Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Gothic Station 04
Gothic Station 04
GOTHIC
STATION
ESTILO & CULTURA
N º 4 - Setembro 2018
DIVERSIDADE
RELIGIOSA
GÓTICOS
ENTRE OS
BRASILEIROS
TRIBAL FUSION
histórico e tendências
TRAD
GOTH
visual gótico 80’s
E. A. POE
literatura e cinema
DAS ICH
AMANDA PALMER
BACK LONG ARCH
entrevistas exclusivas
e muito mais!
PATRONOS:
AGRADECIMENTOS EDITOR: ÍNDICE
KIPPER
Cleidson Barbosa de Oliveira Editor geral, diagramador e criador
da revista, escreve sobre literatura,
Graciele Márcia Perdigão Dennis Lurm Mariana Gomes música e realiza entrevistas e artes.
Naiá Oribici Santos Diego de Oliveira L. da Silveira Marina Grilli Trabalha desde 1988 na imprensa.
Back Long Arch Drako Wolffrich Marlui Dornelas www.gothicstation.com.br Gothic Station # 4 - Setembro de 2018:
2
Carliany de Jesus Ribeiro Dricah G. Rpz Marlui Dornelas
Marcell Diniz De C. Chaves COLABORADORES:
Elaine França de Campos Melani Lopes Tome MÚSICA- Resenhas & lançamentos 2018
Léo O’Connor Elson Fróes Milena Sayanne Gois Santana ALEX TWIN
Fã Clube Lacrimaníacos Elton Marques
Erika dos Santos Parreira
Evandro Rocha
Monica Viciious
Munique Gomes M. Santana
Munique Cure
Organizador de festivais internacio-
nais, proprietário do selo Wave Records,
membro das bandas 3 Cold Men, Wintry, 4 COMPORTAMENTO: Diversidade Religiosa
12
Adriano Myotin Fabio Martins Coelho Naná Ivanova Individual Industry e Pecadores.
Alex Serrano Cánovas www.waverecordsmusic.com
Fausto Saglauskas Dias Natacha Barros ENTREVISTA: Amanda Palmer Kipper
Alexandre Paschoaletto Felipe Ribeiro Camargo Natache Lilian Vieira Malfatti ARLINDO GONÇALVES
16
Alexandre Vavallo Felipe Ribeiro Cazelli Nayara Soares Arlindo Gonçalves escreve ficções
Aluizio Kanter Fernanda Zys Nívia Larentis e crônicas urbanas. É autor de
Alter Breitenbach Fernando Campos Goulart Nyx e Lucien “In Aeternum – Joy Division: MODA: Trad Goth Sana Skull
a busca afetiva por uma imagem”.
22
Álvaro Zadok Gabriela Campanille Paulo Nojento facebook.com/in.aeternum.closer
Amanda Reznor Giovanna Bruna Paulo Ricardo Santana
Ana Beatriz Gaertner Graciele Márcia Perdigão Pedro Maia Nogueira ILUÁ HAUCK
ENTREVISTA: Back Long Arch Kipper
26
Ana de Oliveira Bueno Hage Nina Pedro Rodrigues dos Santos Em Londres há 21 anos, se formou
Ana Frehmaz Hebert Alan Diener Rafael Mateus Feliczaki em História da Arte. Trabalha como artista
Ana Gabriela Oteiro Henrique Antonio Kipper Raphael D’Antona
plástica, modelo alternativa, e jornalista TURISMO: Os Sete Magníficos Iluá Hauck
de arte. Mestranda em ‘Cristianismo
30
Ana Luísa Borin Trevisan Henrique Cunha Carvalho Rebecca Pessoa e as Artes’ na King’s College.
Ana Paula Canel Bluhm Humberto Luminati Regiane Assunção www.iluahauckdasilva.com
Analy Corrêa Magrini Ilka Reiko Roberto Gomes Junior
RESENHA: Deepland Festival II
32
Andre Zangari Isabela Cristina Dourado Robert Wagner LUCIANA FÁTIMA
Andre Felipe Fillus Piaunoski Isabelle Carmelita de A. Costa Rodrigo Ortiz Vinholo Luciana é pesquisadora do Romantismo,
André Luiz Mendes Janistorp Pereira de Sá Rômulo Meira L. Ferreira Filho
sobretudo da vida e obra DANÇA: Tribal Fusion Melissa Souza
do poeta Álvares de Azevedo.
36
Andreia Maria Delfino da Silva Jean Luca Vedovato dos Santos Sabrina Pinheiro facebook.com/DelirioPoesiaMorte
Andressa Pires Quintilhano Jessica Hepp Sarah Amethyst
Angell Ferreira João Victor Oteiro Sérgio Oteiro De Oliveira MELISSA SOUZA ENTREVISTA: Das Ich Alex Twin
40
Anne Rodrigues Junior Spades Bonifácio Simone Silveira Venzel Bela. em Com. Social com hab. em
Arlindo Gonçalves Marrão J. Jornalismo pela Unifaccamp, dançarina,
Karina Bruschi Pinotti Stefany Pierroti de Oliveira pesquisadora, produtora cultural CINEMA: Poe no Cinema Arlindo Gonçalves
Beatriz Cerqueira Biscarde Karoline Rente Stella Mendonça e audiovisual na área da dança, atua
44
Beatriz Thaísa Watanabe Katia cristiane barreto de lima Tatiana Yuri com assessoria de mídias digitais.
