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Copyright® 2003 Pedro Paulo Funari Todos 0s direitos desta edigio reservados 4 Editora Contexto (Fditora Pinsky Ltda.) Diagramagio Esttidio Graal/Gustavo $, Vilas Boas Proparagéo de texto Sandra Regina de Souza Reviséo Dida Bessana/César Eduardo de Carvalho Copa Antonio Kehl Dados Internacionais de Cataloj gacéo na Publicacéo (cin) (Camara Brasileira do Livro, sp, Brasil) Turismo e patriménio cultural / organizasao Pedro Paulo Funari, Jaime Pinsky. — 5. ed. — Sao Paulo: Contexto, 2020. Bibliografia '8-85-7244-171-1 1. Brasil ~ Descrigio e viagens. 2. Cultura — Brasil, 3. Patriménio cultural - Protecio ~ Brasil 1 Funari, Pedro Paulo, I. Pinsky, Jaime, 01-1905 CDD- 338.479181 Indice para catdlogo sistemético: 1. Brasil: Turismo ¢ patriménio cultural 338.479181 20 Eprrora Contexto Ditetor editorial: Jaime Pinsky Rua Dr, José Flias, $20 ~ Alto da Lapa (05083-030 ~ So Paulo ~ 6p vabx: (11) 3832 5838 contextu@edituracontexto.com.br www.edivoracontexto.com.br i al ou parcial. ibida a reprodugao tor eae serao processados na forma da lei. Preservar e consumir: 0 patriménio histérico e o turismo Marly Rodrigues* © habito de viajar é antigo. No século xvil, as boas familias mandavam seus filhos completarem a educagdo com viagens nas quais aprendiam linguas e cos- tumes de outros povos, compravam obras de arte e visitavam os monumentos da Antiguidade, como o Férum, em Roma. Em meados do século XIX, as viagens passaram a ser organizadas por pessoal especializado, tomando-se, aos Ppoucos, uma forma de negdécio denominado tu- Bsmo, gerador de lucros, empregos e divisas, para numerosos paises. O pioneiro no ramo parece ter sido Thomas Cook que constituiu na Inglaterra uma empresa inicialmente dedicada as excursdes ferrovidrias de recreagdo, uma vez que os ‘tens eram o mais moderno e rapido meio de locomogao conhecido. Quase ao mesmo tempo, os antigos livros que ensinavam a “arte” de viajar passaram a ser Substituidos por um instrumento considerado indispensdvel ao conhecimento de Povos € nagoes, o guia de viagem, 0 primeiro produzido na Alemanha, por uma familia de editores, a Baedeker, A atividade turistica €, portanto, produto da sociedade capitalista industrial e S€ desenvolveu sob o impulso de motivagdes diversas, que incluem o consumo de Lens culturais. O turismo cultural, tal qual © concebemos atualmente, implica N40 apenas a ofe, c o vente Shenae 4 olena de espeticulos ou eventos, mas também a existéncia e pre servagao de lociie hoo, UY PatwmOnio cultural representado por museus, monumentos € lis histonicos . a do valor cultural especilico, do ponto de vista do turismo cultural, es es bens mate, pr * natenais possuem outro valor, o de serem objetos indispensiveis, cujo Doutora em an Gun . a pe ynselho © Detesa do Pata pett Unicamp e, desde 1982, integrante do corpo técnico do Co! Patines i do de S40 Paulo ¢ Conde Onto Historico, Atqueologico, Anistico e Turistico do Esta da propia atividade. O mesmo acontece feaasten m ‘ui a base de sustents passa sua importine;: Itrap P a Para q valorizagao U! Ses locais. ve alguns aspectos 8 Protes2O 20 Patriménig amente de al eee ; A 1, incluida a transformagao pela qual vem passan_ Sone ism a memoria e a atividade de turismo, on das populag Este artigo trata co-arquitetoni lo esse conceitfo, € suas relagdes ¢ atriménio: uma palavra, muitos usos o pode assumir sentides diversos. Originalmente eseve miliar, mais diretamente aos bens materiais. No séulo a henanga ndo, na Franca, o poder pu! de protesio aos monumentos de valor para a histéria das nagdes, 0 uso de “pa. 2 endeu-se para os bens protegidos por lei e pela acho de érgios es- ico comesou a tomar as primeiras medidas rufdos, nomeando 0 conjunto de bens culturais de uma nagio, 0 de patriménios nacionais intensificou-se durante o século xx e ser wu para criar referenciais comuns a todos que habitavam um mesmo territério, <é-los em toro de pretensos interesses e tradig¢des comuns, resultando na *mposigao Ge uma lingua nacional, de “costumes nacionais”, de uma histéria na- Sonal que se sobrepés as memérias particulares e regionais. Enfim, o patriménio Passou a constituir uma colegao simbélica u: cultural idéntica a todos, embora os mesmo territ6rio fossem diversos. O $40 social de extrema im nificadora, que procurava dar base 8TUPpos sociais e étnicos presentes em uM Patrimnio passou a ser, assim, uma constru- portancia politica, duto da agao dos homens, Portanto, da A construcao do patriménio cutee Quem e por que preservat. 