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DEMÉTRIUS DE ALMEIDA PEREIRA VARANDAS

Segurança Pública:
O emprego da Força Nacional de Segurança Pública

CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO DE ENSINO OCTÁVIO BASTOS


SÃO JOÃO DA BOA VISTA, 2009
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DEMÉTRIUS DE ALMEIDA PEREIRA VARANDAS

Segurança Pública:
O emprego da Força Nacional de Segurança Pública

Monografia apresentada como exigência parcial


para a obtenção do grau de bacharel no curso de
Ciências Jurídicas e Sociais do Centro
Universitário da Fundação Octávio Bastos, sob
orientação do Prof. Joaquim Marcelo

CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO DE ENSINO OCTÁVIO BASTOS


SÃO JOÃO DA BOA VISTA, 2009
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DEMÉTRIUS DE ALMEIDA PEREIRA VARANDAS

SEGURANÇA PÚBLICA:
O Emprego da Força Nacional de Segurança Pública

Orientador: __________________________________________
Prof. Joaquim Marcelo B. da Silva
Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos

Examinador(a): __________________________________________
Nome:
Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos

Examinador(a): __________________________________________
Nome:
Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos

São João da Boa Vista, _______/____________/2009


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DEDICO

À minha esposa amada, Cristiane

por ter estado ao meu lado durante toda a elaboração deste trabalho; por ter
compreendido minha ausência e meu cansaço, para o qual o único remédio era
eu me sentir amado. Ela não desistiu de ser o meu bálsamo confortador.

Aos meus filhos Daniel e Samuel

pela paciência que tiveram comigo, quando muitas vezes eu havia perdido a
paciência com eles; pelo amor inigualável que só um filho pode sentir por um
pai.

Ao meu cunhado e irmão amado Erasmo

por ter me mostrado que juntos não temos limites; que podemos ser mais do que
realmente supomos, e que a coisas acontecem se assim as quisermos.
5

AGRADEÇO

Aos meus pais, irmãos, tios, primos, e amigos, por todo o apoio e confiança
irrestritos a mim dispensados, meus abrigos para todos os momentos, em
especial minha mãe Ilda, mulher de fibra que vive mais a vida de seus filhos
amados do que a sua própria e que não se cansa de se sacrificar por mim.

À minha avó Anna, pelo incentivo inesgotável e pela minha infância mágica.

Ao meu amigo e irmão de todas as horas, Paulo Sérgio Mariano, por ter estado
ao meu lado desde os primórdios de nossa adolescência, acompanhando-me e
auxiliando-me em todas as minhas urgências, sendo meu arrimo e companheiro
no curso de Direito, meu eterno parceiro e paradigma de força, garra e coragem,
lembrança viva sempre, principalmente nos momentos em que a desistência
rondava meu espírito cansado.
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Quando você tem uma meta, o que era um obstáculo passa a ser uma etapa
de um de seus planos.

Gerard Erich Boehme


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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 9

1  CONSIDERAÇÕES SOBRES SERVIÇOS PÚBLICOS ................................................ 11

1.1  Conceito de Serviço Público .............................................................................................. 11

1.2  Princípios que norteiam os Serviços Públicos ................................................................... 15

1.3  A Segurança Pública dentro dos Serviços Públicos ........................................................... 21

1.4 As forças integrantes da Segurança Pública ....................................................................... 22

2 A SEGURANÇA PÚBLICA E A FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA ................ 24

2.1  Breve relato da evolução histórica da sociedade brasileira ................................................ 25

2.2  A Força Nacional de Segurança ......................................................................................... 27

2.3  Finalidade e atribuições da Força Nacional de Segurança ................................................ 29

2.4   Princípios a serem respeitados nas atividades da Força Nacional de Segurança .............. 30

2.5 Composição da Força Nacional de Segurança .................................................................. 32

3 A INTERVENÇÃO FEDERAL E O EMPREGO DA FORÇA NACIONAL DE


SEGURANÇA .......................................................................................................................... 35
....
36
3.1  A necessidade de adesão do ente federado ao programa de cooperação federativa .........
37
3.2  Requisitos da solicitação de emprego da Força Nacional de Segurança ............................
38
3.3  Características das ações da Força Nacional de Segurança ..............................................
40
4  LIMITAÇÕES ÀS ATRIBUIÇÕES DA FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA ....
40
4.1  Situações em que a Força Nacional de Segurança poderá ser empregada .........................
41
4.2  Forças armadas x Força Nacional de Segurança ................................................................
44
5 DISPOSIÇÕES FINAIS......................................................................................................
8

CONCLUSÃO..........................................................................................................................
45
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................
51

ANEXOS .................................................................................................................................. 52
ANEXO A – Decreto nº 5.289, de 29 de novembro de 2004 ................................................... 52
ANEXO B – Lei nº 11.473, de 10 de maio de 2007 .................................................................. 55
ANEXO C – Decreto nº 6.189, de 20 de agosto de 2007 .......................................................... 57
ANEXO D – Proposta de Emenda à Constituição nº63, de 15 de maio de 2007 ...................... 58
ANEXO E – Proposta de Emenda à Constituição nº202, de 11 de dezembro de 2007 ............. 60
ANEXO F – Portaria nº 379, de 28 de fevereiro de 2008 ......................................................... 61

ANEXO G – Portaria n° 394, de 04 de março de 2008 ..................................................................... 63


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INTRODUÇÃO

A proposta de se trabalhar o tema relativo ao emprego da Força Nacional de Segurança


demonstrou-se um desafio prazeroso e com um grau de dificuldade mais acentuado do que se
poderia esperar no momento da definição de sua escolha.

Por se tratar de um assunto atual, considerando-se que a criação da Força Nacional de


Segurança se deu no ano de 2004, não se dispõe ainda de publicações doutrinárias a respeito,
sendo que todo o trabalho de pesquisa foi baseado no próprio ordenamento jurídico que
fundamentou sua criação, em notícias encontradas em diversos tipos de mídias, e ainda por meio
de entrevistas diretamente realizadas com integrantes da Força Nacional de Segurança, por e-mail
e por telefone.

Essas entrevistas foram fundamentais para que se colhessem informações atuais e de cunho
prático, como por exemplo, o nome do comandante da Força, efetivo pronto e mobilizado,
operações em andamento, sistema de captação dos voluntários entre os órgãos de Segurança
Pública.

Antes de se cogitar sobre a Força Nacional de Segurança, seria necessário primeiramente


seu enquadramento dentro do Direito Administrativo.

Portanto, como uma introdução ao assunto principal, foi discorrido sobre os diversos
conceitos embutidos dentro dos chamados Serviços Públicos.

Neste sentido, tratou-se sobre sua definição, por meio de um estudo comparado entre os
diversos pontos de vistas de renomados doutrinadores, que formam duas correntes antagônicas,
sendo uma de caráter mais restritivo, que optam por excluir determinadas modalidades de
prestação estatal do rol dos considerados serviços públicos, entre elas a segurança pública, e
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outra, mais abrangente, que entendem que a prestação de serviços por parte do estado elenca uma
gama maior de atribuições. Para o presente trabalho optamos pela corrente mais abrangente, que
vem ao encontro de nosso modo de pensar e entender a responsabilidade do poder público quanto
à segurança das pessoas e do patrimônio.

No estudo sobre o Serviço Publico, foram destacados alguns princípios de direito que
norteiam as ações estatais, importantes para que se observe o balizamento e as limitações às ações
da Força Nacional de Segurança.

Escalonando o assunto, enquadramos a Segurança Pública como sendo uma das


modalidades de serviço público. Assim o entendemos, tendo em vista que o Estado toma para si a
primazia de garantir a paz social aos seus administrados.

E por fim, foi enquadrada a Força Nacional de Segurança dentro da Segurança Pública,
como uma instituição, portanto, prestadora de serviço público.

Buscou-se demonstrar a necessidade de criação de uma entidade como a Força Nacional de


Segurança no Brasil, sua composição, características estruturais, modos de operação, limites legais
de sua atuação e emprego pelos estados federados, e os requisitos normativos para que o
Governador possa solicitar a sua intervenção.

Este brochura está muito longe de querer esgotar quaisquer assuntos a respeito, nem esta é
nossa pretensão.

Mas foi compensador o exaustivo trabalho de pesquisa, as consultas diretas aos


dispositivos legais, e a idéia de se realizar um estudo baseado, ainda, em consultas pessoais aos
próprios integrantes da força.

Com certeza tudo isso ajudou a ampliar ainda mais os nossos horizontes.
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1 CONSIDERAÇÕES SOBRE SERVIÇOS PÚBLICOS

Conceituar Serviço Público é uma tarefa árdua e revestida de um intrincado caráter


subjetivo. Os doutrinadores adotam diferentes pontos de vistas, principalmente com relação à
abrangência alcançada pela atividade estatal. Este âmbito pode conter um sentido amplo, em que
se consideram serviços públicos todas as atividades do Estado, ou um sentido restrito, em que
algumas atividades ficam excluídas do escopo público, como por exemplo, as atividades
legislativas e judiciárias.

Tem-se, ainda, que a definição de Serviço Público vem sofrendo reinterpretações em seu
cerne. Os conceitos dentro do ordenamento jurídico sofrem constantes modificações com o
transcorrer do tempo, adaptando-se aos valores sociais vigentes em determinada época e lugar.

No entender de Maria Zanella Di Pietro (2004, p. 95), em geral, ocorre a combinação de


três elementos para essa definição, quais sejam, o material, o subjetivo e o formal, conceitos estes
que serão discutidos posteriormente.

1.1 CONCEITUAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO


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Os franceses foram os pioneiros no estudo dos serviços públicos, enunciando os primeiros


conceitos a respeito, que eram utilizados para indicar, de modo amplo, toda a atividade estatal.

Essa conceituação passa, necessariamente, pela análise de três elementos: o material


(atividades de interesse coletivo), o subjetivo (participação do Estado), e o formal (procedimento
de direito público).

Leon Duguit considerava o serviço público como atividade e organização, em sentido


amplo, abrangendo todas as funções do Estado, entendendo que todo o direito público gravita em
torno da noção de serviço público (apud Di Pietro, 2004, p. 95).

No Brasil, o conceito em sentido amplo é adotado por Mário Masagão, que define serviço
público como sendo “toda atividade que o Estado exerce para cumprir os seus fins” (apud Di
Pietro, 2004, p. 95). Aqui se incluem as atividades judiciárias e administrativas, entendendo o
ilustre doutrinador que as atividades legislativas são próprias da Administração Pública.

José CRETELLA Júnior (2000, p. 409) conceitua que serviço público é “toda atividade
que o Estado exerce, direta ou indiretamente, para a satisfação das necessidades públicas mediante
procedimento típico do direito público”.

Para Hely Lopes Meirelles (2007, p. 330), serviço público é “todo aquele prestado pela
Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer as
necessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou simples conveniência do Estado”. Em
sua definição, ao empregar o termo “Administração”, em substituição a “Estado”, o doutrinador
excluiu as atividades legislativas e judiciárias, mas ela ainda possui sentido amplo por não fazer
distinção entre serviço público e atividade de polícia.

Outros autores adotam um conceito mais restrito, excluindo as funções legislativa e


jurisdicional, separando ainda as atividades de polícia, que são aquelas voltadas para a preservação
do direito objetivo, da ordem pública, da paz e da segurança coletiva (TÁCITO, 1975, p. 198-
199). Entendem como serviço público apenas as atividades exercidas pela Administração Pública,
no que tangem aos assuntos de interesse coletivo, que visam ao bem-estar e ao progresso social,
mediante o fornecimento de serviços aos particulares (ibid). São as atividades de cunho social, que
equivaleriam aos serviços públicos propriamente ditos.

Adepto a este sistema restrito, Bandeira de Mello (2004, p. 620), conceitua que “serviço
público é toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material destinada à
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satisfação da coletividade em geral, mas fruível singularmente pelos administrados, que o Estado
assume como pertinentes a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem lhe faça as vezes, sob
um regime de Direito Público – portanto, consagrador de prerrogativas de supremacia e de
restrições especiais – instituídos em favor dos interesses definidos como públicos no sistema
normativo”

No entender de Maria Di Pietro (2004, p. 97), a expressão “utilidade ou comodidade


fruível pelos administrados” restringe demais o conceito, pois, neste sentido, seriam serviços
públicos o fornecimento e tratamento de água, o fornecimento de energia elétrica, as
telecomunicações, o transporte, por serem fruíveis diretamente pelos administrados. Existe,
porém, outras situações de serviços públicos, das quais a coletividade não usufrui diretamente,
como o exemplo dos serviços administrativos prestados internamente, os serviços diplomáticos, os
trabalhos de pesquisa científica, serviços estes que beneficiam a coletividade apenas
indiretamente.

Necessária, neste momento, a análise dos três elementos em que os doutrinadores


costumam se basear para formular o conceito de serviço público: o subjetivo (participação do
Estado), o material (atividades de interesse coletivo), e o formal (procedimento de direito público).

O critério subjetivo considera público o serviço prestado pelo Estado.

O elemento material leva em consideração o tipo de atividade exercida, ou seja, aquela


que tem por finalidade a satisfação das necessidades coletivas.

O componente formal do conceito diz respeito ao regime jurídico, ou seja, regime de


direito público, que derroga e exorbita o direito comum.

No surgimento das primeiras noções a respeito de serviço público, a combinação desses


elementos se apoiava em um Estado liberal, que executava diretamente quase a totalidade das
atividades de interesse geral, sob um regime publicista.

