao contracto assignado em 11 de
Março de 1851 com Ireneu Evangelista de Souza , tambem por 25 annos, e mais o prazo de 4 annos para o com
plemento das obras necessarias : promptas as obras, a illuminação foi inaugurada em 21 de Abril de 1854 , por
não terem sido exgotados os quatro annos do prazo preliminar ; e desde a inauguração começou a correr o prazo
do privilegio por vinte e cinco annos .
« Nem de outro modo podia ser contado o prazo do privilegio .
< Por conseguinte, a Companhia não pode acceitar o convite feito por V. S. em seu officio de 20 do cor
rente, visto como a Lei n . 54 de 17 de Abril de 1886 não podia pretender a rescisão do contracto com esta Com
panhia, em contravenção manifesta da clausula vigesima segunda do mesmo contracto.
« E , para resalva de seus direitos , renovo , por parte da Companhia, o protesto de perdas e damnos, si fôr
violentada no gozo do privilegio .
« E , si a Assembléa Legislativa Provincial não approvou expressamente o contracto supplementar de 10 de
Julho de 1869 e os despachos ulteriores, approvou -os implicitamente votando nas leis annuaes do orçamento a des
peza para esse serviço ; e nem a Companhia tem nada a ver com a legalidade dos despachos presidenciaes, enten
dendo que a administração publica não podia estar faltando aos seus deveres , e verificando que a Assembléa Le
gislativa Provincial approvou as suas contas e não a accusou por crime algum relativo a este assumpto.
« Assim , rogo a V. S. que se digne levar ao alto conhecimento do Exm. Sr. Dr. Presidente da Provincia
esta resposta e este protesto , dando-me o resultado do que fôr deliberado , afim de transmittir á Directoria em
Londres,
« Deus guarde a V. S. - Illm . Sr. Dr. Estevam Leão Bourroul, dignissimo Secretario da Provincia . - James
Southall, representante da Companhia. »
Secretaria do Governo da Provincia de São Paulo, em 15 de Novembro de 1888.-S. Exc . o Sr. Dr. Presi
dente da Provincia, a quem transmitti a resposta que V S. se dignou dar ao officio que, de ordem do mesmo Exm .
Senhor, foi dirigido a essa Companhia, a 20 de Outubro ultimo, convidando - a a apresentar proposta para contracto
provisorio da illuminação publica desta capital, em quanto não se apromptam as bases da concurrencia para o de
finitivo, nos termos da lei n . 54, de 17 de Abril de 1886, depois de ouvir o Engenheiro Fiscal e examinar o as
sumpto do citado officio de V. S. , manda que lhe responda o seguinte :
O contracto entre o Governo e a Empreza de illuminação termina a 26 de Dezembro do corrente anno, pois
foi lavrado a 26 de Dezembro de 1863 , pelo prazo de 25 annos, conforme a clausula 22a . O que V. S. chama
rectificação de contracto, para espaçamento do privilegio, e falo não considerar este prestes a findar, são apenas
despachos, de favor é certo, mas para conclusão de serviços e não de novas concessões de privilegio.
E' assim que o acto de 1o de Julho de 1869 , a exemplo da nota á margem do contracto, datada de 27 de
Agosto de 1866 , declarando ter sido prorogado por mais dois annos o prazo para se tornar effectiva a illuminação
a gaz , tambem por sua vez prorogou , por mais dois annos, o prazo para conclusão dos trabalhos. Os despachos de
4 de Março e 3 de Outubro de 1870 fizeram ainda concessões quanto ao deposito como garantia da execução do
contracto e começo das obras.
89
Não ha, portanto , lei , acto ou despacho de qualidade alguma, augmentando os 25 annos do privilegio con
cedido pelo contracto. Assignado este, cessaram para o Governo as autorisações de que fez uso ( leis n . 545 , de
25 de Abril de 1856 , e n . 685, de 3 de Agosto de 1861 , art . 38 ) .
E, nestas condições, parece mais conveniente, mesmo no interesse da Companhia que V. S. representa, que ,
em vez de formular protestos que não dão e nem tiram direitos, acceitasse a cooperação que se lhe offerece para
um serviço do qual à Administração precisa cuidar e ha de fazel-o, quer a Companhia queira, quer não . Depois,
si V. S. entende conveniente propôr demanda judicial para liquidação do direito que presume ter, o Governo não
põe duvida em resalvar esse direito no contracto provisorio .
O facto de entrar a Companhia em accordo, facilitando o levantamento da planta detalhada de toda a
canalisação existente, e evitando duvidas na avaliação de seu material, poupar-lhe-hia encommodos e despezas,
ainda quando não queira ser concurrente ao contracto definitivo, como aliás lhe pode convir.
A Companhia bem comprehende que, quaesquer que sejam as decisões finaes dos tribunaes, em caso algum
o seu contracto deixará de ter fim ; seria questão de dois , tres ou mais annos, como quer, e a Administração desde
já se compromette a acceitar a sentença do poder competente para julgar.
Demais , nada impede á Companhia de recorrer ao arbitramento, a que se refere a clausula 26.a do contracto ,
emquanto está no tempo do privilegio, e, si forem procedentes suas razões de duvida sobre o praso , S. Exc . o Sr.
Dr. Presidente da Provincia poderá , por sua vez, acceital-o, decidindo -se a questão .
O Governo só quer o que fôr legal e justo ; o que não pode é deixar, por abandono, perpetuar -se o con
tracto , depois de acabado, com violação da lei , de obrigações e deveres a cargo do poder publico.-- Deus guarde
a V. S. - Illm . Sr. Representante da Companhia de Gaz desta capital.- O Secretario da Provincia , Estevam Leño
Bourroul.
Companhia de Gaz de São Paulo , Limitada, 20 de Novembro de 1888. — Illm . Snr. - Apresso -me a accusar
o officio de V. S. de 15 do corrente, e respondo : Mantenho tudo o que expuz em minha resposta de 25 de Ou
tubro proximo findo . Nem comprehendo que o ( ioverno pretenda contar o prazo dos vinte e cinco annos, incluindo
nestes os tres da clausula vigesima quinta do contracto assignado em 26 de Dezembro de 1863 . Neste contracto ,
ha dous prazos : o de tres annos, contados da data do mesmo contracto para realisar a illuminação a gaz ( clausula
vigesima quinta ); o de vinte e cinco annos, contados da data de inauguração do serviço da illuminação ( clausula
vigesima segunda ).
Si o Governo, em vez de rescindir o contracto, conforme lh'ò permittia a clausula vigesima quarta , pro
rogou por despacho de 27 de Agosto de 1866 o primeiro prazo, por mais dous annos, e, depois, ainda por con
tracto addicional de 10 de Junho de 1869 e despachos de 4 de Março e 3 de Outubro de 1870, prorogou -o
até 15. do ultimo mez, não pode agora tirar proveito do direito que naquelles tempos renunciara com acquiescencia
implicita da Assembléa Legislativa Provincial, que consignou annualmente fundos para o pagamento da Companhia.
Si fôra verdadeiro o principio invocado e adduzido no officio de V. S. que , « assignado o contracto de 1863 , ces
sariam para o Governo as autorisações de que fez uso (Leis n . 545 de 25 de Abril de 1856 e n . 685 de 3 de
Agosto de 1861 , art. 38 ) » , o contracto referido teria desapparecido em 26 de Dezembro de 1866 , conforme a clau
sula vigesima quinta ; e nullo teria sido o mais que foi praticado, até mesmo 0 contracto addicional de 10 de
Julho de 1869 . Conseguintemente, a Companhia estaria funccionando sem contracto valido, o que equivaleria a
não ter contracto algum !
Este simples enunciado patenteia que o argumento invocado e adduzido, de não poder o Governo alterar
cousa alguma, desde que foi assignado o contracto de 1863, prova de mais ; porquanto não existiria contracto
algum para o serviço da illuminação a gaz, e, não obstante o proprio Governo é a Assembléa Legislativa Pro
vincial o teriam reconhecido e applicado, desde que o serviço foi inaugurado. Assim , portanto , não podendo ser
confundido o prazo para as obras (clausula 25.a) e o prazo do privilegio (clausula 22. “ ), e não podendo este co
meçar sinão da data da inauguração do serviço, é visto que o contracto não pode ser considerado findo em 26
de Dezembro proximo futuro, mesmo na peior hypothese. Todavia, querendo dar uma prova do espirito de accordo
que me anima, vou levar ao conhecimento da Directoria em Londres, a proposta de arbitramento que o Governo
acaba de fazer por intermedio de V. S .; nada podendo eu resolver a esse respeito , não só porque, em principio,
o contracto , na clausula vigesima sexta , não cogitou sinão de duvida na execução do mesmo contracto , tendente
ao bom desempenho das condições nelle contidas, como sobretudo porque, na questão de estar ou não findo o
prazo do privilegio no dia 26 de Dezembro , está envolvida a existencia do mesmo privilegio , e o meu mandato
não abrange a faculdade de acceitar arbitramento para questão de tal natureza . Assim , communicando a V. S. esta
resolução e mantendo os pro'estos já feitos por perdas e damnos, aguardo as ordens da Directoria em Londres..
Deus guardo a V. S. --- Illin. Sr. Dr. Estevam Leão Bourroul, Dignissimo Secretario da Provincia .-- James Southall,
Representante da Companhia.
II
Acham -se ligacios á canalisação geral 5,113 predios, dos quaes 4,766 são
de valor locativo superior a 14 $ ooo, e 347 de valor inferior a esta quantia .
Todos os predios acham -se providos dos competentes appareihos.
Até 1. ° de Dezembro recebeu a Companhia 683:605$ 980, importancia do
pagamento de taxas .
Desde Outubro de 1887 até igual data do anno passado receberam -se 405
reclamações sobre entupimentos na canalisação das materias fecaes, sendo
todas attendidas.
ESTABELECIMENTOS DE CARIDADE
POBRES PENSIONISTAS
Estrangeiros
Estrangeiras
Estrangeiros
Estrangeiros
Nacionaes
Mulheres
DE SETEMBRO DE 1888
Homens
Falleceram
Seu movimento de Julho de 1887 a Junho de 1888 foi o seguinte :
Entraram
Existiam
Existem
Sahiram
TOTAL
TOTAL
CLASSES
Existem
TOTAL
CLASSES
Além disso , cresceu o numero dos individuos que procuram o Hospital para
serem admittidos gratuitamente, pois é grande a quantidade de libertos e de immi
grantes , espalhada pela Provincia , que não pode prescindir dos soccorros da ca
ridade publica.
TOTAL
Nacionaes Estrangeiros Escravos
Movimento do Hospital desde OBSERVAÇÕES
1.0 de Janeiro do corrente anno
.........
Entraram durante o mez de Janeiro 4 2 1 7 seguintes molestias :
>> >> » Fevr.. 2 I 2 I 6
» Março . 7 1 8 Tuberculose pulmonar
» Abril.. 2 Asthma cardiaca .. 2
5 7
» Maio .. 3 2 2 Anemia cerebral 2
7
>> >> » Junho . 2 2 I 5 Gastro enterite . 1
» Julho I Rheumatismo gottoso I
3 9
2 2 IO Hydropisia I
» Agosto I
> » Setbr. 4 2 IO Congestão cerebral .
» Outbr. II Pneumonia .. 1
3 3 I
» Novbr . Congestão de figado
até o dia 13 2 I Catalepsia I
3 I
Kysto no ovario .
48 15 I 90 Inanição ..... I
Durante o anno de 1887 foram tratados 212 enfermos , dos quaes 146
tiveram alta , 40 falleceram e 26 ficaram em tratamento .
Falleceram
Entraram
Masculino
Existiam
Sahiram
Feminino
SEXOS
Ficaram
1887
Novembro 5 7 7 5
ovocar
a ourura
Dezembro 5 4 2 I
1888
Janeiro ... 7 7 I 5
c
Fevereiro 3 3 5
Março 7 4 8
Abril , 8 6
Maio 6 6 3 3 6
Junho. 3 4 5
Julho I I 8
Agosto . 8 I 7
Setembro 7 5 I 8
Outubro . 8
Até 31 de Outubro de 1888 .
Total 74 69 58 8 77 33 41
Ficaram em tratamento 8 .
ΙΟ
Tiveram alta . 3
Falleceu I
Existiam 6
IO
- 96
MONUMENTO DO YPIRANGA
strucção ; mas a grande escada de marmore para o corpo central não será
assentada sinão depois de concluido o edificio . »
O balanço fechado a 31 de Agosto ultimo demonstrou o saldo de
208 : 319 $ 712 para a continuação das obras do Monumento .
LOTERIAS PROVINCIAES
VIADUCTO DO CHÁ
OBRAS PUBLICAS
Foram concedidos até esta data dous creditos de 70 : 000 $ ooo cada um .
II
THESOURARIA DE FAZENDA
ORDINARIA
IMPORTAÇÃO
DESPACHO MARITIMO
EXPORTAÇÃO
INTERIOR
RENDA EXTRAORDINARIA
FUNDO DE EMANCIPAÇÃO
SERVIÇO DE COLONISAÇÃO
DEPOSITOS
RECAPITULAÇÃO
PASSEIOS PUBLICOS
verdade. Mas, desde que se possa , sem perigo , observar de perto a vida des
ses animaes e aprender a distinguir os uteis dos nocivos, o medo se hade dis
sipar , trazendo como consequencia pouparem -se as especies uteis.
A criação do bicho da seda deve ser outro objecto de estudo do Director ,
que poderá ser autorisado a mandar vir os apparelhos necessarios para tal fim .
Em relação aos vegetaes é talvez de maior alcance a transformação do
jardim . Todos conhecem quantas centenas de plantas indigenas são preconisa
104
das entre o povo, por suas virtudes medicinaes, que , entretanto , os medicos
hesitam em adoptar em suas formulas.
Neste caso , o Jardim Botanico prestaria um importante serviço , cultivando -as,
afim de serem fornecidas a todos quantos quizessem fazer um estudo detido
sobre ellas .
O Jardim Botanico tornar-se -hia desta forma, além de nosso melhor passeio,
um recreio instructivo e centro de um movimento scientifico , qual o da divul
gação da sciencia de um modo pratico , ao alcance de todos .
105
14
106
PRIVILEGIOS
A José Peixoto da Motta Junior para explorar ouro, prata e outros metaes,
no municipio do Tieté . - Decreto n . 9937 da mesma data .
A Francisco de Almeida Nobre para explorar ouro , prata e outros metaes ,
no municipio da Franca.- Decreton . 9944 de 2 de Maio .
A D. Maria Cantinho Gavião Peixoto e Pedro da Silva Pereira , renovação
por dous annos, contados desta data, da concessão feita por Decreto n . 7153 ,
de 8 de Fevereiro de 1879 , para lavras de ouro no logar denominado — Guapiava,
municipio de Paranapanema. – Decreto n . 9946 de 2 de Maio .
COMMISSÃO DE ESTATISTICA
A obra divide-se em tres partes : 1.a Estatistica ; 2.a Descripção geral da Pro
vincia ; 3.a Municipios Paulistas, pelo excellente systema das Monographias,
tão preconisado por Le Play , e que optimos resultados tem dado no estudo
da constituição social e historica das Familias e dos Estados .
Si bem fosse impossivel a Commissão adoptar in totum o methodo do emi
nente economista em suas deducções scientificas e de uma precisão mathematica ,
as diversas partes da obra são devéras dignas de attenção ; mórmente tendo -se
em vista a deficiencia dos dados e as difficuldades de todo o genero que a as
soberbaram , « sem o auxilio de corporação technica, de caracter scientifico ou admi
nistrativo , que pudesse encaminhar-lhe o passo ou explanar -lhe os accidentes do
caminho, obrigada a esclarecer-se por si, a juntar peça por peça todo o material
necessario á construcção e urdidura do trabalho de que se tinha incumbido . ,
2.º Colonia de São João Baptista do Rio Verde , nas proximidadas das
confluencias dos rios Verde e Itararé ;
Na verba que votardes para este serviço , cumpre terdes em vista a con
veniencia de um auxilio de 1.000 $ 000 para cada um dos Aldeamentos , outrora
florescentes, de S. João Baptista do Rio Verde , Tijuco Preto e Itarery, afim de se
applicar ás despezas com os Indios invalidos , compra de ferramentas para a lavoura,
vestuario e acquisição de mais utensis necessarios ao incremento daquellos nu
cleos , que não convém ficarem abandonados como têm sido os dos municipios
proximos da Capital , e que não têm progredido por falta absoluta de recursos .
Até essa data tinham sido moidas cerca de 10.000 toneladas de canna
e a producção em assucar do 1.9, 2. ° e 3 ° jacto é calculada em 700 toneladas
sómente, attentas as irregularidades do tempo durante a cultura,
Apesar da Companhia proseguir na acquisição de objectos e na introduc
ção de importantes melhoramentos, ainda o preço da venda do assucar não com
pensa as avultadas despezas que se tem realisado .
ESTRADAS DE FERRO
Não tendo , porém , a esse tempo, ainda começado a vigorar as novas tabellas ,
e estando mesmo , em parte , dependentes de approvação, foi resolvido aguardar
os seus effeitos praticos, para se proceder a outra conferencia , este anno, pos
teriormente á safra, visto já conterem aquellas tabellas importantes reducções .
O Thesouro vos ha de indicar alguns retoques precisos no imposto de tran
sito , ainda na conveniencia da regularidade das tarifas .
111
A Estrada de Ferro D. Pedro II , nem por ser do Estado , deixa de dar excel
lentes resultados .
As quantias por este motivo até hoje entregues ao Governo pela Com
panhia elevam -se a £ 639.939-18-3 , tendo sido de £ 66.453-16-6 a ultima pres
tação feita , correspondente ao anno financeiro findo em 30 de Junho ultimo.
II
COMPANHIA BRAGANTINA
Tem até o presente esta Companhia recebido a quantia de 927 : 725 $ 569 ,
importancia dos juros garantidos sobre o capital de 2,320 : 000 $ooo .
A receita bruta até Novembro do anno passado , elevou -se a 87 : 617 $ 060
e a despeza a 67 : 165 $ 585 .
Houve , pois , um saldo de 14:45 1 $472 .
III
Tem mais a linha dous boeiros grandes , de om80X1 " 20 de vão, um boeiro
de arco duplo de 120X1M80 cada vão , dous boeiros seccos de om60X0mlo,
5 pontilhões , tendo um 2 " 20 de vão , 4 boeiros ovaes de om6oXom8o , cinco
boeiros ou draines, e 4 passagens americanas .
Os trilhos são de aço , de peso de 20 kilos por metro corrente .
Tem dous gyradores para inversão das locomotivas , e duas destas já mon
tadas , pesando cada uma 22 toneladas em marcha e munidas de seis rodas
cada uma, da fabrica Dubs & Comp . de Glasgow Locomotive Works ;-dous
vagões mixtos para passageiros , com capacidade para 35 pessoas cada um ,
sendo 20 logares de 2.a classe e 15 de 1.8— dous breaks montados com
compartimento para o guarda, correio e bagagem ;—10 vagões cobertos e 6
abertos .
IV
COMPANHIA MOGYANA
I
RECEITA E DESPEZA
maes do Amparo e da Penha do Rio do Peixe, elevou -se a 1,168 : 314 $ 772 ,
constante das seguintes verbas :
TRAFEGO
33.535.141
TRACÇÃO
TELEGRAPHO
de D. Pedro II, começou desde 1.º de Janeiro do anno passado a vigorar o ser
viço reciproco de telegrammas , pagando-se a taxa de 500 réis por telegramma
de 15 palavras nas 3 Companhias, quando anteriormente aquella taxa era cobrada
em cada estrada . Importa , pois , esta convenção numa reducção consideravel de 2/3
partes das taxas antigas .
NOVOS RAMAES
II
PROLONGAMENTO
TRAFEGO
Linha do rio Grande :
Receita 206 : 558 $ 544
Despeza 158 : 034 $ 857
Movimento dos trens.- Percorreram essa linha 508 trens , sendo 364 mixtos,
134 de cargas , 4 especiaes e 6 de lastro . Nesses trens correram 462 carros
de passageiros , 364 de correio e bagagens , 1.663 vagões carregados , 158 va
gões de animaes e 1.044 vagões vasios. A composição media dos trens foi de
5,98 vehiculos , sendo 0,95 carros de passageiros , 0,76 de correio e bagagens ,
2,33 de vagões carregados, 0,19 de vagões de animaes e 1,75 de vagões va
sios. A duração da marcha absoluta foi de 3.329 h . 38 m . e a media de 6 h .
33 ni . 16 s .
0011
1.0 semestre de 1887 . 2.069.844 53 2
» 1888 . 1.638.442 114 2
Passageiros 25 : 800$450
Encommendas e bagagens 2 : 353 $ 330
Telegrapho . 794$ 680
Mercadorias
17 : 140$ 420
Diversos 139$470
46 : 228 $ 350
Despeza . - Constou das seguintes verbas :
Direcção geral e Contadoria . 4 : 517 $ 863
Trafego 11 : 548 $632
Tracção 13 : 659 $440
Material rodante 984 $ 257
Telegrapho 1 :920 $ 316
Conservação da linha 25 : 895 $ 202
Despezas diversas 590$ 210
Movimento de trens .--O serviço deste ramal foi feito por 261 trens , sendo
156 mixtos, 77 de cargas , 23 especiaes e 4 de lastro . Nesses trens estiveram
em movimento 258 carros de passageiros , 156 de correio e bagagem , 684 va
gões carregados, ni de animaes e 272 vasios . A composição media dos trens
foi de 3.85 vehiculos, sendo 0.93 carros de passageiros, 0.59 de correio e ba
gagem , 1.67 vagões carregados , 0.03 vagões de animaes e 0.63 vagões vasios .
A duração absoluta da marcha foi de 1.019 h . 4 m . e a media por trem de
3 h . 54 m . 16 s . O percurso das locomotivas foi de 23.634 k . e o dos vehiculos
de 77-502 k .
III
R : IM :AL DUMONT
COMPANHIA YTUANA
Tronco Ramal
Receita 112 : 332 $ 838 Receita . 123 : 12 29770
Despeza 113 : 240 $ 120 Despeza 1 20 : 268 $ 638
Deficit 907 $ 282 Saldo 2 : 854 $ 132
No tronco Noramal
Receita Receita
No tronco No ramal
1.4 classe 8.813 6.854
2.8 22 126 22.736
30.939 29.590
No tronco No ramal
1 : 2517 1 : 3,3
No tronco No ramal
5 : 156,5 4.931
124
No tronco No ramal
1 $ 264 1 $449
No tronco No ramal
18,06 rs . 9,9 rs .
DO TRONCO DO RAMAL
ESTAÇÕES 1.a classe 2.a classe TOTAL ESTAÇÕES 1.a classe 2.a classe TOTAL
No Tronco No Ramal
DO TRONCO DO RAMAL
T T T T T T
Jundiahy . 460.889 40.365 501.254 Itaicy 4.116 4.116
Itupeva 837.468 122.630 960.098 Indaiatuba 109.588 55.750 165.338
Quilombo 100.246 73.085 173.331 Monte -Mór 759.039 39.064 798.103
Itaicy 165.128 63.557 228.685 Capivary 1 : 376.124 346 635 1 : 722.759
Salto 347 695 371.214 718.909 Villa -Raffard 149.498 20.850 170.348
Itú . 467.977 789.380 | 1 : 257.357 Mombuca 168.940 21.144 190 093
Em transito , 3 : 863.093 3: 873.093 Rio das Pedras . 533 659 125.287 658.946
Piracicaba 1 :021.594 1:498.806 2:520.400
Porto João Alfredo . 37.276 648 37.924
Costa Pinto , 661,674 8.917 670.591
Paraiso 85.256 12.404 97.660
Xarqueada 37.364 104.673 142.037
Em transito . 1:238.174 1 : 238.174
2 :379.403 5 :323.324 7 : 702.727 4 :944.137 | 3 : 472.352 8: 416.489
125
100,00 % 100,00 %
LINHA FLUVIAL
São cinco os vapores que fazem o serviço desta linha, a saber : o Santo Es
tevam , o Piracicaba , o Souza Queiroz, o Visconde de Itú e o Bruhns .
A linha acha - se toda lastrada ; carece apenas de alguns preparos finaes, que
em nada podem prejudicar a segurança e a regularidade do serviço , dada a vi
gilancia e o zelo que é de esperar .
VI
COMPANHIA PAULISTA
RECEITA E DESPEZA
TRAFEGO
IMMIGRANTES
TRACÇÃO
CONSERVAÇÃO DA LINHA
ZONA
TELEGRAPHO
VII
TRAFEGO
Receita . 593 : 968 $ 760
Despeza 279 : 884$ 710
Total 91.280
Telegrammas - 8.636 , contendo 152.987 palavras.
Encommendas e bagagem - 26.338 volumes , pesando 348.623 kilogrammas .
Total 9.194.790
Por vagão · I2
Importação :
Sal . 894.682 klgs.
Assucar >
877.244
Toucinho 2.152
Fumo 2.599
Alimenticios 544 319
Diversos
3.963.046
132
1
Despacho proprio :
Café 504.647 klgs .
Sal 52 152
Assucar 106.973
Toucinho 114.662 >
Fumo 32. 349 >
Alimenticios 369 796
Diversos 914.119 >
VIII
Fizeram -se 9.610 metros de cercas de arame com postes de trilhos usados .
1888 1887
Carros N. 21 2 354
IX
COMPANHIA SOROCABANA
Differenças
MEZES Semestre de Janeiro Semestre de Janeiro
a Junho de 1887 a Junho de 1888
Para mais Para menas
18
138
1
Differenças
Semestre de Janeiro Semestre de Janeiro
MEZES a Junho de 1887 a Junho de 1888
Para mais Para menos
.
Passageiros de 1.a classe 3.509 Ns .
2.a classe 19 882
Total 23 391
Encommendas 127.737 Klgs.
Animaes e carros 582 Ns.
Telegrammas 4.46 1
Café 602 Tons.
Algodão . 301 Klgs .
Toucinho 722
Fumo 37
Cal , telhas , tijolos, etc 6.835
Varios (exportação ). 2. 232 Klgs.
Sal . . 1. 105
Assucar 1.712
Varios (importação ) 3.215 >>
Gado suino 0
10.35 Cabeças
e outras pequenas fontes de receita .
139
XI
Esta estrada é um ramal da Paulista, que fez cessão dos seus direitos pe
rante o Governo á Companhia que a construiu , conforme consta do contracto
de 15 de Outubro ultimo.
A sua bitola é de 60 centimetros entre trilhos.
XII
XIII
Foi inaugurada a 1.º deste mez toda a linha desta estrada , desde a estação
da Saudade, lugar de seu entroncamento com a de D. Pedro II , até a cidade
do Bananal , seu ponto terminal.
A estrada , que é de bitola de um metro entre trilhos, mede em extensão
cerca de trinta kilometros e conta tres estações , além d'aquella : a do Rialto,
na freguezia do Espirito Santo da Barra-Mansa, na Provincia do Rio de Janeiro,
a das Tres Barras e a do Bananal , nesta Provincia .
A execução das obras é dos empreiteiros Vieira Ferraz & Irmão e sob
a fiscalisação, ultimamente , do Engenheiro Manuel José Machado da Costa .
E ' mais um melhoramento devido exclusivamente á iniciativa individual ,
sem garantia de juros ou outros favores dos poderes publicos.
XIV
NAVEGAÇÃO IGUAPENSE
Na forma da Lei Provincial n . 73 de 24 de Março do anno passado , cele
brei contracto , a 28 de Novembro, com o concessionario da Companhia Nave
gação Iguapense , Walter John Hammond, para o serviço de navegação a vapor
nos rios - Ribeira , entre as cidades de Iguape e Xiririca ; Una , entre Iguape e
a povoação nas margens deste rio ; Jacupiranga , desde a sua fóz , no rio Ri
beira , até a povoação do mesmo nome ; Juquia, desde a sua fóz, no rio Ri
beira , até ás freguezias de Santo Antonio e Prainha .
Serão feitas , pelo menos, duas viagens mensaes em cada um dos refe
ridos rios .
0 prazo da duração do contracto é de 30 annos e a subvenção annual
será elevada a 25 : 000$ ooo , que será paga desde que estiver completo o ser
viço , de conformidade com a clausula 10.a do contracto respectivo .
O concessionario tem de proceder a todos os melhoramentos precisos para
que os rios tornem -se francamente navegaveis , á desobstrucção , rectificação de
curso , modificação de correnteza e obtenção da profundidade necessaria , em
qualquer estação do anno , aos vapores que empregar.
O serviço completo da navegação terá começo no prazo de 18 mezes, con
tados da data do contracto .
142
FORÇA DE LINHA
IMMIGRAÇÃO E COLONISAÇÃO
Além destes , entraram para a Provincia , com passagens pagas pelo Governo
Geral, 1.000 familias estrangeiras , compostas de 7.341 individuos, e 220 cea
renses .
Não poderei, entretanto, fazer novo contracto com a Promotora, sem que
me autoriseis a contrahir outro emprestimo.
E' preciso não esquecer que os 7.000 :000 $ ooo levantados em Londres
se destinaram principalmente á consolidação da divida já existente , feita com
este serviço da substituição dos braços escravos .
Por muito tempo nos mantivemos unicamente com o recurso do nosso cre
dito . E não fizemos pouco em todo esse periodo. Ahi estão florescentes co
lonias e um movimento immigratorio incessante , regularmente organisado , tanto
no modo de recepção como no de accommodação, para attestar que não foram
sem proveito tantos esforços e sacrificios da Provincia.
