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DIREITO

PROCESSUAL CIVIL
Processo

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Processo
Lídia Marangon

Sumário
Processo.........................................................................................................................4
Apresentação..................................................................................................................4
1. Conceito de Processo...................................................................................................5
2. Constitucionalização do Direito Processual.................................................................8
3. Normas Fundamentais do Processo Civil. . ...................................................................8
3.1. Instauração do Processo por Iniciativa da Parte. . .................................................... 10
3.2. Desenvolvimento do Processo por Impulso Oficial. . ................................................ 11
3.3. Devido Processo Legal............................................................................................ 11
3.4. Dignidade da Pessoa Humana..................................................................................17
3.5. Legalidade. ............................................................................................................. 19
3.6. Contraditório. ......................................................................................................... 19
3.7. Publicidade.............................................................................................................23
3.8. Duração Razoável do Processo..............................................................................25
3.9. Igualdade Processual ou Isonomia......................................................................... 27
3.10. Eficiência............................................................................................................. 28
3.11. Boa-fé Processual.................................................................................................29
3.12. Efetividade. ...........................................................................................................34
3.13. Adequação............................................................................................................34
3.14. Cooperação. ..........................................................................................................36
3.15. Respeito ao Autorregramento da Vontade no Processo. . ......................................39
3.16. Primazia da Decisão de Mérito............................................................................. 40
3.17. Instauração do Processo por Iniciativa da Parte e Desenvolvimento do Processo
por Impulso Oficial........................................................................................................43
3.18. Regra da Obediência à Ordem Cronológica de Conclusão......................................44

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Questões de Concurso...................................................................................................46
Gabarito........................................................................................................................59
Gabarito Comentado. .................................................................................................... 60

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Lídia Marangon

PROCESSO
Apresentação

Olá, querido(a) aluno(a)!

Aqui quem escreve é a professora Lídia Marangon. No Gran Cursos Online, ministro aulas

de Direito Processual Civil e sou coordenadora dos cursos de Defensorias Públicas Estaduais

e Defensoria Pública da União.

Iniciaremos agora uma preparação completa para os concursos de carreiras jurídicas.

Trata-se, sem dúvida alguma, de uma excelente oportunidade de ingressar em uma dessas bri-

lhantes carreiras, levando-se em consideração tanto as funções (de magistrados, promotores,

defensores públicos e advogados públicos) como a remuneração dos cargos em questão.

As bancas escolhidas para organizar tais concursos são as mais diversas, mas focare-

mos nas principais bancas examinadoras. Compreenderemos os principais entendimentos

e autores utilizados pelas bancas e resolveremos questões cobradas anteriormente nos

concursos públicos. Com isso, poderemos treinar todo o conhecimento aprendido nas aulas.

É importante deixar claro que muitas das questões abordam mais de uma temática e,

nesse caso, comentaremos essas alternativas, mesmo que aquele conteúdo não faça parte

do assunto da aula.

Professora, como posso aperfeiçoar meus estudos para os concursos de carreira jurídica?

Indico a resolução de muitas questões associadas ao estudo da jurisprudência do Superior

Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal. Obviamente, a doutrina, associada ao


estudo de lei seca, também é importante e ajuda a consolidar conhecimentos para as demais
fases dos certames. Por isso, nossas aulas contemplarão todos esses aspectos. Tente
garantir o máximo de pontos possíveis nas primeiras fases. Esse é o caminho certo para a
aprovação.

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É extremamente importante criar uma base sólida em Direito Processual Civil, que possi-

bilitará, com o tempo, o alcance de um alto nível de conhecimento e de acertos nas questões

de prova.

Comecei minha trajetória nos concursos há algum tempo. O primeiro concurso no qual fui

nomeada foi para o cargo de Advogado dos Correios. Nele, nem cheguei a assumir o cargo, por-

que, logo em seguida, fui alcançando outros resultados, como Técnico Administrativo do TJDFT,

Técnico Administrativo do TRF 1ª Região, Analista Processual do MPU, Analista Judiciário/Exe-

cução de Mandados do TJDFT, Analista Judiciário do STJ, Analista Judiciário do TRT 2ª Região,

e por fim, Defensora Pública do Distrito Federal, meu grande objetivo. Em todos esses concursos,

fui nomeada, tendo tomado posse primeiramente no TJDFT, em seguida no MPU e, por último,

na DPDF.

Já estive na sua posição e sei bem como é difícil o caminho até a aprovação no concurso

dos sonhos. Saiba, porém, que valem a pena o esforço e a abdicação. Não tenha medo de

encarar seus desafios. Seja forte e determinado(a). Após a aprovação, cada um desses mo-

mentos de dificuldade será lembrado apenas como algo que passou rapidamente e você será

vitorioso(a)!

Conte comigo nessa caminhada!

Feitas as apresentações iniciais, vamos à luta!

Nessa aula, abordaremos os seguintes pontos:

1. Conceito de Processo

2. Constitucionalização do Direito Processual

3. Normas Fundamentais do Processo Civil

Vamos lá?

1. Conceito de Processo

Querido(a) aluno(a), para que façamos uma introdução ao estudo do Direito Processual
Civil, é importante que, inicialmente, você saiba o conceito de processo.

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Segundo Fredie Didier Júnior, processo pode ser compreendido como um método de
criação de normas jurídicas. Pode também, contudo, ser compreendido como ato jurídico
complexo e, nesse caso, é sinônimo de procedimento. Além disso, há o entendimento de
processo como relação jurídica.
Veja o esquema abaixo para compreender melhor:

Para quem entende que processo é o método de criação de normas jurídicas, o processo
seria o modo de produção da norma, pois o poder de criação de normas somente pode ser
exercido processualmente. Nesse contexto, há:

• o processo legislativo, que corresponde à produção de normas gerais pelo Poder

Legislativo;

• o processo administrativo, que corresponde à produção de normas gerais e individua-

lizadas pela administração pública;

• o processo jurisdicional, que corresponde à produção de normas pela jurisdição.

Atualmente, é possível ainda conceber o processo negocial.

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Do que se trata esse último processo?

Trata-se do método de criação de normas jurídicas pela autonomia privada.

Perceba que o artigo 190 do Código de Processo Civil (CPC) de 2015 prevê a possibilidade

de as partes convencionarem sobre vários aspectos processuais, como seus ônus, poderes,

faculdades e deveres processuais. É a chamada cláusula geral de negócio jurídico processual.

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes ple-
namente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa
e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante
o processo.

Para quem entende que o processo é um ato jurídico complexo, ele é visto como ato de

formação sucessiva, pois os vários atos que o compõem sucedem-se no tempo em busca da

prestação jurisdicional.

Para quem entende que o processo é um conjunto de relações jurídicas, seria ele um agru-

pamento de relações, de natureza jurídica, que se estabelecem entre os sujeitos processuais.

E quem seriam esses sujeitos processuais?

Todos aqueles, que de alguma forma, participam do processo, como o juiz, as partes, os
auxiliares da justiça, os defensores públicos, os promotores de justiça e os advogados. Para
grande parte da doutrina, essa corrente é a mais aceita, sendo o processo uma relação jurídica
de Direito Processual que se exterioriza por meio do procedimento.
Por fim, perceba que os três conceitos de processo expostos não são antagônicos, tanto
que o artigo 14 do CPC/2015 trata o processo tanto como um conjunto de “atos processuais
praticados” quanto como um conjunto de relações jurídicas. Veja:

Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em
curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a
vigência da norma revogada.

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2. Constitucionalização do Direito Processual


Agora, trataremos de um tema muito interessante. A constitucionalização do Direito
Processual.
É muito importante que você observe o teor do artigo 1º do CPC, pois ele traz em seu bojo
o reconhecimento do fenômeno da constitucionalização do Direito Processual.

Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas
fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as
disposições deste Código.

Esse é um artigo que demonstra a tomada de posição do legislador no sentido de reco-


nhecer a força normativa da Constituição e que as normas de Direito Processual Civil não
podem ser compreendidas de modo afastado do texto constitucional.
Conforme os doutrinadores, esse fenômeno da constitucionalização do Direito Processual
pode ser visto sob dois aspectos, o primeiro correspondendo à incorporação aos textos
constitucionais de normas processuais, inclusive como direitos fundamentais (o devido pro-
cesso legal, o princípio do juiz natural e o contraditório, por exemplo); e o segundo ao exame
das normas processuais infraconstitucionais como caracterizadoras das disposições constitu-
cionais. Nesse ponto, podemos afirmar que o diálogo entre processualistas e constitucionalistas
se tornou mais intenso.
Por fim, o que se torna bem claro com a constitucionalização do Direito Processual é
que as normas processuais não podem ser vistas sem o devido confronto com as normas
constitucionais.
É fundamental perceber que o legislador busca, cada vez mais, reconhecer a força normativa
da Constituição ao elaborar a legislação infraconstitucional.

3. Normas Fundamentais do Processo Civil

Um dos temas mais cobrados em provas de concursos para as carreiras jurídicas é o que
trata das normas fundamentais do processo civil. Perceba que o CPC de 2015 trouxe um título
exclusivo, no Livro I, para tratar dessas normas fundamentais (artigos 1º ao 12).

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O que são as normas fundamentais?

São normas processuais que formam a base do Direito Processual Civil Fundamental, as
quais são, algumas vezes, consideradas princípios, outras consideradas regras, como afirmado
pelo Fórum Permanente de Processualistas Civis. Confira:

Enunciado n. 370, FPPC:


Norma processual fundamental pode ser regra ou princípio.

Algumas dessas normas decorrem diretamente da própria Constituição Federal; outras,


do próprio CPC, que dedicou um capítulo inteiro a elas (artigos 1º ao 12).

Podemos dizer que as normas são fundamentais porque estruturam o modelo de processo
civil brasileiro?

Sim. Essas normas fundamentais, previstas nos primeiros artigos do CPC/2015, servem
de base para todas as demais normas jurídicas processuais civis.
Além disso, o rol de normas fundamentais previsto nesse capítulo, nos artigos 1º ao 12
do CPC/2015, não é taxativo, mas meramente exemplificativo. Isso significa que há outras
normas fundamentais do processo civil brasileiro espalhadas no CPC.

Exemplos:
O princípio de respeito ao autorregramento da vontade no processo e o dever de observância dos
precedentes judiciais são considerados, por grande parte da doutrina, normas fundamentais.

Também temos um enunciado do Fórum Permanente de Processualistas Civis que afirma


exatamente isso:

Enunciado n. 369/FPPC:
O rol de normas fundamentais previsto no Capítulo I do Título Único do Livro I da Parte
Geral do CPC não é exaustivo.

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Trataremos agora das normas fundamentais expressas previstas no CPC.

No artigo 2º do CPC, temos a seguinte previsão:

Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as ex-
ceções previstas em lei.

Esse artigo corresponde a duas regras importantes. A primeira delas é conhecida como a
regra da instauração do processo por iniciativa da parte:

3.1. Instauração do Processo por Iniciativa da Parte


O processo civil começa por iniciativa da parte.
Quanto a essa regra, é importante atentar para os seguintes pontos:
• O CPC/1973 permitia, no artigo 989, que o juiz desse início de ofício ao processo de
inventário. O CPC/2015 não mais permite:

Art. 615. O requerimento de inventário e de partilha incumbe a quem estiver na posse e na admi-
nistração do espólio, no prazo estabelecido no art. 611.

• A execução de sentença de obrigação de fazer, não fazer ou dar coisa, desde que essa
coisa não seja dinheiro, pode ser instaurada de ofício. O mesmo não acontece com a
execução de sentença para pagamento de quantia, pois, nesse caso, haverá necessida-
de de provocação da parte. Perceba a redação dos artigos do CPC colacionados abaixo:

Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de


não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a
obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satis-
fação do exequente.
Art. 538. Não cumprida a obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido na sentença, será
expedido mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, conforme se
tratar de coisa móvel ou imóvel.
Art. 513, § 1º O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou
definitivo, far-se-á a requerimento do exequente.

• Alguns incidentes processuais podem ser instaurados de ofício.

Exemplos:
O incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 976), conflito de competência (art. 951)
e o incidente de arguição de inconstitucionalidade (art. 948).

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A outra regra trazida pelo artigo 2º do CPC é a do desenvolvimento do processo por


impulso oficial.

3.2. Desenvolvimento do Processo por Impulso Oficial

Essa regra traduz o ensinamento de que o processo se desenvolve por impulso oficial,
sem a necessidade de novas provocações da parte. Uma vez que a parte dê início ao processo,
cabe ao juiz conduzi-lo e dar o devido andamento.
Quanto à regra do desenvolvimento do processo por impulso oficial, observa-se que:
• não impede que o autor desista da demanda;
• há a possibilidade de as partes, convencionalmente, limitarem o impulso oficial, com
fundamento no artigo 190 do CPC;
• o dever de impulso oficial não se estende à fase recursal, já que cabe à parte a iniciativa
de interpor o recurso devido, salvo nos casos de remessa necessária.

3.3. Devido Processo Legal

É um princípio previsto no inciso LIV do artigo 5º da Constituição Federal:

Art. 5º, LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.

A doutrina entende que esse princípio confere, a todo sujeito de direito, o direito funda-
mental a um processo devido, justo e equitativo.
É importante você lembrar que o princípio do devido processo legal é visto como base
norteadora de todos os demais princípios a serem observados no processo. Isso se deve
à sua importância no ordenamento jurídico, uma vez que tal princípio é utilizado, inclusive,
como uma espécie de limitador da administração pública, a fim de que ela não aja com des-
respeito aos direitos fundamentais reconhecidos nas relações jurídicas de natureza privada.
Na doutrina, há bastante divergência com relação à origem desse princípio, mas é bas-
tante comum os autores afirmarem a Magna Carta de 1215 como o mais remoto documento
histórico que o consagre em seu texto. No entanto, alguns doutrinadores informam que a
origem de tal princípio é germânica e ainda mais antiga.

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Fique atento(a), pois as bancas examinadoras costumam questionar se o princípio do

devido processo legal é uma cláusula geral. A resposta é afirmativa. Por ser, sim, uma cláusula

geral, há um conteúdo mínimo desse princípio que deve ser observado para que o processo

seja considerado devido.

Qual conteúdo mínimo?

A seguir, serão listados esses conteúdos:

• observância do contraditório e da ampla defesa com tratamento paritário às partes do

processo;

• observância da duração razoável do processo;

• proibição do retrocesso dos direitos fundamentais;

• proibição de provas ilícitas;

• publicidade do processo;

• garantia do juiz natural;

• necessidade de fundamentação das decisões judiciais;

• garantia do acesso à justiça.

O devido processo legal é direito fundamental, que pode ser compreendido em duas

dimensões:

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Inicialmente, vamos falar sobre o devido processo legal formal, também conhecido como

procedural due process. No sentido formal, temos a definição tradicional desse princípio, que

corresponde à observância dos princípios processuais na condução dos processos, como

o direito ao contraditório, ao juiz natural e a uma razoável duração do processo. Essa é a

dimensão mais famosa e conhecida desse princípio. Em outras palavras, seria o mesmo que

objetivamente respeitar as normas processuais.


Contudo, isso, por si só, não basta, uma vez que um processo devido não é apenas
o que respeita as exigências formais. Há necessidade de algo mais: um processo que
gere decisões substancialmente devidas. Por isso, foi desenvolvida a noção de devido
processo legal substancial.
O devido processo legal substancial também é conhecido como substantive due process,
ideia desenvolvida nos Estados Unidos. De acordo com a jurisprudência do STF e diversos
doutrinadores brasileiros, o devido processo legal, em sua dimensão substancial, é a fonte

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dos deveres de proporcionalidade e razoabilidade. Desse modo, o devido processo legal im-
põe que tanto o órgão julgador quanto o legislador tomem decisões razoáveis e proporcionais.
O artigo 8º do CPC consagra, expressamente, o dever de observância da proporcionalidade

e da razoabilidade na aplicação do ordenamento jurídico. Observe:

Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporciona-
lidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

O devido processo legal se aplica às relações jurídicas privadas?

Essa é uma pergunta importante e a resposta é afirmativa.


Você já deve ter ouvido falar da eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Isso sig-
nifica que a Constituição Federal, ao prever direitos fundamentais, admite sua aplicação nas
relações entre particulares.
Assim, é crucial saber que o devido processo legal se aplica, também, às relações jurídicas

privadas, seja na fase pré-negocial, seja na fase executiva do negócio jurídico.

Exemplo:

Observe o teor do artigo 57 do Código Civil:

Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em

procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.

Perceba que, para que uma associação exclua um associado de seus quadros, há neces-

sidade da observância de um procedimento; não basta a simples exclusão. Nesse sentido, em

2005, o STF enfrentou a teoria da aplicação dos direitos fundamentais às relações jurídicas

privadas, como consta no informativo n. 405.

Por meio dele, o STF decidiu, ao apreciar litígio entre clube e associado, que os direitos

fundamentais, inclusive os processuais, aplicam-se às relações entre particulares, o que se

denomina eficácia horizontal dos direitos fundamentais.

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Dessa maneira, não é lícito, também no âmbito das relações privadas, restrição a qualquer
direito sem observar o princípio do devido processo legal.
Confira um trecho do julgado:

Sociedade Civil de Direito Privado e Ampla Defesa


A Turma, concluindo julgamento, negou provimento a recurso extraordinário interposto
contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro que mantivera deci-
são que reintegrara associado excluído do quadro da sociedade civil União Brasileira
de Compositores (UBC), sob o entendimento de que fora violado o seu direito de defesa,
em virtude de o mesmo não ter tido a oportunidade de refutar o ato que resultara na
sua punição - v. Informativos n. 351, 370 e 385. Entendeu-se ser, na espécie, hipótese
de aplicação direta dos direitos fundamentais às relações privadas. Ressaltou-se que,
em razão de a UBC integrar a estrutura do ECAD (Escritório Central de Arrecadação e
Distribuição), entidade de relevante papel no âmbito do sistema brasileiro de proteção
aos direitos autorais, seria incontroverso que, no caso, ao restringir as possibilidades
de defesa do recorrido, a recorrente assumira posição privilegiada para determinar, pre-
ponderantemente, a extensão do gozo e da fruição dos direitos autorais de seu asso-
ciado. Concluiu-se que as penalidades impostas pela recorrente ao recorrido extrapo-
laram a liberdade do direito de associação e, em especial, o de defesa, sendo imperiosa
a observância, em face das peculiaridades do caso, das garantias constitucionais do
devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. Vencidos a Min. Ellen Gracie,
relatora, e o Min. Carlos Velloso, que davam provimento ao recurso, por entender que a
retirada de um sócio de entidade privada é solucionada a partir das regras do estatuto
social e da legislação civil em vigor, sendo incabível a invocação do princípio constitu-
cional da ampla defesa.
RE n. 201819/RJ, rel.: Min. Ellen Gracie, rel p/ acórdão: Min. Gilmar Mendes, 11.10.2005.
(RE-201819)

Excetuando essa situação (exclusão de associado), existe alguma outra em que se aplique
o devido processo legal às relações privadas?

