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Agronegocio, Tecnicas, Novação e Gestão
Agronegocio, Tecnicas, Novação e Gestão
editora científica
AGRONEGÓCIO
TÉCNICAS, INOVAÇÃO E GESTÃO
editora científica
Copyright© 2021 por Editora Científica Digital
Copyright da Edição © 2021 Editora Científica Digital
Copyright do Texto © 2021 Os Autores
O conteúdo dos capítulos e seus dados e sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. É permitido
o download e compartilhamento desta obra desde que no formato Acesso Livre (Open Access) com os créditos atribuídos aos respectivos
autores, mas sem a possibilidade de alteração de nenhuma forma ou utilização para fins comerciais.
Capa
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- Arte: Equipe de Arte
Todo o conteúdo deste livro está licenciado sob uma Licença de Atribuição Creative Commons. Atribuição 4.0
Internacional (CC BY 4.0).
Direção Editorial
Reinaldo Cardoso
João Batista Quintela
Editor Científico
Prof. Dr. Robson José de Oliveira
Assistentes Editoriais
Elielson Ramos Jr.
Erick Braga Freire
Bianca Moreira
Sandra Cardoso
Bibliotecário
Maurício Amormino Júnior - CRB6/2422
Jurídico
Dr. Alandelon Cardoso Lima - OAB/SP-307852
CONSELHO EDITORIAL
Mestres, Mestras, Doutores e Doutoras
Robson José de Oliveira Erival Gonçalves Prata
Universidade Federal do Piauí, Brasil Universidade Federal do Pará, Brasil
' 10.37885/210604976................................................................................................................................................................................... 14
CAPÍTULO
02
GERENCIAMENTO DA PROPRIEDADE RURAL: IMPLANTAÇÃO DE UM SOFTWARE COMO SISTEMA GERENCIADOR DA
PROPRIEDADE RURAL
Catiane de Lima; Alba Valéria Oliveira Ficagna; Juliana Birkan Azevedo; Anderson Neckel
' 10.37885/210404072...................................................................................................................................................................................22
CAPÍTULO
03
AS CADEIAS AGROALIMENTARES CURTAS: COM ÊNFASE NOS CONSUMIDORES
Carolina de Mattos Nogueira; Paloma de Mattos Fagundes; Luciana Fagundes Christofari; João Pedro Velho; Mariana Martins de Oliveira
' 10.37885/210304047...................................................................................................................................................................................35
CAPÍTULO
04
ALTERNATIVE CHANNELS FOR MARKETING BRAZILIAN COCOA/CHOCOLATE
Claudete Rejane Weiss; Letícia de Oliveira; Ângela Rozane Leal de Souza; Zina Angelica Caceres Benavides
' 10.37885/210604953.................................................................................................................................................................................. 49
CAPÍTULO
05
AGREGAÇÃO DE CUSTOS E VALOR EM SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS ECOLÓGICOS
Marcelo Badejo; Ângela Rozane Leal de Souza; Jean Philippe Palma Révillion
' 10.37885/210404242.................................................................................................................................................................................. 68
CAPÍTULO
06
AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DA PRODUÇÃO DE BANANA E DINÂMICA DE COMERCIALIZAÇÃO DA FRUTA IN NATURA
NO ESTADO DO PARÁ
André Gustavo Campinas Pereira; Letícia Cunha da Hungria; Raimara Reis do Rosário; Érica Coutinho David; Josiene Amanda dos
Santos Viana; Osmar Guedes Silva Junior; Treyce Stephane Cristo Tavares; Suelen Melo de Oliveira; Leonardo Souza Duarte; Ana
Catharina Nobre Lisboa
' 10.37885/210404116................................................................................................................................................................................... 92
SUMÁRIO
CAPÍTULO
07
PRODUÇÃO DE MUDAS DE TOMATE INDUSTRIAL NA PERSPECTIVA DOS CUSTOS DE TRANSAÇÃO
Jordana Guimarães Neves; José Wellington Abreu Pereira; Cleyzer Adrian da Cunha; Abadia dos Reis Nascimento
CAPÍTULO
08
APLICAÇÃO DE SÍLICA ALTERNATIVA MODIFICADA COM HIDRÓXIDOS NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE ÓLEO
DE COZINHA RESIDUAL
Keverson Gomes de Oliveira; Ramoni Renan Silva de Lima; Clenildo de Longe; Rafael Viana Sales; Anne Beatriz Figueira Câmara;
Heloise Medeiros de Araújo Moura; Tatiana de Campos Bicudo; Luciene Santos de Carvalho
' 10.37885/210203396.................................................................................................................................................................................122
CAPÍTULO
09
USO DA MANIPUEIRA NO DESENVOLVIMENTO DAS CULTURAS ALIMENTARES: REVISÃO NARRATIVA
Eliziete Pereira de Souza; John Enzo Vera Cruz da Silva; Leonardo Elias Ferreira
CAPÍTULO
10
EFEITO ALELOPÁTICO DE EXTRATO DE HIBISCUS SABDARIFFA NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE ABELMOSCHUS
ESCULENTUS
Jonathan dos Santos Viana; Keyse Cristina Mendes Lopes; Josilda Junqueira Ayres Gomes; Wanessa Samara do Nascimento Oliveira;
Luiz Fabiano Palaretti; Thayane Leonel Alves; Maria do Socorro Nahuz Lourenço
CAPÍTULO
11
DINÂMICA DA ATIVIDADE MICROBIANA DO SOLO EM AGROSSISTEMAS DO CERRADO BAIANO PARA MENSURAÇÃO
DO C-CO2
Vitória Oliveira Andrade; Inglid Laís Batista Cunha de Souza; Gabriel Amorim Luduvico; Thais dos Santos Rodrigues; Cristiane Nair
Fabrício Nunes; Alberto do Nascimento Silva
Érique Ricardo Alves; Laís Caroline da Silva Santos; Marina Gomes Pessoa Baptista; José Petrônio Mendes Júnior; Anthony Marcos
Gomes dos Santos; Bruno José do Nascimento; Maria Vanessa da Silva; Valéria Wanderley Teixeira; Álvaro Aguiar Coelho Teixeira;
Ana Cláudia Carvalho Souza
CAPÍTULO
13
INDUÇÃO DO FLORESCIMENTO EM BATATA-DOCE POR DIFERENTES MÉTODOS
Darllan Junior Luiz Santos Ferreira Olivera; Giuliano Dielhl Brunelli; Maria Eduarda Facioli Otoboni; Izabella Garbeline Okuma; Yasmin
Abou Arabi Silveira; Pablo Forlan Vargas; Marcos Cláudio da Silva Virtuoso
' 10.37885/210504460................................................................................................................................................................................ 180
CAPÍTULO
14
COMPORTAMENTO DA CULTURA DO TOMATE (SOLANUM LYCOPERSICUM VAR. CERASIFORME) SOB DOSES CRESCENTES
DE CÁLCIO E INTERAÇÃO COM O BORO
Gleison Marinho Santos; Danilo de Oliveira Fernandes; Matheus da Silva Santos; Ivson Samuel de Oliveira Souza; Tadeu Cavalcante Reis
CAPÍTULO
15
DISPONIBILIDADE DE P NO SOLO REGULA A TOLERÂNCIA DE CORDA-DE-VIOLA AO GLYPHOSATE
Yanna Karoline Santos da Costa; Karina Petri dos Santos; Nagilla Moraes Ribeiro; Vitor Simionato Bidóia; Carlos Zacarias Joaquim
Júnior; Roxana Stefane Mendes Nascimento; Leonardo Bianco de Carvalho
' 10.37885/210504653................................................................................................................................................................................200
CAPÍTULO
16
RESPOSTA DA BRACHIARIA BRIZANTHA CV. MARANDU EM DIFERENTES FONTES DE CALCÁRIOS SUBMETIDOS A
CRESCENTES DOSES DE MAGNÉSIO
Rogério Fontana; Danilo de Oliveira Fernandes; Matheus da Silva Santos; Ivson Samuel de Oliveira Souza; Allicia Regina da Costa
Alfran Tellechea Martini; José Fernando Schlosser; Walter Boller; Leonardo Nabaes Romano; Valmir Werner; Alexandre Russini; Gilvan
Moisés Bertollo; Marcelo Silveira de Farias
' 10.37885/210604924.................................................................................................................................................................................241
CAPÍTULO
19
GRAU DE ESPECIALIZAÇÃO E CONCENTRAÇÃO DA PRODUÇÃO DE AÇAÍ NAS MICRORREGIÕES DO ESTADO DO PARÁ
ENTRE 2015 E 2019
André Gustavo Campinas Pereira; Letícia Cunha da Hungria; Raimara Reis do Rosário; Érica Coutinho David; Josiene Amanda dos
Santos Viana; Osmar Guedes da Silva Junior; Márcia Nazaré Rodrigues Barros; Suelen Melo de Oliveira; Bianca Chaves Marcuartú;
Vitória Malcher Nogueira Lima
' 10.37885/210504790................................................................................................................................................................................ 258
CAPÍTULO
20
IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE ESPACIAL DAS AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS DO CACAU NA MESORREGIÃO DO SUDOESTE
PARAENSE
Gabriel Garreto dos Santos; João Paulo Ferreira Neris; Tatiana Pará Monteiro de Freitas; Maciel Garreto dos Santos; Ítala Duam Souza
Narusawa; Bruna Kaely Souza da Silva; Jameles Silva de Sousa; Valeria de Sousa Silva
Gabriel Garreto do Santos; Vera Queiroz de Souza; Alex Paulo Martins do Carmo; Maciel Garreto dos Santos; Lailson da Silva Freitas;
João Paulo Ferreira Neris; Jonnas Nunes Costa; Évelyn Silva de Aguiar; Fabrícia Maria Sousa Lima; Rejane Gonçalves de Araújo
SOBRE O ORGANIZADOR.....................................................................................................................................303
ÍNDICE REMISSIVO..............................................................................................................................................304
01
Agricultura digital em tempos de
pandemia
10.37885/210604976
RESUMO
15
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
De acordo com Massruhá e Leite (2017, p. 29) a tecnologia empregada no campo foi
determinante para que a agricultura brasileira alcançasse o patamar atual. A evolução é
contínua e agora se consolida uma nova era de tecnologia agrícola. Hoje já não existe mais
separação entre os mundos físico e virtual, conectados para facilitar a vida das pessoas. Por
trás dessa ideia está o conceito da Agricultura 4.0 (Agro 4.0), também chamada de agricultura
digital, uma clara referência à Indústria 4.0, inovação que teve início na indústria automo-
bilística alemã e que agora conquista fábricas de diversos segmentos devido à completa
automatização proporcionada aos processos produtivos (apoud, VDMA VERLAG, 2016).
Segundo Massruhá e Leite (2016, p. 74) as tendências globais e previsões para o pla-
neta indicam que nos próximos 50 anos os principais desafios da humanidade serão energia,
água, alimentos, ambiente e pobreza. A agricultura mundial encontra-se sob forte pressão
para garantir a segurança alimentar e fornecer energia limpa de forma sustentável. O cenário
global previsto é crítico: população mundial atingindo nove bilhões de habitantes em 2050;
crescente escassez dos recursos terra e água; mudanças climáticas e eventos extremos;
níveis de renda per capita e urbanização em crescimento ascendente e aumentos decres-
centes de produtividade em alguns países (apud, LOPES, 2013)
A agricultura digital é definida pela maioria dos autores como um conjunto de tecnologias
que auxiliam o produtor a acompanhar mais de perto as atividades rurais, como softwares e
dispositivos responsáveis pela coleta e o processamento de dados sobre a fazenda. Alguns
desses autores, como é o caso de Guilherme Buck (2020), afirma que a agricultura digital
e agricultura 4.0 são a mesma coisa, e ressalta que a agricultura digital e agricultura de
precisão existe uma diferença entre elas, a maioria dos produtores confundem ambas uma
vez que elas são usadas de maneira conjunta.
A agricultura de precisão considera a aplicação de insumos nas áreas que apresen-
tam maior potencial produtivo. Já a agricultura digital é aquela na qual obtém os dados por
meio de ferramentas como mapas, imagens de satélites, sensores e demais hardwares e
softwares que contribuem para o acompanhamento da lavoura (GUILHERME BUCK, 2020).
Sendo assim, tudo que engloba a precisão e otimiza recursos para trazer uma maior
produtividade e sustentabilidade com uso da tecnologia pode ser classificado como agricul-
tura de precisão. Já as ferramentas digitais que produzem dados para ajudar na tomada de
decisão entram no universo da agricultura digital. (GUILHERME BUCK, 2020).
O mundo contemporâneo e globalizado remete todos a uma busca por uma economia
sustentável e justa, onde a bioeconomia ganha força e visibilidade porque a sustentabili-
dade entrou definitivamente como uma das prioridades da sociedade. Nesse contexto, em
que o foco é a saúde, a qualidade de vida e o bem-estar, cada vez mais os avanços em
16
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
tecnologias da informação e da comunicação (TIC) terão um caráter estratégico e político
para o Brasil e para o mundo. Elas têm contribuído, há várias décadas, de forma impactante,
para as diversas áreas de conhecimento, permitindo o armazenamento e processamento de
grandes volumes de dados, automatização de processos e o intercâmbio de informações
e de conhecimento. Seu grande potencial reside na sua transversalidade podendo agregar
valor e benefício para as diversas áreas de negócios, mercado, agricultura e meio ambiente
(MASSRUHÁ; LEITE; MOURA, 2014).
A agricultura brasileira, já fortemente mecanizada, deu um salto em inovação para ga-
rantir o abastecimento na pandemia. As soluções digitais incluem desde o uso de imagens
captadas por drones e satélites, passando pelo geoprocessamento e inteligência artificial,
até máquinas conectadas. No Brasil, o comércio eletrônico mostrou como as tecnologias
digitais podem colaborar para um ambiente mais aberto e produtivo durante situações de
emergência. (FERREIRA, W. 2020)
A pandemia entre outras coisas trouxe demandas de sistemas digitais no meio rural,
algo que levaria muitos anos, foi acelerado com a chegada do novo Covid-19. Mesmo al-
gumas áreas tendo resistências ficou claro o apelo tecnológico e da agricultura digital para,
entre outros benefícios, permitir resultados em situações de emergência.
Nessa perspectiva, o trabalho tem por objetivo analisar o uso da agricultura digital
durante o cenário de pandemia global do Covid-19.
MÉTODO
17
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O presente trabalho desde o início até sua conclusão foi sempre pautado em percep-
ções e teorias unidas em busca de respostas. Os dados descritivos extraídos trouxeram
conhecimento sobre a amostra, e representam parcialmente a população. É importante con-
siderar que os questionários on-line são preenchidos sem a oportunidade de o respondente
tirar dúvidas, sem o entrevistador observar a dedicação de cada participante na leitura e
compreensão da pesquisa, nem sobre o tempo dedicado ou a honestidade durante as res-
postas, considerando natural que os respondentes possam buscar respostas moralmente e
politicamente corretas de acordo como a sua realidade.
A pesquisa contou com um total 180 respondentes, sendo 47% destes estudantes das
diversas áreas do conhecimento, 27% são agricultores, 15% empresas ou prestadores de
serviço e 11% outros públicos em geral, apresentados no gráfico 1. Mesmo o questionário
sendo divulgado nas mídias sociais e compartilhado por terceiros ficando disponível em di-
versos meio de comunicação, 100% dos respondentes estão localizados na região do Vale
do São Francisco, tendo destaque para as cidades de Juazeiro-BA 26, 1%, Petrolina com
25%, Santa Maria da Boa Vista-PE 13,3% e Curaçá-BA com 5,6% do total dos respondentes.
Ao questionar sobre o conhecimento a respeito do que é agricultura digital 63,9% res-
ponderam que não sabem e 36,1% responderam que sim sabem oque é agricultura digital.
No gráfico 2 podemos perceber que dos 36,1% que responderam que sabem o que é
agricultura digital, 66,2% afirmaram que praticam a agricultura digital durante a pandemia
do Covid -19 e 33,8 % não pratica, sendo que 43,1% já praticavam antes da pandemia e
56,9% não praticava antes da pandemia tendo assim um aumento de 23,1% mediante a
pandemia quando comparamos os dados obtidos.
19
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
de Softwares para obter e divulgar informações, até atividades mais complexas, como uso
de Softwares para gestão e produções agrícolas.
Alguns produtores têm enfrentados resistência para iniciar o uso da agricultura digi-
tal, decorrente dos obstáculos enfrentados na implantação e execução da mesma, 33,8%
dos respondentes afirmam que o valor de investimento e a dificuldade de conexão são os
principais empecilhos tanto na fase de implantação com de execução, 23,1% afirmam que
a falta de mão-de-obra qualificada seria outro fator limitante, 29,2% responderam que é a
falta de ferramentas tecnológicas, 18,5% o custo operacional e 16,9% afirma que não houve
obstáculos durante ambas as fases. O valor de investimento e a dificuldade de conexão
são tidos como os principais obstáculos enfrentados pelos produtores quando se fala em
implantar o modelo da agricultura digital. Os resultados reforçam o relatado por (Bolfe et al.
2020), onde pesquisa realizada pela Embrapa, o Sebrae e o Inpe com 753 produtores rurais,
empresas e prestadores de serviços em agricultura digital de todas as regiões brasileiras
observa que 67% desses agricultores e 58% dos prestadores de serviços indicam que o
valor do investimento para aquisição de máquinas, equipamentos e/ou aplicativos ainda é o
principal desafio para a implantação e a manutenção da transformação digital na propriedade.
A agricultura digital apresenta diversos benefícios, isso se torna evidente ao analisar-
mos os dados obtidos durante a pesquisa em que, 70,8% afirmam que houve um aumento
da produtividade quando implantado esse modelo de agricultura, 44,6% afirmam que houve
uma redução de custo na sua produção, 66,2% relata que teve uma otimização do tempo
e 20% afirma que houve uma redução da fadiga do trabalhador ao realizar seu trabalho,
1,5% relatam que houve outros benefícios e somente 4,6% afirmam que não houve ou não
identificou nenhum benefícios ao implantar esse modelo. Esses resultados comprovam o
já relatado por Massruhá e Leite 2017 onde afirma que a agricultura digital contribuirá para
elevar os índices de produtividade, da eficiência do uso de insumos, da redução de custos
com mão de obra, melhorar a qualidade do trabalho e a segurança dos trabalhadores e
diminuir os impactos ao meio ambiente.
CONCLUSÃO
Diante disso conclui-se que grande parte da população ainda desconhece a agricultura
digital, mesmo diante do grande avanço tomado por ela mediante a chegada da pandemia
do Covid-19. Por sua vez, a agricultura digital vem como alternativa em meio à pandemia,
reduzindo custos, otimizando tempo e aumentando a produção.,
20
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
REFERÊNCIAS
1. BUCK, G. Agricultura de precisão, agricultura 4.0 e agricultura digital: é a mesma coisa?.
climatefieldview, 2020. Disponivel em: <https://blog.climatefieldview.com.br/agricultura-de-pre-
cisao-e-agricultura-digital-4-0-e-a-mesma-coisa >. Acesso em: 03, jun. 2021.
21
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
02
Gerenciamento da propriedade rural:
implantação de um Software como
sistema gerenciador da propriedade
rural
Catiane de Lima
UPF
Anderson Neckel
UPF
10.37885/210404072
RESUMO
23
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
No cenário nacional, a agricultura familiar vem garantindo cada vez mais seu lugar no
mercado. Com isso, para acompanhar os avanços tecnológicos, o empreendimento rural
familiar deverá ter uma gestão mais assertiva, como forma de garantir sua sustentabilidade.
Com os vários avanços tecnológicos que a agricultura brasileira vem aderindo nestes
últimos anos, é necessário que os agricultores se adaptem e se preocupem com a gestão da
sua propriedade e/ou empresa. Para isso existem os softwares, sendo, estes, um sistema de
informação gerencial que podem garantir, ao agricultor, a facilidade na gestão das proprieda-
des rurais, independente das atividades que são realizadas. Neste sentido, Salgado (2002,
p. 68) salienta a necessidade de serem adotadas práticas administrativas na propriedade
“[...] de forma a possibilitar ao produtor um melhor gerenciamento da atividade, para que
decisões sejam tomadas com base em informações que demostrem os reais resultados da
exploração, permitindo um acompanhamento gerencial e consolidado do negócio. ”
A pesquisa realizou-se na propriedade do Sr. José Jair de Lima, a qual está localizada
na comunidade de São Sebastião da Raia da Várzea, que fica a onze quilômetros da cidade
de Ciríaco e a seis quilômetros da BR 285, apresenta uma área total de 33 hectares, sendo
a principal atividade a produção de grãos, destacando o cultivo de soja, milho e, nos interva-
los, intercalados com aveia e azevém com o objetivo da rotação de culturas. A mão de obra
utilizada é extremamente familiar, para cultivo total da área, disponibilizando de máquinas,
equipamentos e instalações próprias.
O trabalho demostra como a aplicação de um sistema de informação gerencial, como
um software, é de grande importância para o gerenciamento da propriedade e no desenvol-
vimento da agricultura familiar, possibilitando a permanência dos jovens na atividade rural.
Além de garantir ao proprietário uma análise específica dos dados, ajudando nas tomadas
de decisões e planejamento da viabilidade de novos investimentos, o uso de um software
contribui para a redução de custos e maior lucratividade.
Desta forma, após feita a análise da propriedade rural que trabalha somente com cultu-
ras anuais de soja e milho, não possuindo nenhuma forma de sistemas de controle especí-
fico, viu-se a necessidade de encontrar um software para o gerenciamento da propriedade.
Assim, estabeleceu-se como problema de pesquisa a seguinte questão: Como implantar um
software para o gerenciamento da propriedade rural?
O sistema de informação gerencial representa a “mudança contínua em tecnologia,
gestão do uso da tecnologia e o impacto no sucesso dos negócios. Novos negócios e setores
aparecem enquanto os antigos desaparecem, e empresas bem-sucedidas são aquelas que
aprendem com novas tecnologias. ” (LAUDON, 2010, p.5).
24
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
O objetivo geral consiste em implantar um software para o gerenciamento da proprie-
dade rural. Desta forma, os objetivos específicos estão baseados em: buscar dados das
atividades desenvolvidas na propriedade; analisar o atual método de gerenciamento da pro-
priedade; pesquisar um software adequado para lançamento dos dados e propor a adoção
do software como principal sistema gerenciador da propriedade.
REFERENCIAL TEÓRICO
Agricultura familiar
Há uma certa dificuldade sobre o conceito inicial que marca o surgimento da agricultura
familiar no Brasil, para a autora Wanderley (2003) existe uma certa dificuldade, do ponto de
vista teórico, em atribuir um valor conceitual à categoria da agricultura familiar que se difun-
diu no Brasil, sobretudo a partir da implantação do PRONAF. Porém, ela considera que o
agricultor familiar, mesmo que moderno, inserido ao mercado, “[...] guarda ainda muitos de
seus traços camponeses, tanto porque ainda tem que enfrentar os velhos problemas, nunca
resolvidos, como porque, fragilizado, nas condições da modernização brasileira, continua
a contar, na maioria dos casos, com suas próprias forças. ” (WANDERLEY, 1999, p. 52).
A agricultura familiar teve sua definição no Brasil dada pela Lei n.º 11.326/2006
(PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2006, s/p) como sendo a prática de atividades no meio
rural, atendendo aos seguintes requisitos: “[...] área maior que quatro módulos fiscais, ren-
da originada e utilizando mão-de-obra própria familiar nas atividades econômicas do seu
estabelecimento ou empreendimento [...]” (ARRUDA, 2017, p. 221).
É importante ressaltar também que com a criação do PRONAF no ano de 1996, mas
teve grande incentivo do governo no ano de 2006, a agricultura familiar se estimulou e
começou a garantir seu espaço no mercado, garantindo a permanência dos jovens na pro-
priedade, renda da própria atividade familiar e obtendo a interação da cidade com o campo.
A agricultura familiar está cada vez mais ganhando espaço no mercado, mas há ainda
uma grande deficiência tecnológica, não pela falta de tecnologia adequada; ao contrário,
em muitos casos, mesmo quando a tecnologia está disponível, esta não é transformada em
inovação devido à falta de capacidade, conhecimento e condições para inovar. Para que
a agricultura possa continuar desempenhando o seu papel, de produzir alimentos, fibras
e energia, garantindo o seu mercado de atuação, é fundamental a adoção de tecnologias
modernas, que assegurem o aumento da produtividade, a redução dos custos de produção
25
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
e a oferta de alimentos com qualidade. Conforme Kay et al (2014, p. 7) “A tecnologia rural
vem evoluindo há muitas décadas e continuará a fazê-lo. O campo da biotecnologia oferece
possíveis ganhos em eficiência de produção, podendo incluir variedades de cultivos que se
adaptem a determinadas localidades [...]”.
Independentemente da tecnologia, esta fornece dados, análise destes dados e aumento
de produtividade com maior precisão, mas deve ter um entendimento para poder utilizá-la
adequadamente, por isso necessita ter um conhecimento e habilidade do usuário, tendo
que o agricultor investir em capacitação para utilização da ferramenta tecnológica. Com
estas informações, Kay et al. (2014, p. 8) afirma que “Essas tecnologias e outras ainda a
serem desenvolvidas oferecerão um desafio constante ao gestor rural do século XXI. ” Com
isso, podemos ter uma ideia do grande desafio que as propriedades poderão passar, pela
exigibilidade do mercado e a situação da propriedade sem um futuro planejamento, dificul-
tando muito a implantação de práticas modernas, como a adaptação às novas tecnologias
e para uma possível implantação de um sistema de informação de gerenciamento para
gerir a propriedade.
Nos últimos anos, obtive-se grandes mudanças nos métodos de coleta, análise e na
interpretação de dados. Com o uso de tecnologias, os dados disponíveis sobre um todo
transformam-se em dados mais específicos para pequenas áreas de terra, sendo cada vez
mais comuns encontrá-los nas propriedades, com isso, os dados específicos obtidos ajuda-
rão os gestores a customizar cada acre de terra. Conforme Kay et al. (2014, p. 23) “[...] os
gestores deverão determinar quais informações são críticas para sua tomada de decisão,
quais são úteis e quais são irrelevantes, precisando ser analisadas e armazenadas de ma-
neira facilmente acessível para consulta futura. ”
Machado e Nantes (2000) demonstram que novos softwares surgem como ferramentas
de gestão, possibilitando controle mais rigoroso dos custos e receitas, em alguns destes,
pode-se ter acesso à distância via internet às informações de produção e de mercado.
Percebe-se que há ferramentas para auxílio gerencial que podem ser usadas em proprieda-
des rurais, no entanto os agricultores não as utilizam para melhorar seu processo de tomada
de decisão, seja por falta de conhecimento ou por apresentarem altos custos.
Marshall Junior et al. (apud SALGADO, 2008) afirmam que as ideias de uso das tec-
nologias de qualidade norteiam o conhecimento, sendo uma das atividades principais que
aumenta a motivação com o trabalho entre os colaboradores da empresa, da família e dos
jovens que trabalham nas propriedades rurais.
26
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Neste processo de evolução das ferramentas de gestão, estas facilitam o controle dos
custos e despesas das empresas e propriedades rurais, sendo que na tecnologia da infor-
mação, anteriormente conhecida pelas empresas que a utilizavam, com o passar do tempo,
com a evolução dos sistemas, foi acontecendo uma conjunção de várias especialidades na
utilização do computador. Conforme Cruz (2014, p. 5), estes sistemas são entendidos como
“[...] todo e qualquer dispositivo que tenha capacidade de tratar e/ou processar dados e/ou
informações, tanto de forma sistêmica como esporádica, quer esteja aplicada no produto,
quer esteja aplicada no processo”. ‘Como todo e qualquer dispositivo’, Cruz se refere ao
conjunto de hardwares, softwares, ou qualquer outro elemento que permita o tratamento de
dados e/ou informações de forma específica a quem os utiliza. Sendo assim, a tecnologia de
informação está totalmente ligada ao SIG, tendo como seu principal dispositivo de informa-
ção o software para gerenciamento tanto para empresas quanto para propriedades rurais.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
29
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Coleta, análise e interpretação dos dados da pesquisa
Esta seção apresenta a análise e interpretação dos resultados obtidos através dos
documentos analisados da propriedade no mês de maio de 2018, na propriedade.
30
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
A Perfarm é uma empresa criada em 2015, sob medida, para agricultores e pecuaris-
tas brasileiros, desenvolvida por produtores rurais e profissionais com formações dentro do
campo de ciências agrárias. O software possui a tecnologia de ‘desenhar’ a área utilizada
pela propriedade, dividindo os talhões utilizados para a lavoura e para a criação de animais.
Também garante que as decisões de estratégias sejam bem informadas e viáveis para novos
investimentos na propriedade. A Perfarm também disponibiliza cursos de treinamento in farm
para os produtores rurais que adquiram o software, indo até a propriedade tirar as dúvidas e
executa treinamentos em todos os níveis do agronegócio: Operacional, Tático e Estratégico.
O CPT Softwares é uma empresa localizada em Viçosa, Minas Gerais e tem como
principal objetivo, fornecer aos empreendedores rurais e urbanos, softwares dinâmicos que
os auxiliem no gerenciamento das mais diversas atividades. Ao adquirir os softwares que a
CPT oferece tem como vantagem de possibilitar o controle e o gerenciamento de quaisquer
tipos de atividades agropecuárias, não necessitando do usuário adquirir um software para
cada tipo de cultura ou animal. A CPT softwares disponibiliza os sistemas de gestão para
teste nos primeiros 30 dias gratuito, após este prazo é necessário o pagamento por mês,
garantindo o pacote de assessoria e a ativação para o uso completo do software.
Podem ser encontrados mais softwares no mercado, todos disponíveis aos agriculto-
res, conectados à internet e que necessitam de um gerenciamento mais preciso, adaptáveis
as variadas demandas, e as empresas prestam assessoria aos que necessitam. Conforme
Batalha (2005, s/p) “estes sistemas de informações gerenciais, estão cada vez mais se
evoluindo no mercado e fornecendo grandes incentivos à adaptação de novas tecnologias
na agricultura.”
Análise do Sistemas de Informações Gerenciais para o gerenciamento da propriedade
Após o relatório realizado de cada empresa pesquisada que fornece softwares, op-
tou-se por aderir ao sistema de informação de gerenciamento da Brazsoft Tecnologia em
Agrobusiness, pois trata-se de um software que pode atender as necessidades da proprie-
dade. Sendo assim, os locais das informações necessárias para os lançamentos das ativi-
dades realizadas na propriedade e de toda a movimentação que é feita, bem como toda a
sua infraestrutura podem ser lançadas no software, após o download:
O primeiro passo é ter acesso ao sistema, utilizando um dos logins descritos em ver-
melho, o usuário e senha. Na escolha de um destes logins, o proprietário tem acesso ao
controle diário da atividade. No primeiro login, somente o acesso da atividade agrícola; no
segundo, somente da pecuária e, no terceiro, o proprietário pode optar em ter o acesso as
duas atividades, podendo fazer os lançamentos dos dados da propriedade e, principalmen-
te, de toda a atividade realizada, para assim, poder gerenciar e controlar as informações
geradas pelo software.
31
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Após o login de acesso, em cada guia estão todos os controles que devem ser lança-
dos os dados diariamente, dentre eles estão: Controle de Estoque, Plantio, Aplicação de
Defensivos, Entrada e Saída da Produção, Comercialização, Clima, Pragas, Prestação de
Serviços, Departamento Pessoal, etc. Neste modelo, além de usar a atividade agrícola, de-
pendendo a propriedade que também possua criação de gado, tem o controle completo da
atividade na pecuária. Assim, deve-se ter um controle diário para realizar os lançamentos
no software para que os relatórios dados reais e um bom entendimento para o gestor.
Após acessado o item de atividade agrícola, abre uma nova guia para os lançamentos
das atividades de produção agrícola, geradas pela propriedade. Deve ser lançado os ciclos
de produção, além de acrescentar o talhão (área) utilizado para o plantio. Também nesta
mesma guia, acrescenta-se o trabalho utilizado nas máquinas, aplicação de insumos, a mão
de obra e os custos extras que podem ter ocorrido durante a safra.
O controle do clima é considerado um dos mais importantes itens para quem trabalha
diariamente na agricultura, principal fator que pode interferir na pulverização, na calagem e
em alguns insumos que são necessários para o processo produtivo e também na colheita.
O relatório gerado pelo software, podendo emiti-lo e anexá-lo em pastas organizadas
para o controle do gestor.
CONCLUSÕES
A agricultura familiar vem se destacando cada vez mais em seu segmento de desen-
volvimento no meio rural, verificando a sua importância nos dias atuais. Destacando também
que, com as inovações tecnológicas, o empreendimento rural familiar deve ter uma gestão
eficiente como forma de garantir seu lugar no mercado.
Os Sistemas de Informações Gerenciais têm garantido grande apoio à gestão das
empresas de pequeno e grande porte, podendo ser utilizado também para o gerenciamento
das propriedades rurais, para que os gestores determinem quais as informações necessárias
para a sua de tomada de decisão, fornecendo resultados positivos ou negativos da gestão
e todo o relatório de atividades realizadas na propriedade.
Concretizando o objetivo geral e os específicos adotados, a presente pesquisa possibili-
tou buscar informações e dados concretos sobre cada atividade desenvolvida na propriedade,
a análise do método de gerenciamento da propriedade utilizado atualmente, a pesquisa de
um software para lançamento dos dados a fim de aperfeiçoar o gerenciamento e propor a
adoção do software como principal sistema gerenciador da propriedade.
Desta forma, conclui-se que, devido aos resultados obtidos na pesquisa, a implantação
do software SW-Rural da Brazsoft para o gerenciamento da propriedade rural é de grande
importância para o futuro da atividade familiar na propriedade, onde representa a solução de
diversas indecisões geradas pelas incertezas que envolvem qualquer atividade no ramo do
agronegócio, garantindo maior geração de renda para a família e a permanência dos filhos
para dar continuidade as atividades, garantindo a sucessão familiar.