Bianca Santiago Larissa Núbia Juliano Lopes Thacy Mendes melissa.art.br
Blume Stray Lauren Scheffel Thiago de Paula
LITERATURA: Vila Diodati Luciana Fátima
SANA SKULL
49
Bruna Leandro Samael Thiago Meyer Escreve sobre moda, estilo e história
Bruna Caroline Silva Leilane Ravenscroft Thoryn Greenwitch da moda. Estudou Design de Moda,
Bruna Castro Lohan Montes Tiago Albarn é Jornalista, Consultora e
HUMOR: Mondo Muerto Kipper
Bruno Fischer Dimarch Lony OFern Vanessa Barreiros Maurici pesquisadora de História da Moda.
Bruno Túlio Luana do Nascimento Pires Victoria Luisa de M. Cardoso www.modadesubculturas.com.br
Caio Pimpinato A modelo da capa é Gabriela Miranda.
Jeremias Vitória Rodrigues THAIS DE PAULA Ela é bailarina de Dança do Ventre desde 1999,
Carlos Augusto Ferreira Lucas Rocker Wagner Galesco Revisora. Jornalista (USJT) atuante nas
Carlos Eduardo Madureira Trufen estuda e pratica o Estilo Tribal e suas
Luciana Fátima Walison Henrique Silveira áreas de revisão, cultura, vertentes desde 2005. É professora desde
Caroline Pazini Cavalcante Luciana Ribeiro Walquiria Oliveira Carvalho tecnologia, marketing e logística.
2004, e atua como coreógrafa, figurinista,
Cassia Silva Luciana Rodrigues Juvino Wenderson Oliveira thaisp.cultura@gmail.com
tradutora e produtora de eventos de
Christian Anubis Luiz Fernando P. Andrade Willis Carmo FOTÓGRAFOS: Dança do Ventre, Tribal Fusion, Dark Fusion
Clarissa Santos de Paulo Marcell Diniz citados nos créditos e American Tribal Style® – ATS®, além do
Claudio Martins Marcelo Nunes Rocha estudo e prática da Dança Contemporânea e
Cleidson Barbosa de Oliveira Marcelo Nunes Rocha OBRIGADO! :-) ILUSTRAÇÕES: Hatha Yoga. É professora certificada de ATS®
Cristiano Maia Ferreira Márcia Alfredo Kipper – American Tribal Style® e Sister
Daniela Martins da Silva Samuel Casal Studio FCBD®. Dirige com Yoli Mendez
Márcia Janini Baptistão a marca Tribal Skin – Ateliê e Studio.
Dayane Brito Marcos Antônio Sem o apoio de todos vocês a revista
Deodato Mattos facebook.com/Gabriela.Miranda.Tribal
Marcos Roberto dos Santos GOTHIC STATION não existiria! <3 CONTATO:
facebook.com/atelie.tribalskin.curta
Deivid Silva de Souza Maria Fernanda Oteiro henrique_kipper@yahoo.com
(11) 981596458
Foto da capa posterior: Das Ich/divulgação
HANEY PETER HEPPNER MGT DIE FORM STILL PATIENT? THE KNUTZ SOPOR AETERNUS WISBORG
“Scarlett”(2018) A eterna voz do Wolfsheim “Gemini Nyte” (2018) “Baroque Equinox” (2017) “Zeitgeist Weltschmerz” “The Tower” (2018) “The Spiral Sacrifice”(2018) “Tragedy of Seconds
Com destaque para os retorna depois de alguns MGT é o novo projeto Na ativa desde 1977, o Die (2018) Saudades do Bauhaus? Mais uma vez Anna- Gone” (2018)
arranjos vocais, o álbum anos desde seu último gothic-rock do ex-guitarris- Form é um dos grupos Pronto para um dos melho- Neste novo álbum a banda Varney Cantodea realiza Além da beleza da
de estreia da cantora e álbum solo com dois novos ta do Peter Murphy e The vanguardistas res álbuns de gothic rock carioca vai matar um pouco seu trabalho único, mistu- canção criadacom os versos
compositora Haney traz álbuns irmãos de capa Mission, Mark Gemini, com industrial/elecro/darkwave do ano? Esta banda alemã essa sua nostalgia. Mas o rando poesia, sons neoclás- imortais de William Blake,
elementos de Darkwave, semelhante: o “Confessions o ex-vocalista do The Awa- que continua lançando lançou grandes álbuns álbum vai muito além, traz sicos, góticos, medieval e o álbum é uma grande
Indie Pop, Rock Alternativo, & Doubts” com baladas e kening, Ashton Nyte, além trabalhos originais como nos anos 90, e voltou uma complexa torre com de qualquer outro mundo surpresa misturando diver-
Trip Hop e Progressivo, canções mais suaves, e o de várias participações de este até hoje. recentemente com uma vários andares diferentes, com seus vocais e interpre- sas influências do melhor
uma mistura que ela gosta “TanzZwang”, dançante. peso como no álbum “Volu- Confira também os álbuns sonoridade renovada para do post punk ao burlesco, tação sem iguais. Ainda não gothic rock e electro. Um
de chamar de “Rock Triste”. deezer.com/br/ mes” de 2016, confira! anteriores e antigos: o século XXI. Imperdível. da darkwave ao gótico. existe nada parecido. grande álbum de estréia.
