Você está na página 1de 3

O Processo de formação dos contratos

Caso 1: Requisitos de validade das propostas

Analise a validade das seguintes propostas:


a) António coloca o seguinte anúncio no jornal: “Interessado em comprar
Renault 5, de 1979. Tel. 21 900 90 90”.
R: E um convite a contratar pois faltam elementos.
b) António coloca o seguinte anúncio no jornal: “Interessado em vender Renault
5, de 1979. Tel. 21 900 90 90”.
R: inválida (874)
c) António coloca o seguinte anúncio no jornal: “Vendo Renault 5, de 1979, por
€ 10 000”.
R: Oferta ao publico
d) António coloca o seguinte bilhete num para-brisas de um automóvel:
“ofereço € 2 500 pelo seu automóvel. Tel. 21 900 90 90”.
R: valida. Duvida e saber se e uma oferta ao publico.
e) António coloca o seguinte bilhete na ranhura da porta de entrada de uma
vivenda: “ofereço € 200 000 pela sua vivenda. Tel. 21 900 90 90”.
R: inválida (art 875).

Caso 2: Duração da proposta contratual

Em 1 de janeiro de 2014, António telefona a Bento, seu amigo de infância,


perguntando-lhe se estaria interessado em comprar-lhe um automóvel. Bento, mais
interessado em saber novidades do seu amigo, responde-lhe: “Já se vê”. Depois de
quase uma hora ao telefone, os amigos desligam os telefones.
No dia seguinte, Bento telefona a António para lhe dizer que estava interessado
em adquirir o automóvel. António responde que o vendeu, de manhãzinha, a Carlos.

Quid Juris?
Quando A ligou a B manifestando a sua vontade de vender o seu automóvel, B
nada disse, ou seja, nem aceitou nem recusou a proposta feita. Dado que não foi
estipulado um prazo de resposta e a proposta foi feita de modo direto (telemóvel)
pode-se aferir que A pretendia uma resposta imediata da parte de B e, ao abrigo do art
228º n1, b) vemos que a proposta se manteria ate que a mesma e a aceitação
chegassem ao destino, B recebeu a proposta no preciso momento em que ela foi
exteriorizada por A dado ao meio em que comunicavam e não a aceitou, levando assim
a uma presunção de que não quereria aceitar a proposta feita. Como tal, A pode
efetivamente vender o automóvel a C uma vez que B não chegou a aceitar a proposta,
logo não havia contrato.

Caso 3: Duração da proposta contratual

No dia 1 de janeiro, António envia uma carta a Bento, com o seguinte teor:

“Queres comprar o meu Renault 5, por € 2 000?”

a) António faleceu a 4 de janeiro, tendo Bento recebido a carta no dia seguinte.


Quid Juris?

A) Se Bento aceitar a proposta, esta continua válida, de acordo com uma


interpretação estritamente literal do nº1 do artº 231º do C.C., se não houver
fundamento para admitir que essa não seria a vontade de António. Porém, em
concreto, não me parece fazer sentido que a proposta continue eficaz, uma vez que a
morte do proponente fez com que extinguisse a sua esfera jurídica (conjunto de
direitos e deveres de que é suscetível um sujeito jurídico).

b) Imagine-se, com o mesmo cenário de a) – falecimento de António no dia 4 –,


que a carta tinha o seguinte conteúdo:

“Queres comprar o meu Renault 5, por € 2 000? Preciso de ir viajar!”


Quid Juris?

B) Dada a declaração de António de “preciso de ir viajar”, este poderia ser a


única razão para queres vender a coisa, se houver fundamento de que António, dada a
situação, não quisesse vender o carro, de acordo com o artº 231º, nº1 do C.C., esta
pode ser extinta. (Ou 226)

c) Bento faleceu a 4 de janeiro, tendo a carta chegado a sua casa no dia seguinte.

Quid Juris?

C) Dada a morte do destinatário, de acordo com o artigo 231º, nº2, a eficácia da


proposta extingue-se.

Você também pode gostar