Com a evolução do Estado, e, principalmente, com seu afastamento dos princípios


liberais, algumas e determinadas atividades industriais e comerciais, que antes eram prerrogativas
de esfera privada, passaram a fazer parte do rol dos serviços estatais. Entretanto, o Estado não tem
a organização e a estrutura necessárias ao total desempenho de suas atribuições nesse tipo de
atividade.
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Para tanto, passou a delegar sua função pública a terceiros, particulares, mantendo, porém,
a fiscalização e o controle. São exemplos as concessões de serviço público, as empresas públicas e
as sociedades de economia mista. O regime jurídico, nesta situação, adota um caráter
predominantemente privado.

Depreende-se, nesse contexto, que pelo menos dois elementos de conceituação foram
alterados, quais sejam, o elemento subjetivo - uma vez que o Estado não possui mais prerrogativa
exclusiva de execução de serviços públicos – e o elemento formal, visto que “nem todo serviço
público é prestado sob um regime jurídico exclusivamente público” (Di Pietro, 2004, 98).

Portanto, não está mais em voga utilizar-se desses três elementos, exclusivamente, para
conceituar serviço público. Deixaram de ser essenciais, pois hodiernamente é possível se elaborar
um conceito sem a presença de um, ou mesmo dois deles.

Como já mencionado, não é tarefa fácil definir um conceito unânime a respeito do serviço
público. Pode-se, para fins didáticos, coligarem-se os pensamentos afins em grupos, delimitando-
se pela abrangência mais ampla ou mais restrita sobre o assunto.

Neste sentido, observa-se a presença de uma corrente doutrinária ampla, que inclui todas as
atividades do Estado (legislação, jurisdição e execução); uma corrente intermediária, que só
considera como serviços públicos os decorrentes de atividades administrativas, excetuando-se a
jurisdição e a legislação, não separando, contudo, o serviço público do poder de polícia; e há um
terceiro enfoque, que restringe ainda mais a idéia, distinguindo o serviço público das outras
atividades da Administração Pública, entendendo que o poder de polícia não se enquadraria no
conceito.

Entendemos que a conceituação mais ampla atende melhor aos nossos anseios, pois
concordamos com Caio Tácito (1975, p. 198-199, apud, Di Pietro, 2004, p. 96) quanto ao fato de a
ordem pública, a paz, e a segurança coletiva corresponderem ao poder de polícia, que deve ser
exercido exclusivamente pelo Estado.

Pautamos nosso entendimento pelo fato de que a segurança pública é um dever indelegável
do Estado (art. 144 – CF/88), apresentando estreita interligação com serviços essenciais de
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prestação de assistência médico-hospitalar e funerários, previstos na Lei 7.783/89 (art. 10, incisos
II e IV).

Justen Filho (2006, p. 492) sustenta que o serviço público é uma espécie de intervenção no
domínio econômico, pois a prestação de serviço público pressupõe a utilização de recursos
limitados para a satisfação de necessidades entre si excludentes

A doutrina faz ainda outras classificações no estudo dos serviços públicos e discorre
também sobre seus requisitos.

Os requisitos do serviço público ou de utilidade pública são sintetizados, modernamente,


em cinco princípios que a Administração deve ter sempre presentes, para exigi-los de quem o
preste: o princípio da permanência impõe continuidade ao serviço; o da generalidade impõe
serviço igual para todos; o da eficiência exige atualização do serviço; o da modicidade exige
tarifas razoáveis; e o da cortesia se traduz em um bom tratamento para com o público.

Para o presente trabalho interessa as definições de serviço uti universi e uti singuli.

Serviços uti universi ou gerais: são aqueles que a Administração presta sem ter usuários
determinados, para atender à coletividade no seu todo, como os de polícia, iluminação pública,
calçamento e outros dessa espécie.

Serviços uti singuli ou individuais: são os que têm usuários determinados e utilização
particular ou mensurável para cada destinatário, como ocorre com o telefone, a água e a energia
elétrica domiciliares.

Para finalizar, outra observação relevante é o conteúdo expresso no art. 175 da CF/88,
onde “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.” Ou seja, deverá haver
uma lei que determinará como será a prestação de determinado serviço público. O próprio Estado
determinará o que deve ser considerado serviço público.

1.2  PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM OS SERVIÇOS PÚBLICOS


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Princípios de direito são noções fundamentais para a fiel aplicação da Justiça, sendo
sistematicamente utilizados por operadores do direito como forma de se preencher as lacuna
encontradas na lei quando confrontadas com um caso concreto. “São vetores normativos
subjacentes ao sistema jurídico-positivo, não porém como um dado externo, mas como uma
inerência da construção em que se corporifica o ordenamento” (Mello, 2004, p. 112).
CRETELLA (2000, p. 6) define princípio como “toda proposição, pressuposto de um
sistema, que lhe garante a validade, legitimando-o”.
Pode-se dizer que os princípios que norteiam o próprio Direito Administrativo amparam da
mesma forma a atividade de prestação do serviço público.
O Art. 37 da CF/88 reportou expressamente que a administração pública (direta e indireta)
deverá obedecer aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência. Porém esta relação não é taxativa. Existem inúmeros outros princípios previstos alhures
na própria constituição, ou ainda que não constam de forma expressa em nenhum instituto legal,
mas que são implicações evidentes do próprio estado de direito.
Segue abaixo a relação de alguns dos princípios fundamentais encontrados na doutrina.

a) Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Interesse Privado.

Eis um exemplo de princípio não expresso em nenhum dispositivo legal, mas que é
inerente a qualquer sociedade, como condição de sua existência, sendo um pressuposto lógico de
convívio social.
De acordo com Bandeira de Mello (2004, p. 87), deste princípio derivam outros como o
princípio da função social da propriedade, da defesa do consumidor e do meio ambiente (art. 170,
III, V e VI – CF/88), sendo corolário também de institutos como a desapropriação e a requisição
(art. 5º, XXIV e XXV – CF/88).
Por este princípio, a Administração Pública tem a possibilidade de se utilizar de atos
imperativos, nos limites da lei, para obrigar o administrado, em detrimento de seus interesses
individuais.

b) Princípio da Legalidade

Este princípio é da essência de qualquer Estado de Direito, sendo deveras fundamental e


basilar no regime jurídico-administrativo, consagrando-se a submissão do Estado à lei (MELLO,
2004, p.91).
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Neste sentido, a Administração Pública somente poderá ser exercida em conformidade com
a lei, ou seja, só poderá fazer o que determina a lei, que no seu bojo teórico-filosófico, representa a
vontade da sociedade. Agindo de acordo com as prerrogativas impressas na lei, o Administrador
fica isento de qualquer cunho pessoal em sua administração. Desta maneira, excessos personalistas
são evitados, tais como abusos de autoridade e parcialidade para com o administrado.

c) Princípio da Finalidade

Norteia a correta aplicação da lei.


Este princípio “impõe que o administrador, ao manejar as competências postas a seu
encargo, atue com rigorosa obediência de cada qual” (MELLO, 2004, p. 98). A finalidade legal é
um elemento da própria lei, fator que proporciona compreendê-la. No caso da Administração
Pública, a finalidade da lei deve ser entendida sempre como sendo o interesse público.
Se o Administrador deixar de observar a finalidade da lei, incorrerá no chamado desvio de
poder, resultando na nulidade do seu ato.
Este princípio está intimamente ligado com o princípio da legalidade, pois uma vez que a
Administração Pública deverá fazer apenas o que a lei determina, necessário que se identifique
qual a finalidade dessa mesma lei, para dar execução plena e atingir a total amplitude de seus
efeitos pretendidos.

d) Princípio da Razoabilidade

Reza este princípio que a atuação da Administração Pública deve obedecer a critérios
aceitáveis do ponto de vista racional, conforme o senso normal de uma pessoa equilibrada, em
respeito à finalidade da outorga da competência exercida (MELLO, 2004, p. 99). Devem ser
observados os critérios de “adequação entre os meios e fins”.

A lei confere ao administrador a liberdade para agir e discricionar de acordo com as


situações apresentadas, devendo tomar a providência mais adequada para cada uma delas.
Entretanto, não significa que ele poderá agir conforme seu estado de espírito, de suas paixões
pessoais ou excentricidades.

O ato desarrazoado do administrador é ilegítimo, podendo ser, portanto, anulável.


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e) Princípio da Proporcionalidade

Bandeira de Mello discorre que “as competências administrativas só podem ser


validamente exercidas na extensão e intensidade proporcionais ao que seja realmente demandado
para cumprimento da finalidade de interesse público a que estão atreladas” (2004, p.101). Este
princípio veda a “imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público” (conforme o art. 2 º, parágrafo
único, inciso IV, da Lei 9.784/99).

Trata-se de um aspecto específico do princípio da razoabilidade. Hely Lopes Meirelles


entende que “a razoabilidade envolve a proporcionalidade e vice-versa” (2007, p.93).

f) Princípio da Motivação

A Administração deve justificar seus atos, demonstrando os fundamentos de direito e de


fato, correlacionando as situações apresentadas e as providências tomadas, com a lei que lhe
serviu de fulcro.

Autores do quilate de Hely Lopes Meirelles e Bandeira de Mello entendem que a


motivação pode ser dispensada em determinados atos administrativos. Bandeira de Mello (2004, p.
102) doutrina que em alguns atos vinculados, ou seja, aqueles em que há a aplicação quase
automática da lei, não há necessidade de se motivar, pois que praticamente não existe campo para
interferência de juízos pessoais do administrador. Neste caso, a motivação estaria implícita no
próprio ato, sendo suficiente a simples menção do fato em concreto e a regra de Direito a ser
aplicada. De outro modo, Meirelles apregoa que a dispensa da motivação é possível mesmo em
determinados casos em que o administrador faz uso de seu poder discricionário, nas hipóteses em
que ficar patente a competência para o exercício deste poder e a conformação do ato praticado
com o interesse público.

O STF já decidiu que a motivação é necessária para todo e qualquer ato administrativo
(RDP, 34:141). Os Tribunais têm entendido que a falta de motivação ou a indicação de motivos
falsos ou incoerentes, torna o ato nulo (RDA, 46:189 e 48:12). No âmbito federal a Lei 9.784/99,
estabelece que a motivação é sempre obrigatória, sem distinção entre atos vinculados ou
discricionários.
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O art. 50 da referida lei , em seu parágrafo 1º, determina que a motivação deve ser
explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com os
fundamentos de pareceres, de informações, decisões ou propostas anteriores (motivação aliunde).

g) Princípio da Moralidade

Constitui pressuposto de validade de todo ato administrativo.

Este princípio norteia que o ato da Administração Pública deve obedecer, não somente à
norma legal, jurídica, mas também à lei ética da própria instituição.

O administrador deve se ater, em seus atos, na análise do que seja justo ou injusto,
conveniente ou inconveniente, legal ou ilegal e, ainda, deve agir com ética, calcado na
honestidade, na lealdade e na boa-fé para com os administrados e, por conseguinte, para com o
interesse público.

h) Princípio da Eficiência

Este princípio preceitua que a atividade administrativa deve ser exercida com presteza,
perfeição e rendimento funcional, exigindo resultados positivos para o serviço público e
satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros (MEIRELLES,
2007).

i) Princípio da Publicidade

Publicidade “é a divulgação oficial do ato para conhecimento público e início de seus


efeitos externos” (MEIRELLES, 2007, p. 94).

A publicidade não é elemento formativo do ato, mas requisito de eficácia e moralidade

Todo ato administrativo deve ser público, exceto os que tratem de assuntos como a
segurança nacional e investigações policiais, ou no interesse superior da Administração Pública a
ser preservado em processo previamente declarado sigiloso, nos termos da Lei 8.159/91, e do Dec.
2.134/97.

A publicidade capaz de gerar efeitos jurídicos é aquela realizada por órgãos oficiais da
Administração Pública, constituídos não apenas pelos Diários Oficiais, mas também por terceiros
contratados para realizarem publicações oficiais. Embora não servindo como publicidade oficial, a
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mídia privada, impressa, radiofônica, televisiva ou virtual (internet), colabora com a transparência
dos atos administrativos, atuando, ainda, como órgãos formadores de opinião.

i) Princípio da Impessoalidade

Administração Pública tem por escopo, como já discorrido, o interesse público, o bem-
estar coletivo, devendo tratar a todos os administrados com igualdade e imparcialidade, sem
favorecimentos pessoais a um ou a outro.

O que se coíbe com este princípio são os privilégios pessoais, vedando-se, também, a
promoção pessoal de autoridades e servidores públicos sobre suas realizações administrativas.

Quando um órgão público realiza uma licitação para a aquisição de material ou para a
realização de um serviço, faz com que os concorrentes se encontrem na mesma situação, sujeitos
aos mesmos critérios previstos no edital de convocação para apresentação das propostas, sendo
que a análise destas propostas está fundada em um caráter objetivo de apreciação (valores,
qualidade, etc.), não se levando em conta a subjetividade dos proponentes. Eis um exemplo prático
de utilização do princípio da impessoalidade.

O concurso público para provimento de cargos é outro exemplo de impessoalidade do


Estado, em que a Administração Pública seleciona os candidatos por meio de provas intelectuais,
testes físicos exames médicos, entre outras modalidades, sendo selecionado o interessado que
apresentar melhor desempenho e aptidões, independentemente de raça, crença, filosofia de vida ou
classe social.

j) Princípio da Continuidade

“A atividade da Administração Pública é ininterrupta, não se admitindo a paralisação dos


serviços públicos” (CRETELLA, 2000, p. 7).

Continuidade significa que a atividade de serviço público deverá se desenvolver


regularmente, sem interrupções (JUSTEN FILHO, 2006, p. 498).

