na estrutura interna da narrativa épica. Entrava a fermosíssima Maria O episódio acima transcrito refere-se à Polos paternais paços sublimados, “fermosíssima Maria”, inserindo-se no canto III, na Lindo o gesto, mas fora de alegria, narração da história de Portugal. 102 E os seus olhos em lágrimas banhados; Os cabelos angélicos trazia 2. Identifica o narrador deste episódio. Pelos ebúrneos ombros espalhados. Vasco da Gama assume-se como narrador Diante do pai ledo, que a agasalha, homodiegético em grande parte do discurso Estas palavras tais, chorando, espalha: narrando a História de Portugal ao rei de Melinde (III, 3 (2.ª parte) – IV, 76). - «Quantos povos a terra produziu De Africa toda, gente fera e estranha, A – Retrato de Maria O grão Rei de Marrocos conduziu 103 Pera vir possuir a nobre Espanha: 1. Traça o retrato físico e psicológico de Maria. Poder tamanho junto não se viu Despois que o salso mar a terra banha 2. Dá conta do contraste entre os sentimentos de Trazem ferocidade e furor tanto Maria e os do pai. Que a vivos medo e a mortos faz espanto! 3. A estância 102 parece ser a descrição de «Aquele que me deste por marido, um quadro. Por defender sua terra amedrontada, Co pequeno poder, oferecido 3.1. Justifica. 104 Ao duro golpe está da Maura espada; E, se não for contigo socorrido, B – Discurso de Maria Ver-me-ás dele e do Reino ser privada; Viúva e triste e posta em vida escura, 1. Divide o discurso de Maria em partes lógicas, Sem marido, sem Reino e sem ventura. justificando.
«Portanto, ó Rei, de quem com puro medo 2.
O corrente Muluca se congela, 105 Rompe toda a tardança, acude cedo À miseranda gente de Castela. Se esse gesto, que mostras claro e ledo, De pai o verdadeiro amor assela, Acude e corre, pai, que, se não corres, Pode ser que não aches quem socorres.»
Não de outra sorte a tímida Maria
Falando está que a triste Vénus, quando 106 A Júpiter, seu pai, favor pedia Pera Eneias, seu filho, navegando; Que a tanta piedade o comovia Que, caído das mãos o raio infando, Tudo o clemente Padre lhe concede, Pesando-lhe do pouco que lhe pede.
Luís de Camões, Os Lusíadas
Ideia de desconhecido, inexplorado: «gente estranha»; «longínquos e altos montes»; «aves agrestes»; «monte selvático»; «árvores silvestres»; conquista difícil: «duras montanhas adversárias». 4. Atenta no aparecimento do Ganges e do Indo. 4.1. Refere de que forma aparecem esses rios.
4.2. Destaca a importância do
aparecimento dessas figuras, tendo em conta: - a geografia para que remetem; Os velhos venerandos, identificados como sendo o Ganges e o Indo, representam a Índia. - a sua idade e a barba comprida; A idade e as barbas que ostentam são sinónimo de respeitabilidade e, como tal, de legitimação da profecia. - a união entre a terra e o céu. Os rios que representam unem o céu e a terra, o que reenvia para a inspiração divina do sonho: «Eu sou o ilustre Ganges, que na terra / Celeste tenho o berço verdadeiro».
5. Explicita de que forma a «manhã» que segue
o sonho o continua. A «manhã clara» simboliza o começo de todos os possíveis.
6. Refere o valor simbólico de «fronte coroada»
(est. 72). A «fronte coroada» simboliza o sucesso nos negócios.
7. Para os antigos egípcios, os deuses criaram os
sonhos para indicar o caminho aos homens, quando estes não são capazes de prever o futuro. 7.1. Demonstra que D. Manuel pensa do mesmo modo.
Os rios Indo e Ganges são simbolicamente
representados por dois velhos respeitáveis, o que torna a profecia da chegada dos Portugueses à Índia credível.