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VII EDIÇÃO

EBOL
ESCOLA BÍBLICA DE
OBREIROS E LÍDERES

2022

MATERIAL DE APOIO:
DISCIPULADO MINISTERIAL
PROPÓSITO DA EBOL – VII EDIÇÃO

Com base no tema da EBOL – VII Edição “Obreiros forjados na fornalha da aflição” (Is 48.10) realizada os
dias 12 e 19 de dezembro de 2022, surge a necessidade de tratarmos sobre o “forjamento” dos homens e
mulheres salvos e chamados em Cristo (2 Tm 1.9) a fim de serem capacitados por Ele para cumprir o
ministério cristão como pessoas testadas e aprovadas (2 Tm 2.15).
No primeiro encontro da VII EBOL, fomos ministrados pelo pastor e mestre José Elias Croce que deu
enfoque em muitos pontos ministrados que confirmam o tema proposto, tais como:
✓ Foco no texto áureo do obreiro: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de
que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15)
✓ Jesus, como Mestre se sentava e dialogava. Ele investiu sua vida em formar discípulos. Esta deve ser a
motivação da igreja.
✓ Assim como Paulo, quem tem um encontro real com Jesus é mudado radicalmente. Suas vaidades
pessoais caem por terra. Este encontro muda a mente. O discípulo passa a ter uma missão ligada ao
céu. O objetivo de Paulo era preparar obreiros, assim como ele mesmo passou pelo processo de
discipulado. Pessoas que aceitaram passar pela “fornalha”.
✓ Obreiro aprovado precisa mostrar suas credenciais. É necessário focar em sua vocação. Testes de
têmpera: (1) Deus pode confiar em mim? (2) Temos sido fiéis no chamado? (3) Nosso coração está
realmente a serviço de Deus? (4) Quem crê, obedece.
Assim sendo, o discipulado tem sido a didática adotada por Deus no decorrer da Bíblia para cumprir este
propósito de forjar pessoas aprovadas para o ministério do Reino de Deus. Jesus outorgou poder aos seus
seguidores que se submeteram ao processo do discipulado (Jo 20.21-22). O legado de fé através do
discipulado tem sido transmitido ao longo da história por pessoas que se submeteram ao chamado do
SENHOR a fim de servirem a Deus em sua geração e carregando a responsabilidade de transferir esse
legado às gerações seguintes, a exemplo de Paulo e Timóteo: “Você me ouviu ensinar verdades confirmadas
por muitas testemunhas confiáveis. Agora, ensine-as a pessoas de confiança que possam transmiti-las a
outros.” (2 Tm 2.15 NVT)

1. INTRODUÇÃO - DISCIPULADO MINISTERIAL

Apresentamos este material de Discipulado Ministerial (1ª Fase), inspirados pelo tema “Foco em
Cristo” que norteou o ano 2021 no Ministério Esperança. Com isso, nos sentimos fortemente desafiados na
necessidade de nos identificar de forma mais profunda com o discipulado ensinado por Jesus Cristo aos
seus discípulos, com o propósito de prepará-los para cumprirem fielmente a Grande Comissão: “Portanto
ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos
os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” (Mt 28.19-20).
Após passarem pelo discipulado, os apóstolos, investidos da autoridade que lhes foi conferida pelo
Cristo Ressurreto, foram capacitados no poder do Espírito Santo a transferir fielmente o legado do Evangelho
em sua geração com tamanha virtude (At 4.33), que esta herança de fé foi sendo preservada e transmitida
ao longo do tempo pelos nossos pais na fé, alcançando a nossa geração.
A fidelidade era o elemento crucial para que a pessoa fosse selecionada e passasse a receber todos
os ensinamentos necessários para dar continuidade àquilo que o Mestre lhe havia transmitido. Nisto
consistia a visão de expansão da obra cristã na Terra.
Por isso somos desafiados a incorporar o legado do discipulado de Cristo como modo de vida,
convictos de nossa influência no mundo como salvos em Cristo (Mt 5.13-16), detentores da verdade do
Evangelho e sermos capazes de multiplicar este legado em nossa geração (2 Tm 2.1-3)
Portanto, o propósito do Discipulado Ministerial é disseminar aos obreiros , líderes e influenciadores
da igreja os conceitos bíblicos de discipulado, tomando como base uma convivência relacional, com o
propósito de aprofundar o conhecimento no discipulado de Cristo, e também, abordar a convivência
discipuladora entre Jesus e seus discípulos e entre Paulo e Timóteo, visando o fortalecimento espiritual,
despertamento da convicção de seu chamado pessoal, fidelidade ao legado do Evangelho e visão
multiplicadora em sua igreja.
Por isso, nossa grande expectativa é que você se aprofunde no discipulado de Cristo de tal maneira
que sua visão do Reino seja ampliada para compreender o real propósito de sua vida e chamada, e se
tornar um multiplicador fiel desta visão. Que você se dedique para alcançar filhos espirituais e se manter fiel
a esse legado de fé, até que Cristo venha. Seja bem-vindo!

2. DEFININDO O DISCIPULADO

“Quando as Escrituras Sagradas tratam do discipulado de Jesus, proclamam a libertação do ser humano de
todos os preceitos humanos, de tudo que o oprime, de tudo que o sobrecarrega, de tudo que lhe suscita
preocupação e dor na consciência. No discipulado, o ser humano deixa o duro jugo de suas próprias leis e
vai para o jugo suave de Jesus Cristo” (D. Bonhoeffer)

“A escolha pelo discipulado começa com a admiração por Cristo e se transforma na imitação diária de Cristo,
a ponto de sermos admirados por outras pessoas, não, obviamente, por quem somos, mas por quem
imitamos” (J. Madureira)

“Há apenas um único nome no céu e na terra, somente um único caminho, somente um único modelo.
Aquele que escolhe seguir após Cristo, escolhe o nome que está acima de todo nome, o modelo, que está
elevado acima de todos os céus, mas, contudo, também tão humano que ele pode ser modelo para um ser
humano para que seja nomeado e possa ser nomeado no céu e na terra, em ambos os lugares como o mais
elevado de todos. Pois há modelos cujos nomes podem ser mencionados somente na terra, mas, o mais
elevado de todos, o único, tem de possuir característica exclusiva, pela qual, por sua vez, ele é reconhecido
como sendo o único: por ser nomeado tanto no céu quanto na terra. Este nome é o nome de Nosso Senhor
Jesus Cristo. Não é maravilhoso ousar escolher trilhar o mesmo caminho que ele andou?” (Søren
Kierkegaard)

“Decidi seguir a Cristo na minha adolescência. Fui por ele escolhido, acolhido, salvo, amado, confrontado,
corrigido, tratado, chamado, ensinado, fortalecido, valorizado. Em Cristo pude resgatar a minha verdadeira
identidade Nele e própria razão de minha existência. O extraordinário é que tudo isso aconteceu através de
pessoas que Ele colocou em minha vida. Pessoas desprendidas de si, verdadeiras imitadoras de Cristo,
que, pelo seu exemplo, deixaram refletir em mim essa poderosa essência do discipulado.” (Elias de O. Bispo)

2.1. O DISCIPULADO DE CRISTO

▪ Desde o início de seu ministério terreno, Jesus Cristo veio pregando o Evangelho, focando a iminente
vinda do Reino de Deus e a necessidade de arrependimento (Mt 4.17, Mc 1.15). Neste tempo, chamou
a si os primeiros discípulos para andarem com ele (Mt 4.18-20, Mc 1.16-20, 3.13-19). Muitas vezes
imaginamos que os discípulos de Jesus eram homens da grande fé, quando o encontraram pela primeira
vez. Mas como todos os cristãos, os discípulos, apesar dos ensinamentos de experiências
extraordinárias na caminhada com o Mestre Jesus, que os marcaria por toda a sua vida, eles passaram
por conflitos, momentos de altos e baixos e tiveram que crescer espiritualmente e ter sua fé fortalecida.
(Mc 14.48-50, 14.66-72, Jo 14.1-9, 20.26-29, 21.15-19).
▪ Há registros de Jesus ter chamado a Pedro, Thiago e João mais de uma vez para segui-lo (Lc 5.1-11,
Jo 1.35-42). Embora fosse necessário algum tempo para que as Boas Novas fossem assimiladas, os
discípulos decidiram seguir a Jesus. Da mesma forma podemos questionar e hesitar, mas nunca
devemos deixar de seguir a Jesus (Jo 6.60-69).
▪ Embora multidões seguissem a Jesus por toda a parte, Ele escolheu doze discípulos (Mc 3.13-16, Mt
19.28) para serem seus apóstolos, que significa “mensageiros ou representantes autorizados”. Esses
discípulos eram pessoas comuns, sem grandes habilidades ou talentos que merecessem destaque, que
vinham de uma variada formação profissional e de diferentes experiências de vida. Mesmo sendo judeus
e conhecedores da religião judaica, carregavam dentro de si correntes de pensamentos diferentes e até
divergentes entre si, com respeito às suas crenças e esperança, incluindo a vinda do Messias. Apesar
destas diferenças, a única característica que esses discípulos tinham em comum era a disposição para
seguir e obedecer a Jesus.
▪ Depois da ressurreição e ascensão de Cristo, eles foram batizados com o Espírito Santo (At 1.8, 2.1-4).
Esta plenitude do poder do Espírito Santo neles os capacitou para desempenharem o importante papel
na disseminação do Evangelho de Cristo, no crescimento da igreja Primitiva e na transmissão fiel do
legado do Evangelho para as próximas gerações.
▪ O desafio de seguir a Cristo não ficou restrito ao grupo dos doze discípulos. Além deles, Jesus designou
outros vários, lhes conferindo poder (Lc 10.1-20), a outros, Jesus chamou particularmente para segui-
lo (Mc 2.14, Lc 9.59, Mc 10.21). Jesus exortou os discípulos clamarem para que Deus enviasse mais
discípulos para a grande colheita (Mt 9.37-38, Lc 10.2). Além disso, Jesus se voltava às multidões,
demonstrando grande compaixão por elas, pregando e ensinando o Evangelho do Reino e curando (Mt
9.35-36). Jesus também instava às multidões sobre a necessidade de segui-lo a fim de acharem
descanso Nele (Mt 11.28-30), mas também as confrontava sobre a responsabilidade e o preço do
discipulado (Lc 14.25-35, Jo 6.60-71)
▪ Após a sua ressurreição, Cristo aparece aos seus discípulos na Galiléia e lhes ordena a pregar o
Evangelho por todo o mundo (Mc 16.14-20), fazendo discípulos de todas as nações (Mt 28.16-20). Isto
significa que os discípulos não deveriam ir juntos a todo o lugar, mas sim dispersar-se de maneira que
pudessem difundir melhor a luz do Evangelho. Isto também significa que Cristo estava cancelando a
aliança de exclusividade feita com os judeus, quando os doze apóstolos ao serem enviados pela
primeira vez, foram proibidos de ir pelo caminho dos gentios (Mt 10.1-8). Mas, agora estavam sendo
enviados para fazer discípulos de todas as nações! Aleluia!