Vale lembrar que o art. 37 da CF/88 positivou o direito à greve dos servidores públicos,
sendo que as leis 7.783/89 e 10.227/01 discorrem sobre o assunto, dispondo sobre as providências
para a continuidade dos serviços públicos em casos de greve.

l) Princípio da Segurança Jurídica


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A ordem jurídica é um quadro normativo proposto para que as pessoas se orientem e, de


antemão, saibam o que podem/devem ou não fazer, cientificando-se, ainda, das conseqüências que
poderão ser imputadas a seus atos (MELLO, 2004, p. 113).

Este princípio vem consagrado na Constituição Federal de 1988, no art. 5º, XXXVI,
implícito na emanação de que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a
coisa julgada.

Esta estabilidade jurídica se faz necessária e de suma importância para a sobrevivência da


ordem social, coincidindo com a busca incessante do Homem à segurança material (pessoal,
patrimonial) ou abstrata (legal), traduzida na “certeza possível em relação” [a tudo o] “que o
cerca” (MELLO, 2004, p. 113)

A doutrina ainda elenca alguns outros princípios, porém, para o presente estudo, o rol aqui
discutido já se faz satisfatório.

1.3  A SEGURANÇA PÚBLICA DENTRO DOS SERVIÇOS


PÚBLICOS

A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 144 dispõe sobre a segurança pública,
mencionando ser esta dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, sendo exercida para
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

Portanto, “Segurança Pública é uma atividade pertinente aos órgãos estatais e à


comunidade como um todo, realizada com o fito de proteger a cidadania, prevenindo e
controlando manifestações da criminalidade e da violência, efetivas ou potenciais, garantindo o
exercício pleno da cidadania nos limites da lei” 1.
Seria a garantia dada pelo Estado de uma
convivência social isenta de ameaça de violência, permitindo a todos o gozo dos seus direitos
assegurados pela Constituição, por meio do exercício do poder de polícia. Diogo de Figueiredo
Moreira Neto (1998, p. 81 apud JUCÁ, 2002), afirma que Segurança Pública é “o estado de paz
social que experimenta a população, decorrente do grau de garantia individual ou coletiva,
proporcionado pelo poder público, que envolve, além das garantias de segurança, tranqüilidade e
salubridade, as noções de ordem moral, estética, política e econômica independentemente de
manifestações visíveis de desordem”.
22

O Princípio-valor da Segurança encerrado no Ordenamento jurídico desde o Preâmbulo


Constitucional, assim como no artigo 5º, caput, tem reflexos não somente no aspecto judicial, mas
também no pessoal e patrimonial. O reflexo Judicial fica patente quando se fala no Princípio da
Segurança Jurídica; o reflexo pessoal, quando falamos da incolumidade física e psicológica do
homem , e o reflexo patrimonial, quando se trata dos bens, da propriedade, tanto privados, quanto
públicos. Pode-se, portanto, observar que a Segurança Pública é uma espécie do gênero
Segurança, que é tutelado pela Constituição Federal de 1988, e por sua relevância, assim como as
demais espécies, ocupa natureza de serviço essencial na Ordem Pública, sendo atingido pela
impossibilidade de solução de continuidade de sua prestação.

Tal serviço público se justifica por manter a Ordem Pública, sendo, portanto, também
considerado essencial, posto que, nem um Estado suporta o caos de suas instituições.

_____________________________

(1) Conceitos Básicos em Segurança Pública. Disponível em: <http://www.cacador.sc.gov.br/downloads/2006


/concurso>. Acesso em 27 Abr 08.

1.4 AS FORÇAS INTEGRANTES DA SEGURANÇA PÚBLICA

A Constituição Federal, no artigo 144, dispõe que a manutenção da Ordem Pública será
realizada através dos órgãos abaixo relacionados:

- Polícia federal

- Polícia rodoviária federal,

- Polícia ferroviária federal

- Polícias civis

- Polícias militares

- Corpos de Bombeiros Militares.

A Polícia Federal exerce o papel de polícia judiciária1 da União, com exclusividade, e tem
por finalidade:

[...] apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens,
serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas,
assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional
e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei. (CF/88, art. 144, § 1º, inciso I)
23

A Polícia Federal tem, ainda, funções de polícia administrativa, uma vez que a CF/88
concedeu-lhe competência para a prevenção contra o tráfico de entorpecentes e drogas afins, o
contrabando e o descaminho, além de ser responsável pelo policiamento marítimo, aeroportuário e
das fronteiras.

_____________________________

1
José Cretella Júnior define Polícia como sendo a “atividade concreta exercida pelo Estado para assegurar a
ordem pública através de limitações legais impostas à liberdade coletiva e individual.”
O autor subdivide a polícia em três espécies: polícia administrativa, polícia judiciária e polícia mista.
A polícia administrativa, ou preventiva, exerce atividades, a priori, antes dos acontecimentos, buscando
impedir que ocorram infrações legais, e, por conseguinte, garantindo a manutenção da ordem pública.
A polícia judiciária, ou repressiva, investiga os delitos que a polícia administrativa não conseguiu evitar,
buscando identificar a autoria, levantando provas e subsídios contra os infratores, e conduzindo-os aos órgãos
judiciários para serem julgados.
A polícia mista é o organismo estatal que acumula ou exerce sucessiva ou simultaneamente, as funções
preventiva e repressiva, entendendo, o autor, que a polícia brasileira está enquadrada neste conceito. Concordamos
com o ilustre doutrinador neste sentido apenas em relação às atribuições da Polícia Federal, sendo que a Polícia
Rodoviária Federal e a Polícia Ferroviária Federal têm funções preventivas apenas, assim como, na esfera estadual, a
divisão entre as funções preventivas (Polícia Militar) e repressivas (Polícia Civil) encontram-se bem definidas, tanto
na esfera legal, quanto nas situações práticas.

A Polícia Rodoviária Federal é destinada ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais,


assim como a Polícia Ferroviária Federal é destinada ao patrulhamento ostensivo das ferrovias
federais, ambas agindo de maneira preventiva.
Na esfera estadual, a Polícia Civil tem a função de polícia judiciária, incumbida da
investigação de crimes, excetuando-se os militares. A Polícia Militar tem por escopo o
policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública, função de ordem administrativa.
Os Corpos de Bombeiros são uma ramificação da Polícia Militar que, além das atribuições
previstas em lei, ainda têm incumbência de execução de atividades de defesa civil.
O parágrafo 8º do artigo 144 da CF/88, autoriza os Municípios a criarem sua Guarda
Municipal, visando à proteção patrimonial de seus bens e instalações, assim como de seus
serviços.
Com exceção da exclusividade constitucional de polícia judiciária da União, outorgada à
Polícia Federal, as demais entidades podem exercer subsidiariamente as funções de outra, desde
que tenha uma lei que defina esse apoio, ou, pelo menos, um acordo de cooperação entre as
entidades envolvidas (ARAÚJO; NUNES JUNIOR, 2002, p. 363).
A Força Nacional de Segurança ainda não havia sido vislumbrada à época da promulgação
da CF/88 e, como objeto de estudo do presente trabalho, será realizada a análise de suas
atribuições e particularidades em momento oportuno.
24

2 A SEGURANÇA PÚBLICA E A FORÇA NACIONAL DE


SEGURANÇA

Atualmente, a violência em geral se institucionalizou, banalizada em índices absurdos e


rotineiros, em que a criminalidade floresce praticamente sem podas, extrapolando todos os limites
da razoabilidade, havendo localidades que são verdadeiros pontos de exclusão do Estado
soberano, onde a segurança pública se faz presente de forma ineficaz e precária, ou, simplesmente,
não se faz presente.

Houve casos da necessidade de intervenção de tropas do Exército em determinados morros


cariocas sedes de favelas, pois as forças auxiliares estaduais não tinham condições de
enfrentamento com os criminosos, tanto pela falta de preparo material (equipamentos, armas,
25

munições, meios de comunicações,etc.), quanto pela falta de preparo pessoal (treinamentos


específicos para a situação, apoio psicológico, proteção aos familiares, etc.).

Tais intervenções foram amparadas pela CF/88, que arroga em seu artigo 142, in fine,
como competência das Forças Armadas, a garantia da lei e da ordem.

As Forças Armadas têm por finalidade precípua a manutenção da soberania do país frente a
ameaças externas. O tipo de treinamento, o armamento empregado, o equipamento utilizado não
são compatíveis com a atividade de segurança ostensiva.

O treinamento da tropa é voltado quase que exclusivamente ao preparo para uma guerra
regular, onde se conhece o inimigo, sabe-se de onde ele vem e suas possibilidades bélicas e táticas.
Geralmente busca-se a evacuação dos civis das áreas de confronto (embora nem sempre seja
possível) e, portanto, pode-se empregar o poderio de fogo necessário para conter a ameaça.
Quando o Exército interveio no Rio de Janeiro, ele enfrentou um inimigo sem rosto,
desconhecendo efetivo a ser enfrentado, seus líderes, sua organização, seu poder de fogo, ou se
possuíam reféns. Essa situação pode ser perigosa para os moradores locais, pois passam a ser
encarados como potenciais criminosos.

O armamento empregado pelas Forças Armadas é de grosso calibre e de alto poder de


destruição e letalidade. O ideal constitucional é que os infratores penais sejam capturados,
julgados e punidos, de acordo com suas infrações. O poderio de fogo do Exército, devido a sua
letalidade, acaba por não atender a esse ideal, pois em caso de sobrevivência aos efeitos das
munições, ocorrerá severa mutilação dos agentes transgressores. O armamento das Forças
Armadas torna-se inapropriado para o emprego em zonas urbanas, principalmente devido à
presença de civis inocentes, muitas vezes vítimas de um grupo criminoso que os acua e regula sua
rotina de acordo com os seus vis interesses, civis estes que também podem sofrer com os efeitos
das munições.

Ainda, ficou empiricamente comprovado que embora essas intervenções se mostrassem


eficientes em um primeiro momento, atingindo o objetivo de resgatar a autoridade do Estado
nesses lugares e devolvendo a tranqüilidade e a paz pública aos seus moradores, a situação
anterior se refazia tão rapidamente quanto o Exército retraísse da localidade.

Mas então, quando as forças estaduais se mostrassem incapazes de conter o avanço da


criminalidade e da violência, qual seria a conduta do governo, qual seria o meio empregado para
fazer frente à crescente brutalidade e poderio dos criminosos?
26

Uma das alternativas seria a criação de uma força, militarizada, com treinamento
específico para situações de grande conturbação social, dotada de armamentos de baixa letalidade
que proporcionassem a desarticulação e a captura do criminoso para posterior julgamento e
respectiva punição, e que estivesse sempre em condições de emprego permanente.

Eis o gérmen da Força Nacional de Segurança.

2.1 BREVE RELATO DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA VIOLÊNCIA


NA SOCIEDADE BRASILEIRA

Não se pretende, no presente momento deste estudo, o aprofundamento no assunto sobre a


violência no Brasil, sobre seus primórdios e evolução até os dias de hoje, mas tão somente for-

necer uma noção dos acontecimentos que conduziram a situação no país até o agora.

No entender de Stela Cavalcanti (2006), “apesar de estar presente em todas as fases da


história, apenas recentemente a violência tornou-se um problema central para a humanidade,
discutido e estudado por várias áreas do conhecimento”.

Estudos sócio-antropológicos indicam que a violência tem sua origem em um estado da


natureza humana, e está presente em todas as interações sociais. A organização social humana está
marcada pelo fenômeno da violência (CAVALCANTI, 2006).

A noção de violência também está sujeita a modificações de acordo com o tempo e com o
espaço. Conforme os interesses da sociedade em questão, um ato violento pode ser considerado
legal e legítimo. Exemplo disso foram os índios que ficaram a mercê do colonizador português,
sofrendo com a escravidão e com os castigos físicos, além de se encontrarem submetidos a uma
imposição religiosa e cultural, diversas do que preconizava a tradição autóctone. Superada a fase
da escravidão indígena, iniciou-se a escravidão negra, violento período de abuso de poder por
parte dos senhores brancos, que utilizavam seus escravos em trabalhos pesados, em uma situação
degradante de alojamentos insalubres e desprovidos de conforto, pessoas tratadas como meras
mercadorias, castigadas fisicamente até a morte na maioria das vezes. Ainda hoje, na China e nos
27

países de costumes islâmicos as penas de flagelamentos físicos, mormente a pena de morte,


continuam em voga, amparados pelo ordenamento jurídico e religioso desses lugares.

No Brasil Colônia, a justiça era feita com base na lei do mais forte, com as próprias mãos.

Esses casos ilustram a condição em que a violência ganha feições de legitimidade.

Modernamente, esse tipo de situação não é mais aceitável. Os interesses sociais mudaram.
Os padrões de regramento são outros. A violência pura e indiscriminada não pode mais ser
admitida.

A sociedade ocidental agora incrimina esse tipo de conduta.

A sociedade brasileira se desenvolveu, desde seus primórdios, com má distribuição de


renda, sendo que os que tinham posses seriam capazes de possuir ainda mais, e os menos
afortunados continuariam marginalizados. Os senhores abastados tinham condições de dar uma
boa educação aos filhos, enquanto os menos favorecidos continuavam analfabetos.

Os negros, depois de libertos, foram abandonados à própria sorte, sem um programa


governamental que os recebesse como pessoas livres e capazes, sem um plano assistencial que se
fazia necessário para integrá-los como cidadãos. A sociedade negra também cresceu
marginalizada.

Essa evolução social culminou no que a Dr. Stela Cavalcanti chama de “sociedade
marcadamente excludente” (2006). De acordo com esta autora, algumas pessoas não dispõem de
acesso a bens essenciais à nutrição, saúde, segurança, proteção à vida. Um terço da população vive
na miséria, e esse situação gera um enorme impacto no sentimento de igualdade, impacto este que
gera conflitos. A exclusão, entre outros fatores, gera os níveis de violência conhecidos hoje, e os
excluídos são, ao mesmo tempo, vitimas e causadores dessa violência.