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Existe. Considere o caso a seguir.


Observe o teor do artigo 1.337 do Código Civil:

Art. 1.337. O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus deveres
perante o condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminos restantes, ser cons-
trangido a pagar multa correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as
despesas condominiais, conforme a gravidade das faltas e a reiteração, independentemente de
perdas e danos que se apurem.
Parágrafo único. O condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamento antis-
social, gerar incompatibilidade de convivência com os demais condôminos ou possuidores,
poderá ser constrangido a pagar multa correspondente ao décuplo do valor atribuído à contri-
buição para as despesas condominiais, até ulterior deliberação da assembleia.

Perceba, da leitura desse artigo, que o Código Civil prevê que, se o condômino apre-
sentar reiterado comportamento antissocial, poderá ser punido com sanção pecuniária, ou
seja, uma multa.

Para que o condomínio aplique essa multa, é necessário que garanta ao condômino direi-
to ao contraditório e à ampla defesa?

Com certeza. Aqui, temos mais um exemplo da aplicação da eficácia horizontal dos direi-
tos fundamentais. Nesse sentido, o STJ decidiu que a sanção prevista para o comportamento
antissocial reiterado de condômino não pode ser aplicada sem que antes lhe seja conferido o
direito de defesa.
Confira um trecho do julgado:

A sanção prevista para o comportamento antissocial reiterado de condômino (art. 1.337, parágrafo
único, do CC) não pode ser aplicada sem que antes lhe seja conferido o direito de defesa.
De fato, o Código Civil – na linha de suas diretrizes de socialidade, cunho de humanização do di-
reito e de vivência social, eticidade, na busca de solução mais justa e equitativa, e operabilidade,
alcançando o direito em sua concretude – previu, no âmbito da função social da posse e da pro-
priedade, no particular, a proteção da convivência coletiva na propriedade horizontal. Assim, os
condôminos podem usar, fruir e livremente dispor das suas unidades habitacionais, assim como
das áreas comuns (art. 1.335 do CC), desde que respeitem outros direitos e preceitos da legislação
e da convenção condominial. Nesse passo, o art. 1.337 do CC estabelece sancionamento para o
condômino que reiteradamente venha a violar seus deveres para com o condomínio, além de ins-
tituir, em seu parágrafo único, punição extrema àquele que reitera comportamento antissocial. A
doutrina especializada reconhece a necessidade de garantir o contraditório ao condômino infrator,

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possibilitando, assim, o exercício de seu direito de defesa. A propósito, esta é a conclusão do enun-
ciado 92 da I Jornada de Direito Civil do CJF: “Art. 1.337. As sanções do art. 1.337 do novo Código
Civil não podem ser aplicadas sem que se garanta direito de defesa ao condômino nocivo.” Por se
tratar de punição imputada por conduta contrária ao direito, na esteira da visão civil-constitucional
do sistema, deve-se reconhecer a aplicação imediata dos princípios que protegem a pessoa huma-
na nas relações entre particulares, a reconhecida eficácia horizontal dos direitos fundamentais, que
também deve incidir nas relações condominiais, para assegurar, na medida do possível, a ampla
defesa e o contraditório. Ressalte-se que a gravidade da punição do condômino antissocial, sem
nenhuma garantia de ampla defesa, contraditório ou devido processo legal, na medida do possível,
acaba por onerar consideravelmente o suposto infrator, o qual fica impossibilitado de demonstrar,
por qualquer motivo, que seu comportamento não era antijurídico nem afetou a harmonia, a qua-
lidade de vida e o bem-estar geral, sob pena de restringir o seu próprio direito de propriedade. Por
fim, convém esclarecer que a prévia notificação não visa conferir uma última chance ao condômino
nocivo, facultando-lhe, mais uma vez, a possibilidade de mudança de seu comportamento nocivo.
Em verdade, a advertência é para que o condômino faltoso venha prestar esclarecimentos aos de-
mais condôminos e, posteriormente, a assembleia possa decidir sobre o mérito da punição.
REsp n. 1.365.279-SP, rel.: Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/8/2015, DJe 29/9/2015.

Note que a doutrina também já se debruçou sobre o tema. Temos um enunciado da I Jor-
nada de Direito Civil do CJF que o aborda.

Enunciado n. 92/CJF:
Art. 1.337.
As sanções do art. 1.337 do novo Código Civil não podem ser aplicadas sem que se
garanta direito de defesa ao condômino nocivo.

3.4. Dignidade da Pessoa Humana

O princípio da dignidade da pessoa humana tem previsão legal no artigo 8º do CPC, cuja
redação é a que segue:

Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporciona-
lidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

Da leitura do artigo 8º do CPC, percebe-se, claramente, que o CPC exige que o julgador
resguarde e promova a dignidade da pessoa humana, no processo civil brasileiro.

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Essa exigência de resguardo e promoção tem a finalidade de garantir ao indivíduo que, de


um lado, o Estado não viole a dignidade humana e, de outro, promova-a e a efetive. Outra fina-
lidade é a humanização do processo civil, ou seja, a construção de um processo civil atento a
problemas reais que afetem a dignidade da pessoa.
A seguir temos alguns exemplos da aplicação desse princípio no CPC.
Veja o teor do artigo 162, inciso III, do CPC:

Art. 162. O juiz nomeará intérprete ou tradutor quando necessário para:


III – realizar a interpretação simultânea dos depoimentos das partes e testemunhas com deficiên-
cia auditiva que se comuniquem por meio da Língua Brasileira de Sinais, ou equivalente, quando
assim for solicitado.

Perceba que esse artigo resguarda o direito, à pessoa com deficiência auditiva, de comu-
nicar-se, em audiências, por meio de Libras, em claro respeito à dignidade da pessoa humana.
Também é possível afirmar que o CPC, ao prever a impenhorabilidade de certos bens no
artigo 833, visa garantir a aplicação desse princípio.
É com base nesse entendimento que o Superior Tribunal de Justiça entende que a
pequena propriedade rural é impenhorável, nos termos do art. 5º, inciso XXVI, da Consti-
tuição Federal e do art. 833, inciso VIII, do CPC, mesmo que o imóvel não sirva de moradia
ao executado e à sua família, pois, com esse entendimento, visa-se garantir ao executa-
do a preservação de um patrimônio mínimo, do qual lhe seja possível extrair condições
dignas de subsistência. (STJ. 3ª Turma. REsp n. 1.591.298-RJ, rel.: Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 14/11/2017, Info n. 616).
Outro exemplo é a previsão do artigo 1.048, inciso I, do CPC que trata da tramitação prio-
ritária de processos de pessoas idosas ou com doenças graves.

Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais:
I – em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6º,
inciso XIV, da Lei n. 7.713, de 22 de dezembro de 1988

O princípio da dignidade da pessoa humana pode ser estendido às pessoas jurídicas?

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Embora seja comum relacionar a dignidade da pessoa humana à pessoa natural, a doutri-

na possui posicionamento no sentido de que o princípio deve ser estendido a todo aquele que

pode ser parte, como pessoas jurídicas, condomínios, nascituros etc., uma vez que é neces-

sário garantir a qualquer parte um tratamento digno.

3.5. Legalidade

De acordo com o princípio da legalidade, o juiz deve decidir, em conformidade com o Direito,

qualquer que seja a sua fonte, não apenas com base na lei. Além disso, o dever de observar a

legalidade deve ser compatibilizado com o dever de o órgão jurisdicional fazer o controle de

constitucionalidade da lei ao não aplicar uma lei inconstitucional.

O princípio também está previsto no artigo 8º do CPC.

Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporciona-
lidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

3.6. Contraditório

Um dos mais importantes princípios, o contraditório é claramente derivado do princípio do


devido processo legal.

É aplicado não só no âmbito jurisdicional, mas também no administrativo e no negocial.

A Constituição Federal prevê o princípio do contraditório no artigo 5º, inciso LV. Confira:

Art. 5º, LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes

Esse princípio é composto de duas garantias, ou duas dimensões:

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A garantia da participação corresponde à dimensão formal do princípio do contraditório.


É a garantia de ser ouvido, de participar do processo, de serem comunicados atos proces-
suais, de poder manifestar-se no processo.
A dimensão substancial corresponde ao poder de influenciar as decisões do órgão jurisdi-
cional. É o denominado poder de influência da parte. Não basta que a parte seja ouvida. A ela
deve ser conferida a possibilidade de influenciar a decisão judicial. É essa dimensão que im-
pede, por exemplo, a prolação de decisões dotadas de surpresa para as partes. Isso significa
que as questões que serão submetidas a julgamento devem passar antes pelo contraditório.
A dimensão substancial do contraditório está concretizada no artigo 10 do CPC. Confira:

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito
do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria
sobre a qual deva decidir de ofício.

Assim, não pode o órgão jurisdicional decidir com base em argumento, questão jurídica
ou questão de fato que não tenha sido submetida previamente às partes no processo. Nesse
caso, há necessidade de que o órgão jurisdicional intime as partes para manifestar-se a res-
peito do assunto, principalmente em razão do exercício democrático e cooperativo do poder

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jurisdicional. Isso também visa evitar a decisão-surpresa, a qual é nula por violação ao
princípio do contraditório.
Observe que foi com base no princípio do contraditório que o STJ decidiu que o recurso
interposto pela Defensoria Pública, na qualidade de curadora especial, está dispensado do
pagamento de preparo.

Confira um trecho do julgado:

A Corte Especial, em apreciação aos embargos de divergência, pacificou o entendimento


que encontrava dissonância no âmbito do Tribunal com relação à isenção do recolhi-
mento do preparo recursal nos casos em que a Defensoria Pública, no exercício de suas
funções institucionais, atua como curadora especial. O acórdão embargado entendeu
que “não é possível a concessão de assistência judiciária gratuita ao réu citado por edital
que, quedando-se revel, passou a ser defendido por Defensor Público na qualidade de
curador especial, pois inexiste nos autos a comprovação da hipossuficiência da parte”.
Ao revés, o aresto paradigma perfilhou o entendimento de que “quando há a atuação da
Defensoria Pública, há a presunção de hipossuficiência”. Deve-se observar que, se o réu
é revel e está sendo assistido pela Defensoria Pública, a exigência do pagamento das
custas processuais implica, na prática, a impossibilidade de interposição do recurso,
uma vez que não se pode esperar tampouco exigir que o curador especial efetue o paga-
mento do preparo por sua conta. Aliás, não é essa a sua função. A Defensoria Pública
tão somente tem o múnus público de exercer a curadoria especial nos casos previstos
em lei. Desse modo, tendo em vista os princípios do contraditório e da ampla defesa,
o recurso interposto pela Defensoria Pública, na qualidade de curadora especial, está
dispensado do pagamento de preparo. (EAREsp n. 978.895-SP, rel.: Min. Maria Thereza
de Assis Moura, por unanimidade, julgado em 18/12/2018, DJe 04/02/2019, Info n. 641)

Um negócio jurídico processual pode reestruturar a conformação do contraditório?

Sabemos que o artigo 190 do CPC permite a celebração de negócios jurídicos processuais
atípicos. Vamos conferir o teor do artigo:

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Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes ple-
namente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa
e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante
o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas
neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em
contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.

Diante disso, a ampla doutrina entende que um negócio jurídico processual feito entre as
partes pode, sim, reestruturar a conformação do contraditório. Por isso, o controle judicial
do efetivo contraditório somente pode ocorrer nos casos de nulidade, inserção abusiva em
contrato de adesão ou manifesta situação de vulnerabilidade da parte. Isso significa que o

magistrado não poderia interferir na vontade das partes quanto ao modo pelo qual decidiram

conformar o contraditório naquele processo específico.

No processo arbitral também há necessidade de respeito ao princípio do contraditório?

Sim. Veja que a Lei da Arbitragem (Lei n. 9.307/1996) traz, em seu artigo 21, expressa

previsão nesse sentido:

Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de


arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade
especializada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral,
regular o procedimento.
§ 2º Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da igual-
dade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento.

Há relação entre a ampla defesa e o princípio do contraditório?

Com toda certeza, já que a ampla defesa é direito fundamental de ambas as partes e

consiste no conjunto de meios adequados para o exercício efetivo e adequado do contraditório,

de modo que podemos concluir que a ampla defesa corresponde ao aspecto substancial do

princípio do contraditório.

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3.7. Publicidade

O direito fundamental à publicidade está garantido na Constituição Federal, no artigo 5º,

inciso LX.

Art. 5º, LX. A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimi-
dade ou o interesse social o exigirem

Isso significa que os atos processuais devem ser, via de regra, públicos, pois processo
devido é processo público.

Quais seriam as funções da publicidade dos atos processuais?

A publicidade processual tem duas dimensões:

• interna: publicidade para as partes;

• externa: publicidade para terceiros, que pode ser restringida em alguns casos.

O artigo 189 do CPC é a regra que dá densidade normativa ao princípio da publicidade e

determina que alguns processos devam tramitar em segredo de justiça. Vamos conferir.

Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos:
I – em que o exija o interesse público ou social;
II – que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação,
alimentos e guarda de crianças e adolescentes;

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III – em que constem dados protegidos pelo Direito Constitucional à intimidade;


IV – que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a con-
fidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
§ 1º. O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir cer-
tidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.
§ 2º. O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da
sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.

No CPC, há outros artigos que versam sobre o princípio da publicidade:

Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do
bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das
partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.

O processo arbitral pode ser sigiloso?

Sim, pode, sigilo esse que se restringe à publicidade externa. No entanto, a arbitragem que
envolve entes públicos não pode ser sigilosa. Fique atento(a) quanto à essa circunstância.

Lei n. 9.307/1996. Art. 2º A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes.
§ 3º A arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito e respeitará o prin-
cípio da publicidade.

Há também o Enunciado n. 15 do Fórum Permanente de Processualistas Civis que trata


desse tema.

Enunciado n. 15 FPPC:
As arbitragens que envolvam a administração pública respeitarão o princípio da publi-
cidade, observadas as exceções legais (vide art. 2”, § 3º, da Lei n. 9.307/1996, com a
redação da Lei n. 13.129/2015).

Quando tratamos do princípio do contraditório, foi dito que um negócio jurídico proces-
sual pode reestruturar sua conformação. Seria possível que as partes pactuem o sigilo
processual com fundamento no artigo 190 do CPC?

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A resposta aqui é negativa para a maioria dos doutrinadores. O artigo 190 do CPC autoriza
a celebração de negócios jurídicos processuais atípicos. No entanto, não se admite o pacto
de sigilo processual, ou seja, um segredo de justiça de origem negocial. Aqui, temos em jogo
o princípio das motivações das decisões judiciais e a publicidade tornaria efetiva o controle
dessas decisões.

3.8. Duração Razoável do Processo

Para que o processo seja devido, você concorda que ele precisa ter uma duração razoável?

A EC n. 45/2004 incluiu o inciso LXXVIII no artigo 5º da Constituição, prevendo que “a


todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo
e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. No entanto, esse princípio já era
previsto em tratados internacionais aos quais o Brasil aderiu.
No CPC, a previsão legal desse princípio encontra-se no artigo 4º.

Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a
atividade satisfativa.

Observe que o artigo 4º do CPC esclarece que o princípio da duração razoável do processo
se aplica, inclusive, à atividade satisfativa, que corresponde à fase executiva.
Seguindo essa mesma tendência, o CPC previu que cabe ao magistrado primar pela dura-
ção razoável do processo. Veja:

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
II – velar pela duração razoável do processo;

Como se pode saber se o processo está tendo ou não duração razoável? Existem critérios
para se determinar isso?

Sim. Os critérios foram firmados pela Corte Europeia dos Direitos Humanos. São eles:

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A seguir, serão dados exemplos de alguns mecanismos que visam efetivar a razoável
duração do processo.
• A previsão de um calendário processual, conforme dispõe o artigo 191 do CPC, é um
desses mecanismos, pois visa evitar a perda de tempo desnecessária para o deslinde
da controvérsia.

Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos pro-
cessuais, quando for o caso.

• A representação por excesso de prazo, conforme dispõe o artigo 235 do CPC, também é
um exemplo de mecanismo que visa garantir a duração razoável do processo.

Art. 235. Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao corre-
gedor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça contra juiz ou relator que injustificadamente
exceder os prazos previstos em lei, regulamento ou regimento interno.

Ainda quanto a esse princípio, é importante deixar claro que a duração razoável do
processo não é o mesmo que princípio da celeridade. Aliás, para a doutrina, esse último nem
sequer existe. O processo não tem que ser rápido ou célere, pois, na verdade, deve demorar o
tempo necessário e adequado à solução do caso submetido ao poder judiciário. Isso significa
que não podemos passar por cima dos direitos e atos processuais obrigatórios com a desculpa
de termos um processo célere.

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3.9. Igualdade Processual ou Isonomia

O princípio da igualdade processual está previsto no artigo 7º do CPC e visa, justamente,


evitar que haja algum tipo de discriminação no processo, sem que haja um motivo justo
para tanto.

Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e facul-


dades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções proces-
suais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.

Sobre o artigo acima, o Fórum Permanente de Processualistas Civis editou o seguinte

enunciado:

Enunciado n. 379/FPPC:
O exercício dos poderes de direção do processo pelo juiz deve observar a paridade de
armas das partes.

É importante, para realizar minhas provas, conhecer os enunciados do FPPC?

Sem dúvida. As bancas examinadoras adoram cobrar os enunciados e você não pode
perder pontos por desconhecê-los. Fora isso, os enunciados ajudam bastante a interpretar os
artigos do CPC.
Segundo Fredie Didier, os aspectos que a igualdade processual deve observar são os seguintes:

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No entanto, deve ser observado que, em certos casos, há necessidade de tratamento distinto
justamente para garantir a igualdade entre as partes. É o caso, por exemplo, da nomeação de
curador especial para incapazes no processo.
Podemos destacar, ainda, que os artigos 926 e 927 do CPC, quando afirmam que cabe aos
tribunais manter sua jurisprudência estável, íntegra e coerente e que juízes e tribunais devem
observar determinados pronunciamentos, estão visando, também, à garantia do princípio da
isonomia, pois é certo que a diversidade de decisões sobre um mesmo tema não observa a
mínima previsibilidade que se espera do Poder Judiciário e, com isso, restam afetadas a
segurança jurídica e a igualdade.