facebook.com/haneymusic album/72443922 mgt-official.bandcamp.com dieform.bandcamp.com stillpatient.de theknutz.bandcamp soporaeternus.bandcamp wisborg.bandcamp.com
SELOFAN DESCENDANTS OF CAIN EGO ERIS FAKE DREAMS ASH CODE MONO INC. QNTAL IAMX “Alive is the New
“Vitrioli” (2018) “Conversations “Memento Mori”(2018) “Sonhos”(2018) “Perspektive” (2018) “Welcome to Hell ”(2018) “Nachtblume”(2018) Light” (2018)
O duo Joanna e Dimitris with Mirrors” (2017) “Tu Fui, Ego Eris”: a frase Álbum de estreia dessa A banda se destaca da vasta O novo álbum vem com Desde o começo dos anos Chris Corner, ex- Sneaker
retornam com seu electro & A voz profunda e em latim, muitas vezes banda de Vitória, na onda de bandas minimalistas dois CDs, o primeiro traz 90 um dos precursores da Pimps, é o IAMX, e nos
synthwave em um de seus melancólica se distingue encontrada em epitáfios, melhor tradição do post- surgidas nos últimos anos as versões mais “rock”, mistura de temas medie- traz uma obra prima, um
melhores álbuns até a data. em faixas que não repetem pode ser traduzida como -punk brasileiro com letras pela força e amadurecimen- e o segundo traz versões vais, neoclássicos e vocais álbum de renascimento,
A voz grave e soturna da a mesma fórmula musical, “O que você é, eu era; o que em português e a mágica to de suas composições: mais calmas e clássicas das belíssimos com elementos impossível não ouvir ecos
vocalista continua nos mas mantendo o as raízes eu sou, você será”. Excelen- dos anos 80. A poderosa temos canções aqui, com um mesmas canções. O lança- de electro e synth está de do Bowie glam
encantando e mantendo gothic-rock e as além. te estreia dessa banda de voz de Kelly ressoa sobre trabalho que transita entre o mento foi acompanhado de volta e não decepciona em encontrando pedaços do
clima retrô da melhores echozone.bandcamp.com/ Recife, no estilo Darkwave / teclados e ritmos pulsantes. minimalismo frio e um Sisters vários vídeos que você já realizar seu tradicional melhor da eletrônica alter-
bandas wave dos anos 80 album/conversations-with- Synthpop / Post-Punk. facebook.com/ of Mercy dos anos 80. pode conferir no Youtube. trabalho encantatório. nativa do passada e atual.
selofan.bandcamp.com -mirrors facebook.com/egoeris fakedreamsoficial ashcode.bandcamp.com mono-inc.com qntal.de iamxmusic.com
RELIGIOSA
19,5% cristianismos
neopaganismos
& magias
GÓTICOS
ENTRE OS
cristão
cristão
cristão
cristão
católico: 9,5%
evangélico: 4%
protestante: 2%
não definido: 5%
AMANDA
foram os melhores da minha carreira. no Wave Gotik Treffen (7) é como no velho oeste… com velhos
Meus fãs sabem que isso é o que im- com o Edward Ka Spel? (8) sistemas morrendo e novos sendo ge-
porta para mim. E as novas composi- rados a cada minuto. Todavia, meu ob-
ções que eu tenho produzido pelo meu AMANDA: Foi incrível, embora tenha- jetivo sempre foi o mesmo: encontrar
Patreon (3) são tão, tão boas. mos tido uma tonelada de problemas minha tribo, para fazer música com e
FOTO: KYLE CASSIDY / DIVULGAÇÃO
PALMER
Estou realmente orgulhosa no meu realmente um sonho se tornado reali-
novo material e adorando ter uma co- dade: você não pode imaginar o que a Em outro vídeo você comentou que
munidade de 11 mil pessoas que me música do “The Legendary Pink Dots” “Feminismo não é sobre ser perfei-
apoiam não importando quão esquisi- significou para mim quando eu era ta, mas sobre ser honesta”. Quão
tas sejam as ideias com que eu apareça. adolescente. Era meu mundo inteiro, relevante é a pressão social sobre
Eu finalmente estou totalmente fora do minha luz guia salvadora feita de pa- as mulheres sobre administrar uma
sistema. Projetos completos aconte- lavras e música. Finalmente fazer uma carreira e a maternidade?
TRAD
e The Creatures
do Sisters of Mercy
e The Damned, etc
GOTH
em Londres o Batcave Club, local que
abrigaria uma cena musical e estética
que ficaria conhecida como “gótica”.
Uma das maiores marcas dos jovens
frequentadores do clube era o estilo
visual que ficou marcado sob a no-
menclatura de “Trad Goth”. Da origem
no underground, o gótico chegaria ao
mainstream e se tornaria uma das mais
conhecidas culturas atraindo adeptos
até os dias de hoje.