Tal conclusão garante que, com o bom desempenho de gerenciamento com o software,
com a participação da família para o desenvolvimento das atividades desenvolvidas e na
tomada de decisão na propriedade, pode-se afirmar, que a garantia da sucessão familiar para
a continuação do gerenciamento e dos negócios geridos atualmente pelo proprietário, a filha
que está se especializando para o gerenciamento da propriedade, possa dar continuidade
as atividades com mais visão de futuro e conhecimento do mercado em que a propriedade
está inserida no ramo do Agronegócio.
33
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
REFERÊNCIAS
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TEDESCO, João Carlos (org.). Agricultura Familiar Realidades e Perspectivas. 2a. ed.
Passo Fundo: EDIUPF, 1999.
34
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
03
As cadeias agroalimentares curtas:
com ênfase nos consumidores
Luciana Fagundes Christofari
UFSM
10.37885/210304047
RESUMO
36
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas ocorreram grandes mudanças na produção e qualidade dos ali-
mentos. O processo de industrialização foi intensificado a fim de aumentar a produtividade em
quantidades suficientes para abastecer a demanda vinda da urbanização intensiva. Com isso,
a quantidade superou a qualidade, mudando todo o sistema de produção de alimentos, bem
como suas matérias-primas para tornar os alimentos mais baratos e com maior durabilidade.
Por muito tempo as cadeias agroalimentares tradicionais ganharam destaque, porém,
com o passar dos anos o debate sobre os riscos alimentares vem se ampliando, diante de
sucessivos casos de contaminação de alimentos relacionados à produção industrial em larga
escala, uso de conservantes, corantes, entre outros produtos que disseminam a desconfiança
do consumidor em relação a esse tipo de cadeia agroalimentar.
Por outro lado, a necessidade dos produtores de se diferenciarem e estabelecerem
estratégias para se desenvolverem, criando novas condições para inserir seus produtos
nos mercados locais, ou seja, fora dos mercados tradicionais de commodities, se dá a partir
da identificação de que existem outros modelos de produção a partir da diversificação das
economias locais e que existe demanda para essa fatia de mercado.
Diante deste contexto de consumo contemporâneo e emergente surgem as redes
agroalimentares alternativas e as cadeias curtas de suprimento, aproximando e criando
vínculos entre produtores e consumidores. As cadeias agroalimentares curtas estão di-
retamente relacionadas aos mercados da agricultura familiar, ao processo de produção e
comercialização de produtos agropecuários, cuja lógica é permitir uma conexão com maior
interatividade, fundamentada nas relações de confiança mútua.
A crescente demanda por esses produtos também está fortemente relacionada ao
aumento da exigência dos consumidores, preocupação com a qualidade dos alimentos e
com os impactos da agricultura sobre o meio ambiente. Entender o comportamento desses
consumidores destaca-se como uma ferramenta fundamental para que o produtor possa
inteirar-se do que seus clientes desejam e assim oferecer exatamente o que eles querem,
identificando suas necessidades para que possam ser satisfeitas com soluções que estejam
de acordo com essa mudança de hábitos.
Concernente ao exposto, esta revisão insere-se nesse debate e tem por objetivo, aos
olhos do conhecimento científico, fazer uma trajetória referente ao surgimento das cadeias
agroalimentares curtas, com ênfase principal nos desejos e motivações dos consumido-
res desse segmento.
37
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
DESENVOLVIMENTO
Entende-se por cadeia agroalimentar uma série de conjuntos interativos que envolvem
os fornecedores de serviços, os insumos e máquinas, os sistemas produtivos, a indústria
de processamento e transformação, a distribuição e o consumo final de alimentos (SOUZA,
1997), a qual deve ser entendida como um grupo de organizações que executam em con-
junto as ações necessárias para atender a demanda de certos produtos no movimento de
bens em toda a cadeia (KAWECKA; GEBAROWSKI, 2015).
Moraes (2013) destaca ainda, os relacionamentos entre a produção agrícola, as em-
presas agroindustriais e de serviços e o ambiente socioeconômico. Onde essas abordagens
são formadas por três grandes segmentos, o segmento “antes da porteira” (fornecedores
para a agricultura), o “dentro da porteira” (produção) e os segmentos “depois da porteira”
(empresas agroindustriais, indústrias de alimentos e as distribuidoras do produto final).
O estudo das cadeias conduz a uma análise de rede, pois, o funcionamento de uma
cadeia supõe a existência de uma série de atividades e instrumentos como a ciência e tecno-
logia, regulamentos, leis, decretos, financiamento, mercado de futuro, entre outros (SOUZA,
1997). Com o aprofundamento do processo de globalização dos mercados e da produção,
aumentou também a competitividade decorrente de uma expansão da escala de produção
das indústrias (MORAES, 2013).
Porém, no contexto atual, ocorreram grandes transformações na produção dos merca-
dos agroalimentares. Do lado do agricultor, identifica-se a mudança no modo de produção
como parte de um movimento para resistir ao processo de modernização agrícola, onde
seus efeitos são conhecidos como concentração de terra, exclu¬são da agricultura familiar e
intensificação da migração rural-urbana, tais movimentos foram apoiados por organizações
religiosas e da sociedade civil (DAROLT et al., 2016).
Relacionado ao consumidor, nessa nova dinâmica de mercado, existe um movimento
de mudança do padrão de consumo agroalimentar da sociedade, que se desloca de um pa-
drão industrial e de produção em massa, para um padrão mais doméstico, onde os critérios
de qualidade e de escolha por parte dos consumidores fornece espaço para o surgimento
de organizações alternativas (GOODMAN, 2003).
Nos últimos anos, muitos estudos (FERRARI, 2011; GOODMAN, 2003; PLOEG et.
al., 2012) têm procurado entender a natureza de funcionamentos destas redes alimenta-
res alternativas e suas peculiaridades em relação a diferentes regiões e diferentes países.
Sendo plausível assumir que tais cadeias alternativas podem ser bem-sucedidas ao superar
38
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
a perda de confiança dos consumidores modernos na provisão dos sistemas de alimentos
(GIAMPIETRI et al. (2017).
Alguns estudos questionam as possibilidades e limitações das redes alternativas para
superar as desigualdades sociais entre produtores e consumidores. Outros, discutem as
possibilidades de as populações mais vulneráveis terem acesso à alimentação de qualidade
via circuitos curtos (DAROLT et al. 2016).
Sendo assim, é importante compreender empiricamente como estas novidades se
alinham formando, por exemplo, os novos circuitos e mercados em que ocorre a venda dos
produtos e alimentos. Nesse sentido, é importante investigar como as chamadas cadeias
agroalimentares curtas são construídas, se desenvolvem e como ganham espaço no am-
biente, evoluindo para além das práticas técnicas e produtivas das famílias no interior de
suas unidades (GAZOLLA, 2012).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esta revisão possui abordagem qualitativa, a qual fora utilizada ao trabalhar com o
universo de significados, motivos, crenças e valores, correspondendo a um espaço mais
intenso das relações e dos processos que não podem ser reduzidos à operacionalização
de variáveis (MINAYO, 2007).
Enquadrou-se em um estudo exploratório, onde o mesmo permitiu que os investigadores
aumentassem sua experiência em torno de determinado problema (TRIVIÑOS, 1987). Para
tanto, no que se refere aos procedimentos técnicos, a fase exploratória assumiu a forma de
pesquisa bibliográfica. Utilizou-se esse tipo de pesquisa com o objetivo de reunir informações
relevantes sobre o estado da arte, referente ao tema proposto: cadeias agroalimentares
curtas e consumidores.
O levantamento bibliográfico foi realizado a partir da análise de fontes secundárias, ob-
tidas em livros e artigos disponíveis buscados em periódicos e em sites que são referências
no assunto. Sendo assim, a pesquisa bibliográfica serviu como um apanhado geral sobre
os principais trabalhos já realizados, sendo importantes por fornecerem dados atuais e re-
levantes relacionados com o tema, representando uma fonte indispensável de informações
(MARCONI; LAKATOS, 2002).
Após a seleção do material, o mesmo foi lido, traduzido, analisado, interpretado e trans-
crito para a melhor compreensão do leitor acerca do assunto inserido. Contudo, a soma do
material aproveitável coletado proporcionou uma adequação de acordo com as habilidades
dos investigadores, de suas experiências e capacidades de descobrir as contribuições e os
indícios importantes para o presente artigo (MARCONI; LAKATOS, 2002).
40
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
RESULTADOS E DISCUSSÃO
42
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Na Itália, Giampietri et al. (2017) concretizaram um estudo para investigar, à luz da
Teoria do Comportamento Planejado (TPB), os determinantes dos hábitos de compra do
consumidor relacionando as cadeias curtas como locais de mercado em vez de mercados
convencionais, objetivando examinar as motivações do consumidor, entender melhor o
sucesso e o crescente número de tais redes agroalimentares alternativas e fornecer infor-
mações uteis sobre o papel da confiança.
Certificaram que geralmente compram alimentos em cadeias curtas como, por exemplo,
mercados de agricultores (46%) ou diretamente em uma fazenda (43%), enquanto o restante
11% preferem outras formas, como os grupos de compras solidárias. Declararam que eles
pessoalmente fazem as compras (61,2%) e compram principalmente vegetais (40,8%) e frutas
(20%). O controle comportamental percebido tem maior efeito sobre a intenção, seguido da
confiança. As opiniões de outros consumidores são positivas em relação às cadeias curtas,
ou seja, as referências sociais, como de familiares, amigos, o chamado marketing boca a
boca são fatores que influenciam a decisão desse público.
A autora conclui que a confiança do consumidor possui maior relevância, visto que
pode gerar relacionamentos sólidos, construindo lealdade e promovendo o desenvolvimento
progressivo das cadeias curtas. Ao reforça-la, as intenções das pessoas de comprar em tais
redes alternativas também aumentarão, incentivando sua propagação. Contudo, o centro
dessas redes são as interações face-a-face que permitem aos consumidores tornarem-se
mais informados e consequentemente, mais confiantes.
Sylla et al. (2017) analisaram o estado atual da Agricultura Apoiada pela Comunidade
(AAC) como um exemplo de cadeia curta de fornecimento de alimentos na Polônia. Os gru-
pos da AAC operam principalmente em grandes cidades, o elemento comum é que os
consumidores pagam antecipadamente pela qualidade orgânica, produzidas no início da
estação de crescimento.
A AAC é um exemplo de cadeia de fornecimento curta, com base no acordo de troca
direta entre produtores e consumidores, onde os consumidores não irão só cobrir o custo
real da produção de alimentos, mas, também, vão garantir um salário decente para o agri-
cultor. A parceria da AAC é oferecida por um acordo formal ou informal de longo prazo e
tem como objetivo fornecer aos consumidores comida de alta qualidade ecológica, pois os
mesmos se consideram preocupados com os impactos de alguns produtos utilizados nas
culturas sobre a saúde.
Os principais benefícios do modelo identificado no estudo é a cooperação direta que
facilita a integração entre agricultores e consumidores que geralmente são moradores da
cidade e a garantia de um pagamento justo e decente para os agricultores e, consequente-
mente, o desenvolvimento fazendas.
Para os autores, esses modelos são vistos como uma solução que leva ao desenvol-
vimento sustentável e os resultados do estudo mostram que os consumidores participam
43
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
totalmente do modelo, destacando que incluem valor educacional, economizam tempo as-
sociando ao planejamento: compras, melhor acessibilidade dos alimentos que compram e
integração com a comunidade local. Para os agricultores, os benefícios destacados foram
a garantia de estabilidade financeira e a simplificação das questões relacionadas à logística
e distribuição de comida.
Marino et al. (2013) avaliaram se as cadeias curtas italianas podem ser consideradas
“mercados sustentáveis”, através da análise das características e comportamento de seus
participantes - produtores e consumidores. Entre as fazendas pesquisadas, a produção
orgânica é muito relevante, abrangendo 37% da área total.
Os autores destacam que os motivos que induzem os consumidores a visitar os mer-
cados são: economia de dinheiro; compra de produtos locais; preocupações ecológicas;
qualidade dos produtos; conveniência do mercado; frescura dos produtos. Como os consu-
midores acreditam que os aspectos relacionados à sustentabilidade são os mais importantes,
entende-se que este é um indicador de seu maior interesse.
Os consumidores agregam uma experiência social ao ato de compra, cerca de 80%
declararam que possuíam amigos e conhecidos nas propriedades, combinando a compra
com uma experiência social. Já os produtores experimentaram um aumento notável na
popularidade, devido a atenção dos consumidores à qualidade e produtos saudáveis, às
mudanças que afetaram a agricultura a nível internacional e aos alarmes de saúde.
Darolt et al. (2016) destacaram em seu estudo, realizado na França e no sul do Brasil,
que as cadeias curtas permitem remuneração mais correta ao produtor, preços mais justos
ao consumidor, incentivo à produção local e à transição para sistemas mais sustentáveis.
Foram verificadas ainda oportunidades para estimular mudanças de hábitos alimentares,
incentivo à educação para o gosto e a formação de novos grupos de consumo responsável.
A investigação mostrou que comprar em cadeias curtas diminui o impacto ambiental
pela redução de embalagens e pelo menor gasto energético com transporte. Do lado do
produtor existem mais vantagens do que desvantagens na comercialização via circuitos
curtos, pois permitem maior autonomia do agricultor, contato direto com o consumidor, tran-
sações financeiras sem intermediários, remunerações mais justas e menor risco de perdas
na comercialização.
Do ponto de vista do consumo, essas redes alternativas trazem oportunidades para
estimular mudanças de hábitos alimentares, incentivo à educação para o gosto, organiza-
ção e mobilização de consumidores em campanhas por uma alimentação saudável. Nesse
sentido, essas redes alternativas se constituem como experiências que podem ajudar a criar
políticas públicas rumo a padrões mais sustentáveis de consumo.
Contudo, no Brasil pesquisas realizadas privilegiam principalmente o estudo e a análise
dos processos que geraram novas formas de inserção de agricultores em produtos locais,
onde o foco do estudo concentra-se na análise das práticas dos atores sociais das cadeias
44
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
curtas (SCHNEIDER; FERRARI, 2014), outro estudo refere-se em uma análise sobre o
surgimento, evolução e situação atual de cadeias agroalimentares em determinados municí-
pios, com objetivo na construção social das cadeias curtas, procurando mostrar sua relação
com os processos de desenvolvimento local (SCARABELOT; SCHNEIDER, 2012). Porém,
os resultados mostram-se como oportunidades para novas possibilidades aos agricultores
familiares em contribuir para processos de desenvolvimento local, não considerando nos
estudos a opinião dos consumidores em relação às cadeias curtas.
Quadro 1. Resumo dos principais resultados dos estudos com consumidores das cadeias agroalimentares curtas
Principais resultados
País/Cidade/Ano Método Público-alvo Perfil da amostra Fonte
Produtores Consumidores
Agricultores orgâ-
Maior autonomia do
nicos; especialistas
agricultor; contato di- Mudança de há-
40 visitas envol- de instituições de
França e Brasil (sul) Pesquisa descritiva reto com consumidor; bitos alimentares; Darolt et al.
vendo diversos agricultura orgânica;
– 2012 e qualitativa remunerações mais gosto; alimentação (2016)
atores atores em seminários
justas; menor riscos saudável.
de pesquisa sobre o
de perdas.
tema.
Scarabelot
e Schneider
Santa Catarina/ D e s e nv o l v i m e n t o
- Atores sociais - - (2012); Schnei-
Brasil – 2012 2014 Local
der e Ferrari
(2014).
Aumento na popu- Economia de di-
Questionários es- Idade média de 55 laridade; atenção à nheiro; preocu-
158 agricultores;
Itália (norte, cen- truturados aplica- anos; maioria mu- qualidade e produtos pação ecológica; Marino et al.
458 consumido-
tral e sul) – 2013 dos em 13 cadeias lheres; alto nível de saudáveis; mudanças qualidade dos pro- (2013).
res
curtas italianas graduados. na agricultura; alar- dutos; conveniên-
mes de saúde. cia; frescura;
Maior lucro; Qualidade elevada;
Consumidores com
Entrevista em pro- 40 produtores; Proximidade com o frescor; sabor; be- Kawecka e
Cracóvia/ idade entre 20 a 65
fundidade semi-es- 120 consumido- consumidor; oportu- nefícios para a saú- Gebarowski
Polônia – 2014 anos; maioria mu-
truturada res nidade de expandir a de; contato direto (2015).
lheres.
marca. com o produtor.
Garantia de estabili- Participam total-
Questionário; per-
Todos agricultores dade financeira; pa- mente do modelo;
guntas abertas e
que trabalham de gamento justo para os valor educacional;
fechadas; desen- 11 agricultores;
Polônia/Europa acordo com o mo- agricultores; desen- economia de tem- Sy l l a e t a l .
volvido por pesqui- 800 consumido-
–2015 delo AAC e consumi- volvimento sustentá- po; melhor acessi- (2017).
sadores europeus res
dores que se benefi- vel das fazendas; sim- bilidade; integração
que representam
ciam do modelo. plificação da logística com a comunidade
19 países.
e distribuição. local.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos estudos considerados, percebe-se que o preço não é fator relevante nesse
segmento de mercado, pois ao comprar em cadeias agroalimentares curtas, o consumidor
está disposto a pagar mais pelo produto a fim de receber em troca uma mercadoria com
maior qualidade, onde a sustentabilidade estabelece grande importância. Entende-se por
45
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
qualidade o gosto e a frescura dos produtos, vinculados à preocupação ecológica e aos
benefícios para a saúde advindos de uma alimentação mais saudável.
Outros fatores importantes, concernente aos consumidores, é o contato direto com o
produtor, a acessibilidade, a integração com a comunidade local, estabelecendo vínculos
sociais e uma construção de lealdade com o produtor, devido à confiança depositada nos
mesmos. Sendo assim, a confiança pode ser estabelecida e reforçada através dos encontros
diretos entre produtores e consumidores, o que caracteriza puramente as cadeias curtas.
Conforme o exposto, infere-se que o centro dessas redes alternativas é a interação
face-a-face, a qual permite aos consumidores tornarem-se mais informados e, consequen-
temente, aumenta o nível de qualidade sobre a produção oriunda do agricultor. Nesse sen-
tido, no que diz respeito aos produtores e/ou agricultores, os fatores positivos destacados
foram, em sua grande maioria, as remunerações mais justas com maior lucro, gerando uma
garantia de estabilidade financeira.
Vale ressaltar que as parcerias diretas entre um grupo de consumidores e produto-
res visam fornecer alimentos de qualidade produzidos de forma agroecológica e susten-
tável. Ao promover as cadeias curtas como uma forma de abastecimento alimentar mais
sustentável, cabe também aos decisores políticos desempenhar um papel importante, pois
as políticas públicas favorecem a difusão das cadeias agroalimentares curtas e podem apoiar
sua organização logística, melhorando sua capacidade.
Contudo, existe uma carência de estudos relacionados aos consumidores e uma lacuna
no segmento de cadeias agroalimentares curtas, principalmente em âmbito nacional. Porém,
sabe-se que a valorização da agricultura familiar como uma forma de garantir a segurança
alimentar é de suma importância e foi um dos temas centrais do XI Congresso da Sociedade
Brasileira de Sistema de Produção, ocorrido neste ano em Pelotas (SBSP, 2017), ratificando
a relevância de estudos futuros inseridos nesse tema.
46
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
REFERÊNCIAS
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48
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
04
Alternative channels for marketing
Brazilian cocoa/chocolate
Letícia de Oliveira
UFRGS
10.37885/210604953
SUMMARY
New production and marketing methods for cocoa/chocolate take off from trends in con-
sumption style, which are associated with values of well-being and socio-environmental
concerns. The key elements classified as organic, fine cocoa, with sustainability certifica-
tion and indication seal of Origin of the almond in South Bahia/Brazil are the attributes of
the specific qualities of the cocoa bean. The insertion of these superior qualities is in the
context of alternative agrifood systems, which broadens the marketing channels as the
perception of the quality of industrialized cocoa/chocolate is lost. The aim of the article
is to systematically describe the alternative commercialization and market channels for
cocoa/chocolate production, as well as the stages and actors involved in this process of
cocoa production and distribution in the southern region of Bahia. Specifically, the stages
and actors involved in the process of production and distribution of cocoa/chocolate from
South Bahia are observed. Governance modalities in the cocoa/chocolate segments re-
sulting from market integration strategies adopted by local producers: (a) the local vertical
integration strategy downstream tree to bar, in which the cocoa grower coordinates the
superior quality of the chocolate bar; (b) the local vertical integration strategy upstream
bean to bar, in which the chocolate makers coordinate. The reorganisation of the local
value chain is a result of the production of high-quality almonds for the production of
special chocolates, known as “bean to bar” and “tree to bar”.
Key wo r d s: Inte grat i on Strate gi es, Q ualit y Tur n, A l ter nat i ve Agr ifo o d Sys tems,
Geographical Indication.
50
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUCTION
Brazil has stood out as one of the main exporting countries of the commodity cocoa
market. Until the 1990s, such leadership reflected the Brazilian cocoa cycle, commanded by
the cocoa farming elites of the southern Bahia region. Internal and external factors changed
this leadership position. On the one hand, the internal situation of falling productivity and the
attack of the witch’s broom, a harmful plague on the cocoa fields of the region. On the other
hand, the external conjuncture, when Brazil loses space in the world commodity cocoa mar-
ket while new cocoa producing/exporting countries emerged, particularly the African ones.
Brazil is currently the sixth cocoa producer in the world, the eighth largest processor of
fruit seeds and occupies the forty-seventh place in the world ranking of per capita consump-
tion, which is equivalent to less than 1 kg of chocolate consumed per inhabitant according
to data from 2015 (EUROMONITOR, 2016).
The world’s leading processors of cocoa beans are: Archer Daniels Midland-ADM (ac-
quired by Olam), Cargill and Barry-Callebaut, specializing in the large-scale or commodity
production of cocoa in their cocoa butter and liquor plants in the region, activities that are
the basis for the production of chocolates. They have been located in the industrial district
of the city of Ilhéus-BA since the second half of the 20th century. By mid-2015, ADM’s deci-
sion to sell its grinding facility further concentrated the activities of the mill, leaving only two
companies buying cocoa beans, a market structure that local cocoa farmers face to negotiate
prices and quantities of their production.
The world market situation, with a sharp drop in prices and productivity of commodity
cocoa in the mid-1990s, brought considerable losses to cocoa farmers, particularly in the
southern region of Bahia. Nevertheless, new local forces are driving the reorganization of
cocoa/chocolate production and distribution. Segments of cocoa producers, new rural en-
trepreneurs in the region, and at the same time, changes in the recommendations of official
bodies and non-governmental agencies to take advantage of changes in cocoa consumption
related to the vision of environmental preservation and the high price environment in the
markets, in particular for premium cocoa, are being realized. Under this context, alternative
horizons emerge for the traditional production of high quality cocoa in the southern coastal
region of Bahia.
The valorization of the superior quality almond is linked to the demand for special cho-
colates, these being prestigious by consumers due to their functional aspects that determine
the production of a superior quality diversity of cocoa beans, classified as fine* cocoa, organic
and compatible with the environment, very relevant aspects for the region of the south coast
of Bahia (SOARES; COSTA; NASCIMENTO, 2016). On the other hand, there is a high de-
gree of demand with regard to production, of prime importance in all its stages from planting
51
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
to harvesting and subsequently in the initial processing stages of the almonds: fermentation
and drying (SANTOS; SANTOS; SANTOS, 2016).
This picture is more delineated in view of the growing demand for special cocoa/cho-
colate, which is constantly growing to meet the demands of a market that is also seeking
to meet this demand in a sustainable manner, maintaining food security and the supply of
quality food. However, in this growing demand for quality food, here highlighting the special
cocoa/chocolate South of Bahia shows a process of industrialization that seems to distan-
ce the food from people, as it makes it difficult to perceive the origin of the ingredients that
make up this food. Due to this difficulty in having the perception of the components that are
composing the food and that give the flavor, specifically in the case of chocolate, which leads
to a growing change in the demand for industrialized food to a demand for appreciation of
traditional products, of origin and spatial proximity.
It is in this context that alternative agri-food systems, such as short chains and other
re-connection and re-integration strategies between producers and consumers, become
better understood and accepted as examples of reciprocity in the quality and reliability of
the products offered.
These new forms of emerging production and consumption are growing as an alterna-
tive to questions about the limits and relevance of consumers to the policies for building the
quality of food offered by modern agriculture. Besides being linked to social, environmental
and traditional values, alternative agri-food systems do not represent a substitute structure
for conventional and hegemonic forms of food production, but rather a possibility of boosting
local economies in specific rural regions. The region of the south coast of Bahia, becomes
an opportunity of choice for those consumers more aware and critical about the production of
special foods, here highlighting the cocoa / chocolate South Bahia, credited by technical speci-
fications standardized and recognized nationally and worldwide, with the unequivocal purpose
of valuing and protecting this environmental, economic and cultural heritage (ASCB, 2016).
The production mechanisms and processes of cocoa bean valorization and the produc-
tion of special chocolates are part of the strategies of diversification of the productive and
commercial activity, resulting in new market niches. Faced with this new scenario, the following
question arises: what and how do the concepts coming from the alternative channels of cocoa/
chocolate commercialization contribute to the cocoa productive activity in the South of Bahia?
The article aims to describe in a systematic way the circuit of alternative channels of
market and marketing of cocoa/chocolate production, as well as the stages and actors invol-
ved in this process of production and distribution of cocoa in the South Bahia region.
In order to carry out the theoretical research that subsidized the elaboration of this arti-
cle, starting from the introduction, the text is structured in four sections. The first section the
52
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
importance of quality turn and its consequences; two, the methodological procedures, in the
three section, an analysis of the new alternative market and marketing channels for cocoa/
chocolate and, finally, the final considerations.
LITERATURE REVIEW
Quality turn is an expression that identifies the relevance of consumers in the policy of
building quality, a “quality oriented” that presents itself as a leverage element of initiatives con-
trary to the homogenizing and/or conventional proposals present in the markets, which evokes
the debate of notions of trust and embeddedness (GOODMAN, 2003; MURDOCH et al., 2000).
Food consumption is constantly growing to meet the demands of the consumer market.
However, the requirement to ensure sustainable food production, food safety and the supply of
quality food to society act as constraints on production activities. In addition, industrialization
is perceived as a process that can distance food from people, especially because there is a
certain difficulty in perceiving the origin of the ingredients that make up this or that food, a
fact that is changing the perception to obtain food, which are being replaced, albeit sparingly,
by traditional products and spatial proximity (DORNELES et al, 2017).
From then on, Dorneles et al (2017, p.1) also reiterate that “alternative agri-food systems,
such as short chains and other re-connection strategies between producers and consumers,
are now understood as examples of reciprocity, demonstrating quality and confidence in the
products offered”.
Although loaded with social, environmental and traditional values, alternative agri-food
systems do not represent a substitute structure for conventional and hegemonic forms of
food production, but present themselves as a possibility of boosting local economies in spe-
cific rural regions, as well as presenting an opportunity of choice for certain movements of
consumers more aware and critical of food production (DORNELES et al, 2017).
The “quality orientation” is associated with the notion of alternative food networks that
have stimulated critical reflections on the large-scale conventional production and distribu-
tion system. In this context, authors have advocated strategies for the re-vitalization of rural
areas by stimulating the growing confidence, quality and transparency of short production
and consumption circuits in all localities. (GOODMAN, 2002, 2004; SONINO and MARSDEN,
2013; PLOEG, 2008).
The social construction of the quality turn market, according to Maye and Kirwan (2010),
follows approaches that are based on three central concepts: Short Food Supply Chains or
SFSC, the theory of convention or EC and social embeddedness.
53
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
The first approach ̶ Short Food Supply Chains or SFSC means, for economic theory,
the reduction of the number of intermediaries operating between consumers and producers,
because the greater the number of intermediaries, the longer the supply chains are, so the
greater the impact in relation to logistics. However, Marsden et al (2000) explain that this
would not be the only determining factor, considering that there are two types of short supply
chains: (a) spatially close and (b) extended.
The SFSC is spatially close to the selling point in the production region and has the
ability to socialize and regionalize the place where food is produced, allowing the connection
between producer and consumer.
In contrast, the extended SFSC stems from the sale of products to consumers who
are located outside the production region and/or do not have people with knowledge in the
area, such as sales made via the Internet, for example, when the recognition of points of sale
(stores) is made because of quality (certification).
The SFSC concept has proven to be a popular framework for understanding the nature of
the path alternative products travel over time, extending the analysis of the emerging product
chain, as Maye and Kirwan (2010) want, so that SFSCs are seen from the local level and
the direct relationship between buyers and sellers, mainly because they have the capacity
to re-socialize and re-socialize food: local foods and folkfoods. Therefore, they provide the
opportunity to create a “new economic space” (NIEDERLE, 2009; GOODMAN, 2004).
The work on AFNs was strongly influenced by the theory of the Convention (EC), the
second of the approaches analysed. Conventions are defined as the practices, routines,
formal, informal and institutional agreements that bind the work together through mutual
expectations. Maye and Kirwan (2010) argue that it is possible to identify specific standards,
values and organisational forms for different food networks, each with different quality con-
ventions or “value orders”.
An important and essential contribution of the JV is the work done by Boltanski and
Thèvenot (1999), in which they reveal the hybrid nature of the production quality of AFNs, as
food producers and processors that can exist simultaneously in “several production worlds”, for
example: (a) a food specialist company may exist in a “domestic world”, calling conventions of
tradition, trust and place; (b) an “ecological world” where conventions related to environmental
sustainability are important; (c) a “business world” where conventions are related to price
and monetary value. Esse quadro é essencialmente útil para aqueles especialistas do setor
agroaliamentar que cada vez mais questionam estruturas heurísticas que arbitrariamente
dividem os mundos convencionais e alternativos.
Finally, the third approach analyses social embeddedness, which is associated with
the idea that economic behaviour is embedded in a complex and extensive network of
54
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
social relationships. This social embeddedness relationship recognises the importance of
social connectivity and reciprocity, which although fundamental to life, are essential ingre-
dients in initiatives.
The research of Ilbery et al. (2005) shows that the relevance of the quality turn movement
is permeated by a set of values and principles that are based on the tripod product (origin/
procedence defined by the certification seals), process (specific know-how of the culture of
each region/producer where food is produced, processed, distributed and consumed) and
location (territory/identity of the production space).
Dorneles et al (2017) also agree that the development of new forms of food production
and consumption should be linked to the more general process of quality turn in which the
agri-food issue involves a movement towards quality based on the confidence that represents
the origin of the product, the tradition of the place and new forms of economic organization.
However, it constitutes a set of relationships and values based on the know-how inherent to
the culture of each region or to each farmer’s own and the local production of food in relation
to values. The basic dimensions of the quality turn movement are represented in figure 1.
It is this tripod that allows local producers to add value and expand markets as con-
sumers move to qualify products and give credibility to an alternative path of agricultural
development based on the differentiation of local quality food. From another perspective,
protecting and improving the environment is a prime reason.
The combination of product, process and local links serves to create, identify and mar-
ket the differences in the agrifood sector, which may occur depending on the strategies in
55
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
each case, grouped into two broad and interlinked rationalities, two analytical perspectives:
rational territorial development / connection and critical rationality / food origin.
The first, rational territorial development/reconnection, emphasizes the link with the
product and the final consumer, represented by rational territorial development and means
that the product and local links are motivated by the desire to develop markets for products
with distinct origins, protect livelihoods, build territorial identity and allow community cohesion.
Marketing strategies to market specific products with quality are labels, which serve as
a form of protection of the local territory, designed to protect specific products of the local
area. But these labels do not always have mandatory environmental standards. For Marsden
(2004), a product that presents a label with information that gives the conditions to make
connections and associations with a minimum of data about the place, the space where it was
produced, the values, the people involved and the methods of production, are fundamental
characteristics that allow differentiating this product in its quality and origin.
In the second category, of critical/origin food rationality (interaction of product and pro-
cess links), it means that labels are used to guide attention to the environmental and social
aspects constant in the distribution processes associated with the products and distance them
from the negative consequences of product standardization, mass marketing, environmental
degradation and health and safety concerns, highlighting in the labels, organic indications,
biodynamic agriculture and fair trade.
METHODOLOGICAL PROCEDURES
Considering the objective of the article, the research is classified as exploratory and
descriptive. Exploratory because it is linked to issues not yet addressed in this modality of
local vertical integration downstream tree to bar and local vertical integration upstream bean
to bar, in analyses of national and international literature.
The descriptive character of the work is conferred by the search to describe how the
factors identified in the exploratory part affect the quality turn and the short circuits. For the
literature review, publications related to the theme were raised in scientific databases such
as the Capes platform, Web of Science and Scielo. In addition, publications related to alter-
native and conventional agri-food networks were sought. Ceplac (2015) and Ferreira (2017)
publications were adopted as reference source.
The State of Bahia is the largest producer of cocoa in Brazil, with emphasis on the sou-
thern coast region, considered one of the largest producing regions with specific highlights
for the production of the municipalities of Ilhéus, Uruçuca and Itabuna.
A região sul da Bahia é formada por 83 municípios, entre os paralelos 13º03’ a 18º21’Sul
e os meridianos 38º51’ a 40º49’Oeste de Greenwich. A área total da região é de 15.741,50 km².
56
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
In this territory stands out the production of the southern coastal region represented
by 27 municipalities where an estimated population of 843,680 inhabitants lives, of which
231,273 (25.74%) live in rural areas. In this context, the population density is 54.6 inhab/km²,
well above the state’s average population density of 33.8 inhab/km².
The average human development index (HDI) of the region is 0.67, below the Brazilian
average considered by the Territories of Citizenship Program Coordination.
Figure 2. shows the map of the State of Bahia with emphasis on the 27 municipalities
that make up the cocoa/chocolate producing region of the southern coast of Bahia.
For Ferreira and Sant’Ana (2017), cocoa (then chocolate) is the first identity of the
people of this region and is in the stories, food and local scene.