7 iS, Possivel entre os diversos setores oe © significado atribufdo ao patriméni ncias de momento, vagao resulta, por isso, da Negociacag envolvendo cidadaos e poder piiblico, bem se modifica segundo as circunsta, 16 Proservar @ ConSUmIr: 0 patrmeno histinca e o tursmo A pantir do final da década de 1970, verificou-se a valorizacao do patrimé : 6 or de meméria das sociedades. Hoje entendemos que, alem cultural como um fa de servir ao conhecimento do passado, os remanescentes materiais de cultura sio testemunhos de experiéncias vividas, coletiva ou individualmente, e permitem aos homens lembrar & ampliar o sentimento de pertencer a um mesmo espago, de par- jilhar uma mesma cultura e desenvolver a percepsao de um conjunto de elemen- tos comuns, que fornecem o sentido de grupo € compoem a identidade coletiva. ‘Assim, acreditamos que preservar O patriménio cultural — objetos, documentos tragados urbanos, dreas naturais, paisagens ou edificagdes ~ € escritos, imagens, dade tenha maiores oportunidades de perceber a si propria. garantir que a socie Patrimonio, entre a memoria e O turismo 4 heranga cultural como um lugar de meméria vai de atriménio que se estabeleceu no pais na idades de A forma de pensar noss: encontro a priitica de preservagao do Pp: década de 1930 e, até certo ponto, ao proprio rumo assumido pelas ati turismo no Brasil. Isso se deve a muitos e complexos fatores, a partir dos quais se estruturaram as politicas ptiblicas voltadas a protegao do patrimGnio. Entre estes, a propria concepsao do que é cultura e hist6ria. Pais de heranga escravista, no qual o traba- Iho nao era visto como forma de criagio de valores culturais, os objetos conside- rados dignos de protegao estiveram, até recentemente, relacionados a colonizagao e as classes proprietirias, cujo conceito de sociedade e privilégios excluiam, em geral, todos os nao proprietirios. Por sua vez a Histéria, que no Brasil comegou a ser escrita no século xix, sob auspicios do proprio imperador, reforgaria a exclusio e as diferengas sociais existentes, de fato, na sociedade. Retratando o “passado da nagao”, especialmente pelo ensino escolar, ela comporia a imagem que cada um fazia de si proprio € do lugar que Ihe era dado na sociedade. Negros e brancos pobres eram vistos nos li- ——— como trabalhadores, mas nao construtores de cultura, distingo que ee ie brancos e proprietérios, com acesso aos bancos das faculdades e peia, tida como modelo. . ein mete ees a distancia entre o patrim6nio cultural seu, Essa nese soe east ne ume vez que esta nao reconhecia nele nada movimentos sociais que A anne at “s lécada de 1980, quando, no Conjunto dos dos direitos de cidadania, segment a mocratizag2o do pais e 0 efetivo exercicio dos seus ee , Segmentos Socials e id comegaram a ter reconheci- ‘onstrutores da sociedade, da histéria e da cultura brasileiras. Tun 10 8 patimnin cultural valorizam 4 participayao ea oy, ira dos como Hist6ria, revelande, e temas que Ao mesino tempo, as pesq ma ser registra spec de pessoas andnimas pass ncobentos. adotada n 1 a inchs Jno conjunt de bens tombades, el aaa no Brasil a vie dO pateitaOnio, come yan Nese mesmo periodo, ef 1g de bens materiais, comme f4t ypiciand) bricas lugar de meméria social, pre frias, antes Hf yossivel tes ro das edificagles, CONSITETAYATH aperas a ey, ste ainda bascado no que a Hiys, © residéncias ope que, no 0 valor hist6rico, © agens e grandes fates nacionais, até entaio, por eri