3.10. Eficiência
O princípio da eficiência resulta da previsão contida no artigo 37, caput, da Constituição
Federal de 1988, um dispositivo que também se dirige ao Poder Judiciário. No CPC, sua
previsão legal está no artigo 8º.

Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporciona-
lidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

O que é uma atuação eficiente?

A atuação eficiente é aquela que implica a necessidade de condução eficiente do proces-


so pelo órgão jurisdicional. Em outras palavras, é a que promove os fins do processo de modo
satisfatório em termos:
• quantitativos: significa não escolher meios que promovam resultados insignificantes;
• qualitativos: significa não escolher meios que produzam muitos efeitos negativos;
• probabilísticos: significa não escolher meios de resultado duvidoso.

Processo eficiente é diferente de processo efetivo?

Sim. Efetivo é o processo que realiza o direito afirmado e reconhecido judicialmente.


Eficiente é o processo que atingiu esse resultado de modo satisfatório, observando os termos
anteriormente expostos (qualidade, quantidade e probabilidade).

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3.11. Boa-fé Processual

Um dos princípios mais importantes do Direito Processual Civil é o da boa-fé processual.


Sua previsão está contida no artigo 5º do CPC.

Art. 5º. Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a
boa-fé.

Observe que a boa-fé prevista no artigo 5º do CPC não diz respeito à boa-fé subjetiva. A
boa-fé processual deve ser entendida como norma de conduta e independe das boas ou más
intenções das partes.
Esse princípio também é considerado cláusula geral processual, visto que não há enu-
meração na lei das condutas consideradas desleais, embora existam regras processuais que
concretizem o princípio, como as normas sobre litigância de má-fé, previstas nos artigos 79
a 81 do CPC.
Observe, ainda, que todas as vezes em que existir um vínculo jurídico, as partes envolvi-
das devem não frustrar a confiança razoável do outro, devendo comportar-se como se pode
esperar de uma pessoa de boa-fé. Isso significa que o princípio da boa-fé objetiva deve ser
aplicado em todos os ramos do Direito, não apenas no Direito Processual Civil.

A exigência de agir de acordo com a boa-fé processual é direcionada apenas às partes?

Essa é uma pergunta muito cobrada pelas bancas e sua resposta é não. O STF e o STJ
entendem que a exigência de comportamento segundo a boa-fé se dirige a todos os sujeitos
processuais, inclusive ao juiz.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. NULIDADE DE ATO PROCESSUAL DE SERVENTUÁRIO.


EFEITOS SOBRE ATOS PRATICADOS DE BOA-FÉ PELAS PARTES.
A eventual nulidade declarada pelo juiz de ato processual praticado pelo serventuário
não pode retroagir para prejudicar os atos praticados de boa-fé pelas partes. O princípio
da lealdade processual, de matiz constitucional e consubstanciado no art. 14 do CPC,
aplica-se não só às partes, mas a todos os sujeitos que porventura atuem no processo.

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Dessa forma, no processo, exige-se dos magistrados e dos serventuários da Justiça


conduta pautada por lealdade e boa-fé, sendo vedados os comportamentos contradi-
tórios. Assim, eventuais erros praticados pelo servidor não podem prejudicar a parte de
boa-fé. Entendimento contrário resultaria na possibilidade de comportamento contradi-
tório do Estado-Juiz, que geraria perplexidade na parte que, agindo de boa-fé, seria pre-
judicada pela nulidade eventualmente declarada. Assim, certidão de intimação tornada
sem efeito por serventuário não pode ser considerada para aferição da tempestividade
de recurso. Precedente citado: AgRg no AgRg no Ag n. 1.097.814-SP, DJe 8/9/2009.
AgRg no AREsp n. 91.311-DF, rel.: Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 6/12/2012.
(STJ, AgRg no AREsp n. 91.311, Informativo n. 511)
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO INTERPOSTO ANTES DA PUBLICAÇÃO DO
ACÓRDÃO. CONHECIMENTO. INSTRUMENTALISMO PROCESSUAL. PRECLUSÃO QUE
NÃO PODE PREJUDICAR A PARTE QUE CONTRIBUI PARA A CELERIDADE DO PROCESSO.
BOA-FÉ EXIGIDA DO ESTADO-JUIZ. DOUTRINA. RECENTE JURISPRUDÊNCIA DO PLE-
NÁRIO. MÉRITO. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. RECURSO
CONHECIDO E REJEITADO.
1. A doutrina moderna ressalta o advento da fase instrumentalista do Direito Processual,
ante a necessidade de interpretar os seus institutos sempre do modo mais favorável ao
acesso à justiça (art. 5º, XXXV, CRFB) e à efetividade dos direitos materiais (OLIVEIRA,
Carlos Alberto Álvaro de. O formalismo-valorativo no confronto com o formalismo exces-
sivo. In: Revista de Processo, São Paulo: RT, n. 137, p. 7-31, 2006; DINAMARCO, Cândido
Rangel. A instrumentalidade do processo. 14. ed. São Paulo: Malheiros, 2009; BEDA-
QUE, José Roberto dos Santos. Efetividade do Processo e Técnica Processual. 3. ed. São
Paulo: Malheiros, 2010).
2. A forma, se imposta rigidamente, sem dúvidas conduz ao perigo do arbítrio das leis, nos
moldes do velho brocardo dura lex, sed lex (BODART, Bruno Vinícius Da Rós. Simplificação
e adaptabilidade no anteprojeto do novo CPC brasileiro. In: O Novo Processo Civil Brasi-
leiro Direito em Expectativa. Org. Luiz Fux. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 76).
3. As preclusões se destinam a permitir o regular e célere desenvolvimento do feito, por
isso que não é possível penalizar a parte que age de boa-fé e contribui para o progresso
da marcha processual com o não conhecimento do recurso, arriscando conferir o direito
à parte que não faz jus em razão de um purismo formal injustificado.

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4. O formalismo desmesurado ignora a boa-fé processual que se exige de todos os sujei-


tos do processo, inclusive, e com maior razão, do Estado-Juiz, bem como se afasta da
visão neoconstitucionalista do Direito, cuja teoria proscreve o legicentrismo e o forma-
lismo interpretativo na análise do sistema jurídico, desenvolvendo mecanismos para a
efetividade dos princípios constitucionais que abarcam os valores mais caros à nossa
sociedade (COMANDUCCI, Paolo. Formas de (neo)constitucionalismo: un análisis meta-
teórico. Trad. Miguel Carbonell. In: Isonomía. Revista de Teoría y Filosofía del Derecho,
n. 16, 2002).
[...]
9. Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.
(STF, HC n. 101.132, Informativo 665)

No mesmo sentido, temos o Enunciado n. 375 do Fórum Permanente de Processualistas

Civis. Confira:

Enunciado n. 375/FPPC:
O órgão jurisdicional também deve comportar-se de acordo com a boa-fé objetiva.

Existe mais algum enunciado importante sobre o princípio da boa-fé objetiva?

Claro. Temos, ainda, os seguintes:

Enunciado n. 374/FPPC:
O art. 5º prevê a boa-fé objetiva
Enunciado n. 376/FPPC:
A vedação do comportamento contraditório aplica-se ao órgão jurisdicional.
Enunciado n. 377/FPPC:
A boa-fé objetiva impede que o julgador profira, sem motivar a alteração, decisões dife-
rentes sobre uma mesma questão de Direito aplicável às situações de fato análogas,
ainda que em processos distintos.

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Enunciado n. 378/FPPC:
A boa fé processual orienta a interpretação da postulação e da sentença, permite a repri-
menda do abuso de Direito Processual e das condutas dolosas de todos os sujeitos pro-
cessuais e veda seus comportamentos contraditórios.

Segundo a doutrina alemã, há quatro casos de aplicação da boa-fé objetiva ao processo:


• Proibição de agir de má-fé.

Exemplos:
Requerimento doloso da citação por edital, a própria litigância de má-fé, prevista no artigo 80
do CPC, a atuação dolosa do juiz.

Art. 258/CPC. A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente a ocorrência das circuns-
tâncias autorizadoras para sua realização, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário-mínimo.
Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do citando.
Art. 80/CPC. Considera-se litigante de má-fé aquele que:
I – deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II – alterar a verdade dos fatos;
III – usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV – opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V – proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
VI – provocar incidente manifestamente infundado;
VII – interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Art. 81/CPC. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que
deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar
a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com
todas as despesas que efetuou.
Art. 143/CPC. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
I – no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude

• Proibição de comportamento processual contraditório (venire contra factum proprium).


É a proibição de exercício de uma situação jurídica contrária a um comportamento an-

terior que tenha gerado no outro uma expectativa legítima de manutenção da coerência.

Exemplos:
Recorrer de uma decisão que já havia aceitado ou pedir a invalidação de ato a cujo defeito
deu causa.

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Confira os artigos correspondentes:

Art. 1.000/CPC. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer.
Art. 276/CPC. Quando a lei prescrever determinada forma sob pena de nulidade, a decretação desta
não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.

• Proibição de abuso de direitos processuais.

Exemplos:

Abuso do direito de recorrer, abuso na escolha dos meios executivos.

Art. 80/CPC. Considera-se litigante de má-fé aquele que:


VII – interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Art. 805/CPC. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará
que se faça pelo modo menos gravoso para o executado.

• Perda de poderes processuais em razão do seu não exercício (suppressio). Corresponde


à perda de poderes processuais em razão do seu não exercício por tempo suficiente para
fazer o outro sujeito ter a confiança legítima de que esse poder não mais seria exercido.

Exemplo:
Perda do poder do juiz de examinar a admissibilidade do processo após anos de tramitação
regular, sem que ninguém haja suscitado a questão.

Ainda quanto ao princípio da boa-fé, é importante ressaltar que, no plano do Direito Mate-
rial, há o dever de mitigar o prejuízo ou as perdas, conhecido como duty to mitigate the loss,
conforme podemos notar do teor do Enunciado n. 169 do CJF (Conselho da Justiça Federal):

Enunciado n. 169/CJF:
O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo.

Por fim, é importante ressaltar que o negócio jurídico é uma espécie de fato jurídico que tem
como suporte fático manifestação de vontade das partes envolvidas. Assim, a boa-fé é pressu-
posto também do negócio jurídico, desde o início das suas tratativas até a sua conclusão.

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Em razão desse entendimento, foi editado o Enunciado n. 407 do Fórum Permanente de


Processualistas Civis. Confira:

Enunciado n. 407/FPPC:
Nos negócios processuais, as partes e o juiz são obrigados a guardar nas tratativas, na
conclusão e na execução do negócio o princípio da boa-fé.

3.12. Efetividade

Segundo esse princípio, os direitos, além de reconhecidos, devem ser efetivados. De nada
adiantaria reconhecer o direito sem dar à parte os meios necessários para a sua efetivação.
Por isso, podemos dizer que esse princípio garante o direito fundamental à tutela executiva.

Isso está previsto no artigo 4º do CPC.

Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a
atividade satisfativa.

É preciso ter atenção a esse artigo. Leia e releia várias vezes. A maioria das provas muda
sua redação para excluir a atividade satisfativa.

3.13. Adequação

Segundo a doutrina, o princípio da adequação pode ser visualizado em três dimensões:

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Esse princípio define que um processo, para ser considerado adequado, tem que ser devido.
• A adequação legislativa do processo é sempre prévia e feita em abstrato. Corresponde
à dimensão informadora da produção legislativa das regras processuais.
• A adequação jurisdicional é a que confere ao órgão julgador poderes para conformar
o procedimento às peculiaridades do caso concreto. Nesse caso, permite-se ao juiz a
correção do procedimento que, por exemplo, revele-se inconstitucional, por ferir um
direito fundamental processual da parte. Em outras palavras, essa dimensão permite
ao juiz adaptar o procedimento às peculiaridades da causa que lhe é submetida.

Isso quer dizer que o juiz pode adaptar as regras processuais ao caso concreto?

Sim, considerando o entendimento de grande parte da doutrina e a existência de regras


gerais que autorizam a adequação jurisdicional do procedimento.

Exemplo:
O artigo 139, inciso VI, do CPC permite ao juiz dilatar os prazos processuais e alterar a ordem
de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a
conferir maior efetividade à tutela do Direito.

Confira o teor do Enunciado n. 107 do Fórum Permanente de Processualistas Civis, que


reforça esse entendimento:

Enunciado n. 107/FPPC:
O juiz pode, de ofício, dilatar o prazo para a parte se manifestar sobre a prova documen-
tal produzida.

O juiz pode, de ofício, dilatar o prazo para a parte se manifestar sobre a prova documental
produzida.
• A adequação negocial é aquela que deriva de negócios processuais celebrados pelos
sujeitos processuais. Há no CPC, no artigo 190, uma autorização genérica de as partes
poderem ajustar o procedimento atipicamente.

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Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas
neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em
contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.

3.14. Cooperação

O princípio da cooperação é aquele que imputa aos sujeitos processuais alguns deveres,
como o de lealdade, o de esclarecimento, o de consulta, o de prevenção e o de proteção.
Tradicionalmente, a doutrina concebia a existência de dois modelos de processo:

• No modelo adversarial, o processo é organizado de modo a ser conduzido pelas par-


tes. O modelo adversarial assume a forma de competição, desenvolvendo-se como
um conflito entre as partes, diante de um órgão jurisdicional relativamente passivo. O
processo deve ser regido pelo princípio dispositivo, segundo o qual a proeminência do
processo pertence às partes, ou seja, fica à disposição delas.
• Já no modelo inquisitorial, há um protagonismo do órgão julgador, não das partes.
Nesse caso, incide o princípio inquisitivo. Tantos mais poderes forem atribuídos ao
juiz, mais ajustado ao princípio inquisitivo o processo será.

Fredie Didier entende que o modelo brasileiro é cooperativo, considerando que haveria um
equilíbrio entre as características de um e outro modelos.

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• No modelo cooperativo de processo, não há protagonistas, de modo que, independen-


temente do papel que exerçam, prevalece o cooperativismo. A condução do processo
deixa de ser determinada exclusivamente pela vontade das partes. Também não há
uma condução inquisitorial do processo pelo magistrado. Não há destaque para qualquer
dos sujeitos processuais.

Há previsão expressa do princípio da cooperação no CPC?

Sim, no artigo 6º.

Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

Esclareceremos agora o que significam os deveres que fazem parte do conceito da


cooperação.
• Dever de esclarecimento: as partes devem redigir sua demanda com clareza e coerên-
cia, e o tribunal deve se esclarecer junto às partes quanto às dúvidas que tenha sobre
suas alegações, com a finalidade de evitar que o magistrado tome decisões precipita-
das, açodadas. Além disso, o órgão jurisdicional tem o dever de esclarecer seus pró-
prios pronunciamentos para as partes, com fundamento no dever de motivação.
• Dever de consulta: é uma variante do dever de esclarecimento. Não pode o órgão ju-
risdicional decidir com base em questão de fato ou de direito sem que tenha dado às
partes o direito de manifestação prévia.
• Dever de prevenção: o magistrado tem o dever de apontar as deficiências das postula-
ções das partes para que elas sejam corrigidas. Visamos, com a prevenção, evitar que
o êxito da ação ou da defesa possa ser frustrado pelo uso inadequado do processo.

Exemplos:
De acordo com o artigo 76 do CPC, se o juiz verificar a incapacidade processual ou a irregu-
laridade da representação da parte, suspenderá o processo e designará prazo razoável para
que seja sanado o vício; não simplesmente extinguirá o processo.

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Outro exemplo é o previsto no artigo 1.029, § 3º, do CPC, que afirma que tanto o Supremo
Tribunal Federal como o Superior Tribunal de Justiça podem desconsiderar vício formal de
recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o reputem grave.

Você já ouviu falar da Teoria dos Jogos e do Equilíbrio de Nash? O que isso tem a ver com
o princípio da cooperação1?

A Teoria dos Jogos consiste em um dos ramos da matemática aplicada e da economia,


o qual estuda situações estratégicas em que participantes se engajem em um processo de
análise de decisões baseando sua conduta na expectativa de comportamento da pessoa com
quem se interage.
Inicialmente, entendeu-se que a regra básica das relações seria a competição. Se cada
um lutar para garantir melhor parte para si, os competidores mais qualificados ganhariam um
maior quinhão. Desse modo, um dos competidores, para ganhar, deveria levar necessaria-
mente o adversário à derrota. Nesse sentido, a teoria seria totalmente não cooperativa.
No entanto, John Nash partiu de outro pressuposto. Enquanto outros estudiosos partiam
da ideia de competição, John Nash introduziu o elemento cooperativo na Teoria dos Jogos. A
ideia de cooperação não seria totalmente incompatível com o pensamento de ganho individu-
al, já que, para Nash, a cooperação torna possível maximizar ganhos individuais cooperando
com o outro participante (até então adversário).
Assim, podemos afirmar que John Nash partiu do seguinte pressuposto: seria possível
agregar valor ao resultado do jogo por meio da cooperação.
Conclui-se, dessa maneira, que o processo, como relação jurídica que é, tem total relação
com a Teoria dos Jogos, devendo-se buscar ao máximo o equilíbrio na relação por meio da
aplicação do princípio da cooperação, de modo que ambas as partes ganhem, tanto individu-
almente como coletivamente.
Observe que as bancas examinadoras têm cobrado o tema.

1
Para o assunto, indica-se leitura do Manual de Mediação Judicial do CNJ, disponível em: http://www.cnj.jus.br/files/con-
teudo/arquivo/2016/07/f247f5ce60df2774c59d6e2dddbfec54.pdf.

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Questão 1 (FCC/DPE-MA/DEFENSOR PÚBLICO/2018) O conceito de Equilíbrio de Nash


(NASH, John F. Theory of Games and Economic Behavior, 1944) na Teoria dos Jogos:
a) trata de teoria de comportamento econômico, sem qualquer relevância para o estudo da
mediação em demandas judiciais.
b) tem como principal elemento a competição entre os envolvidos na disputa, de modo que
deve prevalecer quem tem maior mérito.
c) é absolutamente incompatível com os escopos e finalidades da mediação como instru-
mento de autocomposição.
d) tem por finalidade assegurar a absoluta igualdade entre as partes envolvidas em um litígio
judicial.
e) é compatível com a cooperação, pois combinando estratégias entre os jogadores alcança-se
melhor resultado, individual e coletivamente.2

3.15. Respeito ao Autorregramento da Vontade no Processo

A primeira observação a ser mencionada sobre esse princípio é que o poder de autorre-
gramento da vontade no processo não é ilimitado. Por envolver o exercício de uma função
pública, que é a jurisdição, a negociação processual se torna mais regulada e seu objeto,
mais restrito.
Esse princípio tem por finalidade a obtenção de um ambiente processual em que o direito
de se autorregular possa ser exercido sem restrições infundadas, ou seja, tornar o processo
um espaço propício para o exercício da liberdade.