History shows that the cocoa produced in southern Bahia has much more than the two
hundred years of history and tradition told. Cocoa is a unique product and, as the authors
reflect, “it is the face of Bahia! (FERREIRA; SANT’ANA, 2017, p.18).
The product has a very characteristic and own cultivation form, known as cacao cabruca:
cacao is produced under large trees of the Atlantic Forest, thus preserving rare species of
57
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
fauna and flora, such as the golden face lion tamarin and jequitibá, in addition to the water, soil
and air of this region, meeting the prospects of sustainability (CEPLAC, 2015; (FERREIRA;
SANT’ANA, 2017).
Due to a rigorous selection criteria and production control, in which the sensory notes
in the chocolate produced from these almonds stand out, the region has today stood out,
winning international awards and taking the best of the cocoa taste from Bahia to Brazil and
the world, a region definitely recognized for producing a unique and special product that has
a characteristic local “know-how” and a differentiated quality (see figure 1).
To map the companies in the region, which qualify as producers of special chocola-
tes, the selection criteria was determined by the adoption of tree to bar and bean to bar
insertion strategies.
About 50 companies are located in the region of the south coast of Bahia, of which 18
are located in the municipality of Ilhéus. Among these, 13 adopt the tree to bar strategy, that
is, they are run by cacao farmers, while the other 5 adopt the bean to bar strategy, that is,
they are run by chocolatemakers. These data are available in table 3.
58
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Alternative cocoa/chocolate marketing channels from southern Bahia
This section brings, distributed in the subsections, a description of the new alternative
channels of market and commercialization of the cocoa/chocolate of the South of Bahia.
The quality turn has expanded the paradigm of cocoa/chocolate production, transposed
by the dispute involving the processes of specific qualification of cocoa. This process has re-
sulted in marketing differentiation strategies, or product insertion, of the southern coast region
of Bahia, defined by (a) local vertical integration downstream or tree to bar and (b) vertical
integration upstream or bean to bar, object of the discussion that happens in the sequence.
The new alternative channels of market and commercialization appeared to the detriment
of the attributes of the differentiated quality of the cocoa bean and by the flexibilization coming
from the technology (low entry barriers) in the cocoa agribusiness. The Brazilian cocoa bean
is now differentiated due to the following classifications: (a) commodity, conventional or bulk
cocoa, (b) fine or flavored cocoa, (c) organic cocoa, (d) sustainability certified cocoa from
2004 or Fair for Life and Rainforest Alliance (ESTIVAL; LAGENESTRA, 2015). It should be
noted that the bulk bean market represents 97% of Brazilian production, while the remaining
3% is made up of fine or flavored cocoa (1%), organic cocoa (1%) and cocoa with sustaina-
bility certification (1%), according to Pwc (2012), so that the market for differentiated cocoa
beans is represented only by this 3%, but it is a market in frank and growing expansion due
to the restructuring of production and commercial activity of cocoa.
The process of differentiating the superior quality of cocoa beans existed until the “witch’s
broom crisis” in the 1980s, when there were differentiated prices paid for cocoa classified
as “Cacau Bahia Superior”. However, since the year 2000, Brazil has been reinserted in the
cocoa quality markets (fine and organic), the cocoa bean market is now characterized by the
possibility of product differentiation (cocoa beans) and recognition by the purchasing cocoa
market as the holder of attributes, variables and additional value of fine and organic cocoa
produced in the country (ESTIVAL; LAGENESTRA, 2015).
A major milestone in this process was the transition factor of cocoa/commodity to the
rise of superior cocoa bean quality that took place between 2010 and 2012, resulting from
the “Cocoa of Excellence” award during the International Salon of Chocolate in Paris, in the
category dried fruit from South America. This recognition showed that the cocoa produced
in the region was not of low quality, but of a raw material with superior quality, being used in
the production of fine chocolates.
59
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Then came the process of certifications that opened the range of expansion with the
key factors in building the cocoa quality market in the region, a relevant fact in this process
of recovery of cocoa production in Brazil.
To demonstrate the relevance of this fact, I present a summary of the steps that led to
leverage the main activities that contributed to the cocoa certifications in Bahia, as adapted
to the timeline described by Estival (2013):
2002 - Cabruca Cooperative started the plantation of differentiated cocoa, with the ob-
jective of producing and commercializing fine cocoa beans and organic cocoa, besides the
production and development of cocoa products.
2004 - the first commercialization of fine cocoa produced in Brazil occurs through the
Association of Fine and Special Cocoa Professionals (APCFE), based on an articulation bet-
ween the French cocoa producer and the Bahian cocoa producers, with the main objectives
of developing traceability, certification and promotion of fine and special cocoa production.
2007 - Rainforest Alliance sustainability certification of Brazil’s first cocoa farms in Bahia.
2010 - start of the Cocoa Geographical Indication process in Bahia conducted by the
Associação dos Produtores de Cacau Sul da Bahia (APC); Instituto Cabruca and Associação
dos Profissionais do Cacau Fino e Especial (APCFE).
2013 - Certification of the Green Seal Cacau Cabruca, directly related to the preservation
of the Atlantic Forest biome.
2018- Approval of the Geographical Indication seal of origin in South Bahia.
It should be noted that certifications are a mechanism for standardizing and recogni-
zing specific quality standards that are anchored in formal production values and not just
in impersonal product quality. This is a way to conquer new market niches in a lasting way,
as diagnosed by Wilkinson (2008), while for Akerlof (1970) and Stiglitz (1987), the existen-
ce of asymmetries in market information opens space for opportunistic behavior because,
as Willianson (1995) opposes, in the neo-institutionalist economy opportunism is a cons-
tant source of uncertainties and transaction costs, because in the drafting of a contract the
rights and obligations to be fulfilled by the parties are established, but even so, some points
remain incomplete.
The importance of the participation of the Cabruca cooperative in this process should
be highlighted, as it is one of the institutions that values organic and agroforestry production,
associated with the conservation of the Atlantic Forest. The production methods adopted are
focused on soil preservation, prohibiting the use of chemical inputs such as pesticides and
soluble fertilizers. It is represented by 32 farmers who are responsible for the commerciali-
zation of organic cocoa from the southern region of Bahia. In traditional commodity markets
there are no parameters to identify environmental and social quality of production. This
60
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
institutional absence reflects incompatibility between the rules that are in force and the mul-
tiple dimensions that quality can assume, and not only assumed by the uncertainty about the
presence of attributes desired by consumers, which are difficult to observe, but also by the
different visions and interests of the actors involved in the new markets with the valorization
of organic and agroforestry production associated with conservation.
The construction of an identity that can identify the differentiation of the superior quality
of the almond depends on local governance, which is being coordinated by the actors through
associations, technology parks, universities and private research centres that are outlined
by a local governance as described below:
2015 - Povos da Mata Atlântica Network of Agroecology is made up of organizations,
associations of family, quilombola, indigenous agriculture and agrarian reform that promotes
agroecology. It is responsible for the certification of the Organic Seal Brazil in the participatory
certification system - SPG (Sistema Participativo de Garantia).
2017 - Implementation of the Cocoa Innovation Center - CIC to help cocoa growers to
value almonds and special chocolate.
2017. Chocolate Producers Association of Southern Bahia - Chocosul, form a cocoa iden-
tity with geographical indication -IG, through the seal of the special chocolate collective mark.
2017- implementation of the Southern Bahia Science and Technology Park (PCTsul) -
and composed of five entities: Federal University of Southern Bahia - UFSB, State University
of Santa Cruz -UESC, Executive Committee of the Cacao Farming Plan - CEPLAC, Federal
Institute of Bahia -IFBA.
2018 - Approval of the Geographical Indication seal of origin in South Bahia.
The Science and Technology Park of Southern Bahia (PCTSul) inaugurated in March
2017, is a public institution that will contribute to the development of technologies in the co-
coa area. The private research institution, such as the Center for Cocoa Innovation - CIC,
allocated at the Santa Cruz State University - UESC, provides cocoa growers with technical
analysis and specialized consulting services for the strategic development of superior co-
coa bean quality.
The recognition of the Identification of Origin of Southern Bahia also had the participa-
tion of non-governmental and governmental organizations of the southern region of Bahia.
Obtaining the Geographical Indication (GI) meets environmental, legal, local, social and
traditional conditions and conditions the increase in productivity and quality of cocoa beans
produced in the southern region of Bahia intrinsically linked to the development of new go-
vernance, from the Cocoa SulBahia Association - ACSB.
The proposed local governance model has the function of defining how resources and
organizational assets will be planned and managed within the scope of institutional action
61
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
by establishing rights and responsibilities for the decision-making process in the selection,
prioritization and optimization of their scope of work.
The adoption of processes, regulations, decisions, customs and ideas that show the way
ACSB is directed and managed in order to ensure good practices and standards of effective
controls and to expand its processes of cocoa quality control as well as its performance.
The rearticulations of the social organization of the cocoa bean’s superior quality market
bring about changes in the reorganization of social relations throughout the production system,
from production to final distribution to consumers. These actions are made possible through
cooperatives and producers’ associations, which leads to the coexistence of the traditional
commodity market and new forms of production. These new forms of production are associa-
ted with the social, environmental and traditional values originated by the “quality oriented”
movement. For Dorneles et al. (2017), these alternative agro-food systems do not represent
a substitute structure for the conventional and hegemonic forms of cocoa production, but
present themselves as a possibility for the dynamization of local economies in specific rural
regions, as well as an opportunity for choice for certain consumer movements more aware
and critical of food production.
The second pillar in this process is the flexibility of the technology developed to speci-
fically produce liquor, that is, to transform the almond into chocolate, in small and medium
properties, with a better preservation of its sensory qualities, which occurred from the deve-
lopment of equipment for smaller industries, for the processing of cocoa beans.
In 2002, the Executive Committee of the Cacaueira Plan - CEPLAC, located in the city of
Ilhéus-Bahia, implemented a pilot plant for the formulation of chocolate with a high proportion
of cocoa mass, stimulating the development of small and medium-sized chocolate companies.
The producers are oriented to produce quality cocoa, which is classified and destined to the
market as fine, organic, and in some cases, as chocolate. The institution encourages the
production of differentiated chocolate, with formulations presenting 56,6 % and 70 % cocoa
mass (CEPLAC, 2015).
In Brazil, two companies develop products, machinery and technology for almond pro-
cessing in small and medium cocoa agroindustries, which are called mélangers, responsible
for the production of homemade or artisanal chocolate (FONTES, 2013). The production of
special chocolates through the access to technological innovations in equipment triggers
the breaking of entry barriers in this market, which is highly concentrated when compared to
other agri-food markets.
From the construction of the quality market and the flexibility of the technology new mar-
keting strategies of differentiation are used in the marketing of the almond and the insertion
of a new by-product, the special chocolate of the region.
62
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Analysis of new alternative marketing channels
Alternative marketing channels (or insertion strategies) that provide new niche mar-
kets are: local vertical integration downstream or tree to bar and vertical integration ups-
tream or bean to bar.
From the construction of the quality market and the flexibilization of the technology, new
marketing strategies started to be thought for the differentiation in the commercialization of
the almond and for the insertion of a new by-product, the special chocolate of the region.
The concept of local vertical integration downstream tree to bar defines the strategy
that the cocoa growers invest from the cultivation of the cocoa trees, through all its stages
to the selection and processing of the almonds, generating a final product cocoa/chocolate
of origin. The actors involved in the process range from planting, harvesting, handling the
almonds and processing them into chocolate of origin, ready for consumption and marketing
itself. This means that the entire process is carried out by the cocoa grower, being the main
protagonist of the cocoa/chocolate value chain. This advance has become a mechanism to
add value and increase the profitability of the cocoa grower by redistributing profits to the
cocoa grower and consequently an advance in socioeconomic development.
Both upstream bean to bar and downstream tree to bar vertical integration use short
circuits as marketing strategy. Short circuit, according to economic theory, means the reduc-
tion of intermediaries and logistics costs and the consequent increase in profits, while from
63
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
the point of view of economic sociology the new market niches mean that new alternatives
arise from the construction of short agri-food networks.
The main differential tree to bar is traceability, stimulating the growth of chocolate
brands so called. The new market niches allow the redistribution of added value to the value
chain, which previously was concentrated only in the commodities market (export-oriented
production) of large cocoa processors and/or local players.
The marketing of cocoa beans as a commodity is carried out through a long channel,
where profits are focused on large companies. Returning to Figure 3, it can be seen that the
cocoa grower has been modernizing the handling of the cocoa/chocolate product, although
this fact does not seem to influence the price of the cocoa bean for the producer, because
the purchase/sale value is directly linked to the supply and demand of commodities on the
New York Stock Exchange. In other words, the production of the almond, in most cases, is
dependent on traders, who control the stocks for chocolate production, and/or processors,
who make the basis for chocolate production, and/or the large chocolate industry, which
distributes the final product, and/or even, from distribution to the large retail, finally reaching
the final consumer.
FINAL CONSIDERATIONS
The market enhancement of specific qualities of fine or flavored cocoa beans, organic
cocoa, cacao with sustainability certification, cacao with seal of origin and the production
of special chocolates from the southern coast region of Bahia represents an antagonistic
process of commodity cocoa production models.
In the search around new definitions of qualities associated to the place as a strategy
of re-location, from a specific context, generated by a turn for the quality of the chocolate
produced in the South of Bahia. Therefore, it is observed that in this way, the valorization of
specific attributes and the flexibilization of technology through the development of specific
machines and equipment for the medium and small chocolate makers are responsible for
the short circuits bean to bar and tree to bar.
Direct articulation with markets via upstream vertical integration bean to bar and downs-
tream local vertical integration tree to bar is a short chain market social construction, which
allows the construction of differentiated commercialization processes, facing an oligopolistic
structure in which the dominance of large local players leads to (de)localization and loss
of local identity.
The innovation of production processes, technology and governance relations, result
in increased relations between cocoa/chocolate players such as associations, cooperatives
and entrepreneurship in the region, exalting their particular characteristics by transforming
64
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
it into a different product from the standard product (bulk), seeking recognition and appre-
ciation in the market, affirming the quality of the regional cocoa product through the use of
alternative marketing channels that are integrated with the preservation of cabruca, a pro-
duction technique that preserves part of the native forest in consortium with the cultivation
of cocoa, preserving much of the ecosystem and natural biodiversity of the Atlantic Forest
in southern Bahia.
Adoption of processes of technological diffusion facilitating access to technology and
innovations of stagnant rural areas in a lagged productive process.
It is essential to bear in mind that the social construction of markets is not only about
the possibility of access to new markets, but also about the construction of a new model of
governance that identifies itself with the valorisation of the cocoa/chocolate product, and at
the same time intertwines with the importance of cocoa farmers, the stamp of the almond
from the geographical indication which is a prize received, for tradition and tacit knowledge,
which strengthens the process by obtaining a cocoa bean of specific quality, coming from the
cocoa plant (seedling), it goes through a sorting, then cultivation, handling and until arriving
at the almond with the stamp of origin.
The special chocolate that is formed by a high cocoa content, which is stamped on the
chocolate packages with bean to bar and tree to bar, has been promoted by alternative agro-
-food systems, which are stimulated by the growing appreciation of conscious consumers,
within the quality and origin requirements, in force in today’s society. The rise of alternative
channels of commercialization of cocoa/chocolate is going through increasing transformations
and are aligned with the trends in consumption style, which are associated with the values
of well-being and socio-environmental concerns. The cocoa/chocolate is within a link that
goes from the origin to the special chocolate tasted by the admirers of this product, where it
is strengthened in the institutions that are part of local governance, which work to place the
cocoa/chocolate of Southern Bahia in the national and international market with quality seal,
acquired through local incentives.
The short and long channels co-evolve in the same spaces, and the battles that are
to come will possibly take place in the fields of re-(de)location and superior quality. The
biggest challenges are in the adoption of new forms of production and technologies, from
harvesting, post-harvesting to fermentation, as the almond with specific attributes and the
production of special chocolates has shown results in terms of valorisation and remuneration
for cocoa farmers.
The new rising market niche bean to bar and tree to bar is a chocolate seen from a new
context within the quality turn. The discussions and theoretical definitions are still unexplored
because it is an innovative concept, which comes with new research and publications, as well
65
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
as the expansion of scientific knowledge focused on cocoa/chocolate agribusiness. On the
other hand, the consumer is not yet familiar with the terms, because it is a product with market
trend in the context of quality turn that is associated with the short circuit.
REFERÊNCIAS
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Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
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67
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
05
Agregação de custos e valor em
Sistemas Agroindustriais Ecológicos
Marcelo Badejo
UFRGS/FURG
10.37885/210404242
RESUMO
69
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
COLETA DE DADOS
Quadro I. Resumo dos principais dados levantados nas unidades de produção e agroindustrialização de orgânicos.
□ consumidos
Insumos para a produção e agroindustrialização de pro-
dutos orgânicos (consumo intermediário). □ estocados
Produtos orgânicos in natura e industrializados. Subpro- □ transformados
dutos orgânicos.
□ comercializados
□ terra
□ animais
Estrutura das unidades de produção e agroindustriali- □ instalações
Agroindústrias orgâni- zação de orgânicos
cas (produção agrope- □ máquinas e equipamentos
cuária e industrial).
□ força de trabalho física e intelectual
□ recursos financeiros ($) – preços, receitas e custos.
Custos de natureza:
□ ambiental
Formalização institucional (orgânicos) □ sanitária
□ tributária/previdenciária
□ de certificação orgânica
Fonte: Elaborados pelos autores (Banco de Dados Agregados, 2015).
• Estrutura das unidades de produção como: terra, mão de obra, calendário das ati-
vidades produtivas da mão de obra, utilização de máquinas, equipamentos, ferra-
mentas e animais de trabalho, instalações, rebanhos;
• Atividades produtivas agropecuárias e agroindustriais, as interligações entre estas
e os destinos da produção;
• Dados referentes às quantidades e preços relacionados às atividades produtivas
(incluindo autoconsumo) e os respectivos custos dos processos de produção, fato
que tornou possível a obtenção de coeficientes relativos à quantidade de insumos
e serviços/fatores de produção empregados por operação e atividade produtiva;
• As estruturas das unidades de produção agroindustrial, suas instalações, máqui-
nas, equipamentos, ferramentas, mão de obra, etc.;
• Dados relativos às atividades produtivas desenvolvidas por tipo de produto proces-
sado, quantidade de matéria prima processada, quantidade de produto processa-
do;
• Quantidades de insumos/fatores e os custos das operações industriais, traçan-
do-se os respectivos coeficientes técnicos. Em tais atividades de processamento,
também foi considerado o autoconsumo.
74
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Para a etapa de análise econômica, ainda foram calculados e analisados os seguintes
indicadores: Valor Agregado (VA), Valor Agregado Bruto (VAB), Valor Agregado Líquido
(VAL) e a Renda Agroindustrial (RAI). Os conceitos utilizados para esta base de cálculos
podem ser visualizados no Quadro 2 a seguir:
INDICADOR CONCEITO
Custo produtivo que os agricultores possuem com o desgaste de sua infraestrutura produtiva, especificamente
Depreciação (D)
seus capitais fixos, que tendem a perder valor pelo uso, tempo de vida e obsolescência.
São todos os custos com insumos e serviços que adentram o processo de produção das propriedades rurais,
Consumo intermediário (CI) excetuando-se os custos com a força de trabalho. São bons exemplos de desembolsos com consumo interme-
diário a aquisição de sementes, os corretivos do solo, as rações, entre outros.
É definido como todos os custos associados ao pagamento de serviços, empréstimos, arrendamentos, juros,
impostos e força de trabalho contratada na unidade de produção.
Divisão do valor agregado (DVA)
Possui este nome porque, na prática, o agricultor divide sua riqueza com os demais agentes econômicos e
produtivos da sociedade e do estado.
São os custos que variam com a quantidade de produção das propriedades rurais; são os que acompanham o
Custos variáveis (CV) volume de produção da unidade. Além disso, estes custos geralmente são relacionados ao capital consumido
em um ciclo produtivo, normalmente safra ou ano
São aqueles custos que não variam com o volume de produção da unidade, não seguindo as quantidades físicas
Custos fixos (CF) produzidas. Eles também possuem como característica serem usados para mais de um ciclo de produção das
propriedades (safras agrícolas).
É definido como a quantidade da produção bruta necessária para cobrir os custos de produção da propriedade.
Ponto de nivelamento (PN) Dito de outra forma é o valor monetário de produção bruta necessária para pagar os gastos com o processo
produtivo ecológico.
É atribuir custo de oportunidade à força de trabalho presente na unidade, de forma que se possa comparar
Nível de reprodução simples rendimentos auferidos na produção de alimentos e produtos com os valores que este mesmo trabalhador re-
(NRS) ceberia, por exemplo, em um emprego urbano, recebendo um salário mínimo mensal por unidade de trabalho
homem ocupada (UTH).
É obtida a partir da multiplicação das quantidades físicas de cada produto com seu respectivo preço. Exceção é
Produção bruta (PB) a produção para autoconsumo, em que foram usados os dados médios por estabelecimento do RS, com base
no Censo Agropecuário do IBGE (2006).
É definido como o valor da produção bruta restante, depois de descontadas desta as parcelas do consumo in-
termediário e depreciações. O valor agregado indica o quanto um sistema produtivo consegue gerar de riqueza,
Valor agregado (VA)
a partir da conjugação dos seus fatores de produção (recursos naturais, capital, força de trabalho e tecnologia).
Este indicador também pode ser calculado em termos brutos e líquidos.
Representa a parcela do valor agregado que resta, após serem subtraídos deste os valores da divisão do valor
agregado. Também pode ser conceituado, alternativamente, como o excedente econômico retido, depois de
Renda agroindustrial (RAI) descontados da produção bruta os custos totais de produção (fixos + variáveis) de um sistema produtivo. É
a parcela de recursos financeiros que sobram ao agricultor, geralmente utilizada para reproduzir a família e
reinvestir na unidade de produção (ecológica).
Fonte: Elaboração dos autores e adaptado de Lima et al. (1995) e Hoffmann et al. (1989).
Todos os cálculos foram baseados em dados anuais de 2014, fornecidos pelos próprios
agricultores durante as entrevistas. Os cálculos foram feitos mediante o Software Microsoft
Excel, o qual foi alimentado pelo banco de dados coletado durante as entrevistas e obtido
a partir das fórmulas no Quadro 3. A variação dos preços dos insumos externos de fato im-
pacta muito pouco nas atividades deste tipo de setor que busca por princípio produzir seus
próprios insumos e aproveitar os resíduos.
As experiências pesquisadas foram sistematizadas em planilhas individuais para cada
sistema agroindustrial. Posteriormente, os indicadores de cada caso foram agrupados em
uma nova planilha, chamada de banco agregado, para fins de comparação entre eles.
75
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Quadro III. Base de cálculos para os indicadores econômicos de Valor Agregado.
Fonte: Elaboração dos autores, Adaptado de Lima et al. (1995) e Hoffmann et al. (1989).
Os valores de RAI puderam ser obtidos por duas fórmulas diferentes, tanto pela de-
dução do Valor agregado pela Divisão do valor agregado (LIMA et al., 1995) quanto pela
dedução do Produto Bruto pelos custos totais de produção (HOFFMANN et al., 1989). Com
os valores obtidos para cada sistema foram feitas as devidas análises e a comparação entre
as agroindústrias, que são descritas a seguir.
76
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
avaliada considerou apenas a força de trabalho familiar, ficando a média de todos os em-
preendimentos em torno de 3 unidades de trabalho homem1.
Dessa maneira, é possível perceber, por exemplo, que, em média, a maior parte do
trabalho está sendo direcionada à agroindústria (45%), seguida pela produção primária (40%)
e, por último, pelo comércio (15%). As agroindústrias de mão de obra familiar lidam com um
fator restritivo-chave, que é a disponibilidade cada vez menor de mão de obra familiar e a
limitação legal do aumento do número de funcionários que acarretaria na perda dos subsí-
dios para agricultura familiar.
Como observado, a gestão do uso do tempo disponível de mão de obra na produção
agroecológica é um fator estratégico e a melhor alocação dos esforços se na produção ou
nas vendas poderá influenciar no resultado. O deslocamento do tempo dependerá sobre-
maneira da confiabilidade sobre os fatores da produção agrícola quanto à padronização e
disponibilidade de matéria prima na quantidade certa para industrialização. Os produtores
com melhores práticas de gestão da produção conseguem dedicar mais tempo aos detalhes
comerciais, logísticos e de gestão financeira.
Também influencia significativamente na confiabilidade o nível tecnológico da parte
industrial e a capacidade dimensionada para a operação. Na comercialização, os relaciona-
mentos do tipo face to face, típicos de cadeias curtas como das feiras livres, exigem grande
disponibilidade de tempo enquanto relacionamentos comerciais mais impessoais permitem
melhor aproveitamento do tempo nas atividades industriais e agrícolas. A impressão que os
entrevistados passam em relação à ocupação de seu tempo é de que trabalham desde que
acordam até a hora de dormir, isto é, eles ficam em função do trabalho o tempo todo. Alguns
tipos de processos agrícolas incluem a necessidade de acordar no meio da madrugada, em
algumas épocas do ano, para realizar tarefas pontuais.
Tabela II. Distribuição dos empreendimentos agrícolas com relação à força de trabalho e horas de trabalho.
77
1 Contratados e sócios não foram considerados no cálculo da UTH.
Suco de laranja, suco de bergamota, geleia de jabuticaba, geleia de acerola, chimia de banana,
1 Noz pecã, ovos, galinhas, suínos, cana
suco de uva, geleia de uva, polpa de uva, ambrosia e doce de leite.
Gado, ovos, hortaliças, legumes, fei-
2 Queijo, suco de uva, molho de tomate, extrato de tomate.
jão, pêssego, caqui, milho
Molho de tomate, suco de uva, suco de maracujá, suco de mirtilo, néctar de amora, néctar de
3 Tomate framboesa, néctar de goiaba, néctar de maçã com canela, néctar de pêssego, néctar de ma-
racujá, néctar de mirtilo, geleia de uva, geleia de maçã e amora, geleia de framboesa e maçã.
Suco de uva, suco de tangerina, suco de laranja, suco de mirtilo, suco de goiaba, néctar
de amora, néctar de frutas vermelhas, geleia de uva, geleia de frutas vermelhas, geleia de
4 Não há.
framboesa, geleia de pêssego, geleia de morango com pimenta, geleia de mirtilo, geleia de
amora, geleia de goiaba, vinho bordô, vinho cabernet, vinho moscato, melado.
5 Não há. Suco de uva, molho de tomate, extrato de tomate, vinagre, suco de maçã.
8 Gado Açúcar.
1 Sim Não
2 Sim Sim
3 Sim Sim
4 Sim Sim
5 Sim Sim
6 Sim Não
7 Sim Não
8 Sim Não
9 Sim Não
Fonte: Elaboração dos autores (Banco de Dados Agregados, 2015).
2 Informação fornecida via contato pessoal, por Anselmo Kanaam Costa - administrador da feira ecológica do Menino Deus/Porto Ale-
79
gre.
Tabela IV. Valor Agregado Bruto (VAB), Valor Agregado Líquido (VAL) e Renda Agroindustrial (RAI), em relação à Produção
Bruta (PB) dos sistemas agroindustriais.
No caso 1, por exemplo, quando perguntado ao produtor sobre sua opinião quanto ao
que se devia uma margem tão significativa e o sucesso de seu negócio,este respondeu que
acredita dever-se à grande diversidade e ao equilíbrio em sua propriedade. Na opinião do
produtor, a diversidade facilita o seu trabalho, reduz tempo e amplia as receitas. Contudo,
resultados expressivos também foram encontrados em propriedades com pequena diversi-
dade, como o produtor que produz apenas mandioca descascada e congelada. Ambos os
casos evidenciaram adequadas capacidades comerciais no perfil de seu líder e este fator
talvez seja um importante diferencial nas margens dos seus negócios também.
No caso 7, a maior intensidade de mão de obra se dá na atividade de descascar e lavar
a mandioca. O produtor faz uma troca de serviços por resíduos e produtos com alguns vizi-
nhos para o descasque da mandioca. Os vizinhos que ajudam podem levar cascas de man-
dioca para seus animais e também levam mandioca para o consumo da família em forma de
escambo pelo serviço prestado. Como a comunidade rural próxima possui também membros
de suas famílias, algumas vezes são parentes que auxiliam no descasque das mandiocas.
Ao analisar os valores de Produção Bruta por hectare, na Tabela 5, é possível identificar
que os sistemas produtivos possuem uma relação renda/tamanho da propriedade bastante
diferenciada entre eles. O caso 1, por exemplo, apresenta uma renda agroindustrial signifi-
cativamente acima da média quando quantificada por hectare. Já o caso 5, que possui um
dos maiores valores de RAI, acaba determinando um valor por hectare abaixo da média dos
82
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
demais. A relação tamanho de propriedade, neste caso em que não há produção de matéria
prima, não é o padrão para os casos estudados.
Também, pelas Tabelas 4 e 5, é possível perceber que, mesmo os sistemas com maior
diversificação produtiva agroindustrial (1 a 6), podem apresentar uma Renda Agroindustrial
bastante variável em função das atividades executadas ao longo de toda cadeia. O caso 6
apresenta a maior Renda Agroindustrial percentual, cerca de 80% ou R$ 145.558,59; quando
comparado ao caso 5, com foco mais voltado para a industrialização, a Renda Agroindustrial
situa-se em torno de 32% com uma cadeia menos extensa, mas com R$ 554.236,55.
O que se observa e limita o crescimento dessas atividades é que não é fácil desen-
volver fornecedores nesse mercado e não existe excedente de produtos orgânicos para
serem industrializados ou comercializados em natura. As cooperativas são, dessa forma,
um meio interessante para atuar. Porém os casos 4, 5 e 8 não produzem ou praticamente
não produzem mais suas matérias primas; agregam menos valor econômico pelo foco mais
deslocado para a industrialização e comercialização e apresentam maior potencial de cres-
cimento justamente em função de terem desenvolvido mais essa habilidade de montar sua
cadeia de suprimentos de matérias primas. O caso 1 também compra praticamente toda uva
utilizada; com foco deslocado mais para jusante da cadeia, este sistema opera com resul-
tados bastante positivos com uma habilidade para gestão adquirida na indústria calçadista.
Para o caso 5, com uma Produção Bruta bastante elevada, o produtor se dedica mais à
comercialização e menos à industrialização, sendo que esta última fica sob responsabilidade
de sua mulher e filho, enquanto ele viaja para feiras e entregas. Com o passar do tempo, este
começou a abrir mão da produção primária e industrializa grande parte da produção de seus
vizinhos, que preferem não viajar para feiras nem sair muito de perto das suas propriedades.
Tabela V. Valores da Produção Bruta (PB), Valor Agregado Bruto (VAB), Valor Agregado Líquido (VAL) e Renda Agroindustrial
(RAI) das cadeias produtivas por hectare (R$/ha).
Produção Bruta Valor Agregado Bruto Valor Agregado Renda Agroindustrial
Empreendimento Agrícola Tamanho (ha)
R$/ha R$/ha Líquido R$/ha R$/ha
1 5,5 610.690,66 521.822,66 502.980,16 482.792,24
2 12,5 24.991,60 15.489,60 14.909,45 12.775,86
3 7 99.534,46 45.360,32 39.004,05 37.019,82
4 23,8 18.916,88 12.818,21 9.749,92 3.853,01
5 45 38.884,42 24.658,87 23.790,00 12.316,37
6 10 18.333,50 15.832,32 15.261,84 14.555,86
7 7 39.473,57 32.063,03 31.041,81 28.772,06
8 13 14.170,38 8.066,92 7.307,11 5.484,04
9 56 12.418,12 11.208,12 10.502,13 5.757,35
Média 19,53 97.490,40 21.751,35 20.304,25 14.389,25
Fonte: Elaboração dos autores (Banco de Dados Agregados, 2015).
Tabela VI. Valores da Produção Bruta (PB), Valor Agregado Bruto (VAB), Valor Agregado Líquido (VAL) e Renda Agroindustrial
(RAI) per capita das cadeias produtivas.
Tabela VII. Valores de Custo Total, Custos Fixos e Custos Variáveis de cada empreendimento agrícola.
Tabela VIII. Valores dos custos de Formalização e Certificação para cada empreendimento agroindustrial
Considerações Finais
Uma revelação deste estudo foi a capacidade positiva de geração de riquezas dos sis-
temas agroindustriais ecológicos. Este fato, consequentemente, permite a sustentabilidade
financeira dos negócios, mas, sobretudo, pode sinalizar atração de novos entrantes no setor
da alimentação mais saudável. O desafio para a saúde pública é viabilizar a massificação
de práticas produtivas para os alimentos que sejam mais seguras ao ambiente e ao homem.
A autonomia dos sistemas agroindustriais agroecológicas está baseada na produção
de seus insumos e das próprias matérias primas comercializadas in natura ou usadas para
o processamento agroindustrial. Esta produção corresponde a, aproximadamente, 80%
dos valores da produção bruta dos sistemas agroindustriais. As entrevistas evidenciaram
que não há oferta de produtos in natura orgânicos para que eles possam aumentar sua
produção industrial.
Também pode ser percebido que a principal forma de agregar valor à produção é a
agroindustrialização: setenta por cento (70%) dos valores da produção bruta obtida pro-
vêm da comercialização de alimentos e produtos industriais. Neste ponto, a pesquisa não
comparou os casos com empreendimentos agroecológicos que não possuíssem a etapa de
87
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
industrialização, mesmo que apenas lavar e embalar, como é o caso 9, que comercializa
bananas in natura.
A pesquisa também evidenciou que, do total dos valores de produção bruta obtidos
pelas iniciativas ecológicas, a metade deste valor é utilizada para cobrir os custos de produ-
ção. Desse modo, restam, depois de descontados os desembolsos, aproximadamente 50%
dos valores da produção bruta, que são revertidos em renda agroindustrial, servindo para
remunerar os membros da família e manter os sistemas agroindustriais em funcionamento.
