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Gothic Station 03
Gothic Station 03
GOTHIC
STATION
ESTILO & CULTURA
N º 3 - Fevereiro 2018
MODA:
ARTE & HISTÓRIA
OPERA MULTI STEEL
BLUTENGEL
THE KNUTZ
Entrevistas exclusivas!
BLITZ KIDS
e o visual gótico
NOSFERATU
clássicos do cinema
BYRON
& Villa Diodati
BUTOH
filosofia do corpo
PATRONOS:
Alexandre Vavallo
AGRADECIMENTOS Colaboradores:
ÍNDICE
Naiá Oribici Santos Elton Marques Marcos Roberto dos Santos
Marcell Diniz & KIPPER
Carliany de Jesus Enderson Silva Mari Kiss Editor geral, diagramador e fundador
Erika dos Santos Parreira Mariana Carmo Cavaco
Fabio Martins Mariana Gomes da revista, escreve sobre literatura,
Cleidson Barbosa de Oliveira Fábio Pereira Matias Marina Grilli música e realiza entrevistas e artes.
Fabrício Caetano Moraes Melani Lopes Tome Trabalha desde 1988 na imprensa.
Léo O’ Connor Fausto Saglauskas Dias
Felipe Camargo
Michelle Bertral
Mile Wagenheimer
www.gothicstation.com.br Gothic Station # 3 - Fevereiro de 2018:
Felipe Ribeiro Camargo Monica Viciious SANA SKULL Nesta edição alternamos algumas seções que voltarão
Adriano Faria Felipe Ribeiro Cazelli Moon Black
Adriano Myotin Felipe Rodríguez Munique Gomes (Munique Cure)
Escreve sobre moda, estilo e história na edição Nº4, para termos espaço para material exclusivo
Alan dos Santos Ripardo Fernanda Zys Natacha Barros da moda. Estudou Design de Moda, que conseguimos para matérias especiais desta edição.
Alexandre Lourenço Silveira Fyb C Natália Saraiva Lima é Jornalista, Consultora e Mas aguardem as seções tradicionais e novidades
Alexandre Paschoaletto Gabi Sampaio Ohi Nayara Soares pesquisadora de História da Moda.
Aline Lima de Azevedo Pamplona para a edição Nº4!
Gabriela Campanille Nívia Larentis www.modadesubculturas.com.br
Alter Breitenbach Giovanna Bruna Nyx e Lucien
2
Aluizio de Almeida Cruz Gisele de Toledo Chavier Paulo Nojento
Amara Khrisna LUCIANA FÁTIMA
Gustavo Duarte Pedro Ivo Echeverria &
Ana América Faria
Ana Beatriz Wallerstein
Hage Nina Pedro Lopes
ARLINDO GONÇALVES
COMPORTAMENTO: Diversidade de Estilos
Hebert Alan Diener Pedro Maia Nogueira
11
Ana de Oliveira Bueno Hellays Tatiane Fernandes Pedro Rodrigues dos Santos São escritores e fotógrafos. Luciana é pes-
Ana Frehmaz Henrique Cunha Carvalho Rangel Oliveira quisadora do Romantismo, sobretudo da
Ana Luísa Borin Trevisan Iara Arakaki Raquel Carneiro vida e obra do poeta Álvares de Azevedo. MÚSICA: Chris Pohl do Blutengel Kipper
Ana Paula Canel Bluhm Ingrid Flores Rebeca C Rodrigues (Lea Sidhe)
14
Ana Paula Queiroz (Anne Angels) facebook.com/DelirioPoesiaMorte
Isabela Cristina Dourado Rebecca Pessoa facebook.com/dialogoscomacidade
André Maia Martins Isabelle Carmelita de Azevedo Costa Regiane Assunção
André Zangari Janistorp Pereira de Sá Roberto Gomes Junior facebook.com/NoivodaMorte MODA: Blitz Kids Sana Skull
Andreia Maria Delfino da Silva
22
Janyson Correa de assis filho Roberto Maia
Andressa Pires Quintilhano Jean Victor Rodrigo Ortiz Vinholo ALEX TWIN
Andrio Santos
Angell Ferreira
Jennyfer Ferreira Romulo Lex Organizador de festivais internacionais, MODA: Sana Skull Moda de Subculturas
Jéssica Cleofer Amaral de Abreu Rômulo Meira Lima Ferreira Filho proprietário do selo Wave Records,
30
Anne Rodrigues Jessica de Moura Hepp Rosana Barrera
Augusto Luiz Melare membro das bandas 3 Cold Men, Wintry,
Jessica Mayara Sabrina Pinheiro Individual Industry e Pecadores.
Beatriz Cerqueira Biscarde
Beatriz Watanabe
Jéssica Oliveira Sam Moretti
www.waverecordsmusic.com
MÚSICA Opera Multi Steel Alex Twin
Joao Butoh Sana Skull
34
Bianca Schwarz João Marcos (John) Sandy Neves Rocha
Blume Stray Jobison Felix Nascimento Ramos Santiago Laranjeira JOÃO BUTOH
Bruna Caroline Silva Julia Meriguete Sara Metzli Artista butoh desde 1983. Professor e DANÇA: Butoh João Butoh
Bruna Castro de Sousa e Souza Julio França Sarah Amethyst
38
dançarino em festivais internacionais na
Bruna Guimarães Jumana Morabi Pessoa Sergio Oteiro de Oliveira
Bruna Santos América, Ásia, Europa, Austrália. Funda-
Junior Spades Bonifácio Sérgio Saquetim dor e diretor do Ogawa Butoh Center. CINEMA: Nosferatus Luciana Fátima &
Bruno Fischer Dimarch Kaleo Lafayette Shaiene Nasser Do Nascimento
Bruno Personna facebook.com/joaobutoh Arlindo Gonçalves
42
Karina Bruschi Pinotti Simone Silveira Venzel
Bruno Túlio Karla Alves Barbosa Stefany Pierroti de Oliveira
Caio Marcelo
Caio Pimpinato
Karoline Rente Stella Mendonça ILUÁ HAUCK MÚSICA: The Knutz Kipper
Katia Cristiane Barreto de Lima Sylvia Marlany Em Londres há 20 anos, é artista plástica
44
Camila de Paula Lanke Bat & Sara de Rosa Tatiana Yuri
Carlos Augusto Ferreira e jornalista de arte. É artista e curadora
Larissa Lima Thacy Mendes em lugares históricos: o “Cemitério de
Carlos Eduardo Ferreira da Silva
Carlos Eduardo Madureira Trufen
Lauren Scheffel Thamy Adriana dos Santos Brompton” e o “Upstairs at l’Escargot”. LITERATURA: Vila Diodati Luciana Fátima
Layane Chaves Araújo Rodrigues Thiago de Paula
49
Carolina de Moura Grando Leandro Samael Thiago Meyer www.iluahauckdasilva.com
Caroline Pazini Cavalcante Leo O’Connor Tiago Albarn
Cassia Silva Leonardo de Amorim Tiago Silveira da Silva THAIS DE PAULA HUMOR: Mondo Muerto Kipper
Catharina de Leonardo Lila Pacheco Ulisses Ferrari Revisora. Jornalista (USJT) atuante nas
Charles Costa Lohan Montes Ulisses Righi
Christian Anubis áreas de revisão, cultura, A modelo da capa frontal é Sana Skull
Lony OFern Vanessa Barreiros Maurici tecnologia, marketing e logística.