É possível afirmar que existe um microssistema de proteção do exercício da livre vontade


no processo?

2
Letra e.

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Sim, é possível.
• O CPC é estruturado de modo a estimular a solução do conflito por autocomposição.
• O CPC prevê muitos negócios processuais típicos, como a eleição negocial do foro, o
calendário processual, o acordo para a suspensão do processo etc.
• O CPC prevê, no artigo 190, uma cláusula geral de negociação processual, que permite
a realização de negócios jurídicos processuais atípicos.
• A arbitragem tem bastante prestígio no Direito brasileiro.

Todas essas circunstâncias levam a doutrina a pensar na existência de um microssistema


de proteção do exercício livre da vontade no processo.

3.16. Primazia da Decisão de Mérito

Para esse princípio, o magistrado deve priorizar a decisão de mérito e tê-la como objetivo
principal.
Na prática, isso significa que o magistrado deve buscar conduzir o processo aprovei-
tando ao máximo os atos processuais, evitar reconhecer nulidades quando puderem ser
sanadas e deixar de lado formalidades excessivas, destituídas de fundamento.

Esse é um princípio previsto no artigo 4º do CPC:

Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a
atividade satisfativa.

No entanto, há diversos outros dispositivos no CPC que reforçam esse princípio:

Art. 6º. Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder à parte oportu-
nidade para, se possível, corrigir o vício.
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou
que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará
que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que
deve ser corrigido ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

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Esse princípio se aplica somente em primeira instância?

Não, é aplicável também na instância recursal, o que significa que há necessidade de se


dar preferência à análise do mérito recursal em vez de não conhecer recurso por defeitos que
possam ser sanados ou mesmo desconsiderados. Perceba que esse princípio busca fortalecer
também o reconhecimento do direito material da parte em detrimento das velhas “picuinhas”
jurídicas.
Observe os seguintes artigos do CPC como exemplo da aplicação desse princípio na fase
recursal.

Art. 932. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo
de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação
exigível.
Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela
legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena
de deserção.
§ 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção,
cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar
o vício no prazo de 5 (cinco) dias.

Perceba que, antes de inadmitir o recurso, o relator deve dar oportunidade ao recorrente
de sanar o vício existente ou complementar a documentação faltante.
Perceba também que, havendo equívoco no preenchimento da guia de custas do recurso,
o relator não vai de imediato declarar o recurso deserto, mas dar oportunidade de o recorrente
sanar o vício. Isso visa justamente evitar o não conhecimento do recurso e decidir o mérito.
É também importante dizer que a primazia da decisão de mérito tem sido reconhecida no
âmbito dos tribunais superiores.
No EAREsp n. 742.240-MG, o STJ entendeu que o interessado deverá ser intimado para
a realização do preparo recursal nas hipóteses de indeferimento ou de não processamento
do pedido de gratuidade da justiça; ou seja, se o pedido de gratuidade da justiça for feito
na fase recursal e for indeferido, é preciso que o recorrente seja intimado para que realize
o pagamento do preparo antes de o relator declarar o recurso deserto, evitando-se, assim,
aquela velha jurisprudência defensiva dos tribunais em detrimento do princípio da primazia
do julgamento de mérito.

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Confira um trecho do julgado:

A Corte Especial do STJ, em apreciação aos embargos de divergência, pacificou o enten-


dimento que encontrava dissonância no âmbito do Tribunal sobre a necessidade, ou
não, de intimar o interessado para a realização do preparo quando reconhecida como
incorreta a formulação do pedido de assistência judiciária gratuita na própria petição
do Recurso Especial. O acórdão embargado, da Primeira Turma, decidiu que o recurso
seria deserto, pois o pedido de benefício de assistência judiciária gratuita deveria ter
sido feito em autos apartados. Ao revés, o aresto paradigma, da Quarta Turma, decidiu
que no caso de indeferimento, há que oportunizar à parte o pagamento do preparo. O
CPC/2015, em seu art. 99, avançou em relação ao tema da assistência judiciária gra-
tuita, por permitir que o requerimento seja formulado por qualquer meio e, nos casos do
seu indeferimento, que o interessado seja intimado para a realização do preparo. Assim,
nada mais razoável para se tornarem efetivos os direitos fundamentais de assistência
jurídica das pessoas economicamente hipossuficientes (art. 5º, LXXIV, da CF/1988) e
de amplo acesso à Justiça (art. 5º, XXXV, da CF/1988) que seja assegurada ao jurisdi-
cionado não somente a possibilidade de protocolizar o pedido de assistência judiciária
por qualquer meio processual e em qualquer fase do processo, mas também, caso inde-
ferido o pedido, que seja intimado para que realize o recolhimento das custas e porte de
remessa e retorno, quando for o caso.
EAREsp n. 742.240-MG, rel.: Min. Herman Benjamin, por unanimidade, julgado em
19/09/2018, DJe 27/02/2019 (Informativo n. 643).

Ainda sobre o princípio da primazia da decisão de mérito, temos o Enunciado n. 372 do


Fórum Permanente de Processualistas Civis.

Enunciado n. 372/FPPC:
O art. 4º tem aplicação em todas as fases e em todos os tipos de procedimento, inclu-
sive em incidentes processuais e na instância recursal, impondo ao órgão jurisdicional
viabilizar o saneamento de vícios para examinar o mérito, sempre que seja possível a
sua correção.

Na fase executiva, a aplicação do princípio visa garantir a satisfação do crédito exequendo,


evitando-se extinções formais das execuções, que ocorrem quando a execução é extinta não
porque o crédito foi satisfeito, mas por motivos de mera formalidade.

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3.17. Instauração do Processo por Iniciativa da Parte e


Desenvolvimento do Processo por Impulso Oficial
Para que o Poder Judiciário possa atuar no caso concreto, é necessário que seja provo-
cado. Isso significa que há necessidade de uma iniciativa da parte, decorrente da inércia da
jurisdição.
Ocorre que, uma vez que a parte tome essa iniciativa e dê início ao processo, caberá ao
juiz impulsioná-lo, por meio de um caminho, uma estrutura lógica, a fim de alcançar a decisão
de mérito justa e efetiva.
Essas duas regras estão previstas expressamente no artigo 2º do CPC:

Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as ex-
ceções previstas em lei.

Quanto à regra de instauração do processo por iniciativa das partes, seguem algumas
observações importantes:
• o CPC de 1973 permitia, no artigo 989, que o juiz desse início de ofício ao processo de
inventário. O CPC 2015 não mais permite;
• a execução de sentença de fazer, não fazer ou dar coisa (distinta de dinheiro) pode ser
instaurada de ofício. O mesmo não acontece com a execução de sentença para paga-
mento de quantia, já que esta depende de provocação da parte (art. 513, § 1º, CPC);
• alguns incidentes processuais podem ser instaurados de ofício.

Exemplos:
Incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 976 do CPC), conflito de competência
(art. 951 do CPC) e incidente de arguição de inconstitucionalidade (art. 948 do CPC).

Quanto à regra do desenvolvimento do processo por impulso oficial, observa-se que:


• a regra não impede que o autor desista da demanda;
• há a possibilidade de as partes convencionalmente limitarem o impulso oficial, com
fundamento no artigo 190 do CPC;
• o dever de impulso oficial não se estende à fase recursal, salvo os casos de remessa
necessária.

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Como exemplo de exceção à regra da instauração do processo por iniciativa da parte,


confira o teor do artigo 712 do CPC, que trata do procedimento da restauração de autos:

Art. 712. Verificado o desaparecimento dos autos, eletrônicos ou não, pode o juiz, de ofício, qual-
quer das partes ou o Ministério Público, se for o caso, promover-lhes a restauração.

Observe que, se os autos desaparecerem, o juiz pode, de ofício, dar início ao procedimento
de restauração. Esse é um dos exemplos mais cobrados nas provas de concurso. Portanto,
fique bem atento(a).

3.18. Regra da Obediência à Ordem Cronológica de Conclusão

A regra da obediência à ordem cronológica de conclusão tem como principal finalidade


concretizar o princípio da igualdade e sua previsão legal é o artigo 12 do CPC.

Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão


para proferir sentença ou acórdão.

Por essa regra, o juiz deve julgar em conformidade com a ordem cronológica da conclusão,
ou seja, aquele processo que primeiro for concluso é o que primeiro deverá ser julgado.
Em princípio, esse artigo não continha o advérbio “preferencialmente”, que foi acrescido
pela Lei n. 13.256/16. Significa que, motivadamente, poderá o órgão julgador decidir em
desconformidade com a ordem de conclusão.

Existem exceções a essa regra?

Sim. Há exceções que se justificam como modo de ponderar o princípio da igualdade. Elas
estão previstas no artigo 12, § 2º, do CPC.

Art. 12, § 2º. Estão excluídos da regra do caput:


I – as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar
do pedido;
II – o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de
casos repetitivos; (técnica de aceleração dos processos)
III – o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas;

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IV – as decisões proferidas com base nos arts. 485 (decisão sem exame do mérito) e 932 (decisões
monocráticas do relator);
V – o julgamento de embargos de declaração;
VI – o julgamento de agravo interno;
VII – as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça;
VIII – os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal;
IX – a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada.
(regra geral excetuadora)

Que consequência decorre do descumprimento da regra do respeito à ordem cronológica?

Segundo Fredie Didier, não há nulidade da decisão que desrespeite a ordem cronológica,
diante da ausência de prejuízo às partes. De acordo com o autor, o prejuízo é de terceiros, cujo
processo estava em posição prioritária na lista. No entanto, em caso de desrespeito à regra, o
terceiro não passa a ter interesse jurídico na anulação do processo. Permite-se, nesse caso,
representar perante o respectivo tribunal e o CNJ contra o juiz que desobedece ao comando.
Trataremos agora de observações importantes quanto à regra da ordem cronológica de
conclusão dos processos:
• Há previsão de regra de transição no CPC, quanto à ordem cronológica de conclusão
dos processos, já que o CPC de 1973 não tinha regra semelhante:

Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos proces-
sos pendentes, ficando revogada a Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
§ 5º A primeira lista de processos para julgamento em ordem cronológica observará a antiguidade
da distribuição entre os já conclusos na data da entrada em vigor deste Código.

• Há extensão da regra ao escrivão, considerando a necessidade de aplicação da regra


também pelos auxiliares da justiça. De nada adiantaria o juiz respeitar a regra e os au-
xiliares da justiça não.

Art. 153. O escrivão ou o chefe de secretaria atenderá, preferencialmente, à ordem cronológica de


recebimento para publicação e efetivação dos pronunciamentos judiciais.

Agora, para treinar seus conhecimentos, resolva várias questões sobre os temas estudados.
Não se importe se algum item abordar conteúdo que ainda não estudamos. Cada questão será
comentada, para que você compreenda tudo perfeitamente.

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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO/2017) Um sistema processual civil que não
proporcione à sociedade o reconhecimento e a realização dos direitos, ameaçados ou violados,
que tem cada um dos jurisdicionados, não se harmoniza com as garantias constitucionais de
um Estado Democrático de Direito. Se é ineficiente o sistema processual, todo o ordenamento
jurídico passa a carecer de real efetividade. De fato, as normas de Direito Material se trans-
formam em pura ilusão, sem a garantia de sua correlata realização, no mundo empírico, por
meio do processo.
Exposição de motivos do Código de Processo Civil/2015, p. 248-53. Vade Mecum Acadêmico
de Direito Rideel. 22. ed. São Paulo, 2016 (com adaptações).
Tendo o texto precedente como referência inicial, julgue o item a seguir à luz do entendimento
jurisprudencial e doutrinário acerca das normas fundamentais do processo civil.
Apesar de o CPC garantir às partes a obtenção, em prazo razoável, da solução integral do
mérito, esse direito já existia no ordenamento jurídico brasileiro até mesmo antes da Emenda
Constitucional n. 45/2004.

Questão 2 (CESPE/PGE-SE/PROCURADOR/2017) Com relação às normas processuais, ao


litisconsórcio, à jurisdição e aos deveres das partes, julgue os seguintes itens, de acordo com
o CPC.
I – A boa-fé no Direito Processual Civil exige a verificação da intenção do sujeito processual.
II – A limitação do litisconsórcio facultativo multitudinário, quando realizada pelo juiz em ra-
zão de número excessivo de litigantes, pode ocorrer na fase de conhecimento, na liquidação
de sentença ou na execução.
III – A pendência de causa que tramita na justiça brasileira impede a homologação de senten-
ça judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil.
IV – Os emolumentos devidos a notário ou registrador em decorrência da prática de registro
de ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial são alcançados pelo benefício da
gratuidade de justiça que tenha sido concedido.

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Estão certos apenas os itens:


a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) II, III e IV.

Questão 3 (CESPE/TJ-AM/JUIZ SUBSTITUTO/2016) Acerca da jurisdição e dos princípios


informativos do processo civil, assinale a opção correta.
a) No âmbito do processo civil, admite-se a renúncia, expressa ou tácita, do direito atribuído
à parte de participar do contraditório.
b) A jurisdição voluntária se apresenta predominantemente como ato substitutivo da vontade
das partes.
c) A carta precatória constitui exceção ao princípio da indeclinabilidade da jurisdição.
d) A garantia do devido processo legal se limita à observância das formalidades previstas no CPC.
e) O princípio da adstrição atribui à parte o poder de iniciativa para instaurar o processo civil.

Questão 4 (FCC/CLDF/PROCURADOR LEGISLATIVO/2018) No que se refere às normas


fundamentais do Processo Civil,
a) todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
b) é assegurado às partes tratamento diferenciado em relação ao exercício de direitos e facul-
dades processuais, inclusive quanto ao contraditório, a ser discricionariamente resguardado
a elas pelo juiz.
c) as partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, excluída a
atividade satisfativa.
d) o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito
do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, salvo se tratar-se de
matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
e) os juízes e tribunais atenderão obrigatoriamente à ordem cronológica de conclusão para
proferir sentença ou acórdão.

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Questão 5 (FCC/JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO/2017) Considerando as normas funda-


mentais do processo civil, de acordo com a Parte Geral do Código de Processo Civil, é correto
afirmar que:
a) a legislação atual assegura às partes o direito de obtenção, em lapso temporal razoável,
da plena resolução meritória da demanda judicial, excluída a atividade satisfativa, isto é, de
cumprimento ou execução.
b) é possível decidir questão de ofício sem oportunizar a manifestação das partes sobre o
fundamento adotado quando a decisão judicial estiver sendo tomada no âmbito jurisdicional
dos tribunais superiores.
c) o juiz não deve proferir decisão contra uma das partes sem que lhe seja dada oportunidade
de se manifestar, ainda que a decisão seja proferida em ação monitória, quando evidente o
direito do autor.
d) mesmo em questões a respeito das quais o magistrado está legalmente autorizado a
decidir de ofício, o juiz não está autorizado a proferir decisão sem oportunizar que as partes
tenham assegurado o direito de manifestação a fim de poder influenciar no julgamento.
e) o dever de todos os sujeitos processuais, inclusive o perito, de cooperarem para buscar a
obtenção de decisão que julgue o mérito da demanda judicial, em tempo razoável, de modo
justo e efetivo, não está previsto nas normas fundamentais do processo civil no Brasil.

Questão 6 (MPE-PR/PROMOTOR SUBSTITUTO/2019) Assinale a alternativa correta acerca


das normas fundamentais do processo civil, de acordo com o Código de Processo Civil de 2015:
a) A atividade satisfativa da tutela jurisdicional deve ser prestada com duração razoável.
b) A exigência de comportamento com boa-fé, do Código de Processo Civil, aplica-se somente
às partes.
c) Há regra geral do Código de Processo Civil que permite que decisões sejam proferidas sem
a oitiva da parte afetada.
d) A cooperação processual é princípio que atinge apenas as partes, no Código de Processo Civil.
e) A solução consensual dos conflitos é incentivada somente em momentos pré-processuais.

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Questão 7 (VUNESP/PREFEITURA DE SOROCABA-SP/PROCURADOR DO MUNICÍPIO/2018)


Durante o julgamento de uma causa, o juiz, de ofício e sem prévia manifestação das partes,
decidiu pela prescrição da pretensão do autor. O fundamento da decisão limitou-se à repro-
dução de um dispositivo legal, bem como à invocação de um precedente, sem identificar seus
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta ao referido
precedente. É correto afirmar que a sentença é:
a) válida e de acordo com o princípio da celeridade e eficiência processual.
b) anulável, por ofensa aos princípios da imparcialidade e igualdade processual.
c) nula, por ofensa ao princípio da não surpresa e fundamentação das decisões judiciais.
d) anulável, por ofensa ao princípio da não surpresa e fundamentação das decisões judiciais.
e) nula, de acordo com o princípio da razoável duração do processo e da adequada tutela ju-
risdicional.

Questão 8 (CONSULPLAN/TJ-MG/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2018) São princípios


fundamentais do processo civil, exceto:
a) isonomia.
b) cooperação.
c) informalidade.
d) boa-fé objetiva.

Questão 9 (VUNESP/CÂMARA DE CAMPO LIMPO PAULISTA-SP/PROCURADOR JURÍDI-


CO/2018) Dr. Esculápio é juiz de direito de uma das varas cíveis da Comarca de Campo Limpo
Paulista. Em uma ação que tramita pelo procedimento comum, após a citação, no momento
do saneamento do processo, percebe que o direito da parte autora está prescrito. Diante
dessa situação, levando em consideração os princípios que norteiam a nova estrutura do
CPC/15, assinale a alternativa correta.
a) Independentemente da oitiva das partes, por se tratar de matéria de ordem pública, poderá
o juiz aplicar a prescrição e assim extinguir a ação sem resolução do mérito.
b) Por ser vedada a decisão-surpresa, deve o juiz, mesmo em se tratando de matéria de ordem
pública, ouvir as partes antes de determinar a extinção do processo com resolução do mérito,
aplicando-se a prescrição.

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c) Em que pese o fato de ser vedada a decisão-surpresa, tal princípio é excepcionado pelas
matérias de ordem pública e, dessa maneira, o juiz pode extinguir a ação com resolução do
mérito, independentemente da oitiva das partes.
d) A prescrição somente será aplicada se o réu da causa alegá-la em sede de contestação, a
fim de dar vazão ao princípio dispositivo.
e) Por ser vedada a decisão-surpresa, deve o juiz ouvir as partes antes de determinar a
extinção do processo sem resolução do mérito, por inépcia da petição inicial, aplicando-se a
prescrição.

