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Apostila - Borba - Dinâmica Ferroviária - PUCMinas-IEC - 2009
Apostila - Borba - Dinâmica Ferroviária - PUCMinas-IEC - 2009
DE ESPECIALIZAÇÃO
PROFISSIONAL
Curso de Pós-Graduação em
Engenharia Ferroviária
Mecânica de Locomotivas
Volume 1
Novembro de 2009
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
IEC - Instituto de Educação Continuada
Dinâmica Ferroviária
Elaborado por:
José Luiz Borba
Coordenadores do Programa:
José Heleno Ferracioli Nunes
Paulo C. Barroso Magalhães
Belo Horizonte - MG
Novembro – 2009
Prefácio
Cora Coralina
Mecânica de Locomotivas Dinâmica Ferroviária
Sumário
1 Aderência.................................................................................................... 1
1.1 Introdução .................................................................................................. 2
1.2 Aderência.................................................................................................... 2
1.3 Força de atrito ............................................................................................ 3
1.3.1 Força de atrito estático ............................................................................... 4
1.3.2 Força de atrito cinético................................................................................ 4
1.3.3 Coeficientes de atrito .................................................................................. 5
1.3.4 A Força de atrito em função da força aplicada ............................................. 5
1.4 Teoria da aderência superficial .................................................................... 6
1.5 Força de aderência ...................................................................................... 7
1.5.1 Tração por aderência ................................................................................ 11
1.5.2 Equação de Coulomb ................................................................................ 14
1.5.3 Patinagem ................................................................................................. 14
1.5.3.1 Causas da patinagem ................................................................................ 15
1.5.4 Demanda de aderência na tração .............................................................. 16
1.6 Mecânica do contato roda-trilho ................................................................ 18
1.6.1 Geometria do contato roda-trilho .............................................................. 20
1.6.2 Cálculo da área de contato ........................................................................ 23
1.6.2.1 Exemplo.................................................................................................... 24
1.6.3 Aderência disponível ................................................................................. 25
1.6.4 Fatores que afetam o coeficiente de aderência .......................................... 26
1.6.4.1 Efeito de cabragem ................................................................................... 28
1.6.4.1.1 Exemplo.................................................................................................... 30
1.6.4.2 Variação do coeficiente de aderência com a velocidade ............................. 31
1.6.5 Efeitos da perda de aderência na tração .................................................... 35
1.6.6 Aumento da aderência .............................................................................. 36
1.6.6.1 Micro-escorregamentos - “Creep”............................................................... 38
Figuras
Figura 1.1 Rodas de aço que rolam sobre trilhos de aço .............................................. 2
Figura 1.2 Corpo de peso em repouso sobre uma superfície horizontal .................... 3
Figura 1.3 Força de Atrito ............................................................................................ 3
Figura 1.4 Força de atrito estático ............................................................................... 4
Figura 1.5 Força de atrito cinético................................................................................ 4
Figura 1.6 Aumento gradativo da intensidade da força aplicada ................................ 5
Figura 1.7 O movimento é iniciado .............................................................................. 6
Figura 1.8 Superfície rugosa ........................................................................................ 6
Figura 1.9 Corpo metálico em repouso sobre uma superfície horizontal ...................... 6
Figura 1.10 Pontos de contato ....................................................................................... 7
Figura 1.11 A roda metálica cilíndrica desliza sobre uma superfície horizontal .............. 8
Figura 1.12 A velocidade linear de cada partícula da roda .............................................. 8
Figura 1.13 A roda metálica cilíndrica rola sobre uma superfície horizontal ................... 9
Figura 1.14 A roda está girando em torno de um eixo perpendicular ............................. 9
Figura 1.15 Velocidade linear de cada partícula da roda................................................. 9
Figura 1.16 Força de atrito cinético.............................................................................. 10
Figura 1.17 Força de aderência .................................................................................... 10
Figura 1.18 Efeito do deslizamento da roda ................................................................. 11
Figura 1.19 Roda apoiada sobre o trilho no ponto de contato ................................... 12
Figura 1.20 é equilibrado pela reação de apoio ................................................... 12
Figura 1.21 Aplicação do conjugado motor ............................................................ 12
Figura 1.22 Decomposição do conjugado motor .......................................................... 13
Figura 1.23 Sentido de deslocamento .......................................................................... 13
Figura 1.24 Força resistente .................................................................................... 13
Figura 1.25 Força de aderência .................................................................................... 14
Figura 1.26 Força de tração capaz de colocar o rodeiro em movimento ....................... 15
Figura 1.27 Heinrich Rudolf Hertz ................................................................................ 18
Figura 1.28 Elipse de Hertz .......................................................................................... 20
Figura 1.29 Contato roda-trilho ................................................................................... 20
Figura 1.30 Roda em contato com o trilho sem nenhuma carga ................................... 21
Figura 1.31 Roda em contato com o trilho com carga .................................................. 21
Figura 1.32 Deslocamento da área de aderência .......................................................... 22
Figura 1.33 Locomotiva estacionária ............................................................................ 28
Figura 3.1 Deslocamento do corpo provocado por uma força ............................... 129
Figura 3.2 Força de tração aplicada ao eixo de um rodeiro ...................................... 131
Figura 3.3 Cadeia de transferência da potência disponível ....................................... 132
Figura 3.4 Curva de esforço de tração x velocidade ................................................. 141
Figura 3.5 Curvas de esforço de tração x velocidade ................................................ 142
Figura 3.6 Curvas de esforço de tração x Velocidade por ponto de aceleração ......... 143
Figura 3.7 Limite estabelecido pela aderência disponível ......................................... 144
Figura 3.8 Curvas de esforço de tração e de resistência ao movimento .................... 145
Figura 3.9 Pontos notáveis....................................................................................... 146
Figura 3.10 Gráficos da trajetória e dos pontos de aceleração da locomotiva ............. 147
Figura 3.11 Operação do trem ................................................................................... 148
Figura 3.12 Curva de velocidade desenvolvida pela locomotiva .................................. 150
Figura 3.13 Gráficos da trajetória e dos pontos de aceleração da locomotiva ............. 151
Figura 3.14 Operação do trem ................................................................................... 152
Figura 3.15 Curva de velocidade desenvolvida pela locomotiva .................................. 154
Tabelas
Tabela 1.1 Peso por eixo ............................................................................................ 30
Dinâmica Ferroviária
1 Aderência
1.1 Introdução
Aderência;
Resistência ao movimento;
Potência de tração;
Via férrea;
Material rodante;
Material de tração.
A seguir, passaremos a examinar cada um desses pontos, que guardem maior relação seja com a
questão da tração, seja com a da frenagem.
1.2 Aderência
No transporte ferroviário, temos rodas de aço que rolam sobre trilhos de aço.
A quantidade de agarramento existente entre as duas superfícies em contato, que nesse caso é o
contato da roda com o trilho.
Sempre que aplicarmos ao corpo uma força que tende a fazê-lo deslizar na direção horizontal
surgirá forças de contato tangenciais as superfícies e contrárias ao movimento ou a tendência de
movimento.
A resultante dessas forças é uma força paralela às superfícies em contato, que recebe a
denominação de força de atrito.
A força de atrito entre um par de superfícies secas, não lubrificadas, obedece a duas leis
empíricas:
A força de atrito que atua entre superfícies em repouso relativo denomina-se de força de atrito
estático.
Sendo
o coeficiente de atrito estático máximo para as duas superfícies, igual ao quociente do
módulo da força de atrito estático máxima pelo módulo da força normal, podemos escrever:
≤ ∙
A força de atrito que atua entre superfícies em movimento relativo denomina-se de força de atrito
cinético.
Sendo
o coeficiente de atrito cinético para as duas superfícies, igual ao quociente do módulo da
força de atrito cinético pelo módulo da força normal, podemos escrever:
= ∙
A força de atrito cinético é razoavelmente independente da velocidade com a qual cada superfície
se move em relação à outra.
Tanto
como
são constantes adimensionais, cujos valores reais dependem de muitas
variáveis, tais como:
As películas superficiais;
A extensão da contaminação.
Comumente são inferiores à unidade, mas, geralmente, para um dado par de superfícies:
>
Para iniciar o movimento, a intensidade da força aplicada deve ser superior à intensidade da força
de atrito estático máxima.
Uma vez iniciado o movimento, a intensidade da força de atrito cinético é ligeiramente menor que
a intensidade da força de atrito estática máxima, e passa a ter intensidade constante.
Repouso
F
fe
Repouso
Caso a intensidade da força aplicada for igual a da força de atrito cinético, o corpo terá um
movimento uniforme.
Se a intensidade da força aplicada for maior, o corpo terá um movimento acelerado.
Pensava-se, antigamente, que o fenômeno do atrito seco podia ser explicado pelo fato de que
ambas as superfícies em contato possuem certo grau de rugosidade, as quais se entrelaçam
durante o contato.