Nesta pesquisa, verifica-se que a produção agroecológica apresenta boa remuneração
aos produtores. Isso se deve à dinâmica dos custos de produção, e indicadores de resultado
econômico foram analisados por área (R$/ha) e per capita (R$/UTHs), demonstrando exis-
tência de um comportamento muito similar das variáveis quando especializadas ou mesmo
quando confrontadas com a riqueza gerada por pessoa ocupada.
Os indicadores de desempenho econômico, tanto por área (R$/ha) e per capita (R$/
UTHs), como o valor agregado e a renda agroindustrial, as cadeias de produção foram po-
sitivos. Desempenhos significativamente positivos puderam ser observados nos casos 1 e
5, enquanto os resultados menos expressivos foram encontrados nos casos 3 e 8.
A pesquisa evidencia que, na região estudada, nem sempre as diversificações dos
sistemas produtivos ecológicos geram maiores valores agregados e renda agroindustrial às
famílias. Neste sentido, os dados são randômicos, pois não possuem um comportamento
em uma única direção, sendo que, em algumas experiências, a diversificação associada a
algumas cadeias produtivas aumenta os indicadores de desempenho econômico e, em ou-
tras, os reduz. Neste caso, talvez, sejam necessários outros estudos, em outros contextos
socioeconômicos e sistemas produtivos, para melhor se avaliar o efeito da diversificação
sobre os sistemas agroindustriais.
Para a região de Porto Alegre, os segundos e terceiros melhores indicadores estão rela-
cionados à produção de banana e mandioca, com pequena atividade de agroindustrialização,
evidenciando que nem sempre a produção diversificada da agroindústria e a complexidade
dos processos garantem as maiores rendas. Uma das possibilidades está no alto valor de
venda destes produtos nos mercados institucionais, aliados a menores custos de produção
e de consumo intermediário.
Os dados contribuem para o entendimento dos valores pagos pelos agricultores para
formalizar suas atividades como agroindústrias perante o Estado, em seus vários níveis de
fiscalização instituídos na federação, estado ou município. Sempre levando em conta as
diferentes dimensões das legislações agroalimentares (sanitária, jurídica, ambiental, traba-
lhista, fiscal, certificação orgânica, entre outras).
88
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Foi possível comparar as diferenças de custos e rendimentos econômicos das duas
situações: formal e uma simulação de informalidade com a segregação destes custos re-
lativos. Na mesma pesquisa desenvolvida no âmbito do Projeto NEA-UFRGS, porém em
outra amostra da região noroeste do Rio Grande do Sul, com resultados apresentados por
Gazolla; Lima e Brignoni (2018) demonstram que ocorreu exatamente o contrário. Na região
estudada por este grupo de pesquisadores os empreendimentos agroindustriais atuavam
na informalidade e os custos de formalização foram simulados e apresentam diferença sig-
nificativa nos resultados dos empreendimentos. A grande diferença de realidades fez com
que as análises fossem feitas separadas.
Os dados possibilitaram entender todo o conjunto de custos de produção que foram
detalhadamente mensurados, as depreciações e a divisão do valor agregado. Ficou demos-
trado que estes custos possuem maior peso no processo de formalização institucional dos
sistemas ecológicos. Isso se deve à maior necessidade de investimentos em infraestrutu-
ra, como o prédio da agroindústria, os veículos de transporte, máquinas e equipamentos
agroindustriais e agropecuários.
No caso da divisão do valor agregado, são os desembolsos que os agricultores rea-
lizam para pagar taxas, impostos, juros, salários, serviços, entre outras rubricas para o
Estado e terceiros da sociedade, “dividindo” seus rendimentos com estes agentes econô-
micos. Já os custos variáveis não mudam muito entre as duas situações (formal-informal),
devido ao fato de os agricultores necessitarem de quase o mesmo conjunto de insumos e
serviços dos mercados.
Neste sentido, alguns dos principais fatores implicados na tomada de decisão dos
agricultores sobre formalizar suas experiências são: (a) a existência de uma escala míni-
ma de produção e processamento de alimentos; (b) tipo de sistema produtivo adotado; (c)
exigências específicas por cadeia produtiva. Além disso, é fato que os custos dos produtos
orgânicos são específicos por tipo de produto e estabelecimento, e entre todas as formas
encontradas neste estudo esta pesquisa evidencia a boa rentabilidade para todos os casos
estudados e demonstra ser a agroindustrialização bem como a aproximação com o cliente
final um bom caminho para a agregação de valor e aumento da renda.
Em consonância com estudos e métodos atuais da contabilidade de custos como o
tempo necessário para a execução das atividades nos sistemas agroindustriais e a relação
do tempo com a disponibilidade de mão de obra são uma questão fundamental, bem como
a qualificação em aspectos gerenciais dos sistemas agroindustriais. Dessa forma pode ser
útil para o setor fazer um novo estudo com um método que priorize a visão do fator mais
restritivo que é a mão de obra e o tempo. Para tanto, o método do Time-Driven Activity-Based
Costing (TDABC) ou, em português, Custeio Baseado na Atividade e Tempo pode ser viável,
89
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
uma vez que utiliza como parâmetro para análise da taxa de custo da capacidade, o tempo
requerido para executá-la.
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91
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
06
Avaliação da concentração da
produção de banana e dinâmica de
comercialização da fruta in natura no
Estado do Pará
10.37885/210404116
RESUMO
A banana é umas das frutas mais produzidas e consumidas no mundo, e o Brasil ocu-
pou, em 2019, a quarta posição no ranking de produção mundial, com um volume de 6,8
milhões de toneladas (t) produzidas. Na fruticultura do norte do país, a espécie ocupa
lugar de destaque no setor de produção de alimentos, especialmente no estado do Pará,
unidade federativa que contribuiu com 48,2% do total produzido na região, revelando o
estado como o oitavo maior produtor do país. Neste contexto de importância da cultura
para o desenvolvimento do estado, o objetivo foi identificar o grau de especialização e a
distribuição espacial da produção de banana entre as microrregiões paraenses nos anos
de 2012 a 2017, bem como avaliar a dinâmica de comercialização da fruta in natura via
Central de Abastecimento do Estado do Pará (Ceasa Pará), durante o mesmo período.
Para isso, foram utilizados dados disponibilizados no Sistema IBGE de Recuperação
Automática (SIDRA/IBGE) e registros do comércio da banana realizados pela Diretoria
Técnica (Ditec) da Ceasa Pará. Para a identificação do grau de especialização foi utilizado
o método do Quociente Locacional (QL) combinado à elaboração de mapas coropléticos,
para apresentação da concentração da produção de banana. Em relação à comerciali-
zação foram coletados dados sobre a origem, o volume (em toneladas) total comercia-
lizado, preço médio (R$) e receita (R$) bruta total gerada. Dentre as 22 microrregiões
paraenses, a microrregião de Altamira foi responsável por 1/3 do volume de bananas
produzidas no Pará de 2012 a 2017, com média anual de 165 mil t e exibindo o maior
grau de especialização (6,54). Na Ceasa do Pará, no mesmo período, foram negociadas
164,5 mil t de seis variedades de banana, com 139,5 mil t correspondendo a banana
prata. Esta variedade foi negociada a um preço médio de R$ 2,19 e seu abastecimento
foi acima de 95% oriunda de outros estados brasileiros.
93
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
em que VPbj é o valor bruto da produção de banana (b) na microrregião (j); VPj é o valor
bruto da produção agrícola de toda a microrregião (j); é o valor bruto da produção de ba-
nana (b) no estado do Pará (PA); é o valor bruto da produção agrícola no estado do Pará.
Desse modo, os resultados, conforme definido por Vidigal; Campos; Rocha
(2009) significam que:
RESULTADOS E DISCUSSÃO
98
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Tabela 1. Produção total (em toneladas) de bananas no estado do Pará, região norte e no Brasil, entre os anos de 2012
e 2017.
Estado/Região/País
Ano
Estado do Pará Região Norte Brasil
2012 547.098 829.959 6.902.184
2013 585.943 957.537 6.892.622
2014 588.655 964.209 6.953.747
2015 595.527 1.017.779 6.859.227
2016 504.907 891.762 6.625.211
2017 514.205 893.377 6.584.967
Média 556.055 925.770 6.802.993
Total 3.336.335 5.554.623 40.817.958
Fonte: IBGE/SIDRA/PAM (2017). Elaborada pelos autores.
Figura 1. Distribuição espacial da produção de banana (em toneladas) nas microrregiões paraenses em 2012.
100
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 2. Distribuição espacial da produção de banana (em toneladas) nas microrregiões paraenses em 2017.
101
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
de Breves apresentaram comportamento migratório, com oscilações para os níveis de QL na
ordem de 0,77 e 1,54; e 0,91 e 2,61, respectivamente.
O coeficiente QL assume valores que quanto maior que 1, mais espacialmente con-
centrada é a atividade em poucas regiões, quanto mais próximo ou menor que 1 pode ser
considerado que a atividade é uniformemente distribuída, dispersa pelo espaço geográfico
ou pouco expressivo quando comparada ao cenário total da produção do segmento. Em um
ranking de QL, entre 2012 e 2017, a microrregião de Altamira exibiu a maior média para
o QL (6,54), seguido de Tucuruí (6,2) e Itaituba (3,3), e com exceção de Itaituba, tais micror-
regiões apresentaram crescimento do índice ao longo do período analisado. Estes resul-
tados somados aos mapas temáticos da concentração da produção expostos apresentam
complementariedade e fortalecem a expressão do cultivo da banana dentro do cenário de
produção agrícola no estado do Pará, além de ressaltarem que tais microrregiões são as
principais participantes da oferta da fruta.
Tabela 2. Grau de especialização da produção de banana em 22 microrregiões paraenses, entre os anos de 2012 a 2017.
Tabela 3. Volume de seis variedades de banana (em t) comercializadas in natura via Ceasa Pará, entre 2012 e 2017.
Tabela 4. Participação (%) da produção paraense e outros estados no abastecimento de seis variedades de banana
comercializadas na Ceasa Pará, entre 2012 e 2017.
Figura 3. Variações nos preços (R$) por kg de venda de seis variedades de banana via Ceasa Pará, entre 2012 e 2017.
O aumento atípico do preço da banana Conquista em determinado ano pode estar as-
sociado à redução da oferta provocada pela menor produção paraense, considerando que
100% do abastecimento da variedade na Ceasa Pará é oriunda de propriedades do próprio
estado. A cultura da banana, dependendo da cultivar, por se tratar de uma espécie de ciclo
longo pode ser fortemente influenciada por efeitos climáticos, com consequente aumento
vertiginoso do preço de comercialização da fruta.
Embora seja evidente a ocorrência de poucas alterações nos preços de cada variedade,
os maiores preços foram praticados em 2016 para as bananas dos grupos Nanica, Mysore e
Comprida, com preços máximos de R$2,44, R$1,20 e R$ 1,31, respectivamente e em 2017
para as bananas Branca e Prata, com preços máximos iguais a R$ 2,86 e R$ 2,44, nesta
ordem (Figura 3).
Em boletim técnico de 2017 da Ceasa Paraná sobre a avaliação do mercado da banana
no ano anterior, mostrou-se que o preço da fruta saiu de R$ 15,00 chegando a R$ 60,00
pela caixa de 20 kg, um amento de 400% em curto período no ano de 2016. Isto foi pro-
vocado, conforme o boletim, em função da diminuição da produção pela ocorrência de
geadas em várias regiões produtoras, o que induziu a diminuição na oferta e aumento de
preços (DOSSA & FUCHS, 2017). Ainda em 2016, o 7º Boletim do Programa Brasileiro de
105
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Modernização do Mercado Hortigranjeiro (PROHORT), divulgado pela Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab), mostrou que na Ceasa do Espírito Santo, houve aumento de
54,9% na oferta de banana.
O valor da receita bruta de todo o período totalizou R$ 324,1 milhões, com receita
bruta média de R$ 63,2 milhões/ano e 88,8% do montante referindo-se a comercialização
da banana Prata (Tabela 5). As demais parcelas da receita total gerada correspondeu às
variedades Nanica, Mysore, Branca, Comprida e Conquista que contribuíram na ordem de
6,8%; 2,5%; 1,5%; 0,3% e 0,2%.
Tabela 5. Receita (R$) bruta total gerada a partir da comercialização de seis variedades de banana via Ceasa Pará, entre
2012 e 2017.
Entre 2012 e 2017 ocorreram oscilações significativas nos valores das receitas brutas
de todas das variedades, porém o último ano avaliado, em comparação ao ano inicial da
série, exibiu os maiores valores totais faturados, com acréscimos de 43%, 282%, 8,3%, 1,5%,
118% na receita das bananas Prata, Nanica, Myrore, Branca e Comprida, respectivamen-
te. A banana Conquista que não foi ofertada em 2012, foi vendida, através do comércio da
Ceasa Pará, apenas a partir de 2013, ano que totalizou receita de R$ 181,8 mil, cerca de
30% a mais do valor arrecadado em 2017.
A formação da receita bruta, deste segmento da atividade agrícola, na Ceasa Pará,
portanto, depende quase que de forma exclusiva do abastecimento fornecido por outros
estados do Brasil.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
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109
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
07
Produção de mudas de tomate
industrial na perspectiva dos custos
de transação
10.37885/210604920
RESUMO
111
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
O tomate (Solanum lycopersicum) é um dos produtos olerícolas que pode ser cultivado
em regiões tropicais e subtropicais no mundo inteiro, tanto para consumo in natura, no cultivo
envarado, como para a indústria de processamento, através do cultivo rasteiro (Santos et al.
2011). No Brasil, o mercado de tomate para indústria de processamento constitui uma cadeia
produtiva distinta do tomate in natura, e uma das características que o torna diferente é que
o preço normalmente é acordado via contratos entre a indústria e o produtor.
De acordo com Brandão e Lopes (2001), as atividades envolvidas nessa cadeia ex-
perimentaram notáveis investimentos com grande incremento na produção, adoção de hí-
bridos, além de técnicas modernas de cultivo. Nesse contexto de investimentos, também
se insere a produção de mudas, como exemplo, a incorporação da mecanização para o
plantio com mudas.
Para Diniz et al. (2006), a produção de mudas de alta qualidade é vista como uma
estratégia para quem pretende melhorar sua produção agrícola, além de ser um fator capaz
de possibilitar ganho de competitividade. Outra forma de ganho de competividade dessa
cadeia produtiva se dá por meio de uma análise da estrutura e/ou de um arranjo contratual
adotado que seja suficientemente capaz de reduzir os custos de transação inerentes.
Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo de estudo analisar a produção de
mudas de tomate industrial tomando como base teórica a Economia dos Custos de Transação
(ECT) e de forma complementar, a partir da análise da transação, avaliar a estrutura de go-
vernança do segmento de mudas na cadeia produtiva e a natureza dos arranjos contratuais.
O presente trabalho, além desta introdução, está estruturado da seguinte forma: refe-
rencial teórico; procedimentos metodológicos; resultados e discussão; conclusões e, final-
mente, as referências.
REFERENCIAL TEÓRICO
O artigo seminal publicado por Ronald Coase em 1937, intitulado “The Nature of the
Firm”, tornou-se uma referência fundamental para abordagens teóricas da empresa capita-
lista a partir dos custos de transação (PONDÉ, 2007).
Com base neste artigo, a teoria econômica não deveria ser definida apenas pela função
produção, mas também pela relação entre os agentes econômicos, tais como: contratos
interfirmas e modelos de governança interno a empresa, ou seja, os custos de transação
(FAULIN; AZEVEDO, 2003).
112
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
A priori, para melhor compreensão sobre custos de transação, se faz necessário con-
ceituar a transação. Conforme Williamson (1985), a transação é definida como um evento
que ocorre quando um bem ou serviço é transferido através de uma interface tecnologi-
camente separável, sendo passível de estudo enquanto relação contratual, uma vez que
envolve interações e compromissos intertemporais entre os agentes. Enquanto que, para
Zylbersztajn (1995), a transação refere-se à troca de direitos de propriedade associadas a
bens e/ou serviços.
Sobre os custos de transação, propriamente dito, consideram-se aqueles em que os
agentes enfrentam toda vez que recorre ao mercado, sejam eles, para negociar, redigir e
garantir o cumprimento de um contrato (FIANI, 2002). Neste aspecto incluem àqueles ine-
rentes a relação onde há direitos de propriedade.
Uma forma de entender melhor este conceito, Pondé (2007) assevera que o custo de
transação deriva-se basicamente e dois fatores, primeiro, são aqueles custos relativos à
coleta de informações, a fim de que os preços relevantes para as decisões de troca sejam
conhecidos. Segundo, são os custos que derivam da negociação e confecção de um contrato
em separado para cada transação de troca.
Percebe-se que existem várias definições e elas coexistem de modo complementar,
onde cada autor privilegia, naturalmente, as características dos custos de transação espe-
cialmente importantes para as questões específicas que pretende responder (FARINA et al,
1997). Sendo assim, a forma apropriada para análise é por meio dos atributos da transação.
Atributos da transação
Esses atributos representam as três dimensões principais que caracterizam uma transa-
ção, sendo esta a unidade que deve ser analisada, pois o objetivo é desenhar uma estrutura
de governança eficiente, que seja capaz de atenuar os custos associados a essa transação.
114
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Estrutura de governança
115
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 01. Especificidade de ativos e Estruturas de Governança.
Em relação à escolha ótima da estrutura, Williamson (1996) afirma que, quanto meno-
res forem os custos de transação, mais eficiente será a estrutura de governança adotada.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
116
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Com o objetivo de se obter um resultado amplo, esta pesquisa foi de âmbito nacio-
nal. A amostra da pesquisa foi não probabilística e por conveniência, que tem como critério
a busca de dados onde podem ser encontrados de forma mais fácil e acessível (TRIOLA
2008). Foram identificados 13 produtores de mudas de tomate industrial no Brasil, como
pessoa jurídica. Destes, 10 produtores de mudas responderam ao questionário, correspon-
dendo a uma amostra de aproximadamente 77% da população. O questionário foi elaborado
segundo a resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº 466/12 (Brasil 2012), que
regulamenta a pesquisa científica envolvendo seres humanos, aprovado no Comitê de Ética
e Pesquisa (CEP) da UFG, este foi direcionado aos responsáveis pela produção de mudas
ou aos proprietários dos viveiros.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Incerteza
Especificidade dos ativos
Baixa Média Alta
Baixa Mercado Mercado Mercado
Média Híbrido Híbrido/Hierarquia Híbrido/Hierarquia
Altas Híbrido Híbrido/Hierarquia Hierarquia
Fonte: Zylbersztajn, 1995.
118
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
O arranjo contratual encontrado é do tipo de contrato formal, realizado entre o pro-
dutor de mudas e a agroindústria ou entre o produtor de muda com o produtor de tomate
industrial. A transação realizada através do contrato formal, que especifica o volume, preço,
transporte, qualidade e regularidade, reduzindo a incerteza, minimizando o risco de compro-
metimento das outras atividades subsequentes da cadeia produtiva.
No contrato é definido o preço antes do início da produção, tomando como base para
realização de ajustes fiscais, os valores referentes à safra anterior. No preço de venda está
incluso todo o custo de produção da muda, exceto a semente, pois esta é fornecida pela
agroindústria. Sobre o custo de transporte, no caso pesquisado, em alguns casos ele está
incluso no preço de venda. No entanto, 40% dos produtores cobram por esse serviço, co-
brando em média R$ 2,95 por quilômetro ou uma taxa média de R$ 2,42 a cada mil bandejas.
CONCLUSÕES
Esta pesquisa teve como objetivo estudo analisar a produção de mudas de tomate
industrial tomando como base teórica a ECT e de forma complementar, a partir da análise
da transação, avaliar a estrutura de governança do segmento de mudas na cadeia produtiva
e a natureza dos arranjos contratuais. Neste caso, participaram da pesquisa respondendo
ao questionário 10 produtores de mudas.
A transação inerente a comercialização de mudas de tomate para processamento in-
dustrial é considerada de alta frequência, onde um fator positivo desse atributo é reputação
e o estabelecimento de confiança entre os agentes, consequência da alta frequência.
Em relação ao atributo incerteza, conclui-se que é de baixo grau de incerteza, pelo fato
de o cultivo ser feitos em estufas, havendo maior controle das variáveis e, por consequência,
redução do risco de quebra de contrato entre os agentes envolvidos.
Quanto à comercialização, ela é realizada através de contratos com a agroindústria ou
diretamente com o produtor de tomate industrial. Ao considerar o resultado de todos os tipos
de especificidade de ativo, pode-se concluir que a produção de mudas de tomate industrial
é um ativo de média especificidade.
Conclui-se que a melhor estrutura de governança desse segmento é a forma híbrida,
pois neste caso, se baseia em contratos formais, apesar da confiança e reputação existente
entre os agentes desta cadeia produtiva.
Apesar da constatação dessa pesquisa sobre a estrutura de governança híbrida, fica
como sugestão para futuras pesquisas outros estudos que busquem aprofundar o tema
abordando outros aspectos, considerados como limitações dessa pesquisa.
119
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
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121
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
08
Aplicação de sílica alternativa
modificada com hidróxidos na
produção de biodiesel a partir de óleo
de cozinha residual
10.37885/210203396
RESUMO
123
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
No atual cenário global, diversas fontes de energia alternativas estão sendo desen-
volvidas, com o principal objetivo de amenizar os problemas ambientais causados pelo uso
de combustíveis fósseis. Assim, fontes energéticas de baixo e ambientalmente mais amigá-
veis vem sendo buscadas e aplicadas. Entretanto, combustíveis fósseis continuam sendo
amplamente utilizados (FAROOQ et al., 2018). Ao se tratar do atual cenário da indústria
de combustível brasileira, o óleo diesel continua sendo o combustível mais utilizado, repre-
sentando aproximadamente 16,4% da participação energética, o que corresponde a 70,294
milhões de litros (EPE, 2020).
No País, o diesel é comercializado com o uso de misturas com biodiesel, que é uma
alternativa sustentável ao aumento da demanda de uso de diesel, pois pode gerar a dimi-
nuição das emissões de CO2 e outros gases nocivos, por ser considerado um combustível
neutro em relação ao CO2 (VAKROS, 2018). A composição do biodiesel em diesel está em
12% com perspectiva de chegar a 15% em 2023. Esse biocombustível representa 1,2% da
matriz energética brasileira, cerca de 3,841 milhões de litros (CNPE, 2018).
Assim, o biodiesel é uma das fontes com alta demanda mundial, com pesquisas que
buscam desenvolver as rotas de síntese tornando mais viável economicamente. A rota mais
comum para sua produção é através da reação de transesterificação de um triglicerídeo com
metanol ou etanol na presença de catalisador (WANG; CHENG, 2018). Geralmente são
aplicados catalisadores homogêneos básicos como o NaOH e KOH. Esses catalisadores
são amplamente usados pelos altos rendimentos que promovem e reações rápidas. Porém,
a recuperação do catalisador homogêneo é difícil, bem como sua separação da mistura rea-
cional, o que gera maior gasto de água para lavagem do biodiesel, e são mais susceptíveis
a promover reação de saponificação (MANRÍQUEZ-RAMÍREZ et al., 2013).
Devido aos problemas associados a catalise homogênea, os catalisadores heterogê-
neos vêm sendo pesquisados (RECHNIA-GORĄCY; MALAIKA; KOZŁOWSKI, 2020), por
apresentarem maior facilidade na separação da mistura reacional e possibilidade de reuso,
com menor capacidade de gerar a reação de saponificação, além de gerar menos efluentes
aquosos (LUO et al., 2017). Com isso, fontes de catalisadores heterogêneos para produção
de biodiesel de fontes como: origem vegetal e animal, resíduos metalúrgicos e mineradores,
argilas naturais, vem sendo produzidos (FATTAH et al., 2020).
Ao se tratar da matéria-prima para produção do biodiesel, uma das principais vantagens
é sua disponibilidade por ser de fontes renováveis (DOS SANTOS et al., 2017). Mas com
o objetivo de torna a rota de produção com menor custo e mais verde, estudos com óleo
de cozinha residual vem sem sendo aplicados, por ser de baixo custo, já que não pode ser
utilizado para alimentação novamente, e seu uso para produção do biodiesel pode diminuir
124
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
o descarte inadequado (GOLLAKOTA et al., 2019), uma vez que cerca de 5 milhões de
toneladas são consumidas por ano em todo o mundo (TAN et al., 2019).
Nesta pesquisa, foi desenvolvido um catalisador heterogêneo oriundo da modificação da
sílica da areia da praia com hidróxidos alcalinos (NaOH e KOH) e sua aplicação na produção
de biodiesel de óleo de cozinha residual. O processo desenvolvido possui características de
ser mais amigável ao meio ambiente por usar menor quantidade de água necessária para
lavar o biodiesel formado e de menor custo por usar um catalisador produzido de sílica e
reagentes de baixo custo, sendo possível seu reuso por quatro ciclos de reação. Além disso,
foi dada aplicabilidade ao óleo de cozinha residual, gerando uma possibilidade de reuso,
impedindo o descarte inadequado.
OBJETIVO
MÉTODOS
Reagentes
A sílica MP1 foi sintetizada tendo como matéria-prima a areia da praia, utilizando me-
todologia elaborada por este grupo de pesquisa e descrita por Carvalho et al. (2015). O ca-
talisador foi produzido por mistura mecânica através de maceração de hidróxidos alcalinos
(NaOH e KOH) e sílica MP1 na proporção molar 1:1:1. A mistura foi coloca mufla sob aque-
cimento a 450 °C por 4h.
A caracterização foi realizada através da análise de difração de raios X (DRX) utilizan-
do equipamento Bruker D2 Phaser (Bruker AXS, Madison, WI, EUA) com radiação CuKα
(λ = 1,5406 Å), filamento de 30 kV, corrente de 10 mA, filtro Ni e detector LYNXEYE na
125
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
faixa 2θ de 5 a 70° para o catalisador e 5 a 50° para sílica MP1. A análise de fluorescência
de raios X (FRX) foi desenvolvida no espectrômetro da Bruker S2 Ranger (Bruker AXS,
Madison, WI, USA) usando radiação Pd ou Ag (máx.. energia 50 W, máx. voltagem 50 kV,
máx. corrente 2 mA, XFlash® Silicon Drift Detector).
A análise da dessorção à temperatura programada de CO2 (TPD-CO2), utilizou 200 mg
de amostra para realização do teste. Primeiro foi realizado pré-tratamento da amostra com
aquecimento a 200 °C sob um fluxo N2 de 16 mL/min por 1h. Posteriormente a temperatura
foi levada até 60°C e alterado fluxo para CO2 (16 mL/min) por 30 min. A determinação da
dessorção foi feita em atmosfera de He (g) com fluxo de He (g) (16 mL/min) entre 40 °C e
500 °C, com taxa de aquecimento de 10 °C/min, utilizando como quantificador um detector
de condutividade térmica.
O método de titulação com indicadores ácido-base foi aplicado para o teste de basici-
dade de Hammett. Como indicador foi utilizado a fenolftaleina (H_= 9,3) e uma solução de
ácido benzoico metanólico de 0,01 mol como titulante. Em 2 mL de solução indicadora (0,1
mg/mL) foram colocados 0,15 g do catalisador por 30 minutos a 300 rpm. Em seguida foi
feita a titulação da mistura e aplicado os dados nas Eq. 1 e 2 para calcular a quantidade de
sítios básicos a partir do cálculo da basicidade.
Onde: CH+ é a quantidade de matéria ácida no volume de ácido usado para titulação
(mol/L), Cab concentração de ácido benzóico (mol/L), Vg é igual ao volume de titulante usado
(L). M a massa de catalisador aplicado, B a basicidade (mmol/g).
Em que: A (volume da solução de KOH 0,1 M (0,1 N) usada na titulação em (mL), B (vo-
lume da solução de KOH 0.1 M (0.1 N) usada na titulação do branco em mL, N (Normalidade
da solução de KOH) e M (massa da amostra de óleo em g).
Reutilização do catalisador
Para regeneração do catalisador foi feita a lavagem pós transesterificação com etanol e
hexano, com descanso por 12 h para remoção de glicerol e óleo de cozinha na superfície e
posterior secagem em estufa por 2 h a 150 °C. Este procedimento foi repetido para cada ciclo.
A metodologia global empregada nesta pesquisa é apresentada em um diagrama de
fluxo simplificado apresentado na Fig. 1.
127
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Fig. 1. Diagrama de fluxo simplificado da metodologia geral.
RESULTADOS
Difração de raios-X para sílica MP1, Fig. 2a, e do catalisador SKS, Fig. 2b. As se-
guintes fases foram encontradas para o catalisador Na2O (2θ = 32.23°, ICSD 060435),
KCl (2θ = 40.72º, ICSD 044281), K2(Si2O5) (2θ = 28.57°, 31.77° e 58.87°, ICSD 280480),
K2O (2θ = 41.50° e 66.53°, ICSD 060489), SiO2 (2θ = 13.10° e 25.87°, ICSD 065497),
K2CO3 (2θ = 29.87°, 31.75°, 31.77° e 66.47°, ICSD 000662) e Na2(Si2O5) (2θ = 32.80° e
50.47°, ICSD 080378).
128
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Fig. 2. Padrão de difração da (a) Sílica MP1 e (b) catalisador SKS.
A Tabela 2 contém os resultados de FRX para o catalisador SKS e sílica MP1, ava-
liando-se a composição dos materiais.
129
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Fig. 3. Análise de TPD-CO2 para SKS.
Fig. 4. Curvas de rendimento com variação de (a) tempo, (b) concentração de SKS, (c) razão molar de A/O e (d) reutilização
do catalisador.
130
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Ressonância magnética nuclear 1H (RMN 1H) para avaliação da formação do biodiesel
e cálculo de conversão utilizando Eq. 3.
DISCUSSÃO
O padrão de DRX para sílica MP1 apresentou um abanda larga com centralidade no
ângulo 22,8°, o que possibilita verificar que trata-se de uma sílica com característica amorfa
e presença de ordem de curto alcance em aglomerados atômicos (SALAKHUM et al., 2018;
131
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
STANISHEVSKY; TCHERNOV, 2019). O aparecimento de fases cristalinas no catalisador
após a síntese indica a mudança da estrutura inicial da sílica, aparecendo picos de óxidos
e silicatos alcalinos.
Através do resultado de FRX, observou-se uma mudança composicional do material,
corroborando com o resultado de DRX. As substâncias básicas possuem alta eficiência
na produção do biodiesel, como as encontradas pelo DRX e FRX (CHOUHAN; SARMA,
2013). A presença de várias fases de óxidos metálicos se faz interessante, pois a associação
das fases faz com que ocorra características interessantes para a reação de transesterifi-
cação (Lee et al., 2016).
O resultado do TPD-CO2 relatou que o catalisador possui locais de sítios básicos de
força fraca (121 °C), média (256 °C) e forte (340 °C) (EOM et al., 2015). Relacionando-se
com o teste de basicidade de Hammett, o catalisador apresentou sítios básicos na fai-
xa de 8,2<H_<15 da fenolfetaleína, com valor de basicidade de sítios básicos nessa re-
gião igual a 3,2 mmol/g. Indicando relevante presença de sítios básicos em pH alcalino
(OKOYE et al., 2019).
Com a variação dos parâmtros da reação foi possível observar que com o aumento
do tempo de 2 a 8 h, o rendimento reacional teve um crescimento expressivo. O aumento
do rendimento através da elevação da concentração do catalisador e da razão molar A/O,
foi menos acentuado comparado com o tempo, no qual com aproximadamente 3:30 h se
atinge o valor máximo encontrado com a elevação da concentração do catalizador e com 4
h aproxidamente o rendimento máximo causado pela elevação da razão molar A/O. Na reu-
tilização do catalisador foi percebido que a partir do quarto ciclo de reaproveitamento iniciou-
-se decaimento do rendimento, que pode ser devido a lixiviação do catalizador diminuindo
a sua eficiência.
Nós espectros do RMN 1H para o óleo de cozinha utilizado (Fig. 5a), os picos entre 4,1
e 4,3 ppm, são atribuídos a prótons de glicerídeos de óleo de soja, os quais não aparecem
no RMN 1H do biodiesel, Fig.5b. É possível observar um pico de 3,7 ppm no RMN do bio-
diesel, Fig. 5b, atribuído ao próton do grupo éster metílico do biodiesel (RUSCHEL et al.,
2016). A conversão foi determinada em torno de 91% utilizando Eq. (4).
O Índice de acidez e viscosidade são parâmetros importantes relacionados à qualidade
do biodiesel, pois esses testes geralmente apresentam valores fora da especificação quando
o biodiesel é de má qualidade (RAMOS et al., 2009). Isso pode causar reações catalisados
por esses produtos ácidos no biodiesel, diminuir a estabilidade térmica do combustível e
causar corrosão no motor (DE MORAIS et al., 2013).
132
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
CONCLUSÃO
O catalisador produzido com baixo custo e simples processo de síntese demostrou alta
eficiência para produção de biodiesel de óleo de cozinha residual com alto rendimento para
reação através da reação de transesterificação, avaliando-se que o principal parâmetro para
aumento do rendimento foi o tempo de síntese. A catalise heterogênea aplicada facilitou a
purificação do biodiesel diminuindo os resíduos aquosos da lavagem do biodiesel e separação
e recuperação mais simples e rápida do catalisador, com até 4 ciclos de reação. Foi possível
observar a eficiência da síntese do catalisador através da análise de DRX e FRX, além de
avaliar as possíveis forças dos sítios através do teste de TPD-CO2. Através do RMN 1H e
13
C foi possível verificar a formação do biodiesel com alta qualidade e rendimento de 91%.
AGRADECIMENTOS
FINANCIAMENTO
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135
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
09
Uso da manipueira no desenvolvimento
das culturas alimentares: revisão
narrativa
10.37885/210404372
RESUMO
137
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Para realização deste estudo foi feito uma revisão de literatura sobre o uso da mani-
pueira em culturas alimentares. Realizou-se levantamento bibliográfico em periódicos, sites,
revistas, livros e cartilhas. Consultou-se 60 fontes bibliográficas, dos quais, apenas 38 foram
utilizadas para compor o acervo de informações para a elaboração deste artigo.