143
Honra a esta illustre Assembléa, que não tem regateado meios ás admi
nistrações que se mostram dispostas a secundar seus patrioticos commettimentos !
Do minucioso relatorio do Thesouro Provincial constam os creditos abertos .
TRABALHO LIVRE
E ' verdade que essa gloriosa Lei não foi uma surpreza para a Provincia.
Pouco tempo antes, e por unanimidade de votos dos seus membros, esta As
sembléa solicitou - a do Parlamento, como fiel interprete das nossas necessidades .
Por outro lado, nos mezes que precederam ao de Maio, a Provincia viu - se
agitada no sentido de se preparar para semelhante reforma, reforma que se
lhe impoz indeclinavel e imminente, graças á acção combinada de infiuencias
diversas, cada qual mais poderosa .
Si algum defeito pode ser encontrado nessa grande Lei , é o de ter che
gado um tanto tarde, quando a negra instituição já não passava de mera
e desorientada ficção. Pode- se, pois , dizer sem exagero que ella apenas sellou
um facto consummado .
E apraz - nos acreditar, que nesta nossa opinião communga grande maioria
dos lavradores desta Provincia , que em face daquella agitação dos espiritos ,
de molde a eliminar o escravo do rol dos nossos elementos de trabalho, chamou
a si a prudencia e o tradiccional bom senso paulistas , empenhando -se afinal
na solução immediata desse problema social, reclamada e urgida pelas circum
stancias precarias e insustentaveis a que havia chegado a industria agricola .
145
Foi assim que, ao passo que era insignificante o numero dos protestos
contra a aurea Lei que nos libertou dos escravos , avultavam os votos dos
que a ella adheriam .
A substituição do velho regimen tem -se operado com tanta e tão inespe
rada facilidade, que se pode dizer ser já uma realidade segura e experimentada
o trabalho livre na Provincia .
NUCLEOS PROVINCIAES
Além dos nucleos coloniaes creados pelo Governo Geral , existem os dois
nucleos provinciaes das Cannas e do Cascalho: este , no municipio do Rio Claro ;
aquelle, no de Lorena .
Fiz quanto esteve em mim para auxiliar a digna Commissão, nomeada por
meu antecessor, no trabalho empregado para que nossa Provincia se fizesse re
presentar nessa grande festa industrial, que se hade effectuar em Julho.
Escusado é encarecer- vos o valor das Exposições internacionaes.
Ninguem desconhece hoje esta verdade .
Si São Paulo não fôr condignamente representado em Paris , não será por
ter o Brazil ligado pouco apreço ao convite da França , mas simplesmente por
motivos de occasião, que embaraçaram a boa vontade dos nossos já importantes
industriaes .
147
EMPRESTIMO EXTERNO
clinavel , por não ser possivel distrahir as rendas ordinarias com despezas supe
riores , e fóra das previsões orçamentarias.
Para isto tratei de aproveitar o que constava, quanto aos esforços de ini
ciativa já empregados por meus antecessores , ultimando as negociações em
Agosto para um emprestimo externo de £ 787-500 , equivalente á quantia auto
risada por Lei , com os Srs . Louis Cohen & Sons, banqueiros em Londres .
Estes algarismos, tirados do Times, dão a mais alta idéa do nosso credito
no estrangeiro. Esta situação, tão lisongeira para o nosso patriotismo, faz -me
crer que, si não fôrą a urgencia com que tive de levantar o emprestimo, me
lhor seriam ainda as suas já tão vantajosas condições . Estou seguro de que este
paiz novo como o nosso , onde os capitaes encontram sem difficuldade emprego
muito remunerativo e abundante, o juro é sempre alto , e , apezar das oscilla
ções do cambio , é mais barato pedir fundos a quem se contenta com preço
muito menor pelo seu uso . Ainda até em igualdade de circumstancia convinha
fazer o emprestimo fóra daqui, pois em todo o caso deixamos livres capitaes de
que muito carece o nosso rapido e robusto desenvolvimento .
Para mostrar - vos como, foram verdadeiramente vantajosas as condi
SITUAÇÃO ECONOMICA
As autorisações que nestes ultimos annos têm sido dadas para auxiliar a
introducção de immigrantes, que venham cooperar na nossa obra de progresso,
com faculdades amplas para todos os creditos precisos, e sobre tudo a provi
dencia da vossa ultima sessão legislativa, dando ao Governo a liberdade de
levantar o emprestimo de sete mil contos, dentro ou fóra do paiz, nas con
dições alli determinadas, e outras que julgasse mais convenientes, foram uma
inspiração feliz do sagrado amor pela terra que nos viu nascer .
Para menos só foi orçada a quantia de 12 : 906$ 749 na --taxa das barreiras- ,
e isto porque a Lei n . 124 de 1886 reduziu o imposto ; e a arrecadação maior que
o titulo produziu depois della só alcançou a importancia de 16 : 143 $ 859 , em que
foi calculada.
Nesse calculo, todavia , e por falta de planos e orçamentos, não foi incluido
o que se terá de despender no exercicio com o serviço das obras publicas.
O saldo da receita sobre a despeza orçada será , portanto , de 236 : 308$ 130 ,
ou , suppondo já dotado o referido serviço com a consignação de 350 : 000 $ooo ,
será o deficit de 113 : 691 $ 870, que pode ser evitado na Lei respectiva , pela re
ducção das verbas onde ordinariamente se costumam dar sobras .
1888-1889
NATUREZA DA DESPEZA 1881-1882 1882-1883 1883-1884 1884-1885 1885-1886 1886-1887 1887-1888 de 1.0 de Julho a TOTAL
22 de Dezembro de 1888
Pessoal da Admnistração 1 : 461 $ 153 4 : 640 $000 7 : 122 $ 266 12 : 157 $ 040 12 : 397 $ 510 10 : 106 $ 600 12 : 683 $ 782 2 : 593 $ 440 63 : 161 $ 791
Outros empregados 240 $ 000 4 :714 $ 720 5 : 058 $ 740 3 : 888$ 330 13 : 901 $ 790
Auxilio a immigrantes 3 : 756 $ 250 27 : 266 $ 900 71 : 257 $ 180 205 : 632 $ 830 232 : 646 $ 500 808 : 147 $ 600 2,573 : 059 $ 560 1,671 : 432 $ 500 5.603 : 199 $ 320
Sustento 2 : 943 $ 900 16 :010 $ 160 16 : 623 $ 200 27:685 $ 450 24 : 398 $ 900 66 :086 $ 860 168: 949 $ 740 56 : 145 $ 800 378 : 844 $ 010
Transporte 2 : 715 $ 660 10 : 494 $ 110 13 : 257 $ 120 1 : 917 $ 680 22 : 170 $ 020 28 :595 $ 380 11:044 $ 670 919 $ 160 91 : 113 $ 800
Curativo 281 $ 640 178 $ 160 386 $ 920 1 : 161 $ 330 5 : 178 $ 630 12 : 946 $ 800 1 :692 $ 000 21 : 825 $ 480
Illuminação 195 $ 445 1 : 282 $ 520 1 : 739 $ 050 1 : 960 $ 740 5 :177 $ 755
Expediente 1 : 794 $ 070 744 $ 560 4 :971 $ 215 3 : 165 $ 549 2 : 956 $ 740 120 $ 000 1 : 423 $ 960 15 : 176 $ 094
Moveis, utensis , ferramentas e roupas de cama 9 : 933 $ 000 520 $ 000 1 : 564$ 100 6 : 250 $ 450 1 : 595 $ 495 2 : 192 $ 200 22 :055 $ 215
Lavagem de roupa de cama 126 $ 300 556 $ 700 123 $ 640 806 $ 640
Sellos de letras
3 : 178 $ 000 2 :327 $ 000 5 : 505 $ 000
Estadia de navios em Santos
2 : 131 $ 020 2 : 131 $ 020
Gratificação a F. Turchi pela introducção de
immigrantes . 1 : 700 $ 000 1 :700 $ 000
Impressão e traducção do regulamento 860 $ 000 900 $ 000 250 $ 000 300 $ 000 2 : 190 $ 000
Agua , limpeza e desinfecção da hospedaria 54 $ 000 147 $ 000 413 $ 370 1 : 205 $ 050 688 $ 560 22 : 055 $ 215
Inhumações 14 $ 000 6 $ 000 2 :662 $ 000 92 $ 000 806 $ 640
Gratificações a diversos empregados geraes e
provinciaes pela conferencia de immigrantes
e suas bagagens 50 $ 000 7 : 420 $ 330 8 :455 $ 000 4 : 032 $ 400 19: 957 $ 730
Acquisição de um predio no Bom Retiro
para hospedaria 20 : 000$ 000 20 :000 $ 000
Construcção de um novo alojamento na fre
guezia do Braz 169 : 645 $ 051 292 : 281 $ 752 24 : 705 $ 330 486 :632 $ 133
Compra de terreno na freguezia do Braz para
nova hospedaria . 17 : 000 $ 000 17 :000 $ 000
Reparos nas hospedarias e nucleos coloniaes 4 : 666 $ 666 5 : 613 $ 243 138 $ 850 14 : 922 $ 080 1 : 513 $ 910 1 : 123 $ 030 28 :899 $ 309
Despeza com o representante da imprensa
Italiana 742 $ 800 742 $ 800
Adiantamento á Commissão de estatistica 3 : 800 $ 000 5 : 200 $ 000 7 : 000 $ 000 16 :000 $ 000
Idem á Sociedade Promotora de Immigracão 7 : 000 $ 000 54 000 $ 000 61 :000 $ 000
Entregue á mesma Sociedade para custeio do
Alojamento 6 :666 $640 8 : 333 $ 300 14 : 999 $ 940
Despezas com a Commissão encarregada de
angariar e remetter productos para a ex
posição Sul Americana de Berlim 1 : 165 $ 450 1 : 165 $ 450
Outras despezas 372 $ 000 1 : 099 $ 420 56 $ 600 332 $ 230 345 $ 150 30 : 690 $ 020 32 :895 $ 420
NUCLEOS COLONIAES
OBSERVAÇÃO
Na despeza relativa ao periodo de 1. ° de Julho a 22 de Dezembro de 1888, do exercicio de 1883-1889 , não está comprehendida a realisada pelas diversas estações da provincia , por não se acharem liqui
dadas as contas , sendo de presumir avultada despeza , por isso que todo o auxilio a immigrantes espontaneos , é pago por ellas .
Contadoria do . Thesouro Provincial , 27 de Dezembro de 1888 .
O Contador ,
484 : 195 $ 441, não contando, porém , como se disse , com a que deve vir liqui
dada das estações no corrente mez, pertencente ao ultimo exercicio , e que em
tempo lhe será addicionada.
Janeiro 3.534
Fevereiro 7.865
Março IO . I 25
Abril 9.404
Maio .. 6.888
Junho 7.428
Julho. 3.623
Agosto 4.355
Setembro . 4.669
Outubro 8.377
Novembro 13.317
Dezembro 12.501
92.086
155
1882 . 2. 743
1883 4.912
1884 . 4.879
1885 . 6.500
1886 .. 9.536
1887 32.112
1 888 92.086
152.768
SECRETARIA DO GOVERNO
Era meu desejo dar - vos mais completas informações dos negocios da
Provincia .
Sou da escola daquelles que pensam que os actos de quem exerce uma
particula qualquer do Poder estão sempre sujeitos á analyse e á critica de
todos .
Consenti que una os meus votos aos da Provincia, que para aqui mandou
vos , na esperança de que continuareis, como até agora , a ser os guardas
avançados de seu engrandecimento .
ANNEXOS
1
DECISÕES DA PRESIDENCIA
DECISÕES DA PRESIDENCIA
INSTRUCÇÃO PUBLICA
Quanto ao segundo ponto , que nada obsta a que o conselho dê, em termos , a
autorisação a que se refere, visto que por Lei lhe compete a distribuição do
fundo escolar .
Em resposta declaro a Vmc . que approvo a decisão dada , com a qual con
cordou o conselho superior da instrucção publica, visto achar -se de accordo com
a Legislação em vigor .
Quanto ao 2.0 ponto , que além da interyenção ordenada no art. 112 & 18
do Regulamento citado, que importa, no intuito do art . 45 , em fiscalisação directa ,
tem os conselhos municipaes attribuição definida no art . 49 § 4.º do supracitado
regulamento.
Em resposta declaro a Vmc . que approvo a decisão dada , com o qual con
cordou o conselho superior da instrucção publica, visto achar - se de accordo com
a legislação em vigor .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo .
Sr. Dr. Director da Instrucção Publica .
Sciente, pelo seu officio de 25 do mez findo, da consulta que lhe fez o con
selho municipal de Villa Bella da Princesa , relativamente á transferencia de lo
gar da escola do bairro do Quilombo da qual é professora D. Serafina Corrêa
Rodrigues, a quem foi imposta a pena do art . 171 S 2,0 do Regulamento de 22
de Agosto do anno passado , pelo alludido conselho, que resolveu negar-lhe attes
tado de exercicio ;
Em resposta declaro a Vmc . que approvo a decisão dada , com a qual con
cordou o Conselho Superior de instrucção publica, visto achar-se de accórdo com
a Legislação em vigor.
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.
soal muito mais avultado do que o dos Conselhos Municipaes, que por sua re
ducção a tres, além de não ter maioria com dous , ficaria privado do elemento
que em taes corpos se procura do embate de opiniões .
Nem vale contra esta intelligencia qualquer argumento que por ventura se
queira inferir da lettra do artigo 120 da citada Lei , pois que , si é verdade que
alli se determina aos Conselhos a obrigação de designarem os dias de suas reu
niðes e que nestas seja substituido o Presidente pelo membro mais velho , não é
menos certo que tal disposição não pode ser interpretada isoladamente e sim de
harmonia com os outros textos , e desse confronto resulta que a admittir- se que
o dito artigo consagra como possiveis em regra as funcções de um Conselho
as funcções
com dous membros , seria consequencia ficar inane e destituido de applicabilidade
o artigo 112 & unico .
E essa harmonia pede antes que o referido artigo 126 seja entendido com
referencia a este ultimo, quando fôr feita pelo proprio Conselho a substituição
do Presidente que não comparecer a uma ou mais sessões , até trinta dias , e fôr
eleito - pelos dous outros membros o terceiro que deve completar a entitade legal ,
porque então será Presidente o membro mais velho . Si , pois , o Dr. Siqueira ,
ultimamente eleito , já recebeu o competente aviso para tomar posse e , sem apre
sentar excusa, ausentou - se do Municipio , com prejuizo dos interesses da instru
cção , cabe á Camara Municipal reputal-o em renuncia e proceder a nova eleição
conforme a resolução desta Presidencia de 23 de Fevereiro ultimo. No caso
contrario estão os dous membros do Conselho impedidos de satisfazer ao que de
termina o artigo 49 § 19 do Regulamento , porque é essa uma attribuição do
Conselho e este não existe com dous membros. Approvando a decisão mencio
nada , com a qual concordou o Conselho Superior de instrucção publica, assim lhe
communico , em resposta ao seu officio sob n . 828 de 28 do mez findo .
Deus Guarde a Vmc . -Pedro Vicente de Azevedo .
REQUERIMENTO DESPACHADO
pelo Governo e lavrado o competente acto , por terem sido satisfeitas as condi
ções regulamentares, não pode mais esse acto ser nulliticado pela simples vontade
dos permutantes. O art . 117 2.º do Regulamento de 22 de Agosto de 1887 ,
prestando -se a intelligencia diversa, carece de ser explicado , ou alterado mesmo,
no interesse da boa execução da Lei n . 81 de 6 de Abril , art . 30. Aquelle
artigo faculta aos professores a remoção e a permuta de cadeiras ; manda que o
removido, para complemento do acto , requeira ao Director da Instrucção praso
para a posse da nova cadeira ($ 1.9); impondo as mesmas condições quanto aos
permutantes , sob pena de ficar sem effeito a permuta, ainda quando um dos inte
ressados tenha requerido a designação de praso (S 2. ) No primeiro caso, que a
vontade do professor que obteve remoção, fique dependente de um novo reque
rimento , em praso determinado, comprehende - se , porque o acto se fez somente a
seu favor e solicitação; no segundo, porém , não acontece o mesmo , e uma vez que
o favor foi feito a dous , não é justo que a vontade de um possa desfazel- o, em
prejuizo do outro, para o qual o acto pode ter ficado consummado com a posse
da cadeira , obseryando de sua parte todas as formalidades legaes ( art . 30 da
Lei ), como aconteceu no presente caso . Portanto , é visto que o Regulamento
excedeu da Lei , e este só foi excedido em execução della , com autorisação espe
cial somente para multas ( art . 125 da Lei ) e não para modificações ou accresci
mos no seu texto . O Conselho Superior é competente para assim opinar, como
medida necessaria á direcção do ensino (Lei , art. 6. ° ) e o recurso tem cabimento ,
em regra , de todas as decisões dos Agentes da Administração , quando relativos
a negocios de sua competencia e lesivos de direitos pertencentes por natureza ou
por lei á ordem administrativa, embora não declarados expressamente nos Regu
lamentos provinciaes , seguindo -se as regras geraes de Direito .
Pedro Vicente.
EX - INGENUOS
IMPOSTO DE CAPITAÇÃO
REGISTRO CIVIL
CAMARAS MUNICIPAES
20
0
Palacio do Governo de S. Paulo, em 24 de Janeiro de 1888 .
cargo algum municipal, não podendo , todavia , no caso de ser convocado para
tomar parte no trabalho da Camara , accumular os dous cargos , por um dos quaes
deve optar, conforme se deduz do Decreto n . 371 de 20 de Setembro de 1854 ,
Aviso de 27 de Fevereiro de 1887 , Decreto n . 3029 , de 1881 , artigo 21 , e De
creto n . 8213 de 13 de Agosto do mesmo anno , artigo 230 .
Deus Guarde a Vmc. — Francisco de Paula Rodrigues Alves.
Sr. Presidente da Camara Municipal de Lençóes .
Outrosim lhe declaro , quanto á segunda parte do citado officio, que a res
peito do assumpto me dirijo, na presente data, á Camara que actualmente re
presenta esse municipio .
Em officio de 7de Abril ultimo pedem Vmcês . approvação para o acto, pelo qual
deliberou essa Camara arrendar o predio que lhe foi legado pelo finado cidadão
Luiz Gomes dos Santos Leonel , para servir de casa publica á educação da mo
cidade .
tando os funccionarios alludidos autoridades que, por via de recurso , nos termos
do art . 73 da Lei de 1.º de Outubro de 1823 , conhecem dos actos das Camaras
Municipaes, que aggravem interesses, não lhes é licito previamente manifestarem
o seu pensamento a respeito , tirando a autonomia das Camaras e inutilisando os
recursos que ellas venham a provocar .
toridades superiores , que tem de ser assignados por toda a corporação e nunca
por um dos representantes , embora seja elle o Presidente .
Desde que a Camara em sua maioria , assim resolveu , bem como nos casos
expressos em Lei (arts . 53 e 54 da citada Lei de 1828 , e 197 do Regulamento
n . 8213 de 13 de Agosto de 1881 e outras) , cabia ao Presidente convocar a
Camara , e em sua falta, ou recusa proposital , ao Vice-presidente , que é quem o
substitue em todas as suas attribuições, nos termos do art . 22 $ 5.0 da Lei
n . 3029 de 9 de Janeiro de 1881 e aviso n . 40 de 2 de Maio de 1883 .
Pelo officio de 9 do corrente mez , declara -me Vmc ., que tendo sido suspenso
do exercicio de suas funcções, com outros vereadores da Camara Municipal dessa
villa , por acto administrativo de 14 de Fevereiro , foi submettido a processo cri
r falta
minal, sendo convocada a Camara transacta , que entrou a funccionar po
de immediatos da actual em numero sufficiente ; porém , que, correndo o processo
seus termos, foram os vereadores despronunciados pelo juiz de direito e confir
mada a sentença desse magistrado pela Relação do districto, e por isso consul
ta - me si deve , na qualidade de presidente da Camara suspensa , reassumir as suas
funcções , fazendo cessar o exercicio da substituta, ou si a essa compete continuar
prevalecendo a suspensão administrativa.
praça 7 de Abril, com um rico pavilhão e barraquinhas, tudo com feira franca,
durante o praso de 60 dias, a contar de 20 do corrente , em festejo ao feliz re
gresso de Suas Magestades Imperiaes, entregando o concessionario á Camara até
5 de Outubro 5 :000 $ 000 para estabelecimentos de caridade .
Esta concessão foi dada , e logo depois approvada pela Camara , em sessão
de 4 , lavrando - se a 5 termo de obrigação, assignado por Vianna, em que este
se obrigou a estabelecer a sua kermesse, pavilhão e barraquinhas, no lugar da
quella praça que seria determinado pela Camara, com expressa eliminação de
todo e qualquer jogo prohibido pelas posturas municipaes , pelas Leis geraes e
especialmente pelo Decreto n . 8274 de 31 de Dezembro de 1861 , ficando o con
cessionario solidariamente obrigado pelos impostos dos negocios .
E , porque, conforme já ponderou á Camara o Dr. Chefe de Policia , em of
ficio de 28 de Agosto , respondendo o que lhe dirigira , no mesmo dia 0 seu
Pelo officio de Vmcs . , datado de hontem , vejo que essa Camara confundindo
as ordens que recebeu por portaria de 18 do corrente e despacho de 21 , na re
clamação que para esta Presidencia interpoz o dr . chefe de policia , da concessão
feita da praça 7 de Abril ao cidadão Antonio Vianna para o estabelecimento
35
de uma grande kermesse em feira franca, para que informasse, sustando, por
emquanto o seu acto, com a attribuição que lhe pertence de fazer essa concessão,
a qual em termos , ninguem lhe contesta , deliberou não sustar a referida licença ,
allegando nada haver ainda em execução , não obstante o annuncio do concessionario
que fiz chegar ao seu conhecimento e promettendo novos esclarecimentos para
depois que a feira e kermesse estiverem installadas.
consentira nisso quando vendêra o referido terreno para film diverso daquelle,
declaro a Vmcs. que se trata de negocio judiciario que se deve liquidar nos
tribunaes competentes á vista da respectiva escriptura de compra.
visto que exerce mandato em yirtude da Lei , revertendo porém essas custas em
favor da Camara em nome de quem elle officia nos feitos em caracter de pro
curador judicial, ad instar do Aviso n . 260 de 12 de Junho de 1860 e outros ;
2. ° Que, em consequencia , sendo a Camara condemnada, nada tem a pagar
ao seu Procurador posto sejam -lhe contadas custas .
REQUERIMENTOS DESPACHADOS
Que o recorrente tem outro emprego civil , o de Vereador , que não pode,
nos termos da Lei de 15 de Outubro de 1827 , exercer conjunctamente com o
de Juiz de Paz no anno em que lhe cumpre servir :
Dou provimento ao recurso , para o fim de ser aceita a excusa apresentada
pelo recorrente, feitas as communicações para os effeitos legaes. — Deu -se conhe
cimento a Camara Municipal da Capital .
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, em 15 de Fevereiro de 1888 .
Francisco de Paula Rodrigues Alves.
E ' esta a unica solução juridica do pretenso conflicto de taes Leis , segundo
o frg. 80 do Dig . L. 50 Titulo 17 , aceito por Dumoulin (ad leg . modestimus ff. de
solut n . 19, nos seguintes termos : -leges generales non debent estendi ad leges
que habent suam particularem provisionem , e por Pothier ( Pandectas - de legibus
Loc . art . 25 ) onde diz mui explicitamente : Cum duce leges contrariæ videntur ,
quarum altera specialiter de casu de quo judicandum , aut respondendum est ,
disponit; altera generaliter dundoxat disponit prevalere debet quæ specialiter di
sponit .
26
42
Outro tanto acontece com o facto de não referirem -se ao sepulte-se parochial as
posturas de Campinas (art . 95 ) , pois em verdade não é lei municipal , nem pre
cisa que figure nos rospectivos codigos para que seja aceito e respeitado pelos
catholicos como direito da egreja, sem restricções do poder municipal , o que se
44
Não tendo as multas sido impostas pela camara , mas por acto somente do pre
sidente, que pela natureza do cargo era obrigado a usar desse meio para com
pellir o comparecimento dos vereadores refractarios ( Aviso n . 40 de 2 de Maio
de 1831 ) , o recurso contra as multas é para a mesma camara , que poderá re
vogal - as por deliberação da maioria de seus membros, si entender que são pro
cedentes as razões com que os multados se justifiquem das faltas commettidas.
( Aviso , n . 75 de 9 de Julho de 1842 , de 20 de Agosto de 1887 e de 29 de
Fevereiro deste anno ) .
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo em 11 de Outubro de 1888 .
-- Pedro Vicente de Azevedo .
Remir a divida é que não póde, sob pena de pagar o duplo, conforme o art . 52
da Lei de 1 de Outubro de 1828. Sempre que o objecto da deliberaçãe da Ca
mara fica na dependencia da sentença judicial, como no caso presente , - em que
a Camara processa a infracção de suas posturas, e tem no mesmo juizo, o cidadão
aggravado seus recursos naturaes, -o poder administrativo está obrigado a se abster
porque , então , prevalece o direito commum .
Considerando que esse voto não póde produzir effeito, não só porque é re
pugnante -com as regras do direito e da moral , como porque perturba , na es
pecie , as relações da corporação , convertendo a minoria em maioria para o effeito
da eleição e conservando - se minoria para todos os effeitos subsequentes ;
Qualquer que seja a reducção assim feita no praso pela demora da convo
cação , proceder- se - á á eleição , cabendo ás autoridades competentes conhecer da
validade della, attendendo e apreciando a importancia da falta de cumprimento
da referida formalidade ( art . 125 do Regulamento invocado ).
NEGOCIOS ELEITORAES
HOSPICIO DE ALIENADOS
SECRETARIA DO GOVERNO
REQUERIMENTO DESPACHADO
E ' esta a intelligencia que deve ter o referido art . , não se hayendo esta
belecido substituição de 1.08 e 2.08 officiaes, exactamente pelo disposto no art . 15
da Lei n . 59 de 25 de Abril de 1884, que se acha de accordo com a Legisla
ção Geral.
de sua secção , pelos respectivos chefes, sem attenção alguma á dita cathegoria,
como bem se evidencia dos SS 1. ° e 2.º do mesmo art . 15 , convindo notar que
este ultimo & não manda o amanuense expor as duvidas que tiver ao 2.º offi
cial e este ao 1.º , mas todos indistinctamente ao chefe da secção , o que prova
não existir a pretendida hierarchia de attribuições , que tornaria procedente a
reclamação.
SAUDE PUBLICA
essa quantia do serviço de immigração , convém que esse Thesouro organise uma
tabella especificada da distribuição da quota para cada ordem de serviços a
attender , na conformidade da mesma Lei ; a saber :
a) hospital de isolamento e contagiados ;
b) instituto vaccinogenico ;
Outrosim , recommendo- lhe que apresse o parecer e orçamentos que lhe foram
exigidos por portaria de 9 do corrente mez , relativamente ao hospital de isola
mento e contagiados .
Deus Guarde a Vmc. — Pedro Vicente de Azevedo.
Sr. Dr. Director Geral de obras publicas .
25 : 000 $ 000
Sob a rubrica d'esta tabella , em que couber, Vmc . fará escripturar as despe
zas já autorisadas, convindo que faça -me conhecedor de sua importancia e na
tureza , devendo ter o maior cuidado não só para que não seja excedida esta quota ,
assim discriminada , como tambem para que se observe fielmente a distribuição,
56
correndo cada serviço por conta da verba propria , sem que seja licito applicar as
sobras que se derem em umas rubricas para outras em que houver falta, salvo
ordem expressa desta presidencia , depois de demonstrada a necessidade de assim
proceder- se , porquanto, tendo a Lei estabelecido diversas ordens de serviços , é mis
ter attende-los com a maxima igualdade , de modo que uns não sejam prejudi
cados por outros.
A tabella de gratificações, bem como a do augmento do pessoal, serão pos
tas em execução, depois de approvadas, de accôrdo com esta portaria e mais ins
trucções regulamentares .
Deus Guarde a Vmc.- Pedro Vicente de Azevedo.
ALISTAMENTO MILITAR
tamento militar, visto não terem estes comparecido afim de installarem a res
pectiva junta , declaro -lhe que , sendo os 4 Juizes de Paz do quatriennio supplentes
uns dos outros e estando elles devidamente juramentados , á vista do dis
posto nos arts . 4.º da lei de 15 de Outubro de 1827 , e 6.º das Instrucções de
13 de Dezembro de 1832 , não podem ser chamados supplentes para prestar ju
ramento, cumprindo - lhe , entretanto, fazer effectivo o recommendado nas disposições
já citadas.
cebidos nos ultimos dias de reunião , visto que do alludido artigo 27 do Regu
lamento se deduz que as sessões das Juntas Revisoras podem durar mais de 30
dias , sendo preciso , deve Vmc . proceder nos termos do mesmo Aviso .
Deus Guarde a Vmc.-- Pedro Vicente de Azevedo.
Sr. Juiz de Direito da comarca de S. José dos Campos .
IMMIGRAÇÃO
REGULAMENTO .
gratuito a que tem direito , nas vias ferreas ou fluviaos, apresentando declara
ção escripta do ponto de destino e do nome do patrão , si destinarem - se a esta
belecimentos agricolas particulares .
para o destino que tiver , e notado este no liyro de matricula, ser-lhe -á entregue
o passaporte , junctamente com uma guia assignada pelo administrador da Hospe
daria e rubricada pelo Fiscal da Immigração , da qual conste :
1.° 0 municipio do destino, o nome do estabelecimento agricola e do res
pectivo proprietario, quando o estabelecimento for particular .
