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Manual Do Formando - Módulo 04
Manual Do Formando - Módulo 04
Módulo 04
Manual do Formando
Formadora
Manuela Páris
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Índice
Conteúdo
I. Objetivos: ................................................................................................................ 3
I. Intervenção Neuropsicológica na criança: ........................................................... 4
a) Reabilitação Neuropsicológica ........................................................................ 5
b) Reabilitação ou Habilitação infantil? ............................................................. 6
c) Passos Gerais no Planeamento da Reabilitação ou Habilitação
Neuropsicológica Infantil:.......................................................................................... 6
II. Estratégias de Intervenção: Estimulação e Reabilitação .................................... 8
a) Técnicas de Reabilitação Cognitiva: .............................................................. 9
b) Princípios da Reabilitação Cognitiva Infantil: ............................................ 10
c) Caracterização do espaço onde se desenvolve a reabilitação: ....................... 12
III. Progrmas de Reabilitação Neuropsicológica/Neurocognitiva: ...................... 13
IV. Exemplo de exercícios práticos de reabilitação cognitiva:............................. 14
VI. Bibliografia: ....................................................................................................... 22
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I. Objetivos:
Com este módulo pretende-se dar a conhecer aos formando as técnicas utilizadas na
reabilitação neuropsicológica infantil, os procedimentos a adotar na formulação de um
plano de intervenção, bem como exemploicar alguns exercícios que podem ser realizados.
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I. Intervenção Neuropsicológica na criança:
Também os axónios afetados pela lesão tendem a fazer uma restauração espontânea e
forma a facilitarem a recuperação das conexões sinápticas perdidas, mediante
“reinervação” ou “recrescimento”
A lesão cerebral implica, ainda, uma reorganização das sinapses que acontece
paralelamente às modificações que se observam nos axónios. O processo de criação de
novas sinapses chama-se sinaptogénese reativa (Portellano, 2008).
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a) Reabilitação Neuropsicológica
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Também é relevante ter em conta a administração de determinados fármacos
(como antidepressivos, anticonvulsivantes, ansiolíticos e anti-histamínicos) usados no
tratamento de sintomas residuais, já que estes podem agir de forma dupla na reabilitação
cognitiva: ou atrasar ou facilitar o processo. Os efeitos colaterais, como sonolência,
confusão, dificuldades de memÓria podem também influenciar a avaliação
neuropsicológica e, por consequência, a reabilitação (Prigatano, 1987).
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família). Podem e devem ser usadas as escalas de avaliação do comportamento da
criança (aplicadas à criança, pais e professores).
• um dos principais aspetos na intervenção neuropsicológica é o planeamento e a
gestão me metas, que se traduz num processo desafiador pois envolve a
negociação entre as necessidades e as expetativas individuais do paciente, da
família e da equipa multidisciplinar.
• Relativamente à frequência das sessões: é certo que a frequência das sessões deve
ser traçada em função das necessidades de cada criança aliada às condições e
disponibilidade da família ou das próprias regras de funcionamento da instituição
onde se desenrola o processo de intervenção. Contudo, há um consenso de que as
sessões devem acontecer entre 1 ou 2 vezes por semana durante 1 a 2 horas de
tratamento (estima-se que o tempo médio para que sejam alcançadas as primeiras
metas é de 4 a 6 semanas) (Miotto, 2016).
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II. Estratégias de Intervenção: Estimulação e Reabilitação
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a) Técnicas de Reabilitação Cognitiva:
Como tem vindo a ser discutido ao longo dos módulos, não se pode considerar o
cérebro infantil como uma réplica em menor escala do cérebro de adulto. Por essa razão,
nem sempre os mecanismos que regulam a reabilitação cognitiva da criança são iguais
aos que se aplicam aos adultos.
Em primeiro lugar, porque o princípio da plasticidade neuronal aponta que as
possibilidades de recuperação são maiores em crianças do que em adultos e, em segundo
lugar, independentemente das características da lesão cerebral, em qualquer idade, as
melhorias são mais intensas nas semanas que sucedem a lesão e quanto maior for o tempo
decorrido entre a lesão e o inicio da intervenção reabilitativa, menor é a capacidade de
recuperação funcional do cérebro (Portellano, 2008). De acordo com Ardila, Rosseli e
Ostrosky (1991), qualquer procedimento e reabilitação deve ser iniciado o mais cedo
possível, sendo a fase mediamente a seguir ao dano é o momento ótimo para se obter
resultados mais positivos.
Embora a reabilitação cognitiva em crianças abarque variadíssimas patologias, o
princípio da intervenção precoce deve ser sempre privilegiado, de forma a minimizar as
consequências negativas e otimizar resultados.