A revisão de literatura foi elaborada utilizando-se o seguinte tópico e subtópicos: Uso
e efeito da manipueira nas culturas alimentares (milho, feijão-caupí, mandioca, goiabeira,
videira, acerola, mexerica, abacaxi, cirigueleira, laranjeira, bananeira, alface, pimentão,
rúcula, inhame, jambu).
138
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
USO E EFEITO DA MANIPUEIRA NAS CULTURAS ALIMENTARES:
Cultura do Milho
Barreto et al. (2014), utilizaram doses de manipueira (0; 11,2; 22,4 e 44,8 m3 ha-1) em
experimento com plantas de milho, e verificaram que plantas cultivadas no solo franco-are-
noso e com doses de 44,8 m3 ha-1 proporcionaram maior desenvolvimento de massa seca
e maior teor de cálcio na parte aérea, do que nas plantas cultivadas no solo franco-argiloso
com doses 44,8 m3 ha-1, houve diminuição da altura das plantas e teor de magnésio em
função do aumento das doses de manipueira.
Ramos et al. (2020), avaliaram o crescimento e a produção do milho híbrido AG1051
sob adubação mineral (NPK) e orgânica (53,3% de manipueira e 38,7% de urina humana)
via fundação e fertirrigação. Os autores constataram que a adubação mineral com NPK
proporcionou maiores incrementos em todas as variáveis analisadas, no entanto, a adu-
bação orgânica (urina humana com manipueira) evidenciaram o potencial para aplicação
via fundação e fertirrigação, uma vez que não seja aplicada em excesso, pode substituir à
adubação mineral.
Em estudo realizado por Silva et al. (2018), verificou-se o efeito da manipueira no
controle de Spodoptera frugiperda em milho, e utilizaram 1,5 L de manipueira em diferentes
concentrações (25%, 50%, 75% e 100%). Concluíram que concentrações superiores a 25%
geram a queima das folhas do milho, propiciando grandes reduções na área foliar, logo a ma-
nipueira pode ser utilizada para o controle da lagarta do cartucho, na concentração de 25%.
Araújo et al. (2019), avaliaram a produção de milho “Potiguar” fertirrigado com urina
humana associada a manipueira e essas associadas a fertilizantes minerais (T1 - testemunha
sem fertirrigação; T2 - fertirrigações com NPK; T3 - urina humana; T4 - manipueira; T5 - urina
humana + manipueira; T6 - urina humana + PK; T7 - manipueira + NP; T8 - urina humana
+ manipueira + P. Os resultados constataram que com exceção da fertirrigação com mani-
pueira (T4 - M) e da testemunha (T1 - SF), os demais tratamentos (NPK, U, U+M, U+PK,
M+NP, U+M+P) proporcionaram valores superiores das variáveis analisadas, propiciando
o uso desses tratamentos como fontes de fertilizantes no cultivo do milho.
Com o objetivo de avaliar o efeito da aplicação de doses crescentes de manipueira
(0; 12,6; 25,2; 50,4; 63; 75,6 m³ ha-1) no desenvolvimento inicial do milho em diferentes
épocas de avaliação, Magalhães et al. (2014) constataram que a dose de 63 m³ ha-1 propor-
cionou aumento de diâmetro de colmo, número de folhas, massa fresca e massa seca de
folhas. Os autores constataram também que a dose equivalente a 75,63 m³ ha-1, possibilitou
incremento significativo da altura de plantas, diâmetro de colmo, número de folhas, massa
fresca das folhas, massa fresca do colmo, massa seca das folhas, massa seca do colmo.
139
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Em experimento com objetivo de usar a manipueira como fertilizante foliar na cultura do
milho Araújo et al. (2012) utilizou 400 ml da calda (manipueira + água), e nas duas últimas
aplicações o volume foi aumentado para 600 ml, sendo distribuído em tratamentos: 0% de
manipueira + 100% de água; 25% de manipueira + 75% de água; 50% de manipueira + 50%
de água; 75% de manipueira + 25% de água; e 100% de manipueira + 0% de água. Os au-
tores verificaram que o uso de 25% de manipueira proporcionou a maior área foliar; 50% de
manipueira proporcionou maior diâmetro do caule; 75% de manipueira, obteve-se o máximo
crescimento do caule, altura da planta, altura de inserção da 1ª espiga e maior número de
folhas; e constaram severas injurias nas folhas do milho com dosagens acima de 50%.
Cultura do Feijão-caupí
Cultura da Mandioca
Cultura da Goiabeira
Cultura da Videira
Pesquisa realizada por Tlumaski et al. (2009), avaliando o efeito de produtos alternati-
vos (T1 estacas imersas durante cinco segundos em solução de AIB; T2 - estacas imersas
durante cinco minutos em solução de Tiririca (Cyperus rothundus); T3 - estacas imersas
durante trinta minutos em água de Xisto (diluição 50% em água); T4 - estacas imersas du-
rante trinta minutos em água de Xisto (100%); T5 - estacas imersas durante trinta minutos
em solução de Manipueira (diluição 50% em água); T6 - estacas imersas durante trinta
minutos em Manipueira (100%)) no enraizamento de estacas de videira cv. Bordô. Os au-
tores constataram efeito significativo dos tratamentos que, destacando-se o T6 (manipueira
100%) e T5 (manipueira 50%) que proporcionaram respectivamente, 91 % e 86% de sobre-
vivência de plantas.
Cultura da Acerola
Vieira et al. (2010), pesquisaram dosagens nematicidas e/ou fertilizantes dos resí-
duos, manipueira e urina de vaca, em mudas de aceroleira infestadas pelo nematoide das
galhas (Meloidogyne javanica). Para o desenvolvimento do experimento, as mudas foram
infestadas com 1000 indivíduos juvenis do segundo estádio (J2) de Meloidogyne javanica,
e usaram 30 ml de água, 30 ml de urina de vaca e 30 ml de manipueira, isoladamente ou
em conjunto (30 ml de água ou urina de vaca e/ou manipueira na proporção 1:1). Os tra-
tamentos foram: T0 - Testemunha absoluta; T1 - Testemunha relativa, 1000 J2; T2 - 1000
J2+ 5% urina; T3 - 1000 J2 + 10% urina; T4 - 1000 J2 + 20% urina; T5 - 1000 J2 + 5% mani-
pueira; T6 - 1000 J2 + 10% manipueira; T7 - 1000 J2 + 20% manipueira; T8 - 1000 J2 + 5%
(urina + manipueira); T9 - 1000 J2 + 10% (urina + manipueira); T10 1000 J2 + 20% (urina
+ manipueira). Os autores verificaram que o T9 (10% de urina de vaca + 10% manipueira)
e T10 (20% de urina de vaca + 20 % manipueira) reduzem a população de Meloidogyne
javanica no solo.
Cultura da Mexerica
Cultura do Abacaxizeiro
Cultura da Cirigueleira
142
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Cultura da Laranjeira
Cultura da Bananeira
Cultura da Alface
Santos et al. (2018), avaliaram o efeito da manipueira (T1 - 100% de água em metade
do canteiro; T2 - 100% de manipueira em metade do canteiro-5L por m²) em plantas de alface,
e constataram que as plantas que receberam o tratamento com manipueira, desenvolveram
características positivas, como: maior vigor, visualmente mais nutridas, sem aparição de
qualquer tipo de praga ou doença. Enquanto que as plantas que receberam apenas água
se mostraram cloróticas e acometidas por praga (Thrips tabaci).
De acordo com Duarte et al.( 2012) em sua pesquisa sobre uso de diferentes doses
de manipueira (0, 5, 15, 25, 45, 65 m³ ha-¹) na cultura da alface verificaram que a dose de
45 m³ ha-¹ foi a que propiciou maior ganho de altura de planta, área foliar, maior produção
de matéria fresca e seca da parte aérea, e doses acima 45 m³ ha-¹ causaram declínio nos
valores das características ideais da cultura cultivada.
Cultura do Pimentão
Lima e Valente (2017), pesquisaram o efeito da manipueira (T1- controle - sem mani-
pueira; T2- 20 mL; T3 - 40 mL; T4 - 60 mL; T5 - 80 mL de manipueira/planta) sobre plantas
143
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
de pimentão, e constataram que a dose de 20 mL de manipueira promoveu melhores resul-
tados sobre o comprimento e diâmetro de frutos de pimentão. Todavia, doses maiores que
20 mL reduziram o número, comprimento e diâmetro de frutos de pimentão.
Cultura da Rúcula
Cultura do Inhame
Cultura do Tomate
Cultura do Jambu
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Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
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Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
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148
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
10
Efeito alelopático de extrato de
Hibiscus sabdariffa na germinação de
sementes de Abelmoschus esculentus
10.37885/210504469
RESUMO
150
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
O quiabo valência (Abelmoschus esculentus L.) é tido como uma cultura de grande im-
portância econômica na ilha de São Luís, isso devido sua alta exploração no cinturão verde da
cidade, favorecendo assim um maior incremento na renda familiar dos pequenos agricultores.
Assim sendo, a literatura é deficiente de informações sobre trabalhos envolvendo o
efeito de extratos de hortaliça folhosa não convencional na germinação de sementes de
quiabo, portanto, o estudo de meios que favoreçam uma boa germinação desta cultura se
faz cada vez mais necessário.
A alelopatia é definida como o efeito prejudicial ou benéfico entre plantas, por meio
de interações químicas, incluindo microorganismos. Os compostos químicos que possuem
atividade alelopática são resultantes do metabolismo secundário produzido pelas plantas,
chamados de aleloquímicos, substâncias alelopáticas ou fitotoxinas. Estas substâncias
estão presentes em todos os tecidos das plantas, (folhas, flores, frutos, raízes, rizomas,
caules e sementes), mas a quantidade e a via pelas quais são emitidas diferem entre as
espécies. O modo de ação dos aleloquímicos pode ser dividido em ação direta e indireta,
dependendo da espécie, afetando desde a germinação das sementes até o desenvolvimen-
to da plântula, tornando assim inviável o desenvolvimento da espécie intolerante a estes
produtos (VILELA, 2009).
Segundo Guerra (1995) estas substâncias químicas conhecidas por compostos ale-
lopáticos são substâncias tóxicas liberadas no meio ambiente por meio de volatilização,
decomposição da matéria orgânica ou por lixiviação de partes de plantas. Muitos destes
compostos podem ser eliminados rapidamente e outros podem permanecer no solo por pe-
ríodos longos, comprometendo o processo de decomposição da matéria orgânica, produção
de húmus, mineralização de nutrientes e o uso do solo para cultivos agrícolas posteriores.
A atividade dos aleloquímicos tem sido usada como alternativa ao uso de herbicidas,
inseticidas e nematicidas (defensivos agrícolas). A maioria destas substâncias provém do
metabolismo secundário, porque na evolução das plantas representaram alguma vanta-
gem contra a ação de microrganismos, vírus, insetos, e outros patógenos ou predadores,
seja inibindo a ação destes ou estimulando o crescimento ou desenvolvimento das plantas
(WALLER; FEUG; FUJII, 1999).
Hoje o agricultor familiar visa não somente a produção para consumo próprio e da
família, como também visa à competitividade, e para que o mesmo possa se sobressair em
relação à concorrência ele deve se atrelar a meios não muitos caros, mas de fácil acesso
que garantam esse sucesso no mercado ao qual ele está inserido.
As sementes são consideradas excelentes organismos para bioensaios, pois quando
entram em processo de germinação sofrem rápidas mudanças fisiológicas e se tornam muito
151
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
sensíveis ao estresse ambiental. Portanto, este estudo teve como objetivo avaliar o potencial
alelopático dos extratos aquosos de hortaliça não convencional vinagreira na germinação
de sementes de quiabo (Abelmoscus esculentus L.) variedade valência.
MATERIAL E MÉTODOS
Material vegetal
Foram utilizadas folhas da hortaliça folhosa não convencional (vinagreira) que foram
adquiridas em feiras e mercados por meio de compra. As sementes da espécie de planta
de quiabo que apresenta um valor econômico e agronômico foram adquiridas em casas
agropecuárias no mês de outubro de 2016.
Foram preparados extratos aquosos das folhas secas da hortaliça folhosa não conven-
cional (vinagreira) de acordo com a metodologia proposta por Santore (2013).
Teste de germinação
O IVG foi obtido em conjunto com o teste de germinação de acordo com fórmula
proposta por Maguire (1962): IVG = [N1/1 + N2/2 + N3/3 +...+ Nn/n] x 100, onde: N1,
N2, N3 e Nn correspondem à proporção de sementes germinadas no primeiro, segundo,
terceiro e enésimo dia a partir da semeadura.
152
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Teste de comprimento de raiz
Para determinação do comprimento de raiz das plântulas estas foram retiradas cuida-
dosamente do substrato, e medidas com auxílio de régua graduada em centímetros e os
resultados foram expressos em cm plântula–1. (CARVALHO; NAKAGAWA, 1999).
Para obtenção de massa seca total todas as plântulas normais de cada tratamento e
repetição foram acondicionadas em sacos de papel do tipo kraft e transferida para estufa
com circulação de ar forçado, regulada para 65ºC até atingirem peso constante (24h), em
seguida o material foi pesado em balança analítica de precisão (0,001g) e os resultados
foram expressos em g plântula–1 (CARVALHO; NAKAGAWA, 1999)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Percebeu-se que a literatura não registra dados quanto ao uso de extratos de vina-
greira com vistas ao possível efeito alelopático sobre a germinação de sementes de quiabo
valência. A germinação variou entre 47% a 70% nos extratos de vinagreira a 5%, 10%, 15%
e 20% não apresentando diferença em relação à concentração 0% (testemunha) (Tabela 1).
Tabela 1. Porcentagem de germinação ao 7º dia após semeadura, índice de velocidade de germinação (IVG), comprimento
de raiz (cm), parte aérea (cm) e matéria seca (g) de plântula de sementes de quiabo (Abelmoscus esculentus) variedade
Valência sob efeito de extrato de vinagreira (Hibiscus sabdariffa).
Doses do extrato (%) Germinação (%) IVG (%) Compr. de raiz (cm) Parte (cm) aérea Matéria seca (g plântula–1)
153
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Apesar de não ocorrer tal diferença entre as concentrações, o extrato de vinagreira
apresentou-se efêmero no que diz respeito à germinação, pois poucas sementes germina-
ram, além do mais, mesmo apresentando uma alta acidez isso não impediu a ocorrência
de fungos durante a germinação. A vinagreira em sua composição apresenta o ácido cítrico
que é considerado um aleloquímico, essa concentração pode ter influenciado diretamente
na divisão celular de algumas sementes ocasionando suas mortes.
Nenhuma das concentrações estudadas interferiu no índice de germinação das se-
mentes de quiabo valência, isso relata o fato de que todas as sementes expostas a esse
extrato germinaram praticamente no mesmo tempo, mas a testemunha (0%) levando-se em
consideração quanto maior o IVG maior o vigor, foi a que mais se destacou.
O comprimento de raiz (cm) de acordo com a Tabela 1, na concentração 0% do extrato
de vinagreira (testemunha) apresentou-se maior seguida da concentração a 15%. Apesar
de ser considerada uma planta com elevados teores de vitamina C a atividade de microrga-
nismos patogênicos não foi sessada, resultando em um pior valor para a concentração de
5% do extrato desta hortaliça não convencional tanto para comprimento de raiz quanto para
comprimento de plântulas de quiabo valência.
Em relação à matéria seca de plântulas de quiabo valência, as concentrações de 0%,
10% e 15% apresentaram melhores resultados. Nesse caso ocorreu uma maior absorção
de extrato pela semente no momento do processo de embebição, resultando nesse melhor
desempenho em termo de peso seco (variando entre 0,012 a 0,185 g de plântulas).
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
154
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
REFERÊNCIAS
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155
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
11
Dinâmica da atividade microbiana do
solo em agrossistemas do cerrado
baiano para mensuração do C-CO2
10.37885/210504680
RESUMO
157
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
MÉTODO
Equação 1.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
159
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 1. Variação diurna da respiração edáfica do solo nos diferentes agrossistemas estudados.
A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é considerada a cultura com a mais alta pro-
dutividade de calorias e de maior eficiência biológica. Devido à necessidade de capinas e
movimento do solo durante os estádios de desenvolvimento, pode deixar o solo descoberto
e desprotegido, ocasionando a passagem de muita radiação solar (FERREIRA et al., 2015).
Neste sentido, é importante ressair que a temperatura corresponde à um dos fatores
que tende a influenciar na biótica do solo, alterando tanto a sua população, quanto as suas
atividades. Com isso, ao comparar a área da mandioca com a mata nativa (Stricto sensu),
no primeiro horário (6-7 horas), observou-se que a mandioca apresentou uma taxa de res-
piração 75,75% menor do que a mata nativa. A umidade e temperatura média do ar nesse
horário eram iguais a 44 a 46% e 24,7 a 22,9 °C respectivamente.
Do contrário, no período de 10 a 11 horas o solo cultivado com mandioca apresentou
uma taxa respiratória de 37,28% superior a mata nativa, com umidade de 53 a 51% e tempe-
ratura ambiente máxima de 20,9 a 21,9°C. Ao final da tarde, das 16-17 h, a taxa respiratória
na área com mandioca se elevou em 60% de emissão de CO2 relacionada com a mata nativa.
Essa elevação de emissão de C se dá por meio da temperatura que pode ser expressada
devido ao ponto ótimo que os microrganismos estão ativos, assim, a partir deste ponto os
mesmos podem desnaturar e com isso, diminuir sua atividade. Em relação ao Pinhão Manso
(Jatropha curcas L.), o mesmo apresenta semelhança com os sistemas naturais, podendo
representar uma combinação ideal no favorecimento da biota do solo, disponibilizando ma-
téria orgânica e refúgio aos microrganismos, já que não há interferência do manejo intensivo
160
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
(AGOSTINHO, 2017). Segundo Chagas (2008), o mesmo possui uma alta eficiência para a
estocagem de carbono no solo. Porém, por estar consorciado com o Nim indiano que possui
um princípio ativo chamado Azadiractina, extraído da sua parte aérea e tendo capacidade
antimicrobiana e inseticida, o pinhão manso pode apresentar uma diminuição acentuada na
atividade microbiana. Neste sentido, quando confrontado a Pinhão Manso com a área de
Mata nativa consorciado ao Nim indiano, os valores correspondentes as taxas de emissão
de CO2 na área de Pinhão Manso que foram mais elevadas são: das 6-7 h; 8-9 h; 11-12 h e
14-15h; com os seguintes valores: 39,39%; 148,32%; 36,06% e 65,70%, respectivamente.
Dessa forma, nota-se que a área da mata nativa se manteve estabilizada em relação
ao seu conteúdo de carbono orgânico, cujo a sua constância associa-se às condições am-
bientais do próprio solo, já que o mesmo não sofreu nenhum tipo de perturbação antrópica.
CONCLUSÃO
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Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
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162
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
12
Análise histomorfométrica dos rins
em ratas induzidas a osteoporose
por glicocorticoides e tratadas com
alendronato de sódio e extrato de Ginkgo
biloba (EGb 761) associado a exercício
físico
Érique Ricardo Alves Bruno José do Nascimento
UFRPE UFRPE
10.37885/210404174
RESUMO
164
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
166
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
OBJETIVOS
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS
Tabela 1. Média ± desvio padrão dos resultados da densitometria óssea em unidades Hounsfield (HU) dos grupos
experimentais.
Dias
Grupos Experimentais
1º 25º 50º
I 512,33 ± 7,09 aA 515,00 ± 9,64 aA 517,33 ± 10,96 Aa
II 458,66 ± 4,72 aB 457,00 ± 4,00 aB 461,00 ± 2,00 aB
III 472,33 ± 11,59 bB 510,00 ± 3,60 aA 515,66 ± 4,00 aA
IV 462,00± 29,20 bB 494,00 ± 4,58 aA 497,00 ± 2,64 aA
V 456,00 ± 24,55 bB 498,00 ± 3,00 aA 494,66 ± 8,50 aA
VI 457,00 ± 21,70 bB 505,66 ± 2,51 aA 499,33 ± 8,62 aA
Médias seguidas por letras distintas maiúsculas nas colunas e minúsculas nas linhas diferem estatisticamente entre si
pelo Teste de Tukey (p<0,05).
Na histopatologia renal, foi observado que no grupo I (controle não houve qualquer
modificação) (Figura 1). Já no grupo II houve degeneração hidrópica e glomerulonefrite
proliferativa moderadas (Figura 2), nefrite intersticial multifocal intensa, atrofia glomerular
leve e a congestão córtico-medular leve e a congestão cortiço-medular e pigmento de he-
mossiderina foram ausentes. O grupo III apresentou tanto degeneração hidrópica quanto
nefrite intersticial multifocal (Figura 2), bem como atrofia glomerular de caráter leve. Além
disso, neste mesmo grupo duas modificações foram ausentes: congestão cortiço-medular
e pigmento de hemossiderina. No grupo IV a degeneração hidrópica, nefrite intersticial e
pigmento de hemossiderina apresentaram-se de forma leve, e a glomerulonefrite prolife-
rativa, atrofia glomerular e congestão cortiço- medular mostraram-se moderadas (Figura
3). No grupo V todas as modificações histopatológicas foram de intensidade moderada,
exceto a congestão cortiço-medular que se apresentou de intensa. E no grupo VI tanto o
pigmento de hemossiderina quanto a congestão córtico-medular foram intensas (Figura 3).
Além disso, a glomerulonefrite proliferativa e a atrofia glomerular variaram de moderada a
intensa, e tanto a degeneração hidrópica como a nefrite intersticial multifocal mostraram-se
moderadas. (Tabela 2).
170
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Tabela 2. Média ± desvio padrão do diâmetro glomerular (DG), volume do glomérulo (VG) e diâmetro (DCB) e volume
(VCB) da cápsula de Bowman dos rins das fêmeas dos grupos experimentais.
Alterações Histopatológicas
Grupos
Degeneração Nefrite intersticial Pigmento de Glomerulonefrite Congestão Cór-
Atrofia glomerular
hidropica multifocal hemossiderina proliferativa tico-medular
I Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente
II Moderada Intensa Ausente Moderada Leve Ausente
III Leve Leve Ausente Moderada/Intensa Leve Ausente
IV Leve Leve Leve Moderada Moderada Moderada
V Moderada Moderada Moderada Moderada Moderada Intensa
VI Moderada Moderada Intensa Moderada/Intensa Moderada/Intensa Intensa
Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Wilcoxon-Mann-Whitney (P>0,05).
Figura 1. Rins de ratas do grupo controle. A) Região cortical (C) e medular (M) do rim bem preservadas. H.E. B) Detalhe
da região cortical do rim mostrando os glomérulos renais (setas). H.E. C) Detalhe da região medular do rim mostrando
túbulos coletores deste órgão. H.E
171
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 2. Rins de ratas mostrando diferentes patologias. A) Região cortical do grupo II mostrando degeneração hidrópica
(setas). H.E. B) Detalhe da região cortico-medular do rim do grupo II mostrando nefrite intesticial multifocal (setas). H.E.
C) Detalhe da região medular do rim do grupo III mostrando glomerulonefrite proliferativa. H.E.
Figura 3. Rins de ratas mostrando diferentes patologias. A) Região cortical do grupo VI mostrando células com grânulos
do pigmento de hemossiderina (setas). H.E. B) Detalhe da região cortical do rim do grupo IV mostrando glomérulos com
atrofia (setas). H.E. C) Detalhes da região cortical do rim do grupo V mostrando glomérulos atrofiados. H.E.
172
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Através da morfometria renal verificou-se que nos grupos II, V e VI houve uma dimi-
nuição significativa do Diâmetro Glomerular (DG), Volume Glomerular (VG), Diâmetro da
Capsula de Bowman (DCB) e Volume da Cápsula de Bowman em comparação com o gru-
po controle (GI). Já os demais grupos I, III e IV não apresentam nenhum tipo de alteração
significativa quando comparado com o grupo controle (Tabela 5).
Tabela 3. Média ± desvio padrão do diâmetro glomerular (DG), volume do glomérulo (VG) e diâmetro (DCB) e volume
(VCB) da cápsula de Bowman dos rins das fêmeas dos grupos experimentais.
DISCUSSÃO
Existe na uma busca intensa na atualidade de fitoterápicos que otimizem vários efei-
tos benéficos e minimizem algumas reações adversas, nesse ínterim destaca-se o uso do
extrato de G. biloba que é utilizado para diversas doenças e condições clínicas, inclusive
se mostrando eficaz no tratamento da osteoporose induzida por glicocorticoide. Mas seus
benefícios e malefícios ainda são motivo de controvérsia entre os autores (AL-YAHYA et al.,
2006; FERNANDES et al., 2010; HECKER et al., 2002; ZEHRA; TAHIR; LONE, 2010) .
Sabe-se também que bons hábitos de vida também condicionam para proteção de diversas
patologias, uns desses hábitos de vida é a prática de exercício físico, que têm uma série de
vantagens para o organismo, porém já é conhecido que este pode exercer certo estresse
oxidativo sobre o organismo, causando alguns problemas inclusive renais (DUNN et al.,
1999; GUSMÃO; GALVÃO; POSSANTE, 2003).
Moreno et al. (2008) verificaram, usando-se uma dosagem de 1.526 mg/Kg do EGb,
um aumento no espaço de Bowman e redução do epitélio tubular, o que não corrobora com
o nosso achado, onde houve uma diminuição ou atrofia glomerular e aumento do epitélio
tubular através da degeneração hidrópica, que faz com que as células do epitélio tubular
inchem e fechem o lúmen dos túbulos, essa diferença se dá pela dosagem que foi utilizada,
pois no nosso estudo achamos esses resultados no grupo tratado com osteoporose e nos
grupos tratados com as dosagens de 28mg/Kg e 56mg/Kg do extrato de Ginkgo biloba, ou
seja, nas maiores dosagens, outro fator interferente foi que no presente estudo houve o
173
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
aporte do exercício físico, onde provavelmente houve uma associação de efeitos dos dois
parâmetros causando assim os resultados apresentados.
Fazendo-se uma comparação entre os grupos na análise histopatológica renal tornou-se
evidente que o grupo tratado com alendronato de sódio levou vantagem sobre os grupos
tratados com o EGb 761, no sentido de ter menos efeitos tóxicos. O grupo III não apresentou
duas modificações (pigmento de hemossiderina e congestão), o que não foi visto nos grupos
tratados com extrato, que apresentaram todas as modificações. Observou-se também que
em algumas modificações houve igualdade quanto ao grau de severidade entre grupo III e
IV, sendo este último o grupo tratado com a menor dosagem do EGb. Isso evidencia mais
uma vez que não houveram vantagens significativas, quanto aos efeitos colaterais, no tra-
tamento com o extrato de Ginkgo biloba, em comparação com o tratamento convencional.
Em outro estudo feito em um ultramaratonista, o que difere da nossa modalidade es-
portiva, Lopes; Kirsztajn (2009) verificaram que os principais achados foram hematúria e
proteinúria, porém esses resultados são amplamente conhecidos e comuns na literatura e os
próprios autores deixam claro que mesmo com acometimento dessas modificações durante
a prova não havia indícios que os participantes teriam algum tipo de acometimento renal
permanente. No nosso trabalho, em comparação com o trabalho 48 supracitado houve um
indicativo de proteinúria, pois foi encontrado material proteináceo dentro dos túbulos renais
dos grupos II, III e VI. Fazendo uma comparação com os grupos II e III não há indicativo
na literatura que mencionem proteinúria tanto no tratamento com glicocorticoides quanto
com alendronato de sódio. No grupo VI houve a instalação da natação, por conseguinte foi
corroborado com o estudo citado. Isso também pode demonstrar um possível efeito anti-
-proteinúria do EGB 761 nas dosagens de 14 e 28 mg/kg, pois no grupo IV e V não houve
indicativo de proteinúria. Ainda segundo Gusmão; Galvão; Possante (2003) um dos principais
efeitos mais frequentes de exercícios físicos sobre os rins é a pigmentação tubular, o que
atesta de certa forma os nossos achados, onde houve a presença do pigmento de hemos-
siderina dentro das células dos túbulos renais e ainda nos grupos com maior dosagem do
EGB, houve uma pigmentação mais intensa. Porém somente o exercício físico não explica
o aparecimento dessa achado histopatológico, visto que houve um aumento na intensidade
da hemossiderina com relação ao aumento da dosagem do EG 761, mostrando assim que
houve um efeito aditivo em relação a esse achado. Tanto o aparecimento da hemossiderina
quanto do material proteináceo encontrado na análise histopatológica, pode ser explicado
segundo os mesmos autores, pelo fato de na fase aguda da atividade física pode haver uma
maior permeabilidade da membrana basal glomerular a macromoléculas, como hemácias
e proteínas, e a hemólise dos eritrócitos quando passa pela membrana glomerular pode
acarretar no acúmulo de hemossiderina nos túbulos renais.
174
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Nos resultados encontrados no nosso trabalho houve ainda degeneração hidrópica,
o que indicaria uma falha no processo de transporte da bomba de sódio/potássio, o que
causaria uma desregulação do balanço hídrico, causando um acúmulo de gotículas de água
no citoplasma celular.
Ainda na análise histopatológica da nossa pesquisa houve congestão córticomedular,
o que é atestado em partes pelo estudo de Dalmacio et al. (2012), onde foi estudado os
efeitos do extrato de Ginkgo biloba na dosagem de 2mg/Kg por dez dias, foi observado que
houve congestão vascular e tubular.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
175
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
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Indução do florescimento em batata-
doce por diferentes métodos
10.37885/210504460
RESUMO
A cultura da batata-doce (Ipomoea batatas L.) é muito popular e cultivada por todo o
território nacional. É uma planta rústica e de fácil adaptação e cultivo, sendo de alta
produtividade e baixo custo de produção. O seu cultivo é feito por meio de ramas, de-
vido à dificuldade de floração e, consequentemente, produção de sementes. Com isso,
objetivou-se avaliar diferentes métodos de indução de floração. Os métodos utilizados
foram anelamento, enxertia em Ipomoea nil e Ipomoea setosa, aplicação de hormônio,
adubação com altas doses de fósforo e potássio e estresse hídrico. O experimento foi
conduzido em vasos, em estufa, as avaliações foram feitas diariamente, anotando-se
o número de flores de cada planta por dia. Utilizou-se o delineamento inteira mente ca-
sualizado. Os dados foram transformados em √x +0,5 e realizou-se analise de variância
por meio do teste F. Realizou-se também o teste de médias por meio do teste de Tukey
a 5% de probabilidade. Elaboraram-se gráficos com a evolução do florescimento de
cada tratamento em função do tempo. Conclui-se que o uso da enxertia em Ipomoea
setosa foi o método de indução mais eficaz, influenciando diretamente no alto número
de flores por planta.
181
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
A cultura da batata-doce (Ipomoea batatas L.) tem origem nas Américas Central
e do Sul, sendo encontrada do México até a Colômbia. Há relatos de que seu uso tem
mais de 10 mil anos.
No Brasil, a batata-doce é uma planta muito popular e cultivada por todo o territó-
rio. É uma planta rústica e de fácil adaptação e cultivo. É uma hortaliça tuberosa de grande
produtividade e baixo custo e produção.
Segundo dados do Centro Internacional de Batata (CIP), a batata-doce produz mais
energia comestível por hectare por dia do que arroz, mandioca e trigo. São boas fontes de
carboidratos, fibras e micronutrientes. As folhas e brotos, que também são comestíveis, são
boas fontes de vitaminas A, C e B.
Apesar do nome, a batata-doce não está relacionada com a batata. É uma raiz, não
um tubérculo, e pertence à família da morning-glory. E existem variedades com uma ampla
gama de cor de pele e de carne, de branco a amarelo-laranja e roxo escuro (CIP).
Segundo o IBGE, em 2016, o Brasil plantou cerca de 50.000 hectares de batata-doce,
sendo as regiões que mais plantaram Nordeste e Sul, totalizando mais de 72% de toda a
área plantada do país. Porém, em toneladas por hectare, as regiões mais produtoras são
Sudeste (~18t) e Centro-Oeste (~29t).
A batata doce é uma cultura que apresenta uma boa perspectiva de abrangência de
mercado, tendo sua maior parcela de produção a nível nacional, proveniente da agricultora
familiar. E grande parte do seu cultivo ainda é feito de forma empírica onde fica evidencia-
da a carência de orientação profissional do conhecimento técnico-científico até o agricul-
tor (SILVA, 2010).
Devido à dificuldade de se obter sementes tendo em vista que alguns acessos possuem
dificuldade de floração, o plantio da cultura é feito por meio de ramas.
Segundo SILVA (2004), as sementes botânicas de batata-doce não têm importância
para produção comercial, mas são de grande importância para a manutenção de germo-
plasma e para as pesquisas que visam à obtenção de novas variedades.
Técnicas como anelamento, enxertia, altas doses de potássio e fósforo e aplicação de
reguladores de crescimento podem ser uteis para induzir a floração.
Sabendo dessa dificuldade de floração da batata-doce, objetivou avaliar diferentes méto-
dos visando à floração da batata-doce, e assim, se obter uma técnica para induzir a floração.
182
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
MATERIAL E MÉTODOS
1. Anelamento;
2. Adubação com P e K;
3. Enxertia em plantas de Ipomea nil;
4. Enxertia em plantas de Ipomea setosa;
5. Aplicação de Giberilina;
6. Testemunha
Germinação e Transplante
183
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 4. Transplantio das ramas.
Os vasos foram levados para estufa e colocados sobre a bancada com irri-
gação por gotejo.
A semeadura das plantas de setosa foi realizada no dia 23/08/2018. E os vasos foram
colocados junto aos outros sobre a bancada (Figura 5).
Durante todo período de avaliações foram feitas capinas manuais nos vasos para re-
tirada de plantas invasoras.
