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Capa E PROJETO GRAFICO: Andréia Custédio Foto ba capa: Marcyn Krawczyk - stock.xchng® CIP-BRASIL. CATALOGACAO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ F225n Faraco, Carlos Alberto Norma culta brasileira: desatando alguns nés / Carlos Alberto Faraco. -Sa0 Paulo, Pardbola Editorial, 2008. 200p. - (Linguafgem] ; 25) Inclui bibliografia ISBN 978-85-88456-82-2 1. Sociolinguistica. 2. Lingua portuguesa - Aspectos socials - Brasil. |. Titulo. Il. Série. 08-2435 DD: 469 CDU : 811.1343 Direitos reservados a PARABOLA EDITORIAL Rua Dr. Mario Vicente, 394 - Ipiranga 04270-000 Sao Paulo, SP pabx: [11] 5061-9262 | 5061-8075 | fax: [11] 2589-9263 home page: www. parabolaeditorial.com.br e-mail: parabola@parabolaeditorial.com.br Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reprodu- Zida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrénico ou mecénico, incluindo fotocépia e grava¢do) ou arquivada em qualquer sistema ‘ou banco de dados sem permisso por escrito da Parabola Editorlal Ltda, ISBN: 978-85-88456-82-2 1* edicdo - 3* reimpressdo: julho de 2020 © do texto: Carlos Alberto Faraco, 2008 © desta edic4o: Pardébola Editorial, So Paulo, junho de 2008 INTRODUGAO expressao norma culta, nos ultimos anos, pulou os muros da universidade e se tornou muito frequente no discurso da midia e da escola. Ao se difundir pelos espagos nao propriamente univer~ \ Sitarios, ao se tornar uma expressao quase de senso co- “mum, norma culta foi perdendo precisao semantica. Se, no interior do discurso mais técnico (0 da investigagao uni- versitaria), a expresso sofre de imprecisdo, mais imprecisa ficou ao se tornar uma expresso de uso corrente. No discurso universitario, sao duas as imprecisdes mais comuns no uso da expressdo norma culta. Algumas vezes, ela é utilizada intercambiavelmente com a expresso norma-padrdo, como se fossem apenas nomes diferentes do mesmo fenédmeno — quando, de fato (como veremos no capitulo 1), se trata de duas realidades distintas. Outras vezes, ela é usada para designar a norma estipulada em gramaticas e dicionarios, que melhor seria identificada se fosse denominada de norma gramatical, considerando as distancias e mesmo os conflitos que h4, no caso do Brasil, entre 0 uso culto efe- tivo e muitos dos preceitos estipulados nos chamados instrumentos normativos. De novo, tomam-se fendmenos distintos como se fossem uma e a mesma coisa. 2 NORMA CULTA BRASILEIRA: DESATANDO ALGUNS NOS Catios Alberto Farag Essa situago se agravou sensivelmente 4 medida que a expres: so se difundiu no discurso extrauniversitario. Para verificar essa imprecisao semAntica, basta perguntar, a cada vez que a expressao ocorre no uso comum, a que ela se refere, ou seja, basta perguntar de que precisamente se fala quando se diz norma culta. Nao ser dificil observar que ha pelo menos trés sentidos dife- rentes para ela no uso comum. Norma culta se tornou moeda corrente para, em primeiro lugar, resolver a maldicdo que caiu sobre a palavra gramdtica. Desde meados da década de 1960, com a difusao no Brasil do estruturalismo linguistico, reproduziu-se aqui a critica académica, que vinha ja ocorrendo na Europa e nos Estados Unidos, ao saber gramatical tradicional’. Essa critica apontava fragilidades conceituais e empiricas da velha gramatica, fato que, aliado 4 difuséo de novos modelos de anélise linguistica, a fez perder prestigio e espago no ambito dos estudos universitarios. Esse desprestigio académico da gramatica acabou por alcangaro ensino fundamental e médio, instaurando uma certa crise no nticleo tradicional do ensino de portugués. Como bem sabemos, a pratica pedagégica tradicional sempre colocou o ensino de gramatica no centro do ensino de portugués. No fundo, ensinar gramdtica e ensinar portugués foram sempre, na concepcao tradicional, expressdes sindnimas. E nessa concepgao se entendia o ensino de gramatica em dois sentidos, nem sempre bem delimitados: ora significava ensinar nomenclatura, conceitos