O ponto de partida para o processo de reabilitação são os dados obtidos por meio
da avaliação neuropsicológica, tendo por base os pontos fortes (áreas preservadas) e os
pontos mais frágeis (áreas afeadas). Na fase inicial, as sessões de neuropsicologia devem
ser mais intensas incidindo, de forma especial, na componente atencional, uma vez que
esta é considerada a base de outras funções cognitivas.
De entre as técnicas mais usadas em reabilitação cognitiva, falaremos de duas em
especial: restauração e substituição de funções:
• Restauração:
A restauração consiste na exercitação de uma função cognitiva que tenha sido afetada
por lesão cerebral, com vista a uma recuperação funcional. Regra geral, a estimulação
repetida de determinada função suprimida por uma lesão cerebral melhora essa dita
função. A utilização de meios informáticos parece ser mais eficaz em crianças do que
adultos. A restauração é mais adequada em casos de lesão de menor gravidade
(Portellano, 2008).
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• Substituição:
Relacionada com o principio de Kennard que sugere que quanto mais precoce for a
lesão maior a probabilidade de recuperação funcional (exemplo: quando acontece a
transferência das funções representadas em áreas lesadas para áreas homólogas no
hemisfério oposto em casos das afasias adquiridas na infância) (Maia, Correia & Leite,
2009). O propósito das técnicas de substituição é proporcionar alternativas que
permitam compensar os défices. Como exemplo temos a utilização de próteses,
agendas, sinalizações, ajudas externas ou a utilização da linguagem mediante símbolos
em crianças com défices severos na linguagem (Portellano, 2008).
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2. Flexibilidade e Dinamismo:
Nos últimos anos tem vindo a crescer o interesse no estudo da aplicação de programas
de reabilitação cognitiva informatizados. Estes programas têm a vantagem de serem
adaptados à maturidade de cada criança, tendo um caráter lúdico e interativo que atrai
a população desta faixa etária. Contudo, não se pode restringir a intervenção a estas
metodologias mas sim utilizá-las em simultâneo com outras (Portellano, 2005). Deve
também ter-se em conta que a intervenção a nível da reabilitação cognitiva infantil
não deve ser estático nem repetitivo e deve ter-se em conta os níveis motivacionais e
interesses pessoais da criança. Neste sentido, os métodos de reabilitação devem ser
personalizados, flexibilizados e adaptados às características pessoais de cada criança
(Portellano, 2008).
3. Validade Ecológica:
O principio da validade ecológica afirma que qualquer tratamento deve ser adaptado
às características da criança pelo que os programas de atuação devem ser o mais
personalizados possível e generalizados à realidade do dia-a-dia. (Portellano, 2008).
4. Modificação do comportamento:
5. Psicomotricidade:
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comportamentais quer em criança como em adultos. Intervém também em transtornos
de equilíbrio, coordenação e fluência motora bem como em outros domínios, como
por exemplo orientação espacial, esquema corporal, ritmo, etc. (Portelano, 2008).
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III. Progrmas de Reabilitação Neuropsicológica/Neurocognitiva:
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IV. Exemplo de exercícios práticos de reabilitação cognitiva:
o Exercícios de inibição:
2) dar um toque na mesa quando o terapeuta lê a letra “A” numa sequência alfabética
variada:
FJGALOAATRIANAAAOQWITAVAVANHGTEPAANYADSXZA
3) dizer em voz alta quantos números há em cada conjunto (em nenhum doas casos deve
haver coincidir o número de elementos com o número escrito por extenso):
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3333 444 22 77777 999999
cinco oito três oito nove
66666666 1 8888 33333 55555555
seis oito oito três cinco
4) levantar a mão quando ouve o número 2; dar uma palmada na mesa quando ouvir o
numero 4; não fazer nada quando ouvir o número 6.
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1) ordenar as cartolinas por categoria, sem ter em conta o número e a cor das figuras
em questão.
2) fazer o mesmo exercício agrupando as cartolinas mediante o número de elementos
desenhados ou pela cor dos mesmos.
3) realizar exercícios de complexidade crescente: por exemplo: ordenar as cartolinas
mediante uma sequência ditada pelo terapeuta – vermelho-vermelho-amarelo-verde ----
vermelho-vermelho-amarelo-verde…
4) ordenar as cartolinas de forma decrescente, mediante o numero de figuras que
constam em cada cartolina, sem ter em conta a forma e cor dos desenhos.
5) realizar o mesmo exercício mas em ordem crescente.
6) fazer sequenciações numéricas de complexidade crescente, tendo em conta o número
de elementos em cada cartolina: por exemplo – 2-1-3-4 ---- 2-1-3-4…
7) realizar sudokus de dificuldade crescente.