P
Figura 1.9 Corpo metálico em repouso sobre uma superfície horizontal
Devido à rugosidade das duas superfícies em contato, o corpo se apóia sobre a superfície somente
em alguns pontos.
Por ser muito pequena a área dos pontos de contato, as pressões desenvolvidas podem ser de tal
intensidade que as moléculas ficam tão próximas que, analogamente à força de coesão existente
no interior dos corpos, exercem fortes forças intermoleculares umas sobre as outras, contribuindo
sensivelmente para o agarramento entre as duas superfícies.
Este fenômeno é denominado de Aderência Superficial.
A Teoria da Aderência Superficial prevê que a área real de contato é proporcional à força normal.
As grandes pressões desenvolvidas fazem os pontos de contato deformar plasticamente, de modo
que muitos deles ficam soldados a frio.
Quando o corpo metálico é puxado sobre a superfície, a resistência de atrito está associada com a
ruptura de milhares de soldas diminutas, que se reformam continuamente quando ocorrem novos
contatos.
No processo de ruptura, pequenos fragmentos de uma superfície metálica podem ser cortados e
aderem à outra superfície.
Se a velocidade relativa das duas superfícies for suficientemente grande, pode haver fusão local
em certas áreas de contato, mesmo se a superfície, como um todo, parecer apenas levemente
morna.
Como podemos observar, a Teoria da Aderência Superficial permite entender mais facilmente as
duas leis empíricas para o atrito seco mencionadas anteriormente.
Quando uma roda metálica cilíndrica desliza sobre uma superfície também metálica disposta
horizontalmente, seu eixo se desloca linearmente sobre a superfície no mesmo sentido da força
aplicada , fazendo surgir uma força de atrito cinético aplicada no ponto de contato , que se
opõem ao deslizamento.
Figura 1.11 A roda metálica cilíndrica desliza sobre uma superfície horizontal
Ao fazermos a roda rolar ao invés de deslizar sobre a mesma superfície, seu eixo se desloca
linearmente no mesmo sentido da força aplicada , enquanto que qualquer uma de suas partículas
gira em torno do seu eixo .
A velocidade linear de cada partícula da roda será perpendicular à linha que une a partícula ao
eixo , e o seu valor será proporcional à distância correspondente.
Desse modo, devemos tratar o movimento da roda como uma combinação de dois movimentos:
• Movimento de rotação;
• Movimento de translação.
No entanto, também é possível tratar o movimento da roda que rola sobre a superfície como se
fosse uma rotação pura.
Inicialmente, vamos considerar uma roda metálica cilíndrica que rola ao longo de uma superfície
metálica disposta horizontalmente, como na Figura 1.13.
Figura 1.13 A roda metálica cilíndrica rola sobre uma superfície horizontal
Em qualquer instante, podemos considerar que a roda está girando em torno de um eixo
perpendicular que passa pelo ponto de contato .
A velocidade linear de cada partícula da roda será perpendicular à linha que a une ao ponto , e o
seu valor será proporcional à distância correspondente.
Isto equivale a dizer que, naquele instante, o movimento da roda é equivalente a uma rotação
pura em torno do ponto de contato , que passa a funcionar como o centro instantâneo de
rotação.
Esta rotação será infinitesimal, pois esse ponto de contato é imediatamente substituído por outro
ponto da superfície da roda infinitamente próximo, formando um novo centro instantâneo de
rotação.
Durante o deslocamento da roda, o centro instantâneo de rotação permanece estático em relação
ao seu eixo , se deslocando paralelamente e na mesma velocidade que ele.
A rotação em torno do centro instantâneo de rotação faz com que as soldas microscópicas
formadas a cada instante sejam descascadas e não cortadas como no deslizamento.
Desse modo, quando fazemos a roda rolar sobre a superfície, surge também no ponto de contato
uma força de atrito cinético , que se opõe ao rolamento, mas com intensidade muitas vezes
menor que a correspondente no movimento de deslizamento.
Entretanto, existe a possibilidade de haver o desligamento entre as duas superfícies, isto é, a roda
pode escorregar sobre a superfície, ocorrendo um deslizamento do ponto de contato no sentido
contrário ao deslocamento.
Para que esse fenômeno não aconteça é necessário o surgimento de uma força aplicada no ponto
de contato , que se oponha ao escorregamento, denominada de Força de Aderência, ou
simplesmente Aderência.
Fisicamente a Aderência é uma força passiva exercida entre as moléculas das superfícies em
contato, agindo como uma força de reação à força que tende a produzir o desligamento do
contato.
Quando acontece o desligamento, a roda realiza um movimento de rotação em torno do eixo ,
deslizando no mesmo lugar, sem avançar.
A Aderência sofre apreciável redução e é substituída pelo atrito devido ao deslizamento, de
intensidade muito menor que ela.
• Peso = ;
• Número de eixos = ;
= ∙
= =
Cada eixo trator é composto de um par de rodas de raio , solidárias a um eixo , que são
apoiadas sobre os trilhos no ponto de contato .
R
Figura 1.19 Roda apoiada sobre o trilho no ponto de contato
Para que ocorra o deslocamento do trem sobre a via férrea, é necessário que a locomotiva produza
uma força de tração e a aplique no ponto de contato de cada uma das rodas dos seus eixos
tratores com o trilho.
O conjugado motor:
= ∙
Uma força − ⇒ Tangente ao trilho, aplicada no ponto de contato entre a roda e o trilho,
tendendo a empurrá-lo para trás com o braço de alavanca .
R
Figura 1.22 Decomposição do conjugado motor
A força de tração , aplicada em cada um dos eixos tratores, faz com que a roda gire enquanto o
ponto se desloca no sentido de aplicação da força.
Para que isso ocorra, não significa condição suficiente o fato de se ter a força de tração com
maior intensidade do que a força resistente , que é uma força resultante de um conjunto de
forças que está constantemente se opondo ao movimento do trem, ou seja:
≥
Para que a roda não escorregue sobre o trilho durante seu movimento de rotação, não é condição
suficiente que o peso aderente seja equilibrado pela reação de apoio .
Também é necessário que a força − seja neutralizada pela força de aderência , que é a força
de reação do trilho sobre a roda, isto é:
≤
Uma vez que os trilhos são fixos aos dormentes e estes ao leito da via, a força se opõe ao
deslizamento da roda sobre o trilho.
Enquanto o valor de − não superar o valor máximo de , esta força será passiva e o ponto de
contato não poderá deslocar-se ao longo do trilho no sentido de − .
Isto foi traduzido por Charles A. Coulomb através da equação:
≤ ∙
1.6.3 Patinagem
Consideremos uma força de tração aplicada ao eixo de um rodeiro, tal que possa colocá-lo em
movimento.
>
> ∙
ou seja, a reação do trilho sobre a roda será sobrepujada, ocasionando um deslizamento do ponto
de contato da roda com o trilho no sentido contrário ao movimento.
Neste caso, a roda terá um movimento de rotação em torno do eixo .
Dizemos, então, que há patinagem da roda.
Quando há patinagem, a roda desliza no mesmo lugar, sem que o trem avance.
Com a redução do coeficiente de aderência, a patinagem tende a aumentar.
≤ ∙
Aumento de ;
Diminuição de ;
≤ ∙
vemos que a força de tração que o eixo trator de uma locomotiva pode exercer é limitada
pelo peso aderente descarregado sobre ele e pelo coeficiente de aderência entre a roda e
o trilho.
O peso aderente da locomotiva é descarregado igualmente sobre os seus n eixos
tratores, isto é:
=
=
≤ ∙
ou,
≥
Da expressão, vemos que o valor mínimo do coeficiente de aderência para que ocorra o
deslocamento do trem é:
í" =
Quando todos os eixos da locomotiva são eixos tratores, isto é, = , seu peso aderente
é igual ao seu peso próprio.
Nesse caso, a Demanda de Aderência pode ser expressa por:
• Apesar disso tudo, a expressão de Hertz, e as que dela foram derivadas, continua
sendo amplamente utilizada na avaliação das tensões no contato e estudos de
fadiga mecânica em ferrovias.
Se dois sólidos esféricos, elásticos e ideais, não exercem qualquer pressão entre si, então
o contato entre eles se resume a um único ponto.
Quando pressionado um contra o outro, produz-se, na região de contato, uma pequena
deformação de configuração elíptica, denominada de elipse de Hertz.
A distribuição de esforços, dentro desta elipse de contato, não é homogênea e, pelo
contrário, verifica-se de forma aproximadamente parabólica.
Elipse de
contato
N
e
R
Pa
• A roda ao rolar sobre o trilho faz com que a área de aderência seja reduzida e se
desloque em direção da extremidade da superfície, a frente do sentido de
movimento.
Para o caso ferroviário, desde que se tenha roda e trilho novos, a área de contato pode
ser calculada, de forma aproximada, pela seguinte expressão:
,∙-
=
.
