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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-1000689-28.2017.5.02.

0009

A C Ó R D Ã O
(3ª Turma)
GMAAB/tpn/

AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO


EM RECURSO DE REVISTA. LEI 13.467/17.
DESPACHO QUE NEGA SEGUIMENTO A
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO
DE REVISTA.
PRELIMINAR POR NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Restou claro no v.
acórdão, às págs. 798-799, que o e. TRT decidiu a
questão com completude, mediante aplicação de
entendimento sumulado por esta E. Corte Superior e
inclusive citando expressamente o princípio da
dialeticidade, que a parte entendeu ser o objeto da
omissão do Regional, não havendo que se falar,
portanto, em omissão do julgado. In verbis: “Com
efeito, a segunda sentença, ora recorrida, é de mérito.
Julga a ação improcedente pela ausência de
demonstração do direito pretendido. Entretanto, o
recurso trata apenas de competência material desta
Justiça Especializada, tema já solucionado no
julgamento do recurso anterior. Segundo o princípio
da dialeticidade, que informa os recursos (art. 1.010,
inciso II do CPC, aplicável subsidiariamente, nos
termos do art. 769 da CLT), constitui requisito do
recurso a impugnação dos fundamentos jurídicos nos
quais se escora a sentença que pretende ter reformada,
declinando as razões pelas quais entende inadequada
ou equivocada a decisão. Assim, o recurso ora
examinado não ataca o fundamento da r. sentença,
somente insiste ser devida a competência da Justiça do
Trabalho para o julgamento da lide, o que já restou
declarado no V. Acórdão de fls. 715/719. Estabelece a
Súmula 422 do Colendo Tribunal Superior do
Trabalho: (omissis) Com fundamento no verbete
sumular supratranscrito, cujo entendimento adoto, não
conheço do recurso ordinário do autor”. Ademais, o
próprio reclamante reconhece que o v. acórdão
regional é claro quanto aos fundamentos que expôs
(pág. 953). Assim, tendo, portanto, a E. Corte Regional
se manifestado explicitamente acerca das questões
relevantes para o deslinde da controvérsia, a pretensão
recursal se consubstancia em mero inconformismo
com a decisão desfavorável aos seus interesses, não se
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vislumbrando desse modo a propalada sonegação da


efetiva tutela jurisdicional, tampouco o alegado
cerceamento de defesa e nem a afronta ao devido
processo legal. Esclarece-se, por oportuno, que o juiz
não está obrigado a apreciar um a um todos os
argumentos tecidos pelas partes, mas deve indicar de
modo claro e preciso aqueles que lhe formaram o
entendimento, como ocorreu no presente caso, sendo
que a valoração da prova é competência do julgador
que tem o seu livre convencimento embasado no art.
371, do CPC, observadas as disposições dos arts. 818,
da CLT, e 373, do CPC.
APLICAÇÃO DA SÚMULA 422, I E III, DO TST.
Uma simples leitura do recurso ordinário do
reclamante, objeto da presente análise, é suficiente
para se verificar que o mesmo não ataca as razões
fundamentais da sentença de origem, pois foca-se tão
somente na questão, já decidida, acerca da
competência desta Especializada, tendo sua motivação
inteiramente dissociada dos fundamentos daquela
decisão, conforme itens I e III da Súmula 422/TST.

CONCLUSÃO: Agravo conhecido e desprovido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Agravo de


Instrumento em Recurso de Revista n° TST-Ag-AIRR-1000689-
28.2017.5.02.0009, em que é Agravante CLAUDIO GABARRONE e Agravado CIA DE
SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO SABESP..

Por meio do r. despacho às págs. 941-944, foi negado seguimento ao agravo


de instrumento do reclamante, contra o qual interpôs o presente recurso de agravo (págs. 946-960).
Concedido o prazo de 08 (oito) dias para
apresentação de contraminuta, nos termos do art. 1021, § 2º, do
CPC/2015, as reclamadas não se manifestaram, conforme certidão à
pág. 963.
É o relatório.

VOTO
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Satisfeitos os pressupostos referentes à tempestividade e representação,


CONHEÇO.