A melhor evidência dessas afirmações são os bolsões de pobreza encontrado nas regiões
periféricas dos grandes centros, chamados “favelas”.

Segundo Orlando Fantazzini, Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos


Deputados, “a violência no Brasil já assumiu proporções de guerra” (apud JUCÁ, 2002).

2.2 A FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA


28

A Força Nacional de Segurança faz parte de um programa de cooperação federativa 1 cuja


criação, organização e funcionamento foram inicialmente disciplinados pelo Decreto 5.289/04,
que vigora desde 30 de novembro de 2004, data de sua publicação no DOU, sendo que já
apresenta as modificações constantes do Decreto nº 6.189/07 e regulamentações pela Lei nº
11.473/07.

A Força Nacional de Segurança, órgão subordinado à Secretaria Nacional de Segurança


Pública (SENASP), do Ministério da Justiça, foi criada para atender questões emergenciais dos
entes federados que aderirem formalmente ao programa de cooperação federativa, onde
necessária

_____________________________

1. Considerando o princípio da solidariedade federativa, previsto no Art. 241 da Constituição Federal de


1988: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e
os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como
a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços
transferidos.”

maior interferência do poder público ou onde apresentar urgência de reforço na área de segurança,
podendo ser empregada em todo o território nacional, em regime de força-tarefa 1.

Sua organização e métodos de operações foram inspirados nas Forças de Paz da


Organização das Nações Unidas (ONU), e desde sua criação, cerca de oito mil policiais já
passaram pelo treinamento de duas semanas, com carga horária mínima de 110 horas, na
Academia Nacional do Departamento da Polícia Federal, em Brasília-DF.

O efetivo para compor as forças-tarefas, em caso de emprego real, é fornecido por todos os
entes federados

O curso é composto por dez disciplinas, entre elas Direitos Humanos, Controle de
Distúrbios Civis, Policiamento Ostensivo, Gerenciamento de Crise e Técnicas de Tiro.

A sede da Força Nacional de Segurança é o Batalhão de Pronto Emprego localizado em


Luziânia-GO, criado pela Portaria nº 1.801, de 30 de setembro de 2008, do Ministério da Justiça.
29

Esta força federal ainda não tem amparo expresso constitucional. O art. 144 não traz em
seu bojo a previsão da Força Nacional de Segurança como um dos órgãos regulares responsáveis
pela segurança pública.

Existem duas propostas de emenda constitucional pleiteando a sua inclusão no rol previsto
no artigo supra. A PEC nº 63, de 15 de maio de 2007, do Deputado Federal Jorge Botar (PT/RJ), e
a PEC nº 202, de 11 de dezembro de 2007, apresentada pela Deputada Federal Sueli Vidigal
(PDT/ES). Até o fechamento das pesquisas para o presente trabalho, as duas propostas haviam
sido recebidas pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), sendo que a
primeira foi aprovada pela comissão e encaminhada à Comissão Permanente para publicação, e a
segunda ainda aguarda o parecer do relator da CCJC.

_____________________________

1. Força-tarefa é um efetivo reunido especificamente para determinada operação, sendo que esta operação recebe um
designativo, nos moldes do que ocorre na Polícia Federal.

2.3 FINALIDADE E ATRIBUIÇÕES DA FORÇA NACIONAL DE


SEGURANÇA

A Lei nº 11.473/07 estabelece que a União poderá celebrar convênio com os entes
federados (estados e Distrito Federal) para a execução de atividades e serviços imprescindíveis à
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio (art. 1º).
O art. 3º traz elencadas as atividades e os serviços considerados imprescindíveis à
preservação da ordem e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, conforme descrito a seguir:

I – o policiamento ostensivo

II – o cumprimento de mandados de prisão

III – o cumprimento de alvarás de soltura

IV – a guarda, custódia e vigilância de presos


30

V – os serviços técnico-periciais, qualquer que seja sua modalidade

VI – o registro de ocorrências policiais

A guarda, custódia e vigilância de presos, prevista no inciso IV, somente serão executadas
pela Força Nacional de Segurança em casos de grave crise no sistema penitenciário, configurando
uma situação extraordinária.

Quanto ao policiamento ostensivo, a Portaria Ministerial nº 379/08, do Ministério da


Justiça traz regulamentadas as ações a serem realizadas:

Art.1º Para efeito da aplicação do art. 3º, I, da Lei 11.473, de 2007, considera-se
policiamento ostensivo, as operações conjuntas com os órgãos federais no cumprimento
de suas atribuições policiais ou com os órgãos de segurança pública estaduais, realizadas
pela Força Nacional, no cumprimento das seguintes missões:

I – cerco e contenção em áreas de grande perturbação da ordem pública;


II – ações de polícia sobre grandes impactos ambientais negativos;
III – realização de bloqueios de rodovias;
IV – atuação em grandes eventos públicos de repercussão internacional;
V – ações de defesa civil em caso de desastres e catástrofes.

A Portaria nº 394, de 4 de março de 2008, em seu art. 1º, regulamenta, ainda, quanto ao 3º,
I, da Lei 11.473, de 2007, quais as missões a serem cumpridas em caso de policiamento ostensivo:

I – apoio às ações de polícia para a realização de cerco e contenção em áreas de grande


perturbação da ordem pública;

II – apoio às ações de polícia sobre grandes impactos ambientais negativos;

III - apoio às ações de polícia na realização de bloqueio de rodovias;

IV – atuação em grandes eventos públicos de repercussão internacional;

V – apoio às autoridades locais em ações de defesa civil em caso de desastres e catástrofes;

VI – apoio às ações do Programa Nacional de Segurança Pública – PRONASCI.

Esta portaria não traz em seu corpo nenhuma disposição que derrogue o art. 1º da Portaria
nº 379, que trata do mesmo assunto. Portanto, entendemos que ambas estão produzindo seus
efeitos, sendo que a Força Nacional de Segurança poderá, nestes termos, tanto apoiar as ações de
policiamento ostensivo, já em curso sob iniciativa das forças estaduais, quanto realizá-lo como
uma operação própria e autônoma.
31

2.4 PRINCÍPIOS A SEREM RESPEITADOS NAS ATIVIDADES DA


FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA

Por se tratar de uma prestação de serviço público, o emprego da Força Nacional de


Segurança, como de qualquer dos órgãos inseridos no art. 144 da CF/88, deve ser balizado
pelos princípios de direito que regem a administração pública.

Entre os princípios a serem observados, destacamos o da finalidade, o da


razoabilidade, e o da motivação.

Pelo princípio da finalidade, a Força Nacional de Segurança deve ater suas


atividades dentro do preconizado pela lei, nos limites da lei, sempre visando ao interesse
público.

Não deve ser utilizada força excessiva ao necessário para contornar a situação de
emergência que levou o Chefe do Executivo do ente federado a solicitar a cooperação. O
tempo em que a força será empregada, a área de abrangência, e o efetivo a ser utilizado em
cada operação deverão obedecer aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.

O Governador do estado federado ou do Distrito Federal deverá fundamentar sua


solicitação de cooperação à União, expondo detalhadamente os motivos que o levaram a
considerar necessária a intervenção da força federal.

O pedido de apoio deve ser analisado pelo Ministério da Justiça, e deve ser ainda
verificada a real imposição de cada situação, pois a mobilização dos integrantes da Força Nacional
de Segurança para cada operação demanda custos operacionais e de logísticas.

O art. 3º do Dec. 5.289/04 estabelece alguns dos princípios que, além dos que já foram
citados, deverão ser seguidos durante as atividades da Força Nacional de Segurança.

O primeiro princípio elencado neste artigo é o princípio do respeito aos direitos


individuais e coletivos, inclusive à integridade moral das pessoas.
32

Está diretamente correlacionado com os princípios da finalidade e da razoabilidade. Se a


Força Nacional de Segurança agir dentro dos limites da lei, na proporcionalidade de ações, as
quais são determinadas em cada caso concreto, com certeza estarão sendo respeitados os direitos
individuais e coletivos da comunidade, tanto físicos quanto morais.

O segundo princípio estabelecido pelo artigo 3ª do Dec. 5.289/04 é o princípio do uso


moderado e proporcional da força, que nada mais é do que uma espécie cujo gênero é o
princípio da proporcionalidade e razoabilidade, pilares do direito administrativo em geral.

O princípio da unidade de comando diz respeito ao fato de que a FNS é composta por
militares de vários estados, com diferentes legislações sobre hierarquia, e que, embora existam
essas diferenças, deve ser estabelecido um padrão de antiguidade entre os postos (oficiais) e
graduações (praças), para que haja apenas um comando geral e se determine os demais
comandantes das frações e das forças-tarefas das operações.

O princípio da eficácia estabelece que as operações devam ser minuciosamente estudadas


e planejadas, para que o emprego da força atinja plenamente seus objetivos, realizando as ações
necessárias para desarticular a situação de crise que ensejou seu acionamento, com o mínimo de
desperdícios, com o máximo de rendimento do pessoal e do material, e em um menor espaço de
tempo possível.

A Força Nacional de Segurança deve estar sempre em condições de ser acionada, com o
efetivo necessário devidamente adestrado e preparado, pronto para estar à disposição do Chefe do
Executivo estadual ou do Distrito Federal, sendo que o Ministério da Justiça deverá assegurar o
contingente mínimo de quinhentos integrantes treinados para emprego imediato (art. 4º, § 5º, do
Dec. 5.289/04). Eis o que prescreve o princípio do pronto atendimento

Outro princípio determina que as técnicas sejam proporcionais e adequadas ao controle


de distúrbios civis. O emprego dos meios e das técnicas nas operações não deve transbordar do
estritamente necessário, dentro do limite da proporcionalidade. Durante o planejamento da
operação, deve-se ser levado em consideração o efetivo da turba, os tipos de pessoas que a
compõem, os motivos que levaram a turba a se reunir, avaliando ainda seu potencial ofensivo à
incolumidade pública das pessoas e do patrimônio.
33

Os integrantes da Força Nacional de Segurança devem ter uma qualificação especial para
gestão de conflitos. Como são empregados em situações de crise, quando o estado-membro se vê
incapaz de agir com seus próprios meios, os integrantes da Força Nacional de Segurança devem
ter um treinamento específico para gerenciar as intercorrências desfavoráveis em seu modo
superlativo. Este princípio influencia sobremaneira no momento de os estados federados, o
Distrito Federal e as polícias federais fornecerem seus efetivos para comporem a Força Nacional
de Segurança, visto que necessário um perfil que demonstre já uma aptidão para o tipo de função a
ser exercida. Inteligência e equilíbrio emocionais são imprescindíveis.

Entende-se, finalmente, o princípio da solidariedade sob dois pólos. O primeiro diz


respeito à faculdade de a União intervir com a Força Nacional de Segurança sempre que um ente
federado assim solicitar, devendo agir em todo o território nacional. O segundo se depreende do
comprometimento de todos dos entes federados que formalmente aderirem ao convênio de
cooperação, e da própria União, de oferecer efetivos para comporem a Força Nacional, mesmo que
sejam empregados em território de outro estado-membro.

2.5 COMPOSIÇÃO DA FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA

Embora o site do Ministério da Justiça1 informe que a Força Nacional de Segurança é


composta por um efetivo reunido das forças policiais militares de cada estado e do Distrito Federal

____________________

1. www.mj.gov.br/data/Pages/MJ7C55F195ITEMID03426B267B9F433CAB4E27A723369D83PTBRIE.htm

a lei estabelece que qualquer das instituições elencadas no art. 144 da Constituição Federal de
1988 poderá destacar efetivo para fazer parte de sua composição.

O parágrafo 2º do art. 2º do Decreto nº 5.289, de 29 de novembro de 2004, estabelece que


o contingente mobilizável da Força Nacional de Segurança será composto por integrantes das
polícias federais e dos órgãos de segurança pública dos Estados que tenham aderido ao programa
de cooperação federativa.
34

Ao se referir aos órgãos de segurança pública estaduais, o decreto não instituiu


exclusividade de contingenciamento apenas à policia militar, mas inclui, obviamente, a polícia
civil no rol das instituições que podem fornecer efetivo.

Ainda pelo o que regula o art. 5º da Lei 11.473, de 10 de maio de 2007, as atividades de
cooperação federativa serão desempenhadas por militares e servidores civis dos entes federados
que celebrarem o convênio, incluindo, portanto, membros das polícias federal e civis estaduais.

Esse efetivo é estruturado na forma de batalhões e companhias, organizados em número de


acordo com a necessidade de apoio.

O efetivo mínimo, que deve estar sempre de prontidão para eventualidades emergenciais, é
de quinhentos integrantes.

A sede da FNS foi instituída pela Portaria n° 1.801, de 30 de setembro de 2008, e está

localizada na cidade de Luziânia – GO, tendo como atual comandante da força o Coronel Luiz

Antonio Ferreira, destacado da PM do estado do Rio de Janeiro.

A hierarquia entre os militares dos diversos batalhões é assegurada pela data da promoção

e pelo tempo de permanência no posto ou na graduação (em se tratando de oficiais ou praças,

respectivamente), levando-se em conta a instituição de origem. Isto quer dizer que um policial de

um estado será hierarquicamente superior a um policial de outro estado caso seja mais graduado,

ou, sendo idênticas essas graduações, o que tenha sido promovido primeiro a ela.

O processo de escolha dos policiais que participam do programa de treinamento é bastante

rigoroso.