2.2. DEFININDO DISCÍPULO & DISCIPULADO

▪ Discípulo: uma pessoa que segue os ensinamentos de um mestre. É o termo usado nos evangelhos
para referir-se aqueles que seguiam a Jesus Cristo. Aparece mais de 250 vezes no NT. A palavra
discipular aparece 25 vezes (incluindo o livro de Atos). No grego secular, discípulo significa “ser
aprendiz”.
▪ A marca de um verdadeiro discípulo: saber como ser obediente, seguir o exemplo de seu Mestre e imitar
aquele que está seguindo.
▪ O termo “discipulado”, pode ser compreendido de duas formas: (1) Bonhoeffer, em seu livro
“Discipulado” define como “o ato de seguir a Cristo” (2) Mark Dever, em seu livro “Discipulado” define
como “o ato de ajudar pessoas a seguirem Jesus”.
▪ Neste sentido, conforme explica Jonas Madureira, em seu livro “O Custo do discipulado”, há uma relação
de dependência entre estes dois sentidos do discipulado. “O ato de ajudar alguém a seguir a Jesus,
pressupõe o ato de seguir a Jesus. Isto quer dizer que, quem não segue Jesus não pode ajudar pessoas
seguirem Jesus”.
▪ Os termos discípulo e discipulado foram tão profundamente associados ao ministério de Jesus, que,
para os primeiros cristãos, o termo discípulo, tornou-se basicamente sinônimo de cristão. Ser cristão,
portanto, é ser discípulo de Cristo.
▪ Jesus não somente fez discípulos, como também os encorajou e ordenou a fazer outros discípulos, não
tomando a si mesmos e suas ideias como modelo, mas, pelo contrário, espelhando-se em Jesus e em
suas ideias, ou seja, imitando a Cristo. (1 Co 11.1, Ef 5.1-2, Hb 13.7, At 4.13)
2.3 O CHAMADO AO DISCIPULADO DE CRISTO

▪ O chamado para seguir a Cristo inicia quando o ser humano é despertado para crer em Jesus Cristo,
através da pregação do Evangelho (Mt 28.18-20; Mc 16.15, Ef 1.12-13), passando para uma nova
condição, a de filho de Deus (Jo 1.12, 1 Co 5.17).
▪ A pregação do Evangelho ocorre por meio da Evangelização (Mc 16.14-20) , que é a ação de informar
os homens a respeito de Evangelho de Jesus Cristo, para levá-los a (1) reconhecerem a condição de
pecadores perdidos (Mt 9.13, Lc 13.3, 15.10) (2) conhecerem o plano de Deus para a sua salvação (Jo
3.16-18, Ef 2.8-19) (3) serem convencidos a se arrependerem e crerem em Jesus como seu Salvador e
Senhor (Mt 3.2, 4.17, At 3.19) (4) orientá-los a se integraram na igreja de Cristo para servi-lo (At 2.42-
48, Hb 10.24-25).
▪ As mudanças ocorridas neste processo inicial do discípulo de Cristo envolvem (1) Conversão: Latim:
com (totalmente) + vetere: (virar) = fazer uma mudança radical. (2) Regeneração: gr: renascimento. A
renovação, restauração final de todas as coisas (Tt 3.5, 1Pe 1.3, 1.23). O diálogo de Jesus com
Nicodemos é o mais um importante ensinamento sobre a regeneração (Jo 3.1-22).
▪ Portanto, como declara Bonhoeffer, “o chamado ao discipulado é o compromisso exclusivo com a
pessoa de Jesus Cristo. E porque Cristo existe, tem de haver discipulado. O discipulado está
comprometido com o Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo (1 Tm 2.5). Somente Jesus, que
se fez humano, pode chamar ao discipulado”.

2.4. O PROCESSO DO DISCIPULADO DE CRISTO

▪ A continuidade deste despertar para a fé em Jesus Cristo na vida do discípulo após aceitar o Evangelho
de Cristo é o que denominamos discipulado, ou como Cristo diz: “fazei discípulos” (Mt 28.19).
▪ São as etapas relacionadas ao trabalho de inserção do discípulo na comunidade cristã, onde deve
ocorrer o aprendizado das doutrinas bíblicas, crescimento na fé e aplicação dos princípios e ordenanças
extraídos da Bíblia no serviço a Deus que durará por toda a sua vida, ciente de que a salvação é pela
graça (Efésios 2:8-10), mas a caminhada para o cristão tem o claro propósito de andar nas boas obras.
“A salvação é de graça, mas o discipulado custa tudo o que temos” (Billy Graham).
▪ Na Grande Comissão de Cristo (Mt 28.16-18) ao ordenar o “fazei discípulos batizando-os e ensinando-
os” são traduzidas como: em todo o tempo, indo, fazei discípulos, batizando e ensinando a
permanecerem nas verdades que os alcançou. Estas expressões trazem o sentido direto de “discipulai”.
▪ O foco do Mestre Jesus era gerar discípulos, deixando para os seus seguidores a mesma orientação
através do modelo dado por ele.
▪ O evangelho é a mensagem, o conteúdo a ser anunciado (Mc 16.15-16). Porém, no discipulado, esta
mensagem deve ser vivida e transmitida conforme o modelo e procedimento de Jesus.

2.5. APROFUNDANDO NO CHAMADO AO DISCIPULADO

▪ O convite de Jesus ao discipulado envolve a decisão “deixar” para seguir. Este chamado para segui-lo
era o alvo de sua misericórdia: “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas
e exaustas como ovelhas que não têm pastor.” Mt 9.36
▪ O discipulado está intimamente relacionado à cruz. Ele envolve a renúncia do ego, das inclinações da
carne, de todo pecado, da condução da própria vida, disposição de se submeter a Deus de forma
incondicional, entregando todo ser, demonstrando confiança completa estou e segura nele.
▪ Bonhoeffer declara que: “o chamado ao discipulado se encontra presente no contexto do anúncio do
sofrimento de Jesus”: “Então, convocando a multidão e juntamente os seus discípulos, disse-lhes: Se
alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser, pois, salvar
a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á.” Mc 8:34-35
▪ Discipulado é a negação de nossa velha natureza, nos rendendo e nos submetendo à obediência do
Senhor Jesus Cristo para sermos moldados e transformados por ele.
▪ Discipulado significa unir-se com Cristo e seu sofrimento: “Sim, deveras considero tudo como perda,
por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas
as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria,
que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na
fé; para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-
me com ele na sua morte;” Fp 3:8-10 ARA
▪ O discipulado de Cristo requer dedicação total, e não um compromisso indiferente. Não basta escolher
algumas ideias de Jesus e segui-las de forma seletiva. Discipulado requer aceitar a cruz, juntamente
com a coroa. Devemos considerar o preço e estarmos dispostos a abandonar todas as demais coisas
que nos davam uma sensação de segurança – sem olhar para trás. Com nosso foco em Cristo, não
devemos permitir que nada nos impeça de segui-lo (Luc 9.62)
▪ Nesse sentido, todos que entregam suas vidas a Jesus são chamados para a condição de discípulo,
por isso não faz nenhum sentido um cristão que esteja fora esta condição, muito menos a possibilidade
de não se comprometer com chamado de novos discípulos para Cristo. Assim todos devem estar
engajados agindo com fidelidade incondicional a Cristo.
▪ Em um de seus ensinos dobre as condições e os custos para segui-lo, Jesus responde a um certo
escriba: Segue-me, e deixa aos mortos sepultar os seus mortos (Mt 8.19-22). É possível que este
escriba, que se ofereceu para seguir a Cristo (Mt 18.19) não tivesse pedido permissão para ir ao enterro
de seu pai, mas na verdade, adiando a decisão de seguir a Jesus, até que seu pai idoso falecesse.
Talvez quisesse reivindicar sua herança, ou não quisesse enfrentar a ira de seu pai se deixasse os
negócios da família etc. Qualquer que fosse o seu interesse, ele não queria se comprometer ainda –
com Jesus. Jesus, no entanto, não aceitou a sua resposta.
▪ Ainda focando o chamado ao discipulado, transcrevemos a seguir um trecho do Livro “Discipulado” de
Dietrich Bonhoeffer com base na leitura bíblica a seguir:
“Indo eles caminho fora, alguém lhe disse: Seguir-te-ei para onde quer que fores. Mas Jesus lhe
respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde
reclinar a cabeça. A outro disse Jesus: Segue-me! Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro
sepultar meu pai. Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém,
vai e prega o reino de Deus. Outro lhe disse: Seguir-te-ei, Senhor; mas deixa-me primeiro despedir-me
dos de casa. Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto
para o reino de Deus.” Lucas 9:57-62
“No atendimento ao chamado de Cristo: “Segue-me” resta a única condição: segui-lo.
Um discípulo chamado não vem a Cristo com intuito de fazer algo especial, mas simplesmente por
causa do chamado de Jesus. Tem que renunciar a tudo que viveu. O que é velho deve ficar para trás.
E deixar a segurança da vida ir para “insegurança”, isto, na realidade para a segurança da comunhão
de Cristo. Significa sair da zona de toda possibilidade finita, para as possibilidades infinitas em Cristo
“O primeiro discípulo se oferece ele próprio para seguir a Jesus. Ele não foi chamado. A resposta de
Jesus adverte o entusiasta de que ele não sabe o que faz. Por que no chamado se mostra a vida com
Jesus como de fato ela é. Aqui fala aquele que está a caminho da cruz, cuja vida inteira, está escrita no
credo apostólico: padeceu. Ninguém pode desejar isto por escolha própria. Nisto fica um abismo entre
a vontade de querer ser desprovido da chamada do próprio Cristo. Mas quando é o próprio Jesus que
chama, ele constrói a ponte que transpõe o abismo mais profundo.
O segundo discípulo quer enterrar o pai antes de seguir Jesus, mas a lei o prende. Ele sabe o que quer
e o que deve fazer, antes porém deve cumprir a lei, e só então poderá seguir Jesus. Nesse momento
temos algo até justificável pela lei que se interpõe entre a pessoa chamada e Jesus: um mandamento.
Jesus reage imediatamente deixando claro que nada pode impedir, mesmo que seja um ditame da lei,
do discípulo não cumprir o seu chamado. Isto prova que a lei não tem direito de se interpor entre Jesus
e a pessoa chamada.
O terceiro, assim como primeiro, impõe condições para atender ao chamado de Jesus. Quer segui-lo,
mas ele próprio quer criar as condições para o discipulado. É o famoso “primeiro faça uma coisa e
depois outra”. Mas deixa-me primeiro… O discípulo desta forma se põe à disposição, mas achasse por
isso no direito de impor condições. Nesse momento o discipulado deixa de ser discipulado e se
transforma em um programa humano que será realizado segundo meu próprio julgamento em que posso
justificar por meio da razão e da ética. O terceiro discípulo deseja ingressar no discipulado, porém no
momento em que ele aceita condicionalmente, mostra não desejar mais ser discípulo. O modo como
fez a própria oferta anula o discipulado que não tolera nenhuma condição que se interponha entre Jesus
e o que obedece. A resposta de Jesus confirma este conflito interior, que acaba excluindo o discipulado:
“ninguém que tem do posto a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus”

2.6. O CUSTO DO DISCIPULADO

▪ Custo é a capacidade que temos de calcular perdas e ganhos com vistas a uma tomada de decisão. Toda
decisão que tomamos, seja qual for haverá perdas e ganhos. Então, calcular o custo é termos consciência
daquilo que vamos perder e ganhar nas decisões que tomaremos.

▪ A questão de calcular custos faz parte de nossa vida neste mundo, o tempo todo, mesmo quando ainda
nem decidimos. Porque até o “não decidir” também é uma decisão, e como toda a decisão, o “não decidir”
haverá perdas e ganhos envolvidos.