Anne-Marie Hurst,
vocalista do Skeletal Family
va também um toque de ocultismo e
e do Ghost Dance
misticismo, bem observado no nome
da banda. Ao contrário de alguns trad
goths que investiam num visual andró- Dave Vanian e Laurie Gledson em 1977, quando se casaram
gino, Fields of the Nephilim apostava
um visual bem masculinizado. O ROMANTISMO VAMPÍRICO Quando o casamento entre Dave e locam em sintonia com Vanian. Patri-
DE DAVE VANIAN, Laurie chegou ao fim nos anos 1990, cia se uniu em casamento a Dave em
Houve um momento nos anos 1980 que LAURIE GLEDON Vanian logo encontraria outra compa- meados da década de 1990, a filha do
a música gótica era dominante, o que E PATRÍCIA MORRISON nheira amante dos temas obscuros: casal, Emily, nasce em 2004. Não se-
tornou os góticos conhecidos mun- Patricia Morrison. Assim como ele, ria exagero considerá-los uma dupla de
dialmente. Excêntricos, fãs de pose, Se alguém representa o clássico vampi- Morrison teve um passado punk e pro- poder influente na formação do visual
ultrajantes, mas ultrassofisticados em ro dos romances góticos, este alguém to-goth, fez parte da banda The Bags gótico tradicional, já que muito do que
comparação com outras culturas juve- é Dave Vanian. em 1976 e também das bandas The eles usaram como estilo pessoal se
nis da época, a estética gótica trazia Gun Club e Legal Weapon. tornou o vestuário habitual dos adep-
admiração pelo passado, por literatura Desde meados da década de 1970, o tos da subcultura.
e cinema de terror e ficção científica. vocalista da banda The Damned se Mas a baixista sempre é lembrada por
veste em trajes vampirescos inspira- ter tocado na The Sisters of Mercy e na
Foi justamente o visual muito diferente dos na era vitoriana (veja matéria so- The Damned, do próprio Dave Vanian.
que atraiu a atenção da mídia. Enquan- bre moda vitoriana na Gothic Station SANA SKULL
to homens usavam olhos maquiados, #1): batom preto, rosto pálido, cabelos Morrison é considerada por alguns
penteados para trás, tudo isso acom- como a perfeita garota gótica: longos Cria conteúdo sobre moda
batons, brincos em uma só orelha, para diversas mídias.
também dividiam com as mulheres os panhado de uma longa capa. cabelos negros com os fios do topo da
Carl McCoy, Pesquisadora de Subculturas,
longos cabelos armados e os acessó- cabeça armados, batons escuros, olhos
vocalista do Culturas Alternativas e História
rios em tons de prata. Em 1977, o cantor se casou com Laurie delineados com maquiagem egípcia da Moda.
The Fields Glendon num enlace que duraria vinte com sombras coloridas, longas unhas Fundadora do blog “Moda
of Nephilim anos. negras e um visual que misturava feti- de Subculturas”. Como estilista
Nos pés, creepers, coturnos Doc Mar-
tens, winklepicker (botas pontudas) che e romantismo através de vestidos e produtora, seus trabalhos
FOTOS: DIVULGAÇÃO
ou qualquer outra bota que fosse cheia Basta observar as fotos do casal para antigos e peças em couro negro. abrangem o gótico, punk,
de fivelas eram apreciadas. As garotas se encantar com o que parecia ser um heavy metal e fetichismo.
com rosto embranquecido e batons casal de vampiros vindos direto do sé- Dona de uma elegância sofisticada,
culo 19 se adaptando ao mundo gótico sensual e com uma atitude assertiva, modadesubculturas.com.br
vermelhos se amarravam em esparti-
lhos e os cabelos que no início eram oitentista. características tão peculiares que a co-
Kipper ENTREVISTA
B ACK
LONGA RCH
Contem um pouco da história tre uma banda e outra, foi um trabalho Então a parte de voz já estava compos-
da banda, das produções gravado em estúdio. Era o álbum “be- ta mas eu dei a minha interpretação
anteriores de vocês... ta-quark”, de um trio de música ele- àquilo.
trônica com guitarras com muito efeito
ANA BEATRIZ GAERTNER (BIA): chamado “NoNoMan” (eu, Rogério No- A “Vivie” é uma canção dessa época,
Nos conhecemos acho que em novem- gueira na 2ª guitarra, e Beto Maia no que saiu de uma linha de baixo que
bro de 1993. Estudávamos violoncelo baixo, além de eletrônicos). eu compus no violoncelo. Eu tinha um
e fomos chamados pelo professor para baixo elétrico, mas antes de comprar
integrar uma orquestra de violoncelos. BIA: Aí que a história das duas ban- o baixo, eu ainda estava com 16 ou
E foi aí que tudo começou, foi uma coi- das, o “Back Long Arck” e o “Black 17 anos, eu pegava os meus vinis, por
sa até bem insólita... Morrows” se entrelaçou. O Alexan- exemplo do Joy Division, e eu tocava
dre e o Roberto Maia (Beto) viviam a todas as linhas de baixo no violoncelo,
Eu cheguei na escola de música e na caça de uma vocalista, só que nunca e saia improvisando também.