8) labirintos em papel.
9) Exercícios de cálculo mental.
10) unir números desenhados num papel por ordem crescente e/ou decrescente.
…
b) Memória:
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que limitam a sua capacidade para realizar novas aprendizagens. As mnemónicas podem
ser do tipo verbal ou visual. Algumas das técnicas mais usadas são:
Categorização
memorizar por famílias de palavras em função da sua
semântica
classe, forma, tamanho ou utilidade.
Consiste em criar imagens visuais do material que se
pretende memorizar. Quanto mais originais ou absurdas as
Visualização imagens ‘, melhor será a sua recordação e quanto maior for
o tempo que se dedica à construção da imagem visual,
melhor nos recordaremos dela.
Auxilia a recordar as coisas ao assumir que o melhor
auxílio da memória é a organização ordenada dos objetos.
Primeiro é preciso selecionar uma determinada localização
espacial previamente conhecida pela criança (casa, escola,
Lugares bairro). Depois deve-se situar o objeto nos diferentes locais
onde é frequente encontrá-lo. Por último, deve-se
estabelecer uma trajetória que recorra sempre à mesma
VISUAIS
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c) Agnosias:
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3) Seguir o ritmo de alguma melodia musical com algum instrumento de
repercussão;
4) Reproduzir séries rítmicas com um xilofone.
d) Apraxias:
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dificuldades em desenhar e escrever. A intervenção tem como objetivo melhorar a
capacidade de representar, simbolizar e realizar movimentos sequenciados que podem
estar afetados pela lesão no córtex associativo, principalmente em áreas pré-frontais e
parietais.
1) Copiar figuras geométricas simples;
2) Imitar gestos como estalar os dedos, cruzar as mãos, colocar o dedo indicador
da mão esquerda sobre a palma da mão direita;
3) Imitar gestos mantendo os olhos fechados;
4) Imitar gestos simbólicos: acenar, pentear-se, escrever, teclar no computador,
tocar guitarra…
5) Fazer puzzles e quebra-cabeças de figuras humanas.
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V. COTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOLOGIA PARA A INCLUSÃO
SOCIAL
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VI. Bibliografia:
Ambrózio, C., Riechi, T., Brites, M., Jamus, D., Petri, C., Rosa, T. & Fajardo, D. (nd). Neuropsicologia
Teoria e Prática. UFPR.
Ardila, A., Rosseli, M. & Ostrosky-Solis, F. (1991). Diagnostico del daño cerebral. Trillas, Mexico D. F.
Ávila, R. (2003). Resultados da reabilitação neuropsicológica em pacientes com doença de Alzheimer leve.
Revista de Psiquiatria Clinica, 30(4), 139-146.
Ávila, R. & Miotto, E. (2002). Reabilitação neuropsicológica de défices de memória em pacientes com
demência de Alzheimer. Revista de Psiquiatria Clinica, 29(4), 190-196.
Bond, M.. (1975) Assessment of the psychosocial outcome after severe head injury. In R Porter and W
Fitzsimons (eds) Outcome of severe damage to the central nervous system (Ciba Foundation Symposium
34) (pp. 141-157) Amsterdam: Elsevier
Clare, W. & Woods, R. (2004). Cognitive training and cognitive rehabilitation for people with earlystage
Alzheimer`s disease: A review. Neuropsychological Rehabilitation, 14 (4), 385-401.
D’Almeida, A., Pinna, D,, Martins, F., Siebra, G. & Moura, I. (2004), Reabilitação cognitiva de pacientes
com lesão cerebral adquirida. CienteFico, 4(1), 1-9.
Ginarte-Arias, Y. (2002). Rehabilitación cognitiva. Aspectos teóricos y metodológicos. Rev. Neurol., 35,
870–876.
Lima, J. (2006). Envelhecimento, demência e doença de Alzheimer: o que a psicologia tem a ver com isso?
Revista de Ciências Humanas, 40, 469-489.
Maia, L., Correia, C. & Leite, R. (2009). Avaliação e Intervenção Neuropsicológica. Estudos de Casos e
Instrumentos. Lidel: Lisboa.
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Portellano, J. (2008). Neuropsicología infantil. Sintesis: Madrid.
Prigatano, G.. (1987). Recovery and cognitive retraining after craniocerebral trauma. Journal of Learning
Disabilities, 20, 603-613.
Wilson, B. (2003). Reabilitação das deficiências cognitivas. In: R. Nitrini, P. Caramelli & L. L. Mansur
(Org.), Neuropsicologia: Dasbases anatômicas à reabilitação. São Paulo: HCFMUSP
World Health Organization. (2000). The world health report 2000. Genebra: WHO.
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