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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS

Cíntia Pessoa Rezende


Débora dos Reis Faião

Incidência de Alterações Posturais da


Cintura Escapular em Universitários da
Faculdade de Educação Física da
Universidade Federal de Juiz de Fora

JUIZ DE FORA - MG
2009
Cíntia Pessoa Rezende
Débora dos Reis Faião

Incidência de Alterações Posturais da


Cintura Escapular em Universitários da
Faculdade de Educação Física da
Universidade Federal de Juiz de Fora

Monografia de conclusão de curso


em Bacharelado em Educação Física
pela Faculdade de Educação Física e
Desportos da Universidade Federal de
Juiz de Fora.

Professora Orientadora:
Profª. Msc. Maria Lúcia de Castro
Polisseni

Juiz de Fora/MG
Faculdade de Educação Física e Desportos/UFJF
2009
CÍNTIA PESSOA REZENDE
DÉBORA DOS REIS FAIÃO

Incidência de Alterações Posturais da


Cintura Escapular em Universitários da
Faculdade de Educação Física da
Universidade Federal de Juiz de Fora

Aprovado por:

Orientadora: Profª. Msc. Maria Lúcia de Castro Polisseni

Examinador: Profº. Dr. Mateus Camaroti Laterza

Examinador: Profº Esp. Pedro Henrique Berbert de Carvalho

Trabalho defendido e aprovado pela Comissão Julgadora em ......./......./ 2009

Juiz de Fora
2009
AGRADECIMENTOS

À Profª. Msc. Maria Lúcia de Castro Polisseni, nossa orientadora, que além de
excelente profissional acadêmica, acreditou no nosso trabalho, e nos ajudou
nesta caminhada. Nossos agradecimentos por tudo que contribuiu para o nosso
crescimento acadêmico e científico.

À Ione Lúcia Pessoa Rezende pelo apoio, pela presença e pelas ajudas
constantes na confecção deste trabalho.

Ao futuro mestre Leonardo de Sousa Fortes, pelas contribuições e pela boa


vontade em nos ajudar a qualquer hora. Léo, valeu mesmo!

A todos os funcionários que nos ajudaram, cedendo as chaves do laboratório


sempre que precisávamos, preparando a sala e os materiais de avaliação para a
realização dos testes.

Aos alunos do 3º e 8º períodos de Educação Física da UFJF, que fizeram parte


da amostra deste estudo. Agradecemos pela paciência, disponibilidade e por toda
atenção.

Aos colegas e amigos que, de alguma forma, colaboraram para a realização desta
monografia.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 10
2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................... 12
2.1 Anatomia da cintura escapular................................................................... 12
2.2 Definições dos movimentos da cintura escapular...................................... 13
2.3 Conceitos de postura................................................................................. 14
2.4 Postura da cintura escapular...................................................................... 15
2.5 Principais alterações musculoesqueléticas da cintura escapular.............. 15
3 OBJETIVO...................................................................................................... 17
4 METODOLOGIA............................................................................................. 18
4.1 Características da pesquisa...................................................................... 18
4.2 População................................................................................................. 18
4.3 Amostra..................................................................................................... 18
4.4 Procedimentos de coletas de dados......................................................... 18
4.4.1 Avaliação clínica subjetiva................................................................ 18
4.4.2 Registro fotográfico........................................................................... 19
4.4.3 Medidas de referência das escápulas.............................................. 20
4.4.4 Testes dos comprimentos e forças musculares dos músculos da
cintura escapular............................................................................................. 20
4.5 Teste piloto................................................................................................ 21
4.6 Análise dos dados..................................................................................... 21
4.7 Critérios de Exclusão................................................................................. 22
4.8 Consentimento livre e esclarecido............................................................. 22
4.9 Limitações do estudo................................................................................. 22
5 RESULTADOS................................................................................................ 23
5.1 Alterações posturais: sexo feminino.......................................................... 23
5.2 Alterações posturais: sexo masculino........................................................ 25
5.3 Frequência de alterações musculares (encurtamento ou fraqueza).......... 27
6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS................................................................. 32
7 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES........................................................... 34
8 REFERÊNCIAS............................................................................................... 35
9 ANEXOS.......................................................................................................... 39
9.1 Termo de consentimento livre e esclarecido............................................. 39
9.2 Ficha para coleta de dados........................................................................ 43
9.3 Fotos.......................................................................................................... 44
9.3.1 Avaliação: vista posterior.................................................................. 44
9.3.2 Avaliação: vista lateral direita e esquerda......................................... 45
9.4 Materiais utilizados..................................................................................... 46
9.4.1 Fita métrica....................................................................................... 46
9.4.2 Goniômetro....................................................................................... 46
9.4.3 Fio de prumo..................................................................................... 47
9.4.4 Câmera fotográfica............................................................................ 47
9.4.5 Tripé.................................................................................................. 47
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Incidência de desvios posturais da cintura escapular - Grupo I:


sexo feminino (n=10)........................................................................................ 22
Gráfico 2. Incidência de desvios posturais da cintura escapular - Grupo II:
sexo masculino (n=10)...................................................................................... 24
Gráfico 3. Gráfico 3: Relação - nº de incidência de escápula alada x
alteração muscular............................................................................................ 26
Gráfico 4. Relação - nº de incidência de escápula abduzida x alteração
muscular............................................................................................................ 27
Gráfico 5. Relação – nº de incidência de escápula elevada x alteração
muscular........................................................................................................... 27
Gráfico 6. Relação - nº de incidência de escápula deprimida x alteração
muscular............................................................................................................ 28

Gráfico 7. Relação - nº de incidência de escápula rodada medialmente x


alteração muscular........................................................................................ 28
Gráfico 8. Relação - nº de incidência de escápula rodada lateralmente x
alteração muscular........................................................................................ 29
Gráfico 9. Relação - nº de incidência de protrusão de ombros x alteração
muscular............................................................................................................ 29
Gráfico 10. Relação - nº de incidência de protrusão com rotação medial de
ombros x alteração muscular........................................................................... 30
RESUMO

Introdução: A cintura escapular é uma estrutura anatômica comumente


acometida por desvios posturais, devido a suas características anatômicas, visto
que é extremamente móvel. O estilo de vida atual, muitas vezes associado à
inatividade física e a hábitos posturais inadequados podem contribuir para essas
alterações. Objetivo: Verificar a incidência de alterações posturais da cintura
escapular em universitários do curso de Educação Física da Universidade Federal
de Juiz de Fora. Metodologia: A amostra foi composta por 20 universitários (10
mulheres e 10 homens), a coleta de dados constou de exame postural através de
observação clínica subjetiva, registro fotográfico, medidas de referência da
escápula e testes dos comprimentos e de força musculares dos músculos da
cintura escapular que apresentavam alguma alteração, percebida durante a
observação clínica subjetiva. Os dados foram analisados, quantitativamente,
através da análise de freqüência, utilizando-se do software Excell 2007 e
qualitativamente através da descrição dos dados. Resultados: todos os
universitários apresentaram pelo menos uma alteração postural da cintura
escapular, sendo a protrusão de ombros, a escápula alada e a escápula elevada,
as alterações mais comuns deste grupo. Conclusão: O estudo demonstra a
tendência à instabilidade dessa estrutura musculoesquelética, em universitários,
corroborando com estudos semelhantes encontrados na literatura.

PALAVRAS-CHAVE: Postura, Cintura Escapular, Universitários.