A tensão máxima de compressão ocorre na parte central da elipse e sua intensidade pode
ser calculada pela equação de Hertz aproximada pela seguinte expressão, com
coeficiente calibrado para o sistema métrico de medidas:
,;
: ; 01
. = 56 ∙ 7 + 9 ∙- : < =
,
1.7.2.1 Exemplo
Calcular a área de contato de uma roda de >, @ A B:C"E de diâmetro, apoiada sobre um
trilho com raio de arredondamento do boleto de >, ,FA B >"E, e carga de >. >>> 01.
,;
: ;
. = 56 ∙ 7 + 9 ∙ >. >>> :
>, AF5 >, ,FA
01
. = ,. 6:6, >5 < =
,
, ∙ >. >>>
= = , FF6 /, 2
,. 6:6, >5
A Demanda de Aderência exigida pela força de tração exercida pela locomotiva deve ser
superada por uma aderência confiável disponibilizada pelo contato da roda com o trilho,
ou seja, pelo nível de aderência com que realmente podemos contar, denominado de
Nível de Aderência ou Aderência Disponível.
• A suspensão do veículo;
• Durante a tração, o ponto onde ocorre o maior nível de aderência é no início de uma
patinação;
Os níveis de aderência indicados nas curvas devem ser considerados apenas como
valores de referência, pois eles podem sofrer influências de diversos fatores, entre os
quais podemos destacar as principais influências devidas:
À via permanente
Ao veículo trator
• Rodas desbalanceadas;
• Oscilações da locomotiva;
• Habilidade do maquinista.
Alguns dos fatores, que nos permitem utilizar melhor a aderência e que justificam o
emprego de coeficientes de aderência diferentes nos cálculos de tração para locomotivas
de idêntico número de eixos e peso aderente igual, são:
Quando uma locomotiva de peso bem distribuído está estacionária, todos os seus eixos
estão recebendo a mesma quantidade de carga.
Todavia, quando esta locomotiva estiver puxando um trem, seu centro de gravidade
tende a se deslocar para trás como conseqüência do surgimento de um conjugado
estabelecido entre a força no engate e a força de tração desenvolvida nas rodas, que faz
com que o eixo líder de cada truque tenda a empinar, transferindo parte de sua carga
para os outros eixos.
Este efeito é conhecido como transferência de peso ou ainda como efeito de cabragem.
Conseqüentemente há uma diversificação na aderência dos rodeiros individuais, afetando
sensivelmente o nível de aderência da locomotiva e correspondente limitação à força de
tração máxima sem haver patinação.
A diferença entre as cargas dos eixos de um mesmo truque varia com a base rígida,
sendo tanto maior quanto maior for o comprimento do truque.
Em alguns tipos de veículos, essas forças devem ser rigorosamente determinadas antes
de se fazerem os cálculos de frenagem e tração para se saber o nível exato de aderência
com que se pode contar nas acelerações e desacelerações.
Vários são os fatores que influem no cálculo do efeito de cabragem, entre os quais
podemos destacar os seguintes:
• Taxa de aceleração;
• Tipo da suspensão;
Na Figura 1.35, enquanto o sinal negativo indica uma redução, o sinal positivo indica um
aumento do peso nominal do eixo correspondente de uma quantidade percentual do
esforço de tração desenvolvido pela locomotiva.
Dentre os fatores que determinam tal transferência de peso, quando em marcha, temos:
1.7.4.1.1 Exemplo
Calcular a distribuição de peso por eixo, se a locomotiva de seis eixos tiver um peso igual
à 6> e desenvolver um esforço de tração de > 01, ,>. >>> 01 e A>. >>> 01
respectivamente.
Esforço de Tração
Da Tabela 1.1 vemos que, enquanto a locomotiva estiver em tração, o eixo 4, eixo líder
do segundo truque, é sempre o mais leve.
Portanto, o eixo 4 é o mais propenso a ser o primeiro a patinar.
No entanto, deve-se levar em consideração o fato de que o eixo 1, eixo líder do primeiro
truque, é aquele que encontra os trilhos nas piores condições de contaminação.
Acrescente-se a isto, o fato de que as rodas do eixo 1, além de guiarem as outras rodas,
também limpam os trilhos, melhorando assim as condições de aderência das rodas dos
outros eixos da locomotiva.
Esses fatos aumentam a probabilidade do eixo 1 patinar antes que o eixo 4 o faça.
Este problema pode ser corrigido parcialmente, ou melhor, atenuado, através da
aplicação de areia entre a roda e o trilho.
Procura-se amenizar esta situação pela geometria dos truques.
A cada instante, o ponto de contato entre a roda e o trilho é estacionário por um curto
intervalo de tempo, formando um centro instantâneo de rotação, sendo nula a velocidade
relativa naquele ponto, qualquer que seja a velocidade do trem.
Entretanto, constata-se que o coeficiente de aderência diminui com o aumento da
velocidade.
=
> ∙ /%2
+ >, > ∙ *
Pela fórmula Parodi, para > = :>%, pode-se traçar o gráfico da Figura 1.37.
35
30
25
Nível de Aderência [%]
20
15
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Velocidade [km/h]
6 + >, ∙ *
=
> ∙ /%2
6 + >, , ∙ *
Para
> = :>% aplicado à fórmula para eixos motorizados independentes, pode-se traçar
o gráfico da Figura 1.38.
35
30
25
Nível de Aderência [%]
20
15
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Velocidade [km/h]
Para fins de projeto de sistemas de freio, a Air Brake Association (ABA) publicou as curvas
levantadas em função do estado da superfície dos trilhos, que também podem ser
utilizadas para fins de tração, embora haja uma boa diferença.
Uma película de orvalho atingindo uma parte do boleto suja de óleo, mesmo seco, em
virtude do fenômeno de tensão superficial, faz com que o óleo avance, formando uma
fina película de óleo (filme) que lubrifica a cabeça do trilho, diminuindo a aderência.
A patinação das rodas é bastante nociva à operação das locomotivas em tração, sendo
passível de ocorrer os seguintes efeitos:
• Sobre aquecimento súbito das rodas, com consequências muitas vezes graves;
Lavar o trilho com jato de água quente, emanada da própria locomotiva, a fim de
limpá-lo de resíduos de óleo, graxa, etc., sendo isso, entretanto, um recurso raramente
usado.
O sistema de areeiros das locomotivas dispõe de depósitos de areia (caixa de areia) que
podem estar localizados nas duas extremidades de cada truque ou nas extremidades da
carroceria da locomotiva.
• Granulometria recomendada;
• Lavada;
• Peneirada;
• Seca (torrada);
• Isenta de argila.
Controle do “Creep”.
Em uma roda ferroviária em marcha normal, seu centro instantâneo de rotação está
estaticamente em contato com um ponto do trilho e se desloca paralelamente e na
mesma velocidade do eixo .
No entanto, as deformações elásticas permitem uma ligeira rotação à roda, mesmo não
existindo desligamento entre as duas superfícies, havendo, porém, uma pequena
variação entre o deslocamento linear do centro da roda e o percurso real efetuado por um
ponto situado na periferia do seu aro.
Esta variação denomina-se pseudodesligamento, que persiste até o limite elástico do
material da roda, quando então ocorre o desligamento puro da roda sobre o trilho.
Portanto, os pseudodesligamentos proporcionam os micro-escorregamentos, também
denominados de creep, os quais na realidade é que causam o coeficiente de aderência do
contato roda-trilho.
Quando os micro-escorregamentos ocorrem, a área de aderência se desloca sobre a área
da superfície de contato da roda com o trilho até o limite da mesma, quando passa a
ocorrer a patinagem.
No seu deslocamento até o centro da superfície de contato, a área de aderência sofre um
aumento, que provoca um conseqüente aumento da aderência.
A partir desse ponto, a área de aderência começa a reduzir rapidamente até atingir a
extremidade da área de escorregamento.
A Figura 1.47mostra várias curvas de creep para o rodeiro número 1 de uma locomotiva
com motores de tração de corrente contínua, sob várias condições dos trilhos em
tangente.
Dinâmica Ferroviária
2 Resistências ao movimento
2.1 Introdução
A carga a ser transportada é dotada de Peso útil, que é somado ao Peso morto ou Tara,
que é o peso do recipiente onde se coloca a carga útil.
A fim de deslocar a carga sobre a via é necessária aplicar uma força que vença a
resistência ao seu movimento.
• Peso do veículo;
• Inércia do trem;
• Quaisquer perdas desse teor sofridas pelo trem durante o seu movimento.
01
< =
01
= W < = ∙ /2 = W ∙ /012
Dessa forma, para uma mesma condição de resistência, um trem com todos os vagões
carregados estará sujeito a uma força resistente maior do que quando os vagões
estiverem vazios.
• Normais;
• Ocasionais.
• Atrito
- Nos mancais;
• Gravidade
• Meio
Sobre os mancais de um veículo ferroviário é aplicada uma força igual à carga por eixo do
veículo menos o peso próprio do rodeiro.