2. ° A Estação de arrecadação provincial onde deve receber o auxilio .
3.0 A data da entrada na Hospedaria Provincial e , si fôr possivel o nome
do vapor que o conduzio ,
4. ° O nome do chefe de familia e dos demais membros que a compoem
mencionando - se o auxilio correspondente a cada um e a importancia total a
receber .
Art . 9.º - Ao passaporte e guia, nos termos dos artigos antecedentes , jun
tarão - attestado do dono do estabelecimento agricola ou do director do nucleo
-do qual conste que o immigrante com sua familia se acham localisados a
62
cipal declarando tambem que , com effeito , a pessốa attestante tem estabelecimento
agricola , e a natureza deste.
POSTURAS MUNICIPAES
que affectam a Lei Geral de 1.º de Outubro de 1828 , visto que decretam penas
de multa e prisão superiores á alçada desta Lei , art . 72 , resolve , nos termos
das attribuições que lhe competem pelo art. 24 $ 3.º do Acto Addicional e
art . 5. ° 1.º da Lei n . 40 de 3 de Outubro de 1834 , sustar a publicação das
referidas posturas, até nova resolução da mesma Assembléa, a quem serão de
volvidas para os effeitos legaes .
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo, 12 de Julho de 1888.- Pedro
Vicente de Azevedo.
fim de serem publicadas , contém nos arts . 194 e 200 disposições que affectam a
Lei geral de 1.º de Outubro de 1828 , visto que decretam penas de multa su
periores á alçada desta Lei , art . 72 , resolve , nos termos das attribuições que lhe
competem pelo art . 24 § 3.º do Acto Addicional e art . 5.0 $ 1.º da Lei n . 40
de 3 de Outubro de 1834 , sustar a publicação das referidas posturas , até noya
resolucão da mesma Assembléa , a quem serão devolvidas para os effeitos legaes .
Palacio do Governo da Provincia de S. Paulo , 1. ° de Setembro de 1888.—
Pedro Vicente de Azevedo .
MONUMENTO DO YPIRANGA
PROVINCIAES
Por seu officio de 7 de Agosto findo, sob n . 100 , fiquei sciente de que as
despezas feitas, por conta da Provincia , somente com medicamentos , fóra dietas ,
elevaram -se , no exercicio financeiro de 1887 a 1888 , á somma de 42 :672 $ 805.
67
Como meio de diminuir esse encargo , que promette ser maior no exercicio
actual , em vista das despezas já liquidadas de Julho , para uma das quaes , a da
cadêa, chamei a attenção de Vmc., lembra - me em seu officio a creação de uma
Pharmacia Provincial , mediante determinadas clausulas .
Sem rejeitar a sua idéa , sobre a qual foi ouvido e está de accôrdo o Sr.
Inspector de hygiene , comtudo attendendo que a principal causa desse excesso de
gasto tem sido a falta de fixação de preços dos receituarios medicos , e o facto
de deixarem estes não só de cingir-se a formulas simples ou communs, como
de recorrer, grande numero de vezes , a preparados estrangeiros de elevado
custo , e visto já se achar impresso o formulario official destinado ao serviço de
fornecimento das enfermarias, convêm tentar a experiencia de seus effeitos nos
contractos , e si não produzir o resultado que se deve esperar , recorrer - se -ha ao
estabelecimento da pharmacia .
Para isto , pois , haja Vmc . de abrir concurrencia, com prazo de quinze dias,
sob as bases do formulario e officio da Commissão organisadora do mesmo, de
26 de Abril deste anno , de onde são tirados doze clausulas, que junto lhe
remetto por cópia n . 1 , para que Vmc . as considere obrigatorias nos contractos
novos , que se farão por semestres e serão divididos em cinco , pelo modo
seguinte :
a) medicamentos para a Penitenciaria e Seminario da Gloria
b) para o Corpo de Policia ;
c) para a Cadêa ;
d) para o Hospicio de Alienados ;
e) para a Immigração;
33 : 000 $ 000
E' preciso que o orçamento feito pela Assembléa seja uma verdade, e não
poderá sel- o sinão houver limites para as despezas como a de medicamentos de
presos pobres, por exemplo , que entregue ao arbitrio das receitas medicas estão
se elevando extraordinariamente.
As faculdades concedidas ao governo pelos artigos de Lei citados , são meios
de excepção para supprir deficits imprevistos ; o contrario tornaria constante o
69
Deus guarde a V. Exc . - Illm . e Exm . Sr. Marquez de Itú, Presidente da Com
missão Organisadora de objectos para a Exposição de Pariz , em 1889.—Pedro
Vicente de Azevedo .
- 70 -
Illm . e Exm . Sr.- Ainda uma vez solicito, com o maior empenho, os esforços da
commissão de que V. Exc . é digno presidente para que, de modo algum , deixe
nossa Provincia de ser representada na grande exposição de 1889 , em Pariz .
Para isto chamo a attenção de V. Exc . para os meus officios anteriores , e re
commendações da commissão central, visto se aproximar a abertura da exposição
preparatoria, que tem de effectuar -se, na Côrte, a 11 de Novembro futuro.
O Governo Imperial conta certo com a dedicação e patriotismo de V. Exc . para
o bom exito de tão util emprehendimento.
Deus guarde a V. Exc.— Illm . e Exm Sr. Marquez de Itú , Presidente da com
missão encarregada de promover a acquisição de objectos para a exposição de
1889 , em Paris . — Pedro Vicente de Azevedo— Idem , mutatis mutandis, aos demais
membros da commissão .
MAGISTRATURA
+
72
trata , para cuidar de seus interesses , dando mesmo a soldada , si fôr caso disso ,
segundo o disposto na Ord . do Liv . 1.º Tit . 88 SS 13 e 18 .
OFFICIOS DE JUSTIÇA
POLICIA
Illm . Sr. - Com referencia ao officio sob n . 914 de 1.º do corrente , em que
V. S. submette á consideração desta Presidencia o officio do Cabo Commandante
do destacamento desse em Araraquara, consultando si praças do mesmo
corpo
pódem ser distrahidas em serviços de Official de Justiça , declaro - lhe que , segundo
a doutrina estabelecida no Aviso de 28 de Junho de 1878 e n . 187 de 21 de
Abril de 1881 , quando não haja quem queira servir as funcções de Official de
Justiça , póde , em caso urgente, ser designada uma praça de policia para esse
fim , com tanto que previamente se faça requisição á autoridade que dispuzer
da força .
Deus Guarde á V. S. - Francisco Antonio Dutra Rodrigues.
PENITENCIARIA
Com a sua resposta, Vmc . emittirá o seu juizo quanto á conveniencia de con
tinuarem no mesmo edificio dois estabelecimentos de ordem inteiramente diversa
e sob diversas direcções , e bem assim si nào julga possivel alguma melhoria nesse
estado de cousas com a unidade de inspecção , e em quanto a cadêa não é tirada da
penitenciaria .
Deus guarde a Vmc. — Pedro Vicente de Azevedo.
Sr. Dr. Director da Penitenciaria .
31
1
:
RELATORIO
1
PRESIDENTE DA PROVINCIA DE SÃO PAULO
PELO
CHEFE DE POLICIA
NO
1
2
1 -4
Taes declarações sob juramento, não podem ser confutadas pelas partes
diarias dos Alferes de Estado -maior e de ronda, redigidas em termos vagos , sem
menção de testemunhas e das palavras injuriosas attribuidas ao Dr. ex - Chefe
de Policia ; e , além disto , eivadas de suspeição de pessoas offendidas e discor
dantes uma da outra, e do protesto da officialidade, de 23 de Novembro ultimo.
1
- 7 -
Nessa occasião ficaram feridos Bruno Benedicto dos Santos , com dous feri
mentos de arma de fogo, na região femural direita e inguinal esquerda, con
siderados graves pelo exame de sanidade , quando passava pela Rua do Commercio,
em frente á dita Travessa ; e levemente o Cadete Victor de Andrade e os Solda
1 dos Miquelino de Oliveira e Felix Alexandrino Dantas, todos do 17.º Batalhão
de Infanteria, nos quaes se fizeram os respectivos autos de corpo de delicto .
Finalmente, depois da attitude energica das autoridades, ás 10 horas da
noite, cessou o conflicto e restabeleceu - se o socego publico.
Consta que Antonio Toledo Pisa e Almeida, fazendeiro em Capivary , recebeu
um ferimento de bala no hombro esquerdo, quando atravessava a Rua do Thesouro.
Tendo- se retirado desta capital o dito cidadão, ordenei ao Delegado de Policia
daquelle termo que procedesse a auto de corpo de delicto e de perguntas, em presença
do Dr. Promotor Publico ; porém essas diligencias não se effectuaram , por ter Pisa
e Almeida deixado de acudir as duas intimações que lhe foram feitas para esse fim .
Sobre a offensa physica que elle soffren, jurou a testemunha Coronel Com
mandante do Corpo Policial , ter visto Pisa e Almeida desfechar sobre a senti
nella do Thesouro um tiro de revolver , que lhe atravessou o bonet, e a mesma
sentinella repellir a aggressão com outro tiro, derrubando por terra o offensor .
Fez - se o auto de corpo de delicto no arrombamento da vidraça da loja de
Lebre, Irmão & Souza, na Rua da Imperatriz n . 1 , verificando-se ter sido com
pletamente quebrada por forte pancada no centro da taboa.
DIVISÃO POLICIAL
AUTORIDADES POLICIAES
Muito bons serviços prestam á causa publica os cidadãos que, com sacrificio
de seus commodos e socego , e até de seus interesses, desempenham os cargos
policiaes , cujo exercicio cada vez mais se torna penoso na actual quadra ,
em que os embaraços avultam , como é notorio .
E ' uma medida de toda a justiça e equidade essa pequena gratificação que ,
liás, não compensa o penoso trabalho da Policia.
FORÇA PUBLICA
nento das praças destacadas e remessa de força para diligencia. Nem sempre
isso attendel-as , por falta de força disponivel , dando- se o caso de sómente haver
n numero indispensavel para as guardas do quartel , cadeia e mais serviços
sta Capital.
2
1
- 10
Algumas autoridades policines chegam até a pedir demissão , por não poderem
dispôr de força sufficiente para manutenção da ordem e segurança individual e
de propriedade, e para prisões de criminosos, que ousam apparecer nas povoações .
Conviria estabalecer destacamentos volantes e itinerantes , que percorressem
os districtos policiaes mais remotos , para prevenir delictos e capturar criminosos .
POLICIAMENTO DA CAPITAL
COMPANHIA DE URBANOS
SECÇÃO DE BOMBEIROS
Trato de obter mais uma bomba a vapor , dos fabricantes Merrisweather &
Sons , do mais aperfeiçoado typo « Greenwich », pela quantia de 8 : 000 $ 000 de
réis , conforme a autorisação de V. Exc . , em officio de 28 de Novembro do anno
findo .
PRISÕES PUBLICAS
i
12
CADEA DA CAPITAL
Logo que assumi o exercicio , foi meu primeiro cuidado visitar este Esta
belecimento, e muito contristou -me o deploravel estado em que o encontrei.
A cadea da capital contrasta com a civilisação da Provincia e merece a mais
séria attenção dos poderes provinciaes.
Ainda offerece o mesmo aspecto repugnante descripto pelos meus anteces
soles . E ' um antro de corrupção, um fóco de miasmas e uma sentina do vicio .
Torna -se iinpossivel obter a expiação do crime e a regeneração do delinquente ein
tal prisão .
Com tal vencimento não se pode encontrar pessoa idonea , sendo por isso
que o logar é ora exercido por um guarda urbano, que percebe o soldo e aquelle
ordenado.
CADÈAS DA PROVINCIA
CADEA DO APIAHY
A casa que serve de cadĉa nesta villa é má , tanto para a saude , como para
a commodidade dos presos .
Acha -se em construção um edificio para esse fim , mas muito atrasada , por
falta de consignação de verba nos orçamentos .
CADÊA DE ARAS
CADÊA DE ARARAQUARA
CADÊA DE BATATAES
Serve de cadêa nesta villa uma casa particular, que não offerece a indis
pensavel segurança
CADÊA DE BOTUCATÚ
Não é de modo algum satisfactorio o estado da actual cadêa . Acha- se, porém ,
uma outra em construcção .
CADÊA DE BRAGANÇA
CADÊA DE CACONDE
CADÊA DE CUNHA
A cadêa desta cidade, comquanto tivesse , não ha muito tempo , obtido alguns
melhoramentos, precisa presentemente de varios concertos , com especialidade no
telhado .
14
Serve de cadêa nesta cidade uma casa particular, sem as precisas accomoda
ções , sem segurança , e pessimamente construida .
1
Nella existem apenas duas prisões , de dez palmos cada uma .
CADEA DA FAXINA
E' pessimo o estado da cadêa desta cidade , onde só ha uma prisão , pouco
espaçosa, em que se agglomeram , ás vezes , dez e mais presos .
9
CADÊA DE GUARATINGUETÁ
CADÊA DE ITAPETININGA
A cadêa desta cidade não tem uma só prisão que offereça segurança .
CADÊA DE JACAREHY
CADÊA DE JUNDIAHY
CADÊA DE LENÇÓES
E ' pessimo o estado da cadêa desta yilla . Nada, ou quasi nada, alli póde
ser aproveitado .
CADÊA DA LIMEIRA
CADÊA DE LORENA
CADÊA DE PIRASSUNUNGA
accomida
O estado da cadea é bom ; é um edificio novo e seguro .
CADÊA DE PIRACICABA
CADÊA DE PARAHYBUNA
CADÊA DE PARANAPANEMA
t
Existe nesta villa uma cadêa com boas accommodações , em lugar salubre e
que offerece todas as garantias .
CADÊA DA PIEDADE
A cadêa desta villa tem bons commodos, alguns dos quaes estão servindo
para os trabalhos do fôro e da Camara Municipal .
Os xadrezes estão em condições satisfactorias.
Está , porém , em construcção , para esse fim , magnifico predio, que corres
ponde ao adiantamento e progresso do lugar .
O respectivo Delegado de Policia pede , para que as obras não sejam sus
pensas , o valioso apoio do Governo , fazendo que sejam votadas pelo Poder Le
gislativo Provincial as quotas necessarias para a conclusão do edificio.
1
16
CADÊA DE SILVEIRAS
CADÊA DE SOROCABA
CADA DE S. LUIZ
A cadêa desta villa está bem conservada E ' todavia pequena, necessitando
de augmento para comportar os criminosos que nella são recolhidos.
CADÊA DO TIETÉ
Bom o estado da cadea .
17
CADÊA DE TAUBATÈ
mente augmentada .
CADÊA DE TATUHY
weeree
E ' bom o estado da cadêa desta cidade . Alguns reparos de que necessita
vão ser brevemente feitos.
CADÊA DE UNA
CADÊA DE UBATUBA
FACTOS NOTAVEIS
to.
ARARAQUARA
BANANAL
BRAZ
CAPITAL
Logo que o Delegado teve sciencia do facto, dirigiu -se, com algumas praças ,
ao referido Restaurant, e , ao chegarem á porta do mesmo , foram recebidos por
dois tiros , desfechados por Malito, ficando dois soldados levemente feridos.
Nessa occasião as praças procuraram realisar a prisão do aggressor , travan
do - se então um serio conflicto entre Malito e outros individuos que se achavam
na casa, e que a todo o transe , procuravam evitar a prisão do mesmo Malito .
Do conflicto resultaram diversos ferimentos leves nas praças, no aggressor e
em outros , sendo afinal preso Malito .
A respeito procedeu -se a rigoroso inquerito, que foi remettido ao Juiz com
petente.
Em dias do mez de Novembro, por questões particulares, depois de alter
cação entre Joaquim Bento da Cunha e Joaquim Rodrigues, ambos empregados
na fazenda « Cascatar , de Raphael Luiz Pereira da Silva , chegaram a vias de
facto , resultando Joaquim Bento matar a Joaquim Rodrigues com 11 facadas.
19
ITATIBA
Fez -se corpo de delicto no offendido, e o inquerito policial, que foi remet
tido á autoridade competente .
PENHA DE FRANÇA
flicto, resultando receber o ferimento, do qual veio a fallecer dois dias depois,
nesta capital , para onde fora transportado.
O criminoso, sendo perseguido pelo clamor publico, foi preso no recinto da
igreja do Rosario, da mesma freguezia, onde procurou refugiar-se.
PIRACICABA
RIO CLARO
SANTOS
Policial Permanente , Eduardo Antonio Rosa , por João Baptista de Camargo , que
1
22
CRIMES
Homicidios 35
Infanticidios 2
Ferimentos e offensas physicas 48
Fugas de presos 10
Tentativa de fuga de preso 1
Defloramentos 4
Tentativa de defloramento 1
Roubos 4
Furtos 28
Arrombamento 1
Estellionato . 1
Resistencias 2
Ameaça 1
Total 138
SUICIDIOS
Homens
Mulheres 2
Nacionaes 6
Estrangeiros 4
Total 20
As causas foram :
Alienação mental 6
Desgostos domesticos 2
Desarranjos de negocios
Ignoradas 7
20
Total .
Propinação de veneno 1
Arma branca 6
Armas de fogo 3
Total . . 20
TENTATIVAS DE SUICIDIO
Meio empregado :
Arma branca . 2
DESASTRES
Total 18
CAPTURAS
Bigamia 1
Total 165
!
24
FUGA DE PRESOS
ITAPETININGA
O criminoso realisou a fuga por um pequeno rombo que fez por baixo do
peitoril do uma janella dos fundos da cadea, onde não havia sentinella.
LENÇÓES
QUELUZ
INCENDIOS
JABOTICABAL
SANTOS
CUNHA
Deu-se nesta villa o incendio de uma pequena casa de palha , habitada por
uma pobre velha , sendo origem do mesmo a torcida acesa de uma candêa casu
almente condusida por um rato .
Não houve morte alguma , ficando porém a casa redusida a cinzas , com o pre
juizo de alguns mantimentos e roupas que nellas se achayam .
POLICIA DO PORTO
SANTOS
Entraram 2.380
Sahiram 3.781
Total 1.448
Total 3.035
!
--
26
Estrangeiros 2.973
Total 3.092
Total . 2.611
MOVIMENTO DE EMBARCAÇÕES
Total 630
Sahiram :
Brazileiras 259
Estrangeiras 375
Total . 624
SECRETARIA DA POLICIA
Total 15.187
0 Chefe de Policia,
1
RELATORIO
DA
APRESENTADO
EM 20 DE NOVEMBRO DE 1888
PELO
DIRECTOR GERAL
Directoria e Pessoal . 3
Secretaria 7
Estradas 7
Obras d'arte 8
Cadeias
Matrizes, Hospitaes e Cemiterios
Diversas obras
Obras em andamento 8
Obras do anterior relatorio . IO
Hospicio de Alienados . 10
Alojamento de immigrantes. II
Demonstração e quadro das despezas . 14
Quadro dos serviços de 1886 e 1887 22
Commissões de obras . 25
Thesouraria de Fazenda . 26
Resumo de despezas. 26
Proposta 26
Conclusão 26
Distribuição de verbas 27
MAQE
666
1
Directoria Geral das Obras Publicas, S. Paulo, 20 de Novembro
de 1888.
DIRECTORIA E PESSOAL
Differentes vezes tem sido lembrado este alvitre , o qual julgo acertadissimo
e muito conveniente ao publico serviço .
SECRETARIA
ESTRADAS
CONCLUIDAS
Estradas do Quiririm , S. Pedro a Brotas , S. Roque á Estação do mesmo
nome , Silveiras a Cachoeira , Guaratinguetá ás divisas de Lorena, Tres Barras
---
- 8
DIVERSAS OBRAS
Obras de Arte : Construcção das pontes sobre o rio Parahyba, nas cidades
de Pindamonhangaba e Queluz ; reconstrucção da ponte sobre o mesmo rio ,
em Guaratinguetá ; concertos das estabelecidas sobre os rios Camandocaia. Tieté,
Apiahy, Maximo, Itagaçaba , Quiririm , Capivary, Una, Embahú, Pirajussara, Pi
raporinha e Cubatão, nas diversas estradas a que se refere a respectiva relação ;
reconstrucção dos pontilhões dos rios Tieté e Cabreuva ; conservação da ponte
do rio Perituba e concertos no morro do Pantano, na estrada de Bragança.
Completa a presente exposição o serviço de passagens de balsas, canalisação
do Ribeirão da Moenda na Villa de Santa Izabel ; e bem assim a organisação
do projecto e orçamento para a construcção da ponte da Villa da Bocaina .
Cadêas e Casas de Camaras : Nos limites das yerbas autorisadas acham - se
em andamento as obras iniciadas nas cadeas e casas de Camaras de Jacarahy,
Itú , Itapetininga, Campinas, Tijueo Preto , Ribeirão Preto , Limeira, Queluz, Santa
Cruz do Rio Pardo, S. Pedro do Turvo, Patrocinio de Santa Izabel, Apiahy,
Tatuhy, Cajurú, Paranapanema, Barretos, Rio Verde , Caconde , Atibaia, Amparo ,
Itapecirica , Araraquara , Faxina e Dous Corregos ; assim tambem as obras com
plementares na Penitenciaria da Capital.
HOSPICIO DE ALIENADOS
83 : 626 $ 672
Resta ainda a importancia de 16 : 373 $ 328 , que será empregada nas obras
em andamento , sendo provavel que ainda haja um saldo . Convindo terminar
o fecho da área do Hospicio por meio de um novo raio , para o inicio dos tra
balhos poderia ser applicado o referido saldo e os meios que fossem facultados
pela Assembléa Legislativa Provincial, devendo , neste caso , ser de 50 :000 $ 000
a autorisação .
Os trabalhos têm sido executados por administração, e desde o principio
foram fiscalisados pelo Engenheiro Bianchi , e somente de Julho do anno indo ,
em diante , pelo Engenheiro Desenhista Carlos Daniel Ratb .
Alojamento de Immigrantes
t cipio aqui lhe é dispensado, reanimar- lhe-ha as esperanças e lhe prenunciará a beni
7tas Commen
gnidade do agasalho e os reaes proventos que lhe aguarda o seu estabelecimento
nesta Provincia .
5 de queria
A corrente immigratoria cresce e a yoluma- se , mas a sua perenne vasão
time de fra para a lavoura permittirá ao alojamento recebel.a e bem encaminhal-a, em todos
para a eu os tempos, si medidas opportunas forem decretadas para evitar o accumulo de
ntas, como mais de 4000 immigrantes , numero que , em casos excepcionaes, poderá com
portar o alojamento .
A quantia de 475 : 602 $ 574 , a que monta a despeza com a construcção do alo
jamento é , portanto , justificavel, e tão justificavel , que só merecem encomios os
actos de 27 de Maio de 1886 e 19 de Abril de 1887 que a autorisaram , visto
dostem proseguito demonstrarem a previdencia e tino com que se tem portado a Administração
ndo apenascomplement Publica da Provincia de São Paulo no serviço de immigração .
12
Casa principal
Refeitorio
1.º Alvenaria de pedra com cimento accrescimo, 63.42m . a 24 $ 500 . 1 : 553 $ 790
2. ° Alvenaria de pedra com argamassa de cal 14.23m . a 21 $ 100 . 298 $ 830
3. ° Alvenaria de tijolos 174.59 a 21 $ 000 3 : 666 $ 390
4. ° Preparar a metade da dispensa para quartos de empregados
da Alfandega, leyantar o muro divisorio de tijolos, rebo
car dos dois lados , abrir 1 vão, fornecer e assentar uma
porta , etc. 576 $400
5.0 Fornecer e assentar 12 venezianas . 120 $ 000
13
Enfermaria
Armazem de bagagem
Lavanderia
81 : 073 $ 786
As segundas constam de : Encanamento de agua e gaz e respe
ctivas obras 14 : 330 $ 630
Guarnição de parafusos 48.5000
ESTRADAS
PONTES E BALSAS
CADÊ AS
MATRIZES E CEMITERIOS
DIVERSAS OBRAS
1. ° ESTRADAS
53 : 928 $ 140
2. ° PONTES E BALSAS
5. ° DIVERSAS OBRAS
THESOURARIA DE FAZENDA
Da somma acima já foi paga a importancia de 200 : 023 $ 171 , que é repre
sentada por serviços concluidos e outros em regular andamento .
Das obras procedentes dos exercicios de 1886 e 1887 , e agora inteiramente
terminadas , tem -se verificado pagamentos na importancia de 243:459 $ 366.
PROPOSTA
CONCLUSÃO
meu
Ao terminar o presente Relatorio , me é grato manifestar a V. Exc . o
reconhecimento pela confiança e attenções que digna- se dispensar-me no exer
cicio do cargo que occupo, esperando da reconhecida benevolencia de V. Exc .
que serão relevadas as lacunas existentes nesta exposição .
Illm . e Exm . Snr. Dr. Pedro Vicente de Azevedo . Muito Digno Presidente
da Provincia .
1. ° ESTRADAS
63:650 $ 000
34 : 100 $ 250
3.° CADÊAS
91 :6969000
- 28
RECAPITULAÇÃO
Estradas 63 :6505000
Pontes e Pontilhões 34 : 100 $ 250
Cadêas . 91 : 6969000
VERBAS ESPECIAES
fifa
Para concertos de estradas, pontes , pontilhões e reparos dos edi
ficios publicos
Para o serviço de passagens em balsas
PENITENCIARIA
1
1
Ilm . Exm . Senhor.
Cubiculos
despeza com esta reforma não é grande, attendendo - se á pequenez dos cubicu
los , os quaes medem apenas 1 metro 20 de largura sobre 2 metros 35 de
fundo .
Galerias
Officinas
Serviço da limpeza
Além do vexame que soffrem os presos quando são encontrados n'este ser
viço , a exhalação má é excessiva e prejudicial á hygiene . A isto accresce mais
que o despejo é feito em bacias do antigo systema , collocadas ao lado dos
quartos de dormir dos carcereiros.
Construida a nova Cadêa , servirá a actual para outros fins, e , entre estes,
para a detenção dos morpheticos e loucos condemnados á prisão com trabalho.
Outro inconveniente que devera ser removido quanto antes , si não fôra
urgente construir -se nova Cadea , medida que V. Exc . certamente levará a effeito,
não só pelas razões expostas, como porque é intuitiva a inconveniencia de estar
a Cadéa dentro da area da Penitenciaria e servida pelo mesmo portão exterior,
sendo que o regimen d'esta repelle com o d'aquella, é serem as mulheres
sas correccionalmente, preventivamente ou condemnadas por infracção de termo
de bem viver , detidas na prisão da Penitenciaria , onde cumprein pena as defi
nitivamente condemnadas, e isto por não haver na Cadêa prisão apropriada.
Além de perturbar este facto a regularidade das medidas prescriptas pelos
Regulamentos da Penitenciaria , pesa em minha consciencia de jurista essa es.
pecie de connivencia com um carcereiro na practica de um acto que não re
puto legal, qual é o de recolher, a pelillo de um empregado da Cadêa, de
condição inferior e de quem não se pode exigir conhecimento das leis crimi
naes ou processuaes, á prisão da Penitenciaria , mulheres vagabundas, não cou
demnadas, e algumas vezes enviadas pelos subdelegados de policia, sem ordem
escripta da autoridade judiciaria, quando só devo receber presos acompanhados,
não de portarias , mas de officios dos juizes de direito, com as copias das res
pectivas sentenças para os lançamentos exigidos por lei . Si assim procedo, é
obedecendo á pratica preestabelecida, para não embaraçar o serviço publico e
attendendo á falta de prisão para mulheres na Cadêa .
E ' de toda a conveniencia, porém , para o serviço publico, para execução
do regimen penitenciario, para moralidade da Penitenciaria e sua segurança,
que V. Exc . a livre da Cadêa .
Despensa
Carcereiros e guardas
porcional deve ser feito em relação ao ajudante do enfermeiro, pois que , como
este, não tem um só dia de descanso .
Amanuense
O Director da Penitenciaria ,
Aquilino do Amaral.
CONTRACTOS
!
IMMIGRAÇÃO
1.a
2.a
3.a
4.2
à
5 .
6.a
7.8
9.
11.a
12 .
O fiscal, além das obrigações estipuladas nas clausulas 4.2 e 5.4 , será obri
gado a comparecer diariamente no Alojamento para os serviços constantes das
condições 7. , 9. , 10.a e 11.a.
2
- 6
13 .
14 .&
a
15 .
II
Aos dois dias do mez de Março do anno de mil oito centos oitenta e oito,
no Palacio do Governo da Provincia, presentes o Excellentissimo Senhor Doutor
Francisco de Paula Rodrigues Alves , Presidente da Provincia , Doutor Martinho
da Silva Prado Junior, Conde do Parnahyba, Doutores Nicoláu de Souza Queiroz,
Raphael Aguiar Paes de Barros , Rodrigo Lobato Marcondes Machado e Bene
dicto Augusto Vieira Barbosa, membros da Directoria da Sociedade Promotora
de Immigração, ficou assentado o seguinte contracto :
1.°
3. °
4. °
5. °
6. °
7. °
9.°
10.0
11 .
1.a
2.a
5.8
&
8.
O pagamento dos titulos (Bonds) sorteados , terá lugar ao mesmo tempo que
se fizer o pagamento dos coupons do semestre a vencer -se depois do sorteio , isto
é , no dia primeiro de outubro de cada anno, e daquella data cessará o juro so
bre os titulos (Bonds) sorteados .
10.a
12.a
13 .
