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Resenha Crítica do Filme A Guerra do Fogo

Jean-Jacques Annaud (1981)

Psicologia Social
Profa. Mestra Jessika Damásio

Eveline Cristine Ramos Santos


Maria Eduarda da Silva Alexandre
Guilherme Rodrigues Silva
Sabrina da Silva Conceição
Victor Augusto de Carvalho Ribeiro
O filme Guerra do fogo, é dirigido por Jean-Jacques Annaud, em 1981. O roteiro do foi
produzido por Gerard Brach e S.H. Rosny Sr. A duração do filme é de 92 (noventa e dois) minutos.
Seu elenco principal irá contar com os nomes: Everett McGill, Raen Dawn Chong, Ron Perlman,
Nameer El Kadi. O filme é um clássico do cinema, retrata os acontecimentos pré-históricos, há
80.000 anos atrás, em que os hominídeos e os animais da pré-história estavam presentes. Mamutes,
tigre dente-de-sabre são alguns dos animais que aparecem na obra. Com locações na Escócia,
Islândia, Quênia e Canadá, o filme é ambientado na Europa e seu clímax está na luta pelo controle
do fogo pelos humanos primitivos.

O roteiro do filme traz uma tribo, que luta pela sobrevivência unidos, chamada Ulan, com
pouco conhecimento e domínio do elemento fogo, eles acham uma fonte natural de fogo, mas não
conseguem manter acesso, então, três integrantes saem pela natureza em busca a uma outra fonte
natural de fogo.

A tribo Ivakas, é composta por hominídeos mais evoluídos, na linguagem, domínio do fogo,
no conhecimento de ervas-medicinas, estruturação de cabanas, cerâmicas e flechas. Os integrantes
da tribo Ulan possuem um primeiro contato conflituoso com os Ivakas, uma mulher, da tribo
acompanha então os Ulan, e nesse processo, acontece a aprendizagem por meio do convívio entre
Ulan e Ivakas, a mulher os ensina como usa o elemento fogo em prol a sobrevivência, e é uma
informação para a evolução da tribo Ulan, com ela, eles tiveram avanços na comunicação, em uma
cena do filme os Ulan aprenderam a rir.

A primeira parte do filme é bem dramática, violenta e dá bastante ênfase na importância do


fogo como símbolo de sobrevivência e poder. Inicialmente nós acompanhamos a primeira tribo de
hominídeos, os Ulan. Nas primeiras cenas percebemos a tribo reunida em uma caverna, se
alimentando, aquecendo e se protegendo com o auxílio do fogo. O primeiro conflito do filme se dá
quando os Ulan são atacados de surpresa por uma tribo inimiga bastante diferente, com menos traços
humanos, que acabam roubando o fogo. Com a confusão e tendo seu fogo apagado, os Ulan são
obrigados a fugir e acabam se refugiando em áreas pantanosas onde o frio é intenso. Alguns
indivíduos começam a morrer de frio e então três guerreiros da tribo decidem sair em busca de fogo,
iniciando uma grande jornada.

Na segunda parte, ficando um pouco mais leve, o filme ganha um tom de aventura, algo como a
jornada do herói, com momentos de tensão e descontração, mostrando os 3 guerreiros na busca de
salvar sua tribo. Uma cena interessante que marca o início dos desafios dessa jornada e é sempre
citada quando se fala da realidade enfrentada pelo homem na pré-história, é quando os 3, para se
protegerem de leões, sobem em uma arvore e permanecem lá por dias, disputando com os leões
quem desistiria primeiro.