184
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Tratamentos
Anelamento
Fez-se um corte de dois terços do caule da planta próximo ao solo (Figura 7).
185
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Adubação
186
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 9. Corte da planta de I. nil na base (a), Enxertia de rama de batata doce (b), Aplicação do plástico transparente
(c), Planta enxertada (d).
187
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 10. Rama enxertada (a), Planta envolta por plástico transparente (b).
Testemunha
Nos vasos testemunha não foi feito tratamento algum, apenas exposição dos mesmos
às mesmas condições de água e luz dos outros vasos.
188
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Avaliação das plantas
A partir do dia da aplicação dos tratamentos foi feito um acompanhamento diário das
plantas, visando analisar quantidade de flores e também possíveis modificações causadas
pelos tratamentos.
As plantas começaram a liberar os botões florais no dia 11/11/2018.
Para que não houvesse recontagem das flores, a cada contagem amarrou-se barbantes
nas flores (Figura 12).
Figura 12. Flor da batata-doce (a), utilização de barbantes para auxiliar na contagem das flores (b).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verifica-se pela Tabela 1, com base nos resultados que houve efeito significativo en-
tre os tratamentos.
189
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Tabela 1. Quadro de Analise de Variância contendo seis tratamentos e oito blocos. Variável analisada: Flor. Dados
transformados.
FV GL FC PR>FC
Tratamento 5 27,945 0,000
Repetição 7 0,938 0,4903
Erro 35
Total 47
CV (%) 54.89
*Dados transformados: √y + 0,5 – SRQT (y + 0,5).
Tabela 2. Dados transformados da média do número de flores em função de Adubação, Anelamento, Hormônio, Ipomoea
nil, Ipomoea setosa, testemunha.
Tratamentos Médias Resultado do teste
Adubação 0,7071 C
Hormônio 0,9173 C
Testemunha 1,1773 C
Anelamento 1,8212 C
Ipomoea nil 6,5456 B
Ipomoea setosa 8,4753 A
*Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. Dados transformados por SM √x+0,5.
A maior floração das plantas enxertadas em I. setosa pode ter se dado devido a
uma melhor adaptação do porta enxerto ao fotoperiodo, as altas temperaturas da região e
também a menor suscetibilidade do mesmo a viroses que poderiam levar à morte da plan-
ta (ALVES, 2008).
Observa-se no Gráfico 1, representado pelo aparecimento do número de flores totais
diárias de cada tratamento. Tem-se que em um período de 32 dias a floração chegou ao
seu ápice nos primeiros dez dias, depois sofreu uma queda. Analisa-se que a enxertia em
Ipomoea setosa teve uma resposta superior aos outros métodos de indução durante todo o
período, tendo no momento de ápice de floração 49 flores, no dia 19 de novembro.
190
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Gráfico 1. Número de flores de batata-doce por dia.
191
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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no município de Presidente Prudente - SP. Energia na Agricultura, v.20, p.94-117, 2005.
193
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
14
Comportamento da cultura do
tomate (Solanum lycopersicum var.
Cerasiforme) sob doses crescentes de
cálcio e interação com o boro
10.37885/210504627
RESUMO
Objetivo: O objetivo desse trabalho foi avaliar a influência da adição de boro na resposta
do tomateiro às doses crescentes de cálcio em ambiente protegido, e identificar a influên-
cia da interação entre Boro e Cálcio sobre o crescimento da parte aérea e radicular e sobre
os componentes da produção do tomate cereja, na região oeste da Bahia. Resultados:
Verificou para altura das plantas, diâmetro do caule e número de folhas que o efeito dos
tratamentos com e sem boro foram semelhantes durante os estádios de desenvolvimento.
Para o número de frutos, mediante a análise estatística, verificou-se efeito significativo
para o cálcio e interação das doses de cálcio mais boro. Conclusão: A adubação com
Cálcio proporcionou maior produção e número de frutos por planta, e em interação com
o Boro, produziu frutos com maiores diâmetros, ajustada a dose de 160,23 Kg/ha-1 de
Cálcio para o melhor benefício nas características produtivas do tomate cereja. E efeito
depressivo na produtividade de frutos, com a dose de 12,5 Kg/ha-1 do micronutriente,
evidenciando a sensibilidade do tomate ao teor de boro. Em relação ao sistema radicular,
houve maiores valores de massa seca das raízes, para a adubação com cálcio.
195
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
Entre as olerícolas, o tomate se destaca como uma das principais hortaliças cultivadas
em ambiente protegido, e de maior importância econômica no Brasil, pelo significativo con-
sumo tanto in natura como industrial. Entretanto, a pesquisa brasileira na área de nutrição e
adubação mineral neste sistema de cultivo ainda é escassa, enfrentando desafios na nutrição
de hortaliças, relacionado a geração de informação sobre nutrição destas (FURLANI, 2010).
O cálcio é um dos nutrientes essenciais de maior importância para o crescimento e
produtividade das olerícolas. Diversas pesquisas têm mostrado um melhor desenvolvimen-
to e produtividade da cultura do tomate em função da aplicação de cálcio e boro de forma
quinzenal ao invés da aplicação semanal (ZAMBAN, 2014), além disso, as pesquisas con-
cluem que o aumento das doses de boro até 4g por cova, incrementou a produtividade e o
número de frutos por planta.
Desse modo, objetivou-se avaliar a influência da adição de boro na resposta do to-
mateiro às doses crescentes de cálcio em ambiente protegido, e identificar a influência da
interação entre Boro e Cálcio sobre o crescimento da parte aérea e radicular e sobre os
componentes da produção do tomate cereja, na região oeste da Bahia.
MÉTODO
Variáveis
Análises Estatísticas
Os dados das variáveis avaliadas foram submetidos à análise de variância pelo tes-
te F a 5% de probabilidade, e análise de regressão polinomial linear e quadrática para o fator
Cálcio e teste de média Tukey (p<0,05), para o fator Boro, utilizando o software estatístico
SISVAR (FERREIRA, 2008).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Condizendo com (GONDIM, 2009), que também verificou para altura das plantas,
diâmetro do caule e número de folhas que o efeito dos tratamentos com e sem boro foram
semelhantes durante os estádios de desenvolvimento, embora a omissão de boro na solução
nutritiva apresentou menor altura (4%), diâmetro do caule (11%) e número de folhas (13%)
em relação ao tratamento com boro.
197
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Tabela 1.Teste de Tukey para o desdobramento de Boro dentro de Cálcio, para a Altura de planta aos 90 DAT e Número
de Folhas aos 60 DAT e 90 DAT, no tomate Cereja.
*Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Gráfico 1. Número de frutos por planta, em função das doses crescentes de cálcio, no tomate cereja.
Gráfico 2:.Produtividade do tomate cereja, em função das doses crescentes de cálcio (A) e desdobramento de Cálcio
dentro de Boro 0 Kg/ha-1 (B).
CONCLUSÃO
A adubação com Cálcio proporcionou maior produção e número de frutos por planta;
A interação do Cálcio com o Boro, produziu frutos com maiores diâmetros, ajustada a
dose de 160,23 Kg/ha–1.
A dose de 12,5 Kg/ha–1 de Boro causou efeito depressivo na produtividade de frutos,
evidenciando a sensibilidade do tomate ao teor de boro.
A adubação com Cálcio favoreceu o aumento da matéria seca do sistema ra-
dicular da planta.
REFERÊNCIAS
1. ÁLVARES, C. A. et AL. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische
Zeitschrift. 2014; 22:711– 728.
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v.24, n.219, p.109-120, 2003.
199
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
15
Disponibilidade de P no solo regula
a tolerância de corda-de-viola ao
glyphosate
10.37885/210504653
RESUMO
Palavras-chave: Acúmulo de nutrientes, Ipomoea grandifolia, fósforo, plantas daninhas, Roundup WG.
201
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
202
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
MÉTODO
Tabela 1. Resultado das análises químicas do solo, após 150 dias em contato com o adubo fosfatado, Jaboticabal – SP, 2019.
203
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
de herbicida), onde 0 (zero) corresponde à ausência intoxicação e 100 (cem), morte da
planta (Frans, 1972).
Aos 28 DAA as plantas foram coletadas, lavados com água deionizada, armazenadas
e identificadas em sacos de papel, acondicionados em estufa de circulação forçada de ar a
70±2 °C por 72h, para determinação da matéria seca (g). Uma vez pesada, o material seco
foi moído em um micro moinho tipo Wiley (Marconi, TE-840, Brasil) equipado com peneira
(malha 60 mesh), e armazenada em sacos de papel para determinar os teores de fósforo
(P), enxofre (S), potássio (K), magnésio (Mg) e cálcio (Ca).
A determinação dos teores de P, S, K, Mg e Ca foi determinada por digestão nitroper-
clórica. Após a digestão, o teor de P foi determinado pelo método colorimétrico do ácido
fosfovanadato-molibdico (Sarruge; Haag, 1974); os teores de K, Mg e Ca foram determinados
por espectrofotometria de absorção atômica (Jorgensen, 1977); e o teor de S foi determinado
pelo método turbidimétrico (Vitti, 1989). Os dados de acúmulos dos macronutrientes para cada
uma das partes da planta foram determinados multiplicando-se os teores dos macronutrientes
pela massa seca correspondente. Enquanto que a eficiência de utilização (coeficiente de
utilização biológica) foi determinado multiplicando a matéria seca correspondente elevado
ao quadrado e dividido pelo acúmulo de nutrientes correspondente (Siddiqi; Glass, 1981).
Todos os dados foram submetidos aos testes de normalidade (Shapiro-Wilk), homo-
geneidade (Levene) e posteriormente submetido à análise de variância (Teste F). Quando
significativo (P<0,05), as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabili-
dade, utilizando os softwares AgroEstat 1.1.0.712® e Statistix 9.0®. A análise de regressão
foi realizada quando os fatores isolados foram significativos, usando o software SigmaPlot
10.0® (Systat Software, Inc., San Jose, EUA, www.systatsoftware.com). A escolha dos mo-
delos foi baseada na sua significância e no coeficiente de determinação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1. Porcentagem de controle de Ipomoea grandifolia em relação aos teores de P no solo (14 e 180 mg dm–3 de P)
e as doses de glyphosate (0, 1080 e 1800 g e.a. ha–1) aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação do herbicida.
Fonte: os autores.
Figura 2. Valores médios do acúmulo de nutrientes (mg planta–1) da parte aérea de Ipomoea grandifolia em relação
aos teores de P no solo (14 e 180 mg dm–3 de P) e as doses de glyphosate (0, 1080 e 1800 g e.a. ha–1) aos 28 dias após a
aplicação do herbicida. A) Fósforo. B) Potássio. C) Cálcio. D) Enxofre. E) Magnésio. Para cada nutriente, letras minúsculas
iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. ꓔ Barras verticais indicam o desvio padrão (n=7).
Fonte: os autores.
206
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 3. Valores médios da eficiência da utilização de nutrientes (g²g–1) da parte aérea de Ipomoea grandifolia em relação
aos teores de P no solo (14 e 180 mg dm–3 de P) e as doses de glyphosate (0, 1080 e 1800 g e.a. ha–1) aos 28 dias após a
aplicação do herbicida. A) Fósforo. B) Potássio. C) Cálcio. D) Enxofre. E) Magnésio. Para cada nutriente, letras minúsculas
iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. Barras verticais indicam o desvio padrão (n=7).
Fonte: os autores.
207
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTO
REFERÊNCIAS
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Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
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209
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
16
Resposta da Brachiaria brizantha
cv. Marandu em diferentes fontes de
calcários submetidos a crescentes
doses de magnésio
Rogério Fontana
UNEB
10.37885/210504806
RESUMO
Objetivo: O objetivo dessa pesquisa foi avaliar o efeito da adição de sulfato de mag-
nésio em um solo virgem de cerrado, corrigido com dois tipos de calcário (calcitico e
dolomitico) cultivado com Brachiaria brizantha cv. Marandu. Bem como, determinar a
melhor dose de sulfato de magnésio em complementação a esses calcários. Resultados:
Para as variáveis diâmetro de colmo, massa verde e massa seca a utilização do calcá-
rio calcítico se apresentou mais significativo que o dolomítico, o mesmo foi observado
quanto ao fator doses dentro destas variáveis. Quanto ao diâmetro de colmo e altura da
planta, ambos os tratamentos não apresentaram diferença signigicativa pelo teste uti-
lizado. Conclusão: A correção da acidez é melhor expressa quando utiliza-se calcário
calcítico. A utilização do calcário calcítico com a complementação de Mg pode ser uma
alternativa tecnicamente viável quando os custos de aquisição e transporte do calcário
dolomítico forem muito elevados.
211
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
O Brasil se destaca por ser o maior produtor comercial de bovinos do mundo, sendo
que, a maioria do rebanho se alimenta de pastagens, que é a principal fonte de alimento e
de menor custo. Isso fez com que a carne brasileira e subprodutos ganhassem um grande
destaque nas exportações obtendo assim destaque no comercio nacional e internacional
sendo conhecido como “boi verde” (BENETT et al, 2008). Segundo Moraes et al. (2006), o
pasto constitui a base de sustentação da pecuária de corte brasileira. Devido a maior pro-
dução se situar em áreas de pastagens, esse agroecossistema necessita de cuidados para
que a qualidade e a quantidade desse alimento torne a pecuária um agronegócio rentável.
O Oeste da Bahia é predominado por grande parte do bioma cerrado, que constitui
a “fronteira agrícola”, ocupada na década de 80 com o cultivo da soja segundo um padrão
tecnológico moderno, que influenciou positivamente a pecuária, sendo atividade tradicional
na região (AGROPEC-BA 2017). Sua produção de forragens apresenta uma marcante esta-
cionalidade, sendo esse o principal fator de restrição na exploração da produção pecuária,
durante o ano ocorrem períodos alternados onde há alta e baixa produção de forragem, e
essa é uma das características das gramíneas de clima tropical que conflitam com o bene-
fício do alto potencial de produção de matéria seca por área.
A espécie do gênero Brachiaria brizantha cv. marandu é uma planta recomendada
como alternativa para os cerrados de média a boa fertilidade em face de alta produção de
forragem, persistência, boa capacidade de rebrota, tolerância ao frio, seca, ao fogo e re-
sistência ao ataque das cigarrinhas-das-pastagens, respondendo muito bem à adubação e
apresentando boa tolerância a altos teores de alumínio e manganês no solo (ALCÂNTARA
& BUFARAH, 2016).
Atualmente mais da metade das áreas de pastagens encontra-se nos estados do Brasil
Central, cujos solos ácidos, pobres em fósforo, cálcio, magnésio, zinco, enxofre, nitrogênio,
potássio, cobre, boro, matéria orgânica e com níveis tóxicos de alumínio e manganês sujeitas
características dos solos do cerrado (AGUIAR et al, 2017).
O problema de desequilíbrio do magnésio com o potássio tem sido muito frequente,
associado ao uso de doses constantes e elevadas de adubo potássico, sem aplicação de
fonte de Mg (MATIELLO et al, 2017). A baixa fertilidade e disponibilidade de nutrientes na
exploração da pastagem é seguramente um dos principais fatores que interfere tanto ao ní-
vel de produtividade como na qualidade da forrageira. Assim, o fornecimento dos nutrientes
em adequadas quantidades e proporção assumem importância fundamental no processo
produtivo das gramíneas (Benett et al.2008). Desse modo o solo do cerrado confere limita-
ções para a produção agrícola, seja na produção de grãos seja nas forrageiras. Em função
212
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
dos altos teores de alumínio trocável e os baixos teores de cálcio e de magnésio a uma
demandam na utilização de corretivos da acidez do solo, como os calcários.
As deficiências de magnésio estão associadas a solos ácidos (sem calagem) ou em
situações que provocam desequilíbrio, como excesso de adubação potássica ou o uso de cal-
cário calcítico ou com baixos teores de magnésio (MARTINS, 2017). Isso pode ocorrer quando
forem aplicados insumos, em altas doses, que não contenham Mg, mas sim Ca ou K, como
é o caso do gesso e do KCl, respectivamente devido às perdas por lixiviação. Porém nem
sempre os produtores têm disponibilidade de fontes próximas desse insumo, que forneçam
uma proporção de cálcio e magnésio ideal ao desenvolvimento das culturas, normalmente
como ocorre nos calcário calcítico dolomítico e magnesiano. Isso pode resultar em maiores
custos com transporte de calcários dolomítico ou em relações Ca/Mg no solo desfavoráveis
ao crescimento vegetal, devido ao uso de calcário calcítico.
Segundo Mattos 2001, as pastagens no país em razão do manejo inadequado e da au-
sência da reposição de nutrientes no solo, parte dessas pastagens encontra-se em processo
de degradação ou já estão degradadas. Existem poucos registros a respeito da adubação
com fontes de magnésio, sendo que a aplicação é feita durante a calagem, os calcários é a
principal fonte para suprir sua deficiência que que possuem níveis variáveis desse elemento
para enriquecimento do solo.
Diante do exposto, objetivou-se com essa pesquisa avaliar o efeito da adição de sulfato
de magnésio em um solo virgem de cerrado, corrigido com dois tipos de calcário (calcitico e
dolomitico) cultivado com Brachiaria brizantha cv. Marandu. Bem como, determinar a melhor
dose de sulfato de magnésio em complementação a esses calcários.
MATÉRIAS E MÉTODOS
Local do Experimento
213
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 01. Município de Baianópolis-Bahia. Figura 02. Localização Fazenda Santo Antônio, Baianópolis-
Bahia.
Montagem do Experimento
(Eq.01)
214
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
de base desejada 50%, com doses de 2,51 ton/há para calcário calcítico e 2,81 ton/há para
calcário dolomítico.
As doses de calcário calcítico e dolomítico e as doses de magnésio 0 kg/ha,100 kg/
ha, 200 kg/ha, 300 kg/há foram compostas da fonte sulfato magnésio, sendo incorporadas
manualmente ao solo com auxilia de par e enxada 10 aos dias antes do plantio. A aduba-
ção foi realizada 10 após a semeadura na formução NPK, adicionou 220 kg ha‑1 (fórmula
4–14–8), contendo 8,8 kg ha‑1 de N, 30,8 kg ha‑1 P2O5 e 17,6 kg ha‑1 K2O, com base nas
características químicas do solo e considerando a produtividade máxima esperada (RAIJ &
CANTARELLA, 1997).
As sementes de braquiária foi semeadas em vasos individuais, obtendo uma pureza
de 60%, foram escolhida em cada amostra 5 (cinco) sementes mais vigorosas para cada
vaso constituindo 32 unidades experimentais. Para o bom início da formação de uma pas-
tagem é necessário que se obtenham 35 - 40 plantas/m² no caso dos capins B. brizantão,
decumbens e humidícola (EMBRAPA, 2001), obtendo uma área de 0,0283 m²/planta. Após
o plantio as sementes iniciou a germinação aproximadamente aos 15 dias, logo após os
10 dias da germinação período em que as plantas estiverem com dois pares de folhas bem
definitivas, foi realizada a repicagem, considerando a mais vigorosa para cada unidade
experimental. Os recipientes utilizados serão vasos de polietileno preto medindo 20 cm x
19 cm, com furos na base, possuindo área de 0,0283 m², e capacidade para receber 56.6
cm³ volume de solo.
O experimento foi distribuído em delineamento experimental inteiramente casualisado
(DIC) com oito tratamentos e quatro repetições, cada repetição foi composta por uma planta
para constituir a unidade experimental.
Os tratamentos foram percentuais (base peso) representadas por doses de calcário
calcítico + doses crescentes de magnésio e doses de calcário dolomítico + doses crescentes
de magnésio apresentados na Tabela 1.
Tratamentos Descrição
T1 Calcário calcítico + 0 Kg/ha de Magnésio (0 kg/ha de SoMg4)
T2 Calcário calcítico + 100 kg/ha de Magnésio (496 kg/ha de SoMg4)
T3 Calcário calcítico + 200 kg/ha de Magnésio (992 kg/ha de SoMg4)
T4 Calcário calcítico + 300 kg/ha de Magnésio (1488 kg/ha de SoMg4)
T5 Calcário dolomítico + 0 kg/ha de Magnésio (0 kg/ha de SoMg4)
T6 Calcário dolomítico + 100 kg/ha de Magnésio (496 kg/ha de SoMg4)
T7 Calcário dolomítico + 200 kg/ha de Magnésio (992 kg/ha de SoMg4)
T8 Calcário dolomítico + 300 kg/ha de Magnésio (1488 kg/ha de SoMg4)
215
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Condução do Experimento
Variáveis Avaliadas
Aos 60 dias após o plantio, houve um corte na altura de 5 cm acima do solo, feita em
todas as plantas, as variáveis a serem analisadas serão: diâmetro de colmo, número de
perfilho, altura da planta, massa verde e massa seca.
O material coletado foi conduzido para o laboratório da Universidade do Estado da
Bahia, Campus IX, localizado na cidade de Barreiras, BA onde ocorreu as analises.
• Altura de planta
• Número de perfilho
A contagem de perfilhos foi realizada com auxilio de um fio colorido, feita visualmente
à coleta dos perfilhos contidos em cada tratamento.
• Diâmetro de colmo
• Matéria fresca
216
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
A determinação será através de toda parte vegetativa da planta, feito o corte a 5 cm
acima da base do solo contando: folhas, colmos. Estes consistem em serem adicionados em
sacos de papel, para evitar perda de umidade, assim será encaminhada para o laboratório
e pesados em balança eletrônica para obtenção da massa úmida.
• Matéria seca
Cada parcela será coletada amostras, e através do método direto, o qual se baseia na
secagem das amostras em estufa de circulação forçada de ar, a temperatura de 75 C° du-
rante 72 horas, tendo-se o cuidado de proceder à pesagem das amostras em sacos de pa-
pel imediatamente após ser retirada da estufa após o equilíbrio do seu peso. Este método
fornece uma boa aproximação da matéria seca total.
O experimento foi composto por um fatorial 2x4 com quatro repetições, sendo dois tipos
de calcários (calcítico e dolomítico) e 4 doses de Magnésio: 0, 100, 200, 300 Kg/há sendo
a fonte (sulfato de Magnesio), distribuído em delineamento inteiramente casualizado (DIC),
cada repetição contará com uma planta, constituindo 32 unidades experimentais.
Os dados depois de serem tabulados serão submetidos à análise de variância e teste
de Tukey, o fator qualitativo será os (calcários), e análise de regressão para fator quantitativo
(doses de Magnésio).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como pode ser observado nos valores de probabilidade de signifcância dos fatores
de variação calcário e doses de magnésio para as variáveis estudadas, (Tabela 1) o fator
calcário foi significativo nas alterações dos dados de diâmetro de colmo, massa verde e
massa seca. O fator dose de magnésio foi significativo para numero de perfilhos, massa
verde e massa seca. Quanto a interação para valores citados, ocorreu somente para variável
diâmetro de colmo, logo os fatores foram discutidos isoladamente.
Tabela 1. Resumo da ANOVA com os valores de probabilidade de significância das variáveis analisadas.
217
Ns não significativo (p >= .05)
Figura 1. Valores de número de perfilhos em função da interação fatores calcários e fatores doses de magnésio.
Analisando a tabela fator quantitativo dose houve interação com fator qualitativo cal-
cário ajustando-se a melhor dose 100 kg/ha de Mg para calcítico e 200 kg/ha de Mg para
dolomítico . Esse resultado confirma influência do magnésio para o aumento de diâmetro de
colmo em B. brizantha. Ao comparar o Hernandez,R.J.Munoz & Silveira,R.I. verificaram, em
pesquisa com milho, que uma relação Ca/Mg acima de 3:1 ocasionou diminuição na produção
de diâmetro,em virtude do antagonismo do cálcio na absorção do magnésio. A uma relação
próxima aos estudos de Bear e Toth (1948), resultados semelhantes nas plantas de milho.
Número de perfilhos
218
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 1. Valores de número de perfilhos do capim Brachiaria brizantha cv. em função da adição de doses de magnésio
e de calcário calcítico(A) e calcário dolomítico (B).
O fator dose foi significativo havendo aumento linear em função do acréscimo das
doses de Mg. Para as doses de magnésio em função do número de perfilhos foi utilizado
equação linear. Houve um maior resultado de numero de perfilhos no calcário calcítico em
comparação ao dolomitico obtendo valor 8,75 (g/vaso) na dose de 300kg de Mg/ha e 7,0
(g/vaso) na dose de 300 kg de Mg/ha, isso pode estar relacionado com o equilíbrio com o
aumento de magnésio no solo, a medida que se eleva a quantidade ocorre um aumento de
perfilhos. Fortes et, al (2008), em seus estudos demostra o aumento no número de perfilhos,
observou-se influência da interação gramínea x saturação por bases.
Figura 2. Valores de número de perfilhos do capim Brachiaria brizantha cv. em função da adição de doses de magnésio
e de calcário calcítico(A) e calcário dolomítico (B).
Altura de planta.
Avaliando os resultados foi possível observar que não ouve diferença significativas
nos valores obtidos pelos diferentes tipos de calcário calcítico 28,59 a e 29,39 a em função
da altura de planta.
219
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 1. Valores de altura de planta do capim Brachiaria brizantha cv. em função da adição de doses de magnésio e de
calcário calcítico(1) e calcário dolomítico (2).
O fator dose de magnésio não foi significativo havendo um descréscimo linear em fun-
ção do acréscimo de magnésio. Para as doses de magnésio em função da altura a equação
mais ajustada foi logarítima.
Figura 2. Valores altura de planta do capim Brachiaria brizantha cv. em função da adição de doses de magnésio e de
calcário calcítico(A) e calcário dolomítico (B).
Massa verde
Figura 1. Valores de massa verde do capim Brachiaria brizantha cv. em função da adição de doses de magnésio e de
calcário calcítico(A) e calcário dolomítico (B).
Figura 2. Valores de massa verde de colmos do capim Brachiaria brizantha cv. em função da adição de doses de magnésio
e de calcário calcítico(A) e calcário dolomítico (B).
O fator dose para massa verde foi significativo havendo aumento linear em função
do acréscimo das doses de Mg. Para as doses de magnésio em função do crescimento de
massa verde foi obtido uma equação linear. Teve um maior resultado de massa verde no
calcário calcítico em relação ao dolomitico ,valores 58,44 (g/vaso) na dose de 300 de Mg kg/
ha, isso pode estar relacionado com o equilíbrio de magnésio no solo, a medida que se ele-
va a quantidade de cálcio indisponiliza a absorção de magnésio, a grande importância de
221
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
se complementar calcário calcitico. Segundo Moreira, adição de Mg é importante por haver
uma competição entre as bases pelos sítios de adsorção no solo, o que pode afetar o de-
senvolvimento das plantas. Valores obtidos para a produção de massa verde 20, 650 para
300 kg/ha de Mg e 13.329 kg/ha Mg significativo aos estudos de de Cunha (1984) resultados
semelhantes a crescentes resposta da B. brizantha cv. marandu
Massa seca
Figura 1. Valores de massa seca do capim Brachiaria brizantha cv. em função da adição de doses de magnésio e de calcário
calcítico(A) e calcário dolomítico (B).
O fator dose de magnesio foi significativo havendo aumento linear em função do acrés-
cimo. Para as doses de magnésio em função do crescimento de massa seca foi equação
linear. Houve um maior resultado de massa seca no calcário calcítico 9,90 (g/vaso) na dose
de 300 de Mg kg/ha comparado ao dolomitico 5,83 (g/vaso) na dose de 300 de Mg kg/ha,
isso pode estar relacionado com o equilíbrio entre Ca:Mg no solo, a medida que se eleva
a quantidade de cálcio indisponiliza a absorção de magnésio, a grande importância de se
complementar calcário calcitico. Segundo Moreira, a relação Ca:Mg é importante por haver
222
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
uma competição entre cálcio e magnésio pelos sítios de adsorção no solo (MOREIRA et al.,
1999), o que pode afetar o desenvolvimento das plantas. Segundo Pupo (2002) em seus
estudos afirma que a braquiária Brizanta cresce com relativa rapidez, proporcionando uma
produção 4,4 toneladas de massa seca por hectare/ano. Sendo que o maior valor encontrado
para a braquiária produção de massa seca foi de 3,500 ton/ha para calcário calcitico e 2.650
ton/há calcário dolomítico aos 60 dias, valor significativo para os que foram encontrados em
relação aos 60 dias.
Figura 10. Valores de massa seca do capim Brachiaria brizantha cv. em função da adição de doses de magnésio e de
calcário calcítico(A) e calcário dolomítico (B).
CONCLUSÃO
A complementação com Mg sobre o desenvolvimento vegetal pode ser feita com ambos
os tipos de corretivos.
A correção da acidez é melhor expressa quando se utiliza calcário calcítico.
A utilização do calcário calcítico com a complementação de Mg pode ser uma alterna-
tiva tecnicamente viável quando os custos de aquisição e transporte do calcário dolomítico
forem muito elevados.
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70542008000100038.
225
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
17
Caracterização morfoagronômica de
feijões de grãos especiais
Heloísa Schmitz
IFRS
10.37885/210504590
RESUMO
227
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
MÉTODO
Esta pesquisa foi conduzida na safra 2019/20 em ambiente protegido na área agrícola
do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), no
município de Ibirubá, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil (latitude 28º39’16,16’’ S, longitu-
de 53’06’46,42’’ O e 457 m de altitude). O clima segundo Köppen & Geiger é classificado
como Cfa (subtropical úmido), com precipitações bem distribuídas ao longo do ano e esta-
ções bem definidas.
Foram selecionados nove genótipos de feijões pertencentes à coleção, cuja caracteri-
zação ainda é desconhecida e tão pouco se sabe do potencial produtivo e de inserção em
futuros programas de melhoramento genético. A testemunha utilizada foi a variedade de
feijão IPR Tuiuiú, pertencente ao grupo dos feijões pretos.
O quadro 1 apresenta a denominação dos genótipos e as respectivas características
predominantes no tegumento dos grãos.
229
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Quadro 1. Denominação popular dos genótipos e coloração predominante no tegumento dos grãos.
230
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
foi aplicado inseticida piretróide Cipermetrina, sempre que observado danos nas plantas,
conforme a recomendação de dosagem para cultivares comuns de feijão.
A colheita foi realizada de forma manual em estádio fenológico R9 em plantas indi-
viduais. As análises morfoagronômicas foram realizadas sempre pelo mesmo avaliador e
ocorreram nos estádios de plântula, floração, maturação fisiológica, maturação de colhei-
ta e pós-colheita.
Os genótipos foram caracterizados a partir de descritores morfoagronômicos quanti-
tativos e qualitativos, escolhidos de acordo com os requisitos mínimos estabelecidos pelo
Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para determinação do valor
de cultivo e uso do feijão para a Inscrição no Registro Nacional de Cultivares (RNC) e de
acordo com os Descritores Mínimos Indicados para Caracterizar Cultivares/Variedades de
Feijão Comum (Phaseolus vulgaris L.) determinados pela Embrapa. Dentre os qualitativos
foram avaliados: cor da flor, cor da asa, cor do estandarte, hábito de crescimento, porte,
tipo de planta. Já para os quantitativos, avaliou-se a emergência, número médio de dias da
emergência ao florescimento, número médio de dias da emergência à maturação fisiológica,
número médio de dias da emergência à maturação colheita, o número médio de vagens por
planta, número médio de grãos por vagem, comprimento médio da vagem, grau de achata-
mento, forma da semente e a massa de 100 grãos.
A caracterização tecnológica dos grãos de feijão foi efetuada com a utilização do
Cozedor de Mattson, seguindo a metodologia descrita por Proctor e Watts (1987). Foram
realizadas três repetições por tratamento, colocando as sementes de molho em água por 8
horas antes de iniciar a cocção. Após este período, foram dispostas 25 sementes sob cada
pino do equipamento e em seguida, o mesmo foi imerso com a amostra em 3 litros de água
em ebulição, em uma panela sobre fogão doméstico. À medida em que ocorre o cozimento
cada pino do equipamento atravessa um grão. Por fim, a leitura dos dados foi obtida ma-
nualmente, através da avaliação da queda das hastes, que se iniciou logo após a fervura
e cessou quando houve o perfuramento dos grãos, considerando a queda da metade mais
um do número de hastes do instrumento. Além disso, a contagem do tempo de cozimento
foi realizada visualmente com auxílio de cronômetro (OLIVEIRA et al., 2015).
231
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 1. Representação da metodologia para o cozimento das sementes: A) Imersão das sementes em água durante
8 horas antes da cocção. B) Comparativo entre semente antes e após embebição em água. C) Cozedor de Mattson. D)
Panela contendo 3 litros de água em ebulição. E) Sementes dispostas sob os 25 pinos do equipamento. F) Equipamento
durante cozimento em panela sobre fogão doméstico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
232
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 2. Florações dos diferentes genótipos.
Como pode ser observado no quadro 2, a respeito da cor da asa e cor do estandarte,
os genótipos Feijão Arroz Vermelho, Feijão Azuki e Feijão Arroz Amarelo apresentaram
coloração amarela. Já dentre os demais genótipos, tanto para os caracteres cor da asa e
cor do estandarte, predominou a coloração branca com 40% das flores brancas. A cor da
flor é uma característica bastante útil para diferenciar os genótipos e pode ser expressa em
qualquer ambiente (CAMINHA et al., 2015).
Por sua vez, os hábitos de crescimento existentes em feijoeiro são classificados entre
determinado e indeterminado. Já o porte da planta vai desde plantas eretas, semi-prostra-
das ou trepadoras. O porte é um dos caracteres mais importantes da planta, sendo que,
no feijoeiro, o porte ereto apresenta vantagens, como menor acamamento, o que facilita os
tratos culturais, a colheita mecanizada, vindo a reduzir perdas na colheita.