e classificagées (i. e., transmitir um ins” trumental descritivo), acompanhados de exercicios analiticos (as ) Eusa critica ao saber gramatical tradicional ndo resultou de uma mera implicincia com ele ou de sua desqualificagéo a priori. No fundamento da critica, esta, de fato, um conflito entre dois paradigmas heuristicos bastante diferentes: o do pensamento gree? antigo e o da ciéncia moderna. INTRODUCAO 23 7 AA ea eet weesateecenennsusncesrnseeces! famosas anilises morfoldgica e sintatica); ora significava ensinar 08 usos que os gramaticos postulavam como corretos (i. e., 08 preceitos da “boa linguagem”). O desprestigio académico da gramatica desestabilizou esse mun- do bem estabelecido havia séculos, seja ao pér em questao a sufici- éncia de termos, conceitos e classificagdes do saber tradicional, seja questionando os padrées de corregiio e, principalmente, os critérios de seu estabelecimento. Desenvolveu-se, entio, um certo discurso pedagégico que passou acondenar ou 0 ensino de gramatica em sua totalidade (dizia-se que era preciso deixar de ensinar gramatica para poder ensinar portu- gués); ou a centralidade desse ensino (dizia-se, como ainda se diz nos documentos oficiais, que s6 caberia o estudo da nomenclatura, das classificagdes e dos conceitos se funcionalmente subordinado ao estudo da lingua propriamente dita, ou seja, ao estudo das praticas de leitura, escrita e fala). Nesse contexto, passou a ser “politicamente incorreto” dizer que se ensinava gramatica (ou que era importante ou necessério seu ensino). Como, no entanto, o ensino de portugués (respeitadas as excegdes) nao se alterou substancialmente nessa conjuntura (a critica ao saber tradicional alcangou o discurso, mas nao, de fato, a pratica pedagégica —ver nossa discuss&o no capitulo 5), foi preciso-enfrentar a deprecia- Gao semAntica do termo gramdtica e encontrar um novo nome para ovelho saber e as velhas praticas. Aexpressao norma culta caiu como uma luva. Nao era uma ex- pressao desgastada (porque era, até entao, de uso restrito) e vinha do discurso cientifico (o que Ihe garantia certo pedigree). Passou a ser usada, entao, em substituigéo ao termo gramdtica. Mais ainda: a novidade da expressao deu um ar de renovagiio, de modernizagao ao ensino de portugués. Foi possivel se referir aos Mesmos contetidos com outro nome e, desse modo, criar a ilusio de que se estava agora entre os modernos. Por outro lado, a critica aos padrées de corregao e aos critérios de 8eu estabelecimento — em outros termos, a critica A norma-padrao 24 NORMA CULTA BRASILEIRA: DESATANDO ALGUNS NOS Carlos Alboro Foraca brasileira (cf. nossa discussao no capitulo 1) — provocou (e continua provocando) um debate acalorado e um tanto quanto sanguinco, embora fundado em equivocos. Entenderam alguns que essa critica estava propondo o abandono de toda e qualquer preocupacao normativa quando, na verdade, ela nao fazia isso. Apenas questionava 0s preceitos normativos descola- dos da realidade brasileira e cultivados por uma rigida e anacronica tradicdo pseudopurista (a que chamaremos, neste livro, de norma curta —cf. capitulo 1), ao mesmo tempo que criticava as estratégias pedagégicas de seu ensino, fundadas numa cultura negativa — a cultura do erro. Nesse contexto, a expressao norma culta caiu igualmente como uma luva, Preencheu_um certo vazio terminol6gico (também aqui ficava dispensada a referéncia 4 malfadada gramatica) e seu “frescor” facilitou a ordenagao do discurso daqueles que se sentiram chama- dos a combater todos os que — pretensamente — queriam destruir a “boa linguagem” e seu ensino, adeptos que seriam do populismo e da anarquia linguistica, do tudo vale, do tudo pode. Aexpressao norma culta passou, entao, a ser usada para designar oconjunto dos preceitos da velha tradic&o excessivamente conserva: dora e pseudopurista. O interessante, neste caso, 6 observar como, nesse deslocamento do sentido da expressao, aquele conjunto de preceitos se transformou numa entidade algo etérea, fixa, desligada de qualquer perspectiva histérica e pairando soberanamente muito acima do juizo dos reles mortais. Deu-se vida e poder a esse estranho ente que passou a ter, inclusive, vontade prépria: “nao aceita”, “nao admite”, “condena”, “proibe”, “insiste em” este ou aquele uso’. 