(P-p)
F r
R
Em uma volta completa da roda, o trabalho de atrito nos mancais situados na manga dos
eixos, será:
X = ∙ B − (E ∙ , ∙ Y ∙
que deve ser compensado pelo trabalho realizado pela força de tração, ou seja:
X = ∙ , ∙ Y ∙
=
∙ B − (E ∙
01
W+ = . >>> ∙ < =
ou
( 01
W+ = . >>> ∙
∙ Z − [ ∙ < =
Da expressão acima, verificamos que a resistência devida ao atrito nos mancais varia de
acordo com a carga por eixo do veículo e pode ser controlada pela atuação sobre o
coeficiente de atrito do mancal, que depende de sua lubrificação do seu tipo.
Como se pode ver na figura abaixo, para avançar, a roda tem que vencer a elevação
causada pela deformação do trilho devida a carga no eixo, afetando assim, a resistência
ao rolamento do trem.
Portanto, o atrito de rolamento é causado pela deformação dos trilhos.
]]]]
\
=
]]]]
^
]]]] ]]]],
\, = , − ^
Sendo
]]]]
^ = − _
temos:
]]]]
\, = , − , + , ∙ ∙ _ − _, = _ ∙ B, ∙ − _E
≫_
e também que:
,∙≫_
]]]]
^ ≅
]]]]
\, ≅ , ∙ ∙ _
ou,
]]]]
\ ≅ √, ∙ ∙ _
]]]]
\ √, ∙ ∙ _
= =
]]]]
^
01
W")" = . >>> ∙ < =
fornece:
√, ∙ ∙ _ 01
W")" ≅ . >>> ∙ < =
ou
, ∙ _ 01
W")" ≅ . >>> ∙ c < =
Quando o trilho não suporta a carga aplicada pela roda, ele se deforma num ponto
situado entre dois dormentes, como é mostrado na Figura 2.4.
Este tipo de deformação também pode ser causado pela resiliência do leito ferroviário,
isto é, o trilho suporta a carga apresentada pela roda, mas o leito da via cede quando da
passagem da roda, fazendo o dormente baixar causando a deformação no trilho.
2.2.4 Resistência do ar
Quando existe movimento, o volume de ar a ser deslocado possui uma massa dada por:
d ∙
=
1
d = e ∙ )
e ⇒ Área da seção;
) ⇒ Distância percorrida.
e ∙ ) ∙
=
1
X = ∙ ∙ *,
,
e ∙ ) ∙ ,
X = ∙ ∙* = ∙ e ∙ *, ∙ )
, 1 ,∙1
ou,
X = ' ∙ e ∙ *, ∙ ) = ∙ )
= ' ∙ e ∙ *,
' =
,∙1
01
= , ,@: < =
:
e,
1 = @, 6>CCF 3 , 4
+
temos,
, ,@:
' =
, ∙ @, 6>CCF
01 ∙ +,
( = >, >CF@,A f g
A
A função básica dos engates é fazer a ligação entre os diversos veículos de uma
composição, e durante a ação de acoplamento ou após ser feita a ligação, estes agirão
como transmissores de esforços de um veículo para outro.
Figura 2.7 Engates ligando duas locomotivas e ligando uma locomotiva e um vagão
Portanto, os aparelhos de choque e tração dos vagões e das locomotivas têm por função:
• Unir os veículos;
• Transmitir os esforços;
• Amortecer os impactos.
Embora existam diferentes projetos de aparelho de choque e tração com placas ou blocos
amortecedores utilizando borracha, todos eles operam baseados no mesmo princípio,
diferindo entre eles, primariamente, quanto à suas dimensões e capacidade.
O aparelho de choque e tração das locomotivas é envolto por uma bolsa, que é parte
integrante da plataforma da locomotiva.
Figura 2.11 Aparelho de choque e tração de uma locomotiva envolto pela bolsa
Os meios utilizados pelo homem para deslocamento dos bens necessários à sua
sobrevivência têm evoluído continuamente.
Nos primórdios da civilização, o próprio homem transportava os seus bens, utilizando,
pois, a energia muscular.
Depois passou a empregar animais, colocando as cargas em seu dorso e fazendo-os mais
tarde puxá-las.
Neste último caso, o animal tinha de vencer uma resistência equivalente à força de atrito
de deslizamento da carga (ou de seu recipiente) no solo, ou seja, desenvolver um esforço
trator igual a:
= W% ∙ B- + E = W% ∙
= W ∙
01
W hi < =
Tipo de veículo
A tração mecânica rodoviária sobre pneus em pavimento liso apresenta uma resistência
mínima igual a:
01
W = F < =
Para um vagão vazio de , com velocidade inferior a CF 0/T, podemos tomar para a
resistência o seguinte valor mínimo:
01
W = ,, F < =
Isto é fácil de aceitar se for lembrado que o vagão vazio, por ter menor inércia, estará
sujeito a maiores variações quanto ao seu movimento.
2.2.6.1 Exemplo
Tomemos:
Que força de tração mínima deverá exercer o caminhão e o vagão para vencer o atrito de
rolamento?
Para vencer o atrito de rolamento teríamos uma força de tração mínima igual a:
• Para o caminhão
01
= F < = ∙ :>/2 = AF> /012
• Para o vagão
01
= , , < = ∙ ,>/2 = AA /012
. >>> ∙ *,
'= /2
, ∙ :, C, ∙ 1 ∙ W
0
* ⇒ Velocidade 3 4;
T
1 ⇒ Aceleração da gravidade 3+,4;
01
W ⇒ Coeficiente de atrito de deslizamento 3
4.
2.2.7.1 Exemplo 1
Que distância percorrerá até parar um vagão de ,> , se for deixado correr livremente a
partir de CF 0/T?
01
W = , , 3 4
• Para
. >>> ∙ CF,
'=
, ∙ :, C, ∙ @, 6>CCF ∙ , ,
01
W = , C 3 4
• Para
. >>> ∙ CF,
'=
, ∙ :, C, ∙ @, 6>CCF ∙ , C
2.2.7.2 Exemplo 2
Que distância percorrerá até parar um caminhão de :> , se for deixado correr livremente
a partir de CF 0/T?
01
W = F 3 4
• Para
. >>> ∙ CF,
'=
, ∙ :, C, ∙ @, 6>CCF ∙ F
01
W = 6 3 4
• Para
. >>> ∙ CF,
'=
, ∙ :, C, ∙ @, 6>CCF ∙ 6
Comparando os valores obtidos nos exemplos acima, podemos concluir que o transporte
sobre trilhos é o que requer o menor esforço trator e apresenta a maior distância
percorrida até parar, o que demonstra ser o meio de transporte terrestre mais
econômico, sob o ponto de vista energético.
• Suspensão do veículo;
• Condições atmosféricas;
• Temperatura ambiente;
01
W hi < =
Tipo de mancal
Trem esticado Trem encolhido
de escorregamento 17 a 22 7 a 10
01
W = , , − B>, : ∙ (E < =
Dos tipos de resistências normais ao movimento que vimos até aqui, observamos que:
01
W = + \ ∙ d + ∙ d, < =
0
d ⇒ Velocidade de deslocamento do veículo em 3 T
4.
Trem clássico
• Locomotiva
,@ e )j
W = , : + + >, >:> ∙ d + >, >>,A> ∙ ∙ d, < =
( ∙( "
:, FA @: e 01
W = >, CF + + >, >>@:, ∙ d + >, >>AF,A ∙ ∙ d, < =
( ∙(
• Vagão de carga
,@ e )j
W = , : + + >, >AF ∙ d + >, >>>F> ∙ ∙ d, < =
( ∙( "
:, FA @: e 01
W = >, CF + + >, > :@6 ∙ d + >, >>>@A: ∙ ∙ d, < =
( ∙(
• Carro de passageiro
,@ e )j
W = , : + + >, >:> ∙ d + >, >>>:A ∙ ∙ d, < =
( ∙( "
:, FA @: e 01
W = >, CF + + >, >>@:, ∙ d + >, >>>CA ∙ ∙ d, < =
( ∙(
Trem unidade
• Carro dianteiro
,@ e 01
W = , : + + >, >AF ∙ d + >, >>,A ∙ ∙ d, < =
( ∙(
:, FA @: e 01
W = >, CF + + >, > :@6 ∙ d + >, >>AF,A ∙ ∙ d, < =
( ∙(
• Carro reboque
,@ e )j
W = , : + + >, >AF ∙ d + >, >>>F> ∙ ∙ d, < =
( ∙( "
:, FA @: e 01
W = >, CF + + >, > :@6 ∙ d + >, >>>@A: ∙ ∙ d, < =
( ∙(
• Carro motor
,@ e )j
W = , : + + >, >@> ∙ d + >, >>,A> ∙ ∙ d, < =
( ∙( "
:, FA @: e 01
W = >, CF + + >, >>,5@C, ∙ d + >, >>AF,A ∙ ∙ d, < =
( ∙(
Cabe ainda dizer, que os coeficientes apresentados foram tabelados para a faixa de > a
>> 0/T.