época eu andava de visualzão, cabelo encontravam, fizeram testes com mais
espetado pra cima, camiseta de banda, de seis vocalistas na época, inclusive A “SlipSlop” tem uma história interes-
toda de preto e tal. Usava uma camise- uma cantora lírica, e ainda não tinham sante, pois ela é o cruzamento de duas
ta do The Cure e ele olhou e disse “Tu é encontrado. linhas vocais, uma minha e outra do
fã do Cure, então?” e eu respondi “Ah, Alexandre. Então se você escuta duas
eu sou fã número 1”, aí ele falou “Pois
então eu sou fã número zero!” (rs). minhas melodias vocais que são completamen-
te independentes entre si, não tem um
(1) Luthier:
pessoa que
constrói ou
conserta
instrumento
musicais
Mas tocou em algumas rádios, na Cul- Siouxsie, dos Eurithmics e do Preten- ALEXANDRE: Sim, eu como sou lu- tras formas. E como músicos eruditos estudou o piano. Ela também é cellista, ficaram mais ácidas no som e mais es-
tura FM, por exemplo. Por meio da aju- ders e cantando em cima. Então mi- thier (1) pesquiso sons acústicos, com a gente tem um olhar sobre o rock e mas é no piano que ela passou mais curas nas notas, a percussão voltou a
da do Marcus Pinheiro, nosso álbum nhas “professoras de canto” foram An- caixas de charuto, cabaças… Estou a música pop diferente, um olhar, um tempo. Por exemplo, a canção “Vivie”, um parâmetro mais eletrônico, e tem
no “Cult 22” por quase um ano... sou- nie Lennox, Siouxsie e Chrissie Hynde. tentando encontrar sonoridades novas ouvido apurado para ruídos, timbres, do Le Feu Rouge a Bia compôs o baixo coisas mais rápidas e dançantes.
bemos de um amigo que tocava uma Principalmente a Siouxsie, em termos nesse terreno. Já tem uma quantida- estruturas… o Alexandre é muito de- usando um cello como baixo!
canção na Sérvia! Tem muito site russo de estilo, voz, atitude de palco etc. de de temas, riffs e motivos musicais talhista no trabalho com timbragem de Está mais darkwave e bem menos eté-
que aponta ou comenta esse disco. gravados. Já fazíamos isso na adoles- guitarra, de drum machine e de todos O que mais vocês contariam sobre rea também e talvez venha um cover
É uma pena não ter sido “nossa cência, eu e Beto, que foi o segundo
parceiro, e virou uma prática de toda
os outros instrumentos. o álbum novo, o que o pessoal pode
esperar dele ao ouvir?
e dois bônus de regravações antigas
do “Muteblast” e talvez um estúdio
mais divulgado na época,
marcaria época!
sensibilidade a vida. ALEXANDRE: Acho que basicamen-
te eu sou mais ligado a forma barro- ALEXANDRE: Bom… estamos com
ao vivo da “Vocalise”. De modo geral,
acredito que será nosso melhor conte-
musical, ela se Então você mesmo constrói ca, por causa do cello. Toco a guitarra o nosso velho drama com baixista… údo autoral ate o momento. Tem coisas
ALEXANDRE: poxa… foi deprê pra
nós… estávamos exaustos com tantas expande da alguns de seus instrumentos?
Já inventou algum novo?
muitas vezes como se toca um cello…
acho que a Bia já tem muito mais o
ainda não sabemos se o Toronto vai
continuar. Por isso, venho trabalhando
próximas do post-punk tanto na gui-
tarra como nas letras…
barreiras. instrumentação e ALEXANDRE: Tocávamos em lixos,
apelo da música romântica, porque ela em baixos sintetizados e as guitarras
Quais eram as referências e inspi- da forma erudita latas, churrasqueiras, furadeiras... sau-
Uma longa amizade
rações musicais de vocês naquela
época e quais são as de hoje? para todas as dosos anos 1980! Sim, o cabacelo é um
dos meus originais. A primeira guitarra criando música
OS SETE
círculo central, e
colunatas do cemitério Vista frontal
de Brompton da capela de
Brompton
Quando se fala de ‘Os Sete Magnífi-
MAGNÍFICOS
cos’, geralmente se trata do filme de
cowboy de 1960. No entanto, aqui em
Londres, esse não é só o título de um
filme, mas também como são chama-
dos os sete grandes cemitérios-jardins
construídos na primeira metade do sé-
culo XIX – durante a transição entre
as eras georgeana e vitoriana. É verda-
de, no entanto, que esses cemitérios
são chamados de ‘Os Sete Magníficos’
devido ao filme, já que coincidem em
número e em nível de esplendor.
São eles:
Escultura em cristal
‘Medusa’ de Iluá Hauck,
exposta dentro da capela
de Brompton
II Sweet Spectra
TENDÊNCIAS
cam as tatuagens com motivos florais; da em 2011, a dançarina-pesquisadora plena em artes cênicas pela Faculdade
piercings; cabelos coloridos; toda sor- apresenta o estilo como “uma dança Dulcina de Moraes, já adotou
te de arranjos com pedrarias, moedas, que representa a atualização estética também o Swásthya Yoga para
pingentes, medalhões e flores sintéti- da fusão contemporânea entre o mo- favorecer sua dança, bem como
cas, que compõem acessórios como derno e o ancestral”. a DançaTeatro e a Dança Negra
bodychains, headpieces, maxicolares, Contemporânea. Busca inspiraração
braceletes e cinturões; trajes que levam MAS AFINAL, também na Dança Butô Japonesa,
tecidos pesados, da renda ao veludo, O QUE É DANÇA TRIBAL? na TeatroDança de Pina Bausch,
do negro ao translúcido, do opulento na metodologia de Klauss e
ao minimalista. É difícil definir a dança tribal assim, Angel Vianna e
em uma frase, sem dar margem à inter- Rudolf Van Laban.