Em determinado momento, os nossos guerreiros encontram uma tribo de canibais, ao redor do fogo,
vendo assim a oportunidade de pegar o que estavam procurando. Já que a tribo canibal aparentava
ser mais forte e estava em maior número, o trio realizou uma estratégia simples para enganá-los
obtendo sucesso. Na cena havia, também, dois indivíduos de outra tribo, vítimas da tribo canibal.
Esses indivíduos, sendo um macho e uma fêmea, eram mais parecidos com a nossa espécie, o homo
sapiens. Após a disputa pelo fogo, a fêmea de homo sapiens se desamarra e liberta o macho que, no
entanto, cai no chão por já estar muito ferido. Estando sozinha, nossa guerreira decide se juntar ao
trio, sendo rejeitada inicialmente, mas após ajudar um deles com os ferimentos ela é bem recebida.
A entrada dela no grupo começa a trazer novas dinâmicas e descobertas, como sua linguagem que
era diferente, mais articulada e expressiva em relação a dos hominídeos e a capacidade de formular
ideias mais complexas.
A história se desenvolve ainda mais quando a fêmea de homo sapiens decide abandonar o grupo
para retornar à sua tribo. É mostrado no filme que um dos hominídeos, que mais se relacionou com a
guerreira, experimenta diferentes emoções com a partida dela, como primeiramente raiva e logo
após a tristeza. Em algumas cenas a seguir notamos ele sem rumo, triste com a partida da
companheira e o surgimento de algo novo, o afeto. O protagonista então, decide ir atrás dela. No
caminho dele, vemos alguns utensílios que indicavam que os povos daquele local já haviam
desenvolvido uma cultura mais sofisticada. Chegando à tribo de sua companheira, nos deparamos
com um povo mais desenvolvido em relação às armas, enfeites, pinturas tribais, costumes e moradia.
Para o nosso grupo, a cena mais icônica acontece nessa tribo, quando o protagonista aprende a fazer
o fogo. Ele se surpreende, chega até a derramar algumas lágrimas e fica inconformado pois até então
aquilo era algo impossível. Logo após esses ocorridos, o protagonista é mostrado como membro da
nova tribo e aculturado, aprendendo até mesmo a ter senso de humor, tornando a risada parte da sua
cultura. Outra questão interessante é a mudança no comportamento sexual, que início do filme é
mostrado de forma selvagem, violenta, abrupta e somente com a finalidade de satisfação física.
Agora, após diversos aprendizados e interações mais afetuosas, eles fazem sexo olhando no olho, um
de frente para outro e se abraçando.

Quando o pequeno grupo de guerreiros finalmente retorna à sua tribo, trazendo o fogo, de
forma cômica um dos integrantes da tribo acaba, acidentalmente, deixando o fogo cair na água. No
entanto, isso não foi um problema, pois agora, com a ajuda da fêmea de homo sapiens, eles
conseguiram reproduzir fogo garantindo a sobrevivência do grupo. Todo o filme mostra o
desenvolvimento cultural durante a pré-história, sendo possível acompanhar a evolução dos três
guerreiros que agora, fortalecidos pela mistura de povos e cultura, dividirão os relatos e os
conhecimentos adquiridos, com sua tribo. Na cena final é mostrado o protagonista calmamente
observando a lua, acariciando a barriga de sua companheira grávida, deixando claro a evolução que
está por vir na humanidade, com o surgimento de um novo povo mais forte e mais inteligente que o
anterior.
Outro aspecto, que se relaciona a este contexto, é o texto O Homem e a Cultura, em que
defende a ideia de que o homem é um ser de natureza sociável e tudo que tem de humano nele
provém da interação social e comprovamos isso no filme quando o primeiro grupo de homens tem
contato com outro grupo e aprendem mais sobre a sobrevivência. Aprenderam uma nova cultura
incluindo novas maneiras de viver, sorrir, ter relações sexuais, aprenderam sobre sentimentos e o
principal que é fazer fogo de maneira que não dependesse de ficar levando brasa para todo lugar o
que é uma evolução na vida primária. Na nossa concepção o primeiro grupo de homens evoluiu
bastante pois ficaram mais fortes através da experiência que tiveram de encarar outros grupos na sua
jornada de caça ao fogo tendo que enfrentar obstáculos para sobreviver e no final encontrar um uma
comunidade de homens na qual puderam obter mais conhecimentos de sobrevivência, de sociedade e
trazer isso para seu próprio grupo.

Analogamente, o texto ''A Atividade Consciente do Homem'', de Lúria, corrobora para a ideia
de que o homem pode refletir as condições do meio de modo imediatamente mais profundo do que o
animal. Ele pode abstrair a impressão imediata, penetrar nas conexões e dependências profundas das
coisas, conhecer a dependência causal dos acontecimentos e, após interpretá-los, tomar como
orientação não impressões exteriores porém leis mais profundas. Isso permite ao homem a
capacidade de aprender e dominar a natureza conforme suas necessidades e tal questão é apresentada
no filme através da caça, da reutilização de peles de animais para produzir vestimentas, uso de
plantas de forma medicinal, nos utensílios de cerâmica utilizados pela tribo Ivaka, na confecção de
armas, tintas e moradias, no constante desenvolvimento linguístico, no aprimoramento da
capacidade de formular ideias cada vez mais complexas através das experiências e, principalmente,
no manuseio do fogo como fonte de luz, calor, proteção e sobrevivência.

Por fim, conclui-se que todo processo de desenvolvimento humano foi em decorrência da
acumulativa jornada de experiências e trocas com o meio. Dado o contexto, não se descarta todos os
fatores multifacetários do Humano, seja genético, idiossincrático e social. Todos no qual, através de
uma jornada cumulativa fundada na dialética do desenvolvimento, formou e forma todas concepções
de diversidade que temos hoje.

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