Convém notar que, apesar de um longo lapso de tempo que nos separa, o estudo de
Davis pode ser perfeitamente aplicado na maioria das ferrovias brasileiras, onde a faixa
de velocidades está compreendida entre > a >> 0/T, e os materiais empregados são
ainda do mesmo gênero que os do tempo de Davis.
Por outro lado, mesmo nos Estados Unidos, este estudo se aplica, pois as ferrovias
americanas pouco têm evoluído no sentido de maior velocidade, isto é, estão na sua
grande maioria dentro da faixa de velocidades acima considerada, se bem que outras
tenham velocidades um tanto maior, mas, mesmo em velocidades pouco maiores, o
estudo ainda se aplica.
As Fórmulas de Davis podem ser consideradas como bastante aproximadas, sob
condições razoáveis como: tempo ameno; temperatura não muito fria; etc.
As Fórmulas de Davis não se referenciam as locomotivas que em tração múltipla atuam
como comandadas, isto é, as locomotivas que estão posicionadas atrás da primeira
locomotiva, denominada comandante.
Para esta situação, o professor Leopoldo Corrêa Roza sugere a seguinte fórmula:
,@ e )j
W = , : + + >, >>:> ∙ d + >, >>>C> ∙ ∙ d, < =
( ∙( "
:, FA @: e 01
W = >, CF + + >, >>@:, ∙ d + >, >> : ∙ ∙ d, < =
( ∙(
5,, F e )j
W = , : + + >, > F ∙ d + >, >>>FF ∙ ∙ d, < =
( ∙( "
,> e )j
W = >, C + + >, > > ∙ d + >, >>>CF ∙ ∙ d, < =
( ∙( "
- Truque de 3 peças
6 e )j
W = >, 6F + + >, > ∙ d + >, >>>CF ∙ ∙ d, < =
( ∙( "
6, CACC: e 01
W = >, 6F + + >, > ∙ d + >, >> ,,F ∙ ∙ d, < =
( ∙(
Esta nova fórmula reduz ainda mais o fator de resistência de um trem de carga.
A AAR sugere como área frontal os seguintes parâmetros mostrados na Tabela 2.3.
Veículo Parâmetro
Locomotivas AF, :F@ /2 BF> /"2E 9,755 /io 2 105 /LK o 2
Locomotivas CF, F>: /2 B5> /"2E 10,219 /io 2 110 /LK o 2
Locomotivas @>, 5 6 /2 B >> /"2 "p +E 11,148 /io 2 120 /LK o 2
Locomotiva GT - 26 CU 12,65
Locomotiva U - 26 C 12,05
Locomotiva C - 30 C 14,70
• À gravidade
- Resistência de rampa.
• Ao atrito
- Resistência de curvatura;
• À inércia
- Resistência à aceleração.
= ∙ + v
Na ferrovia, normalmente o ângulo de inclinação das rampas não ultrapassa a ,°, ou seja,
∝< 2°.
Portanto, é válido considerar que o valor do seno se aproxima do valor da tangente, isto
é:
+ v ≅ v
Então:
≅ ∙ v
01
W = . >>> ∙ < =
ou,
01
W = . >>> ∙ v < =
% 01
W = . >>> ∙ < =
>>
ou,
01
W = > ∙ % < =
Da expressão acima vemos que, por causa da ação da gravidade, cada % de rampa
ascendente representa uma resistência ao movimento de > ∙ /01⁄2.
No caso de uma rampa descendente, a cada % o trem sofre uma aceleração de > ∙
/01⁄2.
2.3.1.1 Exemplo
Um trem de ,A. >>> , ao trafegar por uma rampa ascendente de >, A%, sofre uma
resistência ao movimento somente devido à rampa igual a:
01
W = > ∙ % < =
01
W = > ∙ >, A = A < =
= W ∙ /012
Podemos escrever:
= + ∙
ou então:
Sendo,
v =
temos:
= ∙ B + E ∙ "+ v
> = ∙
∙ B
+ E ∙ "+ v
= = 7 + 9 ∙ "+ v
>
∙
7 9 = 7 + 9 ∙ "+ v 7 9 = 7 + 9 ∙ "+ v
> z
z > z
z
• Rampa de >, F> % ⇒ = >, >>F> - Na estrada de ferro a força de tração inicial foi
multiplicada por 3, enquanto na estrada de
rodagem foi multiplicada por 1,5.
Vemos que, em cada caso, a força de tração na estrada de ferro é menor do que a força
de tração na estrada de rodagem, mas essa vantagem vai diminuindo à medida que a
rampa cresce.
Daí especificarem-se rampas mais suaves para as estradas de ferro, para melhor
aproveitar a vantagem de redução da força de tração, o que aumenta o seu custo de
construção
• Do raio da curva;
• Da força centrífuga.
F. 5,@ /(é+2
1p =
" /(é+2
. AC /2
1p =
" /2
Os rodeiros utilizados nos sistemas ferroviários são constituídos por duas rodas
rigidamente conectadas entre si por um eixo, de modo a não permitir o movimento
rotacional diferencial entre elas, isto é, a rotação angular do rodeiro é idêntica para as
duas rodas.
Desta forma, no início da negociação de um rodeiro ferroviário com uma trajetória curva,
haverá produção de forças longitudinais diferenciadas entre os pontos de contato de
cada roda com o respectivo trilho, que causam o deslocamento lateral do rodeiro em
relação à via férrea.
Devido à conicidade da superfície de rolamento das rodas, o deslocamento lateral relativo
faz com que o raio de rolamento da roda externa seja maior do que o da roda interna à
curva, produzindo um conjugado que atua no sentido de buscar o alinhamento do
rodeiro com o centro da curva, formando um pequeno ângulo de ataque do rodeiro em
relação à via férrea.
Caso o ângulo de ataque do rodeiro não seja favorável, dirigindo o rodeiro para fora da
curva, a maior parte das forças laterais necessárias será gerada pelo encosto do friso da
roda externa no trilho.
O atrito entre o friso das rodas e o trilho não exerce influência significativa sobre a
resistência de curvatura, consequentemente, pode ser desprezado.
Traçando-se o hodógrafo do movimento das rodas, vê-se que tudo se passa como se a
roda interna ficasse parada e a externa executasse um movimento circular de
deslizamento.
j
~ = , ∙ Y ∙ 7 + 9
,
j
~, = , ∙ Y ∙ 7 − 9
,
logo,
∆~ = ~ − ~, = , ∙ Y ∙ j
Sendo ;, a carga sobre cada roda, o trabalho de deslizamento será dado por:
X = , ∙ Y ∙ j ∙
∙
,
j ⇒ Bitola /2;
⇒ Coeficiente de atrito das rodas sobre o trilho;
⇒ Carga por eixo /2.
X = ∙ , ∙ Y ∙
∙j∙
= /012
,∙
01
W = . >>> ∙ < =
ou
∙ j 01
W = F>> ∙ < =
ângulo de ataque
b
B 2 + b2
Havendo uma carga de ;A para cada roda, o trabalho de deslizamento será dado por:
√\, + j, √\, + j,
X = , ∙ Y ∙ ∙
∙A∙ = ,∙Y∙
∙ ∙
, A ,
X = ∙ , ∙ Y ∙
√\, + j,
=
∙ ∙
,
01
W = . >>> ∙ < =
ou
Como,
\, + j, > j
\, + j, ≅ 0 ∙ j
onde,
0>
F>> ∙
∙ 0 ∙ j 01
W = < =
mas,
∙0 ≅
logo,
F>> ∙ j 01
W = < =
A resistência devida ao atrito das rodas na curva, também pode ser calculada pela
Fórmula de Meitzner, que é expressa por:
Lembrando que a Fórmula de Meitzner utiliza raio de curva em graus americanos e que a
Fórmula de Desdouits utiliza raio em graus métricos, podemos estabelecer a seguinte
igualdade:
> = :,5, 55
Estabelecendo > como fronteira para a utilização de uma ou da outra Fórmula, podemos
estabelecer:
• Sistema AAR
)j
W = >, 6 ∙ 1p < =
"
• Sistema métrico
01
W = >, C ∙ y,> < =
Os valores:
)j
>, 6 ∙ 1p < =
"
01
>, C ∙ y,> < =
Da fórmula podemos observar que, além da bitola e do raio da curva, Stevenson também
considerou a base rígida dos truques.
2.3.3.4 Superlargura
seria necessário considerar o valor dessa resistência para cada veículo da composição ao
longo do percurso do trem, para que os cálculos de resistência ao movimento fossem
feitos com toda a precisão.