ABSTRACT

Introduction: The scapular girdle is an anatomical structure commonly affected


by postural deviations, due to its anatomical characteristics, since it is extremely
mobile. The currently lifestyle, often associated with physical inactivity and
inadequate postural habits may contribute to these changes. Objective: Verify the
incidence of postural changes of the scapular girdle in students in the course of
physical education of the Universidade Federal de Juiz de Fora. Methodology:
The sample was compound by of 20 university students (10 women and 10 men),
data collection consisted of postural examination through subjective clinical
observation, photographic record, reference measurements of the scapula and
testing of lengths and muscle strength of the muscles of the shoulder girdle that
presented some alteration, perceived during the subjective clinical observation.
The data were analyzed, quantitatively, by frequency analysis, using the software
Excel 2007 and qualitatively by describing the data. Results: all university
students had at least a postural change of the shoulder girdle, being the protrusion
of shoulders, the winged scapula and the elevated scapula the most common
changes of this group. Conclusion: The study demonstrate the tendency to
instability of the skeletal muscle structure, in university students, corroborating with
similar studies in the literature.

Keywords: Posture, Shoulder Girdle, University students


10

1- INTRODUÇÃO

Os problemas posturais tiveram início juntamente com a evolução da


humanidade, no momento em que os ancestrais assumiram a posição bípede
(BRACCIALLI & VILARTA, 2000; CANDOTTI & DETSCH, 2001). Para garantir a
permanência da posição de pé ou ortostática, alterações anatômicas foram
incorporadas à espécie humana.
Rash & Burke (1977) afirmaram que, com as alterações do ambiente, ao
longo do processo evolutivo, fez-se necessário uma maior mobilidade da cintura
escapular e das articulações dos ombros, a fim de aumentar o comprimento dos
membros superiores e fortalecê-los; aumentar também a potência de prono-
supinação e desenvolver o movimento de preensão da mão, com o objetivo de
facilitar a captura de alimentos e a melhor exploração do espaço.
Além da questão filogenética que determinou aspectos evolutivos, as
estruturas musculoesqueléticas podem sofrer alterações com a idade, hábitos,
tipos de trabalho, condições físicas do ambiente em que se vive, estado
sociocultural e emocional, atividade física, obesidade e alterações fisiológicas do
próprio crescimento e do desenvolvimento humano (KNOPLICH, 1985; TEIXEIRA,
1991; GUIMARAES et al, 2007).
Com o crescente avanço tecnológico, o uso prolongado de computadores,
trabalhos de precisão, com altos índices de repetitividade, somados ao
sedentarismo e à longa permanência em determinadas posições tornou-se mais
constantes os desequilíbrios posturais e os distúrbios musculoesqueléticos
(SILVA et al, 2006; LEN, 2006).
Para Guimarães op. cit., Silva, Teixeira & Goldberg (2003), os programas
de atividades física também podem influenciar a postura, possibilitando
adaptações osteomusculares permanentes. O treinamento esportivo, por
exemplo, é, na maioria das vezes, baseado na repetição constante de
determinados movimentos, podendo levar a desequilíbrios no sistema
ósteomioarticular, gerando alterações de força, flexibilidade, equilíbrio e
coordenação motora, além de interferir diretamente sobre o crescimento ósseo,
predispondo ao aparecimento de alterações posturais.
11

A cintura escapular é uma estrutura anatômica comumente acometida por


desvios posturais, devido a suas características anatômicas, visto que é
extremamente móvel e, por isso, depende de modo especial de forças musculares
para sua estabilização, ou a permanência prolongada em posturas inadequadas.
As alterações da escápula estão relacionadas, principalmente, a desequilíbrios
musculares, que podem gerar alterações no seu posicionamento e na amplitude
de movimento dos membros superiores (SOUZA, 2007).
Observações clínicas sugerem que a maior parte das síndromes
envolvendo o complexo do ombro surgem a partir de alterações da coordenação
do movimento escapular. Esses transtornos estão associados a diversas
situações incapacitantes e podem levar à inatividade e comprometimento da
qualidade de vida dos indivíduos (BARBIERI, 2001).
Vários estudos sobre os distúrbios da postura e alterações da cintura
escapular foram realizados em diferentes grupos etários (HOLDERBAUM,
CANDOTTI & PRESSI, 2002; SOARES, 2003; LEN, op. cit.; RENNER, 2006;
XAVIER, 2006; CANDOTTI & DETSCH, op. cit.; LEITE et al, 2007; RODRIGUES,
VEADO & MELO, 2007; NEIVA, 2008). No entanto, parecem ser necessários
estudos que retratem a incidência de alterações destas estruturas anatômicas em
adultos jovens, universitários, faixa populacional que se encontra cada vez mais
exposta a situações propícias de posicionamentos indesejáveis, devido à sua
rotina de aulas e trabalhos domiciliares, muitas vezes associados à inatividade
física e a hábitos posturais inadequados.
No presente estudo foi feita, inicialmente, uma revisão de literatura sobre a
anatomia e movimentos da cintura escapular, postura e alterações posturais da
cintura escapular. Em seguida, descreveu-se a metodologia composta de dados
clínicos e testes de força ou comprimento muscular.
Os resultados foram apresentados quanto às incidências por sexo e,
quanto às alterações musculares de forma em geral. Eles mostraram que
protrusão de ombros, elevação e abdução das escápulas, e escápula alada foram
as alterações mais frequentes, havendo também relação com alterações
musculares. A discussão, à luz de outros estudos, demonstrou que a cintura
escapular é realmente uma estrutura sujeita a instabilidade musculoesquelética.
12

2 – REVISÃO DE LITERATURA

2.1 - Anatomia da cintura escapular

A cintura escapular está localizada sobre a parte pósterosuperior do tórax e


é composta pelos ossos das clavículas, das escápulas e do esterno, que são
responsáveis pela transmissão de forças dos membros superiores para o corpo.
Do ponto de vista cinesiológico, ela é classificada como um sistema mecânico
aberto, devido ao fato de os lados esquerdo e direito não possuírem ligação
óssea direta e, portanto, serem capazes de mover-se de modo independente,
garantindo desta forma maior mobilidade aos membros superiores (SPENCE,
1991; KISNER & COLBY, 2005).
A estabilidade da cintura escapular é garantida pelo equilíbrio das ações
dos músculos escapulares, dos músculos glenoumerais, numerosos tendões,
ligamentos e estruturas articulares que compõem o complexo cinesiológico do
ombro (SPENCE id. ibid.).
De acordo com Smith, Weiss e Lehmkuhl, (1997) os ossos do complexo do
ombro são unidos pelas seguintes articulações: esternoclavicular1,
acromioclavicular1, tóracoescapular2, glenoumeral3 e subdeltóidea4.
Segundo Spence op.cit.., Smith, Weiss e Lehmkuhl id.ibid., os músculos
responsáveis por conectar o tronco á cintura escapular são:
- serrátil anterior, que realiza rotação para cima, elevando o braço acima da
cabeça;
- trapézio superior, que realiza rotação para cima e elevação da escápula;
- trapézio médio, que promove a rotação para cima e a adução da
escápula;
- trapézio inferior que roda a escápula para cima e a deprime para baixo;

1- Articulação que une a clavícula à escápula.

2- Fixa-se no bordo medial da escápula, através do músculo denteado e passa sob a escápula
para se fixar no bordo antero-lateral das nove primeiras costelas.

3- Articula o úmero á escápula e que constitui a articulação do ombro.