Cid Vale Ferreira Lorrane Seabra Vasconcelos Ferreira da Silva Filho nossa amiga e colunista da revista
Cinthia Cavassola thaisp.cultura@gmail.com
Luana Oliveira da Silva Batista Victor Kenedy Gothic Station, historiadora da moda e
Claudio Martins Lucas Rocker Wagner Galesco
Cleidson Barbosa de Oliveira NICOLAS VAZ criadora do blog Moda de Subculturas.
Luciana Fátima Walison Henrique Silveira
Corina Camizão Luciana Rodrigues Walquiria Oliveira Carvalho Ilustrador. Nesta edição além de nos dar uma aula
Cristiano Maia Ferreira Ludmila Pontes Wellington Matos nicogeneration.wixsite.com/nicz de História e conceitos de Moda,
Daniela de Souza de Sales Luiza Pontes Vieira Carneiro Wenderson Oliveira e também contou tudo sobre
Daniela Martins da Silva instagram.com/_nicz_/
Lygia Pereira Campos Cruz Wilame Araújo os Blitz Kids e New Romantics.
Dayane Brito Marcell Diniz e Carliany William Borges da Silva
Débora Pereira da Silva FOTÓGRAFOS: créditos nas fotos.
Marcelo Ferrão Willis Carmo
Deivid Silva de Souza Marcelo Nunes Rocha Yasmin da Silva Amarante Fotos de capa: Chronos Imagens
Dennis Lurm Márcia Alfredo CONTATO: chronosimagens.com
Diego de Oliveira Lopes da Silveira Márcia Janini OBRIGADO! :-) henrique_kipper@yahoo.com
Egle Oliveira Neiva Márcia Sandrine (11) 9 8938 6235
Elaine França de Campos Marcos Antônio Sem o apoio de todos vocês a revista Foto da capa posterior: Annie Bertram
Elson Fróes Marcos Corvinus Mattos GOTHIC STATION não existiria! <3 Blutengel/ Divulgação
DIVERSIDADE
mi, The Birthday Massacre, Blutengel Death, Bauhaus, Lebanon Hanover,
xsie Sioux e Larissa Iceglass. Outra ad-
etc). Depois nos baseamos em perso- Clan Of Xymox, Mission, Theatro De
miração em questão visual que tenho
nagens de filmes, jogos, quadrinhos Séraphin, Depeche Mode, Xmal etc
é do Social Vampire, Nu Goth, Cyber
ou animes para complementar e variar
Goth e o Trad Goth.
um pouco a temática. Quais seus filmes e livros preferidos?
Di: Marilyn Manson, Anna Varney
DE ESTILOS
(Sopor Aeternus) Robert Smith (The
Música: Escutamos muita coisa dife- Tekka: O corvo, de Edgan Alan Poe;
Cure) e Jacques Saph (Virgin in Veil).
rente, além das clássicas bandas do Drácula de Bram Stoker; Nosferatu;
pós-punk, gothic rock, ethereal, neo- Psicose; Entrevista com o Vampiro;
folk, dark ambient, industrial, EBM e Garotos Perdidos e Edward mãos de
todos os gêneros “wave”, gostamos Hammer e Universal. Também somos tesoura. Conheci ainda pequena e a
As combinações de estilos e de gostos também de música étnica, rock pro-
gressivo, eurodance anos 1990 e doom
fãs dos filmes do Martin Scorsese, Zé
do Caixão, Mario Bava e Roger Cor-
paixão só aumentou. E livros, O corvo,
Clube Memphisto, Romeu e Julieta...
musicais e culturais não segue regra fixa. metal. man. Já livros seria uma vasta lista, Di: Drácula De Bram Stoker, Nosfera-
Vamos ver algumas das combinações Filmes e livros: Claro que gostamos
pois como estudiosos e leitores vora-
zes da filosofia, sociologia e literatura
tu, Fome de Viver, O Estranho Mundo
De Jack, A noiva Cadáver, O Retrato
do pessoal pelo Brasil afora? de Tim Burton e todos os filmes com em geral, não há como elencar o que De Dorian Gray, Entrevista Com Vam-
a temática vampírica ou dos estúdios está sempre na cabeceira. piro, O Corvo, Garotos Perdidos...
Pergunta difícil! Eu devo ter um mon- Adoro o universo do diretor Tim Bur- Atualmente eu uso excessivamente
te, mas se for para citar algumas: Da- ton, gosto de me imaginar sendo figu- esse estilo, que pode ter influências
vid Bowie, em especial em seu visual rinista de algum filme dele antes de de outros na sua composição e variar
maravilhoso de Goblin King, os lin- me ‘montar’. Também gosto muito do conforme o dia e o contexto onde será
Clayton Santos, de usado. No dia a dia, sempre que possí-
Betim, Minas Gerais dos trabalhos de Lino Villaventura e estilo Dark Cabaret e do Steampunk.
Alexander McQueen sempre me ins- vel, incorporo algum elemento dele na
piraram visualmente, adoro as textu- Bandas: “Sopor Aeternus”, “Switchbla- composição do visual.
ras, paleta de cores, temas. Acho que de Symphony”, “Voltaire”, “Velvet
Siouxsie e seu cabelão também não me Eden”, “The Candy Spooky Theater”, Na música: Folk, Pagan, Medieval,
deixaram escapar. “Kaya”, “TM Revolution”, “A Perfect Ethereal, New Age, Dark Wave, Elec-
Circle”, “The Birthday Massacre”, tro-medieval, Nordic-folk, Death Me-
Que estilos de música mais curte? “Nightwish”, “Epica”, “Humanwi- tal, Doom Metal, Celtic Punk, Irish
ne”, “London After Midnight”, “The Punk, Post-punk, Black Metal, Dark riel. Depois, vem todas as inspirações
Outra pergunta difícil. Amo Bossa Cruxshadows”, “Dead Can Dance”, Ambient / Atmospheric, Grunge e Al- advindas das composições que a galera
Nova e música clássica, tanto quanto “Aurora”, “Elis Regina”, “Mozart”, ternativo. usa em festas/ eventos de temática me-
música árabe e rock, de vários tipos. Se LUD “Nirvana”, “System of a Down”...