Para a característica tipo de planta, observou-se que 40% dos genótipos foram clas-
sificados como tipo III. O ancestral comum do feijão apresentava hábito indeterminado e
trepador, já o feijão cultivado atualmente, apresenta diversas variações em relação ao há-
bito de crescimento (PINHEIRO, 2015). As cultivares que possuem hábito de crescimento
determinado do tipo I apresentaram maturação uniforme. Já as cultivares de hábitos inde-
terminados, dos tipos II, III e IV, apresentaram maturação é desuniforme, o que, de acordo
com Portes (1984), irá ocasionar maiores perdas na colheita.
233
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Quadro 2. Avaliação de uniformidade na coloração da flor (CF), cor da asa da flor (CAF), cor do estandarte da flor (CEF),
hábito de crescimento (HC), porte de planta (PP) e tipo de planta (TP). Ibirubá – RS, 2020.
234
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Tabela 1. Emergência (EM), número médio de dias da emergência ao florescimento (NDEF), número médio de dias da
emergência a maturação fisiológica (NDEMF), número médio de dias da emergência à maturação de colheita (NDEMC).
Ibirubá – RS, 2020.
O número de vagens por plantas, o número de grãos por vagem e a massa de grãos
estão ligados à produtividade, por isso são variáveis consideradas importantes na seleção
de genótipos produtivos. Os caracteres número médio de vagens por planta (NVP), número
médio de grãos por vagem (NGV), comprimento médio da vagem (CMV) e massa de cem
grãos (MCG) estão especificados na Tabela 2.
Com relação ao número de vagens por planta, o Feijão Arroz Amarelo (T5) se mostrou
estatisticamente superior aos demais genótipos, com mais de 35 vagens. Já o genótipo com
menor número de vagens foi o Feijão Baraço com apenas 4,5 legumes por planta.
O número de grãos por vagem variou de 2,58 (Feijão Trepador) a 8,41 (Feijão Azuki).
Além disso, o Feijão Arroz Vermelho (T2), Arroz Amarelo (T5) e Baraço (T9) não diferiram
estatisticamente da testemunha IPR Tuiuiú. No trabalho de Ribeiro et al. (2014), os valores
médios variaram de 2,2 a 6,7 dentre as linhagens de grãos especiais avaliadas, verificando
que os caracteres número de vagens por planta e número de grãos por vagem foram os que
apresentaram maior efeito direto positivo com a produtividade de grãos.
Os resultados encontrados para a característica comprimento de vagem revelaram
diferença estatística formando 6 grupos, dentre os 10 genótipos avaliados. O genótipo que
apresentou maior comprimento de vagem obteve média de 20,63 cm, uma das principais
características que diferencia o Feijão Baraço dos demais. Para o genótipo de menor valor,
a média ficou com 6,50 cm, para o Feijão Trepador. Os genótipos Arroz Amarelo, Militar
e Guabiju Amarelo foram estatisticamente equivalentes à testemunha. Silva et al. (2017)
relataram que quanto maior a vagem, maior será o número de grãos por vagem, o que de
modo geral, não condiz com os resultados da tabela 2.
235
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Tabela 2. Número médio de vagens por planta (NVP), número médio de grãos por vagem (NGV), comprimento médio
da vagem (CMV), massa de cem grãos (MCG). Ibirubá – RS, 2020.
Tabela 3. Coeficiente H (COEFH), grau de achatamento das sementes (GAS), coeficiente J (COEFJ) e forma das sementes
(FS). Ibirubá – RS, 2020.
Tabela 4. Tempo de cozimento em minutos dos genótipos avaliados e classificação do nível de resistência ao cozimento
de acordo com Proctor e Watts (1987).
237
de erro.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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240
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
18
Inspeção técnica de pulverizadores
agrícolas
10.37885/210604924
RESUMO
242
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
243
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
MÉTODO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Municípios onde as inspeções foram realizadas e número de pulverizadores agrícolas inspecionados conforme
sua forma de acoplamento ao trator.
Ao analisar os dados obtidos por Machado (2014), pode-se observar que o tipo de
pulverizador inspecionado está relacionado às características intrínsecas da região de atua-
ção do projeto, uma vez que, ao realizar inspeção de pulverizadores de barra na região de
Guarapuava-PR, a composição amostral obtida por este autor foi representada por 85,30% de
pulverizadores acoplados a barra de tração do trator e 14,70% por pulverizadores autoprope-
lidos, não havendo pulverizadores acoplados ao sistema hidráulico de três pontos do trator.
A área total aplicada pelos pulverizadores inspecionados foi de 21.497 hectares, divi-
didas entre os cultivos de arroz irrigado, soja, milho, fumo e pastagens, representando uma
área média de, aproximadamente, 384 hectares aplicados por ano, com utilização média
anual de 161 horas por pulverizador. No entanto, os extremos se deram com propriedades
244
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
variando de 13 a 2.000 hectares, sendo que a área média das propriedades da região Central
do RS representou 85 hectares. Já, as propriedades da região da Fronteira Oeste do RS,
possuíam áreas maiores, em média com 783 hectares.
Considerando que o número médio de aplicações foi de 5,5 vezes em cada área, po-
de-se dizer que a área total representa, aproximadamente, 118.233 hectares aplicados com
os pulverizadores inspecionados.
Observa-se na figura 1 que as maiores áreas cultivadas estão localizadas nos municí-
pios de Maçambará e Itaqui, representando média de 890 e 767 hectares, respectivamente.
Este dado vem ao encontro do que foi discutido anteriormente, pois a área média das pro-
priedades também está relacionada à região onde estão inseridas, bem como, ao contexto
de aptidão e uso do solo, uma vez que a área das regiões em destaque é três vezes superior
as áreas das propriedades avaliadas por Dornelles (2008) na região Central do Estado do
Rio Grande do Sul.
Por conseguinte, a exigência média de utilização dos pulverizadores é de 447 e 205
horas por ano para os municípios Maçambará e Itaqui, respectivamente. Observa-se ainda
que na região Central do RS os municípios de Restinga Seca e São João do Polêsine são
os que se destacaram com as maiores áreas aplicadas, representando 173 e 156 hectares
por ano, respectivamente.
Figura 1. Área média aplicada (hectares/ano) e utilização média (horas/ano) dos pulverizadores inspecionados em cada
município.
Figura 2. Distribuição percentual das marcas comerciais dos pulverizadores agrícolas inspecionados.
247
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 4. Representação do comprimento médio da barra de pulverização (metros) em cada município onde foram
realizadas as inspeções.
Como relatado anteriormente, a concentração das áreas mais extensas se deu nos
municípios da Fronteira Oeste do Estado, com isso, observa-se na figura 5 que a área média
aplicada pelos pulverizadores acoplados à barra de tração do trator é de 769 hectares por
ano, ou seja, 10,5 vezes maior que a área média aplicada com os pulverizadores acoplados
aos três pontos do trator (73 hectares).
Figura 5. Comparativo da área média aplicada (hectares/ano) pelos pulverizadores acoplados ao sistema hidráulico de
três pontos e na barra de tração do trator.
248
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Itens Avaliados na Inspeção dos Pulverizadores
249
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 7. Presença de vazamento no circuito hidráulico do pulverizador.
Manômetro e Filtros
250
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 8. Malhas distintas utilizadas nos filtros das pontas e presença de resíduo.
Barra de Pulverização
Ao ser realizada a avaliação da barra de pulverização cabe destacar dois fatores que
influenciam diretamente na qualidade da aplicação. O primeiro está relacionado ao espa-
çamento dos bicos onde, em 50,00% dos casos avaliados não estão de acordo com a re-
comendação dos fabricantes para as pontas de pulverização utilizadas, representando um
erro médio do número de espaçamentos incorretos de 3,12 por pulverizador.
O segundo fator está relacionado à substituição da barra de pulverização por uma de
maior dimensão, com o objetivo de aumentar a capacidade operacional. O maior aumento
observado foi a substituição de uma barra de 16 metros para outra de 20 metros (1,79% dos
casos). No entanto, em 17,86% dos pulverizadores, barras de 12 metros foram substituídas
por barras de 14 metros de comprimento, já em 3,57% dos pulverizadores a barra de 14 m
foi substituída por 16 m e, em 1,79% dos casos, houve a substituição das barras de 10 m
por 12 m e de 16 m por 20 m, conforme apresentado na figura 9.
251
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 9. Aumento da largura de trabalho, em metros, dada pela substituição da barra de pulverização.
Pontas de Pulverização
Os casos mais críticos neste item foram observados em dois pulverizadores. No primei-
ro, havia cinco pontas distintas das demais com relação à marca e ao material de fabricação,
sendo 24 de cerâmica e cinco de poliacetal (plástico), no entanto, com o mesmo ângulo de
abertura do leque e vazão (110.015).
No segundo, conforme pode ser observado na figura 10, o ângulo de abertura do leque
era o mesmo para a totalidade das pontas que compunham a barra de pulverização, porém
havia divergências em seus modelos, diferindo não somente na sua marca, mas também no
252
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
material de fabricação (poliacetal, inox e cerâmica) bem como na vazão das pontas utilizadas
110.015 (0,57 L min–1), 110.02 (0,76 L min–1) e 110.03 (1,13 L min–1). Assim, a utilização de
pontas diferentes ou desgastadas, fez com que, aproximadamente, 20,00% do conjunto de
pontas avaliados estivessem em desacordo com relação as suas vazões.
Figura 10. Utilização de pontas de pulverização com diferentes materiais de fabricação (poliacetal, inox e cerâmica) e
com vazões distintas (0,57; 0,76 e 1,13 L min–1) na mesma barra.
253
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 11. Representação das marcas das pontas de pulverização utilizadas nos pulverizadores inspecionados.
Figura 12. Percentual de utilização e modelos das pontas de pulverização utilizados nos pulverizadores inspecionados.
254
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Bomba de Pulverização
Operação
Neste item, destaca-se o elevado número de casos que apresentaram erro de calibra-
ção. Em 45,00% dos pulverizadores inspecionados, o volume de aplicação não representava
o que os produtores informaram como sendo o volume real que estava sendo aplicado. Sendo
assim, pode-se observar que o principal erro de calibração encontrado, está relacionado
diretamente ao desconhecimento dos operadores no que se refere à pressão do sistema, à
rotação da TDP, e à metodologia adequada para regular e calibrar os pulverizadores.
Com base nos resultados obtidos ao término das inspeções, considerando a premissa
descrita na norma ISO 16122 e, levando em conta o estado de uso e conservação dos pulve-
rizadores agrícolas inspecionados, pode-se constatar que dos 56 pulverizadores avaliados,
somente três pulverizadores foram aprovados (5,36%). No entanto, 15 pulverizadores apre-
sentaram não conformidades leves, as quais podem ser solucionadas com pequenos ajustes
e pelo uso de um plano de manutenção periódica adequado, representando neste caso
26,79% das amostras classificadas em conformidade parcial. Contudo, o mais preocupante
255
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
está relacionado ao índice de desconformidades graves, que representou 67,86% do total
amostrado (38 pulverizadores) classificados como desconformes, isto é, impróprios para
uso (Figura 13).
CONCLUSÃO
Após a análise dos resultados obtidos, cada pulverizador foi identificado de acordo com
sua conformidade à norma ISO 16122. Ao final de cada inspeção, foi entregue ao proprietário
do equipamento um relatório com as descrições necessárias para adequar seu pulverizador,
com vistas a uma aplicação mais eficiente, segura e sustentável.
Assim, pode-se concluir que há necessidade de que as inspeções de pulverizadores
agrícolas se tornem obrigatórias no Brasil, para que seja possível elevar o percentual de
conformidade dos equipamentos de aplicação de agrotóxicos e, consequentemente, redução
das perdas na atividade.
Neste sentido, necessita-se de políticas governamentais para renovação destes equi-
pamentos, bem como a homologação de centros de pesquisas para que sejam realizados
ensaios de máquinas e implementos agrícolas previamente à sua comercialização, de modo
a garantir a qualidade e a sustentabilidade requerida para a produção agrícola.
AGRADECIMENTOS
256
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Lucas Passamani, Luiz Antonio Rocha Barcellos e Leonardo Basso Brondani pela incansável
ajuda na divulgação do projeto e acesso aos produtores rurais.
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257
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
19
Grau de especialização e concentração
da produção de açaí nas microrregiões
do estado do Pará entre 2015 E 2019
10.37885/210504790
RESUMO
O Brasil é o maior produtor mundial de açaí, com 1,4 milhão de toneladas (t) de frutos
produzidos em 2019. A região norte do país assume a liderança no ranking nacional de
produção do fruto, concentrando 99,7% do volume produzido, sendo o estado do Pará
o maior contribuinte em território nacional. No Pará, a espécie de ocorrência natural em
área de várzea e igapós, mais recentemente vem sendo cultivada em áreas de terra firme
em diversos municípios. O objetivo do estudo foi identificar o grau de especialização e a
distribuição espacial da produção de açaí, entre os anos de 2015 e 2019, nas microrre-
giões paraenses. Os dados corresponderam às quantidades (em t) totais de frutos de açaí
produzidos, coletados em banco nacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
de Recuperação Automática sobre a Produção Agrícola Municipal (SIDRA/PAM/IBGE),
boletins publicados pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da
Pesca do Pará (SEDAP) e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que serviram
como base para a elaboração de mapas coropléticos que exibiram a distribuição da produ-
ção entre as 22 microrregiões do estado. O grau de especialização de cada microrregião
foi obtido pelo método do Quociente Locacional (QL). O estado, em cinco anos, produziu
5,9 milhões de t de frutos de açaí, com média de 1,18 milhão de t anuais. A microrregião
de Cametá concentrou 67,7% e 56,6% das quantidades produzidas em 2015 e 2019,
respectivamente. No entanto, quando se trata do grau de especialização da produção
de açaí, a microrregião de Furos de Breves exibiu maior QL médio da série. De forma
geral, somente 7 microrregiões paraenses contribuem de forma significativa na produção
de fruto de açaí do estado.
259
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
O açaizeiro (Euterpe sp.) é uma espécie de palmeira nativa de terras amazônicas bra-
sileiras, encontrado naturalmente em áreas de várzea e igapó, e mais recentemente vem
sendo cultivado em áreas de terra firme. Existem dez espécies de açaizeiro registradas no
Brasil, principal produtor mundial, com três de interesse do ponto de vista agroindustrial:
a Euterpe oleracea, nativa dos estados do Pará e Amapá, a Euterpe precatoria, nativa do
estado do Amazonas e a Euterpe edulis, nativa da Mata Atlântica (TAVARES et al., 2020).
A espécie é a principal fonte de matéria-prima para a agroindústria do palmito no Brasil
(OLIVEIRA; TAVARES, 2016). No entanto, o fruto do tipo bacáceo de cor roxa, conhecido
como “ouro roxo”, tem ganhado espaço como o principal produto de interesse econômico
oriundo dessa palmeira (HOMMA, 2012). A produção do fruto é destinada especialmente
para obtenção do vinho de açaí, substância base para elaboração de alimentos e bebi-
das. O consumo do açaí ultrapassou fronteiras no Brasil e alcançou o mercado internacional
e alta popularidade como alimento saudável e altamente energético (SEBRAE, 2015), em
função de seus valores nutricionais que incluem elevados teores de lipídios, carboidratos e
proteínas, atribuindo ao fruto grande valor calórico, além de grande capacidade antioxidante
(COHEN et al., 2009; CEDRIM et al., 2018).
No Brasil existem 47.855 estabelecimentos agrícolas que declaram possuir mais de 50
açaizeiros, conforme o Censo Agrícola de 2017, e somente em 2019 o país produziu cerca
de 1,4 milhão de tonelada (t) de frutos. O país é ainda o maior exportador da polpa conge-
lada do fruto, porém quando se trata dos produtos processados a base de açaí os Estados
Unidos é o maior exportador e, ainda, o principal mercado importador do açaí brasileiro,
recebendo 77% do total exportado do Brasil (CONAB, 2019).
Em território nacional, o açaí contribui fortemente para o desenvolvimento socioeconô-
mico do norte do país, servindo como base alimentar para milhares de famílias e formação
de renda de expressivo grupo de agricultores familiares e extrativistas da região (OLIVEIRA;
TAVARES, 2016). A região norte responde por 99,7% do volume total produzido no Brasil,
com o estado do Pará líder disparado no ranking de produção e local que abriga 73,9%
(35.374) dos estabelecimentos com açaizais (>50 açaizeiros). Em 2018, a cadeia do açaí, que
envolve extrativistas, produtores, atravessadores, indústrias de beneficiamento e batedores
artesanais, movimentou cerca de R$ 788 milhões no Pará, provenientes de comercializações
de produtos originados do seu beneficiamento (polpa, mixes e açaí liofilizado), que foram
destinados a outras unidades federativas e a exportação internacional, injetando boa parte
na economia local (SEDAP, 2020).
A alta popularidade do consumo de açaí e a valorização de seus produtos derivados
induziu a iniciativa de inúmeros esforços direcionados a fim de domesticar as espécies de
260
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
açaizeiros para promover o setor da açaicultura, através do manejo de açaizais nativos,
aliado a introdução de áreas plantadas, migrando a atividade configurada anteriormente
como exclusivamente extrativista, para um sistema de produção intensivo, provocando a
ampliação do potencial produtivo para obtenção do fruto (COUTINHO et al., 2017).
No estado do Pará, o governo estadual investe desde 2011 na criação de programas
de desenvolvimento da cadeia do açaí, que garantam a contribuição efetiva no aumento da
produção, através principalmente da massificação da implantação e manejo de açaizeiros
irrigados em terra firme de determinadas regiões do estado (SEDAP, 2021). Estas iniciativas,
de certa forma, conduziram a maior concentração da produção de açaí em microrregiões
paraenses específicas.
Alguns estudos que objetivam compreender a ocorrência de fenômenos geográficos
relacionados ao desempenho produtivo de determinada região ou divisões territoriais têm
sido conduzido com o uso de geotecnologias combinadas a índices econômicos (PEREIRA
et al., 2020). Mapas coropléticos, por exemplo, são frequentemente aplicados em estudos
com o intuito de visualizar a distribuição da produção, mediante variações acromáticas ou
cromáticas, de distintas classes de informações dispostas em diferentes unidades territoriais
(FERREIRA et al., 2016). Quanto aos indicadores econômicos de produção, o grau de es-
pecialização que, resumidamente, indica a atuação relativa de uma determinada atividade
produtiva em uma região ou outra divisão territorial comparada a outra, é um dos mais cita-
dos. Dentre tais indicadores de especialização, tem se destacado o Quociente Locacional
(QL) (LUSTOZA, ALVES; LIMA JÚNIOR, 2019).
Nesse contexto, o objetivo do estudo foi identificar o grau de especialização e a distribui-
ção espacial da produção de açaí, entre os anos de 2015 e 2019, nas microrregiões paraenses.
METODOLOGIA
Obtenção de dados
Tratamento de dados
Em que,
Txc (%) é o valor da taxa de crescimento anual;
PRODanoα é a quantidade da produção de açaí (em t de frutos) do ano analisado;
PRODanoβ é o valor produção de açaí (em t de frutos) do ano referência.
Para a elaboração dos mapas de concentração, foram selecionados os volumes produzi-
dos de frutos de açaí nas 22 microrregiões paraenses, nos anos de 2015 e 2019. A confecção
dos mapas georreferenciados ocorreu no laboratório de geoprocessamento da Universidade
Federal do Pará (UFPA), através do software Arcgis 10.5, empregando o dispositivo Join para
unir as informações das planilhas do software Microsoft Excel® com as tabelas de atributos
de cada shapefile adequado ao tipo de divisão territorial trabalhada. O procedimento metodo-
lógico empregado na classificação das informações para o mapeamento coroplético ocorreu
em quatro fases, sendo elas: identificação dos tipos de dados, tratamento das informações,
determinação da quantidade de classes e layout final dos mapas (RAMOS et al., 2016).
O grau de especialização de cada microrregião do estado foi obtido pelo Quociente
Locacional (QL) que é aplicado comumente em estudos direcionadas ao setor industrial e
com menor frequência ao setor agropecuário. Este índice permite indicar se a divisão ter-
ritorial estudada é especializada na produção de determinado bem, avaliando o contexto
262
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
agrícola geral. Em resumo, o QL sugere se a produção de um determinado produto de uma
região se sobressai às demais. A maior especialização da região no referido ramo é apon-
tada quanto maior for o valor de QL e vice-versa. O indicador pode ser calculado por meio
da seguinte fórmula:
Em que,
VPaj é o valor bruto da produção de frutos de açaí (a) na microrregião (j);
VPj é o valor bruto da produção agrícola de toda a microrregião (j);
é o valor bruto da produção de frutos de açaí (a) no estado do Pará (PA); e
VPPA é o valor bruto da produção agrícola no estado do Pará.
Os resultados dessa equação significam, conforme Vidigal; Campos; Rocha (2009), que:
• QL < 1: aponta que a especialização na microrregião (j) para produção de açaí (b)
é inferior à especialização do estado do Pará (PA) para a atividade produtiva em
questão, ou seja, o setor não está relativamente concentrado na microrregião em
questão;
• QL = 1: sinaliza que a concentração da produção de açaí (b) na microrregião (j) é
igual à especialização/concentração dessa atividade do estado do Pará (PA), ou
seja, a participação do setor na microrregião estudada é igual a participação nas
microrregiões como um todo;
• QL > 1: indica a ocorrência de especialização na produção de açaí (b) na microrre-
gião (j), sendo superior a especialização do estado do Pará (PA) para a atividade
em questão, ou seja, o setor está relativamente concentrado na microrregião em
questão;
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Brasil, nos últimos cinco anos, em média, foi produzido 1,23 milhão de t de frutos de
açaí, com a produção nacional predominantemente oriunda da região norte brasileira, que
concentra 99,7% do volume total de frutos produzidos no país. Da região norte, o estado do
Pará é historicamente o líder absoluto no ranking nacional da produção, com média anual,
nos últimos cinco anos, igual a 1,18 milhão de t de frutos distribuídos em áreas plantadas de
terra firme e manejadas em áreas de várzea, que somadas alcançam área média superior
a 170 mil hectares, conforme o mais recente Panorama Agrícola paraense divulgado pela
263
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e de Pesca (IBGE, 2020; SEDAP, 2020). Na ta-
bela 1 é possível observar o desempenho produtivo do Pará comparado ao desempenho da
produção a nível regional e nacional, ao longo dos cinco anos.
Tabela 1. Quantidades produzidas (em t) de frutos de açaí no estado do Pará, região norte e no Brasil e suas variações
anuais (%), entre os anos de 2015 e 2019.
Estado/Região/País
Ano
Estado do Pará Var. (%) Região Norte Var. (%) Brasil Var. (%)
2015 1.000.850 - 1.005.406 - 1.008.387 -
2016 1.080.612 8,0 1.091.039 8,5 1.091.667 8,3
2017 1.274.056 17,9 1.332.436 22,1 1.335.040 22,3
2018 1.230.699 -3,4 1.298.435 -2,6 1.301.472 -2,5
2019 1.320.150 7,3 1.395.141 7,4 1.398.328 7,4
Média 1.181.273 - 1.224.491 - 1.226.978 -
Total 5.906.367 - 6.122.457 - 6.134.894 -
Fonte: IBGE (2020). Elaborada pelos autores.
264
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
O Amazonas, que possui 17,7% (8.495) dos estabelecimentos agrícolas registrados
no Brasil com mais de 50 açaizeiros (TAVARES et al., 2020), registrou em 2019 o total
de 67,7 mil t de frutos produzidos, isto é, 124 vezes maior que a produção observada em
2015 (546 t), com contribuições nacionais que passaram de 0,05% para 4,8%, em cinco
anos (IBGE, 2020).
Ainda assim, é inegável que existem grandes esforços do governo do Pará em poten-
cializar e consolidar o cultivo dessa palmeira no estado, mas que ainda depende fortemente
do avanço técnico-científico (SANTANA et al., 2012), bem como fortalecer a comercializa-
ção dos frutos e derivados. Para atender essas demandas, a partir de 2011 foram criadas
políticas públicas para o setor da açaicultura, como o Programa de Desenvolvimento da
Cadeia Produtiva do Açaí no Estado do Pará (Pró-Açaí), Programa Estadual de Qualidade
do Açaí (PEQA) e Programa Pará 2030. Essas iniciativas incluíram a promoção do avanço
na pesquisa e desenvolvimento sobre a cultura, incentivo a implantação e manejo de açai-
zais irrigados em terra firme, manejo e enriquecimento de açaizais em áreas de várzea,
incremento tecnológico na cadeia de produção e atração de indústrias para verticalização,
certificação e logística dos produtos extrativos.
Concentração e especialização da produção de açaí entre as microrregiões paraenses
Em relação ao comportamento da produção de açaí dentro do estado do Pará, embora
o açaizeiro ocorra naturalmente em toda a região do estuário amazônico e a atividade faça
parte do contexto agrícola em quase todo território paraense, conforme pode ser visuali-
zado nas Figuras 1 e 2, há grande parcela da produção econômica de frutos creditada em
poucas microrregiões do estado. Isto é resultado principalmente de ações governamentais
de incentivo a produção de açaí nestas áreas.
Em 2015 e 2019, quando as produções do estado do Pará corresponderam a 1,0 milhão
e 1,23 milhão de t de frutos de açaí, nesta ordem, a microrregião de Cametá, formada por
sete municípios paraenses (Abaetetuba, Baião, Cametá, Igarapé-Miri, Limoeiro do Ajuru,
Mocajuba e Oeiras do Pará) produziu o correspondente a 67,7% (678 mil t) e 56,6% (746 mil
t) desses volumes, permanecendo em primeiro lugar no ranking das dez principais micror-
regiões produtoras no estado (Tabela 2). Em segundo e terceiro lugar no ranking destaca-
ram-se as microrregiões de Castanhal e Tomé-Açú, que juntas somaram 14,7% e 19,7% da
produção estadual em 2015 e 2019, respectivamente. As demais microrregiões ocuparam
posições diferentes nos rankings, com exceção de Belém e Santarém que permaneceram
na quinta e décima posição em ambos os anos.
265
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 1. Distribuição espacial da produção de frutos de açaí (em t) entre as microrregiões paraenses em 2015.
Figura 2. Distribuição espacial da produção de frutos de açaí (em t) entre as microrregiões paraenses em 2019.
266
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Tabela 2. Quantidades produzidas (em t) de frutos de açaí nas dez principais microrregiões produtoras do estado do Pará
e suas respectivas participações (%) na produção estadual, nos anos de 2015 e 2019.
Ano 2015 Ano 2019
Ranking Produção (t) (%) Produção (t) (%)
Microrregião Microrregião
1º Cametá 678.038 67,7 Cametá 746.585 56,6
2º Castanhal 96.500 9,6 Castanhal 143.868 10,9
3º Tomé-Açú 51.235 5,1 Tomé-Açú 116.510 8,8
4º Tucuruí 48.861 4,9 Furos de Breves 77.075 5,8
5º Belém 44.380 4,4 Belém 72.191 5,5
6º Arari 20.080 2,0 Guamá 49.127 3,7
7º Furos de Breves 13.380 1,3 Portel 44.640 3,4
8º Guamá 10.760 1,1 Arari 30.217 2,3
9º Portel 8.800 0,9 Bragantina 10.639 0,8
10º Santarém 7.740 0,8 Santarém 6.814 0,5
- Estado do Pará 1.000.850 100 Estado do Pará 1.320.150 100
Fonte: IBGE (2020). Elaborada pelos autores.
267
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Tabela 3. Grau de especialização da produção de frutos de açaí entre as microrregiões paraenses, no período de 2015
a 2019.
Nota: os valores com marcações cinzas indicam regiões especializadas na atividade com QL > 1.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A produção de açaí no Estado do Pará, entre 2015 e 2019, somando-se as áreas plan-
tadas e as áreas de açaizais de várzea, foi de 5,9 milhões de t de frutos de açaí. Mais de
50% dessa produção esteve concentrada na microrregião de Cametá, resultado expressivo 268
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
dos incentivos governamentais em massificar o cultivo da espécie nessa microrregião do
estado. De forma geral, somente 7 das 22 microrregiões paraenses contribuiu significativa-
mente na produção de açaí do Pará.
Efetivamente a microrregião de Furos de Breves, seguido da microrregião Cametá, é a
mais especializada na produção da cultura, se levado em consideração a evolução do grau
de especialização durante os cinco anos estudados.
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269
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
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dutivos locais (APL) de Calçados do Brasil, 1995 – 2006. Estudos do CEPE, p. 30-53, 2009.
270
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
20
Identificação e análise espacial das
aglomerações produtivas do cacau na
mesorregião do Sudoeste Paraense
10.37885/210504849
RESUMO
A cacauicultura possui grande relevância no eixo social, econômico e histórico para o país
especialmente ao estado do Pará, sobretudo na região da Transamazônica, isso se deve
ao fato de ser responsável pela a matéria prima do chocolate, e suas amêndoas serem
ricas em diversas propriedades consideradas saudáveis a saúde humana. O cacau é
cultivado principalmente nas regiões Norte e Nordeste, as quais são as maiores produ-
toras do Brasil. Por isso, este trabalho tem como principal objetivo analisar de maneira
espacial e temporal a dinâmica da área plantada e produção de cacau na Mesorregião
do Sudoeste Paraense, no período de 2003-2018. Os dados foram obtidos do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram tabulados em planilha eletrônica a
fim de gerar as análises prévias dos dados e posteriormente processados utilizando-se,
o Sistema de Informação Geográfica (SIG), QGIS versão 3.10, para a elaboração de
mapas espaciais dos mesmos. Após as análises, verificou-se que a atividade agríco-
la cacaueira vivenciou uma crescente expansão tanto de área plantada como de sua
produtividade em toneladas de 2003 a 2018. Essa expansão de produção da região é
muito importante para o Estado do Pará, tendo em vista a importância da cultura para a
produção de chocolate visto que é um subproduto do cacau que atualmente tem formas
e maneiras de uso crescente para a indústria alimentícia, o qual demandará cada vez
mais por este alimento. É fundamental que estes resultados favoráveis, sensibilizem as
autoridades governamentais competentes, e percebam a emergência e a importância
do setor cacaueiro da Transamazônica. O uso de geotecnologias mostrou-se como uma
ferramenta muito importante para o setor de produção, desses frutos do cacau pois
torna a informação de forma mais evidente e didática, o que contribui para direcionar e
fundamentar a gestão da cadeia produtiva do setor cacaueiro, quer seja por parte dos
agricultores ou pelo próprio estado.
272
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
O Cacau (Theobroma cacao) é uma árvore frutífera pertencente à família das estercu-
liáceas, nativa da América do Sul, tendo sua origem de locais conhecidos como regiões de
florestas pluviais da América Tropical. A popularidade dos frutos vem, não somente pelas
suas propriedades funcionais e pelo seu exuberante sabor, mas sim por ser a principal matéria
prima para a produção do chocolate que possui maior valor agregado (MEDEIROS, 2010).
O fruto divide-se entre a casca, a polpa e as sementes. As sementes compõem o gérmen
e dois cotilédones, que apesar de serem cobertas e envelopadas por uma camada de muci-
lagem considerada doce, ainda apresenta um sabor bastante amargo (NOGUEIRA, 2015).
As amêndoas dos frutos, dá origem a vários subprodutos, sendo eles o chocolate o
principal agregado de maior valor comercial e a manteiga de cacau, ainda sendo possível
aproveitar as cascas dos frutos como fonte de adubo orgânico para a própria cultura.
Notavelmente, a cacauicultura possui vasta importância econômica e social para os
territórios amazônicos. Atualmente o Pará é o maior produtor de cacau do Brasil, com pro-
dutos de excelente qualidade e rentabilidade para os cacauicultores. A maior concentração
dos frutos está localizada na região da Transamazônica, situada na porção Sudoeste do
estado mais especificamente na Microrregião de Altamira, sendo o município de Medicilândia
o maior produtor de amêndoas para a produção de chocolate concentrado mais de 38 mil
hectares no ano de 2018 de acordo com os dados levantados da pesquisa municipal agrí-
cola (IBGE, 2018).
Nesse contexto, dada importância da cultura do cacau, surge a necessidade de com-
preender esse expansionismo produtivo do cacau nessas regiões onde concentram os maio-
res arranjos produtivos e assim averiguar se existe coexistência da produção com fatores
sociais, econômicos, políticos e sobe até mesmo aspectos favoráveis do próprio ambiente
como edáficos e climáticos.
E nesse arranjo, as tecnologias são importantes ferramentas para a execução dessas
análises e da interpretação da mesma no campo, que outrora vem se consolidando nos seto-
res das produções agrícolas, por todo Brasil. Dentre elas a própria agricultura de precisão com
a utilização de importantes mecanismos do Sensoriamento Remoto e do geoprocessamento
aliado com técnicas de Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) que tem sido muito
importante para espacialização de produções de talhões agrícolas, por meio de mapeamento
de produtividade de devidas culturas, em mais diversas áreas ou propriedades rurais.
Assim, auxiliando aos produtores na tomada de decisões, onde e em quais locais
devem dar melhor atenção na gestão das atividades agrárias, realizadas no ambiente do
campo. Mediante isso, as geotecnologias têm a cada dia, inserindo-se no escopo da agri-
cultura, em que a mesma se refere, ao conjunto de tecnologias para coleta, processamento,
273
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
análise e disponibilização de informações geográficas sob um determinado local ou espaço
geográfico (ROSA, 2011).
Além disso, possui custo de implantação relativamente baixo e agilidade na produção
de resultados (CASTANHO; TEODORO, 2010). Considerada uma ferramenta promissora
que através da elaboração de mapas temáticos, contribui significamente para o planejamento
rural e para compreender o dinamismo da produção agrícola, pois oferece uma visão mais
ampla da situação e alterações que ocorrem no setor durante um determinado período de
tempo (MACIEL et al., 2018).
Ou seja, as mudanças que ocorrem em relação ao uso e a distribuição da ocupação
da terra, das lavouras inseridas ou colhidas, interferem direta ou indiretamente nas ativi-
dades econômicas da região, e devem ser investigadas a fim de conhecer suas causas e
consequências. Pois pode acontecer de uma determinada área possuir diversos hectares
de plantio, mas quando se trata do valor colhido e alcançado, esta mesma área, não render
satisfatoriamente com o valor agregado naquele espaço e naquela atividade agrícola.