2 - MÉRITO

Ao recurso de agravo de instrumento do reclamante


foi denegado seguimento, adotando-se como razões de decidir o
respectivo despacho primeiro de admissibilidade de seguinte teor
(págs. 941-944):

“PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos
Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional.
Alegação(ões):
- violação do(s) inciso IX do artigo 93; inciso LXXVIII do artigo 5º
da Constituição Federal.
- violação da (o) artigos 489 e 1013 do Código de Processo Civil de
2015.
Sustenta que a Turma se omitiu sobre a análise do princípio da
dialeticidade, pois as razões recursais não estavam totalmente dissociadas
da r.sentença, por ter possibilitado a apresentação das contrarrazões pela
reclamada.
Consta do v. Acórdão:
" (...)Assim, o recurso ora examinado não atacou o fundamento da r.
sentença, somente insistiu ser devida a competência da Justiça do Trabalho
para o julgamento da lide, o que já havia sido declarado no V. Acórdão de
fls. 715/719. Portanto, o recurso interposto não foi conhecido, com base na
Súmula 422 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho.
O embargante não aponta nenhuma das hipóteses previstas nos
artigos 1.022 do CPC e artigo 897-A da CLT a ensejar a oposição dos
presentes embargos. Sendo assim, não há omissão, contradição ou
obscuridade a sanar. As razões lançadas são de inconformismo e visam à
reforma do julgado, o que é impossível pela via eleita."
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Não há que se cogitar de processamento do apelo pela arguição de


nulidade por negativa de prestação jurisdicional, tendo em vista que a
decisão recorrida examinou toda a matéria posta no recurso.
Com efeito, conforme se vê no julgado, a fundamentação apresentada
é suficiente para a comprovação da devida apreciação de todas as questões
levantadas, tendo sido esgotados todos os aspectos basilares da controvérsia
apontada no apelo.
A completa prestação jurisdicional caracteriza-se pelo oferecimento
de decisão devidamente motivada com base nos elementos fáticos e
jurídicos pertinentes e relevantes para a solução da lide.
No caso dos autos, a prestação jurisdicional revela-se completamente
outorgada, mediante motivação clara e suficiente, permitindo, inclusive, o
prosseguimento da discussão de mérito na via recursal extraordinária.
Incólumes as disposições legais e constitucionais pertinentes à alegação
(Sumula 459, do TST).
DENEGO seguimento.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Recurso /
Regularidade Formal.
Alegação(ões):
- contrariedade à(ao) : item III da Súmula nº 422 do TST.
- violação do(s) inciso LXXVIII do artigo 5º da Constituição Federal.
- violação da (o) artigos 4º, 6º, 139, 932, 938 e 1013 do Código de
Processo Civil de 2015; artigo 897-A da Consolidação das Leis do
Trabalho.
- divergência jurisprudencial.
Sustenta que o erro material ocorrido não prejudicou a defesa da
reclamada., devendo ser observados os princípios da primazia do
julgamento de mérito, boa fé, acesso à justiça, erro formal não prejudicial.
Consta do v. Acórdão:
"Com efeito, a segunda sentença, ora recorrida, é de mérito. Julga a
ação improcedente pela ausência de demonstração do direito pretendido.
Entretanto, o recurso trata apenas de competência material desta
Justiça Especializada, tema já solucionado no julgamento do recurso
anterior.
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Segundo o princípio da dialeticidade, que informa os recursos (art.


1.010, inciso II do CPC, aplicável subsidiariamente, nos termos do art. 769
da CLT), constitui requisito do recurso a impugnação dos fundamentos
jurídicos nos quais se escora a sentença que pretende ter reformada,
declinando as razões pelas quais entende inadequada ou equivocada a
decisão.
Assim, o recurso ora examinado não ataca o fundamento da r.
sentença, somente insiste ser devida a competência da Justiça do Trabalho
para o julgamento da lide, o que já restou declarado no V. Acórdão de fls.
715/719.
Estabelece a Súmula 422 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho:
422. Recurso. Fundamento ausente ou deficiente. Não conhecimento.
I - Não se conhece de recurso para o Tribunal Superior do Trabalho
se as razões do recorrente não impugnam os fundamentos da decisão
recorrida, nos termos em que proferida.
(...)
III - Inaplicável a exigência do item I relativamente ao recurso
ordinário da competência de Tribunal Regional do Trabalho, exceto em
caso de recurso cuja motivação é inteiramente dissociada dos fundamentos
da sentença.
(sem grifos no original)
Com fundamento no verbete sumular supratranscrito, cujo
entendimento adoto, não conheço do recurso ordinário do autor."
Inicialmente, cumpre registrar que o aresto transcrito, proveniente do
STJ, revela-se inservível, por não se afinar à literalidade do disposto na
alínea "a" do artigo 896 da CLT.
Isto posto, a E. Turma decidiu em perfeita consonância com a Súmula
422, I, da Corte Superior, o que torna inviável o seguimento do apelo, nos
termos do artigo 896, § 7º, da CLT, e da Súmula 333, do C. TST, inclusive
com base em dissenso pretoriano.
DENEGO seguimento.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista”.
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Inconformado, o reclamante se volta contra o