2 Como veremos no capitulo 1, nao ha, em boa parte dos casos, nenhum consenso sobre quais seriam esses preceitos. No entanto, hé uma crenga em algumas esferas sociais de que tais preceitos constituem efetivamente um conjunto doutrinario uniforme, fixo e, por conseguinte, inquestionavel. E essa crenga acritica que faz algumas pessoas defenderem @ euposta norma culta com a certeza que 86 os donos da verdade tém, ao mesmo tempo que a utilizam como arma para desqualificar oponentes ou reforgar a pesada divisio econémica, social, cultural e linguistica que caracteriza a sociedade brasileira desde 08 tempos coloniais. Essa curiosa personalizacao da norma culta tem sido, ob- viamente, muito conveniente: nao é preciso pér o dedo na ferida (o que é precisamente a norma culta no Brasil?), nao é preciso enfrentar dilemas e contradigées, nao é preciso argumentar. Basta, em nome desse ente etéreo — a Sra. Dona Norma Culta — asseverar categoricamente o que se imagina ser o certo e 0 errado, como se houvesse indiscutivel consenso sobre o assunto e fossem claras e precisas as linhas divis6rias entre o “condenavel” eo “aceitavel”, entre o que a Sra. Dona Norma Culta “aceita”, “admite”, “exige” e o que ela “condena’”, “proibe”, “nao aceita”, “nao admite”. Entre os arautos dessa inclemente Senhora, ha os que adotam um discurso modernoso, aparentemente mais aberto e flexivel, cheio de condescendéncia com certos usos classificados de “informais” (em geral, exemplificados com versos da chamada MPB) apenas para, ao fim e ao cabo, reiterar os mesmos velhos e dogmaticos preceitos. Nao raramente, porém, 0 dizer categérico vem acompanhado de gracolas (em geral de muito mau gosto, como teremos a oportu- nidade de discutir 4 frente) e expresses cheias de sarcasmo contra os falantes que usam formas tidas como incorretas, embora de uso geral nos segmentos altamente letrados da sociedade. Nao faltam também vozes iradas a proclamar o fim dos tempos: a decadéncia, a corrupgao, a degradagao e até a putrefagao da lingua Portuguesa no Brasil, motivadas — supostamente — pela inctria, Pelo desleixo, pela ignorancia de seus falantes. E a midia, como que possufda por um dever moral de corri- gir a suposta inctria, desleixo e ignorancia dos falantes brasi- leiros, encampou com sofreguidao esse discurso categérico: se Pés ao lado dos “paladinos da Sra. Dona Norma Culta” (que de fato so “paladinos da norma curta”, como argumentaremos no capitulo 1), deu-lhes amplo espago, tem barrado a possibilidade do debate critico e até criou manuais de redagao extremamente 26 a onan NORMA CULIA BRASILERA: DESATANDO ALGUNS NOS CorosAberoForoco conserva ° b dores que, paradoxalmente, nao sao seguidos sequer pelos ‘Us proprios redatores'. a esdrixula situagio (em que 08 manuais € 08 usos estéio em lito constante) e a imprecisao de sentidos que nao permite que se distinga gramatica de norma culta, norma culta de norma curtae norma curta de norma gramatical nao encerram, porém, a questao. HA ainda um terceiro sentido de norma culta no discurso da midia e da escola para tornar a situacdo ainda mais imprecisa e confusa. Ela é usada como equivalente de expressdo escrita. Assim — como fica claro, por exemplo, numa reportagem da revista Veja (12.09.07) — se diz “dominar a norma culta” querendo dizer “dominar a expresséo escrita”, isto é, nos termos (pouco precisos) da reportagem, “escrever com corregiio, légica e riqueza vocabular”. HA dois gestos reducionistas neste terceiro uso da expressio norma culta. Primeiro, toma-se a parte pelo todo; segundo, limita-se a pratica social da escrita a alguns de seus géneros. Na escrita, hA, efetivamente, alguns géneros em que 0 esperado socialmente é a utilizagao de uma certa variedade da