II
Visto que pelo artigo terceiro da Lei Provincial numero cincoenta e cinco
de vinte o dous de março do corrente anno ( que está transcripta no annexo
numero dous) o Governo Provincial foi autorisado a levantar dentro ou fora do
Inperio até a quantia de sete mil contos de réis de moeda brazileira, equivalen
tes a setecentas e oitenta e sete mil e quinhentas libras esterlinas , ao cambio
de vinte e sete dinheiros por um mil réis ;
Visto que o Governo Provincial, de accordo com a dita Lei, negociou com
os referidos Banqueiros para levantar a quantia de setecentas e oitenta e sete
mil e quinhentas libras esterlinas, mas condições estipuladas neste instrumento ;
Visto que ambas as partes desejam que as principaes condições do dito
emprestimo fiquem exaradas no Termo de obrigação geral desta data, cuja copia
vai transcripta no annexo numero tres , e que o emprestimo seja ulterior
mente representado por titulos definitivos ao portador , da somma total nominal
de setecentas e oitenta e sete mil e quinhentas libras esterlinas .
--
13
2.a
4 .
5.a
que julgarem convenientes . Correrão por conta delles todas as despezas das
emissões, incluindo o sello inglez. O Governo Provincial concorrerá com os Ban
queiros em taes emissões , si elles o desejarem .
6.8
o Gover .
Os Banqueiros serão os agentes para o serviço do emprestimo e
l
no Provincia lhes pagará uma commissão de um por cento sobre a quantia dos
juros que se fòrem pagando dos titulos definitivos e tambem um por cento so
bre as quantias applicadas annualmente á amortização dos titulos definitivos e
serão reembolsados pelo Governo Provincial de quaesquer despezas que fizerem
com annuncios , telegrammas, viagens , Tabellião ou outras que tiverem relação
com o serviço e resgate do emprestimo.
7.8
8.a
+3 63+
CORREIO
QUADRO demonstrativo da correspondencia official e postal
, sem registro, expedida e recebida pela Administração
do Correio da Provincia de São Paulo de 1.º de Janeiro a 31 de Outubro de 1888 .
EXPEDIDA R E C E B I DA
TOTAL TOTAL
Destino Destino
OFFICIAL POSTAL dos OFFICIAL POSTAL dos
da Correspondencia da Correspondencia
objectos Portes objectos
Portes Objectos Portes Objectos Portes Objectos
Objectos
Interior da Provincia . 23.832 115.360 10.389 24.109 34.221 Interior da Provincia 21.423 67.306 8.278 19.820 29.701
13.323 42.600 4.043 10.626 17.366 Interior do Imperio 10.367 46.256 1.581 5.071 11.948
Interior do Imperio
Total .. 37.155 157.960 14.432 34.735 51 587 Total 31.790 113.562 9.859 24.891 41.649
O Contador
o Contador
31 de Outubro de 1888 .
E X P E D I DA RECEBIDA
TOTAL TOTAL
Destino Destino
dos Sem valor Com valor dos
Sem valor Com valor
VALOR da Correspondencia VALOR
da Correspondencia objectos
Portes objectos Portes Objectos Portes
Portes Objectos Objectos
Objectos
8.805 Interior da Provincia 8.152 51.487 1.619 8.743 62 : 931 $ 555 9.771
Interior da Provincia . 5.373 61.118 3.432 9.429 436 :526 $ 250
4.072 12.708 596 :403 $ 399 15.298 Total... 13.166 90.127 2.284 23.911 461 : 113 $ 819 15.450
Total . 11.226 109.936
0 Contador
0
QUADRO demonstrativo da correspondencia particular registrada com e sem valor expedida e
a 31 de Outubro de 1888 .
E X PED I DA
TOTAL R E C E B I DA
Destino TOTAL
Destino
Sem valor Com valor dos Sem valor Com valor dos
da Correspondencia VALOR da Correspondencia VALOR
Objectos Portes Portes objectos
Objectos Portes Portes objectos
Objectos Objectos
Interior da Provincia . 45.217 142.508 8.860 11.807 205 : 607 $ 490 54.077 Interior da Provincia 45.644 95.985 15.901 25.366 366 : 103 $ 275 61.545
Interior do Imperio 52.538 142.640 8.912 13.913 238 : 080 $ 985 61.450 Interior do Imperio 45.317 178.423 5.930 9.916 136 : 8289082 51 247
Total .. 97.755 285.148 17.772 25.720 443 :688 $ 475 115.527 Total . 90.961 274.408 21.831 35.282 502 : 931 $ 357 112.792
O Contador
RECEITA
Producto da venda de sellos 106 : 505 $ 220 268 : 697 $ 180 375 : 202 $ 400
De 1.º de Janeiro a 31 de Dezembro de 1887 132 : 604 $ 900 332 : 911 $ 052 465 :515 $ 952
DES P E ZA
128 : 151$ 049 167 : 962 $ 559 296 : 113 $ 608 121 : 104 $ 730
De 1.0 de Janeiro a 31 de Dezembro de 1887 140 :490 $ 044 201 : 724 $ 103 342 : 214 $ 147 123 : 301 $ 805
0 Contador
Sellos entrados
Sellos Sellos vendidos Sellos sabidos Existencia
de 1.º de Janeiro
ME ZES TOTAL M E ZES na para em 31 de Outubro TOTAL
existentes a 30 de Outubro
1888 Administração as Agencias de 1888
Sellos existentes em 1.º de Janeiro de 1888 ... 34 : 707 $ 420 34 : 707 $ 420 Janeiro de 1888 10 : 753 $ 820 28 : 149 $ 900 38 : 903 $ 720
Sellos recebidos em Janeiro de 1888 ... 40 : 030 $ 000 40 : 030 $ 000 Fevereiro » 9 :876 $ 800 28 : 861 $ 900 38 : 738 $ 700
► Fevereiro >> 37 : 005 $ 000 37 :005 $ 000 Março 11 :000 $ 130 28 : 053 $ 200 39 : 0539330
>> » Março 36 : 000 $ 000 36 : 000 $ 000 Abril 9 : 580 $ 920 30 : 161 $ 280 39 : 742 $ 200
Abril 50 : 380 $ 000 50 : 380 $ 000 Maio >> 10 : 126 $ 900 30 : 426 $ 900 40 : 553 $ 800
>> >> Maio >> 38 :560 $ 000 38 :560 $ 000 Junho 10 : 418 $ 600 28 : 604 $ 400 39 : 023 $ 000
>> Junho 37 :060 $ 000 37 : 060 $ 000 Julho 12 : 432 $ 050 29 : 912 $ 100 42 : 344 $ 150
Julho 40 : 720 $ 000 40 :720 $ 000 Agosto >> 10 : 295 $ 150 31 : 268 $ 100 41 :563 $ 250
>> >> Agosto >> 40 : 720 $ 000 40 : 720 $ 000 Setembro » 10 : 677 $ 550 33 : 585 $ 550 44 : 263 $ 100
>> » Setembro 40 : 960 $ 000 40 : 9609000 Outubro » >> 11 : 343 $ 300 33 : 626 $ 400 44 : 969$ 700
Outubro >> 49 : 300 $ 000 49 : 300 $ 000 Existencia em sellos em 31 de Outubro 36 : 287 $ 470 36 : 287 $ 470
34 : 707 $ 420 410 : 735 $ 000 445 : 442 $ 420 106 :505 $ 220 302 :649$ 730 36 : 287 $ 470 445 :442 $ 420
O Contador
1
Relação dos vales postaes pagos pela Administração do Correio de São Paulo ,
nos mezes de Janeiro a Outubro de 1888 .
65 : 973 $ 560
O Contador
DA
DA
calcular proximamente a marcha média das futuras operações. Entretanto é facil de prever
que a área annualmente coberta possa ser ainda bastante augmentada.
Na campanha ha pouco finda, os trabalhos abrangeram uma área de pouco menos
de um gráo quadrado , e foram levantadas plantas de cerca de 3.067 kilometros de viação
publica pelo processo dos caminhamentos, além de 319 kilometros nos rios Tieté e Soro
caba . Na zona exterior a dos estudos definitivos, os reconhecimentos de caracter geologico
proporcionaram meios de se percorrer no valle superior do Paranapanema 748 kilometros,
de que tambem se levantou planta.
Parecendo de utilidade ir fornecendo desde já á Administração Provincial e ao publico
em geral , os resultados mais salientes dos trabalhos geographicos, achei conveniente annexar
aos relatorios annuaes uma planta com o caracter de esboço , e em escala reduzida, da área
explorada na campanha anterior.
Comquanto nestas cartas , que têm necessariamente de ser preparadas rapidamente, se
possam apenas figurar os rios principaes e os mais importantes centros de população , pare
ce- me que não serão destituidas de interesse e utilidade. A primeira carta ou planta desta
serie, annexa sob o n.o 2, representa a área levantada nesta e na anterior campanha.
A turma geologica , além dos trabalhos propriamente de topographia, de que tambem
se encarregou, tem -se occupado com o estudo das rochas e mineraes, que offerecem inte
resse economico e das relações mutuas e estructura intima das diversas formações geolo
gicas , que entram no territorio da Provincia. Nos dous relatorios junto encontram -se, ao
par de informações sobre a topographia, estructura geologica e aspecto agricola das regiões
percorridas, noticias sobre os calcareos tão largamente explorados para o fabrico de cal
e sobre minas de ouro , depositos de minereo de ferro, manganez e kaolin . A continuação
destes estudos promette fornecer valiosa copia de informações uteis , que servirão de base
para futura exploração industrial destas substancias. Com o mesmo intuito economico , foram
iniciadas observações sobre a força motriz aproveitavel para a industria dos diversos cursos
d'agua examinados pela Commissão. Acham -se em preparação minuciosos relatorios espe
ciaes sobre estes diversos assumptos.
Nos estudos propriamente geologicos, a verificação da existencia de uma formação
Deroniana , até agora desconhecida na Provincia ; a da natureza eruptiva dos depositos de
magnetita do Ypanema e do Jacupiranguinha e das rochas amphibolicas ao longo da
Estrada de Ferro Ingleza e o começo de uma classificação scientifica da extensa e variada
serie de granitos, são resultados de grande alcance scientifico , que hão de ser da maior
utilidade pratica nos futuros estudos sobre a geologia da provincia, por dar a chave para
a solução de alguns dos seus mais difficeis problemas.
As conclusões a que conduzem os estudos sobre as jazidas de magnetita são novas
para a sciencia ; as sobre as rochas amphibolicas combinanı perfeitamente com as ultima
mente feitas ou annunciadas pela Commissão da Gran Bretanha, como resultado de longos
estudos no norte da Escossia .
Os trabalhos das secções botanica e meteorologica têm continuado com bastante
regularidade. O hervario da Commissão, composto quasi exclusivamente de plantas dos
campos, já contém para mais de 1.255 especies , das quaes 743 foram colhidas na presente
campanha. A mór parte deste hervario já se acha convenientemente classificada com estu
dos especiaes sobre diversas plantas, que ou já são conhecidas como de utilidade economica ,
ou promettem sel - o . Na secção meteorologica têm continuado as observações na estação
mantida na capital pela Commissão, e nas duas estabelecidas por iniciativa particular nas
cidades de Tatuhy e Itapetininga. Durante o anno foram estabelecidas nas mesmas con
dições mais as seguintes estações : em Rio Claro , S. Carlos, Araraquara, Bragança, as quaes
já começaram a funccionar.
Em conclusão, cabe -me o grato dever de louvar o zelo e applicação com que todos
os membros da Commissão corresponderam á confiança nelles depositada, fazendo o seu
dever.
Deus Guarde a V. Exc .
Illm . e Exm . Snr. Dr. Pedro Vicente de Azevedo , M. D. Presidente da Provincia de
S. Paulo .
Orville A. Derby.
-
Him . Snr.
ção dos pontos proeminentes que nella ha e que tinham de ser utilisados pela triangulação,
emfim , um mais perfeito conhecimento do territorio em que se tinha de operar e a que se
alliava maior facilidade de communicações, e ainda um plano de operações judiciosamente
combinado, concorreram para imprimir aos trabalhos da ultima campanha um maior im
pulso , dando -lhes duplicada extensão .
O estudo da geographia de uma região , no terreno, tem de estar adstricto a estas
condições peculiares do solo , e a varias circumstancias eventuaes . Num territorio aberto ,
onde os valles alargam -se cingidos por montanhas á distancia e onde predominam vastas
campinas, como nesta parte do valle do Tieté , o horizonte amplifica -se e as terras altas
assumindo ao longe caracter mais accentuado , erguem -se como verdadeiras balisas sobre a
região que ellas dominam .
cada anno ; faz -se necessario examinar, não as parcellas de cada campanha, mas o total de
todos os annos, o conjuncto do serviço definitivamente effectuado. Assim considerando,
a
a zona dos estudos geographicos com caracter definitivo, isto é , a área sobre que se
têm desenvolvido os trabalhos de triangulação e de topographia , equivale mui proximamente
a 1 1/2 gráo quadrado, ou cerca de 17 mil kilometros quadrados.
Segundo estimativa fundada nos dados geographicos existentes , aliás deficientes, a area
total da Provincia de S. Paulo é de 264.000 kilometros quadrados ou pouco mais de 22
gráos quadrados ; attendendo -se, porém , que cerca de metade deste extenso territorio está
ainda hoje deshabitado e quasi totalmente desconhecido, e que uma exploração geographica
com o systema e methodo adoptados pela Commissão não pode ter applicação egual em
todo elle, mas sim modificado a se o poder adaptar ao estado e condição do territorio
mais desconhecido, é evidente que a ardua tarefa de exploração geographica e geologica
da Provincia ficará reduzida por metade .
Si da fóz do Rio Pardo , affluente do rio Grande, traçarmos uma linha ao Sul até
Lençóes e dahi outra que vá ter á barra do Itararé, no Paranapanema, ( Vide planta n . I )
teremos dividido o territorio da Provincia em duas partes proximamente eguaes, ficando ao
Oriente todo o territorio povoado e ao Occidente o grande sertão de que hoje apenas se
conhecem os contornos assignalados pelo curso dos rios Grande e Paraná e as duas grandes
linhas representadas pelo Tieté e Paranapanema; região extensa , quasi totalmente deshabi
tada e apenas percorrida pelas tribus nomades dos selvicolas . Este vasto territorio repre
sentando mais de 109,000 kilometros quadrados deve , sem duvida, ser estudado por um sys
tema de exploração muito mais rapido e tambem menos dispendioso .
O territorio ao Oriente daquella linha, onde actualmente se reune tudo quanto esta
prospera Provincia pode apresentar como a melhor expressão do progresso nacional na
agricultura, na industria, na densidade da população, tem tambem os seus claros , as suas
grandes extensões desoccupadas e quasi desconhecidas, verdadeiros sertões nas visinhanças
de um mundo de progresso e de actividade,
Grande parte da região adjacente á serra do Cubatão e Paranapiacaba , as terras do
littoral na ribeira de Iguape , os campos do Sul nas raias da provincia do Paraná , si não
são uns verdadeiros desertos, pouco representam na actividade economica da Provincia.
Os estudos geographicos devem , por mais de uma razão , amoldar- se ao estado de
adiantamento e de occupação dos territorios a que elles se destinam , e esta circumstancia
deve ser sempre attendida, visto como os mappas representam despezas e devem corres
ponder a interesses de caracter economico .
Assim considerando, os estudos geographicos até agora effectuados no territorio da
Provincia representam em área proximamente uma oitava parte da zona occupada e activa,
onde estes estudos devem ser em maior escala e com muito maior somma de minucias e
de uteis indicações .
Para os que se não acham familiarisados com trabalhos desta natureza , e lhes desco
nhecem a importancia, difficuldade e somma de esforço e labor que elles exigem , tudo se
resume numa questão de tempo ou na rapidez da marcha do serviço . Ignoram o que é
a exploração de uma região onde nunca se emprehenderam trabalhos semelhantes, onde
tudo ha de ser feito de novo, porque poucas , muito poucas são as contribuições aprovei
taveis no que diz respeito ao conhecimento da geographia da Provincia. Desconhecem o
systema e methodo de trabalho onde a questão de celeridade não deve primar á de qua
lidade e em que nem sempre se póde , por motivos superiores á humana vontade dar toda
a presteza que elles muitas vezes comportam .
Trabalhos desta ordem , destinados a orientar a administração , a suggerir melhora
mentos, a despertar o espirito de emprezas e de progresso , como fontes seguras de infor
mação , devem ser mantidos, custeados , desenvolvidos gradual e successivamente, sem outra
preoccupação que não a do bem , que delles decorre , porque de facto são elles agentes que
fomentam a riqueza commum , guiando os poderes publicos e os publicos interesses .
Passaremos a dar resumida conta da marcha que tiveram os trabalhos a cargo da
Secção Geographica : os trabalhos de triangulação e os de topographia.
Quanto á triangulação, de que especialmente estivemos encarregados, foi iniciada esta
ultima campanha pelas estações mais avançadas da campanha anterior, as estabelecidas no
morro do Botucavarú, perto da villa de Parnahyba e no Pico do Jaraguá a Noroeste desta
-8
capital . Destes pontos fomos a principio marchando para sul , approximando - nos da pital ,
onde conseguimos estabelecer duas estações de triangulação em favoraveis condições, sendo
uma no alto da torre do Jardim Publico, outra no alto da Liberdade, nas visinhanças do
antigo observatorio astronomico da extincta commissão de Longitude, denominando toda a
cidade e os seus arredores ,
Tendo -se adoptado , para maior conveniencia do trabalho , que as cartas geographicas
a publicar correspondessem em superficie a quartos de grao e havendo necessidade de se
preparar algumas dellas em condições de serem apresentadas como specimens deste tra
balho, determinou -se completar os vasios ou claros existentes nas mencionadas cartas,
dando - se assim preferencia a este serviço, sem todavia prejudicar ao da nova zona de ex
ploração .
Todo o territorio ao Norte do Tieté , entre Capivary, Monte - Mór, Indaiatuba, Itaicy e
Cabreuva, representando uma área proximamente de 1300 kilometros quadrados ; parte das
terras, dentre os rios Sorocaba e Tieté no triangulo assignalado pelas cidades de Tatuhy,
Tieté e Porto Feliz , equivalente em área a perto de 360 kilometros quadrados, ou ao todo
1660 kilometros já envolvidos no perimetro dos trabalhos do anno anterior, tinham de ser
agora estudados mais minuciosamente, sendo ainda preciso percorrer -se todo o systema de
viação publica e caminhos particulares, que interessam esta zona da Provincia .
As plantas de todo este territorio ficaram a cargo do engenheiro João Frederico
Washington de Aguiar, cuja aptidão e competencia já o anno passado ficaram provadas
por trabalhos de identica natureza . Durante os primeiros mezes da campanha annual oc
cupou-se este engenheiro exclusivamente com este serviço, na região ao Norte do Tieté,
desenvolvendo o trabalho com a rapidez compativel , percorrendo o territorio em varios
sentidos e levantando- lhe a planta com a devida minuciosidade.
Foram assim percorridos dentro desta zona 845 kilometros de viação publica , de que
se fez planta pelo processo dos Caminhamentos. Passando mais tarde , já no fim da cam
panha , a explorar a porção do territorio supra -referida entre o Tieté e o Sorocaba, foram
2
- 10
Para baixo de Porto Feliz , comquanto o rio continue muito sinuoso e conte algumas
cachoeiras importantes, o leito mais desimpedido, de uma largura de 70 a 80 metros,
sufficientemente profundo, torna possivel uma navegação em épocas favoraveis . Nos tempos
coloniaes foi este trecho do Tieté sempre navegado, servindo o porto de Araritaguaba ( Porto
Feliz ) de ponto inicial da grande navegação interior, que punha em communicação o valle
do Paraguay com os portos da costa oriental no Atlantico ; mas tudo isso finou - se , ha
muito tempo , e de tão grande empreza não resta hoje sinão memoria , alias muito grata.
para a historia paulista,
O curso do Sorocaba , de perto da estação de Bacaetava para baixo , até o rio Tieté,
foi tambem minuciosamente estudado debaixo dos mesmos pontos de vista, levantando-se- lhe
a planta por 146 kilometros, interessando aos municipios de Campo Largo , Tatuhy, Porto
Feliz e Tieté. Por suas pequenas proporções não é este rio susceptivel de navegação , com
quanto apresente trechos perfeitamente desimpedidos e onde as profundidades são favoraveis.
Em circumstancias mais prosperas de densidade de população e desenvolvimento de
negocios, em um futuro que não nos é dado prever, estes rios hão de ter sem duvida
uma applicação qualquer no problema das communicações interiores ; hoje, só com despro
porcionados dispendios se os poderá aproveitar.
Emquanto na zona dos trabalhos da campanha anterior eram estes estudos levados á con
clusão, outra turma, a principio a cargo do engenheiro José Nogueira Jaguaribe e depois
sob a direcção do engenheiro Axel Frick, encarregava- se da exploração do territorio ao
Sul do Tieté e ao Poente da capital, nos municipios de Una , Cotia, Itapecerica e Santo
Amaro, procedendo a estudos que abrangeram uma área de proximamente 900 kilometros
quadrados e tendo principalmente em vista resolver algumas questões de hydrographia,
quanto ás origens dos rios Sorocaba e Cotia , cujas cabeceiras contravertem nos morros do
Cahucaia e Serra de S. Lourenço , em região pouco povoada e conhecida .
A exploração desta parte da provincia apresenta reaes difficuldades pela escassez da
população, pela falta de caminhos, dos quaes o explorador topographo quasi nunca se deve
desviar, por não estar isso na indole e systema dos trabalhos que elle vae effectuando.
Si ao geographo é dado por vezes deixar as estradas para embrenhar-se nas mattas á busca
de um pico proeminente, donde consegue descortinar uma região inteira ao redor de si , o
mesmo não acontece ao topographo, cuja missão é estudar o paiz, cortando -o em varias
direcções ao través do systema de viação publica existente .
O territorio situado em torno da villa de Itapecerica , em um circulo de muitas leguas ,
maximè para os lados de Iguape , offerece por isso difficuldades que só com vagar e com
um systema modificado de trabalho se poderá ir vencendo, em beneficio do melhor conhe.
cimento da região. Dentro deste territorio, que interessa aos municipios da capital, Santo
Amaro, Cotia , Una e Itapecerica, foram percorridos 487 kilometros de viação publica, de
que se levantou planta pelo processo dos caminhamentos.
Na zona propriamente dita dos estudos da ultima campanha, os trabalhos de topo
graphia abrangeram área correspondente á da rede de triangulos, visto como a
11 -
Como os estudos de geologia se estenderam por uma zona muito mais vasta, como
a que representa toda a região superior do valle do Paranapanema, onde o engenheiro Luiz
Felippe Gonzaga de Campos fez largas excursões, os levantamentos topographicos foram
tambem se ampliando simultaneamente com os de geologia , representando já valioso sub
sidio para a geographia desta parte da Provincia . O engenheiro Campos, além dos tra
balhos em que tomou parte na zona dos estudos definitivos, levantou mais 748 kilometros
de viação publica interessando aquella região . Estes trabalhos, considerados como de re
conhecimento, visto a triangulação ainda não abranger esta parte da Provincia, reunidos aos
12
Não vem aqui descabida uma noticia descriptiva, rapida , ainda mesmo antecipada
sobre o caracter geral das terras incluidas na zona dos estudos definitivos ; e dizemos an
tecipada, por dever este assumpto constituir materia de especial publicação, que nem sempre
vem a proposito em relatorio como este , destinado a dar noticia da marcha que vae tendo
o trabalho de anno para anno . Entretanto, julgo de utilidade alguma informação que se
possa ir adiantando e assim fazendo mais salientes os fins e alcance dos estudos que imos
effectuando.
O territorio até agora estudado nas duas campanhas de 1887 e 1888 , cujos limites
deixamos atrás assignalados, é parte do valle do Tieté na sua porção superior e tem o ca
racter das terras altas . A grande chapada sobre que se entende a mór parte do territorio
da Provincia , cuja margem oriental se representa pelo enorme paredão, denominado serra
do Mar, por se achar quasi debruçado sobre as aguas do Atlantico, declinando de Sueste
para Noroeste e imprimindo pelo seu pendor geral ao curso dos rios uma direcção opposta
a do Oceano que lhe fica ao pé, em seu aspecto physico é uma vasta planicie apenas um
tanto mais accidentada e cheia de asperezas exactamente na porção que ora consi
deramos .
Desde a linha de cumiadas, que fórma o beiço do planalto, onde se erguem destaca
das, rompendo a monotonia da linha, as denominadas serras de Paranapiacaba, Cubatão ,
Itanhaen , nomes locaes de uma mesma entidade orographica , cujos pontos culminantes raro
excedem de 1.000 metros, vem o terreno declinando aos poucos até a linha mais funda,
indicada pelo curso do Tieté, que corta o nosso territorio em diagonal e levantando-se de
pois em socalcos para Nordeste até o maciço da Mantiqueira, d'onde dimanam os mais no
taveis affluentes daquelle rio , entre os quaes erguem -se esporões secundarios, como si fo
ram galhos de um mesmo tronco gigantesco .
Duas elevações principaes dominam toda esta região : o Morro do Lopo, no angulo
Nordeste, o mais alto esporão da Mantiqueira, cujas encostas rochosas e escarpadas con
duzem á aresta viva representada pela Pedra do Guarayuva, cotada 1655 metros, e a serra
do Japy, mais no centro, cotada 1212 metros no dorso mais proeminente, com as formas
caracteristicas das montanhas constituidas pelos schistos cristallinos .
Do alto da Pedra do Guarayuva a vista alonga-se por vastissimo horizonte, com es
plendido panorama : embaixo e mais perto os valles fundos do Jaguary e do Atibaia
abrindo-se para Noroeste , os morros graniticos de Itapetinga, Guaripocaba e Itapechinga,
cujos levantados perfis deixam bem accentuados os movimentos do solo ; para o lado do
Sul , ainda por cima das cumiadas da Cantareira (1105) e de Itaberaba e de toda a corda
de morros que forma o seu prolongamento para Nordeste, divulgam-se os morros do Retiro
( 949m ) em Santa Izabel , Itapety, em Mogy das Cruzes, os morros do Pilar e de S. Ber
nardo , e ainda além , aquellas serras que margeam a chapada pelo lado do mar ; para o
Poente a vista estende-se até a Serra do Japy, cujo perfil desenha no horizonte um largo
trapezio , deixando vêr pelo vão existente entre elle a ponta mais avançada da Cantareira ,
a brecha onde passa o Tieté ladeada pelos morros do Jaraguá, Botucavarú, Boturiuna, Sa
boó e Guaxatuba com as formas agudas e caracteristicas ; para o Norte e Nordeste póde-se
attingir mesmo as longinquas serras de Caldas e Araraquara, já fóra do territorio que es.
tamos descrevendo, mas dentro de um raio mais curto , a serra do Pico do outro lado do
Jaguary, o Morro do Barreiro e a serra dos Cocaes , em Itatiba, todas as terras altas de
fórmas maciças e de perfil indistincto dos lados do Amparo, nos revelam um sólo bastante
movimentado e talvez de uma constituição geologica differente .
13
guarê ; o rio da Cotia que desce da serra de S. Lourenço e o S. João que vem da serra
da Vargem Grande ; pela margem direita recebe o Tieté as aguas do Perová ou rio de
Una, do Baquirivú -Guassú que vem do Arujá , e do Guapira- que desce da Cantareira
entre Sant'Anna e a Conceição. Todos estes affluentes, a excepção do rio Grande, tem
menos de 40 kilometros de curso .
O que caracterisa esta parte do valle do Tieté são as grandes vargens : o rio tem
branda declividade e as suas aguas correndo vagarosas através de terras baixas formam
por vezes vastos alagadiços . Desde Mogy das Cruzes, onde o nivel do rio tem a alti
tude de 740 metros até a barra do rio S. João , onde essa cota desce a 707m , o valle
desdobra -se quasi que em uma só e immensa vargem . De facto observando -se o fraco
pendor desta porção do valle, e as terras mais visinhas do curso do rio , parece que se
tem diante um comprido lago de outras eras , ou antes uma série de lagos, cujas bacias se
foram gradualmente aterrando até mostrarem , como em nossos dias, esse aspecto de plani
cies baixas, niveladas , sujeitas ás inundações e cujo solo caracteristicamente negro attesta
ainda agora a sua primitiva origem .
Estas vargens não são retalhadas a meio pelo curso do rio , ficam ordinariamente em
uma ou outra margem , e , segundo parece -nos, devido ao principio de reciprocidade dos
movimentos synchronicos das aguas, se dispõem de modo alternado ao longo do rio , ora á
direita , ora á esquerda, como se vê nas de Agua Branca , Sant'Anna, Tamanduatehy, Gua
pira , Conceição, Baquirivú, S. Miguel e proseguindo até Mogy das Cruzes vão ellas se es
tendendo e ampliando até attingir em alguns logares largura de 3 kilometros e mais. A
vargem de Pinheiros, ao poente da Capital e ao longo do curso do rio Grande , por uma
extensão de cerca de 20 kilometros, é um notavel exemplo destas planicies baixas , nivela
das com uma largura de 2 a 4 kilometros, cujos contornos perfeitamente definidos são for
mados por morros arredondados sobre que se desenvolvem bellissimos campos . A do Ta
manduatehy, de que a vargem do Braz, no perimetro da Capital , é a parte mais larga , pro
longando -se ainda além do Ypiranga e S. Caetano até as proximidades do Pilar, na ex
tensão de 24 kilometros, é outra vasta bacia , que não obstante as innundações a que é su
jeita , vae agora povoando-se e transformando -se sob a influencia da pequena cultura.
vargem do Guapira entre Sant'Anna e a villa da Conceição, com a forma de uma bacia
circular, estendendo -se até as abas da Cantareira, com um diametro de cerca de 3 kilo
metros, é o mais bello specimen destes primitivos lagos soterrados, hoje cobertos pela ve
getação monotona das gramineas que os tem convertido em vastas campinas. A do Ba
quirivú, ao longo do rio deste nome, entre a Cantareira e o rio Tieté , desde as proximi
dades da Conceição até Arujá por mais de 20 kilometros, é uma das mais vastas e por
sua posição e orientação parece estar destinada a ser o caminho natural mais directo da
Capital ao valle do Parahyba.