despacho supra. Quanto à preliminar de “preliminar por negativa de
prestação jurisdicional”, sustenta que o v. acórdão regional é
omisso quanto à tese de dialeticidade, pois entende haver no recurso
ordinário elementos que atacam o mérito do v. acórdão regional.
Acrescenta que “O v. acórdão pode até ser claro quanto aos
fundamentos expostos, porém, não servem para julgar o presente
processo, uma vez que não foi apreciada a especificidade do presente
caso” (pág. 953). Por sua vez, no tocante à “aplicação da Súmula
422, I e III, do TST”, aduz que houve as razões do recurso ordinário
não estão completamente dissociadas dos fundamentos da sentença.
Sem razão a agravante.
Quanto à “negativa de prestação jurisdicional”, restou
claro no v. acórdão, às págs. 798-799, que o e. TRT decidiu a questão com completude, mediante
aplicação de entendimento sumulado por esta E. Corte Superior e inclusive citando expressamente o
princípio invocado pela parte, não havendo que se falar, portanto, em omissão do julgado. In verbis:

“Com efeito, a segunda sentença, ora recorrida, é de mérito. Julga a ação


improcedente pela ausência de demonstração do direito pretendido. Entretanto, o recurso trata
apenas de competência material desta Justiça Especializada, tema já solucionado no julgamento do
recurso anterior. Segundo o princípio da dialeticidade, que informa os recursos (art. 1.010, inciso II
do CPC, aplicável subsidiariamente, nos termos do art. 769 da CLT), constitui requisito do recurso a
impugnação dos fundamentos jurídicos nos quais se escora a sentença que pretende ter reformada,
declinando as razões pelas quais entende inadequada ou equivocada a decisão. Assim, o recurso ora
examinado não ataca o fundamento da r. sentença, somente insiste ser devida a competência da
Justiça do Trabalho para o julgamento da lide, o que já restou declarado no V. Acórdão de fls.
715/719.
Estabelece a Súmula 422 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho:
(omissis)
Com fundamento no verbete sumular supratranscrito, cujo entendimento
adoto, não conheço do recurso ordinário do autor”.

Ademais, o próprio reclamante reconhece que o v. acórdão regional é claro


quanto aos fundamentos que expôs (pág. 953).
fls.7

PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-1000689-28.2017.5.02.0009

Assim, tendo, portanto, a E. Corte Regional se manifestado explicitamente


acerca das questões relevantes para o deslinde da controvérsia, a pretensão recursal se consubstancia
em mero inconformismo com a decisão desfavorável aos seus interesses, não se vislumbrando desse
modo a propalada sonegação da efetiva tutela jurisdicional, tampouco o alegado cerceamento de
defesa e nem a afronta ao devido processo legal. Esclarece-se, por oportuno, que o juiz não está
obrigado a apreciar um a um todos os argumentos tecidos pelas partes, mas deve indicar de modo
claro e preciso aqueles que lhe formaram o entendimento, como ocorreu no presente caso, sendo que a
valoração da prova é competência do julgador que tem o seu livre convencimento embasado no art.
371, do CPC, observadas as disposições dos arts. 818, da CLT, e 373, do CPC.
No que tange à “aplicação da Súmula 422, I e III,
do TST”, uma simples leitura do recurso ordinário do reclamante, objeto da presente análise, é
suficiente para se verificar que o mesmo não ataca as razões fundamentais da sentença de origem, pois
foca-se tão somente na questão - já decidida - acerca da competência desta Especializada, tendo sua
motivação inteiramente dissociada dos fundamentos daquela decisão, conforme itens I e III da Súmula
422/TST.
Na verdade, trata-se de recurso extremamente
similar (para não usar o termo “idêntico”) ao das págs. 673-703, que
a parte havia interposto contra a decisão relativa à competência
desta Especializada.
Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade, conhecer e negar provimento ao agravo.
Brasília, de de

ALEXANDRE AGRA BELMONTE


Ministro Relator

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