De qualquer modo, é impossível não pretações errôneas. Em 2010, Mariana
olhar para uma dançarina de tribal Quadros publicou um artigo sobre os
duas vezes e tentar decifrar o que ela mitos do tribal que tenta esclarecer al-
Joline Andrade tenta nos transmitir através de sua gumas confusões criadas entre os lei-
(Salvador, BA) postura imperiosa e sua dança carre- gos no assunto.
é bailarina, coreógrafa, gada de uma energia quase palpável.
professora, produtora Reforço aqui os pontos do nosso inte-
e pesquisadora na área Em movimento, ela transborda sensa- resse: dançar tribal não é fazer carão,
da dança. É flicenciada ções e sentimentos; a música, a maior colocar uma música dramática e se
em Dança e no Curso parte das vezes instrumental, parece aventurar em peripécias abdominais
de Dançarino Profissional pulsar do seu corpo, em sintonia com a utilizando um figurino total black,
pela UFBA. alma. Nossos olhos, famintos de curio- assim como também não podemos
Participou de grandes sidade, percorrem a performance com chamar de tribal qualquer fusão criada
eventos internacionais como atenção, sentindo aquela estranheza com dança do ventre. Para compreen-
dançarina e/ou professora. inicial para, em seguida, despertar der esta dança é preciso ir a fundo em
Também é diretora do nossa emoção. seu histórico, matrizes e referências.
EtnoTribes Festival do
espetáculo DRAMOFONE. No palco, deixamos de ser quem so- Em 1969, a bailarina americana Jamila
jolineandrade.com mos no dia a dia para incorporarmos Salimpour fez uma viagem ao Orien-
nossa persona criativa. te e se encantou com os costumes dos
povos tribais e, junto à sua trupe Bal
Ligada aos nossos valores antigos e Anat, resolveu acrescentar e mesclar
facebook.com/Shabbannateatro.TribalDarkFusion
sagrados, o estilo tribal de dança do elementos de dança folclóricas e popu-
ventre traz elementos contemporâne- lares. Passados dez anos, novas trupes
os em sua forma de pensar a dança ao haviam surgido nos Estados Unidos,
mesmo tempo em que a resgata como levando Masha Archer, discípula de
uma prática ritualística das nossas raí- Jamila, ensinar à Carolena Nericcio a
zes antropológicas. técnica criada por Jamila baseada nos
trabalhos de condicionamento mus-
Joline Andrade, bailarina e especialis- cular do ballet clássico adaptados aos
ta em Estudos Contemporâneos sobre movimentos das danças étnicas do
Dança pela Universidade Federal da Oriente.
Bahia (UFBA), apresenta uma visão
contemporânea sobre as práticas atu- Incentivada pelas diferenciações do
ais da dança tribal, norteando discus- novo estilo, Carolena forma sua pró-
sões construtivas sobre o fundamen- pria trupe, Fat Chance Belly Dance®,
talismo na dança. inserindo o que hoje é considerado a
principal característica do que viria a
Em sua monografia, “Processos de Hi- se tornar o American Tribal Style®: o
bridação na Dança Tribal: estratégias improviso coordenado em grupo. A
de transgressões em tempos de globa- sistematização do estilo tribal ameri-
Das Ich foi uma das bandas essenciais dentro do movimento Neue
Deutsche Todeskunst que renovou a música gótica e darkwave na
virada dos anos 80 para os 90, e na formação da cena ligada ao
surgimento do WGT. Bruno Kramm, co-fundador da banda e do
selo Danse Macabre nos fala um pouco sobre essa trajetória.
ALEX TWIN: Bruno, nos conte so- ALEX: O selo e gravadora Danse Ma- ALEX: Das Ich tem um número gi-
bre sua formação musical quando era cabre começou em 1990, certo? Quan- gantesco de fãs ao redor do mundo, o
criança e sobre quando decidiu fazer do você teve a ideia para abrir um selo termo ELECTRO-GOTH surgiu depois
música com uma banda? independente? Conte-nos sobre a tra- que o Das Ich começou?
jetória do selo.
BRUNO KRAMM: Eu tive muitas li- BRUNO: Nós apenas somos os caras
ções de piano clássico e tenho que BRUNO: Na verdade foi em 1989, e de sorte que foram uma das bandas
admitir eu não gostava delas tanto, basicamente eu fundei o selo porque que começaram isso. Poderiam ter sido
porque meu pai era o meu professor e eu não encontrava nenhum outro para quaisquer outros, mas às vezes você só
era muito rígido. Ele morreu quando eu nossa música. Ele se tornou extre- precisa estar com sua música no lugar
tinha dezesseis anos e eu instantanea- mamente bem-sucedido super-rápido certo no momento certo. Nós sempre
mente parei de tocar piano. devido a todas aquelas novas bandas amamos a ideia de colocar mais di-
góticas e darkwave alemãs. mensão na música eletrônica dançante,
Meu grande amor na época (começo criar uma atmosfera mais profunda.