▪ Neste texto do Evangelho de Lucas, vemos Cristo dizer claramente sobre o cálculo de custo relacionado
à nossa vida espiritual, sobretudo quando se decide ser discípulo de Cristo. E esta decisão
inevitavelmente implica um custo:
“Uma grande multidão ia acompanhando Jesus; este, voltando-se para ela, disse: “Se alguém vem a mim e
ama seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs e até sua própria vida mais do que a
mim, não pode ser meu discípulo. E aquele que não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu
discípulo. “Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o preço, para ver
se tem dinheiro suficiente para completá-la? Pois, se lançar o alicerce e não for capaz de terminá-la, todos
os que a virem rirão dele, dizendo: ‘Este homem começou a construir e não foi capaz de terminar’. “Ou, qual
é o rei que, pretendendo sair à guerra contra outro rei, primeiro não se assenta e pensa se com dez mil
homens é capaz de enfrentar aquele que vem contra ele com vinte mil? Se não for capaz, enviará uma
delegação, enquanto o outro ainda está longe, e pedirá um acordo de paz. Da mesma forma, qualquer de
vocês que não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo. “O sal é bom, mas se ele perder
o sabor, como restaurá-lo? Não serve nem para o solo nem para adubo; é jogado fora.” Lucas 14:25-35

A. Seguir a Cristo implica uma tomada de decisão

▪ O discipulado como um ato de seguir a Cristo é uma decisão. Com base nas palavras de Jesus,
vislumbramos pelo menos três exigências que se não forem cumpridas, desqualificam uma pessoa ao
discipulado de Cristo:
“Se alguém vem a mim e ama seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs e até sua
própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo.” Lucas 14:26
“E aquele que não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo.” Lc 14:27
“Da mesma forma, qualquer de vocês que não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo.”
Lc 14:33
▪ Nestes versículos, Jesus expõe claramente as exigências que impedem uma pessoa no ato de ser seu
discípulo. Isto está definido na expressão proferida por Cristo por três vezes: “Não pode ser meu
discípulo”. Todo aquele que não levar em conta qualquer destas três exigências, não está habilitado para
ser discípulo de Cristo.

B. Seguidores ou discípulos de Cristo?

▪ Convém considerarmos que essas exigências são a essência que distingue “seguidores de Cristo” de
“discípulos de Cristo. O teólogo John P. Meier (citado no livro “O Custo do Discipulado” de Jonas
Madureira) classificou os seguidores de Jesus em três círculos concêntricos: (1) o círculo externo,
referente às multidões que o seguiam no sentido físico (2) 9º círculo intermediário, referente aos
discípulos chamados por Jesus para segui-lo tanto no sentido físico como no espiritual (3) os círculo dos
Doze (o grupo especial dos doze homens que, além de serem discípulos, também formavam o círculo
íntimo em torno de Jesus)

OS DOZE

OS DISCÍPULOS

AS MULTIDÕES

▪ De acordo com Meier, os seguidores de Jesus constituíram-se a partir de grupos muito diferentes, desde
discípulos comprometidos, passando por ouvintes moderadamente simpáticos, até multidões apenas
curiosas. Em suas palavras. Segue a observação:
“Que termo abrangente podemos usar para tratar de toda essa gente? Quase automaticamente nos
inclinamos a falar de forma vaga dos “seguidores” de Jesus... Em diversas passagens dos Evangelhos,
o verbo “seguir” pode significar um mero movimento físico (Mc 14.13, Jo 11.31), movimento físico de
aproximação de Jesus equivalente a pseudodiscipulado (Mc 14.54), movimento físico exprimindo adesão
íntima a Jesus (Mc 1.18, 2.14, Mt 8.19-22, Jo 1.43) e, em casos relativamente raros, adesão íntima, sem
qualquer movimento físico (Jo 8.12). Em vista desses diferentes significados do verbo nos Evangelhos,
julgo razoável escolhermos o substantivo “seguidor” como termo abrangente para cobrir todos os diversos
relacionamentos com Jesus.”
▪ Apesar de Jesus ter muitos seguidores, é questionável se todos esses seguidores eram realmente seus
discípulos. Como observado no círculo, as multidões seguiam Jesus mais por interesse e curiosidade do
que por consciência do discipulado e do custo envolvido. Porém só é possível avaliar o custo do
discipulado quando o seguidor está realmente convicto das exigências e das demandas do discipulado,
e somente assim, o seguidor será capaz de avaliar de forma adequada o significado e o custo do
discipulado de Cristo.

C. Perfil das multidões que seguiam a Cristo


▪ A necessidade da consciência do custo do discipulado é a razão da exortação de Jesus, direcionada não
aos Doze, mas à grande multidão que o seguia (Lc 14.25)
▪ Olhando para esta grande multidão, é como olhar para uma pessoa sem identidade. É olhar para algo
indefinido, neutro, sem responsabilidades quanto a Cristo e seus ensinamentos. Eram os simpatizantes,
admiradores das virtudes sobrenaturais do Nazareno e das coisas que ele poderia lhes oferecer.
▪ Em outro panorama, o evangelho segundo João descreve o perfil da “imensa multidão que seguia a
Jesus” atraída pelos milagres de cura que ele havia realizado e por alimentar milagrosamente cerca de
cinco mil pessoas (Jo 6.1-13), a multidão concluiu com entusiasmo que o novo Moisés estava com eles
(Jo 6.14), mas compreenderam apenas parcialmente o propósito do sinal. Eles entenderam que Jesus
havia vindo da parte de Deus quando lhes deu uma refeição milagrosa, mas entenderam errado o sinal
quando quiseram transformá-lo em um rei que os libertasse do domínio romano (Jo 6.15). Diante disso,
Jesus retirou-se para as montanhas. Aquela multidão queria forçar Jesus a fazer o que achavam que ele
deveria fazer. Embora Jesus sendo Rei, de fato, o modo como ele governa não é o modo da multidão.
▪ Quando eles encontraram Jesus novamente, ele os criticou pelo fato de o seguirem apenas em busca de
benefícios físicos e temporários, e não para satisfazer sua fome espiritual. Quanto a este comportamento,
“Jesus respondeu: Vocês vêm à minha procura não porque viram Deus no que eu fiz, mas porque enchi
a barriga de vocês – e de graça! Não gastem energia, lutando por comida perecível como aquela.
Trabalhem pela comida que permanece, comida que sustenta a vida eterna, comida que o Filho do
Homem providencia. Ele e o que ele faz são permanentes, porque têm a garantia de Deus, o Pai”. (Jo
6.26 – BLC).
▪ Quando Jesus confrontou aquela multidão sobre essência do seu propósito de que a decisão de segui-lo
requer que a Sua vida tinha que se tornar a vida deles (Jo 6.53-58), essas palavras fizeram com que
muitos de seus seguidores e discípulos o abandonassem (Jo 6. 60-66)
▪ De fato, os Evangelhos mostram que Jesus se compadecia das multidões que o seguiam e que se
importava com elas (Mt 9.35-36, 14.34-36, 15.32-25, Mc 6.53-56, Lc 9.10-17, Jo 6.1-15). Porém, como
diz o teólogo Jonas Madureira, “Olhando para esta grande multidão, é como olhar para uma pessoa sem
rosto, sem nome. É olhar para algo indefinido, neutro, sem responsabilidades quanto a Cristo e seus
ensinamentos. Contudo, Jesus estava realmente preocupado com esta “massa cinzenta” que o seguia”.
Eram os simpatizantes, admiradores das virtudes sobrenaturais do Nazareno e das coisas que ele poderia
lhes oferecer, mas que em dado momento muitos dessa mesma multidão, trocaram os gritos de “hosanas
e “Bendito o que vem em Nome do Senhor” (Mt 21.9) apenas uma semana depois, pelo “crucifica-o” e
“solta-nos Barrabás” (Lc 23.18)
▪ A multidão nos revela a triste realidade de que é possível seguir a Jesus sem nenhum comprometimento
e sem levar em consideração o custo do discipulado. Jesus procurava por pessoas compromissadas com
Ele e não com apenas número.
▪ A multidão que segue a Jesus sem identidade, sem rosto, reflete a realidade de que desejam permanecer
anônimas, querendo apenas um lugar de conforto para que sigam a Jesus sem compromisso ou
responsabilidade, pois vincular-se a Jesus fatalmente levará as pessoas a terem que se expor
publicamente, a enfrentar oposições e perseguições. Significa ter que assumir a postura de um militante
da causa de Cristo. (2 Tm 3.2-5)

D. A individualidade do chamado ao discipulado: “Se alguém vem a mim”


▪ Conhecendo a característica das multidões que o seguiam, Jesus passa a fazer declarações para que
essas multidões repensassem sobre este entusiasmo ou empolgação por Ele. Aqui, Jesus encoraja os
que eram superficiais para que se aprofundassem, ou desistissem.
▪ Nesta declaração de Lucas 14.25-35, Cristo apresenta uma descrição clara e desafiadora da vida cristã,
em que para ser seu discípulo, implica colocar de lado os desejos egoístas, tomar a sua própria cruz a
cada dia e segui-lo em total submissão a Ele, inclusive correndo o risco até mesmo à morte. Significa
compreender que pertencemos a ele e que devemos viver para servir aos seus propósitos.
▪ Jesus deixa claro que a decisão de sair das multidões e tornar-se um discípulo Dele, envolve uma
condicionante: “Se alguém vem a mim” (Lc 14.26). Isto torna claro, o princípio da individualidade que
envolve o chamado de Cristo. Conforme Bonhoeffer no livro Discipulado (p. 69), “o chamado de Jesus ao
discipulado torna o discípulo um indivíduo. Querendo ou não, ele tem de se decidir, e tem de fazê-lo
sozinho. Ser um indivíduo (no sentido do discipulado) não é uma escolha própria; é Cristo que faz daquele
que foi chamado um indivíduo. Cada qual é chamado individualmente, e sozinho deve seguir esse
caminho”.
▪ Esta condicionante: “Se alguém vem a mim” deve ser compreendida nas três exigências de Cristo que se
seguem ao verdadeiro discipulado (Lc 14.26,27 e 33):
1 – Se alguém vem a mim e não apresenta esse amor, então não pode ser meu discípulo
2 – Se alguém vem a mim e não apresenta esse sofrimento, então não pode ser meu discípulo
3 – Se alguém vem a mim e não apresenta esse desapego, então não pode ser meu discípulo
3. A GRANDE COMISSÃO

A grande comissão deixada por Jesus Cristo aos seus discípulos antes de sua ascensão aos céus, relata o
comissionamento a todos os seus seguidores, da parte daquele que venceu a morte e tornou-se detentor
de toda autoridade nos céus e na terra.
É interessante observar que a grande comissão, pela sua importância e centralidade no cristianismo, pode
ser visualizada ao final dos quatro Evangelhos. Cada escritor inspirado pelo Espírito Santo teve a liberdade
para escrever a públicos-alvo distintos e numa linguagem que alcançasse os objetivos propostos na
divulgação do Evangelho de Cristo.
É uma ordenança deixada por Jesus Cristo aos seus discípulos para que vivamos em função da sua
realização diariamente até a consumação dos séculos.
O foco de Jesus Cristo foi gerar novos discípulos, deixando para os seus seguidores a mesma orientação
através do modelo dado por Ele.
Mesmo sendo uma tarefa difícil de se realizar pelos recursos humanos, é possível ser concretizada graças
à presença e atuação de Jesus Cristo, pelo seu Santo Espírito, sendo o detentor de todo poder e autoridade
e que promete agir em parceria com seus seguidores, dando de Sua presença, apoio, poder, ajuda, força
e assistência que forem necessárias para que a Grande Comissão se cumpra com prontidão e completude.