O Ministério da Justiça envia ofício para todas as polícias militares do País, que escolhem,

entre os voluntários, aqueles que mais se destacam.

Os candidatos a integrarem a FNS devem obedecer a rigorosos critérios de avaliação

durante a seleção.

De acordo com o site do Ministério da Justiça, os requisitos necessários são os seguintes:


35

- Ter idade entre 25 e 35 anos para cabos e soldados, e entre 25 e 40 anos para sargentos e
oficiais.
- Ser oriundo de curso de formação de oficiais, ou equivalente, do quadro de combatente,
no caso de oficiais.
-  Possuir, no mínimo, cinco anos de experiência profissional na atividade operacional, não
devendo estar afastado das atividades há mais de um ano.
- Ter disponibilidade para ser convocado para integrar a Força por período de até 90 dias,
em data indeterminada.
- Preferencialmente o policial deve pertencer, ou ter pertencido, a unidades ou frações de
policiamento especializado, como Choque ou Tático Móvel, GATE, operações especiais urbanas e
rurais, ou ainda ter participado de treinamentos específicos nestas atividades, no caso de militares
oriundos da atividade de polícia ostensiva.
-  Ser combatente com especialização na área de socorros de urgência, ou técnico em
emergência pré-hospitalar (paramédico), ou ter treinamento nestas áreas (no caso de bombeiro).
- Ser considerado apto em inspeção de saúde.
- Ter obtido, no mínimo, conceito “Muito Bom” em teste de aptidão física na corporação.
-  Não estar respondendo a processo administrativo ou criminal em sua corporação ou na
justiça comum.
- Ter facilidade de relacionamento pessoal.
- Estar classificado, no mínimo “bom”, em conceitos de comportamento dentro de suas
corporações.

Como se pode notar, estes requisitos são específicos para os candidatos militares.
Os policiais de instituições civis também passam por uma rigorosa seleção, que
analogamente procura seguir os parâmetros acima definidos.

3 A INTERVENÇÃO FEDERAL E O EMPREGO DA FORÇA


NACIONAL DE SEGURANÇA
36

Intervenção é uma interferência do poder central em qualquer unidade da Federação, que


se manifesta na substituição de seu governador, prefeito, etc., ou na cassação de representante do
poder legislativo estadual ou municipal. Consiste, portanto, na perda temporária da autonomia do
Estado-Membro ou do município.

No entender de Celso Bastos (1992, p. 267 apud ARAÚJO; NUNES JÚNIOR, 2002, P.
210), “a intervenção consiste no afastamento temporário pela União das prerrogativas totais ou
parciais próprias da autonomia dos Estados, prevalecendo a vontade do ente interventor”.

Por meio da intervenção, a União atua nos entes federados onde se verifiquem graves
violações dos princípios federativos. É um remédio amargo, mas necessário para que se evite a
degradação do Estado Federado.

A Constituição Federal veda a intervenção federal nos Estados-membros, exceto em casos


extremos, de acordo com o que dita seu artigo 34. Trata-se, portanto, de medida excepcional,
devido à necessidade de um mecanismo de defesa que impeça a desagregação da Federação.

Não existe previsão de intervenção da União nos municípios, a menos que estes sejam
integrantes de Territórios Nacionais, nos moldes do que o eram os estados do Acre, Roraima e
Amapá antes da Constituição Federal de 1988.

Esta intervenção, em termos simplistas, vem de cima para baixo, isto quer dizer, o ente de
maior hierarquia federativa age sobre o de menor hierarquia, independente de sua manifestação de
vontade.

Quando se trata da utilização da Força Nacional de Segurança, esta também é uma forma
de intervenção da União nos estados federados. Porém, esta intervenção ocorre por rogativa do
ente federado, que se socorre dela para reequilibrar uma situação que lhe tenha saído do controle.

3.1 A NECESSIDADE DE ADESÃO DO ENTE FEDERADO AO


PROGRAMA DE COOPERAÇÃO NACIONAL
37

Para que a Força Nacional de Segurança possa ser empregada em um ente federado, é
necessário que este ente celebre um convênio de adesão ao programa de cooperação federativa
junto à União e aos demais estados e o Distrito Federal

É necessário, portanto, que o estado demonstre a intenção de querer fazer parte do plano de
cooperação e que está disposto a também fornecer efetivo para ser empregado em outras unidades
federadas.

Cada membro federativo possui suas particularidades, seus costumes, suas tradições, clima,
relevo, vegetação característicos; maior ou menor incidência de atuação de determinados
segmentos sociais e facções criminosas, atuadores estes que podem levar o estado à perda de
controle da situação.

A adesão do estado-membro ao plano de cooperação visa a atender duas situações. A


primeira é uma forma de oficializar a possibilidade de intervenção da União no estado
participante, sob solicitação deste, para atender ao princípio de não-intervenção previsto na
Constituição Federal. Ou seja, a União não intervirá sem a solicitação e o consentimento do
estado.

A segunda situação está relacionada ao planejamento e à inteligência das operações que


possam ser desenvolvidas em determinadas regiões.

O estado, celebrando o convênio, possibilita que o Ministério da Justiça, juntamente com


Comando da Força Nacional de Segurança, possa realizar um planejamento mais preciso e
detalhado a respeito das hipóteses de atuação.

Isto quer dizer que a Força Nacional de Segurança passa a ter condições de fazer um
estudo das probabilidades de atuação, de acordo com os fatos que usualmente acontecem em cada
região.

3.2 REQUISITOS DA SOLICITAÇÃO DE COOPERAÇÃO DA


FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA
38

De acordo com o §2º do art. 3º da Portaria nº 394, de 04 de março de 2008, para que o
estado possa receber o apoio da Força Nacional de Segurança, seu Governador deverá assinar uma
solicitação ao Ministério da Justiça, que deverá atender aos requisitos abaixo:

I – Descrição do fato que justifique o emprego da Força Nacional de Segurança Pública

O Governador deve esclarecer sobre os acontecimentos, detalhando a situação em que se


encontra seu estado, enquadrando-a em uma das previsões legais de emprego da FNS.

II - declaração da imprescindibilidade de apoio da Força Nacional de Segurança Pública


para o restabelecimento da situação de preservação da ordem pública e incolumidade das
pessoas e do patrimônio;

A solicitação deve conter uma declaração expressa de que, caso a Força Nacional de
Segurança não possa intervir na situação apresentada, a ordem pública não poderá ser
restabelecida. É como que uma confissão de que o estado-membro se encontra incapaz de
solucionar, por suas próprias instituições, os conflitos existentes naquele determinado momento.
Esta exigência se presta a caracterizar a situação de excepcionalidade para o emprego da
FNS.

III - delimitação territorial da área de atuação da Força Nacional de Segurança Pública;

A solicitação deve conter qual será a abrangência territorial do emprego da FNS dentro do
estado-membro. A necessidade de se estender a utilização da FNS para outras áreas do estado
deverá ser prevista já na solicitação de apoio federal.
VI - proposta de emprego da Força Nacional de Segurança Pública no Estado ou no Distrito
Federal, indicando que o fato descrito no inciso I deste artigo compreende uma das
atividades ou serviços previstos no art. 3º da Lei n° 11.473, de 2007, e no art. 1º da Portaria
n° 394, de 2008.
Atendendo ao princípio da legalidade, a situação de emergência deve estar enquadrada em
uma das hipóteses previstas nos dispositivos supracitados.

Há que se destacar que uma das previsões legais contempla o emprego da FNS em casos de
grande conturbação da natureza e impactos ambientais negativos, apoiando a Defesa Civil em
casos de catástrofes naturais ou desastres de grande vulto.
39

3.3 CARACERÍSTICAS DAS AÇÕES DA FORÇA NACIONAL DE


SEGURANÇA

Como já mencionado, a principal característica de ação da FNS está envolta na


excepcionalidade da situação, cujo cunho se pauta na grande perturbação da ordem pública e nos
riscos às pessoas e ao patrimônio.

Deve-se ter em conta que as ações se revestem de um caráter temporário, utilizando-se


apenas do tempo necessário para conter a perturbação à ordem. Assim que a situação se
normalizar, a FNS se retrai, seus integrantes são desarticulados para seus estados de origem, e o
ente federado que solicitou o apoio volta a ter autonomia própria para questões de segurança
pública.

Toda ação de polícia deve ser muito bem planejada e coordenada. Quando se trata da FNS,
esse planejamento deve ser ainda mais meticuloso, pois envolve implicações de maiores vultos em
diversas esferas.

Lembrando-se que o efetivo que a integra pode ter um caráter multidisciplinar, envolvendo
diferentes ramos da segurança pública, há a necessidade de um treinamento específico e intensivo
para que seus integrantes consigam interagir uns com os outros, conhecendo as particularidades da
forma de trabalho de cada instituição.

A falta de coordenação poderá acarretar a baixa tanto de pessoal, quanto de material, além
do insucesso da operação. Os prejuízos econômicos serão elevados, pois os custos de mobilização
de pessoal, vindos de diversas unidades federais, são altos.

A FNS deve abrigar um efetivo fixo de 500 (quinhentas) pessoas, entre homens e
mulheres, em seu batalhão sede, prontos para serem empregados. Os integrantes são requisitados
aos Secretários de Segurança Pública dos estados, treinados, e colocados à disposição da FNS por
um período de três meses, findo o qual, poderá ser prorrogado, com a anuência desses secretários.
Caso não haja necessidade de prorrogação, ou a autorização seja denegada pelo estado de origem
do integrante, este será colocado à disposição novamente de sua força policial.
40

Atualmente (Fev/2009), a FNS conta com 850 profissionais mobilizados e já em operação


em vários estados.

Como já mencionado, a FNS está escalonada em um batalhão, composto por várias


companhias, cujo número pode variar de acordo a necessidade. Porém, as missões são cumpridas
em forma de operações, que recebem um designativo nos moldes do que ocorre nas operações da
Polícia Federal.

Portanto, os componentes não atuam como companhias, mas como força-tarefa específica
para determinada operação.
41

4 LIMITAÇÕES ÀS ATRIBUIÇÕES DA FORÇA NACIONAL DE


SEGURANÇA

A Força Nacional de Segurança, como toda instituição pública, deve pautar suas ações nos
dispositivos legais existentes.

Portanto, a lei deve determinar quais os tipos de operações e quais as situações


consideradas emergenciais para que ela possa ser empregada.

O termo de solicitação feito pelo governador do estado também delimita a esfera de


atuação da FNS, quanto ao tipo de operação, ao tempo estimado de emprego e à área territorial
abrangida.

4.1 SITUAÇÕES EM QUE A FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA


PODERÁ SER EMPREGADA

O art. 3º da Lei 11.473 elenca as situações em que o emprego da FNS poderá ser
solicitado. Este artigo traz as definições sobre o que a lei considera atividades e serviços
imprescindíveis à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio,
conforme relação a seguir descrita:

I - o policiamento ostensivo;
II - o cumprimento de mandados de prisão;
III - o cumprimento de alvarás de soltura;
IV - a guarda, a vigilância e a custódia de presos;
V - os serviços técnico-periciais, qualquer que seja sua modalidade;
VI - o registro de ocorrências policiais.

A Portaria n° 394/08 esclarece que se deve entender por policiamento ostensivo as


operações conjuntas com os órgãos federais no cumprimento de suas atribuições policiais, ou com
os órgãos de segurança pública estaduais, no cumprimento das seguintes missões:
42

I - Apoio às ações de polícia para realização de cerco e contenção em áreas de grande


perturbação da ordem pública;

II – Apoio às ações de polícia sobre grandes impactos ambientais negativos;

III - Apoio às ações de polícia na realização de bloqueio em rodovias;

IV – Atuação em grandes eventos públicos de repercussão internacional;

V – Apoio às autoridades locais em ação de defesa civil em casos de desastre e


catástrofes.

VI – Apoio às ações do Programa Nacional de Segurança Pública - PRONASCI

Esta mesma portaria regula que as atividades de guarda, vigilância e custódia de presos
serão executadas pela FNS apenas em situações extraordinárias de grave crise no sistema
penitenciário.

4.2 FORÇAS ARMADAS X FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA

A existência das Forças Armadas tem previsão constitucional no art. 142, que orienta

quanto as responsabilidades e hipóteses de emprego.

As Forças Armadas têm por objetivo precípuo defender a soberania nacional ante Estados

estrangeiros, garantir a os poderes constituídos e garantir a lei e a ordem.

A FNS não tem ainda previsão constitucional, mas já estão em trâmite nas casas do

Congresso Nacional, as propostas de Emendas Constitucionais para que essa força também figure

no art. 144, como instituição responsável pela segurança pública.

As Forças Armadas são responsáveis pelas fronteiras internacionais, principalmente na

região amazônica, contra ameaças externas. Sua existência permanente e regular nessas regiões

inóspitas garante a soberania nacional e, não menos importante, colabora com as comunidades
43

locais prestando serviço de assistência médica e religiosa, transporte, segurança, provendo muitas

vezes até mesmo o alimento a populações mais carentes.

A FNS poderá também atuar nessas regiões, inclusive em conjunto com as Forças

Armadas, porém, seu emprego tem caráter provisório. Findo o prazo determinado, mesmo com

todas as prorrogações que se fizerem necessárias, seus integrantes deverão retornar a suas forças

de origem.

A FNS realiza operações de polícia e as Forças Armadas, operações de guerra.

As Forças Armadas têm a prerrogativa constitucional de garantir a lei e a ordem, porém

apenas em casos extremos, após todas as tentativas dos órgãos de segurança pública terem

falhado, inclusive após o emprego da FNS.

O emprego das Forças Armadas está subordinado ao Ministro da Defesa, enquanto a FNS

está subordinada ao Ministério da Justiça.