Bandas: Faun, Qntal, The Soil Ble-
dieval.
for procurar nas minhas playlists, pro-
NINA vavelmente encontrará alguma música Desde que vi a comunidade Perky Filmes: The Nightmare Before Christ- eds Black, Trobar de Morte, Flogging Livros Preferidos: No geral, os de con-
de Bollywood ao lado de um resmungo mas, O Senhor dos Anéis, Amadeus, Molly, Dropkick Murphys, Bel Canto, tos de terror e mistério. Gosto muito
Goth no Orkut, ao ler a descrição, per-
Por que você escolheu esse estilo? de “Sopor Aeternus”, “Gentle Giant” Edward Mãos de Tesoura, O Labirinto Therion, Anathema, Astarte, Dark- de literatura, tanto brasileira quanto de
cebi de cara que era o meu estilo: góti-
ou até mesmo a música de algum de- do Fauno, O Fantasma da Ópera, Os throne, Forsetti, Solstáfir, Nirvana, outros países e há livros de escolas lite-
co com uma pitada de humor. Senti-me
Para falar a verdade eu não escolhi nada senho ou jogo que gosto. Miseráveis, O Túmulo dos Vagalumes, Pearl Jam, Alice in Chains, Bauhaus, rárias diversas que eu gosto muito, do
dentro de um filme do Tim Burton. Fiz
específico, apenas faço o que der von- Sobre as bandas, algumas das que me A Viagem de Chihiro, A Princesa Mo- Taberna Folk, Tuatha de Dannan, Olam romantismo até os dias atuais, passan-
amigos preciosos nessa comunidade e
tade e for adequado na hora. Acredito vieram em mente: eu nunca me canso nonoke, O Castelo Animado...etc. ein Sof, IN extremo, Turisas, Tyr, Arko- do pelo naturalismo/realismo. Gosto
mais tarde vim a conhecer os outros
que tenho uma inclinação de estilo e de ouvir “Arctic Monkeys”, “IAMX”, dois amigos e irmãos de estilo João na, Heidevolk, Blakmore’s night, Terra muito também do gênero romance. Os
que me identifico, conscientemente ou “Radiohead” e “Daft Punk”. Marcos e Renato Gomes. Livros: O Orfanato da Srta. Peregrine Celta, Bathory e Arandu Arakuaa. Não meus preferidos são justamente os de
não, com figuras diversas, mas não di- para Crianças Peculiares, Harry Potter, estão separados por estilo … apenas terror e mistério, mas também aqueles
ria que escolhi nada especificamente. Filmes preferidos: “A Pele que Habi- Com eles, organizei encontros em O Hobbit, A Arte de Pedir, Emily The citei o que ia lembrando. com doses de misticismo e aventura.
Acho que estilo vai acontecendo. to”, “Amores Perros” e “The Nightma- parques sempre abertos para chamar- Strange, Edgar Alan Poe: Contos de
re Before Christmas”, porque senão mos mais interessados e realizamos o Imaginação e Mistério. Inspirações para meu visual: A princi- Filmes: O senhor dos Anéis, O Labirin-
Você usa só esse estilo ou varia? eu desonraria minha infância (haha). “Perky Goth Zine” que ajudei a divul- Também sou fã de histórias em quadri- pal inspiração vem dos filmes / séries to do Fauno, Elizabeth, The other Bo-
Livros: “Kaf ka à Beira-Mar”, “Haruki gar e também participei como DJ na nhos japonesas os famosos mangás: de época, sejam eles medievais ou não. leyn Girl, Vidas Secas, Ben Hur, Gla-
Eu não pinto os olhos tanto assim to- Murakami”, “Mapas”, “Nuruddin Fa- “Perky Goth Party”. Card Captor Sakura, Sailor Moon, Chr- Quanto ao medieval, as inspirações diador, Auto da Compadecida, O nome
dos os dias, até porque não fica tão rah” e The Complete Tales and Poems no Crusade, Paradise Kiss, Nana, Do- são tanto do Medieval histórico quan- da Rosa, o Pianista, Desmundo, o Ga-
legal quando quero fazer outro visual, of Edgar Allan Poe”. Fiz faculdade de moda e sempre fui rohedoro e Hellsing, entre outros. to a fantasia (filmes como Senhor dos binete do doutor Caligari, Drácula…
passar um batom verde ou variar com apaixonada por estilos alternativos. Anéis, As Brumas de Avalon, séries
um formato retorcido de sobrancelha, Nina de Marco, 27 anos, Gosto de mesclar eles entre si e deixar Ludmila Pontes, 27 anos, como Game of Thrones…). Quanto a Hellays, 30 anos, Professora de
por exemplo. Nada pontual, o mesmo Artesã de Jóias e Taxidermista com a ‘minha cara’. No Perky Goth me formada em Moda, freelancer pessoas, minha maior e principal ins- Inglês, Formada em Letras Inglês/
vale para cabelo e o resto. São Paulo- SP sinto livre para usar mais cores além São Paulo- SP piração é a norueguesa Marita Tatha- Português, São Paulo- SP
BLUTENGEL
NEW
BLITZ ROMANTICS
KIDS Entre 1978 e 1982 eles usaram a moda para definir uma
subcultura que atualizou o dandismo e ajudou a moldar o
estilo gótico como o conhecemos.
14 GOTHIC FEVEREIRO 2018 GOTHIC FEVEREIRO 2018 15
A renascença,
o barroco, o vitoriano
eram períodos relidos
Dark Brotherhood pelos New Romantics
Top, loja Punk Rave que possuiam
grande interesse por
moda histórica.
(1981)
foto: Derek Ridgers
excêntricos obcecados por glamour, pavoneamente vestido, caracterizando próprios trajes, fossem eles vindo de barrocas ora “Ashes to Ashes” lançada em agosto PIRATAS ROMÂNTICOS
num momento em que Londres vi-
via uma época de vacas magras
a partir daí, o que se tornaria uma sub-
cultura focada em estética - mais do
bazares de caridade, desmontados,
customizados, costurados e recriados
vitorianas, mas de 1980.
Na época, os Blitz Kids procuram um Trazia peças que lembrava uma espé-
e descontentamento econômico. que outra coisa - os clientes do Blitz pelos estudantes de moda que fre- sempre atualizadas novo som para representá-los e adotam cie de “pirata romântico” sendo um
Em fevereiro de 1979,
não queriam apenas dançar e sim, exi-
bir seus visuais.
quentavam o local. Além de estilistas,
os frequentadores do clube queriam
para a época sintetizadores, isso pode ser ouvido nas
bandas “Visage” (de Steve Strange);
dos modelos o cantor Adam da ban-
da “Adam and the Ants” que fazia um
a “Bowie Night” se muda para um ser cantores pop, escritores, fotógra- em que vivam.” na “Spandau Ballet” e na “Ultravox”. som mais guitarra do que sintetizador,
local chamado Blitz, em Covent Gar- Havia atração por trajes exóticos, um fos, maquiadores, cineastas… Por tendo a música “Prince Charming” se
den, num bar decorado com pôsteres ecletismo sem regras que ia desde a isso, a escolha de andar como obras de Além de estilistas que se tornariam O movimento acabou tornando-se víti- tornado o mantra do movimento que,
da segunda guerra mundial onde os inspiração nos revolucionários france- arte ambulantes. famosos como o chapeleiro Stephen ma do próprio sucesso e o clube fecha naquele ponto, já havia se tornado uma
frequentadores gostavam de imaginar ses do século 18, passando pelo ro- Jones e o professor universitário Iain em outubro de 1980 quando as bandas festa a fantasia onde todos estavam
que o local reproduziria a Berlin da re- mantismo e indo até o Glam de David Para eles a palavra “poser” não era um R. Webb. Mas talvez um dos mais fa- Spandau Ballet e Visage lançam seus convidados.