4- Articulação funcional, situada entre o deltóide e o acrômio através da bursa subdeltóidea que
facilita o deslizamento entre a face profunda do deltóide e o manguito rotador.
13

- rombóides maior e menor, que realizam rotação para baixo, adução e


elevação da escápula;
- peitoral menor, que deprime e inclina a escápula para frente;
-subclávio, que coapta a clavícula à articulação esternoclavicular
(KAPANDJI, 2007).
- elevador da escápula, que eleva a escápula.

Ainda de acordo com os autores supracitados, os músculos que ligam a


cintura escapular ao úmero são: deltóide; supraespinhoso; infraespinhoso;
redondo menor; subescapular; redondo maior; coracobraquial; bíceps braquial e
tríceps braquial (estes últimos ligados aos ossos do antebraço), sendo estes
músculos atuantes principalmente nos movimentos da articulação glenoumeral,
que não agem diretamente sobre a cintura escapular.
Já os músculos que unem o tronco ao úmero são:
- grande dorsal, que realiza rotação interna, extensão e adução da
articulação glenoumeral e depressão da escápula;
- peitoral maior que efetua adução e rotação interna do ombro.

2.2 – Definições dos movimentos da cintura escapular

Após revisão bibliográfica, optou-se por descrever os movimentos da


cintura escapular segundo as definições de Kapandji ibid.; Rash & Burk op. cit. e
Smith op. cit.
- Elevação: ocorre quando a escápula move-se superiormente, na ordem
de 8 a 10 centímetros, sem está associado ao movimento para frente. A elevação
pura é um movimento raro, pois dificilmente ela ocorre sem que haja,
simultaneamente, a rotação da escápula.
- Depressão: acontece quando a escápula se move para baixo, sem
qualquer rotação da mesma. Pode-se atingir apenas de 5 a 10 centímetros de
depressão.
- Protração ou Abdução: a escápula desliza lateralmente e para frente
sobre as costelas. Os bordos mediais da escápula movem-se para longe da linha
mediana de 13 a 15cm.
14

- Retração ou Adução: os bordos mediais da escápula aproximam-se da


linha mediana.
- Rotação para cima: a cavidade glenóide e a borda lateral da escápula
rodam superiormente, ao contrário da borda medial e ângulo superior que
deslizam lateral e superiormente sobre o tórax 60º .
- Rotação para baixo: a cavidade glenóide e a borda lateral da escápula
deslizam medial e inferiormente. A amplitude total de rotação para cima e para
baixo é de aproximadamente 60º .
- Inclinação anterior: o ângulo inferior da escápula se desloca
posteriormente em relação às costelas.
- Inclinação posterior – ângulo inferior e face costal da escápula voltam a
se colocar sobre a caixa torácica.
- Abdução do Ombro: a escápula atua na abdução do ombro na angulação
de 30º a 40º anteriormente ao plano frontal.

2.3 – Conceitos de postura

Postura refere-se à posição do corpo no espaço – não apenas na posição


ereta, como também quando caminhamos, corremos, sentamos, agachamos,
ajoelhamos ou deitamos. A postura não é um fenômeno determinado, logo,
enquanto realizamos uma atividade, podemos modificar a postura dezenas de
vezes (MOFFAT & VICKERY, 2002).
O termo postura pode ser entendido como uma posição otimizada, mantida
com características automáticas e espontâneas, de um organismo em perfeita
harmonia com a gravidade. Além disso, pode também ser considerada como
sendo o conjunto de relações existentes entre um organismo como um todo e o
ambiente que o cerca (TRIBASTONE, 2001).
Nos estudos de Bankoff et al (2004), foi citado que:

A postura corporal envolve conceito de equilíbrio, coordenação neuro-muscular e


adaptação que representa um determinado movimento corporal, e as respostas
posturais automáticas são dependentes do contexto, ou seja, elas são ajustadas para ir
de encontro às necessidades de interação entre os sistemas de organização
postural (equilíbrio, neuro-muscular e adaptação) e o meio ambiente.
15

Lapierre (1982) chama atenção para o fato de que indivíduos que não
possuem elementos anatômicos idênticos não podem ter uma postura
morfologicamente idêntica. Porém, é possível, qualquer que seja a morfologia
do indivíduo, definir um princípio geral de equilíbrio considerado desejável, que
consiste em uma atitude na qual cada segmento ocupa uma posição próxima da
sua posição de equilíbrio mecânico.
Gardiner (1995) afirma que uma boa postura é aquela na qual se cumpre
determinada finalidade com eficiência máxima e esforço mínimo. Já a má postura
é aquela na qual o indivíduo não consegue preencher a finalidade para a qual
se destinava, ou uma quantidade desnecessária de esforço muscular foi usada
para mantê-la.
De acordo com Kisner & Colby op. cit., a boa postura é aquela na qual as
estruturas anatômicas estão dentro do alinhamento “normal”, sem limitações
estruturais. Podemos entender alinhamento normal como sendo articulações em
extensão na posição ortostática (exceto para os tornozelos, que permanecem a
90º e os antebraços e de dos das mãos, os quais se encontram ligeiramente
fletidos e arqueados, respectivamente).

2.4 - Postura da cintura escapular

As clavículas devem estar posicionadas horizontalmente, permitindo que a


escápula esteja colocada em uma altura compreendida entre a segunda e a
sétima costela e que estejam colocadas num mesmo plano, contra a parte
posterior da parede torácica. (KAPANDJI op. cit.)

2. 5 – Principais alterações musculoesqueléticas da cintura escapular

A escápula é comumente acometida por desvios, principalmente devido à


diminuição de força muscular (fraqueza)5 e/ou encurtamentos6 (ZÍLIO, 2005) dos

5
Incapacidade para exercer uma força muscular, em relação ao grau esperado. Utiliza-se testes
de resistência para diagnosticar este tipo de transtorno muscular.
6
Diminuição definitiva do comprimento muscular, causada por afecções ou alterações
neuromusculares que afetem as estruturas anátomo-fisiológica da musculatura do indivíduo.
16

músculos da cintura escapular, acarretando alterações posturais, que podem ser


notadas quando o indivíduo permanece em pé.
Apresentaremos a seguir os principais problemas posturais e suas
relações com os músculos analisados no presente trabalho, baseados nos
estudos de Kendall, Mccreary e Provance op. cit.:
- Escápula em forma de asa (alada): provavelmente causada pela fraqueza
dos músculos serrátil anterior e rombóides.
- Escápula protraída (abdução da escápula): acarretada pela diminuição da
força dos músculos trapézio médio e rombóides.
- Escápula retraída (adução escapular): originada pela fraqueza dos
músculos serrátil anterior, peitoral menor e peitoral maior e/ou encurtamento das
fibras musculares dos músculos rombóides e trapézio médio.
- Escápula elevada: provocada pela fraqueza dos músculos peitoral menor
e trapézio inferior, e/ou encurtamento do músculo trapézio superior.
- Escápula deprimida: causada pela fraqueza dos músculos elevadores da
escápula, trapézio superior, rombóides e grande dorsal e/ou encurtamento das
fibras musculares do músculo trapézio inferior.
- Escápula rodada medialmente (rotação para baixo): acarretada pela
alteração de força do músculo redondo maior e/ou encurtamento dos músculos
rombóides.
- Escápula rodada lateralmente (rotação para cima): provocada pela
fraqueza dos músculos rombóides.
- Protrusão de ombro: causada principalmente pelo encurtamento músculo
peitoral menor.
- Protrusão com rotação medial de ombros: associada ao encurtamento
dos músculos peitoral menor e grande dorsal
17

3 – OBJETIVOS

- Verificar a incidência de alterações posturais da cintura escapular em


adultos jovens, universitários dos terceiro e oitavo períodos do curso de Educação
Física da Universidade Federal de Juiz de Fora.
- Promover uma análise das incidências das alterações posturais da cintura
escapular para ambos os gêneros.
18

4 – METODOLOGIA

4.1 – Características da Pesquisa

A pesquisa caracteriza-se como descritiva do tipo diagnóstico.