Questão 10 (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Um sistema processual civil que


não proporcione à sociedade o reconhecimento e a realização dos direitos, ameaçados ou
violados, que tem cada um dos jurisdicionados, não se harmoniza com as garantias constitu-
cionais de um Estado Democrático de Direito.
Se é ineficiente o sistema processual, todo o ordenamento jurídico passa a carecer de real
efetividade. De fato, as normas de direito material se transformam em pura ilusão, sem a
garantia de sua correlata realização, no mundo empírico, por meio do processo.
Exposição de motivos do Código de Processo Civil/2015, p. 248-53. Vade Mecum Acadêmico
de Direito Rideel. 22. ed. São Paulo, 2016 (com adaptações).
Tendo o texto precedente como referência inicial, julgue o item a seguir à luz do entendimento
jurisprudencial e doutrinário acerca das normas fundamentais do processo civil.
Voltado para a concepção democrática atual do processo justo, o CPC promoveu a evolução
do contraditório, que passou a ser considerado efetivo apenas quando vai além da simples
possibilidade formal de oitiva das partes.

Questão 11 (COMPERVE/CÂMARA DE CURRAIS NOVOS-RN/PROCURADOR LEGISLATI-


VO/2017) O princípio constitucional do contraditório, na nova estruturação conferida pelo
Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/15), está baseado na ideia de que o contraditório
dinâmico possibilita uma preparação mais adequada durante a cognição, aprimora o debate
e, consequentemente, conduz a uma decisão de melhor qualidade. De acordo com esse prin-
cípio, o juiz é impedido de:

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a) conceder tutela de urgência contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.

b) proferir decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.

c) conceder tutela da evidência contra uma das partes, quando houver tese firmada em julga-

mento de casos repetitivos, sem que ela seja previamente ouvida.

d) proferir decisão com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes

oportunidade de se manifestar, exceto nas matérias em que possa decidir de ofício.

Questão 12 (MPT/PROCURADOR DO TRABALHO/2017) Sobre as inovações do Código de

Processo Civil (CPC), analise as seguintes assertivas:

I – Por previsão expressa, as normas do CPC serão interpretadas de acordo com a Constituição

da República.

II – A primazia do julgamento do mérito foi regrada expressamente, ampliando-se as possibi-

lidades de serem sanadas as irregularidades processuais.

III – Foram explicitadas hipóteses de decisões judiciais que não se consideram fundamentadas.

IV – Os tribunais, a par de uniformizar a sua jurisprudência, devem mantê-la estável, íntegra e

coerente, comando que se aplica até mesmo para o Supremo Tribunal Federal.

Assinale a alternativa correta:

a) Todas as assertivas estão corretas.

b) Apenas as assertivas I e III estão corretas.

c) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.

d) Apenas a assertiva IV está correta.

e) Não respondida.

Questão 13 (QUADRIX/PROCURADOR JURÍDICO/2017) Com base em conhecimentos relativos

a Direito Processual Civil e à legislação correlata, julgue o próximo item.

O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do

qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, salvo se se tratar de matéria

sobre a qual deva decidir de ofício, de acordo com o CPC.

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Questão 14 (MPE-PR/PROMOTOR SUBSTITUTO/2017) A respeito da parte geral do Código


de Processo Civil de 2015 e das suas normas fundamentais, assinale a alternativa correta.
a) A solução consensual dos conflitos, apesar de permitida pelo Código de Processo Civil de
2015, não é incentivada nem considerada papel fundamental do Poder Judiciário.
b) É direito das partes obter a solução integral do mérito, o que se considera cumprido sempre
ao final da fase de conhecimento do processo civil.
c) De acordo com o Código de Processo Civil de 2015, a cooperação processual é norma que
vincula apenas as partes que integram a relação jurídica processual.
d) Em nenhuma hipótese pode o juiz proferir decisão contra uma das partes sem que ela seja
previamente ouvida, o que demanda revisão de temas do Direito Processual, como a tutela
provisória.
e) Não pode o juiz, em grau algum de jurisdição, decidir com base em fundamento a respeito
do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de
matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

Questão 15 (VUNESP/CÂMARA DE MOGI DAS CRUZES/PROCURADOR JURÍDICO/2017) Caio


ajuizou a competente ação de indenização por danos materiais e morais contra Gaio, em
razão de acidente automobilístico. Todavia, o autor deixou de indicar a quantificação dos
danos morais sofridos. O juiz da ação determinou que Caio emendasse a inicial, indicando a
quantificação dos danos morais sofridos em razão do infortúnio. O caso descrito refere-se ao
princípio processual:
a) da vedação da decisão-surpresa.
b) do contraditório e da ampla defesa.
c) da motivação.
d) do dispositivo.
e) da cooperação.

Questão 16 (VUNESP/TJM-SP/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2016) Assinale a alternativa


correta.
a) A garantia do contraditório participativo impede que se profira decisão ou se conceda tutela
antecipada contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida (decisão-surpresa).

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b) A boa-fé no processo tem a função de estabelecer comportamentos probos e éticos aos


diversos personagens do processo e restringir ou proibir a prática de atos atentatórios à dig-
nidade da justiça.
c) O princípio da cooperação atinge somente as partes do processo que devem cooperar entre
si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
d) Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e econômicos e às exi-
gências do bem público, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana.
e) Será possível, em qualquer grau de jurisdição, a prolação de decisão sem que se dê às par-
tes oportunidade de se manifestar, se for matéria da qual o juiz deva decidir de ofício.

Questão 17 (FUNDEP/TJ-MG/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2014) Com relação aos princípios


gerais do Direito Processual Civil, analise as afirmativas seguintes:
I – A isenção, em relação às partes e aos fatos da causa, é condição indeclinável do órgão
jurisdicional para o proferimento de um julgamento justo, podendo-se afirmar que o juiz sub-
jetivamente capaz é aquele que não tem sua imparcialidade comprometida pela suspeição ou
pelo impedimento.
II – O princípio do devido processual legal decorre da norma contida na Constituição Federal,
no art. 5º, inciso LIV, garantindo às partes voz e meios para se defenderem, respeitando os
direitos fundamentais.
III – No princípio da identidade física do juiz, o juiz titular ou substituto que concluir a audi-
ência julgará a lide, ainda que estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo,
promovido ou aposentado.
IV – Segundo o princípio da congruência, deve o juiz decidir, observados os limites da lide
estabelecidos pelo pedido do autor, evitando-se decisões extra petita, citra ou infra petita ou
ultra petita.
A partir da análise, conclui-se que estão corretas:
a) I e III apenas.
b) I, II e IV apenas.
c) II e III apenas.
d) III e IV apenas.

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Questão 18 (FCC/DPE-AP/DEFENSOR PÚBLICO/2018) Não se excluirá da apreciação juris-


dicional ameaça ou lesão a direito.
Esse é o princípio da:
a) inclusão obrigatória, decorrente da dignidade humana e do mínimo existencial, tratando-se
de princípio constitucional e, simultaneamente, infraconstitucional do processo civil.
b) vedação a tribunais de exceção ou do juiz natural, tratando-se apenas de princípio cons-
titucional do processo civil.
c) legalidade ou obrigatoriedade da jurisdição, tratando-se apenas de princípio infraconstitu-
cional do processo civil.
d) reparação integral do prejuízo, tratando-se de princípio constitucional e também infra-
constitucional do processo civil.
e) inafastabilidade ou obrigatoriedade da jurisdição e é, a um só tempo, princípio constitucio-
nal e infraconstitucional do processo civil.

Questão 19 (VUNESP/CÂMARA DE TATUÍ-SP/PROCURADOR LEGISLATIVO/2019) Assinale a


alternativa que corresponde à definição do princípio da efetividade do processo.
a) Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
b) Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a propor-
cionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
c) As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a
atividade satisfativa.
d) Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
e) Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade.

Questão 20 (VUNESP/PREFEITURA DE CERQUILHO-SP/PROCURADOR JURÍDICO/2019)


Assinale a alternativa que completa corretamente a frase a seguir, apontando o princípio
correspondente:

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“O processo, depois de instaurado, não pode ficar à mercê da vontade das partes, devendo ser

dado ao mesmo o devido andamento, cabendo ao juiz zelar pela rápida e eficaz solução da

lide, em obediência ao princípio ___________”.

a) da segurança jurídica.

b) do duplo grau de jurisdição.

c) do impulso processual/oficial.

d) da oficialidade.

e) da disponibilidade e indisponibilidade.

Questão 21 (CESPE/TJ-SC/JUIZ SUBSTITUTO/2019) De acordo com os princípios constitu-

cionais e infraconstitucionais do processo civil, assinale a opção correta.

a) Segundo o princípio da igualdade processual, os litigantes devem receber do juiz tratamen-

to idêntico, razão pela qual a doutrina, majoritariamente, posiciona-se pela inconstituciona-

lidade das regras do CPC, que estabelecem prazos diferenciados para o Ministério Público, a

Advocacia Pública e a Defensoria Pública se manifestarem nos autos.

b) O conteúdo do princípio do juiz natural é unidimensional, manifestando-se na garantia do

cidadão a se submeter a um julgamento por juiz competente e pré-constituído na forma da lei.

c) O novo CPC adotou o princípio do contraditório efetivo, eliminando o contraditório posteci-

pado, previsto no sistema processual civil antigo.

d) O paradigma cooperativo adotado pelo novo CPC traz como decorrência os deveres de es-

clarecimento, de prevenção e de assistência ou auxílio.

e) O CPC prevê, expressamente, como princípios a serem observados pelo juiz na aplicação

do ordenamento jurídico proporcionalidade, moralidade, impessoalidade, razoabilidade, lega-

lidade, publicidade e eficiência.

Questão 22 (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2016) Em respeito ao princípio da

economia e da eficiência processual, o novo Código de Processo Civil, não admite a convali-

dação de atos processuais eivados de vício.

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Questão 23 (IDECAN/CÂMARA DE ARACRUZ-ES/PROCURADOR LEGISLATIVO/2016) O Novo


Código de Processo Civil aborda, expressamente, alguns princípios a serem aplicados ao
processo como resultado do modelo constitucional de processo civil. Sobre o tema, assinale
a afirmativa incorreta.
a) É permitida a arbitragem, na forma da lei.
b) Expressamente o Código limita a exigência de atuar com boa-fé ao juiz, às partes, aos ad-
vogados e aos membros do Ministério Público.
c) A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão
ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público,
inclusive no curso do processo judicial.
d) Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a propor-
cionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

Questão 24 (IDECAN/CÂMARA DE ARACRUZ-ES/PROCURADOR LEGISLATIVO/2016) Leia o


trecho a seguir para responder à questão.
“O Novo Código de Processo Civil estabelece que os juízes e os tribunais atenderão, preferen-
cialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão.”
Analise as afirmativas a seguir.
I – A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para
consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores.
II – Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das conclusões
entre as preferências legais.
III – Após a inclusão do processo na lista de que trata a afirmativa I, o requerimento formulado
pela parte não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a reabertura
da instrução ou a conversão do julgamento em diligência.
Estão corretas as afirmativas:
a) I, II e III.
b) I e II, apenas.

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c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.

Questão 25 (VUNESP/PREFEITURA DE MOGI DAS CRUZES-SP/PROCURADORJURÍDICO/2016)


O princípio de demanda e impulso oficial tem relação com a:
a) imparcialidade do juiz.
b) prevalência à conciliação.
c) duração razoável do processo.
d) paridade e o contraditório.
e) proporcionalidade e a razoabilidade.

Questão 26 (IDECAN/CÂMARA DE ARACRUZ-ES/PROCURADOR LEGISLATIVO/2016) Leia o


trecho a seguir para responder à questão.
“O Novo Código de Processo Civil estabelece que os juízes e os tribunais atenderão, preferen-
cialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão.”
De acordo com o exposto, não estão excluídos dessa regra:
a) o julgamento de agravo de instrumento.
b) o julgamento de embargos de declaração.
c) o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento
de casos repetitivos.
d) a decisão que verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento
válido e regular do processo.

Questão 27 (CONSULPLAN/TJ-MG/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2018) Foi indeferida


prova pericial requerida pelo autor. Acolhida a pretensão inicial, o autor apelou somente para
alegar cerceamento de defesa, porque entende ser absolutamente necessária a prova indefe-
rida. Ao julgar a apelação, o Tribunal negará provimento aplicando o princípio:
a) da isonomia.
b) da celeridade.
c) da cooperação.
d) da instrumentalidade das formas.

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Questão 28 (FUNDEP/DPE-MG/DEFENSOR PÚBLICO/2019) Analise as seguintes afirmativas


referentes aos princípios aplicáveis ao Direito Processual Civil.
I – Não se considera “decisão-surpresa” ou “decisão de terceira via” aquela que, à luz do or-
denamento jurídico nacional, as partes tinham obrigação de prever, concernente às condições
da ação, aos pressupostos de admissibilidade de recurso e aos pressupostos processuais.
II – No modelo cooperativo de processo, a gestão do procedimento de elaboração da
decisão judicial é difusa, já que o provimento é o resultado da manifestação de vários
núcleos de participação, ao mesmo tempo que todos os sujeitos processuais cooperam
com a condução do processo.
III – Por meio do contraditório, as partes têm o condão de delimitar a atividade decisória aos
limites do pedido (princípio da congruência ou da adstrição), coibindo o julgamento não ape-
nas fora e além do pedido, mas, inclusive, em desconformidade com a causa de pedir.
IV – A defesa técnica no processo civil é prescindível para assegurar às partes, ao longo de
todas as etapas do procedimento, a chamada “competência de atuação”, diretamente relacio-
nada ao exercício pleno dos princípios da ampla defesa, da isonomia e do contraditório.
Nesse contexto, pode-se afirmar que:
a) todas as afirmativas estão corretas.
b) todas as afirmativas estão incorretas.
c) estão corretas as afirmativas I e IV apenas.
d) estão incorretas as afirmativas I e IV apenas.

Questão 29 (MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2019) Em atenção ao princípio da ampla


defesa, segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o sistema processual civil
brasileiro não admite o instituto da supressio, ou renúncia tácita de um direito ou de uma
posição jurídica, pelo seu não exercício com o passar dos tempos, podendo a parte alegar a
nulidade de ato processual a qualquer tempo.

Questão 30 (MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2019) O Código de Processo Civil dispõe


que o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito
do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, salvo se tratar de matéria
sobre a qual deva decidir de ofício.

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GABARITO
1. C 26. a
2. d 27. d
3. a 28. d
4. a 29. E
5. d 30. E
6. a

7. c

8. c

9. b

10. C

11. b

12. a

13. E

14. e

15. e

16. b

17. b

18. e

19. c

20. c

21. d

22. E

23. b

24. a

25. a

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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO/2017) Um sistema processual civil que
não proporcione à sociedade o reconhecimento e a realização dos direitos, ameaçados
ou violados, que tem cada um dos jurisdicionados, não se harmoniza com as garantias
constitucionais de um Estado Democrático de Direito. Se é ineficiente o sistema proces-
sual, todo o ordenamento jurídico passa a carecer de real efetividade. De fato, as normas
de Direito Material se transformam em pura ilusão, sem a garantia de sua correlata rea-
lização, no mundo empírico, por meio do processo.
Exposição de motivos do Código de Processo Civil/2015, p. 248-53. Vade Mecum Acadêmico
de Direito Rideel. 22. ed. São Paulo, 2016 (com adaptações).
Tendo o texto precedente como referência inicial, julgue o item a seguir à luz do entendimento
jurisprudencial e doutrinário acerca das normas fundamentais do processo civil.
Apesar de o CPC garantir às partes a obtenção, em prazo razoável, da solução integral do
mérito, esse direito já existia no ordenamento jurídico brasileiro até mesmo antes da Emenda
Constitucional n. 45/2004.

Certo.
O princípio da duração razoável do processo é inerente ao Direito Processual. Um processo
devido é aquele que tem duração razoável. A EC n. 45/2004 incluiu o inciso LXXVIII no artigo
5º da Constituição Federal, prevendo que

a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os


meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

No entanto, esse princípio já era previsto em Tratados Internacionais aos quais o Brasil ade-
riu, como o Pacto de San José da Costa Rica, internalizado em 1992, que já previa o direito a
um razoável prazo de duração dos processos no seu artigo 8º, § 1º. Confira:

Art. 8º. Garantias judiciais:


§ 1º Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável,
por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei,

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na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus
direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.

No CPC, a previsão legal desse princípio encontra-se no artigo 4º:

Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a
atividade satisfativa.

Questão 2 (CESPE/PGE-SE/PROCURADOR/2017) Com relação às normas processuais,


ao litisconsórcio, à jurisdição e aos deveres das partes, julgue os seguintes itens, de acordo
com o CPC.
I – A boa-fé no Direito Processual Civil exige a verificação da intenção do sujeito processual.
II – A limitação do litisconsórcio facultativo multitudinário, quando realizada pelo juiz em
razão de número excessivo de litigantes, pode ocorrer na fase de conhecimento, na liquidação
de sentença ou na execução.
III – A pendência de causa que tramita na justiça brasileira impede a homologação de senten-
ça judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil.
IV – Os emolumentos devidos a notário ou registrador em decorrência da prática de registro
de ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial são alcançados pelo benefício da
gratuidade de justiça que tenha sido concedido.
Estão certos apenas os itens:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) II, III e IV.

Letra d.

I – Errado. A boa-fé no Direito Processual Civil não exige a verificação da intenção do sujeito

processual, tendo em vista que a boa-fé exigida no processo é objetiva, não subjetiva. O princípio

da boa-fé objetiva foi positivado no artigo 5º do CPC, nos seguintes termos:

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Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a
boa-fé.

A boa-fé processual deve ser entendida como norma de conduta e independe das boas ou

más intenções das partes.

II – Certo. O litisconsórcio ocorre quando duas ou mais pessoas litigam, no mesmo processo,

em conjunto, ativa ou passivamente. O litisconsórcio multitudinário é espécie de litisconsór-

cio facultativo com grande número de litigantes. O CPC prevê, no artigo 113, § 1º, que o juiz

poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase de conheci-

mento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer a rápida solu-

ção do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença.

III – Errado. O item trata de competência e contraria o disposto no artigo 24, parágrafo único,

do CPC, que afirma que “a pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a

homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil”.

IV – Certo. Aquele que faz concurso para as carreiras jurídicas precisa ter o artigo 98 do CPC na pon-

ta da língua. Veja que a resposta do item é exatamente o que dispõe o artigo 98, inciso IX, do CPC.