Em termos de simplificações no cálculo da resistência ao movimento, introduz-se o
conceito de perfil compensado, através de uma expressão que engloba o efeito da
resistência devida à ação da gravidade numa rampa de inclinação constante, e o efeito da
resistência das curvas que se encontram nessa rampa.
Em outras palavras, temos que transformar os efeitos das curvas em uma rampa
equivalente e acrescentarmos as rampas existentes.
O perfil compensado de um trecho é aquele equivalente ao trecho considerado,
admitindo-se, que o mesmo não tivesse curvas.
2.3.4.1 Exemplo 1
• Devido à rampa:
01
W = > < =
• Devido à curva:
. AC
y,> = = ,, ,@,°
F>>
01
W = >, C ∙ ,, ,@,° = , :5F < =
01
W = W + W = > + , :5F = , :5F < =
01
Wá' = W + W < =
01
Wá' = > ∙ á' % < =
01
W = > ∙ % < =
Então,
2.3.5.1 Exemplo 2
- Devido à curva:
. AC
y,> = = ,, ,@,°
F>>
01
W = >, C ∙ ,, ,@,° = , :5F, < =
Na maioria dos cálculos de tração é por demais trabalhoso estabelecer e utilizar o valor
da resistência ao movimento devido às rampas e curvas de cada trecho, pois nem sempre
todo o trem está dentro de um mesmo perfil compensado.
A noção de perfil equivalente visa simplificar o problema para diversos perfis
compensados consecutivos.
O problema consiste em determinar a expressão de um perfil equivalente com uma
determinada inclinação, em função dos perfis compensados a partir da hipótese de que o
trabalho realizado por uma locomotiva para percorrê-lo seja igual ao trabalho que a
locomotiva realiza quando percorre os perfis compensados.
2.3.6.1 Exemplo
i = 0,6% i = -0,43%
i = 0%
500 m 700 m 800 m
3° 5° 10°
• Devido às rampas:
• Devido às curvas:
>, C ∙ F°
( p*) = = >, :> %
>
Nos cálculos de frenagem em rampa descendente, deve ser examinado o perfil do trecho
quanto à existência de curvas e os seus raios, pois em frenagem, enquanto a gravidade
está acelerando, a curva está desacelerando.
2.3.7 Superelevação
= ∙
⇒ Massa do veículo;
⇒ Aceleração centrífuga do veículo;
Sendo:
=
1
⇒ Peso do veículo;
1 ⇒ Aceleração da gravidade;
e,
*,
=
* ⇒ Velocidade do veículo;
⇒ Raio da curva.
podemos escrever:
*,
= ∙ /012
1
Em uma via ferroviária estabelecida num plano horizontal, a força centrífuga deslocará o
veículo no sentido do trilho externo, provocando neste um forte atrito através dos frisos
das rodas, isto é, produzindo resistência a tração.
Se a grandeza da força centrífuga exceder certo limite poderá ocorrer o tombamento do
veículo.
Para contrabalançar o efeito nocivo da força centrífuga, inclina-se a via ferroviária de um
ângulo v, elevando o trilho externo da curva, através da inclinação do dormente, de
modo a criar uma componente que equilibre a força centrífuga.
+ v =
e que:
T = ∙ v
v ≅ + v
então,
T ≅ ∙ + v
ou seja,
T≅∙
Lembrando que:
d,
= ∙
1
podemos escrever:
d,
T≅∙ ∙ /2
:, C, ∙ 1
⇒ Distância entre os eixos dos trilhos = bitola da linha + largura do boleto do trilho
/2;
d ⇒ Velocidade /0/T2;
1 ⇒ Aceleração da gravidade = @, 6>CCF //+, 2;
⇒ Raio da curva /2.
temos:
= . C>> + 5: = . C5:
d,
T ≅ . C5: ∙ ∙ /2
:, C, ∙ @, 6>CCF
d,
T ≅ :, C:ACC ∙ /2
temos:
= . >>> + CF = . >CF
d,
T ≅ . >CF ∙ ∙ /2
:, C, ∙ @, 6>CCF
d,
T ≅ 6, :5@C , ∙ /2
2.3.7.1.1 Exemplo
Um vagão de >> de peso se desloca por uma curva, cujo raio é de F> , de uma
ferrovia de bitola métrica com trilho − C6, a uma velocidade :C 0⁄T.
Deseja-se saber:
c) A superelevação.
a)
d,
= ∙ /012
:, C, ∙ 1
>> :C,
= ∙ 01
:, C, ∙ @, 6>CCF F>
b)
+ v =
C. 5@6, >6
+ v = = >, >C5@6 >6
>>. >>>
c)
= . >>> + 5: = . >5:
d,
T ≅ ∙ ∙ /2
:, C, ∙ 1
:C,
T ≅ . >5: ∙ ∙ /2
:, C, ∙ @, 6>CCF F>
ou
T ≅ ∙ + v
ou
T ≅ ∙ v
T ≅ 5:, , 5: = 5, : , 5:
1 = @, 6>CCF //+, 2
*, d,
= = ∙ 3 4
:, C, +,
~ = − 1 ∙ + v
d, T
~ = ∙ − @, 6>CCF ∙
:, C
,
Se:
~ > 0 ⇒ O impulso é dirigido no sentido do centro para fora da curva;
~ = > ⇒ Não haverá impulso, pois a aceleração centrífuga será neutralizada pela
inclinação transversal do veículo, provocada pela superelevação.
Por esta razão, o valor da aceleração lateral não deverá ultrapassar um determinado
limite máximo.
O valor máximo da aceleração lateral adotado pela ABNT é de:
~á' = >, CF
+,
~á' = >, F>
+,
• Não teríamos uma equação geral, mas sim uma equação com validade apenas para
trechos;
do trem mais rápido, e para a superelevação prática tomam uma determinada fração
da superelevação teórica, ou seja, ,⁄:.
, d,
T ≅ ∙ ∙ /2
: ∙ :, C, ∙ 1
Para:
Para:
Os critérios usados para cálculo da velocidade máxima são normalmente baseados nas
condições técnicas dos trechos onde eles devem ser aplicados.
Nestes cálculos deve-se considerar, entre outros, os seguintes fatores: leito da via (lastro,
dormentação, trilhos, superelevação nas curvas, concordância nas curvas, cruzamentos,
sobre-bitola), tipo do material rodante, isto é, característica técnica dos veículos, etc.
A Norma AAR recomenda para os limites de velocidade em função do raio das curvas os
seguintes valores empíricos mostrados na Tabela 2.6.
1° 1746 160
5° 350 80
10° 175 48
15° 116 40
z = ∙ ∙ *, = ∙ *,
, ,∙1
∆z = ∙ Z [ ∙ , ∙ ,
,
Sendo v a velocidade periférica das peças girantes de raio equivalente r, dada por:
* = .
teremos:
,
∆z = ∙ Z [ ∙ *, ∙ Z [
,
,
z = z + ∆z = ∙ *, + ∙ Z [ ∙ *, ∙ Z [
,∙1 ,
B∑ E ∙ 1 , ,
z = ∙ f + ∙ Z [ g ∙ ∙ *
, 1
Fazendo:
B∑ E ∙ 1 ,
∙ Z [ = 0
teremos:
/ + 02 ∙ ,
z = ∙ ∙*
, 1
/ + 02 ∙ =
teremos:
,
z = ∙ ∙ *
, 1
Isto mostra que, tudo se passa como se a resistência à aceleração tivesse aumentado:
B∑ E ,
∙ Z [ = 0
B∑ E
= 6 %
= >, 5F
de onde:
0 ≅ >,
= , ∙
01
W = . >>> ∙ < =
∙ ∙ , ∙ 01
W = . >>> ∙ = . >>> ∙ = . >>> ∙ < =
∙1 1
. >> 01
W = ∙ < =
@, 6>CCF
Para os cálculos práticos, é mais útil exprimir essa resistência não em função da
aceleração a, mas sim do aumento da velocidade * no fim do trecho considerado %.
Temos que:
∙ ,
%=
,
mas,
* − *
=
logo,
* − * , ,
∙Z [ * − *
%= =
, ,∙
ou,
,
* − *
=
,∙%
,
. >> * − * 01
W = ∙ < =
@, 6>CCF ,∙%
,
. >> * − * 01
W = ∙ < =
@, 6>CCF ∙ , ∙ :, C, %
,
* − * 01
W = A, :,5F ∙ < =
%
Tanto podem ser espontâneos, causados pelas vibrações naturais do próprio veículo,
como provocados.
Se o movimento parasita for do tipo provocado, há o perigo de ele ter uma determinada
freqüência, que pode entrar em ressonância, causando danos, fadigas, ou mesmo
descarrilamentos, principalmente se houver ressonância com as junções dos trilhos.
Apesar de ser possível reduzir-se a sua extensão e atenuar seus efeitos, é impossível
eliminá-los totalmente.
De qualquer maneira, há necessidade de que eles sejam atenuados através de molas e
amortecedores mais eficientes.
