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1 LAUDOS PERICIAIS

Publicado a 09/10/2012, 07:42 por Eudaldo Sizinio de Jesus Neto

O perito ao se manifestar sobre os fatos patrimoniais devidamente circunstanciados gera a


peça tecnológica denominada Laudo Pericial Contábil.

È o julgamento ou pronunciamento, baseado nos conhecimentos que tem o profissional da


contabilidade, em face de eventos ou fatos que são submetidos a sua apreciação.

Laudo é, de fato, um pronunciamento ou manifestação de um especialista, ou seja, o que


entende ele sobre uma questão ou várias, que se submetem a sua apreciação.

Exemplificando: em um processo judicial, um advogado precisa argumentar sobre o valor de


quotas da sociedade da qual seu cliente saiu; o sócio egresso entende que foi prejudicado e,
inconformado, entrou na justiça para discutir. O advogado sabe que pela lei o sócio tem direito
a receber o valor de suas quotas na forma que o contrato estabelecia, mas não tem
conhecimentos contábeis suficientes para atestar isto; o juiz, por sua vez, sendo também
advogado, não dispõe de conhecimento especializado para julgar. Requer-se, então, a um
perito contador sua opinião.

No processo, como é usual, formula-se os quesitos ou perguntas (tanto o autor como o réu
podem formular, através de seus advogados, tais quesitos).

O perito juiz examina a questão e dá sua opinião através de seu Laudo.

Exemplo de Laudo:

Exmo. Sr. Doutor

Juiz de Direito da... Vara... da Comarca de...


Antônio Lopes Sá, perito nomeado e compromissado nos autos do Processo de n° ...em que
são partes, como autores, ... e como réus ..., requer a juntada de seu laudo pericial contábil,
concluído tempestivamente, cujo teor é o seguinte:

1.1 QUESITOS DOS AUTORES

1° O valor atribuído ao Patrimônio Líquido para efeito de determinar o valor da


sociedade....está correto?

Resposta do Perito: Conforme demonstramos no Anexo n° 01, que fica fazendo parte
integrante deste laudo, o valor atribuído de R$... pelos réus não está correto.

Milita contra a correção os itens 1 a 3 do Anexo n° 01, supra-aludido, ou seja, não foram
corretas as reavaliações dos bens do Ativo Permanente, nem, como se demonstra nos itens 4 a
6, do anexo 01 já referido, os valores imateriais de “ fundo de comércio” ou avivamento, como
o previsto na clausula... do contrato social registrado sob n° ... na Junta....

2° No entender do perito, qual o valor a ser atribuído ás quotas dos autores... pela quotas que
possuíam na sociedade....?

Resposta do Perito: No entender deste perito e como se acha demonstrado no Anexo n° 02,
que fica fazendo parte integrante deste laudo, o valor de patrimônio Líquido Reavaliado, ao
qual se agrega o valor do aviamento, produz um total de R$ .....; calculando-se o percentual de
participação dos autores e que era de ....%. o valor de suas quotas é de R$.... (itens 9 e 10 do
anexo n° 2)

1.2 QUESTÕES DOS RÉUS

1° O valor de R$ .... de Patrimônio Líquido do balanço encerrado em... foi reavaliado para
servir de base de cálculo de quotas dos sócios....egressos?

Resposta do Perito: Sim. Houve reavaliação, porém a mesma deixou de incluir elementos e
outros os fez com insuficiência, conforme está demonstrado no Anexo n° 01, apenso.
2° O patrimônio Líquido reavaliado foi, percentualmente, atribuído como valor de resgate das
quotas dos sócios egressos?

Resposta do Perito: Sim. Tal valor, todavia, como já foi esclarecido, não é o que este perito
considera correto.

Valor correto seria, como respondeu este perito no presente laudo, R$.... .

3° Entende o senhor perito que, diante da situação de prejuízo verificada nos exercícios de
...e...., seria o caso de calcular-se valor de aviamento, conforme determina a clausula... do
contrato social?

Resposta do Perito: Entende este perito, conforme a melhor doutrina contábil e de acordo
com normas consagradas, que o valor de aviamento se calcula sobre as “perspectiva de lucros”
e não sobre os resultados passados.

Em razão disto, como demonstra no Anexo n° 02, o aviamento deve ser calculado e agregado
ao valor de patrimônio líquido para que se tenha o valor de cálculo a que se refere a cláusula
... do Contrato Social. Para reforço da opinião deste perito, em anexo de n° 03, relaciona as
opiniões dos maiores mestres da atualidade sobre o assunto.