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para
pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade
da justiça, na forma da lei.
§ 1º A gratuidade da justiça compreende:
I – as taxas ou as custas judiciais;
II – os selos postais;
III – as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em outros meios;
IV – a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do empregador salário
integral, como se em serviço estivesse;
V – as despesas com a realização de exame de código genético (DNA) e de outros exames consi-
derados essenciais;
VI – os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor nomeado
para apresentação de versão em português de documento redigido em língua estrangeira;
VII – o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da execução;
VIII – os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e para a
prática de outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório;
IX – os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência de prática de registro,
averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à continui-
dade de processo judicial no qual o benefício tenha sido concedido.

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Questão 3 (CESPE/TJ-AM/JUIZ SUBSTITUTO/2016) Acerca da jurisdição e dos princípios


informativos do processo civil, assinale a opção correta.
a) No âmbito do processo civil, admite-se a renúncia, expressa ou tácita, do direito atribuído
à parte de participar do contraditório.
b) A jurisdição voluntária se apresenta predominantemente como ato substitutivo da vontade
das partes.
c) A carta precatória constitui exceção ao princípio da indeclinabilidade da jurisdição.
d) A garantia do devido processo legal se limita à observância das formalidades previstas no CPC.
e) O princípio da adstrição atribui à parte o poder de iniciativa para instaurar o processo civil.

Letra a.
a) Certa. O princípio do contraditório é claramente derivado do princípio do devido processo
legal. É aplicado não só no âmbito jurisdicional, mas também no administrativo e negocial.
Por ser um direito da parte, no âmbito processual civil, ela não é obrigada a exercê-lo, po-
dendo renunciá-lo de maneira expressa ou tácita. Um dos exemplos de renúncia da parte de
participar do contraditório, a que a afirmativa se refere, é a renúncia ao direito de recorrer. Dis-
põe o art. 999 do CPC que “a renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra
parte” e o art. 1.000, caput, do CPC que “a parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão
não poderá recorrer”. Ademais, a renúncia à apresentação de contestação, uma das formas
de exercitar o contraditório, cujo efeito é a revelia, também é admitida pela lei processual.
b) Errada. De acordo com grande parte dos doutrinadores, a jurisdição é a atuação estatal
que visa aplicar o direito objetivo ao caso concreto, de modo a resolver, de maneira definitiva,
uma situação de crise jurídica e gerar a paz social. A substitutividade é a característica da
jurisdição que significa que o órgão julgador substitui a vontade das partes pela vontade dele
quando ele decide. Essa característica refere-se à jurisdição contenciosa, não à voluntária,
como afirmado pela questão.
c) Errada. O princípio da indelegabilidade, ou da indeclinabilidade, da jurisdição é o que aduz
que o exercício da função jurisdicional não pode ser delegado. A carta precatória não constitui
exceção ao princípio da indeclinabilidade da jurisdição, correspondendo, apenas, a um meio
de cooperação estabelecido entre os órgãos jurisdicionais.

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d) Errada. A garantia do devido processo legal tem hierarquia constitucional e obriga a ob-
servância de todas as normas e princípios processuais, não se restringindo à aplicação das
formalidades contidas no Código de Processo Civil. Na Constituição Federal, a garantia do
devido processo legal está prevista no inciso LI, artigo 5º:

Art. 5º Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.

e) Errada. A previsão legal do princípio da adstrição é o artigo 492 do CPC. Esse artigo afirma
que “é vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a
parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado”. Pela redação
do artigo e pelo entendimento doutrinário, percebe-se que o princípio da adstrição está dire-
cionado ao juiz, orientando-o a julgar o processo na medida do que lhe for pedido, de modo a
evitar que qualquer excesso ou omissão de sua parte torne a decisão viciada por pronuncia-
mento citra, extra ou ultra petita.
Segundo Daniel Assunpção, o artigo 492 do CPC é incompleto, porque os limites da sentença
devem respeitar não só o pedido, mas também a causa de pedir e os sujeitos que participam
do processo. Vale ressaltar, ainda, que é nula a sentença que concede a mais ou diferente do
que foi pedido, como também há nulidade na sentença fundada em causa de pedir não narra-
da pelo autor, na sentença que atinge terceiros que não participaram do processo ou que não
julga a demanda relativamente a certos demandantes.

Questão 4 (FCC/CLDF/PROCURADOR LEGISLATIVO/2018) No que se refere às normas fun-


damentais do Processo Civil,
a) todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo ra-
zoável, decisão de mérito justa e efetiva.
b) é assegurado às partes tratamento diferenciado em relação ao exercício de direitos e facul-
dades processuais, inclusive quanto ao contraditório, a ser discricionariamente resguardado
a elas pelo juiz.
c) as partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, excluída a
atividade satisfativa.

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d) o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito
do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, salvo se tratar-se de ma-
téria sobre a qual deva decidir de ofício.
e) os juízes e tribunais atenderão obrigatoriamente à ordem cronológica de conclusão para
proferir sentença ou acórdão.

Letra a.
a) Certa. A afirmação traz o disposto no artigo 6º do CPC. Confira:

Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

Trata-se da previsão legal do princípio da cooperação.


b) Errada. Na verdade, o que é assegurado às partes é a paridade de tratamento, não o trata-
mento diferenciado. O item refere-se ao princípio da igualdade processual, previsto no artigo
7º do CPC:

Art. 7º. É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e facul-
dades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções proces-
suais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.

Fique atento(a)! A igualdade processual deve observar os seguintes aspectos:


1) imparcialidade do juiz;
2) igualdade no acesso à justiça;
3) redução das desigualdades que afetam o acesso à justiça;
4) igualdade no acesso às informações necessárias para a garantia do exercício do contraditório.
c) Errada. Segundo o princípio da efetividade, os direitos, além de reconhecidos, devem ser
efetivados. Esse princípio garante o direito fundamental à tutela executiva, também chamada
de satisfativa. Sua previsão está no artigo 4º do CPC:

Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a
atividade satisfativa.

d) Errada. O artigo 10 do CPC aduz que “o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição,
com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de
se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício”. A dimensão

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substancial do princípio do contraditório corresponde ao poder das partes de influenciar as


decisões do órgão jurisdicional. É o denominado poder de influência da parte. Não basta que
a parte seja ouvida. A ela deve ser conferida a possibilidade de influenciar a decisão judicial. É
essa dimensão que impede a prolação de decisões dotadas de surpresa para as partes. Isso
significa que todas as questões que serão submetidas a julgamento devem passar antes pelo
contraditório.
e) Errada. De acordo com o artigo 12 do CPC, “os juízes e os tribunais atenderão, preferen-
cialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão”. Em prin-
cípio, esse artigo não continha o advérbio “preferencialmente”, que foi acrescido pela Lei n.
13.256/16. Significa que, motivadamente, poderá o órgão julgador decidir em desconformida-
de com a ordem de conclusão.

Questão 5 (FCC/2017/JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO ) Considerando as normas funda-


mentais do processo civil, de acordo com a Parte Geral do Código de Processo Civil, é correto
afirmar que:
a) a legislação atual assegura às partes o direito de obtenção, em lapso temporal razoável,
da plena resolução meritória da demanda judicial, excluída a atividade satisfativa, isto é, de
cumprimento ou execução.
b) é possível decidir questão de ofício sem oportunizar a manifestação das partes sobre o
fundamento adotado quando a decisão judicial estiver sendo tomada no âmbito jurisdicional
dos tribunais superiores.
c) o juiz não deve proferir decisão contra uma das partes sem que lhe seja dada oportunidade
de se manifestar, ainda que a decisão seja proferida em ação monitória, quando evidente o
direito do autor.
d) mesmo em questões a respeito das quais o magistrado está legalmente autorizado a de-
cidir de ofício, o juiz não está autorizado a proferir decisão sem oportunizar que as partes
tenham assegurado o direito de manifestação a fim de poder influenciar no julgamento.
e) o dever de todos os sujeitos processuais, inclusive o perito, de cooperarem para buscar a
obtenção de decisão que julgue o mérito da demanda judicial, em tempo razoável, de modo
justo e efetivo, não está previsto nas normas fundamentais do processo civil no Brasil.

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Letra d.
a) Errada. A parte inicial do item está correta, porque a lei processual assegura às partes o
direito de obtenção, em lapso temporal razoável, da plena resolução meritória da demanda
judicial. No entanto, não há exclusão da tutela satisfativa, isto é, de cumprimento de sentença
ou execução. O artigo 4º do CPC afirma:

Art. 4º. As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a
atividade satisfativa.

Perceba que as bancas examinadoras costumam repetir essa questão na tentativa de fazer o
candidato errar. Contudo, você, meu(minha) querido(a) aluno(a), não vai cair nessa pegadinha.
b) Errada. O artigo 10 do CPC afirma que “o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição,
com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de
se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício”. Trata-se da
vedação da decisão-surpresa, oriunda do exercício do direito ao contraditório. Isso significa
que as partes têm o direito de manifestação e de influência nas decisões judiciais, mesmo
quando o objeto delas consistir em matéria que possa ser conhecida de ofício pelo órgão jul-
gador. Portanto, na atual conjuntura, não é possível decidir questão de ofício sem oportunizar
a manifestação das partes, tanto na primeira quanto na segunda instância, bem como em
tribunais superiores.
c) Errada. O artigo 9º, caput, do CPC/15 prevê que “não se proferirá decisão contra uma das
partes sem que ela seja previamente ouvida”. No mesmo dispositivo, o CPC traz exceções ao
previsto no caput:

I – a tutela provisória de urgência;


II – as hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III – a decisão prevista no art. 701.

O que diz o artigo 701 do CPC, professora?

Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento,
de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu
prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco
por cento do valor atribuído à causa.

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É um artigo que trata da decisão proferida em sede de ação monitória.

Por que se trata de uma exceção?

Porque é um caso em que o juiz já pode deferir a expedição de mandado de pagamento, mes-
mo sem ouvir a parte contrária, justamente porque o direito do autor é evidente (fundado em
prova escrita sem força de título executivo).
d) Certa. Mesmo em questões a respeito das quais o magistrado está legalmente autorizado
a decidir de ofício, o juiz não está autorizado a proferir decisão sem oportunizar que as partes
tenham assegurado o direito de manifestação a fim de poder influenciar no julgamento. Para
esse item, vale conferir novamente os ensinamentos da letra b. O artigo 10 do CPC afirma que
“o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do
qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de maté-
ria sobre a qual deva decidir de ofício”. Trata-se da vedação da decisão-surpresa. Veja o que
Fredie Didier entende sobre o assunto: “Essa dimensão substancial do contraditório impede a
prolação de decisão-surpresa; toda questão submetida a julgamento deve passar antes pelo
contraditório.” Isso porque o

Estado democrático não se compraz com a ideia de atos repentinos, inesperados, de qualquer dos
seus órgãos, mormente daqueles destinados à aplicação do Direito. A efetiva participação dos su-
jeitos processuais é medida que consagra o princípio democrático, cujos fundamentos são vetores
hermenêuticas para aplicação das normas jurídicas.

e) Errada. Dispõe o art. 6º do CPC que “todos os sujeitos do processo devem cooperar entre
si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. Além disso, o
artigo 6º está inserido justamente no capítulo do CPC que prevê as normas fundamentais do
processo civil.

Questão 6 (MPE-PR/PROMOTOR SUBSTITUTO/2019) Assinale a alternativa correta acerca


das normas fundamentais do processo civil, de acordo com o Código de Processo Civil de 2015:
a) A atividade satisfativa da tutela jurisdicional deve ser prestada com duração razoável.
b) A exigência de comportamento com boa-fé, do Código de Processo Civil, aplica-se somente
às partes.

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c) Há regra geral do Código de Processo Civil que permite que decisões sejam proferidas sem
a oitiva da parte afetada.
d) A cooperação processual é princípio que atinge apenas as partes, no Código de Processo
Civil.
e) A solução consensual dos conflitos é incentivada somente em momentos pré-processuais.

Letra a.
a) Certa. É o que prevê o artigo 4º do CPC:

Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a
atividade satisfativa.

É importante também ressaltar que a Emenda Constitucional n. 45/2004 incluiu o inciso LXX-
VIII no artigo 5º, prevendo que “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados
a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. No
entanto, esse princípio já era previsto em Tratados Internacionais aos quais o Brasil aderiu.
b) Errada. A boa-fé, como norma fundamental do processo civil, aplica-se a todos que de qual-
quer forma participarem do processo, como partes, juízes, defensores públicos, advogados,
membros do Ministério Público, serventuários da justiça. Confira o teor do artigo 5º do CPC:

Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a
boa-fé.

STJ e STF também possuem o entendimento de que, no processo, exige-se dos magistrados
e dos serventuários da justiça conduta pautada por lealdade e boa-fé, sendo vedados os
comportamentos contraditórios.
c) Errada. O item afronta o disposto no artigo 10 do CPC:

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito
do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria
sobre a qual deva decidir de ofício.

Essa é a regra geral e o artigo 9º do CPC reforça essa ideia.

Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.

Ocorre que, no parágrafo único do artigo 9º do CPC, há exceções:

Art. 9º. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:


I – à tutela provisória de urgência;

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II – às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;


III – à decisão prevista no art. 701.

No entanto, essas são exceções, não regra geral, como afirmado no item.
d) Errada. Dispõe o art. 6º do CPC que “todos os sujeitos do processo devem cooperar entre
si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. Desse modo, a
cooperação processual não se limita às partes.
e) Errada. A solução consensual dos conflitos é incentivada tanto em momentos pré-proces-
suais como no curso do processo, conforme disposto no artigo 2º, § 3º, do CPC:

Art. 2º, § 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deve-
rão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público,
inclusive no curso do processo judicial.

Questão 7 (VUNESP/PREFEITURA DE SOROCABA-SP/PROCURADOR DO MUNICÍPIO/2018)


Durante o julgamento de uma causa, o juiz, de ofício e sem prévia manifestação das partes,
decidiu pela prescrição da pretensão do autor. O fundamento da decisão limitou-se à repro-
dução de um dispositivo legal, bem como à invocação de um precedente, sem identificar seus
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta ao referido
precedente. É correto afirmar que a sentença é:
a) válida e de acordo com o princípio da celeridade e eficiência processual.
b) anulável, por ofensa aos princípios da imparcialidade e igualdade processual.
c) nula, por ofensa ao princípio da não surpresa e fundamentação das decisões judiciais.
d) anulável, por ofensa ao princípio da não surpresa e fundamentação das decisões judiciais.
e) nula, de acordo com o princípio da razoável duração do processo e da adequada tutela ju-
risdicional.

Letra c.
No caso colocado pela questão, ao decidir de ofício e sem prévia manifestação das partes,
pela prescrição da pretensão do autor, o juiz infringiu o disposto nos artigos 9º e 10 do CPC:

Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito
do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria
sobre a qual deva decidir de ofício.

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Quanto ao fato de o fundamento da decisão ter se limitado à reprodução de um dispositivo


legal, bem como à invocação de um precedente, sem identificar seus fundamentos determi-
nantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta ao referido precedente, houve
afronta do disposto no artigo 489, § 1º, do CPC:

Art. 489, § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,
sentença ou acórdão, que:
I – se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação
com a causa ou a questão decidida;
[...]
V – se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos
determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos.

Portanto, a decisão é nula, por ofensa aos princípios da não surpresa e da fundamentação das
decisões judiciais.

Questão 8 (CONSULPLAN/TJ-MG/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2018) São princípios


fundamentais do processo civil, exceto:
a) isonomia.
b) cooperação.
c) informalidade.
d) boa-fé objetiva.

Letra c.
a) Certa. O princípio da isonomia está previsto no artigo 7º do CPC:

Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e facul-


dades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções proces-
suais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.

b) Certa. O princípio da cooperação está previsto no artigo 6º do CPC:

Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

c) Errada. O princípio da informalidade não é princípio fundamental do processo civil, portanto


essa é a alternativa correta.

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d) Certa. O princípio da boa-fé objetiva está previsto no artigo 5º do CPC:

Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a
boa-fé.

Questão 9 (VUNESP/CÂMARA DE CAMPO LIMPO PAULISTA-SP/PROCURADOR JURÍDI-


CO/2018) Dr. Esculápio é juiz de direito de uma das varas cíveis da Comarca de Campo Limpo
Paulista. Em uma ação que tramita pelo procedimento comum, após a citação, no momento
do saneamento do processo, percebe que o direito da parte autora está prescrito. Diante dessa
situação, levando em consideração os princípios que norteiam a nova estrutura do CPC/15,
assinale a alternativa correta.
a) Independentemente da oitiva das partes, por se tratar de matéria de ordem pública, poderá
o juiz aplicar a prescrição e assim extinguir a ação sem resolução do mérito.
b) Por ser vedada a decisão-surpresa, deve o juiz, mesmo em se tratando de matéria de ordem
pública, ouvir as partes antes de determinar a extinção do processo com resolução do mérito,
aplicando-se a prescrição.
c) Em que pese o fato de ser vedada a decisão-surpresa, tal princípio é excepcionado pelas
matérias de ordem pública e, dessa maneira, o juiz pode extinguir a ação com resolução do
mérito, independentemente da oitiva das partes.
d) A prescrição somente será aplicada se o réu da causa alegá-la em sede de contestação, a
fim de dar vazão ao princípio dispositivo.
e) Por ser vedada a decisão-surpresa, deve o juiz ouvir as partes antes de determinar a ex-
tinção do processo sem resolução do mérito, por inépcia da petição inicial, aplicando-se a
prescrição.

Letra b.
a) Errada. A alternativa afronta o disposto nos artigos 9º e 10º do CPC. Mesmo que se trate de

matéria sobre a qual o juiz deva decidir de ofício, ele deve ouvir previamente as partes.