4.2 – População

A população foi composta por universitários do curso de Educação Física


da Universidade Federal de Juiz de Fora.

4.3 – Amostra

A amostra foi composta por 20 universitários, sendo 10 do terceiro período


e 10 do oitavo período do curso de Educação Física da Universidade Federal de
Juiz de Fora, selecionada pelo processo de amostragem intencional.

4.4 – Procedimentos de coletas de dados

O método utilizado para a coleta dos dados constou de exame postural


através de (1) observação clínica subjetiva, (2) registro fotográfico, (3) medidas de
referência da escápula e (4) testes dos comprimentos e de força musculares dos
músculos da cintura escapular que apresentavam alguma alteração, percebida
durante a observação clínica subjetiva (KENDALL, McCREARY & PROVANCE,
op. cit.).

4.4.1 – Observação clínica subjetiva

Para esta medida foram utilizados: um fio de prumo, um tapete de borracha


preto (0,80x1,20m), marcadores auto-adesivos. Inicialmente foram demarcados
com auto-adesivos os processos espinhosos das vértebras T3, T7 e L2; os
ângulos superiores e os ângulos inferiores das escápulas direita e esquerda e o
19

centro da cabeça do úmero de ambos os lados. A localização do processo


espinhoso de T3 tomou como base a localização do processo espinhoso da
sétima vértebra cervical (C7), considerado o mais proeminente. Durante as
demarcações, foi solicitado que os avaliados flexionassem a coluna cervical para
que o processo espinhoso de C7 sobressaísse e fosse localizado através da
palpação e, em seguida solicitamos que os universitários voltassem à posição de
referência afim de que a pele retomasse sua tensão de repouso (CANDOTTI &
DETCH, op. cit.). Finalmente as avaliadoras através do método de palpação dos
demais processos espinhosos demarcaram os processos espinhosos da vértebra
T3.
Durante a realização desta primeira avaliação, os universitários ficaram de
pé sobre um tapete fixado no chão, entre a parede e o fio de prumo, sendo
posicionados de forma que seus pés ficassem equidistantes ao fio de prumo,
mediante uma marca no tapete. Inicialmente eles eram posicionados de costas e
posteriormente de perfis direito e esquerdo. Para a análise da região posterior, os
sujeitos foram orientados a manter seus membros superiores relaxados e
alinhados espontaneamente ao longo do corpo. Para a avaliação de perfil, os
sujeitos foram orientados a posicionarem-se de lado para as avaliadoras,
alinhando seus maléolos mediais sobre uma marcação do tapete e os maléolos
laterais ao fio de prumo.
Durante a coleta de dados, os avaliados permaneceram na postura
indicada durante aproximadamente 15 segundos para que pudessem relaxar a
musculatura e adotar sua própria postura padrão. Os dados coletados foram
anotados em uma ficha de avaliação (em anexo 9.2) e registrados
fotograficamente (item 4.4.2).
Foram então, pesquisadas as assimetrias escapulares e as alterações de
posicionamento dos ombros em relação ao fio de prumo.

4.4.2 – Registro fotográfico

Para esta medida foi utilizada uma câmera digital cyber-shot DSC-S 500,
marca sony, com resolução de 6.0 megapixels. Os avaliados permaneceram em
posição ortostática sobre o tapete, na posição indicada. A câmera fotográfica foi
20

posicionada sobre um tripé que se encontrava a uma distância de 2 metros em


relação ao avaliado. A altura do tripé variarou de acordo com a estatura do
universitário, tendo como referência o ponto médio entre C7 e L2. Foram
registradas três fotografias: vistas posterior, de perfil esquerdo e direito para cada
participante.

4.4.3 – Medidas de referência das escápulas

Para esta medida foram utilizados: fita métrica de 1,5 mt da marca CARCI;
e goniômetro de material plástico com duas réguas de 20 cm e sistema
transferidor de 0 a 360º, de cor transparente da mesma marca.
Foram tomados como referência os ângulos superiores das escápulas que
deveriam estar alinhados ao nível do processo espinhoso de T3; os ângulos
inferiores das escápulas que deveriam estar alinhados ao processo espinhoso de
T7 e os bordos mediais das escápulas que deveriam estar verticalizados e
posicionados a uma mesma distância em relação a coluna torácica ( entre 0,5 e
0,75m) (KAPANDJI, op cit.).
Foram avaliadas as obliquidades sagitais escapulares e as seguintes
medidas: distância entre os ângulos superiores da escápula em relação ao
processo espinhoso de T3, distância entre as bordas mediais da escápula e a
coluna torácica, distância entre os ângulos inferiores e o processo espinhoso de
T7, em ambos os lados, para verificar a simetria entre os lados direito e esquerdo.

4.4.4 – Testes dos comprimentos e forças musculares dos músculos da


cintura escapular

Para esta avaliação foram analisados os músculos da região da cintura


escapular que poderiam apresentar fraqueza e/ou encurtamentos, de acordo com
os seguintes critérios:
- Para a escápula em forma de asa (alada), identificada na avaliação clínica
subjetiva, testou-se a força dos músculos serrátil anterior e rombóides.
- Para escápula abduzida (ou protraída), testou-se a força dos músculos
trapézio médio e rombóides.
21

- Para escápula aduzida (ou retraída), foi testada a força dos músculos
serrátil anterior, peitoral menor e peitoral maior e o encurtamento das fibras
musculares dos músculos rombóides e trapézio médio.
- Para escápula elevada, observada na avaliação clínica subjetiva, testou-
se a força dos músculos peitoral menor e trapézio inferior, e encurtamento do
músculo trapézio superior.
- Para escápula deprimida, testou-se as forças dos músculos elevadores da
escápula, trapézio superior, rombóides e grande dorsal, além do comprimento
muscular do músculo trapézio inferior.
- Para escápula rodada medialmente (rotação para baixo), verificou-se
alteração da força do músculo redondo maior e comprimento muscular dos
músculos rombóides.
- Para escápula rodada lateralmente (rotação para cima), foi testada a força
dos músculos rombóides.
- Para protrusão de ombro, analisou-se o comprimento do músculo peitoral
menor.
- E por fim, para protrusão com a rotação medial de ombros, testou-se os
comprimentos dos músculos peitoral menor e grande dorsal.
Todos os músculos foram avaliados de acordo com as provas e testes
musculares propostos pelos autores KENDALL, MCCREARY e PROVANCE op
cit. em sua obra intitulada “Músculos, provas e funções”.

4.5 – Teste piloto

Antes da coleta de dados, os avaliadores foram treinados, sendo para isso


discutidos e realizados todos os testes em 10 voluntários.

4.6 – Análise dos dados

A análise dos dados foi dividida em duas partes: primeiramente, realizou-se


a análise de freqüência de cada alteração, por sexo, e a descrição qualitativa da
relação entre as alterações (incidências) e as alterações musculares (fraqueza
22

e/ou encurtamento) utilizando-se do software Excell 2007 para construção de


gráficos. Num segundo momento, fez-se a relação entre as alterações posturais e
as alterações musculares para ambos os sexos, de forma quantitativa, utilizando-
se do software Excell 2007 na construção dos gráficos.