Com a apparencia de vastos alagadiços que uma vegetação especial quasi sempre
justifica , o solo negro, um tanto frouxo pela presença de certa dose de area e cascalho,
estas vargens, á primeira vista , parecem pouco proprias para a cultura, não obstante as
bellissimas provas que se vêm nos arredores da Capital. Uma cultura pequena, mas in
telligente e multiplicada póde sem duvida fazer prodigios nestas terras baixas que mar
geam o Tieté.
Na segunda secção , para baixo da barra do rio S. João , corre o Tieté através de um
terreno montuoso, por um leito tortuoso e ingreme, onde são frequentes e notaveis os
obstaculos suscitados pelos desnivelamentos subitos, formando saltos e cachoeiras até perto
de Itú, onde o valle se alarga novamente, sem que todavia o leito readquira mais branda .
declividade. Banhando a villa da Parnahyba, o arraial da Pirapora , a villa do Salto e as
cidades de Porto Feliz e Tieté , prosegue o rio sempre muito sinuoso e encachoeirado até a
barra do Sorocaba , onde termina a secção que estamos descrevendo. São mais numerosos
e consideraveis os affluentes que desembocam nesta secção, taes como , pela direita : o rio
Juquiry que desce da serra de Itaberaba ou morro do Gil , com um curso de cerca de 80
kilometros ; o Jundiuvira que desce do morro do Caáguassú, contornando a serra do Japy
na sua vertente do sul ; o Cabreuva cujas aguas banham a villa deste nome, vindo do
esporão mais occidental do Japy ; o Jundiahy que nasce no extremo sul da serra de Ita
petinga, ao poente da villa de Nazareth, corre a principio para noroeste , banha a cidade
do mesmo nome, e em Itaicy, torce bruscamente para sudoeste , recebe as aguas do Pirahy
ou do Pinhal e desemboca na villa do Salto , após um curso de cerca de 114 kilometros ;
o Capivary, cujo curso se equipára ao do Jundiahy, com que corre parallelo, nasce no alto
15 -
espigão intermedio a Itatiba , Campo Largo e Jundiahy, banha Monte -Mór, a cidade de Ca
pivary e vae desembocar no rio Tieté 5 , kil5 acima da barra do rio Sorocaba . Pela mar
gem esquerda desembocam : o ribeirão de Santo André que vem da serra de Itaquy ; o
Cavetá que desce do Boturuna ; o Araçariguama e o S. Roque que dimanam das serras
de Itaquy e Vargem Grande ; o Pirapitinguy, o Itahym , o Caiacátinga, o Avicuya e o
Sorocaba , cujas cabeceiras se apoiam nos morros Cahucaia e Serra de S. Lourenço e se
fórma pela reunião de tres galhos principaes : 0 Sorocabussú, o Sorocá -mirim e O rio de
Una , corre a principio sobre uma chapada por de trás da serra de S. Francisco , que é
por fim cortada a meio pelo rio , dando logar ao notavel salto de Itaparananga e mais
embaixo á pittoresca queda do Voturantim . Dahi corre o rio a norte , banha a cidade do
mesmo nome ; recebendo pequeninos affluentes até que lhe entra pela direita o Piragibú,
oriundo do Pantojo e que já traz as aguas do Varejão. De então em diante segue o rio
com varias inflexões no rumo geral de noroeste . São seus afluentes pela margem esquerda,
l
o Itanguá, Ipanema, o Sarapuhy, o maior dos seus affluentes, que desce da serra ao su
da Piedade e traz as aguas do Pirapora e do Iperó ; mais adiante recebe ainda o Ta
tuly, o Guarapó, o ribeirão da Onça, e outros de menor importancia, indo desembocar
no Tieté, pouco abaixo da barra do Capivary, depois de um curso de mais de 200 ki
lometros .
Da barra do rio S. João á foz do Sorocaba tem O curso do Tieté um desenvolvi
mento de 271 kilometros, sendo a queda total de 263 metros, o que demonstra um leito
fortemente inclinado e por conseguinte impraticavel.
Os rios Faguary e Atibaia , antes da sua juncção para formar o Piracicaba, interes
sam tambem ao territorio que estamos estudando. O Faguary tem um valle estreito e
encaixado, curso a principio de nordeste para sudoeste, até entrar no territorio paulista,
junto do Morro do Lopo, depois tomando direcção de noroeste vae passar a 6 kilometros
ao Norte da cidade de Bragança, cortando um terreno granitico, assas movimentado até
unir-se com o Atibaia .
Este ultimo fórma -se de dous galhos principaes : 0 Cachoeira que passa em Santo
Antonio e o Atibainha que banha a villa de Nazareth, ambos descem das immediações
do Morro Sellado, a Leste do Morro do Lopo , separados por um alto espigão intercur
rente, e se reunem 8 kilonietros acima da cidade de Atibaia e em frente á ponta Norte da
serra de Itapetinga. O Atibaia banha a cidade do mesmo nome, corre para Noroeste,
quasi parallelamente ao Jaguary , passa 3 kilometros ao Norte da cidade de Itatiba e re
cebe a mór parte das aguas da cidade de Campinas , situada no espigão divisor das aguas
entre este rio e o Capivary.
Uma origem identica na formação destes valles secundarios, os faz muito semelhantes
no aspecto . Assim como o Tieté na porção superior se caracterisa pelas grandes vargens,
assim a mór parte dos affluentes mais caudalosos. O Atibaia acima da cidade deste nome,
no tronco principal como ao longo dos dous galhos que o formam , corta uma série de
vargens com o mesmo aspecto das do Tieté. Grande numero dos seus pequenos affluentes
da margem esquerda são tambem abertos em vargens mais ou menos extensas. O Jun
diahy desde Campo Limpo até perto de Itupeva póde-se dizer que corre através de uma
vargem continua. O Sorocaba enquanto se conserva na chapada por detrás da serra de
S. Francisco , nos municipios de Una e Piedade corta tambem uma série de vargens, que
os saltos e cachoeiras apenas interrompem , accusando as subitas mudanças de nivel.
Esta predisposição dos valles de se abrirem em planicies niveladas e alagadiças, torna
ainda mais saliente o contraste entre as terras baixas e as montanhas visinhas, que parecem
assim mais elevadas, mais energicamente perfiladas sobre a linha monotona do nivel das
campinas.
Si deixando esta ordem de idéas relativas á orographia e hydrographia da região ,
passarmos a consideral- a sob outros aspectos attinentes á capacidade agricola do solo , á
distribuição das mattas e dos campos, á população e aos melhoramentos materiaes, em ra
pida digressão pelo territorio a que nos temos referido ; e si marchando do Poente para
Oriente, para depois seguir a norte, tomarmos por ponto inicial a Fabrica de Ferro de S.
João do Ypanema, nas visinhanças da base da triangulação, teremos assim quasi que a par
e passo acompanhado o desenvolvimento dado aos trabalhos da Secção Geographica.
Deixando Ypanema e a estação da via ferrea Sorocabana 128 kilometros da Capital
cotada 548 metros acima do nivel do mar, subindo o curso do ribeirão cujas aguas repre
- 16
sadas servem aos misteres da fabrica de ferro , para seguir á Sorocaba com pequena in
flexão por Campo Largo, marchamos a principio por um terreno horisontal, retalhado por
pequenos corregos , atravessando vastas campinas frequentemente intermeadas de restingas
de um matto baixo e sem viço, em que se traduz a pouca fertilidade natural de um solo
impermeavel de argila vermelha, superposto aos schistos e grês . Até Sorocaba, que se at
tinge após 18 kilometros de um terreno monotono e sem cultura, tendo já deixado atrás a
serra de Araçoyaba coroada de mattas, em cujas encostas se divisam os retalhos dos can
naviaes e das plantações de café, a impressão, que se tem , seria a da esterilidade si as
pequenas culturas por detrás das habitações pobres ao longo das estradas nos não expli
cassem os motivos desta apparente incapacidade do solo . O gado pastando por estas
campinas , parte das quaes são do dominio publico, dá mais vida a esse quadro onde aliás
se contam numerosas situações e muitos moradores.
Sahindo de Sorocaba para o sul ao longo do rio do mesmo nome em direcção á
serra de S. Francisco, deixando ainda á esquerda o salto do Voturantim que até agora
representa grande potencia hydraulica perdida, 4 1/2 kilometros da cidade, atravessamos os
campos do Itapeva , e subindo gradualmente até a velha capella de S. Francisco, na base
da encosta granitica e escarpada, da serra , alcançamos os limites de uma zona de caracter in
teiramente differente. O solo , mudando de natureza , cobre - se de vegetação mais variada e
corpulenta e a lavoura mais desenvolvida deixa ver largos tractos de cultura de canna , al
godão , e legumes por todo terreno montuoso que se avisinha das abas da serra. Para
ganhar a Piedade, pequena villa que progride no fundo do valle apertado do Pirapora,
28 kilometros para o sul de Sorocaba, faz -se preciso atravessar a serra no extremo de sudoeste
galgando a altitude de 730 metros, crusar o valle do Jurupará, affiuente do Pirapora, e se
guindo por uma estrada que voltea por um espigão de morros graniticos onde a matta de
struida se substitue por vasto tapete de samambaia , descer para o valle encaixado do Pirapora
para penetrar no povoado, construido a meia encosta e em terreno accidentado e pouco
favoravel ao seu natural desenvolvimento . Construcções novas, matriz, theatro, camara muni
cipal , duas pontes sobre o rio que corre ao lado, um commercio que se abastece por uma
lavoura mais desenvolvida e em solo mais favoravel, dão um ar de prosperidade a esta
pequena villa acostada ás serras e já nos limites dos sertões que descambam para o valle
de Iguape. Vastas capoeiras cobrem as baixas e os altos morros onde por excepção se
divisam retalhos mesquinhos da matta que se destruio ; a lavoura em ponto pequeno, mas
multiplicada, attesta os bons habitos agricolas da população do municipio .
Da Piedade á villa de Una, que lhe fica 25 kilometros para nordeste, percorre -se um
terreno‘granitico, a principio pela esquerda do rio Pirapora e depois galgando varios es
pigões e outros tantos corregos, affluentes do Sorocaba, desce-se o morro da Boa Vista
para alcançar a villa através da vargem onde corre o rio de Una que dá nome ao
povoado .
Ao longo da estrada ha grande numero de moradores formando bairros, em torno dos
quaes se vê uma pequena lavoura bem tratada, algumas fazendas e situações circumdadas
de pastagens bem desenvolvidas. Entre Una e Piedade o terreno parece ter sido de
longa data muito trabalhado, o solo oriundo da decomposição do granito ou do micaschisto,
que vae se tornando a rocha predominante, parece tambem ter sido bastante productivo,
qualidade acaso minorada hoje por um systema de agricultura que nem sempre é o mais
racional.
Desde Carapicuhyba até Pinheiros, desde o Tieté, que passa pouco distante ao Norte,
até além de Santo Amaro, todo o paiz mostra o mesmo aspecto , alguns raros trechos de
matta no mais alto dos espigões entre os ribeirões do Jaguarê e Pirajuçara e Capella , mo
dificam um tanto esse aspecto sem aliás lhes tirar o caracteristico das regiões calvas e
pouco productivas. Não ha lavoura que avulte, pequenas roças, largas pastagens, abun
dancia de moradores repartidos em bairros ao longo das estradas eis o que se vê neste
trecho de 34 kilometros entre a Cotia e a Capital.
Para o Sul desta zona que acabamos de esboçar abre - se o valle do Rio Grande, como
um vasto deserto interposto aos dous maiores centros de actividade da provincia : S. Paulo
e Santos. Para crusarmos o valle do Rio Grande , tomemos a estrada Vergueiro na di
recção do Sueste : marchamos a principio em terrenos de campo, passamos o Ypiranga e
S. Caetano e deixando á esquerda as vargens alagadiças do Tamanduatehy, entramos em
S. Bernardo, galgamos um espigão de rochas micaceas que a estrada atravessa em cortes
profundos e descemos para o rio Grande, que ahi tem uns 20 metros de largura mais ou
menos, entrando em territorio completamente differente. Não mais campos, porém extensas
e espessas mattas com caça abundante, um solo humido, onde a agua surge por toda a
parte , eis o que vae atravessando a antiga estrada Vergueiro , que já foi um modelo na
viação publica do Brazil. Esta estrada quasi que já não existe , ao menos de S. Bernardo
para Santos: o calçamento desapparece sob o matto que invade e cresce no leito de estrada,
as pontes calidas, os cortes entulhados, os aterros destruidos pela força das enxurradas,
as valletas entupidas, um aniquilamento completo . Depois da Varginha que é a ultima si
tuação que se encontra indo de S. Bernardo, entra-se num deserto ; e si acaso , em tempo
não remoto, ao longo desta estrada que foi a primeira arteria da provincia, existio um com
mercio activo, um trafego que jamais se interrompia, hoje nem ao menos ruinas se en
contram attestando a grandeza que já foi. Só em baixo da serra, já na ponte do Cu
batão , começam a apparecer as primeiras habitações, pondo fim a esse deserto que só o boia
deiro hoje atravessa apressadamente conduzindo o gado para o littoral .
Não haverá acaso razões de ordem politica ou administrativa que justifiquem a re
stauração desta estrada ? Ao poente desta via de communicação quasi destruida abre -se o
valle do rio Grande em largo sertão, onde ainda hoje existem vastas superficies completa
mente desconhecidas. Do lado de leste e aquem da via - ferrea ingleza inclue - se um terri
torio de fórma triangular, coberto de densa matta, um tanto encharcado e quasi sem
população alguma, entestando com as serras que limitam o valle em suas cabeceiras.
Além da estrada de ferro , e entre Mogy das Cruzes e o rio Tieté encerra-se um ter
ritorio ondeado , de solo mediocre, em grande parte coberto de campo e onde somente nos
altos morros como os do Pilar se divisam mattas intermeadas de alguma cultura. Alguns
bairros como os de Palmeira, Baruel , Guayó, Pereiras e Pilar, são outros tantos centros de
pequenas lavouras assentadas em um solo melhor e cujos productos attingem muito facil
mente os mercados da capital.
Ao longo do Tieté, e entre este rio e a linha ferrea S. Paulo e Rio de Janeiro , o
terreno não tem melhor aspecto , a lavoura tambem é quasi nulla e por isso mesmo os
pequenos povoados como Itaquaquecetuba e S. Miguel quasi nada representam economica
mente ; rodeados de campos e vargens estes velhos logarejos sem estimulo para progredir
são apenas recordações do poder que os iniciou. Antigas missões dos Jesuitas que ahi
ministravam aos nossos indios os primeiros rudimentos de civilisação, estes logares, depois
de quasi duzentos annos, não passam ainda hoje de pobres aldeas .
Passando agora ao territorio situado ao norte do rio Tieté , dentro da zona dos
estudos, mais rapidamente os descreveremos dividindo -o por secções segundo as linhas
naturaes mais salientes : 1.9 o territorio comprehendido entre o Japy, a serra de Itapetinga
e o mesmo Tieté, incluindo os valles do Jundiahy e do Juquiry ; 2.0 o territorio exterior
a este e que circunda pelo norte e nordeste abrangendo parte dos valles do Capivary ,
Atibaia e Jaguary.
A primeira região , constituida de rochas micaceas em sua maior extensão tem o aspecto
ondeado, cobrindo quasi todo o terreno um tapete monotono de campos . Differentes na
elevação e no aspecto, diversos na capacidade agricola do solo levantam -se ahi a serra da
Cantareira, o morro Grande do Juquiry e a serra de Itapetinga como ilhas de bôa ve
getação n'um oceano de campos . O valle inteiro do Juquiry desde perto das suas cabe
ceiras até o Tieté é uma só campina , acaso aqui e ali apertado por morros graniticos
19
contendo melhores sortes de terreno em que se tem estabelecldo uma pequena lavoura de
A parte deste valle á esquerda da linha ferrea ingleza é então especialmente notavel
pela fraqueza das suas terras ; nos arredores do Jaraguá onde outr'ora existiram as lavras
auriferas de D. Joaquim o terreno parece mesmo esteril. Do outro lado do rio Juquiry
entre Caieiras e o Ribeirão dos Cristaes , o solo si melhora algum tanto, não parece aliás
aproveitado porquanto até a pequena lavoura é ahi muito escassa. Ao longo da linha
ferrea desde os Perús até o tunel de Belém , o aspecto monotono dos campos desertos
explica perfeitamente a imprestabilidade do solo .
O grande e prospero estabelecimento industrial do coronel Antonio Proost Rodovalho
em Caieiras, dedicado á ceramica, ao fabrico da cal , á exploração das rochas graniticas,
cujos productos abastecem a capital, é o unico centro de actividade que se vê nesta extensa
zona intermedia ao Jaraguá, o tunel de Belém e a villa da Parnahyba.
O territorio mais chegado ao Tieté e confinado pelas aguas do rio e pela corda de
morros da Cantareira é ainda um vastissimo campo, com vargens lindissimas, mas cuja
capacidade agricola é bastante mediocre. A exceptuarmos as terras altas da serra de Itapety,
perto de Mogy das Cruzes, do morro do Retiro em Santa Isabel e das serras de Itaberaba
e Bananal, que são como manchas de um terreno melhor em altitude superior a 900 metros,
todo o resto da região é uma vasta planicie onde melhor vinga o gado do que a agri
cultura . A população numerosa , mas pobre, reparte -se por pequenos povoados como Nossa
Senhora do O ', Conceição, Bom Successo, Arujá , e Santa Izabel já nas aguas que vertem
para o Parahyba. Cannaviaes de acanhadas proporções, pequenos cafezaes muito rareados,
alguns vinhedos já antigos e outros , que se desenvolvem agora com melhor aspecto , além
das plantações de milho e legumes, são os specimens da lavoura modesta desta região,
Ao norte da serra de Belém ou das Sete Voltas, no valle propriamente do Jundiahy,
o terreno nenhuma superioridade apresenta, são ainda os mesmos campos e cerradões
acaso manchados aqui e alli por alguns retalhos de matta na encosta dos morros mais
elevados. A não ser aquelles tractos de bôas terras da encosta norte do Japy, das ca
beceiras do Jundiahy -mirim , e da serra de Itapetinga , tudo mais constitue um paiz chato
e sem attractivos onde uma vegetação rareada accusa por toda a parte a natural inferio
ridade do solo .
Descendo o rio Jundialy para baixo da cidade, ao longo da linha ferrea Ituana, ainda
a inferioridade das terras se traduz na ausencia quasi completa da lavoura ; só depois da
estação de Itupeva, onde o rio atravessa um cordão de morros graniticos começam a
apparecer as grandes plantações de café cobrindo as encostas e as alturas pedregosas das
collinas. Grandes fazendas e situações prosperas se succedem então ao longo da linha
ferrea entre si disputando esta faixa de um terreno melhor, estendido de um lado até
Itú e Cabreuva e de outro attingindo o valle do Capivary para além da Louveira .
Tal é o caracter do primeiro territorio ao norte do Tieté ; estudemos agora o se
gundo que se prolonga de Campinas á fronteira montanhosa de Minas pelos valles do
Atibaia e do Jaguary . Nota-se logo que a região mudou de aspecto e forma perfeito con
traste com o territorio precedente : agora a massa das rochas graniticas e eruptivas é de
certo predominante sobre a dos schistos ou rochas sedimentares e o relevo do solo se
accentua e se caracterisa .
Tomando o curso do Atibaia , a linha mais funda desta parte do territorio, conside
remos a região em globo : aquem Atibaia , o terreno mais chato embora retalhado por nu
merosos ribeirões que fuem a Norte , é uma campina quasi continua desde acima de Bom
Jesus da Canna Verde até proximo de Itatiba, de que apenas se exceptuam a alta serra de
Itapetinga cujas encostas pedregosas são mais ferteis é a lombada de terras de mediana
elevação, á direita do Maracanã onde ha alguns bons cafezaes . Acima da cidade de Atibaia
cotada 825 metros sobre o mar, pelo curso do Atibainha que nos conduz a Nazareth , villa
pobre sobre um alto espigão de 902 metros de altitude, o terreno melhora algum tanto ;
mas é pelo valle do Cachoeira , o outro galho do rio Atibaia , que se penetra no terreno
melhor . As plantações extensas do café coroando os altos morros em altitude que excede
por vezes de 1,000 metros, o grande numero de estabelecimentos agricolas em um solo
quasi todo virgem , ou recentemente trabalhado, dão inteira superioridade ás terras do mu
nicipio de Santo Antonio sobre as de Atibaia .
De Itatiba para baixo , a serra granitica dos Cocaes , interposta ao Atibaia e ao Capi
vary, com altitude superior a 900 metros é um bello testemunho a favor da feracidade
- 20
destas terras . A serra inteira é um immenso cafezal que se prolonga até perto da cidade
de Campinas , junto da qual passa a linha limitrophe dos terrenos de schistos estendidos
para o poente.
Além Atibaia o caracter do solo é ainda melhor : toda a corda de morros altos que
forma o espigão divisor com o Jaguary e que nos pontos mais elevados toma os nomes
de serra do Curralinho, Morro grande, Bocaina , Itapechinga, Biriçá, Barreiro, Serra das
Cabras e Morro Agudo , passando pelos municipios de Santo Antonio da Cachoeira, Bragança,
Itatiba e Campinas , toda essa faixa da largura media de 15 kilometros , de ha muito tra
balhada é ainda hoje um vasto theatro da boa lavoura do café que os entendidos , aliás,
consideram ahi já em periodo de decadencia .
Do territorio da Provincia até agora examinado é esta a porção mais rica, mais
prospera e a mais largamente desenvolvida pelo lado da agricultura. Cidades como Cam
pinas , talvez a mais rica de quantas ha no interior do Brazil, Itatiba e Bragança onde ao
progresso realisado se allia o desejo incessante de maior adiantamento , attestam cabalmente
o que vale o poder da agricultura nas regiões convisinhas de que são ellas os centros na
turaes de impulsão e de actividade .
Dentro dos limites da zona que temos esboçado ha vastas extensões de terras que
são do dominio publico .
Impossivel é dizer qual a quantidade em área que estas terras representam , o que só
um demorado processo de discriminação poderia fazer ; mas, tanto quanto nos podem
guiar informações colhidas nas proprias localidades, indicaremos os sitios onde param estas
terras alias em parte invadidas ou irregularmente occupadas.
Um facto salta logo á vista de quem percorre estas terras de propriedade do Estado
a sua fraca capacidade agricola. Como pela mór parte se encontram ao sul do Tieté na
zona dos campos a que nos temos referido , estas terras são verdadeiros retalhos de um
terreno inferior , acaso abandonados desde a remota epoca das doações e sesmarias. Assim
é que se vêm destacadas formando manchas mais ou menos largas no meio de terras de
propriedade particular, ordinariamente de qualidade superior.
A exceptuarmos a larga zona de terras acostadas á serra do Mar e que transmontam
para o valle da Ribeira de Iguape , cuja aptidão para a lavoura é provavelmente superior,
todo o mais territorio deixado ao dominio publico é de mediocre qualidade. São pela mor
parte terrenos de campo cuja fertilidade natural é fraquissima e cujo aproveitamento é
ainda hoje um problema para a lavoura .
As bellas campinas do municipio de Campo Largo , nas immediações da villa , os
campos da Itinga para as cabeceiras do ribeirão de Ipanema, um retalho dos terrenos de
matta na encosta meridional do Boturuna, ao Poente da villa da Parnahyba ; os campos
visinhos da extincta aldea de Baruery, á direita do Tieté e fronteiros ás barras dos rios
S. João e Cotia ; parte dos campos de Carapicuhyba, do Pirajuçára e de Santo Amaro,
largos trechos ao redor da capital, pelas vargens do Tieté e do Tamanduatehy ; grande parte
da extensa vargem do Baquirivú, bem como parte dos bellissimos campos das proximidades
de Mogy das Cruzes, são do dominio publico .
Ao norte do Tieté e para além da Cantareira, ao que nos consta , não ha terras de
volutas,
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Carta
SECÇÃO GEOLOGICA
Illm . Sr. Dr. Orville A. Derby, Dignissimo Engenheiro -Chefe da Commissão Geographica e
Geologica da Provincia de S. Paulo .
Proseguindo nas pesquizas que deveriam dar mais minucioso conhecimento dos ter
renos de época carbonifera que occupam uma extensa parte da área da Provincia , encon
trava sempre, para a completa definição e delimitação desses depositos sedimentarios , a
falta embaraçosa das formações bem caracterisadas e distinctas que na columna geologica
constituem os grupos infra e superpostos ao grupo carbonifero . Assim era que , pelos re
conhecimentos feitos até o fim da campanha de 1887 , limitados á zona comprehendida
entre os rios Paranapanema e Tieté , e por algumas excursões na região que fica entre este
ultimo rio e o Mogy - guassù , chegára à conclusão de que o grupo composto de grêz,
schistos e calcareos silicosos de edade carbonifera, assentáva sobre uma formação de grêz
de possança consideravel, até certo ponto de caracteres petrographicos constantes, porém ,
sem apresentar organismos fossilisados que indicassem precisamente a época de sua depo
sição . Do outro lado sobre as formações carboniferas assentam possantes massas de um
grêz, em geral molle e vermelho , cortado por diques, alternando , e ás vezes coberto de
grandes lençóes de uma rocha eruptiva -- augito -porphyrito ser
Esta formação, que deve
tida na mais alta importancia, não só pelo extraordinario desenvolvimento de sua occur
rencia , por uma extensa e larga faxa desde a Republica Oriental até as cabeceiras do rio
Paraná ( 1), como ainda pela proverbial fertilidade da terra-rôxa que resulta da decompo
sição das diversas variedades do augito -porphyrito, tambem não nos tinha offerecido ainda
referencia alguma paleontologica : apenas por analogias petrographicas e pelo modo de oc
currencia das rochas, tinhamos a vossa esclarecida supposição de ser ella parte do grupo
triassico ou permiano .
(1) Contribuição para o estudo da Geographia Physica do Valle do Rio Grande, por Orville A , Derby.
22
rehy e Espirito Santo da Boa Vista , descendo o valle do rio Guarehy , a atravessar 0 Pa
ranapanema na barra deste ultimo rio ; dahi á Lagoa -grande, Faxina , Lavrinhas , S. João
Baptista do Rio Verde , Capella dos Barbosas , S. José da Boa Vista e Jaguariahyva.
De volta , passando por S. Pedro do Itararé, Pirituba, Faxina, Paranapanema, S. Miguel Ar
chanjo e Pilar, cheguei a Sorocaba em principios de Julho. Entre outras digressões e irra
diações que fiz de diversos pontos desse itinerario , no intuito de colher a maior somma
de dados sobre as formações, e mesmo topographicos, citarei : as que fiz da margem esquerda
do Paranapanema, a rumo de O. até cerca de 18 kilometros a 0. de Bom -Successo , atra
vessando o espigão elevado que divide as aguas do Taquary das do Apiahy e das dos
pequenos affluentes da margem esquerda do Paranapanema, e que nas suas ramificações
para N. dá as pequenas aguas dos ribeirões de Santa Helena, Anta Brava, Poças , etc. , para
o rio Paranapanema ; da Faxina seguindo as principaes estradas n'um raio de cerca de 15
kilometros ; de S. José da Boa - Vista seguindo pelo ribeirão do Herval até os campos altos
que fazem a divisa das aguas do rio Itararé com as do rio das Cinzas, etc.
De todos os caminhos percorridos fiz o levantamento topographico , acompanhado de
um perfil a aneroide, attendendo ainda á ligeira indagação dos melhores pontos que devam
servir á triangulação daquella parte da Provincia.
Apenas caberia n'um relatorio especial, que não nesta ligeira noticia, a enumeração
de todos os dados colhidos nessa excursão ; apontarei somente alguns mais salientes pelas
consequencias que delles dimanam :
Da estação de Bacaetava, que fica na depressão que o rio Sorocaba vae cavando
sobre os grêz e schistos argillosos, sem silex , desde a cidade daquelle nome, caminha-se por
pequeno espaço sobre esses grêz e schistos para encontrar logo , desde o rio Tatuhy, os
schistos com silex, sós ou acompanhados dos calcareos silicosos e fossiliferos que constituem
o nosso horizonte carbonifero bem determinado. Esta formação estende -se, pela zona do
nosso trajecto, até o rio Paranapanema, e mesmo na sua margem esquerda existe, n’uma
faxa de mais de 40 kilometros de largura, até abaixo da villa de Bom Successo . Em al
gumas localidades é ella melhor caracterisada pelo apparecimento dos fosseis , aliás sempre
escassos e muito mal conservados, porém , ainda assim identificando a formação. Entre
outras muitas, citaremos : o alto que faz a divisa das aguas do rio Tatuhy das do Gua
rehy (cerca de 710 " de altitude), denominado- Serrinha do Fonseca -- onde apparecem ,
pouco abaixo de uma delgada camada de calcareo silicoso róseo, alguns fosseis silicificados,
como madeiras de Coniferas, folhas de Lepidodendrons e conchas mal conservadas ; nas
circumvisinhanças do Guarehy, e dentro mesmo da freguezia , ( cerca de 600 m de altitude),
os mesmos fosseis e alguns Lepidodendrons, em diversos pontos proximos á freguezia do
Espirito Santo da Boa Vista , os mesmos fosseis ; e, cerca de 10 kilometros a 0. desta
freguezia , descança sobre os schistos uma camada de calcareo branco , contendo reptis
fosseis do mesmo typo e acompanhados dos mesmos crustaceos que apparecem nos cal
careos de Itapetininga, Tieté , Piracicaba , Rio Claro , Limeira, etc.