pública Weimar (período anterior ao Bowie, só que tudo isso misturado. xingamento, era um orgulho, ser um mosos seja Boy George, personagem primeiros singles, “To cut a long story”
regime nazista) mostrada nos filmes dândi, ter a preocupação com a apa- marcante pela transgressão de gênero. e “Fade to Grey”. Steve Strange ainda abriria o clube
“Cabaret” e “O anjo Azul”. Esse era um aspecto interessante no rência acima de todas as coisas era a “Hell”, com festas nas noites de quin-
grupo: o interesse por moda histórica, lei, fosse num visual vitoriano, num O grupo se autoproclamava o “cult Logo, as bandas de “Synth Pop” as- ta-feira no “Mandy’s Club”, na Rua
A festa se mantém nas terças-feiras, buscando referências ora barrocas ora retrô de 1930 ou no simples uso de te- with no name” ou “o culto sem nome”, sociadas ao New Wave como “Bana- Henrietta em Covent Garden, traba-
o som se torna eletrônico com “Kraf- vitorianas, mas sempre atualizados cidos extravagantes. embora tenham recebido nomenclatu- narama”, “Yazoo”, “Blancmange”, lhando com Boy George.
16 GOTHIC FEVEREIRO 2018 * mais sobre esse processo em: bit.ly/punkfashion7679 GOTHIC FEVEREIRO 2018 17
Boy George em 1981
foto: Derek Ridgers
SAIBA MAIS:
BLITZ KIDS NO BRASIL Os Blitz Kids usavam com propriedade O poder que tinham de sair todos os
o cross-dressing, a androginia e a ma- dias maquiados e vestidos num mix de
Aqui chamados de New Romantics, quiagem transgressora de gênero, te- roupas medievais remodelados para o
o visual e comportamento dos Blitz mas muito debatidos hoje, mas que na exagero oitentista. Boy George obvia-
Os fotógrafos desta edição que registraram aquela época: Kids eram muito influentes no que época já interessavam visualmente aos mente já era um ícone inerente no meu
viria a ser chamado de cena gótica. jovens como Alisson que já possuía a espectro de referências, mas também
atitude de discutir essas questões. Marilyn e tantos anônimos icônicos
“o visual e “Ivana Wonder” é outra artista que se
registrados nas fotografias e vídeos da
época.
comportamento dos destaca no Brasil, inspirada por Steve
Blitz Kids eram Strange e outros Blitz Kids ingleses, a
performer não esquece a primeira vez
Como cantor carrego o ar melodramá-
tico e me sinto ouvido por um mundo
muito influentes que botou os olhos sobre a imagem de mais de 30 anos atrás. As melodias
no que viria hipnotizante de Steve Strange, “a ma-
quiagem forte, os traços elaborados e
embaladas pelos sintetizadores densos
e melancólicos que fazem você esque-
a ser chamado olhar penetrante… cer o mundo ao seu redor e querer dan-
de cena gótica.” Até então eu era só um jovem fascina-
çar nos passos mínimos e até esquisi-
tos para hoje.
Dentre os que se montavam estava do com a década que não vivi. Muito
curioso pelos anos 1980, sempre bebi Fico muito feliz quando reconhecem
“Alisson Gothz” que relata chegar às
o quanto pude e posso dessa década na minha figura os traços caracterís-
festas e ir direto ao banheiro colocar
memorável. ticos da cultura New Romantic. E sin-
o cabelo em pé e arrumar a maquia-
ceramente não acredito que eu tente
gem. Conta ele que “o nosso visual era
Em uma dessas buscas intermináveis viver algo que não pude. Encontro-me
bem new romantic, com bastante foco
por referências e músicas encontrei Vi- contemplado nos antepassados e tento
na androginia. Era uma forma de colo-
sage e a partir daí adentrei o universo como eles mesclar todos os mundos
car pra fora o que nós sentíamos por
new romantic.” antigos no meu mundo atual”.
dentro”.
Alisson é uma figura peculiar na cena Wonder chegou a sonhar ter vivido na-
Capa de um dos livros Capa do livro de Alisson Gothz:
paulistana, Boy George foi seu primei- quele ambiente mágico que parecia ser
de DERECK RIDGERS: TED POLHEMUS: www.facebook.com/alissongothz
Capa do livro de GRAHAM SMITH ro ídolo quando pré-adolescente e foi o clube Blitz, e relata “a cultura new
“78-87 London Youth” (2014) BOOM! - A Baby Boomer
e Chris Sullivan o mesmo Boy George que o levou a romantic me pegou pois nela vi sinte-
derekridgers.com Memoir, 1947-2022 (2013) Ivana Wonder:
“We Can Be Heroes” (2016) Bowie, Visage, Dead or Alive e todos tizada minha visão estética, musical e
tedpolhemus.com www.facebook.com/ivanawonder
grahamsmithdesign.co.uk os outros. além de tudo minha visão de viver.
e o período histórico
entrevista com E daí veio sua ideia de estudar
em que vivemos”
Um tempo atrás quis trocar o nome
do blog por não se adaptar mais à li-
S KULL
a moda das subculturas? nha de estudo que desenvolvo hoje,
S
minante e esta criava peças super essa escolha e acredito que o conteú-
criar conteúdo online. Aprofundei-me
comerciais. Eu tinha questionamen- do chegou ao ponto em que fala por
nos estudos e percebi que o conteú-
tos profundos que os professores não si mesmo, independente do nome.
do não se sustentava mais no Orkut.
sabiam responder, além de curiosi-
dade sobre detalhes históricos da Creio que o blog surgiu no momento
Criei o blog “Moda de Subcultu-
formação das estéticas alternativas. certo. Desde então, tem havido uma
ras” para escrever sobre moda al-
valorização e reconhecimento da im-
FOTOS DESTA MATÉRIA: CHRONOS IMAGENS
MODA DE
sora de Jornalismo de Moda, que era termos de moda e cultura global. Hoje
mostrar como o “mainstream” se
muito viajada e de mente mais aberta conto com mais uma autora, a Lauren
apropria de conceitos alternativos e
ao diferente, ela me disse que o que Scheffel e colaboradores esporádicos.
os vende para a massa. O blog aca-
eu fazia era interessante e indicou
bou sendo pioneiro nesta abordagem.
pessoas, lugares e fontes de pesquisa. Tenho leitores do meio alternativo,
profissionais da área de moda, leitores
S
Depois desse incentivo fui em busca
UBCULTURAS
Por que o nome
de publicações, conversei com alterna- estrangeiros, já fomos citados em pu-
“Moda de Subculturas”?
tivos - na época a internet não tinha blicações do exterior e já fui convidada
informações como hoje – em busca a desenvolver projetos com sites, re-
visual” não é
elementos de misticismo e ocultismo.