4.7 - Critérios de exclusão

Foram excluídos os universitários com patologias neuromusculares e/ou


traumáticas, portadores de anomalias e individualidades anatômicas, ou com
qualquer tipo de dor que os levassem a adotar uma postura antálgica, diferente da
sua postura habitual.

4.8 - Consentimento livre e esclarecido

Todos os universitários assinaram um termo de consentimento livre e


esclarecido, constando os objetivos do estudo, os responsáveis pela pesquisa, os
procedimentos e os riscos envolvendo seres humanos, além de serem
esclarecidos quanto à vestimenta adequada para o momento da avaliação
postural (top e bermuda ou calça para mulheres e shorts ou calça para homens).

As avaliações foram realizadas no laboratório de Medidas e Avaliações da


Faculdade de Educação Física e Desportos da UFJF. Cada universitário foi
avaliado uma única vez pelas examinadoras. Os dados foram preenchidos em
ficha de avaliação individual e anexados às fotos dos participantes da pesquisa.

4.9 - Limitações do estudo

Este estudo tratou apenas das incidências de alterações posturais e


musculares, não abordando hábitos e prática de exercícios dos avaliados.
23

5 – RESULTADOS

Foram avaliados 20 universitários, todos estudantes do curso de Educação


Física da Universidade Federal de Juiz de Fora. Destes 20 sujeitos, 10 eram
homens, sendo 5 matriculados no terceiro período e 5 no oitavo período, e 10
eram mulheres, sendo 5 acadêmicas do terceiro período e 5 do oitavo período.
Todos adultos jovens, com idades entre 18 e 26 anos, escolhidos
intencionalmente.
A análise dos dados foi descritiva, verificando-se as incidências dos
desvios posturais, tanto para as universitárias, quanto para os universitários, e a
freqüência em que apareceram alterações musculares (fraqueza e/ou
encurtamentos) relacionadas a essas incidências. Para isso, foi utilizado o
software Excell, 2007.

5.1. Alterações posturais: sexo feminino

Grupo I – Sexo feminino (n=10)

10
9
8
7
Frequência

6
5
4
3
2
1
0
o
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Es

Alterações posturais

Gráfico 1: Incidência de desvios posturais da cintura escapular - Grupo I: sexo feminino (n=10).
24

Das 6 universitárias deste grupo que apresentaram escápulas aladas


direita e esquerda, 4 apresentaram fraqueza dos músculos serrátil anterior e
rombóides bilaterais, 1 apresentou força normal em músculos serrátil anterior
direito e esquerdo, mas fraqueza em ambos os músculos rombóides e 1
apresentou fraqueza de serrátil anterior esquerdo e rombóide direito, com força
muscular preservada em serrátil anterior direito e rombóide esquerdo.
Foi encontrada abdução escapular em 2 universitárias, sendo que, uma
apresentou escápula direita e esquerda abduzidas e a outra, somente abdução da
escápula direita. Durante os testes de força muscular verificou-se que a primeira
apresentou fraqueza dos músculos trapézios médios e rombóides bilateralmente,
e a segunda, fraqueza, somente, de trapézio médio direito e rombóide direito.
Foi verificada elevação escapular em 8 universitárias, sendo que 5
apresentaram a alteração somente do lado direito e, 3, somente do lado
esquerdo. Das 5 que apresentaram escápula direita elevada, 3 demonstraram
fraqueza dos músculos peitoral menor e trapézio inferior, bilateralmente. Em 2, o
músculo trapézio inferior apresentou fraqueza apenas do lado direito. Das 3
mulheres que foram diagnosticadas escápula elevada do lado esquerdo, apenas a
uma apresentou diminuição de força do músculo peitoral menor em ambos os
lados e força normal de trapézio inferior. A segunda apresentou fraqueza do
músculo trapézio inferior esquerdo e força normal em músculos peitoral menor
direito e esquerdo, já a terceira avaliada apresentou força normal em músculos
trapézio inferior direito e esquerdo. Do total de universitárias com elevação
escapular, 6 apresentaram encurtamento do músculo trapézio superior do lado
que foi encontrado a alteração.
Das 10 universitárias avaliadas, somente 2 apresentaram depressão
escapular. Uma somente do lado direito, e a outra, bilateralmente. Porém as 2
tiveram diminuição da força dos músculos elevador da escápula, trapézio
superior, rombóides, grande dorsal, assim como encurtamento do músculo
trapézio inferior.
Foi detectada escápula rodada medialmente em 1 única universitária, que
apresentou tal desvio postural somente na escápula direita. Porém, não foram
detectados fraqueza de músculo redondo maior, nem encurtamento de músculos
rombóides.
25

Verificou-se que 2 universitárias apresentaram rotação lateral da escápula,


sendo uma bilateralmente e outra apenas à esquerda. Porém, ambas
apresentaram diminuição de força muscular nos músculos rombóides direito e
esquerdo.
Todas as 10 universitárias apresentaram protrusão dos ombros, sendo que,
em 9, foi detectado encurtamento dos músculos peitoral menor direito e esquerdo.
Das 4 universitárias que apresentaram protrusão com rotação medial de
ombros, 3 demonstraram encurtamento dos músculos peitoral menor direito e
esquerdo, e duas, encurtamento do músculo grande dorsal de ambos os lados.
Todas as universitárias avaliadas apresentaram algum tipo de alteração
postural da cintura escapular.

5.2. Alterações posturais: sexo masculino

Grupo II – Sexo masculino (n=10)

10
9
8
Frequência

7
6
5
4
3
2
1
0
o
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Es

Alterações posturais

Gráfico 2: Incidência de desvios posturais da cintura escapular – Grupo II: sexo masculino, (n=10).

Apenas 3 universitários apresentaram escápulas aladas, 1 bilateralmente, e


2, somente do lado direito. O universitário que apresentou as duas escápulas
aladas tinha força preservada em serrátil anterior e fraqueza de ambos os
26

músculos rombóides. Dos que tinham esta alteração somente do lado direito, um
apresentou fraqueza de músculos serrátil anterior direito e rombóide direito. O
segundo, fraqueza apenas de rombóide direito.
Dos 10 universitários avaliados, 3 apresentaram somente a escápula direita
abduzida, 1 somente à esquerda e 1, em ambos os lados. Destes 5, todos
apresentaram fraqueza de trapézio médio bilateralmente. Porém, durante o teste
dos músculos rombóides encontramos os seguintes resultados: o universitário
que apresentava alteração bilateral, apresentou fraqueza somente de músculo
rombóide esquerdo. Dos 3 que apresentaram alteração somente do lado direito, 1
apresentou fraqueza de ambos os rombóides, 1 não apresentou fraqueza de
músculos rombóides em nenhum dos lados e 1 demonstrou fraqueza apenas de
rombóide esquerdo. No universitário que apresentou somente a escápula
esquerda abduzida, verificou-se fraqueza dos músculos trapézios médios.
Constatou-se elevação escapular, de pelo menos um lado, em 7
universitários, sendo 2 bilateralmente, 2 apenas à direita e 3 apenas à esquerda.
Dos 2 que apresentaram desvio bilateral, apenas 1 apresentou fraqueza de
músculos peitoral menor e trapézio inferior em ambos os lados. Dos 2
universitários que apresentaram elevação da escápula direita, 1 apresentou
fraqueza dos músculos trapézio inferior (bilateral) e peitoral menor (bilateral) e 1
apresentou diminuição da força somente em trapézio inferior direito. Dos 3
universitários que apresentaram elevação escapular à esquerda, 1 apresentou
fraqueza de músculos peitoral menor e trapézio inferior (bilateral), 1 demonstrou
fraqueza somente de trapézio inferior (bilateral). E 1 apresentou fraqueza de
trapézio inferior (bilateral) e peitoral menor esquerdo. Em todos os 7 universitários
citados, constatou-se encurtamento dos músculos trapézios superiores em pelo
menos um dos lados, sendo este coincidente com o lado onde havia elevação da
escápula.
O único universitário que apresentou a escápula direita rodada
medialmente, ao contrário do que se esperava, não mostrou fraqueza de redondo
maior, nem encurtamento de músculos rombóides.
A rotação lateral da escápula foi observada em 4 universitários, sendo 1
bilateralmente, 1 à esquerda e 2 com rotação lateral para a direita. O primeiro
indivíduo mostrou fraqueza somente em músculo rombóide esquerdo, o segundo
27