Belo horizonte,....

Antônio Lopes de Sá – Contador CRC 1086 MG

Laudo Pericial Contábil é uma peça tecnológica que contém opiniões do perito contador,
como pronunciamento, sobre as questões que lhe são formuladas e que requerem seu
pronunciamento.

Não se pode deixar de observar que o laudo é uma peça de Especialista, necessitando, todavia,
para que seja de boa qualidade, que contenha argumentos sobre as opiniões.
2 ESTRUTURA DOS LAUDOS

O laudo não possui um padrão, mas existem formalidades que compõem a estrutura dos
mesmos. Em geral, no mínimo, um laudo deve ter em sua estrutura os elementos seguintes:

2.1 Prólogo de encaminhamento

É, a identificação e o pedido de anexação aos autos.

2.2 Abertura

Primeiramente, é a indicação do procedimento ordenatório, identificando sua numeração, as


partes envolvidas, no litígio ou setor sobre o qual a perícia se manifestará.

2.3 Consideração Preliminares

É a parte introdutória da peça técnica pericial, ou seja, a parte relativa ao relatório pericial.
Pode ser dividida em alguns subtópicos.

No primeiro subtópico, deve descrever, sucintamente, o pedido formulado

pelo proponente da ação constante da inicial e traz à luz os contornos e limites do trabalho
pericial.

Um segundo subtópico a ser oferecido é o que relata as diligências realizadas pelo perito
contábil. Informa-se os principais momentos de como foi desenvolvido.

2.4 Quesitos
São as questões técnicas objeto da lide que se apresentam desenvolvidas através de perguntas
formuladas pelo magistrado ou pelas partes, ou por uma das partes apenas. No caso
administrativo, os quesitos são identificados pelas áreas de interesse que foram objeto de
indagação.

2.5 Respostas

O perito contábil deve observar algumas regras básicas. As respostas devem seguir-se aos
quesitos e por uma questão hierárquica, são oferecidas, preliminarmente, as respostas aos
quesitos formulados pelo magistrado, em seguida as respostas aos quesitos oferecidos pelas
partes, pela ordem de juntada das mesmas aos autos do processo.

2.6 Assinatura do perito

O perito deverá assinar o laudo.

2.7 Anexos

“Ilustram” as respostas, para evitar que se tornem prolixas ou, então, reforçam a opinião.
Deve se fazer de forma parcimoniosa, nunca no sentido de “inchar” o laudo contábil,
admitindo-se a juntada de apenas alguns exemplares de vários documentos. Primeiro porque
o perito contábil tem fé pública; segundo, porque o excesso de juntada, em especial de
documentos, estará transformando a prova pericial em prova documental.

2.8 Pareceres (se houver)

Pareceres de outros especialistas ou de notáveis podem ser requeridos para efeito de reforço
da opinião do perito ou até para suplementá-la e, nesse caso, apensos ficam ao laudo.

Os laudos em suas estruturas devem encerrar identificações dos destinatários, do perito, das
questões que forma formulada e conter respostas pertinentes, devidamente argumentadas,
anexando-se o que possa reforçar os argumentos das respostas ou opiniões emitidas.
3 REQUISITOS DE UM LAUDO CONTÁBIL

Para que um laudo possa classificar-se como de boa qualidade, precisa atender aos seguintes
requisitos mínimos:

· Objetividade

· Rigor Tecnológico

· Concisão

· Argumentação

· Exatidão

· Clareza

A objetividade é um principio que se estriba no preceito acolhido pelas ciências, ou seja, a


exclusão do julgamento em bases “pessoais” ou “subjetivas”.

O que é objetivo é “racional” e, no campo tecnológico da perícia, deve inspirar-se na ciência


contábil.

Em seu laudo, o perito não deve ser divagar, mas de forma concreta, ater-se á matéria,
respeitando sua disciplina de conhecimentos.
Exemplo: resposta objetiva: “As depreciações calculadas no exercício de... na base percentual
aplicada sobre o saldo das contas... não espelham a realidade. Os valores deveriam ser R$...
R$... R$... . Considerando-se a vida útil dos bens relacionados no anexo n° e os laudos do
Instituto Tecnológico de ... que a fixou.

Exemplo: resposta não objetiva: “ As depreciações parecem-se aceitáveis porque a empresa


naturalmente as calculou dentro de suas conveniências.”