Em diversos affluentes e no proprio leito do rio Guarehy madeiras fosseis, e appare
cimento muito frequente dos schistos carbonosos pretos que fazem parte da mesma for
mação.
Nos affluentes da margem esquerda do rio Paranapanema, como ribeirão da Anta
Brava , ribeirão das Poças, e corrego da Machina em Bom Successo , tambem fragmentos
de Coniferas e Lepidodendrons.
Nos trechos em que , por falta de cortes ou excavações naturaes, não ha exposição
das camadas da formação, ainda nos ficam alguns caracteres geraes do solo , a que apenas
damos o valor de indicios, inas que entretanto nesse espaço se reproduzem quasi geral
mente : o sólo apresenta -se em geral muito pouco accidentado, apenas com as depressões
produzidas por erosões proporcionaes ao volume d'agua dos rios, como sóe acontecer
n'essas formações de sedimentos horizontaes. Demais, em contraposição ao grêz sem silex,
produzem em geral os schistos argillosos carboniferos, e muito principalmente os calcareos,
uma camada vegetal de muito mais fertilidade, nas zonas de matto ; e mesmo nos campos
hoje existentes parece que o sólo se deve prestar com pequeno trabalho a culturas espe
ciaes ; assim acontece com os campos em torno de Guarehy e de Itapetininga, e os que
vimos na margem esquerda do Paranapanema, onde a terra vermelha argillosa dos schistos
fornece uma vegetação menos aspera , e sem o enfezamento dos cerrados e campos seccos
dos grêz da formação sem silex .
23
Emquanto caminhando para 0. os grêz molles com augito -porphyritos do grupo acima
alludido formam uma coberta quasi continua ao grupo carbonifero, na direcção que agora
seguimos encontramol-os apenas em pequenos maciços isolados, verdadeiras sentinellas des
tacadas da grande chapada do Rio Novo, Botucatú , Brotas , etc. Assim a N. O. do Gua
rehy , fica uma série desses morros com a altitude média de cerca de 800 m , todos com
sua fórma caracteristica devida ao modo de esborôamento dos grêz e porphyritos, em geral
cobertos de sólo de terra roxa, onde com grande vantagem cultivam o café naquella loca
lidade . Na estrada que vae ao Rio Bonito, começa essa formação a cobrir os schistos, 6
kilometros a N. N. E. da villa do Guarehy ; é o começo do Morro dos Andrades .
Entre Guarehy e Espirito Santo , quasi a chegar a este ultimo povoado, é tambem a
formação carbonifera encoberta por um serrote destacado que, alinhando -se com os prece
dentes na direcção de S. 0. a N. E. , estende -se desde as margens do rio Itapetininga
até proximo ás do Guarehy. E ' a serra do Espirito -Santo ou do Palmital, que na estrada
que seguimos denominam da Conquista . O grêz alterna com as porphyritas de augito,
e cobre -as na chapada do serrote onde attinge a altura de 800 metros, na face de S. E. ;
mas na encosta N. O., as porphyritas derramam -se sobre os schistos silicosos da formação
carbonifera , que ahi logo recomeçam .
Na margem esquerda do Paranapanema, no espigão que divide as suas aguas das do
Taquary ( com uma elevação de cerca de 670 metros ), a formação carbonifera, com uma
espessura maior exposta , é tambem cortada por diques e lençóes de porphyrita de augito,
que dão a excellencia das terras altas de cultura n'essa parte da provincia , onde em varios
pontos os campos são visivelmente successores de mattas n'um solo de terra- roxa .
Subindo a rumo de S. por esse espigão , entra -se de novo , cerca de 40 kilometros
do rio Paranapanema, na região dos grêż inferiores ao horizonte carbonifero com fosseis,
que deixaramos perto de Bacaêtava, e que ahi são cortados por diversos diques de augito
porphyrito.
Ao approximar da Faxina, já nos cursos d'aguas que fazem as cabeceiras do rio Ta
quary (na altitude de cerca de 650 metros) apparece uma nova formação : um grêz branco
maciço de camadas horizontaes mais possantes do que nos do typo até então encontrado ,
levanta - se do cursos d'agua em escarpas abruptas ; e essa forinação vac tomando vulto na
região a S 0. da Faxina quando se procuram as divisas com a provincia do Paraná.
E' ella que dá o caracteristico de todos os rios que nessa area descem quasi a rumo de
N. a entrar no Paranapanema : 0 Taquary e o Pirituba seu affluente, o rio Verde, o Itararé,
o Jaguaricatú e o Jaguariahyva, formando a bacia do Itararé, ao que poude observar,
atravessam todos essa formação, com uma feição topographica especial e interessantissima.
Nascidos na região dos schistos inclinados e mais ou menos metamorphisados, que com
grandes massas de granito constituem a serrania denominada de S. Roque, S. Fran
cisco , de Paranapiacaba e prolongam -se até cerca da cidade de Castro , entram ess es rios
esses
na alludida formação talhando verdadeir os cañons, por vezes tão profundos (de 100 metros
e mais ) que se torna impossivel chegar ao seu leito . Muitas vezes o rio passa desappare
cido sob um solo hoje coberto de vegetação por espaço de algumas centenas de metros ,
como acontece em alguns pontos do Itararé, para cima da barra do Jaguaricatú . Em todos
os pequenos affluentes nota-se proporcionadamente o mesmo phenomeno. A facil desag
gregação de um tal material dá ainda origem a formação de cavidades mais ou menos profun
das (caldeirões) no leito dos rios . Em quasi todos esses rios têm sido encontrados , principal
mente nos caldeirões , depositos de cascalho diamantifero . Tudo leva a crer que as pe
quenas pedras encontradas são arrancadas desse grêz onde acharam ellas sua segunda col
locação a par do material desaggregado mais resistente que veio constituir o grêz .
Penetrando no Paraná vimol- a crescer de espessura até onde chegamos, na divisa das
aguas dos rios Itararé e das Cinzas, onde n'uma altitude superior a 1.100 metros , os campos,
muito mais favoraveis á criação , são sempre constituidos pelo mesmo grêz branco alternando
aqui e alli com schistos argillosos e cobertos em certos pontos por uma formação recente
de conglomerato cimentado por limonita. E' certamente esta formação a mesma que se
prolonga a S. pela provincia do Paraná, com o nome de Serrinha, constituindo um degráo
escarpado sobre a chapada de Corityba, e que descreveis na vossa « Memoria sobre a geo
logia da região diamantifera da Provincia do Paraná ».
Foi nessa região que tivemos o prazer de ver realisada a vossa previsão da existencia
de terreno devoniano bem caracterisado .
24
Descendo dos campos altos do Barreiro para Jaguariahyva, n'uma escarpa de grêz
branco maciço com intercallações concrecionadas de limonita , de mais de 100 metros de
altura, para o ribeirão do Gerivá affluente do Jaguariahyva, por baixo dos grêz uma es
pessura de cerca de 30 metros de schistos argillosos e grêz schistosos com finas camadas
de limonita chega até o nivel do ribeirão ; foi no meio desses schistos que encontrei os
fosseis de edade devoniana que , depois de estudados, deverão servir- nos de valiosa referencia.
Os generos ahi encontrados são principalmente: Vitulina (em grande abundancia) Rinchonella
Spirifer, Discina , Chonetes, Strophodontes, e trilobitas dos generos Dalmania , ou talvez,
Phacops, etc.
Essa formação parece assentar e mesmo alternar com os grêz e schistos argillosos
sem silex, inferiores ao carbonifero, e que se estendem continuadamente por Paranapanema,
S. Miguel Archanjo , Pilar, Sorocaba e İtú , formando a borda da bacia dos sedimentos ho
rizontaes a que nos temos referido ; entretanto não nos foi possivel nesse reconhecimento
estabelecer positivamente a relação que os prende por falta de boa exposição continua.
Proximo ao passo do rio Pirituba ainda encontramos sob uma espessura consideravel
do grêz branco da Serrinha, schistos argillosos e arenosos analogos aos fossiliferos, porém
debalde procuramos restos organisados. Assim ainda nos resta por estudos mais mi.
nuciosos precisar a ligação de taes depositos , aliás muito provavelmente partes do mesmo
grupo Devoniano.
Caminhando da Faxina a rumo de S. , os grêz encostam -se logo , a 7 kilometros, pro
ximo á estrada que vae a Ribeirão Branco, nos schistos argillosos inclinados da Serra de
Paranapiacaba. São estes schistos em tudo analogos aos da Serra de S. Roque atraves
sados pela linha Sorocabana. Alternam , como elles , com camadas de um quartzito impre
gnado de silicatos magnesianos, mostrando nos leitos e planos de junta o aspecto unctuoso
do talco (quartzito do tunnel de Inhoahyba ) ; com um calcareo verde muito silicoso impre
gnado dos mesmos silicatos magnesianos (marmore verde do Pantojo) ; e tambem com ca
madas de um calcareo escuro ou preto impregnado de substancia carbonosa , com veias spa
thicas, igual aos da Serra de S. Francisco, Pantojo e Ypanema, etc. A direcção geral
desses schistos e calcareos é N. 75.0 L. entretanto, localmente , quer na pedreira do cal
careo preto para fabricação de cal , quer no ponto onde exploram o calcareo verde para
lages , encontrei-lhes uma direcção de N. 30.0 L. mergulhando de 55.0 para N. 0 .
No valle do Itararé ainda apparecem os mesmos schistos e calcareos a cerca de 15
kilometros acima da freguezia de S. Pedro .
Faxina até Sorocaba é sempre a mesma formação de grêz horizontaes , approxi
mando -se a estrada ora mais ora menos da orla da bacia ; ás vezes chegando a penetrar
nos schistos inclinados e maças de granito que os acompanham , como acontece entre Pilar
e Sorocaba no valle do rio Sarapuhy. Na villa de Paranapanema fica tambem a cerca de
10 kilometros a S. E. a formação dos schistos e calcareos, donde descem as aguas que
vão constituir o rio Paranapancma.
No Pilar a orla passa mesmo na freguezia, onde os schistos horizontaes de grã -fina
(coticulares ), descansam sobre schistos micaceos altamente sublevados, que se estendem
para L.
mentos posteriores, produzindo as falhas que alli parecem existir , é possivel explicar a ele
vação relativa das escarpas de grêz. e puddingas que se apresentam principalmente na face
L do massico .
De ha muito buscavamos a origem do mineral de ferro, procurando encontral - o de
um modo positivamente seguro no meio das massas eruptivas que lhe deviam ter servido
de vehiculo. Debalde , seguindo as descripções de Varnhagen e Eschwege, haviamos pro
curado os sitios a que se elles referem . Além da profunda decomposição do sólo , a ves
timenta deste com capoeiras cerradas, foram até então o maior embaraço. Felizmente ,
porém , nesta ultima estadía , tivemos a fortuna de encontrar uma das alludidas veias, na
margem esquerda do ribeirão do Ferro , cerca de 400m . abaixo da officina de preparação
mecanica do minereo. Vós mesmo a vistes ultimamente em rapida excursão . E ' um largo
dique de rocha eruptiva , hoje muito alterada e transformada em uma substancia inteiramente
analoga á que produz a decomposição do pyroxenito de Jacupiranguinha, contendo muito
quartzo, provavelmente de formação secundaria , e contendo nodulos de diversos tamanhos
e veias do mineral de ferro. Os estudos comparativos dessa rocha com os elementos
muito mais positivos das jazidas de Iguape, poderão vir talvez explicar cabalmente a oc
currencia do mineral .
Do dia 22 de Julho até principios de Agosto percorri a zona por onde se estendem
as jazidas de calcareo na face N.O. da serra de S. Francisco, acompanhando -as no curso
do rio Pirapora até o bairro do Salto, e voltando d'ahi a Sorocaba, tendo feito o levan
tamento topographico de todos os caminhos ainda não percorridos .
Partindo de Sorocaba a rumo de S. pela estrada que conduz á Piedade, deixa-se logo
ao sahir, a zona de grêz horisontaes, e entra-se nos schistos argillosos inclinados de que
se compõe a serra ; no meio desses schistos apparecem logo ao começar a subida da serra,
na altura em que o rio Sorocaba faz o salto do Voturantin , estratos da mesma rocha ex
posta n'aquella cachoeira com uma espessura superior a 50m ; é um quartzito duro, geral
mente massico , em alguns logares laminado, tendo a massa entretecida de laminas e ag
gregações de mica (Biotita ), que por vezes tomam tal desenvolvimento que o producto da
alteração é pela mór parte argilla . Além da mica encontram -se nesses schistos de quartzo,
cristaes de turmalinas, pequenas laminas de oligisto , apatita, etc. , tudo indicando elevado
gráo de metamorphismo.
Depois continuam os schistos argillosos, cortados em diversos pontos por diques de
um diorito que tambem apparece em outras estradas divergindo de Sorocaba entre os
rumos de S. e S. E.
A cerca de 12 kilom . de Sorocaba , entra -se na zona dos calcareos , que ahi são ex
plorados para o fabrico da cal por 7 ou 8 pequenos productores, constituindo entretanto
activo commercio de exportação d'aquella cidade .
As jazidas que visitámos alinham -se n'uma direcção geral de N. 700 L. por extensão
de cerca de 30 kilom .; a extrema de L. sendo a do Pantojo, e a ultima de O. a do Salto
de Pirapora, sem fallar no calcareo de Ypanema da mesma natureza e com a mesma orien
tação , mas que faz parte d'um massico destacado, verdadeira ilha no meio dos grês hori
sontacs sobrepostos aos schistos inclinados.
Em todas ellas o material é o mesmo calcareo quasi preto por mistura de substancia
carbonosa , tendo aqui e alli veias de calcita , e em alguns pontos, como no Salto de Pi
rapora veias spathicas de carbonato de cal, magnesia e ferro. Algumas vezes o calcarco é
mais silicoso , magnesiano, produzindo cal muito magra .
Em geral , porém , a cal é gorda e de bôa applicação nas construcções aereas .
A sua direcção é em geral a mesma dos schistos que os comprehendem : N. 700 L. ,
mergulhando de 500 a 700 para N. O.
Subindo o rio Sorocaba , na zona em que elle atravessa os calcareos , encontra - se na
parte inferior destes , uma camada possante ( de cerca de iom ) de um calcareo branco
massico , de granulação fina , um tanto saccharoide, e que se pode prestar aos empregos do
marmore .
D'ahi para cima é o trecho encachoeirado do rio, que desce a serra sempre sobre um
granito côr de carne semelhante ao do Salto de Itú : massa principalmente constituida de
-- 26
orthoclase côr de carne, e de muito quartzo, ás vezes leitoso , m muito pequena pro
porção de Biotita . E ' provavelmente devida ao contacto a presença do calcareo branco .
Do dia 9 de Agosto até o ultimo d'esse mez , saindo de Sorocaba, dirigi -me pelo
bairro do Jundiácanga, á villa do Sarapuhy, bairro dos Cocaes , freguezia do Pilar, e d'ahi
á villa da Piedade ; d'onde passei a percorrer em differentes sentidos a parte da chapada
da serra comprehendida entre a estrada de ferro Sorocabana ao N. , a estrada que vae de
Piedade a Una ao S., o rio Pirapora a O. , a estrada de Una a São Roque a L .; depois,
do bairro do Campo Verde de baixo atravessando para Pantojo , empreguei os ultimos dias
do mez em examinar os cortes da linha Sorocabana entre as estações de Pantojo e Sorocaba :
Na zona do nosso percurso encontramos sempre os mesmos grêz molles mais ou
menos argillosos, ás vezes schistosos, contendo aqui seixos de quartrito e de granito , alli
concreções de pyrites de formas exquisitas, a que o vulgo dá o nome de fructos petrificados.
Nunca , porém , n'esses grêz pudemos encontrar fosseis. Em alguns pontos, como no passo
do rio Ypanema, o granito está desnudado, apparecendo a superposição dos grêz aos gra
nitos . Em outros apenas grandes blocos de granito mostram a proximidade da borda da
bacia . Proximo á villa de Sarapuhy, apparece sobre o grêz uma formação recente de
conglomerato ferruginoso cimentado por limonita. Finalmente, no Pilar entra -se para uma
zona de schistos micaceos, cortados por veias de quartzo ás vezes pyritoso, outras vezes .
impregnado de oxydos de ferro e manganez. Para o S. do Pilar, notamos nos schistos
micaceos a direcção N. 350 L. , mergulhando de 750 para L.
Saindo do Pilar a rumo de L. vae sempre a estrada sobre os schistos mi
caceos por espaço de 6 kilometros, apparecendo varios despontamentos de diorito na
massa dos schistos ; depois começa um granito de duas micas que passa a ser muito
quartzoso na descida para o rio Turvo. Atravessa-se este rio na zona em que elle desce
da serra por saltos repetidos , que n'esse ponto são todos sobre um granito de grã - fina,
de elementos de orthose pouco definidos, e de uma só mica ( Biotita) em pequena pro
porção .
Pouco adiante, descendo para o valle do Turvinho, o granito carrega -se de turma
linas, e continúa com pequenas variações na estructura até cerca de 18 kilometros, onde
reapparecem os schistos micaceos quasi verticaes , dirigidos N. 20 ° L., mergulhando para
L. , interrompidos por grandes bossas ou diques de granito que parecem tambem orien
tar-se segundo a direcção dos schistos micaceos .
Ao descer para o rio Sarapuhy, que ahi corre tambem em cachoeiras sobre granito
de maiores cristaes , notam -se atravessando esta rocha , pequenos diques de diorito quartzoso,
carregado de pyrites.
Passando o Sarapuhy, continuam os mesmos granitos por cerca de 2 kilometros ; ahi
torna -se a rocha de grã muito mais grosseira com grandes e bem formados cristaes de or
those (olho de sapo) . Seguindo sempre sobre o granito, ora reduzido a saibro , ora a ar
gilla vermelha, apparece por vezes o schisto micaceo formando verdadeiras faxas entre a
grande massa do granito , ahi, porém , com a orientação mais proxima da dos schistos ar
gillosos N. 650 L.
O ponto mais alto (915m ) divisa das aguas do Sarapuhy das do Pirapora , 6 kilo
metros antes da Piedade, é ainda do granito do ultimo typo . Apenas cerca de 1 kilo
metro antes de chegar á villa, apparecem os schistos micaceos sempre cortados pelo mesmo
granito de 2 micas que ainda apparece na villa.
Saindo de Piedade (cerca de 750 m de altitude), a rumo de N. N. E. continuam os
schistos micaceos dirigidos a N. 250 L. por cerca de 3 kilometros ; ahi começam os gra
nitos amphibolicos porphyroides com cristaes de orthoclase até de om , 10 de comprido ;
depois de 4 kilometros sobre esta rocha, toma ella a estructura gneissica com a direcção
N. 600 L. Cerca de 1 kilometro adiante, recomeçam os schistos micaceos com a orien
tação normal de N. 700 L. , mergulhando de 750 para S. E. E vão os schistos micaceos
nesse rumo até o rio Sorocaba. Mesmo n'uma elevação a O. da estrada , o ponto mais
alto das circumvisinhanças, dividindo aguas do Pirapora das do Sorocaba ( 885 m) , são ainda
os schistos micaceos com a mesma orientação .
- 27
No kilometro 91-7400 ( altitude de 720m ) apparece pela primeira vez uma pequena
enseada dos grêz e schistos horisontaes que mais para baixo vão tomando vulto, e na
baixada do Sorocaba cobrem quasi completamente as formações que até aqui temos en
( contrado.
No kilometro 91 + 700 já os schistos inclinados vão á mostra até kilometro 92 + 520
a 700m . de altitude), onde apparecem elles cobertos pelos grêz horisontaes.
No kilometro 96 + 900, comquanto muito alterada, a rocha parece um verdadeiro
schisto micaceo com a direcção N. 25.0 L. , mergulhando de 82.0 para L.
Logo adiante começam os quartzitos do Voturantim a que acima nos referimos , diri
gidos de L. a 0. , e que apezar de não serem expostos continuadamente, parecem estender- se
até kilometro 97 +100, onde começam alluviões até a chave do Passa-Tres (kilometro 98+
650) , onde entra - se na região do granito , (na altitude de cerca de 600 metros) que aliás já
em muitos dos altos marginando a estrada apparecêra cercado pelos schistos. O granito é
de grandes elementos, de facilima desaggregação dando um saibro em que os elementos
se conservam quasi inalterados ( olho de sapo).
No kilometro 102 + 500, é esse granito cortado por um dique de porphirita de augito
de grandes cristaes, com 8 metros de possança e dirigido a N. 35.0 0. Depois a linha corta
sempre o mesmo granito até kilometro 103 +700 , onde voltam os quartzitos do Voturantim
que vão quasi sempre á mostra até ser encobertos no kilometro 104 pelos grêz horizontaes ,
ora schistosos , ora massicos, ora cheios de concreções de pyrites.
D'ahi , com pequenas intercallações dos schistos inclinados , são sempre os grêz hori
zontaes do rio Sorocaba, que se atravessa no kilometro 107 + 940 na altitude de 532 metros .
No kilometro 108 +800 está um granito de Muscovita que mais para N. carrega- se
de turmalinas e passa mesmo a um hyalo -turmalito. E ' esse mesmo granito que no kilo
metro 112 + 650, além da estação de Sorocaba, torna a interromper o grêz por pequena
extensão ; nelle tem apparecido em veias de quartzo pequenos cristaes e ninhos de chal
copyrite.
Entra d'ahi por diante a linha francamente na zona dos grêz que descrevemos na des
cida do rio Sorocaba, e que fazem o solo de todo esse trecho da margem esquerda do rio ,
coberto de campos e cerrados.
Sob o ponto de vista da navegabilidade, tem esse trecho do rio uma divisão natural
pelas cidades que banha : Porto Feliz e Tieté.
Do Salto de Itú á cidade de Porto -Feliz , segue o rio a rumo geral de L. a O. , por
uma extensão de 55 kilom . Um grande numero de corredeiras e mesmo cachoeiras tornam
por demais difficultosa a navegação. Além de muitas corredeiras , das quaes são mais im
portantes : a da Ponte-velha, a do Bispo, a do Burú ( em frente á barra do ribeirão do
mesmo nome), a do Caiacátinga (pouco acima da foz do ribeirão) , a do Caramby, a do
Itapuá , a de Jacúrupava, a do Limoeiro, e a do Engenho d'agua , ha um grande numero de
As ca
razíos e pedras altas no leito do rio , que seriam obstaculos de grande alcance.
chociras são :
a do Atuahy, pouco acima da barra do ribeirão do mesmo nome, com um desni
vellamento de cerca de 1m.50 na extensão de 250m .: um travessão ou degrao de grêz
dirigido quasi normalmente ao curso , produz um salto de 0 , m 60 para a esquerda , ao passo
que o rio alarga -se a 200m deixando apenas um estreito canal junto á margem direita , de
corrente impetuosa e eriçado de pedras ;
29
Sob o ponto de vista geologico , o rio atravessa n'esse tracto , tres formações differentes:
I.a, o granito que constitue as cachoeiras do Salto de Ytú , onde se acham estabelecidas
3 fabricas de tecidos e i de papel , e onde provavelmente mais de futuro, outras se esta
belecerão, approveitanto a força motriz que a natureza alli offerece em larga cópia . O gra
nito é muito quartzoso, sendo o quartzo geralmente opalino ; o feldspatho é roseo e em
cristaes pouco definidos ; a mica ( Biotita) está em muito pequena proporção ; pequenos
diques de uma rocha eruptiva mais moderna com os caracteres de um melaphyro, cortam
esse granito . Esta rocha limita -se apenas ao nosso ponto de partida.
2.a, formação dos grez e schistos argillosos sem silex , a mais extensa das tres , e que
se pode dizer a unica que apparece ao longo do curso do rio , pois que este n'ella serpenteia
por mais de 140 kilometros . E ' um grez branco ou amarellado, argilloso, ás vezes schistoso
30
e alternando com schistos argillosos ; pouco abaixo do Salto encontra-se ainda por cerca de
2 kilometros o granito sustentando esses grez , que então são cheios de seixos e mesmo de
grandes blocos daquella rocha ; entre os seixos de quartzito e granito apparecem algumas
vezes seixos de porphyrito, que provavelmente atravessa o granito nas proximidades.
Pode -se dizer que na primeira secção é o grez que constitúe todas as corredeiras e
cachoeiras, salvo a do Avarémandoava-mirim que é um dique de porphyrito cujo contacto e
metamorphismo sobre o grez encaixante estão á mostra na cachoeira.
Na corredeira de Jacúrupava , apparece na margem direita, cobrindo os grez , uma for
mação de schistos argillosos fragmentados , um pouco bituminosos, cortada tambem por um
largo dique de porphyrito.
Em outros pontos apparece ainda o porphyrito nos altos, porém sempre fòra da
caixa do rio .
Ao envez d'isso, na 2.a secção , de Porto -Feliz a Tieté, as rochas eruptivas são muito
mais frequentes e a mór parte das corredeiras e cachoeiras são por ellas formadas. A ca
choeira de Pirapora é parte de um enorme derramamento d'essas rochas que de ambos os
lados do rio produzem excellentes terras de cultura .
3.a Apenas , cerca de 24 kilometros acima da foz do Sorocaba , começam a apparecer
os calcareos alternando com schistos argillosos e contendo nodulos de silex , e typicos do
horisonte carbonifero definido. E ' esta a terceira formação, que ainda mais se accentúa
para baixo da barra do rio Capivary ( 5.500m . acima da do Sorocaba ), onde o silex torna- se
mais abundante . Com effeito , abaixo da foz do Sorocaba, tenho visto em excursões ante
riores paredões de calcareo com os reptis fosseis e grande quantidade de madeiras silici
ficadas.
Com o fim de executar até a barra do rio Sorocaba o mesmo serviço que no Tieté
haviamos feito , embarcámos por aquelle rio , no local em que a linha Sorocabana o atra
vessa no kilometro 145 + 300 a II de Outubro, e tendo perdido alguns dias pelas conti
nuadas chuvas, somente a 25 chegamos ao mesmo ponto em que deixáramos o reconhe .
cimento do rio Tieté.
A extensão total percorrida , aliás muito alongada pelas sinuosidades do rio , foi de 146
kilometros, tendo, porém , sido obrigados a varar por terra em muitas das cachoeiras que se
repetem n’una grande parte desse percurso.
Para apontar aqui ligeiramente algumas das condições que offerece o rio , d'um lado
como via de transporte , do opposto como fonte de força motriz, dividil - o -emos em 6
secções :
1.a, da ponte de Bacaetava á barra do Sarapuhy, com uma extensão de 28.500m , Orio
com uma largura média de 20 a 25m ., e insignificante volume d'agua , não deixa pensar em
navegabilidade; entretanto n'essa parte só raramente ha pequenas corredeiras quasi sempre
de fundo de grez , outras vezes de cascalho . A rocha em que se encaixa o leito é sempre
o mesmo grez , que descrevemos de perto da estação de Bacaetaya ; descendo , o grez é
muitas vezes argilloso, e alguns dos barancos mais altos são constituidos de schistos argil
losos de differentes côres que alternam com o grez . As barrancas baixas , de 3 a 4m . , são
tambem muitas vezes de alluviões de argilla ou arêa, tambem de cascalho do quartzito
que se encontra como seixos ao lado de outros de granito em diversas camadas do grez.
Fazem a orla do rio capoeiras muito fracas, e, como prova da incapacidade do solo, só
existem n'esse trecho culturas insignificantes.
2.a, da barra do Sarapuhy até o Cachoeirão, 6 kilometros . Não fôra a sua redu
zida extensão, seria esse trecho aproveitavel como via de transporte ; com effeito, re
cebendo o Sarapuhy com um volume d'agua de cerca de dois terços do seu , engrossa o
Sorocaba offerecendo uma largura média de cerca de 40m . , e não se encontra no rio ob
staculo algum . As barrancas são ainda de grez , schistos argillosos e alluviões , porém a ve
getação e o sólo melhoram consideravelmente.
zona de boas terras de cultura comprehendida entre o ribeirão do Laranjal e o rio das
Conchas .
Do kilom . 216 a 218 , fraldeando uma encosta mais alcantilada, vão os cortes n'um
schisto argilloso rôxo , em camadas mais espessas , porém de massa muito facilmente des
aggregavel ; na parte superior dos schistos apparecem lages de um calcareo pardacento
muito silicoso , contendo fragmentos de conchas silicificadas (a cerca de 480m . de altitude) .
No kilom . 218 + 800, no leito do rio das Conchas (450m . de altitude) vêem -se camadas
de um calcareo cinzento escuro alternando com os schistos argillosos fragmentados.