os homens se glamouroso ou sexy e agressivo. Ain-
da por cima, permite maquiagens ex-
na criação de visuais alternativos,
já que no começo das subculturas
influenciam a criação do visual
alternativo de hoje?
e nem deve ser É uma prova que a moda gótica é enfeitavam tanto travagantes, com estilos multifaceta- quem desenvolvia e montava os vi-
encarado como
multiplicidade de estilos?
ou mais que dos, diferentes e elas podem exercer
com mais liberdade comportamentos
suais era em boa parte, os homens. No filme Blade Runner (1982) o futuro
é retratado como retrô e não como fu-
“coisa de mulher” De todas as modas alternativas, a as mulheres.” e atitudes que a cultura dominante Hoje, um homem alternativo que se turista, e é exatamente assim que tem
moda gótica feminina é a que mais não dá tanta abertura às mulheres. dedica a montar visual está indo a fa- ocorrido: embora a geração jovem atu-
tem abertura para o novo, tem estilis- Além disso, vivemos uma época de vor da história das subculturas e opos- al seja pós-moderna, ela é nostálgica
Esse caso me mostrou que existe a
tas criativos e experimentalistas, está mídias sociais onde a imagem im- É uma forma de empoderamento, sen- to ao padrão de pensamento da cultura e está muito ligada ao passado, ocor-
necessidade de criar informações so-
sempre se recriando ou se renovando. pactante, diferente e rebelde, é uma do comum leitoras dizerem que se sen- dominante. rendo recriação dos visuais do auge
bre como as estéticas se formam e se
moeda valorizada, gera likes, sta- tem mais autoconfiantes quando estão das subculturas do século 20, indo no
espalham dentro de uma subcultura.
Enquanto em outras subculturas os vi- tus, fama e as estéticas alternativas
suais pouco mudam com o passar dos se encaixam em todos estes crité-
“montadas”. Vale lembrar que boa
parte dos proprietários de lojas góti-
“boa parte caminho oposto dos que queriam criar
algo novo e diferente há 60 anos atrás.
Ladouceur não fez um vídeo sobre a
estética gótica pelo histórico musical,
anos, você pode pegar a moda gótica rios de criação de uma imagem cool. cas são mulheres, sinalizando aí uma dos proprietários
desde seu início e ir listando dezenas
fez a abordagem que uma historiadora
de sub estilos que surgiram, sumiram, Muitos jovens hoje tem se interessa-
forma de independência financeira.
Mas é muito importante salientar que
de lojas góticas Já os simpatizantes de subculturas não
compartilham totalmente os ideais de
de moda teria, esse foi o diferencial,
esse é o ponto que o vídeo se inter-
adaptaram-se, permaneceram ou es- do pela subcultura gótica? “montar um visual” não é e nem deve são mulheres” grupo, mas gostam da música e espe-
tão sendo criados neste momento. Os ser encarado como “coisa de mulher”. cialmente da estética fazendo mistura
liga com as pesquisas que realizo:
góticos amam moda, podem não ter Sim, e isso tem me impressionado. Mas também não posso deixar de de varias delas num mesmo visual: um
contar a história de uma subcultu-
percebido isso ainda, ou podem negar, Nunca vi tanto interesse como nes- Em outros períodos históricos os ho- analisar o interesse na subcultura dia grunge, outro dia punk, outro dia
ra através de sua história de moda.
mas a moda está na raiz da subcultu- tes últimos anos! Tem havido entre mens se enfeitavam tanto ou mais que sob uma visão mais sociológica, que gótico...para eles as subculturas ainda
ra, é uma das bases de sua formação. homens e mulheres uma nostalgia as mulheres. Atualmente foi tirado pode ser devido a atual situação do promovem – mesmo que inconsciente-
Algumas estéticas não se formaram
dos tempos áureos da subcultura, do homem o direito de usar a moda mundo: o medo do futuro, instabili- mente – a ideia de liberdade de escolha.
através da música gótica, são de ori-
Você acha que os jovens podem de uma época em que não viveram. como pleno veículo de auto-expres- dades sociais e políticas, as péssimas
gens externas, vindas de outras tri-
aderir à moda alternativa e às Percebemos essa tendência ao ob- são, portanto é fundamental que os previsões sobre o meio ambiente... Então, o visual alternativo
bos ou de modas alternativas que
subculturas meramente pela estética? servar o resgate do “pós-punk/tra- homens alternativos se atentem para Como sobreviver num mundo que hoje é retrô?
estiveram em voga em cada período.
d-goth” pelas novas gerações. E este ponto, pois se eles dizem que se torna cada vez mais obscu-
Em parte sim e, de certa forma, isso acredito que o impacto visual da “moda é coisa de garotas”, eles estão ro? A história tem mostrado que Bastante! E jogo outra questão: O que
O que podemos aprender
sempre existiu, já que o visual alterna- moda seja um dos principais atrati- apenas reproduzindo o pensamento o gótico sempre toma novo fôle- o jovem alternativo vestiria hoje se
com esse caso?
tivo é muito atrativo aos que estão em vos especialmente entre as garotas. “mainstream” e jogando fora todo o go em períodos de instabilidade. deixasse pra trás todas as referências
OPERA
por do duas vezes no Wave Gotik Treffen*
de Leipzig (*veja matéria sobre o WGT
sionaram foram : The Cure, Orchestral
Manoeuvres in the Dark e Malicorne
o som da banda e desde os anos 90
tentei impulsioná-la até o lugar que
Alex Twin na Gothic Station Nº2). Eu e Eric tam-
bém gravamos um álbum de dark folk
(uma banda francesa de folk progressi-
vo). Desde então nós expandimos nos-
vocês realmente merecem. Qual a
importância dos selos brasileiros na
com o nome « Thy Violent Vanities » sas preferências. longa vida da banda ?
para um selo italiano.
ALEX: As letras do OMS falam FRANCK: De fato, todos os álbuns
MULTI STEEL
Eu também toco baixo e violão com sobre religião, por quê? que nós fizemos durante o que eu
o Collection d’Arnell-Andréa há mais chamaria de a primeira era do grupo
de 20 anos. Além disso sou o vocalis- FRANCK: Três dos membros da ban- (de « Cathedral » até « Stella Obscu-
ta do 3 Cold Men desde o começo da da são completamente ateus. Mas ra ») tinham sido realizados em total
banda e tomei parte como vocalista mesmo assim fomos obrigados por auto-produção por nosso próprio selo
Deste os anos 80 esta banda francesa embala as pistas em muitas canções de vários projetos
(Bleeding Like Mine, Seven Sobs of
nossos pais a ter uma educação reli-
giosa quando crianças. Então creio que
que tivemos que criar (o Orcadia Ma-
china). Naquela época nenhum selo
góticas brasileiras com sua mistura musical única e encantatória, a Sorrowful Soul…). Assim pudemos permanece em nossas almas um tipo francês ou europeu concordou em nos
e que tem uma história profundamente ligada ao Brasil... ser capazes de desenvolver todos os
gêneros musicais que adoramos: Cold
de fascinação e repulsão - ao mesmo
tempo – pelas religiões, quaisquer elas
produzir. Essa foi provavelmente uma
das razões para o primeiro término da
banda no começo dos anos 90. Foram ALEX: Em 1997, na primeira vez que FRANCK: Reminiscenses não é real- rado suas atividades por várias razões.