O perito precisa ater-se á questão com a “realidade” e dentro dos “parâmetros da


contabilidade” e não deve utilizar expressões como as exemplificadas – “Parece-me”; o perito
não deve emitir opiniões vagas e imprecisas em matéria definida no conhecimento contábil.

Por isso um laudo também deve ter rigor tecnológico, ou seja, deve limitar-se ao que é
reconhecido como cientifico no campo da especialidade.

Um laudo deve ser bem redigido, mas não é uma peça literária; precisa ater-se ao “assunto” e
responder satisfatoriamente.

A concisão, todavia, não deve chegar ao absurdo da exclusão dos argumentos.

Exemplo: resposta concisa inadequada

Quesito: O valor dos estoques foi determinado corretamente no exercício de ...?

Resposta: Não

Exemplo: Resposta concisa adequada

Não. O valor das materiais foi tomado apenas pelo preço de fatura, sem considerar os demais
custos de compra que devem aumentar o custo dos materiais. “ O anexo n° ... demonstra tal
irregularidade. Além de tal procedimento ferir o que dispõe a lei..., fere a Norma de Avaliação
contábil do CFC n° ... e altera o resultado da empresa para menor”
A parte colocada “entre aspas” representa um acréscimo que não pode ser tomado como
concisão, mas completa objetivamente a orientação que o perito deve dar sobre as
consequências do fato.

Quando as argumentações forem longas, demandando a evocação de muitos argumentos, o


perito pode utilizar-se de anexo para discorrer sobre suas razões, tornando, desta forma, mais
concisa a resposta.

Um laudo não pode basear-se em suposições, mas apenas em fatos concretos. Por isso um
laudo não é uma informação, mas uma opinião baseada em realidades inequívocas; havendo
insegurança para opinar, o perito deve abdicar, declarando sua impossibilidade para
responder.

Um laudo que se baseia só em “depoimento de testemunhas” não é um laudo pericial contábil,


pois falta materialidade para concluir.

Um laudo pericial contábil não pode ser baseado apenas em opiniões e testemunhos de
terceiros. Deve basear-se também em materialidades de natureza contábil.

A exatidão de um laudo só pode ser conseguida se as provas que conduzem á opinião são
consistentes e obtidas por critérios eminentemente contábeis.

No que tange á clareza, ela é importantíssima porque o perito deve entender que o laudo é
feito para terceiros que não são especialistas e que não possuem obrigação de entender a
terminologia tecnológica e cientifica da contabilidade.

Frases vagas, de dupla interpretação, com abuso de terminologia contábil especificam


rebuscadas demasiadamente em seu vernáculo, impedem a clareza.

Um laudo exige respostas que esgotem os assuntos dos quesitos e que não necessitem mais de
esclarecimentos.
Algumas vezes, as perguntas ao perito são incompletas, por desconhecimento contábil de
quem as pergunta; nesse caso, o perito pode “complementar” sua resposta, dentro do tema.

Quando um quesito é incompleto em sua redação, mas tem o objetivo correto dentro das
razões que motivam a perícia, é conveniente ao perito complementar a resposta.

4 REQUISITOS DAS RESPOSTAS NO LAUDO

As respostas aos quesitos que motivam um laudo devem, pois, ter os seguintes requisitos:

· Objetividade

· Justificação

· Rigor Tecnológico

· Precisão

· Complementação (quando necessária)

· Clareza

Como da qualidade das respostas depende a qualidade do laudo e como sobre o assunto já
dissertamos, apenas, aqui, se repetem as condições imprescindíveis.

Uma resposta deve ater-se ao seu objeto, ou seja, ao que se está perguntando. Não basta,
também, só responder; necessário se faz explicar por que se chegou à resposta, e isto é
argumentar.
Como a perícia é contábil deve pautar-se dentro da metodologia de tal conhecimento. Um
laudo não é uma peça de suposição, ficção ou literatura, mas algo tecnológico, ou seja, inspira-
se nos princípios da doutrina contábil.

Para que se chegue a conclusões é preciso, pois, rigor tecnológico.

Necessário, também, é que exista certeza sobre o que se afirma, e isto é precisão.

Para que a resposta seja entendida é preciso que esteja ao alcance de quem vai utilizar-se
dela.

5 TIPOS DE LAUDOS

Os laudos variam de acordo com suas finalidades, que são muitas.

No campo administrativo, podem existir laudos para atenderem aos propósitos seguintes:

· Desfalques (fraudes);

· Corrupção;

· Desempenho ou gestão;

· Aumentos salariais;

· Decisões administrativas diversas.