apresentou força normal em ambos os músculos rombóides. Dos 2 que


demonstraram ter a alteração somente à direita, 1 apresentou fraqueza de
músculos rombóides bilateralmente e, 1, apenas do lado direito.
Entre os 10 universitários avaliados, 8 apresentaram protrusão de ombros
bilateralmente. Destes, 7 apresentaram encurtamento muscular de músculo
peitoral menor em ambos os lados.
Apenas 2 universitários apresentaram protrusão com rotação de ambos os
ombros. Foi constatado encurtamento de músculo grande dorsal (bilateral) em
ambos os avaliados e encurtamento de músculo peitoral menor (bilateral) em
apenas 1.
Assim como as universitárias, todos os universitários avaliados
apresentaram algum tipo de alteração postural, ou seja, todos os 20 universitários
da amostra apresentaram, pelo menos, um desvio da postura da cintura
escapular, detectados durante o exame clínico.

5.3. Frequência de alterações musculares (encurtamento ou fraqueza)

Escápula Alada

20
Encurtamento e/ou
Fraqueza Muscular

15

10

0
Fraqueza de serratil anterior Fraqueza de rombóides Nº de incidência de
Escápula alada
Músculos envolvidos

Gráfico 3: Relação - nº de incidência de escápula alada x alteração muscular.

Dos 9 universitários que apresentaram escápula alada, em pelo menos um


dos lados, 7 (77,8%) apresentaram alteração de força do músculo serrátil anterior
e 8 (88,9%) , do músculo rombóide.
28

Escápula Abduzida

20
Encurtamento e/ou
Fraqueza Muscular
15

10

0
Fraqueza de trapézio médio Fraqueza de rombóides Nº de incidências de
Escápula abduzida
Músculos envolvidos

Gráfico 4: Relação - nº de incidência de escápula abduzida x alteração muscular.

Dos 7 universitários que apresentaram escápula abduzida, em pelo menos


um dos lados, 7 (100%) tiveram diminuição de força do músculo trapézio médio e
5 (71,4%) apresentaram a mesma alteração em músculos rombóides.

Escápula Elevada

20
Encurtamento e/ou
Fraqueza Muscular

15

10

0
Fraqueza de peitoral Fraqueza de trapézio Encurtamento de Nº de incidências de
menor inferior trapézio superior Escápula elevada
Músculos envolvidos

Gráfico 5: Relação - nº de incidência de escápula elevada x alteração muscular.

A escápula elevada foi encontrada, em pelo menos um dos lados, em 15


universitários. Destes, 9 (60%) apresentaram alteração do músculo peitoral
menor, 10 (66,7%) do músculo trapézio inferior e 12 (80%) do músculo trapézio
superior.
29

Escápula Deprimida

Encurtamento e/ou
Fraqueza Muscular
20
15
10
5
0
Fraqueza de Fraqueza de Fraqueza de Fraqueza de Encurtamento Nº de
elevador da trapézo rombóides grande dorsal de trapézio incidência de
escápula superior inferior Escápula
deprimida
Músculos envolvidos

Gráfico 6: Relação - nº de incidência de escápula deprimida x alteração muscular.

Verificou-se escápula deprimida em apenas 2 universitários, e nos 2


(100%) foram encontradas alterações de todos os músculos envolvidos.

Escápula Rodada Medialmente


Encurtamento e/ou Fraqueza

20

15
Muscular

10

0
Fraqueza de redondo maior Encurtamento de rombóides Nº de incidência de Escápula
rodada medialmente
Músculos envolvidos

Gráfico 7: Relação - nº de incidência de escápula rodada medialmente x alteração


muscular.

Os 2 universitários que apresentaram escápula rodada medialmente, em


pelo menos um dos lados, não apresentaram fraqueza e/ou encurtamento
muscular em redondo maior, e/ou em rombóides.
30

Escápula Rodada Lateralmente

20
Encurtamento e/ou
Fraqueza Muscular
15

10

0
Fraqueza de rombóides Nº de incidências de Escápula rodada
lateralmente
Músculos envolvidos

Gráfico 8: Relação - nº de incidência de escápula rodada lateralmente x alteração muscular.

Dos 6 universitários que apresentaram escápula rodada lateralmente, 5


(83,3%) tiveram fraqueza de músculos rombóides.

Protrusão de Ombro

20
Encurtamento e/ou
Fraqueza Muscular

15

10

0
Encurtamento de peitoral menor Nº de incidências de protrusão de ombro
Músculos envolvidos

Gráfico 9: Relação - nº de incidência de protrusão x alteração muscular.

A maioria dos universitários apresentou protrusão de ombros


bilateralmente, totalizando 18 acometidos, ou seja 90% da amostra. Destes, 14
(77,8%) apresentaram encurtamento do músculo peitoral menor.
31

Protrusão com Rotação Medial de Ombro

Encurtamento e/ou 20
Fraqueza Muscular 15

10

5
0
Encurtamento de peitoral Encurtamento de grande Nº de incidências de
menor dorsal protrusão com rotação
medial de ombros
Músculos envolvidos

Gráfico 10: Relação - nº de incidência de protrusão com rotação medial de ombros x alteração
muscular.

Verificou-se protrusão com rotação medial de ombros em 6 universitários,


mas os músculos peitoral menor e grande dorsal demonstraram alteração em 4
(66,7%) e 2 (33,3%) acadêmicos , respectivamente.
32