Art. 9º. Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I – à tutela provisória de urgência;

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II – às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;


III – à decisão prevista no art. 701.
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito
do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria
sobre a qual deva decidir de ofício.

b) Certa. Decisão-surpresa é decisão nula, por violação ao princípio do contraditório. Confira


o que a doutrina de Daniel Assumpção diz sobre o tema:

Em matérias que o juiz só possa conhecer mediante a alegação das partes, realmente parece não
haver possibilidade de a decisão surpreender as partes. Os problemas verificam-se no tocante às
matérias de ordem pública, na aplicação de fundamentação jurídica alheia ao debate desenvolvido
no processo até o momento da prolação da decisão, e aos fatos secundários levados ao processo
pelo próprio juiz. São matérias e temas que o juiz pode conhecer de ofício, havendo, entretanto,
indevida ofensa ao contraditório sempre que o tratamento de tais matérias surpreender as partes.
Ainda que a matéria de ordem pública e a aplicação do princípio do iura novit curia permitam uma
atuação do juiz independentemente da provocação da parte, é inegável que o juiz, nesses casos –
se se decidir sem dar oportunidade de manifestação prévia às partes –, as surpreenderá com sua
decisão, o que naturalmente ofende o princípio do contraditório .

c) Errada. A alternativa vai de encontro ao que foi afirmado como correto na letra b, pois a
decisão-surpresa, mesmo em matéria de ordem pública, é nula.
d) Errada. A prescrição é matéria de ordem pública e pode ser reconhecida de ofício pelo julgador.
e) Errada. O artigo 487 do CPC, inciso II, afirma que haverá resolução de mérito quando o juiz
decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição. Não é o
caso de resolução sem mérito, como afirma o item. Importante prestar bem atenção também
no que diz o parágrafo único do mesmo artigo:

Art. 487. Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332, a prescrição e a decadência
não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.

A previsão do parágrafo reforça a proibição de decisão-surpresa.

Questão 10 (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Um sistema processual civil que


não proporcione à sociedade o reconhecimento e a realização dos direitos, ameaçados ou
violados, que tem cada um dos jurisdicionados, não se harmoniza com as garantias constitu-
cionais de um Estado Democrático de Direito.

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Se é ineficiente o sistema processual, todo o ordenamento jurídico passa a carecer de real


efetividade. De fato, as normas de direito material se transformam em pura ilusão, sem a
garantia de sua correlata realização, no mundo empírico, por meio do processo.
Exposição de motivos do Código de Processo Civil/2015, p. 248-53. Vade Mecum Acadêmico
de Direito Rideel. 22. ed. São Paulo, 2016 (com adaptações).
Tendo o texto precedente como referência inicial, julgue o item a seguir à luz do entendimento
jurisprudencial e doutrinário acerca das normas fundamentais do processo civil.
Voltado para a concepção democrática atual do processo justo, o CPC promoveu a evolução
do contraditório, que passou a ser considerado efetivo apenas quando vai além da simples
possibilidade formal de oitiva das partes.

Certo.
O princípio do contraditório é um dos princípios fundamentais do Direito Processual Civil e
pode ser decomposto em duas dimensões: a formal e a substancial. Assim, não basta a mera
possibilidade formal de oitiva das partes para se garantir o contraditório. A garantia da parti-
cipação é a dimensão formal do princípio do contraditório. Trata-se da garantia de ser ouvido,
de participar do processo, de ser comunicado, poder falar no processo. Há, porém, ainda, a
dimensão substancial do princípio do contraditório. Trata-se do “poder de influência”. Não
adianta permitir que a parte simplesmente participe do processo. Apenas isso não é o sufi-
ciente para que se efetive o princípio do contraditório. É necessário que se permita a ela ser
ouvida, é claro, mas em condições de poder influenciar a decisão do órgão jurisdicional.

Questão 11 (COMPERVE/CÂMARA DE CURRAIS NOVOS-RN/PROCURADOR LEGISLATI-


VO/2017) O princípio constitucional do contraditório, na nova estruturação conferida pelo Código
de Processo Civil (Lei n. 13.105/15), está baseado na ideia de que o contraditório dinâmico possi-
bilita uma preparação mais adequada durante a cognição, aprimora o debate e, consequentemen-
te, conduz a uma decisão de melhor qualidade. De acordo com esse princípio, o juiz é impedido de:
a) conceder tutela de urgência contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
b) proferir decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.

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c) conceder tutela da evidência contra uma das partes, quando houver tese firmada em julga-
mento de casos repetitivos, sem que ela seja previamente ouvida.
d) proferir decisão com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes
oportunidade de se manifestar, exceto nas matérias em que possa decidir de ofício.

Letra b.
a) Errada. O juiz pode conceder tutela de urgência contra uma das partes sem que ela seja pre-
viamente ouvida. É uma das exceções previstas no artigo 9º parágrafo único do CPC. Confira:

Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I – à tutela provisória de urgência.

b) Certa. O juiz é impedido de proferir decisão contra uma das partes sem que ela seja previa-
mente ouvida. É o que está disposto no caput do artigo 9º do CPC.
c) Errada. O juiz pode conceder tutela da evidência contra uma das partes, quando houver
tese firmada em julgamento de casos repetitivos, sem que ela seja previamente ouvida. É uma
das exceções previstas no artigo 9º parágrafo único do CPC. Confira:

Art. 9º. Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
[...]
II – às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III.

O que diz o artigo 311 do CPC?

Trata justamente das hipóteses de concessão de tutela de evidência. Confira:

Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de


dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
I – ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;
II – as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firma-
da em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III – se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de
depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação
de multa;
IV – a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do di-
reito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.

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d) Errada. O item afronta o disposto no artigo 10 do CPC. Note que esse artigo cai com muita
frequência nas provas.

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito
do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria
sobre a qual deva decidir de ofício.

Questão 12 (MPT/PROCURADOR DO TRABALHO/2017) Sobre as inovações do Código de


Processo Civil (CPC), analise as seguintes assertivas:
I – Por previsão expressa, as normas do CPC serão interpretadas de acordo com a Constitui-
ção da República.
II – A primazia do julgamento do mérito foi regrada expressamente, ampliando-se as possibi-
lidades de serem sanadas as irregularidades processuais.
III – Foram explicitadas hipóteses de decisões judiciais que não se consideram fundamentadas.
IV – Os tribunais, a par de uniformizar a sua jurisprudência, devem mantê-la estável, íntegra e
coerente, comando que se aplica até mesmo para o Supremo Tribunal Federal.
Assinale a alternativa correta:
a) Todas as assertivas estão corretas.
b) Apenas as assertivas I e III estão corretas.
c) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.
d) Apenas a assertiva IV está correta.
e) Não respondida.

Letra a.
I – Certo. Realmente, há previsão expressa determinando que as normas do CPC serão inter-
pretadas de acordo com a Constituição da República.

Art. 1º [do CPC]. O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e
as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, obser-
vando-se as disposições deste Código.

II – Certo. A primazia do julgamento do mérito foi regrada expressamente, ampliando-se as


possibilidades de serem sanadas as irregularidades processuais. Cabe ao juiz fazer o possível
para evitar a necessidade de prolatar uma sentença terminativa no caso concreto, buscando

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com todo o esforço chegar a um julgamento do mérito. Essa é uma realidade incontestável, e
bem representada pelo art. 282, § 2º, do CPC, ao prever que o juiz, sempre que puder decidir no
mérito a favor da parte a quem aproveite a declaração da nulidade, deve ignorar o vício formal
e proferir decisão de mérito. Confira:

Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e ordenará as providên-
cias necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados.
§ 1º O ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não prejudicar a parte.
§ 2º Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da nulidade, o
juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.

III – Certo. No CPC de 2015 foram explicitadas hipóteses de decisões judiciais que não se
consideram fundamentadas. Confira o teor do artigo 489, § 1º, do CPC:

Art. 489, § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,
sentença ou acórdão, que:
I – se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação
com a causa ou a questão decidida;
II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidên-
cia no caso;
III – invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador;
V – se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos
determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem
demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.

IV – Certo. De acordo com o artigo 926, caput, do CPC, os tribunais devem uniformizar sua
jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente.

Questão 13 (QUADRIX/PROCURADOR JURÍDICO/2017) Com base em conhecimentos relati-


vos a Direito Processual Civil e à legislação correlata, julgue o próximo item.
O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do
qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, salvo se se tratar de matéria
sobre a qual deva decidir de ofício, de acordo com o CPC.

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Errado.
Veja que esta é mais uma questão que cobra a literalidade do artigo 10 do CPC. Era muito
comum, antes da entrada em vigor do novo código, que os órgãos jurisdicionais decidissem
as questões sem ouvir as partes previamente. O novo CPC reforçou, na minha opinião de ma-
neira correta, o princípio do contraditório, principalmente para evitar decisões que peguem as
partes de surpresa.

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito
do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria
sobre a qual deva decidir de ofício.

Questão 14 (MPE-PR/PROMOTOR SUBSTITUTO/2017) A respeito da parte geral do Código


de Processo Civil de 2015 e das suas normas fundamentais, assinale a alternativa correta.
a) A solução consensual dos conflitos, apesar de permitida pelo Código de Processo Civil de
2015, não é incentivada nem considerada papel fundamental do Poder Judiciário.
b) É direito das partes obter a solução integral do mérito, o que se considera cumprido sempre
ao final da fase de conhecimento do processo civil.
c) De acordo com o Código de Processo Civil de 2015, a cooperação processual é norma que
vincula apenas as partes que integram a relação jurídica processual.
d) Em nenhuma hipótese pode o juiz proferir decisão contra uma das partes sem que ela seja
previamente ouvida, o que demanda revisão de temas do Direito Processual, como a tutela
provisória.
e) Não pode o juiz, em grau algum de jurisdição, decidir com base em fundamento a respeito
do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de
matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

Letra e.
a) Errada. Uma das características principais do CPC de 2015 é o incentivo à solução consen-
sual dos conflitos. Desse modo, ao contrário do que afirma a alternativa, a solução consensu-
al dos conflitos deve ser estimulada durante todas as fases do processo judicial e por todos
os que nele atuam. Nesse sentido, dita o artigo 3º, § 3º, do CPC:

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Art. 3º, § 3º. A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deve-
rão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público,
inclusive no curso do processo judicial.

b) Errada. Com certeza, as partes têm direito de obter a solução integral do mérito. É o que se
chama de princípio da primazia da decisão de mérito. No entanto, o princípio não se aplica
apenas na fase de conhecimento. Aplica-se também à fase satisfativa (execução e cumpri-
mento de sentença). Confira:

Art. 4º [do CPC]. As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito,
incluída a atividade satisfativa.

c) Errada. O princípio da cooperação indica que todos aqueles envolvidos no processo deve-
rão direcionar seus esforços para que o processo alcance os seus objetivos e para que isso
ocorra em tempo razoável. Neste sentido, dispõe o art. 6º do CPC:

Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

É um princípio que não se aplica apenas às partes. Aplica-se também ao juiz, membro do MP,
advogados, defensores públicos, serventuários da justiça e demais que porventura venham a
participar do processo.
d) Errada. Inicialmente, ressalto que o artigo 9º do CPC/15 dispõe:

Art. 9º. Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.

No entanto, esse mesmo artigo traz exceções:

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:


I – à tutela provisória de urgência;
II – às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III – à decisão prevista no art. 701.

e) Certa. É o que dispõe o artigo 10 do CPC:

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito
do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria
sobre a qual deva decidir de ofício.

Questão 15 (VUNESP/CÂMARA DE MOGI DAS CRUZES/PROCURADOR JURÍDICO/2017) Caio


ajuizou a competente ação de indenização por danos materiais e morais contra Gaio, em

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razão de acidente automobilístico. Todavia, o autor deixou de indicar a quantificação dos


danos morais sofridos. O juiz da ação determinou que Caio emendasse a inicial, indicando a
quantificação dos danos morais sofridos em razão do infortúnio. O caso descrito refere-se ao
princípio processual:
a) da vedação da decisão-surpresa.
b) do contraditório e da ampla defesa.
c) da motivação.
d) do dispositivo.
e) da cooperação.

Letra e.
Querido(a) aluno(a), perceba que a conduta do juiz no sentido de intimar Caio a emendar
a petição inicial está intimamente relacionada ao princípio da cooperação. Segundo Daniel
Assumpção, a doutrina nacional prevê três vertentes desse princípio, entendidas como verda-
deiros deveres do juiz na condução do processo:
(I) dever de esclarecimento, consubstanciado na atividade do juiz de requerer às partes es-
clarecimentos sobre suas alegações e pedidos, o que naturalmente evita a decretação de nu-
lidades e a equivocada interpretação do juiz a respeito de uma conduta assumida pela parte;
(II) dever de consultar, exigindo que o juiz sempre consulte as partes antes de proferir decisão,
em tema já tratado quanto ao conhecimento de matérias e questões de ofício;
(III) dever de prevenir, apontando às partes eventuais deficiências e permitindo suas devidas
correções, evitando-se assim a declaração de nulidade, dando-se ênfase ao processo como
genuíno mecanismo técnico de proteção de direito material. Veja que a conduta do juiz apon-
tado na questão se amolda perfeitamente ao dever de prevenir (terceira vertente do princípio
da cooperação).

Questão 16 (VUNESP/TJM-SP/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2016) Assinale a alternativa


correta.
a) A garantia do contraditório participativo impede que se profira decisão ou se conceda tutela
antecipada contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida (decisão-surpresa).

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b) A boa-fé no processo tem a função de estabelecer comportamentos probos e éticos aos


diversos personagens do processo e restringir ou proibir a prática de atos atentatórios à
dignidade da justiça.
c) O princípio da cooperação atinge somente as partes do processo que devem cooperar entre
si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
d) Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e econômicos e às
exigências do bem público, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana.
e) Será possível, em qualquer grau de jurisdição, a prolação de decisão sem que se dê às partes
oportunidade de se manifestar, se for matéria da qual o juiz deva decidir de ofício.

Letra b.
a) Errada. A garantia do contraditório participativo não impede a concessão de tutela anteci-
pada contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Nesse caso, o contraditório
continua a existir, porém em momento posterior. É o que a doutrina define como contraditório
diferido, como ocorre na concessão das tutelas de urgência inaudita altera parte, em situa-
ções de extrema urgência nas quais a decisão do juiz deve preceder informação e reação da
parte contrária.
b) Certa. Evidentemente, a boa-fé no processo tem a função de estabelecer comportamentos
probos e éticos aos diversos personagens do processo e restringir ou proibir a prática de atos
atentatórios à dignidade da justiça. É o que se extrai do artigo 5º do CPC:

Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a
boa-fé.

c) Errada. Dispõe o art. 6º do CPC:

Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

Assim, embora as bancas insistam nessa afirmação, o princípio da cooperação não se aplica
somente às partes, mas a todos os sujeitos do processo.
d) Errada. A alternativa afronta o disposto no artigo 8º do CPC, que afirma:

Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporciona-
lidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

O dispositivo legal aduz que o juiz deve atender às exigências do bem comum, não do bem público.

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e) Errada. Pelo contrário: o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar,
ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício (artigo 10 do CPC).

Questão 17 (FUNDEP/TJ-MG/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2014) Com relação aos princípios


gerais do Direito Processual Civil, analise as afirmativas seguintes:
I – A isenção, em relação às partes e aos fatos da causa, é condição indeclinável do órgão
jurisdicional para o proferimento de um julgamento justo, podendo-se afirmar que o juiz sub-
jetivamente capaz é aquele que não tem sua imparcialidade comprometida pela suspeição ou
pelo impedimento.
II – O princípio do devido processual legal decorre da norma contida na Constituição Federal,
no art. 5º, inciso LIV, garantindo às partes voz e meios para se defenderem, respeitando os
direitos fundamentais.
III – No princípio da identidade física do juiz, o juiz titular ou substituto que concluir a audi-
ência julgará a lide, ainda que estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo,
promovido ou aposentado.
IV – Segundo o princípio da congruência, deve o juiz decidir, observados os limites da lide
estabelecidos pelo pedido do autor, evitando-se decisões extra petita, citra ou infra petita ou
ultra petita.
A partir da análise, conclui-se que estão corretas:
a) I e III apenas.
b) I, II e IV apenas.
c) II e III apenas.
d) III e IV apenas.

Letra b.
Veja que essa questão é de 2014, mas traz detalhes interessantes. Vejamos.
I – Certo. A isenção, em relação às partes e aos fatos da causa, é condição indeclinável do
órgão jurisdicional para o proferimento de um julgamento justo, podendo-se afirmar que o juiz

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subjetivamente capaz é aquele que não tem sua imparcialidade comprometida pela suspei-
ção ou pelo impedimento. As hipóteses de impedimento e suspeição do juiz estão descritas
nos artigos 144 e 145 do CPC.
II – Certo. O princípio do devido processual legal decorre da norma contida na Constituição
Federal, no art. 5º, inciso LIV, garantindo às partes voz e meios para se defenderem, respeitan-
do os direitos fundamentais.

Art. 5º, LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.

III – Errado. O novo CPC não reproduziu o dispositivo do CPC de 1973, que previa o princípio
da identidade física do juiz. De todo modo, ainda que o reproduzisse, o item continuaria erra-
do, porque o artigo 132 do CPC de 1973 previa que “o juiz, titular ou substituto, que concluir a
audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo,
promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor”.
IV – Certo. O princípio da congruência vincula o juiz aos limites do pedido do autor, não se
admitindo a concessão de algo diferente nem a mais do que foi pedido, o que, inclusive, gerará
sentença extra e ultra petita, respectivamente. Veja o teor do artigo 492, caput, do CPC:

Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a
parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.

Questão 18 (FCC/DPE-AP/DEFENSOR PÚBLICO/2018) Não se excluirá da apreciação juris-


dicional ameaça ou lesão a direito.
Esse é o princípio da:
a) inclusão obrigatória, decorrente da dignidade humana e do mínimo existencial, tratando-se
de princípio constitucional e, simultaneamente, infraconstitucional do processo civil.
b) vedação a tribunais de exceção ou do juiz natural, tratando-se apenas de princípio cons-
titucional do processo civil.
c) legalidade ou obrigatoriedade da jurisdição, tratando-se apenas de princípio infraconstitu-
cional do processo civil.
d) reparação integral do prejuízo, tratando-se de princípio constitucional e também infra-
constitucional do processo civil.

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e) inafastabilidade ou obrigatoriedade da jurisdição e é, a um só tempo, princípio constitucio-


nal e infraconstitucional do processo civil.

Letra e.
O princípio mencionado na questão é o da inafastabilidade da jurisdição. Consagrado pelo art.
5º, inciso XXXV, da Constituição Federal (“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciá-
rio lesão ou ameaça de lesão a direito”), o princípio da inafastabilidade tem dois aspectos: a
relação entre a jurisdição e a solução administrativa de conflitos e o acesso à ordem jurídica
justa, que dá novos contornos ao princípio, firme no entendimento de que a inafastabilidade
somente existirá concretamente por meio do oferecimento de um processo que efetivamente
tutele o interesse da parte titular do direito material. Esse princípio garante que não há maté-
ria que possa ser excluída da apreciação do Poder Judiciário.
O CPC está em consonância com a Constituição Federal, na medida em que prevê o princípio
no seu artigo 3º:

Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.