Ensejam, pois, pericias casos da vida administrativa onde se faz necessário “investigar”, por
“exame contábil especifico”, um problema sobre o qual a administração precisa inteirar-se
para saber como vai proceder.

Os casos de desfalques são comuns; a pratica da fraude deriva de vários motivos e existem
formas próprias de investigá-las.

As praticas de corrupção, em que se envolvem corruptos e corruptores, têm-se generalizado


nas grandes organizações e no Poder Publico em particular, em todo o mundo.

As pericias administrativas, no campo do exame da gestão, visam especialmente observar se


determinado gestor é perdulário, se não se aplica em seu trabalho, usando mal o patrimônio
etc.

As pericias para decisões são feitas para que um administrados tenha plena consciência sobre
o qual vai decidir.

As pericias judiciais são muito variadas, suas ações se referem a ações de:

· Apuração de haveres;

· Busca e apreensão;

· Consignação em pagamento;

· Cominatórias;

· Concordatas;

· Desapropriação;
· Dissolução de sociedade;

· Exclusão de sócio;

· Extrato de contas

· Falências;

· Inventário;

· Inquérito judicial

· Liquidação de firma

· Negatório de renovação de contrato

· Ordinária em geral

· Penais

· Possessórias

· Prestação de contas

· Reclamações trabalhistas
· Reintegração de posse

· Rescisórias

· Tributárias

· Etc.

Como, no caso judicial, visam oferecer provas, pode o juiz entender que são justificáveis as
perícias, e, como variadas são as suas naturezas dos litígios, muitos são os tipos de trabalhos
do perito, mas sempre deve desenvolver-se dentro dos objetivos para o qual seu trabalho foi
requerido.

6 ANEXO DOS LAUDOS

Os anexos de um laudo pericial são, em geral, “esclarecimentos” ou “análises” das matérias


descritas nas respostas dos quesitos. Visam ensejar que sejam mais “concisas” as respostas,
deixando os detalhes para os anexos, ou apresentar comprovações da matéria que se acha
escrita. Podem, como vimos, constituir-se:

· Extrato de contas

· Demonstrações de contas

· Razões de cálculos

· Documentos

· Pareceres
· Demonstrações de apurações

· Inventários

· Balanços

· Balancetes

· Fluxos de caixa

· Listagens

· Publicações

· Certidões

· Declarações

· Análises contábeis

· Analises tecnológicas

· Etc.

Os exemplos visam, por sua extensão, esclarecer como podem ser diversas as naturezas dos
anexos.
O perito todas as vezes que necessitar “esclarecer”, “dar mais força” a seus argumentos, deve
apelar para os anexos.

Os anexos devem ser pertinentes ao assunto de cada quesito, ou seja, devem referir-se á
matéria objetivamente.

Os anexos são partes do laudo que ao mesmo são adicionados para esclarecer ou comprovar o
texto da resposta aos quesitos.

Como tal, os anexos evitam longos textos de respostas e em muito facilitam a leitura do laudo.

Os anexos devem ser numerados seguidamente e no texto das respostas dos quesitos deve-se
fazer referência a tais números como referência.

A quantidade de anexos depende de cada caso, não são elementos obrigatório de um laudo,
mas enriquecem o mesmo e ajudam os esclarecimentos.

7 LAUDOS COLETIVOS

Laudo coletivo é aquele que é realizado por uma junta de peritos, ou seja, por mais de um
profissional e pode provocar concordância ou discordância entre elas.

Em muitos casos, conforme exigência legal ou interesse de quem requer a perícia, o trabalho é
feito por mais de um profissional.

Nas periciais judiciais são três os peritos, em geral, mas podem ser mais. Um é o perito do juiz
e dois são assistentes, ou seja, um dos autores e outro dos réus. È habitual, pois, o “laudo
coletivo” ou realizado por uma junta de profissionais.

Em cargos extrajudiciais, como, por exemplo avaliação de bens para aumento de capital, a lei
obriga que sejam três os peritos.
Em inquéritos administrativos, conforme volume, podem funcionar diversos peritos.

Como o trabalho é coletivo, podem ocorrer: concordância plena, concordância parcial e ou


discordância total entre os peritos.

8 LAUDO INSUFICIENTE

Laudo insuficiente é aquele que não esclarece tudo o que ele dele se espera como meio de
entendimento sobre uma questão ou várias que tenham sido formuladas.