3.1. A GRANDE COMISSÃO NOS EVANGELHOS

MATEUS enfatiza a Grande Comissão outorgada por Jesus aos discípulos em sua extensão
completa: fazendo discípulos, batizando e ensinando,
“Os onze discípulos foram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes indicara. Quando o viram, o
adoraram; mas alguns duvidaram. Então, Jesus aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda a autoridade
nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e
do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu ordenei a vocês. E eu estarei sempre
com vocês, até o fim dos tempos”.” Mateus 28:16-20 NVI
MARCOS enfatiza a Grande Comissão outorgada aos discípulos para evangelizar e batizar
acompanhada dos sinais:
“Mais tarde Jesus apareceu aos onze enquanto eles comiam; censurou-lhes a incredulidade e a dureza de
coração, porque não acreditaram nos que o tinham visto depois de ressurreto. E disse-lhes: “Vão pelo mundo
todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer
será condenado. Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão
novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum;
imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados”. Depois de lhes ter falado, o Senhor Jesus foi
elevado aos céus e assentou-se à direita de Deus. Então, os discípulos saíram e pregaram por toda parte;
e o Senhor cooperava com eles, confirmando-lhes a palavra com os sinais que a acompanhavam.” Mc 16:14-
20 NVI
LUCAS enfatiza a Grande Comissão pelo recebimento do Espírito Santo sobre os discípulos a fim de
lhes conferir poder para testemunhar de Cristo:
“Tendo dito isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. E por não crerem ainda, tão cheios estavam de alegria e
de espanto, ele lhes perguntou: “Vocês têm aqui algo para comer?” Deram-lhe um pedaço de peixe assado,
e ele o comeu na presença deles. E disse-lhes: “Foi isso que eu falei enquanto ainda estava com vocês: Era
necessário que se cumprisse tudo o que a meu respeito está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos
Salmos”. Então lhes abriu o entendimento, para que pudessem compreender as Escrituras. E lhes disse:
“Está escrito que o Cristo haveria de sofrer e ressuscitar dos mortos no terceiro dia, e que em seu nome
seria pregado o arrependimento para perdão de pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.
Vocês são testemunhas destas coisas. Eu envio a vocês a promessa de meu Pai; mas fiquem na cidade até
serem revestidos do poder do alto”.” Lucas 24:40-49 NVI
JOÃO enfatiza a Grande Comissão de Jesus aos discípulos conferindo-lhes poder de representação
Jesus diz aos discípulos de quem era a autoridade pela qual ele fazia a sua obra. Então, Jesus lhes transfere
a tarefa de transmitir as boas novas de salvação por todo o mundo.
Qual a relação entre este recebimento do Espírito Santo e o derramamento no Pentecostes? As duas
ocasiões se referem à mesma vinda do Espírito Santo? Segue a explicação no anexo “A regeneração dos
discípulos” (extraído da Bíblia de Estudo Pentecostal – Pg 1613)
Reflexão:
O verdadeiro discípulo de Jesus é também um sonhador, visionário, cheio do Espírito e ungido por ele. Vive
ouvindo seu Pai e faz disso seu estilo de vida. Encontros divinos e padrões divinos caracterizam sua vida.

4.2. A GRANDE COMISSÃO E A IGREJA PRIMITIVA

O evangelista Lucas faz uma importante conexão entre a Grande Comissão de Jesus aos seus discípulos e
a promessa do Espírito Santo que desceria em um breve espaço de tempo, marcando assim, a inauguração
da igreja de Cristo em Jerusalém. Atos dos Apóstolos é o segundo volume do livro escrito por Lucas. No
primeiro volume, que é o Evangelho Segundo São Lucas, ele trata do que Jesus começou a fazer e a ensinar
(At 1.1-2); e no livro de Atos, ele trata do que Jesus continuou a fazer e a ensinar através dos apóstolos, no
poder do Espírito Santo. Os dois livros foram dirigidos a uma mesma pessoa chamada Teófilo
(Provavelmente era um homem rico, membro da nobreza romana, ou alguém que ocupava alto posto no
governo Romano) e que formam praticamente uma obra única:
Lucas 1.1-4: “Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre
nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares e
ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde
sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que tenhas plena
certeza das verdades em que foste instruído.”
At 1:1-5: Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar
até ao dia em que, depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que
escolhera, foi elevado às alturas. A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas
provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino
de Deus. E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que
esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade, batizou com
água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.”
Desta forma, Lucas registra em seu Evangelho esta importante conexão com Atos, cujo tema central ainda
é Cristo, mas agora o Cristo ressuscitado, que agora empodera e desafia seus discípulos no “Ide por todo o
mundo”. Observemos esta conexão:
Lucas 24:46-53 “e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os
mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas
as nações, começando de Jerusalém. Vós sois testemunhas destas coisas. Eis que envio sobre vós a
promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder. Então, os
levou para Betânia e, erguendo as mãos, os abençoou. Aconteceu que, enquanto os abençoava, ia-se
retirando deles, sendo elevado para o céu. Então, eles, adorando-o, voltaram para Jerusalém, tomados de
grande júbilo; e estavam sempre no templo, louvando a Deus.”

4.3. O PERFIL DOS DISCÍPULOS NA IGREJA EM JERUSALÉM


A. A promessa do Espírito Santo

“Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito
depois destes dias. Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que
restaures o reino a Israel? Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai
reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis
minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.” At
1:5-8
Antes de ser recebido na Glória, Jesus ordenou aos seus discípulos que ficassem em Jerusalém para serem
revestidos do poder do Espírito Santo, a fim de dar continuidade à Grande Comissão de fazer discípulos de
todas as nações, começando em Jerusalém.
Jesus instruiu seus discípulos para que testemunhassem às pessoas de todas as nações a respeito dele
(Mt 28.19-20). Mas eles foram instruídos a esperar antes, pelo Espírito Santo (At 2.49, At 1.5). Assim também
Deus nos confiou realizar a obra, mas devemos realizado no poder do Espírito Santo. Mas às vezes esperar
é parte do plano de Deus. Você está esperando e ouvindo as instruções completas de Deus, ou você está
correndo à frente dos seus planos? Nós precisamos do tempo de Deus para sermos verdadeiramente
eficazes.
Em Atos 1.8, termo original para “virtude” é dunamis, que significa poder real, poder em ação que os crentes
recebem do Espírito Santo, que inclui coragem, ousadia, confiança, discernimento, habilidade e autoridade.
O propósito principal do batismo no Espírito Santo é o recebimento do poder divino para testemunhar de
Cristo, para discipular, ganhar os perdidos para Ele. Os discípulos precisariam de todos esses dons para
cumprir sua missão. O batismo no Espírito Santo trará o poder pessoal do Espírito Santo à vida do crente.
Se você crê em Jesus Cristo, como seu Salvador, você pode receber a virtude do Espírito Santo em sua
vida.
Atos 1.8 descreve uma série de círculos, cada vez maiores. As boas novas deveriam ser transmitidas,
geograficamente, desde Jerusalém para a Judéia e Samaria, e, finalmente, até os confins da terra.

B. A descida do Espírito Santo


“Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente, veio do céu um
som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram,
distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios
do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem.” At
2:1-4
A festa de Pentecostes era celebrada 50 dias depois da Páscoa, e era também chamada de Festa das
Primícias (primeira colheita). Era uma das três principais festas anuais, de agradecimento pela colheita (Dt
16.16). Jesus foi crucificado na época da Páscoa, subiu ao céu 40 dias após sua ressurreição. O Espírito
Santo veio 50 dias depois da ressurreição, 10 dias depois da ascensão. Judeus de muitas nações estavam
reunidos em Jerusalém para esta festa. Por isso, a pregação de Pedro (At 2.14-36) foi transmitida também
para um público internacional, resultando em uma colheita global de novos crentes, os primeiros convertidos
ao cristianismo.
Deus tornou sua presença conhecida a este grupo de discípulos de uma maneira espetacular, com o som
de um vento veemente impetuoso e línguas de fogo do Espírito Santo (Atos 2.2). Este foi o cumprimento
das promessas a respeito do batismo com Espírito Santo e com fogo (Jo2.28-29, Mt 3.11). As línguas de
fogo simbolizam a fala e a transmissão das boas novas. O fogo simboliza a presença purificadora de Deus.
Deus confirmou a validade da lei do Antigo Testamento, enviando o fogo do céu (Ex 19. 16-18). No
Pentecostes, Deus confirmou a validade do ministério do Espírito Santo, enviando fogo. No Monte Sinai, o
fogo desceu sobre um único lugar. No Pentecostes, o fogo desceu sobre muitos crentes, simbolizando que
a presença de Deus está disponível a todos os que crêem nele (At 2.28-39).
O Espírito Santo deu aos discípulos de Jesus, habilidade para falar literalmente, em outras línguas. Isso
atraiu a atenção da multidão internacional que estava reunida na cidade para a festividade. Todas as
nacionalidades representadas reconheceram suas línguas sendo faladas. No entanto, não foi apenas o falar
milagroso que atraiu a atenção das pessoas; elas viram a presença e o poder do Espírito Santo (At 2.6-11).
Assim, os apóstolos continuaram a servir no poder do Espírito Santo, onde quer que estivessem.
C. A visão discipuladora da igreja em Jerusalém
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma
havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram
estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto
entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo,
partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a
Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os
que iam sendo salvos.” Atos 2:42-47
O conteúdo da pregação de Pedro após a descida do Espírito Santo, demonstra a visão discipuladora que
faria parte do cotidiano da igreja em Jerusalém. O milagre da descida do Espírito Santo e das línguas não
foram suficientes em si somente para convencer as multidões a entregarem suas vidas a Cristo. Pedro
procurou esclarecer que aquele acontecimento extraordinário não era resultado da embriaguez, mas do
cumprimento da profecia de Joel (Jl 2.28-32). Os temas da mensagem pregada por Pedro, tornaram-se
padrão na igreja primitiva: (1) A explicação dos eventos, milagres (2.14-21) (2) O Evangelho de Cristo - sua
morte, ressurreição e exaltação (2.22-36) (3) Uma exortação para o arrependimento e batismo (2.37-40)
Isto nos mostra que os grandes temas de Atos dos apóstolos surgem nos dois primeiros capítulos,
sintetizando:
1) A visão evangelizadora, discipuladora e missionária, que deve começar para cada um de nós em nossa
“Jerusalém” e ir transbordando para “Judeia” e “Samaria”, até ganhar expressão nos confins da terra
(1.8)
2) O poder do Espírito Santo manifesta de forma visível, especialmente os sonhos, nas visões e nas
palavras proféticas que deve caracterizar todos os filhos de Deus (1.8, 2.17-18)
3) A descrição gloriosa da igreja de Jerusalém em seu primeiro amor ( At 2.42-47) abrange: dedicação à
palavra (kerygma) da comunhão (koinonia), importância da Ceia do Senhor, prática da oração, temor
de Deus, operação de manifestações sobrenaturais, valorização da unidade e da comunidade em sua
volta, cuidado pleno com os necessitados, grandes celebrações, presença constante no templo, grupos
pequenos ou igrejas em casa, comer juntos, alegria, coração simples, vida simples, foco no louvor a
Deus, benção para os de fora da igreja, evangelismo como estilo de vida que leva ao crescimento natural
e sólido.
A partir do capítulo 13, o livro de Atos provê enfoque no Ministério para os gentios e a expansão da igreja
pelo mundo. Paulo substitui Pedro como a figura central do livro. Ele completa três viagens missionárias, é
preso em Jerusalém e levado para Roma. O livro de atos termina abruptamente indicando que a história da
igreja ainda não está completa, sinalizando que ainda somos parte da sequência dessa história. Daqui em
diante focaremos a história e o ministério de Paulo.
Depois de convertido a Cristo (At 9), Paulo foi um apóstolo que procurou cumprir com perseverança a
ordenança de fazer novos seguidores de Jesus. Ele não mediu esforços para que novos filhos na fé fossem
gerados em Cristo Jesus. O plano de Paulo era, primeiramente seguir um determinado roteiro, pregando o
Evangelho e fundando igrejas. Em outras ocasiões Paulo optava por voltar e confirmar as novas igrejas
iniciadas, firmando-as no ensino das Escrituras, na fé, na fidelidade e no amor de Deus.
O trabalho essencial do apostolado era pregar Evangelho onde ainda não havia sido ouvido, e plantar igrejas
onde ainda não existia. Assim que essas igrejas recebessem ensino suficiente para capacitá-las e
compreender sua posição de responsabilidade como cristãos, discípulos de Cristo, o apóstolo seguia
adiante, continuando o mesmo tipo de trabalho em outro lugar. Desta forma Paulo viajou pelas estradas
romanas, que eram as principais linhas de comunicação e de grande fluxo de pessoas, visando estabelecer
igrejas em centros estratégicos.
A grande comissão é para toda a igreja, e no cumprimento dessa missão, Paulo é o modelo mais importante.
A vida eu ensino de Paulo mostra que a sua missão era tríplice: (1) evangelização inicia (2) nutrir igrejas
existentes por guardas do erro e alicerçada na fé (3) estabelecê-las firmemente como congregações
saudáveis através da exposição do Evangelho e da instituição da liderança local.
Como notamos em o Novo Testamento, o desenvolvimento do discipulado no seio da igreja é prioridade
máxima, objetivo maior de Deus para vida do seus seguidores, sendo a essência na promoção do
crescimento do seu Reino. Por isto, Deus tem chamado discípulos comprometidos, ao longo da história,
para a tarefa do “mentoreamento” bíblico, a fim de produzir novos seguidores a semelhança de Jesus, Como
propósito de expandir o Evangelho.
Dessa forma, o mentor é uma pessoa que ajuda outra a desenvolver-se e crescer. Mentorear é manter um
relacionamento no qual uma pessoa investe de si mesma na vida de outro. Deus está convocando a mim e
a você e para sermos mentores, porque ele precisará de outras pessoas dispostas a servi-lo depois que
partimos.
Tomando como base a vida e o Ministério do apóstolo Paulo, veremos alguns exemplos de mentoria
espiritual observados em experiências de relacionamentos discipulares no Novo Testamento.
Antes de entrarmos na caminhada de discipulado de Paulo com Timóteo, seu filho na fé, que será o objeto
e a consideração final de nossos encontros, é necessário que tenhamos uma visão panorâmica do processo
da conversão do apóstolo Paulo e o acompanhamento que recebeu da igreja primitiva, com o propósito de
prepará-lo para a disseminação do Evangelho. Devido ao seu abrangente e frutífero o Ministério, Paulo pode
ser classificado como um grande missionário primeiro século, e sua biografia está contida em informações
tanto em Atos dos apóstolos como nas cartas escritas pelo próprio Paulo.