Assim, podemos afirmar que o princípio da inafastabilidade da jurisdição é, a um só tempo,


constitucional e infraconstitucional.

Questão 19 (VUNESP/CÂMARA DE TATUÍ-SP/PROCURADOR LEGISLATIVO/2019) Assinale a


alternativa que corresponde à definição do princípio da efetividade do processo.
a) Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
b) Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a propor-
cionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
c) As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a
atividade satisfativa.
d) Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
e) Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade.

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Letra c.
a) Errada. A alternativa descreve o princípio da cooperação, insculpido no art. 6º do CPC:

Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

b) Errada. A alternativa tratou do princípio da dignidade da pessoa humana, previsto no


art. 8º do CPC:

Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporciona-
lidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

c) Certa. Segundo esse princípio (efetividade do processo), os direitos, além de reconhecidos,


devem ser efetivados, conforme a previsão do art. 4º do CPC:

Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a
atividade satisfativa.

d) Errada. Essa alternativa tratou do princípio do contraditório, previsto no art. 9º do CPC:

Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.

e) Errada. A alternativa trata do princípio da fundamentação das decisões judiciais, previsto


no art. 11 do CP:

Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade.

De igual modo, o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal dispõe:

Art. 93, IX. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos,
às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.

Questão 20 (VUNESP/2019/PREFEITURA DE CERQUILHO-SP/PROCURADOR JURÍDICO)


Assinale a alternativa que completa corretamente a frase a seguir, apontando o princípio
correspondente:
“O processo, depois de instaurado, não pode ficar à mercê da vontade das partes, devendo ser
dado ao mesmo o devido andamento, cabendo ao juiz zelar pela rápida e eficaz solução da
lide, em obediência ao princípio ___________”.

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a) da segurança jurídica.

b) do duplo grau de jurisdição.

c) do impulso processual/oficial.

d) da oficialidade.

e) da disponibilidade e indisponibilidade.

Letra c.

O princípio do impulso processual dispõe competir ao juiz, após a instauração da relação

processual, mover o procedimento de fase em fase até a extinção do processo propriamente

dito. Cabe às partes dar início à ação, mas, após ajuizada a demanda, nasce para o Poder Ju-

diciário o dever de impulsionar o feito.

Questão 21 (CESPE/TJ-SC/JUIZ SUBSTITUTO/2019) De acordo com os princípios constitu-

cionais e infraconstitucionais do processo civil, assinale a opção correta.

a) Segundo o princípio da igualdade processual, os litigantes devem receber do juiz tratamen-

to idêntico, razão pela qual a doutrina, majoritariamente, posiciona-se pela inconstituciona-

lidade das regras do CPC, que estabelecem prazos diferenciados para o Ministério Público, a

Advocacia Pública e a Defensoria Pública se manifestarem nos autos.

b) O conteúdo do princípio do juiz natural é unidimensional, manifestando-se na garantia do

cidadão a se submeter a um julgamento por juiz competente e pré-constituído na forma da lei.

c) O novo CPC adotou o princípio do contraditório efetivo, eliminando o contraditório posteci-

pado, previsto no sistema processual civil antigo.

d) O paradigma cooperativo adotado pelo novo CPC traz como decorrência os deveres de es-

clarecimento, de prevenção e de assistência ou auxílio.

e) O CPC prevê, expressamente, como princípios a serem observados pelo juiz na aplicação

do ordenamento jurídico proporcionalidade, moralidade, impessoalidade, razoabilidade, lega-

lidade, publicidade e eficiência.

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Letra d.
a) Errada. A concessão de prazos diversos para partes em situações jurídicas distintas é, em
verdade, aplicação do princípio da isonomia, em sua vertente material. Mesmo que haja cor-
rente doutrinária que entenda pela inconstitucionalidade de prazos dilatados, ela é minoritária.
b) Errada. A doutrina afirma que o princípio do juiz natural é tridimensional, não unidimensional,
na medida em que deve ser observado em três dimensões:
• a causa deve ser julgada por um juiz previamente constituído, sendo vedados os tribu-
nais de exceção;
• tal juiz deve ser competente, exercendo a sua jurisdição nos limites estabelecidos pela lei;
• tal juiz deve ser imparcial, não apresentando interesse no resultado do processo.
c) Errada. O contraditório postecipado é também chamado de contraditório diferido. Esse tipo
de contraditório é justificado e aceito em situações de urgência. Não houve sua eliminação
pelo CPC. Observe o teor do art. 300, § 2º, do CPC:

Art. 300, § 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.

d) Certa. O princípio da cooperação tem sua origem na função dos princípios da boa-fé objeti-
va e do contraditório, e pressupõe uma conduta de lealdade por parte de todos os sujeitos do
processo. Recordemos os deveres relacionados ao princípio da cooperação:
• Dever de esclarecimento: as partes devem redigir sua demanda com clareza e coerência,
e o tribunal deve se esclarecer junto às partes quanto às dúvidas que tenha sobre suas
alegações. Isso tem a finalidade de evitar que o magistrado tome decisões precipitadas,
açodadas. Além disso, o órgão jurisdicional tem o dever de esclarecer os seus próprios
pronunciamentos para as partes, com fundamento também no dever de motivação.
• Dever de consulta: é uma variante do dever de esclarecimento. Não pode o órgão
jurisdicional decidir com base em questão de fato ou de direito sem que tenha dado às
partes o direito de manifestação prévia.
• Dever de prevenção: o magistrado tem o dever de apontar as deficiências das postu-
lações das partes para que elas sejam corrigidas. Visamos, com a prevenção, evitar
que o êxito da ação ou da defesa possa ser frustrado pelo uso inadequado do processo.
Por exemplo: de acordo com o artigo 76 do CPC, se o juiz verificar a incapacidade

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processual ou a irregularidade da representação da parte, ele suspenderá o processo e


designará prazo razoável para que seja sanado o vício, não simplesmente extinguirá o
processo. Outro exemplo é o previsto no artigo 1.029, § 3º, do CPC que afirma que tanto
o Supremo Tribunal Federal como o Superior Tribunal de Justiça podem desconsiderar
vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o
reputem grave.
e) Errada. Caso não tivesse sido incluído o princípio da moralidade, a alternativa estaria cor-
reta, considerando que a alternativa cobrou a literalidade do artigo 8º do CPC:

Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporciona-
lidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

Questão 22 (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2016) Em respeito ao princípio da


economia e da eficiência processual, o novo Código de Processo Civil, não admite a convali-
dação de atos processuais eivados de vício.

Errado.
Conforme dispõe o art. 283 do CPC:

Art. 283. O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos que não possam
ser aproveitados, devendo ser praticados os que forem necessários a fim de se observarem as
prescrições legais.
Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados desde que não resulte prejuízo à
defesa de qualquer parte.

Em complementação, também há o enunciado n. 279 do FPPC, que prevê que, “para os fins
de alegar e demonstrar prejuízo, não basta a afirmação de tratar-se de violação a norma
constitucional”.

Questão 23 (IDECAN/CÂMARA DE ARACRUZ-ES/PROCURADOR LEGISLATIVO/2016) O Novo


Código de Processo Civil aborda, expressamente, alguns princípios a serem aplicados ao
processo como resultado do modelo constitucional de processo civil. Sobre o tema, assinale
a afirmativa incorreta.

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a) É permitida a arbitragem, na forma da lei.


b) Expressamente o Código limita a exigência de atuar com boa-fé ao juiz, às partes, aos ad-
vogados e aos membros do Ministério Público.
c) A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão
ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público,
inclusive no curso do processo judicial.
d) Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a propor-
cionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

Letra b.
a) Certa. De acordo com o art. 3º, § 1º, do CPC: “É permitida a arbitragem, na forma da lei”.
b) Errada. O dever de boa-fé cabe a toda e qualquer pessoa que participe do processo, atin-
gindo não somente as partes, mas também as testemunhas, servidores etc., conforme dispõe
o art. 5º do CPC:

Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a
boa-fé.

c) Certa. Nos termos do art. 3º, § 3º, do CPC:

Art. 3º, § 3º. A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deve-
rão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público,
inclusive no curso do processo judicial.

d) Certa. O art. 8º do CPC estabelece:

Art. 8º. Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporciona-
lidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

Questão 24 (IDECAN/CÂMARA DE ARACRUZ-ES/PROCURADOR LEGISLATIVO/2016) Leia o


trecho a seguir para responder à questão.
“O Novo Código de Processo Civil estabelece que os juízes e os tribunais atenderão, preferen-
cialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão.”

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Analise as afirmativas a seguir.


I – A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para
consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores.
II – Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das conclusões
entre as preferências legais.
III – Após a inclusão do processo na lista de que trata a afirmativa I, o requerimento formulado
pela parte não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a reabertura
da instrução ou a conversão do julgamento em diligência.
Estão corretas as afirmativas:
a) I, II e III.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.

Letra a.
I – Certo. Nos termos do art. 12, § 1º, do CPC:

Art. 12, § 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição
para consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores.

II – Certo. De acordo com o art. 12, § 3º, do CPC:

Art. 12, § 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das conclusões
entre as preferências legais.

III – Certo. Nos termos do artigo 12, § 4º, do CPC:

Art. 12, § 4º Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1º, o requerimento formulado
pela parte não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a reabertura da
instrução ou a conversão do julgamento em diligência.

Questão 25 (VUNESP/PREFEITURA DE MOGI DAS CRUZES-SP/PROCURADORJURÍDICO/2016)


O princípio de demanda e impulso oficial tem relação com a:
a) imparcialidade do juiz.
b) prevalência à conciliação.

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c) duração razoável do processo.


d) paridade e o contraditório.
e) proporcionalidade e a razoabilidade.

Letra a.
Nos termos do art. 2º do CPC, o processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por
impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.
O princípio da demanda estabelece que cabe à parte dar início ao processo judicial. Em con-
trapartida, o princípio do impulso oficial determina que o processo começa por provocação da
parte, no entanto, desenvolver-se-á por impulso oficial.
Os dois princípios possuem relação com a imparcialidade do juiz, pois, se ele pudesse, como
regra, dar início à ação de ofício, teria que fazer um juízo de valor sobre o caso concreto, tor-
nando-se, consequentemente, imparcial.

Questão 26 (IDECAN/CÂMARA DE ARACRUZ-ES/PROCURADOR LEGISLATIVO/2016) Leia o


trecho a seguir para responder à questão.
“O Novo Código de Processo Civil estabelece que os juízes e os tribunais atenderão, preferen-
cialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão.”
De acordo com o exposto, não estão excluídos dessa regra:
a) o julgamento de agravo de instrumento.
b) o julgamento de embargos de declaração.
c) o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento
de casos repetitivos.
d) a decisão que verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento
válido e regular do processo.

Letra a.
De acordo com o art. 12 do CPC, apenas não está excluído da regra o julgamento do agravo
de instrumento:

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Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão


para proferir sentença ou acórdão.
§ 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para
consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores.
§ 2º Estão excluídos da regra do caput:
I – as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar
do pedido;
II – o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de
casos repetitivos;
III – o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas;
IV – as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932;
V – o julgamento de embargos de declaração;
VI – o julgamento de agravo interno;
VII – as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça;
VIII – os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal;
IX – a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada.

Questão 27 (CONSULPLAN/TJ-MG/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2018) Foi indeferida


prova pericial requerida pelo autor. Acolhida a pretensão inicial, o autor apelou somente para
alegar cerceamento de defesa, porque entende ser absolutamente necessária a prova indeferida.
Ao julgar a apelação, o Tribunal negará provimento aplicando o princípio:
a) da isonomia.
b) da celeridade.
c) da cooperação.
d) da instrumentalidade das formas.

Letra d.
a) Errada. O princípio da igualdade processual está previsto no artigo 7º do CPC e visa evitar
que haja algum tipo de discriminação no processo, sem que haja um motivo justo para tanto.
Não há relação desse princípio com o enunciado da questão.
b) Errada. O princípio da celeridade visa assegurar a todos, nos âmbitos judicial e administra-
tivo, a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
c) Errada. O princípio da cooperação tem seu alicerce no devido processo legal e foi previsto
expressamente no art. 6º do CPC:

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Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

d) Certa. Pelo princípio da instrumentalidade das formas, sabemos que a existência do ato
processual é um instrumento utilizado para se atingir determinada finalidade. Assim, ainda que
eivado de vício, se o ato atinge sua finalidade sem causar prejuízo às partes, não se declara
sua nulidade, ou seja, ainda que o ato não seja praticado da forma prescrita em lei, se atingiu o
objetivo, será válido. De acordo com o enunciado da questão, foi acolhida a pretensão inicial.
Desse modo, o autor não teve prejuízo pelo simples indeferimento da prova requerida.

Questão 28 (FUNDEP/DPE-MG/DEFENSOR PÚBLICO/2019) Analise as seguintes afirmati-


vas referentes aos princípios aplicáveis ao Direito Processual Civil.
I – Não se considera “decisão-surpresa” ou “decisão de terceira via” aquela que, à luz do or-
denamento jurídico nacional, as partes tinham obrigação de prever, concernente às condições
da ação, aos pressupostos de admissibilidade de recurso e aos pressupostos processuais.
II – No modelo cooperativo de processo, a gestão do procedimento de elaboração da decisão
judicial é difusa, já que o provimento é o resultado da manifestação de vários núcleos de par-
ticipação, ao mesmo tempo que todos os sujeitos processuais cooperam com a condução do
processo.
III – Por meio do contraditório, as partes têm o condão de delimitar a atividade decisória aos
limites do pedido (princípio da congruência ou da adstrição), coibindo o julgamento não ape-
nas fora e além do pedido, mas, inclusive, em desconformidade com a causa de pedir.
IV – A defesa técnica no processo civil é prescindível para assegurar às partes, ao longo de
todas as etapas do procedimento, a chamada “competência de atuação”, diretamente relacio-
nada ao exercício pleno dos princípios da ampla defesa, da isonomia e do contraditório.
Nesse contexto, pode-se afirmar que:
a) todas as afirmativas estão corretas.
b) todas as afirmativas estão incorretas.
c) estão corretas as afirmativas I e IV apenas.
d) estão incorretas as afirmativas I e IV apenas.

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Letra d.
I – Errado. Consoante os artigos 9º e 10 do CPC, a regra é a obrigatoriedade de o juiz ouvir as
partes antes de proferir suas decisões. Essa obrigatoriedade é aplicada, inclusive, quando a
decisão for tratar das condições da ação, dos pressupostos processuais ou dos pressupostos
recursais. Não se pode querer que as partes prevejam as futuras decisões judiciais.
II – Certo. O modelo cooperativo consiste em ter um processo cuja condução não contenha
protagonismos. Isso significa que a condução do processo ocorre de maneira compartilhada,
cooperativa, de modo que partes e magistrado conduzam o processo com a finalidade de al-
cançar a decisão de mérito justa e efetiva.
III – Certo. A regra da congruência consiste no dever de a decisão judicial guardar identidade
com o objeto litigioso, formado pelo pedido e causa de pedir. Nos moldes do art. 141 do CPC:

Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de
questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.

Assim, a violação ao princípio da congruência pode gerar uma decisão ultra petita, quando
o juiz vai além do pedido, concedendo mais do que foi pleiteado; extra petita, quando o juiz
concede provimento estranho aos pedidos das partes; e infra petita, quando o juiz não analisa
algum dos pedidos, ficando a decisão aquém da esperada.
IV – Errado. A defesa técnica, via de regra, não é dispensável (prescindível) no processo civil.
Pelo contrário. Ela é necessária para garantir uma defesa efetiva. Há situações, por exemplo,
que requerem a nomeação de curador especial para elaborar a defesa técnica dos sujeitos
elencados nos incisos I e II do art. 72 do CPC:

Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:


I – incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele,
enquanto durar a incapacidade;
II – réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não for
constituído advogado.

Além disso, não podemos olvidar que um dos requisitos de validade do processo é justamente
a capacidade postulatória, detida por advogados regularmente inscritos na OAB, procurado-
res, defensores públicos e membros do Ministério Público.

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Questão 29 (MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2019) Em atenção ao princípio da ampla


defesa, segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o sistema processual civil
brasileiro não admite o instituto da supressio, ou renúncia tácita de um direito ou de uma
posição jurídica, pelo seu não exercício com o passar dos tempos, podendo a parte alegar a
nulidade de ato processual a qualquer tempo.

Errado.
O instituto da supressio é aceito em nosso ordenamento jurídico e já foi consolidado em di-
versos julgados. Supressio refere-se à supressão do direito de determinado sujeito, em razão
de seu não exercício, de maneira reiterada durante certo espaço de tempo. Já na surrectio, a
atitude de uma parte ao longo do tempo faz surgir para a outra um direito não pactuado ori-
ginariamente.
Com isso, temos que ambos os institutos são uma relação de causa e efeito, estando ambos
presentes simultaneamente, pois, quando o direito é suprimido para um (supressio), nasce
para outro (surrectio).
Ao contrário do que é afirmado na questão, não se poderá alegar nulidade a qualquer tempo,
devendo esta ser alegada no primeiro momento em que a parte se manifesta no processo, nos
moldes do art. 278 do CPC:

Art. 278. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte
falar nos autos, sob pena de preclusão.

Já ouviu falar da nulidade de algibeira?

Confira um trechinho de um recente julgado do STJ:

A suscitação tardia da nulidade, somente após a ciência de resultado de mérito des-


favorável e quando óbvia a ciência do referido vício muito anteriormente à arguição,
configura a chamada nulidade de algibeira, manobra processual que não coaduna com
a boa-fé processual e que é rechaçada pelo Superior Tribunal de Justiça inclusive nas
hipóteses de nulidade absoluta. Precedentes.
(REsp n. 1714163/SP, DJe 26/09/2019).

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Questão 30 (MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2019) O Código de Processo Civil dispõe


que o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito
do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, salvo se tratar de matéria
sobre a qual deva decidir de ofício.

Errado.
Perceba como esta é uma questão cobrada em provas. De acordo com o art. 9º do CPC:

Art. 9º. Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I – à tutela provisória de urgência;
II – às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III – à decisão prevista no art. 701.

Já o art. 10 do CPC estabelece que:

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito
do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria
sobre a qual deva decidir de ofício.

As bancas examinadoras costumam sempre colocar as matérias que podem ser decididas de
ofício como exceção. Não caia nessa!

Pronto. Finalizamos essa primeira aula e espero que tenha gostado e aprendido bastante.
Conte comigo em sua caminhada.
Desejo força a você que conseguiu terminar esta aula com alegria e a certeza de que será
aprovado(a)!
Até a próxima aula.
Forte abraço,
Lídia Marangon.

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