realmente os vários selos que você ci- o OMS tocou aqui, lembro de uma fã mente um novo álbum, é mais uma Havíamos alcançado o limite da pro-
tou que nos permitiram « renascer » e francesa que veio sozinha da França seleção de oito clássicos da banda re- dução independente nosso típico esti-
encontrar o prazer de criar de novo, sa- para ver vocês tocarem aqui. Era a fã visitados em um estilo mais electro e lo heterogêneo não chamava a atenção
bendo que poderíamos nos beneficiar número um da banda ? vibrante se comparado às versões ori- dos selos Europeus.
de um apoio externo muito cuidado- ginais, mas preservando o que faz a
so. Álbuns como “Days of Creation”, FRANCK: Sim, eu lembro perfeita- especificidade do som do Opera Mul- O sucesso dessa compilação no Bra-
“Histoires de France”, “La Légende mente. Essa moça foi uma das nossas ti Steel. Não são remixes porque eles sil causou um tipo de renascimento
Dorée”, “Parachèvement de l’Esquis- primeiras fãs em Bourges no começo foram completamente regravados e ALEX: Algum novo material será da banda. Quando Museum Obscuro,
Outra grande lembrança: o nosso show
se”, and “Mélancolie en Prose” nunca da banda e ela costumava ir a todos os re-arranjados pelos próprios membros lançado em 2018 ? selo de São Paulo, nos propôs realizar
em Leipzig no Wave Gotik Treffen in
teriam sido possíveis sem essas estru- 2012, porque sentimos que este con- shows que fazíamos em nossa cidade e da banda. Entre ritmos acelerados e vo- um novo álbum, depois de longas re-
turas brasileiras. Só mais tarde fomos por perto. Ela às vezes assistia nossos cais completamente regravados, essas FRANCK: Em 2018 planejamos lançar flexões, nós reformamos o grupo e o
certo foi um tipo de reconhecimento
capazes de nos beneficiar do apoio de ensaios e ajudava a carregar nosso ma- novas versões usam sons e instrumen- um álbum composto de 8 faixas inédi- prazer de tocar retornou com a motiva-
tardio por nosso próprio continente.
selos europeus. terial e a divulgar a banda. Nos anos tos « históricos » queridos pela banda tas em formato vinil. ção de uma demanda externa.
Mas precisa ser dito que certamente
nós nunca seríamos capazes de chamar 90 nós a tínhamos perdido um pouco desde suas origens: TR 808, TR 606,
“Une Idylle en péril” e “Eternelle Tour- de vista, então foi uma homenagem le- TB 303, Elex, Casio VL-1, gravadores, Vai incluir algumas canções muito tris- Então nós compusemos e gravamos o
a atenção na Europa e tocar no WGT
mente” foram produzidos pelo selo gal da parte dela vê-la de novo em São corais medievais e vários samples tira- tes e melancólicas e outras mais ani- álbum “Histoires de France” em 1996
se não tivéssemos provado antes que
alemão Triton. Outro selo alemão: Paulo. dos das versões originais. Talvez algu- madas, mais pops. Uma das músicas seguido pelos concertos do OMS em
podíamos ter uma reputação além de
VOD relançou títulos antigos do OMS mas dessas versões possam ser usadas será até diretamente de inspiração folk, São Paulo em 1997 que nos permitiu
nossas próprias fronteiras e especial-
em uma soberba caixa de 3 vinis: “K7 Ela tinha feito a viagem para nos ver nas pistas góticas brasileiras... tendo suas raízes na música tradicional julgar, de acordo com as reações do
mente em um páis tão distante como
Tapes Archives”. O selo francês In- porque ela pensou que esse show seria francesa e usando velhos instrumen- numeroso público, como nossa música
o Brasil.
frastition fez uma segunda edição em mais excepcional que qualquer outro a As letras foram totalmente preserva- tos tradicionais europeus como a viela era apreciada aí...
CD de dois de nossos álbuns: “Cathe- que ela fora antes, e ela provavelmente das. As faixas foram tiradas de álbuns de roda e gaita de fole.
ALEX: Falando dos fãs brasileiros,
dral” e “Histoires de France”. como a banda se sente a respeito estava certa. como “Cathedral” (Un Froid seul, “Du Por tudo isso, fãs brasileiros, nós sere-
Son des Cloches”...) “A Contresens” Como sempre vamos explorar diferen- mos eternamente gratos a vocês.
deles : são mesmo os mais
Finalmente, mais recentemente, o selo A coisa mais incrível foi que ela car- (Les Sens, Las), “Les Douleurs de l’En- tes facetas de nossos gostos musicais.
fanáticos do mundo ?
francês Meidosem nos permitiu fa- regou uma vestimenta de cavaleiro nui”, “La Légende Dorée” (Fureur en Nosso primeiro objetivo é sempre
zerm em vinil nosso mais recente ál- medieval no avião. Ela veio ao show Asie) e mesmo do primeiríssimo EP em agradar a nós mesmos sem nenhuma
FRANCK: Se você pergunta, é porque
bum: “Apparences de l’ Invisible”. Até vestida como a atriz que aparece na vinil da banda (Massabielle). censura ou dogma musical pré-estabe-
tem alguma ideia quanto a isso! É ób-
mesmo nosso primeiríssimo 4 track capa de nosso álbum “Les Douleurs de lecido. A mixagem está quase termi-
vio que se comparamos, por exemplo,
EP foi relançado por por um selo de l’Ennui”. Infelizmente ela morreu há As artes do disco e capa, assim como nada. Será lançado pelo selo francês
fãs alemães com fãs brasileiros, temos
San Francisco, o “Dark Entries”. Mas o alguns anos. o vídeo clip que vem junto, foram fei- Meidosem Records que já lançou em
tipos diametralmente opostos!
Brasil permanecerá para sempre como tos por Alan Cassiano, que baseou seu 2013 nosso álbum “Apparences of the
o país que primeiro semeou as semen- ALEX: No Brasil, o OMS fez dois trabalho gráfico na atmosfera visual Invisible”.