cepeionalidade materi: al dos grandes person: aa respeito ; es Fes waco, tiva do patrimdnio como parte integrante da meméria “xial tar! A perspectiva do pa como um campo de conflito simbé! go meméria/esquecimento, em geral vencido pelos segmentos sociais neméria como a de toda a sociedade. lico da sociedade, no qual se te. gistra 0 jc °s, que podem impor sua 1 A meménia social aflora, assim, como portadora de historicidade; as condigces de construi-la sto mutaveis e ela reflete as relagées politicas, de possibilidades de de direitos, que cada segmento social e também cada individuo tem em ex do tempo. “e, também, a valorizagao que a sociedade d4 ao passado. A meméra ‘al serd t20 mais significativa quanto mais representar o que foi vivido pelos ersos segmentos sociais € quanto mais mobilizar 0 mundo afetivo dos indivi- Cuos, suscitando suas lembrangas particulares. Nestas, e $6 nestas, alcangado pelo Foca nos me ap Fee & an eae do, porque reconstrufdo por core Se a ee: Se Hon Peni, quem qu le nos Cag de ook ee ns Be Por caminhos diversos eolrecruzans vols a8 nae i vives sua confluencia nasce a possibilidade Ps olan Particular € ees Ver que & memria € uma forma dy le identidade individual e coletiva, um relaséo Ene 0 presente @ 9 pa 4 de 0s individuos e as sociedades recomporem a COM 4 MemnCri, & par eta & © Patriménio foi anterior & aprox Icio na culture e, ude anos it de 1964, crescera a intervengao do Estado Esta oe €m 1967, o Departamento de Assuntos umn ‘on Americanos (cra) Promoveu um encontro “ _ ‘ ea © 0 Brasil: a Cana de Quito, Mt #8sinado pelos paises participantes Nela se te . parte dos pl te com o & magag deste brasi Culturais da Organizacay dy y 0 dos no Equador, do qual resultoy inclusiv ecomendava que janos de deservolvime de valorizagao do patrimOnio fizesse™ ine Nacional i ne quipamento turistic, nal e fosses dos simultaneame! Mstion das replies envolvidas, ——— se, ainda, 4 a OF “SE, , 18 Js interesses privados e 0 respaldo da o a ppiniao publica para 0 desen- comperayao de yolvimento desses projetos. Nessa Cpoca, 0 governo Castelo Branco instituiu © Conselho Nacional de a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), ambos voltados para a des de turismo 2s necessidades do desenvolvimento eco- O Sistema Nacional de Turismo foi instituido em 1967, ano em lizou o 1 Encontro Oficial de Turismo Nacional. Tratava-se de de economica que atendia ao desenvolvimento social, meta egracao nacionais, constituia, entao, 0 nticleo da po- Turismo © ativic coordenagao émico € cultural que também se re fomentar uma ativid e, com a seguranga € a int ‘ica do governo federal. A valorizagao turistica do p além disso, possibilitava a manipul | importincia para o reforgo do civismo. A hist6ricos”, juntamente com a das “festas tipicas” € promover aos olhos do mundo, € dos brasileiros, a image aoe potencialidade para enfrentar o futuro. O turismo, porém, nao contaria nessa época com plenas condi¢des de aprovei- tumento do patriménio, cujo estado de conservacao, em geral, deixava a desejar. ‘Alémn disso, alguns elementos fundamentais na composi¢ao da estrutura de apoio 2 indastria turistica, como pessoa comegavam a ser formados. litic atrimOnio j4 se mostrara eficiente em outros paises Jagao de um universo simbdlico de consi- propaganda dos “monumentos das “belezas naturais”, poderia m de um pais com tradi- ¢, deriv | especializado, apenas c Um pouco de historia Em 1608, a chegada da Corte portuguesa ao Brasil implicou a criagdo de lu- gares de meméria - a Biblioteca Nacional e o Museu Nacional -, que acabariam reforcados como instrumentos da constituigao da nacionalidade brasileira apdés a independéncia, quando, em 1838, foram instituidos 0 Instituto Historico € Geo- yrifico Brasileiro € 0 Arquivo Nacional, responsdveis, respectivamente, pela cria- ao da Hist6ria e manutengao da meméria hist6rica nacional. smc Ercenta conn ° patriménio hist6rico e arquitetnico foi muito posterior, ae ou a de 1910, quando o pais passava por