4. O DISCIPULADO DE PAULO
4.1. ORIGEM E HERANÇA ESPIRITUAL DE PAULO

A conversão de Paulo é o fato mais marcante na história da igreja depois do Pentecostes. Devido à
importância, o evangelista Lucas narra três vezes este fato (Atos 9,22 e 26).
Quanto a origem e herança, Paulo vinha de uma família moderadamente rica e de uma importante tradição
religiosa, a seita dos fariseus (Fp 3.5). O fato de que o pai de Paulo era fariseu rigoroso, ele cumpriria para
com o filho todas as exigências cerimoniais da Lei mosaica. Nasceu em Tarso capital da Cilícia, importante
centro cultural do Império Romano, era comparada a uma pequena Atenas para a aprendizagem. Seus pais,
que eram da tribo de Benjamim, deram ao filho o nome do ilustre antepassado da mesma tribo, o rei Saul
(1Sm 9.1), de onde se origina o nome Saulo. Pelo fato de seu pai ser cidadão de Roma, e por direito de
nascimento, Saulo também ser um cidadão romano (At 22.22-28), foi-lhe acrescentado o nome latino Paulus.
Saulo foi educado aos pés do mestre Gamaliel em Jerusalém, onde recebeu a mais refinada educação
religiosa, tornando-se adepto da ala mais radical do judaísmo, a seita dos fariseus (22.3).

4.2. A PERSEGUIÇÃO AOS CRISTÃOS

Antes de sua conversão, Paulo estava espiritualmente cego (2 Co 3.12-18) e não compreendia o que o
Antigo Testamento ensinava sobre o Messias (Rm 9.30). Ao seguir as tradições judaicas como um fariseu,
ele tenta a todo custo defender a tradição que recebeu. Desta forma, ele se tornou perseguidor do
cristianismo, estimado pelos fariseus, apoiando e liderando perseguições marcantes e trágicas contra os
cristãos antes de seu encontro com Cristo no caminho de Damasco (At 9.1-2,13, 21; 26.9-11) entre elas, a
morte de Estêvão (At 7.58-60; 8.1, 22.20)

4.3. ANANIAS E PAULO: SUSTENTANDO OS PRIMEIROS PASSOS DE RECÉM-CONVERTIDO.

O próprio respirar na vida de Paulo estava quente pela ira que ele sentia contra os crentes. Assim ele recebe
autorização do sumo sacerdote Caifás, para que, caso encontrasse em Damasco alguns cristãos, ele nos
conduzissem presos para Jerusalém (At 9.1-2). O governo romano tinha dado ao sumo sacerdote,
autoridade para exigir o retorno dos judeus que tivessem “desrespeitado” a lei para que eles pudessem ser
julgados pelo Sinédrio.
Quando Saulo estava a caminho de Damasco, foi confrontado pelo Cristo ressuscitado, e ficou face a face
com a verdade divina acerca da chegada do Reino de Deus (At 9.3-6). Paulo se refere a esta experiência
como o princípio de sua nova vida em Cristo (1 Co 9.1, 15.8, Gl1.15-16). No centro dessa maravilhosa
experiência, estava Jesus Cristo. Paulo não teve uma visão; ele viu o próprio Cristo ressuscitado (At 9.17).
Paulo reconheceu Jesus como Senhor, confessou seu próprio pecado, entregou sua vida a Cristo, e decidiu
obedecer a Ele. A verdadeira conversão resulta de um encontro pessoal com Jesus Cristo e leva a uma
nova vida no relacionamento com ele. Paulo pensava que estava perseguindo hereges, mas estava
perseguindo o próprio Jesus (Mt 25.40,45)
Este episódio da conversão do apóstolo Paulo ao Evangelho e o cuidado inicial que recebeu mudou a sua
vida e sua visão de mundo, a partir dos princípios judaicos que vivia e defendia. Morador da cidade de
damasco, para onde Paulo sentir Gia afim de perseguir os cristãos, Ananias teve o privilégio de receber
revelação divina a respeito da escolha e da missão de Paulo aos gentios (At 9.15-16).
Este acompanhamento inicial recebido por Paulo da parte de Ananias demonstrou, em primeiro nível, o
discipulado na vida de Paulo, através do cuidado que seu irmão na fé cristã dispensou. Ananias forneceu a
Paulo o alimento na Palavra, fortaleceu-o, batizou-o e ensinou-lhe os primeiros passos da vida cristã. A
importância de um discípulo que se propõe a fazer novos discípulos, como no caso de Ananias, destaca o
papel de um conselheiro que ajuda o novo seguidor de Jesus Cristo a entender a profundidade que pode
alcançar no seu relacionamento pessoal com Deus. Ananias procurou fazer com que Paulo se enxergasse
como uma pessoa necessitada da misericórdia de Deus (At 9.17-19), e ao mesmo tempo preparando-o para
a obra da propagação do Evangelho (At 9.20-22).
Mais tarde, Paulo, antes de subir para Jerusalém ao encontro das lideranças da igreja, passou um período
de 3 anos na Arábia, sendo pessoalmente preparado por Deus para a grande missão que tinha de
desenvolver entre os gentios (Gl 1.13-17). Hernandes D. Lopes comenta em seu livro Interpretação de Atos
dos Apóstolos, que “nesse tempo, Jesus se revelou a ele, de tal forma que Paulo não aprendeu o conteúdo
do seu Evangelho como aprendeu as doutrinas do judaísmo os pés de Gamaliel, mas o recebeu como
revelação direta do senhor Jesus. Certamente, reler o Antigo Testamento, percebeu que o Jesus a quem
ele perseguia, de fato, era o Cristo, o Messias”. Então, voltou a Damasco e passou a demonstrar que Jesus
é o Cristo (At 9.22).
Os judeus que moravam em Damasco resolveram matá-lo e Paulo precisou fugir à noite, por cima da
muralha, dentro de um cesto (At 9.23-25).
Após isto, Paulo retornou a Jerusalém, querendo se juntar aos cristãos, mas, com sua reputação de cruel
perseguidor e suposto assassino, ninguém, nem mesmo os apóstolos queriam se arriscar, pois
desconfiavam dele e de sua transformação espiritual. Saulo agora enfrentava uma crise. Seus velhos
amigos, os fariseus, agora eram seus inimigos. Seus velhos inimigos, os discípulos, não queriam ter nada a
ver com ele. Estava agora isolado, ameaçado e rejeitado. O que ele podia fazer?

4.4. BARNABÉ E PAULO: ARRISCANDO-SE EM FAVOR DO MENTOREADO

Neste momento de crise na vida de Paulo, Barnabé entrou na brecha (Ez 22.30; 1 Tm3.10-11), arriscando
corajosamente sua vida para com cuidado se aproximar de Saulo e ouví-lo o suficiente para ficar convencido
de sua conversão. Que olhos espirituais para discernir a transformação espiritual de Paulo! Barnabé lhe deu
ouvidos, deu amizade, deu amor e aceitação quando ninguém queria fazer isso (At 9.27).
Mas Barnabé não parou por aí, mas arriscou-se pela segunda vez. Ele tinha o amor e o respeito dos
apóstolos, e apesar de os apóstolos não quererem ver a Paulo, Barnabé o levou a eles. Podemos até
imaginar que havia um código secreto para que as pessoas abrirem a porta do lugar onde os apóstolos se
escondiam. Barnabé fala ou bate na forma combinada na porta, e quando ela se abre, apresenta seu
companheiro irmão Saulo. Nesse momento poderia haver perdido toda a confiança que os apóstolos tinham
nele. Mas se arriscou, discernindo que o que poderia ser ganho era muito maior do que aquilo que ele
poderia perder. Devido à intervenção e à mediação de Barnabé, Saulo ficou à vontade, “entrando e saindo,
pregando ousadamente em nome do Senhor ” (At 9.28).
Como Barnabé, precisamos de olhos de discernimento para saber em que áreas as pessoas rejeitadas,
marginalizadas ou desprezadas precisam de apoio, de alguém que acredite nelas (Mc 8.22-26, Lc 7.44).
Pode ser que estejam passando por crises, que tenham um histórico ruim ou que estejam isoladas, sem
amigos. Mas, se conseguirmos ver como Jesus (2 Co 4.18; 5.7,16), poderemos abrir caminhos para alguém
incrivelmente especial florescer. Um pouco de reconhecimento, legitimação e proteção pode fazer uma
diferença inimaginável (Jo 13.3-5).