Ambos sinceramente apreciam as ban-
tes da nossa ressureição. das que vão ver nos shows, mas não shows em 1997 e um em 2011, herdada do primeiro EP em vinil da
alguma chance de uma nova banda, usando imagens tiradas da En- Mantemos com o pessoal desse selo
expressam seus sentimentos na mesma
ALEX: Onde a banda fez o melhor apresentação por aqui ? cyclopedia (XVIIIth century) e gravu- as mesmas relações de amizade e con-
forma. Na europa as pessoas são me-
concerto de sua história ? ras de Perspectives por Jan Vredeman fiança que temos com vocês da Wave
nos exuberantes e seu fanatismo seja
FRANCK: Seria um prazer tocar por de Vries (XVIth century) fazendo um Records há tantos anos. Como Alex ALEX TWIN
talvez mais « de dentro ». Parece que
FRANCK: Acho que nossos melhores uma terceira vez em São Paulo mas tipo de retrospectiva histórica da his- Twin eles são fãs da banda e isso faci-
os fãs brasileiros mostram seu interes-
concertos foram os dois shows em São isso não depende somente de nós. É tória da banda. lita muito as coisas. Organizou alguns dos maiores
se em uma banda da mesma forma que
Paulo no Teatro Mars em 1997. Foi a eles amam : sem nenhuma restrição. claro que qualquer proposta de um festivais internacionais brasileiros
primeira vez que tocamos na frente de organizador brasileiro será entusiasti- Finalmente, Reminiscences é um tipo ALEX: Gostaria de deixar uma como o Wave Summer Festival (2015)
um público tão grande. Ouvir os fãs camente aceita. Nos comprometemos de viagem através de diferentes épo- mensagem para os fãs brasileiros. e Wave Winter Festival (2016).
A primeira vez que viemos ao Brasil
brasileiros cantando junto conosco as ficamos um pouco desestabilizados. de antemão a tocar todas as músicas cas da música do Opera Multi Steel, Há 10 anos é proprietário do selo
FOTOS: ILKA REIKO/ WOODGOTHIC
letras de Cathedrale ou Massabielle favoritas de nosso fãs ! rearranjando e revisitando imagens e FRANCK: Sinceramente, sem o apoio brasileiro Wave Records
Nós não somos acostumados a ma-
foi realmente emocionante. Naquele sons clássicos través dos olhos e ouvi- dos selos brasileiros e o interesse que especializado em darkwave.
nifestações tão calorosas na Europa.
tempo a internet não estava tão desen- ALEX: OMS lançou no final de 2017 dos atuais. Será nosso primeiro picture nossa música tem sido capaz de fo- Há mais de 25 anos cria música de
(No Brasil) fãs agem como se fôssemos
volvida quanto hoje, e descobrir que um novo álbum, REMINISCENCES. disc e nós estamos realmente felizes mentar no público alternativo do seu qualidade participando de grupos
amigos ou parte da família. É muito le-
nossa música tinha sido capaz de atra- Conte-nos sobre ele, seu conceito e porque esse formato dá ao álbum um país, não é certo que a banda ainda como o 3 Cold Men, Wintry,
gal e emocionante ao mesmo tempo.
vessar o oceano e seduzir o coração de canções, e por quê o formato de tipo de interesse artístico e confere um existiria. Quando a compilação “Days Individual Industry e Pecadores.
Essa é certamente a razão porque cada
pessoas tão distantes foi realmente um « picure vinyl » (disco de vinil com pouco mais de originalidade e raridade of Creation” foi lançada pela Cri du
vez que fomos ao Brazil foi tão difícil
grande prazer. uma imagem impressa sobre ele). ao objeto. Chat Disques em 1995, OMS tinha pa- waverecordsmusic.com
ir embora.
BUTOH HISTÓRIA Quando o Japão do pós-guerra no pe- Sabemos também que Hijikata rece-
ríodo da ocupação sofreu uma invasão beu enorme influência de Antonin Ar-
O surgimento do Butoh está ligado di- cultural por parte do ocidente - o rock taud por meio de sua obra literária “Le
retamente a passagem histórica da Se- and roll, a Coca-Cola e o vestuário - Théâtre et son Double”.
gunda Guerra Mundial quando houve foi um momento de ruptura ao pen-
a destruição das cidades de Hiroshima samento de ocidentalização do país. Os sobreviventes do bombardeio sobre
e Nagasaki por meio do bombardeio Hijikata e seus seguidores (poetas, Hiroshima e Nagasaki são chamados
americano com duas bombas nuclea- artistas plásticos, escritores e arquite- de hibakusha, uma palavra japonesa
res, dando fim a seis meses de intenso tos) se lançaram a espaços marginais e que é traduzida literalmente por “pes-
bombardeio em 67 outras cidades ja- pelas ruas do submundo de Tóquio em soas afetadas por bomba”. O sofri-
ponesas. manifesto que condenava a ocupação mento causado pelo bombardeamento
americana e a perda dos valores nacio- foi a raiz do pacifismo japonês do pós-
Este fato histórico é recheado de um nalistas. -guerra e foi também uma das pilastras
montante de detalhes que levaram ao sob a qual foi construída a estética do
detonamento destas armas nucleares. Já no final da década de 1950, quando Butoh. Os corpos decrépitos, a ma-
Em um discurso em rádio nacional no também se findava a ocupação, essa quiagem melancólica e empalidecida,
dia 15 de agosto de 1945, o Imperador forma marginal de expressão, como a ausência dos pelos, tudo lembra os
Hirohito anunciou a rendição do povo era considerada, já era conhecida como hibakushas e as vítimas desta tragédia.
japonês. Curiosamente, esta foi a pri- “Ankoku Butoh” (dança das trevas).
meira vez que os japoneses ouviram a Resumido-se, com o passar do tempo A AURORA DE JOÃO BUTOH:
voz de seu Imperador. para “Butoh”. DEPOIMENTO
UM VERÃO
NEGRO
Uma das raras situações em que sabemos exatamente
quando e como nasceram dois dos maiores personagens
da literatura gótica: a criatura de Dr. Frankenstein
e o vampiro moderno, tal qual o conhecemos hoje.
“O que me apavorou DREAM TEAM missionado para escrever um diário de
vai apavorar os outros; viagem –, de seus inseparáveis livros e
preciso apenas descrever George Gordon Byron foi um dos po- animais de estimação, Byron instalou-
o espectro que assombrou etas mais aclamados da literatura in- -se na Villa Diodati.
meu travesseiro à meia-noite.” glesa. Seu modelo de herói (o jovem
arrogante e belo que – como o próprio Perto dali, igualmente se esquivando
(Mary Shelley, Londres, 15 de autor – cansado do mundo, desiludido de tradições conservadoras, estava o
outubro de 1831. Introdução com uma vida de prazeres vazios, sai à grupo que logo se juntaria a Byron e
a Frankenstein) procura de aventuras em terras distan- Polidori: o poeta Percy Shelley, a na-
tes) surgiu na famosa Peregrinação de morada Mary Wollstonecraft Godwin
O ano de 1816 entrou para a história Childe Harold e foi seguido por Corsá- (que se tornaria Mary Shelley após o
como “o ano sem verão”, devido às rio, Manfredo, Don Juan, entre outros. casamento com Percy) e sua meia-irmã
anomalias climáticas sentidas em di- Claire Clairmont.
versas partes do mundo. Àquela altura, porém, ele já havia es- Esta última – como tantas outras – era
candalizado a Inglaterra. Além de per- obcecada por Byron e foi responsá-
Tempestades em pleno mês de junho sonagens que não só desafiavam a mo- vel por incitar a fuga e o romance de
no hemisfério norte, geadas, nevascas, ral e os bons costumes burgueses, mas Mary e Percy, mesmo contra a vontade
chuvas torrenciais, raios e trovoadas confundiam-se com a vida do próprio do pai de ambas que não aceitava as
foram apenas algumas das consequên- autor, a reputação do lorde o precedia ideias liberais e o amor livre pregado
cias da maior erupção vulcânica regis- em todos os salões britânicos. pelo jovem Shelley.