6 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Todos os avaliados deste estudo apresentaram pelo menos uma alteração


postural da cintura escapular. Bienfait (1995) afirma que estudos relacionados ao
tema têm demonstrado que os desvios posturais da cintura escapular estão
fortemente relacionados à herança humana, e que é raro não encontrar uma
pessoa que não apresente algum tipo de problema postural nesta região.
Embora os estudos encontrados não tratassem da mesma faixa etária
pesquisada neste trabalho, as incidências de alterações posturais da cintura
escapular são freqüentemente relatadas na literatura, independentemente do
sexo, idade ou profissão (ANJOS, op. cit.; CANDOTTI & DETSCH, op. cit.;
FERRONATTO, CANDOTTI, & PINTO, op. cit.; RODRIGUES, VEADO, MELO,
op. cit. e XAVIER, op. cit.)
A cintura escapular dos universitários avaliados neste estudo se mostrou
sujeita a muitas alterações posturais, sobretudo na protrusão de ombros para
ambos os sexos, elevação e abdução para os universitários, e elevação e
escápula alada para as universitárias. Resultados semelhantes foram descritos
por Guimarães, Sacco e João op. cit., Ferronatto, Candotti e Pinto id. ibid. e
Candotti & Detsch id. Ibid., nos quais as alterações posturais da cintura escapular
avaliadas foram basicamente escápulas aladas, abduzidas, elevadas e protrusas.
Constatou-se incidência de escápula alada à direita em 9 (45%) universitários,
e à esquerda, em 7 (35%) universitários. Esses achados também foram relatados
por Guimarães, Sacco e João id. ibid. em suas análises sobre as variáveis
relacionadas aos membros superiores e cintura escapular de atletas de ginástica
olímpica. Eles constataram a incidência de escápula alada em 34,21% das atletas
e 52,17% do grupo controle, não havendo diferenças significativas para os dois
grupos analisados.
No presente estudo, foram diagnosticadas abdução escapular direita e
esquerda em, respectivamente, 5 (25%) e 3 (15%) dos avaliados. Os mesmos
autores encontraram escápulas abduzidas em 26,32% das atletas de ginástica
olímpica avaliadas e 52,17% em seu grupo controle. Já nos estudos de
Ferronatto, Candotti e Pinto op. cit. e Candotti & Detsch op. cit. os índices desta
alteração em adolescentes foram ainda mais elevados, visto que 100% dos
33

avaliados apresentaram abdução escapular no primeiro e 80,51%, no segundo


estudo. Rash e Burke op. cit. afirmam que ao escrever, digitar, ler, se alimentar,
os braços e os ombros se mantém para a frente, permitindo que a escápula se
abduza. E períodos de tempo prolongados com os braços mantidos à frente do
tronco podem provocar a abdução escapular permanente.
Quanto à elevação escapular, encontramos que 15 (75%) dos 20 avaliados
apresentaram tal alteração. Um grande percentual também foi encontrado nos
estudos de Santos et al. (2009), sendo o desnível de ombro a alteração postural
mais frequente (50,2%). Alguns autores como Penha, João, Casarotto, Amino,
Penteado (2005) e Rodrigues et al op. cit. associam a presença dessa assimetria
ao fato de o indivíduo ser destro ou canhoto, por promover hipertrofia muscular
mais acentuada no lado dominante, demonstrando a relação entre a alteração
postural e o uso da estrutura musculoesquelética. E ainda, a elevação de
somente um dos lados, caracterizando assimetrias escapulares pode estar
relacionada ao suporte de mochilas escolares de maneira inadequada, gerando
ações compensatórias diante da aplicação dessas cargas.
A alteração mais freqüente, tanto para os homens quanto para as mulheres,
refere-se ao posicionamento dos ombros, visto que encontramos protrusão de
ombros em 18 (90%) dos 20 acadêmicos avaliados. Resultados semelhantes
foram descritos nos estudos Ferronatto, Candotti e Pinto op. cit. que encontraram
84,9% de crianças entre 7 e 14 anos com ombros protrusos.
34

7. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

A cintura escapular dos sujeitos avaliados neste estudo se mostrou sujeita


a muitas alterações posturais, sobretudo na protrusão de ombros para ambos os
sexos, elevação e abdução para os universitários, e elevação e escápula alada
para as universitárias.
As alterações musculares associadas, embora não apresentassem relação
para todos os músculos testados, também foram verificadas em praticamente
todas as alterações, exceto para rotação medial da escápula.
O estudo demonstra a tendência à instabilidade dessa estrutura
musculoesquelética, corroborando com outros estudos semelhantes e com a
literatura.
Recomenda-se a realização de novos estudos com um maior número
amostral ou que possam comparar diferentes grupos, tais como sujeitos
praticantes de exercício físicos e sedentários.
35

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Ortopedia. v.42, n.10, p.349-353, 2007.

- RODRIGUES, L.F., et al. Utilização da técnica de Mire para detectar alterações


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- SETTINERI, L. Práticas de Cinesiologia. Coleção ESEF-IPA. V.5. Porto Alegre:


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- SILVA, C.C., TEIXEIRA, A.S., GOLDBERG, T.B.L. O esporte e suas


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- SMITH, L.K.; WEISS, E.L.; LEHMKUHL, L.D. Cinesiologia clínica de


Brunnstrom. 5ª edição. Barueri: Manole,1997.
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- SOARES, S.T.M. Trabalho preventivo para lesões de ombro e cintura escapular


em atletas amadores de judô. Revista Brasileira Ciência e Movimento. v. 11, n.
1, p. 29-34, 2003.

- SOUZA, T.R. et al. Testes para avaliação dos movimentos do ombro:


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v.14. n.1 p. 6-13, 2007.

- SPENCE, AP. Anatomia Humana Básica. São Paulo: Manole, 2a. Ed., 1991.

-TEIXEIRA L.R. Educação física escolar: Alterações posturais e respiratórias na


infância e adolescência. São Paulo: Eefusp/dg;1991.

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Motora Postural. 4ª Ed. São Paulo: Manole.2001.

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dores nos ombros e no pescoço numa empresa de desenvolvimento e
implantação de sistemas de GED. ENEGEP, XXVI, 2006, Fortaleza. Análise da
relação entre a postura de trabalho e a incidência de dores nos ombros e no
pescoço numa empresa de desenvolvimento e implantação de sistemas de
GED. Fortaleza:2006, p.1-7.

- ZÍLIO, A. Treinamento Físico: Terminologia. 2ª ed. Ulbra. Canoas: 2005.


39

9 – ANEXOS

9.1 – Termo de consentimento livre e esclarecido

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

PESQUISADORES: CÍNTIA PESSOA REZENDE E DÉBORA DOS REIS FAIÃO


PESQUISADOR RESPONSÁVEL:PROFª MSC MARIA LÚCIA DE CASTRO POLISSENI
ENDEREÇO: RUA DO IMPERADOR, 305
CEP: 36036-464 – JUIZ DE FORA – MG
FONE: (32) 3234-4358
E-MAIL: LUCIAPOLI@GMAIL.COM

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O Sr. (a) está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar da pesquisa Incidência de
alterações posturais da cintura escapular em universitários de Educação Física da
Universidade Federal de Juiz de Fora.
Neste estudo pretendemos verificar a incidência de alterações posturais da cintura escapular
em adultos jovens, universitários do curso de Educação Física da Universidade Federal de
Juiz de Fora.
O motivo que nos leva a estudar este tema é a falta de estudos focais específicos para o grupo
populacional em questão, que se encontra cada vez mais sujeito a alterações posturais da cintura
escapular devido a sua rotina de aulas e trabalhos domiciliares.
Para este estudo adotaremos os seguintes procedimentos:
O método utilizado para a coleta dos dados constará de exame postural através de (1)
observação clínica subjetiva, (2) registro fotográfico, (3) medidas goniométricas das
amplitudes de movimento articular e (4) testes dos comprimentos musculares da região da
cintura escapular (KENDALL, 1995).
1 – Observação clínica subjetiva
Inicialmente serão demarcados com auto-adesivos os processos espinhosos das vértebras
T3, T7 e L2; os ângulos superiores; os ângulos inferiores das escápulas direita e esquerda
e centro da cabeça do úmero de ambos os lados. A localização do processo espinhoso de
T3 ocorrerá a partir da localização do processo espinhoso da sétima vértebra cervical (C7),
considerado o mais proeminente. Durante as demarcações, será solicitado que os
avaliados flexionem a coluna cervical para que o processo espinhoso de C7 sobressaia e
seja localizado através da palpação, e em seguida solicitaremos que os universitários
voltem à posição de referência para que a pele retome sua tensão de repouso (Dufour et al,
40