4.5. A CONVIVÊNCIA DISCIPULADORA DE PAULO NA IGREJA EM JERUSALÉM

A capacitação nas Escrituras sagradas de um discípulo de Jesus Cristo, conduz a uma vivência prática de
obediência ao aprendizado, que é assimilado na convivência com a Palavra. Para o novo cristão Paulo, esta
aproximação com a liderança maior da igreja cristã de Jerusalém por intermédio de Barnabé, marcava mais
um estágio no discipulado de Paulo, pois agora ele precisaria colocar em prática seus dons e talentos
recebidos do Senhor no convívio com a igreja e com outros cristãos mais experientes na fé cristã. Isto
permitiria a ele obter uma melhor preparação para a grande missão que ele deveria empreender.

Esta convivência na membresia da igreja, além de proporcionar a Paulo, absorver conhecimentos mais
aprofundados da sã doutrina, também produziria nele o entendimento da importância do cuidado que deve
ser dado aos que estão iniciando a nova vida com Deus. Neste estágio, comenta o teólogo Bruce: “o
propósito da ida de Paulo para Jerusalém era conhecer o líder dos apóstolos, Pedro, que era a principal
pessoa que podia informar Paulo das coisas que agora devia saber: os detalhes do ministério de Jesus e da
tradição que do ensino que derivou dele. Seu objetivo era firmar laços de comunhão com os líderes da igreja-
mãe e obter informações que só podiam ser recebidas ali” (BRUCE, 2003, p. 80)

4.6. O MENTOREADO DE BARNABÉ E PAULO - PATERNIDADE ESPIRITUAL

O conceito de paternidade espiritual como prioridade para o intenso ministério de Paulo surgiu a partir do
próprio cuidado que ele também recebeu enquanto ainda era um crente novo na fé. Sobre este conceito, o
teólogo Gerson Joni Fischer comenta que “em Deus pode ser visualizado o modelo de paternidade, com
ênfase espiritual e com relação de submissão, autoridade e pertencimento. Numa expectativa de modelo de
cuidado paternal amoroso para com seus filhos amados. Da mesma maneira, os cristãos podem seguir o
modelo maior de discipulado encontrado em Jesus Cristo, em suas relações de discipulado para com os
novos na fé cristã.”
Além de Ananias que empreendeu os primeiros cuidados em relação à vida de Paulo, Barnabé também foi
de fundamental importância para toda a prática da fé cristã que o apóstolo desenvolveria em toda a sua
carreira cristã. Esta ação de instinto naturalmente paternal que refletia uma entrega total à obra do
Evangelho, era a marca na vida de Barnabé, cujo nome significa: “aquele que dá coragem”, ou “o
encorajador”; ou “filho da consolação” também conhecido por José, que era um levita, natural da ilha de
Chipre (At 4.35-36).
Nota: “filho da consolação” (At 4.36): esta palavra filho (gr. Huios). É diferente de outra palavra grega para
filho: teknon, que indica uma criança, ser nascido de alguém (Jo 1.12, Gl 4.1-2). Huios se refere à relação
com o pai, tendo o caráter dele, parecendo-se com ele – é o perfil de um filho amadurecido, conectado com
o pai e refletindo a natureza do pai (Rm 8.14-15,21)
Assim, Barnabé pode ser classificado como um instrumento usado por Deus para propiciar toda a integração
de Paulo na igreja de Cristo, conduzindo-o à vivência cristã diária de prática e testemunho do Evangelho. A
maneira como Barnabé investiu tempo e cuidado à vida de Paulo durante esta convivência discipuladora,
como “um homem bom, cheio do Espírito Santo e cheio de fé” (At 11.24) está refletida na vida e frutos do
apóstolo dos gentios, que teve o mesmo cuidado com os filhos na fé que ele gerou em sua vivência cristã.
O teólogo Anderson Cavalcante define que “O entendimento profundo do que seja o discipulado significa
compreender que é um princípio que leva tempo para desenvolver-se e que para acontecer um florescimento
conforme a vontade de Deus, deve existir investimento de uma vida na outra, com fins de multiplicação
espiritual. Ao observar a importância do investimento de vida que Barnabé dispensou a Paulo, percebe-se
que o crescimento espiritual se dá de acordo com a vontade de Deus, e é realizado por Ele próprio. Este
princípio é enfatizado por Paulo, mais adiante, quando ele escreve aos Coríntios, sobre ao trabalho que
cada um deve fazer no discipulado, esperando de Deus o crescimento apropriado: “Eu plantei, Apolo regou,
mas o crescimento veio de Deus” (1Co 3.6)

4.7. BARNABÉ INTEGRA PAULO NA IGREJA E NA MISSÃO

“E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão
chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo. E, servindo
eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os
tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.” (At 13:1-3)
No Novo Testamento normalmente a ordem em que aparecem os nomes indica liderança. Barnabé era
apontado com o pastor sênior de Antioquia, como também líder da equipe embrionária missionária. Barnabé
era fruto da igreja em Jerusalém, com sua experiência comunitária incrível (At 2.42-47; 4.32-37), onde estava
profundamente envolvido (At 4.36-37). Fundou a igreja em Antioquia (At 11.22-26), que se tornou uma das
sete grandes sedes da igreja nos três primeiros séculos.
Saulo era fruto de um zelo inapagável contra os discípulos e depois a favor deles, de modo que acabou
perdendo todos os seus velhos amigos e companheiros. Ele passou três anos no “deserto”, no anonimato,
mais dez anos no anonimato em Tarso. Sua marca era a independência (Gl 1.15-24), se não a solidão. Seu
estilo natural era colérico e confrontador. Possivelmente o ano em que passou em Antioquia sob a liderança
de Barnabé, foi um estágio para aprender o que era aquela nova comunidade que se chamava de igreja.
Sua escola de aprendizagem em Antioquia foi tão boa que ele se tornou o maior fundador de igrejas do
primeiro século. Apesar de haver estudado com Gamaliel (At 22.3), ele nunca havia tido um discipulador ou
líder cristão, até o breve primeiro estágio com Ananias e finalmente, com Barnabé. Deve ter sido um desafio
grande para ambos.
Barnabé integrou Saulo em sua vida como seu mentoreado, e na equipe de liderança da igreja. O Espírito
Santo o integrou sob a liderança inicial de Barnabé na primeira equipe apostólica enviada com o propósito
de começar novas igrejas. Mentor e mentoreado se alimentavam espiritualmente de forma parecida à
descrita em Atos 2.42, em um ambiente no qual dava para ouvir nitidamente a voz de Deus. (At 13.2). Esta
convivência diária tão saudável caracterizou o padrão das comunidades cristãs que Barnabé e Paulo
plantaram. (Extraído da Biblia de Estudo do Discipulado, p. 1561)

4.8. RESUMO DOS ESTÁGIOS DE MENTORIA E CRESCIMENTO DE PAULO

Ao analisarmos o crescimento na vida do apóstolo Paulo, ele passou por todos os estágios necessários a
fim de alcançar a maturidade. Ele não foi apóstolo desde o início: (1) era apenas um discípulo que
testemunhava nas sinagogas e nas igrejas (At 9.20, 28), mas que já tinha discípulos! (At 9.25). (2) Foi trazido
por Barnabé para auxiliá-lo na igreja de Antioquia, que se tornou a igreja base de Barnabé e de Paulo (At
11.22-26; 14.26-28; 15.30,35,40-41,18.22-23). (3) Paulo figurou entre os profetas e mestres de Antioquia (At
13.1) (4) Depois, então, ele, junto com Barnabé foi enviado como apóstolo (At 13.2-3)
Lições dos estágios do discipulado e da mentoria na vida de Paulo:
▪ Cuidando dos novos na fé: A preciosidade dos crentes mais maduros (huios) em abraçar com amor,
responsabilidades e cuidados aos filhos imaturos (teknon) no seio da igreja.
▪ Fixando raízes na igreja: Assim como Paulo e Barnabé, embora exercendo o ministério apostólico que
envolvia muitas viagens e implantação de outras igrejas, eles mantinham uma sólida base na igreja de
Antioquia. Também, aos que exercem ministérios missionários, precisam tremendamente de raízes para
não se perderem espiritual e emocionalmente. Devem manter o vínculo com a igreja, onde são
conhecidos, amados e integrados ao corpo de Cristo Essa igreja deve ser sua base espiritual, sua
cobertura, o lugar para sua família ser cuidada e integrada. Estes devem participar de grupos de mentoria
ou discipulado, mantendo relacionamentos comprometidos e saudáveis. (adaptado da Bíblia de Estudo
do Discipulado – p.1561)
▪ Crescimento espiritual mútuo: O crescimento espiritual num relacionamento de discipulado ocorre para
ambos os envolvidos. Quando alguém se prontifica a cumprir a ordenança de Cristo de fazer novos
discípulos, apesar dos custos envolvidos no processo de formação, os benefícios de um cristianismo de
fato, são contagiantes e bem maiores. Aquele que lança o propósito de discipular alguém termina sendo
duplamente edificado, numa visão expandida de que, quando a pessoa se dispõe a abençoar alguém,
ela é levada naturalmente observar com mais cuidado os detalhes básicos da vida cristã, tais como, maior
valorização das pessoas que se integram à igreja, mais compromisso e intensidade na vida de oração e
de intercessão; envolvimento mais profundo com a Palavra de Deus, aprofundamento na comunhão da
igreja, desejo de ser cheio do Espírito Santo e de servir com mais excelência.

4.9. PAULO DISCIPULA TIMÓTEO – PAIS E FILHOS ESPIRITUAIS

O relacionamento de discipulado vivido pelo apóstolo Paulo e seu filho na fé Timóteo nos leva a compreender
e ao mesmo tempo nos despertarmos para a realidade de que filhos maduros tem a responsabilidade em
conduzir, discipular, mentorear novas pessoas que são agregadas no cotidiano da igreja para que
desenvolvam uma carreira cristã prática com base nas ordenanças e nos ensinamentos de Jesus Cristo.
A vida de Paulo foi exemplo para Timóteo e para outros discípulos de postura séria, intensa e comprometida
com Cristo. A reprodução neles de sua vida com Cristo foi algo tão natural que no tempo apropriado ele
pode concluir com tranquilidade sua carreira ministerial, sabendo que seu ministério espiritual seria
continuado através das vidas daqueles que Paulo havia discipulado. Assim como o próprio Jesus investiu
de si em seus discípulos para que, no tempo oportuno Ele pudesse entregar-se à cruz pelos pecados da
humanidade, deixando seus seguidores devidamente preparados com a tarefa de se multiplicarem através
da disseminação do evangelho em todo o mundo.