trada no planeta, a do Monte Tambora,
na Indonésia. Rumores de seus affairs com homens De acordo com Mary, eles passavam
e mulheres casadas e, especialmente, momentos “agradáveis no lago, ou va-
E foi em junho daquele ano que Lorde boatos de sua relação incestuosa com gando por suas margens”. Mas o clima
Byron – devido a uma pavorosa tem- a meia-irmã, Augusta, corriam todas inóspito e as chuvas incessantes, como
pestade – ficou preso com um grupo as bocas da nobreza. relembra a autora, “com frequência
de amigos, na mansão que alugara para nos confinavam dentro da casa”. A di-
passar a temporada, à beira do Lago Recém-divorciado de uma esposa com versão então era ler em voz alta, como
Leman, na Suíça. quem se casara por conveniência, era explica Percy Shelley:
hora de sair de cena e partir para o
Diz a lenda que, durante três dias, eles autoexílio em um lugar bucólico, onde “O tempo era frio e chuvoso e, à noite,
ficaram trancados na casa, cometendo pudesse escrever seus poemas tranqui- nos amontoávamos em volta de uma
inimagináveis excessos. Mas também lamente. lareira flamejante e, ocasionalmente,
deram à luz duas criaturas memorá- divertíamo-nos com histórias alemãs
veis. Era o que faltava para eternizar a Acompanhado do médico e secretário de fantasmas, que aconteceram de nos
Villa Diodati. pessoal, John Polidori – que fora co- cair às mãos”. ILUSTRAÇÃO: NICOLAS VAZ
nicogeneration.wixsite.com/nicz
44 GOTHIC FEVEREIRO 2018 GOTHIC instagram.com/_nicz_/
FEVEREIRO 2018 45
LITERATURA
CONCURSO DE CONTOS Ela talvez tenha sido a única a levar a Percy Shelley teria iniciado um con- da”, como o descreveu no prefácio da vítimas nos países exóticos pelos quais
proposta de Byron a sério, e se cobra- to de fantasma que nunca terminou; edição de 1831 – considerada a versão viajava. Provavelmente para se vingar LIVROS
Em busca de novas emoções, Byron va em segredo para produzir algo que Byron compôs um fragmento envol- definitiva. de Byron, Polidori parece descrever o
propôs um desafio: “Cada um de nós merecesse a admiração de todos, pas- vendo um vampiro e Polidori esboçou próprio poeta: Recomendamos a leitura das obras ori-
vai escrever uma história de fantas- sando a ter pesadelos com o que viria a história de uma mulher que, ao espiar O nascimento de outro marcante per- ginais – Frankenstein, de Mary Shel-
ma!” E a partir de então, o grupo (ex- a ser o monstro de seu livro: por um buraco de fechadura, tinha sua sonagem gótico também aconteceu na “Apesar do tom cadavérico de sua ley; e o Vampiro, de Polidori. Caso
ceto Claire Clairmont) passou a traba- cabeça transformada em caveira. Villa Diodati, mas de um modo mais face, que jamais assumia um matiz queira saber mais sobre os aconteci-
lhar em seus próprios contos de terror “Quando pus minha cabeça no tra- pitoresco. Cansado de humilhações, o mais vivo – fosse pelo enrubescer da mentos da Villa Diodati, sugerimos:
que seriam lidos aos pés da lareira. vesseiro, não dormi, nem pude sequer MONSTROS IMORTAIS Dr. Polidori se apropriou do fragmen- modéstia, fosse pela emoção da paixão
pensar. Minha imaginação, dona de to iniciado por Byron e criou a história –, ainda assim a forma e o contorno de Em busca de Frankenstein:
Tanto Lorde Byron quanto Percy Shel- si mesma, tomou conta de mim e me Mary pensara em desenvolver apenas que deu origem ao vampiro clássico, seu rosto eram belos, e muitas mulhe- O monstro de Mary Shelley e seus
ley eram o que se podia chamar de guiou, através de imagens sucessivas um conto curto, mas, inspirada por com a estética que conhecemos hoje. res, caçadoras de fama, tentavam con- mitos (Radu Florescu, 1998)
escritores profissionais. Polidori era o que surgiam em minha mente de um Percy, acabou escrevendo uma das his- Sim, porque o Drácula de Bram Stoker quistar-lhe a atenção.”
aspirante de poeta, constantemente ri- modo muito mais vivo que o comum tórias mais famosas do horror gótico somente surgiria em 1897 – muito tem- Escrito por um célebre perito em His-
dicularizado por Byron, que nunca se nos sonhos. de todos os tempos. Tendo encontrado po depois daquele verão negro. Mas o destino de Polidori não seria tória da Romênia e da Europa Oriental,
cansava de zombar de sua mediocrida- dificuldades para publicá-la, a primei- ligado a seu vampiro, desde o início. este livro aprofunda a vida e a obra
de literária. Mary sofria com a pressão E eu vi o odioso fantasma de um ho- ra edição (de 1818) não trazia o nome O médico chamou seu monstro de Lor- Por um erro do editor, The Vampyre de Percy e Mary Shelley e da família
mem estendido, que então, sob efeito da autora. Contudo, após ser transfor- de Ruthven e, ao contrário dos vam- foi publicado em 1819, na The New Frankenstein. Florescu também é co-
de estar cercada por mentes brilhan-
de alguma poderosa máquina, mos- mado em um verdadeiro best-seller, piros anteriores (leia o texto sobre Monthly Magazine, como “um conto autor de Em busca de Drácula e outros
tes, além de ser filha de uma das fun-
trou sinais de vida, e se agitou com Frankenstein ou o Moderno Prometeu Nosferatu, nesta edição), ele era – tal de Lorde Byron”. Vampiros.
dadoras do movimento de emancipa-
ção feminina e de um influente filósofo inquietação, fazendo um movimento foi revisado e Mary pôde assumir a qual Byron – um nobre inglês seduto-
estranho, apenas meio-vivo.” autoria de sua “descendência hedion- ramente perverso, que escolhia suas Provavelmente por esse motivo, tenha O vampiro antes de Drácula (Martha
e romancista.
sido um sucesso imediato e, mesmo Argel e Humberto Moura Neto, 2008)
KIPPER
EM BREVE em CAXIAS DO SUL - RS
A sede de sermos nós mesmos no dia a dia nos fez criar o Beco com a intenção
de entrarmos em sintonia com pessoas que se sintam da mesma forma.
Simpatizantes desse estilo de vida alternativo, góticos ou não, sintam-se
em casa e à vontade sendo você mesmo ou quem quiser ser.
Léo O’Connor
GOTHIC
STATION
ESTILO & CULTURA
N º 3 - Fevereiro 2018
Entrevistas
exclusivas:
BLUTENGEL
OPERA
MULTI
STEEL
THE KNUTZ