Mas , é principalmente depois da estação de Conchas, no kilom . 222 -+- 600, que a for
mação carbonifera se accentúa. N'um calcareo silicoso roseo que ahi alterna com OS
schistos , encontrámos Lepidodendrons em grande e variada abundancia, caules de Psaronius ,
folhas de um féto ( Nevropteris ? ), dentes , escamas e coprolithos de peixes, um lamellibran .
chio ( Posiilonia ?), impressões de Stigmaria, e mal distinctas de folhas de Cordaites ( a
cerca de 475m de altitude .)
Continúa a formação carbonifera até o corte do kilom . 225 + 200 ( 528m de altitude),
onde vêem - se os schistos argillosos com silex cobertos pelos gres de Botucati, que assim
denominamos o grez molle , vermelho, que em geral na sua parte superior alterna com os
augito -porphyritos. Em quasi todos os cortes mostram esses grez o phenomeno da falsa
estratificação, ás vezes muito restricto, outras com tal desenvolvimento que, durante muitas
centenas de metros , procurava eu sempre determinara -lhes a orientação : mas as camadas são
todas horisontaes ou muito proximas d'isso .
D'ahi por diante vae sempre a formação carbonifera encoberta pelos grez , que segundo
essa linha, teriam a espessura maxima de 30m , até encontrar a depressão mais funda, o
passo do rio do Peixe (kilom . 244 +-200 ) na altitude de 443m . Ahi o rio corta um calcareo
silicoso roseo contendo Lepidodendrons que parece continuação do que vimos de apontar.
Com quanto ambas as margens sejam cobertas da area dos grez , vê - se na esquerda uma
camada de calcareo com cerca de 3m d'espessura sobreposta a schistos grezosos.
Na depressão seguinte (kilom . 266 + -800) o rio Alambary passa com uma altitude de
465m sobre o grez de Botucatú ; mas , affastando- se da linha para N. , logo a cerca de 2
kilom . começa no mesmo rio a apparecer a formação carbonifera ; e no mesmo valle mais
para baixo encontramos n'um calcareo , provavelmente estrato superior da mesma formação ,
conchas silicificadas ( Schizodus:), dentes de reptis e escamas de peixe.
Nas barrancas do Tieté, junto á freguezia dos Remedios, encontramos um calcareo
com os niesmos caracteres, tambem contendo grande quantidade de Lepidodendrons, a uma
altitude de 430m . Podendo identificar essa camada , teriamos n'ella uma pequena inclinação
para N. O., o que parece tambem indicar uma serie de observações sobre outros estratos
da mesma formação .
Até a estação da Victoria , não corta a estrada sinão esses mesmos grez ; apenas em
tres pontos vimos pequenos diques de rocha eruptiva muito decomposta. Em alguns altos ,
ao lado da linha, como no kilom . 284 + 300, apparecem os augito -porphyritos.
Além da estação da Victoria ainda continuam os referidos grez, que, no kilometro
295 + 730 , são cortados por um dique de porphyrito de granulação grossa .
No kilom . 295 + 950, vê -se no córte uma camada do grez reduzido a verdadeiro
quartzito pelo contacto da rocha eruptiva, intercallado no amygdaloide, sendo o todo
coberto de um manto de porphyrito de gră muito fina .
Continuando a subir, os cortes vão sempre em porphyrito de grã fina, comprehendendo
lençóes mais ou menos espessos de amygdaloide. Quando as camadas são mais possantes ,
como no kilom . 298 + 800 , em geral as amygdalas são maiores, e portanto a rocha mais
alterada e cheia dos mineraes de formação secundaria ; n'esse córte muitas das amygdalas
são occupadas por agathas ou chalcedonia tendo como envolucro uma crosta preta de sub
stancia chloritosa de alteração ; algumas agathas contêm , principalmente na parte exterior,
pequenas e delgadissimas laminas de cobre nativo ; outras vezes , em logar das agathas, são
geodas de quartzo ou de amethistas ; mas, altamente interessantes e de fórmas lindissimas
são as differentes especies de zeolithos, e tambem as variadas formas de cristalisação
da calcita, que enchem os vacuolos da rocha.
O ponto mais elevado em que vimos de novo apparecerem os amygdaloides com
zeolithos foi no kilom . 308 +600 ( a 760m de altitude) ; acham -se, pois, esses estratos de
rocha porosa distribuidos por uma espessura vertical de 175m .
5
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Continúa sempre a linha sobre os augito -porphyritos sem que appareça o grez, ao
inverso do que se dá nas outras secções que temos da mesma serra. Apenas no kilome
tro 307 + 900, ao lado da estrada, subindo pelo ribeirão da Cidade , apparece o grez com
os mesmos caracteres .
Depois de estudado o material agora colleccionado , como aquelle que já possuimos
de quasi todo o percurso da Estrada Sorocabana, teremos n'esse perfil, aliás de altitudes
precisas, uma boa secção geologica ligando a bacia terciaria de S. Paulo ás formações
post -carboniferas da serra de Botucatú , tendo atravessado a serie granitica e de sedimentos
metamorphisados da serra de São Roque , os terrenos horisontaes do devoniano ou carboni
fero inferior, e aquelles que com quasi inteira segurança podemos desde já referir á época
carbonifera.
E ' esse um dos primeiros trabalhos a que nos vamos entregar durante a presente
estada no laboratorio .
Hm . Sno.
Um dos problemas mais interessantes que nos propuzestes foi o estudo da zona au
rifera do Jaraguá , o seu historico e a determinação do horisonte geologico .
São tão deficientes os documentos veridicos que attestem as antigas explorações destas
jazidas, que torna -se muito difficultoso fazer o seu historico. Consta que foi Affonso Sar
dinha em 1590 o descobridor do precioso metal nesta região ; mas as noticias mais remotas
de sua exploração datam de 1603 , de uma lei em que o governo se apoderava das lavras
auriferas da Provincia .
Mawe, que visitou S. Paulo em fins de 1807 , na administração do Brigadeiro Horta,
teve occasião de ver as lavras que pertenciam ao Governador, tambem proprietario de uma
fazenda na visinhança . Descreve elle no seu livro --- Travels in the Interior of Brazil
1812 — os processos seguidos para a extracção do metal, mas pouco diz sobre o modo
de apresentar -se.
Não é, porém , a noticia mais antiga dos trabalhos desta região . Jean de Laet, na
sua obra - L'Histoire du Nouveau Monde-Leyde 1670, traduzida da 12a edição do Dutch
datada de 1625 , já faz referencia ás minas do Jaraguá .
Eschwege no Pluto Brasiliensis ( 1833 ) faz uma ligeira descripção destas lavras que,
julgo , já não eram trabalhadas.
Depois de Eschwege, ninguem mais se lembrou de mencionar, em escripto que che
gasse até nós, os trabalhos proseguidos, que foram tão insignificantes em relação aos
antigos , que é desculpavel uma tal negligencia. Só o testemunho de poucas pessoas
daquella época nos pode indicar alguns pormenores sobre estas ultimas tentativas de
extracção do ouro .
Uma das mais importantes foi a de um tal D. Joaquim Calbot , de origem castelhana ,
que ha mais de trinta annos montou um engenho com dez mãos para soccar os botados
dos antigos. Existem ainda no lugar denominado lavras de D. Joaquim a roda , o eixo
e 7 a 8 mãos de ferro gusa , pertencentes á bateria de pilões . O que era ferro batido foi
carregado e mesmo algumas mãos servem de bigorna em casas da visinhança,
D. Joaquim possuia, para os lados do Norte da Provincia, uma fazenda e , não po
dendo estar á testa do serviço , confiou - o a um Sr. João Lefebre, que, auxiliado por cinco
escravos , soccou bastante pedra para retirar , segundo as tradições, 4 garrafas de ouro em
pó ; mas D. Joaquim , por motivos que ignoranios, desaveio- se com o seu empregado e
suspendeu os trabalhos. Nada consta sobre o tempo que esteve em actividade a machina,
mas, pelo uso que mostram as mãos e, attendendo á qualidade da rocha que trituraram , não
deveria ter excedido de cinco a 6 mezes de exercicio . Dizem que D. Joaquim soffreu pre
juizos e nenhum resultado tirou da experiencia.
Outra lavra, de que ha noticia de trabalho moderno, é a denominada do Maganino.
Ein 1812 um Senhor deste nome começou trabalhos perto de um grande pinheiro, que ainda
ahi existe . Maganino seguia uma linha mais rica e, descuidando-se em abater o volume
de terra , que lhe ficava superior, foi forçado a parar o serviço por ter tido a infelicidade
de perder cinco escravos, que ficaram enterrados no desmoronamento .
Além destes , são apontados os serviços do Manquinho, o dos terrenos que foram de
D. Gertrudes Galvão de Lacerda perto do Jaraguá, o do Curupira, um dos mais che
gados ao morro , o serviço da Roda d'Agua, o do ribeirão das Paineiras, perto da estrada
que de Taipas vai a Parnahyba, e o do mesmo ribeirão na barra com o Juquery e que foi
propriedade de um padre .
Seria longa, e mesmo salıiria fóra dos limites desta noticia , uma descripção detalhada
de cada uma destas lavras e do modo por que foram trabalhadas, o que reservo para
uma memoria especial , logo que tiver elementos mais abundantes que mereçam ser pu
blicados Cumpre-me, porém , dar idéa do modo de ser das jazidas .
E ' facto que grande parte da exploração destas lavras foi feita no cascalho , cuja pos
sança muito variavel, não excedia de 60 centimetros ; mas os trabalhos eram dirigidos de
tal modo que para chegar a esta camada, tinham de lavar um volume de terra vermelha
de altura que attingia muitas vezes a mais de 10 metros .
A exploração ia além e os micaschistos, que formavam o solo , eram atacados ou
por necessidade do trabalho ou por conterem ouro , o que é mais provavel, visto haver
serviços feitos exclusivamente nesta rocha decomposta.
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O cascalho apresenta muitas vezes pedaços pesando dous a tres kilos e é formado
quasi todo elle de quartzo muito quebradiço, desmanchando-se facilmente em areia, facto
que concorreu para dar - lhe a forma arredondada sem ser preciso ter percorrido grande
extensão. Este quartzo deve provir dos grossos veieiros que atravessam os micaschistos
em diversas direcções e que são ainda encontrados in situ perto do morro Ururuqueçava
ou morro Doce . E' bem provavel que o ouro estivesse ligado a formação desses veieiros,
e vem talvez confirmar esta hypothese a experiencia de D. Joaquim que, triturando o quartzo
friavel, pôde ainda retirar delles o metal contido .
Não é esse, porém , o modo mais geral de ser do ouro nesta formação. Uma boa
parte está espalhada na grande massa da rocha em pequenas veias em todas as direcções
e que cortam os micaschistos formando uma especie de stockwerck. Tive occasião de
seguir uma destas linhas em pequena extensão, tirando provas com a bateia . Era formada
de quartzos em pequenos fragmentos ligados por uma argilla amarellada contendo magne
tita e bioxydo de manganez. O ouro apresenta -se em grãos quasi microscopicos com uma
côr amarella brilhante e sem fórmas definidas. Estas veias são numerosas e têm uma pos
sança que não excede de 3 a 4 centimetros. Torna -se, -se, pois, necessario lavar uma grande
porção de terra esteril superior aos micaschistos para poder aproveitar o ouro encerrado
nessas pequenas linhas,
Era isso que determinava o processo de exploração todo caracteristico desta região e
que só pode ser comparado com os de S. Gonçalo da Campanha e Apiahy.
Percorrendo -se as lavras, nota-se que, á medida que nos approximamos do Jaraguá,
diminue a quantidade de micaschistos e a rocha torna -se um verdadeiro quartzito que fa
cilmente se desaggrega. A lavra de D. Joaquim e a do Curupira já se acha nesta ultima
classe , emquanto as do Manquinho, das Paineiras etc. estão em uma rocha mais argillosa
e micacea . Tudo leva -nos a crer que esta formação pertence ao horisonte geologico
dos micaschistos e quartzitos micaccos . Estudos posteriores hão de corroborar ou destruir
esta hypothese.
Existe ainda na zona uma extensão mais ou menos consideravel de cascalho virgem
deixado pelos antigos mineiros, quer por causa da importancia sempre crescente do des
monte ou difficuldades na obtenção de aguas altas , quer por empobrecimento do deposito
aurifero ou por outro motivo ignorado . Estudando
Estudando a região exclusivamente debaixo do
ponto de vista scientifico, não me achei autorisado a fazer pesquizas demoradas sobre a
extensão, riqueza e facilidades para o trabalho, pelos methodos modernos , destes depositos.
Limito -me, portanto , a notar a sua existencia , chamando assim para ella a attenção dos
que procuram depositos auriferos para explorações industriaes , aos quaes compete pro
ceder ás pesquizas referidas . Parece - me , porém , que deva ser antes nos filões na rocha do
que nos restos de alluviões que ha de basear- se a mineração futura desta região , caso a
industria mineira ahi torne a se estabelecer.
Para o modo de ser do ouro , verificado por mim , isto é em filões pequenos e irre
gulares disseminados em uma grande massa de terra, só processos muito aperfeiçoados e
uma extracção em grande escala e a preço infimo, poderão dar resultados vantajosos.
Sobre a existencia de veieiros de maior possança e riqueza nada vi que justifique
uma opinião, mas, por outro lado , nada ha verificado que torne descabidas pesquizas
com o intuito de descobril -os.
Uma outra ordem de estudos para que me recommendastes attenção foi a da relação
das rochas sedimentarias entre si e com as rochas eruptivas .
Não resta a menor duvida que o granito de Caieiras é eruptivo e posterior não só
mente aos micaschistos como tambem aos schistos argillosos desta região. Nos cortes da
estrada de ferro ingleza e do plano inclinado do estabelecimento do Coronel Rodovalho
bem patenteia -se ein diversos pontos o rompimento dos micaschistos pelos granitos, sendo
aquelles muitas vezes contorcidos , proximo ao contacto das duas rochas. Ainda, porém , não
me foi possivel determinar a relação dos schistos argillosos com os micaschistos. O es
tado adiantado de decomposição , em que estas rochas se apresentam em toda a região
percorrida, difficulta de tal modo o seu estudo, que muitas questões relativas a ellas hão
de necessariamente ser deixadas para investigações futuras em lugares mais favoraveis.
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E assim que o granito de granulação fina do Tico- Tico, perto de Cayeiras, que, se ca
racterisa pela sua côr clara , pela presença de duas micas : (biotita e muscovita ), pelos cris
taes brancos de feldspatho e pelos menos abundantes, porém visiveis a olho nú , de granadas
e turmalinas, apresenta -nos um residuo essencial branco amarellado e pesado , que fica no
fundo da bateia junto da magnetita e que, segundo um exame superficial , é composto de zir
conita e diversos phosphatos de elementos raros , cuja descriminação ha de ser completada
no laboratorio .
Nota-se mais que os micaschitos em contacto com este granito, contêm mineraes,
principalmente turmalinas, que não apparecem em outras partes onde esta rocha se acha
em condições differentes,
O granito de Pirituba, que tem o aspecto porphyroide, com grandes cristaes de feld
spatho de 2 a 3 centimetros de comprimento, uma mica escura e pequenos cristaes de
amphibolio, particularisações de aspecto mais fino e escuro formando nucleos, ou veias de
quartzo de 5 a 10 centimetros atravessando a massa geral , dando por decomposição um
saibro grosseiro, deixa no fundo da bateia uma grande quantidade de epidoto, cuja por
centagem se eleva de 1 a 2 grammas por kilo de rocha decomposta , e magnetita que fa
cilmente se separa do primeiro com o iman. Torna -se importante a abundancia deste mi
neral e do epidoto e a ausencia de granadas.
Marcando a transição entre os dous granitos existe um outro, claro , de mica branca ,
com grandes cristaes de feldspatho incolor, e um pouco de mica escura e que na lavagem
dá um residuo composto quasi exclusivamente de zirconita. Surgem na linha ingleza perto
do kilom . 94 grandes blocos desta rocha.
Por vezes , no granito o feldspatho fórma a maior parte da massa e pela decomposição
dá lugar a um barro branco ou kaolim que poderá talvez ser aproveitado na ceramica por
existir em grande abundancia no kilom . 99 da linha ingleza n'um grande córte , perto dos
Perús e nas proximidades da estação de Belém .
O granito com Lepidolitha que apparece a 3 kilometros de Perús , n'um alto , perto do
corrego do Manquinho, atravessa um dique de diorito muito pyritoso e contém , além de
muita lepidolitha, magnificos cristaes de rubellita, turmalinas negras, mica branca, quartzo
abundante, formando muitas vezes exclusivamente a massa , e feldspatho quasi sempre kao
linisado .
Além destes granitos bem caracterisados, podenios desde já apontar outros typos es
tudados :
Outras rochas que tem merecido a nossa attenção , pelo seu valor economico, são os
calcareos .
Com o fim de colligir dados para o seu estudo , visitei as principaes jazidas explo
radas nos Olhos d'Agua e no Morro Agudo, perto de Bom Successo . A primeira apre
senta o calcareo, pouco estratificado e muito cheio de veias de quartzo, situado no meio
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dos schistos argillosos. A segunda, de um material mais puro , mostra camadas dirigidas
N. 65 L , inclinadas de 75.0 para o N. 25.0 0. Ambas dão cal excellente sendo a do
Morro Agudo , mais gorda do que esta .
Dentro de uma faxa de largura approximada a i kilom ,' e com a direcção S. 70.0 0 .
estes calcareos surgem em diversos pontos, desde os Olhos d’Agua, Morro da Boturuna
até a Serra de S. Francisco, sendo explorados em diversos pontos para o fabrico da cal .
Tivemos occasião de observal-os ultimamente nas visinhanças do Morro da Lavra , na barra
do Juquery com o Tieté e no Morro da Boa Vista . Todos são cinzentos escuros, excepto
este ultimo, que é branco e que talvez possa ser aproveitado em artefactos como marmore,
si não estiver muito estratificado e fendilhado. Esta jazida não foi explorada e é pouco
conhecida, não havendo no lugar sinão uma pequena exposição da rocha que está situada
n'um morro quasi a prumo, em altura superior a 100 metros da planicie, e que apresenta
as melhores disposições para ser reconhecida.
No anno passado tinhamos encetado um exame destas rochas no Pantojo , S. Roque
e n'uma parte da Serra de S. Francisco , bem como no morro do Boturuna.
No Pantojo apresentam -se duas variedades de calcareo : --uma cinzenta escura que é em
pregada no fabrico da cal, em camadas dirigidas N. 70.0 L. e outra esverdeada associada
aos schistos argillosos com a mesma direcção mergulhando de 70.0 para S. 20 L. Em S.
Roque existem as duas especies e na Serra de S. Francisco, além da cinzenta, ha uma outra
branca .
Ao passo que o calcareo escuro da Serra de S. Francisco dá uma excellente cal
gorda e muito clara , somente indicando á analyse, traços de magnesia, o cinzento do Pan
tojo já tem uma proporção de 6 % de carbonato de magnesia e 0 do Boturuna, muito
misturado com schistos argillosos e fornecendo cal parda, de 21 % , parece que a quanti
dade de magnesia augmenta principalmente nas jazidas mais a Leste, onde elles são mais
impuros. A rocha escura do Pantojo dá um producto quasi branco e de muito boa qua
lidade. O denominado marmore verde do Pantojo submettido ao fogo , funde em vidro es
curo e , perdendo 25 % de materias volateis, fórma um silicato que foi reconhecido ser de
ferro, cal e magnesia, entrando este ultimo oxydo na proporção de 14 % . Continuamos
estes estudos este anno no laboratorio e delles dar- vos-hemos conta .
SECÇÃO BOTANICA
Os trabalhos que nesta secção foram effectuados durante o corrente anno , dividem-se
em trabalhos de gabinete e trabalhos de campo.
Os primeiros tiveram por fim a classificação do material colhido durante a excursão
nas campinas naturaes de Sorocaba , Tatuhy e Itapetininga em 1887 .
Os segundos, foram excursões para os campos de Rio Claro, S. Carlos do Pinhal,
Araraquara e Jaboticabal, em continuação do estudo da flora campestre, cujo fim principal
é a determinação da prestabilidade destas zonas , relativamente á lavoura .
Antes de passar á exposição destes ultimos trabalhos , cumpre-me dar um leve esboço
do resultado obtido com os primeiros.
Com relação a este primeiro motivo, nada me cabe julgar, porque é uma questão pu
ramente social, porém , no que diz respeito ao segundo , caso seja verdadeiro, basta
lembrar que nos prados da França , Italia , Allemanha e mesmo em algumas partes da Suissa ,
os pocos artesianos são muito empregados no serviço da irrigação de extensões conside
raveis , e não ha motivo para admittir que o mesmo não podia ser feito ahi.
Os estudos que sobre esta zona acabo de fazer, logo me convenceram que os campos
não só são aproveitaveis, como até muito ferteis e principalmente os argillosos que n'um
futuro não remoto talvez constituirão o celleiro da Provincia.
Ha, porém , ainda dous obstaculos serios para vencer-se e que devem ser objecto de
estudos especiacs. Um é de competencia do botanico, ao passo que o outro por sua
natureza pertence ao agronomo. Tal é o methodo para preparação do terreno, emprego
de apparelhos na lavoura e a competente adubação, porque por mais fertil que um terreno
seja, não se pode exigir delle uma producção illimitada sem previa preparação do solo e
sem emprego de meios fertilisantes ; eis o que pertence ao agronomo estudar, afim de de
terminar qual a cultura conveniente, sua alternação ou afolhamento e finalmente quaes os
adubos necessarios para restituição dos elementos exgotados pela alimentação das plantas
cultivadas.
Depois de ter percorrido os campos acima citados , não me resta mais duvida que
uma das principaes causas e talvez unica, deve ser procurada nas queimas annuaes e basta
algumas leves considerações para justificar o cabimento desta asserção .
A queima dos campos que em geral é effectuada no fim da estação da secca , quando
grande parte de sementes aguarda as primeiras chuvas para se desenvolverem , forçosa
mente produzirá a morte de todos os vegetaes que então se acham no estado de germi
nação , e favorecerá apen :: s aquelles que por sua natureza perenne possuem um systema de
raizes ou rhizomas que lhes permittem sobreviver a destruição de seus orgãos aereos , quaes
a caule e as folhas. Disso resulta para muitas especies uma lenhificação destes orgãos que
depois só podem servir como aliinento ao gado , durante uma curta epocha apóz o nas
cimento das folhas e caules novas . Até as proprias graminaceas procuradas pela criação
não satisfazem senão emquanto tenras .
De tudo isto resulta que para cultivar o campo torna-se indispensavel o emprego de
instrumentos para revirar a terra trazendo para cima as camadas ainda não exgotadas , o
que no estado actual de educação agricola da Provincia apresenta serias difficuldades, por
causa de augmento de trabalho e trabalho pouco conhecido .
Segundo o estudo de gabinete das collecções de 1887, que apezar de não serem com
pletas, ou não representarem a flora total daquelles campos, achei as familias distribuidas
da seguinte forma, tomando por base a porcentagem de especies de cada uma :
Compositæ . 19,1 %
Leguminosa 10,1
Graminaceæ . 8,6 »
Euphorbiaceæ 4,7 »
Asclepiadaceae 3,9
Labiatæ . 3,6 »
Cyperaceæ 3,6 »
Rubiacea 3,6
Verbenaceæ . 3,2
Myrtacea 2,5
Solanaceae 2,2
Melastomaceae 1,8 »
Convolvulacea 1,8 »
Sterculiacea 1,8 »
Anacardiaceæ 1,8 »
Erythroxylonacea 1,8 »
Ternstromeriaceæ 0,7 »
Diversas 25,2
100,0 %
Nestes campos todos ha muito pouco barba de bode, excepto nos de Jaboticabal
onde as frequentes queimas já conseguiram desenvolver esta graminacea invasora. A sa
mambaia tambem é rara e o sapé só abunda nos campos do Rio Claro como acima ja
ficou dito .
Em geral a familia das Graminaceas não é rica em especies nestes campos, faltando
sempre o Capim mimoso que tanto abunda nos campos de Oeste e Sul da provincia , mas
em compensação é elle muito bem substituido pelos Capim flecha e flechinha que abun
dam extraordinariamente, constituindo a melhor das pastagens em extensões considera
veis, porém , tende a desapparecer em consequencia das queimas, e já existem campos co
bertos de barba de bode onde ha poucos annos ainda só via - se capiin flecha. Tal é parte
do campo na fazenda Monte Alegre a 24 kilometros N. W. de Araraquara.
Além das especies observadas e colhidas em Itapetininga , só achei 27 especies novas
de Graminaceas, o que me parece pouco. E ' verdade que algumas dellas abundam muito
como por exemplo : além das referidas, e nos campos arenosos, una Briza sp. cujas
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espigas largas, chatas e arroxadas muitas vezes dão um caracter especial ao campo, con
trastando agradavelmente com o alvo da areia e com os diversos matizes do verde do resto
da vegetação .
Os campos são ahi talvez ainda mais bonitos que em Itapetininga, porque além de haver
mais cerrados e capões, que quebram a monotonia de uma campina infinda, parece-me haver
maior diversidade no colorido da vegetação . As folhas glaucas das Anonaceas e de al
gumas Compositeas , o escuro brilhante de certas Myrtaceas pequenas, misturado com as
côres vivas das folhas novas das Leguminoseas e das fôres das Labiateas, Apocynaceas,
Melastomaceas e Crassulaceas, produzem um effeito verdadeiramente encantador.
A vegetação dos cerrados é bastante variada e assemelha -se muito á mesma de Ta
tuhy e Itapetininga, talvez que abundam mais em Malpighiaceas, Melastomaceas, Rubiaceas
e Vochysiaceas . As mangabeiras ( Apocynacea, Hancornia speciosa Gomes) são numerosas ,
porém não aproveitadas senão para fazer doce dos fructos. Ha tambem grande quanti
dade de Sucupiras e Faveiros ( Leguminoseas do genero Bowdichia) , assim como o Alcaçuz
indigena , tambem leguminosea (Periandra dulcis Martius), das quaes nenhuma vi em Itape
tininga. E ' mais uma prova da preponderancia desta familia, até nos cerrados .
Entre as novidades de maior interesse que achei , noto especialmente uma Proteacea ,
parecendo pouco conhecida e que tem a propriedade de enlear arvores asphyxiando - as a
modo das figueiras ; pertence ao genero Rhopala.
Achei tambem pela primeira vez uma Lacistemacea que supponho ser Lacistema po
lystachium Schnizel :
Poucas especies da flora das mattas tenho colhido , porque quasi toda a zona que per
corri e onde demorei algum tempo , é constituida por campos, cerrados ou cerradões .
A relação das plantas achadas até agora nesta excursão, é a seguinte, indicando o
numero de especies de cada familia.
Acanthaceæ 7 . Crassulaceæ 2 . Loranthaceæ 6 . Ranunculaceæ 3.
Alismacea 2, Cucurbitaceæ 6. Lythracaceæ 4 . Rhamnaceæ 2 .
Amarantaceæ 7 . Cunoniaceæ 2 . Magnoliaceæ 1 . Rubiaceæ 37 .
Amentaceæ 1 . Cuscutaceæ I. Malpighiaceæ 26. Rutaceæ 7 .
Ampellidaceae 3 . Cyperaceæ 6. Malvaceæ 8 . Salsolaceæ 1 .
Anacardiaceæ 6 . Dilleniaceæ 4. Melastomacez 22. Sapindaceæ 10.
Anonaceæ 5 . Dioscoracæ 3. Meliaceæ 9 . Sapotaceæ 6.
Apocynaceæ 14 . Ebenaceæ I. Monimiaceæ 1 . Schophulariacea 2 .
Araliaceæ 2 . Equisetaceæ 1 . Myristicaceæ 2 . Simarubaceæ i .
Aristolochiaceæ 2 . Ericacea i . Myrsinæ 2 . Smilacaceæ 2 .
Araceæ 2. Eriocaulonaceæ 2 . Myrtaceæ 14. Solanaceae 8.
Asclepiadaceæ 8 . Erythroxylonaceæ 2 . Naiadæ 1 . Sterculiaceæ 4.
Bignoniaceæ 13 . Euphorbiaceæ 23 . Nyctagaceæ 2 . Styracaceæ 3.
Bixaceæ 2. Filices 8 . Ochnaceæ 4. Ternstroemeriaceæ 3.
Bombaceæ 3. Gesneraceæ 1 . Onagrariaceæ 8 . Thymeleaceæ 1 .
Butomace 2. Graminaceæ 27 . Orchidaceæ I. Tiliaceæ 4.
Campanulaceæ 1 . Guttiferaceæ 1 . Orobanchaceæ 3 . Turneraceæ 2 .
Cannaceæ I. Hippocrateaceæ 4. Oxalidaceæ I. Umbelliferæ 5 .
Celastrinaceæ 2 . Iridaceæ 2. Palmaceæ 2. Urticaceæ 10.
Celtidaceæ 1 . Juncaceæ 3. Passifloraceæ 5 . Utriculariaceæ 1 .
Cestrinaceæ 4. Labiatæ 10. Phytolaccaceæ 3 . Vacciniaceæ 2 .
Combretaceæ 3. Lacistemaceæ 1 . Piperaceæ 8 . Valerianacea i .
Compositæ 60 . Lauraceæ 9 . Polygalaceæ 6. Verbenaceæ 7 .
Commelinaceæ 2 . Leguminosæ 97. Pontederiaceæ 1 . Vochysiacexe 4.
Convolvulaceæ 17 . Liliaceæ i . Proteaceæ 2. Xyridaceæ 1 .
Cordiaceæ 2. Loganiaceæ 5 . Rafflesiaceæ I. Incognitæ 27 .