dos anos 1980) era o computador e eu
comecei a programar um computador
Commodore 64, pois queria ser pro- “O Gótico Na minha opinião é realmente muito
importante sempre conectar a música
gramador. Mas com este computador
também aprendi sobre seu sintetiza-
hoje só existe, eletrônica com os sons da música natu-
ral para enraizá-la neste mundo e dar
dor interno e fiquei fascinado. porque temos a ela um significado em vez de desco-
Então, comecei de novo a fazer música esse movimento nectá-la das emoções humanas. Eu até
acredito que a eletrônica alcança mais
comprando meu primeiro Juno 106 e
DX7. Fazia todo tipo de experiências
internacional perspectivas em relação aos Sons Na-
turais. E a música de orquestras clássi-
eletrônicas antes que Stefan (Acker- que é diferente ca apenas enfatiza as ideias dramáticas
mann) e eu decidíssemos começar uma
banda chamada Das Ich. de um país para da música.
DAS ICH
Mas também era tanto trabalho que às e apoiaram Das Ich no show no WGT
BRUNO: Na música, principalmente a vezes eu não tinha tempo de escrever (Wave Gotik Treffen, ver Gothic Sta-
clássica, mas também muita coisa dos novas faixas para o Das Ich. Essa é a tion #2) cantando como convidados.
anos 1980. Liricamente eu sempre fui minha razão para deixar (o selo) um Como isso afetou você, a banda e a
fascinado por Baudelaire e todos os pouco de lado. Mas agora, depois de cena por lá?
expressionistas como Benn e Trackl meus 5 anos sabáticos na política*, eu
(Gottfried Benn, pensador e poeta ale- estou realmente feliz de dirigir o selo BRUNO: Nesse momento eu estava
FOTOS: DIVULGAÇÃO DAS ICH
mão, e Georg Trakl, poeta austríaco). a todo vapor. terrivelmente triste, porque eu pensei
Tudo sempre tem dois lados. Eu estou ALEX: O Brasil tem uma cena peque-
feliz no mundo que estou vivendo e na, apenas no ano passado começa-
não quero girar a roda para trás. mos nossa primeira revista, esta nossa
Gothic Station. Conte-nos sua impres-
são sobre nossa cena, bandas etc…
“a revolução BRUNO: Como a cena de vocês não é
acredito nessas forças, mas de alguma
forma estava funcionando. da internet tão comercial quanto na Alemanha eu
sempre tenho a impressão de que há DISCOGRAFIA:
ALEX: A cena na Alemanha é a maior
também nos muito mais inspiração e criação indivi-
dual na cena underground do Brasil e ÁLBUNS:
do mundo e muitas outras cenas se- deu instrumentos América do Sul.
guem seus charts e bandas principais
etc. O que você pensa sobre isso? Você mais baratos para Eu vi tantos trajes únicos que eram
Die Propheten - 1991
Staub - 1994
concorda?
produzir música... completamente criados pelas próprias Feuer - 1995
NEUE DEUTSCHE TODESKUNST
pessoas. Isso é o que Gótico realmente Das Innere Ich - 1996
BRUNO: Acredito que cada país está e distribuí-la.” significa e isso, às vezes, fica um pou- Egodram - 1997 No final dos anos 1980 e começo dos anos 90 emergiu um movimento relacio-
desenvolvendo sua própria versão da quinho esquecido na Alemanha depois Morgue - 1998 nado à música gótica e darkwave: a Neue Deutsche Todeskunst (ou NDT), que
música gótica e que é isso faz a beleza dessas três décadas de Gótico. Antichrist - 2002 em em uma tradução livre, significa algo como “Nova arte alemã da morte”,
da coisa. Quantidade não conta real- ALEX: Você já veio ao Brasil mais de Lava - 2004 também uma referência a anterior Neue Deutsche Welle (ou NDW).
mente, importa a qualidade e o senti- três vezes. Conte-nos sobre suas expe- E “muito obrigado”… estamos ansio- Cabaret - 2006
mento e, especialmente, em países da riências tocando, ficando por aqui e sos para retornar ao Brasil!
América do Sul há uma visão única do conversando com as pessoas da cena. Com trabalhos extremamente originais, nomes essenciais desse período são
COLETÂNEAS: o Das Ich, Goethes Erben, Endraum, Lacrimosa e Relatives Menschmen, sem
que gótico significa e isso é muito ins- Quais as coisas boas e divertidas que
pirador e fascinante. você se lembra sobre os shows que esquecer Sopor Aeternus, Illuminate, Sanguis et Cinis e muitos outros.
ALEX TWIN Re Laborat - 1999
você fez aqui? Re Capitulation - 1999
O Gótico hoje só existe, porque te- A NDT trazia novidades tanto musicais, quanto líricas quanto visuais. Na lírica,
Organizou alguns dos maiores Relikt - 2003 vemos um enfoque maior em filósofos e poetas como Gottfried Benn, Georg
mos esse movimento internacional que BRUNO: Claro que, antes de mais nada,
festivais internacionais brasileiros Alter Ego - 2007 Trakl, Goethe, expressionimo em geral além de literatura gótica e surrealisma.