Assim, de acordo com Oliveira (2019), estudos realizados nesse eixo podem melhor
colaborar na identificação de áreas que possuem condições positivas e negativas ao in-
vestimento tanto privado quanto público, contribuindo, assim, para uma melhor gestão dos
espaços e dos recursos destinados ao setor de grãos e sementes da região.
Principalmente, quando se trata da qualidade dos solos e nutrientes ali contidos naque-
le espaço, a qual contribui para o agricultor a tomar medidas cabíveis se tratando daquela
área, assim corrigindo os eventuais problemas seja a exemplos de solos ácidos elevando
a uma baixa produtividade e produtor sabendo disso, através de uma análise sob a es-
pacialização de sua produção, verificar os principais entraves do terreno e os locais mais
necessitados para uma eventual aplicação de calagem neutralizando a acidez do solo, e de
tal modo contribuindo na obtenção de melhores safras. Tudo isso sendo possível por meio
da interpretação visual de uma cartografia gráfica e específica daquele ambiente, sendo de
fácil compreensão para o agricultor.
Mediante disso, objetivou-se com este estudo analisar espacialmente e temporalmente
a dinâmica da área plantada e produção do cacau na Mesorregião do Sudoeste Paraense,
nos últimos quinze anos, nas safras de 2003-2018 através de um Sistema de Informação
Geográfica (SIG), evidenciando a relação espacial em termos de área plantada e produção
entre os municípios. Adicionalmente, verificando-se as áreas com maiores resultados posi-
tivos quanto à produção, se existe coexistência da mesma com fatores sociais, econômicos,
políticos, edáficos e climáticos que favoreçam esses resultados.
274
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A cultura do cacau (Theobroma cacao L.) é uma planta umbrófila de porte arbóreo
nativa da região Amazônica, podendo ser encontrada em plantações comerciais em di-
ferentes estados brasileiros, sendo uma espécie exigente em nutrientes e água, além de
solos de média a alta fertilidade e com boas características físicas (SCERNE et al., 1998;
SILVA NETO, 2001).
O cacau ainda é uma das espécies vegetais que possuem grandes valores econômi-
cos, históricos e culturais na formação dos territórios amazonenses (REIS, 1940). Sendo os
primeiros plantios do fruto inseridos na Amazônia ainda no início da década de 1670, através
de colonos, moradores de espaços que hoje compreende o estado do Pará, incentivados
principalmente pela coroa portuguesa para a inserção do plantio (Harwich, 2008).
De acordo com a obra escrita por Frederico Afonso, cujo traz como título “O cacau na
Amazônia” no período de 1979, relata que foi ainda no início dos anos de 1730, em que os
frutos do cacau vieram a se consolidar como produto de maior destaque quanto a sua ex-
portação da região Amazônica, posição que se pendurou por mais de um século, até 1840,
tendo como principal via de exportação o Porto de Belém (CEPLAC, 1979).
No entanto, dado o ano de 1745, quando a produção de amêndoas alcançou o seu
maior nível de produtividade chegando a um total de 1.300 toneladas, a qual representava
85% do total de exportações da região, surgiu epidemia muito forte de varíola, que veio a
atingir praticamente toda a população indígena, que eram as principais mão de obra escrava
utilizadas para as atividades empregadas na cultura do cacau (NUNES, 2018).
Ainda de acordo com o autor, a epidemia trouxe diversos impactos entre eles a interrup-
ção da exportação do cacau até meados de 1749. Adicionalmente, neste mesmo intervalo,
do fracasso da produtividade do cacau na região amazônica, foi feita uma busca de novos
locais e regiões, que pudesse inserir a cultura do cacau.
Nesse sentido, foram levadas sementes do Pará, para o município de Canavieiras,
localizado na região sul da Bahia, as primeiras sementes foram cultivadas e posteriormente
alcançaram excelentes resultados, visto que a cultura se adaptou muito bem com as carac-
terísticas daquele ambiente como solo e ao clima. A qual veio a tornar-se, logo nas primeiras
décadas do século XX, o principal produto de exportação do estado da Bahia.
Consequentemente veio a se tornar o maior produtor de cacau do Brasil, de acordo
com o IBGE, os dados de até 2016 da pesquisa municipal agrícola (PAM/IBGE), mostram
ainda o estado da Bahia, como maior produtor de amêndoa de cacau dentre os estados
brasileiros, responsável por quase 60% de toda produção ofertada no Brasil.
No entanto, os territórios amazônicos voltam a se destacar novamente quanto a produ-
tividade cacaueira, chegando ao ano de 2017 com o Pará, alcançando destaque no cenário
275
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
nacional e internacional, em que nesse mesmo período, o estado assumiu a liderança na
produção nacional de amêndoa de cacau.
Atualmente, o estado do Pará detém 49% da produção nacional, enquanto que a Bahia,
tradicionalmente reconhecida por muitos anos como o maior produtor, fica com 45%. A pro-
dutividade paraense é muito superior à baiana, ainda no ano de 2017 a produção no Pará
cresceu cerca de 36% garantindo ao estado com a maior produção brasileira sendo um custo
variável menor. A presença de unidades beneficiadoras no estado também facilita o processo
de moagem e garante melhores condições de produção dos subprodutos. (CONAB, 2017).
Segundo Anders (2020), o estado paraense é o maior produtor de cacau do Brasil.
Com uma produção média de 911 quilos de cacau por hectare, bastante acima da média
nacional que é de 500 quilos por hectare. O Estado da Bahia que por muitos anos pendurou
como o líder quanto a produção dos frutos, segue no ranking de segundo maior produtor do
país, produzindo uma quantidade de 250 quilos por hectare.
Ainda de acordo com Anders (2020), a cidade de Medicilândia é referência nacional e
internacional quanto a sua produção, produzindo em média entre 1.000 e 1.060 quilos de
amêndoas por hectare, com alguns produtores conseguindo até 2.500 quilos. Essa produção
faz com que o cacau paraense ganhe destaque dentro e fora do estado brasileiro.
Atualmente, o Pará é responsável por cerca de 55% da produção de cacau do Brasil, e
ainda exporta suas amêndoas para diversos países, principalmente para países da Europa e
da Ásia como Japão e França. O município de Medicilândia, conhecida atualmente como a
capital cacaueira, é o distrito que detém a maior produção brasileira desses frutos. Resultados
esses alcançados, em síntese devido às exuberantes características do ambiente, com solos
férteis e muito promissores para a agricultura (ANDERS, 2020).
Em geral, nas áreas produtoras da cacauicultura pertencentes aos territórios da
Mesorregião do Sudoeste Paraense, são favorecidas por solos bastante férteis em nutrien-
tes promovendo a obtenção de safras fartas, ano após ano.
Nesse contexto, se tratando dos avanços tecnológicos no escopo da agricultura é
importante a sua inserção no processo de produção, para aumentar o rendimento dessas
atividades agrícolas (MATOS FILHO, 2009).
Dando ênfase, especificamente a aplicação do uso de geotecnologias, essa ferramenta
vem possibilitando, por meio do processamento de dados e informações geográficas, analisar
de forma detalhada a dinâmica da expansão de tal atividade, que outrora detêm a economia
em determinada área ou região no espaço, com custos bem reduzidos de instalação e maior
velocidade no processo de obtenção desses dados (ROSA, 2011).
276
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
MÉTODO
Área de Estudo
Aquisição de dados
277
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
constituem a área pertencente a esta Mesorregião, apresentaram valores de área plantada
e produção do cacau.
Com auxílio do software Microsoft Excel, as informações foram organizadas em planilha
eletrônica, para confecção do gráfico. Para aplicação de ferramentas de geoprocessamen-
to dos dados e elaboração dos mapeamentos referentes à área plantada e produção de
cacau, nos anos de 2003, 2009, 2015 e 2018, para esse processo, utilizou-se o software
QGIS (versão 3.10).
Tendo como base um arquivo no formato shapefile que engloba todos os 15 municípios
constituintes da Mesorregião do Sudoeste Paraense no estado do Pará, adicionou-se em
seguida ao mesmo, os dados referentes às áreas plantadas e da produção municipal de
cacau para os quatros intervalos analisados, esses dados foram manuseados através de
planilha do Excel (formato CSV) e introduzidos ao Sistema de Informação Geográfica (SIG).
Com o auxílio do software QGIS, pode-se agrupar esses dados em um único shapefile,
por meio da ferramenta união presente no software e realizar assim as análises de correlação
espacial. Para essas análises, utilizou-se o estilo categorização gradual usando o método
quantitativo de Quebras Naturais (Jenks), pautada nas normativas da cartografia temática,
no programa QGIS, para fins de quantificar espacialmente a área plantada e a produtividade
da cacauicultura, utilizando mapas coropléticos.
Esse método de quebra natural, é considerado um excelente indicador, bastante efetivo
na autocorrelação espacial, mostrando como os valores observados de um atributo numa
determinada região (polígono) são dependentes desta mesma variável em outra região (po-
lígono). Ou seja, permitindo verificar o nível de expansão de determinado espaço ou área
por meio dos tons de cores geradas com a própria legenda aplicada ao mapa.
Além disso, esses anos específicos foram escolhidos por representarem bem a dinâ-
mica da cacauicultura no intervalo de tempo estudado, o que é essencial na identificação de
contrastes do mapeamento. Assim, a metodologia empregada neste estudo baseou-se nos
trabalhos de Souza et al. (2009), Maciel et al. (2018) e Oliveira et al. (2019), que objetivaram
avaliar e detectar padrões espaço-temporais na cafeicultura e nas culturas do feijão-caupi
e da soja respectivamente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
278
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
o mesmo período, a produção cresceu cerca 357,81%, saltou de 22.322 toneladas, para
79.872 toneladas.
Observar-se, que a produção do cacau desde o ano de 2003 a 2018, alcançou somente
o seu pico produtivo, no ano de 2017, ou seja, quando a quantidade de sua produção foi
superior ao valor de área plantada da cultura na Mesorregião analisada.
Figura 2. Evolução temporal da área plantada e produção de cacau na Mesorregião do Sudoeste Paraense, 2003-2018.
Fonte: (PAM/IBGE).
Verificou-se ainda, na (figura 2), que tanto os valores de área plantada como a de
produção no período de estudo, sofreram diversas alterações, no qual, nos anos de 2003-
2004 os valores são praticamente iguais, tanto de área plantada como de sua produtividade.
Enquanto no ano seguinte, em 2005 a área plantada foi menor que a dos anos anteriores,
no entanto, alcançou uma maior produção desses frutos. Assim, essa expansão segue para
os próximos anos seguintes.
Todavia, nos chama atenção o período de 2009, onde foram plantados cerca de 72.780
hectares do cacau e foram colhidas somente 36.785 toneladas dos frutos, um valor bas-
tante inferior pela a quantidade de extensão territorial ocupadas pela cultura do cacau na
Transamazônica. Consequência disso, os cacauicultores no ano seguinte em 2010 dimi-
nuíram cerca de 26.693 hectares a menos do ano anterior de áreas ocupadas pela cultura.
A partir disso, foi somente em 2011 que a expansão cacaueira começou a crescer
novamente em relação a sua produtividade até alcançar o pico produtivo em 2017 em que
a produção ultrapassou a quantidade de áreas que haviam sido plantadas na região.
Esses fatores, culminaram para esses processos de crescimento em alguns momen-
tos o decrescimento do cacau, são diversos entraves que ainda são vivenciados no polo
279
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
cacaueiro do Sudoeste Paraense, que outrora tem afetado a cadeia produtiva do cacau
dentre eles o próprio modelo de produção que é praticado pelos agricultores do Território
da Transamazônica e do Xingu de modo geral, que tem contribuído ao longo dos anos, com
o aparecimento de impactos considerados negativos a atividade agrícola sobre a floresta
Amazônica (JUNIOR, 2013).
Segundo Wilke (2004) as técnicas de plantio da lavoura do cacau mais utilizada na
região consistiam na derrubada das florestas, em seguida da queima dos materiais parti-
culados das árvores. Uma alternativa que se mostra inapropriada, por agir como um fator
contribuinte no favorecimento e no empobrecimento dos solos; causando efeito de redução
sob a biodiversidade de espécies animais e vegetais, além de exigir um período mais ex-
tenso de descanso da terra e ocasionar constante busca por novas áreas, para inserção
de novos cultivos.
Segundo Junior (2013), outro fator negativo no cultivo de cacau na região da
Transamazônica, consiste na falta de assistência técnica aos cacauicultores, fazendo com
que esses mesmos, utilizem de forma indiscriminada e bastante intensiva, a aplicação de
produtos e insumos de origem química, para ajudar no combate às principais pragas e
doenças encontradas nas lavouras.
Mais recentemente, os cacauicultores da região têm enfrentando um novo problema
na cadeia produtiva do cacau, este relacionado com a dificuldade na contratação da mão
de obra para o trabalho executado no campo, já que muitos “meeiros” como são conhecidos
tradicionalmente, esses trabalhadores em realizar os serviços agrícolas das roças de cacau.
Uma vez que esses trabalhadores, estão se deslocando cada vez mais, para as regiões urba-
nas, especialmente para o município de Altamira, à procura de serviços no grande Complexo
Hidrelétrico de Belo Monte que é a terceira maior hidrelétrica do planeta (JUNIOR, 2013).
Apesar das vantagens desse polo produtivo, verifica-se que, a produção de cacau
nessa região vem enfrentando problemas, principalmente com a forma de implantação das
roças e com as pragas e doenças que constituem a principal ameaça para o aumento da
produtividade e também com a dificuldade na contratação de mão de obra para realizar as
atividades do campo relacionados a cultura do cacau.
No entanto, mesmo com as principais dificuldades vivenciadas pelos produtores, nos
últimos anos, a expansão do plantio do cacau na Mesorregião do Sudoeste Paraense tem
avançado constantemente na maioria dos municípios, com destaque para os municípios
de Medicilândia, Altamira, Brasil Novo e Uruará. Dando maior ênfase para o distrito de
Medicilândia que saltou de 13.637 hectares de área plantada no ano de 2003 para 38.569
hectares de áreas ocupadas pela cultura do cacau, como pode ser observado na (figura 3),
de acordo com os dados da Pesquisa Municipal Agrícola do IBGE.
280
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Onde atribui-se uma tonalidade de cor, mais clara para valores baixos e mais escura
à medida que os valores aumentam. Nesse sentido, observa-se que o nível de escala de
cores quase não houve mudanças bruscas, pois os locais de áreas plantadas e de maiores
produções vieram a se expandir de forma bastante onerosa, conseguindo se manter desde
2003 a 2018. Ou seja, os locais que possuíam uma maior área plantada e produtividade
desde 2003 até 2018, conseguiram manter o seu potencial produtivo ano após ano.
Como é o caso do município de Medicilândia, onde observa-se, que os tons de cores
mais intensas se mantêm de forma bastante restrita a este município, tanto para área plan-
tada como também para a produção dos frutos.
Figura 3. Mapa da área plantada do cacau na Mesorregião do Sudoeste Paraense entre os anos de 2003-2018.
Fonte: (PAM/IBGE).
Segundo Costa (2019), os municípios Medicilândia, Uruará e Placas são os que mais
contribuem com a produção cacaueira no estado, estes são responsáveis por 46.938, 12.265
e 7.382 toneladas respectivamente, correspondendo em termos percentuais a um valor de
57%, da produção total paraense. É importante ressaltar que o município de Medicilândia
possui o status de maior produtor do país.
Esse crescimento acentuado pode estar associado a diferentes fatores, dentre eles edá-
ficos, climáticos e políticos, os quais acabam incentivando o plantio do cacau na Mesorregião.
281
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Valente et al. (2012) revela que as condições de clima e solos do polo de Medicilândia são
bastante favoráveis para o cultivo do cacau na região. Ainda segundo o autor, Medicilândia
é favorecido por apresentar grandes proporções de terras com a presença de manchas de
Nitosolo vermelho, sendo considerado solos de alta fertilidade e de excelente potencial para
o cultivo da lavoura cacaueira.
Atualmente a cidade de Medicilândia é considerada o maior polo da cacauicultura no
estado do Pará, sendo ainda o município que mais produz amêndoas no Brasil. Este município
se encontra às margens da Rodovia Transamazônica, e é conhecido nacionalmente como a
capital do cacau, pelo fato de possuir 36 mil hectares de lavoura cacaueira (PEREIRA, 2014).
Segundo dados da pesquisa agrícola municipal em 2018, o município de Medicilândia,
já superou mais de 38 mil hectares de áreas de cultivo do cacau, elevando a sua produção
a mais de 40 mil toneladas (Figura 4). Sendo que esse crescimento tem alcançado resul-
tados surpreendentes, da cacauicultura na região da Transamazônica, excepcionalmente
no município de Medicilândia, em que estes resultados estão atrelados a diversos fatores,
principalmente, nos eixos econômico e político.
Figura 4. Mapa da quantidade produzida (t), da cultura do cacau na Mesorregião do Sudoeste Paraense entre os anos
de 2003 até 2018.
Fonte: (PAM/IBGE).
282
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Nesse contexto, houve uma série de estratégias traçadas e de medidas tomadas entre
elas a implantação do Programa de Diretrizes para Consolidação da Cacauicultura Nacional
(PROCACAU) no ano de 1976, no qual a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
(CEPLAC), objetivava recolocar o Brasil na liderança da produção mundial (CEPLAC, 2011).
Para que isso fosse possível, por meio desse projeto foi mapeado cerca de 100 mil
hectares de solos férteis em nutrientes propícios a cultura do cacau, em que essa atividade
foi desenvolvida na Transamazônica pertencente ao estado do Pará, que hoje compreende
o trecho entre os municípios de Brasil Novo, Medicilândia e Uruará, mediante isso, foram
levantados em torno de quase 85 mil hectares de áreas com a presença de terras roxas
eutróficas estruturadas (VEGRO, 2014).
Ainda de acordo com este autor, com o apoio ao programa, foi implantada a Estação
de Medicilândia, que serviu para alocar um campo de produção de sementes híbridas de
alta produtividade e resistência às pragas e doenças e serviço de fomento com insumos
modernos e colocados a preços de custo. Aliado a isso, contratou-se quadro de pessoal de
elevado nível técnico entre pesquisadores, extensionistas e administradores.
Com isso, as lavouras foram inseridas em solos de média e alta fertilidade natural, no
qual os colonos entrantes nesses espaços de terras, que chegaram por volta do ano de 1970
incentivados sobretudo através do Programa de Integração Nacional (PIN), constataram
empiricamente que havia potencial para o cultivo do cacau.
Este programa do governo militar, que estava à frente das decisões políticas no Brasil
na época, objetivava a colonização da região amazônica, com povos de diferentes frentes
do Brasil, especialmente vindos do Nordeste (GUIMARÃES, 2011).
Logo, o potencial da cacauicultura para o estado do Pará, mais tarde foi confirmado
por Lima Silva et al. (2013), que analisaram a evolução dos dados de 1990 a 2010, averi-
guando que a taxa geométrica em relação a taxa de crescimento anual de indicadores da
lavoura cacaueira no Pará foi: 2,70% (produção), 1,49% (área) e 1,20% (produtividade).
Confirmando que o estado possui características promissoras no alcance de ótimos resul-
tados em relação a essa cultura.
Atualmente, a história da cacauicultura no estado do Pará, configura-se especialmen-
te na região conhecida como a Transamazônica. Caracterizada pela exploração realizada
por pequenos produtores e seus incrementos em que a sua produção está relacionada aos
avanços tecnológicos como o desenvolvimento de materiais tolerantes, principalmente ao
fungo Moniliophtora perniciosa, e com maior potencial produtivo (COSTA, 2019).
Sendo que a região da Transamazônica, é qual concentra a maior quantidade de
área plantada pela cultura no estado, e consequentemente também se consolidando como
283
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
a de maior produção, com aumento de produtividade na ordem de 6% a 10% nos últimos
anos (MENDES, 2017).
Ainda segundo o autor, somente no ano de 2017 a produtividade do cacau somou um
valor de 94.491,10 t com previsão de crescimento para o ano seguinte. Com efeito, a região
da Transamazônica concentra atualmente mais de 75.5% do volume de produção do Estado
do Pará, distribuídos entre diferentes municípios, com destaque para Medicilândia, maior
produtor de amêndoas de cacau do país.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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286
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
21
Análise espacial das principais
produções agropecuárias do estado
do Maranhão
10.37885/210504838
RESUMO
288
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
INTRODUÇÃO
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
MÉTODO
291
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
331.935,5 km² e sua população atual é de 6.574.789, possuindo ainda uma densidade de
sua população em 19,81 hab./km².
Do total da população maranhense, 63% localizam-se na zona urbana enquanto 37%
vivem na zona rural, sendo esta, na sua maioria, composta por agricultores familiares que
se caracterizam pela baixa produção e produtividade, baixo poder aquisitivo e pouco aces-
so às tecnologias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com os dados quantitativos inseridos em ambiente SIG foi possível uma maior com-
preensão através da espacialização dos rebanhos analisados por meio de mapas temáticos
(Figura 2). Assim, identificou-se que o município de Açailândia, localizado a uma distância de
565 km² da Capital São Luís, situado no interior do Maranhão, pertencente à região sul do
estado, com uma extensão territorial de 5.806,439 km² e uma população estimada de 112.
445 mil habitantes (IBGE, 2019), foi o local onde encontrou-se o maior rebanho efetivo de
bovinos produzidos no estado do Maranhão. Esse município possui o maior número efetivo
de cabeças de gado (327.689 cabeças), tornando a bovinocultura uma das mais importantes
atividades dentro do município.
293
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Figura 2. Distribuição espacial, em toneladas, das principais produções maranhenses por feições categorizadas
Segundo Perroto, (2016), a criação de bovinos em Açailândia serve tanto para a pro-
dução de leite, como também para a produção de carne, fazendo com que a região tenha
grande relevância sobre a atividade pecuária para o estado do Maranhão.
Atualmente, o Maranhão possui o 12º maior rebanho de bovinos nacional e o segundo
maior rebanho bovino da região Nordeste brasileira com efetivo bovino de 7.576.806 (Agência
de Defesa Agropecuária do Maranhão – AGED-MA 2016).
Ainda de acordo com Aged-MA (2016), as principais bacias leiteiras do estado estão
inseridas na região conhecida como Tocantina e também no Médio Mearim. Com sete
milhões de cabeças da de bovídeos, 790 mil desses animais são de gado leiteiro, tendo a
regional de Açailândia a maior concentração, com 328.123 animais. A raça de gado mais
utilizada no distrito para a produção de leite é a girolando, que é originada do cruzamento
das raças gir e holandesa.
294
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
A pecuária bovina é uma atividade econômica muito importante para o estado do
Maranhão. Com os avanços nessa área ressalta-se especialmente a exportação do couro
que é produzido no estado e exportado para diferentes países como: China, Hong-Kong,
Itália, Estados Unidos, Vietnã e Hungria, o qual teve um aumento de 74,1%, no período de
janeiro a junho de 2016, em relação ao mesmo período de 2015, superando todos os estados
brasileiros (AGED-MA 2015). Nesse período o Maranhão exportou um montante de US$
2.373.963 (Valor FOB), consolidando-se como um dos melhores polos produtivos coureiros
da região do norte-nordeste (IMESC, 2016).
Nesse sentido, o governo do estado do Maranhão vem desenvolvendo parcerias com
empresas privadas e produtores, por meio de uma série de trabalhos com o objetivo de
propor estratégias e políticas públicas focadas no fortalecimento e adensamento da cadeia
produtiva da carne no Maranhão. O intuito de elevar a produção, industrializar e valorizar
quanto a vocação produtiva local, dessa forma estimulando os pequenos e médios produ-
tores rurais (FUNDEPEC, 2018).
Apesar de já se observar representantes dos diversos segmentos da cadeia produtiva
fazendo uso de inovações tecnológicas, tornando a atividade mais competitiva e referência
para os demais, ainda assim encontram-se necessitando de bastante melhorias principal-
mente nos aspectos gerenciais e genético, garantindo-lhes a manutenção e a continuidade
da atividade atraente em termos econômicos.
Em sequência, a cidade de Amarante do Maranhão possui o segundo maior rebanho,
com 272.970 cabeças. Esse valor está associado também às características do local, pois
o município de Amarante do Maranhão também está localizado na região sul maranhense,
região esta conhecida como a bacia leiteira do estado e fazendo limites com o maior produ-
tor de bovinos, a cidade de Açailândia. Posteriormente, o município com maior número de
animais por cabeça é Santa Luzia, com 240.198 cabeças, seguida por Grajaú e Bom Jardim,
com 191.389 e 153.250 cabeças respectivamente.
Quanto ao rebanho de caprinos, este apresenta resultados expressivos quando compa-
rado a outros estados. O Maranhão está entre os principais produtores em caprinocultura do
nordeste brasileiro, concentrando sua maior produção nos municípios localizados no entorno
da região noroeste em específico na Microrregião de Chapadinha e também se estenden-
do pela região leste do estado, onde Vargem Grande é o município com maior número de
cabeças de caprinos com14.619 cabeças.
Em um estudo sobre a caracterização do sistema de produção caprino e ovino na
região sul do estado do Maranhão, Alves et al., (2017) verificou com os dados do IBGE (1)
que o efetivo nacional de ovinos e caprinos corresponde a 16,8 e 9,2 milhões de cabeças,
respectivamente, no qual aproximadamente 232 mil ovinos estão concentrados no estado
295
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
do Maranhão, o que representa apenas 1,4% e um pouco mais para espécie caprina com
cerca de 385 mil ou 4,2% do total desses animais. Esses dados revelam que existe uma
importante capacidade de expansão e também de exploração da ovinocaprinocultura no
estado, podendo tornar-se uma das potencialidades da produção pecuária a exemplo da
bovinocultura de corte.
Ainda de acordo com o autor supracitado, a exploração dessa atividade em toda região
nordeste do Maranhão, e também em toda região nordeste brasileira, é baseada em siste-
mas de criação extensiva que têm como características produtivas a utilização excessiva da
pastagem nativa e uso reduzido de técnicas de manejo, que envolvem os aspectos repro-
dutivos, sanitários e principalmente alimentar, o que resulta em baixos índices produtivos.
No entanto, mesmo com todos os entraves, o estado possui uma alta capacidade e
vocação para a produção desses animais podendo ser melhorada e aprimorada por meio
de incentivos financeiros aos produtores, com investimentos por conta do governo do es-
tado para elevar cada vez mais a cadeia produtiva dessas culturas. Isso certamente traria
bastante retorno econômico.
Em relação a atividade avícola, o Brasil a partir do ano de 2017 tornou-se o segundo
maior produtor de aves e um dos maiores países exportadores da carne e de ovos destes.
Com relação ao estado do Maranhão, Coutinho (2018) enfatiza que a atividade ainda se
porta de maneira muito incipiente em relação à produção dos demais estados brasileiros,
todavia o estado tem recebido incentivos e investimentos dentro da cadeia produtiva.
Ainda de acordo com esse autor, com base em dados das principais plataformas de
informações socioeconômicas sobre avicultura, o estado do maranhão representou somen-
te 0,02 % do total de abates no Brasil no ano de 2017, um número bastante insuficiente, o
que torna o estado dependente de importação do mercado externo para o abastecimento.
Isso acontece devido a presença de agroindústrias vinculadas a avicultura no país, tais
como os grandes abatedouros e agroindústrias que estão concentrados principalmente na
região sul e com grande expansão para o sudeste e centro-oeste que vêm buscando atra-
vés de suas fronteiras agrícolas alcançar bons resultados de suas produções com frangos
padronizados e de boa qualidade (Coutinho et al., 2018).
Segundo Evangelista (2008), a produção em larga escala de aves na região centro-
-oeste se dá devido aos aspectos favoráveis à ampliação da avicultura, como o custo de
ração que é menor, visto que o centro-oeste é um dos maiores polos de produção de soja e
milho, que são os ingredientes principais na fabricação das rações para esses animais. Este
crescimento acentuado está relacionado às regiões de proximidades a aquelas que apresen-
tam a produção crescente de milho e soja para a produção de rações (RODRIGUES, 2014).
296
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
Esse fato pode contribuir para que o estado do Maranhão possa alcançar essa expan-
são em larga escala, quando os polos de produção se expandirem para a região nordeste
brasileira, visto que a expansão de grãos como a soja já possui bastante destaque por
diferentes frentes do nordeste, onde o estado do Maranhão já é considerado um grande
produtor de soja. Percebe-se nesse caso que há falta de maiores investimentos financeiros
aos produtores por conta do estado como forma de incentivo e estímulo para agregar um
maior valor à cadeia produtiva de aves na região.
Conforme estudo realizado por Martins (2019) sobre a pecuária no Maranhão, os muni-
cípios do estado no ano de 2017 que apresentavam maior produção de avícolas eram Estreito
(6,5%), Pindaré-Mirim (5,9%), Porto Franco (4,9%), Balsas (4,2%) e Santa Inês (3,9%).
No ano de 2018, a partir da espacialização dos dados da Pesquisa da Pecuária
Municipal do IBGE, no período escolhido para este estudo, o município que se destacou
com a maior produção de cabeças de frangos foi Paço do Lumiar com 597.356 cabeças de
animais, Porto Franco com 588.500 cabeças seguido dos municípios de Pindaré – Mirim,
São José do Ribamar e Balsas com 570.587, 512.113 e 496.724 cabeças respectivamente.
Observou-se que as maiores produções de aves migraram para outras localizações
geográficas dentro do estado, em que é possível verificar a inserção de novos municípios
com produções bem maiores do que aquelas observadas por Martins (2019), no ano de 2017.
Em relação a atividade suinícola, esta desenvolve-se de maneira bastante irrisória no
estado quando comparada as demais. Embora o Maranhão reúna diversos aspectos favorá-
veis para este tipo de produção animal, tais como: áreas imensas de terras, reunindo diferen-
tes biomas em um só distrito bem como o bioma Amazônia, o Cerrado e ainda a Caatinga,
desta forma incluindo locais com características físicas diversas, assim possibilitando melhor
adequação para criação destes animais. Além do estado possuir diversas rodovias, há tam-
bém portos hidroviários os quais facilitam o acesso e o transporte, contando também com
o potencial de crescimento do consumo de carne suína. Ao analisar este cenário, cabem
reflexões acerca das políticas públicas por parte do estado como mais investimentos e in-
centivos aos produtores. De tal maneira que sejam desenvolvidas a fim de estimular esse
tipo de produção e aumentá-la em todo o estado.
Embora o Maranhão não concentre uma das maiores produções de suínos no Brasil, o
estado é o terceiro maior produtor na produção de suinocultura do Nordeste (IBGE, 2019),
no entanto, a atividade suinícola do estado ainda é considerada bastante baixa. O avanço
para a produção, ainda depende substancialmente do implemento de tecnificação e de um
manejo sanitário mais eficaz (ROCHA et al., 2018).
Através da interpolação utilizada pelo interpolador IDW, pode-se averiguar onde se en-
contra os principais pontos de agrupamentos ou cluster do efetivo de animais por categoria
297
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
e por fisiografia, como pode ser observado na figura 3. Nota-se que para a categoria da
criação de bovinos, atualmente, grande parte dos territórios maranhenses ocupados pela
produção desses animais encontram-se inseridos dentro do bioma amazônico.
Figura 3. Mapa interpolado da espacialização das principais produções pecuárias do estado Maranhão.
CONCLUSÃO
299
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
principalmente na região noroeste pertencente à Microrregião de Chapadinha, onde Vargem
Grande é o município com maior número de rebanho.
Assim, o estado do Maranhão se configura em um cenário de um longo caminho pela
frente para que possa alcançar destaque no cenário nacional nas diferentes categorias es-
tudadas em relação ao setor da pecuária.
Dessa forma, devido à enorme relevância econômica e social que este setor possui
para a manutenção do homem no meio biofísico e nos seus diferentes agroecossistemas
no espaço do campo, deve-se pensar e programar medidas que venham intensificar essas
atividades, estimulando o desenvolvimento de uma maior produção de modo sustentável,
viável e desenvolvendo o máximo potencial para melhorar a economia do distrito maranhense.
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302
Agronegócio: técnicas, inovação e gestão
SOBRE O ORGANIZADOR
A N
Adubação: 140, 147, 183, 186, 190, 195, 211 Nutrição Vegetal: 192
Agricultura: 14, 15, 16, 17, 21, 23, 25, 34, 43, O
66, 107, 145, 193, 199, 224, 227, 231, 236, 239,
257, 269, 286, 301 Olericultura: 195
B Pandemia: 21
Consumidor: 41, 47 Produção: 32, 41, 46, 48, 70, 75, 78, 80, 81, 82,
83, 84, 85, 86, 95, 98, 99, 107, 108, 110, 120,
Covid: 15, 17, 18, 19, 20 145, 146, 199, 239, 259, 261, 263, 267, 269,
270, 272, 277, 285, 300, 301, 302
Custos: 69, 73, 75, 85, 86, 90, 91, 112, 120, 121
Produtividade: 195, 198
D Propriedade Rural: 22, 23, 24, 25, 27, 28, 30,
Descritores: 173, 227, 231 33, 76, 91, 213
Q
E
Qualidade: 45, 238, 240, 242, 265
Economia: 45, 47, 67, 73, 108, 111, 112, 120,
121, 288 Quality: 47, 50, 53, 66, 67, 140
Enxertia: 181, 183, 186, 187, 193 R
G Rebanhos: 288
Geoprocessamento: 272, 288, 301 Reciclagem: 137
Gerenciamento: 22, 23, 30 S
Governança: 111, 112, 113, 114, 115, 116, 118, Sistemas: 23, 26, 27, 31, 33, 34, 41, 47, 48, 68,
119, 121 85, 90, 193, 269, 273, 301
I Sistemas de Informações Gerenciais: 27, 34
M V
Melhoramento Genético: 181 Viabilidade: 69
AGRONEGÓCIO
TÉCNICAS, INOVAÇÃO E GESTÃO
editora científica