Com a hipótese cética do sonho e a do génio maligno, Decartes leva a
dúvida ao seu ponto extremo, ou seja, ele não pode considerar nada como verdadeiro. Porém, há uma verdade que não pode ser questionada, o cógito/ primeiro princípio da filosofia/ um dos fundamentos do conhecimento. O que é? “Penso, logo existo.” “Cogito ergo sum.” Explicando esta afirmação: se ele duvida de tudo, é então incontestável que pensa, pois, duvidar é pensar, por isso existe como um ser pensante. Podemos pensar que uma ideia é falsa, mas é impossível pensarmos que não pensamos, pois estaríamos a duvidar da nossa habilidade de pensar e, como já referimos antes duvidar é pensar. Agora pode-se utilizar a ideia de Descartes contra si próprio, pois podemos dizer que o génio maligno, um Deus nos está a tentar enganar fazendo-nos pensar que pensamos. Porém, segundo Descartes “e que ele me engane tanto quanto pode que nunca conseguirá que eu seja nada enquanto eu penso que sou alguma coisa”. Ou seja, quanto mais este Deus se esforça para enganar Descartes, mais está a implicar que Descartes pense que é alguma coisa. Se a hipótese do génio maligno é derrotada, é gerada uma verdade incontestável, sendo isso uma das características do cogito. O resto das características são as seguintes: Serve de modelo de conhecimento e critério de verdade; Foi descoberta através da intuição e não da dedução. É a partir da dedução que Descartes distingue corpo e alma. (Explicar o que é a) Intuição: luz natural da razão que permite a apreensão imediata de uma evidência
Dedução: encadeamento lógico de verdades que permite a
descoberta de novas verdades. Não foi descoberta através de silogismos: Como por exemplo “tudo o que pensa existe, eu penso, logo existo”. Não foi descoberta assim pois se usássemos essa lógica estaríamos errados porque não sabemos se os pensamentos dos outros existem/ são reais. Permite-nos concluir que a veracidade de uma afirmação resulta da clareza e da distinção com que é apreendida: Clareza- a ideia capta o que as coisas realmente são, a sua natureza. Distinção- a ideia não contém quaisquer características que só por acidente pertencem às coisas. E é uma ideia indubitável (que não pode ser duvidada) e inata, ou seja, não resultou da experiência dos sentidos, é uma ideia que sempre pertenceu à razão. É a partir do cogito obtido através da intuição que se deduzem outras verdades como a distinção da alma e do corpo. Descartes sabe que existe como um “eu”. Ele define “eu” como uma mente e a mente humana pensa. Por exemplo, não é por estarmos a falar para a turma que existimos, é por pensarmos que estamos a falar para a turma que existimos. Por isso, para pensar e, consequentemente, existir, só é preciso a mente e não o corpo, o corpo pode até não existir mas sabemos que a alma existe pois é através dela que pensamos. É também a partir do cogito que Descartes prova a existência de Deus a partir de deduções. O seu raciocínio é o seguinte: Se duvidamos, concluímos que somos imperfeitos. Se somos imperfeitos, sabemos que existe uma ideia de perfeição. Não pode ter sido o homem a criar essa ideia, pois um ser imperfeito não pode criar a ideia de perfeição. Então, só um ser perfeito poderá ter criado essa ideia, sendo esse ser Deus. Assim, através do cogito, Descartes consegue deduzir a veracidade de imensas coisas.