uma crise politica e de aa ie digoes de Oswaldo Cruz ¢ outros cientistas pelo Brasil haviam coma a ¢ foetal dlesigualdades entre 0 “sertio" € © “mar”, Ao mesmo Pee ° do su! a pais, a expressiva presenga de imigrantes frequentando a unidkde eee em suas linguas natais, parecia colocar em perigo vimento, das olf : Oe to ameagada pelas disputas, entao em pleno desenvol- Re eae ui esiacials pelo poder central. Outros fatores contrib preocupagoes com a preservagao da cultura brasileira; 19 Teme o pmmdnio cult smalismo, a amplagao is cidades & a yy lorizagag ag sseimento do naet peado LNLErnae tonal, smn valorizar 0 que eta brasileiro tom, cles, 0 ere a colonial no met wo ante ster Nadeoada de 0 dos intel yyniticas eda Titentturt, ' participaram do movimento ne preocupagao ¢ ormais modernist Expressava-se, também, nos p OU for. » POF meig FOHCTOS dos rocolonial, Voltade nga portuguesa € colonial p: , como Mirio de Andrade ma na produ de pesquisis etn anquitetos, como Laielo Costa, que : Ara A Composicae de uma anquitennr anda por projetos de ea go de Srgdos de protege ao patrimOnio apresentados ao legislative federal @ pela sa Bahia, em 1927, em Pernambuco, em 1928, de Inspetorias Estaduais tuaglo se limitou ao inventirio de bens locais sisea da valorizagao da hert panna t i “antenticamente naciona eriagto, na de Monumentos Foi no conjunto dos esforgos reali nistas, de conhecer, compreender e recriar o Brasil, que se desenvolveu a ideia de proteslo ao patrimOnio, Ela se efetivou no governo de Getiilio Vargas (1930- 1945) que, ao consagrar, pelo Decreto n° 22.928, de 12 de julho de 1933, Ouro Preto como “monumento nacional", demonstrou conhecer © potencial simbélico dos bens culturais. Segundo considerava o decreto, o destaque dado para a antiga capital de Minas Gerais se devia ao fato de ela haver sido “teatro de aconteci- mentos de alto relevo hist6rico na formagao de nossa nacionalidade e de possuir velhos monumentos, edificios e templos de arquitetura colonial, verdadeiras obras dare, que merecem defesa e conservagao”, Em 30 de novembro de 1937, Vargas assinou o Decreto-lei n® 25, que teve por Rc eens de Andrade, criando o Servico de Patriménio Hse ees aa ee Primeiro 6rgio federal dedicado a ans um “conjunto de bene pa a . Patrim6nio histérico e artistico oe pubhco, quer por sua vincula a a oe soe ai a " quer ¥ excepcional valor ay ———— bis ée vat" © reconhecimento pablice dears oon oeeatco, bibiogrifico of MET mo p blico desse valor se faria pelo tombamento, isto elie principal instruments rege, Pekeattes; e das artes aplicadas. O tombamer™® aaa vont & perda de propriedade do bem; a responsiilidate de AUCH ZAI0 O4 Gt eh? 40 proprieitrio que & proibido de demolH'o gl eatdo Be tata de um objeto de arte, le etini-lo dos HY do territério nacional, sem Poucos, € re TOvacao do érgdo competente- acionais, CU} aados, em especial o dos intelectuais moder. por se inscrigao do bem ¢ © paisagi desear Prévia ap, CENLES, $40 O8 ince bens toni : nbados, trugoes € bastante utili vs conservagao de 20 reservar @ Const Preservar @ Consumit: 0 patrimnio histérico © 0 turiem ismo muitas vezes, se tratim os cong culturais. O mesmo argumento justifica muitas propostas dle aproveitamento econdmico dos bens, incluido 0 uso turistico, Até a década de 1960, poucas lei de bens culturais. A partir de entao, e principalmente na década de 1980, seu nd- scimento da preocupagao da sociedade com 0 assun- ssem as formas legais de protegao adotadas. O tom- aprovadas no pais tratavam da preservagao mero cresceu refletindo 0 ¢ to sem que, contudo, se amp! pamento continua a sera forma predominante, embora, muitas vezes, nao atenda a manutengao do ambiente, em especial nas areas urbanas. ria a dindmica necessa n, de acordo com as recomendagées da Carta de Atenas, do- ‘A acho do Sphar cumento internacional de m1 especial destaque para as obras do Barroco, movimento artisti- considerado a esséncia da brasilidade e, também, a producao fortes, engenhos e igrejas. Os