4.9.1. PAULO E A ESCOLHA DE TIMÓTEO

Ao escolher Timóteo como seu aprendiz Paulo teve a intenção de gerar nele um discípulo comprometido
com a causa Evangelho, que continuasse o seu trabalho ministerial, desenvolvendo também pessoas para
que investissem em outras (2Tm 2.2). Seria como o trabalho de passar o “bastão” , para que a nova geração
de discípulos de Cristo levasse para a geração seguinte as boas novas do Evangelho, firmando-os na
verdade e, no tempo certo, destinando-lhe a mesma responsabilidade de continuidade da obra do Senhor.
Os cuidados iniciais com novas pessoas na fé são essenciais para a caminhada que essas pessoas
desenvolverão com Jesus Cristo. Foi com este entendimento que Paulo entregou-se na formação de seu
filho na fé, Timóteo. Neste processo de geração de novos filhos pelo discipulado, Paulo comparava com as
“dores de parto” todo o sacrifício e esforço empreendido no processo de formação de uma nova vida em
Cristo: “meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós;” (Gl 4:19).
Esta “formação de Cristo na vida de outra pesso transmite a ideia de continuidade completa na lapidação
do caráter de Cristo na vida do novo discípulo.
Quanto à sua origem, Timóteo, cujo nome significa “honrar a Deus” ou “amado por Deus” É originário de
Listra, na Licaônia. Era filho de um pai não cristão, de origem grega, e de uma mãe judia convertida ao
cristianismo. A mãe, Eunice, e sua avó Lóide (2Tm 1.5) educaram Timóteo na fé cristã desde a sua infância
(2 Tm 3.15). Paulo o encontra em sua primeira viagem missionária (At 14.6-8 e 20.21). E o associa a si
definitivamente em sua segunda passagem por Listra (At 16.1-3).
Quanto à sua conversão, os teólogos defendem que na primeira viagem missionária de Barnabé e Paulo à
Listra (At 16.1-5), o jovem Timóteo conheceu a Jesus como Senhor e se converteu por intermédio de Paulo.
Após este encontro, Timóteo pôde desenvolver-se na fé cristã entre os membros de sua comunidade
eclesiástica até o momento em que seguiu com a comitiva de Paulo em sua segunda viagem missionária.
Acredita-se que a escolha de Timóteo por Paulo se deu a partir de um processo de seleção, tendo por
critério, aprendizes que fossem fiéis, responsáveis e dedicados à obra do Senhor. Até mesmo o apóstolo
Paulo teve muito que aprender quanto às escolhas, pouco depois de sua experiência desapontadora com
João Marcos, que era primo de Barnabé (Cl 4.10). Sua mãe, Maria, abria frequentemente, sua casa para
receber os apóstolos (At 12.12), de modo que João Marcos teria tido uma convivência com grande parte dos
grandes homens e ensinamentos da igreja primitiva. Posteriormente, João Marcos acompanhou Paulo e
Barnabé em sua primeira viagem missionária (At 12.25), mas, por razões desconhecidas, ele os deixou, no
meio da viagem e voltou a Jerusalém (At 13.13-14).
Nos preparativos para sua segunda viagem, dois anos depois, novamente Barnabé sugere que levem João
Marcos, como companheiro de viagem, mas Paulo rejeitou taxativamente a ideia. Paulo criticou João Marcos
por abandonar a missão (At 15.37-39). Como resultado, o grupo se dividiu. Barnabé levou Marcos consigo,
e Paulo escolheu Silas.
Barnabé foi paciente com Marcos, e o seu investimento foi recompensado. Paulo e Marcos se reuniram mais
tarde, e o apóstolo, agora mais velho, acabou sendo um amigo íntimo do jovem discípulo. Este mesmo
Marcos escreveu o Evangelho que tem o seu nome, e, posteriormente, 14 anos depois de sua separação
de Barnabé, Paulo dá uma boa recomendação a respeito de João Marcos (Cl 4.10), sendo depois aclamado
por ele como um auxiliar vital para o crescimento da igreja primitiva (2Tm 4.11).
A respeito da escolha de Timóteo, Paulo teve a graça de discernir o chamado de Timóteo. Apesar de Paulo
ser criterioso na escolha de membros de sua equipe, ele encontra na disposição e no espírito de Timóteo,
alguém em quem podia investir sua vida. A questão da fidelidade foi certamente um requisito principal para
que o novo aprendiz fosse admitido na condição de discípulo. Foi isso que Paulo viu em Timóteo e
selecionou-o para ser seu colaborador e aprendiz em sua trajetória missionária.
O próprio Timóteo mais à frente é encorajado por Paulo a escolher pessoas fiéis para a continuidade do
legado de multiplicação espiritual no Reino de Deus: “E o que de minha parte ouviste através de muitas
testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e idôneos para instruir a outros.” (2 Tm 2:2)
Timóteo juntou-se à comitiva de Paulo, que agora liderava o grupo de missionários formado por Silas, pelo
próprio Timóteo, vindo na sequência, também agregar-se ao grupo, Lucas, o médico amado. A necessidade
de Timóteo ser circuncidado por Paulo (At 16.3) deu-se devido aos seus antecedentes gregos e judaicos
criarem eventuais problemas nas viagens missionárias, porque muitos de seus ouvintes poderiam ser
judeus, preocupados com a rígida observância dessa tradição. Essa submissão de Timóteo ao rito da
circuncisão, além de ajudar a evitar um problema em potencial, demonstrou a clara e decisiva disposição de
Timóteo em submeter-se ao discipulado de Paulo.
Além das tensões criadas devido aos antecedentes de raças misturadas, Timóteo parecia lutar contra um
caráter naturalmente tímido, e uma sensibilidade à sua mocidade. Infelizmente, muitos que possuem as
mesmas características que Timóteo são rapidamente desqualificados como se representassem um risco
muito grande para merecerem grandes responsabilidades. Pela graça de Deus, Paulo viu um grande
potencial em Timóteo e demonstrou sua confiança nele, confiando-lhe importantes responsabilidades.
Paulo enviou Timóteo como seu representante pessoal a Corinto, durante um período de tensão naquela
igreja (1 Co 4.14-17). Ainda que Timóteo fosse aparentemente incapaz para aquela difícil missão, Paulo não
desistiu dele. Timóteo continuou a viajar com Paulo, sendo para ele companheiro constante e amigo íntimo.
Timóteo cooperou com Paulo em várias das suas cartas: 1 e 2 Tessalonicenses, 2 Coríntios, Filipenses,
Colossenses e Filemon. Ele também foi encarregado de várias missões, tais como em Tessalônica (1 Ts
3.2). O apóstolo Paulo considerava a Timóteo seu “cooperador” e seu “filho amado e fiel no Senhor” (Rm
16.21, 1Co 4.17)

4.9.2. AS DUAS CARTAS DE PAULO A TIMÓTEO

As últimas imagens que temos de Timóteo nos vêm das cartas mais pessoais do Novo Testamento: 1 e 2
Timóteo. Paulo, embora já idoso e perto do fim de sua vida, ainda mantinha o desejo ardente de continuar
a sua missão. Assim, Paulo escreve a Timóteo, um de seus amigos mais íntimos. Eles haviam viajado,
sofrido, chorado e rido juntos. Eles compartilhavam a intensa alegria de ver as pessoas respondendo as
boas novas e as agonias de ver o evangelho rejeitado e distorcido. Paulo deixou Timóteo em Éfeso para
supervisionar a jovem igreja daquela cidade (1Tm 1.3-4).
As cartas de Paulo a Timóteo (incluindo a carta a Tito) são seus últimos textos, e marcam o fim de sua vida
e de seu ministério. Hoje, essas cartas são ricos tesouros para nós, porque nos traz informações vitais para
a liderança da igreja. Elas proporcionam um forte modelo para presbíteros, pastores e outros líderes cristãos,
à medida em que desenvolve os jovens líderes para dar continuidade ao trabalho, seguindo o exemplo de
Paulo na preparação de Timóteo e Tito, para darem continuidade ao Ministério do apóstolo.
Na primeira carta a Timóteo, Paulo foi solto da sua prisão, em Roma, por volta de 62 d.C., e provavelmente
teve alguns anos de ministério que não foram registrados na Bíblia, entre os escritos da carta aos Filipenses
e esta primeira carta a Timóteo. Provavelmente Paulo viajou de volta, passando pela Macedônia, Acaia e
Ásia menor, visitando as igrejas que tinha fundado, e possivelmente até mesmo fez sua viagem à Espanha,
para transmitir as boas novas. Paulo enviou Timóteo para servir na igreja de Éfeso, e esta carta pessoal, de
Paulo a Timóteo, dá, ao jovem líder, instruções sobre como lidar com os problemas particulares que ele
enfrentava e a lidar com a igreja de Éfeso. Nesta carta Paulo aconselha Timóteo a respeito de questões
práticas, como qualificações para os líderes da igreja, práticas para adoração em público, confronto com os
falsos ensinamentos, e a maneira como tratar vários grupos de pessoas na igreja. A disciplina espiritual
correta e o comportamento correto que marcam esta carta, são essenciais para quem quer que deseje liderar
ou servir de forma eficaz na igreja.
A segunda carta de Paulo a Timóteo, de tom sério, foi escrita por volta de 64 d.C., no momento em que
Paulo estava preso pela última vez, e sabia que morreria em breve. Diferentemente do seu primeiro período
de aprisionamento em Roma, quando esteve em uma casa onde continuava a ensinar (At 28.16,23,30) desta
vez, provavelmente, Paulo estava confinado a uma masmorra fria, à espera da morte (2 Tm 4.6-8). O
imperador Nero iniciou uma cruel perseguição em 64 d.C., como parte do seu plano de transferir a culpa
pelo grande incêndio de Roma, de si mesmo para os cristãos. Essa perseguição se espalhou pelo Império,
e incluiu isolamento, exclusão social, tortura pública e homicídio. Enquanto esperava a morte, Paulo
escreveu esta segunda carta a seu querido amigo Timóteo, que era como um filho para ele (2 Tm 1.2).

4.9.3. LIÇÕES DO DISCIPULADO DE PAULO A TIMÓTEO


A. Formando uma nova geração de filhos espirituais (At 16.1

Não se gera filhos espirituais da noite para o dia. Assim como filhos biológicos, isso leva tempo e é um
processo de longo prazo, acompanhado de alegrias e de dores. Não importa o quanto o mentor já tenha
feito, sempre haverá mais para fazer. O mais importante não é repassar informações e sim a formação
espiritual integral. O mentor não é caracterizado por seus conhecimentos, seu poder de persuasão, nem por
ser um excelente professor, e sim por seu amor doador (1Ts 2.5-12). Paulo aprendeu bem a lição. Ele se
apresentou aos crentes da Galácia como uma mãe em agonia de parto (Gl 4.19), retratos perfeitos de um
mentor.
O tom pastoral em “meu filho” expressa o profundo afeto e a ternura de Paulo. Ele vislumbra aqui uma divina
esperança, pois Jesus ensinou que o nascimento de um bebê não termina com o choro, mas com alegria
(Jo 16.21)
Paulo propõe um discipulado, cuja essência é o relacionamento familiar. Numa família, até podemos
discordar de algum ponto, mas jamais podemos nos livrar da relação de sangue, da essência que nos une.
Um discipulador não apenas planta, mas também regra e cultiva (1 Co 3.6,9). Jesus espera que seus
discípulos produzam frutos segundo sua “espécie” e que esses frutos permaneçam (1 Rs 3.3-15, Jo 15.16).
Qual nota de 0 a 10 você daria para a sua geração quanto praticar o discipulado?