Todos os chamados movimentos parasitas, embora possam ser analisados
individualmente, se confundem e se superpõem.
• Etc.
Rotação
Translação
A roda esquerda desloca-se para frente e o eixo desloca-se para o trilho direito até
que o flange da roda direita encoste.
Dependendo das condições gerais do aro e do flange das rodas e do peso aplicado aos
eixos, serão encontradas condições de ressonância que causam violentas forças laterais,
danosas aos trilhos, aos truques, a carroceria e a carga.
Essas forças são causadas por movimentos oscilatórios descontrolados dos trilhos e da
carroceria.
Oscilações nas curvas são resultantes do perfil cônico das rodas.
Isso faz com que as rodas em movimento e o conjunto de eixos desloquem-se ao longo
dos trilhos descrevendo um modelo senoidal, criando uma perturbação lateral periódica.
As oscilações tornam-se perigosas quando essas perturbações laterais estão em
ressonância com o movimento brusco ou suave do veículo, e quando a ressonância não
pode ser controlada.
Se a ressonância ocorre a baixas velocidades, assim como nos truques articulados, as
forças laterais são fracas e facilmente controláveis por um dispositivo apropriado de
absorção instalado no truque.
• Danos à carga.
2.3.11.1 Exemplo
Uma ferrovia de bitola métrica possui nos trechos críticos, rampas compensadas com
>, ,>% de inclinação máxima e raio de curvatura mínimo de F> .
Calcular as forças resistentes a serem superadas por duas locomotivas que tracionam
170 vagões, sabendo que:
Locomotiva
• Peso = C> ;
• Área frontal = A, C, , ;
• Número de eixos = 6.
Vagão
• Área frontal = 6 , ;
• Tara = ,> ;
Tabela 2.8 Equações para cálculo das resistências normais dos veículos
01
Resistências Normais 3 4
Locomotivas
Comandante
:, FA @: e
>, CF + + >, >>@:, ∙ d + >, >>AF,A ∙ ∙ d,
( ∙(
Davis
W) =
Comandada
:, FA 5@ e
>, CF + + >, >>@:, ∙ d + >, >> : ∙ ∙ d,
( ∙(
Leopoldo
W) =
Vagões
:, FA @: e
∙ d,
Davis
>, CF + + >, > :@6 ∙ d + >, >>>@A: ∙
W* = ( ∙(
:,, 66FA6: e
∙ d,
AAR – 60
>, CF + + >, >>ACC> ∙ d + >, >> >:5 ∙
W* = ( ∙(
@, >5 6F5 e
∙ d,
ABA – 75
>, : + + >, >>: >5 ∙ d + >, >> ,,F ∙
W* = ( ∙(
6, CACC: e
∙ d,
AAR – 88
>, 6F + + >, > ∙ d + >, >> ,,F ∙
W* = ( ∙(
6, CACC: e
∙ d,
Vagão carregado
, >CF + + >, > ∙ d + >, >> ,,F ∙
W* = ( ∙(
6, CACC: e
∙ d,
Vagão vazio
>, 66F + + >, > ∙ d + >, >> ,,F ∙
W** = ( ∙(
6, CACC: e
∙ d,
Vagão carregado
>, A> + + >, > ∙ d + >, >> ,,F ∙
W* = ( ∙(
6, CACC: e
∙ d,
Vagão vazio
>, :F + + >, > ∙ d + >, >> ,,F ∙
W** = ( ∙(
01
Resistência em 3 4
- Locomotivas
- Vagões
Vazio Carregado
Veículo - Fórmula
25 km/h 65 km/h 25 km/h 65 km/h
40.000
Esforço Resistente [kgf]
30.000
20.000
10.000
0
0 10 20 30 40 50 60 70
Velocidade [km/h]
Figura 2.34 Curvas dos esforços normais do trem com vagão vazio
40.000
Esforço Resistente [kgf]
30.000
20.000
10.000
0
0 10 20 30 40 50 60 70
Velocidade [km/h]
Figura 2.35 Curvas dos esforços normais do trem com vagão carregado
- Locomotivas
01
W) = > ∙ % < =
) = W) ∙ ) ∙ ) /012
- Vagões
01
W* = > ∙ % < =
* = W* ∙ * ∙ * /012
100.000
80.000
Esforço Resistente [kgf]
60.000
40.000
20.000
Rampa 0,0% Rampa 0,1% Rampa 0,2%
01
W = , , − B>, : ∙ (E < =
• Trem esticado
• Trem encolhido
W() ∙ ) ∙ ) W(* ∙ * ∙ *
( = () + (* = + /012
, ,
01
Resistência em 3 4 Esforço Resistente em /012
. >> 01
W = ∙ < =
@, 6>CCF
,
* − *
= ∙ 3 , 4
:, C, ,∙% +
temos,
,
* − * 01
W = A, :,5F ∙ < =
%
< >, >A 3 , 4
+
logo,
,
* − *
% >
, >:C6
Para
0 0
* = ,F * = >
T T
% > C>,, 6,
Para
0 0
* = CF * = ,F
T T
% > 1.543,21 i
Fazendo,
% = ,. >>>
temos,
, 01
W = >, >>, 5:5F ∙ * − * < =
= W ∙ = W ∙ B) ∙ ) + * ∙ * E /012
Resistência em 3
01
4 Esforço Resistente em /012
Dinâmica Ferroviária
3 Força de tração
3.1 Trabalho
Em tal situação, define-se o trabalho realizado pela força sobre o corpo como sendo o
produto do módulo da força pela distância que o corpo percorreu, ou seja:
X = ∙ %
3.2 Potência
A potência pode ser definida como a taxa com que o trabalho é realizado em um dado
período de tempo, isto é:
X
=
%
=∙
Da cinemática, temos que a velocidade com que o corpo se desloca é igual a distância
percorrida pelo corpo na unidade de tempo, isto é:
%
*=
logo:
= ∙ *
ou
X, 0X ou T(
=
*
,5:, 5AA6 ∙
=
*
, ou
0 ou 01
Um termo correlato à força de tração é a força no engate, ou seja, a força de tração final
do veículo motriz, depois de deduzida a parcela da força necessária para movimentar o
próprio veículo.
Numa locomotiva diesel-elétrica o motor diesel além acionar o gerador de tração também
aciona vários outros equipamentos auxiliares.
Por conseguinte, a potência total fornecida pelo motor diesel é:
"ê \p =
= "ê #+("í*) ( çã"
+ "ê z1p "+ p')+
Lembrando que:
Fazendo:
temos,
Uma locomotiva ao rebocar outros veículos aplicando sua força de tração, demanda certa
quantidade de aderência, que é dependente do seu peso aderente, isto é:
Porém, a Demanda de Aderência exigida pela força de tração exercida pela locomotiva
deve ser superada por uma aderência disponibilizada pelo contato da roda com o trilho,
ou seja:
≥ #
Caso contrário, as rodas motrizes têm uma grande tendência a patinar por não possuírem
aderência suficiente.
A aderência disponível pode ser determinada pela expressão de Parodi:
=
> ∙ /%2
+ >, > ∙ *
3.3.1.1 Exemplo 1
Uma locomotiva de A. A>> T( de potência disponível para tração, 6> de peso aderente
e 6,% de rendimento no sistema de tração, disponibiliza a uma velocidade de > 0/T
um esforço trator igual a:
)""
# = ∙ >> /%2
)""
@6. 5C5, :
# = ∙ >> = FA, 65 %
6>. >>>
Esse nível de demanda de aderência seria impossível de ser atingido em uma locomotiva
convencional, uma vez que, usando Parodi, com uma aderência para a velocidade nula
igual a 32%, a aderência disponível para > 0/T seria de:
=
> ∙ /%2
+ >, > ∙ *)""
= :, ∙ = ,@, >@ %
+ >, > ∙ >
Se todo o torque fosse aplicado, as rodas patinariam sem poder deslocar a locomotiva.
3.3.1.2 Exemplo 2
)""
# = ∙ >> /%2
)""
C . 5,@, AF
# = ∙ >> = :A, ,@ %
6>. >>>
Para que não haja patinação para essa demanda de aderência a C 0/T, necessitamos de
uma locomotiva que apresente aderência disponível para velocidade nula igual a:
Esse nível de aderência seria impossível de ser atingido em uma locomotiva convencional,
mas pode ser atingido por uma locomotiva moderna, equipada com um bom dispositivo
de detecção e correção de patinação, como uma locomotiva microprocessada ou uma
locomotiva em corrente alternada.
3.3.1.3 Exemplo 3
Uma locomotiva de A. >>> T( de potência disponível para tração, ,> de peso aderente
e 6,% de rendimento no sistema de tração, possui sistema de detecção de patinação
eficiente, isto é, a aderência disponível para velocidade nula é igual a :@, 56%.