São, pois, 692 especies , distribuidas por 103 familias. O numero de 27 especies in
cognitæ indica exemplares incompletos e cuja classificação depende de estudos que não
podem ser feitos no campo .
Relativamente aos outros trabalhos, segui em tudo o programma do anno passado,
continuando sempre o que já foi iniciado .
Vão adiantadas as listas sobre plantas toxicas, medicinaes e industriaes , assim como
a da synonimia indigena das plantas.
Colleccionei tambem alguns insectos para serem englobados nas collecções anteriores .
Distribui entre 18 fazendeiros sementes da alfarrobeira (Leguminosea, Ceratonia sili
qua L. ) esperando ter com isto prestado algum serviço , por ser esta arvore de grande valor
48
para forragem e pedi aos mesmos Snrs . fazendeiros a fineza de communicar a esta com
missão o progresso das plantações .
Com relação á prestabilidade dos campos percorridos este anno , pouco ou nada tenho
que accrescentar ao que já ficou dito , parece-me, pois , que com excepção dos campos pu
ramente arenosos , elles se acham nas mesmas condições dos de Itapetininga , isto é,
que nada impede a cultura e que a fama de esterilidade que ganharam tem sua origem
nas mesmas causas que dos campos de Itapetininga .
Mas ha agora fundadas esperanças que este estado da nossa lavoura em breve mude,
principalmente por causa da immigração e pela facilidade de acquisição e barateza de ter
reno de campo , que naturalmente favorecerá a constituição da pequena propriedade e la
voura de mantimentos.
SECÇÃO METEOROLOGICA
Alberto Loefgren.
.
1 Botanico e meteorologista.
SECRETARIA DO GOVERNO
BREVE RELATORIO
AO
APRESENTADO Ex.mo SNR.
PELO SECRETARIO
Como sempre, serei resumido em minhas apreciações , não tanto pela aridez
do assumpto , como para não tomar por muito tempo a preciosa attenção de
V. Ex .
O NOVO REGULAMENTO
Neste assumpto , como em tantos outros que jogam com o mecanismo admi
nistrativo, tudo é relativo . – O pessoal não é de hoje, nem foi creado de momento : as
habilitações são , nem podem deixar de ser , desiguaes ; mas a boa vontade é patente na
maioria.
Presidentes com que tenho tido a honra de servir que as nossas Repartições
publicas, quer provinciaes quer geraes, resentem -se todas do mesmo mal , do mesmo
vicio de origem .
A outrem , que não aos chefes de Repartições, cuja esphera de acção é cer
ceada já pelas disposições regimentaes, já por muitas outras causas de economia
interna, será dado debellar as anomalias com uma reorganisação completa, radical,
do mecanismo bureaucratico, extirpando de vez os abusos e a rotina e exigindo nas
admissões próvas serias e reaes de capacidade, como sóe praticar-se em todos os
paizes que têm n'um Funccionalismo numeroso, disciplinado e bem preparado um
dos mais importantes factores do seu engrandecimento .
II
OFFICIAL -MAIOR
1.4 SECÇÃO
2.8 SECÇÃO
3.8 SECÇÃO
4.9 SECÇÃO
5.4 SECÇÃO
ARCHIVO
PORTEIRO
CONTINUOS
Affonso Corumbá da Fonseca .
Hermenegildo de Almeida.
III
EXPEDIENTE
Um simples confronto entre o movimento do anno que hoje finda e o dos dous
annos anteriores, será bastante para corroborar o que levo dicto .
No corrente anno foi o seguinte o movimento de papeis:
1. ° TRIMESTRE DE 1888
14.007
2.0 TRIMESTRE
13.195
3. ° TRIMESTRE
11.404
4.0 TRIMESTRE
1.8 Secção . 1.447
2.a 1.917
- 7 -
3.8 3.745
4.8 3.219
5.a 2.587
12.915
Recapitulação :
1. trimestre 14.007
2.0 13.195
3.0 11.404
4.0 12.915
1887
2.8 Secção . 7.555
3.a 12.205
4.8 > 14.854
5.a >> 9.542
6.a ( hoje 1.a ) 4.361
1886
2. Secção . 5.721
3.a >> 5.174
4.2 > 10.119
5.a 8.837
6.8 ( hoje 1.a ) 4.415
O augmento é visivel ( A ) .
Cumpre notar , como ponderei nos meus Relatorios trimestraes, que nesta relação
não se acham comprehendidas as copias dos officios, minutas, cartas de naturalisação
e competentes registros, titulos, as informações diarias das Secções e os pareceres
do Secretario ( art . 11 § 10 e 14 § 11 do Regulamento) , as portarias de passa
gens nas estradas de ferro, á conta da Provincia ou do Governo Geral, as certi
dões , editaes e competentes registros, protocollos , etc. etc .: o que , si fosse compu
tado, attingiria ao triplo do algarismo supra.
Accresce que a remessa dos livros destinados ao Registro Civil dos nascimen
tos , casamentos e obitos, de conformidade com o Decreto n . ° 9,886 de 7 de Março ,
avolumou extraordinariamente o expediente e não faz parte da relação alludida.
Os livros , em numero de 492 , foram todos abertos, rubricados e encerrados
por mim , em cumprimento do art. 4. ° do Regulamento respectivo e da carta
circular do Ministro do Imperio de 11 de Outubro.
8
Ante o excessivo trabalho que pesa sobre as Secções, de modo que não raro
ao Secretario incumbe grande parte do serviço da exclusiva competencia dos
Chefes, torna -se necessario o augmento de alguns empregados, sobretudo dado o facto
de se nào admittirem collaboradores nem praticantes, fóra do quadro do pessoal .
Accresce que um dos 2.us Officiaes serve no Gabinete, outro foi nomeado
para uma commisão fóra da Provincia , e de continuo ha um ou dous emprega
dos licenciados, além daquelles que, matriculados na Faculdade Juridica, têm per
missão tacita para, nas horas do expediente, cursar as aulas de Direito .
Attendendo á conveniencia do serviço , V. Ex . houve por bem , por Acto
de 1.º de Agosto , passar da 2.a para a 1.4 Secção o avultado expediente relativo
á Instrucção Publica Provincial.
melhoramento, que de ha muito devêra ter sido posto em prática , como em outras
Provincias e até na maioria das Municipalidades das cidades grandes .
V. Ex . , porém , deliberará como convier.
A verba consignada pelo S 2.º do art . 1.º do Regulamento, e destinada á
Secretaria , é a seguinte:
9
3 : 500 $ 000
Ora, que tal verba é insufficiente vém demonstrar a pratica de todos os dias ;
nem as despezas que forçosamente accrescem pódem ser cobertas pela verba do
§ 14 para eventuaes, por sua vez insufficiente .
E ' , pois , de rigorosa necessidade elevar ao menos ao duplo a quota votada
para o expediente da Secretaria, que é ainda a mesma de ha 10 annos , quando
o trabalho afflúe e o serviço augmenta a olhos vistos .
Convém ser consignada igualmente uma verba de 1 : 000 $ 000 para dous serven
tes , ad instar do determinado no $ 3.º art. 1.º da mesma Lei , Thesouro Provincial .
Isto mesmo ponderei no meu ultimo Relatorio ao Conselhairo Rodrigues
Alves , e de ordem de S. Ex . entendi-me com a Commissão de Orçamento, acer
ca da conveniencia de augmento de verba para expediente e inclusão de uma
parcella para serventes e impressão de avulsos não prevista .
E ' de desejar-se e esperar que a digna Commissão, na Legislatura prestes a
abrir -se, attenda a esse reclamo do serviço publico.
IV
BIBLIOTHECA E ARCHIVO
Para fazer obra completa, fôra mistér autorisar tambem a impressão das
Actas das Sessões do Governo Provisorio ( 10 de Setembro de 1822 a 8 de Ja
neiro de 1823 ) e do Conselho do Governo ( 1826–1834) .
Seria um subsidio valiosissimo á Historia Patria, porque, como bem disse o
illustre Paulista Visconde de São Leopoldo : < A Historia da Capitania de São
Vicente será a Historia geral do Brazil » .
Sou levado a crêr que tempo houve em que o Archivo foi franqueado em
demasia aos colhedores de documentos e esclarecimentos historicos, sem attender
á disposição do art. 18 S 6. do Regulamento de 3 de Janeiro de 1876 , repro
duzida no art. 16 $ 6.º do Regulamento actual.
Apezar destas lacunas sensiveis, o Archivo é um repositorio de documentos
de valor inestimavel para a Historia politica e administrativa de nossa Provincia .
Si bem no Archivo da Camara Municipal da capital e no da Camara Eccle
siastica devam existir não poucas collecções de real merecimento, o da Secretaria
é a primeira das bases officiaes de pesquizas a que por ventura hajam de proceder
os investigadores das cousas patrias e das origens Paulistas , que soffreram irreme
diavel perda com o incendio e destruição pelos Inglezes do Cartorio de S. Vicente,
no seculo XVI e , posteriormente, pelo incendio do Archivo da Camara da mesma
Villa pela demencia de Manuel Vieira Collaço, em fins do seculo XVII .
A Lei n . 20 de 8 de Março de 1842 creára nesta cidade um Archivo Pu
blico Provincial, sob a inspecção do Secretario do Governo, e dividido em tres
Secções : legislativa, administrativa e historica.
LEGISLAÇÃO PROVINCIAL
VI
OCCURRENCIAS DIVERSAS
Ao Segundo Official, Olympio Ricardo O ' Reilly, 8 dias, para o mesmo fim ,
em 29 de Julho, e 2 mezes, em 7 de Novembro .
Ao Porteiro, Antonio Maria Chaves, 10 dias . - Em 1 de Agosto.
VII
DUTRA RODRIGUES
Grata á sua memoria , a Secretaria fez - se representar pelo seu Chefe nas
exequias realisadas em Jundiahy, no dia 7 de Maio; mandou celebrar solemne
officio funebre na Igreja do Carmo, no dia 14 do mesmo mez ; tomou lucto por
oito dias e manifestou á sua Exm ". Viuva os sentimentos de um pezar pro
fundo e sincero .
Por varias vezes assumiu o Exm . Sr. Conselheiro Francisco Antonio Dutra
Rodrigues as redeas da administração, na qualidade de 1. ° Vice-Presidente,
nomeado por Decreto de 14 de Julho de 1887 .
-
15
Queira, portanto, relevar as faltas numerosas desta Repartição, --- faltas que
não são isoladas nem exclusivas de certa e determinada ordem de funccionarios, -
e cuja causa apontei no principio deste Breve Relatorio.
Os exemplos colhidos no tracto constante com Administradores de reconhe
cida competencia e illustração provada, como V. Exc., e as licções da experiencia
hauridas na mesma fonte, hão de habilitar-nos a melhor servir a Provincia e a
secundar as vistas largas e patrioticas do Governo de V. Exca ., a Quem
O Secretario da Provincia,
NOTA .
A
DO 10 , DE JANEIRO A 31 DE MAIO .
Autorida
diversas
e utras
desta
ho
Conselmo
Estrangeiros
odes
Supre
Provincias
Fazenda
Marinha
Imperio
Justiça
Guerra
DO 1. ° DE JUNHO A 31 DE DEZEMBRO
Provincias
Suprelho
mo
dAiversas
outras
Estrangeiros
Autori
edades
Conse
desta
Pazenda
Narinha
Imperio
Justiça
Guerra
PEÇAS OFFICIAES TOTAL
...
dos 1.656 1.656
:::::
(No Protocolo 1.656 1.656
Termos de Juramento 42 42
Certidões que se passaram 21 21
Somma . 444 124 114 26 16 18 11.955 12.871
174
Total . 362 768 286 302 54 46 28 19.868 21.715
1845
Mappa demonstrativo dos trabalhos da Secretaria do Governo da Provincia de S.
Paulo desde 1.o de Janeiro até 31 de Dezembro de 1845
Adiversas
Provincias
Supremo o
autori
Conselh
Estrangeiros
ed'esta
odades
u
tras
.
.
Pazenda
Marinha
.Imperio
Justiça
.
.
.
1846
Mappa demonstrativo dos trabalhos da Secretaria do Governo da Provincia de S.
Paulo desde o 1.o de Janeiro até 31 de Dezembro de 1846
Supremo
Conselho
Adiversas
Provinciat
Estrangeiros
ridades
auto
desta
eou
tras
a
Fazenda
Marinh
.
Imperio
Guerra
Justiça
.
PEÇAS OFFICIAES TOTAL
.
.
.
.
.
Officios ... Originaes . 166 226 109 170 20 27 10 1.619 2.353
Registrados. 166 226 109 170 20 27 16 1.619 2.353
Avisos da Corte . Registrados . 132 150 101 83 14 23 6 509
JOriginaes 2.884 2.884
Portarias 2.884 2.884
Registradas.
Cartas Imperiaes 35 35
e Decretos .. { Registrados.
Titulos de Guar 119 119
das Nacionaes e Originaes
Registrados . 119 119
Policiaes
Cartas de Profes. [ Orig naes . 26 26
sores e Promot. ( Registrados . 26 26
Cópias 328 328
requerimento s 5.680 5.680
Despachos lança- (Nos
No Livro da Porta
dos .. 5.680 5.680
No Protocolo .. 5.680 5.680
Termos de juramentos 25 25
Certidões que se passaram 25 25
Somma . 464 602 319 423 54 77 38 26.749 28.726
E' bom de vêr- se que , nos mappas demonstrativos , está incluido o expe
diente que não consta dos mappas actuaes, v . g . as cópias , despachos , certidões ,
decretos , cartas Imperiaes, etc., etc., sem 0 que ficariam reduzidos a menos de
metade os algarismos totaes dos mesmos mappas.
Tomando uma média de 150 papeis por mez, pois houve numero inferior ao
expediente do mez de Janeiro, temos, no anno de 1821 , um expediente inferior
a 2.000 papeis.
Achei curioso o confronto, e por isso deixo -o consignado aqui .
Além do mais,-Recognosces annalibus eruta priscis.
NOTA B.
Art. 3.0 Feita a publicação, o governo remetterá um exemplar aos archivos de todas
as Camaras Municipaes da Provincia , e bem assim a todos os Gabinetes de leitura ou
Bibliothecas que na mesma existirem , deixando nos archivos provinciaes os exemplares que
restarem para com elles passar as novas instituições.
Art. 4.0 Revogadas as disposições em contrario.
O que vemos lá ?
Quando a valvula respiratoria das liberdades deliberativas da Provincia tinha um
molde estreito traçado pela Constituição do Imperio, nós vimos os homens eminentes desses
tempos apresentarem idéas liberrimas, em que só transpiravam dedicação e zelo aos principios,
ás idéas, e deixarem , por um fanatismo cégo , e ao mesmo tempo, sacratissimo, a estes de
lado completamente tudo quanto se podia traduzir em conveniencias passageiras, guiados
sempre pelo elevado conceito do patriotismo.
Vemos lá, principalmente eu que tive o prazer de ler os papeis desse épocha, entre
outros documentos, um importantissimo : é uma representação apresentada ao Conselho Geral
em 1831 ou 1832 , para elle por sua vez dirigir - se aos poderes constituidos, afim de que
estes por todos os meios procurassem a abolição do castigo da chibata , tanto no exercito
como na armada .
A eloquencia desse passo impressiona agradavelmente ao leitor , porque lá se diz que
o Estado tem necessidade completa e absoluta do soldado para manter suas instituições, que
o prestigio do Estado não é outra cousa mais do que o prestigio individual dos seus defen
sores , inclusive todos os cidadãos, e que o Estado consentindo que o defensor da patria fosse
- 21
castigado por essa forma , viria tirar o brio do soldado, e portanto o brio , e prestigio de si
proprio, perante o mundo civilisado e perante si mesmo.
V. Exc . sabe, Sr. Presidente, que essa medida, lembrada nessa épocha, só moderna
mente é que foi traduzida em facto em um texto possitivo de Lei, e penso que com alguma
delimitação , isto é , com relação ao exercito, e não quanto á armada.
Além deste facto, eloquente para mostrar o civismo dos homens da velha tempera,
muitos outros eu tive occasião de verificar, com grande satisfação de mim proprio, como
cidadão brazileiro .
Na Secretaria da Assembléa Provincial e do Governo existem documentos, aos quaes
me refiro no projecto, firmados por homens que constituem o prototypo de todo civismo, e
dignos de imitação, como os venerandos Senador Feijó e Raphael Tobias de Aguiar, vultos
proeminentes, que á proporção que o tempo corre, elles mais se elevam e engrandecem ,
porque, Sr. Presidente, permitta-se-me recordar nesta occasião uma figura brilhante do
scintillante tribuno hespanhol: « Os homens, á proporção que o tempo corre , crescem ,
« porque a distancia no tempo, ao inverso do que se dá com ella em relação ao espaço,
« augmenta os objectos, avoluma as personalidades.»
O passado é sempre uma boa lição ; quando elle é prenhe de ideas erroneaes e acanhadas,
nós devemos trazel-o para o presente, e para as gerações futuras, unicamente para que estas
critiquem os factos, bebam nelles um ensinamente proveitoso, e não revejam -n'o, como um
espello, para reproduzir as suas acções e por elle pautal-as.
Mas, Sr. Presidente, quando esses factos, quando o passado que lhes serviu de berço
traduzem idéas eminentes liberaes, idéas sans, que só revelam amor aos principios, nós devemos
transmittil-os ao futuro, para que as geracões passadas sejam o incentivo para o proceder
das gerações futuras, corrigindo os erros do presente .
E ' para que não sejam esquecidos esses documentos importantissimos, que eu apresento
este projecto autorisando o governo a fazer uma despeza, aliás limitadissima.
Penso que todos os patriotas, todos os paulistas, emfim , todos aquelles que estremecem
de amor por esta Provincia, nào hào de vacillar em adoptar esta idéa, porque ella consub
stancia um principio altamente patriotico .
Além de trazer o projecto a elucidação de certos pontos de nossa politica interna ou
provincial, ainda vem elucidar certos pontos de nossa historia particular.
Sabido é o quanto é despido de exuberancia o manancial que temos a respeito deste
assumpto .
Depois do quadro historico do Sr. Brigadeiro Machado, que, partindo dos tempos colo
niaes , apenas abrange a épocha de 1822, me parece que só temos de mais importante o lumi
noso trabalho do Sr. Dr. Americo Braziliense, em que esse auctor consubstancia as prelecções
que havia feito em Campinas, em certa épocha , em um collegio particular desta cidade ; mas,
ahi mesmo elle proprio reconhece as difficuldades com que luctou por falta de documentos.
Diz elle : Desde que perdi o esboço historico do Sr. Brigadeiro Machado, d'ahi em
deante apenas tenho de transmittir a meus alumnos conhecimentos que encontrei em archivos
publicos, a que recorri, ou factos que apreciei de visu, ou delles tive informações dos seus
comtemporaneos.
Já vêm V. Exc . e a casa , Sr. Presidente, que a apreciação desses documentos hade
trazer elucidação sobre a nossa historia provincial, além de vir supprir relativamente a parte
politica da mesma .
Sem fazer mais considerações para poupar o tempo, mando á meza o projecto, e faço
um appello á patriotica commissão de fazenda para que, solicita como é , emitta com brevi
dade seu perecer, afim de que se possa converter em lei a idéa que acabo de expender, e
para accelerar a dicussão, requeiro dispensa de impressão do projecto . »
22
NOTA C.
O indice, porém , não prima pela ordem nem pela clareza , pois comprehende
muitos documentos relativos ao Segundo Reinado .
Segue o < Indice dos Regimentos, Provisões , Leis , Cartas e Alvarás de Sua
Magestade, Que Deus Guarde », etc. ns . 1 a 147.
Ha mais o « Inventario das Cartas de Sua Magestade , Que Deus Guarde ,
que se escreveram a este Governo de S. Paulo, no seu estabelecimento , e prin
cipiaram a escrever - se no anno de 1720 , em que se fez a divisão , e se tomou posse
em 5 de Setembro de 1721 , » constante de 12 massos, numeros 1–331 .
Este livro fecha com o termo de conferencia a que se procedeu , a 27 de
Fevereiro de 1749 , na Villa e Praça de Santos, em casa de morada do Secretario
do Governo desta Capitania, Manuel Pedro de Macedo Ribeiro , perante dous
tabelliães , nos papeis e livros da Secretaria, de ordem do Exm. Sr. General
D. Luiz de Mascarenhas.
NOTA D.
Carta de Lei pela qual Vossa Excellencia manda executar o decreto da Assembléa
Legislativa Provincial, que houve por bem sanccionar, estabelecendo nesta Cidade um
Archivo Publico Provincial, como acima se declara.
Para Vossa Excellencia vêr
Porque a Provincia de S. Paulo não terá , por sua vez , os seus Archivos
Provinciaes ?
QUADRO DA MAGISTRATURA
DA
PROVINCIA DE S. PAULO
QUADRO DA MAGISTRATURA
COMARCAS
Juiz de Direito da 1.a vara Bacharel Abilio Alvaro Martins de Castro ...
Promotor Publico . Ernesto Leite da Silva
Juiz substituto da 1.a vara Manuel Augusto de Alvarenga
Capital
Juiz de Direito da 2.a vara Bacharel Ignacio José de Oliveira Arruda
substituto da 2.a Antonio de Anhaia Mello ..
Juiz de Direito Bacharel Joaquim Ignacio de Moraes
Atibaia Promotor Publico Sebastião Possolo
Juiz substituto Julio Amaro da Rosa Furtado
Juiz de Direito Bacharel Joaquim Augusto Ferreira Alves .
Bragança I Promotor Publico . Luiz Antonio de Aguiar Souza
Juiz substituto .. José Maria Largacha Junior
Juiz de Direito Bacharel José Joaquim Baeta Neves
Campinas Promotor Publico . Antonio de Castro Prado .
Juiz substituto .. João Braz de Oliveira Arurda
Juiz de Direito Bacharel Antonio Francisco da Costa Ramos .
Capivary Promotor Publico Arthur Severiano Ferreira Guimarães
Juiz substituto . Adolpho Coello de Mattos Barreto .
Juiz de Direito Bacharel Francisco Ribeiro de Escobar
Ytú . Promotor Publico . José Martins Fontes Junior .
Juiz subttituto ..
Juiz de Direito Bacharel Hyppolito de Camargo
Jacareny Promotor Publico . Juvenal Malheiro de Souza Menezes
Juiz substituto José Pereira da Silva Barros .
Juiz de Direito Bacharel Francisco Machado Pedroza
Lorena Promotor Publico Urbano Marcondes de Moura
Juiz substituto .. Vicente de Moraes Mello Junior .
Juiz de Direito Bacharel Joaquim Antonio do Amaral Gurgel
Mogy das Cruzes Promotor Publico . Antonio Victor de Macedo
Juiz substituto >> José Roberto Leite Penteado
Juiz de Direito Bacharel Rufiro Tavares de Almeida ...
Piracicaba I Promotor Publico . Adolpho A. Nardi de Vasconcellos .
Juiz substituto .. >> Raphael Marques Cantinho
Juiz de Direito Bacharel Angelo Pires Ramos
Rio Claro Promotor Publico . José Ignacio de Figueiredo
Juiz substituto Francisco de Castro Sá Barreto
Juiz de Direito Bacharel José Rolim de Oliveira Ayres
S. Roque Promotor Publico . Edwino de Andrade Figueira
Juiz substituto Luiz Candido da Rocha .
Juiz de Direito Barão de S. Domingos
Santos Promotor Publico . Bacharel João N. Freire Junior
Juiz substituto ... José Xavier de Carvalho Mendonça .
DA PROVINCIA DE S. PAULO
ESPECIA ES
COMARCAS
Entrancias
Juiz de Direito
Promotor Publico
Amparo 1.a
Amparo Juiz municipal
Socorro, Serra Negra (reunido) . >
Juiz de Direito
Promotor Publico
Araraquara 1.a
Araraquara Juiz municipal
Jaboticabal
Juiz de Direito .
Promotor Publico .
Areas 2.a
A rêas . Juiz Municipal
S. José do Barreiro
Juiz de Direito .
Bananal 2.a Promotor Publico .
Bananal... Juiz Municipal. .
Juiz de Direito .
Promotor Publico
Batataes 1.a Batataes Juiz Municipal.
Cajurú >>
Juiz de Direito
Promotor Publico
Belém do Descalvado 1.a Pirassununga Juiz Municipal .
Belem do Descalvado, Santa Rita do Passa
Quatro (reunido ).
Juiz de Direito .
Promotor Publico
Botucatu 1.a Botucatú ... Juiz Municipal
Rio Novo , S. Manoel (reunido)
Juiz de Direito
Caconde .. 1.a Promotor Publico
Caconde, Mococa (reunido) Juiz Municipal .
---
- 5
GERA ES
Entrancias
Comarcas Termos Cargos
Juiz de Direito
Casa Branca 1.a Promotor Publico
Casa Branca Juiz Municipal
Juiz de Direito
Promotor Publico
Espirito Santo ... 2.a
Penha do Rio do Peixe , Espirito Santo
do Pinhal ( reunido) Juiz Municipal
Juiz de Direito
Promotor Publico
Faxina 1.a Faxina Juiz Municipal
S. Sebastião do Tijuco Preto
S. João Baptista do Rio Verde >>
Juiz de Direito
Promotor Publico
Franca 2.a Franca , Carmo, Santa Rita do Paraizo
(reunido) Juiz Municipal
Juiz de Direito
Promotor Publico
Guaratinguetá 2.a
Juiz Municipal
Cunha
Juiz de Direito
Promotor Publico
Iguape .. 1.a
Iguape . Juiz Municipal. .
Cananéa
Juiz de Direito
Promotor Publico
Itapetininga 2.a
Itapetininga Juiz Municipal..
Paranapanema, Sarapuhy ( reunido) >> >>
Juiz de Direito
Jahú 1.a Promotor Publico
Jahú, Dous Corregos ( reunido) Juiz Municipal
Juiz de Direito
Promotor Publico
Jundiahy 1 a
Jundiahy Juiz Municipal .
Itatiba >>
Juiz de Direito
Promotor Publico
Lençóes 1.a
Lençóes, S. José dos Campos Novos, Santa
Cruz do Rio Pardo ( reunido). Juiz Municipal
Juiz de Direito
João Antunes de Araujo Pinheiro 10 Julho de 1886 ... 31 Julho de 1886 ...
Bacharel Cassiano Candido Tavares Bastos . . 18 Janeiro de 1882. . 29 Março de 1882 ..
>> Arlindo Vieira Paes .. 17 Agosto de 1886. . 28 Agosto de 1886 .
Augusto José da Costa 11 Abril de 1885 ... 11 Julho de 1885 ..
Antonio Bento Domingues de Castro 2 Maio de 1888 .... 23 Junho de 1888 .
Bacharel João Bernardino Cesar Gonzaga 17 Dezembro de 18812 Fevereiro de 1882
Alfredo da Cunha Bueno .. 30 Janeiro de 1889
Entrancias
Comarcas Termos Cargos
Juiz de Direito
Promotor Publico
Pindamonhangaba - 1.a Pindamonhangaba Juiz Municipal
S. Bento de Sapucahy
Juiz de Direito
Promotor Publico
Queluz . 1.a
Queluz Juiz Municipal
Silveiras
Juiz de Direito .
Promotor Publico
S. Carlos do Pinhal . 2.a
S. Carlos do Pinhal . Juiz Municipal
Brotas .
Juiz de Direito
S. Luiz 1.a Promotor Publico
S. Luiz .. Juiz Municipal
Juiz de Direito
Promotor Publico
S. José dos Campos 1.a
S. José dos Campos . Juiz Municipal
>>
Caçapava, Jambeiro ( reunido)
Juiz de Direito
S. Sebastião .... 1.a Promotor Publico
S. Sebastião, Villa Bella (reunido) Juiz Municipal. .
Juiz de Direito
S. Simão 1.a Promotor Publico
Ribeirão Preto. S. Simão ( reunido ) Juiz Municipal
Juiz de Direito ..
Tieté Promotor Publico
3.a
Tieté Juiz Municipal
Porto Feliz >>
Juiz de Direito
Ubatuba . 1.a Promotor Publico
Ubatuba Juiz Municipal
Juiz de Direito
Xiririca 1.a Promotor Publico
Xiririca, Apiahy ( reunido) . Juiz Municipal
Bacharel José Pedro de Paiva Baracho 18 Julho de 1883 ... 19 Outubro de 1883
Joaquim Moreira de Souza Dias ... 10 Novembro de 1888 2 Dezembro de 1888
Antonio Silverio de Alvarenga 28 Maio de 1887 .... 23 Julho de 1887
Bacharel Pedro C. de Albuquerque Maranhão . 24 Novembro de 1888
Americo Xavier Pinheiro e Prado . . 23 Março de 1887 ... 16 Abril da 1887
Joào Nogueira Jaguaribe 27 Novembro de 1886 4 Dezembro de 1886
Luiz Augusto de Carvalho Mello .. 27 Outubro de 1888 .
Bacharel Antonio Lourenço de Freitas 3 Junho de 1883 .. 4 Setembro de 1883
Francisco Antonio da Luz 15 Junho de 1886 ... 9 Julho de 1886 ...
Octavio Affonso de Mello 5 Janeiro de 1889
Bacharel José Joaquim Ramos Silva 2 Novembro de 1878 5 Fevereiro de 1879
Faustino José de Oliveira Ribeiro . . 14 Junho de 1877 .. 27 Agosto de 1877 ..
Luiz Porto Moretz Sohn de Castro . 26 Março de 1887 3 Maio de 1887
O Secretario da Provincia,
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