B. Valorizando a herança de fé do discípulo (2 Tm 1.5; 3.14-15; Dt 6.6-9)


A vida espiritual de Timóteo não começava nem se encerrava com Paulo. Este homem sabia disso e
discerniu a ação de Deus na vida de Timóteo por muitos anos antes de conhecê-lo. O valor de uma família
espiritual ao longo das gerações com fé sem fingimento é difícil subestimar. Apesar de Eunice, mãe de
Timóteo ser casada com um marido “fora da fé”, mas que sua mãe Loide não a abandonou. A fé de uma,
reforçava a fé da outra (Ec 4.9-12)
E o pai de Timóteo? Ele era grego e provavelmente não convertido ao judaísmo, já que Timóteo não havia
sido circuncidado, apesar de que sua mãe e sua avó sem dúvida quererem isso. Já que o pai de Timóteo
não aparece na história, possivelmente havia morrido (At 16.1-3). Ao mesmo tempo, Paulo percebeu que
essa herança grega era importante para a difusão da fé, por isso a valorizou eu não desprezou esse aspecto.
E você? Valoriza a herança que recebeu? Você dar o devido reconhecimento a herança espiritual das
pessoas que o seguem ou acompanham?

C. Conduzindo o discípulo à maturidade (1 Tm 6.11-16, At 16.1-10)


Na caminhada inicial com Paulo (At 16.1-10), Timóteo amadurecia em dois aspectos principais: aprender a
viver junto dos outros membros da equipe e aprender a ser submisso e obediente ao Senhor como Paulo e
Silas. Em Trôade, uma visão foi dada um mentor, mas a decisão de partir foi abraçada por todos. Juntos
concluíram que Deus estava orientando-os, A todos, não apenas a Paulo. De alguma forma Paulo os
envolveu nessa decisão. Assim como Paulo, o mentor deve envolver o mentoreado no processo de ouvir a
Deus e assim tomar decisões compartilhadas, interdependentes (1Pe 5.1-6).
Na medida em que experimenta isso, o mentoreado aprenderá a repetir o processo interdependente de
tomar decisões com outras pessoas (At 16.6-10). As pessoas crescem na medida em que ouvem e praticam
uma palavra de Deus (2Tm 3.16-17) E que o Espírito Santo lhes fala. No discipulado aprendemos enquanto
caminhamos. Enquanto caminhamos, aplicamos o que estamos aprendendo. Conseguimos fazer isso de
forma consciente quanto somos bem acompanhados (2 Rs 6.1-7). Essa consistência leva a maturidade (Hb
5.11-14). Essa perseverança leva à reprodução (Lc 8.15). Esse crescimento é contínuo, levando-nos de
glória em glória (2 Co 3.18) e de aprendizagem em aprendizagem (Fp 3.10-14)

D. Nova experiência de convívio e aprendizado (At 17.10-15; 15.22,40)


Perguntas para refletir:
✓ Você já teve a experiência de mudar de líder? Como foi?
✓ O que significou para Timóteo passar a ser liderado por Silas?
✓ Para Timóteo quais as vantagens de ter Silas como se o novo líder (At 15.22)
✓ De que forma Timóteo poderia continuar a crescer sem Paulo presente, mas ainda acompanhado?
✓ Diante as circunstâncias que estão mudando, como você pode crescer?
Paulo, obrigado a fugir, deixou Silas e Timóteo para fortalecer e encorajar os novos discípulos de Jesus (At
17.15). Esta foi a primeira vez que Timóteo atuou no ministério missionário sem estar ao lado de Paulo. Mas
ele estava em boas mãos, pois Silas era discípulo dos apóstolos e um líder experiente que havia servido na
igreja local em Jerusalém e Antioquia.
A liderança de Silas foi uma nova experiência para Timóteo. A convivência em equipe o preparo para isso.
O verdadeiro trabalho em equipe requer a participação de todos, o crescimento nos dons de cada um, a
delegação de tarefas em um ambiente de amor e aceitação (2Tm 4.9-22).
Timóteo cresceu de várias formas. Ele aprendeu a seguir a liderança de alguém cujo estilo era diferente do
de Paulo. Assumiu mais responsabilidades, já que a equipe diminuiu ele tinha de carregar um peso maior.
E teve uma experiência nova de lidar com um grupo que se destacou por ser ensinável, combinando
receptividade com o questionamento crítico. Sua formação da palavra desde criança realmente lhe serviu
muito nessas circunstâncias.

E. Compromisso com o mentoreado e o seu desempenho (1 Co 16.10-11: Fp 2.19-24)


O compromisso com o desempenho do mentoreado requer instruir a conhecer, a fazer, a conviver e a
reproduzir. O mentor enxerga o crescimento do mentoreado, assim como seu destino. Ele ajuda o
mentoreado a se desenvolver e ajudar outros da mesma forma. Por sua vez, o verdadeiro discípulo valoriza
o aprendizado como uma parte habitual no seu estilo de vida: perguntando, investigando e participando
ativamente em busca de um melhor desempenho. Em síntese, o verdadeiro discípulo é ensinável (Pv 4.1-
13)
Mesmo sendo jovem, Timóteo não era um neófito. Ele foi capacitado a ser altamente qualificado para ouvir
e atender as necessidades das igrejas. Paulo confiava muito em seu coração sinceramente pastoral e em
sua disposição para servir. Ele fala que Timóteo era “de igual sentimento” a ele mesmo, isto é, seu discípulo
assimilou a mesma visão, atitude de amor, a habilitação e o compromisso com Deus e sua igreja. “Tal pai,
tal filho”. As perspectivas e os interesses de Timóteo alinhavam-se com as de seu mentor, tanto que ele foi
a única pessoa qualificada para substituí-lo na missão em na igreja de Filipos.
Nenhum outro membro das equipes de Paulo recebeu tantas recomendações como Timóteo. Ele é
mencionado em todas as epístolas, exceto Gálatas. O compromisso e o cuidado de Paulo para com Timóteo
era tão grande que o apóstolo dedicou duas cartas pessoais a ele. Nelas articulou e aprofundou o
relacionamento único que eles tinham, e o instruiu em como ser um pastor bem-sucedido. À semelhança de
Paulo, o mentor precisa reconhecer o valor de seu mentoreado, ressaltar seu caráter aprovado e afirmar
sua habilidade ministerial. Fazendo isso na frente de outros aumenta o poder das suas palavras e faz do
mentoreado um referencial para outros.

F. Transmitindo a paternidade espiritual (1 Co 4.14-17)


A paternidade ou maternidade espiritual flui do coração. Esta pessoa não apenas gera, e não apenas dirige
no caminho, mas também caminha junto pela estrada da vida. Como guia, toma os filhos espirituais pela
mão e anda lado a lado com eles nas veredas sinuosas. Cria tempo para dialogar, desenvolver amizade e
fazer as correções necessárias, com firmeza e amor.
As características de um pai espiritual ao incluem: Advertir (v 14), amar (v 17,21), gerar, repassando o seu
DNA (v 15), rogar e persuadir, não forçar (v 16, 2Co 10.1, 1 Pé 5.1-3), Dar exemplo digno de ser imitado (1
Con11.1, Fp 3.17), demonstrar um estilo de viver em Cristo Jesus (v 17), ensino coerente e consistente.
Professores ou mestres são diferentes de pais espirituais. Ambos são importantes. O mestre tende a focar
informação, conteúdo e o curso; já o pai espiritual tende a focar formação, vida e relacionamentos. Os
melhores mestres acabam combinando características dos dois.
Em sua jornada, Paulo caminhava para ser avô espiritual. Neste momento, Timóteo, “o qual fará com que
vocês se lembrem dos meus caminhos em Cristo Jesus” (1 Co 14.17), está transmitindo paternidade
espiritual. O jovem discípulo repassa o legado espiritual que recebeu.
G. Reproduzindo o discipulado (1 Tm 3.1-13, 2 Tm 2.1-2)
✓ Como você está se reproduzindo, se multiplicando?
✓ De que forma Paulo esperava que Timóteo “o reproduzisse” em 1 Tm 3.1-3?
Desde o início, Deus se importava com a multiplicação (Gn 1.28, 9.1, 12.1-3, 17.22, 22.17). A reprodução
foi fundamental para Jesus. Tanto a parábola do semeador (Mt 13.1-23), como também a do grão de
mostarda (Mt 13.31-32) e a parábola dos talentos (Mt 25.14-30), todas elas apontam para isso. Todo
discípulo deve dar fruto, um fruto que permaneça (Jo 15.16). Todo verdadeiro discípulo se tornará um
discipulador, multiplicando-se em outras vidas (Mt 28.26-20). No final da história veremos o resultado dessa
multiplicação (Ap 7.9). Em certo sentido, Timóteo já estava sob uma influência multiplicadora desde que
Paulo o conheceu (At 16.1-3).
Paulo deixa Timóteo em Bereia com Silas para ele dar seguimento ao seu trabalho (At 17.13-15). Em
seguida, Timóteo torna-se seu embaixador, seu representante pessoal na igreja de Corinto (1 Co 4.14-20)
de Filipos (Fp 2.19-24) e de Tessalônica (1 Ts 3.1-6). Ele é nomeado com o autor, junto com Paulo de quatro
livros: Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses e Filemon, sendo esta, outra forma de reproduzir. Finalmente
tornou-se responsável pela igreja de Éfeso (1 Tm 1.3).
A leitura de 1 Tm 3.1-13 É o principal texto sobre as qualidades de um pastor, como também de outros
obreiros da igreja. Quando falamos de multiplicação, uma grande porcentagem de nosso sucesso nisso tem
a ver com a seleção que fazemos das pessoas nas quais iremos investir. Por isso precisamos de critérios
claros de seleção com os elencados nesta passagem.
Os principais textos do Novo Testamento sobre multiplicação são a Grande Comissão (Mt 28.16-20), a
promessa do derramar do Espírito Santo (At 1.8) e o legado ao jovem pastor Timóteo (2 Timóteo 2.1-2). Este
último entra em detalhes de quantidade e de qualidade, focando quatro gerações para o legado do
discipulado: (1) Paulo, (2) Timóteo, (3) homens fiéis e idôneos” e (4) outros.

Agradecimento

Gratos a Deus pela oportunidade de completar esta primeira fase do Discipulado Ministerial na VII EBOL.
Sabemos que teríamos muitas coisas para dizer-vos, mas limitados por este curto espaço de tempo. Porém,
cremos no movimento do Espírito Santo que conduz a igreja, certos de que as ministrações que estamos
recebendo estão forjando o caráter de uma geração, resgatando a identidade de verdadeiros discípulos,
filhos e filhas espirituais!
Gratidão ao pastor Giovani Ribeiro, Presidente da AMME pela oportunidade em ministrar na VII EBOL.
A Deus toda a glória!
Pastor Elias de Oliveira Bispo

Elaborador do material: Discipulado Ministerial

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BIBLIOGRAFIA

CAVALCANTI, Anderson Carlos Guimarães. Discipulado nas Cartas de 1 e 2 Timóteo. 1ª ed. Setembro
de 2017: Santos Editora.

BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado. 1ª ed. Fevereiro de 2016: Editora Mundo Cristão.

PUBLISHERS, Tyndale House. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal: versão Almeida revista e corrigida.
Ed. 1995. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 2004.

KORNFIELD, David Edwark. SILVA, Josadak Lima da. Bíblia de Estudo do Discipulado: versão Nova
Atualizada. 3ª Ed. 2017. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil.

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