A locomotiva somente poderá fazer uso da sua capacidade de esforço de tração a partir
de uma velocidade igual a:
0
*)"" = < =
)""
> ∙ − >, > T
,5:, 5AA6 ∙ /2 ∙ )""
0
*)"" = = ,:, 5
,>. >>> T
>, :@56 ∙ ,5:, 5AA6 ∙ A. >>> ∙ >, 6, − >, >
3.3.1.4 Exemplo 4
)""
# = ∙ >> /%2
)""
O valor obtido é compatível com este tipo de equipamento, mesmo não tendo um
sistema de detecção e correção de patinação.
Na partida do trem, a força de tração necessária para tirar o trem da inércia e colocá-lo
em movimento, começa crescendo ligeiramente e depois decresce rapidamente à medida
que a velocidade de desligamento aumenta.
Como visto anteriormente, o veículo motriz precisa de peso aderente para rebocar os
outros veículos, utilizando para tanto sua força de tração, dada pela expressão:
= ∙ /012
3.3.2.1 Exemplo
Uma locomotiva de A. >>> T( de potência disponível para tração, C> de peso aderente
e 6,% de rendimento no sistema de tração, que possui sistema de detecção de patinação
eficiente com aderência disponível para velocidade nula igual a :@, 56 %, desenvolve um
esforço de tração na partida igual a:
=
> ∙ /%2
+ >, > ∙ *)""
= :@, 56 ∙ = :A, A %
+ >, > ∙ F, F@
O exame da expressão da potência mecânica desenvolvida nos eixos dos rodeiros de uma
locomotiva diesel-elétrica:
mostra que o esforço de tração nas rodas da locomotiva decresce à medida que a
velocidade aumenta, ou vice-versa, se a potência for mantida constante, isto é:
50.000
40.000
Esforço de Tração [kgf]
30.000
20.000
10.000
0
0 10 20 30 40 50 60 70
Velocidade [km/h]
Quanto maior for o peso aderente de uma locomotiva de grande potência, menor será a
demanda de aderência e maior será sua capacidade de tração.
Isto indica que precisamos de peso na locomotiva para rebocar um trem e de potência
para imprimirmos velocidade a ele.
Portanto, maior potência disponível para tração serve somente para imprimir maior
velocidade ao trem.
Locomotiva de 3.000 hp
50.000
Locomotiva de 3.600 hp
Locomotiva de 4.000 hp
40.000
Esforço de Tração [kgf]
30.000
20.000
10.000
0
0 10 20 30 40 50 60 70
Velocidade [km/h]
# 3 - 850 hp # 4 - 1300 hp
50.000
# 5 - 1800 hp # 6 - 2.300 hp
# 7 - 2.950 hp # 8 - 3.600 hp
40.000
Esforço de Tração [kgf]
30.000
20.000
10.000
0
0 10 20 30 40 50 60 70
Velocidade [km/h]
% = ∙ /012
=
> ∙ /%2
+ >, > ∙ *)""
Como visto anteriormente, uma locomotiva diesel-elétrica não pode converter todo o
torque disponível em força de tração, pois a sua força de tração depende principalmente
da aderência disponível.
A utilização da parte superior das curvas de esforço de tração fica limitada pela curva de
aderência disponível, sob pena de a locomotiva entrar em patinação.
40.000
Esforço de Tração [kgf]
30.000
20.000
10.000
0
0 10 20 30 40 50 60 70
Velocidade [km/h]
Na Figura 3.8, além da curva esforço tração x velocidade de uma locomotiva diesel-
elétrica, foi traçada a curva representativa da resistência ao movimento que o trem tem
que vencer, para se locomover nas diversas velocidades, admitindo um trecho em nível,
isto é, = >%.
Admitamos, agora, que o trem atinja uma rampa.
Além da resistência anterior, o trem terá que vencer, mais uma resistência adicional no
sentido contrário ao da marcha do trem, devida a componente da gravidade.
Neste caso, as curvas representativas da resistência do trem serão: = >, %, = >, ,%,
= >, :%, = >, A%, = >, F%, conforme o valor da rampa a vencer.
30.000
20.000
10.000
0
0 10 20 30 40 50 60 70
Velocidade [km/h]
Observamos também que, antes dos pontos de intercessão, isto é, nas velocidades
inferiores, as ordenadas da curva de esforço de tração são maiores do que as ordenadas
da curva do esforço resistente.
As diferenças de ordenadas representam forças aceleradoras que poderão aumentar a
velocidade do trem.
Ao contrário, após os pontos de intercessão, isto é, nas velocidades superiores, as
ordenadas da curva de esforço de tração são menores do que as ordenadas da curva do
esforço resistente.
As diferenças de ordenadas representam forças retardadoras que poderão diminuir a
velocidade do trem.
Para operação da locomotiva em pontos de equilíbrio situados acima da velocidade
mínima contínua, os motores de tração da locomotiva poderão sofrer superaquecimento
se não respeitado seu perfil térmico.
Para os pontos de equilíbrio acima da curva de aderência disponível, existe a
possibilidade da locomotiva patinar.
30.000
Para rampas com inclinação igual ou
superior, a locomotiva se deslocará com
Força aceleradora velocidade abaixo da mínima contínua
Esforço Trator > Esforço Resistente
20.000
Força retardadora
Esforço Trator < Esforço Resistente
Ponto de equilíbrio
Esforço Trator = Esforço Resistente
10.000
Velocidade Velocidade
Mínima Contínua de regime
0
0 10 20 30 40 50 60 70
Velocidade [km/h]
3.3.4.1 Exemplo 1
Vamos considerar que a locomotiva diesel-elétrica que traciona o trem possui :. C>> T( de
potência e curvas de esforço de tração para cada um de seus ponto de aceleração como
as que estão traçadas sobre as curvas de resistência do trem para cada condição de
rampa equivalente, como mostrado na Figura 3.11.
Posição no
Operação do trem
gráfico
3.3.4.2 Exemplo 2
Vamos considerar que a locomotiva diesel-elétrica que traciona o trem possui :. C>> T( de
potência e curvas de esforço de tração para cada um de seus ponto de aceleração como
as que estão traçadas sobre as curvas de resistência do trem para cada condição de
rampa equivalente, como mostrado na Figura 3.14.
Posição no
Operação do trem
gráfico
Dinâmica Ferroviária
4 Força de frenagem
4.1 Frenagem
A frenagem dos trens é produzida por um sistema de freio pneumático que possui como
atuador final um dispositivo mecânico, acionado por um cilindro de freio, cujo êmbolo é
deslocado de forma que sua haste, através de um conjunto de alavancas, denominado de
timoneria, aplique esforço numa peça, denominada de sapata de freio, que atrita
diretamente com a superfície de rolamento da roda.
A força total exercida pela sapata de material não metálico sobre a superfície de
rolamento da roda na direção radial é originada pela atuação de ar comprimido sobre o
êmbolo do cilindro de freio.
Durante o contato deslizante entre a sapata e a roda, surge uma força de atrito,
diretamente proporcional à força aplicada pela sapata de freio, que produz o conjugado
retardador responsável pela redução da velocidade do trem.
Por esse motivo, o sistema de freio pneumático também é denominado de sistema de
freio de atrito.
Sentido de movimento
Ci C
Fi e r
N Fr
R
Fa c -Fi
Pa
Apesar de suprimido o esforço trator na roda, esta continua a girar, pois está submetida
a um conjugado devido à força de inércia igual a:
∙ ∙ ∙
⇒ Força de aderência;
⇒ Coeficiente de aderência;
⇒ Peso aderente do veículo;
⇒ Raio da roda.
= ∙
= ∙ = ∙ ∙
Por sua vez, o conjugado aplica uma força igual à ao eixo da roda, que também se
opõem à força produzida pela inércia do trem, fazendo retardar seu movimento.
= +
≥
+ <
isto é,
∙ + ∙ < ∙
ou
+ <
Sendo,
≫
podemos escrever:
<
de onde podemos concluir que a força tangencial à roda, criada pelo atrito da sapata
sobre a superfície de rolamento da roda, não deve assim ultrapassar a força tangencial
contrária criada pela aderência da roda ao trilho.
Substituindo as expressões das forças na desigualdade acima, temos;
∙ < ∙
ou,
∙
<
A força aplicada sobre a sapata de freio poderá ser tanto maior, quanto maior for o
coeficiente de aderência e quanto mais carregada estiver a roda.
No entanto, é regra básica na técnica de frenagem, que durante a frenagem as rodas não
devem deixar de rodar, porque se as rodas pararem e deslizarem sobre os trilhos:
• Formam-se calos e defeitos térmicos nas rodas, que não só são dispendiosos de
remover, como encurtam grandemente a vida das rodas.
Portanto, a força aplicada na sapata de freio deve ser o mais intensa possível, porém
limitada a valores tais que o deslizamento da roda sobre o trilho se torne improvável nas
condições normais de operação do trem.
"ç % %"
# =
(+" ") %" *íp)"