edificios xistentes no centro da cidade de Sa0 Paulo, construidos sob influéncia do ecletismo a partir do final do século xx, foram relegados, pois eram considerados alheios a tradicao brasileira. Constituiu- se desse modo, um conjunto de bens que, além de representar a histéria da nagao, teve o sentido de representar o passado da arquitetura brasileira, manifes- cao cultural que, a essa época, comeg¢ava a se firmar. Em Sao Paulo, a atividade do érgio nacional de protegio a0 patrim6nio pas- sou a contar, a partir de 1968, com o concurso do Conselho de Defesa do Pa- triménio Hist6rico, Arqueolégico, Artistico e Turistico (Condephaad), criado pela Lei n? 10.247, de 22 de outubro de 1968, assinada pelo governador Roberto de ‘Abreu Sodré. Um ano antes, ele promovera uma reforma administrativa que unira as atividades oficiais de turismo as da cultura e dos esportes, a fim de melhor coordend-las. Assim foi criada a Secretaria de Cultura, Esporte € Turismo a qual ficaria subordinado o Condephaat. O Conselho, embora como expresso em sua propria denominagao, nascesse sob a €yide da relacao entre patriménio e turismo, que entio tomava corpo entre n6s, seguiria a politica de protegao ao patriménio jé estabelecia pelo “Patriménio Nacional’ foi, porém, mais permedvel & renovagao do conceito de patrimonio € expressou uma possibilidade de contornar-se, com 0 apoio do govemo do esta- do, a precaria situagao do patriménio em Sao Paulo. tenn aati out Se grande impulso no pais e, além ee © casamento entre pate “ eS desemprego e promover 0 desenvolvimento. a es i Snio e turismo, nesse momento, parecia perfeito € se oa ao solugao para diversas situagdes, inclufda a “salvagao” do pa- , azao de seu aproveitamento econémico. Em 1970, os governado- 1931, privilegiou a protegio de monumentos de valor excepcional, cor co do século xvin, material dos colonizadores, como antigos de periodos mais recentes, como os numerosos € ° 21 mono cultural Tn /llli—~ ituigdes culturais presentes u os de instituigor ssentamtes: ¢ Fducagao e Cultura, na capital do econheciam a necessic ppre res, preeitos @¢ represeniah™ Pais, : steric acd . Jo pelo Mini lade de ace peo de Brasilia, no qual a oS o Compas de Basi para a protego do patrimdnio ¢ também , pderal, para a 2 do Grgio fede promovi = “commen. mentares ro protegao da natureza . ; cert ‘ grima Integrado de Reconstrugao das 5, 0 Programa tades Historicas Em 197 , deen, sre com numerosis atividades que procuravam amp} Jo juntamente cot ar as pres, ‘ z eS, Dreten, linhas de erédito especiais para a restauragio de imoveis d dia criar linhas de ¢ lestinados a, veitamento turistico, a concessio de incentivos tributdrios e a formacig de aproveitamento turistico, edidas. Implementady de antigas Tesidéncias volvic jo Sredo federal para além dos cuidados com as edificag pagdes do Srgio feder lizada em restauro, além de outras m © de obra especi © Programa obteve alguns resultados, como a adaptacao para hospedagem. © crescimento da importincia dada pelo poder ptiblico ao no reconhecimento de seu valor cultural mas, al de como mercadoria de consumo cultural, Paralel: Patriménio funda. lém disso, de sua po- Passou a ser tratada como ambiente que as condigdes naturais e a meméGria da sociedade. 1975, sob intensa Pressio da sociedade, o Condephaat stituto de Educacao Caetano de Campos, em Sio Paulo, congre; egava dois vetores: esse contexto, em Para q Ue serve o Patriménio? A finglidade do Patriménio, of do das n, sentar 0 pass iginalmente tida como a de representat 0 P liplicou-se, A Pi . 