lingua —aquela ar de norma culta (conforme discutiremos no capi- que se pode cham: tica que envolve tulo 1). No entanto, a expressao escrita é uma prat mais que apenas 0 uso desta variedade da lingua‘. Por outro lado, a expectativa social pela chamada norma culta alcanga todos os géneros da escrita. E perfeitamente possivel e almente aceitavel escrever textos em outras variedades da lingua, um bilhete, uma carta ou um e-mail familiar, uma a letra de uma cangao, nao soci como, por exemplo, intervengdo num chat, um texto num blog, > Sobre esses manuais, pode se ler com proveito a andlise de Telma Domingues da Silva (2001). Das contradigdes entre o manual e 0 uso ofetivo dos redatores, hé bons exemplos em Bagno (2001) e Bagno (2009). itos em exames de escolaridade, como os vestibur “As pessoas que avaliam textos escrit lares, em que ha uma questiio de “redagao”, se deparam frequentemente com situagdes que deixam bem claro ser o dominio da expresefo escrita maior que o dominio da norma anita, Sto aqucles textos que nfo apresentam propriamente problemas que poderiam sor classificados como de norma culta, mas aos quais faltam unidade tematica, clarezs, boa sequéncia, cocsio. wTRODUGAO 27 uma publicidade, composigées literarias que dao estatuto estético a diversidade linguistica, e assim por diante. Vivemos numa sociedade tradicionalmente pouco letrada’. Como consequéncia e apesar da expansao da alfabetizagao no ulti- mo século, é ainda apenas uma minoria que efetivamente domina a expressao escrita. Nao ha diivida de que, se queremos alcangar niveis avangados de desenvolvimento, temos de romper essa limitagao decorrente de nossa histéria econémica, social e cultural — que, por séculos, man- tém concentrados a riqueza material e o acesso aos bens da cultura escrita nas maos de poucos. Para isso, é indispensvel diagnosticar as muitas causas des- sa situagéo e, em consequéncia, encontrar formas de enfrenta-la adequada e eficazmente. Andaremos, porém, mal se nem sequer conseguirmos distinguir, com um minimo de precisao, norma culta de expressdo escrita. O uso inflacionado da expressao norma culta pode ter facilitado a vida e o discurso de algumas pessoas, mas pouco ou nada tem contribui- do para fazermos avancar nossa cultura linguistica. Continuamos uma sociedade perdida em confusdo em matéria de lingua: temos dificuldades para reconhecer nossa cara linguistica, para delimitar nossa(s) norma(s) culta(s) efetiva(s) e, por consequéncia, para dar referéncias consistentes e seguras aos falantes em geral e ao ensino de portugués em particular. Parece, entAo, evidente que 6 preciso comegar a desatar estes nés, buscando desenvolver uma gestdo mais adequada das nossas questées linguisticas. * Nesse sentido, bastaria lembrar que temos ainda por volta de 15% de analfabetos na populagaio adulta e que, entre os alfabctizados, calcula-se que apenas 25% podem ser considerados alfabetizados funcionais, isto 6, s6 esta pequena parcela é capaz de ler ¢ compreender textos medianamente complexos. Os dados de analfabetismo sito do IBGE, Gnstituto Brasileiro de Geografia ¢ Estatistica) ¢ os de alfabetismo funcional (que 36 incluem o dominio de leitura, nao registrando o dominio da produgao escrita) sto do INAF (ndieador de Alfabetismo Funcional). O site do IBGE 6 www.ibge.gov.br ¢ 0 do INAF & www.ipm.org.br. Ambos foram acessados em 20/09/2007 28 NORMA CULTA BRASILEIRA: DESATANDO ALGUNS NOS Corts Aborto Faraco Este nosso livro tem como objetivo contribuir para esse pro- cesso. Temos, jé ha algum tempo, defendido a necessidade de ins- taurarmos um debate ptblico franco e desapaixonado das nossas questées linguisticas. Elas nao sdo, claro, de pequena monta. HA toda uma histéria a ser revista, ha todo um imaginéario a ser questionado, ha toda uma gama de valores e discursos a ser criticada, ha todo o desafio de construir uma cultura linguistica positiva que faga frente A danosa cultura do erro que ainda embaraga nossos caminhos. No entanto, acreditamos que nao ha como