1989), para que as avaliadoras localizem os demais processos espinhosos e demarquem


T3.
Durante a realização desta avaliação, os universitários ficarão em pé sobre um tapete fixado
no chão, entre a parede e o fio de prumo, inicialmente de costas e posteriormente de perfil
para as avaliadoras. Para a análise da região posterior os participantes serão orientados a
manter seus membros superiores relaxados e alinhados ao longo do corpo. O fio de prumo
será alinhado à linha média do avaliado, tomando como base o ápice do crânio e a linha
média dos glúteos. Para a avaliação de perfil a amostra será orientada a posicionar-se de
lado para as avaliadoras alinhando seus maléolos laterais ao fio de prumo.
Durante a coleta de dados, os avaliados deverão permanecer na postura indicada durante
um intervalo de tempo de aproximadamente 15 segundos para que possam relaxar a
musculatura e adotar sua postura padrão. Os dados coletados serão anotados em uma
ficha de avaliação.
Serão pesquisados as assimetrias escapulares, os desvios da coluna vertebral e as
alterações de posicionamento dos ombros em relação ao fio de prumo.
2 – Registro fotográfico
O avaliado permanecerá em posição ortostática sobre o tapete, com os pés afastados na
mesma extensão da largura dos ombros. A câmera fotográfica estará posicionada sobre um
tripé que se encontrará a uma distância de 2 metros em relação ao avaliado. A altura do
tripé variará de acordo com a estatura do universitário, tendo como referência o ponto
médio entre C7 e L2. Será registrada uma única fotografia da vista posterior e de perfil para
cada participante.
3 – Medidas goniométricas da articulação escapular
Serão utilizados um goniômetro e uma régua com nível para avaliar as obliqüidades
sagitais escapulares e as seguintes medidas: distância entre os ângulos superiores da
escápula em relação ao processo espinhoso de T3, distância entre as bordas mediais da
escápula e a coluna torácica, distância entre os ângulos inferiores e o processo espinhoso
de T7.
Durante a avaliação das obliqüidades sagitais das escápulas as avaliadoras se
posicionarão em pé, de frente para o perfil do avaliado. Uma examinadora se colocará em
frente ao ombro do universitário e uma auxiliar se colocará atrás do estudante, segurando e
nivelando a régua no bordo inferior da escápula correspondente. Para a realização desta
medida, o ponto central entre as hastes do goniômetro será colocado no centro da cabeça
do úmero. Uma haste do aparelho se manterá fixa enquanto a outra será aberta até encostar
à régua segurada pelo auxiliar. Então as avaliadoras realizarão a leitura da medida angular.
A medição da obliqüidade sagital da escápula será realizada em ambos os lados, para
verificar a simetria entre os lados direito e esquerdo.
Neste estudo será convencionado que os ângulos superiores das escápulas deverão estar
alinhadas ao nível do processo espinhoso de T3; os ângulos inferiores das escápulas
deverão estar alinhados ao processo espinhoso de T7 e os bordos mediais das escápulas
41

deverão estar verticalizados e posicionados a uma mesma distância em relação a coluna


torácica ( aproximadamente 7,5 cm).
4 – Testes dos comprimentos musculares da região da cintura escapular
Após a realização das avaliações supracitadas serão analisados os músculos da região da
cintura escapular a fim de determinar se estarão encurtados ou alongados. A análise será
de acordo com cada musculatura levando sempre em consideração origem e inserção dos
mesmos, e conseqüentemente, sua função.
Os avaliados deverão comparecer ao local de avaliação vestidos adequadamente: pessoas
do sexo feminino deverão estar usando short e top, e as do sexo masculino deverão estar
de short e sem camisa.
Serão excluídos universitários com patologias neuromusculares e/ou traumáticas ou com
qualquer tipo de dor que os levassem a adotar uma postura antálgica, diferente da sua
postura habitual.
Para participar deste estudo você não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem
financeira. Você será esclarecido (a) sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e estará
livre para participar ou recusar-se a participar. Poderá retirar seu consentimento ou interromper a
participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não
acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido pelo pesquisado.
Este estudo possui os riscos mínimos de pesquisa envolvendo seres humanos e caso venha
acontecer algum evento durante os procedimentos mencionados anteriormente, os pesquisadores
serão responsáveis por todo o financiamento das providências necessárias.
O pesquisador irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo.
Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou o material
que indique sua participação não será liberado sem a sua permissão.
O (A) Sr (a) não será identificado em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo.
Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será
arquivada pelo pesquisador responsável, na Faculdade de Educação Física e Desportos da
Universidade Federal de Juiz de Fora e a outra será fornecida a você.

Eu, ____________________________________________, portador do documento de Identidade


____________________ fui informado (a) dos objetivos do estudo Incidência de alterações
posturais da cintura escapular em universitários do terceiro período de Educação Física e
Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora, de maneira clara e detalhada e esclareci
minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar
minha decisão de participar se assim o desejar.
Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de
consentimento livre e esclarecido e me foi dada à oportunidade de ler e esclarecer as minhas
dúvidas.
42

Juiz de Fora, _________ de __________________________ de 200 .

Nome Assinatura participante Data

Nome Assinatura pesquisador Data

Nome Assinatura testemunha Data

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o
CEP- COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA/UFJF
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DA UFJF
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA
CEP 36036.900
FONE:32 3229 3788
43

9.2 – Ficha para coleta de dados

DESVIOS TESTES AVALIAÇÃO POSTURAL DOS


SEGMENTOS C.E.T

lado Força +/- ADM +/- movimentos


D E D E D E
Escápula com Serrátil anterior ___________ Pedir ao paciente que abduza o braço
deformidade em Rombóides
asa
Escápula Trapézio médio ___________ Observar se a escápula está deslocada
abduzida Rombóides do gradil costal
Escápula aduzida Serrátil anterior Rombóides A distância da coluna vertebral até a
- retraída Peitoral maior Trapézio borda medial da escápula é menor que
Peitoral menor 5cm

Escápula elevada Peitoral menor ___________ Ângulo superior da escápula elevado,


Trapézio inferior ou seja, acima de T4.
Elevação da clavícula

Escápula Elevador da Trapézio inferior Ângulo inferior da escápula deprimido


deprimida escápula está abaixo de T7
Trapézio Realizar uma abdução
superior
Rombóides
Escápula rodada Redondo maior Rombóides Abdução do ombro
medialmente Borda medial não está vertcalizada,
(rotação para encontra-se rodada medialmente.
baixo)
Escápula rodada Rombóides Adução do ombro pra ver se a
lateralmente escápula desloca do gradil costal
(rotação para Borda medial não está vertcalizada,
cima)
OMBRO
6. Protrusão Peitoral menor
7. Protrusão com Peitoral menor
rotação medial Grande dorsal
44

9.3- Fotos

9.3.1- Avaliação: vista posterior


45

9.3.2 – Avaliação: vista lateral direita e esquerda


46

9.4 – Materiais utilizados

9.4.1 - Fita métrica

9.4.2 - Goniômetro
47

9.4.3 – Fio de Prumo

9.4.4- Câmera fotográfica

9.4.5 – Tripé

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