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O embranquecimento de Maria Firmina dos Reis


Publicado por: Vando Maciel

Maria Firmina dos Reis, considerada a primeira romancista brasileira, não deixou fotografias, desenhos ou pinturas. As feições
da escritora são totalmente desconhecidas. Sem rosto, Firmina passou a ser confundida com outras escritoras
brasileira, como a gaúcha Maria Benedita Bormann e a potiguar Auta de Souza.

Não se sabe ao certo a origem dos equívocos. Entretanto o rosto de Maria Firmina continua sendo divulgado de forma
errônea e distorcida, tanto em ambientes físicos, como em virtuais.

Em 2011, no aniversário de 253 anos da cidade de Guimarães,


uma pintura da escritora foi encomendada ao artista plástico
pernambucano Rogério Martins, e doada ao legislativo do
município pelo escritor Antônio Noberto.

Entretanto, nota-se nitidamente que a pintura foi baseada no


retrato da escritora gaúcha Maria Benedita Bormann, na qual
ela aparece de pele ainda mais embranquecida.

“O problema é que essa imagem, inadvertidamente, se espraiou


pelas redes sociais e em demais ambientes e acabou ganhando
a confiança do público, fazendo com que a reparação do
equívoco seja um tanto difícil de ser realizada” escreveu Rafael
Balseiro Zin em seu artigo “A Dissonante Representação
Imagética de Maria Firmina dos Reis”.

O que se sabe das feições de Maria Firmina dos Reis vem dos
depoimentos da filha adotiva da escritora, Nhazinha Goulart, e
de Eurídice Barbosa, aluna de Maria Firmina no povoado
Maçaricó, Guimarães. As discrições de ambas foram
registradas no livro Maria Firmina: fragmentos de uma vida, do
escritor Nascimento Morais Filho.

“Nenhum retrato deixou Maria Firmina dos Reis. Mas estão acordes os traços desse retrato falado dos que a
conheceram ao andar pelas casas dos 85 anos. Rosto arredondado, cabelo crespo, grisalho, fino, curto, amarrado na
altura da nuca; olhos castanho-escuros, nariz curto e grosso; lábios finos; mãos e pés pequenos, meã (1,58, pouco
mais ou menos), morena”, escreveu Nascimento Morais.

Para desfazer os equívocos, as ilustrações têm sido uma alternativa. Em


11 de outubro de 1975, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
fez um carimbo com a ilustração da romancista. O objetivo era fazer
uma homenagem no que se pensava ser o sesquicentenário de
nascimento de Maria Firmina do Reis. Isso porque naquele ano
acreditava-se que a escritora havia nascido em 11 de outubro de 1825.
O erro só foi desfeito em setembro de 2017, após a professora Dilercy
Aragão Adler revelar que Maria Firmina, na verdade, nasceu em 11 de
março de 1822.
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“A imagem de uma mulher de perfil criada para ilustrar o rosto da maranhense, no entanto, pouco dialoga com a
descrição contida no retrato falado coletado por Nascimento Morais Filho, aproximando-se muito mais de uma
mulher branca qualquer do que de uma escritora negra”, declarou Rafael Balseiro Zin.

Em outubro de 2019 o Google Doodle através de ilustrações fez uma homenagem à escritora. Além dessa, outras
ilustrações ganharam as redes, como a de Nina Millen publicada no jornal O Globo e a ilustração de Wal Paixão,
feita no aniversário de 198 anos da romancista.

Maria Firmina dos Reis – Doodle do Google, 11 de out. de 2019

Em 1975, foi instalado na Praça do Panteon, São Luís, um busto de Maria Firmina feito pelo artesão Flory Gama. A
escultura foi baseada nos relatos feitos por Nascimento Morais Filho, Nhazinha Goulart e Eurídice Barbosa.
Atualmente a obra se encontra no Museu Histórico e Artístico do Maranhão, em São Luís.

Entretanto, o busto tem sido criticado devido a retratar a escritora


“embranquecida”, de nariz fino, rosto alongado e cabelos lisos.

(https://omara.com.br/2021/03/28/embranquecimento-de-maria-firmina-dos-reis/)

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