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Artigo Escritório de Processo UFRGS
Artigo Escritório de Processo UFRGS
Resumo
A partir do crescimento e sucesso das ações de BPM na UFRGS, houve um aumento significativo
na demanda pelos serviços do Escritório de Processos (EP). Para poder atender a essas demandas, o
EP precisou reorganizar sua forma de trabalho, passando a atuar como apoio técnico em alguns
projetos, ao invés de ter uma atuação direta. No ano de 2014, a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas
(PROGESP), com o intuito de reestruturar os seus processos, contatou o EP para atingir tal
objetivo. Considerando as características do projeto a ser realizado, o EP verificou que essa era uma
boa oportunidade para realizar um projeto como apoio técnico. Como esse tipo de projeto possui
características específicas, o EP e o NPG (setor de melhorias da PROGESP) desenvolveram um
método de atuação para esses casos. Dado isso, o presente trabalho apresenta o método
desenvolvido, a aplicação do trabalho e a contribuição desse tipo de projeto para o EP.
Abstract
The demand for Business Process Office (BPO) services is increasing because of the BPM
initiatives success at UFRGS. Aiming to meet these demands, the BPO had to rearrange its method
of work, starting to act as a technical support in some projects instead of having a direct role. In
2014, the Human Resource Department contacted the BPO in order to restructure their processes.
Considering the characteristics of the project to be realized, the BPO realized that this was a good
opportunity to develop a project as a technical support. Since this type of project has specific
issues, the BPO and the NPG (The Human Resource Department improvement sector) have
developed a method to act in these cases. This paper presents the method developed, the case study
at the Human Resource Department and the contribution of this type of project to BPO.
1. Introdução
É consenso entre os gestores que a forma tradicional como as empresas tem sido
gerenciadas, baseada em uma visão funcional, a qual está relacionada ao forte controle dos gerentes
funcionais e na falta de visão holística por parte dos colaboradores, não é mais adequada ao cenário
atual. Acredita-se que esse tipo de gestão deve dar espaço para a gestão por processos ou Business
Process Management (BPM), que acredita que os processos são parte fundamental de uma
organização, sendo o desempenho organizacional determinado pelo desempenho dos processos.
Alinhado a isso, o BPM prevê que os colaboradores estejam comprometidos com os resultados dos
processos nos quais eles estão envolvidos, não gerando “ilhas” de conhecimento ao longo da
empresa e permitindo o entendimento do impacto de suas tarefas no processo como um todo (DE
SORDI, 2005; MÜLLER, 2003). Portanto, a visão funcional está baseada em controles hierárquicos
verticais (foco do trabalho nas melhorias dos resultados do setor em que o colaborador está
envolvido), enquanto a visão por processos tem como foco uma visão horizontal da empresa (o foco
do trabalho está na melhoria dos processos no qual o colaborador está envolvido,
independentemente dos setores envolvidos nesses processos) (DE SORDI, 2005; MÜLLER, 2003).
A implementação do BPM em uma organização ocorre através de diversas ações como, por
exemplo, a disseminação da cultura dessa nova filosofia de gestão; a criação de recursos humanos
necessários para conduzi-la; e a transformação de processos. Dumas et al. (2012), apresenta as
seguintes etapas para a realização de uma transformação de processos: (i) a identificação do
processo, no qual o processo é localizado na arquitetura de processos da organização; (ii) a
descoberta do processo, onde é realizada a modelagem do estado atual do processo (modelagem AS
IS); (iii) análise, onde são identificados os problemas e possíveis melhorias para o processo; (iv)
redesenho, onde são introduzidas as melhorias identificadas na etapa anterior e realizada a
modelagem do estado futuro do processo (modelagem TO BE); (v) implantação, onde o modelo de
processo se torna executável; e (vi) monitoramento e controle, onde são definidos e implantados os
indicadores de desempenho do processo. É importante ressaltar que, caso os processos sejam
automatizados, essa automação deve ocorrer apenas na etapa (v) implantação dos processos, pois
não se deve realizar a automação dos processos antes de serem realizadas ações de melhorias sobre
eles, visto que isso geraria a automação das ineficiências e dos problemas (HAMMER, 1990;
BURIAN et al., 2014).
No presente trabalho, é apresentada uma aplicação da implementação da Gestão dos
Processos na Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGESP) da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS). Essa demanda foi encaminhada ao Escritório de Processos (EP) da
referida instituição, o qual a analisou e, considerando as características do projeto solicitado e a
capacidade de atendimento do EP, julgou que a melhor forma de atuação seria através de um apoio
técnico para que a própria PROGESP pudesse realizar a modelagem dos seus processos. Ressalta-se
que esse tipo de atuação, no qual o EP atua como apoio técnico na modelagem e melhoria dos
processos, é realizado, geralmente, por organizações que já possuem uma maturidade mais
avançada em BPM. O presente trabalho tem como objetivo apresentar como ocorreu essa aplicação
e discutir os resultados obtidos.