Finalizando, há que se entender que o poderio bélico das Forças Armadas é

desproporcionalmente superior ao necessário para fazer frente aos tipos de situações críticas que

se podem vivenciar nos estados federados, quando causados por elementos internos. Os soldados

não têm treinamento específico de operações tipo polícia, caracterizada pela busca e apreensão de

materiais e pessoas, de desmantelamento de turbas, de rondas ostensivas.

A FNS possui equipamentos mais modernos, armamentos mais leves e de letalidade

reduzida, e seus integrantes recebem treinamentos específicos para agir em situações de crises

extremas.
44

5 DISPOSIÇÕES FINAIS
45

Devido à recente criação da FNS, muitos acertos técnicos, operacionais, legislativos e

jurídicos ainda deverão ser implementados.

Na questão jurídica, qual seria o foro para ingressar-se com uma ação de responsabilidade

motivada por excessos de seus integrantes no cumprimento de missões?

A única disposição legal é a de que a defesa se dará por meio da Advocacia Geral da

União – AGU.

O foro poderá ser estabelecido considerando-se a natureza do fato, o local de sua

ocorrência ou, ainda, a pessoa do agente.

Neste caso, se levada em conta a pessoa do agente, o processo poderá correr na justiça

federal, caso o integrante tenha vindo da Polícia Federal, ou na justiça estadual, caso tenha sido

enviado pela Polícia Militar ou Civil.

Outra questão importante diz respeito à possibilidade de se prorrogar o prazo de

permanência da FNS em determinada ação, em determinado ente federado. Caso exista essa

necessidade, o Governador deverá solicitar novamente o apoio da FNS, nos moldes do que já

havia feito na solicitação inicial, indicando os motivos, as ações já implementadas, a previsão do

novo prazo de permanência, e as demais exigências contidas nos dispositivos legais.

CONCLUSÃO
46

O Brasil vem apresentando sérios óbices estruturais para seu desenvolvimento. Poderiam
ser citados diversos setores implicados nesse assunto, mas procuramos nos ater apenas nas
dificuldades em relação à manutenção da paz social, em relação à Segurança Pública.

Foi destacado que o modelo de desenvolvimento adotado, desde os primórdios da


colonização portuguesa, conduziu os acontecimentos para que chegássemos aos dias de hoje a
uma quase falência estatal, principalmente no que tange à Segurança Pública.

A pobreza, aliada à má distribuição de renda e à degradação social, nitidamente


encabeçadas pelo sentimento de impunidade reinante, principalmente em relação às classes
políticas, dão azo aos descalabros de violência que frequentemente invadem nossos noticiários,
incutindo nas pessoas a sensação de que o crime organizado está conseguindo suplantar o Poder
Público.

Uma tentativa de reação do governo para fazer frente à crescente ameaça criminosa, foi a
criação da Força Nacional de Segurança Pública.

A intenção seria a de preparar um contingente por meio de uma seleção entre os


integrantes dos órgãos de segurança pública que mais se destacassem em suas respectivas
corporações, e que, depois de recrutados, passassem por um treinamento especializado para agir
em situações de crises, com armamentos mais sofisticados e equipamentos mais modernos.

A Força Nacional de Segurança está inserida dentro do contexto de Segurança Pública.


Como tal, os serviços prestados por essa instituição, da mesma forma, encontram-se embutidos no
rol dos chamados serviços públicos.

Por se tratar de uma administração pública, a Força Nacional de Segurança deve ater suas
ações aos ditames dos dispositivos legais e aos princípios preconizados pelos diversos ramos do
direito.

Portanto, seria um contra-senso a realização de um estudo a respeito da Força Nacional de


Segurança, prescindindo-se de um rápido panorama sobre os conceitos relativos ao serviço público
e sobre seus princípios norteadores.

O serviço público é um assunto que está longe de unificar os entendimentos dos grandes
doutrinadores que buscaram ou ainda buscam descortinar-lhe os horizontes.
47

As correntes são inúmeras, mas elas, para fins de estudo, podem ser classificadas em dois
grandes grupos: um primeiro grupo que engloba os pensamentos com tendências mais restritivas
quanto à abrangência das atividades estatais que poderiam ser consideradas serviços públicos, e
um segundo grupo que admite uma amplitude maior de possibilidades.

O primeiro grupo exclui da relação de atividades de serviço público, aquelas relacionadas


com o policiamento e segurança pública.

Preferimos, então, acompanhar os pensamentos dos doutrinadores que ampliam mais o rol
de atividades, e, assim, fundamentamos nossos argumentos a respeito da prestação de serviços
efetivados pela Força Nacional de Segurança.

A respeito dos princípios estudados, alguns deles estão discriminados expressamente na


Constituição Federal. São exemplos os princípios da legalidade, da moralidade, da
impessoalidade, da publicidade e da eficiência, previstos no art. 37 de nossa Lei Maior.

Outros, não são encontrados em dispositivos legais, mas evocados dos costumes jurídicos,
da prática da aplicação do direito. É o caso do princípio da supremacia do interesse público sobre
o interesse privado e o do princípio da segurança jurídica.

Uma terceira classe de princípios está elencada no Decreto 5.289/04, em seu art. 3º. Os
princípios nele previstos dizem respeito especificamente às atividades realizadas pela Força
Nacional de Segurança, como o princípio do uso moderado e proporcional da força, o princípio do
respeito pelos direitos individuais e coletivos, e o da unidade de comando.

Princípios são pólos norteadores e oferecem maiores subsídios para que a lei seja bem
aplicada ao caso concreto.

Passado pelos breves comentários sobre serviços públicos e seus princípios, realizou-se
uma sucinta explanação a respeito da Segurança Pública e dos órgãos responsáveis por sua
implementação e manutenção, previstos na Constituição Federal de 1988.

A Força Nacional de Segurança ainda não figura entre esses órgãos, tendo em vista sua
criação recente (2004), mas já existem propostas de emendas constitucionais para garanti-la nesse
rol. Embora não tenha o amparo expresso constitucional, sem sombra de dúvida é uma instituição
integrante do sistema e completamente inserida no contexto da Segurança Pública.
48

A característica mais marcante da Força Nacional de Segurança é a temporariedade de suas


operações e da convocação dos selecionados.

Embora seja uma instituição permanente, seu efetivo encontra-se sempre em renovação,
com um sistema de rodízio cujo período de permanência do profissional à disposição da força, de
acordo com o que se utiliza na prática, é de noventa dias, podendo ser prorrogados caso haja
necessidade e desde que o Secretario de Segurança Pública do estado que forneceu esse
profissional autorize.

Este rodízio traz pelo menos três vantagens.

Uma delas é a prevenção contra uma exposição por tempo indefinido a ambientes de crises
excepcionais e evitar o afastamento do profissional da sua família. O integrante da força está
sujeito a um nível de estresse demasiado, por motivo das missões que realiza, sempre dentro de
um teatro de operações de grave crise e exposição a perigos além do que comumente encontra em
sua força de origem. O profissional, geralmente casado e com filhos, vê-se afastado de seus entes
mais queridos enquanto integrante da força.

Caso essa exposição se prolongue por tempo indefinido, o estresse começará a diminuir a
atenção do profissional, aumentando sua irritabilidade e ansiedade, sua saudade de casa e da
família.

Com a previsão de retorno a sua força de origem, o profissional consegue se empenhar em


suas atribuições, antes que o estresse o atinja de maneira a comprometer sua fisiologia e sua
instância emocional.

A segunda vantagem é o treinamento especializado e com maior rigor técnico, de


profissionais que, após retornarem a seus estados de origem, levarão os conhecimentos adquiridos
e incrementarão a operacionalidade de suas instituições, transmitindo os ensinamentos a seus
companheiros.

A terceira vantagem é a troca de conhecimentos e experiências entre os profissionais das


diversas localidades.

Cada estado-membro possui regulamentação própria para seus órgãos de segurança


pública. Cada força procura desenvolver técnicas e possui modus operandi específicos para as
particularidades de sua área de atuação.
49

Como alguns desses profissionais, representantes de cada instituição estadual, estarão


tendo contato entre si durante o período à disposição da Força Nacional de Segurança, a troca de
conhecimentos e experiências se torna uma prática salutar e pode até mesmo ser de grande valia
para as operações da própria Força Nacional.

Outro fator que reputamos como grande vantagem é o fato de se ter profissionais de
diversas localidades agindo em um estado em que não são conhecidos. Esta particularidade
contribui para a diminuição da corrupção dentro dos órgãos policiais.

É comum, nos dias de hoje, os noticiários alertarem sobre a promiscuidade entre o crime e
o aparelhamento policial, informando que o crime organizado conseguiu se infiltrar em uma
corporação policial, ou que foram encontrados indícios de que policiais possam ter sido
subornados para deixarem de exercer suas funções como deveriam. A maior evidência do que está
sendo alegado é a existência de casas comerciais que ainda praticam o uso de máquinas caça-
níqueis, proibidas por lei.

Como as operações das forças-tarefas da Força Nacional são esporádicas e pontuais,


agindo em várias localidades e por tempo relativamente curto, a probabilidade de um de seus
integrantes ser tentado a se corromper é menor.

Quando se fala em corrupção, não se pode esquecer que não se trata apenas da corrupção
do caráter, onde o profissional se vende em troco de maiores facilidades e altos lucros. Mas
incluímos ainda a corrupção por coação moral – vis compulsiva – em que o policial se vê obrigado
a prevaricar para proteger alguém de sua família que esteja sendo ameaçado, por exemplo.

Em relação à seleção dos candidatos para comporem os quadros da Força Nacional, há que
se destacarem as exigências dos diversos requisitos, entre eles o comportamento exemplar e o
preparo físico e emocional, este ainda sendo preponderante àquele.

O Ministério da Justiça faz a requisição dos candidatos aos Secretários de Segurança


Pública dos estados federados, e estes fazem a indicação dos nomes, dentre seus profissionais
melhores preparados.

Os candidatos passam por uma bateria de treinamentos e são enviados para qualquer parte
do território nacional.

Para o policial à disposição da Força Nacional, além da satisfação profissional e da


possibilidade de se conhecer outras localidades além de seu estado, há ainda, de certa forma, uma
50

compensação financeira, pois ele estará percebendo sua remuneração diretamente do tesouro
federal, tendo, com isso, um pequeno acréscimo em seus vencimentos.

Em relação ainda a questões administrativas, a Força Nacional faz parte do plano de


cooperação federativa.

Para que um ente federado possa solicitar o apoio da força, é necessário, primeiramente
que faça a adesão ao convênio com a União. Esta adesão já habilita o estado ou Distrito Federal a
enviar efetivos para treinamento e deixá-lo a disposição para mobilizar as forças-tarefas.

Caso ocorra situação que extrapole a órbita das possibilidades pessoais e materiais dos
órgãos locais, criando uma atmosfera de excepcionalidade, de grave crise, o ente federado poderá
solicitar o apoio. A lei estabelece que essa grave crise poderá ser originada não apenas por ações
criminosas. Catástrofes naturais, impactos ambientais negativos e eventos de vulto internacional
também são justificativas para o emprego da FNS em um estado.

A solicitação de apoio deverá conter informações imprescindíveis para o envio da força-


tarefa, como a descrição do fato excepcional, a declaração de imprescindibilidade do apoio da
força, a delimitação territorial da atuação, a indicação das medidas já adotadas e ainda a serem
adotadas durante a permanência da força, e por fim, enquadrar o emprego da força a uma das
hipóteses previstas no art. 3º da Lei 11.473/07.

Quanto à questão jurídica, em casos de excessos de seus integrantes, por exemplo, a defesa
é realizada pela Advocacia Geral da União – AGU, e o foro para as ações poderá ser o do local da
ocorrência do fato, ou ainda o do agente que supostamente exorbitou a esfera da legalidade.
Poderá também ser estabelecido em decorrência da natureza do fato ocorrido.

Para finalizar, a inspiração para sua criação veio das Forças de Paz da ONU, e tem sido
uma experiência gratificante ao Governo.

Em pouco mais de quatro anos de sua criação, a Força Nacional de Segurança já treinou
mais de oito mil profissionais, e já atuou em diversos estados da federação, como o Rio de Janeiro,
Mato Grosso do Sul e Espírito Santo, sempre com resultados muito satisfatórios, e recentemente
tem efetivos empregados em Alagoas e região amazônica.

Muito ainda se tem que aperfeiçoar, mas essa perfeição, apesar dos estudos preventivos e
analises de experiências de forças análogas internacionais, para se incrementar as ações da Força,
51

somente será alcançada com as sucessivas operações, com o adestramento na prática e no


cumprimento das mais variadas missões.
52

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, L.A.D.; NUNES JÚNIOR, V. S. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva;
2002.

Conceitos Básicos em Segurança Pública. Disponível em: <http://www.cacador.sc.gov.br/


downloads/2006/concurso>. Acesso em 27 Abr 08.

CRETELLA JUNIOR, José. Curso de Direito Administrativo.17. Ed. Rio de Janeiro: Forense,
2000.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17. Ed. São Paulo: Atlas, 2004.

FREITAS, Newton. Sistema de Segurança Pública. Disponível em:< http://www.newton.freitas.


nom.br/artigos.asp?cod=335>. Acesso em 27 Abr 08.

GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo. 12. Ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

Institucional - Força Nacional de Segurança. Disponível em: http://www.mj.gov.br/data/


Pages/MJ7C55F195ITEMID03426B267B9F433CAB4E27A723369D83PTBRIE.htm. Acesso em
28 Abr 08.

JUCÁ , Roberta Laena Costa. O papel da sociedade na política de segurança pública. Disponível
em: <http://www.jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3525. Acesso em: 27 Abr 08.

JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. 2. Ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

MAGNO, Alexandre. Teoria sobre Serviço Público. Disponível em: <http://www.


alexandremagno.com/read.php?n_id=16>. Acesso em 27 Abr 2008.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 33. Ed. São Paulo: Malheiros, 2007.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 17. Ed. São Paulo:
Malheiros, 2004.

PAIVA, M. A. L.; VIDONHO JUNIOR, A. dos A. Da continuidade dos serviços públicos


essenciais de consumo. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina /texto.asp?id=2505>.
Acesso em 27 Abr 08.

ANEXOS
ANEXO A

DECRETO Nº 5.289, DE 29 DE NOVEMBRO DE 2004


53

Disciplina a organização e o funcionamento da administração pública federal, para


desenvolvimento do programa de cooperação federativa denominado Força Nacional de
Segurança Pública, e dá outras providências.
O Presidente da República, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e
VI, alínea "a", da Constituição, e tendo em vista o disposto nos arts. 1º, 3º, parágrafo único, e 4º,
caput e § 1º, da Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001, e
Considerando o disposto nos arts. 144 e 241 da Constituição e o princípio de
solidariedade federativa que orienta o desenvolvimento das atividades do sistema único de
segurança pública; Decreta:
 
Art. 1º Este Decreto disciplina as regras gerais de organização e funcionamento da
administração pública federal, para desenvolvimento do programa de cooperação federativa
denominado Força Nacional de Segurança Pública, ao qual poderão voluntariamente aderir os
Estados interessados, por meio de atos formais específicos.

Art. 2º A Força Nacional de Segurança Pública somente poderá atuar em atividades de


policiamento ostensivo destinadas à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas
e do patrimônio, nas hipóteses previstas neste Decreto e no ato formal específico de adesão dos
Estados interessados.
 
Art. 3º Nas atividades da Força Nacional de Segurança Pública, serão atendidos, dentre
outros, os seguintes princípios:
I - respeito aos direitos individuais e coletivos, inclusive à integridade moral das
pessoas;
II - uso moderado e proporcional da força;
III - unidade de comando;
IV - eficácia;
V - pronto atendimento;
VI - emprego de técnicas proporcionais e adequadas de controle de distúrbios civis;
VII - qualificação especial para gestão de conflitos; e
VIII - solidariedade federativa.
Art. 4º A Força Nacional de Segurança Pública poderá ser empregada em qualquer parte
do território nacional, mediante solicitação expressa do respectivo Governador de Estado ou do
Distrito Federal.
§ 1º Compete ao Ministro de Estado da Justiça determinar o emprego da Força Nacional
de Segurança Pública, que será episódico e planejado.
§ 2º O contingente mobilizável da Força Nacional de Segurança Pública será composto
por servidores que tenham recebido, do Ministério da Justiça, treinamento especial para atuação
conjunta, integrantes das polícias federais e dos órgãos de segurança pública dos Estados que
tenham aderido ao programa de cooperação federativa.
§ 3º O ato do Ministro de Estado da Justiça que determinar o emprego da Força Nacional
de Segurança Pública conterá:
I - delimitação da área de atuação e limitação do prazo nos quais as atividades da Força
Nacional de Segurança Pública serão desempenhadas;
II - indicação das medidas de preservação da ordem pública a serem implementadas; e
III - as diretrizes que nortearão o desenvolvimento das operações de segurança pública.
§ 4º As atribuições dos integrantes dos órgãos de segurança pública envolvidos em
atividades da Força Nacional de Segurança Pública são aquelas previstas no art. 144 da
Constituição e na legislação em vigor.
54

§ 5º O Ministério da Justiça deverá assegurar contingente permanente mínimo de


quinhentos homens da Força Nacional de Segurança Pública treinados para emprego imediato.
 
Art. 5º Os servidores de órgãos de segurança pública mobilizados para atuar de forma
integrada, no programa de cooperação federativa, ficarão sob coordenação do Ministério da
Justiça enquanto durar sua mobilização, mas não deixam de integrar o quadro funcional de seus
respectivos órgãos.
Parágrafo único. Os servidores civis e militares dos Estados e do Distrito Federal que
participarem de atividades desenvolvidas em decorrência de convênio de cooperação de que trata
este Decreto farão jus ao recebimento de diária, a ser paga na forma prevista pelo art. 6º da Lei nº
11.473, de 10 de maio de 2007.
 
Art. 6º O Ministério da Justiça, consultados os Estados que aderirem ao programa de
cooperação federativa, elaborará proposta para a provisão de assistência médica e seguro de vida e
de acidentes dos servidores mobilizados, vitimados quando em atuação efetiva em operações da
Força Nacional de Segurança Pública.
 
Art. 7º Caso algum servidor militar mobilizado venha a responder a inquérito policial ou
a processo judicial por sua atuação efetiva em operações da Força Nacional de Segurança Pública,
poderá ser ele representado judicialmente pela Advocacia-Geral da União, nos termos do art. 22,
parágrafo único, da Lei nº 9.028, de 12 de abril de 1995.

Art. 8º Os servidores dos Estados mobilizados para atuar em operação da Força


Nacional de Segurança Pública serão designados pelo Ministério da Justiça.
 
Art. 9º A União poderá fornecer recursos humanos e materiais complementares ou
suplementares quando forem inexistentes, indisponíveis, inadequados ou insuficientes os recursos
dos órgãos estaduais, para o desempenho das atividades da Força Nacional de Segurança Pública.
§ 1º As Forças Armadas, por autorização específica do Presidente da República, e outros
órgãos federais desvinculados do Ministério da Justiça poderão oferecer instalações, recursos de
inteligência, transporte, logística e treinamento de modo a contribuir com as atividades da Força
Nacional de Segurança Pública.
§ 2º Em caso de emprego das Forças Armadas para a garantia da lei e da ordem, na
forma da legislação específica, o Presidente da República poderá determinar ao Ministério da
Justiça que coloque à disposição do Ministério da Defesa os recursos materiais da Força Nacional
de Segurança Pública.
§ 3º Os Estados também poderão participar de operações conjuntas da Força Nacional de
Segurança Pública, fornecendo recursos materiais e logísticos.
 
Art. 10. Caberá ao Ministério da Justiça:
I - coordenar o planejamento, o preparo e a mobilização da Força Nacional de Segurança
Pública, compreendendo:
a) mobilização, coordenação e definição da estrutura de comando dos integrantes da
Força Nacional de Segurança Pública;
b) administração e disposição dos recursos materiais e financeiros necessários ao
emprego da Força Nacional de Segurança Pública;
c) realização de consultas a outros órgãos da administração pública federal sobre
quaisquer aspectos pertinentes às atividades da Força Nacional de Segurança Pública;
d) solicitação de apoio da administração dos Estados e do Distrito Federal às atividades
da Força Nacional de Segurança Pública, respeitando-se a organização federativa; e
55

e) inteligência e gestão das informações produzidas pelos órgãos de segurança pública;


II - providenciar a aquisição de bens e equipamentos necessários às atividades da Força
Nacional de Segurança Pública e gerir programas de apoio material e reaparelhamento dirigidos
aos órgãos de segurança pública dos Estados e do Distrito Federal, com recursos do Fundo
Nacional de Segurança Pública, após o aprovo do seu Conselho Gestor, na forma do parágrafo
único do art. 3º e § 1º do art. 4º da Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001;
III - estabelecer os critérios de seleção e treinamento dos servidores integrantes da Força
Nacional de Segurança Pública;
IV - selecionar e treinar os servidores policiais que os Governadores dos Estados
participantes do programa de cooperação federativa colocarem à disposição da Força Nacional de
Segurança Pública;
V - realizar o planejamento orçamentário e a gestão financeira relativos à execução das
atividades da Força Nacional de Segurança Pública, de acordo com as autorizações do Conselho
Gestor do Fundo Nacional de Segurança Pública, na forma do parágrafo único do art. 3º e § 1º do
art. 4º da Lei nº 10.201, de 2001;
VI - estabelecer a interlocução com os Estados e o Distrito Federal, bem assim com
órgãos de segurança pública e do Governo Federal, para a disponibilização de recursos humanos,
materiais e financeiros necessários ao funcionamento da Força Nacional de Segurança Pública; e
VII - definir, de acordo com a legislação específica em vigor, os sinais exteriores de
identificação e o uniforme dos servidores policiais mobilizados para atuar nas operações da Força
Nacional de Segurança Pública.
 
Art. 11. A estrutura hierárquica existente nos órgãos de segurança pública da União, dos
Estados e do Distrito Federal e o princípio da unidade de comando serão observados nas operações
da Força Nacional de Segurança Pública.
 
Art. 12. As aquisições de equipamentos, armamentos, munições, veículos, aeronaves e
embarcações para uso em treinamento e operações coordenadas da Força Nacional de Segurança
Pública serão feitas mediante critérios técnicos de qualidade, quantidade, modernidade, eficiência
e resistência, apropriados ao uso em ações de segurança destinadas à preservação da ordem
pública, com respeito à integridade física das pessoas.
Parágrafo único. Caberá ao Ministério da Justiça estabelecer os parâmetros
administrativos e especificações técnicas para o atendimento do contido neste artigo.
 
Art. 13. Fica o Ministério da Justiça autorizado a celebrar com os Estados interessados
convênio de cooperação federativa, nos termos e para os fins específicos deste Decreto.
 
Art. 14. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 29 de novembro de 2004; 183º da Independência e 116º da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Márcio Thomaz Bastos
D.O.U. de 30.11.2004.
56

ANEXO B

LEI Nº 11.473, DE 10 DE MAIO DE 2007

Dispõe sobre cooperação federativa no âmbito da segurança pública e revoga a Lei nº


10.277, de 10 de setembro de 2001.
O Presidente da República Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono
a seguinte Lei:
 Art. 1º A União poderá firmar convênio com os Estados e o Distrito Federal para
executar atividades e serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas e do patrimônio.

Art. 2º A cooperação federativa de que trata o art. 1º desta Lei, para fins desta Lei,
compreende operações conjuntas, transferências de recursos e desenvolvimento de atividades de
capacitação e qualificação de profissionais, no âmbito da Força Nacional de Segurança Pública.

Parágrafo único. As atividades de cooperação federativa têm caráter consensual e serão


desenvolvidas sob a coordenação conjunta da União e do Ente convenente.

Art. 3º Consideram-se atividades e serviços imprescindíveis à preservação da ordem


pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, para os fins desta Lei:

I - o policiamento ostensivo;
II - o cumprimento de mandados de prisão;
III - o cumprimento de alvarás de soltura;
IV - a guarda, a vigilância e a custódia de presos;
V - os serviços técnico-periciais, qualquer que seja sua modalidade;
VI - o registro de ocorrências policiais.

Art. 4º Os ajustes celebrados na forma do art. 1º desta Lei deverão conter,


essencialmente:
I - identificação do objeto;
II - identificação de metas;
III - definição das etapas ou fases de execução;
IV - plano de aplicação dos recursos financeiros;
V - cronograma de desembolso;
VI - previsão de início e fim da execução do objeto; e
VII - especificação do aporte de recursos, quando for o caso.
Parágrafo único. A União, por intermédio do Ministério da Justiça, poderá colocar à
disposição dos Estados e do Distrito Federal, em caráter emergencial e provisório, servidores
públicos federais, ocupantes de cargos congêneres e de formação técnica compatível, para
execução do convênio de cooperação federativa de que trata esta Lei, sem ônus.

Art. 5º As atividades de cooperação federativa, no âmbito da Força Nacional de


Segurança Pública, serão desempenhadas por militares e servidores civis dos entes federados que
celebrarem convênio, na forma do art. 1º desta Lei.
57

 Art. 6º Os servidores civis e militares dos Estados e do Distrito Federal que


participarem de atividades desenvolvidas em decorrência de convênio de cooperação de que trata
esta Lei farão jus ao recebimento de diária a ser paga na forma prevista no art. 4º da Lei nº 8.162,
de 8 de janeiro de 1991.

§ 1º A diária de que trata o caput deste artigo será concedida aos servidores enquanto
mobilizados no âmbito do programa da Força Nacional de Segurança Pública em razão de
deslocamento da sede em caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacional e
não será computada para efeito de adicional de férias e do 13º (décimo terceiro) salário, nem
integrará os salários, remunerações, subsídios, proventos ou pensões, inclusive alimentícias.

§ 2º A diária de que trata o caput deste artigo será custeada pelo Fundo Nacional de
Segurança Pública, instituído pela Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001, e, excepcionalmente,
à conta de dotação orçamentária da União.

Art. 7º O servidor civil ou militar vitimado durante as atividades de cooperação


federativa de que trata esta Lei, bem como o Policial Federal, o Policial Rodoviário Federal, o
Policial Civil e o Policial Militar, em ação operacional conjunta com a Força Nacional de
Segurança Pública, farão jus, no caso de invalidez incapacitante para o trabalho, à indenização no
valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), e seus dependentes, ao mesmo valor, no caso de morte.

Parágrafo único. A indenização de que trata o caput deste artigo correrá à conta do
Fundo Nacional de Segurança Pública.

Art. 8º As indenizações previstas nesta Lei não excluem outros direitos e vantagens
previstos em legislação específica.

Art. 9º Ficam criados, no âmbito do Poder Executivo Federal, para atender às


necessidades do Programa da Força Nacional de Segurança Pública, 9 (nove) cargos em comissão
do Grupo Direção e Assessoramento Superiores DAS, sendo 1 (um) DAS-5, 3 (três) DAS-4 e 5
(cinco) DAS-3.

Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 11. Fica revogada a Lei nº 10.277, de 10 de setembro de 2001.