escapar do enfrenta- mento dessas questées. A questao da lingua no Brasil nao é apenas linguistica, mas, antes de tudo, politica. Ela interessa a polis como um todo, na medida em que atravessa diretamente e afeta profun- damente iniimeras situacées sociais. Para deixar clara sua relevancia, bastaria lembrar aqui os efeitos deletérios dos preconceitos linguisticos e da violéncia simbélica que se pratica em nome da lingua nas nossas relagées sociais e, em particular, na educagao linguistica que oferecemos a nossas criangas e jovens. Considerando esses fatores todos, fica evidente que est mais do que na hora de instaurarmos, no espago ptiblico, um indispensavel embate entre os miltiplos discursos que dizem a lingua no Brasil, em especial a questo especifica da chamada norma culta. Por isso, este livro tem uma dimenséo técnica e uma dimensao politica. Procuramos aclarar os conceitos tecnicamente (capitulo 1) com 0 objetivo de assentar bases para um debate melhor balizado, seja no contexto da investigacao universitaria, seja no contexto da midia e da escola. Entendemos que o debate ganharé substancia se comegarmos por dar precisao 4 expressdo norma culta. Continuar a confundi-la com gramdtica em qualquer de seus dois sentidos (conceitos ou pre- ceitos), com norma-padrdo ou com expressdo escrita apenas continua: ra escamoteando os problemas que estao ai a nos desafiar, quer na compreensao da nossa realidade linguistica, quer na proposigao de caminhos para 0 ensino de portugués. INTRODUCAO. =" Por isso, procuramos, neste livro, langar certo olhar de inspiragao fenomenoldgica sobre as questées conceituais, ou seja, procuramos colocar norma, norma. culta, norma-padrdo e norma gramatical en- tre parénteses para olhar e descrever esses fendmenos com a maior precisao possivel. Por outro lado, para nao perder de vista as origens dessas questées, buscamos sempre dar as nossas discussdes uma dimensiao histérica: re- visamos brevemente a longa histéria da gramatica (capitulo 3) e, relendo documentos brasileiros do século XIX, repassamos um momento parti- cularmente relevante para a nossa historia linguistica (capitulo 2). Quando 0 tema é a norma culta, é impossivel nao trazer a baila a questao do ensino de portugués. Reservamos, entao, os capitulos 4e5 para isso. Nos dois ha, de novo, uma projecdo do tema na his- téria recente. Buscamos, em especial, fazer um balango critico do envolvimento dos linguistas com esse ensino. HA acertos e sucessos nesse envolvimento, mas ha também dificuldades e insucessos. Acreditamos que refletir sobre esse conjunto contribui para enfren- tarmos os paradoxos e desafios que povoam essa area. Os textos aqui reunidos sao versées atualizadas de conferéncias e artigos que fizemos e publicamos nos iltimos oito anos, desde que nos envolvemos mais intensamente em debates ptiblicos de natureza politica sobre questées de lingua no Brasil. Na organizago do livro, nem sempre foi possivel evitar algumas repetigdes (sua auséncia poderia fra- gilizar a apresentacao de alguns argumentos especificos). Acreditamos, no entanto, que foi possivel conferir unidade ao conjunto. Esperamos que a reuniao desse material contribua para que esse debate se amplie, atraindo seja aqueles que estao se iniciando na area de letrase linguis- tica, seja todos os que tém a lingua como tema de interesse®. “Fiza reunito destes textos por sugestio do colega Marcos Bagno. Agrade Gia, que acabou por me tirar da inéreia, Os diversos textos quo # seu tempo, lidos previamente por colegas linguistas, Todos contribuiram com eriticas Sugestdes que ajudaram a diminuir minhas muitas caréncias. Por isso, meyistro aqui meus agradecimentos 4 cada um deles: Ana Maria Stahl Zilles, Caetano Waldrigues Galindo, Gilberto de Castro, Irandé Costa Morais Antunes « Maria Bernadote Fernandes de Oliveira, Obviamente, nao cube a cles nenhumn responsubilidade pelo que est dito neate lives. 1g0 sua insistén: constituem © livre foram,

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