7 es ton artir de dois pontos de vista, muitas en es a como meres © do poder Publico, que pretende a valorizagt0 Ae ‘ °. i ‘adorias Culturais, @ © de pane da Sociedade, que o v8 como wm — lidad 7 ‘i ade de vida ~ 9 PatrimSnio no Brasil oscila entre tomar-se um Ce Uralizado, como o p exer a0 cujos elourinho, na Bahia, ou mal conservado, situag2o ¢ como © emios cabem alguns projetos Or pnw nde revitulizar uma grande arquitet PlOS 80 num, 10808. Entre og dj 2 oi Dairro da Luz, em pos 7 Sao Paulo, Nades culturais, # ave Prete onic? ™ qualquer Caso, por rém, o patriménio hist6rico 22 renown o cone No Brasil ainda mo foi assumido pe que favorecam a solugao de rece ainda ndo atender satist NW © pati a O turism 1o poder priblico Braves problemas sociais, Moriamente o de: a no ser eM easos isolados & COMO objeto de + COMO © de ‘olvimento da ine MOO das ciel, Politicas Moradia, SONY “e iA consagrados, eon AS, embort nos tiltimos tenham sido considerad pa. Nistria tutistieg les histéric as,em ANOS, MuUitos bens culturais brasile; PatrimGnio da humanidade mento intemacional eriada pelt Unesco, em. 1972, que Pecial as minei itos 1 Ctlegoria de teconheci. . Pela propria divulgacag que propicia, favorece © aproveitamento turistico, No Brasil, a Unesco reconheceu como patrim6nios da humanidade histSricos de Ouro Preto (1980), Olinda (1982), e Diamantina (1996 08 centros aor (1985), Sto Luis (1997) +o Parque Nacional da Serra da Capivara (1991); a Costa do Descobrimento (1999); 0 Santusirio de Bom Jesus de Matozinhos (1985), Plano Piloto de Brasilia (1987); as Ruinas Jesuitico-Guaranis de Sao Miguel das Misses (1988); a Reserva de Mata Antica de S40 Paulo e Paran4 (1999); € 0 Parque Na- cional do Iguagu (1986). Passados quase 30 anos da criago dessa nova classificagao internacional, 0 intenso uso turistico do patrim6nio vem recebendo oposicdes. Em outubro de 2000, na Pol6nia, realizou-se a Conferéncia Internacional dos Restauradores, que, ‘epois de quatro dias de debates, concluiu que uma das ameagas & manutencio da heranga cultural é 0 turismo massificado e sem controle, uma vez que ele des- tr6i a identidade de cada lugar. Dois anos antes, em setembro de 1998, por ocasiao do cinquentenirio da Declaragao Universal dos Direitos do Homem, um 6rgio da Unesco, 0 Consetho Internacional de Monumentos e Sitios (Icemos), divulgara um documento no qual teafirmava © direito ao patriménio cultural como Parte integrante dos direitos humanos. Todo homem tem direito ao respeito aos testemunhos auténticos que expressam sua identidade cultural no conjunto da grande familia humana; tem di- reilo a conhecer seu patrim6nio e 0 dos outros; tem direito a uma boa utilizagio do patriménio; tem direito de participar das decisdes que afetam o patrimdnio e os valores culturais nele representados; e tem direito de se associar para a detesa € pela valorizagao do patimdnio. Ne: e, emb sses documentos, h4 um ponto relevante e comum, o da identidade cultural 2ora no caso do Icomos nao explicitamente, da relagdo dela com 0 turismo, Uma vez que esse implica a curiosidade de conhecer 0 nosso e © patrimdnio dos demais p, Se8, © que € conhecer um aspecto de nds mesmos, € do ‘outro’, NO conjunto da cultura mundial, A manutengao de identidades cullurais e a utilizagao turistica do patriménio Seria tao antagdnicas como uma vez se Pensou serem o progresso e a preserva- 23 Turismo e patrimdnio cultural ¢Ao de antigos edificios? Resta-nos assim um desafio: definir um ponto de equili- brio entre essas finalidades presentemente atribufdas ao patrimOnio cultural, a de ser suporte de identidades e a de ser fontes de divisas. Como aproveitar as muiltiplas possibilidades das representagées do passado, sem mutilar a meméria da sociedade? Referéncias bibliograficas Brasil. Ministério de Educag3o e Cultura. Protegdo e revitaltzagdo do patriménto cultural no Brasik uma trajet6ria. Brasilia: Sphan/Fundagao Nacional pré-MemGria, 1980. Hacns, Maurice. A meméria coletiva, So Paulo: Vértice, 1990. Ronricves, Marly. Imagens do passado. A instituigao do patriménio em Sao Paulo, 1969- 1987. S40 Paulo: Unesp; Imesp: Condephaat, 2001. Romaxo, Ruggiero (dir.) Enciclopédia Einaudi, 1 - Meméria/Hist6ria. Lisboa: Imprensa Nacional, 1984. Sio Patio (cidade) S.C.M. Departamento do Patriménio Hist6rico. O direito @ memoria: pa- triménio histérico e cidadania. Sao Paulo: prev, 1992.

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