Um laudo pode satisfazer a uma parte e não satisfazer a outra; a uma pode interessar a
omissão e á outra isto pode prejudicar.

Quando ocorre a “insuficiência” é aconselhável outra perícia. As verificações podem ser


incompletas. Os exames podem omitir ou mal interpretar. Um fato pode passar despercebido.
Todas essas ocorrências podem suceder, e são de fato, na prática, constatáveis, a própria lei
prevê isto para os casos de pericia judicial.

Um laudo será insuficiente quando suas opiniões não forem satisfatoriamente esclarecedoras
para quem o requereu ou dele vai necessitar como prova.

Só se deve considerar um laudo insuficiente quando os dados omissos no mesmo ou que


estiverem expostos de forma incompleta forem capazes de alterar a decisão do juiz.

Pequenos erros de cálculos, exclusões de detalhes e documentos irrelevantes, falta de análises


de particularidades não decisivas em face de julgamento são imperfeições, mas não
insuficientes competentes para que um laudo seja, de fato, considerado defeituoso por
insuficiência de dados.

9 ESCLARECIMENTO DE LAUDO
Um laudo pode não estar devidamente claro, embora não seja insuficiente. Há uma diferença
de conceitos; o laudo insuficiente é geralmente o que omite ou distorce; o laudo que enseja
esclarecimento é o que não omite, não distorce, mas permite interpretação duvidosa

Faz-se necessário o esclarecimento de um laudo todas as vezes que uma das partes
interessadas entender que as respostas permitem dupla interpretação ou forem vagas ou sem
objetividade.

Em ocorrendo a necessidade de esclarecimento, podem as partes e o próprio juiz ficarem


satisfeitos com explicações verbais adicionais.

Não se trata, no caso, de fazer-se “nova pericia”, mas só de objetivas respostas aos laudos.

10 ENTREGA DE LAUDOS

Os laudos possuem “prazos”, ou seja, tempo certo em que devem ser produzidos; portanto,
para que haja prova de que o prazo se cumpre é preciso “formalizar” a entrega.

Os laudos devem ser entregues em prazos certos e necessário se faz comprovar a entrega,
obtendo-se recibo ou meio de prova do cumprimento dos referidos prazos.

A formalização de entrega deve obedecer á natureza e as formalidades de cada caso; as


pericias administrativas, uma carta ou um oficio; nas judiciais a petição ao juiz para a anexação
dos autos.

O laudo é compromisso em tempo determinado e por isso sua entrega deve ser sempre
comprovada.

11 LIMITES DA PERTINÊNCIA DA OPINIÃO NO LAUDO PERICIAL


Quando o perito contábil está a serviço do juiz, por ele nomeado, tem por responsabilidade
principal orientar a decisão do magistrado.

Algumas vezes, tal orientação está além do que consta do questionado, ou seja, o laudo pode
transcender os limites dos quesitos formulados.

Deve o perito, então, por exercício da consciência ética, ir além do que requerem os temas
elaborados pelas partes e acrescentar o que contribuir para a decisão e que por ele foi
detectado.

Trata-se de assumir o “verdadeiro espírito da opinião“, ou seja, o que juiz espera como
orientação para proferir sua sentença.

Se o perito consegue perceber o que não foi perguntado mas que influi na decisão, deve, a
serviço da justiça e da qualidade de seu trabalho, transcender o que foi inquirido.

Assim, por exemplo, se o processo se refere à saída de um sócio e à apuração dos haveres
deste na empresa, podem as partes formular quesitos sobre as avaliações e não formulá-los
sobre as contingências ou riscos virtuais.

Em favor da Justiça, o perito deve determinar a parte que cabe ao sócio que se retira, de
acordo com a avaliação feita, mas precisa, também, consignar que a empresa tem riscos
iminentes de pagar por tais ou quais somas por indenizações já identificadas e que contra ela
correm e que não foram objeto das perguntas formuladas.

As partes podem, no calor do processo ou por omissão, formular quesitos defeituosos que
prejudicam o julgamento; se o perito consegue detectar tais erros, deve emitir sua opinião,
ainda que não requerida na solicitação feita pelas partes litigantes.

Desde que a opinião pericial esteja presa a matéria em lide e possa motivar esclarecimento,
pouco importa se foi ou não objeto de indagação, para que o profissional emita como subsidio,
seu parecer.
Se um perito é conhecedor de sua profissão e se pode utilizá-la em favor da Justiça e não o faz,
não só rompe o dever ético, como também viola a essência do exercício profissional.

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