2. Metodologia
2.1. Descrição do Cenário
Desde 2014, a PROGESP, com o intuito de melhorar sua gestão, criou o Núcleo de
Planejamento e Gestão (NPG), o qual tem por objetivo criar e gerenciar iniciativas de melhorias
para a Pró-Reitoria. Uma das iniciativas criadas pelo NPG foi a criação de um projeto para a Gestão
dos Processos de responsabilidade da PROGESP, pois acreditava-se que essa ação possibilitaria a
melhor gestão do conhecimento e o melhor desempenho dos processos executados pela Pró-
Reitoria. Nesse contexto, o NPG fez uma parceria com o EP para verificar como poderia ser
executado o referido projeto. A partir desses contatos, ficou definido que a operacionalização do
projeto seria de responsabilidade da PROGESP e o EP atuaria como apoio técnico.
Para a realização do projeto, foi construído um método de aplicação pelo NPG e o EP,
contemplando todas as ações a serem realizadas para a realização do projeto na PROGESP: (i)
sensibilização dos servidores; (ii) priorização dos processos; (iii) capacitação dos servidores; (iv)
modelagem AS IS; (v) análise; e (vi) modelagem TO BE. A etapa (i) diz respeito a sensibilização. A
etapa (ii) está relacionada à identificação dos processos que seriam prioritários para receberem
atuação e a (iii) à capacitação dos servidores da PROGESP envolvidos nos processos a serem
atuados. A etapa (iv) é a modelagem do estado atual do processo a fim de se definir padrões e
identificar melhorias para os processos. A etapa (v) é o momento de realizar a análise dos processos,
baseado no que foi levantado na etapa (iv), e propor melhorias. Por fim, na etapa (vi), é desenhado o
estado futuro do processo, contemplando as melhorias identificadas na etapa (v). É importante
ressaltar que o método de aplicação considera a participação conjunta do NPG e do EP na condução
do projeto. O método de aplicação está apresentado na Figura 1.
Figura 1 - Método de aplicação para a Gestão de Processos na PROGESP
Com a finalização da Fase I do projeto, foi realizada uma avaliação do projeto com todos
os envolvido e o planejamento da Fase II. Definiu-se que, na Fase II, os bolsistas teriam mais
independência na atuação, não sendo mais necessárias as reuniões semanais de acompanhamento
junto ao EP. Além disso, a validação interna ocorreria apenas nos processos considerados de alta
complexidade. É importante ressaltar que, durante a execução da Fase II, houve a alteração de toda
a equipe de bolsistas. Além disso, houve a diminuição do número de bolsistas de 3 para 2 bolsistas.
Nessa fase, além da realização da modelagem AS IS dos processos não contemplados na
Fase I, seria realizada a análise e a modelagem TO BE de alguns processos. Essas novas atribuições
exigiam que fosse criada uma nova sistemática de trabalho. Dessa forma, foi planejado que cada
processo a ser modelado TO BE, deveria ser verificado entre o EP e o NPG, sendo criado um plano
de ação específico para cada caso. A ideia era que, quanto maior a necessidade de mudança no
processo, maior seria o aprofundamento da análise.
Os resultados obtidos, no entanto, foram distantes do que havia sido planejado. Identificou-
se que muitos processos que, originalmente, haviam sido planejados para serem TO BE eram, na
verdade, apenas uma atualização do modelo do processo de trabalho existente. Ressalta-se que a
modelagem TO BE prevê a proposição de uma situação futura, a qual, ao longo do tempo, será
implementada. No entanto, no caso da PROGESP, muitos processos eram apenas a atualização da
situação atual, ou seja, não geravam nenhum plano de implementação e, portanto, não se
caracterizando como modelo TO BE. Na Fase II, constatou-se, também, que houve uma queda na
qualidade dos processos a serem modelados AS IS. Além disso, houve um atraso na finalização e na
entrega dos modelos de processos.
4. Discussão dos Resultados
5. Conclusão
6. Referências
Burian, P. R.; Burian, P. S.; Maffei III, F. R. S.; Peiffer; M. A.. Principles Driven Leadership :
Thoughts , Observations and Conceptual Model. International Journal of Management &
Information Systems, v. 18, n. 1, p. 1–10, 2014.
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2005. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=XKSDtwAACAAJ>.
Dumas, M.; La Rosa, M.; Mendling, J.; et al. Fundamentals of Business Process Management.
Berlin, Heidelberg: Springer Berlin Heidelberg, 2013. Disponível em:
<http://link.springer.com/10.1007/978-3-642-33143-5>. Acesso em: 18 Oct. 2014.
Hammer, M.. Reengineering Work: Don’t Automate, Obliterate. HARVARD BUSINESS
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Müller, C. J.. Modelo de Gestão Integrando Planejamento Estratégico, Sistemas de Avaliação de
Desempenho e Gerenciamento de Processos (MEIO – Modelo de Estratégia, Indicadores e
Operações ). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2003.