é diferente de um país para outro. E o clima para nós da Europa setentrio-
como o Wave Summer Festival (2015) Addendum (2cd) - 2007 Temáticas existencialistas, saudosistas e antireligiosas são recorrentes, assim
isso também carrega uma bonita ideia nal é bastante duro, mas nós gostamos
de um mundo que se une pela arte e e Wave Winter Festival (2016). como o próprio nome do estilo indica, o tema existencial da morte.
demais disso no Brasil. Todas as pes- SINGLES & EPs:
cultura e que não precisa de nenhuma Há 10 anos é proprietário do selo
soas calorosas, a comida e a bebida
fronteira, apenas o espírito humano de brasileiro Wave Records Na música temos um aumento da diversidade com inclusão de elementos neo-
incrível e o total idealismo e dedicação Satanische Verse - 1990
criação. especializado em darkwave. clássicos, instrumentos acústicos ligados a música clássica, desenvolvimento do
de pessoas como você, Alex, que tor- Stigma - 1994
Há mais de 25 anos cria música de eletro-goth que se misturam a darkwave, gothic rock e synth mais tradicionais.
nou nossa vinda possível de novo. Destillat - 1998
ALEX: Hoje, os formatos digitais mu- qualidade participando de grupos
internacionais, como o 3 Cold Men Kindgott - 1998 As performances tendem a incorporar mais elementos teatrais intensos e dra-
daram o Mercado musical. O que você ALEX: O mais recente álbum do Das
e Wintry. e nacionais, como Kannibale - 2008 máticos, em uma estética paralela ao excesso e choques da literatura gótica.
pensa sobre isso e como selos como a Ich foi há alguns anos. Há algum novo
Danse Macabre sobreviverão no futu- Individual Industry e Pecadores.
álbum saindo em breve? new.dasich.de
ro? Ou em breve existirão apenas lan- A NDW ajudou a atualizar a música gótica e darwave nos anos 1990, influen-
çamentos digitais? waverecordsmusic.com ciando o estilo até hoje. Falaremos mais sobre o estilo na próxima edição.
BRUNO: “Infecta” apenas fez uma
&
em seguida, a valorização das imagens negro sobrevive ao incêndio e aparece WILLIAM WILSON
acima dos diálogos – como a priorizar nos portões do castelo da garota que,
uma postura mais contemplativa –, dali em diante, fica obcecada pelo Alain Delon e Brigitte Bardot são di-
uma das marcas do cinema europeu. belo animal, a ponto de pôr tudo a rigidos por Louis Malle na segunda e
Cartaz do filme perder – especialmente, seus excessos mais fiel adaptação dessa história ex-
Outra característica: a seleção das his- de libertinagens em prol de cavalgar li- traordinária, ao menos do ponto de vis-
“Histórias extraordinárias” tórias. Diante da abundância da obra vremente por praias e outras paragens. ta literário. Delon interpreta “William
de Poe, os diretores preteriram clás- Wilson” e somos apresentados à sua
CULPA
sicos famosos e optaram por contos O filme de Vadim é lento e de lingua- trajetória de soldado austríaco que, ar-
menos recorrentes, apesar de não infe- gem extremamente visual. Parece mais rependido por um passado de violência
riores em impacto e qualidade literária. uma forma de expor a exuberante be- ou por medo de alguém que sempre
DECADÊNCIA:
leza de Jane Fonda do que de apro- via e o contestava, recorre a um padre
Mais um elo é a presença dos atores fundar a psique da personagem. Estão para confessar seus pecados.
principais como ponto forte nas narra- ali presentes os sentimentos de culpa,
tivas, sendo que, nas duas primeiras, remorso e pesar que a condessa nutre Pelo relato de Wilson, conheceremos
há a exaltação da beleza feminina das pelo primo. um passado marcado pela incontro-
atrizes Jane Fonda e Brigitte Bardot; e lável vontade de praticar maldades;
na última a interpretação alucinada de A recusa do rapaz – além de ser uma torturas que infligem a outrem agonia
três diretores europeus abordaram trabalhos do mestre: VADIM: METZENGERSTEIN Ele age como Nêmesis, contendo os
Federico Fellini, Louis Malle e Roger Vadim. “Metzengerstein”, dirigido por Roger
Ao tentar domar o animal, algo previ-
sível – haja vista a conduta social a que
excessos de seu suposto clone. Talvez
o que aflore seja a própria culpa latente
O esforço do trio resultou em três narrativas que, juntas, Vadim, expõe a rotina de obscenidades
e crueldades da condessa Metzenger
a moça estava acostumada –, Metzen- no psicológico de Wilson, mas não se
formam o longa “Histórias extraordinárias” (1968). (Jane Fonda). Durante seu dia a dia de
ger tanto reproduz sua forma de agir
como também, de modo inédito, faz
pode concluir. A obra de Poe é intrin-
cada, cheia de caminhos, de interpre-
bacanais, a moça encontra, fortuita- nascer em si desejos de reparação e re- tações.
KIPPER
Um amor que os anjos do céu vieram
a ambos nós invejar.
ILUSTRAÇÃO: BAPTISTÃO
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar.
GOTHIC
STATION ESTILO & CULTURA
N º 4 - Setembro 2018
Entrevistas
exclusivas:
DAS ICH
AMANDA PALMER