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MONÓLOGOS MASCULINOS, extraídos das peças de ANTON TCHEKHOV

ANDREI Oh, onde está o passado, quando eu ainda era jovem, alegre e
inteligente? Quando pensamentos e sonhos nobres me guiavam e a minha
esperança iluminava o presente e o futuro? Por que será que mal começamos
a vida e já nos tornamos enfadonhos, cinzentos, sem interesse, preguiçoso,
indiferentes, imprestáveis, infelizes... A nossa cidade tem já duzentos anos,
conta cem mil habitantes, mas não há um único ser que não se assemelhe aos
demais, nunca houve um único herói, no passado e nem no presente, não há
nenhum sábio, um único artista sequer, não há uma só pessoa merecedora de
um mínimo de atenção, capaz de despertar a inveja ou um desejo apaixonado
de imitá-la... Elas se limitam apenas a comer, beber, dormir... depois morrem...
Nascem outras, que também comem, bebem dormem, e para impedir que o
tédio as destrua diversificam a vida dedicando-se a mexericos venenosos, à
vodca, às cartas e aos processos litigiosos, as esposas traem o marido e os
maridos mentem, fingem não ver nem ouvir nada, e esse ambiente vulgar
arruína as crianças; a centelha divina apaga e elas se convertem em cadáveres
miseráveis, semelhantes entre si, como foram seus pais. (A Ferapont, irritado)
Que diabo você quer? Estou farto de você. (Ferapont entrega-lhe os papéis)
O presente é repugnante, mas apesar disso quando penso no futuro se
transforma! Fica tudo tão leve, tão espaçoso; se ao longe rompe uma luz, vejo
a liberdade, vejo a mim e a meus filhos nos livramos do ócio, do kvas, do ganso
e do repolho, da sesta, da abjeta falta do que fazer... (folheia os documentos)
Está bem, vou revisá-los, assiná-los, e depois você pode vir buscá-los. (Entra
na casa folheando os papéis; Ferapont se dirige ao fundo, empurrando o
carrinho).

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