Brasília, 10 de maio de 2007; 186º da Independência e 119º da República.


LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Tarso Genro
Paulo Bernardo Silva
DOU de 11.5.2007
58

ANEXO C

DECRETO Nº 6.189, DE 20 DE AGOSTO DE 2007

Acresce e altera dispositivos do Decreto nº 5.289, de 29 de novembro de 2004, que


disciplina a organização e o funcionamento da administração pública federal, para
desenvolvimento do programa de cooperação federativa denominado Força Nacional de
Segurança Pública.
O Presidente da República, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e
VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 11.473, de 10 de maio de
2007, Decreta:
 
Art. 1º Os arts. 4º e 5º do Decreto nº 5.289, de 29 de novembro de 2004, passam a
vigorar com a seguinte redação:

“Art. 4º (...)
(...)

§ 5º O Ministério da Justiça deverá assegurar contingente permanente mínimo de


quinhentos homens da Força Nacional de Segurança Pública treinados para emprego imediato.”

“Art. 5º (...)

Parágrafo único. Os servidores civis e militares dos Estados e do Distrito Federal que
participarem de atividades desenvolvidas em decorrência de convênio de cooperação de que trata
este Decreto farão jus ao recebimento de diária, a ser paga na forma prevista pelo art. 6º da Lei nº
11.473, de 10 de maio de 2007.”

Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.


 
Art. 3º Ficam revogados os parágrafos 1º a 4º do art. 5º do Decreto nº 5.289, de 29 de
novembro de 2004.

Brasília, 20 de agosto de 2007; 186º da Independência e 119º da República.


LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Tarso Genro
DOU de 21.8.2007
59

ANEXO D

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 63, DE 15 DE MAIO DE 2007

(Do Sr. JORGE BITTAR e outros)

Altera o art. 144 da Constituição Federal para


inserir entre os órgãos responsáveis pela
segurança pública a força nacional de
segurança pública.

As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do


art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte emenda ao texto constitucional:

Art. 1º - Esta Emenda Constitucional altera o art. 144 da Constituição Federal para
inserir entre os órgãos responsáveis pela segurança pública a Força Nacional de Segurança
Pública.

Art. 2º - O art. 144 da Constituição Federal passa a vigorar acrescido do seguinte


inciso VI:

“Art. 144 (...):

VI – Força Nacional de Segurança Pública.

§10º - A Força Nacional de Segurança Pública, instituída por lei, como órgão
permanente, organizada pela União em convênio com os Estados e o Distrito Federal,
destina-se a executar atividades e serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública
e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.”

Art. 3º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação.

JUSTIFICAÇÃO

A Força Nacional de Segurança Pública, FNSP, foi criada como uma das ações do
Plano Nacional de Segurança Pública e do Sistema Único de Segurança Pública – SUSP
(sistema criado para articular as ações federais, estaduais e municipais na área da
segurança pública e da Justiça Criminal).

A atuação da FNSP foi regulamentada pelo Decreto n.º 5.289, de 29 de novembro de


2004, que, entre outras determinações, estabeleceu que “a Força Nacional de Segurança
Pública somente poderá atuar em atividades de policiamento ostensivo destinadas à
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio (...).

Recentemente, esta Casa aprovou a Medida Provisória n.º 345, de 14 de janeiro de


2007, que, dispondo sobre cooperação federativa no âmbito da segurança pública, “institui
medida para assegurar o funcionamento de serviços e atividades imprescindíveis à
60

segurança pública (...) e disponibiliza “instrumentos necessários ao pleno funcionamento do


programa de cooperação federativa denominado Força Nacional de Segurança Pública”.

Com efeito, a FNSP, que tem realizado ações em diversos Estados da Federação,
institucionalizou-se como mais um órgão a serviço da segurança pública no país. Assim,
nada mais justo do que o seu reconhecimento constitucional expresso como mais um dos
órgãos responsáveis pela efetivação da política e das ações de segurança pública no Brasil.

Para tanto, apresentamos a presente Emenda Constitucional.

Sala das Sessões, em 15 de maio de 2007.

Deputado Jorge Bittar


61

ANEXO E

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº202, DE 11 DE DEZEMBRO DE 2007


(Da Dep. Sueli Vidigal – PDT)

Acrescenta o inciso VI e § 10º ao art.


144 da Constituição Federal.

As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da


Constituição Federal, promulgam a seguinte emenda ao texto constitucional:

Art. 1º. Acrescente-se ao art. 144 da Constituição Federal o inciso VI e § 10º, nos seguintes
termos:

“Art.144(...)

(...)
VI – Força Nacional de Segurança.

(...)
§ 10º - A Força Nacional de Segurança será mantida pela União e pelos Estados e será
constituída por uma unidade permanente em cada região do país, composta por pelo menos 500
homens, especialmente treinados para atuações planejadas de combate ao crime organizado.

JUSTIFICATIVA

O crime organizado exige uma atuação mais eficiente, qualificada e planeja por parte do
Poder Público.

A Força de Segurança Nacional constituída por Decreto nº 5.289, de novembro de 2004,


embora tenha caráter complementar, episódico e excepcional, vem propiciando por meio de suas
ações maior confiabilidade à sociedade.

Graças a este êxito, entendemos recomendável que se acrescente ao rol dos órgãos
permanentes e competentes pela Segurança Pública a Força de Segurança Nacional.

Sala das Sessões, 11 de dezembro de 2007.

Deputado Sueli Vidigal - PDT/ES


62

ANEXO F

PORTARIA Nº 379, DE 28 DE FEVEREIRO DE 2008

Regulamenta as disposições da Lei no 11.473,


de 10 de maio de 2007 e do Decreto no 5.289,
de 29 de novembro de 2004, relativas aos
critérios de atuação e emprego da Força
Nacional de Segurança Pública.

O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso das atribuições conferidas pelo art.


1o, inciso IV e art. 16, incisos I e III, do Anexo I do Decreto no 6.061, de 15 de março de
2007, e do art. 10 do Decreto no 5.289, de 29 de novembro de 2004, resolve:

Art. 1º Para efeito de aplicação do art 3º, I, da Lei no 11.473, de 2007, considera-se
policiamento ostensivo, as operações conjuntas com os órgãos federais no cumprimento de
suas atribuições policiais ou com os órgãos de segurança publica estaduais realizadas pela
Força Nacional, no cumprimento das seguintes missões:

I - cerco e contenção em áreas de grande perturbação da ordem pública;

II - ações de polícia sobre grandes impactos ambientais negativos;

III - realização de bloqueios em rodovias;

IV - atuação em grandes eventos públicos de repercussão internacional;

V - ações de defesa civil em caso de desastres e catástrofes.

Art. 2o As atividades e serviços de guarda, vigilância e custódia de presos, previstos


no art. 3o, IV, da Lei no 11.473, de 2007, serão executadas pela Força Nacional de
Segurança Pública em situações extraordinárias de grave crise no sistema penitenciário.

Art. 3o O emprego da Força Nacional de Segurança Pública em qualquer parte do


território nacional, salvo nos casos de solicitação dos órgãos federais no cumprimento de
suas atribuições policiais, fica condicionado à observância dos seguintes requisitos: § 1o A
celebração de convênio de adesão ao programa de cooperação federativa da Força
Nacional de Segurança Pública, entre a União e os Estados e o Distrito Federal, para
execução das atividades e serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, nos termos da Lei no 11.473, de 2007. § 2o A
solicitação expressa do respectivo Governador de Estado ou do Distrito Federal, onde
deverá constar:
63

I - descrição do fato que justifique o emprego da Força Nacional de Segurança


Pública;

II - declaração da imprescindibilidade de apoio da Força Nacional de Segurança


Pública para o restabelecimento da situação de preservação da ordem pública e
incolumidade das pessoas e do patrimônio;

III - delimitação territorial da área de atuação da Força Nacional de Segurança


Pública;

IV - indicação das medidas já adotadas com a finalidade de solucionar o fato, antes


da solicitação ao Ministério de Estado da Justiça, bem como as medidas a serem adotadas
pelo Estado ou Distrito Federal durante a permanência da tropa, com vistas à
desmobilização da Força Nacional;

V - proposta de emprego da Força Nacional de Segurança Pública no Estado ou no


Distrito Federal, indicando que o fato descrito no inciso I compreende uma das atividades ou
serviços previstos no art. 3o da Lei no 11.473, de 2007, e no art. 1o desta Portaria. § 3o O
Parecer Técnico da Secretaria Nacional de Segurança Pública identificara a oportunidade e
a viabilidade operacional do emprego da Força Nacional de Segurança Pública.

Art. 4o Os instrumentos de adesão ao programa de cooperação federativa da Força


Nacional de Segurança Pública deverão prever a obrigatoriedade de mobilização de parte do
efetivo dos órgãos de segurança pública dos Estados e do Distrito Federal para treinamento
e emprego na Força Nacional de Segurança Pública.

Art. 5o A permanência da Força Nacional de Segurança Pública em qualquer parte do


território nacional deverá ocorrer durante o prazo delimitado pelo ato do Ministro de Estado
da Justiça, nos termos do art. 4o, § 3o, do Decreto no 5.289, de 2004.

Art. 6o Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

TARSO GENRO

Publicada no DOU Nº 41, sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008 , Seção 1, página 104


64

ANEXO G

PORTARIA N° 394, DE 04 DE MARÇO DE 2008

Regulamenta as disposições da Lei n° 11.473,


de 10 de maio de 2007 e do Decreto nº 5.289, de
29 de novembro de 2004, relativas aos critérios
de atuação e emprego da Força Nacional de
Segurança Pública.

O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso das atribuições conferidas pelo art. 1º,
inciso IV e art. 16, incisos I e III, do Anexo I do Decreto nº 6.061, de 15 de março de 2007, e do
art. 10 do Decreto nº 5.289, de 29 de novembro de 2004, resolve: Art. 1º Para efeito de aplicação
do art 3º, I, da Lei n° 11.473, de 2007, considera-se policiamento ostensivo as operações conjuntas
com os órgãos federais no cumprimento de suas atribuições policiais ou com os órgãos de
segurança pública estaduais realizadas pela Força Nacional, no cumprimento das seguintes
missões:

I - apoio às ações de polícia para realização de cerco e contenção em áreas de grande


perturbação da ordem pública;

II - apoio às ações de polícia sobre grandes impactos ambientais negativos;

III - apoio às ações de polícia na realização de bloqueios em rodovias;

IV - atuação em grandes eventos públicos de repercussão internacional;

V - apoio às autoridades locais em ações de defesa civil em caso de desastres e catástrofes;

VI - apoio às ações do Programa Nacional de Segurança Pública - PRONASCI, criado pela


Lei nº. 11.530, de 24 de outubro de 2007.

Art. 2º As atividades e serviços de guarda, vigilância e custódia de presos, previstos no art.


3º, IV, da Lei n° 11.473, de 2007, serão executadas pela Força Nacional de Segurança Pública em
situações extraordinárias de grave crise no sistema penitenciário.

Art. 3º O emprego da Força Nacional de Segurança Pública em qualquer parte do território


nacional, salvo nos casos de solicitação dos órgãos federais no cumprimento de suas atribuições
policiais, fica condicionado à observância dos seguintes requisitos: § 1º A celebração de convênio
de adesão ao programa de cooperação federativa da Força Nacional de Segurança Pública, entre a
União e os Estados e o Distrito Federal, para execução das atividades e serviços imprescindíveis à
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, nos termos do art.
65

1º da Lei 11.473, de 2007. § 2º A solicitação expressa do respectivo Governador de Estado ou do


Distrito Federal, onde deverá constar:

I - descrição do fato que justifique o emprego da Força Nacional de Segurança Pública;

II - declaração da imprescindibilidade de apoio da Força Nacional de Segurança Pública


para o restabelecimento da situação de preservação da ordem pública e incolumidade das pessoas
e do patrimônio;

III - delimitação territorial da área de atuação da Força Nacional de Segurança Pública;

VI - proposta de emprego da Força Nacional de Segurança Pública no Estado ou no


Distrito Federal, indicando que o fato descrito no inciso I deste artigo compreende uma das
atividades ou serviços previstos no art. 3º da Lei n° 11.473, de 2007, e no art. 1º desta portaria. §
3º O Parecer Técnico da Secretaria Nacional de Segurança Pública identificara a oportunidade e a
viabilidade operacional do emprego da Força Nacional de Segurança Pública. No caso de
solicitação do governador do Distrito Federal, o Parecer Técnico da Secretaria Nacional de
Segurança Pública deverá considerar a importância de garantir o funcionamento regular dos
poderes de União.

Art. 4º Os instrumentos de adesão ao programa de cooperação federativa da Força


Nacional de Segurança Pública deverão prever a obrigatoriedade de mobilização permanente de,
no mínimo, 8,5% do efetivo dos órgãos de segurança pública dos Estados e do Distrito Federal
treinado pelo Programa de Cooperação, para emprego imediato na Força Nacional de Segurança
Pública.

Art. 5º A permanência da Força Nacional de Segurança Pública em qualquer parte do


território nacional deverá ocorrer durante o prazo delimitado pelo ato do Ministro de Estado da
Justiça, nos termos do art. 4º, §3º, do Decreto nº. 5.289, de 2004. Parágrafo único. A renovação do
emprego da Força Nacional de Segurança Pública fica condicionada a nova solicitação do
Governador do Estado ou do Distrito Federal que, além de conter os requisitos previstos no art. 3º
desta portaria, deverá indicar as medidas de preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio a serem implementadas com o fim de desmobilização da Força Nacional
de Segurança Pública.

Art. 6º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

TARSO GENRO
66

Publicada no DOU Nº 44, quarta-feira, 05 de março de 2008, Seção 1

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